O Filme “Passion” de Mel Gibson diante da - Centro de Estudos ...
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<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> Anglicanos<br />
Os romanos começaram a ter domínio direto sobre a Palestina <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
aproxima<strong>da</strong>mente 63 a.C. Eles cooptaram as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas <strong>de</strong> Jerusalém<br />
respeitando o Templo. Os anos entre 63 e 37 a.C. foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> tanto<br />
para Roma e suas lutas internas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (César, Pompeu e Antônio) quanto para a<br />
Palestina, entre os Sumos Sacerdotes e Hero<strong>de</strong>s. Finalmente, em 37 a.C., Hero<strong>de</strong>s se<br />
consoli<strong>da</strong> como o gran<strong>de</strong> herói <strong>de</strong> Roma na pacificação <strong>da</strong> Palestina e passa a reinar<br />
absoluto em nome do César sobre todo o território. Em 4 a.C. Hero<strong>de</strong>s (chamado “O<br />
Gran<strong>de</strong>”) morre. O reinado <strong>de</strong>sse rei suscitou diversas revoltas, especialmente pela<br />
opressão econômica sobre o povo, que pagou com impostos o luxo <strong>da</strong> corte e uma<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> obras públicas muito maior do que as <strong>da</strong> época <strong>de</strong> Salomão. A divisão<br />
<strong>da</strong> Palestina em partes e o perigo constante <strong>de</strong> rebeliões levaram Roma a nomear um<br />
Procurador em 6 d.C. nomeando a Judéia “província procuartorial”. Valeiro Grato<br />
(procurador entre 15 e 26 d.C.) <strong>de</strong>stitui Anás e nomeia Caifás (18 – 36 d.C.). Pôncio<br />
Pilatos é nomeado procurador em 26 e seguirá nesse cargo até 35. Em 35, Vitélio<br />
(procurador <strong>da</strong> Síria) retirou Caifás e colocou Jônatas (filho <strong>de</strong> Anás) no seu lugar.<br />
Vitélio substituiu novamente o Sumo Sacerdote Jônatas no ano seguinte por Teófilo<br />
(seu irmão) que ficou no cargo até 41d.C. Pilatos foi man<strong>da</strong>ndo por Vitélio para Roma<br />
para “prestar contas” e morreu lá <strong>de</strong> morte violenta.<br />
Como se vê, a relação entre as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s romanas e ju<strong>da</strong>icas era muito<br />
próxima. As autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Templo eram nomea<strong>da</strong>s pelos romanos e oscilavam<br />
conforme oscilava o po<strong>de</strong>r em Roma. As brigas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />
Templo também envolviam as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s romanas como vemos no caso <strong>de</strong> Anás e<br />
Caifás.<br />
O que relatam os Evangelhos parece indicar que a fama <strong>de</strong> Jesus ain<strong>da</strong> não<br />
tinha chegado aos ouvidos <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s romanas, mais preocupa<strong>da</strong>s com os<br />
bandos armados <strong>de</strong> salteadores (ao quais parece pertencer Barrabás). Pilatos,<br />
conforme relata Lucas, não era nenhum “inocente” mas um repressor capaz <strong>de</strong><br />
assassinar qualquer um que se colocasse contra os interesses <strong>de</strong> Roma e seus<br />
aliados: “falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os<br />
sacrifícios que os mesmos realizavam” (Lucas 13:1).<br />
O filme <strong>de</strong> <strong>Gibson</strong> apresenta Pilatos permanentemente assessorado pela sua<br />
esposa Claudia, no que se refere a Jesus. O único texto dos evangelhos que menciona<br />
o fato <strong>de</strong> Jesus ter tido a colaboração <strong>de</strong> mulheres ricas está em Lc 8,3 on<strong>de</strong> são<br />
menciona<strong>da</strong>s Joana (esposa <strong>de</strong> Cuza, administrador <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s), Suzana e outras.<br />
Veja-se que a primeira está vincula<strong>da</strong> a Hero<strong>de</strong>s e não a Pilatos e a segun<strong>da</strong> tem<br />
nome claramente hebraico e não grego ou romano. A participação <strong>da</strong> mulher <strong>de</strong><br />
Pilatos aparece em Mt 27:19, recomen<strong>da</strong>ndo ao seu marido: “não te envolvas com<br />
esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mateus 27:19). Não<br />
há, nos Evangelhos, nenhum sinal claro <strong>de</strong> que a esposa <strong>de</strong> Pilatos tivesse qualquer<br />
relação <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com Jesus ou seus discípulos e discípulas. Há muitas mais<br />
evidências <strong>de</strong> que mulheres ricas <strong>da</strong> corte <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s estivessem vincula<strong>da</strong>s a Jesus.<br />
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Arquivo <strong>de</strong> Textos – Diversos