experiência do projeto suinocultura santa catarina - pnma ii - Cetesb
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA<br />
SUINOCULTURA EM SANTA CATARINA<br />
GESTÃO AMBIENTAL DE PROPRIEDADES SUINÍCOLAS:<br />
EXPERIÊNCIA DO PROJETO SUINOCULTURA<br />
SANTA CATARINA - PNMA II<br />
Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
Secretaria Executiva<br />
Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />
6
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
República Federativa <strong>do</strong> Brasil<br />
Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva<br />
Vice-Presidente: José Alencar Gomes da Silva<br />
Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
Ministra: Marina Silva<br />
Secretário-Executivo: Cláudio Langone<br />
Diretor de Articulação Institucional: Volney Zanardi Júnior<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina<br />
Secretário de Esta<strong>do</strong>: Sérgio de Souza Silva<br />
Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente - FATMA/SC<br />
Presidente: Jânio Wagner Constante<br />
Embrapa Suínos e Aves<br />
Chefe-Geral: Elsio Antonio Pereira de Figueire<strong>do</strong><br />
Chefe-Adjunto de Comunicação e Negócios: Claudio Bellaver<br />
Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Terezinha Marisa Bertol<br />
Chefe-Adjunto de Administração: Dirceu Benelli<br />
Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />
Coordenação Geral <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />
Coordena<strong>do</strong>ra Geral: Lorene Bastos Lage<br />
Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais<br />
Coordena<strong>do</strong>ra: Adriana M. Magalhães de Moura<br />
Coordenação Estadual <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />
Coordena<strong>do</strong>r: Luiz Antônio Garcia Corrêa<br />
Coordenação Estadual <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais - PNMAII<br />
Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi: Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA/SC<br />
Coordena<strong>do</strong>r Técnico <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina<br />
Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira: Embrapa Suínos e Aves<br />
Agradecimentos especiais:<br />
Regina Gualda: Coordena<strong>do</strong>ra Geral <strong>do</strong> PNMAII de 2000 a 2005.<br />
Maricy Marino: Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais <strong>do</strong><br />
PNMAII de 2000 a 2003.<br />
Darci Oliveira de Souza: (Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos<br />
Ambientais <strong>do</strong> PNMA II – 2002 a 2004).<br />
Adroal<strong>do</strong> Pagani da Silva: Coordena<strong>do</strong>r Operacional <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina<br />
(2002-2004).<br />
Alexandre Ferrazolli Camargo: Técnico Responsável pelo Projeto no esta<strong>do</strong> de Santa<br />
Catarina.<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA<br />
SUINOCULTURA EM SANTA CATARINA<br />
GESTÃO AMBIENTAL DE PROPRIEDADES SUINÍCOLAS:<br />
EXPERIÊNCIA DO PROJETO SUINOCULTURA<br />
SANTA CATARINA - PNMA II<br />
Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
Secretaria Executiva<br />
Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
© Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA<br />
Coordenação: Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira – Embrapa Suínos e Aves; Cinthya Mônica<br />
da Silva Zanuzzi, Darci Oliveira de Souza – Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA/SC.<br />
Coordenação Editorial: Simone Colombo<br />
Editoração Eletrônica: Simone Colombo<br />
Normalização Bibliográfica: Dulci Eleni Westphal CRB 14/422<br />
Fotos: Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />
1ª edição<br />
1ª impressão: 2006 – Tiragem: 500 unidades<br />
Exemplares desta publicação podem ser adquiri<strong>do</strong>s na:<br />
Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA/SC<br />
Rua Felipe Schmidt, 485 – Centro<br />
88.010-970, Florianópolis, SC<br />
Fone: (0xx)(48) 3216-1700<br />
Fax: (0xx)(48) 3216-1797<br />
http://www.fatma.sc.gov.br<br />
fatma@fatma.sc.gov.br<br />
Ficha Catalográfica<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
<strong>experiência</strong> <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> SC / PNMA II / Coord. [por] Paulo<br />
Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira; Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi; Darci<br />
Oliveira de Souza - Florianópolis : FATMA/Embrapa Suínos e Aves, 2006.<br />
104p.; 29cm<br />
Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente PNMA II; Projeto de Controle<br />
da Degradação Ambiental Decorrente da Suinocultura em Santa<br />
Catarina.<br />
1. Gestão-ambiental – Santa Catarina. 2. Dejetos-manejo. 3. Dejetostratamento.<br />
4. Dejetos-aplicação no solo. I. Oliveira, Paulo Arman<strong>do</strong> V.<br />
de. II. Zanuzzi, Cinthya Mônica da Silva. III. Souza, Darci Oliveira de. IV.<br />
Título.<br />
___<br />
To<strong>do</strong>s os direitos reserva<strong>do</strong>s.<br />
CDU: 636.4:631.86(816.4)<br />
A reprodução não-autorizada desta publicação, no to<strong>do</strong> ou em parte, constitui violação <strong>do</strong>s direitos<br />
autorais (Lei nº 9,610).<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES PROJETO SUINOCULTURA<br />
SANTA CATARINA<br />
Unidade de Coordenação Estadual PNMA II<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável – SDS<br />
Unidade de Coordenação Estadual <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos<br />
Ambientais<br />
Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA<br />
Unidade Executora<br />
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves<br />
Unidades Co-Executoras<br />
Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Agricultura e Política Rural – SAR<br />
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC – EPAGRI<br />
Parceiros<br />
Associações<br />
Associação Catarinense <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res de Bovinos de Santa Catarina – ACCB/SUL<br />
Associação Catarinense <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res de Suínos de Santa Catarina – ACCS/SUL<br />
Instituições de Ensino<br />
Colégio Espaço Ltda<br />
Escola Agrotécnica Federal de Concórdia – EAFC<br />
Universidade <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> – UnC<br />
Universidade <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina – UNOESC<br />
Universidade <strong>do</strong> Sul de Santa Catarina – UNISUL<br />
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC<br />
Agroindústrias<br />
Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia Ltda – Copérdia<br />
Sadia S.A.<br />
Prefeituras<br />
Prefeitura Municipal de Concórdia através da Fundação Municipal de Defesa <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
– FUNDEMA<br />
Prefeitura Municipal de Braço <strong>do</strong> Norte – PMBN<br />
Sindicatos<br />
Sindicato Rural de Braço <strong>do</strong> Norte – SRBN<br />
Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais de Braço <strong>do</strong> Norte SC – STRBN<br />
Outras<br />
Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense – GEASC<br />
Gerência Regional de Educação de Braço <strong>do</strong> Norte SC – 20ª GEREI<br />
Centro Integra<strong>do</strong> de Ciências da Região Sul de Santa Catarina – CINCRES<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
LISTA DE SIGLAS<br />
AMAUC – Associação de Municípios Alto Uruguai Catarinense<br />
APP – Área de Preservação Permanente<br />
CDA – Centro de Divulgação Ambiental da Usina de Itá<br />
CIRAM – Centro Integra<strong>do</strong> de Informações e Recursos Ambientais de Santa Catarina<br />
CONAMA – Conselho Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
DBO – Demanda Química de Oxigênio<br />
DQO – Demanda Biológica de Oxigênio<br />
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves<br />
EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina<br />
FATMA – Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente/SC<br />
GLP – Gás Liqüifeito de Petróleo<br />
IQA – Índice de Qualidade da Água<br />
PNMA II – Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II<br />
ROLAS – Rede Oficial de Laboratórios de Análises <strong>do</strong> Solo e Teci<strong>do</strong> Vegetal<br />
SAD – Sistema de Apoio a Decisão<br />
SAR – Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Agricultura e Política Rural<br />
SDS – Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável<br />
SIF – Sistema de Inspeção Federal<br />
TAC – Termo de Ajustamento de Conduta<br />
UPL – Unidade de Produção de Leitões<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
SUMÁRIO<br />
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................<br />
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10<br />
1.1 Bacias hidrográficas selecionadas .................................................................................. 12<br />
1.1.1 Bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ........................................................................... 12<br />
1.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito .................................................................................. 14<br />
2 Ações desenvolvidas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> .................................................................... 16<br />
3 Principais resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s ..................................................................................... 17<br />
2 INTERVENÇÕES TECNOLÓGICAS DESENVOLVIDAS ................................... 19<br />
2.1 Aumento da densidade <strong>do</strong>s dejetos ................................................................................ 20<br />
2.2 Implantação de esterqueiras ........................................................................................... 22<br />
2.2.1 Esterqueira pulmão .............................................................................................. 23<br />
2.3 Compostagem de animais mortos ................................................................................... 24<br />
2.4 Recuperação das áreas de preservação permanente ................................................... 25<br />
2.5 Avaliação econômica das intervenções realizadas ......................................................... 27<br />
2.5.1 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ....................................................... 27<br />
2.5.2 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ............................................................... 28<br />
2.6 Resumo das intervenções desenvolvidas no <strong>projeto</strong> ...................................................... 28<br />
2.7 Unidades demonstrativas de tecnologias ........................................................................ 31<br />
2.7.1 Unidade de compostagem ................................................................................... 31<br />
2.7.2 Implantação de sistemas de produção de suínos em cama sobreposta ............. 33<br />
2.7.3 Implantação de biodigestor ................................................................................. 35<br />
2.7.3.1 Unidade de biodigestor para a produção de energia elétrica ................ 36<br />
2.7.3.2 Unidade de biodigestor para a produção de energia térmica ................ 38<br />
2.7.4 Conclusões .......................................................................................................... 42<br />
3 USO DE DEJETOS COMO FERTILIZANTE ORGÂNICO .................................. 43<br />
3.1 Uso de imagens de satélite de alta resolução como ferramenta de gestão ambiental .... 43<br />
3.2 Plano agronômico e balanço de nutrientes ..................................................................... 46<br />
3.2.1 Fator de Redução <strong>do</strong> Volume de Dejetos em função <strong>do</strong> aumento da Densidade<br />
– FRD ................................................................................................................... 48<br />
3.2.2 Fator de Redução em função das Características Físicas <strong>do</strong> Solo – FRCFS ...... 49<br />
3.2.3 Balanço de Nutrientes nas Bacias Trabalhadas .................................................. 49<br />
3.3 Recomendações de adubação orgânica ........................................................................... 56<br />
4 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DAS PROPRIEDADES, JUNTO A FATMA 57<br />
12<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
5 MONITORAMENTO DA ÁGUA ................................................................................... 59<br />
5.1 Avaliação da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s solos nas bacias hidrográficas <strong>do</strong><br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ............................................................... 59<br />
5.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos .................................................................... 60<br />
5.1.3 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ................................................................................. 61<br />
5.1.4 Parâmetros hidrológicos e climatológicos ........................................................... 62<br />
5.1.5 Parâmetros físico-químicos e biológicos ............................................................. 63<br />
5.1.6 Análise multivariada ............................................................................................ 64<br />
5.2 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento hidrológico e climatológico ............................................ 66<br />
5.2.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ................................................................... 66<br />
5.2.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito .......................................................................................... 67<br />
5.2.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento físico-químico e biológico da água ..................... 68<br />
5.2.3.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ..................................................... 69<br />
5.2.3.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ................................................................... 72<br />
5.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> biomonitoramento correlaciona<strong>do</strong>s aos parâmetros físico-químicos ..... 77<br />
5.4 Análise multivariada <strong>do</strong>s parâmetros ............................................................................. 81<br />
5.5 Conclusões gerais sobre o monitoramento da água ...................................................... 82<br />
6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..........................................................................................<br />
6.1 Ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong> .................................................................................. 85<br />
6.1.1 Organização <strong>do</strong>s produtores e capacitação de técnicos e produtores ............... 85<br />
6.1.2 Cartilha <strong>suinocultura</strong> e meio ambiente ............................................................... 86<br />
6.1.3 Vídeo .................................................................................................................. 88<br />
6.1.4 Dias de campo para sensibilização sobre a recuperação e a preservação da<br />
mata ciliar .......................................................................................................... 88<br />
6.1.5 Teatro de fantoches ........................................................................................... 90<br />
7 PROJETO SAD ..................................................................................................................<br />
7.1 Sistema de Apoio à Decisão (SAD) para avaliação de impactos da <strong>suinocultura</strong> sobre<br />
o meio ambiente ............................................................................................................. 92<br />
7.1.1 Principais metas .................................................................................................. 93<br />
7.2 Subsídios diretos para a tomada de decisão – Projeto SAD ......................................... 93<br />
7.3 Estratégias de implantação ............................................................................................ 94<br />
8 CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES ................................................ 96<br />
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 98<br />
ANEXOS ................................................................................................................................... 101<br />
1 Publicações relativas ao Projeto Suinocultura ........................................................................ 101<br />
2 Jornal de divulgação <strong>do</strong> Projeto Suinocultura ......................................................................... 104<br />
13<br />
85<br />
92
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
APRESENTAÇÃO<br />
A <strong>suinocultura</strong> representa uma importante atividade socioeconômica para o esta<strong>do</strong> de<br />
Santa Catarina.<br />
Sabe-se que esta atividade é uma importante cadeia produtiva e a questão ambiental<br />
é um <strong>do</strong>s grandes gargalos para a expansão e continuidade da produção.<br />
No ano 2000, o esta<strong>do</strong> de Santa Catarina através da Secretaria de Desenvolvimento<br />
Social e de Meio Ambiente – SDS se habilitou a participar <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio<br />
Ambiente – PNMA II, decorrente de um acor<strong>do</strong> de empréstimo <strong>do</strong> Governo Brasileiro com o<br />
Banco Mundial/Bird, através <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente. A construção <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> se deu a<br />
partir de um edital público para o qual se habilitaram 23 instituições governamentais e não<br />
governamentais. Após várias reuniões estas entidades escreveram o <strong>projeto</strong> dentro da<br />
meto<strong>do</strong>logia orientada pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente.<br />
O arranjo institucional <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi composto pela SDS, Fatma, Embrapa Suínos e<br />
Aves, SDA, Epagri, e demais instituições parceiras de caráter público e priva<strong>do</strong>. Arranjo este,<br />
que foi fundamental para a execução <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, consideran<strong>do</strong> a complexidade e gravidade <strong>do</strong>s<br />
processos de degradação ambiental decorrentes da <strong>suinocultura</strong>.<br />
A partir de 2002 se iniciou a implantação <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> Controle da Degradação<br />
Ambiental Decorrente da Suinocultura em Santa Catarina, nas Bacias <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos, município de Concórdia e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, município de Braço <strong>do</strong> Norte.<br />
Este <strong>projeto</strong> teve caráter piloto e, como foco principal, a prática da conservação<br />
ambiental em paralelo com a permanência da produção. Foram instaladas unidades<br />
demonstrativas (biodigestores, plataforma de compostagem, cama sobreposta), assim como a<br />
implantação simultânea de boas práticas construtivas (reformas <strong>do</strong> beiral no telha<strong>do</strong>, troca de<br />
bebe<strong>do</strong>uros, canaletas externas cobertas, cisternas, recuperação da margem <strong>do</strong>s corpos<br />
d’água), procedimentos estes de baixo custo, mas que representam um significativo ganho<br />
ambiental.<br />
Com foco na <strong>experiência</strong> de quatro anos, esta publicação foi idealizada com o<br />
propósito de divulgar, tanto a nível regional como no âmbito Estadual e Nacional, os resulta<strong>do</strong>s<br />
obti<strong>do</strong>s como subsídios técnicos reuni<strong>do</strong>s em formato de resumos para auxiliar no<br />
planejamento das atividades suinícola nas bacias hidrográficas.<br />
9<br />
JANIO WAGNER CONSTANTE<br />
Presidente da Fatma
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
10<br />
Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />
Embrapa Suínos e Aves<br />
O Brasil é o único país da América Latina incluí<strong>do</strong> na lista <strong>do</strong>s 10 maiores produtores<br />
mundiais de carne suína, sen<strong>do</strong> responsável por 7,5% das exportações mundiais. Algumas<br />
regiões como o esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, destacam-se pela grande tecnificação de sua<br />
produção, exibin<strong>do</strong> taxa de desfrute de 188% (MIELE, 2006). A Suinocultura é uma atividade<br />
importante <strong>do</strong> ponto de vista econômico e social uma vez que se constitui em ferramenta de<br />
fixação <strong>do</strong> homem no campo e meio de geração de empregos diretos e indiretos em toda a<br />
cadeia produtiva. O rebanho suíno nacional em 2005 foi estima<strong>do</strong> em 32.396.439 cabeças,<br />
concentran<strong>do</strong> na região Sul cerca de 13.889.514 cabeças (42,87% <strong>do</strong> rebanho nacional)<br />
(MIELE, 2006). A participação das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte/Nordeste no<br />
alojamento agroindustrial de matrizes é respectivamente, 61%, 19%, 12% e 9%, sen<strong>do</strong> que a<br />
participação nos abates com inspeção federal (SIF) é de 56%,18%, 14% e 10% e participação<br />
nas exportações de 84%, 7%, 9% e 0%, em 2005, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Abipecs, ABCS,<br />
Embrapa e IBGE (MIELE, 2006).<br />
A região Sul <strong>do</strong> país, que engloba os esta<strong>do</strong>s de Santa Catarina (SC), Rio Grande <strong>do</strong><br />
Sul (RS) e Paraná (PR), concentram cerca da metade da produção de carne suína, <strong>do</strong>s abates<br />
de animais, <strong>do</strong>s rebanhos e <strong>do</strong> alojamento de matrizes. Por se constituir na região mais<br />
tradicional e sede das empresas líderes, têm uma participação ainda maior no alojamento de<br />
matrizes industriais (rebanho tecnifica<strong>do</strong>), nos abates sob o Sistema de Inspeção Federal (SIF)<br />
e nas exportações. A região tem mais de 80% <strong>do</strong>s estabelecimentos suinícolas tecnifica<strong>do</strong>s,<br />
destacan<strong>do</strong>-se não só pela importância nos abates totais, como sobretu<strong>do</strong>, por ter uma escala<br />
de produção inferior às regiões Sudeste e Centro-Oeste, com presença pre<strong>do</strong>minante da<br />
agricultura familiar.<br />
Em termos de dinâmica espacial, a região Sul manteve nos últimos sete anos, de 1997<br />
a 2004, sua participação no rebanho nacional em 44% e aumentou sua participação nas<br />
exportações. Registrou-se aumento <strong>do</strong>s abates inspeciona<strong>do</strong>s nas regiões Sudeste e Centro-<br />
Oeste, de 11% em 1997 para 16% em 2004, sen<strong>do</strong> que na região Centro Oeste também<br />
apresentou crescimento na sua participação no rebanho suinícola nacional de 8% em 1997<br />
para 11% em 2004. Neste mesmo perío<strong>do</strong> não foi registra<strong>do</strong> aumento no rebanho suinícola e<br />
participação nos abates inspeciona<strong>do</strong>s (SIF) nas regiões Norte/Nordeste (MIELE, 2006).<br />
A baixa rentabilidade da <strong>suinocultura</strong> observada nos últimos anos, reduziu a<br />
capacidade de investimento <strong>do</strong>s produtores para a adequação <strong>do</strong> sistema de manejo,<br />
tratamento e utilização <strong>do</strong>s efluentes em relação as exigências da Legislação Ambiental. A<br />
insuficiência da renda da operação agrícola excluiu cerca de 40% <strong>do</strong>s suinocultores na última<br />
década, sen<strong>do</strong> responsável pelo empobrecimento e pelo êxo<strong>do</strong> rural da região. As<br />
repercussões sociais são alarmantes, os últimos anos revelam que o número de produtores<br />
excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> complexo agro-industrial de suínos vem aumentan<strong>do</strong> significativamente. Estu<strong>do</strong>s<br />
prospectivos indicam que, em curto prazo, haverá redução <strong>do</strong> número de cria<strong>do</strong>res, aumento<br />
da escala de produção e da eficiência reprodutiva <strong>do</strong> sistema em todas as regiões, redução da<br />
idade de abate mediante o emprego de novas tecnologias e de técnicas gerenciais e expansão<br />
para novas fronteiras, provocan<strong>do</strong> uma maior pressão sobre os recursos naturais, maior<br />
demanda por água e maior emissão de dejetos e gases poluentes. Por outro la<strong>do</strong>, o Esta<strong>do</strong> de<br />
Santa Catarina vem acompanhan<strong>do</strong> a tendência internacional de redução <strong>do</strong> número de<br />
produtores e aumento da escala de produção por cria<strong>do</strong>r, portanto, concentran<strong>do</strong> a geração de<br />
efluentes em áreas cada vez mais restritas e aumentan<strong>do</strong> a pressão sobre os recursos naturais<br />
de uma atividade tipicamente desenvolvida em regime de pequenas propriedades e situada em<br />
áreas com relevo acidenta<strong>do</strong>, onde somente 22% da superfície possui aptidão para ser<br />
utilizada na agricultura mecanizada. Além disso, a falta de informações, a baixa capacidade de
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
investimento <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>res, aliada às limitações topográficas para uso agrícola, propiciam as<br />
condições básicas para o lançamento de efluentes não trata<strong>do</strong>s no ambiente.<br />
Portanto, a resolução da questão ambiental da <strong>suinocultura</strong> não passa tão somente<br />
pelo segmento tecnológico, mas na readequação <strong>do</strong> modelo atual de exploração, por <strong>projeto</strong>s<br />
de edificações volta<strong>do</strong>s para as soluções das questões ambientais e valorização <strong>do</strong>s dejetos<br />
como adubo orgânico, no desenvolvimento de uma perspectiva realista de distribuição espacial<br />
das granjas produtoras de suínos baseada na capacidade de carga <strong>do</strong>s sistemas envolvi<strong>do</strong>s e<br />
na melhoria e manutenção da qualidade de vida <strong>do</strong> suinocultor.<br />
O Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina identificou as questões ambientais decorrentes da<br />
produção de suínos, como um <strong>do</strong>s principais problemas a serem trabalha<strong>do</strong>s em função da<br />
importância econômica e social da atividade suinícola para o Esta<strong>do</strong>. No Esta<strong>do</strong> as bacias<br />
hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, situada em Concórdia e <strong>do</strong> Coruja/Bonito, em Braço <strong>do</strong><br />
Norte, foram selecionadas por serem consideradas bacias representativas de áreas de<br />
produção de suínos e por possuírem um severo comprometimento <strong>do</strong>s recursos naturais. Outro<br />
motivo da escolha das referidas bacias é porque elas já possuíam um diagnóstico conten<strong>do</strong><br />
informações detalhadas sobre a condição socioeconômica, a tipologia de produção, aptidão de<br />
solos e clima, a localização geográfica e o nível de impacto ambiental causa<strong>do</strong> pela atividade<br />
suinícola (SILVA, 2000; EPAGRI, 2000; EPAGRI, 2001; COUTINHO, 2001).<br />
Identifica<strong>do</strong>s os problemas ambientais decorrentes <strong>do</strong> manejo inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos<br />
de suínos e as bacias hidrográficas, o Governo Estadual se habilitou a participar <strong>do</strong> Programa<br />
Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente – PNMA II a implantação <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> Controle da Degradação<br />
Ambiental Decorrente da Suinocultura nas Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos –<br />
Concórdia e <strong>do</strong> Coruja/Bonito – Braço <strong>do</strong> Norte com a denominação de Projeto Suinocultura<br />
Santa Catarina, com o objetivo de reduzir a poluição ambiental causada pelo manejo<br />
inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos de suínos, propician<strong>do</strong> a recuperação de áreas degradadas e proteção<br />
<strong>do</strong>s recursos naturais e consequentemente, a melhoria da qualidade de vida da população local.<br />
Sen<strong>do</strong> que a área <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> abrange cerca de 190 unidades produtoras de suínos nas duas<br />
bacias.<br />
O Projeto Suinocultura Santa Catarina, integrante <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada<br />
de Ativos Ambientais, pertencentes ao Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA, é um<br />
<strong>projeto</strong> vincula<strong>do</strong> ao Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente, com financiamento <strong>do</strong> Banco Mundial<br />
(BIRD). Neste <strong>projeto</strong>, definiu-se um arranjo institucional sob a coordenação da Fundação <strong>do</strong><br />
Meio Ambiente FATMA, com execução técnica e financeira pela Embrapa Suínos e Aves, ten<strong>do</strong><br />
como co-executores a FATMA, a Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Agricultura e Política Rural – SAR e<br />
a EPAGRI.<br />
Participaram <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, 17 entidades parcerias, constituídas de instituições<br />
governamentais (federais, estaduais e municipais) e privadas (agroindústrias), de ensino<br />
(universidades e escolas), além de instituições de pesquisa, sindicatos, associação de cria<strong>do</strong>res<br />
de suínos e ONG’s com conhecimento e tradicional atuação no setor, contemplan<strong>do</strong> as interfaces<br />
<strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e contribuin<strong>do</strong> para o bom trâmite das ações planejadas e implementadas. A<br />
meto<strong>do</strong>logia de desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho envolveu a participação de todas as instituições<br />
citadas acima.<br />
O Projeto Suinocultura Santa Catarina teve como objetivo principal a recuperação<br />
ambiental de regiões com alta concentração de suínos. Sen<strong>do</strong> as duas bacias hidrográficas<br />
selecionadas com a intenção de torná-las “Bacias Piloto” que pudessem servir de pólo<br />
irradia<strong>do</strong>r das ações de recuperação ambiental e servin<strong>do</strong> de modelo das tecnologias e<br />
meto<strong>do</strong>logias implantadas.<br />
O foco principal deste <strong>projeto</strong> foram as intervenções tecnológicas nas propriedades,<br />
baseadas em modelo de Gestão e Planejamento Ambiental desenvolvi<strong>do</strong> pelo <strong>projeto</strong> basea<strong>do</strong><br />
em diagnóstico técnico realiza<strong>do</strong> nas bacias, com vistas ao manejo correto <strong>do</strong>s dejetos de<br />
suínos, recuperação da qualidade <strong>do</strong>s mananciais d’água e à melhoria da qualidade ambiental<br />
em áreas, degradadas pela criação intensiva de suínos. (OLIVEIRA, 2004).<br />
11
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu-se através <strong>do</strong>s seguintes passos meto<strong>do</strong>lógicos:<br />
- Organização <strong>do</strong>s suinocultores em associações por bacias hidrográficas;<br />
- Capacitação tecnológica de técnicos e suinocultores nas bacias trabalhadas<br />
(através de cursos, palestras e seminários);<br />
- Redução <strong>do</strong> desperdício de água e <strong>do</strong> volume de dejetos gera<strong>do</strong>s pela a<strong>do</strong>ção de<br />
técnicas de manejo e instalação de equipamentos ambientalmente adequa<strong>do</strong>s para a<br />
criação de suínos (troca de bebe<strong>do</strong>uros, drenagem e desvio de águas superficiais,<br />
uso de cisternas, reaproveitamento <strong>do</strong>s resíduos líqui<strong>do</strong>s, medições de consumo de<br />
água, medições de densidade <strong>do</strong>s dejetos);<br />
- Incentivo ao uso de dejetos como fertilizante orgânico (substituição parcial <strong>do</strong>s<br />
adubos químicos);<br />
- Redução <strong>do</strong>s focos de contaminação <strong>do</strong>s corpos d’água, através da otimização e<br />
implementação de sistemas de manejo, armazenamento e tratamento de dejetos e<br />
resíduos orgânicos de suínos, contemplan<strong>do</strong> a agregação de valor aos produtos e<br />
subprodutos da atividade suinícola (adequação de esterqueiras, instalação de<br />
biodigestores, unidades de produção de suínos em sistemas de cama sobreposta,<br />
unidades de compostagem de dejetos líqui<strong>do</strong>s e unidades de compostagem para<br />
animais mortos);<br />
- Promoção da recuperação de áreas de preservação permanente; incentivar à<br />
regularização das atividades suinícolas (Licenciamento Ambiental);<br />
- Avaliação da eficiência de sistemas de tratamento de dejetos de suínos e <strong>do</strong> impacto<br />
<strong>do</strong> <strong>projeto</strong> na qualidade das águas superficiais e subterrâneas <strong>do</strong>s solos afeta<strong>do</strong>s<br />
pela atividade da <strong>suinocultura</strong> nas bacias selecionadas (monitoramento constante da<br />
água e <strong>do</strong> solo).<br />
1.1 Bacias hidrográficas selecionadas<br />
Na execução <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foram selecionadas duas áreas típicas de produção de suínos,<br />
com severo comprometimento <strong>do</strong>s recursos naturais: a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos, localizada no Município de Concórdia/SC e a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Coruja/Bonito<br />
localizada em Braço <strong>do</strong> Norte/SC. De um la<strong>do</strong> o município de Braço <strong>do</strong> Norte, possui uma<br />
grande concentração de suínos, com cerca de 661,82 suínos/km 2 . Do outro la<strong>do</strong>, a região<br />
oeste catarinense detêm 81,7% <strong>do</strong> total da produção de suínos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina.<br />
Além disto, nesta região, estão localizadas as grandes agroindústrias de aves e suínos, <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong>, processa<strong>do</strong>res de soja e trigo, como a Sadia, Perdigão, Seara e a Cooperativa Central<br />
Oeste de Santa Catarina.<br />
1.1.1 Bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
A bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos localiza-se no Município de Concórdia no esta<strong>do</strong> de<br />
Santa Catarina, na latitude sul 27°12 ’ 01 ’’ e longitude oeste 52°01 ’ 58 ’’ (Figura 1). Pertence à<br />
região hidrográfica IV, segun<strong>do</strong> a setorização <strong>do</strong> Projeto Microbacias/BIRD, abrangen<strong>do</strong> uma<br />
área de 61,54 km 2 , corresponde a 7,62% <strong>do</strong> município e é composta por 32 bacias (SILVA,<br />
2000; COUTINHO, 2001).<br />
12
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 1 – Localização geográfica da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Fonte: Epagri, Inventário de terras e diagnóstico sócio-econômico e<br />
ambiental, bacia <strong>do</strong>s Fragosos, 2000.<br />
A área é constituída por um conjunto de redes de drenagem, sen<strong>do</strong> a bacia principal<br />
formada pelo Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, que é alimenta<strong>do</strong> por diversos pequenos afluentes<br />
forman<strong>do</strong> muitas microbacias de área reduzida. O Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos desemboca no Rio<br />
Jacutinga próximo à comunidade de Engenho Velho e parte de sua foz atual está inundada<br />
devi<strong>do</strong> à formação <strong>do</strong> lago da Barragem de Itá.<br />
Os parâmetros analisa<strong>do</strong>s da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e seus atributos estão<br />
apresenta<strong>do</strong>s, a seguir na Tabela 1.<br />
Tabela 1 – Características físicas da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Parâmetro Atributo<br />
Área de drenagem (A)<br />
61,54km<br />
Perímetro da Bacia (P)<br />
Coeficiente de compacidade (Kc)<br />
Comprimento axial da Bacia (La)<br />
Fator de forma (Kf)<br />
Ordem da bacia<br />
Comprimento <strong>do</strong> rio principal (L)<br />
Comprimento total <strong>do</strong>s cursos d’água (Lt)<br />
Densidade de drenagem (Dd)<br />
Extensão média <strong>do</strong> escoamento superficial (l)<br />
Distância mais curta entre nascente e foz (D)<br />
Índice de sinuosidade <strong>do</strong> curso d’água (Is)<br />
Declividade média (X)<br />
Altitude máxima (H)<br />
Altitude média (Hm)<br />
Altitude mínima (Ho)<br />
Tempo de concentração (Tc)<br />
2<br />
44,98km<br />
1,61<br />
25,80km<br />
0,10<br />
3 a<br />
25,65km<br />
94,85km<br />
1,54km/km 2<br />
0,16km<br />
17,92km<br />
30,0%<br />
23,53%<br />
862m<br />
596m<br />
320m<br />
5h:25’<br />
Fonte: Epagri, Inventário de terras e diagnóstico sócio-econômico e ambiental, bacia<br />
<strong>do</strong>s Fragosos, 2000.<br />
Na bacia existem áreas residenciais urbanas, agroindústrias, escolas e atividades<br />
comerciais, embora a atividade pre<strong>do</strong>minante continue sen<strong>do</strong> a atividade agropecuária. Com a<br />
13
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
formação de represas, os proprietários <strong>do</strong>s terrenos banha<strong>do</strong>s pelas águas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos, ficaram com áreas propícias para o lazer, tais como a pesca e os esportes náuticos<br />
(SILVA, 2000; COUTINHO, 2001).<br />
As três principais atividades pecuárias desenvolvidas no âmbito da Bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos são a <strong>suinocultura</strong>, avicultura e a bovinocultura. Em termos de atividade pecuária a<br />
<strong>suinocultura</strong> constitui-se na principal atividade econômica entre os produtores da bacia,<br />
seguida da bovinocultura de leite e da avicultura (SILVA, 2000).<br />
Com relação à geologia desta bacia o trabalho Inventário de Terras realiza<strong>do</strong> pela<br />
Epagri (2000) informa que os solos <strong>do</strong>minantes em Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos são:<br />
Cambissolo: apresentam variações quanto à profundidade <strong>do</strong>s solos, estrutura, cor e<br />
textura. Não possuem acumulações significativas de óxi<strong>do</strong>s de ferro, húmus e argilas. Podem<br />
ser deriva<strong>do</strong>s de diferentes materiais de origem e encontra<strong>do</strong>s em todas as fases de relevo;<br />
Terra Bruna-Roxa Estruturada: ocorrem, normalmente, em altitudes entre 600 e 900m,<br />
sen<strong>do</strong> em geral profun<strong>do</strong>s ou pouco profun<strong>do</strong>s. Apresenta uma fertilidade natural média a alta<br />
(distrófico e eutrófico); baixos a médios teores de alumínio e valores de pH médios e baixos,<br />
com teores baixos de Fósforo e médios de Cálcio e Magnésio;<br />
Terra Roxa Estruturada: são solos origina<strong>do</strong>s da alteração de rochas eruptivas de<br />
caráter básico (basalto), com ocorrência em relevo suave ondula<strong>do</strong> e ondula<strong>do</strong> profun<strong>do</strong>s ou<br />
pouco profun<strong>do</strong>s, bem drena<strong>do</strong>s. Distribui-se em regiões com altitude inferior a 600m. A<br />
fertilidade natural é média e alta com pequenas limitações devi<strong>do</strong> aos baixos teores de fósforo<br />
e médios de Cálcio e Magnésio;<br />
Solos Litólicos: são solos muito rasos, inadequa<strong>do</strong>s para agricultura mecanizada<br />
devi<strong>do</strong> principalmente ao relevo acidenta<strong>do</strong>, à pequena espessura, presença de pedras,<br />
calhaus e matacões na superfície. A deficiência de água também se constitui em fator limitante<br />
ao uso desses solos, pois, a declividade propicia um maior escorrimento da água em<br />
detrimento à infiltração, não permitin<strong>do</strong> o armazenamento suficiente.<br />
1.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
A bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito (Figura 2) abrange uma extensão de, aproximadamente,<br />
52km 2 . A área é constituída por uma rede de drenagem composta pelo Rio Coruja/Bonito e<br />
seus tributários e pertence à bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Tubarão, ten<strong>do</strong> sua foz no Rio Braço <strong>do</strong><br />
Norte.<br />
Figura 2 – Localização da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito.<br />
Fonte: Epagri, Inventário das terras da bacia hidrográfica<br />
<strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, 2001.<br />
14
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Os parâmetros analisa<strong>do</strong>s da bacia e seus atributos estão apresenta<strong>do</strong>s, a seguir, na<br />
Tabela 2.<br />
Tabela 2 – Características físicas da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito.<br />
Parâmetro Atributo<br />
Área de drenagem (A)<br />
52,0km<br />
Perímetro da bacia (P)<br />
Coeficiente de compacidade (Kc)<br />
Comprimento axial da bacia (La)<br />
Fator de forma (Kf)<br />
Ordem da bacia<br />
Comprimento <strong>do</strong> rio principal (L)<br />
Comprimento total <strong>do</strong>s cursos d’água (Lt)<br />
Densidade de drenagem (Dd)<br />
Extensão média <strong>do</strong> escoamento superficial (l)<br />
Distância mais curta entre nascente e foz (D)<br />
Índice de sinuosidade <strong>do</strong> curso d’água (Is)<br />
Declividade média (X)<br />
Altitude máxima (H)<br />
Altitude média (Hm)<br />
Altitude mínima (Ho)<br />
Tempo de concentração (Tc)<br />
2<br />
44,36km<br />
1,72<br />
15,9km<br />
0,20<br />
4 a<br />
24,60km<br />
135,9km<br />
2,61km/km 2<br />
0,095km<br />
15,5km<br />
36,21%<br />
19,32%<br />
540m<br />
303,8m<br />
40m<br />
5h<br />
Fonte: Epagri, Inventário das terras da bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, 2001.<br />
A bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito caracteriza-se como um pólo importante de produção<br />
agrícola diversificada; suas características naturais permitem o desenvolvimento de diversos<br />
sistemas de produção agrícola e pesqueiro.<br />
As principais atividades agrícolas desenvolvidas na região são a produção de arroz,<br />
mandioca, fumo, banana, batata, tomate, feijão, cana-de-açúcar, e a horticultura diversificada.<br />
Na agropecuária destacam-se a bovinocultura de corte e leite, <strong>suinocultura</strong> e avicultura de<br />
postura e de corte. A produção melífera também possui importância regional. Mais<br />
recentemente, a consolidação da piscicultura e o surgimento da carcinicultura têm apresenta<strong>do</strong><br />
excelentes resulta<strong>do</strong>s.<br />
Com relação à geologia desta bacia o trabalho Inventário de Terras realiza<strong>do</strong> pela<br />
Epagri (2000) mostra que os solos <strong>do</strong>minantes no Coruja/Bonito são:<br />
Podzólico Vermelho Amarelo (NITOSSOLO – SBCS): apresentam textura argilosa e<br />
média/argilosa e, em muitos casos, com cascalhos ou cascalhenta, normalmente com argila de<br />
atividade baixa. Situa-se em relevo ondula<strong>do</strong> e forte ondula<strong>do</strong>, exigin<strong>do</strong> práticas<br />
conservacionistas severas quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s de forma intensiva. A maior parte deles é álico,<br />
com altos teores de alumínio e baixa fertilidade natural;<br />
Cambissolo (CAMBISSOLO – SBCS): no caso de se desenvolverem em áreas com<br />
drenagem imperfeita, devi<strong>do</strong> à aproximação e oscilações <strong>do</strong> lençol freático, podem ocorrer<br />
indícios de gleização a partir <strong>do</strong>s 60cm com conseqüente ocorrência de horizonte Bi, sen<strong>do</strong><br />
nesses casos classifica<strong>do</strong>s com Cambissolos Glêicos. Em ambos os casos são solos com um<br />
certo grau de evolução, porém, não o suficiente para intemperizar minerais primários de mais<br />
fácil intemperização, como feldspato, mica, hornblenda, augita e outros, e não possuem<br />
acumulações significativas de óxi<strong>do</strong>s de ferro, húmus e argilas. Podem ser deriva<strong>do</strong>s de<br />
diferentes materiais de origem e encontra<strong>do</strong>s em todas as fases de relevo;<br />
Solos Litólicos (NEOSSOLOS LITÓLICOS – SBCS): são solos muito rasos<br />
inadequa<strong>do</strong>s para agricultura mecanizada devi<strong>do</strong>, principalmente, ao relevo acidenta<strong>do</strong>, à<br />
pequena espessura, presença de pedras, calhaus e matacões na superfície. A deficiência de<br />
água também se constitui em fator limitante ao uso desses solos, pois, a declividade propicia<br />
um maior escorrimento da água em detrimento à infiltração, não permitin<strong>do</strong> o armazenamento<br />
15
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
suficiente. São deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mais diferentes materiais de origem, os quais definem os graus<br />
de limitação por fertilidade.<br />
2 Ações desenvolvidas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong><br />
O primeiro ano <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, em 2002, foi de organização e formação das equipes,<br />
planejamento de ações, elaboração e discussão <strong>do</strong>s <strong>projeto</strong>s técnicos individuais de<br />
adequação para cada propriedade. Neste mesmo ano, o <strong>projeto</strong> promoveu a constituição legal<br />
de duas associações de produtores de suínos, uma para cada bacia selecionada, com o<br />
objetivo de incentivar a participação e integração <strong>do</strong>s produtores nas decisões <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>. A<br />
equipe técnica <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> conduziu reuniões mensais das associações de produtores, para em<br />
conjunto com, produtores e executores, discutir e analisar o andamento das ações, buscan<strong>do</strong><br />
evitar e corrigir problemas ao longo da execução <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>. Essa participação foi importante<br />
para ouvir os produtores, saber sobre suas dificuldades e reivindicações, tornan<strong>do</strong>-se mais fácil<br />
planejar e propor ações e tecnologias adequadas às suas necessidades.<br />
Os técnicos <strong>do</strong> Projeto, visitaram, em 2002, 176 propriedades, sen<strong>do</strong> 122 em<br />
Concórdia e 54 em Braço <strong>do</strong> Norte. Neste primeiro levantamento observou-se que mais de<br />
70% das propriedades não poderiam receber o licenciamento ambiental, pois estavam em<br />
desacor<strong>do</strong> com a legislação ambiental vigente.<br />
Em 2003 e 2004, foram desenvolvidas as intervenções tecnológicas para adequação<br />
ambiental das unidades de produção de suínos. Foram trabalhadas 45 propriedades situadas<br />
nas regiões das nascentes <strong>do</strong>s rios, atingin<strong>do</strong> as duas bacias hidrográficas. Foram<br />
identificadas com imagens de satélites as duas bacias sobre a qual foi realiza<strong>do</strong> to<strong>do</strong><br />
planejamento das ações de intervenções tecnológicas. O <strong>projeto</strong> implantou nas propriedades<br />
Unidades Demonstrativas de Tecnologias desenvolvidas conjuntamente pela Embrapa, pela<br />
EPAGRI e pela UFSC. Dentre as tecnologias implantadas destacam-se compostagem para<br />
animais mortos; criação de suínos em cama sobreposta; biodigestor; unidade de compostagem<br />
para dejetos brutos; reforma geral no sistema de condução de dejetos e otimização de<br />
esterqueiras.<br />
Foram realizadas análises de solo de todas as 190 propriedades existentes nas duas<br />
bacias, visan<strong>do</strong> identificar as características físico-químico, com a finalidade de propor<br />
recomendações agronômicas corretas para o uso de fertilizantes orgânico.<br />
Propostas de recuperação da mata ciliar nas propriedades, e promoção de educação<br />
ambiental, através da realização de cursos e treinamentos para produtores e técnicos que<br />
atuam nas bacias hidrográficas.<br />
Desenvolvimento de um programa de monitoramento da qualidade das águas<br />
superficiais, nas bacias trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>, de 2003 a 2005.<br />
Uma importante realização <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, foi a assinatura de Termos de Ajustamento de<br />
Conduta – TAC, em dezembro de 2003, entre os produtores envolvi<strong>do</strong>s e a Promotoria Pública<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, com o objetivo de legalizar a atividade suinícola nas<br />
propriedades atenden<strong>do</strong> a Legislação Ambiental vigente.<br />
Com o objetivo de divulgar as ações desenvolvidas e os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no <strong>projeto</strong><br />
foi criada uma página eletrônica hospedada na página da Embrapa Suínos e Aves<br />
(www.cnpsa.embrapa.br (Páginas Hospedadas: PNMA II), onde estão divulgadas todas as<br />
informações referentes ao <strong>projeto</strong> e as publicações produzidas.<br />
16
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
3 Principais resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s<br />
Um <strong>do</strong>s primeiros resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi o diagnóstico técnico completo e individual<br />
por propriedade, nas duas bacias hidrográficas trabalhadas, que envolveu técnicos e to<strong>do</strong>s os<br />
produtores. Após, o conhecimento da realidade individual de cada propriedade foram<br />
elabora<strong>do</strong>s os <strong>projeto</strong>s de intervenção tecnológica. Todas os <strong>projeto</strong>s de intervenções antes de<br />
serem implanta<strong>do</strong>s nas propriedades, foram discuti<strong>do</strong>s individualmente com os técnicos e os<br />
produtores e leva<strong>do</strong>s ao conhecimento das associações <strong>do</strong>s produtores, nas bacias.<br />
Os <strong>projeto</strong>s e os planos individuais de cada propriedade foram elabora<strong>do</strong>s com base<br />
em fotografia de satélite das bacias e visita a campo, o que permitiu analisar em detalhe os<br />
aspectos ambientais e os pontos críticos trabalha<strong>do</strong>s.<br />
Foram treina<strong>do</strong>s em práticas ambientalmente sustentáveis e manejo <strong>do</strong>s dejetos de<br />
suínos, através de cursos de capacitação e palestras, 85 técnicos de agroindústrias,<br />
cooperativas e de instituições públicas e privadas, além de 92 produtores.<br />
Foram realiza<strong>do</strong>s 6 seminários de esclarecimento sobre o <strong>projeto</strong>, para os produtores,<br />
técnicos e para o público em geral e, ainda, foram realizadas duas audiências publicas, sen<strong>do</strong><br />
uma em Braço <strong>do</strong> Norte e outra em Concórdia, onde o <strong>projeto</strong> estendeu convite a todas as<br />
comunidades.<br />
Foram publica<strong>do</strong>s 6 folders sobre: edificações para a produção de suínos, manejo <strong>do</strong>s<br />
dejetos, legislação ambiental, mata ciliar e gestão da água nas propriedades. Foram publica<strong>do</strong>s<br />
também, uma cartilha sobre meio ambiente para escolares, e, um manual de boas práticas<br />
ambientais na <strong>suinocultura</strong>. Foi elaborada uma fita de vídeo sobre <strong>suinocultura</strong> e meio<br />
ambiente, com a finalidade de divulgar as boas praticas ambientais induzidas pelo <strong>projeto</strong>.<br />
Foram realizadas adequações e recuperações de todas as esterqueiras existentes, (as<br />
quais estavam com problemas de sub-dimensionamento), nas propriedades <strong>do</strong> terço superior<br />
das duas bacias trabalhadas, foram distribuí<strong>do</strong>s 6 equipamentos (Vazão média de 80 m 3 /hora)<br />
para o transporte e distribuição de dejetos líqui<strong>do</strong>s e 2 máquinas (Capacidade de 6 toneladas)<br />
para a distribuição de resíduos sóli<strong>do</strong>s nas lavouras.<br />
A Tabela 3, apresenta o total de intervenções realizadas nas propriedades das duas<br />
bacias hidrográficas, tais como: a adequação de esterqueiras ao volume total de dejetos, as<br />
composteiras para carcaças de animais mortos, a drenagem de águas superficiais, a correção<br />
das canaletas de manejo <strong>do</strong>s dejetos, a substituição de bebe<strong>do</strong>uros e a colocação de calhas<br />
nos telha<strong>do</strong>s das edificações de produção de suínos.<br />
Tabela 3 – Intervenções realizadas, nas propriedades das duas bacias hidrográficas.<br />
Intervenções realizadas nas propriedades<br />
Esterqueira Volume de<br />
armazenamento<br />
m 3<br />
Composteira Drenagem Correção Substituição Colocação<br />
Para animais águas canaletas<br />
mortos superficiais dejetos<br />
de<br />
bebe<strong>do</strong>uros<br />
calhas nos<br />
telha<strong>do</strong>s<br />
Coruja/Bonito 20 6.650 10 12 11 16 5<br />
Fragosos 38 10.624 25 24 28 22 5<br />
Total 58 17.274 35 36 39 38 10<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu mapas (plantas e croquis) detalha<strong>do</strong>s de cada propriedade<br />
basea<strong>do</strong>s nas imagens de satélites (Quicbird) das duas bacias. Nestes mapas foram<br />
determinadas as faixas ciliares, a reserva legal das propriedades, a localização espacial da<br />
propriedade com suas respectivas distâncias <strong>do</strong>s cursos e nascentes de água e das estradas,<br />
localização das intervenções tecnológicas utilizadas na adequação ambiental e a localização e<br />
determinação das áreas de campos, lavouras e florestas utilizadas na elaboração <strong>do</strong>s planos<br />
agronômicos<br />
Instala<strong>do</strong>s 54 hidrômetros, para a medição <strong>do</strong> consumo de água nas propriedades,<br />
com o objetivo de gerar conhecimento sobre como melhorar a gestão de água e diminuir o seu<br />
consumo.<br />
17
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Realizadas 489 análises de solo envolven<strong>do</strong> todas as propriedades das duas bacias.<br />
Foram elabora<strong>do</strong>s 45 Planos Agronômicos das Propriedades (PAPs), <strong>do</strong> terço superior das<br />
duas bacias trabalhadas, através das análises de solos, <strong>do</strong> levantamento das áreas disponíveis<br />
para cultivo e das culturas implantadas em cada propriedade.<br />
Distribuí<strong>do</strong>s 49 kits com densímetros para avaliação qualitativa <strong>do</strong>s dejetos nas<br />
propriedades com a finalidade de orientar o uso correto <strong>do</strong>s dejetos como adubo orgânico.<br />
Foram elabora<strong>do</strong>s planos de recuperação da mata ciliar nas margens <strong>do</strong>s rios e da<br />
proteção de nascentes nas 45 propriedades. Também, foram implantadas unidades<br />
demonstrativas, sen<strong>do</strong> 3 na bacia <strong>do</strong> Coruja/bonito e 7 em Fragosos com o objetivo didático de<br />
demonstrar como se implantam os planos de recuperação, avalian<strong>do</strong>-se os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />
A qualidade das águas superficiais foi monitorada, nos anos de 2003 a 2005, em sete<br />
diferentes pontos ao longo <strong>do</strong>s Rios Fragosos e Coruja/Bonito, desde a nascente até a foz,<br />
com a finalidade de avaliar a qualidade das águas através das análises <strong>do</strong>s parâmetros físico,<br />
químicos e biológicos. O <strong>projeto</strong> dispõe de um banco de informações sobre a qualidade das<br />
águas superficiais e subterrâneas nas duas bacias.<br />
Foram implantadas 6 unidades pilotos para avaliação técnica e econômica de algumas<br />
tecnologias, tais como: biodigestor para a geração de energia elétrica na propriedade;<br />
biodigestor para a geração de energia térmica (substituição da lenha e <strong>do</strong> GLP por biogás) no<br />
aquecimento <strong>do</strong> ar ambiente no interior de aviários; duas unidades de criação de suínos em<br />
sistema de cama biológica (Cama Sobreposta); uma cisterna para avaliação <strong>do</strong> uso da água da<br />
chuva e uma unidade de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos e a geração<br />
de composto orgânico.<br />
As 45 propriedades <strong>do</strong> terço superior das duas bacias hidrográficas, trabalhadas pelo<br />
<strong>projeto</strong>, após nas intervenções tecnológicas realizadas receberam o Licenciamento Ambiental<br />
expedi<strong>do</strong> pela FATMA.<br />
Demonstrou-se que a introdução de pequenas praticas ambientais para a gestão <strong>do</strong>s<br />
resíduos nas propriedades, com custos reduzi<strong>do</strong>s e acessíveis a maior parte <strong>do</strong>s produtores,<br />
promovem ganhos ambientais consideráveis.<br />
18
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
2 INTERVENÇÕES TECNOLÓGICAS DESENVOLVIDAS<br />
19<br />
Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />
Adroal<strong>do</strong> Pagani da Silva<br />
Doralice Pedroso-de-Paiva<br />
Martha Mayumi Higarashi<br />
Embrapa Suínos e Aves<br />
Dentre as atividades principais <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> encontram-se as intervenções tecnológicas<br />
propostas para adequar ambientalmente as propriedades suinícolas e recuperar as áreas de<br />
preservação permanente. As intervenções tecnológicas propostas foram elabora<strong>do</strong>s pelas<br />
entidades executoras <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e amplamente discutidas com os parceiros e produtores<br />
envolvi<strong>do</strong>s.<br />
Em reunião promovida pela Unidade de Coordenação Nacional (UCN) em<br />
Florianópolis em junho de 2003, para integrar os Projetos Suinocultura <strong>do</strong>s três esta<strong>do</strong>s da<br />
Região Sul no âmbito <strong>do</strong> PNMA II, ficou acorda<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção, como referência meto<strong>do</strong>lógica, da<br />
Norma Técnica ISO 14.000 pelos três esta<strong>do</strong>s, com o objetivo de planejar e avaliar as<br />
adequações nas propriedades dentro de um conceito mais abrangente de gestão ambiental<br />
aplicada à <strong>suinocultura</strong>. Discutida a transversalidade das informações e elaboradas<br />
meto<strong>do</strong>logias de trabalho voltadas para uma visão sistêmica envolven<strong>do</strong> as propriedades e<br />
bacia hidrográfica (Figura 3).<br />
Figura 3 – Reunião de integração <strong>do</strong> Projeto Suinocultura <strong>do</strong>s<br />
Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná, Rio Grande <strong>do</strong> Sul e Santa<br />
Catarina (Auditório da FATMA – Florianópolis/SC).<br />
Com base nos levantamentos de campo e auxilia<strong>do</strong> por croquis elabora<strong>do</strong>s a partir<br />
das imagens de satélite foram concluí<strong>do</strong>s os Projetos Técnicos de Adequação Ambiental para<br />
16 propriedades da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito e 30 da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos,<br />
incluin<strong>do</strong> todas as informações técnicas necessárias para orientar as intervenções.<br />
Os <strong>projeto</strong>s técnicos de adequação ambiental das propriedades foram elabora<strong>do</strong>s<br />
pelos técnicos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e envia<strong>do</strong>s aos produtores independentes e as agroindústrias<br />
integra<strong>do</strong>ras para o encaminhamento <strong>do</strong> licenciamento ambiental junto a Fatma.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
2.1 Aumento da densidade <strong>do</strong>s dejetos<br />
Com a finalidade de reduzir o volume de dejetos produzi<strong>do</strong>s nas granjas produtoras de<br />
suínos, foram a<strong>do</strong>tadas medidas para redução <strong>do</strong> desperdício e <strong>do</strong> consumo de água, que<br />
incluem substituição de bebe<strong>do</strong>uros e eliminação de vazamentos da rede hidráulica, além de<br />
ações de sensibilização e orientação <strong>do</strong>s produtores. Foram orienta<strong>do</strong>s os produtores para<br />
reduzir o consumo de água utiliza<strong>do</strong> na lavagem das instalações.<br />
Outra medida importante para reduzir <strong>do</strong> volume de dejetos foi a implementação de<br />
sistema de drenagem e desvio de águas pluviais das esterqueiras e cobertura das canaletas<br />
externas de manejo e transporte de dejetos. Também foram instaladas calhas nas coberturas<br />
das edificações para o escoamento das águas pluviais. Na Figura 4, observa-se a instalação<br />
de bebe<strong>do</strong>uros ecológicos, hidrômetro e adequação de rede hidráulica para reduzir o<br />
desperdício e o consumo de água nas propriedades.<br />
Figura 4 – Instalação de bebe<strong>do</strong>uros ecológicos, hidrômetro e adequação de rede hidráulica<br />
para reduzir o desperdício e o consumo de água nas propriedades.<br />
Observa-se na Figura 5, cobertura da canaleta de manejo <strong>do</strong>s dejetos depois<br />
e antes das intervenções realizadas.<br />
Figura 5 – Cobertura da canaleta de manejo <strong>do</strong>s dejetos depois e antes das<br />
intervenções realizadas.<br />
Uma das metas <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com a substituição <strong>do</strong>s bebe<strong>do</strong>uros existentes nas<br />
propriedades, cobertura das canaletas e mudança no manejo <strong>do</strong>s dejetos, era de aumentar a<br />
densidade <strong>do</strong>s dejetos de 1.016 kg/m 3 , média atual observada nas produções de suínos no<br />
Oeste Catarinense, para um valor em torno de 1.028 kg/m 3 , com a finalidade de viabilizar<br />
economicamente o uso <strong>do</strong>s dejetos com fertilizante orgânico e aumentar seu potencial para a<br />
produção de biogás.<br />
20
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
O <strong>projeto</strong> realizou-se o monitoramento <strong>do</strong> consumo de água e da densidade <strong>do</strong>s<br />
dejetos, em quatro Unidades de Produção de Leitões-UPL e quatro Unidade de Terminação-<br />
UT, na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, durante 12 semanas consecutivas. Os resulta<strong>do</strong>s<br />
obti<strong>do</strong>s deste trabalho de observação encontram-se na Tabela 4.<br />
Tabela 4 – Média <strong>do</strong> consumo de água (L/animal/dia) e da densidade <strong>do</strong>s dejetos (kg/m³),<br />
em unidade de produção de suínos, observada em perío<strong>do</strong> de 12 semanas.<br />
Produção de Suínos Consumo de água Densidade (kg/m³)<br />
UPL- Unidade de Produção de Leitões (L/matriz/dia)<br />
1 22,84 1018,4<br />
2 31,31 1026,3<br />
3 27,30 1031,6<br />
4 20,76 1026,0<br />
Média 25,55 1025,6<br />
UT- Unidade de Terminação (L/suíno/dia)<br />
1 10,54 1031,1<br />
2 9,86 1028,2<br />
3 5,81 1023,7<br />
4 9,08 1024,5<br />
Média 8,82 1026,9<br />
Pode-se observar na Tabela 4, que a média <strong>do</strong> consumo de água pelas matrizes<br />
juntamente com a leitegada na UPL foi de 25,55 litros de água por matrizes/dia, esta medição<br />
refere-se apenas <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong>s animais (matrizes, machos e leitões) não houve uso da água<br />
para a limpeza das instalações.<br />
Na terminação observou-se um consumo médio de 8,82 litros de água por animal/dia<br />
para suínos com peso médio de 75 kg, da mesma maneira não houve limpeza com água nas<br />
instalações.<br />
A densidade média <strong>do</strong>s dejetos observada nas calhas de coleta externa nas<br />
edificações foi de 1.026 kg/m³ (5,65% de Sóli<strong>do</strong>s Totais), este resulta<strong>do</strong> demonstra que houve<br />
um aumento significativo da densidade <strong>do</strong>s dejetos nas propriedades quan<strong>do</strong> comparada com<br />
a média encontrada na região Oeste de Santa Catarina que é de 1.016 kg/m³ (3% de Sóli<strong>do</strong>s<br />
Totais).<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu trabalho de observação realizada em propriedade, onde<br />
instalou-se um biodigestor na bacia de Fragosos, após a substituição <strong>do</strong>s bebe<strong>do</strong>uros<br />
defeituosos e mudanças de manejo <strong>do</strong>s dejetos com lavagem e limpeza somente na saídas<br />
<strong>do</strong>s animais. Neste trabalho observou-se um aumento da densidade (kg/m 3 ) <strong>do</strong>s dejetos de<br />
suínos na calha coletora externa que passou de 1.010 kg/m 3 para 1.032,15 ± 15,38 (média e o<br />
desvio padrão). A densidade média observada para os sóli<strong>do</strong>s totais (87,7 kg/m 3 ) pode ser<br />
considerada elevada quan<strong>do</strong> comparada com os valores médios de sóli<strong>do</strong>s totais (25 kg/m 3 )<br />
observa<strong>do</strong>s nas em propriedades produtoras de suínos. Essa densidade foi obtida em função<br />
de um manejo adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos de suínos nas instalações (raspagem a seco e limpeza<br />
somente na saída <strong>do</strong>s animais) e o uso de novos bebe<strong>do</strong>uros que desperdiçam o mínimo<br />
possível de água, com a finalidade de potencializar a produção de biogás.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstraram que a cobertura das calhas externas e a<br />
substituição de bebe<strong>do</strong>uros que podem ser consideradas como pequenas práticas ambientais<br />
com custos reduzi<strong>do</strong>s e acessíveis aos produtores, promovem ganhos ambientais<br />
consideráveis, como redução de o<strong>do</strong>res, redução <strong>do</strong> nível de proliferação de moscas,<br />
valorização agronômica <strong>do</strong>s dejetos e potencialização <strong>do</strong>s dejetos para a produção de biogás.<br />
21
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
2.2 Implantação de esterqueiras<br />
As esterqueiras foram dimensionadas de acor<strong>do</strong> com a capacidade instalada das<br />
unidades de produção de suínos para um tempo de retenção de 120 dias, conforme<br />
recomenda<strong>do</strong> na Instrução Normativa da Suinocultura da FATMA-IN 11, devidamente<br />
impermeabilizadas e isoladas com cercas de proteção.<br />
Os suinocultores que não possuem área suficiente para aplicação de dejetos como<br />
fertilizante orgânico foram orienta<strong>do</strong>s a destinar os excessos para os vizinhos. Quan<strong>do</strong> possível<br />
as esterqueiras foram construídas em locais estratégicos, próximo à lavoura ou mesmo em<br />
terrenos vizinhos, sen<strong>do</strong> o transporte realiza<strong>do</strong> por bombas de uso coletivo disponibilizadas<br />
pelo <strong>projeto</strong>.<br />
Nas Figuras 6, 7, 8 e 9 são apresentadas as situações encontradas nas esterqueiras<br />
existentes nas propriedades, antes e depois de realizadas as intervenções técnicas.<br />
Figura 6 – Adequação de esterqueiras ao volume de dejetos produzi<strong>do</strong> na<br />
propriedade, vista da esterqueira antes e depois da intervenção.<br />
Figura 7 – Adequação de esterqueira para o armazenamento <strong>do</strong>s dejetos antes e<br />
depois da intervenção.<br />
22
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 8 – Situação das calhas e da esterqueira para o manejo e o<br />
armazenamento <strong>do</strong>s dejetos antes das intervenções.<br />
Figura 9 – Situação das calhas e da esterqueira para o manejo e o armazenamento<br />
<strong>do</strong>s dejetos depois de realizadas as intervenções.<br />
2.2.1 Esterqueira pulmão<br />
O desafio <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> era de reduzir os custos de transporte e armazenamento <strong>do</strong>s<br />
fertilizantes orgânicos (líqui<strong>do</strong>s) gera<strong>do</strong>s nas instalações e viabilizar sua disposição nas áreas<br />
de lavouras e pastagens.<br />
Com esse desafio o <strong>projeto</strong> implantou pela primeira vez no Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina a<br />
construção de depósitos de fertilizante orgânicos nas cotas mais elevadas ou em posições<br />
estratégica próxima das lavouras ou áreas de pastagens. Esses depósitos foram denomina<strong>do</strong>s<br />
de Esterqueiras Pulmão. Tais depósitos podem ser utiliza<strong>do</strong>s por um ou mais proprietários,<br />
dependen<strong>do</strong> da topografia local. Os dejetos, após o perío<strong>do</strong> de retenção recomenda<strong>do</strong>, podem<br />
ser distribuí<strong>do</strong>s nas lavouras e áreas de campo e capoeira, por gravidade, através de<br />
mangueiras, por sistemas de aspersores ou mesmo com tanques distribui<strong>do</strong>res.<br />
O transporte <strong>do</strong>s fertilizantes líqui<strong>do</strong>s de depósito na propriedade (esterqueira/lagoas)<br />
ou o efluente de biodigestores até a Esterqueira Pulmão, pode ser realiza<strong>do</strong> através de<br />
bombas hidráulicas ou utilização de caminhões tanque, caso haja a possibilidade de acesso<br />
através das ro<strong>do</strong>vias vicinais que servem à bacia (Figura 10).<br />
23
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 10 – Esterqueira pulmão instalada próxima da lavoura,<br />
reduzin<strong>do</strong> o custo de transporte e distribuição de<br />
fertilizante orgânico.<br />
2.3 Compostagem de animais mortos<br />
As carcaças de animais e os restos de parição podem disseminar <strong>do</strong>enças, produzir<br />
mau cheiro e, também, criar moscas. Uma alternativa para o aproveitamento adequa<strong>do</strong> desses<br />
resíduos é a compostagem, processo sem agressão ao meio ambiente, quan<strong>do</strong> feito de forma<br />
correta e cujo subproduto gera<strong>do</strong> pode ser aproveita<strong>do</strong> como adubo (PEDROSO & BLEY,<br />
2001).<br />
A compostagem é uma tarefa que simplifica a destinação de carcaças, que eram<br />
eliminadas em fossas, queimadas ou enterradas, exigin<strong>do</strong> maior trabalho <strong>do</strong> produtor, quan<strong>do</strong><br />
não eram simplesmente aban<strong>do</strong>nadas, produzin<strong>do</strong> mau cheiro e a criação de grande<br />
quantidade de moscas varejeiras. Não basta simplesmente amontoar carcaças e resíduos em<br />
um leito de maravalha ou a cama de aviário, mas trata-se de um processo biológico, que é<br />
afeta<strong>do</strong> por diferentes fatores, como o nível de umidade e de entrada de ar, que influenciam a<br />
atividade <strong>do</strong>s microorganismos que ajudam na decomposição da matéria orgânica. Esses<br />
fatores devem ser controla<strong>do</strong>s e torna-se necessário dar e manter as condições <strong>do</strong> meio para<br />
que essa atividade ocorra com eficiência (PEDROSO & BLEY, 2001).<br />
O <strong>projeto</strong> com a finalidade de gerenciar a destinação correta das carcaças de animais<br />
mortos e restos de parição, implantou 10 unidades na bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito e 25 unidades no<br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, totalizan<strong>do</strong> 35 composteiras para animais mortos e restos de parto<br />
implantadas nas granjas produtoras de suínos. Na Figura 11, pode-se observar unidade de<br />
compostagem de animais mortos<br />
Figura 11 – Unidade de compostagem de animais mortos.<br />
24
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Nas propriedades a implantação das unidades de compostagem contribuiu<br />
significativamente para a redução da poluição, de o<strong>do</strong>res e de proliferação de moscas, além de<br />
melhorar a qualidade de vida <strong>do</strong>s produtores e mora<strong>do</strong>res nas áreas de abrangência <strong>do</strong><br />
<strong>projeto</strong>.<br />
2.4 Recuperação das áreas de preservação permanente<br />
A recuperação das áreas de preservação permanente (APP), principalmente da mata<br />
ciliar e no entorno de nascentes foi uma outra intervenção técnica importante realizada pelo<br />
<strong>projeto</strong>, para reduzir a poluição das águas nas bacias trabalhadas.<br />
A vegetação protege o solo contra a erosão e dificulta o escorrimento superficial <strong>do</strong>s<br />
resíduos e dejetos para os corpos d’água, protegen<strong>do</strong> assim as nascentes e os cursos d’água.<br />
Desde o início <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> os produtores foram orienta<strong>do</strong>s e sensibiliza<strong>do</strong>s sobre a<br />
importância e a necessidade de recuperar e preservar as APP. Foram realiza<strong>do</strong>s cursos e<br />
palestras para capacitação de técnicos e produtores, onde foram apresenta<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s<br />
temas relaciona<strong>do</strong>s a preservação das APPs.<br />
Em 2002 e 2003 foram efetua<strong>do</strong>s os mapeamentos das APPs das duas bacias<br />
trabalhadas pelo <strong>projeto</strong> e foram elabora<strong>do</strong>s o Plano Geral de Restauração. Também foram<br />
escolhidas 7 propriedades para servirem de unidades piloto e elabora<strong>do</strong>s os respectivos<br />
Planos Individuais de recuperação das áreas degradadas. Ainda em 2002, foi implantada, uma<br />
unidade piloto em Fragosos, com a utilização de mudas produzidas na Escola Agrotécnica<br />
Federal de Concórdia.<br />
Na Escola Técnica Federal de Concórdia o <strong>projeto</strong> implantou uma estufa com to<strong>do</strong>s os<br />
equipamentos necessários, inclusive sistema de irrigação, para produzir mudas de espécies<br />
nativas arbóreas da região com a finalidade de serem utilizadas no plantio para recuperação<br />
das matas ciliares nas propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos. Esta estufa produziu<br />
no ano de 2003, 30.000 mudas de arvores que foram distribuídas aos produtores.<br />
Foram efetua<strong>do</strong>s, em caráter demonstrativo, o plantio de mudas para a proteções de<br />
três 3 nascentes em 3 propriedades da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito. Na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos foi efetuada a recuperação parcial em três propriedades, para servirem de referência<br />
e orientação para os produtores na preservação e recuperação das áreas de APP’s.<br />
Foram firma<strong>do</strong>s diversos convênios com diferentes instituições para o<br />
desenvolvimento de ações visan<strong>do</strong> a implementação <strong>do</strong> plano de restauração das APPs.<br />
Dentre as ações desenvolvidas pode-se destacar as seguintes atividades que visaram ressaltar<br />
a importância da preservação da mata ciliar:<br />
- Plantio de mudas com escolares, promovida pela Fundação Municipal de Defesa<br />
<strong>do</strong> Meio Ambiente (FUNDEMA) – da Prefeitura Municipal de Concórdia e<br />
CDA/Usina Itá na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos;<br />
- Dinâmica de grupo para reflexões sobre o ciclo da água para produtores da<br />
bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong> Coruja Bonito;<br />
- Aulas práticas sobre monitoramento da qualidade da água para escolares na<br />
bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito;<br />
- Apresentação <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de Condutas TAC firma<strong>do</strong> com o<br />
Ministério Público Estadual que viabilizará o licenciamento das propriedades<br />
suinícolas, mediante a implementação de medidas compensatórias que incluem<br />
a recuperação da mata ciliar.<br />
25
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
As unidades demonstrativas implantadas nas propriedades, foram fundamentais para<br />
validar e aprimorar as meto<strong>do</strong>logias de recuperação das matas ciliares desenvolvidas pelo<br />
<strong>projeto</strong>.<br />
O <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina-PNMA II, em 2005 assinou um importante<br />
convênio com o Centro de Divulgação Ambiental da Usina de Itá - CDA, manti<strong>do</strong> pelo<br />
CONSÓRCIO ITÀ (Tractebel, CSN e ITAMBÉ), com objetivo <strong>do</strong> desenvolvimento de ações<br />
conjuntas para a recuperação das faixas ciliares através <strong>do</strong> plantio de espécies arbóreas nativas<br />
nas propriedades <strong>do</strong> terço superior da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, Concórdia/SC.<br />
O CDA disponibilizou um Engenheiro Florestal para prestar assistência técnica e<br />
orientar os produtores no plantio de mudas. Até agosto de 2005 foram distribuídas 45 diferentes<br />
espécies nativas arbóreas da região, fornecidas pelo Horto Botânico da Usina de Itá, e plantadas<br />
em 29 propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos para cumprir o compromisso assumi<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> da assinatura <strong>do</strong> TAC. Na Figura 12, observa-se início da intervenção tecnológica para<br />
a proteção de nascente em propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />
Figura 12 – Início da intervenção tecnológica para a proteção<br />
de nascente em propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />
Na Figura 13, observa-se proteção de nascente concluída com a vegetação em esta<strong>do</strong><br />
de recuperação em propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />
Figura 13 – Proteção de nascente concluída com a<br />
vegetação em esta<strong>do</strong> de recuperação em<br />
propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />
26
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Consideran<strong>do</strong> que a proposta <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi viabilizar a regularização ambiental das<br />
propriedades suinícolas, a implantação de unidades piloto demonstrativas da recuperação de<br />
faixas ciliares e o cumprimento das ações estabelecidas no Termo de Ajustamento de<br />
Condutas – TAC, o <strong>projeto</strong> viabilizou os meios, desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia de recuperação<br />
das áreas de preservação permanente e demonstrou “in loco”, nas propriedades, a efetiva ação<br />
recuperação das áreas de APP.<br />
2.5 Avaliação econômica das intervenções realizadas<br />
Realizou-se a analise econômica das intervenções de adequação ambiental realizadas<br />
pelo <strong>projeto</strong>, nos anos de 2003 e 2004, nas bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong><br />
Rio Coruja/Bonito, municípios de Concórdia e Braço <strong>do</strong> Norte respectivamente.<br />
Foi investi<strong>do</strong>, nas duas bacias, um valor total de R$ 577.218,45. Para tanto, o Projeto<br />
investiu R$ 503.133,57 (87,17%) e os produtores participaram com R$ 77.084,38 na forma de<br />
contra-partida, correspondente a 12,83%. Na Tabela 5, pode-se observar um resumo <strong>do</strong>s<br />
investimentos realiza<strong>do</strong>s nas duas bacias trabalhadas no <strong>projeto</strong>.<br />
Tabela 5 – Resumo <strong>do</strong>s Investimentos nas Bacias (Ano 2003/2004).<br />
Tecnologia<br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos Rio Coruja/Bonito Total<br />
PNMA Produtores Total PNMA Produtores Total PNMA Produtores Total<br />
Biodigestor 17.612,69 318,20 17.930,89 26.145,42 6.465,00 32.610,42 43.758,11 6.783,20 50.541,31<br />
Cama<br />
Sobreposta - - - 74.758,84 16.803,00 91.561,84 74.758,84 16.803,00 91.561,84<br />
Compostagem 52.736,94 339,00 53.075,00 - - - 52.736,94 339,00 53.075,00<br />
Cisterna 10.135,36 356,00 10.491,36 - - - 10.135,36 356,00 10.491,36<br />
Cob. Canaleta 24.730,51 761,75 25.492,26 - - - 24.730,51 761,75 25.492,26<br />
Adequação<br />
Ambiental 181.001,50 13.989,43 194.990,93 102.300,31 35.052,00 137.352,31 283.301,81 49.041,43 332.343,24<br />
Total 299.929,00 15.764,38 315.693,38 203.204,57 58.320,00 261.524,57 503.133,57 74.084,38 577.217,95<br />
2.5.1 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foram gastos para adequação<br />
ambiental das 30 propriedades R$ 315.693,38, sen<strong>do</strong> que 95,01% de recursos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e<br />
apenas 4,99% (R$ 15.764,38) de contra-partida <strong>do</strong>s produtores, Tabela 5.<br />
O investimento médio total para adequação das propriedades nesta bacia, foi de R$<br />
9.865,42. Na propriedade onde foi instala<strong>do</strong> o sistema de compostagem para o tratamento de<br />
dejetos de suínos (Plataforma de Compostagem), o valor total investi<strong>do</strong> foi o maior das<br />
intervenções (R$ 66.787,94), porém o investimento realiza<strong>do</strong> não foi somente para o<br />
tratamento <strong>do</strong>s dejetos, pois como na propriedade as esterqueiras estavam fora da legislação,<br />
construiu-se duas esterqueiras novas, reformou parte das calhas de dejetos e construiu uma<br />
composteira para animais mortos. Sen<strong>do</strong> que o investimento total na unidade de compostagem<br />
foi de R$ 52.736,00.<br />
Consideran<strong>do</strong> o impacto econômico da adequação ambiental das propriedades sobre<br />
seu faturamento bruto anual, temos uma média de 5,61% com máxima de 25,13% e mínima de<br />
0,91%. Levan<strong>do</strong> em conta o impacto médio sobre o faturamento, é possível afirmar que a<br />
adequação nas propriedades desta bacia compromete uma margem considerada como<br />
“aceitável” <strong>do</strong> faturamento anual da granja.<br />
27
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Nas ações de adequação ambiental (adequação de esterqueiras, cerca para<br />
esterqueiras, drenagem de águas pluviais, adequação <strong>do</strong>s canais externos para manejo <strong>do</strong>s<br />
dejetos, troca de bebe<strong>do</strong>uros e da rede hidráulica) foram gastos um total de R$ 194.990,93,<br />
distribuí<strong>do</strong>s em 27 propriedades, totalizan<strong>do</strong> uma média de R$ 7.221,89 por propriedade, o que<br />
demonstra que pequenos investimentos podem gerar uma redução considerável no impacto<br />
ambiental causa<strong>do</strong> pelo manejo <strong>do</strong>s dejetos.<br />
Quanto as características <strong>do</strong> sistema de produção de suínos, a bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos possui 4 propriedades produtoras em ciclo completo, com um total 492 matrizes. O<br />
custo de adequação, neste caso, apresentou uma amplitude varian<strong>do</strong> de R$ 30,94 a R$ 541,62<br />
por matriz instalada. A média por matriz, ficou em R$ 82,23. Se considerarmos que cada<br />
fêmea pode gerar sete leitegadas na sua vida útil e que de cada leitegada seriam termina<strong>do</strong>s<br />
10 animais, teríamos um custo de adequação de R$ 1,17 por animal termina<strong>do</strong>.<br />
2.5.2 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
Nas 15 propriedades da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, foram investi<strong>do</strong>s R$ 261.524,57,<br />
sen<strong>do</strong> 77,7% de recursos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e os outros 22,3% a contra-partida <strong>do</strong>s produtores<br />
(Tabela 5).<br />
Em duas das propriedades foi realizada a conversão de sistema de produção para<br />
cama sobreposta nas fases de gestação, creche, crescimento e terminação, com investimentos<br />
para adequação de R$ 56.157,71 e R$ 35.404,13, respectivamente. Nesta bacia o menor custo<br />
de adequação ambiental de uma propriedade foi de R$ 840,72, pois a propriedade era nova<br />
sen<strong>do</strong> projetada visan<strong>do</strong> as questões de meio ambiente, sen<strong>do</strong> que não foram necessária<br />
intervenções técnicas e nem a adequação da esterqueira para o armazenamento <strong>do</strong>s dejetos.<br />
Nas ações de adequação ambiental (adequação de esterqueiras, cerca para<br />
esterqueiras, drenagem de águas pluviais, adequação <strong>do</strong>s canais externos para manejo <strong>do</strong>s<br />
dejetos, troca de bebe<strong>do</strong>uros e da rede hidráulica) foram gastos um total de R$ 137.352,31,<br />
distribuí<strong>do</strong>s em 13 propriedades, totalizan<strong>do</strong> uma média de R$ 10.565,56 por propriedade.<br />
A exemplo da bacia de Fragosos, também, pode-se considerar que a média <strong>do</strong><br />
impacto <strong>do</strong> custo das intervenções sobre o faturamento bruto anual de 7,22%, é aceitável.<br />
Embora maior que a média das propriedades da bacia de Fragosos em Concórdia, deve-se<br />
levar em conta que o valor o máximo de 29,63%, refere-se à conversão <strong>do</strong> sistema de<br />
produção em uma propriedade com capacidade para produção de apenas 35 matrizes em<br />
ciclo completo. Quanto ao sistema de produção, um terço das propriedades são de ciclo<br />
completo. Estas propriedades, cinco, produzem 46.13m 3 de dejetos por dia e possuem um total<br />
de 450 matrizes. O custo de adequação, neste caso, apresentou uma grande amplitude,<br />
varian<strong>do</strong> de R$ 83,30 a R$ 275,41 por matriz instalada. A média por matriz, ficou em<br />
R$116,57, (Tabela 5). Se considerarmos que cada fêmea pode gerar sete leitegadas na sua<br />
vida útil produtiva e que de cada leitegada em média são termina<strong>do</strong>s 10 animais, assim podese<br />
estimar um custo de adequação ambiental de R$ 1,66 por animal termina<strong>do</strong>.<br />
2.6 Resumo das intervenções desenvolvidas no <strong>projeto</strong><br />
O <strong>projeto</strong> realizou diferentes intervenções tecnológicas com o objetivo de adequação<br />
ambiental das propriedades nas duas, bacias trabalhadas. Essas intervenções foram definidas<br />
quan<strong>do</strong> da elaboração <strong>do</strong>s <strong>projeto</strong>s técnicos de adequação ambiental de cada propriedade,<br />
obedecen<strong>do</strong> a critérios técnicos de atendimento a legislação ambiental vigente e de boas<br />
praticas ambientais. Na Tabela 6 e 7, são apresentadas as situações das intervenções técnicas<br />
realizadas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> Santa Catarina, nas propriedades <strong>do</strong> terço<br />
superior das bacias hidrográficas <strong>do</strong>s rios Coruja/Bonito e Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
28
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 6 – Situação das intervenções realizadas no <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> SC – bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito – Fase I.<br />
Produtores Esterqueira Volume Cama Plataforma Biogás Composteira Drenagem de<br />
Águas Pluviais<br />
29<br />
Cerca para<br />
Esterqueira<br />
Cobertura<br />
Esterqueira<br />
Reparo<br />
Canaleta<br />
Calhas Hidrômetros Bebe<strong>do</strong>uros Kit<br />
Densímetro<br />
1 1 257,4 1 1 1 1 2 1 1<br />
2 1 360 1 1 1 1 1 1 1<br />
3 1 437,5 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
4 2 525 1 1 1 1<br />
5 1 1 1 2 1 1<br />
6 2 313 1 1 1 1 1 1 1<br />
7 1 517,5 1 1 1 1 1 1 1<br />
8 2 1251 1 1 1 1 1 1 1<br />
9 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
10 2 200,9 1 1 1 1 1 1 1<br />
11 2 871,2 1 1 1 1 1 1 1<br />
12 2 930,3 1 1 1 1 1<br />
13 1 373,75 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
14 1 382,5 1 1 1 1 1 1 1<br />
15 2 230 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
16 2 1 1<br />
TOTAL Bacia 20 6650 2 0 1 10 12 15 3 11 5 18 16 16
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 7 – Situação das intervenções realizadas no <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> SC – bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos – Fase I.<br />
Produtores Esterqueira Volume Cama Plataforma Biogás Composteira Drenagem de<br />
Águas Pluviais<br />
30<br />
Cerca para<br />
Esterqueira<br />
Cobertura<br />
Esterqueira<br />
Reparo<br />
Canaleta<br />
Calhas Hidrômetros Bebe<strong>do</strong>uros Kit<br />
Densímetro<br />
1 1 192 1 1 1 1<br />
2 1<br />
3 2 609 1 1 1 1 2 1 1<br />
4 1 537 1 1 1 1 3 1 1<br />
5 2 1700 1 1 1 1 1<br />
6 1 300 1 1 1 2 1 1<br />
7 1 250 1 1 1 1 2 1 1<br />
8 1 1 1 1 1 1<br />
9 1 1 1 2 1 1<br />
10 1 250 1 1 1 1 1 1 1<br />
11 1 200 1 1 1 1<br />
12 1 365 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
13 1 250 1 1 1 1 1 1 1<br />
14 1 250 1 1 1 1 1 1 1<br />
15 1 400 1 1 1 1 1 1<br />
16 1 250 1 1 1 1 1 1<br />
17 1 1 1 1 3 1<br />
18 1 200 1 1 1 1<br />
19 1 350 1 1 1 1 1 1 1<br />
20 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
21 2 300 1 1 1 1 1 1 1<br />
22 2 350 1 1 1 1 1 1<br />
23 2 653 1 1 1 1 2 1 1<br />
24 2 450 1 1 1 1 1 1 1<br />
25 1 400 1 1 1 1 1 1<br />
26 2 369 1 1 1 1 2 1<br />
27 2 450 1 1 1 1 1 1<br />
28 3 599 1 1 1 1 1 1 1 1<br />
29 1 1 1 2 1 1<br />
30 1 300 1 1 1 1 1<br />
31 1 450 1 1 1 3 1 1<br />
32 1<br />
34 1 200 1 1<br />
Total Bacia 38 10624 0 1 1 25 24 27 1 28 5 36 22 33<br />
Total Geral das<br />
duas Bacias<br />
58 17274 2 1 2 35 36 42 4 39 10 54 38 49
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
2.7 Unidades demonstrativas de tecnologias<br />
2.7.1 Unidade de compostagem<br />
A Embrapa Suínos e Aves em parceria com a Bergamini Indústria de Máquinas<br />
Agrícola, desenvolveram em 2003 o <strong>projeto</strong> de uma Unidade de Compostagem Automatizada<br />
para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos. A unidade foi instalada em propriedade na bacia <strong>do</strong><br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos no Município de Concórdia, SC. Essa propriedade foi selecionada com<br />
objetivo de tratar e transformar os dejetos de suínos em composto orgânico soli<strong>do</strong> para ser<br />
transferi<strong>do</strong> e comercializa<strong>do</strong> fora da propriedade, pois a propriedade não possui área de<br />
lavoura ou pastagem suficiente para utilização total <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s. Ela possui<br />
apenas 9,0 ha de área de lavoura necessitan<strong>do</strong> de uma área de 33,00 ha, para atender a<br />
produção de dejetos de suínos gera<strong>do</strong>s, na propriedade.<br />
A unidade de compostagem é constituída de uma edificação denominada de Unidade<br />
de Compostagem, possuin<strong>do</strong> cobertura em PVC transparente, piso e muretas internas em<br />
concreto, com medidas de 10 m de largura por 30 m de comprimento, possuin<strong>do</strong> no seu interior<br />
uma máquina que automatiza a distribuição <strong>do</strong>s dejetos na leira de maravalha formada e os<br />
revolvimentos necessários da leira. A máquina é <strong>do</strong>tada de uma bomba hidráulica elétrica para<br />
a distribuição e um conjunto de pás rotativas para o revolvimento e homogeneização da<br />
maravalha e <strong>do</strong>s dejetos (Figura 14).<br />
Figura 14 – Vista da unidade de compostagem e a máquina de revolvimento com a<br />
distribuição <strong>do</strong>s dejetos sobre o leito de compostagem.<br />
Foram realiza<strong>do</strong>s experimentos de compostagem para avaliação da compostagem,<br />
utilizan<strong>do</strong> como substrato a maravalha, porque ela é comercializada seca e sua composição é<br />
uniforme, sen<strong>do</strong> que para testes de validação <strong>do</strong> sistema de compostagem é necessário que a<br />
matéria prima seja uniforme e de boa qualidade. Os dejetos de suínos usa<strong>do</strong>s foram oriun<strong>do</strong>s<br />
de uma Unidade de Produção de Leitões–UPL, com 80 fêmeas e 288 leitões, com produção<br />
diária de 1,70 m 3 de dejetos. Foram realiza<strong>do</strong>s testes com a maravalha para determinação <strong>do</strong><br />
seu peso especifico.<br />
O monitoramento da temperatura ambiental foi realiza<strong>do</strong> por meio de um<br />
termohigrômetro TEXTO modelo 175, para a medição das temperaturas de bulbo seco e<br />
umidade relativa <strong>do</strong> ar. As temperaturas no interior da biomassa, no leito de compostagem, foi<br />
medida pelo Termômetro digital Lutron Modelo PH-206 e na superfície por termômetro<br />
infravermelho modelo Raytek (MiniTemp).<br />
Os resulta<strong>do</strong>s de observação obti<strong>do</strong>s para as variáveis temperaturas da biomassa,<br />
características <strong>do</strong>s dejetos produzi<strong>do</strong>s e análise físico-química <strong>do</strong> composto e <strong>do</strong>s dejetos<br />
líqui<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s a seguir.<br />
31
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Na Figura 15, são apresenta<strong>do</strong>s os valores médios observa<strong>do</strong>s das temperaturas da<br />
biomassa no leito de compostagem e da temperatura <strong>do</strong> ar ambiente registrada no interior da<br />
unidade de compostagem, durante o perío<strong>do</strong> de 40 dias que durou a fase de impregnação <strong>do</strong>s<br />
dejetos a maravalha.<br />
Temperatura ( o C)<br />
70<br />
65<br />
60<br />
55<br />
50<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
0 3 4 6 8 11 12 16 17 19 24 26 29 21 33 33 36 40<br />
Número de Dias de Impregnação<br />
Figura 15 – Temperaturas observadas na biomassa e no ar ambiente<br />
unidade de compostagem durante a fase de impregnação.<br />
Conforme se pode observar na Figura 15, a temperatura da biomassa no início <strong>do</strong><br />
procedimento de impregnação passa de um valor em torno de 32°C para um valor de 64°C, no<br />
intervalo de 4 dias após adição <strong>do</strong>s dejetos a maravalha, indican<strong>do</strong> intensa atividade <strong>do</strong>s<br />
microorganismos presentes na biomassa. Conforme é adiciona<strong>do</strong>s dejetos a biomassa, esta<br />
aumenta seu teor de umidade e sua temperatura diminui.<br />
As características físico-químicas <strong>do</strong>s dejetos de suínos utiliza<strong>do</strong>s na unidade de<br />
compostagem foram em média para o Nitrogênio total (N_NTK) de 3,42, sen<strong>do</strong> os valores<br />
máximo de 6,25 e mínimo de 3,26 (g/kg). Os valores médios <strong>do</strong>s Sóli<strong>do</strong>s Totais observa<strong>do</strong>s<br />
nos dejetos foram de 68,2, sen<strong>do</strong> os valores máximo de 82,2 e mínimo de 34,4 (g/kg). A<br />
matéria seca média da maravalha utilizada foi de 94,9% e o carbono orgânico de 317,1 g/kg. O<br />
valor médio da densidade (kg/m³) <strong>do</strong>s dejetos utiliza<strong>do</strong>s foi de 1.025,47, sen<strong>do</strong> o valor máximo<br />
de 1.040 e o mínimo de 1.020.<br />
Pode-se observar na Tabela 8 as reduções <strong>do</strong> Carbono Orgânico no composto, da<br />
relação C/N e da umidade <strong>do</strong> composto.<br />
Tabela 8 – Valores médios observa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nitrogênio total (N_NTK), Carbono Orgânico<br />
(C_org), Matéria Seca (MS) e a Relação C/N nas fases inicial, de impregnação e<br />
final de maturação na unidade de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos<br />
de suínos.<br />
Avaliação <strong>do</strong> composto<br />
Parâmetros<br />
Fase de Impregnação Fase Maturação Final<br />
Analisa<strong>do</strong>s Substrato Inicial 30 dias<br />
40 dias<br />
N_NTK (g/kg) 2,01 2,84 2,76<br />
C_org (g/kg) 229,1 105,6 68,3<br />
MS (%) 31,4 25,3 52,8<br />
Relação C/N 114,4 37,2 24,8<br />
32<br />
Média Superfície Biomassa<br />
Média Interior Biomassa<br />
Temp. Ambiental
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Os resulta<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos (Tabela 8) ao longo das<br />
fases de impregnação e de maturação demonstram a possibilidade <strong>do</strong> uso da Unidade de<br />
Compostagem Automatizada para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos.<br />
O composto orgânico gera<strong>do</strong> em unidade de compostagem para ser comercializa<strong>do</strong><br />
deve se enquadrar nas especificações técnicas estabelecidas na Instrução Normativa N°15<br />
(MAPA, 2004), dadas aos “Fertilizantes Orgânicos Composto Classe A”, onde Classe A se<br />
refere a fertilizantes cuja matéria-prima é de origem vegetal, animal ou de processamento de<br />
agroindústria. As especificações exigidas pela Instrução Normativa são as seguintes: umidade<br />
máxima 50%; NT mínimo 1%; CO mínimo 15%; CTC 300; pH mínimo 6,0; relação C/N máxima<br />
18; relação CTC/C mínima 20; N, P, K ou a soma NPK, NP, NK, PK 2%.<br />
O valor da umidade final <strong>do</strong> composto foi de 47,2%, valor este abaixo da especificação<br />
da IN_N°15 (Brasil, 2004). Os valores <strong>do</strong> Carbono Orgânico e <strong>do</strong> Nitrogênio Total no composto<br />
final também estão de acor<strong>do</strong> com a IN_N°15 (MAPA, 2004). Porém, a Relação C/N esta<br />
acima de 18 que é o valor estabeleci<strong>do</strong> pela legislação, então o composto deve permanecer<br />
por um perío<strong>do</strong> maior que 30 dias na unidade de compostagem para diminuir a relação C/N até<br />
atingir o valor estabeleci<strong>do</strong> pela legislação em vigor.<br />
O uso de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos é recomenda<strong>do</strong> para<br />
qualquer sistema de produção de suínos, sen<strong>do</strong> também recomenda<strong>do</strong> principalmente para<br />
produtores que não possuem área agrícola suficiente para o uso <strong>do</strong> adubo líqui<strong>do</strong> e necessitam<br />
transferir o adubo orgânico excedente, para outras propriedades ou para fora <strong>do</strong>s limites da<br />
bacia hidrográfica.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstram a possibilidade <strong>do</strong> uso da compostagem para tratar<br />
os dejetos de suínos geran<strong>do</strong> fertilizante orgânico, que pode ser usa<strong>do</strong> na propriedade,<br />
transferi<strong>do</strong> para terceiros ou comercializa<strong>do</strong>.<br />
2.7.2 Implantação de sistemas de produção de suínos em cama<br />
sobreposta<br />
A validação e implementação de tecnologias alternativas que reduzam os riscos<br />
ambientais desta atividade contribuem para a melhoria da qualidade de vida <strong>do</strong>s produtores<br />
rurais e da sociedade.<br />
Atualmente, os sistemas de criação de suínos desenvolvem-se em edificações com<br />
piso compacto ou parcialmente ripa<strong>do</strong>. Os dejetos gera<strong>do</strong>s são maneja<strong>do</strong>s na forma líquida<br />
exigin<strong>do</strong> limpeza e lavagem das edificações, recolhimento <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s, existência de<br />
grandes áreas destinadas ao armazenamento e tratamento <strong>do</strong> excedente <strong>do</strong>s resíduos,<br />
sistemas de transporte e distribuição para lavouras, geran<strong>do</strong> custo ao produtor que não são<br />
computa<strong>do</strong> na composição <strong>do</strong>s custos de produção de suínos. To<strong>do</strong>s estes requisitos<br />
envolvem grandes investimentos por parte <strong>do</strong>s produtores que, na maior parte das vezes, não<br />
contam com tais recursos.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, a criação intensiva de suínos em Cama Sobreposta foi desenvolvida<br />
como uma alternativa para solucionar o problema da poluição ambiental altamente relacionada<br />
ao mo<strong>do</strong> de produção empregada atualmente na <strong>suinocultura</strong> (OLIVEIRA et al., 2002). Este<br />
sistema, além de manter os mesmos índices zootécnicos obti<strong>do</strong>s no sistema convencional,<br />
apresenta vantagens como melhor valorização agronômica <strong>do</strong> dejeto devi<strong>do</strong> ao acúmulo <strong>do</strong>s<br />
principais nutrientes (N, P e K), redução <strong>do</strong>s custos fixos de implantação das edificações,<br />
redução de mão-de-obra e redução significativa <strong>do</strong>s o<strong>do</strong>res gera<strong>do</strong>s.<br />
O sistema de criação em Cama Sobreposta (Deep bedding) foi desenvolvi<strong>do</strong>, no<br />
Brasil, em 1993 na Embrapa Suínos e Aves. Posteriormente, implanta<strong>do</strong> na Granja Fontana,<br />
localizada em Gaurama, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, em 1994 com a finalidade de validação <strong>do</strong> sistema<br />
em uma unidade de produção. Todas as regiões brasileiras são passíveis de comportar o<br />
Sistema de Cama Sobreposta, seguin<strong>do</strong>-se algumas recomendações técnicas para uma<br />
correta adaptação <strong>do</strong> sistema aos diferentes climas existentes (OLIVEIRA et al., 2002).<br />
33
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Duas propriedades foram selecionadas pelo <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina, com<br />
a finalidade de implantação de unidades piloto, ambas localizadas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio<br />
Coruja/Bonito, município de Braço <strong>do</strong> Norte. As propriedades foram selecionadas para a<br />
implantação das Unidades de Produção de Suínos em Sistemas de Cama Sobreposta, nas<br />
fases de gestação creche, crescimento e terminação, com o objetivo servir como unidades<br />
piloto de observação. A escolha deste sistema de produção teve como objetivo reduzir o<br />
volume <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s nas propriedades e o desenvolvimento de um composto<br />
orgânico facilmente maneja<strong>do</strong> com possibilidade de ser exporta<strong>do</strong> das granjas, poden<strong>do</strong> ser<br />
inclusive comercializa<strong>do</strong> como adubo orgânico. O sistema a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de manejo e tratamento <strong>do</strong>s<br />
dejetos possibilita o enquadramento <strong>do</strong> empreendimento, em um nível ótimo <strong>do</strong> ponto de vista<br />
de risco ambiental, pois os dejetos gera<strong>do</strong>s serão utiliza<strong>do</strong>s totalmente como adubo orgânico.<br />
O resíduo final gera<strong>do</strong> pelos sistemas de criação de suínos em cama sobreposta é um<br />
composto orgânico estabiliza<strong>do</strong> que pode ser comercializa<strong>do</strong> como adubo orgânico. O<br />
composto gera<strong>do</strong> nas unidades de criação de suínos, corresponde ao tratamento de 90% <strong>do</strong>s<br />
dejetos líqui<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelos animais, nas duas granjas.<br />
As edificações para a produção de suínos no sistema de cama sobreposta foram<br />
constituídas de elementos pré-fabrica<strong>do</strong>s em concreto, com largura de 10,00 m e comprimento<br />
de 50,00 m, pé-direito de 3,50 m e cobertura com telhas de aço.<br />
O piso de concreto usa<strong>do</strong> foi instala<strong>do</strong> somente na área destinada aos come<strong>do</strong>uros e<br />
bebe<strong>do</strong>uros, que foram idênticos aos <strong>do</strong>s sistemas tradicionais de produção. A quantidade de<br />
cama foi de aproximadamente 0,84 m³ para cada sete suínos, em crescimento e terminação.<br />
Consideran<strong>do</strong>-se no mínimo quatro ciclos de produção com a reposição das camas, quan<strong>do</strong><br />
necessário (cerca de 30% da área de cama para cada ano de uso). A altura da cama usada foi<br />
de 0,50 m para o bom desenvolvimento <strong>do</strong> processo de compostagem. O revolvimento da<br />
cama foi realiza<strong>do</strong> apenas nos intervalos entre lotes ou quan<strong>do</strong> necessário. No inverno, por<br />
exemplo, este revolvimento poderá ser feito estrategicamente para melhorar o conforto térmico<br />
<strong>do</strong>s animais cria<strong>do</strong>s em regiões frias.<br />
As edificações para a produção de suínos em sistema de cama tem pé-direito com<br />
altura de 2,80m e as laterais e divisórias construídas em ferro ou madeira. Para evitar o<br />
aquecimento da cama pelo sol, aconselha-se utilização correta <strong>do</strong> beiral e arborizar o la<strong>do</strong> da<br />
instalação de maior exposição solar (Figura 16).<br />
Figura 16 – Unidades de produção de leitões e de suínos em crescimento e terminação.<br />
Na Figura 17, pode ser observada a unidade de gestação em sistema da cama<br />
sobreposta.<br />
34
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 17 – Unidade de gestação em sistema da cama<br />
sobreposta.<br />
As unidades de criação de suínos em sistema de cama sobreposta deverão ser<br />
monitoradas para avaliação técnica <strong>do</strong> sistema de produção por um perío<strong>do</strong> de tempo de<br />
mínimo de três anos. Na unidade de produção de leitões e de suínos em crescimento e<br />
terminação, as avaliações preliminares realizadas demonstram que os animais tiveram bom<br />
desempenho zootécnico, porém é recomenda<strong>do</strong> observar o desempenho <strong>do</strong>s animais por um<br />
perío<strong>do</strong> maior (3 anos), que corresponde a um perío<strong>do</strong> total de duração da cama sobreposta.<br />
2.7.3 Implantação de biodigestor<br />
O aspecto energia é cada vez mais evidencia<strong>do</strong> pela interferência no custo final de<br />
produção, principalmente na <strong>suinocultura</strong> e avicultura, fator que merece ser melhor trabalha<strong>do</strong>,<br />
uma vez que as oscilações de preço podem reduzir a competitividade <strong>do</strong> setor. Ressalta-se<br />
que a recente crise energética e a alta <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong> petróleo tem determina<strong>do</strong> uma procura<br />
por alternativas energéticas no meio rural.<br />
As instalações rurais e o resíduo orgânico espalha<strong>do</strong>, são fontes de emissão de uma<br />
expressiva quantidade de gases, sen<strong>do</strong> que os principais são o gás carbônico (CO2), o metano<br />
(CH4) e o óxi<strong>do</strong> nitroso (N2O). Estes gases são denomina<strong>do</strong>s de Gases de Efeito Estufa -GEE<br />
(KERMARREC, et al., 1999; LIMA, et al., 2001; OLIVEIRA, et al. 2003; PAILLAT, et al., 2005).<br />
Esses três gases normalmente são forma<strong>do</strong>s pela decomposição <strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong>s<br />
dejetos suínos, entretanto as proporções se modificam de acor<strong>do</strong> com o manejo aplica<strong>do</strong><br />
(ZAHN, et al., 2001).<br />
A contribuição <strong>do</strong>s gases no efeito estufa depende basicamente de <strong>do</strong>is fatores: sua<br />
concentração na atmosfera e seu poder de aquecimento molecular. Este poder de aquecimento<br />
das moléculas destes gases varia e pode ser mensura<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com um referencial. O<br />
elemento utiliza<strong>do</strong> como referência é o CO2 por ser o gás de efeito estufa mais abundante na<br />
atmosfera e de maior contribuição no aquecimento global (LIMA, et al., 2001). O CO2 possui<br />
uma contribuição relativa de 55%, o CH4 de 15% e o N2O de 4%, porém a emissão destes<br />
gases deve ser fortemente reduzida (GUYOT, 1997; OLIVEIRA, et al., 2002). Segun<strong>do</strong> a<br />
Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA), estima-se que cerca de 14% da emissão<br />
global de gás metano tenha origem em atividades relacionadas à produção animal (IPCC,<br />
2006).<br />
O uso <strong>do</strong> biogás como combustível tem como modelo de produção os biodigestores.<br />
No meio rural, alguns modelos de biodigestores têm se mostra<strong>do</strong> de interesse, principalmente,<br />
35
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
por apresentarem baixo custos devi<strong>do</strong> à pouca tecnologia associada e a facilidade operacional.<br />
Os modelos Indianos e Canadenses que, apesar da simplicidade, podem ser úteis em<br />
situações em que o resíduo é obti<strong>do</strong> continuamente, como é o caso <strong>do</strong>s dejetos gera<strong>do</strong>s em<br />
sistemas de produção de suínos. Tecnologias como sistemas de agitação, aquecimento, préfermentação<br />
e outros podem ser associa<strong>do</strong>s a estes biodigestores, porém deve-se analisar<br />
com rigor os custos econômicos envolvi<strong>do</strong>s (OLIVEIRA,1993; OLIVEIRA, 2004).<br />
Os biodigestores são reatores que realizam a digestão anaeróbia da matéria orgânica<br />
produzin<strong>do</strong> biogás e biofertilizante. O biogás é uma mistura de metano (65%-CH4) e de gás<br />
carbônico (35%-CO2), sen<strong>do</strong> uma energia renovável produzida pela digestão anaeróbia <strong>do</strong>s<br />
dejetos de suínos em biodigestor e que pode substituir a lenha e o GLP ou a energia elétrica<br />
como fonte de calor no aquecimento das aves e suínos.<br />
A escolha <strong>do</strong> modelo Canadense de biodigestor, para o <strong>projeto</strong> Suinocultura de Santa<br />
Catarina - PNMA II, foi pela sua aplicabilidade em unidades de produção de suínos de pequeno<br />
e médio porte, com custo de implantação e manutenção dentro da realidade econômica <strong>do</strong>s<br />
produtores (OLIVEIRA, 2004). É um biodigestor versátil ao uso de diferentes resíduos<br />
orgânicos animais. Quanto à sua operação ela é simples requeren<strong>do</strong> uma carga diária<br />
constante e de um depósito para o biofertilizante gera<strong>do</strong>.<br />
No <strong>projeto</strong> foram selecionadas duas propriedades típicas de produção de suínos, uma<br />
localizada na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Coruja/Bonito e outra na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Na bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito foi instala<strong>do</strong> um biodigestor em propriedade para servir como<br />
unidade piloto, no estu<strong>do</strong> da produção de biogás e cogeração de energia elétrica e de calor. Na<br />
bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foi implanta<strong>do</strong> um biodigestor para a geração de calor para o<br />
aquecimento ambiental da edificação para a produção de frango de corte.<br />
A escolha <strong>do</strong> biodigestor se deve ao fato de além da produção de biogás, ele reduz o<br />
nível de o<strong>do</strong>res, elimina praticamente 100% <strong>do</strong>s patógenos, torna o efluente mais fluidico<br />
viabilizan<strong>do</strong> seu transporte e produz o biofertilizante que pode ser utiliza<strong>do</strong> como adubo<br />
orgânico.<br />
2.7.3.1 Unidade de biodigestor para a produção de energia elétrica<br />
A propriedade selecionada para a implantação <strong>do</strong> sistema de produção de biogás, na<br />
bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito, é uma Unidade de Produção de Leitões-UPL, com 200 matrizes, com<br />
volume diário de dejetos gera<strong>do</strong>s de 12 m 3 . A propriedade também possui uma pequena<br />
fábrica para a produção de rações. No <strong>projeto</strong> recomen<strong>do</strong>u-se o manejo <strong>do</strong>s dejetos de suínos<br />
com a a<strong>do</strong>ção da mínima quantidade de água possível para a lavagem das baias, não sen<strong>do</strong><br />
recomenda<strong>do</strong> o uso de Lâmina d’água, mas sim, o manejo com raspagem periódica <strong>do</strong>s<br />
dejetos acumula<strong>do</strong>s no piso compacto. Tal critério de manejo determina o enquadramento <strong>do</strong><br />
empreendimento, em um nível ótimo enquanto poupa<strong>do</strong>r de água e consequentemente gera<strong>do</strong>r<br />
de baixas vazões diárias de dejetos com concentração estimada entre 4 a 6% Matéria Seca (40<br />
a 60 Kg/m 3 ), valor este alto se compara<strong>do</strong> com empreendimentos similares. O terreno<br />
escolhi<strong>do</strong> possibilitou a locação <strong>do</strong> Biodigestor e de unidades coletoras <strong>do</strong>s dejetos com a<br />
finalidade de facilitar as condições de manejo e transporte, fluxo de pessoal, máquinas e<br />
insumos. O local apresenta bom nível de isolamento, fácil acesso por estrada geral com boas<br />
condições de trânsito em qualquer época <strong>do</strong> ano.<br />
Os dejetos gera<strong>do</strong>s pelos suínos na UPL-Unidade de Produção de Leitões, são<br />
conduzi<strong>do</strong>s em tubos com diâmetro de 150 mm PVC para uma caixa de homogeneização de<br />
fluxo, com volume estima<strong>do</strong> em 1/35 <strong>do</strong> volume <strong>do</strong> biodigestor obten<strong>do</strong>-se assim um tempo de<br />
residência hidráulico estima<strong>do</strong> de 35 dias. O biodigestor foi revesti<strong>do</strong> internamente com<br />
vinimanta de PVC 800 micras e o reservatório de gás (gasômetro) foi revesti<strong>do</strong> com cobertura<br />
de vinimanta de PVC 1.000 micras.<br />
O biogás gera<strong>do</strong> no biodigestor é transporta<strong>do</strong> até a edificação de produção de suínos<br />
por meio de tubulação rígida de PVC com 150 mm de diâmetro, conten<strong>do</strong> um ou mais pontos<br />
36
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
de purga d’água, para remoção de umidade na forma de vapor d’água que normalmente se<br />
desenvolve no processo de digestão anaeróbia, e se condensa na rede de transporte <strong>do</strong><br />
biogás. São usa<strong>do</strong>s filtros de limalha de ferro para a redução a níveis aceitáveis <strong>do</strong> H2S.<br />
Foi instala<strong>do</strong> um conjunto Gera<strong>do</strong>r de eletricidade trifásico (220/380 VAC) (modelo<br />
KOHLBACH), 3.600 RPM, 60 hz, com capacidade nominal de geração de 50 KVA (44 KVA<br />
contínuo), Controle de Rotação Eletrônico <strong>do</strong> tipo isócrono com controle por sensor<br />
eletromagnético e proteção contra sub e sobrevelocidade, Motor VOLKSWAGEN, AP2000 – 4<br />
cilindros/8 válvulas, adaptada para uso com biogás e refrigera<strong>do</strong> por troca<strong>do</strong>r de calor com<br />
aproveitamento da água de refrigeração <strong>do</strong> motor para geração de água quente (Figura 18).<br />
A propriedade possui uma pequena fabrica de rações que possui os seguintes<br />
equipamentos: motores elétricos com potência instalada, tritura<strong>do</strong>r 15 CV e mistura<strong>do</strong>r 7,5 CV.<br />
A propriedade possui ainda uma bomba para lavagem das instalações Pot. 3,5 CV, bomba<br />
d’água Pot. 1,5 CV, bomba para ordenha 3 CV, bomba para transporte de dejetos 5 CV,<br />
totalizan<strong>do</strong> uma Potência instalada de 35,5 CV, estiman<strong>do</strong>-se um consumo de<br />
aproximadamente 28 Kwh, com to<strong>do</strong>s os equipamentos operan<strong>do</strong>. Na unidade de maternidade<br />
o aquecimento <strong>do</strong>s leitões é por lâmpadas de 100 W (30 lâmpadas) totalizan<strong>do</strong> 3 Kwh. Na<br />
creche também o aquecimento das baias é por lâmpada elétrica de 100 W (15 lâmpadas)<br />
totalizan<strong>do</strong> 1,5 Kwh. A carga elétrica estática total instalada na propriedade é de<br />
aproximadamente 32 Kwh.<br />
Figura 18 – Conjunto Motor/Gera<strong>do</strong>r, equipamento usa<strong>do</strong> para a geração de energia elétrica.<br />
Na Figura 19, pode-se observar o biodigestor e gera<strong>do</strong>r de energia elétrica implanta<strong>do</strong><br />
na propriedade pelo PNMA II. Este modelo foi desenvolvi<strong>do</strong> com o objetivo de produzir biogás<br />
com baixo custo de instalação e facilidade de operação e manejo, não requeren<strong>do</strong> mão-deobra<br />
especializada.<br />
37
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 19 – Biodigestor e gera<strong>do</strong>r de energia elétrica<br />
implanta<strong>do</strong> na propriedade pelo PNMA II.<br />
O biodigestor implanta<strong>do</strong> na propriedade para a geração de energia elétrica esta em<br />
funcionamento desde 2005, geran<strong>do</strong> energia elétrica para a propriedade e a fabrica de ração<br />
existente.<br />
O biodigestor e o gera<strong>do</strong>r de energia elétrica implanta<strong>do</strong> na propriedade foram<br />
monitora<strong>do</strong>s durante 1.200 horas de funcionamento <strong>do</strong> conjunto, não apresentan<strong>do</strong> nenhum<br />
problema quanto a geração de energia elétrica, sen<strong>do</strong> que durante este perío<strong>do</strong> ocorreram<br />
problemas de manutenção no motor elétrico de partida <strong>do</strong> motor. A produção de biogás foi<br />
suficiente par manter o gera<strong>do</strong>r em funcionamento por 10 horas diárias, com um consumo<br />
médio de biogás de 18 m³/h. O monitoramento da geração de energia elétrica, demonstrou-se<br />
que a eletricidade gerada alimenta a rede de distribuição em baixa tensão 220/380 VAC e que<br />
no ponto mais distante <strong>do</strong> sistema (150 m) a queda de energia verificada não ultrapassa a 2%.<br />
A temperatura média da água de refrigeração <strong>do</strong> motor observada foi de 75°C, o que<br />
possibilita a manutenção de um depósito de 3.000 litros de água aquecida, para ser utilizada na<br />
limpeza das baias <strong>do</strong>s animais. A água quente facilita a limpeza e higienização das edificações<br />
para a produção de suínos.<br />
O conjunto de geração de energia elétrica com o uso <strong>do</strong> biogás possibilitou tornar a<br />
propriedade auto-suficiente em energia, sen<strong>do</strong> esta energia utilizada no aquecimento <strong>do</strong>s<br />
leitões nas salas de maternidade (30 lâmpadas com 100 W de potência) e na fabrica de<br />
rações.<br />
2.7.3.2 Unidade de biodigestor para a produção de energia térmica<br />
O biodigestor foi instala<strong>do</strong> em propriedade, na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, na<br />
região de Concórdia (SC). Observou-se a produção <strong>do</strong> biogás entre os meses de julho à<br />
dezembro de 2004, com o objetivo de uma avaliação técnica. A propriedade possui uma<br />
edificação para a produção em torno de 380 suínos nas fases de crescimento e terminação. A<br />
unidade recebe os leitões com peso médio inicial de 23 kg e entrega os animais para uma<br />
agroindústria com peso médio de 110 kg. Os animais são alimenta<strong>do</strong>s com ração e água à<br />
vontade. A edificação para a produção de suínos, possui piso compacto com canais para o<br />
manejo <strong>do</strong>s dejetos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> externo. Os dejetos são raspa<strong>do</strong>s diariamente de dentro das baias<br />
da edificação para os canais externos e a limpeza total das baias da edificação é realizada<br />
somente na saída <strong>do</strong>s animais no final da fase de terminação. Foi implanta<strong>do</strong> na propriedade<br />
um biodigestor com volume de biomassa na câmara de digestão para 100 m 3 .<br />
38
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
No biodigestor, a câmara de biomassa foi escavada no solo e revestida com vinimanta<br />
de PVC (cor negra) com espessura de 0,8 mm, sen<strong>do</strong> o depósito de biogás coberto, também<br />
com vinimanta de PVC (cor negra), com espessura de 1 mm. O biodigestor foi projeta<strong>do</strong> para<br />
um Tempo de Retenção Hidráulico (TRH) em torno de 30 dias e alimenta<strong>do</strong> diariamente com<br />
2,45 m 3 de dejetos.<br />
O produtor em questão possui um aviário de 1.200 m 2 com capacidade para 14.000<br />
aves (6 lotes/ano), localiza<strong>do</strong> numa posição bastante favorável para aproveitamento <strong>do</strong> biogás<br />
gera<strong>do</strong>. O produtor consumia por lote para aquecimento <strong>do</strong> aviário, antes da instalação <strong>do</strong><br />
biodigestor, 35 butijões de GLP (gás liqüefeito de petróleo de 13 kg) no inverno (R$ 1.120,00) e<br />
15 butijões no verão (R$ 480,00). Além disso, ainda eram consumidas 15 m 3 (R$ 345,00) de<br />
lenha/lote no inverno e 7 m 3 (R$ 161,00) lenha/lote, no verão. Custo total de despesas, por lote<br />
de aves, com aquecimento no inverno (R$ 1.465,00) e no verão (R$ 641,00), totalizan<strong>do</strong> no<br />
ano uma despesa de R$ 6.959,00, ou seja o que o produtor despendia para comprar o GLP e a<br />
Lenha.<br />
O biogás gera<strong>do</strong> é usa<strong>do</strong> como fonte de energia térmica para o aquecimento <strong>do</strong><br />
ambiente interno de um aviário para a produção de frango de corte. Foi instala<strong>do</strong>, no<br />
biodigestor, um medi<strong>do</strong>r para avaliação da produção de biogás modelo Liceu GN-04, com<br />
capacidade para a medição máxima de 8 m 3 /hora. Durante o perío<strong>do</strong> de monitoramento <strong>do</strong><br />
sistema, semanalmente, eram coletadas 3 amostra de dejetos na entrada e na saída <strong>do</strong><br />
biodigestor para análise <strong>do</strong>s seguintes parâmetros: Sóli<strong>do</strong>s Totais (ST) g/litro; Sóli<strong>do</strong>s Voláteis<br />
(SV) g/litro; pH; Alcalinidade mg/litro; Demanda Química de Oxigênio (DQO) g/litro e a<br />
Densidade <strong>do</strong>s dejetos com o uso de um densímetro (1.000 à 1.060 kg/m 3 ). Mediu-se a<br />
temperatura da biomassa no interior da câmara de digestão com o uso de um termopar (Co-<br />
Cu). Utilizou-se o modelo matemático desenvolvi<strong>do</strong> por CHEN (1983), cita<strong>do</strong> por LA FARGE<br />
(1995), para estimar a produção de biogás e comparar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> modelo com a<br />
produção de biogás observada.<br />
Na Figura 20, pode-se observar planta e Corte <strong>do</strong> biodigestor revesti<strong>do</strong> e coberto com<br />
vinimanta de PVC.<br />
Figura 20 – Planta e Corte <strong>do</strong> biodigestor revesti<strong>do</strong> e coberto com vinimanta de PVC.<br />
A propriedade escolhida para instalação <strong>do</strong> biodigestor levou em consideração que o<br />
produtor possui um sistema de produção de suínos e um aviário o que possibilita o<br />
aproveitamento <strong>do</strong> biogás. A Tabela 9, apresenta as características das instalações suinícolas<br />
e <strong>do</strong> aviário.<br />
39
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 9 – Características da propriedade.<br />
Características das instalações suinícolas<br />
selecionada para instalação <strong>do</strong> biodigestor.<br />
40<br />
Características da<br />
propriedade<br />
Tipo de produção de suínos Terminação<br />
Número de animais 350 suínos<br />
Volume de dejeto/dia (m 3 ) 2,45<br />
Aviário para frango de corte 14.000 aves<br />
Com a instalação <strong>do</strong> biodigestor o produtor tornou-se independente em energia<br />
térmica, para o aquecimento <strong>do</strong> ambiente interno <strong>do</strong> aviário substituin<strong>do</strong> totalmente o GLP e a<br />
lenha consumida pelo biogás, geran<strong>do</strong> uma receita anual de R$ 6.959,00 para o produtor<br />
(preço calcula<strong>do</strong> em 2004).<br />
A substituição <strong>do</strong> GLP e da lenha pelo biogás, contribuiu para a redução <strong>do</strong>s custos de<br />
produção de aves, além de proporcionar ganhos ambientais ao produtor.<br />
No perío<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>, a média e o desvio padrão das medições semanais da<br />
densidade (kg/m 3 ) <strong>do</strong>s dejetos de suínos na entrada <strong>do</strong> biodigestor foi de 1.032,15 ± 15,38,<br />
sen<strong>do</strong> que na saída <strong>do</strong> biodigestor foi de 1.010,32 ± 2,24. A densidade média observada na<br />
entrada <strong>do</strong> biodigestor (sóli<strong>do</strong>s totais de 8,77% - 87,7 kg/m 3 ), pode ser considerada elevada<br />
quan<strong>do</strong> comparada com os valores médios de sóli<strong>do</strong>s totais 3%, observa<strong>do</strong>s em propriedades<br />
produtoras de suínos, no Oeste Catarinense. Essa densidade foi obtida em função de um<br />
manejo adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos de suínos nas instalações (raspagem a seco e limpeza somente<br />
na saída <strong>do</strong>s animais) e o uso de novos bebe<strong>do</strong>uros que desperdiçam o mínimo possível de<br />
água. Os valores de densidade estão correlaciona<strong>do</strong>s diretamente com os valores <strong>do</strong>s Sóli<strong>do</strong>s<br />
Totais(ST), sen<strong>do</strong> que 75% <strong>do</strong>s ST são Sóli<strong>do</strong>s Voláteis (SV).<br />
A temperatura da biomassa observada no biodigestor situou-se entre 20 e 23°C, o que<br />
indica que na digestão anaeróbia da biomassa ocorreu pre<strong>do</strong>minantemente a presença de<br />
bactérias mesofílicas. O efeito da temperatura sobre a digestão anaeróbia foi avalia<strong>do</strong> por<br />
diferentes pesquisa<strong>do</strong>res que recomendam mante-la na faixa de 35 a 40°C, para uma maior<br />
eficiência da produção de biogás.<br />
A média e o desvio padrão da concentração de ST, observada, foi de 65,12 g/L ± 23,7<br />
e para os SV foi de 53,1 g/L ± 20,8, esses resulta<strong>do</strong>s correspondem as análises das amostras<br />
obtidas no laboratório. A produção de biogás mínima registrada foi de 40 m 3 em agosto e<br />
máxima de 60 m 3 em dezembro.<br />
A produção de biogás, pode ser estimada em função da alimentação diária de Sóli<strong>do</strong>s<br />
Voláteis (SV), consideran<strong>do</strong> a produção especifica de biogás é de 0,45 m 3 /kg de SV. O uso <strong>do</strong><br />
modelo matemático desenvolvi<strong>do</strong> por CHEN (1983) e cita<strong>do</strong> por LA FARGE (1995), para<br />
estimar a produção de biogás, tem si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> com sucesso.Usan<strong>do</strong>-se o coeficiente de<br />
0,45 (m 3 de biogás por kg de SV) e multiplican<strong>do</strong>-se pela carga de alimentação <strong>do</strong> biodigestor,<br />
que é o produto da concentração de SV (53,1 g/L) pela vazão de dejetos (350 suínos x 7 litros<br />
= 2,45 m 3 ), obtém-se uma produção estimada de biogás de 58,54 m 3 , o que corresponde a<br />
produção de biogás observada.<br />
Usan<strong>do</strong>-se o modelo matemático desenvolvi<strong>do</strong> por OLIVEIRA (2003), para estimar a<br />
produção de dejetos pelos suínos em função <strong>do</strong> peso metabólico e <strong>do</strong> consumo de água,<br />
acrescida de 1 litro de água por dia, correspondente ao desperdício pelos bebe<strong>do</strong>uros, mais os<br />
valores observa<strong>do</strong>s semanalmente para os SV, pode-se estimar a carga de alimentação <strong>do</strong><br />
biodigestor. Então, com os valores de carga, usan<strong>do</strong>-se o Modelo de CHEN (1983) cita<strong>do</strong> em<br />
LA FARGE (1995), podemos estimar a produção de biogás para o biodigestor usa<strong>do</strong> neste<br />
trabalho (100 m 3 ). A Figura 21, demonstra os valores da produção de biogás observada e<br />
estimada pelo modelo cita<strong>do</strong>, para a faixa de temperatura de 20°C de operação <strong>do</strong> biodigestor.
Produção de Biogás (m 3 /m 3 de Biomassa)<br />
0.8<br />
0.7<br />
0.6<br />
0.5<br />
0.4<br />
0.3<br />
0.2<br />
0.1<br />
0.0<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Temp. 20 o C TRH 30 dias<br />
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80<br />
Taxa de Alimentação (kg SV/ m 3 de Biodigestor)<br />
Figura 21 – Produção especifica de biogás (m 3 /m 3 de biomassa)<br />
estimada pelo Modelo de Chen (1983), usan<strong>do</strong>-se os<br />
valores observa<strong>do</strong>s de temperatura, Sóli<strong>do</strong>s Voláteis<br />
(g/L), vazão de dejetos (litros/dia) e carga de<br />
alimentação <strong>do</strong> biodigestor.<br />
O biodigestor instala<strong>do</strong> nas propriedades produtoras de suínos quan<strong>do</strong> maneja<strong>do</strong><br />
adequadamente pode produzir biogás com uma eficiência de produção varian<strong>do</strong> entre 0,45 a<br />
0,60 m 3 de biogás por m 3 de biomassa. Para uma produção economicamente aceitável de<br />
biogás o manejo <strong>do</strong>s dejetos na unidade produtora de suínos deve buscar obter a maior<br />
concentração possível de Sóli<strong>do</strong>s Voláteis e evitar o desperdício de água. Observa-se na<br />
Figura 22 a vista <strong>do</strong> biodigestor e sistema de filtragem, medição de volume e compressor para<br />
biogás, instala<strong>do</strong> na propriedade.<br />
Figura 22 – Vista <strong>do</strong> biodigestor e sistema de filtragem, medição de volume e<br />
compressor para biogás, instala<strong>do</strong> na propriedade.<br />
41
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 23 – Vista da propriedade com a antiga esterqueira antes da instalação <strong>do</strong> biodigestor.<br />
Os valores médios observa<strong>do</strong>s na entrada e na saída <strong>do</strong> biodigestor para os seguintes<br />
parâmetros: pH; N-NH3 mg/litro; Demanda Química de Oxigênio (DQO) g/litro; Ptot (mg/L) e<br />
N_NTK (mg/L), são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 10. Como se pode observar, os valores de carga<br />
orgânica e de nutrientes foram reduzi<strong>do</strong>s na saída <strong>do</strong> biodigestor, porém estes valores são<br />
eleva<strong>do</strong>s não permitin<strong>do</strong> seu lançamento nos corpos de água, valores semelhantes também<br />
foram observa<strong>do</strong> em trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s por LUCAS JUNIOR (1994) e KUNZ, et al.<br />
(2005). O biodigestor faz parte de uma <strong>do</strong>s estágios <strong>do</strong> processo de tratamento <strong>do</strong>s dejetos de<br />
suínos, não deven<strong>do</strong> ser visto como uma solução definitiva, pois possui limitações quanto a<br />
eficiência da remoção da matéria orgânica e de nutrientes (OLIVEIRA, et al., 2006).<br />
Tabela 10 – Médias (mg L -1 ) <strong>do</strong>s parâmetros observa<strong>do</strong>s de pH; N-NH3; Demanda<br />
Química de Oxigênio (DQO); Ptot e N_NTK na alimentação e no<br />
efluente <strong>do</strong> biodigestor.<br />
pH N-NH3 DQO Ptot N_NTK<br />
- (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)<br />
Entrada Média 7,8 9.316 21.156 1.632 6.357<br />
Máximo 8,8 38.234 98.259 2.385 13.909<br />
Mínimo 7,1 1.461 42.500 963 204<br />
Desv. Padrão 0,54 13.192 38.009 482 3.584<br />
Saída Média 7,5 5.821 9.096 494 3.141<br />
Máximo 7,6 27.873 23.800 801 7.031<br />
Mínimo 7,2 2.320 12.475 206 436<br />
Desv. Padrão 0,11 8.917 10.852 245 1.940<br />
2.7.4 Conclusões<br />
Recomenda-se o uso <strong>do</strong> biodigestor nas propriedades produtoras de suínos para<br />
geração de energia térmica, mecânica e elétrica.<br />
O biogás gera<strong>do</strong> é uma fonte de energia renovável e poder ser usa<strong>do</strong> na substituição<br />
de fontes tradicionais de energia como o GLP, a lenha e a gasolina, em propriedades rurais.<br />
Recomenda-se o uso <strong>do</strong> biodigestor para reduzir a emissão <strong>do</strong>s gases de efeito estufa<br />
e de o<strong>do</strong>res nas propriedades produtoras de suínos.<br />
O biodigestor é parte integrante de um sistema de tratamento de dejetos de suínos,<br />
não deven<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> como unidade final de tratamento e sim como unidade<br />
intermediária.<br />
42
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
3 USO DE DEJETOS COMO FERTILIZANTE ORGÂNICO<br />
Vamilson Prudêncio da Silva Jr.<br />
Adilson de Freitas Zamparetti<br />
EPAGRI<br />
Rodney E. Moss<br />
UNOESC – Joaçaba<br />
3.1 Uso de imagens de satélite de alta resolução como ferramenta de<br />
gestão ambiental<br />
Os desafios <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foram viabilizar diagnóstico completo das bacias desenvolver<br />
os <strong>projeto</strong>s técnicos individuais por propriedades e efetivar as intervenções necessárias para<br />
recuperação das áreas degradadas, consideran<strong>do</strong> os recursos disponíveis. Já existia o<br />
conhecimento acerca de informações úteis, embora dispersas em vários órgãos, e outras ainda<br />
a serem coletadas. A necessidade de ser complementa<strong>do</strong> o mapeamento da situação real nas<br />
bacias se tornou indispensável para o andamento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>. A inexistência de mapas<br />
fundiários recentes exigiu a confecção de novas representações demonstran<strong>do</strong> detalhes como<br />
rede hidrológica, malha viária, áreas de preservação permanente (APP’s), divisas das<br />
propriedades rurais, instalações para produção agropecuária com destaque para as unidades<br />
de criação de animais confina<strong>do</strong>s (pocilgas, aviários, instalações de armazenamento e<br />
tratamento de dejetos), áreas de mata nativa, reflorestamento, cultivos anuais, campos, entre<br />
outros aspectos.<br />
A análise <strong>do</strong>s custos envolvi<strong>do</strong>s em produzir mapas com este nível de detalhamento<br />
usan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s tradicionais de topografia (estação total, GPS, etc), resultou em valores<br />
proibitivos, o que tornaria o <strong>projeto</strong> inviável.<br />
Uma proposta alternativa oferecen<strong>do</strong> solução economicamente viável foi empregar o<br />
uso de uma imagem de satélite de alta resolução (orto-retificada) como base para confecção<br />
de uma carta imagem completamente nova e atual. A resolução da imagem Quickbird (pixel<br />
de 70 cm) permitiu que a maioria <strong>do</strong>s detalhes necessários para mapeamento fosse<br />
identificada em escritório através das técnicas de sensoriamento remoto, reduzin<strong>do</strong> assim os<br />
trabalhos de campo para uma tarefa de apoio de simples conferência visan<strong>do</strong> dirimir eventuais<br />
dúvidas. A maior justificativa para a<strong>do</strong>tar esta sistemática é devi<strong>do</strong> ao custo calcula<strong>do</strong> ser<br />
inferior a 10% <strong>do</strong> valor total quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao emprego da topografia convencional, já<br />
consideran<strong>do</strong> que a precisão necessária para o <strong>projeto</strong>, neste último caso, não é de primeira<br />
ordem.<br />
A a<strong>do</strong>ção desta estratégia para mapeamento teve que se adequar às peculiaridades<br />
climáticas que interferem na captação das imagens. As condições prevalecentes durante o<br />
inverno de 2002 foram favoráveis à formação de bancos de neblina que permaneceram até a<br />
passagem da órbita <strong>do</strong> satélite (cerca de 10:30 horas com intervalo de retorno ao local de<br />
cerca de 5 dias), provocan<strong>do</strong> o adiamento para obtenção das melhores cenas de 4 meses para<br />
o Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e de 6 meses para Coruja/Bonito. A meto<strong>do</strong>logia empregada seguiu<br />
prioridades estabelecidas pelos distintos grupos de trabalho <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com o objetivo de<br />
entregar informações úteis ao bom andamento das intervenções, de forma concomitante e da<br />
maneira mais rápida possível. A primeira prioridade estabelecida foi a de delimitar áreas de<br />
preservação permanente às margens <strong>do</strong>s rios (zona ripária). Isto necessitou a demarcação da<br />
malha hidrográfica e a geração de um buffer (faixa) em conformidade com a legislação vigente<br />
(Código Florestal – Lei n<br />
43<br />
o 4.771, de 15 de setembro de 1965 e alterações de 1986 e 1989; Lei<br />
n o 7.754 de 14 de abril de 1989 da proteção das florestas existentes nas nascentes <strong>do</strong>s rios;<br />
Medida Provisória n o 2.166-67 de 24 de agosto de 2001 que altera o Código Florestal;<br />
Resolução CONAMA n o 302 de 20 de março de 2002, dispõe sobre os parâmetros, definições e<br />
limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso <strong>do</strong>
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
entorno; Resolução CONAMA n o 303 de 20 de março de 2002, dispõe sobre parâmetros,<br />
definições e limites de Áreas de Preservação Permanente).<br />
O software escolhi<strong>do</strong> para os trabalhos foi o ArcView 8.2 em razão <strong>do</strong>s recursos<br />
ofereci<strong>do</strong>s e fácil interface com o usuário. Realizada esta etapa, foi possível identificar as áreas<br />
em estágio de degradação, possibilitan<strong>do</strong> que as equipes responsáveis para a restauração<br />
destas áreas planejassem suas estratégias para alcançar as metas dentro <strong>do</strong>s prazos<br />
estabeleci<strong>do</strong>s pelo <strong>projeto</strong>. Devi<strong>do</strong> à alta resolução da imagem, a interpretação <strong>do</strong>s mapas<br />
resultantes é facilitada tanto às equipes de trabalho quanto às pessoas não habilitadas<br />
tecnicamente, o que foi de grande auxílio para conscientizar os proprietários rurais da<br />
necessidade de a<strong>do</strong>tar as intervenções sugeridas pelos técnicos (Figura 24A).<br />
Com a utilização desta mesma meto<strong>do</strong>logia para produzir os subseqüentes mapas<br />
temáticos (delimitação das propriedades rurais, edificações rurais, áreas de floresta, campo,<br />
cultivo anual, entre outros de interesse), (Figura 24B) foi possível demonstrar a real situação da<br />
bacia como um to<strong>do</strong> e auxiliar na elaboração de um Plano Individual de Propriedade (PIP),<br />
instrumento semelhante a um Plano Diretor de Propriedades Rurais, elabora<strong>do</strong> para cada<br />
propriedade das bacias trabalhadas. Estes PIPs são fundamentais para o sucesso <strong>do</strong> <strong>projeto</strong><br />
que visa a recuperação ambiental das bacias em conformidade com a legislação vigente, e<br />
também a sustentabilidade econômica e ecológica da <strong>suinocultura</strong>, uma contribuinte chave à<br />
economia <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina.<br />
A <strong>experiência</strong> da equipe de trabalho com o uso de imagens de satélite de alta<br />
resolução foi amplamente positiva, pela qualidade e consistência das informações obtidas, pela<br />
agilização <strong>do</strong>s procedimentos em campo, graças ao conhecimento prévio, que permite um<br />
trabalho planeja<strong>do</strong> e pelos produtos resultantes, na forma de mapas, enfocan<strong>do</strong> as mais<br />
significativas e distintas áreas temáticas de relevância ambiental e econômica, de grande<br />
interesse e utilidade para múltiplos usuários (Figuras 24A e 24B).<br />
Figura 24A – Imagem de propriedades trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>.<br />
44
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 24B – Imagem trabalha apresentan<strong>do</strong> detalhes com relação as áreas na propriedade,<br />
intervenções previstas e contorno de APPs.<br />
45
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
3.2 Plano agronômico e balanço de nutrientes<br />
A adubação orgânica, com dejetos de suínos é um recurso disponível nas<br />
propriedades rurais, poden<strong>do</strong> substituir a adubação química, trazen<strong>do</strong> como conseqüência a<br />
redução <strong>do</strong>s custos de produção e uma maior margem de lucro para os produtores,<br />
fundamentais para a sustentabilidade econômica da <strong>suinocultura</strong>. Porém, o que observa-se nas<br />
regiões produtoras é o uso indiscrimina<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos sem critério algum, extrapolan<strong>do</strong> muitas<br />
vezes a capacidade de suporte <strong>do</strong> solo em receber esses dejetos, causan<strong>do</strong> poluição <strong>do</strong> ar,<br />
das águas superficiais e subterrâneas, <strong>do</strong> próprio solo, e também toxidez para as plantas, uma<br />
vez que as mesmas não conseguem absorver a grande quantidade de nutrientes aplicada.<br />
Para uma utilização adequada <strong>do</strong>s dejetos como fertilizante, com o mínimo risco de poluição,<br />
não basta apenas levar em conta a sua composição. Faz-se também necessário um estu<strong>do</strong><br />
adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> solo envolven<strong>do</strong> análises físicas e químicas, para verificar a sua composição, a<br />
determinação de sua classe de uso, aptidão e a necessidade nutricional da cultura que será<br />
implantada.<br />
Na maioria das regiões produtoras no Brasil os dejetos são maneja<strong>do</strong>s na forma<br />
líquida, o que pode agravar o risco de poluição. Esses dejetos podem apresentar grandes<br />
variações na sua composição, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema de criação, <strong>do</strong> manejo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> e,<br />
principalmente, da quantidade de água utilizada na higienização das instalações ou<br />
desperdiçada nos bebe<strong>do</strong>uros. Um <strong>do</strong>s fatores responsáveis pela baixa concentração de<br />
nutrientes é, sem dúvida, a sua grande diluição em água. O excesso de água, além de reduzir<br />
o potencial fertilizante <strong>do</strong> esterco, faz com que aumentem significativamente os custos com<br />
armazenamento, transporte e distribuição por unidade de nutriente aplicada na lavoura. Cada<br />
litro de água desperdiça<strong>do</strong> representa uma perda significativa para o produtor, pela redução da<br />
qualidade fertilizante <strong>do</strong> esterco e pelo aumento <strong>do</strong>s custos de transporte e distribuição.<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma proposta meto<strong>do</strong>lógica visan<strong>do</strong> orientar técnicos e<br />
produtores liga<strong>do</strong>s a <strong>suinocultura</strong>, na correta aplicação <strong>do</strong>s dejetos de suínos exploran<strong>do</strong> seu<br />
potencial, como a adubação orgânica para diversas culturas agrícolas propician<strong>do</strong> ganhos<br />
econômicos e ambientais as bacias. A proposta é gera<strong>do</strong>ra de alternativas e recomendações<br />
aos suinocultores no senti<strong>do</strong> de reduzir custos de produção agrícola, bem como reduzir o<br />
impacto ao meio ambiente que a atividade suinícola acarreta, propician<strong>do</strong> ainda um aumento<br />
na renda da família. Esta meto<strong>do</strong>logia pode ser adaptada, melhorada e utilizada pelos diversos<br />
setores e técnicos liga<strong>do</strong>s a cadeia produtiva da <strong>suinocultura</strong>.<br />
Salienta-se que toda e qualquer recomendação de <strong>do</strong>sagens de aplicação de dejetos<br />
de suínos visan<strong>do</strong> o aproveitamento <strong>do</strong>s mesmos como fertilizantes, deve ser realizada por<br />
profissional habilita<strong>do</strong> e capacita<strong>do</strong>, com conhecimento nos usos de boas práticas para<br />
adubação orgânica.<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu ações para a Promoção <strong>do</strong> uso de dejetos como fertilizantes e<br />
a realização <strong>do</strong> balanço de nutrientes em cada propriedade. A primeira ação foi a elaboração<br />
<strong>do</strong> Mapa de Uso Atual das Terras com as seguintes classes: Floresta (F), Reflorestamento<br />
(Fr), Cultura anual (Ca) - temporárias e permanentes, Campo-nativo e cultiva<strong>do</strong> (Cam), Área de<br />
Preservação Permanente - APP e a classe denominada de Outras áreas (Oa) para agrupar<br />
acessos, casas, instalações e áreas inaproveitadas. A Segunda ação foi à elaboração <strong>do</strong> Mapa<br />
de Aptidão de Uso das Terras, elabora<strong>do</strong> conforme meto<strong>do</strong>logia de UBERTI et al, (1992).<br />
Com as informações detalhadas e precisas contidas nesses mapas, pôde-se determinar as<br />
áreas parciais (glebas) e a área total das propriedades.<br />
A alternativa viável técnica e economicamente para obter tais informações com a<br />
precisão necessária, foi a aquisição de uma imagem de satélite ortoretificada (corrigida<br />
geometricamente) de alta resolução, <strong>do</strong> satélite Quick-Bird Digital Globe - DG, com resolução<br />
espacial de 60 cm, nas bandas Pan e coloridas (fusão Pan+Color), que recobrisse toda a área<br />
da bacia.<br />
Para permitir a utilização da ortoimagem de satélite e geração <strong>do</strong>s mapas já cita<strong>do</strong>s,<br />
alem <strong>do</strong>s outros mapas para atendimento de outras metas, foram adquiri<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pacotes de<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
softwares para os trabalhos de geoprocessamento, destacan<strong>do</strong>-se o Sistema de Informações<br />
Geográficas - SIG, sistema capaz de integrar da<strong>do</strong>s georeferencia<strong>do</strong>s e conhecimentos<br />
geográficos da área de estu<strong>do</strong>, originários de diversas fontes, como: mapas base ou temáticos,<br />
da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s com GPS (diferencial e navegação), mapas interpreta<strong>do</strong>s a partir de imagens<br />
de satélites.<br />
Com as ortoimagens das bacias trabalhadas no <strong>projeto</strong>, iniciaram-se as atividades<br />
técnicas de planejamento e plotan<strong>do</strong>-se sobre as imagens os pontos toma<strong>do</strong>s com os<br />
receptores GPS, das propriedades conten<strong>do</strong> a identificação <strong>do</strong> proprietário. Este procedimento<br />
permitiu uma identificação prévia das edificações, das instalações, das áreas de terra, das<br />
cercas e das vias de acessos.<br />
A imagem de alta resolução permite identificar e interpretar objetos com tamanho<br />
próximo aos 60 cm. Com base na área total declarada pelos proprietários e na interpretação<br />
visual da imagem das principais feições <strong>do</strong> terreno como cercas, estradas, diferentes usos de<br />
cada propriedade, foi possível estimar os limites da mesma. Este procedimento foi necessário<br />
para o enquadramento da ortoimagem circunscrito a propriedade, para a plotagem <strong>do</strong>s croquis<br />
preliminares e elaboração <strong>do</strong>s mapas.<br />
De posse <strong>do</strong>s mapas, os técnicos se dirigiram às propriedades e após as<br />
apresentações formais, iniciaram-se as atividades de mapeamento através de entrevista.<br />
A ortoimagem foi apresentada aos produtores pelos técnicos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, com o intuito<br />
que os mesmos reconhecessem as divisas da propriedade, rios, nascentes, instalações<br />
suinícolas, benfeitorias e estradas sobre o mapa (Figura 25). O nível de compreensão <strong>do</strong>s<br />
mapas em forma de imagens e <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong>s temas cita<strong>do</strong>s foi excelente,<br />
possibilitan<strong>do</strong> traçar em campo as linhas <strong>do</strong>s diversos temas sobre a ortoimagem impressa.<br />
Figura 25 – Croqui das propriedades com hidrografia – (Quick Bird).<br />
Contan<strong>do</strong> com a <strong>experiência</strong> e conhecimento <strong>do</strong> Agricultor, foram identificadas sobre<br />
as imagens, as glebas e os seus usos atuais. A utilização <strong>do</strong> GPS nos trabalhos de campo foi<br />
fundamental, tanto no levantamento <strong>do</strong> uso, onde em cada gleba mapeada eram toma<strong>do</strong>s<br />
pontos de identificação deste uso, como na checagem <strong>do</strong>s vértices duvi<strong>do</strong>sos (geralmente<br />
marcos localiza<strong>do</strong>s dentro de densa vegetação). O equipamento permanecia liga<strong>do</strong> durante<br />
to<strong>do</strong> o caminhamento realiza<strong>do</strong> na propriedade permitin<strong>do</strong> a gravação de to<strong>do</strong> o percurso, as<br />
47
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
trilhas percorridas (estradas, caminhos, etc.) eram transferidas e utilizadas no SIG, juntamente<br />
com os pontos toma<strong>do</strong>s.<br />
Após a elaboração <strong>do</strong>s mapas de uso e aptidão das terras, as áreas das glebas, que<br />
eram calculadas automaticamente no sistema SIG e disponibilizadas na forma de tabelas.<br />
Ressaltan<strong>do</strong> que das áreas consideradas aptas a receberem dejetos de suínos como fonte<br />
orgânica de adubação foram deduzidas as Áreas de Preservação Permanente – APP,<br />
conforme legislação Ambiental (Código Florestal e Resolução <strong>do</strong> CONAMA).<br />
Na determinação das classes de aptidão de uso da bacia foi utilizada a Meto<strong>do</strong>logia<br />
para Classificação da Aptidão de Uso das Terras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina (UBERTI et al.<br />
1992), que estabelece cinco classes, a saber:<br />
Classe 1 - Aptidão boa para culturas anuais climaticamente adaptadas.<br />
Classe 2 - Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas.<br />
Classe 3 - Aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas;<br />
aptidão regular para fruticultura e boa para pastagens e reflorestamento.<br />
Classe 4 - Aptidão com restrições para fruticultura e regular para pastagens e<br />
reflorestamento.<br />
Classe 5 - Preservação permanente.<br />
Para a determinação destas classes foram considera<strong>do</strong>s os seguintes fatores de<br />
avaliação segun<strong>do</strong> UBERTI et al. (1992): profundidade efetiva (pr); declividade (d);<br />
susceptibilidade à erosão (e); fertilidade (f); drenagem (h) e pedregosidade (p).<br />
3.2.1 Fator de Redução <strong>do</strong> Volume de Dejetos em função <strong>do</strong> aumento da<br />
Densidade – FRD<br />
No cálculo <strong>do</strong> balanço final de dejetos introduziu-se o Fator de redução <strong>do</strong> volume de<br />
dejetos (FRD) produzi<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> a um possível aumento de sua densidade, onde à medida<br />
que a densidade <strong>do</strong>s dejetos vai aumentan<strong>do</strong>, o volume de dejetos produzi<strong>do</strong>s vai diminuin<strong>do</strong>.<br />
A Tabela 11 a seguir apresenta os fatores estima<strong>do</strong>s.<br />
Tabela 11 – Fator de redução para cada densidade.<br />
FRD Densidade (kg/m³)<br />
1 1008<br />
0,95 1012<br />
0,90 1016<br />
0,85 1020<br />
0,80 1024<br />
0,75 1028<br />
A aplicação deste fator foi processada em planilha eletrônica para cada propriedade,<br />
multiplican<strong>do</strong>-se o valor da Produção Anual de Dejeto pelo fator correspondente a sua<br />
densidade.<br />
48
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
3.2.2 Fator de Redução em função das Características Físicas <strong>do</strong> Solo –<br />
FRCFS<br />
As terras das bacias trabalhadas foram caracterizadas de acor<strong>do</strong> com a sua fisiografia,<br />
solos <strong>do</strong>minantes, uso, aptidão de uso e conflitos de uso das terras. Com base nas principais<br />
características físicas <strong>do</strong> solo, foi estima<strong>do</strong> para cada bacia um FRCFS.<br />
A Tabela 12 mostra as classes de aptidão e seu respectivo fator de redução para a<br />
bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, que deverá ser multiplica<strong>do</strong> pelas necessidades de dejetos<br />
m³/ano correspondentes.<br />
Tabela 12 – Guia para Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras e o Fator de<br />
Redução em função das Características Físicas <strong>do</strong> Solo (FRCFS).<br />
Classe de<br />
FRCFS<br />
Aptidão<br />
Fragosos<br />
Classe 1<br />
1<br />
Classe 2<br />
0,90<br />
Classe 3<br />
0,80<br />
Classe 4<br />
0,70<br />
Classe 5<br />
0<br />
Salientamos que para ambos os fatores, há necessidade de estu<strong>do</strong>s e análises mais<br />
aprofundadas a fim de obter-se uma função mais representativa da realidade das densidades<br />
<strong>do</strong>s dejetos e valores mais representativos da real capacidade de suporte <strong>do</strong>s solos para o<br />
recebimento de dejetos.<br />
3.2.3 Balanço de Nutrientes nas Bacias Trabalhadas<br />
Após a identificação <strong>do</strong>s usos das áreas, procederam-se os trabalhos de<br />
geoprocessamento, sen<strong>do</strong> possível descontar (retirar) as Áreas de Preservação Permanente –<br />
APPs, de acor<strong>do</strong> com a legislação vigente.<br />
A quantidade de adubo orgânico foi ajustada com base na análise de solo e exigências<br />
nutricionais das plantas. A Meto<strong>do</strong>logia da ROLAS, visa maximizar o uso <strong>do</strong>s nutrientes que já<br />
estão no solo, diminuin<strong>do</strong> o custo inicial de implantação da lavoura. Com isso, no primeiro<br />
cultivo o produtor utilizará ao máximo to<strong>do</strong>s os nutrientes <strong>do</strong> solo, sen<strong>do</strong> a adubação feita<br />
apenas para suplementar o déficit de nutrientes <strong>do</strong> solo com relação as exigências da cultura.<br />
Como o objetivo neste caso é maximizar o uso <strong>do</strong>s dejetos de suínos, e levan<strong>do</strong> em conta o<br />
fato de que a proporção de nutrientes (N, P e K). Uma vez determinada a quantidade de<br />
dejetos a ser aplicada por hectare para cada tipo de uso, calculou-se o balanço de nutrientes<br />
basea<strong>do</strong> no total anual produzi<strong>do</strong>, para o total das áreas <strong>do</strong>s diferentes tipos de uso, como:<br />
Cultura Anual (Ca), Campo (Cam), Capoeira (Cpo), Floresta (F).<br />
As recomendações finais para o uso de dejetos como fertilizantes nas culturas foram<br />
elaboradas em função <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> balanço de nutrientes para cada propriedade<br />
individualmente.<br />
Após analise detalhada das informações básicas contidas nos levantamentos de<br />
campo realiza<strong>do</strong>s nas duas bacias trabalhadas no <strong>projeto</strong>, reuniu-se todas as informações<br />
necessárias para determinação das áreas com possibilidade de aplicação de dejetos, sen<strong>do</strong><br />
descontadas as Áreas de Preservação Permanente - APPs, foi então estima<strong>do</strong> o volume de<br />
dejetos produzi<strong>do</strong>s por propriedade e realizadas as análises de solo.<br />
Quanto às densidades <strong>do</strong>s dejetos, para fim de estimativa a<strong>do</strong>tou-se para a densidade<br />
os valores de 1008, 1012, 1016, 1020, 1024 e 1028 kg/m³ para a bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito e<br />
os valores de 1008, 1016, e 1028 Kg/m³ para a bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
No cálculo <strong>do</strong> balanço final de dejetos foi introduzi<strong>do</strong> outro fator de redução (FR) linear<br />
para o volume de dejetos produzi<strong>do</strong>s onde, à medida que a densidade <strong>do</strong> dejeto vai<br />
aumentan<strong>do</strong> o volume de produção de dejetos vai diminuin<strong>do</strong>. A<strong>do</strong>tou-se um FRD = 1 para a<br />
densidade igual a 1008 Kg/m³ e FRD = 0,75 para a densidade igual a 1028 Kg/m³ (Tabela 13).<br />
Tabela 13 – Fator para cada densidade.<br />
FRD Densidade (kg/m³)<br />
1 1008<br />
0,95 1012<br />
0,90 1016<br />
0,85 1020<br />
0,80 1024<br />
0,75 1028<br />
A aplicação deste fator se processa em planilha eletrônica para cada propriedade,<br />
multiplican<strong>do</strong>-se o valor da produção anual de dejeto pelo fator correspondente a sua<br />
densidade.<br />
Com os da<strong>do</strong>s acima se procedeu aos cálculos para a recomendação de adubação<br />
seguin<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia da Rede Oficial de Laboratórios de Análises de Solo e Teci<strong>do</strong> Vegetal<br />
– ROLA (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, 1995). Para tanto se utilizou o<br />
programa denomina<strong>do</strong> SARA (plataforma planilha eletrônica), desenvolvi<strong>do</strong> pelo Eng. Agr.<br />
Vamilson Prudêncio da Silva Junior (EPAGRI), de forma a possibilitar a automatização <strong>do</strong><br />
processo de recomendação de adubação.<br />
Para a bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito em Braço <strong>do</strong> Norte, foi realiza<strong>do</strong> o levantamento<br />
das culturas de primeiro cultivo (milho, fumo) e segun<strong>do</strong> cultivo (gramíneas de estação fria,<br />
milho) para todas glebas de cultivo analisadas e representadas por amostras de solo. Para<br />
proceder-se a recomendação de adubação nas glebas de pastagem, onde não havia amostras<br />
de solo, considerou-se a amostra mais deficitária em nutrientes, isto para algumas<br />
propriedades, pois em outras existia análise.<br />
Para a bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos em Concórdia, utilizou-se como culturas de<br />
referência para o primeiro cultivo, o milho e para o segun<strong>do</strong> cultivo, gramíneas de estação fria<br />
(Aveia). Para proceder-se a recomendação de adubação orgânica nas áreas de pastagem,<br />
considerou-se a amostra mais deficitária em nutrientes, para todas as propriedades.<br />
Como o objetivo neste caso é maximizar o uso <strong>do</strong>s dejetos de suínos, e levan<strong>do</strong> em<br />
conta o fato de que a proporção de nutrientes (N, P e K) nesse tipo de fertilizante é fixa,<br />
encontrou-se alguma dificuldade em ajustar a <strong>do</strong>se <strong>do</strong> fertilizante, já que ao otimizar a<br />
quantidade de um <strong>do</strong>s nutrientes, os demais ficam desequilibra<strong>do</strong>s (falta ou excesso). Por esse<br />
motivo, a<strong>do</strong>tou-se o critério de permitir um certo excedente de P e K, em quantidades tais que<br />
não prejudiquem o desempenho da cultura nem a absorção de outros nutrientes. O critério<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi de ajustar a quantidade de N permitin<strong>do</strong> um excedente máximo de até 25 Kg por<br />
hectare de K2O ou P2O5,, sen<strong>do</strong> limita<strong>do</strong> pelo que ocorrer primeiro. Assim, procurou-se manter<br />
as reservas de nutrientes no solo, maximizan<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong>s dejetos de suínos na propriedade.<br />
Uma vez determinada a quantidade de adubo orgânico a ser aplicada por hectare para<br />
cada tipo de uso, calculou-se o balanço de nutrientes basea<strong>do</strong> no total anual produzi<strong>do</strong>, com o<br />
total das áreas <strong>do</strong>s diferentes tipos de uso, como: Cultura Anual (Ca), Campo (Cam), Capoeira<br />
(Cpo), Floresta (F) (Tabelas 14A e 14B).<br />
50
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas<br />
Experiência Gestão <strong>do</strong> Ambiental Projeto Suinocultura de Propriedades Santa Suinícolas: Catarina - PNMA II<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 14 – Interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e proposições para a prática <strong>do</strong> uso de dejetos como fertilizantes.<br />
Proprietário:<br />
Densidade considerada: D=1028 Kg/m³<br />
Fator de redução: 0,75<br />
Tabela 14A – Quantidade de adubo (org./quim) e calagem recomendada por hectare para cada gleba com base na análise de solo.<br />
Amostra/gleba 1 Amostra/gleba 2 Amostra/gleba 3 Amostra/gleba 4 Pastagem<br />
1° Cultivo 2° Cultivo 1° Cultivo 2° Cultivo 1° Cultivo 2° Cultivo 1° Cultivo 2° Cultivo Perene<br />
Adubos Milho 3-6t Gram_Inv Milho 3-6t Gram_Inv Milho 3-6t Gram_Inv<br />
Esterco (m³/ha) 20 26 17 20 15 20 33<br />
Super triplo (Kg/ha) 100<br />
Cloreto de K (Kg/ha)<br />
Uréia (Kg/ha) 100 150 150 150 50<br />
Qtidade N° Aplic. Qtidade N° Aplic. Qtidade N° Aplic. Qtidade N° Aplic.<br />
Calcário (ton) 13 2 12 2 12 2<br />
Tabela 14B – Necessidade de dejetos por tipo de uso e balanço de dejetos.<br />
(Necessidade (Necessidade (Necessidade<br />
Uso Área (ha) dejeto m³/ha)¹ dejeto m³/ano)² dejeto m³/ano)³<br />
Ca 3,26 27,5 89,8 89,8<br />
Cam 5,56 23,1 128,4 128,4<br />
Cpo 23,1 0,0 Produção (Falta/Excesso (Falta/Excesso<br />
F 16,32 23,1 377,0 dejeto m³/ano dejeto m³/ano) 4 dejeto m³/ano) 5<br />
Total 25,14 595,2 218,2 1724,6 1.129,4 1.506,4<br />
51
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Como exemplo desta meto<strong>do</strong>logia, usamos os resulta<strong>do</strong>s de uma propriedade<br />
produtora de suínos pertencente ao Projeto (Tabelas 14A e 14B).<br />
Neste caso a<strong>do</strong>tou-se a densidade de D=1008 Kg/m³ e um fator de redução 1.<br />
Foram feitas simulações para diferentes possibilidades de aplicação de dejetos em<br />
Cultura Anual (Ca), Campo (Cam), Capoeira (Cpo) e Floresta (F).<br />
Para compreensão destas alternativas, devem-se observar os números sobrescritos 1,<br />
2, 3, 4 e 5, da Tabela 14B, os quais significam:<br />
1. Descritas nas colunas as necessidades de aplicação de dejetos por hectare (ha)<br />
em Culturas Anuais - Ca, obtida pela média das recomendações para o 1º cultivo + média das<br />
recomendações para o 2º cultivo; Necessidade de aplicação de dejetos por hectare (ha) em<br />
Campo – Cam, obtida pela recomendação para gramíneas perenes de verão, com base na<br />
amostra mais pobre em nutrientes; Necessidade de dejetos por hectare (ha) em Capoeira - Cpo<br />
e Floresta – F, consideradas com possibilidade de aplicação e a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se como critério o<br />
mesmo volume recomenda<strong>do</strong> para as áreas de Campo – Cam).<br />
2. Necessidade de dejetos das glebas disponíveis da propriedade consideran<strong>do</strong><br />
aplicação em áreas de Ca, Cam, Cpo e F. Volumes estes obtidas pela multiplicação da<br />
disponibilidade de área em hectares na propriedade, para os diferentes usos, pela necessidade<br />
de dejetos em m 3 /ano, conforme capacidade por hectare calculada no item anterior.<br />
3. Necessidade de dejetos consideran<strong>do</strong> apenas aplicação em áreas de cultura<br />
anual (Ca) e Pastagem (Cam). Volumes estes obtidas pela multiplicação da disponibilidade de<br />
área em hectares na propriedade, para estes <strong>do</strong>is usos, pela necessidade de dejetos em<br />
m 3 /ano, conforme capacidade por hectare calculada. Neste caso não se considerou a aplicação<br />
em Capoeira (Cpo) e Floresta (F).<br />
4. Sal<strong>do</strong> de dejetos consideran<strong>do</strong> aplicação em áreas de Ca, Cam, Cpo e F.<br />
5. Sal<strong>do</strong> de dejetos consideran<strong>do</strong> apenas aplicação em áreas de Ca e Cam.<br />
O balanço de nutrientes realiza<strong>do</strong> nas propriedades nas bacias trabalhadas pelo<br />
<strong>projeto</strong> estão nas Tabelas 15 e 16. Nestas tabelas quan<strong>do</strong> no resulta<strong>do</strong> final <strong>do</strong> balanço de<br />
dejetos, o campo (Falta/Excesso dejeto m³/ano) apresentar a cor de fun<strong>do</strong> verde em<br />
impressões coloridas, ou sinal (-) para as impressões em preto e branco, significa que a<br />
necessidade de dejetos é maior que a produção, ou seja as áreas passíveis de aplicação de<br />
dejeto da propriedade podem receber um volume maior de dejetos <strong>do</strong> que é atualmente<br />
produzi<strong>do</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> no resulta<strong>do</strong> final <strong>do</strong> balanço de dejetos, o campo (Falta/Excesso dejeto<br />
m³/ano) conter a cor de fun<strong>do</strong> vermelha em impressões coloridas, ou não apresentar o sinal (-)<br />
para as impressões em preto e branco, significa que a produção de dejetos é maior que a<br />
necessidade, ou seja as áreas passíveis de aplicação de dejeto da propriedade não comportam<br />
o volume atual de dejetos produzi<strong>do</strong>s, o que indica a necessidade de outras áreas além das<br />
disponíveis na propriedade.<br />
Para que possa ser mantida a atual produção de dejetos, será necessário verificar a<br />
possibilidade de disposição em áreas vizinhas. Caso isto não seja possível, será necessária a<br />
a<strong>do</strong>ção de tecnologia que aumente a densidade <strong>do</strong> dejeto, permitin<strong>do</strong> a viabilidade <strong>do</strong><br />
transporte para outras áreas de maior distância.<br />
52
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 15 – Balanço final de adubo orgânico para as propriedades da bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito.<br />
Proprietário Densidade*<br />
<strong>do</strong> dejeto<br />
Área de<br />
Cam (ha)<br />
Necessidade Área de Necessidade<br />
dejeto m³/ha Ca (ha) dejeto m³/ha<br />
Área de<br />
Cpo (ha)<br />
53<br />
Necessidade<br />
dejeto m³/ha<br />
Área de<br />
F (ha)<br />
Necessidade Demanda<br />
dejeto m³/ha ** dejeto<br />
m³/ano<br />
Demanda<br />
total<br />
dejetos<br />
m³/ano<br />
Produção<br />
dejeto<br />
m³/ano<br />
Falta/Exce<br />
sso dejeto<br />
m³/ano<br />
Falta/Excess<br />
o dej. m³/ano<br />
total<br />
Agricultor A 1028 2,65 89,00 5,25 56,00 0,29 89,00 8,09 89,00 529,89 1.275,63 0,00 -529,89 -1.275,63<br />
Agricultor B 1028 3,09 74,00 4,04 47,00 0,00 74,00 2,14 74,00 418,68 577,10 1.971,00 1.552,32 1.393,90<br />
Agricultor C 1028 0,00 73,00 0,00 43,00 0,00 73,00 0,00 73,00 0,00 0,00 1.971,00 1.971,00 1.971,00<br />
Agricultor D 1028 2,02 54,00 0,00 0,00 0,00 54,00 0,00 54,00 109,08 109,08 3.285,00 3.175,92 3.175,92<br />
Agricultor E 1028 0,80 55,00 4,55 33,00 0,00 55,00 0,16 55,00 194,15 202,95 0,00 -194,15 -202,95<br />
Agricultor F 1028 11,52 33,00 8,31 39,50 0,62 33,00 20,37 33,00 708,41 1.401,08 1.825,00 1.116,60 423,93<br />
Agricultor G 1028 3,48 37,00 3,57 39,00 0,00 37,00 0,15 37,00 267,99 273,54 1.825,00 1.557,01 1.551,46<br />
Agricultor H 1028 6,70 37,00 14,04 32,50 0,00 37,00 1,21 37,00 704,20 748,97 4.745,00 4.040,80 3.996,03<br />
Agricultor I 1028 3,92 33,00 7,71 38,67 0,00 33,00 4,10 33,00 427,66 562,92 1.277,50 849,84 714,58<br />
Agricultor J 1028 6,35 63,50 4,05 29,00 1,05 63,50 17,31 63,50 520,66 1.686,75 193,50 -327,16 -1.493,25<br />
Agricultor L 1028 9,77 66,00 5,45 36,00 0,08 66,00 13,79 66,00 841,43 1.757,01 7.446,00 6.604,57 5.688,99<br />
Agricultor M 1028 8,61 60,50 0,26 60,50 0,00 60,50 0,00 60,50 536,73 536,73 8.760,00 8.223,27 8.223,27<br />
Agricultor N 1028 11,54 60,00 5,76 36,00 0,18 60,00 5,31 60,00 900,15 1.229,97 4.380,00 3.479,85 3.150,03<br />
Agricultor O 1028 7,96 58,00 5,50 34,00 0,00 58,00 18,31 58,00 648,68 1.710,66 7.300,00 6.651,32 5.589,34<br />
Agricultor P 1028 14,29 55,00 12,02 39,33 0,00 55,00 5,16 55,00 1.258,74 1.542,54 1.460,00 201,26 -82,54<br />
Agricultor Q 1028 5,30 33,00 1,08 33,00 0,00 33,00 0,00 33,00 210,54 210,54 0,00 -210,54 -210,54<br />
Agricultor R 1028 10,53 66,00 4,35 39,50 0,92 66,00 2,84 66,00 866,79 1.114,41 0,00 -866,79 -1.114,41<br />
T O T A L 108,53 85,96 3,15 98,94 9.143,76 14.939,86 46.439,00 37.295,24 31.499,14<br />
* = a densidade deve ser igual a (1008, 1012, 1016, 1020, 1024 ou 1028), pois estes são os níveis para o qual foi calcula<strong>do</strong> a demanda de dejetos.<br />
** = demanda calculada consideran<strong>do</strong> apenas áreas de Ca e Cam<br />
Obs: Para a estimativa da necessidade de dejetos nas áreas de Cam, Cpo e F, quan<strong>do</strong> não existia amostra para uma destas áreas, foi considerada a análise de solo mais<br />
pobre em nutrientes.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Na planilha acima, para os proprietários da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, foi considerada<br />
a densidade igual a 1028 Kg/m³, no entanto é possível usar a densidade real na medida que<br />
esta for conhecida, reduzin<strong>do</strong>-se também o volume total de dejetos produzi<strong>do</strong>s. Abaixo, são<br />
apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da planilha em forma de gráfico, para melhor visualização <strong>do</strong>s<br />
resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s (Figura 26).<br />
m³/ano<br />
9.000<br />
8.000<br />
7.000<br />
6.000<br />
5.000<br />
4.000<br />
3.000<br />
2.000<br />
1.000<br />
0<br />
Agricultor A<br />
Agricultor B<br />
Agricultor C<br />
Agricultor D<br />
Agricultor E<br />
Agricultor F<br />
Agricultor G<br />
Agricultor H<br />
Agricultor I<br />
Demanda Total Produção Total<br />
Figura 26 – Demanda anual de adubo orgânico por propriedade e respectivas<br />
produções de dejetos de suínos (bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito).<br />
Agricultor J<br />
Agricultor L<br />
54<br />
Agricultor M<br />
Agricultor N<br />
Agricultor O<br />
Agricultor P<br />
Agricultor Q<br />
Agricultor R
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 16 – Balanço final de adubo orgânico para as propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Nome <strong>do</strong> Densidade* Área de Necessidade Área Necessidade Área Necessidade Área de Necessidade Demanda ** Demanda<br />
Proprietário <strong>do</strong> dejeto Cam (ha) dejeto m³/ha de Ca dejeto m³/ha de Cpo dejeto m³/ha F (ha) dejeto m³/ha dejeto m³/ano total dejetos<br />
(ha)<br />
(ha)<br />
m³/ano<br />
55<br />
Produção<br />
dejeto<br />
m³/ano<br />
Falta/ Excesso Falta/ Excesso<br />
dejeto m³/ano dej. m³/ano<br />
total<br />
Agricultor A 1028 6,56 37,00 9,71 36,50 0,00 37,00 5,14 37,00 597,21 787,27 1.297,94 700,73 510,67<br />
Agricultor B 1028 6,56 33,00 7,59 39,33 0,00 33,00 10,44 33,00 514,86 859,27 2.299,50 1.784,64 1.440,23<br />
Agricultor C 1028 3,11 33,00 6,43 34,67 0,00 33,00 23,30 33,00 325,41 1.094,22 1.317,65 992,24 223,43<br />
Agricultor D 1028 0,89 37,00 1,06 42,50 0,00 37,00 0,00 37,00 78,14 78,14 1.124,20 1.046,06 1.046,06<br />
Agricultor E 1028 3,73 37,00 6,50 39,00 0,00 37,00 8,73 37,00 391,48 714,35 536,55 145,07 -177,80<br />
Agricultor F 1028 2,62 33,00 4,19 35,00 0,00 33,00 0,28 33,00 233,11 242,48 584,00 350,89 341,52<br />
Agricultor G 1028 3,94 53,00 1,83 50,00 0,00 53,00 3,33 53,00 300,18 476,50 1.073,10 772,92 596,60<br />
Agricultor H 1028 6,85 46,00 11,88 49,00 0,00 46,00 12,61 46,00 897,52 1.477,57 164,25 -733,27 -1.313,32<br />
Agricultor I 1028 3,61 33,00 2,61 44,33 0,00 33,00 5,16 33,00 235,08 405,23 766,50 531,42 361,27<br />
Agricultor J 1028 10,49 33,00 0,14 39,67 0,00 33,00 0,24 33,00 351,68 359,72 817,24 465,55 457,51<br />
Agricultor K 1028 6,32 33,00 3,79 36,00 0,00 33,00 3,57 33,00 344,99 462,90 839,50 494,51 376,60<br />
Agricultor L 1028 1,08 37,00 6,22 39,50 0,00 37,00 8,49 37,00 285,58 599,79 1.149,75 864,17 549,96<br />
Agricultor M 1028 0,00 33,00 1,62 35,50 0,00 33,00 16,33 33,00 57,66 596,44 587,65 529,99 -8,79<br />
Agricultor N 1028 3,13 33,00 3,13 35,67 0,00 33,00 2,51 33,00 215,06 297,72 843,15 628,09 545,43<br />
Agricultor O 1028 5,87 33,00 0,69 39,00 0,00 33,00 3,88 33,00 220,45 348,45 1.602,35 1.381,90 1.253,90<br />
Agricultor P 1028 3,41 37,00 2,00 39,00 0,00 37,00 2,01 37,00 204,10 278,35 147,83 -56,27 -130,53<br />
Agricultor Q 1028 3,40 46,00 0,38 38,33 0,00 46,00 2,18 46,00 170,97 271,35 715,40 544,43 444,05<br />
Agricultor R 1028 3,51 37,00 2,04 44,33 0,00 37,00 5,04 37,00 220,19 406,83 766,50 546,31 359,67<br />
Agricultor S 1028 0,00 33,00 5,63 37,67 0,00 33,00 0,65 33,00 212,21 233,72 0,00 -212,21 -233,72<br />
Agricultor T 1028 0,00 37,00 6,00 39,00 0,00 37,00 4,41 37,00 233,93 397,28 287,62 53,69 -109,66<br />
Agricultor U 1028 6,89 33,00 4,15 36,33 0,00 33,00 8,85 33,00 378,46 670,48 766,50 388,04 96,02<br />
Agricultor V 1028 2,25 33,00 8,47 38,33 0,00 33,00 2,58 33,00 398,92 484,21 766,50 367,58 282,29<br />
Agricultor W 1028 1,24 33,00 1,52 34,00 0,00 33,00 0,24 33,00 92,43 100,22 843,15 750,72 742,93<br />
Agricultor X 1028 29,58 33,00 5,04 36,00 0,00 33,00 34,08 33,00 1.157,71 2.282,24 970,90 -186,81 -1.311,34<br />
Agricultor Y 1028 0,80 33,00 0,80 48,00 0,00 33,00 7,21 33,00 64,67 302,62 1.219,10 1.154,43 916,48<br />
T O T A L 115,833 103,44 0,00 171,25 8.182,01 14.227,37 21.486,82 13.304,814 7.259,45<br />
* = a densidade deve ser igual a (1008, 1016 ou 1028), pois estes são os níveis para o qual foi calcula<strong>do</strong> a demanda de dejetos.<br />
** = demanda calculada consideran<strong>do</strong> apenas áreas de Ca e Cam
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Na Tabela 16, para os proprietários da bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, foi<br />
considerada a densidade igual a 1.008 Kg/m³, no entanto é possível usar a densidade real na<br />
medida que esta for conhecida, reduzin<strong>do</strong>-se também o volume total de dejetos produzi<strong>do</strong>s. Na<br />
Figura 27, são apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da planilha em forma de gráfico, para melhor<br />
visualização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s.<br />
m³/ano<br />
2.500,00<br />
2.000,00<br />
1.500,00<br />
1.000,00<br />
500,00<br />
0,00<br />
Agricultor A<br />
Agricultor B<br />
Agricultor C<br />
Agricultor D<br />
Agricultor E<br />
Agricultor F<br />
Agricultor G<br />
Agricultor H<br />
Agricultor I<br />
Agricultor J<br />
Agricultor K<br />
Agricultor L<br />
Agricultor M<br />
Agricultor N<br />
Agricultor O<br />
Agricultor P<br />
Agricultor Q<br />
Agricultor R<br />
Agricultor S<br />
Agricultor T<br />
Agricultor U<br />
Agricultor V<br />
Agricultor W<br />
Agricultor X<br />
Agricultor Y<br />
Demanda Total Produção Total<br />
Figura 27 – Demanda anual de adubo orgânico por propriedade<br />
e respectivas produções de dejetos (bacia <strong>do</strong><br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos).<br />
3.3 Recomendações de adubação orgânica<br />
A recomendação de adubação orgânica utilizada nas propriedades deve ser atualizada<br />
e revisada constantemente, devi<strong>do</strong> principalmente aos avanços tecnológicos nos sistemas<br />
produtivos, como por exemplo: as técnicas de plantio direto e cultivo mínimo.<br />
Deverá ser toma<strong>do</strong> um cuida<strong>do</strong> especial nas recomendações de adubação orgânica<br />
para as glebas onde os fatores limitantes são: Profundidade Efetiva e Pedregosidade, pois<br />
estes fatores limitantes podem levar a uma recomendação equivocada. Por exemplo, não<br />
deveria se recomendar reflorestamento em classe 3 por profundidade efetiva (
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
4 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DAS PROPRIEDADES,<br />
JUNTO A FATMA<br />
Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi<br />
Berenice Martins da Silva<br />
FATMA<br />
No esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, nas regiões que concentram a produção suinícola<br />
houve, ao longo <strong>do</strong>s anos, um agravamento na problemática ambiental, em especial, nos rios e<br />
nos solos.<br />
Na região <strong>do</strong> Alto Uruguai, Oeste Catarinense, estão instaladas as maiores indústrias<br />
de produção de carne suína, assim como há uma maior concentração de produtores de suínos<br />
para a comercialização e em torno de 60% desta produção abastece a agroindústria<br />
catarinense (Instituto CEPA, 2006).<br />
O desconforto senti<strong>do</strong> pela sociedade causa<strong>do</strong> pela degradação ambiental promovida<br />
pelo excedente de dejetos na <strong>suinocultura</strong> resultou em denúncias ao Ministério Público e a<br />
Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – Fatma. As fiscalizações constataram que grande parte das<br />
instalações físicas para criação de suínos estavam em desacor<strong>do</strong> com a legislação ambiental e<br />
sanitária vigente.<br />
O que se tinha para coibir a atividade suinícola inibin<strong>do</strong> a poluição <strong>do</strong>s rios era a<br />
Legislação Ambiental (Lei nº 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais) que responsabiliza<br />
criminalmente o produtor por eventuais danos ambientais (Santa Catarina, 2002).<br />
A aplicação da Lei gerou conflitos sociais e econômicos. Os produtores não estavam<br />
estrutura<strong>do</strong>s, para num curto prazo de tempo, adequar suas instalações de produção de suínos<br />
a legislação ambiental. As atividades na grande maioria estavam instaladas em área de<br />
preservação permanente – APP.<br />
Uma iniciativa importante para diagnosticar a situação das propriedades produtoras<br />
suínos, em relação à Legislação ambiental e sanitária vigentes foi realizada pelo Consórcio<br />
Lambari (consórcio intermunicipal de gestão ambiental participativa <strong>do</strong> alto Uruguai<br />
catarinense). O diagnóstico mostrou que 2/3 das propriedades levantadas não atendiam a<br />
legislação (PILLON, et al., 2003)<br />
A Fatma como órgão de controle da poluição responsável pelo licenciamento<br />
ambiental da atividade suinícola direciona seus esforços para associar o ordenamento desta<br />
atividade a gestão ambiental. Licenciar uma atividade/empreendimento significa avaliar<br />
aspectos locacionais, os processos tecnológicos em conjunto com os parâmetros ambientais e<br />
as necessidades socioeconômicas, fixan<strong>do</strong> medidas de controle, levan<strong>do</strong>-se em conta<br />
objetivos, critérios e normas para a conservação e melhoria ambiental (ZANUZZI, 2006).<br />
Em 2000 o esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, juntamente com os outros Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sul<br />
habilitou-se a receber recursos financeiros <strong>do</strong> Banco Mundial/Bird, através <strong>do</strong> Programa<br />
Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II, coordena<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente efetivan<strong>do</strong>-se o<br />
Projeto Suinocultura Santa Catarina. Um <strong>do</strong>s principais objetivos deste <strong>projeto</strong> foi a<br />
regularização ambiental das propriedades suinícolas das duas bacias selecionadas, Lajea<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s Fragosos, Concórdia e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, Braço <strong>do</strong> Norte. O quadro crítico já conheci<strong>do</strong><br />
foi confirma<strong>do</strong> pelo diagnóstico ambiental realiza<strong>do</strong> pela Fatma no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>,<br />
demonstran<strong>do</strong> a necessidade da aplicação de ações piloto na busca de modelos de<br />
adequação de propriedades e de procedimentos que minimizem os impactos da produção.<br />
O diagnóstico foi realiza<strong>do</strong> pela Fatma, em 176 propriedades suinícolas nas bacias<br />
trabalhadas, sen<strong>do</strong> 122 no Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, município de Concórdia e 54 na Bacia <strong>do</strong><br />
Rio Coruja/Bonito, município de Braço <strong>do</strong> Norte. Este levantamento mostrou da<strong>do</strong>s das<br />
propriedades como:<br />
57
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
1 - condições de manejo da produção;<br />
2 - existência de equipamentos e área para distribuição <strong>do</strong>s dejetos;<br />
3 - característica das áreas de preservação permanente existentes, sua adequação<br />
relativa a legislação ambiental vigente;<br />
4 - possibilidade de emissão de licenciamento mediante a implantação das<br />
intervenções previstas no <strong>projeto</strong>.<br />
Tal levantamento apontou que aproximadamente 70% das propriedades não poderiam<br />
ser objeto <strong>do</strong> licenciamento ambiental, conseqüentemente não estariam aptas para as<br />
intervenções tecnológicas/ambientais. Restavam duas alternativas: a aplicação da legislação,<br />
simplesmente, ou a busca de soluções. As ações já desenvolvidas pelo Ministério Público<br />
Estadual na elaboração de Termo de Ajustamento de Conduta -TAC para a atividade<br />
<strong>suinocultura</strong>, se mostrou como um caminho mais justo no equilíbrio socioeconômico e<br />
ambiental contemplan<strong>do</strong> os vários segmentos da sociedade.<br />
A <strong>experiência</strong> da aplicação de Termos de Ajustamento de Conduta –TAC – surgiu<br />
como uma alternativa para a regularização da atividade. Neste senti<strong>do</strong> foi fundamental a<br />
intermediação <strong>do</strong> Ministério Publico Estadual na discussão e formalização <strong>do</strong> Termo.<br />
Como referencial para elaboração e celebração <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de Conduta<br />
– TAC, PNMA II, tomou-se como base a <strong>experiência</strong> e aplicação <strong>do</strong> TAC Agrolândia,<br />
discussões e o diagnóstico <strong>do</strong> Consórcio AMAUC/Lambari que envolveu 3.621 propriedades,<br />
em 19 (dezenove) municípios na região <strong>do</strong> Alto Irani, assim como o inventário da situação<br />
suinícola realizada por equipes da Fatma nas bacias <strong>do</strong> Coruja/Bonito e Fragosos (FATMA,<br />
2002), serviram de modelo para elaboração e celebração <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de<br />
Conduta – TAC, PNMA II<br />
Como estratégia de implementação das intervenções previstas nesta Fase I <strong>do</strong> PNMA<br />
II optou-se pela seleção das propriedades integrantes <strong>do</strong> terço superior, a partir da nascente<br />
de cada uma das bacias selecionadas (30 propriedades na bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e 16<br />
na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja Bonito).<br />
Foram elabora<strong>do</strong>s Projetos Técnicos Individuais de Adequação Ambiental das<br />
propriedades, efetivadas as intervenções e adequações necessárias para viabilizar o<br />
licenciamento ambiental assim orientou os proprietários a requererem a sua legalização diante<br />
<strong>do</strong> órgão ambienta – Fatma.<br />
A Fatma através da análise da <strong>do</strong>cumentação apresentada pelos suinocultores<br />
vistoriou as áreas e, procedeu ao licenciamento ambiental de todas as propriedades<br />
trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>.<br />
As premissas geradas pelo <strong>projeto</strong> como: redução <strong>do</strong>s focos de contaminação <strong>do</strong>s<br />
corpos d’água, através da otimização e implementação de sistemas de manejo,<br />
armazenamento e tratamento de dejetos e de resíduos orgânicos de suínos e ações de<br />
recuperação da mata ciliar e proteção de nascentes, estão sen<strong>do</strong> internalizadas, na Fatma, na<br />
forma de procedimentos de análise <strong>do</strong> processo de Licenciamento Ambiental da atividade<br />
<strong>suinocultura</strong> e das exigências integrantes da Instrução Normativa, <strong>do</strong>cumento este que<br />
estabelece normas para a apresentação <strong>do</strong>s <strong>projeto</strong>s para o licenciamento.<br />
A Fatma construiu os procedimentos de licenciamento das propriedades inseridas no<br />
Projeto Suinocultura Santa Catarina, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> normas e procedimentos que estão sen<strong>do</strong><br />
replicadas no licenciamento da atividade no esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, inicialmente, em<br />
aproximadamente 1800 propriedades integrantes <strong>do</strong> Consórcio AMAUC/Lambari. Cabe ainda<br />
ressaltar que outros TAC’s para a atividade de <strong>suinocultura</strong> já elabora<strong>do</strong>s e firma<strong>do</strong>s para as<br />
regiões (extremo e meio oeste) e em elaboração para as demais regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> estão se<br />
basean<strong>do</strong> na <strong>experiência</strong> <strong>do</strong> Projeto Suinocultura <strong>do</strong> PNMA II.<br />
58
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
5 MONITORAMENTO DA ÁGUA<br />
59<br />
Nelso Figueiró<br />
Lorena A. Claramunt<br />
EPAGRI/CIRAM<br />
Ivan Tadeu Baldissera<br />
EPAGRI/Chapecó<br />
5.1 Avaliação da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s solos nas bacias<br />
hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
No <strong>projeto</strong> foram contempladas atividades de monitoramento de qualidade das águas,<br />
inclusive o estabelecimento de chama<strong>do</strong> “marco-zero”, ou identificação da situação antes das<br />
intervenções realizadas pelo <strong>projeto</strong>, para fins de aferição comparativa com cenários futuros,<br />
verifican<strong>do</strong> a proficiência das técnicas e práticas de adequação das instalações físicas e <strong>do</strong><br />
manejo <strong>do</strong>s dejetos de suínos propiciadas pelo Projeto Suinocultura SC.<br />
O <strong>projeto</strong> avaliou a melhoria na qualidade da água superficial, resultante da<br />
adequação ambiental das atividades agrícolas, antes e após as intervenções tecnológicas e a<br />
a<strong>do</strong>ção de práticas de manejo ambientalmente adequadas na <strong>suinocultura</strong>, nas bacias <strong>do</strong>s<br />
rios Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e Coruja/Bonito.<br />
Para monitorar os parâmetros climatológicos, <strong>do</strong>s solos, hidrológicos e de qualidade<br />
físico-química e biológica das águas nas duas bacias selecionadas foram planejadas diversas<br />
atividades tais como: organizar em cada bacia hidrográfica, uma rede de monitoramento<br />
qualitativo e quantitativo de águas superficiais incluin<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s de precipitação pluviométrica e<br />
a sistematização de coletas de organismos bentônicos para estu<strong>do</strong>s de bioindica<strong>do</strong>res.<br />
Os trabalhos de campo foram desenvolvi<strong>do</strong>s por técnicos da Epagri da Gerência<br />
Regional de Chapecó através <strong>do</strong> Cepaf – Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar,<br />
responsáveis pela bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e monitoramento <strong>do</strong>s solos em ambas as<br />
bacias; da UNISUL de Tubarão responsável pela bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito. O<br />
biomonitoramento, foi desenvolvi<strong>do</strong> pela equipe da Biologia da UFSC, para estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
macroinvertebra<strong>do</strong>s bentônicos na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Quan<strong>do</strong> utilizamos o termo qualidade de água é necessário compreender que esse<br />
termo não se refere, necessariamente, a um esta<strong>do</strong> de pureza, mas simplesmente às<br />
características químicas, físicas e biológicas, e que conforme essas características, são<br />
estipuladas diferentes finalidades para a água. Assim, a política normativa nacional de uso da<br />
água, como consta na Resolução CONAMA 357/2005 (ANA, 2005), procurou estabelecer<br />
parâmetros que definem limites aceitáveis de elementos estranhos, consideran<strong>do</strong> os<br />
diferentes usos.<br />
As águas <strong>do</strong>s Rios Coruja/Bonito e Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foram enquadra<strong>do</strong>s como<br />
de Classe 2, de acor<strong>do</strong> com a Coletânea sobre a legislação sobre recursos hídricos (Santa<br />
Catarina, 2001), que estabelece o enquadramento <strong>do</strong>s cursos d’água <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />
De acor<strong>do</strong> com esta resolução os rios Classe 2 são águas <strong>do</strong>ces destinadas:<br />
• ao abastecimento <strong>do</strong>méstico, após tratamento convencional;<br />
• à proteção das comunidades aquáticas;<br />
• à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);<br />
• à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
• à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à<br />
alimentação humana.<br />
O impacto ambiental que os contaminantes têm sobre o ecossistema aquático está<br />
relaciona<strong>do</strong> à quantidade e ao tipo de cada poluente que é introduzi<strong>do</strong>, e às características <strong>do</strong><br />
ambiente aquático receptor.<br />
5.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Em Concórdia, na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, foram seleciona<strong>do</strong>s sete pontos<br />
amostrais, cinco no curso principal e <strong>do</strong>is em afluentes importantes, que seguiram uma<br />
meto<strong>do</strong>logia de abrangência da drenagem de áreas com intensa atividade suinícola; em pelo<br />
menos um ponto (FG2), de avaliar a drenagem da área urbana; uma distribuição eqüidistante<br />
<strong>do</strong>s pontos; locação <strong>do</strong>s pontos conforme cotas de altitude; trechos de Rio com pelo menos<br />
dez metros (10m) de retidão para possibilitar a instalação da sessão de medida de velocidade<br />
para o cálculo da vazão e a existência de colabora<strong>do</strong>res próximos e de preferência <strong>do</strong> grupo<br />
social em exclusão.<br />
Tabela 17 – Localização das estações amostrais <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Código Rio Altitude (m) Coordenadas UTM<br />
FG1 Fragosos 613 395 729 6 990 597<br />
FG2 Fragosos 596 393 966 6 990 478<br />
FG3 Fragosos 472 389 147 6 989 327<br />
FG4 Afluente 464 387 743 6 990 043<br />
FG5 Fragosos 396 383 505 6 987 860<br />
FG6 Afluente 383 383 396 6 987 867<br />
FG7 Fragosos 426 385 320 6 988 592<br />
A Figura 28 mostra a posição geográfica <strong>do</strong>s pontos amostrais na bacia hidrográfica<br />
<strong>do</strong>s Fragosos juntamente com o seu potencial polui<strong>do</strong>r.<br />
60
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 28 – Pontos de coletas da bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Fonte: Relatório da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s solos nas bacias<br />
hidrográficas Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e Coruja/Bonito durante o ano de 2004.<br />
5.1.3 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
Em Braço <strong>do</strong> Norte, na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, os pontos de coleta para análise<br />
de qualidade da água considera<strong>do</strong>s foram os que já haviam si<strong>do</strong> inferi<strong>do</strong>s como apropria<strong>do</strong>s<br />
para instalação das réguas e pluviômetros: sete pontos amostrais, cinco no curso principal e<br />
<strong>do</strong>is em afluentes importantes.<br />
A Tabela 18 mostra as coordenadas geográficas levantadas pelos técnicos.<br />
Tabela 18 – Localização das estações amostrais na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
Código Rio Altitude (m) Coordenadas UTM<br />
CB1 Coruja 424 688 228 6 881 559<br />
CB2 Afluente 375 686 583 6 876 345<br />
CB3 Coruja 388 686 580 6 876 340<br />
CB4 Afluente 382 686 846 6 873 453<br />
CB5 Coruja 279 686 830 6 873 430<br />
CB6 Bonito 87 680 802 6 871 442<br />
CB7 Bonito 82 681 218 6 867 930<br />
A Figura 29 mostra a posição geográfica <strong>do</strong>s pontos amostrais na bacia <strong>do</strong> Rio<br />
Coruja/Bonito juntamente com o seu potencial polui<strong>do</strong>r.<br />
61
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 29 – Pontos de coleta da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja /Bonito<br />
Fonte: Relatório da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s<br />
solos nas bacias hidrográficas Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
e Coruja/Bonito durante o ano de 2004.<br />
5.1.4 Parâmetros hidrológicos e climatológicos<br />
Foram instala<strong>do</strong>s os pluviômetros e as réguas limnimétricas em to<strong>do</strong>s os pontos de<br />
amostragem escolhi<strong>do</strong>s para determinação da qualidade das águas superficiais. As seções <strong>do</strong><br />
rio foram preparadas para realizar as medições de velocidade da água e determinação de<br />
vazão.<br />
Diariamente foram li<strong>do</strong>s os níveis das réguas limnimétricas e a altura de chuva em<br />
pluviômetros Ville de Paris. No final de cada mês os da<strong>do</strong>s eram sistematiza<strong>do</strong>s, além disso,<br />
durante os dias que foram efetua<strong>do</strong>s as coletas de amostras de água (para determinações<br />
físico-químicas), eram calculadas a velocidade da água no rio utilizan<strong>do</strong> molinetes e o perfil<br />
batimétrico para a determinação da vazão.<br />
A velocidade da água foi medida utilizan<strong>do</strong>-se o Molinete Hidrométrico, onde foi obtida<br />
a velocidade em uma profundidade em cada nível vertical (60% da profundidade). O número de<br />
verticais para a obtenção da velocidade seguiu a meto<strong>do</strong>logia descrita em GREGORY &<br />
WALLING (1973), onde o intervalo entre duas verticais não deve exceder a 5% da largura total<br />
<strong>do</strong> rio e a vazão <strong>do</strong> segmento forma<strong>do</strong> por duas verticais adjacentes não deve exceder a 10%<br />
da vazão total. A vazão total foi obtida pelo somatório das vazões de cada segmento,<br />
calculadas pelo méto<strong>do</strong> da secção média, que pode ser observada abaixo:<br />
62
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
3 v2<br />
D2<br />
Vazão <strong>do</strong> segmento(<br />
m / s)<br />
= v1<br />
+ × D1<br />
+ × b<br />
2 2<br />
Onde:<br />
V1 e V2 = representam as velocidades médias de duas verticais adjacentes, em (m/s);<br />
D1 e D2 = representam as profundidades das verticais em metros;<br />
b = representa a largura <strong>do</strong> segmento em metros.<br />
Com as medições diárias de nível e chuva foram elabora<strong>do</strong>s gráficos mensais onde se<br />
determinaram as médias encontradas em cada mês monitora<strong>do</strong>.<br />
5.1.5 Parâmetros físico-químicos e biológicos<br />
Para caracterizar e avaliar os impactos causa<strong>do</strong>s pelas cargas orgânicas oriundas das<br />
atividades agropecuárias e ten<strong>do</strong> como critérios os interesses ambientais e sanitários foram<br />
seleciona<strong>do</strong>s alguns parâmetros de qualidade das águas.<br />
As amostras de águas superficiais foram coletadas, com freqüência mensal, nos sete<br />
pontos de monitoramento, a partir de julho de 2002, por meio de garrafas <strong>do</strong> tipo Van Dorn,<br />
para medição <strong>do</strong>s seguintes parâmetros físicos e químicos: Temperatura <strong>do</strong> ar, Temperatura<br />
da água, pH, Condutividade, Turbidez, Sóli<strong>do</strong>s em Suspensão totais, Sóli<strong>do</strong>s totais, Oxigênio<br />
Dissolvi<strong>do</strong>, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda Química de Oxigênio, Coliformes<br />
fecais e totais, Nitrito, Nitrato, Nitrogênio amoniacal, Fósforo total, Cobre e Zinco.<br />
As coletas de amostras para determinação de macroinvertebra<strong>do</strong>s foram realizadas<br />
nos mesmos pontos de amostragem de águas superficiais. A amostragem de material biológico<br />
foi realizada com freqüência mensal, durante o perío<strong>do</strong> de setembro de 2002 a março de 2003.<br />
Foram, ainda, confecionadas e colocadas no leito <strong>do</strong> rio, armadilhas de tubos de PVC<br />
perfura<strong>do</strong>s, conten<strong>do</strong> seixos rola<strong>do</strong>s <strong>do</strong> próprio rio. Essas armadilhas eram recolhidas<br />
mensalmente, no perío<strong>do</strong> de amostragem, para identificação <strong>do</strong>s macroinvertebra<strong>do</strong>s<br />
encontra<strong>do</strong>s nas pedras.<br />
As informações resumidas obtidas nos relatórios produzi<strong>do</strong>s pela equipe <strong>do</strong> Projeto,<br />
bem como a estratégia de monitoramento a<strong>do</strong>tada são indicada na Tabela 19.<br />
63
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 19 – Estratégia de monitoramento usada nas bacias.<br />
Tipo de Nº. pontos de<br />
Da<strong>do</strong>s hidrológicos e<br />
metrológicos<br />
Qualidade das águas<br />
superficiais<br />
Macroinvertebra<strong>do</strong>s em<br />
águas superficiais,<br />
incluin<strong>do</strong> armadilhas<br />
Macroinvertebra<strong>do</strong>s em<br />
sedimentos<br />
Toxicidade em<br />
sedimentos<br />
monitoramento<br />
monitoramento<br />
Freqüência Data de<br />
início<br />
Sistemático 07 Diária Jul./2002<br />
Sistemático<br />
convencional<br />
07 Mensal Jul./2002<br />
Sistemático 07 Mensal Set./2002<br />
Campanha<br />
pontual<br />
Campanhas<br />
pontuais<br />
05 - Nov./2002<br />
Variável - Nov./2002<br />
Out./Nov./2<br />
003<br />
Nutrientes em solos Sistemático 14 propriedades - -<br />
O <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina definiu o monitoramento sistemático das águas<br />
superficiais, cujos resulta<strong>do</strong>s priorizaram o cálculo <strong>do</strong> IQA (Índice de Qualidade de Água).<br />
5.1.6 Análise multivariada<br />
A análise multivariada é a área da análise estatística que se preocupa com as relações<br />
entre variáveis dependentes. Esta análise apresenta duas características principais. Os valores<br />
das diferentes variáveis devem ser obti<strong>do</strong>s sobre os mesmos parâmetros e que as mesmas<br />
devem ser interdependentes e consideradas simultaneamente. Utilizada em problemas onde<br />
diversas variáveis são estudadas simultaneamente, a análise multivariada possibilita a<br />
observação da maneira com que as variáveis se inter-relacionam. Essa análise pode ser feita<br />
por vários meios estatísticos, entretanto, aqui foram emprega<strong>do</strong>s apenas <strong>do</strong>is. Correlação e<br />
análise de componentes principais.<br />
A correlação é a medida padronizada da relação entre duas variáveis. O coeficiente de<br />
correlação, simboliza<strong>do</strong> pela letra r, representa a intensidade da relação linear entre duas<br />
variáveis. É uma interpretação puramente matemática e está completamente isenta de<br />
qualquer implicação de causa e efeito.<br />
O coeficiente de correlação (r) é defini<strong>do</strong> pela fórmula:<br />
r =<br />
n<br />
∑<br />
i=<br />
1<br />
( x − x)(<br />
y − y)<br />
i<br />
( n −1)<br />
s<br />
x<br />
i<br />
s<br />
y<br />
Onde:<br />
( − x)<br />
e ( y − y)<br />
= desvio das variáveis em relação à média<br />
s<br />
xi i<br />
x<br />
e s = os <strong>do</strong>is desvios-padrão da amostra<br />
y<br />
n = número de pontos<br />
Deve satisfazer as inequações: -1 ≤ r ≤ 1 e que os valores de r só serão iguais a mais<br />
1 ou menos 1 no caso de os pontos estarem totalmente em linha reta.<br />
64
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Uma correlação próxima a zero indica que as duas variáveis não estão relacionadas.<br />
Uma correlação positiva indica que as duas variáveis movem juntas, e a relação é forte quanto<br />
mais a correlação se aproxima de um. Uma correlação negativa indica que as duas variáveis<br />
movem-se em direções opostas, e que a relação também fica mais forte quanto mais próxima<br />
de menos 1 a correlação ficar.<br />
A análise de componentes principais (ACP) busca selecionar os mais significativos<br />
parâmetros envolvi<strong>do</strong>s. As componentes principais (CP) são modeladas por processos de<br />
regressão múltipla, geran<strong>do</strong>-se como resulta<strong>do</strong> um modelo que estima a produtividade de cada<br />
parcela. Este procedimento visa uma diminuição da quantidade de da<strong>do</strong>s, facilitan<strong>do</strong> o<br />
processo de análise e diminuin<strong>do</strong> o efeito de acúmulo de erros decorrentes <strong>do</strong> processo de<br />
interpolação digital, pois, a modelagem estatística só seria feita para os da<strong>do</strong>s resultantes da<br />
modelagem por ACP.<br />
A meto<strong>do</strong>logia consiste em transformar o conjunto de variáveis “p” X1, X2, ..., Xp, em<br />
um novo conjunto de p componentes CP1, CP2, ..., CPp, os quais basea<strong>do</strong>s nos da<strong>do</strong>s<br />
padroniza<strong>do</strong>s são:<br />
CP1 = a11x1 + a12x2 + ... + a1pxp<br />
CP2 = a21x1 + a22x2 + ... + a2pxp<br />
CPp = ap1x1 + ap2x2 + ... + appxp<br />
Onde:<br />
a´1w = [a11 a12 … a1p] – vetor <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação <strong>do</strong> CP1<br />
a´2w = [a21 a22 … a2p] – vetor <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação <strong>do</strong> CP2<br />
a´pw = [ap1 ap2 … app] – vetor <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação <strong>do</strong> CPp<br />
X1<br />
− X1<br />
x1<br />
= = variável X1<br />
padronizada<br />
s(X )<br />
x<br />
x<br />
2<br />
p<br />
1<br />
X2<br />
− X<br />
=<br />
s(X )<br />
2<br />
2<br />
Xp<br />
− X<br />
=<br />
s(X )<br />
p<br />
p<br />
= variável X2<br />
padronizada<br />
= variável Xp<br />
padronizada<br />
V (CP1) = λ1 (primeiro autovalor da matriz R)<br />
V (CP2) = λ2 (primeiro autovalor da matriz R)<br />
V (CPp) = λp (primeiro autovalor da matriz R)<br />
V (CP1) ≥ V (CP2) ≥ ... ≥ V (CPp)<br />
COV (CP1, CP2) = COV (CP1, CPP) = COV (CP2, CPp) = 0<br />
Para p variáveis, serão determina<strong>do</strong>s p autovalores, sen<strong>do</strong> λ1 > λ2 > ... >λp. A cada<br />
autovalor corresponde um autovetor. Para o autovalor λ1 determina-se o autovetor a1w a partir<br />
da solução <strong>do</strong> sistema a seguir:<br />
[R - λ1] a1w = φ<br />
onde:<br />
a´1w = [a11 a12 … a1p] = autovetor a1w não normaliza<strong>do</strong><br />
φ = vetor nulo de dimensões p x 1.<br />
O autovetor a1w* normaliza<strong>do</strong> é da<strong>do</strong> por:<br />
65
a<br />
*<br />
1w<br />
⎡ *<br />
a ⎤<br />
⎢ 11 ⎥<br />
⎢ * ⎥<br />
⎢a<br />
⎥<br />
= 12<br />
⎢ ⎥<br />
=<br />
⎢ ... ⎥<br />
⎢ ⎥ *<br />
⎢ a<br />
⎣<br />
⎥ 1p ⎦<br />
p<br />
∑<br />
w=<br />
1<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
a<br />
2<br />
+<br />
11<br />
* 2<br />
Em que: a 1<br />
1w =<br />
a<br />
1<br />
2<br />
+ ... +<br />
12<br />
a<br />
2<br />
1p<br />
⎡<br />
a<br />
⎢ 11<br />
⎢<br />
⎢a<br />
12<br />
⎢<br />
⎢ ...<br />
⎢<br />
⎢ a<br />
⎣<br />
1p<br />
⎤<br />
⎥<br />
⎥<br />
⎥<br />
⎥<br />
⎥<br />
⎥<br />
⎥<br />
⎦<br />
A importância relativa de um componente principal é avaliada pela porcentagem da<br />
variância total que ele explica. Em geral, para interpretar os da<strong>do</strong>s com sucesso, basta<br />
escolher os primeiros componentes que envolvem pelo menos 70% da variância. Selecionamse<br />
os CP1, CP2, ..., CPk, tal que:<br />
λ1<br />
+ λ + ... + λk<br />
× 100 ≥ 70%<br />
λ<br />
2<br />
p<br />
∑<br />
w=<br />
1<br />
w<br />
A importância ou influência que cada variável exerce sobre o componente principal, é<br />
dada pela correlação entre cada variável Xw e o componente CPw, que está sen<strong>do</strong> interpreta<strong>do</strong>.<br />
Basea<strong>do</strong> no princípio de que a importância relativa <strong>do</strong>s componentes principais decresce <strong>do</strong><br />
primeiro para o último, tem-se que os últimos componentes são responsáveis pela explicação<br />
de uma pequena porção da variável disponível. Assim, a variável que apresentar maior<br />
correlação com o componente de menor autovalor, será considerada de menor importância<br />
para explicar a variabilidade <strong>do</strong> material estuda<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> passível de descarte.<br />
Os escores relativos a cada tratamento de cada componente, são estima<strong>do</strong>s com base<br />
nos valores <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação associa<strong>do</strong>s aos valores padroniza<strong>do</strong>s das p<br />
variáveis estudadas. A dispersão destes escores em eixos cartesianos indicará quais são os<br />
tratamentos mais divergentes.<br />
Para analisar os da<strong>do</strong>s das duas bacias estudadas, foi utiliza<strong>do</strong> o programa<br />
computacional – Sistema Para Análises Estatísticas SAEG versão 8.x, da Universidade Federal<br />
de Viçosa – Minas Gerais, sen<strong>do</strong> atualmente é muito utiliza<strong>do</strong> em empresas públicas, privadas<br />
e universidades brasileiras e sul-americanas.<br />
5.2 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento hidrológico e climatológico<br />
5.2.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Foram analisa<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s de precipitação pluviométrica e leituras de nível <strong>do</strong> Rio da<br />
bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos – Concórdia/SC.<br />
Na Figura 30 é possível observar que as chuvas médias mensais registradas na<br />
estação Concórdia no ano de 2005 foram superiores as chuvas médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de<br />
2000 a 2004 na maior parte <strong>do</strong> ano, com exceção <strong>do</strong>s meses de fevereiro, março, julho,<br />
novembro e dezembro. Já as chuvas médias mensais registradas no ano de 2006 (até o mês<br />
de junho) foram inferiores as chuvas médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2005, com exceção<br />
de março cuja média registrada em 2006 foi superior em cerca de duas vezes da média <strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong>.<br />
66
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Observa-se que nos três meses de 2005 em que houve coleta de amostras para o<br />
monitoramento da qualidade da água (janeiro, fevereiro e marco), o mês de janeiro apresentou<br />
chuva média mensal superior à média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2004. Já os meses fevereiro e<br />
março ficaram abaixo dessa média, sen<strong>do</strong> que em fevereiro o volume de chuva precipita<strong>do</strong> em<br />
2005 correspondeu a 18,7% da média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2004.<br />
No mês de junho de 2006, em que houve uma campanha para coleta de amostras de<br />
água, o volume de chuva precipita<strong>do</strong> ficou muito próximo da média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2005,<br />
porém nos <strong>do</strong>is meses anteriores (abril e maio) os volumes foram muito inferiores à média e<br />
corresponderam em cerca de 29,6% e 18%, respectivamente.<br />
Precipitação mensal (mm)<br />
Precipitação mensal (mm)<br />
Regime Pluviométrico - Estação Concórdia<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Regime Pluviométrico - Estação Concórdia<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
Meses<br />
67<br />
Média 2000-2004 Total 2005<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Meses<br />
Média 2000-2005 Total 2006<br />
Figura 30 – Regime pluviométrico da estação Concórdia no perío<strong>do</strong> de 2000 a 2006.<br />
5.2.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
Na Figura 31 é possível observar que as chuvas médias mensais registradas na<br />
estação Braço <strong>do</strong> Norte em 2005 foram inferiores as chuvas médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de<br />
2000 a 2004 na maior parte <strong>do</strong> ano, com exceção <strong>do</strong>s meses maio, agosto, setembro e<br />
outubro. O mesmo ocorre no ano de 2006 (até o mês de junho) onde as chuvas médias<br />
registradas foram inferiores as médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2005, com exceção de<br />
janeiro e abril cujas médias em 2006 foram superiores à média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Observa-se que nos meses onde houve coletas de amostras de água (novembro e<br />
dezembro de 2005 e janeiro, fevereiro e abril de 2006) as chuvas médias mensais registradas<br />
foram menores que as médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> anterior, exceto nos meses janeiro e abril.<br />
Regime Pluviométrico - Estação Braço <strong>do</strong> Norte<br />
Precipitação mensal (mm)<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Meses<br />
Regime Pluviométrico - Estação Braço <strong>do</strong> Norte<br />
Precipitação mensal (mm)<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
68<br />
Média 2001-2004 Total 2005<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Meses<br />
Média 2001-2005 Total 2006<br />
Figura 31 – Regime pluviométrico da estação Braço <strong>do</strong> Norte no perío<strong>do</strong> de 2000 a 2006.<br />
5.2.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento físico-químico e biológico da água<br />
Foram seleciona<strong>do</strong>s alguns <strong>do</strong>s parâmetros de qualidade da água que caracterizam as<br />
influências da atividade suinícola e o lançamento de efluentes em corpos hídricos para realizar<br />
a análise comparativa <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no monitoramento da qualidade da água durante<br />
os anos de 2002 a 2006.<br />
Esta análise foi baseada na comparação de resulta<strong>do</strong>s pontuais em um determina<strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong> com as médias obtidas pela série de da<strong>do</strong>s correspondentes ao perío<strong>do</strong> de 2002 a<br />
2004 das bacias estudadas.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
5.2.3.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Observan<strong>do</strong> a Figura 32 verifica-se que a média das coletas de 2005 para nitrato (NO3)<br />
e nitrogênio amoniacal (N-NH3) foram inferiores às médias da série de da<strong>do</strong>s (2002 - 2004)<br />
para os respectivos parâmetros, embora não seja possível observar no gráfico <strong>do</strong> NO3 devi<strong>do</strong><br />
aos eleva<strong>do</strong>s valores encontra<strong>do</strong>s na coleta de junho de 2006. Estes merecem destaque, pois<br />
foram os maiores valores de NO3 registra<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> monitora<strong>do</strong>.<br />
Quanto ao N-NH3 na coleta de jun/06, este apresentou valores semelhantes à média da<br />
série apenas nos pontos FG3, FG6 e FG7.<br />
Nitrato (mg/L)<br />
45,0<br />
36,0<br />
27,0<br />
18,0<br />
9,0<br />
0,0<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
N_amoniacal (mg/L)<br />
69<br />
0,8<br />
0,6<br />
0,4<br />
0,2<br />
0,0<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 32 – Nitrato e nitrogênio amoniacal: comparação anual (2002 a 2006).<br />
As médias das três amostragens em 2005 para os parâmetros oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (OD)<br />
e pH (Figura 33) apresentaram uma pequena variação em relação à média da série de da<strong>do</strong>s<br />
(2002 - 2004). O OD ficou abaixo da referida média e o pH ficou acima.<br />
Já a coleta de jun/06 registrou valores de pH superiores à média da série, exceto nos<br />
pontos FG4, FG6 e FG7, e o OD apresentou valores semelhante a tal média, exceto nos <strong>do</strong>is<br />
primeiros pontos que apresentaram valores bem inferiores. É importante salientar que a<br />
situação encontrada durante a realização da campanha de jun/06 era bastante crítica com<br />
relação à vazão <strong>do</strong> lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e de seus afluentes, e que em tais situações a<br />
tendência é o aumento das concentrações <strong>do</strong>s parâmetros.<br />
Oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (mg/L)<br />
9,0<br />
8,0<br />
7,0<br />
6,0<br />
5,0<br />
4,0<br />
3,0<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 33 – OD e pH: comparação anual (2002 a 2006).<br />
pH<br />
8,5<br />
8,0<br />
7,5<br />
7,0<br />
6,5<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
Analisan<strong>do</strong> a Figura 34 verifica-se que a média das coletas de 2005 e os valores<br />
encontra<strong>do</strong>s em jun/06 para a demanda química de oxigênio (DQO) foram inferiores à média<br />
da série de da<strong>do</strong>s (2002 – 2004). O mesmo ocorreu com os valores de jun/06 para a DBO5 a<br />
partir <strong>do</strong> ponto FG3, pois os <strong>do</strong>is primeiros pontos registraram valores em 2005 e 2006 acima<br />
de média da série. Nos demais pontos de coleta a média de jan - mar/05 para a DBO5 foi<br />
semelhante à média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2002 - 2004.
DBO5 (mg/L)<br />
7,0<br />
6,0<br />
5,0<br />
4,0<br />
3,0<br />
2,0<br />
1,0<br />
0,0<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 34 – DQO e DBO5: comparação anual (2002 a 2006).<br />
DQO (mg/L)<br />
70<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
Quanto ao fosfato e coliformes termotolerantes (Figura 35), estes apresentaram<br />
comportamentos diferentes. O fosfato nas coletas de 2005 foi superior à média da série de<br />
da<strong>do</strong>s (2002 – 2004) e os coliformes termotolerantes nas coletas de 2005 e 2006 foram<br />
inferiores a essa média, exceto no ponto FG6. Neste ponto de coleta a média das campanhas<br />
de 2005 ficou acima, porém muito próxima da média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2002 - 2004.<br />
Fosfato (mg/L)<br />
0,35<br />
0,28<br />
0,21<br />
0,14<br />
0,07<br />
0,00<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
100.000<br />
Figura 35 – Fosfato e coliformes, comparação anual (2002 a 2006).<br />
Coliformes Fecais (NMP/100mL)<br />
10.000<br />
1.000<br />
100<br />
10<br />
1<br />
Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />
FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Pontos de Coleta<br />
Em de junho de 2006, foi executada a última campanha de amostragem de água as<br />
análises laboratoriais <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos e bacteriológicos foram efetuadas sob a<br />
responsabilidade <strong>do</strong> Laboratório ANALYTICAL SOLUTIONS. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em campo<br />
e nas análises laboratoriais são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 20.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Tabela 20 – Planilha de resulta<strong>do</strong>s das amostragens realizadas na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Parâmetro Unidades<br />
Padrão Conama<br />
357/05 classe II FG1 FG2 FG3<br />
Pontos<br />
FG4 FG5 FG6 FG7<br />
Temperatura da água °C - 12,3 12,2 12,4 12,4 11,8 11,5 12,0<br />
Oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />
mg/L<br />
%<br />
>5,0<br />
-<br />
3,90<br />
44,28<br />
4,66<br />
54,55<br />
8,40<br />
87,71<br />
7,30<br />
74,6<br />
7,56<br />
73,25<br />
7,8<br />
73,8<br />
7,02<br />
66,4<br />
PH - 6,0 a 9,0 7,81 7,67 8,05 7,32 7,57 6,98 7,29<br />
Condutividade µS/cm - 134,0 383 1012 819 303 86 170<br />
Fósforo total mg/L 0,1 ND 0,439 0,487 ND 0,355 ND 0,459<br />
Nitrogênio amoniacal mg/L (*) 0,19 0,35 0,20 0,07 0,18 0,11 0,69<br />
Nitrito mg/L 1,0 0,019 0,137 0,048 0,003 0,200 0,010 0,016<br />
Nitrato mg/L 10,0 8,526 33,029 44,127 15,725 33,820 2,157 4,036<br />
DBO mg/L
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
As concentrações de coliformes totais encontradas estavam um pouco elevadas,<br />
principalmente no ponto FG2.<br />
Para a série de sóli<strong>do</strong>s verificou-se que as concentrações encontradas em to<strong>do</strong>s os<br />
pontos foram inferiores a 100 mg/L, que foi o limite de quantificação (LQ) <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong><br />
pelo laboratório. Nas próximas campanhas será solicita<strong>do</strong> ao laboratório que o limite de<br />
quantificação seja de 1,0 mg/L.<br />
Nas amostras coletadas não foram detectadas concentrações <strong>do</strong>s metais cobre e zinco.<br />
5.2.3.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />
A coleta e análise <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos foram executadas pela equipe da<br />
Unisul (Universidade <strong>do</strong> Sul de Santa Catarina) unidade de Tubarão.<br />
A Tabela 21 mostra os resulta<strong>do</strong>s médios obti<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s em<br />
vermelho indicam que estes estão acima <strong>do</strong> limite estabeleci<strong>do</strong> pela CONAMA Resolução<br />
357/2005.<br />
Tabela 21 – Resulta<strong>do</strong>s da coleta na bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito em 2004.<br />
Conama<br />
Parâmetros Unidade 357 Classe<br />
2<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Coliformes totais NMP/100mL 5.000 240.000 240.000 240.000 240.000 240.000 240.000 240.000<br />
Coliformes fecais NMP/100mL 1.000 1.100 240.000 92.000 240.000 1.100 5.400 35.000<br />
Turbidez NTU 100 15,2 356,0 38,0 83,0 14,5 25,0 14,8<br />
DQO mg/L 55,7 55,7 65,0 27,8 74,2 18,6 9,3<br />
Condutividade µS/cm 49,1 104,0 100,8 134,0 61,8 68,8 71,8<br />
Sóli<strong>do</strong>s suspensos mg/L 10,4 32,4 6,8 0,8 3,6 22,0 20,0<br />
Sóli<strong>do</strong>s sedimentáveis mL/L/h 2,5 0,1 0,3 0,1 0,2 0,1 0,1<br />
sóli<strong>do</strong>s dissolvi<strong>do</strong>s mg/L 250 97,2 112,4 110,8 195,6 94,8 80,0 77,6<br />
sóli<strong>do</strong>s totais mg/L 107,6 144,8 117,6 196,4 98,4 102,0 97,6<br />
Nitrato mg/L 10 0,31 0,53 0,42 0,51 0,33 0,32 0,24<br />
Nitrogênio amoniacal mg/L 1,0 0,92 4,00 0,61 4,60 0,46 1,10 0,31<br />
Orto-fosfato mg/L 0,16 0,25 0,00 0,73 0,00 0,00 0,85<br />
Nitrito mg/L 1,0 0,00 0,026 0,063 0,043 0,00 0,014 0,0094<br />
DBO5 mg/L < 5,0 8,0 14,0 10,0 5,0 28,0 2,0 0,1<br />
pH 6 - 9 6,50 6,12 5,73 5,96 6,01 6,49 6,76<br />
Oxigênio dissolvi<strong>do</strong> mg/L > 5,0 11,7 9,1 8,5 8,7 9,6 8,3 8,5<br />
Temperatura <strong>do</strong> ar<br />
Temperatura da<br />
°C 15,9 21,0 20,5 22,1 24,5 24,5 30,7<br />
água °C 16,0 20,6 20,0 21,2 21,3 21,0 23,9<br />
Vazão L/S 0,1 0,4 455,4 7,7 812,5 787,9 1.002,3<br />
A colimetria (coliformes fecais e totais) apresentou-se elevada em to<strong>do</strong>s os pontos de<br />
coleta. Os coliformes fecais foram extremamente altos, entretanto nos pontos CB1 e CB5 os<br />
resulta<strong>do</strong>s ultrapassaram em 100 NMP/100mL o limite da legislação (1.000 NMP/100mL). Já<br />
com relação aos coliformes totais, to<strong>do</strong>s os pontos atingiram o limite máximo de detecção <strong>do</strong><br />
méto<strong>do</strong> analítico (240.000 NMP/100mL).<br />
A turbidez foi baixa em fevereiro de 2004, exceto no CB2 que ultrapassou o limite da<br />
legislação (100 UNT) e pode ter si<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> por um escoamento superficial devi<strong>do</strong> à uma<br />
precipitação pluviométrica, embora exista nas proximidades, atividades como: abate<strong>do</strong>uros e<br />
industrialização de embuti<strong>do</strong>s.<br />
O nitrogênio amoniacal apresentou valores eleva<strong>do</strong>s nos pontos CB2 (4,0 mg/L), CB4<br />
(4,6 mg/L) e CB6 (1,1 mg/L). Já os nitritos e nitratos ficaram bem abaixo <strong>do</strong>s seus respectivos<br />
limites (1,0 e 10,0 mg/L).<br />
72
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
A DBO5 ficou abaixo <strong>do</strong> limite (5,0 mg/L) somente nos pontos CB4, CB6 e a DQO foi<br />
baixa no ponto CB7. O pH ficou fora da faixa recomendada pela legislação (entre 6,0 e 9,0)<br />
somente nos pontos CB3 e CB4. O oxigênio dissolvi<strong>do</strong> apresentou níveis bons, acima de 8,3<br />
mg/L e a condutividade e os sóli<strong>do</strong>s apresentaram valores normais se compara<strong>do</strong>s aos<br />
encontra<strong>do</strong>s no monitoramento em 2003. Na Figura 38, é possível comparar a média das<br />
coletas realizadas no perío<strong>do</strong> de 2002/4 com 2005/6, para o nitrato (NO3) e o nitrogênio<br />
amoniacal (N-NH3), sen<strong>do</strong> os valores observa<strong>do</strong>s inferiores às médias da série de da<strong>do</strong>s (2002<br />
- 2004) para os respectivos parâmetros. Destaque para os pontos CB7 e CB5 que as médias<br />
ficaram bem próximas da média da série para NO3 e N-NH3, respectivamente.<br />
Nitrato (mg/L)<br />
Figura 38 – Nitrato e nitrogênio amoniacal: comparação anual (2002 a 2006).<br />
Os valores médios das coletas de 2005 e 2006 para as variáveis: oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />
(OD) e pH (Figura 39), apresentaram comportamento diferente em relação à média da série de<br />
da<strong>do</strong>s. O OD ficou abaixo da média da série, com destaque para os pontos CB1 e CB4 que<br />
registraram os menores valores, e o pH apresentou média semelhante à média da série, porém<br />
com valores um pouco superiores, exceto no ponto CB3.<br />
Oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (mg/L)<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
9<br />
8<br />
6<br />
5<br />
3<br />
2<br />
0<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 39 – OD e pH: comparação anual (2002 a 2006).<br />
pH<br />
73<br />
8,0<br />
7,5<br />
7,0<br />
6,5<br />
6,0<br />
5,5<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Analisan<strong>do</strong> a Figura 40 verificou-se que os valores médios das coletas de 2005 e 2006<br />
para DBO5 e DQO foram inferiores às médias da série de da<strong>do</strong>s (2002 - 2004) para os<br />
respectivos parâmetros, exceto nos pontos CB5 e CB7. Estes pontos apresentaram valores<br />
médios para a DQO acima da média da série de da<strong>do</strong>s.<br />
Nitrogênio amoniacal (mg/L)<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta
DQO (mg/L)<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
DBO5 (mg/L)<br />
74<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 40 – DQO e DBO5: comparação anual (2002 a 2006).<br />
Quanto ao fosfato e coliformes termotolerantes (Figura 41), estes também apresentaram<br />
comportamentos diferentes. Os valores médios <strong>do</strong> fosfato nas coletas de 2005 e 2006 foi<br />
superior à média da série de da<strong>do</strong>s (2002 – 2004), exceto nos pontos CB6 e CB7.<br />
Já os coliformes termotolerantes nas coletas de 2005 e 2006 foram inferiores à média<br />
da série, exceto no ponto CB7.<br />
Fosfato (mg/L)<br />
2,0<br />
1,6<br />
1,2<br />
0,8<br />
0,4<br />
0,0<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Coliformes Fecais (NMP/100mL)<br />
1.000.000<br />
100.000<br />
10.000<br />
1.000<br />
100<br />
10<br />
1<br />
Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 41 – Fosfato e coliformes termotolarentes: comparação anual (2002 a 2006).<br />
Conforme Figura 42, a vazão média aumentou ao longo <strong>do</strong>s pontos sen<strong>do</strong> o menor<br />
valor médio encontra<strong>do</strong> na nascente (CB1) e o maior na foz <strong>do</strong> rio (CB7) com os valores<br />
varian<strong>do</strong> de 0,19 L/s à 47 L/s respectivamente. Com relação a turbidez, verificou-se pouca<br />
variação entre os pontos e dentro <strong>do</strong> padrão exigi<strong>do</strong> pelo Conama (
Condutividade Elétrica ( µS/cm)<br />
150<br />
120<br />
90<br />
60<br />
30<br />
0<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
MÉDIA<br />
Orto_fosfato (mg/L)<br />
75<br />
2,5<br />
2,0<br />
1,5<br />
1,0<br />
0,5<br />
0,0<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
Figura 43 – Médias da condutividade elétrica e orto-fosfato nos meses de nov/05 à abr/06.<br />
As médias <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s dissolvi<strong>do</strong>s variaram entre 58,6 mg/L (CB3) e 108,7 mg/L (CB4).<br />
Esses valores ficaram bem abaixo <strong>do</strong> recomenda<strong>do</strong> (
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
O limite mínimo de detecção <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> analítico para a DBO5 foi de 1 mg/L. Dessa<br />
forma os valores médios podem estar um pouco acima <strong>do</strong> valor real, já que em alguns pontos<br />
esse parâmetro poderia apresentar valores inferires a esse mínimo. Ao avaliar os resulta<strong>do</strong>s<br />
para esse parâmetro (Figura 46) verificou-se que as médias calculadas ficaram acima <strong>do</strong> limite<br />
(
Coliformes Fecais (NMP/100mL)<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
1.000.000<br />
100.000<br />
10.000<br />
1.000<br />
100<br />
10<br />
1<br />
CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />
Pontos de Coleta<br />
77<br />
MÉDIA<br />
Figura 48 – Médias <strong>do</strong>s coliformes fecais nos meses de nov/05 à abr/06.<br />
5.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> biomonitoramento correlaciona<strong>do</strong>s aos parâmetros<br />
físico-químicos<br />
Os macroinvertebra<strong>do</strong>s bentônicos representam um elemento importante na estrutura<br />
e funcionamento <strong>do</strong>s ecossistemas aquáticos e sua distribuição é influenciada pelas<br />
características <strong>do</strong> sedimento, morfologia das margens, profundidade, natureza química <strong>do</strong><br />
substrato, vegetação, competição entre as diferentes espécies e disponibilidade de fontes<br />
alimentares. Os macroinvertebra<strong>do</strong>s fitófilos incluem todas as espécies de invertebra<strong>do</strong>s<br />
associa<strong>do</strong>s às plantas aquáticas. Assim, as macrófitas oferecem boas condições de<br />
sobrevivência porque proporcionam abrigo, refúgio, local de oviposição e recursos alimentares.<br />
As macrófitas foram coletadas manualmente dentro de um quadra<strong>do</strong> de 50 x 50cm<br />
repetin<strong>do</strong> três vezes este procedimento em cada ponto de coleta. O material foi acondiciona<strong>do</strong><br />
em sacos plásticos etiqueta<strong>do</strong>s.<br />
O perío<strong>do</strong> 2002/2003 foi suficiente para avaliar a qualidade da água nas bacias, antes<br />
das intervenções realizadas pelo Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II, e os<br />
macroinvertebra<strong>do</strong>s acrescentaram muitas informações importantes mostran<strong>do</strong> que é uma<br />
ferramenta importante na avaliação da qualidade de água superficial de uma bacia hidrográfica.<br />
Analisan<strong>do</strong> os seguintes parâmetros: teor de oxigênio, temperatura da água,<br />
temperatura <strong>do</strong> ar, quantidade de material suspenso, consumo de oxigênio, carga de<br />
nutrientes, desenvolvimento de uma comunidade autóctone e distribuição de formas bióticas<br />
adaptadas em dependência da velocidade da água, obtém-se uma divisão ecológica,<br />
hipotética, <strong>do</strong> rio. As regiões diferenciavam através desses parâmetros foram denominadas<br />
Crenal (região da fonte), Ritral (região de arroio) e Potamal (região <strong>do</strong> rio). O rio é uma<br />
seqüência de ecossistemas distintos, e a subdivisão <strong>do</strong>s vários habitats nesses ecossistemas<br />
torna-se necessária pelas modificações morfológicas que sofre o substrato ao longo <strong>do</strong> rio.<br />
Durante o trabalho de campo observamos que os MIBs (Macro Invertebra<strong>do</strong>s<br />
Bentónicos) coleta<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> rio revelaram uma diminuição da biodiversidade da região<br />
crenal à potamal. Segun<strong>do</strong> COUTINHO (2001), da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s pelo CIRAM-EPAGRI em<br />
1999 mostraram que as propriedades em torno <strong>do</strong> ponto de coleta FG1 produzem poucos<br />
suínos, portanto, o volume de dejetos que poderia ser lança<strong>do</strong> ao rio é baixo, sen<strong>do</strong> esta região<br />
classificada na época como pouco poluída. Este fator, alia<strong>do</strong> a pequena floresta remanescente<br />
encontrada no local pode explicar a biodiversidade presente no rio na porção crenal. Por outro<br />
la<strong>do</strong>, os pontos FG4 e FG5 encontravam-se em áreas altamente poluídas com uma produção<br />
de dejetos apresentan<strong>do</strong> altos valores de fósforo, nitrogênio amoniacal e coliformes fecais.<br />
Nestes pontos foram coleta<strong>do</strong>s bivalves das famílias Corbiculidae, Sphaer<strong>ii</strong>dae e<br />
Mycetopodidae, bem como gastrópodes da Família Lymnaedae. Organismos como<br />
nematódeos, gastrópodes, bivalves e oligoquetas são associa<strong>do</strong>s aos ambientes com maiores
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
teores de matéria orgânica. Os bivalves, especificamente, indicam a presença de grande<br />
quantidade de matéria orgânica e não de metais, pois, como são bioacumula<strong>do</strong>res, os metais<br />
ocasionariam a morte <strong>do</strong>s mesmos.<br />
As famílias como CHIRONOMIDAE, SIMULIDAE e HIRUDIDAE coletadas na bacia de<br />
Fragosos, são muito tolerantes à contaminação por resíduos orgânicos, segun<strong>do</strong> BMWP<br />
(Biological Monitoring Worqiung Party System). A Família Simul<strong>ii</strong>dae apesar de ser<br />
característica de águas limpas vem sen<strong>do</strong> estudada como bioindica<strong>do</strong>r da qualidade da água<br />
na bacia hidrográfica Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos. Os níveis de coliformes fecais, entre outras<br />
variáveis, influenciam indiretamente no aumento da população deste inseto. Simulideos foram<br />
coleta<strong>do</strong>s principalmente no ponto FG2, que é próximo à região urbana de Concórdia e que<br />
recebe parte <strong>do</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico. Os Quironomídeos são indica<strong>do</strong>res de águas contaminadas<br />
e ficam em contato com o sedimento sen<strong>do</strong> responsáveis pelo revolvimento <strong>do</strong> mesmo,<br />
liberan<strong>do</strong> nutrientes à coluna da água.<br />
Os gêneros Agrion, Psephenus, Simulium, Atoperla, e Astenophylax possuem uma<br />
variedade de adaptações ocorren<strong>do</strong> na porção de maior correnteza <strong>do</strong> rio. Estes gêneros que<br />
preferem a correnteza possuem forma <strong>do</strong> corpo achatada <strong>do</strong>rsoventralmente, unhas e<br />
substancias viscosas utilizadas para grudar-se nas pedras ten<strong>do</strong> preferencia pelo sedimento<br />
rochoso de seixos rola<strong>do</strong>s de tamanhos variáveis. Já os gêneros Coenagrion, Cloeon,<br />
Parameletus e Somatochlora que preferem áreas de remanso e sedimento fino como argilas e<br />
areias possuem forma <strong>do</strong> corpo mais volumosa e são de tamanhos maiores<br />
A fauna bentônica possui nítida dependência da velocidade da água e forma <strong>do</strong><br />
substrato. Algumas formas apresentam capacidade de fixação ao substrato, por meio de<br />
secreção de muco ou através <strong>do</strong> formato especial da concha de moluscos e crustáceos. Outro<br />
grupo de fixação ativa são as larvas de insetos, onde a fixação ao substrato é realizada com a<br />
utilização de ventosas. Outras formas que necessitam uma movimentação mais intensa<br />
aproveitam-se de um local de menor velocidade da água, em contato com a superfície, no leito,<br />
ou na região de água morta, onde o leito é pedregoso.<br />
O mês de setembro foi onde se registrou a maior vazão no rio, parâmetro este que<br />
pode afetar a distribuição de macroinvertebra<strong>do</strong>s bentônicos e também pode ser um fator de<br />
diluição de substancias toxicas na água. Neste mês em decorrência da alta vazão observamos<br />
um aumento <strong>do</strong> fósforo, nitrogênio, de coliformes e da turbidez. O aumento da vazão em rios<br />
de pequena ordem são condiciona<strong>do</strong>s pela precipitação local devi<strong>do</strong> a alta declividade e a<br />
baixa capacidade retenção da mesma. A falta da vegetação nativa que se comporta como uma<br />
esponja da água da chuva, agrava ainda mais o problema das enchentes no rio.<br />
O Fósforo é um elemento fundamental para os seres vivos, devi<strong>do</strong> a sua participação<br />
em processos fundamentais <strong>do</strong> metabolismo, e, na maioria das águas continentais, é o fator<br />
limitante da sua produtividade; quan<strong>do</strong> em elevadas quantidades é responsável pelos<br />
processos de eutrofização <strong>do</strong>s ecossistemas aquáticos. A presença deste elemento em<br />
elevadas concentrações, indica que as atividades antropogênicas desenvolvidas na bacia<br />
podem ser de fundamental importância na elevação <strong>do</strong>s teores deste elemento no meio<br />
aquático. Os despejos pontuais e difusos das atividades rurais e urbanas, os lançamentos<br />
<strong>do</strong>mésticos trata<strong>do</strong>s ou não, os efluentes industriais, detergentes, excrementos de animais e<br />
fertilizantes, lança<strong>do</strong>s nos cursos d’água também acabam comprometen<strong>do</strong> seriamente a<br />
qualidade da água.<br />
Nos meses de verão, a temperatura aumentou e o oxigênio dissolvi<strong>do</strong> diminuiu pela<br />
grande demanda das populações aquáticas. Durante as coletas de verão, observamos um<br />
aumento na biodiversidade em to<strong>do</strong>s os pontos. Foram observadas muitas posturas e<br />
indivíduos em plena reprodução. As espécies que conseguem tolerar as condições impostas<br />
pelo ambiente estão seguin<strong>do</strong> normalmente o seu ciclo de vida. Ocorreu uma marcada<br />
sazonalidae na abundância <strong>do</strong>s táxons. As densidades <strong>do</strong>s organismos foram<br />
significativamente maiores nas amostras de verão. Este aumento populacional sincroniza<strong>do</strong> de<br />
animais com diferentes estratégias de vida podem ser entendi<strong>do</strong> como uma adaptação de toda<br />
78
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
a comunidade às perturbações recorrentes, como aquelas promovidas pela variação na<br />
temperatura, vazão e as chuvas.<br />
A DBO teve picos máximos nos meses de verão. Este parâmetro que indica a<br />
presença de maior ou menor quantidade de substancia ávidas por oxigênio na massa líquida, é<br />
uma medida de carga polui<strong>do</strong>ra.<br />
Dentro <strong>do</strong> rio, a matéria orgânica introduzida é progressivamente decomposta pela<br />
atividade biológica. O aumento das populações de microrganismos, responsáveis pela<br />
decomposição, por sua vez, permite a presença de grandes populações de animais que se<br />
alimentam deles. A atividade <strong>do</strong> aumento da população microbiana sapróbia, aumenta a<br />
demanda de oxigênio e este pode resultar na desoxigenação da água, que afeta outros<br />
organismos conforme suas tolerâncias à depleção de O2. Assim, o enriquecimento orgânico<br />
tem um efeito diferencial sobre os membros da comunidade de rios que resulta numa sucessão<br />
de comunidades estabelecidas a distâncias abaixo <strong>do</strong> ponto de descarga, em relação ao grau<br />
de oxidação e mineralização da matéria orgânica. A matéria orgânica ou os produtos de sua<br />
degradação podem ser tóxicos e se partículas sólidas estão presentes na descarga, estas<br />
podem se assentar no leito <strong>do</strong> rio, alteran<strong>do</strong> suas características. Assim, a poluição orgânica<br />
não pode ser olhada como um simples fator afetan<strong>do</strong> a ecologia <strong>do</strong> rio, mas uma multiplicidade<br />
de fatores. Os detergentes na água, ao produzirem diminuição da tensão superficial,<br />
prejudicam a locomoção de insetos de superfície e também a respiração daqueles insetos que<br />
visitam a superfície para tomada de ar.<br />
Na Figura 49 são apresenta<strong>do</strong>s os macroinvertebra<strong>do</strong>s bentónicos observa<strong>do</strong>s em<br />
cada ponto de coleta na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, no perío<strong>do</strong> de 2002/2003.<br />
79
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência Gestão Ambiental <strong>do</strong> Projeto de Suinocultura Propriedades Santa Suinícolas: Catarina - PNMA II<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 49 – Representação das porcentagens <strong>do</strong> hábito alimentar <strong>do</strong>s macroinvertebra<strong>do</strong>s em cada<br />
ponto de coleta na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos no perío<strong>do</strong> de 2002/2003.<br />
80
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
5.4 Análise multivariada <strong>do</strong>s parâmetros<br />
A Análise de Componentes Principais (ACP) foi aplicada nos parâmetros físicoquímicos,<br />
biológicos e vazão a fim de se compreender melhor como essas variáveis se interrelacionam<br />
no ecossistema estuda<strong>do</strong>. Esta análise foi realizada somente para a bacia <strong>do</strong><br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos com objetivo de avaliação desta meto<strong>do</strong>logia.<br />
Bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Na aplicação da análise das componentes principais para os da<strong>do</strong>s da bacia <strong>do</strong><br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foi utilizada a matriz de correlação e os pares de variáveis que<br />
apresentaram uma boa correlação foram destaca<strong>do</strong>s como mostra a Tabela 22.<br />
Cond 1,000<br />
Tabela 22 – Matriz de correlação – Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Cond C Fecal C Total DBO5 DQO NO3 NO2 N_NH3 OD ODsat pH PO4 SF ST SV T agua T Ar Turbidez Vazão<br />
C Fecal -0,127 1,000<br />
C Total -0,195 0,493 1,000<br />
DBO5 0,029 0,249 0,061 1,000<br />
DQO -0,110 0,097 -0,043 0,649 1,000<br />
NO3 -0,028 0,173 0,210 0,279 0,083 1,000<br />
NO2 0,109 0,008 -0,096 0,413 0,311 -0,039 1,000<br />
N_NH3 0,072 -0,003 0,199 -0,155 -0,010 0,261 0,196 1,000<br />
OD -0,128 -0,088 0,009 -0,060 -0,182 0,277 -0,002 -0,225 1,000<br />
ODsat -0,096 0,004 -0,058 0,103 -0,026 0,255 0,076 -0,317 0,849 1,000<br />
pH 0,489 -0,043 0,020 0,114 0,024 0,377 0,012 0,322 0,109 0,173 1,000<br />
PO4 0,151 -0,059 -0,165 -0,073 0,077 -0,248 0,420 0,251 -0,283 -0,088 0,118 1,000<br />
SF 0,213 0,022 -0,113 0,049 -0,132 0,135 -0,055 0,152 -0,294 -0,455 -0,159 -0,188 1,000<br />
ST 0,337 -0,087 -0,051 -0,174 -0,157 -0,127 -0,078 0,147 -0,391 -0,565 -0,117 -0,125 0,722 1,000<br />
SV 0,139 -0,142 0,091 -0,291 -0,020 -0,350 -0,025 -0,021 -0,096 -0,097 0,069 0,100 -0,455 0,288 1,000<br />
T agua 0,237 0,083 0,190 0,254 -0,044 0,356 0,196 -0,048 0,525 0,376 0,330 -0,302 -0,117 -0,176 -0,065 1,000<br />
T Ar 0,276 0,025 0,211 0,115 -0,055 0,198 0,208 0,140 0,415 0,352 0,508 0,030 -0,312 -0,235 0,130 0,782 1,000<br />
Turbidez -0,195 0,120 0,405 -0,049 -0,049 -0,171 -0,039 0,198 -0,426 -0,562 -0,371 -0,081 0,146 0,339 0,235 -0,230 -0,307 1,000<br />
Vazão -0,297 0,021 0,335 -0,045 -0,111 -0,077 0,039 0,129 -0,078 -0,177 -0,134 -0,037 -0,107 0,037 0,196 -0,044 -0,152 0,596 1,000<br />
Verificou-se que houve 18 pares de parâmetros com uma correlação boa, sen<strong>do</strong> que<br />
50% apresentaram correlação entre 0,4 r 0,5 e apenas 3 tiveram uma correlação forte (0,7 r<br />
0,85).<br />
Analisan<strong>do</strong> a matriz para determinar os autovalores e autovetores foram encontra<strong>do</strong>s<br />
os seguintes resulta<strong>do</strong>s:<br />
Tabela 23 – Autovalores e autovetores para a bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />
Autovetores<br />
Autovalores<br />
CP1 CP2 Número Autovalores Per. Acumulada<br />
Cond 0,243 0,305 1 8,343922 0,4392<br />
C Fecal -0,020 -0,234 2 4,263120 0,6635<br />
C Total -0,080 -0,352 3 3,163091 0,8300<br />
DBO5 -0,276 0,195 4 1,853380 0,9276<br />
DQO -0,267 -0,045 5 1,140968 0,9876<br />
NO3 -0,224 -0,069 6 0,2355193 1,0000<br />
NO2 -0,190 0,323 7 1,139000E-13 1,0000<br />
N_NH3 -0,260 0,230 8 1,861702E-14 1,0000<br />
OD -0,274 -0,026 9 9,586457E-15 1,0000<br />
ODsat -0,229 0,042 10 3,497341E-16 1,0000<br />
pH 0,048 0,270 11 1,375189E-16 1,0000<br />
PO4 -0,162 0,337 12 1,013361E-16 1,0000<br />
SF 0,314 0,041 13 5,976833E-17 1,0000<br />
ST 0,296 0,192 14 5,900703E-17 1,0000<br />
SV 0,107 0,368 15 3,649867E-17 1,0000<br />
T agua -0,325 -0,058 16 2,699928E-17 1,0000<br />
T Ar -0,330 -0,112 17 2,532683E-18 1,0000<br />
Turbidez 0,011 0,204<br />
Vazão -0,253 0,325<br />
81
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Observou-se que os três primeiros componentes principais, explicam cerca de 83% da<br />
variabilidade total. As maiores contribuições para a primeira componente principal são dadas<br />
pelas variáveis sóli<strong>do</strong>s fixos, temperatura da água e temperatura <strong>do</strong> ar e para a segunda são<br />
dadas pela condutividade, coliformes totais, nitrito, fosfato, sóli<strong>do</strong>s voláteis e vazão.<br />
Fazen<strong>do</strong> o gráfico de dispersão das componentes principais CP1 e CP2 é possível<br />
observar os pontos de coleta da bacia formam cinco grupos: o primeiro forma<strong>do</strong> pelo ponto 1 e<br />
2, o segun<strong>do</strong> pelo ponto 3, o terceiro forma<strong>do</strong> pelos pontos 4 e 6, o quarto forma<strong>do</strong> pelo ponto<br />
5 e o quinto grupo forma<strong>do</strong> pelo ponto 7, (Figura 50).<br />
CP2<br />
3,5<br />
2,5<br />
1,5<br />
0,5<br />
0,0<br />
-0,5<br />
-1,5<br />
FG7<br />
FG5<br />
Dispersão das componentes principais<br />
-2,5<br />
-3,5<br />
FG4<br />
FG6<br />
-4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0<br />
Figura 50 – Dispersão das componentes principais na bacia <strong>do</strong><br />
Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />
Com base no exposto acima, pode-se verificar que os fatores que mais contribuíram<br />
para a semelhança entre os pontos de coleta de água foram a vazão, sóli<strong>do</strong>s fixos e voláteis,<br />
condutividade, coliforme totais, fosfato e temperatura da água. Em termos de matriz, verificouse<br />
que os parâmetros DBO5, DQO, turbidez, vazão e sóli<strong>do</strong>s apresentaram uma boa<br />
correlação. Entretanto, o fato de que duas variáveis tendam a aumentar ou diminuir, juntas não<br />
implica que uma delas tenha algum efeito direto ou indireto sobre a outra.<br />
Quanto à variabilidade <strong>do</strong>s pontos de coleta, o FG3, FG5 e FG7 foram os que<br />
sofreram as maiores variações, comprovadas pela divergência destes quan<strong>do</strong> dispostos em um<br />
gráfico de dispersão. Comparan<strong>do</strong> a variabilidade <strong>do</strong>s pontos em 2004 com a encontrada em<br />
2003, verificou-se que, de um ano para o outro, os pontos apresentaram comportamentos<br />
semelhantes e forman<strong>do</strong> os mesmos grupos, exceto os três primeiros pontos de coleta, que em<br />
2003 um grupo era forma<strong>do</strong> pelos pontos FG2 e FG3 e me 2004 o ponto FG2 formou um grupo<br />
com o FG1.<br />
5.5 Conclusões gerais sobre o monitoramento da água<br />
CP1<br />
FG3<br />
Analisan<strong>do</strong>-se os resulta<strong>do</strong>s sobre a qualidade das águas superficiais das duas bacias<br />
através <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nas coletas de 2005 e 2006, comparadas com as series<br />
2002/2004, foi possível verificar que a bacia <strong>do</strong> lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos (Concórdia/SC) nas três<br />
campanhas realizadas em 2005 apresentou os pontos de coleta: FG2, FG4, FG6 e FG7; com<br />
as piores condições qualitativas. Na coleta realizada em 2006 os pontos mais problemáticos<br />
foram: FG2, FG3, FG4 e FG5. Na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito (Braço <strong>do</strong> Norte/SC) os pontos<br />
CB4 e CB7 foram os que apresentaram as piores condições de qualidade da água. Destaque<br />
para o CB4 que apresentou valores eleva<strong>do</strong>s para a maioria <strong>do</strong>s parâmetros analisa<strong>do</strong>s e<br />
comportamento bem diferente <strong>do</strong>s demais pontos de coleta. Dos pontos cita<strong>do</strong>s acima, é<br />
82<br />
FG2<br />
FG1
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
importante ressaltar que o FG5, o FG7 e o CB4 são pontos de coleta que desde o início <strong>do</strong><br />
monitoramento (2002) vêm apresentan<strong>do</strong> as piores condições. Em ambas as bacias os pontos<br />
localiza<strong>do</strong>s próximo à nascente, FG1 e CB1, apresentaram as melhores condições com valores<br />
baixos para a maioria <strong>do</strong>s parâmetros. Destaque para o CB1 que apresentou para o oxigênio<br />
dissolvi<strong>do</strong> valor médio igual a 2,5 mg/L no perío<strong>do</strong> de nov/05 a abr/06. Entretanto esse<br />
comportamento não significa que esses <strong>do</strong>is pontos não apresentam certo grau de<br />
contaminação.<br />
O Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos apresentou alguns parâmetros fora <strong>do</strong>s valores recomenda<strong>do</strong>s<br />
pela resolução CONAMA 357, a exemplo da DBO5 e coliformes fecais (nas coletas de 2005) e<br />
<strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> e nitrato (na coleta de 2006). O mesmo ocorreu no Rio Coruja/Bonito,<br />
onde os parâmetros que ficaram fora <strong>do</strong>s valores recomenda<strong>do</strong>s pela resolução CONAMA 357<br />
nas coletas em 2005 e 2006 foram: OD, DBO5 e coliformes fecais.<br />
Percebe-se que as condições qualitativas das águas superficiais nas duas bacias<br />
monitoradas encontradas nos perío<strong>do</strong>s das coletas realizadas em 2005 e 2006, de um mo<strong>do</strong><br />
geral não são boas, mesmo com alguns parâmetros ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> melhores valores que a<br />
média da série de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s 2002-2004. Convém destacar que o perío<strong>do</strong> de<br />
estiagem contribui para o aumento das concentrações, as coletas realizadas em 2005 e 2006<br />
não são suficientes para se ter uma conclusão mais consistente, e além <strong>do</strong> mais, as<br />
intervenções <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> nesta primeira fase foram realizadas apenas no terço superior da bacia<br />
e foram finalizadas durante o ano de 2005.<br />
A determinação <strong>do</strong> IQA não se mostrou adequa<strong>do</strong> para avaliar a qualidade de água na<br />
bacia nem a tendência ao longo <strong>do</strong> tempo. Conclui-se que este índice não é adequa<strong>do</strong> para<br />
avaliação da qualidade da água em bacias hidrográficas onde pre<strong>do</strong>mina as atividades<br />
suinícolas e avícolas.<br />
Com relação à análise de componentes principais, pode-se verificar que os fatores que<br />
mais contribuíram para a semelhança entre os pontos de coleta de água foram à vazão, sóli<strong>do</strong>s<br />
fixos e voláteis, condutividade, coliforme totais, fosfato e temperatura da água. Em termos de<br />
matriz verificou-se que os parâmetros DBO5, DQO, turbidez, vazão e sóli<strong>do</strong>s apresentaram<br />
uma boa correlação. Entretanto, o fato de que duas variáveis tendam a aumentar ou diminuir,<br />
juntas não implica que uma delas tenha algum efeito direto ou indireto sobre a outra. Quanto à<br />
variabilidade <strong>do</strong>s pontos de coleta, o FG3, FG5 e FG7 foram os que sofreram as maiores<br />
variações, comprovadas pela divergência destes quan<strong>do</strong> dispostos em um gráfico de<br />
dispersão. Ao comparar a variabilidade <strong>do</strong>s pontos em 2004 com a encontrada em 2003,<br />
verificou-se que de um ano para o outro, estes apresentaram comportamentos semelhantes,<br />
forman<strong>do</strong> os mesmos grupos, exceto os três primeiros pontos de coleta, que em 2003 um<br />
grupo era forma<strong>do</strong> pelos pontos FG2 e FG3 e me 2004 o ponto FG2 formou um grupo com o<br />
FG1.<br />
Deve-se ainda salientar a importância da realização <strong>do</strong> monitoramento biológico, pois<br />
monitoramento por meio de méto<strong>do</strong>s físico-químicos aborda o tipo e a intensidade de fatores,<br />
inferin<strong>do</strong>, eventualmente, sobre os efeitos biológicos; enquanto que, no biomonitoramento são<br />
obtidas informações sobre os efeitos de estressores no sistema biológico, poden<strong>do</strong>-se<br />
eventualmente inferir sobre a qualidade e quantidade <strong>do</strong> fator estressor.<br />
É notório o comprometimento da qualidade das águas superficiais nas duas bacias<br />
hidrográficas.<br />
Com isso justifica-se a importância da continuidade deste <strong>projeto</strong>, realizan<strong>do</strong> as<br />
intervenções junto aos produtores rurais, o acompanhamento das atividades antrópicas e das<br />
contribuições e captações nas redes hidrográficas, além <strong>do</strong> monitoramento da qualidade da<br />
água e <strong>do</strong>s solos, trabalhan<strong>do</strong> de forma integrada para se compreender melhor a dinâmica das<br />
duas bacias, sua estrutura e funcionamento de seus ecossistemas.<br />
A partir das informações disponíveis e da avaliação realizada, recomenda-se:<br />
83
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
1. Que seja priorizada as analises em dias chuvosos, pois a poluição agrícola é considerada<br />
como poluição difusa, sen<strong>do</strong> que nos perío<strong>do</strong>s chuvosos é que aparecem os maiores picos<br />
de poluição;<br />
2. Que o monitoramento sistemático de qualidade de água em bacias hidrográficas seja<br />
realiza<strong>do</strong> com a constância e regularidade planejada;<br />
3. Que um controle de qualidade na coleta e nas análises de laboratório e sistemática<br />
consistente de confirmação de da<strong>do</strong>s sejam efetivamente implanta<strong>do</strong>s;<br />
4. Que seja implanta<strong>do</strong> o biomonitoramento como um indica<strong>do</strong>r biológico de poluição;<br />
5. A utilização preferencial da estatística não paramétrica na análise descritiva e na<br />
representação gráfica <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de qualidade de água;<br />
6. Que seja aprimora<strong>do</strong> o conhecimento da relação entre causa e efeito na qualidade de água;<br />
7. Que os indica<strong>do</strong>res básicos de qualidade de água recomenda<strong>do</strong>s para serem utiliza<strong>do</strong>s no<br />
monitoramento da qualidade da água são: DBO/OD; Fósforo Total; Nitrogênio Total ou<br />
Nitrogênio Kjeldhal; Sóli<strong>do</strong>s Totais ou Turbidez e Coliformes Totais e Fecais.<br />
84
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL<br />
85<br />
Nelso Figueiró<br />
EPAGRI/CIRAM<br />
O desenvolvimento sustentável prevê a educação ambiental como instrumento de<br />
melhoria da qualidade de vida, por meio da formação de cidadãos conscientes de sua<br />
participação local no contexto da conservação ambiental global. Assim as relação entre a<br />
sociedade e o meio ambiente deve ser melhor compreendida, discutida e analisada, por to<strong>do</strong>s<br />
os atores que participam de <strong>projeto</strong>s ambientais. O envolvimento da sociedade, desde<br />
estudantes de cursos fundamentais pertencentes à bacia hidrográfica, onde é desenvolvi<strong>do</strong> o<br />
<strong>projeto</strong> até os produtores e técnicos, é importante para legitimar as propostas ambientais<br />
desenvolvidas.<br />
A concepção de meio ambiente vem evoluin<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s tempos e o homem passa<br />
de uma percepção restrita aos aspectos biológicos e físicos para uma percepção mais ampla<br />
em que se consideram essenciais os aspectos econômicos e socioculturais.<br />
Diante da irracionalidade no uso <strong>do</strong>s recursos naturais e da crescente agressão ao<br />
meio ambiente, acreditamos que a educação ambiental através de cursos, palestras, dias de<br />
campo e construção de praticas ambientais sustentáveis, são adequadas para a tomada de<br />
consciência da existência de problemas ambientais onde deve-se preparar os produtores,<br />
técnicos e estudantes para uma participação organizada e ativa na democratização das<br />
questões ambientais.<br />
Basea<strong>do</strong> nestes princípios o Projeto Suinocultura Santa Cataria desenvolveu uma<br />
série de ações, envolven<strong>do</strong> produtores, técnicos e estudantes nas duas bacias hidrográficas<br />
trabalhadas, para através de uma congregação de esforços coletivos construírem uma<br />
consciência ambiental a respeito <strong>do</strong> meio ambiente e da possibilidade de construção das ações<br />
tecnológicas a serem desenvolvidas durante o andamento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>.<br />
6.1 Ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong><br />
A seguir passamos a descrever as ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong> no senti<strong>do</strong> da<br />
organização da sociedade, educação ambiental e praticas de capacitação ambiental:<br />
6.1.1 Organização <strong>do</strong>s produtores e capacitação de técnicos e produtores<br />
Com a finalidade de promover uma maior participação <strong>do</strong>s produtores nas decisões <strong>do</strong><br />
<strong>projeto</strong>, propician<strong>do</strong> integrá-los e fomentan<strong>do</strong> o associativismo nas duas bacias durante o ano<br />
de 2002, foram constituídas e formadas legalmente duas Associações de Produtores, uma<br />
abrangen<strong>do</strong> a bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e outra a bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito.<br />
Na formação dessas associações e durante o desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> a equipe<br />
técnica promoveu reuniões entre produtores e executores, para discutirem e analisarem os<br />
andamentos das ações para corrigir problemas que ocorreram ao longo da execução da Fase<br />
1. Essa participação foi importante para ouvir os produtores, saber quais eram suas<br />
dificuldades e reivindicações, tornan<strong>do</strong>-se mais fácil planejar e propor ações e tecnologias<br />
adequadas às necessidades <strong>do</strong>s produtores.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Foram realiza<strong>do</strong>s treinamentos de capacitação de técnicos e produtores para um<br />
melhor desempenho e compreensão <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> através de cursos e palestras. Participaram <strong>do</strong>s<br />
treinamentos 85 técnicos e 82 produtores, através de 6 (seis) treinamentos realiza<strong>do</strong>s em<br />
práticas ambientalmente sustentáveis. Também, foram realiza<strong>do</strong>s 5 seminários de<br />
esclarecimentos sobre o <strong>projeto</strong> a produtores, técnicos e ao público em geral (Figura 51).<br />
Foram publica<strong>do</strong>s materiais didáticos (folders, apostilas, banners) sobre produção de<br />
suínos e o meio ambiente.<br />
Para uma melhor divulgação e conhecimento, foram publica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is jornais sobre as<br />
ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina, com tiragem de 1.000<br />
exemplares. As informações versaram sobre tecnologias ambientais, reportagens com<br />
produtores e ações concretas desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong>. O jornal foi divulga<strong>do</strong> junto à mídia,<br />
parceiros, técnicos e produtores das duas bacias.<br />
Figura 51 – Reunião de avaliação de implementação<br />
<strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com produtores rurais.<br />
6.1.2 Cartilha <strong>suinocultura</strong> e meio ambiente<br />
Com a finalidade de sensibilizar os alunos e as comunidades foi elaborada uma<br />
Cartilha Educativa “Suinocultura e Meio Ambiente”, de práticas ambientais com objetivo de<br />
servir de material didático. O tema aborda<strong>do</strong>, foi a questão das intervenções que foram<br />
realizadas nas propriedades trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>, cuja finalidade é de minimizar o impacto<br />
ambiental da atividade suinícola.<br />
Foram produzidas 2.000 cartilhas e distribuídas durante o segun<strong>do</strong> semestre de 2004,<br />
foram promovidas reuniões nas escolas e nas comunidades das duas bacias com a finalidade<br />
de explicar o objetivo das cartilhas e repassar aos professores e alunos o material para que<br />
fosse utiliza<strong>do</strong> nas salas de aula e nas comunidades (Figura 52).<br />
86
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 52 – Cartilha/Educativa para sensibilização das famílias e<br />
escolares sobre as questões ambientais.<br />
A entrega da cartilha Suinocultura e Meio Ambiente, (Figura 53), por Técnicos <strong>do</strong><br />
<strong>projeto</strong>, foi realizada em quatro escolas municipais localizadas na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos/Concórdia. A atividade atingiu cerca de 270 alunos, de primeira a oitava série, <strong>do</strong><br />
ensino fundamental, sen<strong>do</strong> que a receptividade por parte <strong>do</strong>s professores e das crianças foi<br />
muito positiva.<br />
As escolas em que foram trabalhadas as cartilhas, localizadas na bacia <strong>do</strong>s Fragosos,<br />
foram as seguintes: no Distrito de Santo Antônio a Escola Básica Municipal Ana Zamarchi<br />
Coldebella; em Barra Fria, a Escola Isolada Municipal de Barra Fria; no Distrito de Engenho<br />
Velho os alunos que receberam as cartilhas foram aqueles que estudam na Escola Básica<br />
Municipal José Piorezan e os alunos de Linha São Paulo, da Escola Básica Ângelo Ari Biezus.<br />
(Figura 53).<br />
Figura 53 – Reunião, nas escolas, para apresentação da<br />
cartilha.<br />
87
6.1.3 Vídeo<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Foi produzi<strong>do</strong> um vídeo com informações sobre o <strong>projeto</strong>, reportagens com produtores<br />
e ações técnicas desenvolvidas. O vídeo foi divulga<strong>do</strong> junto à mídia, parceiros, técnicos e<br />
produtores das duas bacias hidrográficas trabalhadas (Figura 54).<br />
Figura 54 – Capa de apresentação <strong>do</strong> vídeo produzi<strong>do</strong> pelo <strong>projeto</strong><br />
6.1.4 Dias de campo para sensibilização sobre a recuperação e a<br />
preservação da mata ciliar<br />
Com a finalidade de melhor compreender a importância da recuperação e preservação<br />
da mata ciliar e motivar produtores e alunos, na implantação de <strong>projeto</strong> de recuperação das<br />
áreas degradadas decorrente das atividades da <strong>suinocultura</strong> e outras atividades degradantes<br />
foram realizadas palestras sobre o tema. As palestras também foram realizadas com objetivo<br />
de dirimir dúvidas e apresentação de propostas para implementação das ações para<br />
recuperação da mata ciliar e recuperação das áreas de APPs, nas bacias trabalhadas. As<br />
palestras foram proferidas por técnicos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com o apoio da Embrapa Floresta de<br />
Curitiba/PR (Figura 55). As palestras também serviram para esclarecer dúvidas e discutir sobre<br />
a implantação <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), implanta<strong>do</strong> nas bacias.<br />
88
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 55 – Reunião sobre importância da mata ciliar e <strong>do</strong> plantio de<br />
mudas, contan<strong>do</strong> com a participação de alunos.<br />
Foram realizadas, também, atividades para a sensibilização de escolares sobre a<br />
importância da mata ciliar nas duas bacias hidrográficas trabalhadas. Estas atividades<br />
contaram com a participação <strong>do</strong>s professores e alunos das escolas situadas nas bacias.<br />
O <strong>projeto</strong> estabeleceu parcerias para ampliar e diversificar as ações de sensibilização<br />
das comunidades das microbacias sobre a importância da mata ciliar. Em 2005, o <strong>projeto</strong><br />
assinou um importante convênio com o Centro de Divulgação Ambiental da Usina de Itá -<br />
CDA, manti<strong>do</strong> pelo CONSÓRCIO ITÀ (Tractebel, CSN e ITAMBÉ), com objetivo <strong>do</strong><br />
desenvolvimento de ações conjuntas para a recuperação das faixas ciliares através <strong>do</strong> plantio<br />
de espécies arbóreas nativas nas propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos,<br />
Concórdia/SC.<br />
Técnicos e professores <strong>do</strong> Centro de Divulgação Ambiental – CDA, <strong>do</strong> Consórcio da<br />
Usina Hidrelétrica de Itá, proferiram palestra sobre “Mata Ciliar”, abordan<strong>do</strong> o tema de maneira<br />
a sensibilizar e informar os estudantes de 7ª e 8ª séries, participaram <strong>do</strong> encontro 66<br />
estudantes. Durante o evento foram aborda<strong>do</strong>s temas relaciona<strong>do</strong>s à mata ciliar, como:<br />
legislação ambiental e uso de espécies arbóreas nativas (Figura 56).<br />
89
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Figura 56 – Palestra sobre mata ciliar a estudantes.<br />
Visan<strong>do</strong> desenvolver ações de capacitação e sensibilização junto aos estudantes e<br />
aos produtores rurais nas duas bacias hidrográficas trabalhadas, desenvolveram-se atividades<br />
de dia de campo para mostrar, como preservar e proteger as áreas de preservação<br />
permanente e o plantio de mudas nativas (Figura 57). Esta atividade visou fortalecer o <strong>projeto</strong> e<br />
sensibilizar de forma mais efetiva os estudantes e as famílias <strong>do</strong>s produtores rurais, bem como<br />
as comunidades para uma gestão mais sustentável e a preservação das áreas de mata ciliar.<br />
Figura 57 – Alunos em aula prática sobre atividades de plantio de mudas para<br />
recuperação de mata ciliar.<br />
6.1.5 Teatro de fantoches<br />
O <strong>projeto</strong> através <strong>do</strong> Teatro de Fantoches buscou despertar a preocupação individual<br />
e coletiva para a questão ambiental, entre jovens e estudantes, garantin<strong>do</strong> o acesso à<br />
informação em linguagem adequada, contribuin<strong>do</strong> para o desenvolvimento de uma consciência<br />
crítica e coletiva sobre as questões ambientais.<br />
90
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Na formação das peças teatrais as crianças filhos de produtores das bacias<br />
trabalhadas participaram ativamente na sua elaboração. As peças teatrais foram realizadas,<br />
uma em cada bacia hidrográfica, contan<strong>do</strong> com a participação expressiva das crianças e <strong>do</strong>s<br />
produtores (Figura 58).<br />
Figura 58 – Teatro de Bonecos de fantoches abordan<strong>do</strong> o tema meio ambiente.<br />
91
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
7 PROJETO SAD<br />
92<br />
Ricar<strong>do</strong> Brocha<strong>do</strong> A. da Silva<br />
Consultor <strong>do</strong> Projeto SAD /SC<br />
7.1 Sistema de Apoio à Decisão (SAD) para avaliação de impactos da<br />
<strong>suinocultura</strong> sobre o meio ambiente<br />
Os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná, Santa Catarina e Rio Grande <strong>do</strong> Sul, ao estabelecerem suas<br />
prioridades para participar <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II, desenvolvi<strong>do</strong><br />
pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente e co-financia<strong>do</strong> pelo Banco Mundial (BIRD), identificaram<br />
como de alta prioridade para fins de mitigação ambiental, o controle da poluição das águas por<br />
rejeitos animais, particularmente os de origem suína. Sob tal prioridade, durante o perío<strong>do</strong> de<br />
março de 2004 a junho de 2006, foram empreendi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s específicos volta<strong>do</strong>s ao<br />
desenvolvimento de ferramentas de suporte à decisão nos processos de gestão e<br />
licenciamento ambiental de empreendimentos suinícolas (Projeto SAD). Estes trabalhos foram<br />
executa<strong>do</strong>s com base em equipes constituídas nos esta<strong>do</strong>s, apoia<strong>do</strong>s por consultores<br />
especializa<strong>do</strong>s, com financiamento <strong>do</strong> Governo da Holanda, viabilizada pelo Banco Mundial e<br />
articula<strong>do</strong>s com ações e atividades em curso no âmbito <strong>do</strong> PNMA II.<br />
Embora não previsto especificamente no <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina,<br />
entendeu-se que o desenvolvimento de um modelo de suporte à decisão deverá constituir em<br />
arsenal importante deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> PNMA II, com aplicação potencial em outras bacias e regiões.<br />
Com base em limitações qualitativas nas atuais formas de análise <strong>do</strong>s processos de<br />
licenciamento ambiental da <strong>suinocultura</strong>, em paralelo e complementarmente ao PNMA II, o<br />
Projeto Sistema de Apoio à Decisão (Projeto SAD-SC), desenvolveu ferramentas de apoio à<br />
decisão que contemplam esta problemática e subsidiam a gestão da bacia hidrográfica.<br />
Em Santa Catarina, a área piloto <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
Fragosos, localizada no Município de Concórdia, selecionada por apresentar uma grande<br />
concentração de suínos, boa representatividade das áreas de produção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e pela<br />
disponibilidade de informações necessárias já levantadas (Figura 59).<br />
Figura 59 – Características da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.
7.1.1 Principais Metas<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
1. Facilitar e qualificar as análises técnicas <strong>do</strong>s processos de licenciamento ambiental da<br />
<strong>suinocultura</strong>;<br />
2. Desenvolver uma ferramenta de apoio à tomada de decisão que considere a bacia<br />
hidrográfica como um espaço de delimitação de processos ambientais;<br />
3. Caracterizar o papel <strong>do</strong>s tipos de solo, relevo e uso <strong>do</strong> solo, em relação ao regime de<br />
chuvas e a aplicação de dejetos, como condicionantes da qualidade ambiental <strong>do</strong>s recursos<br />
hídricos;<br />
4. Desenvolver uma meto<strong>do</strong>logia para caracterizar o papel da <strong>suinocultura</strong> na qualidade<br />
ambiental de bacias hidrográficas, em relação às outras atividades ocorrentes e;<br />
5. Promover o planejamento e reordenamento da atividade suinícola, em bases<br />
ambientalmente sustentáveis.<br />
7.2 Subsídios diretos para a tomada de decisão – Projeto SAD<br />
O Sistema de Apoio à Decisão –SAD deve ter como público-alvo, toda a gama de<br />
toma<strong>do</strong>res de decisão, sejam os responsáveis pelo licenciamento ambiental e órgãos de<br />
fomento, os empreende<strong>do</strong>res (produtores, associações de produtores, integra<strong>do</strong>ras e<br />
entidades similares de representação) e as entidades locais envolvidas com a questão.<br />
Através <strong>do</strong> desenvolvimento de uma ferramenta de análise, contemplan<strong>do</strong><br />
características das propriedades suinícolas e das suas áreas de inserção, o méto<strong>do</strong> viabiliza a<br />
análise e o planejamento integra<strong>do</strong>s de bacias hidrográficas, subsidian<strong>do</strong> tecnicamente o<br />
processo de tomada de decisão, de forma a minimizar o impacto ambiental da <strong>suinocultura</strong><br />
sobre os recursos hídricos.<br />
A utilização de informações geradas pela ferramenta promove o conhecimento de<br />
fatores essenciais para o controle da poluição decorrente da <strong>suinocultura</strong>, subsidian<strong>do</strong> a<br />
identificação de demandas pela incorporação de tecnologias e o planejamento da distribuição<br />
territorial <strong>do</strong>s empreendimentos suinícolas (Figura 60).<br />
Culturas Anuais<br />
Pastagens<br />
Floresta<br />
Outras Áreas<br />
Figura 60 – Características <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo nas propriedades e regime de chuvas na região.<br />
93<br />
MARÇO<br />
OUTUBRO
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
7.3 Estratégias de implantação<br />
As ferramentas desenvolvidas pelo Projeto SAD estão sen<strong>do</strong> incorporadas na análise<br />
<strong>do</strong>s processos de licenciamento da FATMA as atividades de <strong>suinocultura</strong>, na bacia <strong>do</strong> Lagea<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s Fragosos, ten<strong>do</strong> seu foco volta<strong>do</strong> para a implantação nas demais bacias com atividades de<br />
<strong>suinocultura</strong>.<br />
Estão organizadas e disponibilizadas informações específicas de cada propriedade e<br />
das áreas de terceiros que recebem dejetos, tais como: plantel; produção de dejetos; áreas<br />
disponíveis para disposição; incidência de fatores de restrição para atividade (áreas de<br />
preservação permanente, afastamentos de ro<strong>do</strong>vias e áreas urbanas, etc.); características <strong>do</strong><br />
uso e ocupação <strong>do</strong> solo; qualidade <strong>do</strong>s recursos hídricos; considerações sobre Reserva Legal<br />
e uso de mata nativa e; capacidade de suporte ambiental das bacias hidrográficas.<br />
Os técnicos responsáveis pelo licenciamento poderão cadastrar da<strong>do</strong>s e consultar<br />
informações específicas de cada propriedade suinícola e <strong>do</strong> conjunto destas, como fator da<br />
qualidade ambiental da região, como podemos observar nas figuras ilustrativas da Ferramenta<br />
SAD abaixo (Figura 61). Este procedimento irá subsidiar análises ambientais, com base em um<br />
sistema de informações geográficas, promoven<strong>do</strong> o conhecimento da realidade que encontrará<br />
em suas vistorias de campo, permitin<strong>do</strong> ainda sua complementação com os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in<br />
loco.<br />
As informações geradas irão subsidiar também o setor produtivo através da melhor<br />
caracterização <strong>do</strong>s fatores ambientais relaciona<strong>do</strong>s com a produção, deixan<strong>do</strong> mais claros e<br />
objetivos os processos de licenciamento ambiental e fornecen<strong>do</strong> informações para o<br />
planejamento de seus investimentos, sejam eles em melhores áreas para expansão e/ou para<br />
a implementação de tecnologias de mitigação <strong>do</strong>s impactos ambientais da atividade.<br />
Com esta ferramenta, a FATMA e o setor produtivo poderão alcançar seus objetivos<br />
de forma mais eficiente, aumentan<strong>do</strong> a precisão nos processos de tomada de decisão, tanto na<br />
emissão de licenças ambientais como no planejamento da produção suinícola.<br />
94
Relação de área demandada e disponível<br />
para aplicação de dejetos<br />
Banco de da<strong>do</strong>s das<br />
propriedades na<br />
bacia hidrográfica<br />
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Cargas polui<strong>do</strong>ras nos<br />
recursos hídricos<br />
Figura 61 –Telas apresentadas pelo programa SAD.<br />
95<br />
Diferentes tipos<br />
de informações<br />
sobre as<br />
propriedades<br />
Características da área de<br />
localização da propriedade
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
8 CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES<br />
96<br />
Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />
Embrapa Suínos e Aves<br />
Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi<br />
FATMA<br />
Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> geraram conclusões e recomendações que podem ser<br />
a<strong>do</strong>tadas em bacias hidrográficas onde existe sistemas de produção de suínos. Estas práticas<br />
ambientais a<strong>do</strong>tadas no <strong>projeto</strong> auxiliam a minimizar os impactos negativos gera<strong>do</strong>s pela<br />
produção intensiva de suínos, nas águas superficiais e subterrâneas, assim como no solo.<br />
O <strong>projeto</strong> demonstrou que com pequeno investimento em adequação ambiental nas<br />
propriedades é possível conseguir ganhos ambientais consideráveis.<br />
A concepção de <strong>projeto</strong>s com muitas ações complexas envolven<strong>do</strong> diferentes áreas <strong>do</strong><br />
conhecimento na gestão ambiental e diferentes instituições, deveriam ser dividi<strong>do</strong>s em<br />
pequenos sub<strong>projeto</strong>s com ações pontuais. Sempre foca<strong>do</strong> nos objetivos principais <strong>do</strong> <strong>projeto</strong><br />
e desenvolvi<strong>do</strong> sob a responsabilidade de instituições especificas.<br />
O envolvimento das agroindústrias nas ações de intervenções tecnológicas<br />
desenvolvidas, permitiu aos técnicos o conhecimento das boas praticas ambientais trabalhadas<br />
e que servirão de instrumento de transformação ambiental na produção de suínos.<br />
No andamento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foram discuti<strong>do</strong>s muitos pontos conflitantes estabeleci<strong>do</strong>s na<br />
Instrução Normativa da Suinocultura IN-11, que motivou a FATMA rever esta instrução<br />
normativa e promover reuniões técnicas para elaboração de uma nova Instrução Normativas<br />
(IN 41), para a Suinocultura, baseada em grande parte nas informações geradas pelo <strong>projeto</strong>.<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia de avaliação ambiental através da elaboração<br />
de um “Cheklist” para a <strong>suinocultura</strong>. A finalidade foi a elaboração de <strong>projeto</strong>s de adequação<br />
ambiental, basea<strong>do</strong>s na identificação das questões ambientais existentes nas propriedades.<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia de monitoramento da qualidade da água, em<br />
bacias hidrográficas, cuja fonte principal de poluição é a <strong>suinocultura</strong>, Os aspectos físicoquímicos<br />
e o biomonitoramento, foram correlaciona<strong>do</strong>s pela primeira vez no esta<strong>do</strong> de Santa<br />
Catarina.<br />
As ações desenvolvidas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> propiciaram o desenvolvimento de um<br />
Modelo Piloto de avaliação de boas práticas ambientais, implanta<strong>do</strong> em bacia hidrográfica.<br />
Modelo este que pode servir como referência para outros <strong>projeto</strong>s semelhantes desenvolvi<strong>do</strong>s.<br />
O uso <strong>do</strong> IQA como indicativo <strong>do</strong> nível de qualidade da água, no rio principal de bacias<br />
hidrográficas, em regiões com pre<strong>do</strong>minância da <strong>suinocultura</strong> mostrou-se insatisfatório e<br />
incapaz de gerar um resulta<strong>do</strong> confiável.<br />
As meto<strong>do</strong>logias usadas no monitoramento da qualidade da água superficial nas<br />
bacias hidrográficas, baseadas na avaliação de parâmetros físico-químico, não foram capazes<br />
de demonstrar com confiabilidade o nível de poluição existente. Pois para fontes de poluição<br />
difusa, como foi o caso avalia<strong>do</strong>, deve-se desenvolver uma meto<strong>do</strong>logia específica.<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia para a elaboração de mapas (plantas e<br />
croquis) detalha<strong>do</strong>s de cada propriedade. Meto<strong>do</strong>logia esta que baseou-se nas imagens de<br />
satélites (Quicbird) das duas bacias geran<strong>do</strong> mapas que determinaram as faixas ciliares, a<br />
reserva legal das propriedades, a localização espacial da propriedade com suas respectivas<br />
distâncias <strong>do</strong>s cursos e nascentes de água e das estradas. Também localizou-se<br />
espacialmente as intervenções tecnológicas utilizadas na adequação ambiental e a localização<br />
e determinação das áreas de campos, lavouras e florestas utilizadas na elaboração <strong>do</strong>s planos<br />
agronômicos.
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
Foram elabora<strong>do</strong>s Planos Agronômicos das Propriedades (PAPs), <strong>do</strong> terço superior<br />
das duas bacias trabalhadas, através das análises de solos, <strong>do</strong> levantamento das áreas<br />
disponíveis para cultivo e das culturas implantadas em cada propriedade. Isto possibilitou uso<br />
<strong>do</strong>s dejetos como fertilizante orgânico aumentan<strong>do</strong> indiretamente a renda <strong>do</strong> produtor.<br />
O <strong>projeto</strong> desenvolveu meto<strong>do</strong>logias de recuperação das áreas de preservação<br />
permanente e implantou unidades piloto que demonstraram “in loco” a efetiva ação<br />
recuperação das áreas de APP.<br />
Foram implantadas 6 unidades piloto para avaliação técnica e econômica de algumas<br />
tecnologias, tais como: biodigestor para a geração de energia elétrica na propriedade;<br />
biodigestor para a geração de energia térmica (substituição da lenha e <strong>do</strong> GLP por biogás) no<br />
aquecimento <strong>do</strong> ar ambiente no interior de aviários. Além de duas unidades de criação de<br />
suínos em sistema de cama biológica (Cama Sobreposta); uma cisterna para avaliação <strong>do</strong> uso<br />
da água da chuva e uma unidade de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos e<br />
geração de composto orgânico.<br />
O uso da compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos demonstrou a<br />
possibilidade da geração de fertilizante orgânico trazen<strong>do</strong> vários benefícios ao suinocultor,<br />
entre eles a viabilidade da concentração da produção de animais em pequenas propriedades<br />
com pouca área agrícola disponível. A compostagem melhorou a qualidade agronômica <strong>do</strong><br />
adubo orgânico reduzin<strong>do</strong> os custos de transporte e distribuição, minimizan<strong>do</strong> o risco ambiental<br />
pela transformação <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s em adubo sóli<strong>do</strong>. Em propriedades que apresentam os<br />
bens naturais satura<strong>do</strong>s pelo manejo inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos suínos, a compostagem se<br />
apresenta como uma alternativa viável para a continuidade dessa atividade pelos produtores.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstraram que é viável o uso <strong>do</strong> biodigestor nas<br />
propriedades produtoras de suínos para geração de energia térmica, mecânica e elétrica.<br />
O biogás gera<strong>do</strong> é uma fonte de energia renovável e pode ser usa<strong>do</strong> na substituição<br />
de fontes tradicionais de energia como o GLP, a lenha e a gasolina, em propriedades rurais.<br />
Dentre as ações <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> demonstrou-se que o biogás produzi<strong>do</strong> diariamente, pelos<br />
dejetos de 400 suínos nas fases de crescimento e terminação, gera energia térmica suficiente<br />
para aquecer o ambiente interno de um aviário, para produção de 14.000 frangos de corte.<br />
Recomenda-se o uso <strong>do</strong> biodigestor para reduzir a emissão <strong>do</strong>s gases de efeito estufa<br />
e de o<strong>do</strong>res nas propriedades produtoras de suínos.<br />
Demonstrou-se que o biodigestor é parte integrante de um sistema de tratamento de<br />
dejetos de suínos, não deven<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> como unidade final de tratamento e sim como<br />
unidade intermediária.<br />
Em glebas onde o fator limitante é a declividade, deve-se tomar cuida<strong>do</strong> especial com<br />
a aplicação <strong>do</strong> dejeto, evitan<strong>do</strong> o escorrimento excessivo <strong>do</strong> mesmo, principalmente em áreas<br />
muito compactadas devi<strong>do</strong> a utilização com bovinocultura.<br />
O <strong>projeto</strong> SAD desenvolveu uma ferramenta de apoio à tomada de decisão que<br />
considera a bacia hidrográfica como um espaço de delimitação de processos ambientais.<br />
Foi desenvolvida através <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> SAD em parceria com o Projeto Suinocultura<br />
Santa Catarina – PNMA II, uma meto<strong>do</strong>logia para caracterizar o papel da <strong>suinocultura</strong> na<br />
qualidade ambiental de bacias hidrográficas e promover o planejamento e reordenamento da<br />
atividade suinícola, em bases ambientalmente sustentáveis.<br />
Em <strong>projeto</strong>s de recuperação de ativos ambientais, especialmente a água, em<br />
propriedades suinícolas, as propostas de intervenções tecnológicas, devem considerar todas<br />
as fontes polui<strong>do</strong>ras existentes nas propriedades. Essas propriedades dificilmente<br />
desenvolvem somente a <strong>suinocultura</strong>. A diversidade de resíduos orgânicos produzi<strong>do</strong>s nas<br />
propriedades gera a sobreposição das fontes polui<strong>do</strong>ras, o que pode levar sem os cuida<strong>do</strong>s de<br />
uma gestão adequada <strong>do</strong>s resíduos a maximização <strong>do</strong> esgotamento <strong>do</strong>s bens materiais.<br />
97
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
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98
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
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99
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
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100
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
ANEXOS<br />
1 Publicações relativas ao Projeto Suinocultura<br />
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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
102
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
103
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
2 Jornal de divulgação <strong>do</strong> Projeto Suinocultura<br />
104
Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />
Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA<br />
PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE II – PNMA II<br />
PROJETO CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA SUINOCULTURA<br />
EM SANTA CATARINA<br />
COORDENAÇÃO ESTADUAL<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Desenvolvimento Sustentável<br />
CO-EXECUTORES<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> da<br />
Agricultura e Política<br />
Rural<br />
EXECUTORA<br />
Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento<br />
PARCEIROS<br />
ACCB/SUL – Associação Catarinense <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res de Bovinos de Santa Catarina, ACCS/SUL - Associação Catarinense<br />
<strong>do</strong>s, Cria<strong>do</strong>res de Suínos de Santa Catarina, Colégio Espaço Ltda, EAFC - Escola Agrotécnica Federal de Concórdia, UnC<br />
– Universidade <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, UNOESC – Universidade <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina, UNISUL – Universidade <strong>do</strong> Sul de<br />
Santa Catarina, UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, Copérdia – Cooperativa de Produção e Consumo<br />
Concórdia Ltda, Sadia S.A., Prefeitura Municipal de Concórdia através da FUNDEMA – Fundação Municipal de Defesa <strong>do</strong><br />
Meio Ambiente, PMBN – Prefeitura Municipal de Braço <strong>do</strong> Norte, SRBN – Sindicato Rural de Braço <strong>do</strong> Norte, STRBN -<br />
Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais de Braço <strong>do</strong> Norte SC, GEASC – Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense, 20ª GEREI<br />
– Gerência Regional de Educação de Braço <strong>do</strong> Norte SC, CINCRES – Centro Integra<strong>do</strong> de Ciências da Região Sul de<br />
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