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experiência do projeto suinocultura santa catarina - pnma ii - Cetesb

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA<br />

SUINOCULTURA EM SANTA CATARINA<br />

GESTÃO AMBIENTAL DE PROPRIEDADES SUINÍCOLAS:<br />

EXPERIÊNCIA DO PROJETO SUINOCULTURA<br />

SANTA CATARINA - PNMA II<br />

Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

Secretaria Executiva<br />

Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />

6


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

República Federativa <strong>do</strong> Brasil<br />

Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva<br />

Vice-Presidente: José Alencar Gomes da Silva<br />

Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

Ministra: Marina Silva<br />

Secretário-Executivo: Cláudio Langone<br />

Diretor de Articulação Institucional: Volney Zanardi Júnior<br />

Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina<br />

Secretário de Esta<strong>do</strong>: Sérgio de Souza Silva<br />

Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente - FATMA/SC<br />

Presidente: Jânio Wagner Constante<br />

Embrapa Suínos e Aves<br />

Chefe-Geral: Elsio Antonio Pereira de Figueire<strong>do</strong><br />

Chefe-Adjunto de Comunicação e Negócios: Claudio Bellaver<br />

Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Terezinha Marisa Bertol<br />

Chefe-Adjunto de Administração: Dirceu Benelli<br />

Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />

Coordenação Geral <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />

Coordena<strong>do</strong>ra Geral: Lorene Bastos Lage<br />

Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais<br />

Coordena<strong>do</strong>ra: Adriana M. Magalhães de Moura<br />

Coordenação Estadual <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />

Coordena<strong>do</strong>r: Luiz Antônio Garcia Corrêa<br />

Coordenação Estadual <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais - PNMAII<br />

Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi: Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA/SC<br />

Coordena<strong>do</strong>r Técnico <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina<br />

Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira: Embrapa Suínos e Aves<br />

Agradecimentos especiais:<br />

Regina Gualda: Coordena<strong>do</strong>ra Geral <strong>do</strong> PNMAII de 2000 a 2005.<br />

Maricy Marino: Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais <strong>do</strong><br />

PNMAII de 2000 a 2003.<br />

Darci Oliveira de Souza: (Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos<br />

Ambientais <strong>do</strong> PNMA II – 2002 a 2004).<br />

Adroal<strong>do</strong> Pagani da Silva: Coordena<strong>do</strong>r Operacional <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina<br />

(2002-2004).<br />

Alexandre Ferrazolli Camargo: Técnico Responsável pelo Projeto no esta<strong>do</strong> de Santa<br />

Catarina.<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA<br />

SUINOCULTURA EM SANTA CATARINA<br />

GESTÃO AMBIENTAL DE PROPRIEDADES SUINÍCOLAS:<br />

EXPERIÊNCIA DO PROJETO SUINOCULTURA<br />

SANTA CATARINA - PNMA II<br />

Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

Secretaria Executiva<br />

Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

© Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA<br />

Coordenação: Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira – Embrapa Suínos e Aves; Cinthya Mônica<br />

da Silva Zanuzzi, Darci Oliveira de Souza – Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA/SC.<br />

Coordenação Editorial: Simone Colombo<br />

Editoração Eletrônica: Simone Colombo<br />

Normalização Bibliográfica: Dulci Eleni Westphal CRB 14/422<br />

Fotos: Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />

1ª edição<br />

1ª impressão: 2006 – Tiragem: 500 unidades<br />

Exemplares desta publicação podem ser adquiri<strong>do</strong>s na:<br />

Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA/SC<br />

Rua Felipe Schmidt, 485 – Centro<br />

88.010-970, Florianópolis, SC<br />

Fone: (0xx)(48) 3216-1700<br />

Fax: (0xx)(48) 3216-1797<br />

http://www.fatma.sc.gov.br<br />

fatma@fatma.sc.gov.br<br />

Ficha Catalográfica<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

<strong>experiência</strong> <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> SC / PNMA II / Coord. [por] Paulo<br />

Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira; Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi; Darci<br />

Oliveira de Souza - Florianópolis : FATMA/Embrapa Suínos e Aves, 2006.<br />

104p.; 29cm<br />

Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente PNMA II; Projeto de Controle<br />

da Degradação Ambiental Decorrente da Suinocultura em Santa<br />

Catarina.<br />

1. Gestão-ambiental – Santa Catarina. 2. Dejetos-manejo. 3. Dejetostratamento.<br />

4. Dejetos-aplicação no solo. I. Oliveira, Paulo Arman<strong>do</strong> V.<br />

de. II. Zanuzzi, Cinthya Mônica da Silva. III. Souza, Darci Oliveira de. IV.<br />

Título.<br />

___<br />

To<strong>do</strong>s os direitos reserva<strong>do</strong>s.<br />

CDU: 636.4:631.86(816.4)<br />

A reprodução não-autorizada desta publicação, no to<strong>do</strong> ou em parte, constitui violação <strong>do</strong>s direitos<br />

autorais (Lei nº 9,610).<br />

9


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES PROJETO SUINOCULTURA<br />

SANTA CATARINA<br />

Unidade de Coordenação Estadual PNMA II<br />

Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável – SDS<br />

Unidade de Coordenação Estadual <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada de Ativos<br />

Ambientais<br />

Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA<br />

Unidade Executora<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves<br />

Unidades Co-Executoras<br />

Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – FATMA<br />

Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Agricultura e Política Rural – SAR<br />

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC – EPAGRI<br />

Parceiros<br />

Associações<br />

Associação Catarinense <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res de Bovinos de Santa Catarina – ACCB/SUL<br />

Associação Catarinense <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res de Suínos de Santa Catarina – ACCS/SUL<br />

Instituições de Ensino<br />

Colégio Espaço Ltda<br />

Escola Agrotécnica Federal de Concórdia – EAFC<br />

Universidade <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> – UnC<br />

Universidade <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina – UNOESC<br />

Universidade <strong>do</strong> Sul de Santa Catarina – UNISUL<br />

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC<br />

Agroindústrias<br />

Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia Ltda – Copérdia<br />

Sadia S.A.<br />

Prefeituras<br />

Prefeitura Municipal de Concórdia através da Fundação Municipal de Defesa <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

– FUNDEMA<br />

Prefeitura Municipal de Braço <strong>do</strong> Norte – PMBN<br />

Sindicatos<br />

Sindicato Rural de Braço <strong>do</strong> Norte – SRBN<br />

Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais de Braço <strong>do</strong> Norte SC – STRBN<br />

Outras<br />

Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense – GEASC<br />

Gerência Regional de Educação de Braço <strong>do</strong> Norte SC – 20ª GEREI<br />

Centro Integra<strong>do</strong> de Ciências da Região Sul de Santa Catarina – CINCRES<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

LISTA DE SIGLAS<br />

AMAUC – Associação de Municípios Alto Uruguai Catarinense<br />

APP – Área de Preservação Permanente<br />

CDA – Centro de Divulgação Ambiental da Usina de Itá<br />

CIRAM – Centro Integra<strong>do</strong> de Informações e Recursos Ambientais de Santa Catarina<br />

CONAMA – Conselho Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

DBO – Demanda Química de Oxigênio<br />

DQO – Demanda Biológica de Oxigênio<br />

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves<br />

EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina<br />

FATMA – Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente/SC<br />

GLP – Gás Liqüifeito de Petróleo<br />

IQA – Índice de Qualidade da Água<br />

PNMA II – Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II<br />

ROLAS – Rede Oficial de Laboratórios de Análises <strong>do</strong> Solo e Teci<strong>do</strong> Vegetal<br />

SAD – Sistema de Apoio a Decisão<br />

SAR – Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Agricultura e Política Rural<br />

SDS – Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável<br />

SIF – Sistema de Inspeção Federal<br />

TAC – Termo de Ajustamento de Conduta<br />

UPL – Unidade de Produção de Leitões<br />

11


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................<br />

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10<br />

1.1 Bacias hidrográficas selecionadas .................................................................................. 12<br />

1.1.1 Bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ........................................................................... 12<br />

1.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito .................................................................................. 14<br />

2 Ações desenvolvidas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> .................................................................... 16<br />

3 Principais resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s ..................................................................................... 17<br />

2 INTERVENÇÕES TECNOLÓGICAS DESENVOLVIDAS ................................... 19<br />

2.1 Aumento da densidade <strong>do</strong>s dejetos ................................................................................ 20<br />

2.2 Implantação de esterqueiras ........................................................................................... 22<br />

2.2.1 Esterqueira pulmão .............................................................................................. 23<br />

2.3 Compostagem de animais mortos ................................................................................... 24<br />

2.4 Recuperação das áreas de preservação permanente ................................................... 25<br />

2.5 Avaliação econômica das intervenções realizadas ......................................................... 27<br />

2.5.1 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ....................................................... 27<br />

2.5.2 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ............................................................... 28<br />

2.6 Resumo das intervenções desenvolvidas no <strong>projeto</strong> ...................................................... 28<br />

2.7 Unidades demonstrativas de tecnologias ........................................................................ 31<br />

2.7.1 Unidade de compostagem ................................................................................... 31<br />

2.7.2 Implantação de sistemas de produção de suínos em cama sobreposta ............. 33<br />

2.7.3 Implantação de biodigestor ................................................................................. 35<br />

2.7.3.1 Unidade de biodigestor para a produção de energia elétrica ................ 36<br />

2.7.3.2 Unidade de biodigestor para a produção de energia térmica ................ 38<br />

2.7.4 Conclusões .......................................................................................................... 42<br />

3 USO DE DEJETOS COMO FERTILIZANTE ORGÂNICO .................................. 43<br />

3.1 Uso de imagens de satélite de alta resolução como ferramenta de gestão ambiental .... 43<br />

3.2 Plano agronômico e balanço de nutrientes ..................................................................... 46<br />

3.2.1 Fator de Redução <strong>do</strong> Volume de Dejetos em função <strong>do</strong> aumento da Densidade<br />

– FRD ................................................................................................................... 48<br />

3.2.2 Fator de Redução em função das Características Físicas <strong>do</strong> Solo – FRCFS ...... 49<br />

3.2.3 Balanço de Nutrientes nas Bacias Trabalhadas .................................................. 49<br />

3.3 Recomendações de adubação orgânica ........................................................................... 56<br />

4 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DAS PROPRIEDADES, JUNTO A FATMA 57<br />

12<br />

9


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

5 MONITORAMENTO DA ÁGUA ................................................................................... 59<br />

5.1 Avaliação da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s solos nas bacias hidrográficas <strong>do</strong><br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ............................................................... 59<br />

5.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos .................................................................... 60<br />

5.1.3 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ................................................................................. 61<br />

5.1.4 Parâmetros hidrológicos e climatológicos ........................................................... 62<br />

5.1.5 Parâmetros físico-químicos e biológicos ............................................................. 63<br />

5.1.6 Análise multivariada ............................................................................................ 64<br />

5.2 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento hidrológico e climatológico ............................................ 66<br />

5.2.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ................................................................... 66<br />

5.2.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito .......................................................................................... 67<br />

5.2.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento físico-químico e biológico da água ..................... 68<br />

5.2.3.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos ..................................................... 69<br />

5.2.3.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito ................................................................... 72<br />

5.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> biomonitoramento correlaciona<strong>do</strong>s aos parâmetros físico-químicos ..... 77<br />

5.4 Análise multivariada <strong>do</strong>s parâmetros ............................................................................. 81<br />

5.5 Conclusões gerais sobre o monitoramento da água ...................................................... 82<br />

6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..........................................................................................<br />

6.1 Ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong> .................................................................................. 85<br />

6.1.1 Organização <strong>do</strong>s produtores e capacitação de técnicos e produtores ............... 85<br />

6.1.2 Cartilha <strong>suinocultura</strong> e meio ambiente ............................................................... 86<br />

6.1.3 Vídeo .................................................................................................................. 88<br />

6.1.4 Dias de campo para sensibilização sobre a recuperação e a preservação da<br />

mata ciliar .......................................................................................................... 88<br />

6.1.5 Teatro de fantoches ........................................................................................... 90<br />

7 PROJETO SAD ..................................................................................................................<br />

7.1 Sistema de Apoio à Decisão (SAD) para avaliação de impactos da <strong>suinocultura</strong> sobre<br />

o meio ambiente ............................................................................................................. 92<br />

7.1.1 Principais metas .................................................................................................. 93<br />

7.2 Subsídios diretos para a tomada de decisão – Projeto SAD ......................................... 93<br />

7.3 Estratégias de implantação ............................................................................................ 94<br />

8 CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES ................................................ 96<br />

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 98<br />

ANEXOS ................................................................................................................................... 101<br />

1 Publicações relativas ao Projeto Suinocultura ........................................................................ 101<br />

2 Jornal de divulgação <strong>do</strong> Projeto Suinocultura ......................................................................... 104<br />

13<br />

85<br />

92


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

APRESENTAÇÃO<br />

A <strong>suinocultura</strong> representa uma importante atividade socioeconômica para o esta<strong>do</strong> de<br />

Santa Catarina.<br />

Sabe-se que esta atividade é uma importante cadeia produtiva e a questão ambiental<br />

é um <strong>do</strong>s grandes gargalos para a expansão e continuidade da produção.<br />

No ano 2000, o esta<strong>do</strong> de Santa Catarina através da Secretaria de Desenvolvimento<br />

Social e de Meio Ambiente – SDS se habilitou a participar <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio<br />

Ambiente – PNMA II, decorrente de um acor<strong>do</strong> de empréstimo <strong>do</strong> Governo Brasileiro com o<br />

Banco Mundial/Bird, através <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente. A construção <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> se deu a<br />

partir de um edital público para o qual se habilitaram 23 instituições governamentais e não<br />

governamentais. Após várias reuniões estas entidades escreveram o <strong>projeto</strong> dentro da<br />

meto<strong>do</strong>logia orientada pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente.<br />

O arranjo institucional <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi composto pela SDS, Fatma, Embrapa Suínos e<br />

Aves, SDA, Epagri, e demais instituições parceiras de caráter público e priva<strong>do</strong>. Arranjo este,<br />

que foi fundamental para a execução <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, consideran<strong>do</strong> a complexidade e gravidade <strong>do</strong>s<br />

processos de degradação ambiental decorrentes da <strong>suinocultura</strong>.<br />

A partir de 2002 se iniciou a implantação <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> Controle da Degradação<br />

Ambiental Decorrente da Suinocultura em Santa Catarina, nas Bacias <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos, município de Concórdia e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, município de Braço <strong>do</strong> Norte.<br />

Este <strong>projeto</strong> teve caráter piloto e, como foco principal, a prática da conservação<br />

ambiental em paralelo com a permanência da produção. Foram instaladas unidades<br />

demonstrativas (biodigestores, plataforma de compostagem, cama sobreposta), assim como a<br />

implantação simultânea de boas práticas construtivas (reformas <strong>do</strong> beiral no telha<strong>do</strong>, troca de<br />

bebe<strong>do</strong>uros, canaletas externas cobertas, cisternas, recuperação da margem <strong>do</strong>s corpos<br />

d’água), procedimentos estes de baixo custo, mas que representam um significativo ganho<br />

ambiental.<br />

Com foco na <strong>experiência</strong> de quatro anos, esta publicação foi idealizada com o<br />

propósito de divulgar, tanto a nível regional como no âmbito Estadual e Nacional, os resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s como subsídios técnicos reuni<strong>do</strong>s em formato de resumos para auxiliar no<br />

planejamento das atividades suinícola nas bacias hidrográficas.<br />

9<br />

JANIO WAGNER CONSTANTE<br />

Presidente da Fatma


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

10<br />

Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />

Embrapa Suínos e Aves<br />

O Brasil é o único país da América Latina incluí<strong>do</strong> na lista <strong>do</strong>s 10 maiores produtores<br />

mundiais de carne suína, sen<strong>do</strong> responsável por 7,5% das exportações mundiais. Algumas<br />

regiões como o esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, destacam-se pela grande tecnificação de sua<br />

produção, exibin<strong>do</strong> taxa de desfrute de 188% (MIELE, 2006). A Suinocultura é uma atividade<br />

importante <strong>do</strong> ponto de vista econômico e social uma vez que se constitui em ferramenta de<br />

fixação <strong>do</strong> homem no campo e meio de geração de empregos diretos e indiretos em toda a<br />

cadeia produtiva. O rebanho suíno nacional em 2005 foi estima<strong>do</strong> em 32.396.439 cabeças,<br />

concentran<strong>do</strong> na região Sul cerca de 13.889.514 cabeças (42,87% <strong>do</strong> rebanho nacional)<br />

(MIELE, 2006). A participação das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte/Nordeste no<br />

alojamento agroindustrial de matrizes é respectivamente, 61%, 19%, 12% e 9%, sen<strong>do</strong> que a<br />

participação nos abates com inspeção federal (SIF) é de 56%,18%, 14% e 10% e participação<br />

nas exportações de 84%, 7%, 9% e 0%, em 2005, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Abipecs, ABCS,<br />

Embrapa e IBGE (MIELE, 2006).<br />

A região Sul <strong>do</strong> país, que engloba os esta<strong>do</strong>s de Santa Catarina (SC), Rio Grande <strong>do</strong><br />

Sul (RS) e Paraná (PR), concentram cerca da metade da produção de carne suína, <strong>do</strong>s abates<br />

de animais, <strong>do</strong>s rebanhos e <strong>do</strong> alojamento de matrizes. Por se constituir na região mais<br />

tradicional e sede das empresas líderes, têm uma participação ainda maior no alojamento de<br />

matrizes industriais (rebanho tecnifica<strong>do</strong>), nos abates sob o Sistema de Inspeção Federal (SIF)<br />

e nas exportações. A região tem mais de 80% <strong>do</strong>s estabelecimentos suinícolas tecnifica<strong>do</strong>s,<br />

destacan<strong>do</strong>-se não só pela importância nos abates totais, como sobretu<strong>do</strong>, por ter uma escala<br />

de produção inferior às regiões Sudeste e Centro-Oeste, com presença pre<strong>do</strong>minante da<br />

agricultura familiar.<br />

Em termos de dinâmica espacial, a região Sul manteve nos últimos sete anos, de 1997<br />

a 2004, sua participação no rebanho nacional em 44% e aumentou sua participação nas<br />

exportações. Registrou-se aumento <strong>do</strong>s abates inspeciona<strong>do</strong>s nas regiões Sudeste e Centro-<br />

Oeste, de 11% em 1997 para 16% em 2004, sen<strong>do</strong> que na região Centro Oeste também<br />

apresentou crescimento na sua participação no rebanho suinícola nacional de 8% em 1997<br />

para 11% em 2004. Neste mesmo perío<strong>do</strong> não foi registra<strong>do</strong> aumento no rebanho suinícola e<br />

participação nos abates inspeciona<strong>do</strong>s (SIF) nas regiões Norte/Nordeste (MIELE, 2006).<br />

A baixa rentabilidade da <strong>suinocultura</strong> observada nos últimos anos, reduziu a<br />

capacidade de investimento <strong>do</strong>s produtores para a adequação <strong>do</strong> sistema de manejo,<br />

tratamento e utilização <strong>do</strong>s efluentes em relação as exigências da Legislação Ambiental. A<br />

insuficiência da renda da operação agrícola excluiu cerca de 40% <strong>do</strong>s suinocultores na última<br />

década, sen<strong>do</strong> responsável pelo empobrecimento e pelo êxo<strong>do</strong> rural da região. As<br />

repercussões sociais são alarmantes, os últimos anos revelam que o número de produtores<br />

excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> complexo agro-industrial de suínos vem aumentan<strong>do</strong> significativamente. Estu<strong>do</strong>s<br />

prospectivos indicam que, em curto prazo, haverá redução <strong>do</strong> número de cria<strong>do</strong>res, aumento<br />

da escala de produção e da eficiência reprodutiva <strong>do</strong> sistema em todas as regiões, redução da<br />

idade de abate mediante o emprego de novas tecnologias e de técnicas gerenciais e expansão<br />

para novas fronteiras, provocan<strong>do</strong> uma maior pressão sobre os recursos naturais, maior<br />

demanda por água e maior emissão de dejetos e gases poluentes. Por outro la<strong>do</strong>, o Esta<strong>do</strong> de<br />

Santa Catarina vem acompanhan<strong>do</strong> a tendência internacional de redução <strong>do</strong> número de<br />

produtores e aumento da escala de produção por cria<strong>do</strong>r, portanto, concentran<strong>do</strong> a geração de<br />

efluentes em áreas cada vez mais restritas e aumentan<strong>do</strong> a pressão sobre os recursos naturais<br />

de uma atividade tipicamente desenvolvida em regime de pequenas propriedades e situada em<br />

áreas com relevo acidenta<strong>do</strong>, onde somente 22% da superfície possui aptidão para ser<br />

utilizada na agricultura mecanizada. Além disso, a falta de informações, a baixa capacidade de


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

investimento <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>res, aliada às limitações topográficas para uso agrícola, propiciam as<br />

condições básicas para o lançamento de efluentes não trata<strong>do</strong>s no ambiente.<br />

Portanto, a resolução da questão ambiental da <strong>suinocultura</strong> não passa tão somente<br />

pelo segmento tecnológico, mas na readequação <strong>do</strong> modelo atual de exploração, por <strong>projeto</strong>s<br />

de edificações volta<strong>do</strong>s para as soluções das questões ambientais e valorização <strong>do</strong>s dejetos<br />

como adubo orgânico, no desenvolvimento de uma perspectiva realista de distribuição espacial<br />

das granjas produtoras de suínos baseada na capacidade de carga <strong>do</strong>s sistemas envolvi<strong>do</strong>s e<br />

na melhoria e manutenção da qualidade de vida <strong>do</strong> suinocultor.<br />

O Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina identificou as questões ambientais decorrentes da<br />

produção de suínos, como um <strong>do</strong>s principais problemas a serem trabalha<strong>do</strong>s em função da<br />

importância econômica e social da atividade suinícola para o Esta<strong>do</strong>. No Esta<strong>do</strong> as bacias<br />

hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, situada em Concórdia e <strong>do</strong> Coruja/Bonito, em Braço <strong>do</strong><br />

Norte, foram selecionadas por serem consideradas bacias representativas de áreas de<br />

produção de suínos e por possuírem um severo comprometimento <strong>do</strong>s recursos naturais. Outro<br />

motivo da escolha das referidas bacias é porque elas já possuíam um diagnóstico conten<strong>do</strong><br />

informações detalhadas sobre a condição socioeconômica, a tipologia de produção, aptidão de<br />

solos e clima, a localização geográfica e o nível de impacto ambiental causa<strong>do</strong> pela atividade<br />

suinícola (SILVA, 2000; EPAGRI, 2000; EPAGRI, 2001; COUTINHO, 2001).<br />

Identifica<strong>do</strong>s os problemas ambientais decorrentes <strong>do</strong> manejo inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos<br />

de suínos e as bacias hidrográficas, o Governo Estadual se habilitou a participar <strong>do</strong> Programa<br />

Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente – PNMA II a implantação <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> Controle da Degradação<br />

Ambiental Decorrente da Suinocultura nas Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos –<br />

Concórdia e <strong>do</strong> Coruja/Bonito – Braço <strong>do</strong> Norte com a denominação de Projeto Suinocultura<br />

Santa Catarina, com o objetivo de reduzir a poluição ambiental causada pelo manejo<br />

inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos de suínos, propician<strong>do</strong> a recuperação de áreas degradadas e proteção<br />

<strong>do</strong>s recursos naturais e consequentemente, a melhoria da qualidade de vida da população local.<br />

Sen<strong>do</strong> que a área <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> abrange cerca de 190 unidades produtoras de suínos nas duas<br />

bacias.<br />

O Projeto Suinocultura Santa Catarina, integrante <strong>do</strong> Componente Gestão Integrada<br />

de Ativos Ambientais, pertencentes ao Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA, é um<br />

<strong>projeto</strong> vincula<strong>do</strong> ao Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente, com financiamento <strong>do</strong> Banco Mundial<br />

(BIRD). Neste <strong>projeto</strong>, definiu-se um arranjo institucional sob a coordenação da Fundação <strong>do</strong><br />

Meio Ambiente FATMA, com execução técnica e financeira pela Embrapa Suínos e Aves, ten<strong>do</strong><br />

como co-executores a FATMA, a Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Agricultura e Política Rural – SAR e<br />

a EPAGRI.<br />

Participaram <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, 17 entidades parcerias, constituídas de instituições<br />

governamentais (federais, estaduais e municipais) e privadas (agroindústrias), de ensino<br />

(universidades e escolas), além de instituições de pesquisa, sindicatos, associação de cria<strong>do</strong>res<br />

de suínos e ONG’s com conhecimento e tradicional atuação no setor, contemplan<strong>do</strong> as interfaces<br />

<strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e contribuin<strong>do</strong> para o bom trâmite das ações planejadas e implementadas. A<br />

meto<strong>do</strong>logia de desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho envolveu a participação de todas as instituições<br />

citadas acima.<br />

O Projeto Suinocultura Santa Catarina teve como objetivo principal a recuperação<br />

ambiental de regiões com alta concentração de suínos. Sen<strong>do</strong> as duas bacias hidrográficas<br />

selecionadas com a intenção de torná-las “Bacias Piloto” que pudessem servir de pólo<br />

irradia<strong>do</strong>r das ações de recuperação ambiental e servin<strong>do</strong> de modelo das tecnologias e<br />

meto<strong>do</strong>logias implantadas.<br />

O foco principal deste <strong>projeto</strong> foram as intervenções tecnológicas nas propriedades,<br />

baseadas em modelo de Gestão e Planejamento Ambiental desenvolvi<strong>do</strong> pelo <strong>projeto</strong> basea<strong>do</strong><br />

em diagnóstico técnico realiza<strong>do</strong> nas bacias, com vistas ao manejo correto <strong>do</strong>s dejetos de<br />

suínos, recuperação da qualidade <strong>do</strong>s mananciais d’água e à melhoria da qualidade ambiental<br />

em áreas, degradadas pela criação intensiva de suínos. (OLIVEIRA, 2004).<br />

11


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu-se através <strong>do</strong>s seguintes passos meto<strong>do</strong>lógicos:<br />

- Organização <strong>do</strong>s suinocultores em associações por bacias hidrográficas;<br />

- Capacitação tecnológica de técnicos e suinocultores nas bacias trabalhadas<br />

(através de cursos, palestras e seminários);<br />

- Redução <strong>do</strong> desperdício de água e <strong>do</strong> volume de dejetos gera<strong>do</strong>s pela a<strong>do</strong>ção de<br />

técnicas de manejo e instalação de equipamentos ambientalmente adequa<strong>do</strong>s para a<br />

criação de suínos (troca de bebe<strong>do</strong>uros, drenagem e desvio de águas superficiais,<br />

uso de cisternas, reaproveitamento <strong>do</strong>s resíduos líqui<strong>do</strong>s, medições de consumo de<br />

água, medições de densidade <strong>do</strong>s dejetos);<br />

- Incentivo ao uso de dejetos como fertilizante orgânico (substituição parcial <strong>do</strong>s<br />

adubos químicos);<br />

- Redução <strong>do</strong>s focos de contaminação <strong>do</strong>s corpos d’água, através da otimização e<br />

implementação de sistemas de manejo, armazenamento e tratamento de dejetos e<br />

resíduos orgânicos de suínos, contemplan<strong>do</strong> a agregação de valor aos produtos e<br />

subprodutos da atividade suinícola (adequação de esterqueiras, instalação de<br />

biodigestores, unidades de produção de suínos em sistemas de cama sobreposta,<br />

unidades de compostagem de dejetos líqui<strong>do</strong>s e unidades de compostagem para<br />

animais mortos);<br />

- Promoção da recuperação de áreas de preservação permanente; incentivar à<br />

regularização das atividades suinícolas (Licenciamento Ambiental);<br />

- Avaliação da eficiência de sistemas de tratamento de dejetos de suínos e <strong>do</strong> impacto<br />

<strong>do</strong> <strong>projeto</strong> na qualidade das águas superficiais e subterrâneas <strong>do</strong>s solos afeta<strong>do</strong>s<br />

pela atividade da <strong>suinocultura</strong> nas bacias selecionadas (monitoramento constante da<br />

água e <strong>do</strong> solo).<br />

1.1 Bacias hidrográficas selecionadas<br />

Na execução <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foram selecionadas duas áreas típicas de produção de suínos,<br />

com severo comprometimento <strong>do</strong>s recursos naturais: a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos, localizada no Município de Concórdia/SC e a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Coruja/Bonito<br />

localizada em Braço <strong>do</strong> Norte/SC. De um la<strong>do</strong> o município de Braço <strong>do</strong> Norte, possui uma<br />

grande concentração de suínos, com cerca de 661,82 suínos/km 2 . Do outro la<strong>do</strong>, a região<br />

oeste catarinense detêm 81,7% <strong>do</strong> total da produção de suínos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina.<br />

Além disto, nesta região, estão localizadas as grandes agroindústrias de aves e suínos, <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, processa<strong>do</strong>res de soja e trigo, como a Sadia, Perdigão, Seara e a Cooperativa Central<br />

Oeste de Santa Catarina.<br />

1.1.1 Bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

A bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos localiza-se no Município de Concórdia no esta<strong>do</strong> de<br />

Santa Catarina, na latitude sul 27°12 ’ 01 ’’ e longitude oeste 52°01 ’ 58 ’’ (Figura 1). Pertence à<br />

região hidrográfica IV, segun<strong>do</strong> a setorização <strong>do</strong> Projeto Microbacias/BIRD, abrangen<strong>do</strong> uma<br />

área de 61,54 km 2 , corresponde a 7,62% <strong>do</strong> município e é composta por 32 bacias (SILVA,<br />

2000; COUTINHO, 2001).<br />

12


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 1 – Localização geográfica da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Fonte: Epagri, Inventário de terras e diagnóstico sócio-econômico e<br />

ambiental, bacia <strong>do</strong>s Fragosos, 2000.<br />

A área é constituída por um conjunto de redes de drenagem, sen<strong>do</strong> a bacia principal<br />

formada pelo Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, que é alimenta<strong>do</strong> por diversos pequenos afluentes<br />

forman<strong>do</strong> muitas microbacias de área reduzida. O Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos desemboca no Rio<br />

Jacutinga próximo à comunidade de Engenho Velho e parte de sua foz atual está inundada<br />

devi<strong>do</strong> à formação <strong>do</strong> lago da Barragem de Itá.<br />

Os parâmetros analisa<strong>do</strong>s da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e seus atributos estão<br />

apresenta<strong>do</strong>s, a seguir na Tabela 1.<br />

Tabela 1 – Características físicas da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Parâmetro Atributo<br />

Área de drenagem (A)<br />

61,54km<br />

Perímetro da Bacia (P)<br />

Coeficiente de compacidade (Kc)<br />

Comprimento axial da Bacia (La)<br />

Fator de forma (Kf)<br />

Ordem da bacia<br />

Comprimento <strong>do</strong> rio principal (L)<br />

Comprimento total <strong>do</strong>s cursos d’água (Lt)<br />

Densidade de drenagem (Dd)<br />

Extensão média <strong>do</strong> escoamento superficial (l)<br />

Distância mais curta entre nascente e foz (D)<br />

Índice de sinuosidade <strong>do</strong> curso d’água (Is)<br />

Declividade média (X)<br />

Altitude máxima (H)<br />

Altitude média (Hm)<br />

Altitude mínima (Ho)<br />

Tempo de concentração (Tc)<br />

2<br />

44,98km<br />

1,61<br />

25,80km<br />

0,10<br />

3 a<br />

25,65km<br />

94,85km<br />

1,54km/km 2<br />

0,16km<br />

17,92km<br />

30,0%<br />

23,53%<br />

862m<br />

596m<br />

320m<br />

5h:25’<br />

Fonte: Epagri, Inventário de terras e diagnóstico sócio-econômico e ambiental, bacia<br />

<strong>do</strong>s Fragosos, 2000.<br />

Na bacia existem áreas residenciais urbanas, agroindústrias, escolas e atividades<br />

comerciais, embora a atividade pre<strong>do</strong>minante continue sen<strong>do</strong> a atividade agropecuária. Com a<br />

13


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

formação de represas, os proprietários <strong>do</strong>s terrenos banha<strong>do</strong>s pelas águas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos, ficaram com áreas propícias para o lazer, tais como a pesca e os esportes náuticos<br />

(SILVA, 2000; COUTINHO, 2001).<br />

As três principais atividades pecuárias desenvolvidas no âmbito da Bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos são a <strong>suinocultura</strong>, avicultura e a bovinocultura. Em termos de atividade pecuária a<br />

<strong>suinocultura</strong> constitui-se na principal atividade econômica entre os produtores da bacia,<br />

seguida da bovinocultura de leite e da avicultura (SILVA, 2000).<br />

Com relação à geologia desta bacia o trabalho Inventário de Terras realiza<strong>do</strong> pela<br />

Epagri (2000) informa que os solos <strong>do</strong>minantes em Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos são:<br />

Cambissolo: apresentam variações quanto à profundidade <strong>do</strong>s solos, estrutura, cor e<br />

textura. Não possuem acumulações significativas de óxi<strong>do</strong>s de ferro, húmus e argilas. Podem<br />

ser deriva<strong>do</strong>s de diferentes materiais de origem e encontra<strong>do</strong>s em todas as fases de relevo;<br />

Terra Bruna-Roxa Estruturada: ocorrem, normalmente, em altitudes entre 600 e 900m,<br />

sen<strong>do</strong> em geral profun<strong>do</strong>s ou pouco profun<strong>do</strong>s. Apresenta uma fertilidade natural média a alta<br />

(distrófico e eutrófico); baixos a médios teores de alumínio e valores de pH médios e baixos,<br />

com teores baixos de Fósforo e médios de Cálcio e Magnésio;<br />

Terra Roxa Estruturada: são solos origina<strong>do</strong>s da alteração de rochas eruptivas de<br />

caráter básico (basalto), com ocorrência em relevo suave ondula<strong>do</strong> e ondula<strong>do</strong> profun<strong>do</strong>s ou<br />

pouco profun<strong>do</strong>s, bem drena<strong>do</strong>s. Distribui-se em regiões com altitude inferior a 600m. A<br />

fertilidade natural é média e alta com pequenas limitações devi<strong>do</strong> aos baixos teores de fósforo<br />

e médios de Cálcio e Magnésio;<br />

Solos Litólicos: são solos muito rasos, inadequa<strong>do</strong>s para agricultura mecanizada<br />

devi<strong>do</strong> principalmente ao relevo acidenta<strong>do</strong>, à pequena espessura, presença de pedras,<br />

calhaus e matacões na superfície. A deficiência de água também se constitui em fator limitante<br />

ao uso desses solos, pois, a declividade propicia um maior escorrimento da água em<br />

detrimento à infiltração, não permitin<strong>do</strong> o armazenamento suficiente.<br />

1.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

A bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito (Figura 2) abrange uma extensão de, aproximadamente,<br />

52km 2 . A área é constituída por uma rede de drenagem composta pelo Rio Coruja/Bonito e<br />

seus tributários e pertence à bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Tubarão, ten<strong>do</strong> sua foz no Rio Braço <strong>do</strong><br />

Norte.<br />

Figura 2 – Localização da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito.<br />

Fonte: Epagri, Inventário das terras da bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, 2001.<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Os parâmetros analisa<strong>do</strong>s da bacia e seus atributos estão apresenta<strong>do</strong>s, a seguir, na<br />

Tabela 2.<br />

Tabela 2 – Características físicas da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito.<br />

Parâmetro Atributo<br />

Área de drenagem (A)<br />

52,0km<br />

Perímetro da bacia (P)<br />

Coeficiente de compacidade (Kc)<br />

Comprimento axial da bacia (La)<br />

Fator de forma (Kf)<br />

Ordem da bacia<br />

Comprimento <strong>do</strong> rio principal (L)<br />

Comprimento total <strong>do</strong>s cursos d’água (Lt)<br />

Densidade de drenagem (Dd)<br />

Extensão média <strong>do</strong> escoamento superficial (l)<br />

Distância mais curta entre nascente e foz (D)<br />

Índice de sinuosidade <strong>do</strong> curso d’água (Is)<br />

Declividade média (X)<br />

Altitude máxima (H)<br />

Altitude média (Hm)<br />

Altitude mínima (Ho)<br />

Tempo de concentração (Tc)<br />

2<br />

44,36km<br />

1,72<br />

15,9km<br />

0,20<br />

4 a<br />

24,60km<br />

135,9km<br />

2,61km/km 2<br />

0,095km<br />

15,5km<br />

36,21%<br />

19,32%<br />

540m<br />

303,8m<br />

40m<br />

5h<br />

Fonte: Epagri, Inventário das terras da bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, 2001.<br />

A bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito caracteriza-se como um pólo importante de produção<br />

agrícola diversificada; suas características naturais permitem o desenvolvimento de diversos<br />

sistemas de produção agrícola e pesqueiro.<br />

As principais atividades agrícolas desenvolvidas na região são a produção de arroz,<br />

mandioca, fumo, banana, batata, tomate, feijão, cana-de-açúcar, e a horticultura diversificada.<br />

Na agropecuária destacam-se a bovinocultura de corte e leite, <strong>suinocultura</strong> e avicultura de<br />

postura e de corte. A produção melífera também possui importância regional. Mais<br />

recentemente, a consolidação da piscicultura e o surgimento da carcinicultura têm apresenta<strong>do</strong><br />

excelentes resulta<strong>do</strong>s.<br />

Com relação à geologia desta bacia o trabalho Inventário de Terras realiza<strong>do</strong> pela<br />

Epagri (2000) mostra que os solos <strong>do</strong>minantes no Coruja/Bonito são:<br />

Podzólico Vermelho Amarelo (NITOSSOLO – SBCS): apresentam textura argilosa e<br />

média/argilosa e, em muitos casos, com cascalhos ou cascalhenta, normalmente com argila de<br />

atividade baixa. Situa-se em relevo ondula<strong>do</strong> e forte ondula<strong>do</strong>, exigin<strong>do</strong> práticas<br />

conservacionistas severas quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s de forma intensiva. A maior parte deles é álico,<br />

com altos teores de alumínio e baixa fertilidade natural;<br />

Cambissolo (CAMBISSOLO – SBCS): no caso de se desenvolverem em áreas com<br />

drenagem imperfeita, devi<strong>do</strong> à aproximação e oscilações <strong>do</strong> lençol freático, podem ocorrer<br />

indícios de gleização a partir <strong>do</strong>s 60cm com conseqüente ocorrência de horizonte Bi, sen<strong>do</strong><br />

nesses casos classifica<strong>do</strong>s com Cambissolos Glêicos. Em ambos os casos são solos com um<br />

certo grau de evolução, porém, não o suficiente para intemperizar minerais primários de mais<br />

fácil intemperização, como feldspato, mica, hornblenda, augita e outros, e não possuem<br />

acumulações significativas de óxi<strong>do</strong>s de ferro, húmus e argilas. Podem ser deriva<strong>do</strong>s de<br />

diferentes materiais de origem e encontra<strong>do</strong>s em todas as fases de relevo;<br />

Solos Litólicos (NEOSSOLOS LITÓLICOS – SBCS): são solos muito rasos<br />

inadequa<strong>do</strong>s para agricultura mecanizada devi<strong>do</strong>, principalmente, ao relevo acidenta<strong>do</strong>, à<br />

pequena espessura, presença de pedras, calhaus e matacões na superfície. A deficiência de<br />

água também se constitui em fator limitante ao uso desses solos, pois, a declividade propicia<br />

um maior escorrimento da água em detrimento à infiltração, não permitin<strong>do</strong> o armazenamento<br />

15


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

suficiente. São deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mais diferentes materiais de origem, os quais definem os graus<br />

de limitação por fertilidade.<br />

2 Ações desenvolvidas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong><br />

O primeiro ano <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, em 2002, foi de organização e formação das equipes,<br />

planejamento de ações, elaboração e discussão <strong>do</strong>s <strong>projeto</strong>s técnicos individuais de<br />

adequação para cada propriedade. Neste mesmo ano, o <strong>projeto</strong> promoveu a constituição legal<br />

de duas associações de produtores de suínos, uma para cada bacia selecionada, com o<br />

objetivo de incentivar a participação e integração <strong>do</strong>s produtores nas decisões <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>. A<br />

equipe técnica <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> conduziu reuniões mensais das associações de produtores, para em<br />

conjunto com, produtores e executores, discutir e analisar o andamento das ações, buscan<strong>do</strong><br />

evitar e corrigir problemas ao longo da execução <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>. Essa participação foi importante<br />

para ouvir os produtores, saber sobre suas dificuldades e reivindicações, tornan<strong>do</strong>-se mais fácil<br />

planejar e propor ações e tecnologias adequadas às suas necessidades.<br />

Os técnicos <strong>do</strong> Projeto, visitaram, em 2002, 176 propriedades, sen<strong>do</strong> 122 em<br />

Concórdia e 54 em Braço <strong>do</strong> Norte. Neste primeiro levantamento observou-se que mais de<br />

70% das propriedades não poderiam receber o licenciamento ambiental, pois estavam em<br />

desacor<strong>do</strong> com a legislação ambiental vigente.<br />

Em 2003 e 2004, foram desenvolvidas as intervenções tecnológicas para adequação<br />

ambiental das unidades de produção de suínos. Foram trabalhadas 45 propriedades situadas<br />

nas regiões das nascentes <strong>do</strong>s rios, atingin<strong>do</strong> as duas bacias hidrográficas. Foram<br />

identificadas com imagens de satélites as duas bacias sobre a qual foi realiza<strong>do</strong> to<strong>do</strong><br />

planejamento das ações de intervenções tecnológicas. O <strong>projeto</strong> implantou nas propriedades<br />

Unidades Demonstrativas de Tecnologias desenvolvidas conjuntamente pela Embrapa, pela<br />

EPAGRI e pela UFSC. Dentre as tecnologias implantadas destacam-se compostagem para<br />

animais mortos; criação de suínos em cama sobreposta; biodigestor; unidade de compostagem<br />

para dejetos brutos; reforma geral no sistema de condução de dejetos e otimização de<br />

esterqueiras.<br />

Foram realizadas análises de solo de todas as 190 propriedades existentes nas duas<br />

bacias, visan<strong>do</strong> identificar as características físico-químico, com a finalidade de propor<br />

recomendações agronômicas corretas para o uso de fertilizantes orgânico.<br />

Propostas de recuperação da mata ciliar nas propriedades, e promoção de educação<br />

ambiental, através da realização de cursos e treinamentos para produtores e técnicos que<br />

atuam nas bacias hidrográficas.<br />

Desenvolvimento de um programa de monitoramento da qualidade das águas<br />

superficiais, nas bacias trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>, de 2003 a 2005.<br />

Uma importante realização <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, foi a assinatura de Termos de Ajustamento de<br />

Conduta – TAC, em dezembro de 2003, entre os produtores envolvi<strong>do</strong>s e a Promotoria Pública<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, com o objetivo de legalizar a atividade suinícola nas<br />

propriedades atenden<strong>do</strong> a Legislação Ambiental vigente.<br />

Com o objetivo de divulgar as ações desenvolvidas e os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no <strong>projeto</strong><br />

foi criada uma página eletrônica hospedada na página da Embrapa Suínos e Aves<br />

(www.cnpsa.embrapa.br (Páginas Hospedadas: PNMA II), onde estão divulgadas todas as<br />

informações referentes ao <strong>projeto</strong> e as publicações produzidas.<br />

16


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

3 Principais resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s<br />

Um <strong>do</strong>s primeiros resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi o diagnóstico técnico completo e individual<br />

por propriedade, nas duas bacias hidrográficas trabalhadas, que envolveu técnicos e to<strong>do</strong>s os<br />

produtores. Após, o conhecimento da realidade individual de cada propriedade foram<br />

elabora<strong>do</strong>s os <strong>projeto</strong>s de intervenção tecnológica. Todas os <strong>projeto</strong>s de intervenções antes de<br />

serem implanta<strong>do</strong>s nas propriedades, foram discuti<strong>do</strong>s individualmente com os técnicos e os<br />

produtores e leva<strong>do</strong>s ao conhecimento das associações <strong>do</strong>s produtores, nas bacias.<br />

Os <strong>projeto</strong>s e os planos individuais de cada propriedade foram elabora<strong>do</strong>s com base<br />

em fotografia de satélite das bacias e visita a campo, o que permitiu analisar em detalhe os<br />

aspectos ambientais e os pontos críticos trabalha<strong>do</strong>s.<br />

Foram treina<strong>do</strong>s em práticas ambientalmente sustentáveis e manejo <strong>do</strong>s dejetos de<br />

suínos, através de cursos de capacitação e palestras, 85 técnicos de agroindústrias,<br />

cooperativas e de instituições públicas e privadas, além de 92 produtores.<br />

Foram realiza<strong>do</strong>s 6 seminários de esclarecimento sobre o <strong>projeto</strong>, para os produtores,<br />

técnicos e para o público em geral e, ainda, foram realizadas duas audiências publicas, sen<strong>do</strong><br />

uma em Braço <strong>do</strong> Norte e outra em Concórdia, onde o <strong>projeto</strong> estendeu convite a todas as<br />

comunidades.<br />

Foram publica<strong>do</strong>s 6 folders sobre: edificações para a produção de suínos, manejo <strong>do</strong>s<br />

dejetos, legislação ambiental, mata ciliar e gestão da água nas propriedades. Foram publica<strong>do</strong>s<br />

também, uma cartilha sobre meio ambiente para escolares, e, um manual de boas práticas<br />

ambientais na <strong>suinocultura</strong>. Foi elaborada uma fita de vídeo sobre <strong>suinocultura</strong> e meio<br />

ambiente, com a finalidade de divulgar as boas praticas ambientais induzidas pelo <strong>projeto</strong>.<br />

Foram realizadas adequações e recuperações de todas as esterqueiras existentes, (as<br />

quais estavam com problemas de sub-dimensionamento), nas propriedades <strong>do</strong> terço superior<br />

das duas bacias trabalhadas, foram distribuí<strong>do</strong>s 6 equipamentos (Vazão média de 80 m 3 /hora)<br />

para o transporte e distribuição de dejetos líqui<strong>do</strong>s e 2 máquinas (Capacidade de 6 toneladas)<br />

para a distribuição de resíduos sóli<strong>do</strong>s nas lavouras.<br />

A Tabela 3, apresenta o total de intervenções realizadas nas propriedades das duas<br />

bacias hidrográficas, tais como: a adequação de esterqueiras ao volume total de dejetos, as<br />

composteiras para carcaças de animais mortos, a drenagem de águas superficiais, a correção<br />

das canaletas de manejo <strong>do</strong>s dejetos, a substituição de bebe<strong>do</strong>uros e a colocação de calhas<br />

nos telha<strong>do</strong>s das edificações de produção de suínos.<br />

Tabela 3 – Intervenções realizadas, nas propriedades das duas bacias hidrográficas.<br />

Intervenções realizadas nas propriedades<br />

Esterqueira Volume de<br />

armazenamento<br />

m 3<br />

Composteira Drenagem Correção Substituição Colocação<br />

Para animais águas canaletas<br />

mortos superficiais dejetos<br />

de<br />

bebe<strong>do</strong>uros<br />

calhas nos<br />

telha<strong>do</strong>s<br />

Coruja/Bonito 20 6.650 10 12 11 16 5<br />

Fragosos 38 10.624 25 24 28 22 5<br />

Total 58 17.274 35 36 39 38 10<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu mapas (plantas e croquis) detalha<strong>do</strong>s de cada propriedade<br />

basea<strong>do</strong>s nas imagens de satélites (Quicbird) das duas bacias. Nestes mapas foram<br />

determinadas as faixas ciliares, a reserva legal das propriedades, a localização espacial da<br />

propriedade com suas respectivas distâncias <strong>do</strong>s cursos e nascentes de água e das estradas,<br />

localização das intervenções tecnológicas utilizadas na adequação ambiental e a localização e<br />

determinação das áreas de campos, lavouras e florestas utilizadas na elaboração <strong>do</strong>s planos<br />

agronômicos<br />

Instala<strong>do</strong>s 54 hidrômetros, para a medição <strong>do</strong> consumo de água nas propriedades,<br />

com o objetivo de gerar conhecimento sobre como melhorar a gestão de água e diminuir o seu<br />

consumo.<br />

17


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Realizadas 489 análises de solo envolven<strong>do</strong> todas as propriedades das duas bacias.<br />

Foram elabora<strong>do</strong>s 45 Planos Agronômicos das Propriedades (PAPs), <strong>do</strong> terço superior das<br />

duas bacias trabalhadas, através das análises de solos, <strong>do</strong> levantamento das áreas disponíveis<br />

para cultivo e das culturas implantadas em cada propriedade.<br />

Distribuí<strong>do</strong>s 49 kits com densímetros para avaliação qualitativa <strong>do</strong>s dejetos nas<br />

propriedades com a finalidade de orientar o uso correto <strong>do</strong>s dejetos como adubo orgânico.<br />

Foram elabora<strong>do</strong>s planos de recuperação da mata ciliar nas margens <strong>do</strong>s rios e da<br />

proteção de nascentes nas 45 propriedades. Também, foram implantadas unidades<br />

demonstrativas, sen<strong>do</strong> 3 na bacia <strong>do</strong> Coruja/bonito e 7 em Fragosos com o objetivo didático de<br />

demonstrar como se implantam os planos de recuperação, avalian<strong>do</strong>-se os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

A qualidade das águas superficiais foi monitorada, nos anos de 2003 a 2005, em sete<br />

diferentes pontos ao longo <strong>do</strong>s Rios Fragosos e Coruja/Bonito, desde a nascente até a foz,<br />

com a finalidade de avaliar a qualidade das águas através das análises <strong>do</strong>s parâmetros físico,<br />

químicos e biológicos. O <strong>projeto</strong> dispõe de um banco de informações sobre a qualidade das<br />

águas superficiais e subterrâneas nas duas bacias.<br />

Foram implantadas 6 unidades pilotos para avaliação técnica e econômica de algumas<br />

tecnologias, tais como: biodigestor para a geração de energia elétrica na propriedade;<br />

biodigestor para a geração de energia térmica (substituição da lenha e <strong>do</strong> GLP por biogás) no<br />

aquecimento <strong>do</strong> ar ambiente no interior de aviários; duas unidades de criação de suínos em<br />

sistema de cama biológica (Cama Sobreposta); uma cisterna para avaliação <strong>do</strong> uso da água da<br />

chuva e uma unidade de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos e a geração<br />

de composto orgânico.<br />

As 45 propriedades <strong>do</strong> terço superior das duas bacias hidrográficas, trabalhadas pelo<br />

<strong>projeto</strong>, após nas intervenções tecnológicas realizadas receberam o Licenciamento Ambiental<br />

expedi<strong>do</strong> pela FATMA.<br />

Demonstrou-se que a introdução de pequenas praticas ambientais para a gestão <strong>do</strong>s<br />

resíduos nas propriedades, com custos reduzi<strong>do</strong>s e acessíveis a maior parte <strong>do</strong>s produtores,<br />

promovem ganhos ambientais consideráveis.<br />

18


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

2 INTERVENÇÕES TECNOLÓGICAS DESENVOLVIDAS<br />

19<br />

Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />

Adroal<strong>do</strong> Pagani da Silva<br />

Doralice Pedroso-de-Paiva<br />

Martha Mayumi Higarashi<br />

Embrapa Suínos e Aves<br />

Dentre as atividades principais <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> encontram-se as intervenções tecnológicas<br />

propostas para adequar ambientalmente as propriedades suinícolas e recuperar as áreas de<br />

preservação permanente. As intervenções tecnológicas propostas foram elabora<strong>do</strong>s pelas<br />

entidades executoras <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e amplamente discutidas com os parceiros e produtores<br />

envolvi<strong>do</strong>s.<br />

Em reunião promovida pela Unidade de Coordenação Nacional (UCN) em<br />

Florianópolis em junho de 2003, para integrar os Projetos Suinocultura <strong>do</strong>s três esta<strong>do</strong>s da<br />

Região Sul no âmbito <strong>do</strong> PNMA II, ficou acorda<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção, como referência meto<strong>do</strong>lógica, da<br />

Norma Técnica ISO 14.000 pelos três esta<strong>do</strong>s, com o objetivo de planejar e avaliar as<br />

adequações nas propriedades dentro de um conceito mais abrangente de gestão ambiental<br />

aplicada à <strong>suinocultura</strong>. Discutida a transversalidade das informações e elaboradas<br />

meto<strong>do</strong>logias de trabalho voltadas para uma visão sistêmica envolven<strong>do</strong> as propriedades e<br />

bacia hidrográfica (Figura 3).<br />

Figura 3 – Reunião de integração <strong>do</strong> Projeto Suinocultura <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná, Rio Grande <strong>do</strong> Sul e Santa<br />

Catarina (Auditório da FATMA – Florianópolis/SC).<br />

Com base nos levantamentos de campo e auxilia<strong>do</strong> por croquis elabora<strong>do</strong>s a partir<br />

das imagens de satélite foram concluí<strong>do</strong>s os Projetos Técnicos de Adequação Ambiental para<br />

16 propriedades da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito e 30 da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos,<br />

incluin<strong>do</strong> todas as informações técnicas necessárias para orientar as intervenções.<br />

Os <strong>projeto</strong>s técnicos de adequação ambiental das propriedades foram elabora<strong>do</strong>s<br />

pelos técnicos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e envia<strong>do</strong>s aos produtores independentes e as agroindústrias<br />

integra<strong>do</strong>ras para o encaminhamento <strong>do</strong> licenciamento ambiental junto a Fatma.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

2.1 Aumento da densidade <strong>do</strong>s dejetos<br />

Com a finalidade de reduzir o volume de dejetos produzi<strong>do</strong>s nas granjas produtoras de<br />

suínos, foram a<strong>do</strong>tadas medidas para redução <strong>do</strong> desperdício e <strong>do</strong> consumo de água, que<br />

incluem substituição de bebe<strong>do</strong>uros e eliminação de vazamentos da rede hidráulica, além de<br />

ações de sensibilização e orientação <strong>do</strong>s produtores. Foram orienta<strong>do</strong>s os produtores para<br />

reduzir o consumo de água utiliza<strong>do</strong> na lavagem das instalações.<br />

Outra medida importante para reduzir <strong>do</strong> volume de dejetos foi a implementação de<br />

sistema de drenagem e desvio de águas pluviais das esterqueiras e cobertura das canaletas<br />

externas de manejo e transporte de dejetos. Também foram instaladas calhas nas coberturas<br />

das edificações para o escoamento das águas pluviais. Na Figura 4, observa-se a instalação<br />

de bebe<strong>do</strong>uros ecológicos, hidrômetro e adequação de rede hidráulica para reduzir o<br />

desperdício e o consumo de água nas propriedades.<br />

Figura 4 – Instalação de bebe<strong>do</strong>uros ecológicos, hidrômetro e adequação de rede hidráulica<br />

para reduzir o desperdício e o consumo de água nas propriedades.<br />

Observa-se na Figura 5, cobertura da canaleta de manejo <strong>do</strong>s dejetos depois<br />

e antes das intervenções realizadas.<br />

Figura 5 – Cobertura da canaleta de manejo <strong>do</strong>s dejetos depois e antes das<br />

intervenções realizadas.<br />

Uma das metas <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com a substituição <strong>do</strong>s bebe<strong>do</strong>uros existentes nas<br />

propriedades, cobertura das canaletas e mudança no manejo <strong>do</strong>s dejetos, era de aumentar a<br />

densidade <strong>do</strong>s dejetos de 1.016 kg/m 3 , média atual observada nas produções de suínos no<br />

Oeste Catarinense, para um valor em torno de 1.028 kg/m 3 , com a finalidade de viabilizar<br />

economicamente o uso <strong>do</strong>s dejetos com fertilizante orgânico e aumentar seu potencial para a<br />

produção de biogás.<br />

20


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

O <strong>projeto</strong> realizou-se o monitoramento <strong>do</strong> consumo de água e da densidade <strong>do</strong>s<br />

dejetos, em quatro Unidades de Produção de Leitões-UPL e quatro Unidade de Terminação-<br />

UT, na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, durante 12 semanas consecutivas. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s deste trabalho de observação encontram-se na Tabela 4.<br />

Tabela 4 – Média <strong>do</strong> consumo de água (L/animal/dia) e da densidade <strong>do</strong>s dejetos (kg/m³),<br />

em unidade de produção de suínos, observada em perío<strong>do</strong> de 12 semanas.<br />

Produção de Suínos Consumo de água Densidade (kg/m³)<br />

UPL- Unidade de Produção de Leitões (L/matriz/dia)<br />

1 22,84 1018,4<br />

2 31,31 1026,3<br />

3 27,30 1031,6<br />

4 20,76 1026,0<br />

Média 25,55 1025,6<br />

UT- Unidade de Terminação (L/suíno/dia)<br />

1 10,54 1031,1<br />

2 9,86 1028,2<br />

3 5,81 1023,7<br />

4 9,08 1024,5<br />

Média 8,82 1026,9<br />

Pode-se observar na Tabela 4, que a média <strong>do</strong> consumo de água pelas matrizes<br />

juntamente com a leitegada na UPL foi de 25,55 litros de água por matrizes/dia, esta medição<br />

refere-se apenas <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong>s animais (matrizes, machos e leitões) não houve uso da água<br />

para a limpeza das instalações.<br />

Na terminação observou-se um consumo médio de 8,82 litros de água por animal/dia<br />

para suínos com peso médio de 75 kg, da mesma maneira não houve limpeza com água nas<br />

instalações.<br />

A densidade média <strong>do</strong>s dejetos observada nas calhas de coleta externa nas<br />

edificações foi de 1.026 kg/m³ (5,65% de Sóli<strong>do</strong>s Totais), este resulta<strong>do</strong> demonstra que houve<br />

um aumento significativo da densidade <strong>do</strong>s dejetos nas propriedades quan<strong>do</strong> comparada com<br />

a média encontrada na região Oeste de Santa Catarina que é de 1.016 kg/m³ (3% de Sóli<strong>do</strong>s<br />

Totais).<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu trabalho de observação realizada em propriedade, onde<br />

instalou-se um biodigestor na bacia de Fragosos, após a substituição <strong>do</strong>s bebe<strong>do</strong>uros<br />

defeituosos e mudanças de manejo <strong>do</strong>s dejetos com lavagem e limpeza somente na saídas<br />

<strong>do</strong>s animais. Neste trabalho observou-se um aumento da densidade (kg/m 3 ) <strong>do</strong>s dejetos de<br />

suínos na calha coletora externa que passou de 1.010 kg/m 3 para 1.032,15 ± 15,38 (média e o<br />

desvio padrão). A densidade média observada para os sóli<strong>do</strong>s totais (87,7 kg/m 3 ) pode ser<br />

considerada elevada quan<strong>do</strong> comparada com os valores médios de sóli<strong>do</strong>s totais (25 kg/m 3 )<br />

observa<strong>do</strong>s nas em propriedades produtoras de suínos. Essa densidade foi obtida em função<br />

de um manejo adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos de suínos nas instalações (raspagem a seco e limpeza<br />

somente na saída <strong>do</strong>s animais) e o uso de novos bebe<strong>do</strong>uros que desperdiçam o mínimo<br />

possível de água, com a finalidade de potencializar a produção de biogás.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstraram que a cobertura das calhas externas e a<br />

substituição de bebe<strong>do</strong>uros que podem ser consideradas como pequenas práticas ambientais<br />

com custos reduzi<strong>do</strong>s e acessíveis aos produtores, promovem ganhos ambientais<br />

consideráveis, como redução de o<strong>do</strong>res, redução <strong>do</strong> nível de proliferação de moscas,<br />

valorização agronômica <strong>do</strong>s dejetos e potencialização <strong>do</strong>s dejetos para a produção de biogás.<br />

21


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

2.2 Implantação de esterqueiras<br />

As esterqueiras foram dimensionadas de acor<strong>do</strong> com a capacidade instalada das<br />

unidades de produção de suínos para um tempo de retenção de 120 dias, conforme<br />

recomenda<strong>do</strong> na Instrução Normativa da Suinocultura da FATMA-IN 11, devidamente<br />

impermeabilizadas e isoladas com cercas de proteção.<br />

Os suinocultores que não possuem área suficiente para aplicação de dejetos como<br />

fertilizante orgânico foram orienta<strong>do</strong>s a destinar os excessos para os vizinhos. Quan<strong>do</strong> possível<br />

as esterqueiras foram construídas em locais estratégicos, próximo à lavoura ou mesmo em<br />

terrenos vizinhos, sen<strong>do</strong> o transporte realiza<strong>do</strong> por bombas de uso coletivo disponibilizadas<br />

pelo <strong>projeto</strong>.<br />

Nas Figuras 6, 7, 8 e 9 são apresentadas as situações encontradas nas esterqueiras<br />

existentes nas propriedades, antes e depois de realizadas as intervenções técnicas.<br />

Figura 6 – Adequação de esterqueiras ao volume de dejetos produzi<strong>do</strong> na<br />

propriedade, vista da esterqueira antes e depois da intervenção.<br />

Figura 7 – Adequação de esterqueira para o armazenamento <strong>do</strong>s dejetos antes e<br />

depois da intervenção.<br />

22


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 8 – Situação das calhas e da esterqueira para o manejo e o<br />

armazenamento <strong>do</strong>s dejetos antes das intervenções.<br />

Figura 9 – Situação das calhas e da esterqueira para o manejo e o armazenamento<br />

<strong>do</strong>s dejetos depois de realizadas as intervenções.<br />

2.2.1 Esterqueira pulmão<br />

O desafio <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> era de reduzir os custos de transporte e armazenamento <strong>do</strong>s<br />

fertilizantes orgânicos (líqui<strong>do</strong>s) gera<strong>do</strong>s nas instalações e viabilizar sua disposição nas áreas<br />

de lavouras e pastagens.<br />

Com esse desafio o <strong>projeto</strong> implantou pela primeira vez no Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina a<br />

construção de depósitos de fertilizante orgânicos nas cotas mais elevadas ou em posições<br />

estratégica próxima das lavouras ou áreas de pastagens. Esses depósitos foram denomina<strong>do</strong>s<br />

de Esterqueiras Pulmão. Tais depósitos podem ser utiliza<strong>do</strong>s por um ou mais proprietários,<br />

dependen<strong>do</strong> da topografia local. Os dejetos, após o perío<strong>do</strong> de retenção recomenda<strong>do</strong>, podem<br />

ser distribuí<strong>do</strong>s nas lavouras e áreas de campo e capoeira, por gravidade, através de<br />

mangueiras, por sistemas de aspersores ou mesmo com tanques distribui<strong>do</strong>res.<br />

O transporte <strong>do</strong>s fertilizantes líqui<strong>do</strong>s de depósito na propriedade (esterqueira/lagoas)<br />

ou o efluente de biodigestores até a Esterqueira Pulmão, pode ser realiza<strong>do</strong> através de<br />

bombas hidráulicas ou utilização de caminhões tanque, caso haja a possibilidade de acesso<br />

através das ro<strong>do</strong>vias vicinais que servem à bacia (Figura 10).<br />

23


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 10 – Esterqueira pulmão instalada próxima da lavoura,<br />

reduzin<strong>do</strong> o custo de transporte e distribuição de<br />

fertilizante orgânico.<br />

2.3 Compostagem de animais mortos<br />

As carcaças de animais e os restos de parição podem disseminar <strong>do</strong>enças, produzir<br />

mau cheiro e, também, criar moscas. Uma alternativa para o aproveitamento adequa<strong>do</strong> desses<br />

resíduos é a compostagem, processo sem agressão ao meio ambiente, quan<strong>do</strong> feito de forma<br />

correta e cujo subproduto gera<strong>do</strong> pode ser aproveita<strong>do</strong> como adubo (PEDROSO & BLEY,<br />

2001).<br />

A compostagem é uma tarefa que simplifica a destinação de carcaças, que eram<br />

eliminadas em fossas, queimadas ou enterradas, exigin<strong>do</strong> maior trabalho <strong>do</strong> produtor, quan<strong>do</strong><br />

não eram simplesmente aban<strong>do</strong>nadas, produzin<strong>do</strong> mau cheiro e a criação de grande<br />

quantidade de moscas varejeiras. Não basta simplesmente amontoar carcaças e resíduos em<br />

um leito de maravalha ou a cama de aviário, mas trata-se de um processo biológico, que é<br />

afeta<strong>do</strong> por diferentes fatores, como o nível de umidade e de entrada de ar, que influenciam a<br />

atividade <strong>do</strong>s microorganismos que ajudam na decomposição da matéria orgânica. Esses<br />

fatores devem ser controla<strong>do</strong>s e torna-se necessário dar e manter as condições <strong>do</strong> meio para<br />

que essa atividade ocorra com eficiência (PEDROSO & BLEY, 2001).<br />

O <strong>projeto</strong> com a finalidade de gerenciar a destinação correta das carcaças de animais<br />

mortos e restos de parição, implantou 10 unidades na bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito e 25 unidades no<br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, totalizan<strong>do</strong> 35 composteiras para animais mortos e restos de parto<br />

implantadas nas granjas produtoras de suínos. Na Figura 11, pode-se observar unidade de<br />

compostagem de animais mortos<br />

Figura 11 – Unidade de compostagem de animais mortos.<br />

24


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Nas propriedades a implantação das unidades de compostagem contribuiu<br />

significativamente para a redução da poluição, de o<strong>do</strong>res e de proliferação de moscas, além de<br />

melhorar a qualidade de vida <strong>do</strong>s produtores e mora<strong>do</strong>res nas áreas de abrangência <strong>do</strong><br />

<strong>projeto</strong>.<br />

2.4 Recuperação das áreas de preservação permanente<br />

A recuperação das áreas de preservação permanente (APP), principalmente da mata<br />

ciliar e no entorno de nascentes foi uma outra intervenção técnica importante realizada pelo<br />

<strong>projeto</strong>, para reduzir a poluição das águas nas bacias trabalhadas.<br />

A vegetação protege o solo contra a erosão e dificulta o escorrimento superficial <strong>do</strong>s<br />

resíduos e dejetos para os corpos d’água, protegen<strong>do</strong> assim as nascentes e os cursos d’água.<br />

Desde o início <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> os produtores foram orienta<strong>do</strong>s e sensibiliza<strong>do</strong>s sobre a<br />

importância e a necessidade de recuperar e preservar as APP. Foram realiza<strong>do</strong>s cursos e<br />

palestras para capacitação de técnicos e produtores, onde foram apresenta<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s<br />

temas relaciona<strong>do</strong>s a preservação das APPs.<br />

Em 2002 e 2003 foram efetua<strong>do</strong>s os mapeamentos das APPs das duas bacias<br />

trabalhadas pelo <strong>projeto</strong> e foram elabora<strong>do</strong>s o Plano Geral de Restauração. Também foram<br />

escolhidas 7 propriedades para servirem de unidades piloto e elabora<strong>do</strong>s os respectivos<br />

Planos Individuais de recuperação das áreas degradadas. Ainda em 2002, foi implantada, uma<br />

unidade piloto em Fragosos, com a utilização de mudas produzidas na Escola Agrotécnica<br />

Federal de Concórdia.<br />

Na Escola Técnica Federal de Concórdia o <strong>projeto</strong> implantou uma estufa com to<strong>do</strong>s os<br />

equipamentos necessários, inclusive sistema de irrigação, para produzir mudas de espécies<br />

nativas arbóreas da região com a finalidade de serem utilizadas no plantio para recuperação<br />

das matas ciliares nas propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos. Esta estufa produziu<br />

no ano de 2003, 30.000 mudas de arvores que foram distribuídas aos produtores.<br />

Foram efetua<strong>do</strong>s, em caráter demonstrativo, o plantio de mudas para a proteções de<br />

três 3 nascentes em 3 propriedades da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito. Na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos foi efetuada a recuperação parcial em três propriedades, para servirem de referência<br />

e orientação para os produtores na preservação e recuperação das áreas de APP’s.<br />

Foram firma<strong>do</strong>s diversos convênios com diferentes instituições para o<br />

desenvolvimento de ações visan<strong>do</strong> a implementação <strong>do</strong> plano de restauração das APPs.<br />

Dentre as ações desenvolvidas pode-se destacar as seguintes atividades que visaram ressaltar<br />

a importância da preservação da mata ciliar:<br />

- Plantio de mudas com escolares, promovida pela Fundação Municipal de Defesa<br />

<strong>do</strong> Meio Ambiente (FUNDEMA) – da Prefeitura Municipal de Concórdia e<br />

CDA/Usina Itá na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos;<br />

- Dinâmica de grupo para reflexões sobre o ciclo da água para produtores da<br />

bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong> Coruja Bonito;<br />

- Aulas práticas sobre monitoramento da qualidade da água para escolares na<br />

bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito;<br />

- Apresentação <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de Condutas TAC firma<strong>do</strong> com o<br />

Ministério Público Estadual que viabilizará o licenciamento das propriedades<br />

suinícolas, mediante a implementação de medidas compensatórias que incluem<br />

a recuperação da mata ciliar.<br />

25


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

As unidades demonstrativas implantadas nas propriedades, foram fundamentais para<br />

validar e aprimorar as meto<strong>do</strong>logias de recuperação das matas ciliares desenvolvidas pelo<br />

<strong>projeto</strong>.<br />

O <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina-PNMA II, em 2005 assinou um importante<br />

convênio com o Centro de Divulgação Ambiental da Usina de Itá - CDA, manti<strong>do</strong> pelo<br />

CONSÓRCIO ITÀ (Tractebel, CSN e ITAMBÉ), com objetivo <strong>do</strong> desenvolvimento de ações<br />

conjuntas para a recuperação das faixas ciliares através <strong>do</strong> plantio de espécies arbóreas nativas<br />

nas propriedades <strong>do</strong> terço superior da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, Concórdia/SC.<br />

O CDA disponibilizou um Engenheiro Florestal para prestar assistência técnica e<br />

orientar os produtores no plantio de mudas. Até agosto de 2005 foram distribuídas 45 diferentes<br />

espécies nativas arbóreas da região, fornecidas pelo Horto Botânico da Usina de Itá, e plantadas<br />

em 29 propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos para cumprir o compromisso assumi<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> da assinatura <strong>do</strong> TAC. Na Figura 12, observa-se início da intervenção tecnológica para<br />

a proteção de nascente em propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />

Figura 12 – Início da intervenção tecnológica para a proteção<br />

de nascente em propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />

Na Figura 13, observa-se proteção de nascente concluída com a vegetação em esta<strong>do</strong><br />

de recuperação em propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />

Figura 13 – Proteção de nascente concluída com a<br />

vegetação em esta<strong>do</strong> de recuperação em<br />

propriedade trabalhada pelo <strong>projeto</strong>.<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Consideran<strong>do</strong> que a proposta <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi viabilizar a regularização ambiental das<br />

propriedades suinícolas, a implantação de unidades piloto demonstrativas da recuperação de<br />

faixas ciliares e o cumprimento das ações estabelecidas no Termo de Ajustamento de<br />

Condutas – TAC, o <strong>projeto</strong> viabilizou os meios, desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia de recuperação<br />

das áreas de preservação permanente e demonstrou “in loco”, nas propriedades, a efetiva ação<br />

recuperação das áreas de APP.<br />

2.5 Avaliação econômica das intervenções realizadas<br />

Realizou-se a analise econômica das intervenções de adequação ambiental realizadas<br />

pelo <strong>projeto</strong>, nos anos de 2003 e 2004, nas bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong><br />

Rio Coruja/Bonito, municípios de Concórdia e Braço <strong>do</strong> Norte respectivamente.<br />

Foi investi<strong>do</strong>, nas duas bacias, um valor total de R$ 577.218,45. Para tanto, o Projeto<br />

investiu R$ 503.133,57 (87,17%) e os produtores participaram com R$ 77.084,38 na forma de<br />

contra-partida, correspondente a 12,83%. Na Tabela 5, pode-se observar um resumo <strong>do</strong>s<br />

investimentos realiza<strong>do</strong>s nas duas bacias trabalhadas no <strong>projeto</strong>.<br />

Tabela 5 – Resumo <strong>do</strong>s Investimentos nas Bacias (Ano 2003/2004).<br />

Tecnologia<br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos Rio Coruja/Bonito Total<br />

PNMA Produtores Total PNMA Produtores Total PNMA Produtores Total<br />

Biodigestor 17.612,69 318,20 17.930,89 26.145,42 6.465,00 32.610,42 43.758,11 6.783,20 50.541,31<br />

Cama<br />

Sobreposta - - - 74.758,84 16.803,00 91.561,84 74.758,84 16.803,00 91.561,84<br />

Compostagem 52.736,94 339,00 53.075,00 - - - 52.736,94 339,00 53.075,00<br />

Cisterna 10.135,36 356,00 10.491,36 - - - 10.135,36 356,00 10.491,36<br />

Cob. Canaleta 24.730,51 761,75 25.492,26 - - - 24.730,51 761,75 25.492,26<br />

Adequação<br />

Ambiental 181.001,50 13.989,43 194.990,93 102.300,31 35.052,00 137.352,31 283.301,81 49.041,43 332.343,24<br />

Total 299.929,00 15.764,38 315.693,38 203.204,57 58.320,00 261.524,57 503.133,57 74.084,38 577.217,95<br />

2.5.1 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foram gastos para adequação<br />

ambiental das 30 propriedades R$ 315.693,38, sen<strong>do</strong> que 95,01% de recursos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e<br />

apenas 4,99% (R$ 15.764,38) de contra-partida <strong>do</strong>s produtores, Tabela 5.<br />

O investimento médio total para adequação das propriedades nesta bacia, foi de R$<br />

9.865,42. Na propriedade onde foi instala<strong>do</strong> o sistema de compostagem para o tratamento de<br />

dejetos de suínos (Plataforma de Compostagem), o valor total investi<strong>do</strong> foi o maior das<br />

intervenções (R$ 66.787,94), porém o investimento realiza<strong>do</strong> não foi somente para o<br />

tratamento <strong>do</strong>s dejetos, pois como na propriedade as esterqueiras estavam fora da legislação,<br />

construiu-se duas esterqueiras novas, reformou parte das calhas de dejetos e construiu uma<br />

composteira para animais mortos. Sen<strong>do</strong> que o investimento total na unidade de compostagem<br />

foi de R$ 52.736,00.<br />

Consideran<strong>do</strong> o impacto econômico da adequação ambiental das propriedades sobre<br />

seu faturamento bruto anual, temos uma média de 5,61% com máxima de 25,13% e mínima de<br />

0,91%. Levan<strong>do</strong> em conta o impacto médio sobre o faturamento, é possível afirmar que a<br />

adequação nas propriedades desta bacia compromete uma margem considerada como<br />

“aceitável” <strong>do</strong> faturamento anual da granja.<br />

27


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Nas ações de adequação ambiental (adequação de esterqueiras, cerca para<br />

esterqueiras, drenagem de águas pluviais, adequação <strong>do</strong>s canais externos para manejo <strong>do</strong>s<br />

dejetos, troca de bebe<strong>do</strong>uros e da rede hidráulica) foram gastos um total de R$ 194.990,93,<br />

distribuí<strong>do</strong>s em 27 propriedades, totalizan<strong>do</strong> uma média de R$ 7.221,89 por propriedade, o que<br />

demonstra que pequenos investimentos podem gerar uma redução considerável no impacto<br />

ambiental causa<strong>do</strong> pelo manejo <strong>do</strong>s dejetos.<br />

Quanto as características <strong>do</strong> sistema de produção de suínos, a bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos possui 4 propriedades produtoras em ciclo completo, com um total 492 matrizes. O<br />

custo de adequação, neste caso, apresentou uma amplitude varian<strong>do</strong> de R$ 30,94 a R$ 541,62<br />

por matriz instalada. A média por matriz, ficou em R$ 82,23. Se considerarmos que cada<br />

fêmea pode gerar sete leitegadas na sua vida útil e que de cada leitegada seriam termina<strong>do</strong>s<br />

10 animais, teríamos um custo de adequação de R$ 1,17 por animal termina<strong>do</strong>.<br />

2.5.2 Bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

Nas 15 propriedades da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, foram investi<strong>do</strong>s R$ 261.524,57,<br />

sen<strong>do</strong> 77,7% de recursos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> e os outros 22,3% a contra-partida <strong>do</strong>s produtores<br />

(Tabela 5).<br />

Em duas das propriedades foi realizada a conversão de sistema de produção para<br />

cama sobreposta nas fases de gestação, creche, crescimento e terminação, com investimentos<br />

para adequação de R$ 56.157,71 e R$ 35.404,13, respectivamente. Nesta bacia o menor custo<br />

de adequação ambiental de uma propriedade foi de R$ 840,72, pois a propriedade era nova<br />

sen<strong>do</strong> projetada visan<strong>do</strong> as questões de meio ambiente, sen<strong>do</strong> que não foram necessária<br />

intervenções técnicas e nem a adequação da esterqueira para o armazenamento <strong>do</strong>s dejetos.<br />

Nas ações de adequação ambiental (adequação de esterqueiras, cerca para<br />

esterqueiras, drenagem de águas pluviais, adequação <strong>do</strong>s canais externos para manejo <strong>do</strong>s<br />

dejetos, troca de bebe<strong>do</strong>uros e da rede hidráulica) foram gastos um total de R$ 137.352,31,<br />

distribuí<strong>do</strong>s em 13 propriedades, totalizan<strong>do</strong> uma média de R$ 10.565,56 por propriedade.<br />

A exemplo da bacia de Fragosos, também, pode-se considerar que a média <strong>do</strong><br />

impacto <strong>do</strong> custo das intervenções sobre o faturamento bruto anual de 7,22%, é aceitável.<br />

Embora maior que a média das propriedades da bacia de Fragosos em Concórdia, deve-se<br />

levar em conta que o valor o máximo de 29,63%, refere-se à conversão <strong>do</strong> sistema de<br />

produção em uma propriedade com capacidade para produção de apenas 35 matrizes em<br />

ciclo completo. Quanto ao sistema de produção, um terço das propriedades são de ciclo<br />

completo. Estas propriedades, cinco, produzem 46.13m 3 de dejetos por dia e possuem um total<br />

de 450 matrizes. O custo de adequação, neste caso, apresentou uma grande amplitude,<br />

varian<strong>do</strong> de R$ 83,30 a R$ 275,41 por matriz instalada. A média por matriz, ficou em<br />

R$116,57, (Tabela 5). Se considerarmos que cada fêmea pode gerar sete leitegadas na sua<br />

vida útil produtiva e que de cada leitegada em média são termina<strong>do</strong>s 10 animais, assim podese<br />

estimar um custo de adequação ambiental de R$ 1,66 por animal termina<strong>do</strong>.<br />

2.6 Resumo das intervenções desenvolvidas no <strong>projeto</strong><br />

O <strong>projeto</strong> realizou diferentes intervenções tecnológicas com o objetivo de adequação<br />

ambiental das propriedades nas duas, bacias trabalhadas. Essas intervenções foram definidas<br />

quan<strong>do</strong> da elaboração <strong>do</strong>s <strong>projeto</strong>s técnicos de adequação ambiental de cada propriedade,<br />

obedecen<strong>do</strong> a critérios técnicos de atendimento a legislação ambiental vigente e de boas<br />

praticas ambientais. Na Tabela 6 e 7, são apresentadas as situações das intervenções técnicas<br />

realizadas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> Santa Catarina, nas propriedades <strong>do</strong> terço<br />

superior das bacias hidrográficas <strong>do</strong>s rios Coruja/Bonito e Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

28


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 6 – Situação das intervenções realizadas no <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> SC – bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito – Fase I.<br />

Produtores Esterqueira Volume Cama Plataforma Biogás Composteira Drenagem de<br />

Águas Pluviais<br />

29<br />

Cerca para<br />

Esterqueira<br />

Cobertura<br />

Esterqueira<br />

Reparo<br />

Canaleta<br />

Calhas Hidrômetros Bebe<strong>do</strong>uros Kit<br />

Densímetro<br />

1 1 257,4 1 1 1 1 2 1 1<br />

2 1 360 1 1 1 1 1 1 1<br />

3 1 437,5 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

4 2 525 1 1 1 1<br />

5 1 1 1 2 1 1<br />

6 2 313 1 1 1 1 1 1 1<br />

7 1 517,5 1 1 1 1 1 1 1<br />

8 2 1251 1 1 1 1 1 1 1<br />

9 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

10 2 200,9 1 1 1 1 1 1 1<br />

11 2 871,2 1 1 1 1 1 1 1<br />

12 2 930,3 1 1 1 1 1<br />

13 1 373,75 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

14 1 382,5 1 1 1 1 1 1 1<br />

15 2 230 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

16 2 1 1<br />

TOTAL Bacia 20 6650 2 0 1 10 12 15 3 11 5 18 16 16


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 7 – Situação das intervenções realizadas no <strong>projeto</strong> <strong>suinocultura</strong> SC – bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos – Fase I.<br />

Produtores Esterqueira Volume Cama Plataforma Biogás Composteira Drenagem de<br />

Águas Pluviais<br />

30<br />

Cerca para<br />

Esterqueira<br />

Cobertura<br />

Esterqueira<br />

Reparo<br />

Canaleta<br />

Calhas Hidrômetros Bebe<strong>do</strong>uros Kit<br />

Densímetro<br />

1 1 192 1 1 1 1<br />

2 1<br />

3 2 609 1 1 1 1 2 1 1<br />

4 1 537 1 1 1 1 3 1 1<br />

5 2 1700 1 1 1 1 1<br />

6 1 300 1 1 1 2 1 1<br />

7 1 250 1 1 1 1 2 1 1<br />

8 1 1 1 1 1 1<br />

9 1 1 1 2 1 1<br />

10 1 250 1 1 1 1 1 1 1<br />

11 1 200 1 1 1 1<br />

12 1 365 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

13 1 250 1 1 1 1 1 1 1<br />

14 1 250 1 1 1 1 1 1 1<br />

15 1 400 1 1 1 1 1 1<br />

16 1 250 1 1 1 1 1 1<br />

17 1 1 1 1 3 1<br />

18 1 200 1 1 1 1<br />

19 1 350 1 1 1 1 1 1 1<br />

20 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

21 2 300 1 1 1 1 1 1 1<br />

22 2 350 1 1 1 1 1 1<br />

23 2 653 1 1 1 1 2 1 1<br />

24 2 450 1 1 1 1 1 1 1<br />

25 1 400 1 1 1 1 1 1<br />

26 2 369 1 1 1 1 2 1<br />

27 2 450 1 1 1 1 1 1<br />

28 3 599 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

29 1 1 1 2 1 1<br />

30 1 300 1 1 1 1 1<br />

31 1 450 1 1 1 3 1 1<br />

32 1<br />

34 1 200 1 1<br />

Total Bacia 38 10624 0 1 1 25 24 27 1 28 5 36 22 33<br />

Total Geral das<br />

duas Bacias<br />

58 17274 2 1 2 35 36 42 4 39 10 54 38 49


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

2.7 Unidades demonstrativas de tecnologias<br />

2.7.1 Unidade de compostagem<br />

A Embrapa Suínos e Aves em parceria com a Bergamini Indústria de Máquinas<br />

Agrícola, desenvolveram em 2003 o <strong>projeto</strong> de uma Unidade de Compostagem Automatizada<br />

para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos. A unidade foi instalada em propriedade na bacia <strong>do</strong><br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos no Município de Concórdia, SC. Essa propriedade foi selecionada com<br />

objetivo de tratar e transformar os dejetos de suínos em composto orgânico soli<strong>do</strong> para ser<br />

transferi<strong>do</strong> e comercializa<strong>do</strong> fora da propriedade, pois a propriedade não possui área de<br />

lavoura ou pastagem suficiente para utilização total <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s. Ela possui<br />

apenas 9,0 ha de área de lavoura necessitan<strong>do</strong> de uma área de 33,00 ha, para atender a<br />

produção de dejetos de suínos gera<strong>do</strong>s, na propriedade.<br />

A unidade de compostagem é constituída de uma edificação denominada de Unidade<br />

de Compostagem, possuin<strong>do</strong> cobertura em PVC transparente, piso e muretas internas em<br />

concreto, com medidas de 10 m de largura por 30 m de comprimento, possuin<strong>do</strong> no seu interior<br />

uma máquina que automatiza a distribuição <strong>do</strong>s dejetos na leira de maravalha formada e os<br />

revolvimentos necessários da leira. A máquina é <strong>do</strong>tada de uma bomba hidráulica elétrica para<br />

a distribuição e um conjunto de pás rotativas para o revolvimento e homogeneização da<br />

maravalha e <strong>do</strong>s dejetos (Figura 14).<br />

Figura 14 – Vista da unidade de compostagem e a máquina de revolvimento com a<br />

distribuição <strong>do</strong>s dejetos sobre o leito de compostagem.<br />

Foram realiza<strong>do</strong>s experimentos de compostagem para avaliação da compostagem,<br />

utilizan<strong>do</strong> como substrato a maravalha, porque ela é comercializada seca e sua composição é<br />

uniforme, sen<strong>do</strong> que para testes de validação <strong>do</strong> sistema de compostagem é necessário que a<br />

matéria prima seja uniforme e de boa qualidade. Os dejetos de suínos usa<strong>do</strong>s foram oriun<strong>do</strong>s<br />

de uma Unidade de Produção de Leitões–UPL, com 80 fêmeas e 288 leitões, com produção<br />

diária de 1,70 m 3 de dejetos. Foram realiza<strong>do</strong>s testes com a maravalha para determinação <strong>do</strong><br />

seu peso especifico.<br />

O monitoramento da temperatura ambiental foi realiza<strong>do</strong> por meio de um<br />

termohigrômetro TEXTO modelo 175, para a medição das temperaturas de bulbo seco e<br />

umidade relativa <strong>do</strong> ar. As temperaturas no interior da biomassa, no leito de compostagem, foi<br />

medida pelo Termômetro digital Lutron Modelo PH-206 e na superfície por termômetro<br />

infravermelho modelo Raytek (MiniTemp).<br />

Os resulta<strong>do</strong>s de observação obti<strong>do</strong>s para as variáveis temperaturas da biomassa,<br />

características <strong>do</strong>s dejetos produzi<strong>do</strong>s e análise físico-química <strong>do</strong> composto e <strong>do</strong>s dejetos<br />

líqui<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s a seguir.<br />

31


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Na Figura 15, são apresenta<strong>do</strong>s os valores médios observa<strong>do</strong>s das temperaturas da<br />

biomassa no leito de compostagem e da temperatura <strong>do</strong> ar ambiente registrada no interior da<br />

unidade de compostagem, durante o perío<strong>do</strong> de 40 dias que durou a fase de impregnação <strong>do</strong>s<br />

dejetos a maravalha.<br />

Temperatura ( o C)<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

0 3 4 6 8 11 12 16 17 19 24 26 29 21 33 33 36 40<br />

Número de Dias de Impregnação<br />

Figura 15 – Temperaturas observadas na biomassa e no ar ambiente<br />

unidade de compostagem durante a fase de impregnação.<br />

Conforme se pode observar na Figura 15, a temperatura da biomassa no início <strong>do</strong><br />

procedimento de impregnação passa de um valor em torno de 32°C para um valor de 64°C, no<br />

intervalo de 4 dias após adição <strong>do</strong>s dejetos a maravalha, indican<strong>do</strong> intensa atividade <strong>do</strong>s<br />

microorganismos presentes na biomassa. Conforme é adiciona<strong>do</strong>s dejetos a biomassa, esta<br />

aumenta seu teor de umidade e sua temperatura diminui.<br />

As características físico-químicas <strong>do</strong>s dejetos de suínos utiliza<strong>do</strong>s na unidade de<br />

compostagem foram em média para o Nitrogênio total (N_NTK) de 3,42, sen<strong>do</strong> os valores<br />

máximo de 6,25 e mínimo de 3,26 (g/kg). Os valores médios <strong>do</strong>s Sóli<strong>do</strong>s Totais observa<strong>do</strong>s<br />

nos dejetos foram de 68,2, sen<strong>do</strong> os valores máximo de 82,2 e mínimo de 34,4 (g/kg). A<br />

matéria seca média da maravalha utilizada foi de 94,9% e o carbono orgânico de 317,1 g/kg. O<br />

valor médio da densidade (kg/m³) <strong>do</strong>s dejetos utiliza<strong>do</strong>s foi de 1.025,47, sen<strong>do</strong> o valor máximo<br />

de 1.040 e o mínimo de 1.020.<br />

Pode-se observar na Tabela 8 as reduções <strong>do</strong> Carbono Orgânico no composto, da<br />

relação C/N e da umidade <strong>do</strong> composto.<br />

Tabela 8 – Valores médios observa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nitrogênio total (N_NTK), Carbono Orgânico<br />

(C_org), Matéria Seca (MS) e a Relação C/N nas fases inicial, de impregnação e<br />

final de maturação na unidade de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos<br />

de suínos.<br />

Avaliação <strong>do</strong> composto<br />

Parâmetros<br />

Fase de Impregnação Fase Maturação Final<br />

Analisa<strong>do</strong>s Substrato Inicial 30 dias<br />

40 dias<br />

N_NTK (g/kg) 2,01 2,84 2,76<br />

C_org (g/kg) 229,1 105,6 68,3<br />

MS (%) 31,4 25,3 52,8<br />

Relação C/N 114,4 37,2 24,8<br />

32<br />

Média Superfície Biomassa<br />

Média Interior Biomassa<br />

Temp. Ambiental


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Os resulta<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos (Tabela 8) ao longo das<br />

fases de impregnação e de maturação demonstram a possibilidade <strong>do</strong> uso da Unidade de<br />

Compostagem Automatizada para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos.<br />

O composto orgânico gera<strong>do</strong> em unidade de compostagem para ser comercializa<strong>do</strong><br />

deve se enquadrar nas especificações técnicas estabelecidas na Instrução Normativa N°15<br />

(MAPA, 2004), dadas aos “Fertilizantes Orgânicos Composto Classe A”, onde Classe A se<br />

refere a fertilizantes cuja matéria-prima é de origem vegetal, animal ou de processamento de<br />

agroindústria. As especificações exigidas pela Instrução Normativa são as seguintes: umidade<br />

máxima 50%; NT mínimo 1%; CO mínimo 15%; CTC 300; pH mínimo 6,0; relação C/N máxima<br />

18; relação CTC/C mínima 20; N, P, K ou a soma NPK, NP, NK, PK 2%.<br />

O valor da umidade final <strong>do</strong> composto foi de 47,2%, valor este abaixo da especificação<br />

da IN_N°15 (Brasil, 2004). Os valores <strong>do</strong> Carbono Orgânico e <strong>do</strong> Nitrogênio Total no composto<br />

final também estão de acor<strong>do</strong> com a IN_N°15 (MAPA, 2004). Porém, a Relação C/N esta<br />

acima de 18 que é o valor estabeleci<strong>do</strong> pela legislação, então o composto deve permanecer<br />

por um perío<strong>do</strong> maior que 30 dias na unidade de compostagem para diminuir a relação C/N até<br />

atingir o valor estabeleci<strong>do</strong> pela legislação em vigor.<br />

O uso de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos é recomenda<strong>do</strong> para<br />

qualquer sistema de produção de suínos, sen<strong>do</strong> também recomenda<strong>do</strong> principalmente para<br />

produtores que não possuem área agrícola suficiente para o uso <strong>do</strong> adubo líqui<strong>do</strong> e necessitam<br />

transferir o adubo orgânico excedente, para outras propriedades ou para fora <strong>do</strong>s limites da<br />

bacia hidrográfica.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstram a possibilidade <strong>do</strong> uso da compostagem para tratar<br />

os dejetos de suínos geran<strong>do</strong> fertilizante orgânico, que pode ser usa<strong>do</strong> na propriedade,<br />

transferi<strong>do</strong> para terceiros ou comercializa<strong>do</strong>.<br />

2.7.2 Implantação de sistemas de produção de suínos em cama<br />

sobreposta<br />

A validação e implementação de tecnologias alternativas que reduzam os riscos<br />

ambientais desta atividade contribuem para a melhoria da qualidade de vida <strong>do</strong>s produtores<br />

rurais e da sociedade.<br />

Atualmente, os sistemas de criação de suínos desenvolvem-se em edificações com<br />

piso compacto ou parcialmente ripa<strong>do</strong>. Os dejetos gera<strong>do</strong>s são maneja<strong>do</strong>s na forma líquida<br />

exigin<strong>do</strong> limpeza e lavagem das edificações, recolhimento <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s, existência de<br />

grandes áreas destinadas ao armazenamento e tratamento <strong>do</strong> excedente <strong>do</strong>s resíduos,<br />

sistemas de transporte e distribuição para lavouras, geran<strong>do</strong> custo ao produtor que não são<br />

computa<strong>do</strong> na composição <strong>do</strong>s custos de produção de suínos. To<strong>do</strong>s estes requisitos<br />

envolvem grandes investimentos por parte <strong>do</strong>s produtores que, na maior parte das vezes, não<br />

contam com tais recursos.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a criação intensiva de suínos em Cama Sobreposta foi desenvolvida<br />

como uma alternativa para solucionar o problema da poluição ambiental altamente relacionada<br />

ao mo<strong>do</strong> de produção empregada atualmente na <strong>suinocultura</strong> (OLIVEIRA et al., 2002). Este<br />

sistema, além de manter os mesmos índices zootécnicos obti<strong>do</strong>s no sistema convencional,<br />

apresenta vantagens como melhor valorização agronômica <strong>do</strong> dejeto devi<strong>do</strong> ao acúmulo <strong>do</strong>s<br />

principais nutrientes (N, P e K), redução <strong>do</strong>s custos fixos de implantação das edificações,<br />

redução de mão-de-obra e redução significativa <strong>do</strong>s o<strong>do</strong>res gera<strong>do</strong>s.<br />

O sistema de criação em Cama Sobreposta (Deep bedding) foi desenvolvi<strong>do</strong>, no<br />

Brasil, em 1993 na Embrapa Suínos e Aves. Posteriormente, implanta<strong>do</strong> na Granja Fontana,<br />

localizada em Gaurama, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, em 1994 com a finalidade de validação <strong>do</strong> sistema<br />

em uma unidade de produção. Todas as regiões brasileiras são passíveis de comportar o<br />

Sistema de Cama Sobreposta, seguin<strong>do</strong>-se algumas recomendações técnicas para uma<br />

correta adaptação <strong>do</strong> sistema aos diferentes climas existentes (OLIVEIRA et al., 2002).<br />

33


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Duas propriedades foram selecionadas pelo <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina, com<br />

a finalidade de implantação de unidades piloto, ambas localizadas na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio<br />

Coruja/Bonito, município de Braço <strong>do</strong> Norte. As propriedades foram selecionadas para a<br />

implantação das Unidades de Produção de Suínos em Sistemas de Cama Sobreposta, nas<br />

fases de gestação creche, crescimento e terminação, com o objetivo servir como unidades<br />

piloto de observação. A escolha deste sistema de produção teve como objetivo reduzir o<br />

volume <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s nas propriedades e o desenvolvimento de um composto<br />

orgânico facilmente maneja<strong>do</strong> com possibilidade de ser exporta<strong>do</strong> das granjas, poden<strong>do</strong> ser<br />

inclusive comercializa<strong>do</strong> como adubo orgânico. O sistema a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de manejo e tratamento <strong>do</strong>s<br />

dejetos possibilita o enquadramento <strong>do</strong> empreendimento, em um nível ótimo <strong>do</strong> ponto de vista<br />

de risco ambiental, pois os dejetos gera<strong>do</strong>s serão utiliza<strong>do</strong>s totalmente como adubo orgânico.<br />

O resíduo final gera<strong>do</strong> pelos sistemas de criação de suínos em cama sobreposta é um<br />

composto orgânico estabiliza<strong>do</strong> que pode ser comercializa<strong>do</strong> como adubo orgânico. O<br />

composto gera<strong>do</strong> nas unidades de criação de suínos, corresponde ao tratamento de 90% <strong>do</strong>s<br />

dejetos líqui<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelos animais, nas duas granjas.<br />

As edificações para a produção de suínos no sistema de cama sobreposta foram<br />

constituídas de elementos pré-fabrica<strong>do</strong>s em concreto, com largura de 10,00 m e comprimento<br />

de 50,00 m, pé-direito de 3,50 m e cobertura com telhas de aço.<br />

O piso de concreto usa<strong>do</strong> foi instala<strong>do</strong> somente na área destinada aos come<strong>do</strong>uros e<br />

bebe<strong>do</strong>uros, que foram idênticos aos <strong>do</strong>s sistemas tradicionais de produção. A quantidade de<br />

cama foi de aproximadamente 0,84 m³ para cada sete suínos, em crescimento e terminação.<br />

Consideran<strong>do</strong>-se no mínimo quatro ciclos de produção com a reposição das camas, quan<strong>do</strong><br />

necessário (cerca de 30% da área de cama para cada ano de uso). A altura da cama usada foi<br />

de 0,50 m para o bom desenvolvimento <strong>do</strong> processo de compostagem. O revolvimento da<br />

cama foi realiza<strong>do</strong> apenas nos intervalos entre lotes ou quan<strong>do</strong> necessário. No inverno, por<br />

exemplo, este revolvimento poderá ser feito estrategicamente para melhorar o conforto térmico<br />

<strong>do</strong>s animais cria<strong>do</strong>s em regiões frias.<br />

As edificações para a produção de suínos em sistema de cama tem pé-direito com<br />

altura de 2,80m e as laterais e divisórias construídas em ferro ou madeira. Para evitar o<br />

aquecimento da cama pelo sol, aconselha-se utilização correta <strong>do</strong> beiral e arborizar o la<strong>do</strong> da<br />

instalação de maior exposição solar (Figura 16).<br />

Figura 16 – Unidades de produção de leitões e de suínos em crescimento e terminação.<br />

Na Figura 17, pode ser observada a unidade de gestação em sistema da cama<br />

sobreposta.<br />

34


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 17 – Unidade de gestação em sistema da cama<br />

sobreposta.<br />

As unidades de criação de suínos em sistema de cama sobreposta deverão ser<br />

monitoradas para avaliação técnica <strong>do</strong> sistema de produção por um perío<strong>do</strong> de tempo de<br />

mínimo de três anos. Na unidade de produção de leitões e de suínos em crescimento e<br />

terminação, as avaliações preliminares realizadas demonstram que os animais tiveram bom<br />

desempenho zootécnico, porém é recomenda<strong>do</strong> observar o desempenho <strong>do</strong>s animais por um<br />

perío<strong>do</strong> maior (3 anos), que corresponde a um perío<strong>do</strong> total de duração da cama sobreposta.<br />

2.7.3 Implantação de biodigestor<br />

O aspecto energia é cada vez mais evidencia<strong>do</strong> pela interferência no custo final de<br />

produção, principalmente na <strong>suinocultura</strong> e avicultura, fator que merece ser melhor trabalha<strong>do</strong>,<br />

uma vez que as oscilações de preço podem reduzir a competitividade <strong>do</strong> setor. Ressalta-se<br />

que a recente crise energética e a alta <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong> petróleo tem determina<strong>do</strong> uma procura<br />

por alternativas energéticas no meio rural.<br />

As instalações rurais e o resíduo orgânico espalha<strong>do</strong>, são fontes de emissão de uma<br />

expressiva quantidade de gases, sen<strong>do</strong> que os principais são o gás carbônico (CO2), o metano<br />

(CH4) e o óxi<strong>do</strong> nitroso (N2O). Estes gases são denomina<strong>do</strong>s de Gases de Efeito Estufa -GEE<br />

(KERMARREC, et al., 1999; LIMA, et al., 2001; OLIVEIRA, et al. 2003; PAILLAT, et al., 2005).<br />

Esses três gases normalmente são forma<strong>do</strong>s pela decomposição <strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong>s<br />

dejetos suínos, entretanto as proporções se modificam de acor<strong>do</strong> com o manejo aplica<strong>do</strong><br />

(ZAHN, et al., 2001).<br />

A contribuição <strong>do</strong>s gases no efeito estufa depende basicamente de <strong>do</strong>is fatores: sua<br />

concentração na atmosfera e seu poder de aquecimento molecular. Este poder de aquecimento<br />

das moléculas destes gases varia e pode ser mensura<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com um referencial. O<br />

elemento utiliza<strong>do</strong> como referência é o CO2 por ser o gás de efeito estufa mais abundante na<br />

atmosfera e de maior contribuição no aquecimento global (LIMA, et al., 2001). O CO2 possui<br />

uma contribuição relativa de 55%, o CH4 de 15% e o N2O de 4%, porém a emissão destes<br />

gases deve ser fortemente reduzida (GUYOT, 1997; OLIVEIRA, et al., 2002). Segun<strong>do</strong> a<br />

Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA), estima-se que cerca de 14% da emissão<br />

global de gás metano tenha origem em atividades relacionadas à produção animal (IPCC,<br />

2006).<br />

O uso <strong>do</strong> biogás como combustível tem como modelo de produção os biodigestores.<br />

No meio rural, alguns modelos de biodigestores têm se mostra<strong>do</strong> de interesse, principalmente,<br />

35


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

por apresentarem baixo custos devi<strong>do</strong> à pouca tecnologia associada e a facilidade operacional.<br />

Os modelos Indianos e Canadenses que, apesar da simplicidade, podem ser úteis em<br />

situações em que o resíduo é obti<strong>do</strong> continuamente, como é o caso <strong>do</strong>s dejetos gera<strong>do</strong>s em<br />

sistemas de produção de suínos. Tecnologias como sistemas de agitação, aquecimento, préfermentação<br />

e outros podem ser associa<strong>do</strong>s a estes biodigestores, porém deve-se analisar<br />

com rigor os custos econômicos envolvi<strong>do</strong>s (OLIVEIRA,1993; OLIVEIRA, 2004).<br />

Os biodigestores são reatores que realizam a digestão anaeróbia da matéria orgânica<br />

produzin<strong>do</strong> biogás e biofertilizante. O biogás é uma mistura de metano (65%-CH4) e de gás<br />

carbônico (35%-CO2), sen<strong>do</strong> uma energia renovável produzida pela digestão anaeróbia <strong>do</strong>s<br />

dejetos de suínos em biodigestor e que pode substituir a lenha e o GLP ou a energia elétrica<br />

como fonte de calor no aquecimento das aves e suínos.<br />

A escolha <strong>do</strong> modelo Canadense de biodigestor, para o <strong>projeto</strong> Suinocultura de Santa<br />

Catarina - PNMA II, foi pela sua aplicabilidade em unidades de produção de suínos de pequeno<br />

e médio porte, com custo de implantação e manutenção dentro da realidade econômica <strong>do</strong>s<br />

produtores (OLIVEIRA, 2004). É um biodigestor versátil ao uso de diferentes resíduos<br />

orgânicos animais. Quanto à sua operação ela é simples requeren<strong>do</strong> uma carga diária<br />

constante e de um depósito para o biofertilizante gera<strong>do</strong>.<br />

No <strong>projeto</strong> foram selecionadas duas propriedades típicas de produção de suínos, uma<br />

localizada na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Coruja/Bonito e outra na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Na bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito foi instala<strong>do</strong> um biodigestor em propriedade para servir como<br />

unidade piloto, no estu<strong>do</strong> da produção de biogás e cogeração de energia elétrica e de calor. Na<br />

bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foi implanta<strong>do</strong> um biodigestor para a geração de calor para o<br />

aquecimento ambiental da edificação para a produção de frango de corte.<br />

A escolha <strong>do</strong> biodigestor se deve ao fato de além da produção de biogás, ele reduz o<br />

nível de o<strong>do</strong>res, elimina praticamente 100% <strong>do</strong>s patógenos, torna o efluente mais fluidico<br />

viabilizan<strong>do</strong> seu transporte e produz o biofertilizante que pode ser utiliza<strong>do</strong> como adubo<br />

orgânico.<br />

2.7.3.1 Unidade de biodigestor para a produção de energia elétrica<br />

A propriedade selecionada para a implantação <strong>do</strong> sistema de produção de biogás, na<br />

bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito, é uma Unidade de Produção de Leitões-UPL, com 200 matrizes, com<br />

volume diário de dejetos gera<strong>do</strong>s de 12 m 3 . A propriedade também possui uma pequena<br />

fábrica para a produção de rações. No <strong>projeto</strong> recomen<strong>do</strong>u-se o manejo <strong>do</strong>s dejetos de suínos<br />

com a a<strong>do</strong>ção da mínima quantidade de água possível para a lavagem das baias, não sen<strong>do</strong><br />

recomenda<strong>do</strong> o uso de Lâmina d’água, mas sim, o manejo com raspagem periódica <strong>do</strong>s<br />

dejetos acumula<strong>do</strong>s no piso compacto. Tal critério de manejo determina o enquadramento <strong>do</strong><br />

empreendimento, em um nível ótimo enquanto poupa<strong>do</strong>r de água e consequentemente gera<strong>do</strong>r<br />

de baixas vazões diárias de dejetos com concentração estimada entre 4 a 6% Matéria Seca (40<br />

a 60 Kg/m 3 ), valor este alto se compara<strong>do</strong> com empreendimentos similares. O terreno<br />

escolhi<strong>do</strong> possibilitou a locação <strong>do</strong> Biodigestor e de unidades coletoras <strong>do</strong>s dejetos com a<br />

finalidade de facilitar as condições de manejo e transporte, fluxo de pessoal, máquinas e<br />

insumos. O local apresenta bom nível de isolamento, fácil acesso por estrada geral com boas<br />

condições de trânsito em qualquer época <strong>do</strong> ano.<br />

Os dejetos gera<strong>do</strong>s pelos suínos na UPL-Unidade de Produção de Leitões, são<br />

conduzi<strong>do</strong>s em tubos com diâmetro de 150 mm PVC para uma caixa de homogeneização de<br />

fluxo, com volume estima<strong>do</strong> em 1/35 <strong>do</strong> volume <strong>do</strong> biodigestor obten<strong>do</strong>-se assim um tempo de<br />

residência hidráulico estima<strong>do</strong> de 35 dias. O biodigestor foi revesti<strong>do</strong> internamente com<br />

vinimanta de PVC 800 micras e o reservatório de gás (gasômetro) foi revesti<strong>do</strong> com cobertura<br />

de vinimanta de PVC 1.000 micras.<br />

O biogás gera<strong>do</strong> no biodigestor é transporta<strong>do</strong> até a edificação de produção de suínos<br />

por meio de tubulação rígida de PVC com 150 mm de diâmetro, conten<strong>do</strong> um ou mais pontos<br />

36


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

de purga d’água, para remoção de umidade na forma de vapor d’água que normalmente se<br />

desenvolve no processo de digestão anaeróbia, e se condensa na rede de transporte <strong>do</strong><br />

biogás. São usa<strong>do</strong>s filtros de limalha de ferro para a redução a níveis aceitáveis <strong>do</strong> H2S.<br />

Foi instala<strong>do</strong> um conjunto Gera<strong>do</strong>r de eletricidade trifásico (220/380 VAC) (modelo<br />

KOHLBACH), 3.600 RPM, 60 hz, com capacidade nominal de geração de 50 KVA (44 KVA<br />

contínuo), Controle de Rotação Eletrônico <strong>do</strong> tipo isócrono com controle por sensor<br />

eletromagnético e proteção contra sub e sobrevelocidade, Motor VOLKSWAGEN, AP2000 – 4<br />

cilindros/8 válvulas, adaptada para uso com biogás e refrigera<strong>do</strong> por troca<strong>do</strong>r de calor com<br />

aproveitamento da água de refrigeração <strong>do</strong> motor para geração de água quente (Figura 18).<br />

A propriedade possui uma pequena fabrica de rações que possui os seguintes<br />

equipamentos: motores elétricos com potência instalada, tritura<strong>do</strong>r 15 CV e mistura<strong>do</strong>r 7,5 CV.<br />

A propriedade possui ainda uma bomba para lavagem das instalações Pot. 3,5 CV, bomba<br />

d’água Pot. 1,5 CV, bomba para ordenha 3 CV, bomba para transporte de dejetos 5 CV,<br />

totalizan<strong>do</strong> uma Potência instalada de 35,5 CV, estiman<strong>do</strong>-se um consumo de<br />

aproximadamente 28 Kwh, com to<strong>do</strong>s os equipamentos operan<strong>do</strong>. Na unidade de maternidade<br />

o aquecimento <strong>do</strong>s leitões é por lâmpadas de 100 W (30 lâmpadas) totalizan<strong>do</strong> 3 Kwh. Na<br />

creche também o aquecimento das baias é por lâmpada elétrica de 100 W (15 lâmpadas)<br />

totalizan<strong>do</strong> 1,5 Kwh. A carga elétrica estática total instalada na propriedade é de<br />

aproximadamente 32 Kwh.<br />

Figura 18 – Conjunto Motor/Gera<strong>do</strong>r, equipamento usa<strong>do</strong> para a geração de energia elétrica.<br />

Na Figura 19, pode-se observar o biodigestor e gera<strong>do</strong>r de energia elétrica implanta<strong>do</strong><br />

na propriedade pelo PNMA II. Este modelo foi desenvolvi<strong>do</strong> com o objetivo de produzir biogás<br />

com baixo custo de instalação e facilidade de operação e manejo, não requeren<strong>do</strong> mão-deobra<br />

especializada.<br />

37


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 19 – Biodigestor e gera<strong>do</strong>r de energia elétrica<br />

implanta<strong>do</strong> na propriedade pelo PNMA II.<br />

O biodigestor implanta<strong>do</strong> na propriedade para a geração de energia elétrica esta em<br />

funcionamento desde 2005, geran<strong>do</strong> energia elétrica para a propriedade e a fabrica de ração<br />

existente.<br />

O biodigestor e o gera<strong>do</strong>r de energia elétrica implanta<strong>do</strong> na propriedade foram<br />

monitora<strong>do</strong>s durante 1.200 horas de funcionamento <strong>do</strong> conjunto, não apresentan<strong>do</strong> nenhum<br />

problema quanto a geração de energia elétrica, sen<strong>do</strong> que durante este perío<strong>do</strong> ocorreram<br />

problemas de manutenção no motor elétrico de partida <strong>do</strong> motor. A produção de biogás foi<br />

suficiente par manter o gera<strong>do</strong>r em funcionamento por 10 horas diárias, com um consumo<br />

médio de biogás de 18 m³/h. O monitoramento da geração de energia elétrica, demonstrou-se<br />

que a eletricidade gerada alimenta a rede de distribuição em baixa tensão 220/380 VAC e que<br />

no ponto mais distante <strong>do</strong> sistema (150 m) a queda de energia verificada não ultrapassa a 2%.<br />

A temperatura média da água de refrigeração <strong>do</strong> motor observada foi de 75°C, o que<br />

possibilita a manutenção de um depósito de 3.000 litros de água aquecida, para ser utilizada na<br />

limpeza das baias <strong>do</strong>s animais. A água quente facilita a limpeza e higienização das edificações<br />

para a produção de suínos.<br />

O conjunto de geração de energia elétrica com o uso <strong>do</strong> biogás possibilitou tornar a<br />

propriedade auto-suficiente em energia, sen<strong>do</strong> esta energia utilizada no aquecimento <strong>do</strong>s<br />

leitões nas salas de maternidade (30 lâmpadas com 100 W de potência) e na fabrica de<br />

rações.<br />

2.7.3.2 Unidade de biodigestor para a produção de energia térmica<br />

O biodigestor foi instala<strong>do</strong> em propriedade, na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, na<br />

região de Concórdia (SC). Observou-se a produção <strong>do</strong> biogás entre os meses de julho à<br />

dezembro de 2004, com o objetivo de uma avaliação técnica. A propriedade possui uma<br />

edificação para a produção em torno de 380 suínos nas fases de crescimento e terminação. A<br />

unidade recebe os leitões com peso médio inicial de 23 kg e entrega os animais para uma<br />

agroindústria com peso médio de 110 kg. Os animais são alimenta<strong>do</strong>s com ração e água à<br />

vontade. A edificação para a produção de suínos, possui piso compacto com canais para o<br />

manejo <strong>do</strong>s dejetos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> externo. Os dejetos são raspa<strong>do</strong>s diariamente de dentro das baias<br />

da edificação para os canais externos e a limpeza total das baias da edificação é realizada<br />

somente na saída <strong>do</strong>s animais no final da fase de terminação. Foi implanta<strong>do</strong> na propriedade<br />

um biodigestor com volume de biomassa na câmara de digestão para 100 m 3 .<br />

38


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

No biodigestor, a câmara de biomassa foi escavada no solo e revestida com vinimanta<br />

de PVC (cor negra) com espessura de 0,8 mm, sen<strong>do</strong> o depósito de biogás coberto, também<br />

com vinimanta de PVC (cor negra), com espessura de 1 mm. O biodigestor foi projeta<strong>do</strong> para<br />

um Tempo de Retenção Hidráulico (TRH) em torno de 30 dias e alimenta<strong>do</strong> diariamente com<br />

2,45 m 3 de dejetos.<br />

O produtor em questão possui um aviário de 1.200 m 2 com capacidade para 14.000<br />

aves (6 lotes/ano), localiza<strong>do</strong> numa posição bastante favorável para aproveitamento <strong>do</strong> biogás<br />

gera<strong>do</strong>. O produtor consumia por lote para aquecimento <strong>do</strong> aviário, antes da instalação <strong>do</strong><br />

biodigestor, 35 butijões de GLP (gás liqüefeito de petróleo de 13 kg) no inverno (R$ 1.120,00) e<br />

15 butijões no verão (R$ 480,00). Além disso, ainda eram consumidas 15 m 3 (R$ 345,00) de<br />

lenha/lote no inverno e 7 m 3 (R$ 161,00) lenha/lote, no verão. Custo total de despesas, por lote<br />

de aves, com aquecimento no inverno (R$ 1.465,00) e no verão (R$ 641,00), totalizan<strong>do</strong> no<br />

ano uma despesa de R$ 6.959,00, ou seja o que o produtor despendia para comprar o GLP e a<br />

Lenha.<br />

O biogás gera<strong>do</strong> é usa<strong>do</strong> como fonte de energia térmica para o aquecimento <strong>do</strong><br />

ambiente interno de um aviário para a produção de frango de corte. Foi instala<strong>do</strong>, no<br />

biodigestor, um medi<strong>do</strong>r para avaliação da produção de biogás modelo Liceu GN-04, com<br />

capacidade para a medição máxima de 8 m 3 /hora. Durante o perío<strong>do</strong> de monitoramento <strong>do</strong><br />

sistema, semanalmente, eram coletadas 3 amostra de dejetos na entrada e na saída <strong>do</strong><br />

biodigestor para análise <strong>do</strong>s seguintes parâmetros: Sóli<strong>do</strong>s Totais (ST) g/litro; Sóli<strong>do</strong>s Voláteis<br />

(SV) g/litro; pH; Alcalinidade mg/litro; Demanda Química de Oxigênio (DQO) g/litro e a<br />

Densidade <strong>do</strong>s dejetos com o uso de um densímetro (1.000 à 1.060 kg/m 3 ). Mediu-se a<br />

temperatura da biomassa no interior da câmara de digestão com o uso de um termopar (Co-<br />

Cu). Utilizou-se o modelo matemático desenvolvi<strong>do</strong> por CHEN (1983), cita<strong>do</strong> por LA FARGE<br />

(1995), para estimar a produção de biogás e comparar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> modelo com a<br />

produção de biogás observada.<br />

Na Figura 20, pode-se observar planta e Corte <strong>do</strong> biodigestor revesti<strong>do</strong> e coberto com<br />

vinimanta de PVC.<br />

Figura 20 – Planta e Corte <strong>do</strong> biodigestor revesti<strong>do</strong> e coberto com vinimanta de PVC.<br />

A propriedade escolhida para instalação <strong>do</strong> biodigestor levou em consideração que o<br />

produtor possui um sistema de produção de suínos e um aviário o que possibilita o<br />

aproveitamento <strong>do</strong> biogás. A Tabela 9, apresenta as características das instalações suinícolas<br />

e <strong>do</strong> aviário.<br />

39


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 9 – Características da propriedade.<br />

Características das instalações suinícolas<br />

selecionada para instalação <strong>do</strong> biodigestor.<br />

40<br />

Características da<br />

propriedade<br />

Tipo de produção de suínos Terminação<br />

Número de animais 350 suínos<br />

Volume de dejeto/dia (m 3 ) 2,45<br />

Aviário para frango de corte 14.000 aves<br />

Com a instalação <strong>do</strong> biodigestor o produtor tornou-se independente em energia<br />

térmica, para o aquecimento <strong>do</strong> ambiente interno <strong>do</strong> aviário substituin<strong>do</strong> totalmente o GLP e a<br />

lenha consumida pelo biogás, geran<strong>do</strong> uma receita anual de R$ 6.959,00 para o produtor<br />

(preço calcula<strong>do</strong> em 2004).<br />

A substituição <strong>do</strong> GLP e da lenha pelo biogás, contribuiu para a redução <strong>do</strong>s custos de<br />

produção de aves, além de proporcionar ganhos ambientais ao produtor.<br />

No perío<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>, a média e o desvio padrão das medições semanais da<br />

densidade (kg/m 3 ) <strong>do</strong>s dejetos de suínos na entrada <strong>do</strong> biodigestor foi de 1.032,15 ± 15,38,<br />

sen<strong>do</strong> que na saída <strong>do</strong> biodigestor foi de 1.010,32 ± 2,24. A densidade média observada na<br />

entrada <strong>do</strong> biodigestor (sóli<strong>do</strong>s totais de 8,77% - 87,7 kg/m 3 ), pode ser considerada elevada<br />

quan<strong>do</strong> comparada com os valores médios de sóli<strong>do</strong>s totais 3%, observa<strong>do</strong>s em propriedades<br />

produtoras de suínos, no Oeste Catarinense. Essa densidade foi obtida em função de um<br />

manejo adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos de suínos nas instalações (raspagem a seco e limpeza somente<br />

na saída <strong>do</strong>s animais) e o uso de novos bebe<strong>do</strong>uros que desperdiçam o mínimo possível de<br />

água. Os valores de densidade estão correlaciona<strong>do</strong>s diretamente com os valores <strong>do</strong>s Sóli<strong>do</strong>s<br />

Totais(ST), sen<strong>do</strong> que 75% <strong>do</strong>s ST são Sóli<strong>do</strong>s Voláteis (SV).<br />

A temperatura da biomassa observada no biodigestor situou-se entre 20 e 23°C, o que<br />

indica que na digestão anaeróbia da biomassa ocorreu pre<strong>do</strong>minantemente a presença de<br />

bactérias mesofílicas. O efeito da temperatura sobre a digestão anaeróbia foi avalia<strong>do</strong> por<br />

diferentes pesquisa<strong>do</strong>res que recomendam mante-la na faixa de 35 a 40°C, para uma maior<br />

eficiência da produção de biogás.<br />

A média e o desvio padrão da concentração de ST, observada, foi de 65,12 g/L ± 23,7<br />

e para os SV foi de 53,1 g/L ± 20,8, esses resulta<strong>do</strong>s correspondem as análises das amostras<br />

obtidas no laboratório. A produção de biogás mínima registrada foi de 40 m 3 em agosto e<br />

máxima de 60 m 3 em dezembro.<br />

A produção de biogás, pode ser estimada em função da alimentação diária de Sóli<strong>do</strong>s<br />

Voláteis (SV), consideran<strong>do</strong> a produção especifica de biogás é de 0,45 m 3 /kg de SV. O uso <strong>do</strong><br />

modelo matemático desenvolvi<strong>do</strong> por CHEN (1983) e cita<strong>do</strong> por LA FARGE (1995), para<br />

estimar a produção de biogás, tem si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> com sucesso.Usan<strong>do</strong>-se o coeficiente de<br />

0,45 (m 3 de biogás por kg de SV) e multiplican<strong>do</strong>-se pela carga de alimentação <strong>do</strong> biodigestor,<br />

que é o produto da concentração de SV (53,1 g/L) pela vazão de dejetos (350 suínos x 7 litros<br />

= 2,45 m 3 ), obtém-se uma produção estimada de biogás de 58,54 m 3 , o que corresponde a<br />

produção de biogás observada.<br />

Usan<strong>do</strong>-se o modelo matemático desenvolvi<strong>do</strong> por OLIVEIRA (2003), para estimar a<br />

produção de dejetos pelos suínos em função <strong>do</strong> peso metabólico e <strong>do</strong> consumo de água,<br />

acrescida de 1 litro de água por dia, correspondente ao desperdício pelos bebe<strong>do</strong>uros, mais os<br />

valores observa<strong>do</strong>s semanalmente para os SV, pode-se estimar a carga de alimentação <strong>do</strong><br />

biodigestor. Então, com os valores de carga, usan<strong>do</strong>-se o Modelo de CHEN (1983) cita<strong>do</strong> em<br />

LA FARGE (1995), podemos estimar a produção de biogás para o biodigestor usa<strong>do</strong> neste<br />

trabalho (100 m 3 ). A Figura 21, demonstra os valores da produção de biogás observada e<br />

estimada pelo modelo cita<strong>do</strong>, para a faixa de temperatura de 20°C de operação <strong>do</strong> biodigestor.


Produção de Biogás (m 3 /m 3 de Biomassa)<br />

0.8<br />

0.7<br />

0.6<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0.0<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Temp. 20 o C TRH 30 dias<br />

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80<br />

Taxa de Alimentação (kg SV/ m 3 de Biodigestor)<br />

Figura 21 – Produção especifica de biogás (m 3 /m 3 de biomassa)<br />

estimada pelo Modelo de Chen (1983), usan<strong>do</strong>-se os<br />

valores observa<strong>do</strong>s de temperatura, Sóli<strong>do</strong>s Voláteis<br />

(g/L), vazão de dejetos (litros/dia) e carga de<br />

alimentação <strong>do</strong> biodigestor.<br />

O biodigestor instala<strong>do</strong> nas propriedades produtoras de suínos quan<strong>do</strong> maneja<strong>do</strong><br />

adequadamente pode produzir biogás com uma eficiência de produção varian<strong>do</strong> entre 0,45 a<br />

0,60 m 3 de biogás por m 3 de biomassa. Para uma produção economicamente aceitável de<br />

biogás o manejo <strong>do</strong>s dejetos na unidade produtora de suínos deve buscar obter a maior<br />

concentração possível de Sóli<strong>do</strong>s Voláteis e evitar o desperdício de água. Observa-se na<br />

Figura 22 a vista <strong>do</strong> biodigestor e sistema de filtragem, medição de volume e compressor para<br />

biogás, instala<strong>do</strong> na propriedade.<br />

Figura 22 – Vista <strong>do</strong> biodigestor e sistema de filtragem, medição de volume e<br />

compressor para biogás, instala<strong>do</strong> na propriedade.<br />

41


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 23 – Vista da propriedade com a antiga esterqueira antes da instalação <strong>do</strong> biodigestor.<br />

Os valores médios observa<strong>do</strong>s na entrada e na saída <strong>do</strong> biodigestor para os seguintes<br />

parâmetros: pH; N-NH3 mg/litro; Demanda Química de Oxigênio (DQO) g/litro; Ptot (mg/L) e<br />

N_NTK (mg/L), são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 10. Como se pode observar, os valores de carga<br />

orgânica e de nutrientes foram reduzi<strong>do</strong>s na saída <strong>do</strong> biodigestor, porém estes valores são<br />

eleva<strong>do</strong>s não permitin<strong>do</strong> seu lançamento nos corpos de água, valores semelhantes também<br />

foram observa<strong>do</strong> em trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s por LUCAS JUNIOR (1994) e KUNZ, et al.<br />

(2005). O biodigestor faz parte de uma <strong>do</strong>s estágios <strong>do</strong> processo de tratamento <strong>do</strong>s dejetos de<br />

suínos, não deven<strong>do</strong> ser visto como uma solução definitiva, pois possui limitações quanto a<br />

eficiência da remoção da matéria orgânica e de nutrientes (OLIVEIRA, et al., 2006).<br />

Tabela 10 – Médias (mg L -1 ) <strong>do</strong>s parâmetros observa<strong>do</strong>s de pH; N-NH3; Demanda<br />

Química de Oxigênio (DQO); Ptot e N_NTK na alimentação e no<br />

efluente <strong>do</strong> biodigestor.<br />

pH N-NH3 DQO Ptot N_NTK<br />

- (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)<br />

Entrada Média 7,8 9.316 21.156 1.632 6.357<br />

Máximo 8,8 38.234 98.259 2.385 13.909<br />

Mínimo 7,1 1.461 42.500 963 204<br />

Desv. Padrão 0,54 13.192 38.009 482 3.584<br />

Saída Média 7,5 5.821 9.096 494 3.141<br />

Máximo 7,6 27.873 23.800 801 7.031<br />

Mínimo 7,2 2.320 12.475 206 436<br />

Desv. Padrão 0,11 8.917 10.852 245 1.940<br />

2.7.4 Conclusões<br />

Recomenda-se o uso <strong>do</strong> biodigestor nas propriedades produtoras de suínos para<br />

geração de energia térmica, mecânica e elétrica.<br />

O biogás gera<strong>do</strong> é uma fonte de energia renovável e poder ser usa<strong>do</strong> na substituição<br />

de fontes tradicionais de energia como o GLP, a lenha e a gasolina, em propriedades rurais.<br />

Recomenda-se o uso <strong>do</strong> biodigestor para reduzir a emissão <strong>do</strong>s gases de efeito estufa<br />

e de o<strong>do</strong>res nas propriedades produtoras de suínos.<br />

O biodigestor é parte integrante de um sistema de tratamento de dejetos de suínos,<br />

não deven<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> como unidade final de tratamento e sim como unidade<br />

intermediária.<br />

42


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

3 USO DE DEJETOS COMO FERTILIZANTE ORGÂNICO<br />

Vamilson Prudêncio da Silva Jr.<br />

Adilson de Freitas Zamparetti<br />

EPAGRI<br />

Rodney E. Moss<br />

UNOESC – Joaçaba<br />

3.1 Uso de imagens de satélite de alta resolução como ferramenta de<br />

gestão ambiental<br />

Os desafios <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foram viabilizar diagnóstico completo das bacias desenvolver<br />

os <strong>projeto</strong>s técnicos individuais por propriedades e efetivar as intervenções necessárias para<br />

recuperação das áreas degradadas, consideran<strong>do</strong> os recursos disponíveis. Já existia o<br />

conhecimento acerca de informações úteis, embora dispersas em vários órgãos, e outras ainda<br />

a serem coletadas. A necessidade de ser complementa<strong>do</strong> o mapeamento da situação real nas<br />

bacias se tornou indispensável para o andamento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>. A inexistência de mapas<br />

fundiários recentes exigiu a confecção de novas representações demonstran<strong>do</strong> detalhes como<br />

rede hidrológica, malha viária, áreas de preservação permanente (APP’s), divisas das<br />

propriedades rurais, instalações para produção agropecuária com destaque para as unidades<br />

de criação de animais confina<strong>do</strong>s (pocilgas, aviários, instalações de armazenamento e<br />

tratamento de dejetos), áreas de mata nativa, reflorestamento, cultivos anuais, campos, entre<br />

outros aspectos.<br />

A análise <strong>do</strong>s custos envolvi<strong>do</strong>s em produzir mapas com este nível de detalhamento<br />

usan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s tradicionais de topografia (estação total, GPS, etc), resultou em valores<br />

proibitivos, o que tornaria o <strong>projeto</strong> inviável.<br />

Uma proposta alternativa oferecen<strong>do</strong> solução economicamente viável foi empregar o<br />

uso de uma imagem de satélite de alta resolução (orto-retificada) como base para confecção<br />

de uma carta imagem completamente nova e atual. A resolução da imagem Quickbird (pixel<br />

de 70 cm) permitiu que a maioria <strong>do</strong>s detalhes necessários para mapeamento fosse<br />

identificada em escritório através das técnicas de sensoriamento remoto, reduzin<strong>do</strong> assim os<br />

trabalhos de campo para uma tarefa de apoio de simples conferência visan<strong>do</strong> dirimir eventuais<br />

dúvidas. A maior justificativa para a<strong>do</strong>tar esta sistemática é devi<strong>do</strong> ao custo calcula<strong>do</strong> ser<br />

inferior a 10% <strong>do</strong> valor total quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao emprego da topografia convencional, já<br />

consideran<strong>do</strong> que a precisão necessária para o <strong>projeto</strong>, neste último caso, não é de primeira<br />

ordem.<br />

A a<strong>do</strong>ção desta estratégia para mapeamento teve que se adequar às peculiaridades<br />

climáticas que interferem na captação das imagens. As condições prevalecentes durante o<br />

inverno de 2002 foram favoráveis à formação de bancos de neblina que permaneceram até a<br />

passagem da órbita <strong>do</strong> satélite (cerca de 10:30 horas com intervalo de retorno ao local de<br />

cerca de 5 dias), provocan<strong>do</strong> o adiamento para obtenção das melhores cenas de 4 meses para<br />

o Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e de 6 meses para Coruja/Bonito. A meto<strong>do</strong>logia empregada seguiu<br />

prioridades estabelecidas pelos distintos grupos de trabalho <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com o objetivo de<br />

entregar informações úteis ao bom andamento das intervenções, de forma concomitante e da<br />

maneira mais rápida possível. A primeira prioridade estabelecida foi a de delimitar áreas de<br />

preservação permanente às margens <strong>do</strong>s rios (zona ripária). Isto necessitou a demarcação da<br />

malha hidrográfica e a geração de um buffer (faixa) em conformidade com a legislação vigente<br />

(Código Florestal – Lei n<br />

43<br />

o 4.771, de 15 de setembro de 1965 e alterações de 1986 e 1989; Lei<br />

n o 7.754 de 14 de abril de 1989 da proteção das florestas existentes nas nascentes <strong>do</strong>s rios;<br />

Medida Provisória n o 2.166-67 de 24 de agosto de 2001 que altera o Código Florestal;<br />

Resolução CONAMA n o 302 de 20 de março de 2002, dispõe sobre os parâmetros, definições e<br />

limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso <strong>do</strong>


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

entorno; Resolução CONAMA n o 303 de 20 de março de 2002, dispõe sobre parâmetros,<br />

definições e limites de Áreas de Preservação Permanente).<br />

O software escolhi<strong>do</strong> para os trabalhos foi o ArcView 8.2 em razão <strong>do</strong>s recursos<br />

ofereci<strong>do</strong>s e fácil interface com o usuário. Realizada esta etapa, foi possível identificar as áreas<br />

em estágio de degradação, possibilitan<strong>do</strong> que as equipes responsáveis para a restauração<br />

destas áreas planejassem suas estratégias para alcançar as metas dentro <strong>do</strong>s prazos<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pelo <strong>projeto</strong>. Devi<strong>do</strong> à alta resolução da imagem, a interpretação <strong>do</strong>s mapas<br />

resultantes é facilitada tanto às equipes de trabalho quanto às pessoas não habilitadas<br />

tecnicamente, o que foi de grande auxílio para conscientizar os proprietários rurais da<br />

necessidade de a<strong>do</strong>tar as intervenções sugeridas pelos técnicos (Figura 24A).<br />

Com a utilização desta mesma meto<strong>do</strong>logia para produzir os subseqüentes mapas<br />

temáticos (delimitação das propriedades rurais, edificações rurais, áreas de floresta, campo,<br />

cultivo anual, entre outros de interesse), (Figura 24B) foi possível demonstrar a real situação da<br />

bacia como um to<strong>do</strong> e auxiliar na elaboração de um Plano Individual de Propriedade (PIP),<br />

instrumento semelhante a um Plano Diretor de Propriedades Rurais, elabora<strong>do</strong> para cada<br />

propriedade das bacias trabalhadas. Estes PIPs são fundamentais para o sucesso <strong>do</strong> <strong>projeto</strong><br />

que visa a recuperação ambiental das bacias em conformidade com a legislação vigente, e<br />

também a sustentabilidade econômica e ecológica da <strong>suinocultura</strong>, uma contribuinte chave à<br />

economia <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina.<br />

A <strong>experiência</strong> da equipe de trabalho com o uso de imagens de satélite de alta<br />

resolução foi amplamente positiva, pela qualidade e consistência das informações obtidas, pela<br />

agilização <strong>do</strong>s procedimentos em campo, graças ao conhecimento prévio, que permite um<br />

trabalho planeja<strong>do</strong> e pelos produtos resultantes, na forma de mapas, enfocan<strong>do</strong> as mais<br />

significativas e distintas áreas temáticas de relevância ambiental e econômica, de grande<br />

interesse e utilidade para múltiplos usuários (Figuras 24A e 24B).<br />

Figura 24A – Imagem de propriedades trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>.<br />

44


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 24B – Imagem trabalha apresentan<strong>do</strong> detalhes com relação as áreas na propriedade,<br />

intervenções previstas e contorno de APPs.<br />

45


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

3.2 Plano agronômico e balanço de nutrientes<br />

A adubação orgânica, com dejetos de suínos é um recurso disponível nas<br />

propriedades rurais, poden<strong>do</strong> substituir a adubação química, trazen<strong>do</strong> como conseqüência a<br />

redução <strong>do</strong>s custos de produção e uma maior margem de lucro para os produtores,<br />

fundamentais para a sustentabilidade econômica da <strong>suinocultura</strong>. Porém, o que observa-se nas<br />

regiões produtoras é o uso indiscrimina<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos sem critério algum, extrapolan<strong>do</strong> muitas<br />

vezes a capacidade de suporte <strong>do</strong> solo em receber esses dejetos, causan<strong>do</strong> poluição <strong>do</strong> ar,<br />

das águas superficiais e subterrâneas, <strong>do</strong> próprio solo, e também toxidez para as plantas, uma<br />

vez que as mesmas não conseguem absorver a grande quantidade de nutrientes aplicada.<br />

Para uma utilização adequada <strong>do</strong>s dejetos como fertilizante, com o mínimo risco de poluição,<br />

não basta apenas levar em conta a sua composição. Faz-se também necessário um estu<strong>do</strong><br />

adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> solo envolven<strong>do</strong> análises físicas e químicas, para verificar a sua composição, a<br />

determinação de sua classe de uso, aptidão e a necessidade nutricional da cultura que será<br />

implantada.<br />

Na maioria das regiões produtoras no Brasil os dejetos são maneja<strong>do</strong>s na forma<br />

líquida, o que pode agravar o risco de poluição. Esses dejetos podem apresentar grandes<br />

variações na sua composição, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema de criação, <strong>do</strong> manejo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> e,<br />

principalmente, da quantidade de água utilizada na higienização das instalações ou<br />

desperdiçada nos bebe<strong>do</strong>uros. Um <strong>do</strong>s fatores responsáveis pela baixa concentração de<br />

nutrientes é, sem dúvida, a sua grande diluição em água. O excesso de água, além de reduzir<br />

o potencial fertilizante <strong>do</strong> esterco, faz com que aumentem significativamente os custos com<br />

armazenamento, transporte e distribuição por unidade de nutriente aplicada na lavoura. Cada<br />

litro de água desperdiça<strong>do</strong> representa uma perda significativa para o produtor, pela redução da<br />

qualidade fertilizante <strong>do</strong> esterco e pelo aumento <strong>do</strong>s custos de transporte e distribuição.<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma proposta meto<strong>do</strong>lógica visan<strong>do</strong> orientar técnicos e<br />

produtores liga<strong>do</strong>s a <strong>suinocultura</strong>, na correta aplicação <strong>do</strong>s dejetos de suínos exploran<strong>do</strong> seu<br />

potencial, como a adubação orgânica para diversas culturas agrícolas propician<strong>do</strong> ganhos<br />

econômicos e ambientais as bacias. A proposta é gera<strong>do</strong>ra de alternativas e recomendações<br />

aos suinocultores no senti<strong>do</strong> de reduzir custos de produção agrícola, bem como reduzir o<br />

impacto ao meio ambiente que a atividade suinícola acarreta, propician<strong>do</strong> ainda um aumento<br />

na renda da família. Esta meto<strong>do</strong>logia pode ser adaptada, melhorada e utilizada pelos diversos<br />

setores e técnicos liga<strong>do</strong>s a cadeia produtiva da <strong>suinocultura</strong>.<br />

Salienta-se que toda e qualquer recomendação de <strong>do</strong>sagens de aplicação de dejetos<br />

de suínos visan<strong>do</strong> o aproveitamento <strong>do</strong>s mesmos como fertilizantes, deve ser realizada por<br />

profissional habilita<strong>do</strong> e capacita<strong>do</strong>, com conhecimento nos usos de boas práticas para<br />

adubação orgânica.<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu ações para a Promoção <strong>do</strong> uso de dejetos como fertilizantes e<br />

a realização <strong>do</strong> balanço de nutrientes em cada propriedade. A primeira ação foi a elaboração<br />

<strong>do</strong> Mapa de Uso Atual das Terras com as seguintes classes: Floresta (F), Reflorestamento<br />

(Fr), Cultura anual (Ca) - temporárias e permanentes, Campo-nativo e cultiva<strong>do</strong> (Cam), Área de<br />

Preservação Permanente - APP e a classe denominada de Outras áreas (Oa) para agrupar<br />

acessos, casas, instalações e áreas inaproveitadas. A Segunda ação foi à elaboração <strong>do</strong> Mapa<br />

de Aptidão de Uso das Terras, elabora<strong>do</strong> conforme meto<strong>do</strong>logia de UBERTI et al, (1992).<br />

Com as informações detalhadas e precisas contidas nesses mapas, pôde-se determinar as<br />

áreas parciais (glebas) e a área total das propriedades.<br />

A alternativa viável técnica e economicamente para obter tais informações com a<br />

precisão necessária, foi a aquisição de uma imagem de satélite ortoretificada (corrigida<br />

geometricamente) de alta resolução, <strong>do</strong> satélite Quick-Bird Digital Globe - DG, com resolução<br />

espacial de 60 cm, nas bandas Pan e coloridas (fusão Pan+Color), que recobrisse toda a área<br />

da bacia.<br />

Para permitir a utilização da ortoimagem de satélite e geração <strong>do</strong>s mapas já cita<strong>do</strong>s,<br />

alem <strong>do</strong>s outros mapas para atendimento de outras metas, foram adquiri<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pacotes de<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

softwares para os trabalhos de geoprocessamento, destacan<strong>do</strong>-se o Sistema de Informações<br />

Geográficas - SIG, sistema capaz de integrar da<strong>do</strong>s georeferencia<strong>do</strong>s e conhecimentos<br />

geográficos da área de estu<strong>do</strong>, originários de diversas fontes, como: mapas base ou temáticos,<br />

da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s com GPS (diferencial e navegação), mapas interpreta<strong>do</strong>s a partir de imagens<br />

de satélites.<br />

Com as ortoimagens das bacias trabalhadas no <strong>projeto</strong>, iniciaram-se as atividades<br />

técnicas de planejamento e plotan<strong>do</strong>-se sobre as imagens os pontos toma<strong>do</strong>s com os<br />

receptores GPS, das propriedades conten<strong>do</strong> a identificação <strong>do</strong> proprietário. Este procedimento<br />

permitiu uma identificação prévia das edificações, das instalações, das áreas de terra, das<br />

cercas e das vias de acessos.<br />

A imagem de alta resolução permite identificar e interpretar objetos com tamanho<br />

próximo aos 60 cm. Com base na área total declarada pelos proprietários e na interpretação<br />

visual da imagem das principais feições <strong>do</strong> terreno como cercas, estradas, diferentes usos de<br />

cada propriedade, foi possível estimar os limites da mesma. Este procedimento foi necessário<br />

para o enquadramento da ortoimagem circunscrito a propriedade, para a plotagem <strong>do</strong>s croquis<br />

preliminares e elaboração <strong>do</strong>s mapas.<br />

De posse <strong>do</strong>s mapas, os técnicos se dirigiram às propriedades e após as<br />

apresentações formais, iniciaram-se as atividades de mapeamento através de entrevista.<br />

A ortoimagem foi apresentada aos produtores pelos técnicos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, com o intuito<br />

que os mesmos reconhecessem as divisas da propriedade, rios, nascentes, instalações<br />

suinícolas, benfeitorias e estradas sobre o mapa (Figura 25). O nível de compreensão <strong>do</strong>s<br />

mapas em forma de imagens e <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong>s temas cita<strong>do</strong>s foi excelente,<br />

possibilitan<strong>do</strong> traçar em campo as linhas <strong>do</strong>s diversos temas sobre a ortoimagem impressa.<br />

Figura 25 – Croqui das propriedades com hidrografia – (Quick Bird).<br />

Contan<strong>do</strong> com a <strong>experiência</strong> e conhecimento <strong>do</strong> Agricultor, foram identificadas sobre<br />

as imagens, as glebas e os seus usos atuais. A utilização <strong>do</strong> GPS nos trabalhos de campo foi<br />

fundamental, tanto no levantamento <strong>do</strong> uso, onde em cada gleba mapeada eram toma<strong>do</strong>s<br />

pontos de identificação deste uso, como na checagem <strong>do</strong>s vértices duvi<strong>do</strong>sos (geralmente<br />

marcos localiza<strong>do</strong>s dentro de densa vegetação). O equipamento permanecia liga<strong>do</strong> durante<br />

to<strong>do</strong> o caminhamento realiza<strong>do</strong> na propriedade permitin<strong>do</strong> a gravação de to<strong>do</strong> o percurso, as<br />

47


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

trilhas percorridas (estradas, caminhos, etc.) eram transferidas e utilizadas no SIG, juntamente<br />

com os pontos toma<strong>do</strong>s.<br />

Após a elaboração <strong>do</strong>s mapas de uso e aptidão das terras, as áreas das glebas, que<br />

eram calculadas automaticamente no sistema SIG e disponibilizadas na forma de tabelas.<br />

Ressaltan<strong>do</strong> que das áreas consideradas aptas a receberem dejetos de suínos como fonte<br />

orgânica de adubação foram deduzidas as Áreas de Preservação Permanente – APP,<br />

conforme legislação Ambiental (Código Florestal e Resolução <strong>do</strong> CONAMA).<br />

Na determinação das classes de aptidão de uso da bacia foi utilizada a Meto<strong>do</strong>logia<br />

para Classificação da Aptidão de Uso das Terras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina (UBERTI et al.<br />

1992), que estabelece cinco classes, a saber:<br />

Classe 1 - Aptidão boa para culturas anuais climaticamente adaptadas.<br />

Classe 2 - Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas.<br />

Classe 3 - Aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas;<br />

aptidão regular para fruticultura e boa para pastagens e reflorestamento.<br />

Classe 4 - Aptidão com restrições para fruticultura e regular para pastagens e<br />

reflorestamento.<br />

Classe 5 - Preservação permanente.<br />

Para a determinação destas classes foram considera<strong>do</strong>s os seguintes fatores de<br />

avaliação segun<strong>do</strong> UBERTI et al. (1992): profundidade efetiva (pr); declividade (d);<br />

susceptibilidade à erosão (e); fertilidade (f); drenagem (h) e pedregosidade (p).<br />

3.2.1 Fator de Redução <strong>do</strong> Volume de Dejetos em função <strong>do</strong> aumento da<br />

Densidade – FRD<br />

No cálculo <strong>do</strong> balanço final de dejetos introduziu-se o Fator de redução <strong>do</strong> volume de<br />

dejetos (FRD) produzi<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> a um possível aumento de sua densidade, onde à medida<br />

que a densidade <strong>do</strong>s dejetos vai aumentan<strong>do</strong>, o volume de dejetos produzi<strong>do</strong>s vai diminuin<strong>do</strong>.<br />

A Tabela 11 a seguir apresenta os fatores estima<strong>do</strong>s.<br />

Tabela 11 – Fator de redução para cada densidade.<br />

FRD Densidade (kg/m³)<br />

1 1008<br />

0,95 1012<br />

0,90 1016<br />

0,85 1020<br />

0,80 1024<br />

0,75 1028<br />

A aplicação deste fator foi processada em planilha eletrônica para cada propriedade,<br />

multiplican<strong>do</strong>-se o valor da Produção Anual de Dejeto pelo fator correspondente a sua<br />

densidade.<br />

48


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

3.2.2 Fator de Redução em função das Características Físicas <strong>do</strong> Solo –<br />

FRCFS<br />

As terras das bacias trabalhadas foram caracterizadas de acor<strong>do</strong> com a sua fisiografia,<br />

solos <strong>do</strong>minantes, uso, aptidão de uso e conflitos de uso das terras. Com base nas principais<br />

características físicas <strong>do</strong> solo, foi estima<strong>do</strong> para cada bacia um FRCFS.<br />

A Tabela 12 mostra as classes de aptidão e seu respectivo fator de redução para a<br />

bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, que deverá ser multiplica<strong>do</strong> pelas necessidades de dejetos<br />

m³/ano correspondentes.<br />

Tabela 12 – Guia para Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras e o Fator de<br />

Redução em função das Características Físicas <strong>do</strong> Solo (FRCFS).<br />

Classe de<br />

FRCFS<br />

Aptidão<br />

Fragosos<br />

Classe 1<br />

1<br />

Classe 2<br />

0,90<br />

Classe 3<br />

0,80<br />

Classe 4<br />

0,70<br />

Classe 5<br />

0<br />

Salientamos que para ambos os fatores, há necessidade de estu<strong>do</strong>s e análises mais<br />

aprofundadas a fim de obter-se uma função mais representativa da realidade das densidades<br />

<strong>do</strong>s dejetos e valores mais representativos da real capacidade de suporte <strong>do</strong>s solos para o<br />

recebimento de dejetos.<br />

3.2.3 Balanço de Nutrientes nas Bacias Trabalhadas<br />

Após a identificação <strong>do</strong>s usos das áreas, procederam-se os trabalhos de<br />

geoprocessamento, sen<strong>do</strong> possível descontar (retirar) as Áreas de Preservação Permanente –<br />

APPs, de acor<strong>do</strong> com a legislação vigente.<br />

A quantidade de adubo orgânico foi ajustada com base na análise de solo e exigências<br />

nutricionais das plantas. A Meto<strong>do</strong>logia da ROLAS, visa maximizar o uso <strong>do</strong>s nutrientes que já<br />

estão no solo, diminuin<strong>do</strong> o custo inicial de implantação da lavoura. Com isso, no primeiro<br />

cultivo o produtor utilizará ao máximo to<strong>do</strong>s os nutrientes <strong>do</strong> solo, sen<strong>do</strong> a adubação feita<br />

apenas para suplementar o déficit de nutrientes <strong>do</strong> solo com relação as exigências da cultura.<br />

Como o objetivo neste caso é maximizar o uso <strong>do</strong>s dejetos de suínos, e levan<strong>do</strong> em conta o<br />

fato de que a proporção de nutrientes (N, P e K). Uma vez determinada a quantidade de<br />

dejetos a ser aplicada por hectare para cada tipo de uso, calculou-se o balanço de nutrientes<br />

basea<strong>do</strong> no total anual produzi<strong>do</strong>, para o total das áreas <strong>do</strong>s diferentes tipos de uso, como:<br />

Cultura Anual (Ca), Campo (Cam), Capoeira (Cpo), Floresta (F).<br />

As recomendações finais para o uso de dejetos como fertilizantes nas culturas foram<br />

elaboradas em função <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> balanço de nutrientes para cada propriedade<br />

individualmente.<br />

Após analise detalhada das informações básicas contidas nos levantamentos de<br />

campo realiza<strong>do</strong>s nas duas bacias trabalhadas no <strong>projeto</strong>, reuniu-se todas as informações<br />

necessárias para determinação das áreas com possibilidade de aplicação de dejetos, sen<strong>do</strong><br />

descontadas as Áreas de Preservação Permanente - APPs, foi então estima<strong>do</strong> o volume de<br />

dejetos produzi<strong>do</strong>s por propriedade e realizadas as análises de solo.<br />

Quanto às densidades <strong>do</strong>s dejetos, para fim de estimativa a<strong>do</strong>tou-se para a densidade<br />

os valores de 1008, 1012, 1016, 1020, 1024 e 1028 kg/m³ para a bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito e<br />

os valores de 1008, 1016, e 1028 Kg/m³ para a bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

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Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

No cálculo <strong>do</strong> balanço final de dejetos foi introduzi<strong>do</strong> outro fator de redução (FR) linear<br />

para o volume de dejetos produzi<strong>do</strong>s onde, à medida que a densidade <strong>do</strong> dejeto vai<br />

aumentan<strong>do</strong> o volume de produção de dejetos vai diminuin<strong>do</strong>. A<strong>do</strong>tou-se um FRD = 1 para a<br />

densidade igual a 1008 Kg/m³ e FRD = 0,75 para a densidade igual a 1028 Kg/m³ (Tabela 13).<br />

Tabela 13 – Fator para cada densidade.<br />

FRD Densidade (kg/m³)<br />

1 1008<br />

0,95 1012<br />

0,90 1016<br />

0,85 1020<br />

0,80 1024<br />

0,75 1028<br />

A aplicação deste fator se processa em planilha eletrônica para cada propriedade,<br />

multiplican<strong>do</strong>-se o valor da produção anual de dejeto pelo fator correspondente a sua<br />

densidade.<br />

Com os da<strong>do</strong>s acima se procedeu aos cálculos para a recomendação de adubação<br />

seguin<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia da Rede Oficial de Laboratórios de Análises de Solo e Teci<strong>do</strong> Vegetal<br />

– ROLA (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, 1995). Para tanto se utilizou o<br />

programa denomina<strong>do</strong> SARA (plataforma planilha eletrônica), desenvolvi<strong>do</strong> pelo Eng. Agr.<br />

Vamilson Prudêncio da Silva Junior (EPAGRI), de forma a possibilitar a automatização <strong>do</strong><br />

processo de recomendação de adubação.<br />

Para a bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito em Braço <strong>do</strong> Norte, foi realiza<strong>do</strong> o levantamento<br />

das culturas de primeiro cultivo (milho, fumo) e segun<strong>do</strong> cultivo (gramíneas de estação fria,<br />

milho) para todas glebas de cultivo analisadas e representadas por amostras de solo. Para<br />

proceder-se a recomendação de adubação nas glebas de pastagem, onde não havia amostras<br />

de solo, considerou-se a amostra mais deficitária em nutrientes, isto para algumas<br />

propriedades, pois em outras existia análise.<br />

Para a bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos em Concórdia, utilizou-se como culturas de<br />

referência para o primeiro cultivo, o milho e para o segun<strong>do</strong> cultivo, gramíneas de estação fria<br />

(Aveia). Para proceder-se a recomendação de adubação orgânica nas áreas de pastagem,<br />

considerou-se a amostra mais deficitária em nutrientes, para todas as propriedades.<br />

Como o objetivo neste caso é maximizar o uso <strong>do</strong>s dejetos de suínos, e levan<strong>do</strong> em<br />

conta o fato de que a proporção de nutrientes (N, P e K) nesse tipo de fertilizante é fixa,<br />

encontrou-se alguma dificuldade em ajustar a <strong>do</strong>se <strong>do</strong> fertilizante, já que ao otimizar a<br />

quantidade de um <strong>do</strong>s nutrientes, os demais ficam desequilibra<strong>do</strong>s (falta ou excesso). Por esse<br />

motivo, a<strong>do</strong>tou-se o critério de permitir um certo excedente de P e K, em quantidades tais que<br />

não prejudiquem o desempenho da cultura nem a absorção de outros nutrientes. O critério<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi de ajustar a quantidade de N permitin<strong>do</strong> um excedente máximo de até 25 Kg por<br />

hectare de K2O ou P2O5,, sen<strong>do</strong> limita<strong>do</strong> pelo que ocorrer primeiro. Assim, procurou-se manter<br />

as reservas de nutrientes no solo, maximizan<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong>s dejetos de suínos na propriedade.<br />

Uma vez determinada a quantidade de adubo orgânico a ser aplicada por hectare para<br />

cada tipo de uso, calculou-se o balanço de nutrientes basea<strong>do</strong> no total anual produzi<strong>do</strong>, com o<br />

total das áreas <strong>do</strong>s diferentes tipos de uso, como: Cultura Anual (Ca), Campo (Cam), Capoeira<br />

(Cpo), Floresta (F) (Tabelas 14A e 14B).<br />

50


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas<br />

Experiência Gestão <strong>do</strong> Ambiental Projeto Suinocultura de Propriedades Santa Suinícolas: Catarina - PNMA II<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 14 – Interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e proposições para a prática <strong>do</strong> uso de dejetos como fertilizantes.<br />

Proprietário:<br />

Densidade considerada: D=1028 Kg/m³<br />

Fator de redução: 0,75<br />

Tabela 14A – Quantidade de adubo (org./quim) e calagem recomendada por hectare para cada gleba com base na análise de solo.<br />

Amostra/gleba 1 Amostra/gleba 2 Amostra/gleba 3 Amostra/gleba 4 Pastagem<br />

1° Cultivo 2° Cultivo 1° Cultivo 2° Cultivo 1° Cultivo 2° Cultivo 1° Cultivo 2° Cultivo Perene<br />

Adubos Milho 3-6t Gram_Inv Milho 3-6t Gram_Inv Milho 3-6t Gram_Inv<br />

Esterco (m³/ha) 20 26 17 20 15 20 33<br />

Super triplo (Kg/ha) 100<br />

Cloreto de K (Kg/ha)<br />

Uréia (Kg/ha) 100 150 150 150 50<br />

Qtidade N° Aplic. Qtidade N° Aplic. Qtidade N° Aplic. Qtidade N° Aplic.<br />

Calcário (ton) 13 2 12 2 12 2<br />

Tabela 14B – Necessidade de dejetos por tipo de uso e balanço de dejetos.<br />

(Necessidade (Necessidade (Necessidade<br />

Uso Área (ha) dejeto m³/ha)¹ dejeto m³/ano)² dejeto m³/ano)³<br />

Ca 3,26 27,5 89,8 89,8<br />

Cam 5,56 23,1 128,4 128,4<br />

Cpo 23,1 0,0 Produção (Falta/Excesso (Falta/Excesso<br />

F 16,32 23,1 377,0 dejeto m³/ano dejeto m³/ano) 4 dejeto m³/ano) 5<br />

Total 25,14 595,2 218,2 1724,6 1.129,4 1.506,4<br />

51


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Como exemplo desta meto<strong>do</strong>logia, usamos os resulta<strong>do</strong>s de uma propriedade<br />

produtora de suínos pertencente ao Projeto (Tabelas 14A e 14B).<br />

Neste caso a<strong>do</strong>tou-se a densidade de D=1008 Kg/m³ e um fator de redução 1.<br />

Foram feitas simulações para diferentes possibilidades de aplicação de dejetos em<br />

Cultura Anual (Ca), Campo (Cam), Capoeira (Cpo) e Floresta (F).<br />

Para compreensão destas alternativas, devem-se observar os números sobrescritos 1,<br />

2, 3, 4 e 5, da Tabela 14B, os quais significam:<br />

1. Descritas nas colunas as necessidades de aplicação de dejetos por hectare (ha)<br />

em Culturas Anuais - Ca, obtida pela média das recomendações para o 1º cultivo + média das<br />

recomendações para o 2º cultivo; Necessidade de aplicação de dejetos por hectare (ha) em<br />

Campo – Cam, obtida pela recomendação para gramíneas perenes de verão, com base na<br />

amostra mais pobre em nutrientes; Necessidade de dejetos por hectare (ha) em Capoeira - Cpo<br />

e Floresta – F, consideradas com possibilidade de aplicação e a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se como critério o<br />

mesmo volume recomenda<strong>do</strong> para as áreas de Campo – Cam).<br />

2. Necessidade de dejetos das glebas disponíveis da propriedade consideran<strong>do</strong><br />

aplicação em áreas de Ca, Cam, Cpo e F. Volumes estes obtidas pela multiplicação da<br />

disponibilidade de área em hectares na propriedade, para os diferentes usos, pela necessidade<br />

de dejetos em m 3 /ano, conforme capacidade por hectare calculada no item anterior.<br />

3. Necessidade de dejetos consideran<strong>do</strong> apenas aplicação em áreas de cultura<br />

anual (Ca) e Pastagem (Cam). Volumes estes obtidas pela multiplicação da disponibilidade de<br />

área em hectares na propriedade, para estes <strong>do</strong>is usos, pela necessidade de dejetos em<br />

m 3 /ano, conforme capacidade por hectare calculada. Neste caso não se considerou a aplicação<br />

em Capoeira (Cpo) e Floresta (F).<br />

4. Sal<strong>do</strong> de dejetos consideran<strong>do</strong> aplicação em áreas de Ca, Cam, Cpo e F.<br />

5. Sal<strong>do</strong> de dejetos consideran<strong>do</strong> apenas aplicação em áreas de Ca e Cam.<br />

O balanço de nutrientes realiza<strong>do</strong> nas propriedades nas bacias trabalhadas pelo<br />

<strong>projeto</strong> estão nas Tabelas 15 e 16. Nestas tabelas quan<strong>do</strong> no resulta<strong>do</strong> final <strong>do</strong> balanço de<br />

dejetos, o campo (Falta/Excesso dejeto m³/ano) apresentar a cor de fun<strong>do</strong> verde em<br />

impressões coloridas, ou sinal (-) para as impressões em preto e branco, significa que a<br />

necessidade de dejetos é maior que a produção, ou seja as áreas passíveis de aplicação de<br />

dejeto da propriedade podem receber um volume maior de dejetos <strong>do</strong> que é atualmente<br />

produzi<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> no resulta<strong>do</strong> final <strong>do</strong> balanço de dejetos, o campo (Falta/Excesso dejeto<br />

m³/ano) conter a cor de fun<strong>do</strong> vermelha em impressões coloridas, ou não apresentar o sinal (-)<br />

para as impressões em preto e branco, significa que a produção de dejetos é maior que a<br />

necessidade, ou seja as áreas passíveis de aplicação de dejeto da propriedade não comportam<br />

o volume atual de dejetos produzi<strong>do</strong>s, o que indica a necessidade de outras áreas além das<br />

disponíveis na propriedade.<br />

Para que possa ser mantida a atual produção de dejetos, será necessário verificar a<br />

possibilidade de disposição em áreas vizinhas. Caso isto não seja possível, será necessária a<br />

a<strong>do</strong>ção de tecnologia que aumente a densidade <strong>do</strong> dejeto, permitin<strong>do</strong> a viabilidade <strong>do</strong><br />

transporte para outras áreas de maior distância.<br />

52


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 15 – Balanço final de adubo orgânico para as propriedades da bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito.<br />

Proprietário Densidade*<br />

<strong>do</strong> dejeto<br />

Área de<br />

Cam (ha)<br />

Necessidade Área de Necessidade<br />

dejeto m³/ha Ca (ha) dejeto m³/ha<br />

Área de<br />

Cpo (ha)<br />

53<br />

Necessidade<br />

dejeto m³/ha<br />

Área de<br />

F (ha)<br />

Necessidade Demanda<br />

dejeto m³/ha ** dejeto<br />

m³/ano<br />

Demanda<br />

total<br />

dejetos<br />

m³/ano<br />

Produção<br />

dejeto<br />

m³/ano<br />

Falta/Exce<br />

sso dejeto<br />

m³/ano<br />

Falta/Excess<br />

o dej. m³/ano<br />

total<br />

Agricultor A 1028 2,65 89,00 5,25 56,00 0,29 89,00 8,09 89,00 529,89 1.275,63 0,00 -529,89 -1.275,63<br />

Agricultor B 1028 3,09 74,00 4,04 47,00 0,00 74,00 2,14 74,00 418,68 577,10 1.971,00 1.552,32 1.393,90<br />

Agricultor C 1028 0,00 73,00 0,00 43,00 0,00 73,00 0,00 73,00 0,00 0,00 1.971,00 1.971,00 1.971,00<br />

Agricultor D 1028 2,02 54,00 0,00 0,00 0,00 54,00 0,00 54,00 109,08 109,08 3.285,00 3.175,92 3.175,92<br />

Agricultor E 1028 0,80 55,00 4,55 33,00 0,00 55,00 0,16 55,00 194,15 202,95 0,00 -194,15 -202,95<br />

Agricultor F 1028 11,52 33,00 8,31 39,50 0,62 33,00 20,37 33,00 708,41 1.401,08 1.825,00 1.116,60 423,93<br />

Agricultor G 1028 3,48 37,00 3,57 39,00 0,00 37,00 0,15 37,00 267,99 273,54 1.825,00 1.557,01 1.551,46<br />

Agricultor H 1028 6,70 37,00 14,04 32,50 0,00 37,00 1,21 37,00 704,20 748,97 4.745,00 4.040,80 3.996,03<br />

Agricultor I 1028 3,92 33,00 7,71 38,67 0,00 33,00 4,10 33,00 427,66 562,92 1.277,50 849,84 714,58<br />

Agricultor J 1028 6,35 63,50 4,05 29,00 1,05 63,50 17,31 63,50 520,66 1.686,75 193,50 -327,16 -1.493,25<br />

Agricultor L 1028 9,77 66,00 5,45 36,00 0,08 66,00 13,79 66,00 841,43 1.757,01 7.446,00 6.604,57 5.688,99<br />

Agricultor M 1028 8,61 60,50 0,26 60,50 0,00 60,50 0,00 60,50 536,73 536,73 8.760,00 8.223,27 8.223,27<br />

Agricultor N 1028 11,54 60,00 5,76 36,00 0,18 60,00 5,31 60,00 900,15 1.229,97 4.380,00 3.479,85 3.150,03<br />

Agricultor O 1028 7,96 58,00 5,50 34,00 0,00 58,00 18,31 58,00 648,68 1.710,66 7.300,00 6.651,32 5.589,34<br />

Agricultor P 1028 14,29 55,00 12,02 39,33 0,00 55,00 5,16 55,00 1.258,74 1.542,54 1.460,00 201,26 -82,54<br />

Agricultor Q 1028 5,30 33,00 1,08 33,00 0,00 33,00 0,00 33,00 210,54 210,54 0,00 -210,54 -210,54<br />

Agricultor R 1028 10,53 66,00 4,35 39,50 0,92 66,00 2,84 66,00 866,79 1.114,41 0,00 -866,79 -1.114,41<br />

T O T A L 108,53 85,96 3,15 98,94 9.143,76 14.939,86 46.439,00 37.295,24 31.499,14<br />

* = a densidade deve ser igual a (1008, 1012, 1016, 1020, 1024 ou 1028), pois estes são os níveis para o qual foi calcula<strong>do</strong> a demanda de dejetos.<br />

** = demanda calculada consideran<strong>do</strong> apenas áreas de Ca e Cam<br />

Obs: Para a estimativa da necessidade de dejetos nas áreas de Cam, Cpo e F, quan<strong>do</strong> não existia amostra para uma destas áreas, foi considerada a análise de solo mais<br />

pobre em nutrientes.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Na planilha acima, para os proprietários da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, foi considerada<br />

a densidade igual a 1028 Kg/m³, no entanto é possível usar a densidade real na medida que<br />

esta for conhecida, reduzin<strong>do</strong>-se também o volume total de dejetos produzi<strong>do</strong>s. Abaixo, são<br />

apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da planilha em forma de gráfico, para melhor visualização <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s (Figura 26).<br />

m³/ano<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

Agricultor A<br />

Agricultor B<br />

Agricultor C<br />

Agricultor D<br />

Agricultor E<br />

Agricultor F<br />

Agricultor G<br />

Agricultor H<br />

Agricultor I<br />

Demanda Total Produção Total<br />

Figura 26 – Demanda anual de adubo orgânico por propriedade e respectivas<br />

produções de dejetos de suínos (bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito).<br />

Agricultor J<br />

Agricultor L<br />

54<br />

Agricultor M<br />

Agricultor N<br />

Agricultor O<br />

Agricultor P<br />

Agricultor Q<br />

Agricultor R


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 16 – Balanço final de adubo orgânico para as propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Nome <strong>do</strong> Densidade* Área de Necessidade Área Necessidade Área Necessidade Área de Necessidade Demanda ** Demanda<br />

Proprietário <strong>do</strong> dejeto Cam (ha) dejeto m³/ha de Ca dejeto m³/ha de Cpo dejeto m³/ha F (ha) dejeto m³/ha dejeto m³/ano total dejetos<br />

(ha)<br />

(ha)<br />

m³/ano<br />

55<br />

Produção<br />

dejeto<br />

m³/ano<br />

Falta/ Excesso Falta/ Excesso<br />

dejeto m³/ano dej. m³/ano<br />

total<br />

Agricultor A 1028 6,56 37,00 9,71 36,50 0,00 37,00 5,14 37,00 597,21 787,27 1.297,94 700,73 510,67<br />

Agricultor B 1028 6,56 33,00 7,59 39,33 0,00 33,00 10,44 33,00 514,86 859,27 2.299,50 1.784,64 1.440,23<br />

Agricultor C 1028 3,11 33,00 6,43 34,67 0,00 33,00 23,30 33,00 325,41 1.094,22 1.317,65 992,24 223,43<br />

Agricultor D 1028 0,89 37,00 1,06 42,50 0,00 37,00 0,00 37,00 78,14 78,14 1.124,20 1.046,06 1.046,06<br />

Agricultor E 1028 3,73 37,00 6,50 39,00 0,00 37,00 8,73 37,00 391,48 714,35 536,55 145,07 -177,80<br />

Agricultor F 1028 2,62 33,00 4,19 35,00 0,00 33,00 0,28 33,00 233,11 242,48 584,00 350,89 341,52<br />

Agricultor G 1028 3,94 53,00 1,83 50,00 0,00 53,00 3,33 53,00 300,18 476,50 1.073,10 772,92 596,60<br />

Agricultor H 1028 6,85 46,00 11,88 49,00 0,00 46,00 12,61 46,00 897,52 1.477,57 164,25 -733,27 -1.313,32<br />

Agricultor I 1028 3,61 33,00 2,61 44,33 0,00 33,00 5,16 33,00 235,08 405,23 766,50 531,42 361,27<br />

Agricultor J 1028 10,49 33,00 0,14 39,67 0,00 33,00 0,24 33,00 351,68 359,72 817,24 465,55 457,51<br />

Agricultor K 1028 6,32 33,00 3,79 36,00 0,00 33,00 3,57 33,00 344,99 462,90 839,50 494,51 376,60<br />

Agricultor L 1028 1,08 37,00 6,22 39,50 0,00 37,00 8,49 37,00 285,58 599,79 1.149,75 864,17 549,96<br />

Agricultor M 1028 0,00 33,00 1,62 35,50 0,00 33,00 16,33 33,00 57,66 596,44 587,65 529,99 -8,79<br />

Agricultor N 1028 3,13 33,00 3,13 35,67 0,00 33,00 2,51 33,00 215,06 297,72 843,15 628,09 545,43<br />

Agricultor O 1028 5,87 33,00 0,69 39,00 0,00 33,00 3,88 33,00 220,45 348,45 1.602,35 1.381,90 1.253,90<br />

Agricultor P 1028 3,41 37,00 2,00 39,00 0,00 37,00 2,01 37,00 204,10 278,35 147,83 -56,27 -130,53<br />

Agricultor Q 1028 3,40 46,00 0,38 38,33 0,00 46,00 2,18 46,00 170,97 271,35 715,40 544,43 444,05<br />

Agricultor R 1028 3,51 37,00 2,04 44,33 0,00 37,00 5,04 37,00 220,19 406,83 766,50 546,31 359,67<br />

Agricultor S 1028 0,00 33,00 5,63 37,67 0,00 33,00 0,65 33,00 212,21 233,72 0,00 -212,21 -233,72<br />

Agricultor T 1028 0,00 37,00 6,00 39,00 0,00 37,00 4,41 37,00 233,93 397,28 287,62 53,69 -109,66<br />

Agricultor U 1028 6,89 33,00 4,15 36,33 0,00 33,00 8,85 33,00 378,46 670,48 766,50 388,04 96,02<br />

Agricultor V 1028 2,25 33,00 8,47 38,33 0,00 33,00 2,58 33,00 398,92 484,21 766,50 367,58 282,29<br />

Agricultor W 1028 1,24 33,00 1,52 34,00 0,00 33,00 0,24 33,00 92,43 100,22 843,15 750,72 742,93<br />

Agricultor X 1028 29,58 33,00 5,04 36,00 0,00 33,00 34,08 33,00 1.157,71 2.282,24 970,90 -186,81 -1.311,34<br />

Agricultor Y 1028 0,80 33,00 0,80 48,00 0,00 33,00 7,21 33,00 64,67 302,62 1.219,10 1.154,43 916,48<br />

T O T A L 115,833 103,44 0,00 171,25 8.182,01 14.227,37 21.486,82 13.304,814 7.259,45<br />

* = a densidade deve ser igual a (1008, 1016 ou 1028), pois estes são os níveis para o qual foi calcula<strong>do</strong> a demanda de dejetos.<br />

** = demanda calculada consideran<strong>do</strong> apenas áreas de Ca e Cam


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Na Tabela 16, para os proprietários da bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, foi<br />

considerada a densidade igual a 1.008 Kg/m³, no entanto é possível usar a densidade real na<br />

medida que esta for conhecida, reduzin<strong>do</strong>-se também o volume total de dejetos produzi<strong>do</strong>s. Na<br />

Figura 27, são apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da planilha em forma de gráfico, para melhor<br />

visualização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s.<br />

m³/ano<br />

2.500,00<br />

2.000,00<br />

1.500,00<br />

1.000,00<br />

500,00<br />

0,00<br />

Agricultor A<br />

Agricultor B<br />

Agricultor C<br />

Agricultor D<br />

Agricultor E<br />

Agricultor F<br />

Agricultor G<br />

Agricultor H<br />

Agricultor I<br />

Agricultor J<br />

Agricultor K<br />

Agricultor L<br />

Agricultor M<br />

Agricultor N<br />

Agricultor O<br />

Agricultor P<br />

Agricultor Q<br />

Agricultor R<br />

Agricultor S<br />

Agricultor T<br />

Agricultor U<br />

Agricultor V<br />

Agricultor W<br />

Agricultor X<br />

Agricultor Y<br />

Demanda Total Produção Total<br />

Figura 27 – Demanda anual de adubo orgânico por propriedade<br />

e respectivas produções de dejetos (bacia <strong>do</strong><br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos).<br />

3.3 Recomendações de adubação orgânica<br />

A recomendação de adubação orgânica utilizada nas propriedades deve ser atualizada<br />

e revisada constantemente, devi<strong>do</strong> principalmente aos avanços tecnológicos nos sistemas<br />

produtivos, como por exemplo: as técnicas de plantio direto e cultivo mínimo.<br />

Deverá ser toma<strong>do</strong> um cuida<strong>do</strong> especial nas recomendações de adubação orgânica<br />

para as glebas onde os fatores limitantes são: Profundidade Efetiva e Pedregosidade, pois<br />

estes fatores limitantes podem levar a uma recomendação equivocada. Por exemplo, não<br />

deveria se recomendar reflorestamento em classe 3 por profundidade efetiva (


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

4 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DAS PROPRIEDADES,<br />

JUNTO A FATMA<br />

Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi<br />

Berenice Martins da Silva<br />

FATMA<br />

No esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, nas regiões que concentram a produção suinícola<br />

houve, ao longo <strong>do</strong>s anos, um agravamento na problemática ambiental, em especial, nos rios e<br />

nos solos.<br />

Na região <strong>do</strong> Alto Uruguai, Oeste Catarinense, estão instaladas as maiores indústrias<br />

de produção de carne suína, assim como há uma maior concentração de produtores de suínos<br />

para a comercialização e em torno de 60% desta produção abastece a agroindústria<br />

catarinense (Instituto CEPA, 2006).<br />

O desconforto senti<strong>do</strong> pela sociedade causa<strong>do</strong> pela degradação ambiental promovida<br />

pelo excedente de dejetos na <strong>suinocultura</strong> resultou em denúncias ao Ministério Público e a<br />

Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente – Fatma. As fiscalizações constataram que grande parte das<br />

instalações físicas para criação de suínos estavam em desacor<strong>do</strong> com a legislação ambiental e<br />

sanitária vigente.<br />

O que se tinha para coibir a atividade suinícola inibin<strong>do</strong> a poluição <strong>do</strong>s rios era a<br />

Legislação Ambiental (Lei nº 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais) que responsabiliza<br />

criminalmente o produtor por eventuais danos ambientais (Santa Catarina, 2002).<br />

A aplicação da Lei gerou conflitos sociais e econômicos. Os produtores não estavam<br />

estrutura<strong>do</strong>s, para num curto prazo de tempo, adequar suas instalações de produção de suínos<br />

a legislação ambiental. As atividades na grande maioria estavam instaladas em área de<br />

preservação permanente – APP.<br />

Uma iniciativa importante para diagnosticar a situação das propriedades produtoras<br />

suínos, em relação à Legislação ambiental e sanitária vigentes foi realizada pelo Consórcio<br />

Lambari (consórcio intermunicipal de gestão ambiental participativa <strong>do</strong> alto Uruguai<br />

catarinense). O diagnóstico mostrou que 2/3 das propriedades levantadas não atendiam a<br />

legislação (PILLON, et al., 2003)<br />

A Fatma como órgão de controle da poluição responsável pelo licenciamento<br />

ambiental da atividade suinícola direciona seus esforços para associar o ordenamento desta<br />

atividade a gestão ambiental. Licenciar uma atividade/empreendimento significa avaliar<br />

aspectos locacionais, os processos tecnológicos em conjunto com os parâmetros ambientais e<br />

as necessidades socioeconômicas, fixan<strong>do</strong> medidas de controle, levan<strong>do</strong>-se em conta<br />

objetivos, critérios e normas para a conservação e melhoria ambiental (ZANUZZI, 2006).<br />

Em 2000 o esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, juntamente com os outros Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sul<br />

habilitou-se a receber recursos financeiros <strong>do</strong> Banco Mundial/Bird, através <strong>do</strong> Programa<br />

Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II, coordena<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente efetivan<strong>do</strong>-se o<br />

Projeto Suinocultura Santa Catarina. Um <strong>do</strong>s principais objetivos deste <strong>projeto</strong> foi a<br />

regularização ambiental das propriedades suinícolas das duas bacias selecionadas, Lajea<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s Fragosos, Concórdia e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, Braço <strong>do</strong> Norte. O quadro crítico já conheci<strong>do</strong><br />

foi confirma<strong>do</strong> pelo diagnóstico ambiental realiza<strong>do</strong> pela Fatma no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>,<br />

demonstran<strong>do</strong> a necessidade da aplicação de ações piloto na busca de modelos de<br />

adequação de propriedades e de procedimentos que minimizem os impactos da produção.<br />

O diagnóstico foi realiza<strong>do</strong> pela Fatma, em 176 propriedades suinícolas nas bacias<br />

trabalhadas, sen<strong>do</strong> 122 no Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, município de Concórdia e 54 na Bacia <strong>do</strong><br />

Rio Coruja/Bonito, município de Braço <strong>do</strong> Norte. Este levantamento mostrou da<strong>do</strong>s das<br />

propriedades como:<br />

57


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

1 - condições de manejo da produção;<br />

2 - existência de equipamentos e área para distribuição <strong>do</strong>s dejetos;<br />

3 - característica das áreas de preservação permanente existentes, sua adequação<br />

relativa a legislação ambiental vigente;<br />

4 - possibilidade de emissão de licenciamento mediante a implantação das<br />

intervenções previstas no <strong>projeto</strong>.<br />

Tal levantamento apontou que aproximadamente 70% das propriedades não poderiam<br />

ser objeto <strong>do</strong> licenciamento ambiental, conseqüentemente não estariam aptas para as<br />

intervenções tecnológicas/ambientais. Restavam duas alternativas: a aplicação da legislação,<br />

simplesmente, ou a busca de soluções. As ações já desenvolvidas pelo Ministério Público<br />

Estadual na elaboração de Termo de Ajustamento de Conduta -TAC para a atividade<br />

<strong>suinocultura</strong>, se mostrou como um caminho mais justo no equilíbrio socioeconômico e<br />

ambiental contemplan<strong>do</strong> os vários segmentos da sociedade.<br />

A <strong>experiência</strong> da aplicação de Termos de Ajustamento de Conduta –TAC – surgiu<br />

como uma alternativa para a regularização da atividade. Neste senti<strong>do</strong> foi fundamental a<br />

intermediação <strong>do</strong> Ministério Publico Estadual na discussão e formalização <strong>do</strong> Termo.<br />

Como referencial para elaboração e celebração <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de Conduta<br />

– TAC, PNMA II, tomou-se como base a <strong>experiência</strong> e aplicação <strong>do</strong> TAC Agrolândia,<br />

discussões e o diagnóstico <strong>do</strong> Consórcio AMAUC/Lambari que envolveu 3.621 propriedades,<br />

em 19 (dezenove) municípios na região <strong>do</strong> Alto Irani, assim como o inventário da situação<br />

suinícola realizada por equipes da Fatma nas bacias <strong>do</strong> Coruja/Bonito e Fragosos (FATMA,<br />

2002), serviram de modelo para elaboração e celebração <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de<br />

Conduta – TAC, PNMA II<br />

Como estratégia de implementação das intervenções previstas nesta Fase I <strong>do</strong> PNMA<br />

II optou-se pela seleção das propriedades integrantes <strong>do</strong> terço superior, a partir da nascente<br />

de cada uma das bacias selecionadas (30 propriedades na bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e 16<br />

na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja Bonito).<br />

Foram elabora<strong>do</strong>s Projetos Técnicos Individuais de Adequação Ambiental das<br />

propriedades, efetivadas as intervenções e adequações necessárias para viabilizar o<br />

licenciamento ambiental assim orientou os proprietários a requererem a sua legalização diante<br />

<strong>do</strong> órgão ambienta – Fatma.<br />

A Fatma através da análise da <strong>do</strong>cumentação apresentada pelos suinocultores<br />

vistoriou as áreas e, procedeu ao licenciamento ambiental de todas as propriedades<br />

trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>.<br />

As premissas geradas pelo <strong>projeto</strong> como: redução <strong>do</strong>s focos de contaminação <strong>do</strong>s<br />

corpos d’água, através da otimização e implementação de sistemas de manejo,<br />

armazenamento e tratamento de dejetos e de resíduos orgânicos de suínos e ações de<br />

recuperação da mata ciliar e proteção de nascentes, estão sen<strong>do</strong> internalizadas, na Fatma, na<br />

forma de procedimentos de análise <strong>do</strong> processo de Licenciamento Ambiental da atividade<br />

<strong>suinocultura</strong> e das exigências integrantes da Instrução Normativa, <strong>do</strong>cumento este que<br />

estabelece normas para a apresentação <strong>do</strong>s <strong>projeto</strong>s para o licenciamento.<br />

A Fatma construiu os procedimentos de licenciamento das propriedades inseridas no<br />

Projeto Suinocultura Santa Catarina, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> normas e procedimentos que estão sen<strong>do</strong><br />

replicadas no licenciamento da atividade no esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, inicialmente, em<br />

aproximadamente 1800 propriedades integrantes <strong>do</strong> Consórcio AMAUC/Lambari. Cabe ainda<br />

ressaltar que outros TAC’s para a atividade de <strong>suinocultura</strong> já elabora<strong>do</strong>s e firma<strong>do</strong>s para as<br />

regiões (extremo e meio oeste) e em elaboração para as demais regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> estão se<br />

basean<strong>do</strong> na <strong>experiência</strong> <strong>do</strong> Projeto Suinocultura <strong>do</strong> PNMA II.<br />

58


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

5 MONITORAMENTO DA ÁGUA<br />

59<br />

Nelso Figueiró<br />

Lorena A. Claramunt<br />

EPAGRI/CIRAM<br />

Ivan Tadeu Baldissera<br />

EPAGRI/Chapecó<br />

5.1 Avaliação da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s solos nas bacias<br />

hidrográficas <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

No <strong>projeto</strong> foram contempladas atividades de monitoramento de qualidade das águas,<br />

inclusive o estabelecimento de chama<strong>do</strong> “marco-zero”, ou identificação da situação antes das<br />

intervenções realizadas pelo <strong>projeto</strong>, para fins de aferição comparativa com cenários futuros,<br />

verifican<strong>do</strong> a proficiência das técnicas e práticas de adequação das instalações físicas e <strong>do</strong><br />

manejo <strong>do</strong>s dejetos de suínos propiciadas pelo Projeto Suinocultura SC.<br />

O <strong>projeto</strong> avaliou a melhoria na qualidade da água superficial, resultante da<br />

adequação ambiental das atividades agrícolas, antes e após as intervenções tecnológicas e a<br />

a<strong>do</strong>ção de práticas de manejo ambientalmente adequadas na <strong>suinocultura</strong>, nas bacias <strong>do</strong>s<br />

rios Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e Coruja/Bonito.<br />

Para monitorar os parâmetros climatológicos, <strong>do</strong>s solos, hidrológicos e de qualidade<br />

físico-química e biológica das águas nas duas bacias selecionadas foram planejadas diversas<br />

atividades tais como: organizar em cada bacia hidrográfica, uma rede de monitoramento<br />

qualitativo e quantitativo de águas superficiais incluin<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s de precipitação pluviométrica e<br />

a sistematização de coletas de organismos bentônicos para estu<strong>do</strong>s de bioindica<strong>do</strong>res.<br />

Os trabalhos de campo foram desenvolvi<strong>do</strong>s por técnicos da Epagri da Gerência<br />

Regional de Chapecó através <strong>do</strong> Cepaf – Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar,<br />

responsáveis pela bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e monitoramento <strong>do</strong>s solos em ambas as<br />

bacias; da UNISUL de Tubarão responsável pela bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito. O<br />

biomonitoramento, foi desenvolvi<strong>do</strong> pela equipe da Biologia da UFSC, para estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

macroinvertebra<strong>do</strong>s bentônicos na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Quan<strong>do</strong> utilizamos o termo qualidade de água é necessário compreender que esse<br />

termo não se refere, necessariamente, a um esta<strong>do</strong> de pureza, mas simplesmente às<br />

características químicas, físicas e biológicas, e que conforme essas características, são<br />

estipuladas diferentes finalidades para a água. Assim, a política normativa nacional de uso da<br />

água, como consta na Resolução CONAMA 357/2005 (ANA, 2005), procurou estabelecer<br />

parâmetros que definem limites aceitáveis de elementos estranhos, consideran<strong>do</strong> os<br />

diferentes usos.<br />

As águas <strong>do</strong>s Rios Coruja/Bonito e Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foram enquadra<strong>do</strong>s como<br />

de Classe 2, de acor<strong>do</strong> com a Coletânea sobre a legislação sobre recursos hídricos (Santa<br />

Catarina, 2001), que estabelece o enquadramento <strong>do</strong>s cursos d’água <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com esta resolução os rios Classe 2 são águas <strong>do</strong>ces destinadas:<br />

• ao abastecimento <strong>do</strong>méstico, após tratamento convencional;<br />

• à proteção das comunidades aquáticas;<br />

• à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);<br />

• à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

• à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à<br />

alimentação humana.<br />

O impacto ambiental que os contaminantes têm sobre o ecossistema aquático está<br />

relaciona<strong>do</strong> à quantidade e ao tipo de cada poluente que é introduzi<strong>do</strong>, e às características <strong>do</strong><br />

ambiente aquático receptor.<br />

5.1.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Em Concórdia, na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, foram seleciona<strong>do</strong>s sete pontos<br />

amostrais, cinco no curso principal e <strong>do</strong>is em afluentes importantes, que seguiram uma<br />

meto<strong>do</strong>logia de abrangência da drenagem de áreas com intensa atividade suinícola; em pelo<br />

menos um ponto (FG2), de avaliar a drenagem da área urbana; uma distribuição eqüidistante<br />

<strong>do</strong>s pontos; locação <strong>do</strong>s pontos conforme cotas de altitude; trechos de Rio com pelo menos<br />

dez metros (10m) de retidão para possibilitar a instalação da sessão de medida de velocidade<br />

para o cálculo da vazão e a existência de colabora<strong>do</strong>res próximos e de preferência <strong>do</strong> grupo<br />

social em exclusão.<br />

Tabela 17 – Localização das estações amostrais <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Código Rio Altitude (m) Coordenadas UTM<br />

FG1 Fragosos 613 395 729 6 990 597<br />

FG2 Fragosos 596 393 966 6 990 478<br />

FG3 Fragosos 472 389 147 6 989 327<br />

FG4 Afluente 464 387 743 6 990 043<br />

FG5 Fragosos 396 383 505 6 987 860<br />

FG6 Afluente 383 383 396 6 987 867<br />

FG7 Fragosos 426 385 320 6 988 592<br />

A Figura 28 mostra a posição geográfica <strong>do</strong>s pontos amostrais na bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong>s Fragosos juntamente com o seu potencial polui<strong>do</strong>r.<br />

60


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 28 – Pontos de coletas da bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Fonte: Relatório da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s solos nas bacias<br />

hidrográficas Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e Coruja/Bonito durante o ano de 2004.<br />

5.1.3 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

Em Braço <strong>do</strong> Norte, na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito, os pontos de coleta para análise<br />

de qualidade da água considera<strong>do</strong>s foram os que já haviam si<strong>do</strong> inferi<strong>do</strong>s como apropria<strong>do</strong>s<br />

para instalação das réguas e pluviômetros: sete pontos amostrais, cinco no curso principal e<br />

<strong>do</strong>is em afluentes importantes.<br />

A Tabela 18 mostra as coordenadas geográficas levantadas pelos técnicos.<br />

Tabela 18 – Localização das estações amostrais na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

Código Rio Altitude (m) Coordenadas UTM<br />

CB1 Coruja 424 688 228 6 881 559<br />

CB2 Afluente 375 686 583 6 876 345<br />

CB3 Coruja 388 686 580 6 876 340<br />

CB4 Afluente 382 686 846 6 873 453<br />

CB5 Coruja 279 686 830 6 873 430<br />

CB6 Bonito 87 680 802 6 871 442<br />

CB7 Bonito 82 681 218 6 867 930<br />

A Figura 29 mostra a posição geográfica <strong>do</strong>s pontos amostrais na bacia <strong>do</strong> Rio<br />

Coruja/Bonito juntamente com o seu potencial polui<strong>do</strong>r.<br />

61


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 29 – Pontos de coleta da bacia <strong>do</strong> Rio Coruja /Bonito<br />

Fonte: Relatório da qualidade das águas superficiais e <strong>do</strong>s<br />

solos nas bacias hidrográficas Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

e Coruja/Bonito durante o ano de 2004.<br />

5.1.4 Parâmetros hidrológicos e climatológicos<br />

Foram instala<strong>do</strong>s os pluviômetros e as réguas limnimétricas em to<strong>do</strong>s os pontos de<br />

amostragem escolhi<strong>do</strong>s para determinação da qualidade das águas superficiais. As seções <strong>do</strong><br />

rio foram preparadas para realizar as medições de velocidade da água e determinação de<br />

vazão.<br />

Diariamente foram li<strong>do</strong>s os níveis das réguas limnimétricas e a altura de chuva em<br />

pluviômetros Ville de Paris. No final de cada mês os da<strong>do</strong>s eram sistematiza<strong>do</strong>s, além disso,<br />

durante os dias que foram efetua<strong>do</strong>s as coletas de amostras de água (para determinações<br />

físico-químicas), eram calculadas a velocidade da água no rio utilizan<strong>do</strong> molinetes e o perfil<br />

batimétrico para a determinação da vazão.<br />

A velocidade da água foi medida utilizan<strong>do</strong>-se o Molinete Hidrométrico, onde foi obtida<br />

a velocidade em uma profundidade em cada nível vertical (60% da profundidade). O número de<br />

verticais para a obtenção da velocidade seguiu a meto<strong>do</strong>logia descrita em GREGORY &<br />

WALLING (1973), onde o intervalo entre duas verticais não deve exceder a 5% da largura total<br />

<strong>do</strong> rio e a vazão <strong>do</strong> segmento forma<strong>do</strong> por duas verticais adjacentes não deve exceder a 10%<br />

da vazão total. A vazão total foi obtida pelo somatório das vazões de cada segmento,<br />

calculadas pelo méto<strong>do</strong> da secção média, que pode ser observada abaixo:<br />

62


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

3 v2<br />

D2<br />

Vazão <strong>do</strong> segmento(<br />

m / s)<br />

= v1<br />

+ × D1<br />

+ × b<br />

2 2<br />

Onde:<br />

V1 e V2 = representam as velocidades médias de duas verticais adjacentes, em (m/s);<br />

D1 e D2 = representam as profundidades das verticais em metros;<br />

b = representa a largura <strong>do</strong> segmento em metros.<br />

Com as medições diárias de nível e chuva foram elabora<strong>do</strong>s gráficos mensais onde se<br />

determinaram as médias encontradas em cada mês monitora<strong>do</strong>.<br />

5.1.5 Parâmetros físico-químicos e biológicos<br />

Para caracterizar e avaliar os impactos causa<strong>do</strong>s pelas cargas orgânicas oriundas das<br />

atividades agropecuárias e ten<strong>do</strong> como critérios os interesses ambientais e sanitários foram<br />

seleciona<strong>do</strong>s alguns parâmetros de qualidade das águas.<br />

As amostras de águas superficiais foram coletadas, com freqüência mensal, nos sete<br />

pontos de monitoramento, a partir de julho de 2002, por meio de garrafas <strong>do</strong> tipo Van Dorn,<br />

para medição <strong>do</strong>s seguintes parâmetros físicos e químicos: Temperatura <strong>do</strong> ar, Temperatura<br />

da água, pH, Condutividade, Turbidez, Sóli<strong>do</strong>s em Suspensão totais, Sóli<strong>do</strong>s totais, Oxigênio<br />

Dissolvi<strong>do</strong>, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda Química de Oxigênio, Coliformes<br />

fecais e totais, Nitrito, Nitrato, Nitrogênio amoniacal, Fósforo total, Cobre e Zinco.<br />

As coletas de amostras para determinação de macroinvertebra<strong>do</strong>s foram realizadas<br />

nos mesmos pontos de amostragem de águas superficiais. A amostragem de material biológico<br />

foi realizada com freqüência mensal, durante o perío<strong>do</strong> de setembro de 2002 a março de 2003.<br />

Foram, ainda, confecionadas e colocadas no leito <strong>do</strong> rio, armadilhas de tubos de PVC<br />

perfura<strong>do</strong>s, conten<strong>do</strong> seixos rola<strong>do</strong>s <strong>do</strong> próprio rio. Essas armadilhas eram recolhidas<br />

mensalmente, no perío<strong>do</strong> de amostragem, para identificação <strong>do</strong>s macroinvertebra<strong>do</strong>s<br />

encontra<strong>do</strong>s nas pedras.<br />

As informações resumidas obtidas nos relatórios produzi<strong>do</strong>s pela equipe <strong>do</strong> Projeto,<br />

bem como a estratégia de monitoramento a<strong>do</strong>tada são indicada na Tabela 19.<br />

63


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 19 – Estratégia de monitoramento usada nas bacias.<br />

Tipo de Nº. pontos de<br />

Da<strong>do</strong>s hidrológicos e<br />

metrológicos<br />

Qualidade das águas<br />

superficiais<br />

Macroinvertebra<strong>do</strong>s em<br />

águas superficiais,<br />

incluin<strong>do</strong> armadilhas<br />

Macroinvertebra<strong>do</strong>s em<br />

sedimentos<br />

Toxicidade em<br />

sedimentos<br />

monitoramento<br />

monitoramento<br />

Freqüência Data de<br />

início<br />

Sistemático 07 Diária Jul./2002<br />

Sistemático<br />

convencional<br />

07 Mensal Jul./2002<br />

Sistemático 07 Mensal Set./2002<br />

Campanha<br />

pontual<br />

Campanhas<br />

pontuais<br />

05 - Nov./2002<br />

Variável - Nov./2002<br />

Out./Nov./2<br />

003<br />

Nutrientes em solos Sistemático 14 propriedades - -<br />

O <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina definiu o monitoramento sistemático das águas<br />

superficiais, cujos resulta<strong>do</strong>s priorizaram o cálculo <strong>do</strong> IQA (Índice de Qualidade de Água).<br />

5.1.6 Análise multivariada<br />

A análise multivariada é a área da análise estatística que se preocupa com as relações<br />

entre variáveis dependentes. Esta análise apresenta duas características principais. Os valores<br />

das diferentes variáveis devem ser obti<strong>do</strong>s sobre os mesmos parâmetros e que as mesmas<br />

devem ser interdependentes e consideradas simultaneamente. Utilizada em problemas onde<br />

diversas variáveis são estudadas simultaneamente, a análise multivariada possibilita a<br />

observação da maneira com que as variáveis se inter-relacionam. Essa análise pode ser feita<br />

por vários meios estatísticos, entretanto, aqui foram emprega<strong>do</strong>s apenas <strong>do</strong>is. Correlação e<br />

análise de componentes principais.<br />

A correlação é a medida padronizada da relação entre duas variáveis. O coeficiente de<br />

correlação, simboliza<strong>do</strong> pela letra r, representa a intensidade da relação linear entre duas<br />

variáveis. É uma interpretação puramente matemática e está completamente isenta de<br />

qualquer implicação de causa e efeito.<br />

O coeficiente de correlação (r) é defini<strong>do</strong> pela fórmula:<br />

r =<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

( x − x)(<br />

y − y)<br />

i<br />

( n −1)<br />

s<br />

x<br />

i<br />

s<br />

y<br />

Onde:<br />

( − x)<br />

e ( y − y)<br />

= desvio das variáveis em relação à média<br />

s<br />

xi i<br />

x<br />

e s = os <strong>do</strong>is desvios-padrão da amostra<br />

y<br />

n = número de pontos<br />

Deve satisfazer as inequações: -1 ≤ r ≤ 1 e que os valores de r só serão iguais a mais<br />

1 ou menos 1 no caso de os pontos estarem totalmente em linha reta.<br />

64


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Uma correlação próxima a zero indica que as duas variáveis não estão relacionadas.<br />

Uma correlação positiva indica que as duas variáveis movem juntas, e a relação é forte quanto<br />

mais a correlação se aproxima de um. Uma correlação negativa indica que as duas variáveis<br />

movem-se em direções opostas, e que a relação também fica mais forte quanto mais próxima<br />

de menos 1 a correlação ficar.<br />

A análise de componentes principais (ACP) busca selecionar os mais significativos<br />

parâmetros envolvi<strong>do</strong>s. As componentes principais (CP) são modeladas por processos de<br />

regressão múltipla, geran<strong>do</strong>-se como resulta<strong>do</strong> um modelo que estima a produtividade de cada<br />

parcela. Este procedimento visa uma diminuição da quantidade de da<strong>do</strong>s, facilitan<strong>do</strong> o<br />

processo de análise e diminuin<strong>do</strong> o efeito de acúmulo de erros decorrentes <strong>do</strong> processo de<br />

interpolação digital, pois, a modelagem estatística só seria feita para os da<strong>do</strong>s resultantes da<br />

modelagem por ACP.<br />

A meto<strong>do</strong>logia consiste em transformar o conjunto de variáveis “p” X1, X2, ..., Xp, em<br />

um novo conjunto de p componentes CP1, CP2, ..., CPp, os quais basea<strong>do</strong>s nos da<strong>do</strong>s<br />

padroniza<strong>do</strong>s são:<br />

CP1 = a11x1 + a12x2 + ... + a1pxp<br />

CP2 = a21x1 + a22x2 + ... + a2pxp<br />

CPp = ap1x1 + ap2x2 + ... + appxp<br />

Onde:<br />

a´1w = [a11 a12 … a1p] – vetor <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação <strong>do</strong> CP1<br />

a´2w = [a21 a22 … a2p] – vetor <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação <strong>do</strong> CP2<br />

a´pw = [ap1 ap2 … app] – vetor <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação <strong>do</strong> CPp<br />

X1<br />

− X1<br />

x1<br />

= = variável X1<br />

padronizada<br />

s(X )<br />

x<br />

x<br />

2<br />

p<br />

1<br />

X2<br />

− X<br />

=<br />

s(X )<br />

2<br />

2<br />

Xp<br />

− X<br />

=<br />

s(X )<br />

p<br />

p<br />

= variável X2<br />

padronizada<br />

= variável Xp<br />

padronizada<br />

V (CP1) = λ1 (primeiro autovalor da matriz R)<br />

V (CP2) = λ2 (primeiro autovalor da matriz R)<br />

V (CPp) = λp (primeiro autovalor da matriz R)<br />

V (CP1) ≥ V (CP2) ≥ ... ≥ V (CPp)<br />

COV (CP1, CP2) = COV (CP1, CPP) = COV (CP2, CPp) = 0<br />

Para p variáveis, serão determina<strong>do</strong>s p autovalores, sen<strong>do</strong> λ1 > λ2 > ... >λp. A cada<br />

autovalor corresponde um autovetor. Para o autovalor λ1 determina-se o autovetor a1w a partir<br />

da solução <strong>do</strong> sistema a seguir:<br />

[R - λ1] a1w = φ<br />

onde:<br />

a´1w = [a11 a12 … a1p] = autovetor a1w não normaliza<strong>do</strong><br />

φ = vetor nulo de dimensões p x 1.<br />

O autovetor a1w* normaliza<strong>do</strong> é da<strong>do</strong> por:<br />

65


a<br />

*<br />

1w<br />

⎡ *<br />

a ⎤<br />

⎢ 11 ⎥<br />

⎢ * ⎥<br />

⎢a<br />

⎥<br />

= 12<br />

⎢ ⎥<br />

=<br />

⎢ ... ⎥<br />

⎢ ⎥ *<br />

⎢ a<br />

⎣<br />

⎥ 1p ⎦<br />

p<br />

∑<br />

w=<br />

1<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

a<br />

2<br />

+<br />

11<br />

* 2<br />

Em que: a 1<br />

1w =<br />

a<br />

1<br />

2<br />

+ ... +<br />

12<br />

a<br />

2<br />

1p<br />

⎡<br />

a<br />

⎢ 11<br />

⎢<br />

⎢a<br />

12<br />

⎢<br />

⎢ ...<br />

⎢<br />

⎢ a<br />

⎣<br />

1p<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎦<br />

A importância relativa de um componente principal é avaliada pela porcentagem da<br />

variância total que ele explica. Em geral, para interpretar os da<strong>do</strong>s com sucesso, basta<br />

escolher os primeiros componentes que envolvem pelo menos 70% da variância. Selecionamse<br />

os CP1, CP2, ..., CPk, tal que:<br />

λ1<br />

+ λ + ... + λk<br />

× 100 ≥ 70%<br />

λ<br />

2<br />

p<br />

∑<br />

w=<br />

1<br />

w<br />

A importância ou influência que cada variável exerce sobre o componente principal, é<br />

dada pela correlação entre cada variável Xw e o componente CPw, que está sen<strong>do</strong> interpreta<strong>do</strong>.<br />

Basea<strong>do</strong> no princípio de que a importância relativa <strong>do</strong>s componentes principais decresce <strong>do</strong><br />

primeiro para o último, tem-se que os últimos componentes são responsáveis pela explicação<br />

de uma pequena porção da variável disponível. Assim, a variável que apresentar maior<br />

correlação com o componente de menor autovalor, será considerada de menor importância<br />

para explicar a variabilidade <strong>do</strong> material estuda<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> passível de descarte.<br />

Os escores relativos a cada tratamento de cada componente, são estima<strong>do</strong>s com base<br />

nos valores <strong>do</strong>s coeficientes de ponderação associa<strong>do</strong>s aos valores padroniza<strong>do</strong>s das p<br />

variáveis estudadas. A dispersão destes escores em eixos cartesianos indicará quais são os<br />

tratamentos mais divergentes.<br />

Para analisar os da<strong>do</strong>s das duas bacias estudadas, foi utiliza<strong>do</strong> o programa<br />

computacional – Sistema Para Análises Estatísticas SAEG versão 8.x, da Universidade Federal<br />

de Viçosa – Minas Gerais, sen<strong>do</strong> atualmente é muito utiliza<strong>do</strong> em empresas públicas, privadas<br />

e universidades brasileiras e sul-americanas.<br />

5.2 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento hidrológico e climatológico<br />

5.2.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Foram analisa<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s de precipitação pluviométrica e leituras de nível <strong>do</strong> Rio da<br />

bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos – Concórdia/SC.<br />

Na Figura 30 é possível observar que as chuvas médias mensais registradas na<br />

estação Concórdia no ano de 2005 foram superiores as chuvas médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de<br />

2000 a 2004 na maior parte <strong>do</strong> ano, com exceção <strong>do</strong>s meses de fevereiro, março, julho,<br />

novembro e dezembro. Já as chuvas médias mensais registradas no ano de 2006 (até o mês<br />

de junho) foram inferiores as chuvas médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2005, com exceção<br />

de março cuja média registrada em 2006 foi superior em cerca de duas vezes da média <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong>.<br />

66


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Observa-se que nos três meses de 2005 em que houve coleta de amostras para o<br />

monitoramento da qualidade da água (janeiro, fevereiro e marco), o mês de janeiro apresentou<br />

chuva média mensal superior à média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2004. Já os meses fevereiro e<br />

março ficaram abaixo dessa média, sen<strong>do</strong> que em fevereiro o volume de chuva precipita<strong>do</strong> em<br />

2005 correspondeu a 18,7% da média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2004.<br />

No mês de junho de 2006, em que houve uma campanha para coleta de amostras de<br />

água, o volume de chuva precipita<strong>do</strong> ficou muito próximo da média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2005,<br />

porém nos <strong>do</strong>is meses anteriores (abril e maio) os volumes foram muito inferiores à média e<br />

corresponderam em cerca de 29,6% e 18%, respectivamente.<br />

Precipitação mensal (mm)<br />

Precipitação mensal (mm)<br />

Regime Pluviométrico - Estação Concórdia<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Regime Pluviométrico - Estação Concórdia<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Meses<br />

67<br />

Média 2000-2004 Total 2005<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Meses<br />

Média 2000-2005 Total 2006<br />

Figura 30 – Regime pluviométrico da estação Concórdia no perío<strong>do</strong> de 2000 a 2006.<br />

5.2.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

Na Figura 31 é possível observar que as chuvas médias mensais registradas na<br />

estação Braço <strong>do</strong> Norte em 2005 foram inferiores as chuvas médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de<br />

2000 a 2004 na maior parte <strong>do</strong> ano, com exceção <strong>do</strong>s meses maio, agosto, setembro e<br />

outubro. O mesmo ocorre no ano de 2006 (até o mês de junho) onde as chuvas médias<br />

registradas foram inferiores as médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2000 a 2005, com exceção de<br />

janeiro e abril cujas médias em 2006 foram superiores à média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Observa-se que nos meses onde houve coletas de amostras de água (novembro e<br />

dezembro de 2005 e janeiro, fevereiro e abril de 2006) as chuvas médias mensais registradas<br />

foram menores que as médias mensais <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> anterior, exceto nos meses janeiro e abril.<br />

Regime Pluviométrico - Estação Braço <strong>do</strong> Norte<br />

Precipitação mensal (mm)<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Meses<br />

Regime Pluviométrico - Estação Braço <strong>do</strong> Norte<br />

Precipitação mensal (mm)<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

68<br />

Média 2001-2004 Total 2005<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Meses<br />

Média 2001-2005 Total 2006<br />

Figura 31 – Regime pluviométrico da estação Braço <strong>do</strong> Norte no perío<strong>do</strong> de 2000 a 2006.<br />

5.2.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento físico-químico e biológico da água<br />

Foram seleciona<strong>do</strong>s alguns <strong>do</strong>s parâmetros de qualidade da água que caracterizam as<br />

influências da atividade suinícola e o lançamento de efluentes em corpos hídricos para realizar<br />

a análise comparativa <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no monitoramento da qualidade da água durante<br />

os anos de 2002 a 2006.<br />

Esta análise foi baseada na comparação de resulta<strong>do</strong>s pontuais em um determina<strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> com as médias obtidas pela série de da<strong>do</strong>s correspondentes ao perío<strong>do</strong> de 2002 a<br />

2004 das bacias estudadas.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

5.2.3.1 Bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Observan<strong>do</strong> a Figura 32 verifica-se que a média das coletas de 2005 para nitrato (NO3)<br />

e nitrogênio amoniacal (N-NH3) foram inferiores às médias da série de da<strong>do</strong>s (2002 - 2004)<br />

para os respectivos parâmetros, embora não seja possível observar no gráfico <strong>do</strong> NO3 devi<strong>do</strong><br />

aos eleva<strong>do</strong>s valores encontra<strong>do</strong>s na coleta de junho de 2006. Estes merecem destaque, pois<br />

foram os maiores valores de NO3 registra<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> monitora<strong>do</strong>.<br />

Quanto ao N-NH3 na coleta de jun/06, este apresentou valores semelhantes à média da<br />

série apenas nos pontos FG3, FG6 e FG7.<br />

Nitrato (mg/L)<br />

45,0<br />

36,0<br />

27,0<br />

18,0<br />

9,0<br />

0,0<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

N_amoniacal (mg/L)<br />

69<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 32 – Nitrato e nitrogênio amoniacal: comparação anual (2002 a 2006).<br />

As médias das três amostragens em 2005 para os parâmetros oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (OD)<br />

e pH (Figura 33) apresentaram uma pequena variação em relação à média da série de da<strong>do</strong>s<br />

(2002 - 2004). O OD ficou abaixo da referida média e o pH ficou acima.<br />

Já a coleta de jun/06 registrou valores de pH superiores à média da série, exceto nos<br />

pontos FG4, FG6 e FG7, e o OD apresentou valores semelhante a tal média, exceto nos <strong>do</strong>is<br />

primeiros pontos que apresentaram valores bem inferiores. É importante salientar que a<br />

situação encontrada durante a realização da campanha de jun/06 era bastante crítica com<br />

relação à vazão <strong>do</strong> lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e de seus afluentes, e que em tais situações a<br />

tendência é o aumento das concentrações <strong>do</strong>s parâmetros.<br />

Oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (mg/L)<br />

9,0<br />

8,0<br />

7,0<br />

6,0<br />

5,0<br />

4,0<br />

3,0<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 33 – OD e pH: comparação anual (2002 a 2006).<br />

pH<br />

8,5<br />

8,0<br />

7,5<br />

7,0<br />

6,5<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

Analisan<strong>do</strong> a Figura 34 verifica-se que a média das coletas de 2005 e os valores<br />

encontra<strong>do</strong>s em jun/06 para a demanda química de oxigênio (DQO) foram inferiores à média<br />

da série de da<strong>do</strong>s (2002 – 2004). O mesmo ocorreu com os valores de jun/06 para a DBO5 a<br />

partir <strong>do</strong> ponto FG3, pois os <strong>do</strong>is primeiros pontos registraram valores em 2005 e 2006 acima<br />

de média da série. Nos demais pontos de coleta a média de jan - mar/05 para a DBO5 foi<br />

semelhante à média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2002 - 2004.


DBO5 (mg/L)<br />

7,0<br />

6,0<br />

5,0<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 34 – DQO e DBO5: comparação anual (2002 a 2006).<br />

DQO (mg/L)<br />

70<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

Quanto ao fosfato e coliformes termotolerantes (Figura 35), estes apresentaram<br />

comportamentos diferentes. O fosfato nas coletas de 2005 foi superior à média da série de<br />

da<strong>do</strong>s (2002 – 2004) e os coliformes termotolerantes nas coletas de 2005 e 2006 foram<br />

inferiores a essa média, exceto no ponto FG6. Neste ponto de coleta a média das campanhas<br />

de 2005 ficou acima, porém muito próxima da média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2002 - 2004.<br />

Fosfato (mg/L)<br />

0,35<br />

0,28<br />

0,21<br />

0,14<br />

0,07<br />

0,00<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

100.000<br />

Figura 35 – Fosfato e coliformes, comparação anual (2002 a 2006).<br />

Coliformes Fecais (NMP/100mL)<br />

10.000<br />

1.000<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Média 2002 - 2004 Média jan-mar/05 Coleta jun/06<br />

FG1 FG2 FG3 FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Pontos de Coleta<br />

Em de junho de 2006, foi executada a última campanha de amostragem de água as<br />

análises laboratoriais <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos e bacteriológicos foram efetuadas sob a<br />

responsabilidade <strong>do</strong> Laboratório ANALYTICAL SOLUTIONS. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em campo<br />

e nas análises laboratoriais são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 20.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Tabela 20 – Planilha de resulta<strong>do</strong>s das amostragens realizadas na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Parâmetro Unidades<br />

Padrão Conama<br />

357/05 classe II FG1 FG2 FG3<br />

Pontos<br />

FG4 FG5 FG6 FG7<br />

Temperatura da água °C - 12,3 12,2 12,4 12,4 11,8 11,5 12,0<br />

Oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />

mg/L<br />

%<br />

>5,0<br />

-<br />

3,90<br />

44,28<br />

4,66<br />

54,55<br />

8,40<br />

87,71<br />

7,30<br />

74,6<br />

7,56<br />

73,25<br />

7,8<br />

73,8<br />

7,02<br />

66,4<br />

PH - 6,0 a 9,0 7,81 7,67 8,05 7,32 7,57 6,98 7,29<br />

Condutividade µS/cm - 134,0 383 1012 819 303 86 170<br />

Fósforo total mg/L 0,1 ND 0,439 0,487 ND 0,355 ND 0,459<br />

Nitrogênio amoniacal mg/L (*) 0,19 0,35 0,20 0,07 0,18 0,11 0,69<br />

Nitrito mg/L 1,0 0,019 0,137 0,048 0,003 0,200 0,010 0,016<br />

Nitrato mg/L 10,0 8,526 33,029 44,127 15,725 33,820 2,157 4,036<br />

DBO mg/L


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

As concentrações de coliformes totais encontradas estavam um pouco elevadas,<br />

principalmente no ponto FG2.<br />

Para a série de sóli<strong>do</strong>s verificou-se que as concentrações encontradas em to<strong>do</strong>s os<br />

pontos foram inferiores a 100 mg/L, que foi o limite de quantificação (LQ) <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong><br />

pelo laboratório. Nas próximas campanhas será solicita<strong>do</strong> ao laboratório que o limite de<br />

quantificação seja de 1,0 mg/L.<br />

Nas amostras coletadas não foram detectadas concentrações <strong>do</strong>s metais cobre e zinco.<br />

5.2.3.2 Bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito<br />

A coleta e análise <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos foram executadas pela equipe da<br />

Unisul (Universidade <strong>do</strong> Sul de Santa Catarina) unidade de Tubarão.<br />

A Tabela 21 mostra os resulta<strong>do</strong>s médios obti<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s em<br />

vermelho indicam que estes estão acima <strong>do</strong> limite estabeleci<strong>do</strong> pela CONAMA Resolução<br />

357/2005.<br />

Tabela 21 – Resulta<strong>do</strong>s da coleta na bacia <strong>do</strong> Coruja/Bonito em 2004.<br />

Conama<br />

Parâmetros Unidade 357 Classe<br />

2<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Coliformes totais NMP/100mL 5.000 240.000 240.000 240.000 240.000 240.000 240.000 240.000<br />

Coliformes fecais NMP/100mL 1.000 1.100 240.000 92.000 240.000 1.100 5.400 35.000<br />

Turbidez NTU 100 15,2 356,0 38,0 83,0 14,5 25,0 14,8<br />

DQO mg/L 55,7 55,7 65,0 27,8 74,2 18,6 9,3<br />

Condutividade µS/cm 49,1 104,0 100,8 134,0 61,8 68,8 71,8<br />

Sóli<strong>do</strong>s suspensos mg/L 10,4 32,4 6,8 0,8 3,6 22,0 20,0<br />

Sóli<strong>do</strong>s sedimentáveis mL/L/h 2,5 0,1 0,3 0,1 0,2 0,1 0,1<br />

sóli<strong>do</strong>s dissolvi<strong>do</strong>s mg/L 250 97,2 112,4 110,8 195,6 94,8 80,0 77,6<br />

sóli<strong>do</strong>s totais mg/L 107,6 144,8 117,6 196,4 98,4 102,0 97,6<br />

Nitrato mg/L 10 0,31 0,53 0,42 0,51 0,33 0,32 0,24<br />

Nitrogênio amoniacal mg/L 1,0 0,92 4,00 0,61 4,60 0,46 1,10 0,31<br />

Orto-fosfato mg/L 0,16 0,25 0,00 0,73 0,00 0,00 0,85<br />

Nitrito mg/L 1,0 0,00 0,026 0,063 0,043 0,00 0,014 0,0094<br />

DBO5 mg/L < 5,0 8,0 14,0 10,0 5,0 28,0 2,0 0,1<br />

pH 6 - 9 6,50 6,12 5,73 5,96 6,01 6,49 6,76<br />

Oxigênio dissolvi<strong>do</strong> mg/L > 5,0 11,7 9,1 8,5 8,7 9,6 8,3 8,5<br />

Temperatura <strong>do</strong> ar<br />

Temperatura da<br />

°C 15,9 21,0 20,5 22,1 24,5 24,5 30,7<br />

água °C 16,0 20,6 20,0 21,2 21,3 21,0 23,9<br />

Vazão L/S 0,1 0,4 455,4 7,7 812,5 787,9 1.002,3<br />

A colimetria (coliformes fecais e totais) apresentou-se elevada em to<strong>do</strong>s os pontos de<br />

coleta. Os coliformes fecais foram extremamente altos, entretanto nos pontos CB1 e CB5 os<br />

resulta<strong>do</strong>s ultrapassaram em 100 NMP/100mL o limite da legislação (1.000 NMP/100mL). Já<br />

com relação aos coliformes totais, to<strong>do</strong>s os pontos atingiram o limite máximo de detecção <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> analítico (240.000 NMP/100mL).<br />

A turbidez foi baixa em fevereiro de 2004, exceto no CB2 que ultrapassou o limite da<br />

legislação (100 UNT) e pode ter si<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> por um escoamento superficial devi<strong>do</strong> à uma<br />

precipitação pluviométrica, embora exista nas proximidades, atividades como: abate<strong>do</strong>uros e<br />

industrialização de embuti<strong>do</strong>s.<br />

O nitrogênio amoniacal apresentou valores eleva<strong>do</strong>s nos pontos CB2 (4,0 mg/L), CB4<br />

(4,6 mg/L) e CB6 (1,1 mg/L). Já os nitritos e nitratos ficaram bem abaixo <strong>do</strong>s seus respectivos<br />

limites (1,0 e 10,0 mg/L).<br />

72


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

A DBO5 ficou abaixo <strong>do</strong> limite (5,0 mg/L) somente nos pontos CB4, CB6 e a DQO foi<br />

baixa no ponto CB7. O pH ficou fora da faixa recomendada pela legislação (entre 6,0 e 9,0)<br />

somente nos pontos CB3 e CB4. O oxigênio dissolvi<strong>do</strong> apresentou níveis bons, acima de 8,3<br />

mg/L e a condutividade e os sóli<strong>do</strong>s apresentaram valores normais se compara<strong>do</strong>s aos<br />

encontra<strong>do</strong>s no monitoramento em 2003. Na Figura 38, é possível comparar a média das<br />

coletas realizadas no perío<strong>do</strong> de 2002/4 com 2005/6, para o nitrato (NO3) e o nitrogênio<br />

amoniacal (N-NH3), sen<strong>do</strong> os valores observa<strong>do</strong>s inferiores às médias da série de da<strong>do</strong>s (2002<br />

- 2004) para os respectivos parâmetros. Destaque para os pontos CB7 e CB5 que as médias<br />

ficaram bem próximas da média da série para NO3 e N-NH3, respectivamente.<br />

Nitrato (mg/L)<br />

Figura 38 – Nitrato e nitrogênio amoniacal: comparação anual (2002 a 2006).<br />

Os valores médios das coletas de 2005 e 2006 para as variáveis: oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />

(OD) e pH (Figura 39), apresentaram comportamento diferente em relação à média da série de<br />

da<strong>do</strong>s. O OD ficou abaixo da média da série, com destaque para os pontos CB1 e CB4 que<br />

registraram os menores valores, e o pH apresentou média semelhante à média da série, porém<br />

com valores um pouco superiores, exceto no ponto CB3.<br />

Oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (mg/L)<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

9<br />

8<br />

6<br />

5<br />

3<br />

2<br />

0<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 39 – OD e pH: comparação anual (2002 a 2006).<br />

pH<br />

73<br />

8,0<br />

7,5<br />

7,0<br />

6,5<br />

6,0<br />

5,5<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Analisan<strong>do</strong> a Figura 40 verificou-se que os valores médios das coletas de 2005 e 2006<br />

para DBO5 e DQO foram inferiores às médias da série de da<strong>do</strong>s (2002 - 2004) para os<br />

respectivos parâmetros, exceto nos pontos CB5 e CB7. Estes pontos apresentaram valores<br />

médios para a DQO acima da média da série de da<strong>do</strong>s.<br />

Nitrogênio amoniacal (mg/L)<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta


DQO (mg/L)<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

DBO5 (mg/L)<br />

74<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 40 – DQO e DBO5: comparação anual (2002 a 2006).<br />

Quanto ao fosfato e coliformes termotolerantes (Figura 41), estes também apresentaram<br />

comportamentos diferentes. Os valores médios <strong>do</strong> fosfato nas coletas de 2005 e 2006 foi<br />

superior à média da série de da<strong>do</strong>s (2002 – 2004), exceto nos pontos CB6 e CB7.<br />

Já os coliformes termotolerantes nas coletas de 2005 e 2006 foram inferiores à média<br />

da série, exceto no ponto CB7.<br />

Fosfato (mg/L)<br />

2,0<br />

1,6<br />

1,2<br />

0,8<br />

0,4<br />

0,0<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Coliformes Fecais (NMP/100mL)<br />

1.000.000<br />

100.000<br />

10.000<br />

1.000<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Média 2002 - 2004 Média nov/05-abr/06<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 41 – Fosfato e coliformes termotolarentes: comparação anual (2002 a 2006).<br />

Conforme Figura 42, a vazão média aumentou ao longo <strong>do</strong>s pontos sen<strong>do</strong> o menor<br />

valor médio encontra<strong>do</strong> na nascente (CB1) e o maior na foz <strong>do</strong> rio (CB7) com os valores<br />

varian<strong>do</strong> de 0,19 L/s à 47 L/s respectivamente. Com relação a turbidez, verificou-se pouca<br />

variação entre os pontos e dentro <strong>do</strong> padrão exigi<strong>do</strong> pelo Conama (


Condutividade Elétrica ( µS/cm)<br />

150<br />

120<br />

90<br />

60<br />

30<br />

0<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

MÉDIA<br />

Orto_fosfato (mg/L)<br />

75<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

Figura 43 – Médias da condutividade elétrica e orto-fosfato nos meses de nov/05 à abr/06.<br />

As médias <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s dissolvi<strong>do</strong>s variaram entre 58,6 mg/L (CB3) e 108,7 mg/L (CB4).<br />

Esses valores ficaram bem abaixo <strong>do</strong> recomenda<strong>do</strong> (


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

O limite mínimo de detecção <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> analítico para a DBO5 foi de 1 mg/L. Dessa<br />

forma os valores médios podem estar um pouco acima <strong>do</strong> valor real, já que em alguns pontos<br />

esse parâmetro poderia apresentar valores inferires a esse mínimo. Ao avaliar os resulta<strong>do</strong>s<br />

para esse parâmetro (Figura 46) verificou-se que as médias calculadas ficaram acima <strong>do</strong> limite<br />

(


Coliformes Fecais (NMP/100mL)<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

1.000.000<br />

100.000<br />

10.000<br />

1.000<br />

100<br />

10<br />

1<br />

CB1 CB2 CB3 CB4 CB5 CB6 CB7<br />

Pontos de Coleta<br />

77<br />

MÉDIA<br />

Figura 48 – Médias <strong>do</strong>s coliformes fecais nos meses de nov/05 à abr/06.<br />

5.3 Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> biomonitoramento correlaciona<strong>do</strong>s aos parâmetros<br />

físico-químicos<br />

Os macroinvertebra<strong>do</strong>s bentônicos representam um elemento importante na estrutura<br />

e funcionamento <strong>do</strong>s ecossistemas aquáticos e sua distribuição é influenciada pelas<br />

características <strong>do</strong> sedimento, morfologia das margens, profundidade, natureza química <strong>do</strong><br />

substrato, vegetação, competição entre as diferentes espécies e disponibilidade de fontes<br />

alimentares. Os macroinvertebra<strong>do</strong>s fitófilos incluem todas as espécies de invertebra<strong>do</strong>s<br />

associa<strong>do</strong>s às plantas aquáticas. Assim, as macrófitas oferecem boas condições de<br />

sobrevivência porque proporcionam abrigo, refúgio, local de oviposição e recursos alimentares.<br />

As macrófitas foram coletadas manualmente dentro de um quadra<strong>do</strong> de 50 x 50cm<br />

repetin<strong>do</strong> três vezes este procedimento em cada ponto de coleta. O material foi acondiciona<strong>do</strong><br />

em sacos plásticos etiqueta<strong>do</strong>s.<br />

O perío<strong>do</strong> 2002/2003 foi suficiente para avaliar a qualidade da água nas bacias, antes<br />

das intervenções realizadas pelo Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II, e os<br />

macroinvertebra<strong>do</strong>s acrescentaram muitas informações importantes mostran<strong>do</strong> que é uma<br />

ferramenta importante na avaliação da qualidade de água superficial de uma bacia hidrográfica.<br />

Analisan<strong>do</strong> os seguintes parâmetros: teor de oxigênio, temperatura da água,<br />

temperatura <strong>do</strong> ar, quantidade de material suspenso, consumo de oxigênio, carga de<br />

nutrientes, desenvolvimento de uma comunidade autóctone e distribuição de formas bióticas<br />

adaptadas em dependência da velocidade da água, obtém-se uma divisão ecológica,<br />

hipotética, <strong>do</strong> rio. As regiões diferenciavam através desses parâmetros foram denominadas<br />

Crenal (região da fonte), Ritral (região de arroio) e Potamal (região <strong>do</strong> rio). O rio é uma<br />

seqüência de ecossistemas distintos, e a subdivisão <strong>do</strong>s vários habitats nesses ecossistemas<br />

torna-se necessária pelas modificações morfológicas que sofre o substrato ao longo <strong>do</strong> rio.<br />

Durante o trabalho de campo observamos que os MIBs (Macro Invertebra<strong>do</strong>s<br />

Bentónicos) coleta<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> rio revelaram uma diminuição da biodiversidade da região<br />

crenal à potamal. Segun<strong>do</strong> COUTINHO (2001), da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s pelo CIRAM-EPAGRI em<br />

1999 mostraram que as propriedades em torno <strong>do</strong> ponto de coleta FG1 produzem poucos<br />

suínos, portanto, o volume de dejetos que poderia ser lança<strong>do</strong> ao rio é baixo, sen<strong>do</strong> esta região<br />

classificada na época como pouco poluída. Este fator, alia<strong>do</strong> a pequena floresta remanescente<br />

encontrada no local pode explicar a biodiversidade presente no rio na porção crenal. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, os pontos FG4 e FG5 encontravam-se em áreas altamente poluídas com uma produção<br />

de dejetos apresentan<strong>do</strong> altos valores de fósforo, nitrogênio amoniacal e coliformes fecais.<br />

Nestes pontos foram coleta<strong>do</strong>s bivalves das famílias Corbiculidae, Sphaer<strong>ii</strong>dae e<br />

Mycetopodidae, bem como gastrópodes da Família Lymnaedae. Organismos como<br />

nematódeos, gastrópodes, bivalves e oligoquetas são associa<strong>do</strong>s aos ambientes com maiores


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

teores de matéria orgânica. Os bivalves, especificamente, indicam a presença de grande<br />

quantidade de matéria orgânica e não de metais, pois, como são bioacumula<strong>do</strong>res, os metais<br />

ocasionariam a morte <strong>do</strong>s mesmos.<br />

As famílias como CHIRONOMIDAE, SIMULIDAE e HIRUDIDAE coletadas na bacia de<br />

Fragosos, são muito tolerantes à contaminação por resíduos orgânicos, segun<strong>do</strong> BMWP<br />

(Biological Monitoring Worqiung Party System). A Família Simul<strong>ii</strong>dae apesar de ser<br />

característica de águas limpas vem sen<strong>do</strong> estudada como bioindica<strong>do</strong>r da qualidade da água<br />

na bacia hidrográfica Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos. Os níveis de coliformes fecais, entre outras<br />

variáveis, influenciam indiretamente no aumento da população deste inseto. Simulideos foram<br />

coleta<strong>do</strong>s principalmente no ponto FG2, que é próximo à região urbana de Concórdia e que<br />

recebe parte <strong>do</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico. Os Quironomídeos são indica<strong>do</strong>res de águas contaminadas<br />

e ficam em contato com o sedimento sen<strong>do</strong> responsáveis pelo revolvimento <strong>do</strong> mesmo,<br />

liberan<strong>do</strong> nutrientes à coluna da água.<br />

Os gêneros Agrion, Psephenus, Simulium, Atoperla, e Astenophylax possuem uma<br />

variedade de adaptações ocorren<strong>do</strong> na porção de maior correnteza <strong>do</strong> rio. Estes gêneros que<br />

preferem a correnteza possuem forma <strong>do</strong> corpo achatada <strong>do</strong>rsoventralmente, unhas e<br />

substancias viscosas utilizadas para grudar-se nas pedras ten<strong>do</strong> preferencia pelo sedimento<br />

rochoso de seixos rola<strong>do</strong>s de tamanhos variáveis. Já os gêneros Coenagrion, Cloeon,<br />

Parameletus e Somatochlora que preferem áreas de remanso e sedimento fino como argilas e<br />

areias possuem forma <strong>do</strong> corpo mais volumosa e são de tamanhos maiores<br />

A fauna bentônica possui nítida dependência da velocidade da água e forma <strong>do</strong><br />

substrato. Algumas formas apresentam capacidade de fixação ao substrato, por meio de<br />

secreção de muco ou através <strong>do</strong> formato especial da concha de moluscos e crustáceos. Outro<br />

grupo de fixação ativa são as larvas de insetos, onde a fixação ao substrato é realizada com a<br />

utilização de ventosas. Outras formas que necessitam uma movimentação mais intensa<br />

aproveitam-se de um local de menor velocidade da água, em contato com a superfície, no leito,<br />

ou na região de água morta, onde o leito é pedregoso.<br />

O mês de setembro foi onde se registrou a maior vazão no rio, parâmetro este que<br />

pode afetar a distribuição de macroinvertebra<strong>do</strong>s bentônicos e também pode ser um fator de<br />

diluição de substancias toxicas na água. Neste mês em decorrência da alta vazão observamos<br />

um aumento <strong>do</strong> fósforo, nitrogênio, de coliformes e da turbidez. O aumento da vazão em rios<br />

de pequena ordem são condiciona<strong>do</strong>s pela precipitação local devi<strong>do</strong> a alta declividade e a<br />

baixa capacidade retenção da mesma. A falta da vegetação nativa que se comporta como uma<br />

esponja da água da chuva, agrava ainda mais o problema das enchentes no rio.<br />

O Fósforo é um elemento fundamental para os seres vivos, devi<strong>do</strong> a sua participação<br />

em processos fundamentais <strong>do</strong> metabolismo, e, na maioria das águas continentais, é o fator<br />

limitante da sua produtividade; quan<strong>do</strong> em elevadas quantidades é responsável pelos<br />

processos de eutrofização <strong>do</strong>s ecossistemas aquáticos. A presença deste elemento em<br />

elevadas concentrações, indica que as atividades antropogênicas desenvolvidas na bacia<br />

podem ser de fundamental importância na elevação <strong>do</strong>s teores deste elemento no meio<br />

aquático. Os despejos pontuais e difusos das atividades rurais e urbanas, os lançamentos<br />

<strong>do</strong>mésticos trata<strong>do</strong>s ou não, os efluentes industriais, detergentes, excrementos de animais e<br />

fertilizantes, lança<strong>do</strong>s nos cursos d’água também acabam comprometen<strong>do</strong> seriamente a<br />

qualidade da água.<br />

Nos meses de verão, a temperatura aumentou e o oxigênio dissolvi<strong>do</strong> diminuiu pela<br />

grande demanda das populações aquáticas. Durante as coletas de verão, observamos um<br />

aumento na biodiversidade em to<strong>do</strong>s os pontos. Foram observadas muitas posturas e<br />

indivíduos em plena reprodução. As espécies que conseguem tolerar as condições impostas<br />

pelo ambiente estão seguin<strong>do</strong> normalmente o seu ciclo de vida. Ocorreu uma marcada<br />

sazonalidae na abundância <strong>do</strong>s táxons. As densidades <strong>do</strong>s organismos foram<br />

significativamente maiores nas amostras de verão. Este aumento populacional sincroniza<strong>do</strong> de<br />

animais com diferentes estratégias de vida podem ser entendi<strong>do</strong> como uma adaptação de toda<br />

78


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

a comunidade às perturbações recorrentes, como aquelas promovidas pela variação na<br />

temperatura, vazão e as chuvas.<br />

A DBO teve picos máximos nos meses de verão. Este parâmetro que indica a<br />

presença de maior ou menor quantidade de substancia ávidas por oxigênio na massa líquida, é<br />

uma medida de carga polui<strong>do</strong>ra.<br />

Dentro <strong>do</strong> rio, a matéria orgânica introduzida é progressivamente decomposta pela<br />

atividade biológica. O aumento das populações de microrganismos, responsáveis pela<br />

decomposição, por sua vez, permite a presença de grandes populações de animais que se<br />

alimentam deles. A atividade <strong>do</strong> aumento da população microbiana sapróbia, aumenta a<br />

demanda de oxigênio e este pode resultar na desoxigenação da água, que afeta outros<br />

organismos conforme suas tolerâncias à depleção de O2. Assim, o enriquecimento orgânico<br />

tem um efeito diferencial sobre os membros da comunidade de rios que resulta numa sucessão<br />

de comunidades estabelecidas a distâncias abaixo <strong>do</strong> ponto de descarga, em relação ao grau<br />

de oxidação e mineralização da matéria orgânica. A matéria orgânica ou os produtos de sua<br />

degradação podem ser tóxicos e se partículas sólidas estão presentes na descarga, estas<br />

podem se assentar no leito <strong>do</strong> rio, alteran<strong>do</strong> suas características. Assim, a poluição orgânica<br />

não pode ser olhada como um simples fator afetan<strong>do</strong> a ecologia <strong>do</strong> rio, mas uma multiplicidade<br />

de fatores. Os detergentes na água, ao produzirem diminuição da tensão superficial,<br />

prejudicam a locomoção de insetos de superfície e também a respiração daqueles insetos que<br />

visitam a superfície para tomada de ar.<br />

Na Figura 49 são apresenta<strong>do</strong>s os macroinvertebra<strong>do</strong>s bentónicos observa<strong>do</strong>s em<br />

cada ponto de coleta na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos, no perío<strong>do</strong> de 2002/2003.<br />

79


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência Gestão Ambiental <strong>do</strong> Projeto de Suinocultura Propriedades Santa Suinícolas: Catarina - PNMA II<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 49 – Representação das porcentagens <strong>do</strong> hábito alimentar <strong>do</strong>s macroinvertebra<strong>do</strong>s em cada<br />

ponto de coleta na bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos no perío<strong>do</strong> de 2002/2003.<br />

80


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

5.4 Análise multivariada <strong>do</strong>s parâmetros<br />

A Análise de Componentes Principais (ACP) foi aplicada nos parâmetros físicoquímicos,<br />

biológicos e vazão a fim de se compreender melhor como essas variáveis se interrelacionam<br />

no ecossistema estuda<strong>do</strong>. Esta análise foi realizada somente para a bacia <strong>do</strong><br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos com objetivo de avaliação desta meto<strong>do</strong>logia.<br />

Bacia Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Na aplicação da análise das componentes principais para os da<strong>do</strong>s da bacia <strong>do</strong><br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos foi utilizada a matriz de correlação e os pares de variáveis que<br />

apresentaram uma boa correlação foram destaca<strong>do</strong>s como mostra a Tabela 22.<br />

Cond 1,000<br />

Tabela 22 – Matriz de correlação – Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Cond C Fecal C Total DBO5 DQO NO3 NO2 N_NH3 OD ODsat pH PO4 SF ST SV T agua T Ar Turbidez Vazão<br />

C Fecal -0,127 1,000<br />

C Total -0,195 0,493 1,000<br />

DBO5 0,029 0,249 0,061 1,000<br />

DQO -0,110 0,097 -0,043 0,649 1,000<br />

NO3 -0,028 0,173 0,210 0,279 0,083 1,000<br />

NO2 0,109 0,008 -0,096 0,413 0,311 -0,039 1,000<br />

N_NH3 0,072 -0,003 0,199 -0,155 -0,010 0,261 0,196 1,000<br />

OD -0,128 -0,088 0,009 -0,060 -0,182 0,277 -0,002 -0,225 1,000<br />

ODsat -0,096 0,004 -0,058 0,103 -0,026 0,255 0,076 -0,317 0,849 1,000<br />

pH 0,489 -0,043 0,020 0,114 0,024 0,377 0,012 0,322 0,109 0,173 1,000<br />

PO4 0,151 -0,059 -0,165 -0,073 0,077 -0,248 0,420 0,251 -0,283 -0,088 0,118 1,000<br />

SF 0,213 0,022 -0,113 0,049 -0,132 0,135 -0,055 0,152 -0,294 -0,455 -0,159 -0,188 1,000<br />

ST 0,337 -0,087 -0,051 -0,174 -0,157 -0,127 -0,078 0,147 -0,391 -0,565 -0,117 -0,125 0,722 1,000<br />

SV 0,139 -0,142 0,091 -0,291 -0,020 -0,350 -0,025 -0,021 -0,096 -0,097 0,069 0,100 -0,455 0,288 1,000<br />

T agua 0,237 0,083 0,190 0,254 -0,044 0,356 0,196 -0,048 0,525 0,376 0,330 -0,302 -0,117 -0,176 -0,065 1,000<br />

T Ar 0,276 0,025 0,211 0,115 -0,055 0,198 0,208 0,140 0,415 0,352 0,508 0,030 -0,312 -0,235 0,130 0,782 1,000<br />

Turbidez -0,195 0,120 0,405 -0,049 -0,049 -0,171 -0,039 0,198 -0,426 -0,562 -0,371 -0,081 0,146 0,339 0,235 -0,230 -0,307 1,000<br />

Vazão -0,297 0,021 0,335 -0,045 -0,111 -0,077 0,039 0,129 -0,078 -0,177 -0,134 -0,037 -0,107 0,037 0,196 -0,044 -0,152 0,596 1,000<br />

Verificou-se que houve 18 pares de parâmetros com uma correlação boa, sen<strong>do</strong> que<br />

50% apresentaram correlação entre 0,4 r 0,5 e apenas 3 tiveram uma correlação forte (0,7 r<br />

0,85).<br />

Analisan<strong>do</strong> a matriz para determinar os autovalores e autovetores foram encontra<strong>do</strong>s<br />

os seguintes resulta<strong>do</strong>s:<br />

Tabela 23 – Autovalores e autovetores para a bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos<br />

Autovetores<br />

Autovalores<br />

CP1 CP2 Número Autovalores Per. Acumulada<br />

Cond 0,243 0,305 1 8,343922 0,4392<br />

C Fecal -0,020 -0,234 2 4,263120 0,6635<br />

C Total -0,080 -0,352 3 3,163091 0,8300<br />

DBO5 -0,276 0,195 4 1,853380 0,9276<br />

DQO -0,267 -0,045 5 1,140968 0,9876<br />

NO3 -0,224 -0,069 6 0,2355193 1,0000<br />

NO2 -0,190 0,323 7 1,139000E-13 1,0000<br />

N_NH3 -0,260 0,230 8 1,861702E-14 1,0000<br />

OD -0,274 -0,026 9 9,586457E-15 1,0000<br />

ODsat -0,229 0,042 10 3,497341E-16 1,0000<br />

pH 0,048 0,270 11 1,375189E-16 1,0000<br />

PO4 -0,162 0,337 12 1,013361E-16 1,0000<br />

SF 0,314 0,041 13 5,976833E-17 1,0000<br />

ST 0,296 0,192 14 5,900703E-17 1,0000<br />

SV 0,107 0,368 15 3,649867E-17 1,0000<br />

T agua -0,325 -0,058 16 2,699928E-17 1,0000<br />

T Ar -0,330 -0,112 17 2,532683E-18 1,0000<br />

Turbidez 0,011 0,204<br />

Vazão -0,253 0,325<br />

81


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Observou-se que os três primeiros componentes principais, explicam cerca de 83% da<br />

variabilidade total. As maiores contribuições para a primeira componente principal são dadas<br />

pelas variáveis sóli<strong>do</strong>s fixos, temperatura da água e temperatura <strong>do</strong> ar e para a segunda são<br />

dadas pela condutividade, coliformes totais, nitrito, fosfato, sóli<strong>do</strong>s voláteis e vazão.<br />

Fazen<strong>do</strong> o gráfico de dispersão das componentes principais CP1 e CP2 é possível<br />

observar os pontos de coleta da bacia formam cinco grupos: o primeiro forma<strong>do</strong> pelo ponto 1 e<br />

2, o segun<strong>do</strong> pelo ponto 3, o terceiro forma<strong>do</strong> pelos pontos 4 e 6, o quarto forma<strong>do</strong> pelo ponto<br />

5 e o quinto grupo forma<strong>do</strong> pelo ponto 7, (Figura 50).<br />

CP2<br />

3,5<br />

2,5<br />

1,5<br />

0,5<br />

0,0<br />

-0,5<br />

-1,5<br />

FG7<br />

FG5<br />

Dispersão das componentes principais<br />

-2,5<br />

-3,5<br />

FG4<br />

FG6<br />

-4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0<br />

Figura 50 – Dispersão das componentes principais na bacia <strong>do</strong><br />

Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.<br />

Com base no exposto acima, pode-se verificar que os fatores que mais contribuíram<br />

para a semelhança entre os pontos de coleta de água foram a vazão, sóli<strong>do</strong>s fixos e voláteis,<br />

condutividade, coliforme totais, fosfato e temperatura da água. Em termos de matriz, verificouse<br />

que os parâmetros DBO5, DQO, turbidez, vazão e sóli<strong>do</strong>s apresentaram uma boa<br />

correlação. Entretanto, o fato de que duas variáveis tendam a aumentar ou diminuir, juntas não<br />

implica que uma delas tenha algum efeito direto ou indireto sobre a outra.<br />

Quanto à variabilidade <strong>do</strong>s pontos de coleta, o FG3, FG5 e FG7 foram os que<br />

sofreram as maiores variações, comprovadas pela divergência destes quan<strong>do</strong> dispostos em um<br />

gráfico de dispersão. Comparan<strong>do</strong> a variabilidade <strong>do</strong>s pontos em 2004 com a encontrada em<br />

2003, verificou-se que, de um ano para o outro, os pontos apresentaram comportamentos<br />

semelhantes e forman<strong>do</strong> os mesmos grupos, exceto os três primeiros pontos de coleta, que em<br />

2003 um grupo era forma<strong>do</strong> pelos pontos FG2 e FG3 e me 2004 o ponto FG2 formou um grupo<br />

com o FG1.<br />

5.5 Conclusões gerais sobre o monitoramento da água<br />

CP1<br />

FG3<br />

Analisan<strong>do</strong>-se os resulta<strong>do</strong>s sobre a qualidade das águas superficiais das duas bacias<br />

através <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nas coletas de 2005 e 2006, comparadas com as series<br />

2002/2004, foi possível verificar que a bacia <strong>do</strong> lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos (Concórdia/SC) nas três<br />

campanhas realizadas em 2005 apresentou os pontos de coleta: FG2, FG4, FG6 e FG7; com<br />

as piores condições qualitativas. Na coleta realizada em 2006 os pontos mais problemáticos<br />

foram: FG2, FG3, FG4 e FG5. Na bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito (Braço <strong>do</strong> Norte/SC) os pontos<br />

CB4 e CB7 foram os que apresentaram as piores condições de qualidade da água. Destaque<br />

para o CB4 que apresentou valores eleva<strong>do</strong>s para a maioria <strong>do</strong>s parâmetros analisa<strong>do</strong>s e<br />

comportamento bem diferente <strong>do</strong>s demais pontos de coleta. Dos pontos cita<strong>do</strong>s acima, é<br />

82<br />

FG2<br />

FG1


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

importante ressaltar que o FG5, o FG7 e o CB4 são pontos de coleta que desde o início <strong>do</strong><br />

monitoramento (2002) vêm apresentan<strong>do</strong> as piores condições. Em ambas as bacias os pontos<br />

localiza<strong>do</strong>s próximo à nascente, FG1 e CB1, apresentaram as melhores condições com valores<br />

baixos para a maioria <strong>do</strong>s parâmetros. Destaque para o CB1 que apresentou para o oxigênio<br />

dissolvi<strong>do</strong> valor médio igual a 2,5 mg/L no perío<strong>do</strong> de nov/05 a abr/06. Entretanto esse<br />

comportamento não significa que esses <strong>do</strong>is pontos não apresentam certo grau de<br />

contaminação.<br />

O Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos apresentou alguns parâmetros fora <strong>do</strong>s valores recomenda<strong>do</strong>s<br />

pela resolução CONAMA 357, a exemplo da DBO5 e coliformes fecais (nas coletas de 2005) e<br />

<strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> e nitrato (na coleta de 2006). O mesmo ocorreu no Rio Coruja/Bonito,<br />

onde os parâmetros que ficaram fora <strong>do</strong>s valores recomenda<strong>do</strong>s pela resolução CONAMA 357<br />

nas coletas em 2005 e 2006 foram: OD, DBO5 e coliformes fecais.<br />

Percebe-se que as condições qualitativas das águas superficiais nas duas bacias<br />

monitoradas encontradas nos perío<strong>do</strong>s das coletas realizadas em 2005 e 2006, de um mo<strong>do</strong><br />

geral não são boas, mesmo com alguns parâmetros ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> melhores valores que a<br />

média da série de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s 2002-2004. Convém destacar que o perío<strong>do</strong> de<br />

estiagem contribui para o aumento das concentrações, as coletas realizadas em 2005 e 2006<br />

não são suficientes para se ter uma conclusão mais consistente, e além <strong>do</strong> mais, as<br />

intervenções <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> nesta primeira fase foram realizadas apenas no terço superior da bacia<br />

e foram finalizadas durante o ano de 2005.<br />

A determinação <strong>do</strong> IQA não se mostrou adequa<strong>do</strong> para avaliar a qualidade de água na<br />

bacia nem a tendência ao longo <strong>do</strong> tempo. Conclui-se que este índice não é adequa<strong>do</strong> para<br />

avaliação da qualidade da água em bacias hidrográficas onde pre<strong>do</strong>mina as atividades<br />

suinícolas e avícolas.<br />

Com relação à análise de componentes principais, pode-se verificar que os fatores que<br />

mais contribuíram para a semelhança entre os pontos de coleta de água foram à vazão, sóli<strong>do</strong>s<br />

fixos e voláteis, condutividade, coliforme totais, fosfato e temperatura da água. Em termos de<br />

matriz verificou-se que os parâmetros DBO5, DQO, turbidez, vazão e sóli<strong>do</strong>s apresentaram<br />

uma boa correlação. Entretanto, o fato de que duas variáveis tendam a aumentar ou diminuir,<br />

juntas não implica que uma delas tenha algum efeito direto ou indireto sobre a outra. Quanto à<br />

variabilidade <strong>do</strong>s pontos de coleta, o FG3, FG5 e FG7 foram os que sofreram as maiores<br />

variações, comprovadas pela divergência destes quan<strong>do</strong> dispostos em um gráfico de<br />

dispersão. Ao comparar a variabilidade <strong>do</strong>s pontos em 2004 com a encontrada em 2003,<br />

verificou-se que de um ano para o outro, estes apresentaram comportamentos semelhantes,<br />

forman<strong>do</strong> os mesmos grupos, exceto os três primeiros pontos de coleta, que em 2003 um<br />

grupo era forma<strong>do</strong> pelos pontos FG2 e FG3 e me 2004 o ponto FG2 formou um grupo com o<br />

FG1.<br />

Deve-se ainda salientar a importância da realização <strong>do</strong> monitoramento biológico, pois<br />

monitoramento por meio de méto<strong>do</strong>s físico-químicos aborda o tipo e a intensidade de fatores,<br />

inferin<strong>do</strong>, eventualmente, sobre os efeitos biológicos; enquanto que, no biomonitoramento são<br />

obtidas informações sobre os efeitos de estressores no sistema biológico, poden<strong>do</strong>-se<br />

eventualmente inferir sobre a qualidade e quantidade <strong>do</strong> fator estressor.<br />

É notório o comprometimento da qualidade das águas superficiais nas duas bacias<br />

hidrográficas.<br />

Com isso justifica-se a importância da continuidade deste <strong>projeto</strong>, realizan<strong>do</strong> as<br />

intervenções junto aos produtores rurais, o acompanhamento das atividades antrópicas e das<br />

contribuições e captações nas redes hidrográficas, além <strong>do</strong> monitoramento da qualidade da<br />

água e <strong>do</strong>s solos, trabalhan<strong>do</strong> de forma integrada para se compreender melhor a dinâmica das<br />

duas bacias, sua estrutura e funcionamento de seus ecossistemas.<br />

A partir das informações disponíveis e da avaliação realizada, recomenda-se:<br />

83


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

1. Que seja priorizada as analises em dias chuvosos, pois a poluição agrícola é considerada<br />

como poluição difusa, sen<strong>do</strong> que nos perío<strong>do</strong>s chuvosos é que aparecem os maiores picos<br />

de poluição;<br />

2. Que o monitoramento sistemático de qualidade de água em bacias hidrográficas seja<br />

realiza<strong>do</strong> com a constância e regularidade planejada;<br />

3. Que um controle de qualidade na coleta e nas análises de laboratório e sistemática<br />

consistente de confirmação de da<strong>do</strong>s sejam efetivamente implanta<strong>do</strong>s;<br />

4. Que seja implanta<strong>do</strong> o biomonitoramento como um indica<strong>do</strong>r biológico de poluição;<br />

5. A utilização preferencial da estatística não paramétrica na análise descritiva e na<br />

representação gráfica <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de qualidade de água;<br />

6. Que seja aprimora<strong>do</strong> o conhecimento da relação entre causa e efeito na qualidade de água;<br />

7. Que os indica<strong>do</strong>res básicos de qualidade de água recomenda<strong>do</strong>s para serem utiliza<strong>do</strong>s no<br />

monitoramento da qualidade da água são: DBO/OD; Fósforo Total; Nitrogênio Total ou<br />

Nitrogênio Kjeldhal; Sóli<strong>do</strong>s Totais ou Turbidez e Coliformes Totais e Fecais.<br />

84


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL<br />

85<br />

Nelso Figueiró<br />

EPAGRI/CIRAM<br />

O desenvolvimento sustentável prevê a educação ambiental como instrumento de<br />

melhoria da qualidade de vida, por meio da formação de cidadãos conscientes de sua<br />

participação local no contexto da conservação ambiental global. Assim as relação entre a<br />

sociedade e o meio ambiente deve ser melhor compreendida, discutida e analisada, por to<strong>do</strong>s<br />

os atores que participam de <strong>projeto</strong>s ambientais. O envolvimento da sociedade, desde<br />

estudantes de cursos fundamentais pertencentes à bacia hidrográfica, onde é desenvolvi<strong>do</strong> o<br />

<strong>projeto</strong> até os produtores e técnicos, é importante para legitimar as propostas ambientais<br />

desenvolvidas.<br />

A concepção de meio ambiente vem evoluin<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s tempos e o homem passa<br />

de uma percepção restrita aos aspectos biológicos e físicos para uma percepção mais ampla<br />

em que se consideram essenciais os aspectos econômicos e socioculturais.<br />

Diante da irracionalidade no uso <strong>do</strong>s recursos naturais e da crescente agressão ao<br />

meio ambiente, acreditamos que a educação ambiental através de cursos, palestras, dias de<br />

campo e construção de praticas ambientais sustentáveis, são adequadas para a tomada de<br />

consciência da existência de problemas ambientais onde deve-se preparar os produtores,<br />

técnicos e estudantes para uma participação organizada e ativa na democratização das<br />

questões ambientais.<br />

Basea<strong>do</strong> nestes princípios o Projeto Suinocultura Santa Cataria desenvolveu uma<br />

série de ações, envolven<strong>do</strong> produtores, técnicos e estudantes nas duas bacias hidrográficas<br />

trabalhadas, para através de uma congregação de esforços coletivos construírem uma<br />

consciência ambiental a respeito <strong>do</strong> meio ambiente e da possibilidade de construção das ações<br />

tecnológicas a serem desenvolvidas durante o andamento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>.<br />

6.1 Ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong><br />

A seguir passamos a descrever as ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong> no senti<strong>do</strong> da<br />

organização da sociedade, educação ambiental e praticas de capacitação ambiental:<br />

6.1.1 Organização <strong>do</strong>s produtores e capacitação de técnicos e produtores<br />

Com a finalidade de promover uma maior participação <strong>do</strong>s produtores nas decisões <strong>do</strong><br />

<strong>projeto</strong>, propician<strong>do</strong> integrá-los e fomentan<strong>do</strong> o associativismo nas duas bacias durante o ano<br />

de 2002, foram constituídas e formadas legalmente duas Associações de Produtores, uma<br />

abrangen<strong>do</strong> a bacia <strong>do</strong> Rio Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos e outra a bacia <strong>do</strong> Rio Coruja/Bonito.<br />

Na formação dessas associações e durante o desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> a equipe<br />

técnica promoveu reuniões entre produtores e executores, para discutirem e analisarem os<br />

andamentos das ações para corrigir problemas que ocorreram ao longo da execução da Fase<br />

1. Essa participação foi importante para ouvir os produtores, saber quais eram suas<br />

dificuldades e reivindicações, tornan<strong>do</strong>-se mais fácil planejar e propor ações e tecnologias<br />

adequadas às necessidades <strong>do</strong>s produtores.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Foram realiza<strong>do</strong>s treinamentos de capacitação de técnicos e produtores para um<br />

melhor desempenho e compreensão <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> através de cursos e palestras. Participaram <strong>do</strong>s<br />

treinamentos 85 técnicos e 82 produtores, através de 6 (seis) treinamentos realiza<strong>do</strong>s em<br />

práticas ambientalmente sustentáveis. Também, foram realiza<strong>do</strong>s 5 seminários de<br />

esclarecimentos sobre o <strong>projeto</strong> a produtores, técnicos e ao público em geral (Figura 51).<br />

Foram publica<strong>do</strong>s materiais didáticos (folders, apostilas, banners) sobre produção de<br />

suínos e o meio ambiente.<br />

Para uma melhor divulgação e conhecimento, foram publica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is jornais sobre as<br />

ações desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina, com tiragem de 1.000<br />

exemplares. As informações versaram sobre tecnologias ambientais, reportagens com<br />

produtores e ações concretas desenvolvidas pelo <strong>projeto</strong>. O jornal foi divulga<strong>do</strong> junto à mídia,<br />

parceiros, técnicos e produtores das duas bacias.<br />

Figura 51 – Reunião de avaliação de implementação<br />

<strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com produtores rurais.<br />

6.1.2 Cartilha <strong>suinocultura</strong> e meio ambiente<br />

Com a finalidade de sensibilizar os alunos e as comunidades foi elaborada uma<br />

Cartilha Educativa “Suinocultura e Meio Ambiente”, de práticas ambientais com objetivo de<br />

servir de material didático. O tema aborda<strong>do</strong>, foi a questão das intervenções que foram<br />

realizadas nas propriedades trabalhadas pelo <strong>projeto</strong>, cuja finalidade é de minimizar o impacto<br />

ambiental da atividade suinícola.<br />

Foram produzidas 2.000 cartilhas e distribuídas durante o segun<strong>do</strong> semestre de 2004,<br />

foram promovidas reuniões nas escolas e nas comunidades das duas bacias com a finalidade<br />

de explicar o objetivo das cartilhas e repassar aos professores e alunos o material para que<br />

fosse utiliza<strong>do</strong> nas salas de aula e nas comunidades (Figura 52).<br />

86


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 52 – Cartilha/Educativa para sensibilização das famílias e<br />

escolares sobre as questões ambientais.<br />

A entrega da cartilha Suinocultura e Meio Ambiente, (Figura 53), por Técnicos <strong>do</strong><br />

<strong>projeto</strong>, foi realizada em quatro escolas municipais localizadas na bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos/Concórdia. A atividade atingiu cerca de 270 alunos, de primeira a oitava série, <strong>do</strong><br />

ensino fundamental, sen<strong>do</strong> que a receptividade por parte <strong>do</strong>s professores e das crianças foi<br />

muito positiva.<br />

As escolas em que foram trabalhadas as cartilhas, localizadas na bacia <strong>do</strong>s Fragosos,<br />

foram as seguintes: no Distrito de Santo Antônio a Escola Básica Municipal Ana Zamarchi<br />

Coldebella; em Barra Fria, a Escola Isolada Municipal de Barra Fria; no Distrito de Engenho<br />

Velho os alunos que receberam as cartilhas foram aqueles que estudam na Escola Básica<br />

Municipal José Piorezan e os alunos de Linha São Paulo, da Escola Básica Ângelo Ari Biezus.<br />

(Figura 53).<br />

Figura 53 – Reunião, nas escolas, para apresentação da<br />

cartilha.<br />

87


6.1.3 Vídeo<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Foi produzi<strong>do</strong> um vídeo com informações sobre o <strong>projeto</strong>, reportagens com produtores<br />

e ações técnicas desenvolvidas. O vídeo foi divulga<strong>do</strong> junto à mídia, parceiros, técnicos e<br />

produtores das duas bacias hidrográficas trabalhadas (Figura 54).<br />

Figura 54 – Capa de apresentação <strong>do</strong> vídeo produzi<strong>do</strong> pelo <strong>projeto</strong><br />

6.1.4 Dias de campo para sensibilização sobre a recuperação e a<br />

preservação da mata ciliar<br />

Com a finalidade de melhor compreender a importância da recuperação e preservação<br />

da mata ciliar e motivar produtores e alunos, na implantação de <strong>projeto</strong> de recuperação das<br />

áreas degradadas decorrente das atividades da <strong>suinocultura</strong> e outras atividades degradantes<br />

foram realizadas palestras sobre o tema. As palestras também foram realizadas com objetivo<br />

de dirimir dúvidas e apresentação de propostas para implementação das ações para<br />

recuperação da mata ciliar e recuperação das áreas de APPs, nas bacias trabalhadas. As<br />

palestras foram proferidas por técnicos <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> com o apoio da Embrapa Floresta de<br />

Curitiba/PR (Figura 55). As palestras também serviram para esclarecer dúvidas e discutir sobre<br />

a implantação <strong>do</strong> Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), implanta<strong>do</strong> nas bacias.<br />

88


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 55 – Reunião sobre importância da mata ciliar e <strong>do</strong> plantio de<br />

mudas, contan<strong>do</strong> com a participação de alunos.<br />

Foram realizadas, também, atividades para a sensibilização de escolares sobre a<br />

importância da mata ciliar nas duas bacias hidrográficas trabalhadas. Estas atividades<br />

contaram com a participação <strong>do</strong>s professores e alunos das escolas situadas nas bacias.<br />

O <strong>projeto</strong> estabeleceu parcerias para ampliar e diversificar as ações de sensibilização<br />

das comunidades das microbacias sobre a importância da mata ciliar. Em 2005, o <strong>projeto</strong><br />

assinou um importante convênio com o Centro de Divulgação Ambiental da Usina de Itá -<br />

CDA, manti<strong>do</strong> pelo CONSÓRCIO ITÀ (Tractebel, CSN e ITAMBÉ), com objetivo <strong>do</strong><br />

desenvolvimento de ações conjuntas para a recuperação das faixas ciliares através <strong>do</strong> plantio<br />

de espécies arbóreas nativas nas propriedades da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos,<br />

Concórdia/SC.<br />

Técnicos e professores <strong>do</strong> Centro de Divulgação Ambiental – CDA, <strong>do</strong> Consórcio da<br />

Usina Hidrelétrica de Itá, proferiram palestra sobre “Mata Ciliar”, abordan<strong>do</strong> o tema de maneira<br />

a sensibilizar e informar os estudantes de 7ª e 8ª séries, participaram <strong>do</strong> encontro 66<br />

estudantes. Durante o evento foram aborda<strong>do</strong>s temas relaciona<strong>do</strong>s à mata ciliar, como:<br />

legislação ambiental e uso de espécies arbóreas nativas (Figura 56).<br />

89


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Figura 56 – Palestra sobre mata ciliar a estudantes.<br />

Visan<strong>do</strong> desenvolver ações de capacitação e sensibilização junto aos estudantes e<br />

aos produtores rurais nas duas bacias hidrográficas trabalhadas, desenvolveram-se atividades<br />

de dia de campo para mostrar, como preservar e proteger as áreas de preservação<br />

permanente e o plantio de mudas nativas (Figura 57). Esta atividade visou fortalecer o <strong>projeto</strong> e<br />

sensibilizar de forma mais efetiva os estudantes e as famílias <strong>do</strong>s produtores rurais, bem como<br />

as comunidades para uma gestão mais sustentável e a preservação das áreas de mata ciliar.<br />

Figura 57 – Alunos em aula prática sobre atividades de plantio de mudas para<br />

recuperação de mata ciliar.<br />

6.1.5 Teatro de fantoches<br />

O <strong>projeto</strong> através <strong>do</strong> Teatro de Fantoches buscou despertar a preocupação individual<br />

e coletiva para a questão ambiental, entre jovens e estudantes, garantin<strong>do</strong> o acesso à<br />

informação em linguagem adequada, contribuin<strong>do</strong> para o desenvolvimento de uma consciência<br />

crítica e coletiva sobre as questões ambientais.<br />

90


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Na formação das peças teatrais as crianças filhos de produtores das bacias<br />

trabalhadas participaram ativamente na sua elaboração. As peças teatrais foram realizadas,<br />

uma em cada bacia hidrográfica, contan<strong>do</strong> com a participação expressiva das crianças e <strong>do</strong>s<br />

produtores (Figura 58).<br />

Figura 58 – Teatro de Bonecos de fantoches abordan<strong>do</strong> o tema meio ambiente.<br />

91


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

7 PROJETO SAD<br />

92<br />

Ricar<strong>do</strong> Brocha<strong>do</strong> A. da Silva<br />

Consultor <strong>do</strong> Projeto SAD /SC<br />

7.1 Sistema de Apoio à Decisão (SAD) para avaliação de impactos da<br />

<strong>suinocultura</strong> sobre o meio ambiente<br />

Os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná, Santa Catarina e Rio Grande <strong>do</strong> Sul, ao estabelecerem suas<br />

prioridades para participar <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente II – PNMA II, desenvolvi<strong>do</strong><br />

pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente e co-financia<strong>do</strong> pelo Banco Mundial (BIRD), identificaram<br />

como de alta prioridade para fins de mitigação ambiental, o controle da poluição das águas por<br />

rejeitos animais, particularmente os de origem suína. Sob tal prioridade, durante o perío<strong>do</strong> de<br />

março de 2004 a junho de 2006, foram empreendi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s específicos volta<strong>do</strong>s ao<br />

desenvolvimento de ferramentas de suporte à decisão nos processos de gestão e<br />

licenciamento ambiental de empreendimentos suinícolas (Projeto SAD). Estes trabalhos foram<br />

executa<strong>do</strong>s com base em equipes constituídas nos esta<strong>do</strong>s, apoia<strong>do</strong>s por consultores<br />

especializa<strong>do</strong>s, com financiamento <strong>do</strong> Governo da Holanda, viabilizada pelo Banco Mundial e<br />

articula<strong>do</strong>s com ações e atividades em curso no âmbito <strong>do</strong> PNMA II.<br />

Embora não previsto especificamente no <strong>projeto</strong> Suinocultura Santa Catarina,<br />

entendeu-se que o desenvolvimento de um modelo de suporte à decisão deverá constituir em<br />

arsenal importante deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> PNMA II, com aplicação potencial em outras bacias e regiões.<br />

Com base em limitações qualitativas nas atuais formas de análise <strong>do</strong>s processos de<br />

licenciamento ambiental da <strong>suinocultura</strong>, em paralelo e complementarmente ao PNMA II, o<br />

Projeto Sistema de Apoio à Decisão (Projeto SAD-SC), desenvolveu ferramentas de apoio à<br />

decisão que contemplam esta problemática e subsidiam a gestão da bacia hidrográfica.<br />

Em Santa Catarina, a área piloto <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foi a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Fragosos, localizada no Município de Concórdia, selecionada por apresentar uma grande<br />

concentração de suínos, boa representatividade das áreas de produção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e pela<br />

disponibilidade de informações necessárias já levantadas (Figura 59).<br />

Figura 59 – Características da bacia <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Fragosos.


7.1.1 Principais Metas<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

1. Facilitar e qualificar as análises técnicas <strong>do</strong>s processos de licenciamento ambiental da<br />

<strong>suinocultura</strong>;<br />

2. Desenvolver uma ferramenta de apoio à tomada de decisão que considere a bacia<br />

hidrográfica como um espaço de delimitação de processos ambientais;<br />

3. Caracterizar o papel <strong>do</strong>s tipos de solo, relevo e uso <strong>do</strong> solo, em relação ao regime de<br />

chuvas e a aplicação de dejetos, como condicionantes da qualidade ambiental <strong>do</strong>s recursos<br />

hídricos;<br />

4. Desenvolver uma meto<strong>do</strong>logia para caracterizar o papel da <strong>suinocultura</strong> na qualidade<br />

ambiental de bacias hidrográficas, em relação às outras atividades ocorrentes e;<br />

5. Promover o planejamento e reordenamento da atividade suinícola, em bases<br />

ambientalmente sustentáveis.<br />

7.2 Subsídios diretos para a tomada de decisão – Projeto SAD<br />

O Sistema de Apoio à Decisão –SAD deve ter como público-alvo, toda a gama de<br />

toma<strong>do</strong>res de decisão, sejam os responsáveis pelo licenciamento ambiental e órgãos de<br />

fomento, os empreende<strong>do</strong>res (produtores, associações de produtores, integra<strong>do</strong>ras e<br />

entidades similares de representação) e as entidades locais envolvidas com a questão.<br />

Através <strong>do</strong> desenvolvimento de uma ferramenta de análise, contemplan<strong>do</strong><br />

características das propriedades suinícolas e das suas áreas de inserção, o méto<strong>do</strong> viabiliza a<br />

análise e o planejamento integra<strong>do</strong>s de bacias hidrográficas, subsidian<strong>do</strong> tecnicamente o<br />

processo de tomada de decisão, de forma a minimizar o impacto ambiental da <strong>suinocultura</strong><br />

sobre os recursos hídricos.<br />

A utilização de informações geradas pela ferramenta promove o conhecimento de<br />

fatores essenciais para o controle da poluição decorrente da <strong>suinocultura</strong>, subsidian<strong>do</strong> a<br />

identificação de demandas pela incorporação de tecnologias e o planejamento da distribuição<br />

territorial <strong>do</strong>s empreendimentos suinícolas (Figura 60).<br />

Culturas Anuais<br />

Pastagens<br />

Floresta<br />

Outras Áreas<br />

Figura 60 – Características <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo nas propriedades e regime de chuvas na região.<br />

93<br />

MARÇO<br />

OUTUBRO


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

7.3 Estratégias de implantação<br />

As ferramentas desenvolvidas pelo Projeto SAD estão sen<strong>do</strong> incorporadas na análise<br />

<strong>do</strong>s processos de licenciamento da FATMA as atividades de <strong>suinocultura</strong>, na bacia <strong>do</strong> Lagea<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s Fragosos, ten<strong>do</strong> seu foco volta<strong>do</strong> para a implantação nas demais bacias com atividades de<br />

<strong>suinocultura</strong>.<br />

Estão organizadas e disponibilizadas informações específicas de cada propriedade e<br />

das áreas de terceiros que recebem dejetos, tais como: plantel; produção de dejetos; áreas<br />

disponíveis para disposição; incidência de fatores de restrição para atividade (áreas de<br />

preservação permanente, afastamentos de ro<strong>do</strong>vias e áreas urbanas, etc.); características <strong>do</strong><br />

uso e ocupação <strong>do</strong> solo; qualidade <strong>do</strong>s recursos hídricos; considerações sobre Reserva Legal<br />

e uso de mata nativa e; capacidade de suporte ambiental das bacias hidrográficas.<br />

Os técnicos responsáveis pelo licenciamento poderão cadastrar da<strong>do</strong>s e consultar<br />

informações específicas de cada propriedade suinícola e <strong>do</strong> conjunto destas, como fator da<br />

qualidade ambiental da região, como podemos observar nas figuras ilustrativas da Ferramenta<br />

SAD abaixo (Figura 61). Este procedimento irá subsidiar análises ambientais, com base em um<br />

sistema de informações geográficas, promoven<strong>do</strong> o conhecimento da realidade que encontrará<br />

em suas vistorias de campo, permitin<strong>do</strong> ainda sua complementação com os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in<br />

loco.<br />

As informações geradas irão subsidiar também o setor produtivo através da melhor<br />

caracterização <strong>do</strong>s fatores ambientais relaciona<strong>do</strong>s com a produção, deixan<strong>do</strong> mais claros e<br />

objetivos os processos de licenciamento ambiental e fornecen<strong>do</strong> informações para o<br />

planejamento de seus investimentos, sejam eles em melhores áreas para expansão e/ou para<br />

a implementação de tecnologias de mitigação <strong>do</strong>s impactos ambientais da atividade.<br />

Com esta ferramenta, a FATMA e o setor produtivo poderão alcançar seus objetivos<br />

de forma mais eficiente, aumentan<strong>do</strong> a precisão nos processos de tomada de decisão, tanto na<br />

emissão de licenças ambientais como no planejamento da produção suinícola.<br />

94


Relação de área demandada e disponível<br />

para aplicação de dejetos<br />

Banco de da<strong>do</strong>s das<br />

propriedades na<br />

bacia hidrográfica<br />

Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Cargas polui<strong>do</strong>ras nos<br />

recursos hídricos<br />

Figura 61 –Telas apresentadas pelo programa SAD.<br />

95<br />

Diferentes tipos<br />

de informações<br />

sobre as<br />

propriedades<br />

Características da área de<br />

localização da propriedade


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

8 CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES<br />

96<br />

Paulo Arman<strong>do</strong> Victória de Oliveira<br />

Embrapa Suínos e Aves<br />

Cinthya Mônica da Silva Zanuzzi<br />

FATMA<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> geraram conclusões e recomendações que podem ser<br />

a<strong>do</strong>tadas em bacias hidrográficas onde existe sistemas de produção de suínos. Estas práticas<br />

ambientais a<strong>do</strong>tadas no <strong>projeto</strong> auxiliam a minimizar os impactos negativos gera<strong>do</strong>s pela<br />

produção intensiva de suínos, nas águas superficiais e subterrâneas, assim como no solo.<br />

O <strong>projeto</strong> demonstrou que com pequeno investimento em adequação ambiental nas<br />

propriedades é possível conseguir ganhos ambientais consideráveis.<br />

A concepção de <strong>projeto</strong>s com muitas ações complexas envolven<strong>do</strong> diferentes áreas <strong>do</strong><br />

conhecimento na gestão ambiental e diferentes instituições, deveriam ser dividi<strong>do</strong>s em<br />

pequenos sub<strong>projeto</strong>s com ações pontuais. Sempre foca<strong>do</strong> nos objetivos principais <strong>do</strong> <strong>projeto</strong><br />

e desenvolvi<strong>do</strong> sob a responsabilidade de instituições especificas.<br />

O envolvimento das agroindústrias nas ações de intervenções tecnológicas<br />

desenvolvidas, permitiu aos técnicos o conhecimento das boas praticas ambientais trabalhadas<br />

e que servirão de instrumento de transformação ambiental na produção de suínos.<br />

No andamento <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> foram discuti<strong>do</strong>s muitos pontos conflitantes estabeleci<strong>do</strong>s na<br />

Instrução Normativa da Suinocultura IN-11, que motivou a FATMA rever esta instrução<br />

normativa e promover reuniões técnicas para elaboração de uma nova Instrução Normativas<br />

(IN 41), para a Suinocultura, baseada em grande parte nas informações geradas pelo <strong>projeto</strong>.<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia de avaliação ambiental através da elaboração<br />

de um “Cheklist” para a <strong>suinocultura</strong>. A finalidade foi a elaboração de <strong>projeto</strong>s de adequação<br />

ambiental, basea<strong>do</strong>s na identificação das questões ambientais existentes nas propriedades.<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia de monitoramento da qualidade da água, em<br />

bacias hidrográficas, cuja fonte principal de poluição é a <strong>suinocultura</strong>, Os aspectos físicoquímicos<br />

e o biomonitoramento, foram correlaciona<strong>do</strong>s pela primeira vez no esta<strong>do</strong> de Santa<br />

Catarina.<br />

As ações desenvolvidas no âmbito <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> propiciaram o desenvolvimento de um<br />

Modelo Piloto de avaliação de boas práticas ambientais, implanta<strong>do</strong> em bacia hidrográfica.<br />

Modelo este que pode servir como referência para outros <strong>projeto</strong>s semelhantes desenvolvi<strong>do</strong>s.<br />

O uso <strong>do</strong> IQA como indicativo <strong>do</strong> nível de qualidade da água, no rio principal de bacias<br />

hidrográficas, em regiões com pre<strong>do</strong>minância da <strong>suinocultura</strong> mostrou-se insatisfatório e<br />

incapaz de gerar um resulta<strong>do</strong> confiável.<br />

As meto<strong>do</strong>logias usadas no monitoramento da qualidade da água superficial nas<br />

bacias hidrográficas, baseadas na avaliação de parâmetros físico-químico, não foram capazes<br />

de demonstrar com confiabilidade o nível de poluição existente. Pois para fontes de poluição<br />

difusa, como foi o caso avalia<strong>do</strong>, deve-se desenvolver uma meto<strong>do</strong>logia específica.<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu uma meto<strong>do</strong>logia para a elaboração de mapas (plantas e<br />

croquis) detalha<strong>do</strong>s de cada propriedade. Meto<strong>do</strong>logia esta que baseou-se nas imagens de<br />

satélites (Quicbird) das duas bacias geran<strong>do</strong> mapas que determinaram as faixas ciliares, a<br />

reserva legal das propriedades, a localização espacial da propriedade com suas respectivas<br />

distâncias <strong>do</strong>s cursos e nascentes de água e das estradas. Também localizou-se<br />

espacialmente as intervenções tecnológicas utilizadas na adequação ambiental e a localização<br />

e determinação das áreas de campos, lavouras e florestas utilizadas na elaboração <strong>do</strong>s planos<br />

agronômicos.


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

Foram elabora<strong>do</strong>s Planos Agronômicos das Propriedades (PAPs), <strong>do</strong> terço superior<br />

das duas bacias trabalhadas, através das análises de solos, <strong>do</strong> levantamento das áreas<br />

disponíveis para cultivo e das culturas implantadas em cada propriedade. Isto possibilitou uso<br />

<strong>do</strong>s dejetos como fertilizante orgânico aumentan<strong>do</strong> indiretamente a renda <strong>do</strong> produtor.<br />

O <strong>projeto</strong> desenvolveu meto<strong>do</strong>logias de recuperação das áreas de preservação<br />

permanente e implantou unidades piloto que demonstraram “in loco” a efetiva ação<br />

recuperação das áreas de APP.<br />

Foram implantadas 6 unidades piloto para avaliação técnica e econômica de algumas<br />

tecnologias, tais como: biodigestor para a geração de energia elétrica na propriedade;<br />

biodigestor para a geração de energia térmica (substituição da lenha e <strong>do</strong> GLP por biogás) no<br />

aquecimento <strong>do</strong> ar ambiente no interior de aviários. Além de duas unidades de criação de<br />

suínos em sistema de cama biológica (Cama Sobreposta); uma cisterna para avaliação <strong>do</strong> uso<br />

da água da chuva e uma unidade de compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos e<br />

geração de composto orgânico.<br />

O uso da compostagem para o tratamento <strong>do</strong>s dejetos de suínos demonstrou a<br />

possibilidade da geração de fertilizante orgânico trazen<strong>do</strong> vários benefícios ao suinocultor,<br />

entre eles a viabilidade da concentração da produção de animais em pequenas propriedades<br />

com pouca área agrícola disponível. A compostagem melhorou a qualidade agronômica <strong>do</strong><br />

adubo orgânico reduzin<strong>do</strong> os custos de transporte e distribuição, minimizan<strong>do</strong> o risco ambiental<br />

pela transformação <strong>do</strong>s dejetos líqui<strong>do</strong>s em adubo sóli<strong>do</strong>. Em propriedades que apresentam os<br />

bens naturais satura<strong>do</strong>s pelo manejo inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dejetos suínos, a compostagem se<br />

apresenta como uma alternativa viável para a continuidade dessa atividade pelos produtores.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstraram que é viável o uso <strong>do</strong> biodigestor nas<br />

propriedades produtoras de suínos para geração de energia térmica, mecânica e elétrica.<br />

O biogás gera<strong>do</strong> é uma fonte de energia renovável e pode ser usa<strong>do</strong> na substituição<br />

de fontes tradicionais de energia como o GLP, a lenha e a gasolina, em propriedades rurais.<br />

Dentre as ações <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> demonstrou-se que o biogás produzi<strong>do</strong> diariamente, pelos<br />

dejetos de 400 suínos nas fases de crescimento e terminação, gera energia térmica suficiente<br />

para aquecer o ambiente interno de um aviário, para produção de 14.000 frangos de corte.<br />

Recomenda-se o uso <strong>do</strong> biodigestor para reduzir a emissão <strong>do</strong>s gases de efeito estufa<br />

e de o<strong>do</strong>res nas propriedades produtoras de suínos.<br />

Demonstrou-se que o biodigestor é parte integrante de um sistema de tratamento de<br />

dejetos de suínos, não deven<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> como unidade final de tratamento e sim como<br />

unidade intermediária.<br />

Em glebas onde o fator limitante é a declividade, deve-se tomar cuida<strong>do</strong> especial com<br />

a aplicação <strong>do</strong> dejeto, evitan<strong>do</strong> o escorrimento excessivo <strong>do</strong> mesmo, principalmente em áreas<br />

muito compactadas devi<strong>do</strong> a utilização com bovinocultura.<br />

O <strong>projeto</strong> SAD desenvolveu uma ferramenta de apoio à tomada de decisão que<br />

considera a bacia hidrográfica como um espaço de delimitação de processos ambientais.<br />

Foi desenvolvida através <strong>do</strong> <strong>projeto</strong> SAD em parceria com o Projeto Suinocultura<br />

Santa Catarina – PNMA II, uma meto<strong>do</strong>logia para caracterizar o papel da <strong>suinocultura</strong> na<br />

qualidade ambiental de bacias hidrográficas e promover o planejamento e reordenamento da<br />

atividade suinícola, em bases ambientalmente sustentáveis.<br />

Em <strong>projeto</strong>s de recuperação de ativos ambientais, especialmente a água, em<br />

propriedades suinícolas, as propostas de intervenções tecnológicas, devem considerar todas<br />

as fontes polui<strong>do</strong>ras existentes nas propriedades. Essas propriedades dificilmente<br />

desenvolvem somente a <strong>suinocultura</strong>. A diversidade de resíduos orgânicos produzi<strong>do</strong>s nas<br />

propriedades gera a sobreposição das fontes polui<strong>do</strong>ras, o que pode levar sem os cuida<strong>do</strong>s de<br />

uma gestão adequada <strong>do</strong>s resíduos a maximização <strong>do</strong> esgotamento <strong>do</strong>s bens materiais.<br />

97


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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98


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

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manual de boas práticas. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2004. 109p. Programa<br />

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Decorrente da Suinocultura em Santa Catarina – Convênio nº 2002CV000002.<br />

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Centre de Recherches de Rennes, 2005. 106p.<br />

PEDROSO-DE-PAIVA, D.; BLEY JUNIOR, C. Emprego da compostagem para destinação final<br />

de suínos mortos de resto de parição. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 2001. 10p. (EMBRAPA-<br />

CNPSA. Circular Técnica, 26).<br />

PILLON, C. N.; MIRANDA, C. R.; GUIDONI, A. L.; COLDEBELLA, A.; PEREIRA, R.K.<br />

Diagnóstico das Propriedades Suinícolas da Área de Abrangência <strong>do</strong> Consórcio<br />

Lambari, SC. Concórdia: Embrapa Suinos e Aves, 2003.33p. (EMBRAPA- CNPSA.<br />

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SILVA, F. C. M. Diagnóstico sócio, econômico e ambiental aspectos sobre a<br />

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Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.<br />

99


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Recomendações de adubação e de<br />

calagem para os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul e Santa Catarina. 3.ed. Passo Fun<strong>do</strong>,<br />

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100


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

ANEXOS<br />

1 Publicações relativas ao Projeto Suinocultura<br />

101


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

102


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

103


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

2 Jornal de divulgação <strong>do</strong> Projeto Suinocultura<br />

104


Gestão Ambiental de Propriedades Suinícolas:<br />

Experiência <strong>do</strong> Projeto Suinocultura Santa Catarina - PNMA II<br />

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA<br />

PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE II – PNMA II<br />

PROJETO CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA SUINOCULTURA<br />

EM SANTA CATARINA<br />

COORDENAÇÃO ESTADUAL<br />

Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Desenvolvimento Sustentável<br />

CO-EXECUTORES<br />

Secretaria de Esta<strong>do</strong> da<br />

Agricultura e Política<br />

Rural<br />

EXECUTORA<br />

Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento<br />

PARCEIROS<br />

ACCB/SUL – Associação Catarinense <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res de Bovinos de Santa Catarina, ACCS/SUL - Associação Catarinense<br />

<strong>do</strong>s, Cria<strong>do</strong>res de Suínos de Santa Catarina, Colégio Espaço Ltda, EAFC - Escola Agrotécnica Federal de Concórdia, UnC<br />

– Universidade <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, UNOESC – Universidade <strong>do</strong> Oeste de Santa Catarina, UNISUL – Universidade <strong>do</strong> Sul de<br />

Santa Catarina, UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, Copérdia – Cooperativa de Produção e Consumo<br />

Concórdia Ltda, Sadia S.A., Prefeitura Municipal de Concórdia através da FUNDEMA – Fundação Municipal de Defesa <strong>do</strong><br />

Meio Ambiente, PMBN – Prefeitura Municipal de Braço <strong>do</strong> Norte, SRBN – Sindicato Rural de Braço <strong>do</strong> Norte, STRBN -<br />

Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais de Braço <strong>do</strong> Norte SC, GEASC – Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense, 20ª GEREI<br />

– Gerência Regional de Educação de Braço <strong>do</strong> Norte SC, CINCRES – Centro Integra<strong>do</strong> de Ciências da Região Sul de<br />

105

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