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Trauma, Amor e Fantasia – Introdução - Franklin Goldgrub

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www.franklingoldgrub.com<br />

INTRODUÇÃO<br />

<strong>Trauma</strong>, <strong>Amor</strong> e <strong>Fantasia</strong> -<br />

franklin goldgrub<br />

A literatura sobre psicanálise é vasta a ponto de que todo livro novo dificilmente poderá<br />

dispensar um preâmbulo justificativo de seu direito à existência. A obra de Freud tem<br />

suscitado tantas releituras que a sua complexidade parece ser menos um motivo para<br />

sucessivas tentativas de elucidação do que o pretexto de intermináveis circunvoluções. As<br />

freqüentes controvérsias têm conferido a esses textos, originais em mais de um sentido,<br />

uma auréola de mistério comparável à que levita sobre as sagradas escrituras. Isso é pelo<br />

menos indicativo de que uma parte da herança religiosa veio, por vias oblíquas, pousar<br />

nas mãos desse ramo bastardo da família do espírito, cujos membros parecem disputar a<br />

posse da nova verdade com a mesma pia ferocidade que animava seus antecessores.<br />

Quadro diante do qual será tão imprudente jogar mais lenha na fogueira quanto puxar a<br />

brasa para a própria sardinha, dupla e segunda intenção das páginas seguintes. Os cinco<br />

capítulos iniciais são dedicados a uma análise interna da evolução (ou das modificações,<br />

caso o otimismo não for compartilhado) do conceito de inconsciente na teorização<br />

freudiana. Cedendo à tentação do esquematismo, antecipar-se-á o resultado que postula<br />

quatro momentos de cristalização, a saber: a teoria do trauma/sedução, a descoberta da<br />

sexualidade infantil, os primeiros achados relativos às marcas deixadas pela vida familiar na<br />

criança (Édipo empírico) e, finalmente, a emergência das hipóteses que interrogam a<br />

construção da identidade e a estrutura do desejo (Édipo estrutural).<br />

O pensamento de Freud não fixou residência em qualquer dessas posições. A afirmação<br />

está longe de ser tranqüilizadora, pois ao lado do nomadismo que o impelia a enfrentar<br />

todos os desafios teóricos, lado a lado com uma auto-crítica rigorosa (sabia que não<br />

sabia), prolifera a reincidência anacrônica de crenças já ultrapassadas (não sabia que sabia).


Tudo se passa como se em relação às próprias idéias e conceitos, o criador da psicanálise<br />

também sediasse, como acontece invariavelmente na clínica, o encontro de quem sabe<br />

que não sabe com quem não sabe que sabe.<br />

A eterna nostalgia do porto seguro biológico é talvez a maior evidência desse vaivém.<br />

Sem abusar da irreverência, pode-se dizer que a própria investigação do inconsciente não<br />

permaneceu imune às antecipações, regressões e fixações que seu primeiro empreendedor<br />

via como peculiaridades do desenvolvimento da libido.<br />

Uma "história" do inconsciente (cuja característica menos marcante não é precisamente a<br />

atemporalidade) evoca inevitavelmente as cômicas ambições liliputianas, o caçador<br />

jazzístico de Cortázar perseguindo desarmado o tigre que o devorará, aquele livro<br />

borgiano que continha inclusive os gestos literários de seu autor...<br />

A clave para compreender o esquema acima proposto reside numa questão em última<br />

análise epistemológica, exaustivamente debatida durante séculos de reflexão filosófica.<br />

Trata-se da perpétua partida de xadrez cujos primeiros jogadores não precisam ter sido<br />

Platão e Aristóteles para que se consiga deixar de imaginá-los fazendo as recíprocas<br />

aberturas e graças à qual algum dia se pensou poder decidir se a "alma" antecede e<br />

governa a experiência ou o contrário - conforme estipula a famosa metáfora da tábula<br />

rasa.<br />

"Nature" or "nurture"? Razão ou estimulação? Dentro ou fora? Não será preciso lembrar<br />

que à medida em que novos contendores (novas épocas, novas condições sócio-<br />

econômicas) ocuparam os lugares diante das peças, tanto as táticas como os objetivos<br />

modificaram-se sensivelmente. Os parceiros-adversários estudaram-se mutuamente e hoje<br />

busca-se menos a vitória (ainda que pela diferença de um peão) do que entender a<br />

articulação entre os mundos interno e externo bem como sua participação na produção<br />

desse caos periclitantemente organizado que chamamos condição humana.<br />

As considerações anteriores não decretam o fim do litígio, que sobrevive legitimamente<br />

em certas áreas, anacronicamente em outras; nem se esquece que muitos vêem sua<br />

solução no abandono do próprio dilema, reputado falso. Mas o impasse permanece na<br />

medida em que os litigantes continuam debatendo-se na areia movediça do problema<br />

enquanto seus críticos tampouco avançam por ter renunciado à questão. A divisão, mais<br />

conflitiva que jurisdicional, entre ciências naturais e humanas, expõe uma fratura


epistemológica no próprio coração do conhecimento, enquanto a fenomenologia proclama<br />

não muito convincentemente que a dicotomia célebre vale menos que o trabalho investido<br />

em sua inalcançável solução.<br />

Coube a um pajem - depois do reiterado fracasso dos cavaleiros nobres - extrair da rocha<br />

certa espada cuja posse simboliza a unificação do reino dilacerado, sob a égide da lei. Será<br />

pretensioso ver na psicanálise e na humildade de seus primeiros empreendimentos -- a<br />

cura da histeria -- o pendant do Rei Artur. Entretanto, o destino do monarca -- sua queda<br />

em tentação, a perda de Guinnevère, a infindável busca do Santo Graal -- pode ilustrar os<br />

desvios em que a teoria se extraviou.<br />

A vôo de pássaro, a reconstituição do meândrico trajeto freudiano não exigirá muito<br />

tempo. Em seu berço o inconsciente tem a acepção de um arquivo de acontecimentos<br />

traumáticos cuja chave foi perdida, exigindo a constrangedora colaboração da hipnose<br />

para a devida recuperação. Quando a confiabilidade da memória cede perante a<br />

desanimadora descoberta de sua contaminação pela fantasia, o rumo sofre uma guinada<br />

brusca e a viagem só pode continuar graças aos tempestuosos ventos da sexualidade<br />

infantil, que traz a primeiro plano fatores tidos por biológicos (e que efetivamente assim<br />

são pensados no momento inicial).<br />

Quase concomitantemente emerge outra concepção, priorizando novamente as relações<br />

familiares, porém não mais caracterizadas pelos dramáticos golpes assestados a uma<br />

ingenuidade imatura, história cujos personagens centrais eram Lobo Mau e Chapeuzinho<br />

Vermelho, estrelas da teoria do trauma.<br />

Trata-se agora de uma comédia de costumes que Freud relata mediante o enfoque<br />

tragicômico e patético do neo-realismo italiano. O mito de Édipo presta-se para enquadrar<br />

as motivações ocultas - doravante consideradas universais - das relações entre pais e<br />

filhos, adultos e crianças. É o retorno do elemento ambiental, desta vez nuançado e<br />

enriquecido com os novos achados relativos à vida não só afetiva mas também erótica<br />

que agita o mundo infantil.<br />

Essa conciliação entre a predisposição e a experiência, o inato e o adquirido, o biológico e<br />

o ambiental, tem toda a aparência de uma equilibrada sabedoria, mas falha em dar conta<br />

da complexa problemática que desafia Freud. Nessa altura, convém lembrar que a corrente<br />

psicanalítica transbordou do estreito leito constituído por aquilo que se convencionou


denominar psicopatologia. Tornou-se tão imperioso compreender os quadros e esquemas<br />

de Leonardo como as recordações e sintomas do Homem dos Lobos, cumes e abismos de<br />

uma mesma e misteriosa geografia.<br />

Para tanto, não há outro remédio senão interrogar a diafanidade do sonho e da fantasia,<br />

muito mais dispostos a namorar com a pena ou o pincel do artista do que em responder<br />

ao antipático interrogatório do insaciável detetive psicanalítico, esse Philip Marlowe avant<br />

Ia lettre que recusa qualquer envolvimento em nome de sua fidelidade à verdade.<br />

Amarrado ao mastro que o confronta às ilusões, o novo Ulisses precisará dispensar a<br />

misericordiosa cera para expor-se de corpo e alma ao canto das sereias. O mergulho<br />

exigirá um fôlego inaudito para chegar até as pérolas abissais.<br />

Coube a Lacan interrogar o sentido - ou um dos sentidos - desses achados, comumente<br />

conhecidos como fantasias originárias e teorias sexuais infantis. Como convém aos<br />

elementos últimos (ou primeiros), seu número é reduzido: sedução, castração e cena<br />

primária; teoria cloacal do nascimento, teoria do coito sádico e, primus inter pares, a<br />

premissa fálica (expressão devida a Godiño Cabas), também conhecida por crença idólatra<br />

do falo.<br />

A fantasia desloca-se então da periferia para o núcleo central da teoria. Graças a ela,<br />

afere-se a ficção latente nos traumas, descobre-se o interesse intelectual da criança pelas<br />

questões relativas à sexualidade (oculto atrás do que se pensava ser o puro prazer do<br />

corpo) e demonstra-se a existência de um roteiro invisível sob a plácida aparência dos<br />

rituais familiares. A teoria do trauma, as zonas erógenas (sexualidade infantil) e a novela<br />

familiar (o Édipo das seduções e rivalidades entre filhos e pais) cedem terreno a algo mais<br />

profundo e inquietante, refratário a definições rápidas ou fórmulas concisas, onde se<br />

esboça uma lógica radicalmente diferente de tudo quanto se possa esperar.<br />

Inato e adquirido, orgânico e ambiental, instintivo e racional, essas célebres dicotomias<br />

que fizeram o cardápio de tantos banquetes filosóficos, são abandonadas em nome de um<br />

rumo incerto onde o absurdo e o contraditório passam a ser vistos como sustentáculos do<br />

real e a verdade se torna justamente o oposto do saber.<br />

Metafísica? Irracionalismo? Algumas vezes o próprio Freud formulará essa impiedosa auto-<br />

crítica, sonhando com os progressos da bioquímica cuja parcimônia parece excelsamente


superior às complicadas elocubrações suscitadas pelo vôo errático das associações livres.<br />

Mas abrindo arduamente seu próprio caminho enquanto o improvável messias científico<br />

não chega, ele permanece atento à perigosa fascinação exercida pelas pavimentadas<br />

estradas oferecidas quer pela ciência positivista (que gostaria de reduzir o comportamento<br />

humano a uma manifestação secundária do substrato orgânico), quer pelo humanismo de<br />

cunho sociológico (que dissolve o indivíduo nas classes sociais onde não há lugar para a<br />

subjetividade), quer pela religião (comprometida com o sacrifício da liberdade no altar da<br />

escolha moral).<br />

Freud orienta-se às cegas pela bússola do divã, seguindo seus pacientes a remotas<br />

paisagens não isentas de poesia, refratárias tanto ao natural como ao sobrenatural e ao<br />

metafísico. Forjada nesse estranho molde imaterial, a psicanálise é uma ciência que não se<br />

parece com as outras - seu objeto é inapreensível pelos sentidos, mesmo se admitirmos<br />

um "sexto"...<br />

A ciência dos sonhos evoca a filosofia em seu procedimento dedutivo mas afasta-se dela<br />

ao negar a primazia da consciência e reconhece a inescrutabilidade do inconsciente sem<br />

precisar sacralizá-lo. Nem domínio, nem submissão, nem reflexão desinteressada diante de<br />

"seu" objeto. Ciência, religião e filosofia serão parâmetros insuficientes para enfunar as<br />

velas da atenção flutuante, movida pelo tênue sopro das palavras.<br />

Ancorar décadas de trabalho clínico na cambiante enseada do sonho e da fantasia requer<br />

algum tipo de coragem. Se a nostalgia da perdida pátria positivista fez tremer não poucas<br />

vezes a mão do primeiro navegador e pôs em polvorosa seus mais fiéis seguidores, nem<br />

por isso a grandiosidade da aventura deixou de seduzir novos tripulantes.<br />

Consagrado à relação entre inconciente e linguagem, este, porém, não é um livro<br />

"lacaniano". Diferencia-se inclusive por algo que o teórico parisiense arrolaria entre os<br />

pecados capitais: certa propensão ao didatismo. Não se propõe a repetir o hermético<br />

estilo do criador da Escola Freudiana, cuja fascinação fez com que os textos discipulares<br />

sigam a via do mimetismo.<br />

Propor-se-á então, invertendo certo slogan que esteve em voga na política, um Lacan sem<br />

lacanismo? Provavelmente.


De qualquer maneira, cabe lembrar que a obra focalizada é a de Freud, cuja exegese<br />

freqüentemente negligencia alguns problemas em benefício de simplificações que, à moda<br />

dos atalhos, conduzem a impasses.<br />

O desprezo pelas sutis metamorfoses que a teoria sofreu ao longo da respectiva trajetória<br />

e a incompreensão acerca de sua cronologia e estrutura levam facilmente a combinar<br />

explicações conflitantes. Atirar em tudo o que se mexe não é exatamente a melhor<br />

estratégia para trabalhar um campo de fenômenos.<br />

Os capítulos dedicados especificamente a Freud procuram seguir o sinuoso périplo que<br />

leva de uma concepção de inconsciente ainda tributária de fatores ambientais e biológicos<br />

até as profundezas abissais da linguagem. O objeto da psicanálise transforma-se em matriz<br />

responsável por sentidos metaforizados mediante significações conscientes, estruturadas<br />

em regiões semânticas de configuração singular, responsáveis pela subjetividade.<br />

Trata-se de um postulado onde se reconhecerá, sem dúvida, a marca de Lacan. Mas na<br />

medida em que a demonstração de sua pertinência transita caminhos próprios, será<br />

preciso acrescentar que se aceita o ônus do risco inerente a toda pretensão de<br />

originalidade, menos por pedantismo do que pela convicção de ser a melhor atitude<br />

justificando uma publicação.<br />

O capítulo final procura analisar as conseqüências do abandono, por parte dos herdeiros<br />

de Freud, dessa independência teórica e epistemológica cujo preço é extremamente difícil<br />

de pagar. Os que se pautaram pela ortodoxia foram levados a enfatizar a suposta natureza<br />

biológica do inconsciente - e se conseguiram dessa forma evitar a tutela das ciências<br />

sociais, foi ao preço de subordinar a autonomia psicanalítica à suserania das ciências<br />

biológicas. Já os culturalistas preferiram a primeira opção. Em ambos os casos renuncia-se<br />

à soberania arduamente conquistada por Freud, que lutou incessantemente nessas duas<br />

frentes.<br />

A liberação do território psicanalítico da dupla tutela é um dos méritos maiores de Lacan,<br />

mas foi obtida às custas de um isolamento esplêndido onde se depreende o desprezo<br />

pelo social e pela clínica, atitude em que o Freud de Mal-Estar na Civilização, Totem e<br />

Tabu, Psicologia do Grupo e Análise do Ego, Recomendações aos médicos que exercem a<br />

psicanálise, certamente não se reconheceria.


Indivíduo e sociedade, sujeito e cultura - tratar-se-ia de objetos cuja incompatibilidade os<br />

insucessos do freud-marxismo teriam demonstrado sem apelação? A reflexão sobre essa<br />

questão abordará preliminarmente as respostas que uma psicanálise fracionada pôde<br />

fornecer, ou seja, perguntando como Reich, o kleinismo, os culturalistas e os lacanianos<br />

situaram as relações entre os campos da psicanálise e da sociologia. Em seguida, o<br />

impasse será examinado através da teoria da sublimação, freqüentemente negligenciada<br />

em nome de um pessimismo que se quer profundo mas muitas vezes revela a pieguice<br />

digna da mais inconsequente utopia. A suspensão de um estado de beligerância não<br />

costuma prescindir de mediadores. Para tanto, serão requisitados os bons ofícios de Lévi-<br />

Strauss e Ivan Illich.<br />

Separando a parte dedicada à psicanálise do capítulo introdutório a suas relações com o<br />

estruturalismo e a economia política, inserem-se algumas páginas a título de interlúdio. É<br />

comum situar a obra de Freud numa região indefinida que, conforme o enfoque, está mais<br />

próxima da ciência ou da arte, sem que haja, por outro lado, dificuldade em demonstrar<br />

suas raízes e derivações filosóficas. Esqueceu-se, em nome de um curioso preconceito às<br />

avessas, a vinculação com a religião - a ilusão das ilusões, segundo o criador da<br />

psicanálise, cuja imagem permanece fortemente associada à decifração de mitos.<br />

Sem dúvida não há muito a dizer a favor da religião institucionalizada, alvo preferencial<br />

das investidas de Freud, que não se constrangeria em subscrever a famosa definição<br />

opiácea de Lenin. Mas tudo se passa de maneira exatamente oposta quando o iconoclasta<br />

humor dos contos zen, sufis ou hassídicos, ou a suave ironia do Tao, demonstram que a<br />

corrosão do poder já era praticada no mesmo estilo que a pena de Freud ressuscitaria sob<br />

a roupagem de um saber científico.<br />

O histórico de casos, pedágio quase inevitável à espreita nos textos psicanalíticos, pode<br />

ser vantajosamente substituído por essas parábolas anti-moralistas, com o benefício<br />

suplementar de contestar o enclausuramento da psicanálise nos limites do pensamento<br />

ocidental.<br />

Por último, but not least, um conto de Borges é aliciado para desmentir ou desafiar a<br />

aversão consciente de seu autor por aquilo que estigmatizava como "o triste mito de<br />

nosso tempo". Sob essa última convocação, notar-se-á que a obra do escritor argentino<br />

contém uma ética radical apta a zombar das morais prescritivas onde vicejam as mais<br />

diversas apologias: do poder e da santidade, da anarquia e da fraternidade, do prazer e da


virtude, do saber e da ignorância, atitude tão evocadora do bumerangue freudiano que<br />

seria imperdoável deixá-la passar em branco.<br />

É também uma maneira de homenagear o patrono da ensaística que inaugurou a mais<br />

lúcida das confusões entre ficção e realidade. Um contrabandista, em suma.<br />

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨<br />

Consulte mais sobre esse e outro títulos do autor:<br />

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