AZ 192DEC.pdf - Exército Português
AZ 192DEC.pdf - Exército Português
AZ 192DEC.pdf - Exército Português
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Revista MiLitaR Da iNFaNtaRia<br />
ePi<br />
N.º 192 – Dezembro 2011<br />
Diretor:<br />
Comandante da ePi<br />
COR iNF João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro<br />
Coordenação e Redação:<br />
COR iNF ReF Nelson de sousa Figueiredo<br />
tCOR iNF Rui Dias<br />
tCOR iNF Mário alvares<br />
CaP iNF Bruno Mendes<br />
Relações Públicas:<br />
CaP iNF Bruno Mendes<br />
Capa:<br />
tCOR iNF Mário alvares<br />
Fotografia:<br />
Centro de audio visuais do exército<br />
Composição/Paginação:<br />
sOLD RC Lino Rocha<br />
impressão:<br />
Rolo & Filhos ii, s.a. (Mafra)<br />
tel. 261 816 500<br />
Propriedade:<br />
ePi - alameda da escola Prática de infantaria<br />
2640 - 777 MaFRa<br />
tel. Civil - 261 81 21 05<br />
Fax Civil - 261 81 16 01<br />
tel. Mil. (Central) - 420 400<br />
Fax Mil. - 420 505<br />
tel. Relações Públicas - 420 456<br />
Fax Relações Públicas - 420 455<br />
www.exercito.pt<br />
epi.mafra@mail.telepac.pt<br />
epi.azimute@mail.telepac.pt<br />
epi@mail.exercito.pt<br />
tiragem:<br />
800 exemplares<br />
Depósito Legal n.º 4510/84<br />
6<br />
A renovação da eficiência na Escola Regimental<br />
62<br />
tomada de posse do novo Comandante da ePi<br />
29<br />
as provas de decisão militar<br />
Nº 192 DEC11<br />
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
1
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
2<br />
3 editorial<br />
4 Mensagem de Natal do Director-Honorário da arma de infantaria<br />
5 Novo Comandante da ePi<br />
6 tomada de posse do novo Comandante da ePi<br />
9 Regimento de infantaria N.º 10<br />
15 14 de agosto, Dia da infantaria<br />
22 exposição do 14 de agosto<br />
25 Um sistema de Gestão da Qualidade integrado<br />
29 A renovação da eficiência na Escola Regimental - Novos processos, novas dinâmicas<br />
33 A Escola e a importância dos processos na gestão dos recursos.<br />
37 Saber Fazer, Saber Mais e Fazer Mais e Melhor - A Eficiência Processual das Organizações -<br />
40 Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas<br />
43 Sistema de Análise Vídeo – Novas Dinâmicas Formativas para o Combate em Áreas Edificadas<br />
45 instrução de tiro e infraestruturas de tiro. Qual o caminho a seguir?<br />
49 Nato Urban Operations.Nato training Group task Group - Reunião Grécia – 2ºsemestre<br />
52 Operações de Cerco e Busca<br />
59 a Psicologia Organizacional e a instituição Militar<br />
62 as Provas de Decisão Militar<br />
65 Materiais fibrosos na proteção militar<br />
70 Fibras na proteção pessoal<br />
77 a primeira Oficial de infantaria do sexo feminino - a vitória sobre um dogma<br />
79 testagem de vidros com protecção balistica com a empresa viCeR<br />
82 Cooperação técnico-Militar com timor-Leste - Projecto Nº4<br />
87 MCCC – Maneuver Captains Career Course<br />
89 Clube Militar de Oficiais de Mafra<br />
91 Cursos, visitas e Notícias<br />
99 Microtreinos ou Microssessões<br />
103 O Natal visto por poetas portugueses ao longo de 500 anos<br />
104 in memoriam<br />
Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores,<br />
e não vinculam as opiniões do Corpo editorial.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Indíce<br />
Ronda pelas Unidades<br />
Temas Gerais<br />
Tema - O desafio da qualidade e a reforma dos processos de trabalho<br />
Tecnicamente Falando<br />
Actividades<br />
Cultural
Pensar, comunicar e agir com positividade<br />
Editorial<br />
Nesta primeira oportunidade de escrever este editorial, quero iniciar esta mensagem saudando todos os<br />
Infantes e também todos os leitores desta publicação que tanto tem contribuído para transmitir os ideais de<br />
tradição e de inovação que sempre caraterizaram a Arma de Infantaria e a sua Casa Mãe.<br />
Uma segunda palavra é inteiramente devida aos militares e civis da<br />
Escola Prática de Infantaria, os que nela atualmente servem e os que nos<br />
deixaram este nobre legado que, diariamente, procuramos honrar com devoção<br />
e espírito de missão. É com particular orgulho e enorme satisfação<br />
que constato e manifesto a elevada qualidade e proficiência com que a<br />
Escola vem cumprindo com as suas atividades e tarefas. O seu volume,<br />
abrangência e complexidade continua a encontrar o justo rival na iniciativa,<br />
no espírito e na combatividade dos Infantes da Escola.<br />
No atual momento de incerteza e de imprevisibilidade, a Escola procura<br />
responder com atitudes positivas, novas aberturas e uma postura de esperança,<br />
não apenas porque a incerteza sempre foi, e sempre será, uma das<br />
características próprias do ambiente operacional no qual os militares se<br />
movem, mas pelas suas particulares responsabilidades na transmissão e<br />
no reforço às novas gerações de Oficiais, Sargentos e Praças que aqui iniciam<br />
ou concluem as suas ações de formação inicial, dos mais puros valores<br />
militares, humanos e profissionais da Infantaria, instrumentos essenciais e particularmente adequados à ultrapassagem<br />
dos desafios e das perceções que em determinado momento nos possam parecer incontornáveis.<br />
É desta forma que a Casa Mãe vem procurando reinventar-se todos os dias, reforçando estas mensagens e<br />
procurando metodologias e instrumentos mais eficientes, reduzindo os encargos e cumprindo com eficácia as<br />
suas missões. Simultaneamente, a Escola mantém o seu esforço na sua missão fundamental, a formação, mas<br />
com um espírito crítico, procurando melhores conteúdos e formas de fazer chegar o conhecimento adequado<br />
aos seus formandos. Abrimos ainda novas portas a novos atores, através do estabelecimento de relações no<br />
mundo académico e empresarial, no âmbito da investigação e do desenvolvimento ou na cooperação com entidades<br />
diversificadas, de que procuramos dar boa conta nesta edição da Azimute.<br />
Esta é a resposta que a Escola de todos os Infantes procura materializar, incessantemente, pensando, comunicando<br />
e agindo com positividade e, na certeza da continuidade da moralidade das missões, afastando a<br />
negatividade com competência, determinação e criatividade.<br />
Privilegiando os princípios da Segurança e da Qualidade, a EPI iniciou mais um ano letivo, exercendo o seu<br />
esforço em três linhas de ação: a implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade nos diferentes subsistemas<br />
funcionais da unidade, o desenvolvimento do Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas,<br />
bem como projetando e preparando a provecta mas sempre jovem idade de quase 125 anos da nossa Escola.<br />
É assim, com natural orgulho no nosso longo passado e com justificada esperança no nosso futuro que pretendo<br />
hoje, em conjunto com todos os militares e civis da Escola, desejar a todos os nossos leitores, de forma<br />
muito sentida e sincera, um Santo Natal e um 2012 pleno de confiança e de realização.<br />
Nº 192 DEC11<br />
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
3
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
4<br />
Caros (as) Infantes!<br />
Nº 192 DEC11<br />
Mensagem de Natal<br />
do<br />
Director-Honorário da Arma de Infantaria<br />
Não constitui surpresa para ninguém que a situação do Portugal de hoje é grave. Todos os dias nos<br />
apercebemos nos mais diversos órgãos de comunicação social (OCS) que Portugal, a Europa e o Mundo<br />
Ocidental atravessam uma grave e muito preocupante crise financeira. Ouve-se falar de bancarrota, de<br />
colapso da economia e de desemprego. Nós militares, nós Infantes, não estamos imunes a tais situações<br />
e, por isso, sofremos, como os demais portugueses, os sacrifícios que o actual quadro do País nos<br />
obriga.<br />
No entanto, e sem pretender levantar qualquer polémica, até porque vos escrevo em pleno período e<br />
espírito natalício, estranho, interrogo-me, tento descortinar a razão ou os motivos para ninguém falar em<br />
crise de valores. Sim, porque, salvo melhor opinião, a situação em que vivemos só foi possível porque às<br />
palavras não corresponderam os respectivos actos. Mas para nós Infantes as palavras e os actos têm de<br />
andar sempre de mãos dadas, pois não é possível estar permanentemente disponível para defender os<br />
mais elevados interesses de Portugal se esses não forem valores e desígnios verdadeiramente Nacionais<br />
e não contribuírem para o engrandecimento da Pátria.<br />
É em tempo de crise que nós Infantes mais facilmente compreendemos o que nos foi ensinado e que<br />
procuramos praticar no dia-a-dia. É em tempos difíceis que o valor da iniciativa assume papel primordial.<br />
A rotina fácil e servil perverte vontades e promove em cada um de nós a execução automática das<br />
prescrições superiores. O hábito, qual lei da natureza, potencia defeitos e vícios dificilmente extinguíveis.<br />
Os tempos que estamos a viver carecem do contributo de todos, de modo que, esboçada a ideia geral,<br />
a ideia directriz, a ideia motora, ou seja, o conceito de operação, que para merecer tal designação tem de<br />
ser exequível, cada comandante ou chefe, ao seu nível, tem a obrigação e o dever de a completar consoante<br />
as circunstâncias particulares do seu caso. Deste modo, ninguém poderá ousar afirmar que não<br />
fez o que devia por não ter recebido a ordem. Por outro lado, a verdadeira iniciativa, não deve, não pode,<br />
contrariar o pensamento e a intenção do “General em Chefe”. Porém, o princípio da iniciativa não é cada<br />
um fazer desordenadamente o que quiser. É, pelo contrário, a divisão organizada do trabalho, a sinergia<br />
de esforços inteligentes, é o complemento da arte criadora do comando. A iniciativa nasce do estudo, da<br />
competência, do critério, da razão e até da alma do subordinado. A iniciativa deve ser cuidadosamente<br />
cultivada na paz, para não emergir como uma surpresa na guerra.<br />
Neste período de Natal, aproveitemos para meditar no valor da iniciativa, para que sejamos capazes<br />
de encontrar as melhores formas de contribuir, sem aumento de recursos, para a saída da crise que se<br />
abateu sobre Portugal.<br />
Um Santo Natal para todos (as) aqueles (as) que servem Portugal na Infantaria e, em especial, para<br />
aqueles (as) que nesta quadra festiva, por razões de serviço, se encontram longe do Território Nacional.<br />
O Director-Honorário da arma de infantaria<br />
João Nuno Jorge vaz antunes<br />
tenente-General
Novo Comandante da EPI<br />
João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro<br />
Coronel de Infantaria<br />
O Coronel João Pedro Ribeiro, nasceu na Covilhã,<br />
a 29 de Dezembro de 1964.<br />
Frequentou os estudos básicos e secundários na<br />
mesma cidade, tendo concluído o 12º ano de escolaridade<br />
em Coimbra. ingressou na<br />
academia Militar em setembro de<br />
1982, concluindo a Licenciatura em<br />
Ciências Militares – ramo Infantaria,<br />
no ano de 1987.<br />
Frequentou posteriormente alguns<br />
cursos de especialização, nas<br />
áreas da Defesa Nuclear, Biológica e<br />
Química e Operações de apoio à Paz,<br />
para além dos cursos curriculares<br />
normais, como o Curso de Promoção<br />
a Capitão de infantaria em 1991 e o<br />
Curso de Promoção a Oficial Superior<br />
em 1995. Frequentou ainda o Curso de<br />
estado-Maior do exército, no instituto<br />
de altos estudos Militares, entre 1997<br />
e 1999.<br />
ao longo da sua vida militar, desempenhou serviço<br />
na academia Militar, Regimento de infantaria<br />
do Funchal, escola Prática de infantaria, Comando<br />
da instrução, Brigada Mecanizada independente,<br />
Instituto de Altos Estudos Militares, Presidência da<br />
República e Comando das Forças terrestres.<br />
entre 1989 e 1996, desempenhou diversas funções<br />
no âmbito do Comando, Direcção e Chefia, das<br />
quais se destacam os três anos de comando de subunidades<br />
de escalão companhia e a Direcção do<br />
Tirocínio para Promoção a Oficial de Infantaria. Ao<br />
longo do mesmo período assumiu diversas responsabilidades<br />
no âmbito do ensino e da instrução, particularmente<br />
no que concerne à instrução do Corpo<br />
de alunos da academia Militar e ao ensino de vários<br />
Cursos de Promoção a Capitão de infantaria. De<br />
destacar igualmente as funções exercidas enquanto<br />
Chefe da secção de estudos técnicos da escola<br />
Prática de infantaria, realizando diversos estudos e<br />
testes relativos a técnicas, tácticas e equipamentos<br />
específicos da sua Arma.<br />
Após a frequência do Curso de Estado-Maior que<br />
concluiu com a classificação de distinto, foi colocado<br />
no Comando da Instrução, na directa dependência<br />
do tenente General Comandante da instrução do<br />
exército, onde desenvolveu estudos nas áreas do<br />
Ensino à Distância, do Sistema de Instrução para o<br />
exército de voluntários e no novo Regulamento de<br />
instrução do exército.<br />
No âmbito operacional, exerceu as funções de<br />
Oficial de Operações do Agrupamento DELTA da<br />
Brigada Mecanizada independente, força nacional<br />
destacada para o teatro de operações do Kosovo,<br />
durante o período 2000-2001.<br />
Foi posteriormente colocado no instituto de altos<br />
estudos Militares, como Professor, leccionando diversas<br />
matérias na área da táctica, com destaque para as<br />
Operações Conjuntas e Combinadas.<br />
entre setembro de 2003 e Março<br />
de 2006, desempenhou as funções<br />
de Staff Training Development Officer<br />
e Policy and Programming Officer,<br />
na Divisão de treino do Joint Force<br />
Command Headquarters Naples, em<br />
Itália, no âmbito do desenvolvimento<br />
de conceitos de treino, programação e<br />
execução de exercícios NatO.<br />
De Março de 2006 a Julho de 2008<br />
desempenhou as funções de assessor<br />
Militar para o exército de sua<br />
Excelência o Presidente da República.<br />
Posteriormente foi nomeado 2º<br />
Comandante da escola Prática de<br />
infantaria, funções que exerceu entre agosto de 2008<br />
e Dezembro de 2009.<br />
em Janeiro de 2010 iniciou o desempenho de funções<br />
no gabinete do tenente General Comandante<br />
das Forças terrestres, assumindo em particular o<br />
cargo de Chairman do eUROFOR sUBWORKiNG<br />
GROUP, no âmbito do projecto do levantamento do<br />
primeiro Battle Group disponibilizado por esta entidade<br />
à União europeia e as funções de coordenador nacional,<br />
no âmbito do CFT, do projecto de levantamento<br />
e aprontamento das capacidades nacionais oferecidas<br />
para aquela capacidae de reacção rápida.<br />
Foi ainda delegado do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> em diversos<br />
grupos de trabalho NatO, tendo sido promovido<br />
ao actual posto em 30 de Junho de 2009.<br />
Por despacho de Sua Excelência o General Chefe<br />
de estado Maior do exército, foi nomeado por escolha<br />
para as funções de Comandante da escola Prática<br />
de infantaria, funções que assumiu desde 05 de<br />
setembro de 2011.<br />
Da sua folha de serviços constam diversos louvores<br />
e condecorações, das quais se destaca o agraciamento<br />
com o grau de Comendador da Ordem Militar<br />
de Avis, três Medalhas de Prata de Serviços Distintos,<br />
uma das quais com palma, a Medalha de Mérito Militar<br />
de 3ª classe, a Medalha da Defesa Nacional de 2ª<br />
classe, as Medalhas de 2ª e 3ª classes de D. afonso<br />
Henriques, a Medalha de Prata de Comportamento<br />
exemplar e duas Medalhas NatO da Campanha do<br />
Kosovo.<br />
O Coronel Ribeiro é casado e tem uma filha e dois<br />
azimute filhos.<br />
Nº 192 DEC11<br />
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
5
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
6<br />
O Coronel de infantaria João<br />
Pedro Rato Boga de Oliveira<br />
Ribeiro assumiu, em 05 de<br />
setembro de 2011, o comando<br />
da escola Prática de infantaria.<br />
Por despacho de 11 de agosto de<br />
2011 de sexa o GeN CeMe, foi<br />
nomeado, “por escolha” para as<br />
funções de Comandante da ePi,<br />
o Cor inf João Pedro Rato Boga<br />
de Oliveira Ribeiro, tendo ocorrido<br />
em 05set11 a cerimónia<br />
de tomada de posse do coman-<br />
do da ePi na Parada Coronel<br />
Magalhães Osório. Pelas 10h30<br />
desse dia o exmo Comandante<br />
dirigiu-se para o gabinete do<br />
comandante onde, tradicionalmente,<br />
lhe foi colocado o crachá<br />
da Unidade, tendo-se dirigido<br />
de seguida para a parada onde<br />
Nº 192 DEC11<br />
Tomada de posse do novo Comandante da EPI<br />
a formatura geral o aguardava.<br />
Depois das honras militares o<br />
exmo comandante passou revista<br />
às tropas e proferiu o discurso<br />
de tomada de posse que seguidamente<br />
se transcreve:<br />
“ Oficiais, Sargentos, Praças e<br />
Funcionários Civis da Escola<br />
Prática de Infantaria:<br />
25 anos após aqui me ter<br />
apresentado como Aspirante<br />
Tirocinante, assumo hoje o co-<br />
mando da Escola Prática de<br />
Infantaria. Assumo o comando<br />
de uma Escola diferente. Porque<br />
a Escola é sempre diferente.<br />
Porque as pessoas que nela<br />
servem são diferentes ou porque<br />
exercem funções diferentes, porque<br />
utilizam novos instrumentos<br />
ou processos ou porque estão<br />
inseridas numa lógica estrutural<br />
modificada ou até, porque existem<br />
novas missões e tarefas.<br />
É esta permanente diferença<br />
que confere a esta Escola a<br />
sua adaptatividade e a perspectiva<br />
inovadora que sempre lhe<br />
garantiu e continua a garantir,<br />
uma posição cimeira e um reconhecimento<br />
inequívoco do<br />
desenvolvimento doutrinário,<br />
organizacional ou ao nível dos<br />
equipamentos e armamentos da<br />
Arma de Infantaria e tantas vezes,<br />
também do <strong>Exército</strong>. É esta<br />
diferença, sempre amplamente<br />
procurada, que garante a esta<br />
Escola a dinâmica para a constante<br />
investigação e descoberta<br />
de novos e melhores métodos,<br />
processos e doutrinas, hoje cada<br />
vez mais necessários para a<br />
adaptação militar às exigências<br />
do ambiente operacional interno<br />
e externo.<br />
É esta permanente diferença<br />
que tem permitido a coerência<br />
adequada às exigências de cada<br />
tempo e de cada solicitação.<br />
Será esta diferença que garantirá,<br />
uma vez mais, a capacidade<br />
de adaptação e de inovação que<br />
manterá a Escola na liderança<br />
dos processos de modernização<br />
e de formação da Infantaria e no<br />
apoio ao levantamento das novas<br />
capacidades do <strong>Exército</strong>.
Cerca de 2 anos após ter desempenhado<br />
as últimas funções<br />
que nesta Casa exerci, assumo<br />
hoje o comando da Escola.<br />
Da mesma Escola de sempre.<br />
Porque a Escola é sempre igual.<br />
Porque os valores, o espírito<br />
de serviço, de sacrifício e de missão<br />
das pessoas que nela servem,<br />
são imutáveis e perenes.<br />
Porque a vontade da perfeição<br />
e da excelência e a procura da<br />
sua transmissão aos que de nós<br />
dependem, associada ao são orgulho<br />
de servir na Casa-Mãe da<br />
Infantaria, continua a constituir<br />
a motivação essencial dos seus<br />
elementos. Porque o sentimento<br />
de protecção que nos liga a este<br />
espaço secular e a cumplicidade<br />
vivida com as entidades com<br />
quem o partilhamos e com a comunidade<br />
onde nos inserimos se<br />
mantém inalterada.<br />
É esta tradição transmitida<br />
e praticada de geração em geração,<br />
que vem conferindo à<br />
Escola a sua longevidade e será<br />
esta capacidade que lhe continuará<br />
a garantir a vontade férrea de<br />
se manter única e sempre pronta<br />
a aceitar e vencer os obstáculos<br />
que se lhe colocarem.<br />
Sempre diferente e sempre<br />
igual, a Escola vem percorrendo<br />
o seu caminho de desenvolvimento<br />
sustentado em direcção<br />
à excelência. Mas este percurso,<br />
longe de poder ser considerado<br />
automático, implica uma assunção<br />
individual e colectiva deste<br />
objectivo permanente e um empenhamento<br />
diário e total na sua<br />
consecução. Para continuarmos<br />
esse caminho, é imperioso mantermos<br />
a aplicação constante de<br />
princípios basilares: a segurança<br />
e a qualidade.<br />
A actividade militar é por inerência<br />
uma actividade de risco.<br />
Aceitá-lo significa reconhecê-lo,<br />
identificá-lo e promover todas as<br />
acções necessárias para o eliminar<br />
ou diminuir à sua mínima<br />
expressão. Tanto nas nossas posições<br />
individuais, como nas nossas<br />
actividades ou na guarda e<br />
utilização das instalações e equipamentos<br />
que nos são confiados.<br />
A segurança é um alicerce<br />
essencial da profissão militar e<br />
será sempre uma prioridade desta<br />
Escola, que se deve traduzir<br />
nas atitudes individuais e colectivas,<br />
nos procedimentos e na sua<br />
constante verificação. Concorre<br />
directamente para este desiderato<br />
a disciplina, não apenas<br />
nos seus aspectos externamente<br />
mais visíveis, mas sobretudo a<br />
auto-disciplina, praticada na sua<br />
verdadeira essência, em todos<br />
os actos e a todo o tempo.<br />
De igual importância, a qualidade<br />
é um factor determinante<br />
para o êxito da missão da Escola.<br />
Este princípio manifesta-se através<br />
de uma cultura organizacional<br />
de profissionalismo e rigor,<br />
sustentada em posturas e atitudes<br />
individuais de pormenor, materializando-se<br />
em processos verificáveis,<br />
incluindo a necessária<br />
Nº 192 DEC11<br />
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
7
z<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
8<br />
definição de objectivos e metas,<br />
uma programação criteriosa, um<br />
planeamento exaustivo, uma<br />
execução detalhada e uma avaliação<br />
contínua, permanentemente<br />
sob a supervisão e acompanhamento<br />
das lideranças de<br />
cada nível.<br />
Esta qualidade tem que ser<br />
verificada não apenas nas actividades<br />
e tarefas que nos vierem a<br />
ser solicitadas, mas também na<br />
preservação e aperfeiçoamento<br />
das condições de vida e de trabalho<br />
dos seus executantes.<br />
Assumindo sempre a formação<br />
como a sua primeira prioridade,<br />
a Escola manterá o seu<br />
esforço no desenvolvimento dos<br />
projectos que vem assumindo e<br />
nas reformas que tem vindo a encetar<br />
nos últimos anos, quer no<br />
âmbito da investigação e dos processos<br />
formativos, no sentido da<br />
manutenção do seu reconhecido<br />
estatuto de qualidade, como nos<br />
processos de âmbito regimental,<br />
procurando todos os dias, alcançar<br />
melhorias e ganhos que lhe<br />
garantam a melhoria das condições<br />
internas da unidade e a<br />
adequada afectação de recursos<br />
para as áreas essenciais da sua<br />
missão.<br />
A aplicação destes princípios<br />
– segurança e qualidade – constituirá<br />
a linha de acção essencial<br />
do Comando, na certeza de<br />
que a sua prática permanente<br />
Nº 192 DEC11<br />
contribuirá directamente para a<br />
condição fundamental do sucesso<br />
da Escola – manter os seus<br />
Soldados, no fundo os seus militares<br />
e civis, altamente motivados<br />
e conscientes da valia da sua<br />
acção, devolvendo à Infantaria,<br />
ao <strong>Exército</strong> e à Nação, quadros<br />
e tropas com uma cultura de modernidade,<br />
iniciativa e profissionalismo<br />
e dotados de profundos<br />
conhecimentos militares e vincados<br />
valores de cidadania.<br />
Militares e Funcionários Civis<br />
da Escola Prática de Infantaria<br />
Encontro-me, hoje, inundado<br />
por um sentimento de realização<br />
pessoal e profissional ímpar, ladeando<br />
com a consciência da<br />
enorme responsabilidade que<br />
estas funções encerram, emoções<br />
que encontram conforto e<br />
segurança nas vossas capacidades<br />
profissionais, extraordinário<br />
sentido de lealdade e espírito de<br />
missão que conheço e reconheço<br />
e com os quais conto de forma<br />
incondicional.<br />
Quero manifestar de forma<br />
inequívoca a sentida homenagem<br />
a todos quantos se nos antecederam<br />
e que elevaram esta<br />
Escola ao merecido patamar<br />
onde se encontra, como uma<br />
casa de formação de referência<br />
e de saber militar. A melhor justiça<br />
que podemos fazer-lhes é<br />
envidar todos os esforços para<br />
dar a devida continuidade a esta<br />
condição.<br />
A incerteza das condicionantes<br />
dos tempos futuros e das<br />
suas influências na vida da nossa<br />
Escola, constituem desafios que<br />
sendo seguramente diferentes<br />
e que nos impelem a fazer melhor<br />
com menos, não serão certamente<br />
maiores do que a nossa<br />
vontade, como em tantas outras<br />
situações com que os nossos antecessores<br />
foram confrontados.<br />
Tal como então, estou seguro, a<br />
nossa resposta residirá na nossa<br />
ambição de cumprir, na qualidade<br />
da nossa preparação e organização,<br />
na dinâmica da nossa inovação<br />
e criatividade construtiva, na<br />
eficácia das nossas acções e na<br />
evidência das mais insignes características<br />
dos Infantes: o brio,<br />
a disciplina e a humildade.<br />
As missões cumprem-se com<br />
as pessoas e hoje dirijo-me a<br />
todos os Infantes da Escola. A<br />
todos os que diariamente aqui<br />
servem com devoção e aos que<br />
longe do País levantam bem alto<br />
o prestígio desta Casa. Ciente<br />
da coesão e do espírito de união<br />
que a todos nos liga, manifesto<br />
a minha sólida confiança em todos<br />
vós, a minha esperança no<br />
nosso futuro e a minha firme vontade,<br />
determinação, empenho e<br />
dedicação à causa e à missão da<br />
azimute<br />
Escola.<br />
“AD UNUM”
Regimento de Infantaria N.º 10<br />
Anfiteatro natural de terra mar e ar, várias foram as estruturas militares que estiveram aquarteladas no extremo Sul da<br />
península de S Jacinto. O Regimento de Infantaria Nº 10 tem identidade própria, na sua génese convergem a linha do<br />
local que ocupa e que lhe advém da ligação à origem e desenvolvimento da aeronáutica militar portuguesa e das tropas<br />
pára-quedistas. Um outro ramo resulta da herança muito digna e honrosa conferida pela designação que actualmente<br />
ostenta, um extenso legado de presença e excelso desempenho atribuídos a uma Unidade militar criada em Lisboa e<br />
que esteve durante cerca de dois séculos e de forma descontinuada, sediada no Porto, na Figueira da Foz, em Bragança<br />
e na cidade de Aveiro.<br />
A Unidade Militar de S. Jacinto<br />
Base Aeronaval Francesa<br />
a presença militar na península<br />
de s. Jacinto iniciou-se durante a<br />
Primeira Grande Guerra Mundial,<br />
quando o Governo Francês solicitou<br />
a Portugal a instalação de uma<br />
esquadrilha da sua aviação Naval<br />
na região de aveiro, para poder<br />
combater a acção dos submarinos<br />
das potências do Eixo, que cruzavam<br />
a costa Atlântica do Território<br />
europeu.<br />
esta instalação concretizou-se<br />
no dia 1 de abril de 1918 1 , com a<br />
chegada a s. Jacinto de oito hidroaviões<br />
franceses, com os respectivos<br />
pilotos e pessoal de apoio.<br />
1 actualmente celebrado como Dia da<br />
Unidade.<br />
Os oito hidroaviões desembarcaram<br />
em Leixões e chegaram a s.<br />
Jacinto por terra, puxados por juntas<br />
de bois através dos areais do<br />
litoral da península. esta primeira<br />
infra-estrutura, bastante precária,<br />
era constituída por hangares e casas<br />
de madeira e lona.<br />
Com o final da Primeira Grande<br />
Guerra Mundial, em Dezembro de<br />
1918, o Posto Aeronaval Francês<br />
foi entregue ao serviço de aviação<br />
da armada Portuguesa, com todos<br />
os seus hidroaviões, meios e precárias<br />
infra-estruturas.<br />
Aviação Naval Portuguesa<br />
Logo após o final da Grande<br />
Guerra, em 1919, os hidroaviões<br />
levantam voo de s. Jacinto, para<br />
Chegada dos primeiros hidroaviões à Península de S. Jacinto, 1918.<br />
no Porto participarem na contenção<br />
da revolta conhecida por<br />
“Monarquia do Norte” 2 . É a esta acção<br />
militar que se deve a implantação<br />
definitiva do Centro de Aviação<br />
Naval na península de s. Jacinto.<br />
terminada a instabilidade político-militar,<br />
o Centro de aviação<br />
Naval de s. Jacinto inicia um período<br />
de franca expansão em termos<br />
de material e infra-estruturas,<br />
sobressaindo a construção de<br />
um “hangar” que era o maior da<br />
Península ibérica. Desde 1934<br />
passa a funcionar no Centro de<br />
aviação Naval de s. Jacinto a<br />
2 Revolta que ocorreu na cidade do<br />
Porto em 1919 e que pretendia a<br />
restauração da monarquia em<br />
Portugal, conhecida como Revolta da<br />
Traulitânia.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
9
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
10<br />
escola de aviação Naval almirante<br />
Gago Coutinho legalmente criada<br />
(no Bom sucesso, junto à torre<br />
de Belém) em 1925 passando a<br />
dispor de algumas instalações adicionais<br />
junto ao Forte da Barra, assim<br />
como um “hangar” na torreira,<br />
construído pelos estaleiros navais<br />
de s. Jacinto, que permitia aos hidroaviões<br />
amararem em situações<br />
de instrução.<br />
É a partir deste ano que se inicia,<br />
até 1952, uma fase de franco<br />
progresso da aviação Naval<br />
Portuguesa, sendo de salientar<br />
que a pista entretanto construída,<br />
na extremidade da península de s<br />
jacinto, foi a primeira em Portugal<br />
a dispor de iluminação eléctrica,<br />
mesmo antes do aeroporto da<br />
Portela de sacavém em Lisboa.<br />
Durante esses anos, numa lógica<br />
relação de causa e efeito, a<br />
aviação Naval percorreu o perío-<br />
do da sua “maturação” e a escola<br />
de aviação Naval almirante Gago<br />
Coutinho tornou-se sala de visitas<br />
da Marinha, visitada e apreciada<br />
por muitas entidades militares e civis,<br />
nacionais e estrangeiras.<br />
a última Unidade Operacional<br />
da aviação Naval em s. Jacinto,<br />
foi formada em princípios dos<br />
anos 50 do sec.XX, com os aviões<br />
Helldivers sB2C-5 3 .<br />
estes aparelhos, acabaram por<br />
ser os últimos aviões da estrutura<br />
da aviação Naval. em 1952, com a<br />
criação da Força aérea Portuguesa<br />
3 avião de fabrico americano que permitia<br />
bombardeamento picado e uma eficiente<br />
luta anti-submarina<br />
Nº 192 DEC11<br />
(FaP), através da fusão das aviações<br />
do exército e da Marinha, a<br />
escola de aviação Naval almirante<br />
Gago Coutinho, com todas as suas<br />
infra-estruturas e material aeronáutico,<br />
passa para o controlo deste<br />
novo ramo das Forças armadas<br />
Portuguesas e adopta a designação<br />
de Base aérea Nº 5.<br />
Força Aérea Portuguesa<br />
a Base aérea n.º 5 era uma unidade<br />
especialmente vocacionada<br />
para a instrução de pilotagem, sendo<br />
extinta em 1956 para dar lugar<br />
ao aeródromo – Base nº 2 (aB2),<br />
Unidade com a mesma missão da<br />
sua antecessora. em 1957, por<br />
razões relacionadas com o crescimento<br />
da Força aérea, assim como<br />
por razões de carácter político, baseadas<br />
na antevisão do envolvimento<br />
militar das Forças armadas<br />
Portuguesas nas Províncias<br />
Ultramarinas, o aB2 é substituído<br />
Centro de Aviação Naval de S. Jacinto<br />
pela Base aérea nº 7, mantendo-<br />
-se esta Unidade sempre vocacionada<br />
para as missões de instrução<br />
de pilotagem, a par da formação de<br />
técnicos e especialistas de manutenção<br />
e abastecimento.<br />
em 1975, após o regresso das<br />
Forças armadas das Províncias<br />
Ultramarinas africanas, considerada<br />
que foi a necessidade de efectuar<br />
o reajustamento e reorganização<br />
das tropas Pára-quedistas, foi<br />
criado, na dependência directa do<br />
Chefe do estado-Maior da Força<br />
aérea 4 , o Corpo de tropas Páraquedistas<br />
(CtP), herdeiro das tradições<br />
e do património histórico-<br />
-militar dos extintos Regimento de<br />
Caçadores Pára-quedistas e dos<br />
Batalhões de Caçadores Páraquedistas<br />
nº 12 (Bissau), nº 21<br />
(Luanda), nº 31 (Beira) e nº 32<br />
(Nacala).<br />
4 vide Decreto-Lei nº 350/75 de 5 de<br />
Julho.
Durante o ano de 1977, fruto<br />
da reestruturação Força aérea, a<br />
Base aérea nº 7, que com o termo<br />
da Guerra do Ultramar viu a<br />
sua importância reduzida e a sua<br />
missão reformulada, cede grande<br />
parte das suas instalações para o<br />
levantamento da Base Operacional<br />
de tropas Pára-quedistas nº 2<br />
(BOtP2) 5 , tendo, numa primeira<br />
fase, sido instalados em s. Jacinto<br />
o Comando da Base Operacional e<br />
uma Companhia de Pára-quedistas<br />
(Companhia de Pára-quedistas<br />
211).<br />
Com a criação oficial da<br />
BOtP2 6 , em paridade com o termo<br />
da operação da esquadra de<br />
aviões t-6, o Despacho nº 18/78<br />
do Chefe do estado-Maior da<br />
Força aérea desactiva a Ba7, instaura<br />
o aeródromo de Manobra nº2<br />
(aM2) e estabelece o estatuto de<br />
Funcionamento conjunto do aM2/<br />
BOTP2, o qual, além de definir<br />
as responsabilidades das duas<br />
Unidades em matéria de apoio<br />
mútuo, estabelece e delimita as<br />
áreas de ambas as Unidades em<br />
função das suas características e<br />
missões. O aM2 mantém uma esquadra<br />
operacional (operando aeronaves<br />
FtB-337), assim como as<br />
instalações aeroportuárias de s.<br />
5 Nos que antecederam a promulgação<br />
do Dec.-Lei nº 350/75 de 5 de Julho,<br />
foram efectuadas diversas diligências no<br />
sentido de apurar a melhor localização<br />
para as unidades pára-quedistas, tendo<br />
ficado definido que uma seria no Norte<br />
do país.<br />
6 vide Portaria nº 552-a/77 de 3 de<br />
setembro.<br />
Jacinto.<br />
imediatamente<br />
após a instalação da<br />
BOtP2 em s. Jacinto, o<br />
Comando do CtP inicia<br />
um programa de recuperação<br />
e de adaptação do<br />
aquartelamento às missões<br />
das subunidades<br />
nele instaladas, estabelecendo<br />
um plano<br />
de construção de novas<br />
infra-estruturas e<br />
de recuperação das já<br />
existentes, por forma<br />
a garantir o treino operacional<br />
um Batalhão<br />
de Pára-quedistas (BP<br />
21) e da Companhia de<br />
Morteiros Pesados, aptos<br />
a serem integrados<br />
num conjunto de Forças<br />
que haveriam de constituir<br />
a Brigada Pára-<br />
quedista Ligeira (BRiPaRas).<br />
Durante o ano de 1990, no<br />
âmbito de uma reestruturação do<br />
dispositivo do CtP, o Batalhão<br />
de Pára-quedistas Nº11 (BP 11),<br />
então aquartelado na BOtP1 –<br />
Monsanto, é transferido para s.<br />
Jacinto. Posteriormente, com a<br />
extinção da BOtP1 em 1991,<br />
são igualmente transferidas para<br />
s. Jacinto a Companhia anti-<br />
Carro (CaCar) e a Companhia de<br />
Comunicações (CCom), passando<br />
a estar aquarteladas em s.<br />
Jacinto a maioria das subunidades<br />
da BRiPaRas, designadamente<br />
o Batalhão de Pára-quedistas<br />
Torre de Controlo atribuída ao<br />
Arquitecto Keil do Amaral<br />
Nº11 (BP11), o Batalhão de<br />
Pára-quedistas Nº21 (BP21), o<br />
Grupo Operacional de apoio de<br />
serviços (GOas), a Companhia<br />
de Morteiros Pesados (CMP), a<br />
Companhia de Comunicações<br />
(CCom) e a Companhia anti-Carro<br />
(CaCar).<br />
Com a redução de Unidades-<br />
Base consumada no início dos<br />
anos 90, em 1992 a FaP desactiva<br />
totalmente o aeródromo de<br />
Manobra n.º 2, passando todas as<br />
instalações militares de s. Jacinto,<br />
para o controlo do Corpo de tropas<br />
Pára-quedistas. a BOtP2 passa a<br />
administrar a totalidade da área<br />
da Base em s.Jacinto, incluindo o<br />
complexo aeronáutico e pistas, o<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
11
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
12<br />
Sessão de lançamento na área de instrução de Muranzel<br />
Destacamento do Forte da Barra,<br />
que durante a decada de 80 devido<br />
às obras do Porto de aveiro mudou<br />
para as actuais instalações, assim<br />
como o Campo Militar do Muranzel<br />
- uma extensa faixa de terreno a<br />
sul da povoação da torreira.<br />
<strong>Exército</strong> <strong>Português</strong><br />
em 1 de Janeiro de 1994, no<br />
âmbito do processo de modernização<br />
e reorganização das Forças<br />
armadas Portuguesas, dá-se a<br />
extinção do CtP na Força aérea e<br />
a criação do Comando de tropas<br />
aerotransportadas (Ctat) no<br />
<strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>.<br />
Com esta alteração é extinta a<br />
BOtP2 e criada, a 1 de Janeiro de<br />
1994, na dependência do CTAT, a<br />
Área Militar de S. Jacinto (AMSJ).<br />
esta Unidade territorial, recebe<br />
todas as infra-estruturas e pessoal<br />
da extinta BOtP2 e passa a<br />
apoiar administrativa e logisticamente<br />
as subunidades operacionais<br />
da Brigada aerotransportada<br />
independente (Bai) aquarteladas<br />
na Área Militar, designadamente<br />
o 2ºBatalhão de infantaria<br />
aerotransportado, o Batalhão de<br />
apoio de serviços, a Companhia<br />
de transmissões, a Companhia de<br />
Morteiros Pesados e a Companhia<br />
anti-Carro.<br />
ainda em 1994, o Batalhão de<br />
apoio de serviços da Bai, activado<br />
em s. Jacinto com base nos efectivos<br />
e meios do extinto GOas,<br />
Nº 192 DEC11<br />
é transferido para tancos. em<br />
1996, segue-o a Companhia de<br />
transmissões, igualmente activada<br />
em s. Jacinto com os meios e<br />
efectivos da extinta Companhia de<br />
Comunicações. a Companhia de<br />
Morteiros Pesados permanece activada<br />
até 1997, servindo simultaneamente<br />
como unidade de apoio<br />
de fogos da Bai e embrião para a<br />
formação da 1ª Bataria de Bocas<br />
de Fogo (BBF) desta Brigada. em<br />
1997, é extinta a CMP e a 1ª BBF<br />
é transferida de s. Jacinto para<br />
Missão<br />
“O Regimento de infantaria<br />
10 garante a prontidão do<br />
2BiPara de acordo com os<br />
padrões superiormente definidos;<br />
assegura os serviços<br />
gerais da Unidade, a conservação<br />
das instalações e<br />
manutenção do material e<br />
equipamento; À ordem colabora<br />
em acções no âmbito<br />
das OMiP; Prepara-se para<br />
garantir o aprontamento de<br />
outras Forças para missões<br />
específicas e superiormente<br />
determinadas.”<br />
Leiria.<br />
Em 2006, a actual Lei Orgânica<br />
do exército 7 extingue os Comandos<br />
territoriais e de natureza territorial,<br />
incluindo o Comando de<br />
7 Decreto-Lei nº61/2006, de 21 Março.<br />
tropas aerotransportadas, do qual<br />
a aMsJ dependia. igualmente,<br />
em virtude desta reestruturação,<br />
é extinta a Bai, sendo em sua<br />
substituição criada a Brigada de<br />
Reacção Rápida, com o Comando<br />
em tancos e da qual a Unidade sedeada<br />
em s. Jacinto passa a depender<br />
hierarquicamente.<br />
A nova Lei Orgânica do<br />
exército altera também as designações<br />
de algumas Unidades,<br />
pelo que, desde 01 de Julho de<br />
2006, a aMsJ passou a designarse<br />
Regimento de infantaria Nº 10<br />
(Ri10), sendo uma das Unidades<br />
Regimentais da Brigada de<br />
Reacção Rápida.<br />
O 2º Batalhão de Infantaria<br />
Pára-quedista (2BIPara)<br />
aquartelado no Ri10 o 2BiPara<br />
é uma força de infantaria ligeira,<br />
vocacionada para as operações<br />
convencionais, com capacidade de<br />
projecção imediata e elevado estado<br />
de prontidão, caracterizando-se<br />
pela concentração de potencial de<br />
combate, rapidez na acção e flexibilidade,<br />
dotadas de capacidade de<br />
inserção no teatro de Operações<br />
através de salto em pára-quedas.<br />
está equipado com armamento<br />
ligeiro moderno e específico das<br />
tropas Pára-quedistas, de onde<br />
se destacam os Morteiros 60 e<br />
81 milímetros de longo alcance, o<br />
sistema anti-carro MiLaN, o canhão<br />
sem recuo CaRL GUstaF e
Vista aérea da unidade e áreas de instrução e treino operacional<br />
Quase um século de história, a ostentação de ser a única Unidade das Forças Armadas Portuguesas que pertenceu<br />
aos seus três Ramos, assim como o singelo garbo, da condição única de presença em todos os Teatros de Operações<br />
em que estas estiveram envolvidas.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
13
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
14<br />
a espingarda automática GaLLiL<br />
de calibre 5,56 milímetros (calibre<br />
NatO).<br />
Missão<br />
“O 2º Batalhão de infantaria<br />
Pára-quedista executa operações<br />
de assalto aéreo através<br />
de salto táctico em pára-quedas<br />
ou desembarque de assalto<br />
para conduzir operações<br />
de combate convencionais em<br />
áreas sensíveis ou negadas.<br />
Quando reforçado com meios<br />
de apoio adicionais, executa<br />
todo o espectro de missões<br />
de um Batalhão de infantaria.”<br />
Força de elevado grau de<br />
prontidão operacional, o 2BiPara,<br />
dando continuidade à exigência do<br />
Nº 192 DEC11<br />
treino operacional, apanágio das<br />
tropas pára-quedistas, tem participado<br />
em inúmeros exercícios<br />
nacionais e internacionais, no âmbito<br />
da OtaN e eUROFOR, assim<br />
como em cooperações bilaterais<br />
com países amigos. Neste contexto,<br />
além dos exercícios sectoriais<br />
do Batalhão, exercício aRes,<br />
tem participado anualmente no<br />
exercício sectorial da Brigada de<br />
Reacção Rápida, aPOLO8 , no exercício<br />
da série ORiON do exército<br />
<strong>Português</strong>, no exercício conjunto<br />
da Força aérea portuguesa, ReaL<br />
tHaW, assim como em exercícios<br />
8 O exercício aPOLO sucedeu ao<br />
exercício anual da série JUPÍteR que<br />
tinha por finalidade exercitar e testar a<br />
força operacional do CtP, a BRiPaRas,<br />
culminando o ciclo anual de instrução de<br />
quadros e praças.<br />
Desfile do 2BIPara armado e equipado no Parque das<br />
Nações nas comemorações do dia do exército em 1999<br />
Salto de abertura automática do C-212 para<br />
zona de lançamento de S. Jacinto<br />
combinados e cooperações bilaterais,<br />
nomeadamente com forças<br />
pára-quedistas de espanha, de<br />
itália e da Bélgica.<br />
O 2BiPara enriqueceu o historial<br />
do exército nos caminhos da paz<br />
efectuando por 7 (sete) vezes o ciclo<br />
de Força Nacional Destacada,<br />
envolvendo mais de 2400 dos<br />
seus efectivos. É de realçar que<br />
a 16 de Janeiro de 1996, pela primeira<br />
vez desde o final da Grande<br />
Guerra, em 1918, uma unidade de<br />
combate de escalão Batalhão das<br />
Forças armadas Portuguesas, o<br />
então 2ºBiat, voltava a actuar no<br />
continente europeu, nos Balcãs<br />
na Bósnia-Herzegovina, assumindo<br />
de pleno direito as suas responsabilidades<br />
com a aliança<br />
azimute<br />
Atlântica.
Comemorou-se uma vez mais a 14 de agosto de 2011<br />
o dia da arma de infantaria e da sua escola Prática,<br />
numa evocação e homenagem ao seu patrono, D.<br />
Nuno alvares Pereira (são Nuno de santa Maria) e<br />
a todos os valorosos soldados que desde aljubarrota<br />
têm afirmado Portugal como uma Nação livre e<br />
independente.<br />
a cerimónia foi presidida por sua ex.ª o Ministro<br />
da Defesa Nacional, Dr José Pedro aguiar Branco<br />
e contou com a presença de sua ex.ª o Chefe do<br />
estado Maior do exército, General José Luís Pinto<br />
Ramalho e do Presidente da Câmara Municipal de<br />
Mafra. estiveram ainda presentes altas entidades da<br />
estrutura superior do exército, das Forças armadas,<br />
Forças de segurança e representações das Unidades<br />
14 de Agosto, Dia da Infantaria<br />
de infantaria.<br />
O programa das comemorações contou com as<br />
seguintes actividades centrais<br />
• Missa de acção de Graças<br />
• Guarda de Honra à chegada de Sua Excelência o<br />
Ministro da Defesa Nacional à escola Prática de<br />
infantaria<br />
• Parada Militar no terreiro D. João v presidida por<br />
Sua Excelência o Ministro da Defesa Nacional<br />
• Ponto de imprensa<br />
• inauguração da exposição subordinada ao tema –<br />
“EPI – Escola no caminho da modernização ao nível<br />
das Pessoas, dos Processos, da Tecnologia e da<br />
Formação”.<br />
• almoço Convívio no Refeitório dos Frades<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
15
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
16<br />
Senhor Chefe de Estado-maior<br />
do <strong>Exército</strong>,<br />
Distintas e distintos convidados,<br />
Senhoras e senhores,<br />
Comemora-se hoje o Dia da<br />
infantaria portuguesa. Mas comemora-se,<br />
também, o aniversário da<br />
Batalha de aljubarrota. Há 626 anos,<br />
não muito longe daqui, um punhado<br />
de voluntários, homens livres, enfrentou<br />
a melhor cavalaria de então<br />
naquilo que todos consideravam ser<br />
uma batalha perdida. Diziam os sábios<br />
da época que nunca uma força<br />
de infantaria seria capaz de resistir<br />
a um ataque frontal da cavalaria<br />
pesada.<br />
Naquele final de tarde provou-<br />
-se que os sábios estavam errados.<br />
Uma vez mais errados. Contra todas<br />
as probabilidades o quadrado resistiu.<br />
O dia não foi dos condestáveis,<br />
da alta nobreza nos seus cavalos<br />
ou dos sábios cheios de certezas.<br />
O dia foi dos peões. Dos infantes.<br />
e foram esses homens, os vossos<br />
homens, que ensinaram uma lição<br />
a este país. Uma lição que não podemos<br />
esquecer. ensinaram-nos<br />
que o engenho é mais do que os<br />
meios, que a determinação é mais<br />
do que a sorte, que o querer é mais<br />
do que o fausto de um estandarte.<br />
ensinaram-nos que com pouco se<br />
faz muito.<br />
O dia, repito, foi dos peões. Dos<br />
infantes. Dos vossos infantes. Da<br />
gente boa que ali estava. Não pelas<br />
honrarias mas somente pela honra<br />
de ali estar.<br />
Senhor Chefe de Estado-maior<br />
do <strong>Exército</strong>,<br />
Distintas e distintos convidados,<br />
Senhoras e senhores,<br />
Infantes,<br />
esta semana tomámos uma série<br />
de medidas difíceis. O congelamento<br />
da progressão das carreiras,<br />
os cortes na despesa, a suspensão<br />
da abertura do primeiro ciclo<br />
Nº 192 DEC11<br />
Intervenção de Sua Ex. a Ministro da Defesa Nacional<br />
do ensino básico<br />
no Colégio Militar.<br />
Podia não estar presente<br />
nesta cerimónia.<br />
seria, porventura,<br />
mais cómodo.<br />
evitaria o risco de<br />
ouvir algumas críticas.<br />
Umas compreensíveis<br />
e justas<br />
outras nem tanto.<br />
Mas o comodismo<br />
não pode tomar o lugar da lealdade<br />
e da frontalidade. Porque são estes<br />
os valores que orientam as Forças<br />
Armadas e inspiram a confiança. A<br />
confiança no camarada que, lado a<br />
lado, nas horas difíceis nos estimula<br />
a vencer. Por causa disso fiz questão<br />
de aqui estar hoje. Quando me<br />
convidaram para Ministro da Defesa<br />
Nacional conhecia as dificuldades<br />
da missão que me entregavam.<br />
sabia o que era preciso fazer e o<br />
que estava em causa. e aceitei ser<br />
vosso ministro. Com a mesma vontade<br />
que me motivou a estar aqui<br />
hoje. Digo-vos que esta semana tomámos<br />
medidas difíceis. Digo-vos<br />
também que só estamos no princípio.<br />
Perguntam-me muitas vezes<br />
se podemos vir a cometer alguma<br />
injustiça neste caminho. Não vos<br />
posso garantir que isso não aconteça.<br />
O que vos posso garantir é que<br />
aqui estarei para as corrigir se for<br />
caso disso.<br />
O que vos passo e quero, sobretudo,<br />
garantir é que não iremos<br />
adiar problemas. Fingir que não<br />
existem. esperar que se resolvam<br />
sozinhos. Não vou fazer isso. Não<br />
sei fazer isso. e por isso vos digo,<br />
também, que o anterior governo<br />
deve um pedido de desculpas às<br />
Forças armadas.<br />
Senhor Chefe de Estado-maior<br />
do <strong>Exército</strong><br />
Distintas e distintos convidados,<br />
Senhoras e senhores,<br />
Infantes,<br />
© M.Coutinho<br />
Hoje, em Portugal, já não estamos<br />
a discutir política, doutrina ou<br />
ideologia. Já não estamos a discutir<br />
nada disso. estamos a discutir algo<br />
que é muito mais básico na sua essência.<br />
Todos sabemos que o país<br />
precisa destas medidas, de mais<br />
este esforço adicional. As dificuldades<br />
que nos esperam, o objectivo<br />
que temos, é uma missão que é de<br />
todos. Civis ou militares. e vamos<br />
cumpri-la. Não será o ministério da<br />
defesa nacional, não será o Ministro<br />
da Defesa Nacional, não serão as<br />
forças armadas que vão falhar ao<br />
país. a mim, civil, vosso ministro,<br />
disseram-me na primeira vez que fiz<br />
o caminho para o Restelo: “só se é<br />
verdadeiramente militar quando se<br />
é soldado. só se é soldado quando<br />
sem olhar a medos se responde<br />
presente”. Na altura não imaginava<br />
quao exigente é dar na prática sentido<br />
a esta máxima. Hoje, apenas dois<br />
meses depois, julgo já estar a beber<br />
do seu significado. Do seu verdadeiro<br />
significado. Tenho a certeza que<br />
as forças armadas, e o exército em<br />
particular, serão capazes de cumprir<br />
as missões que lhe estão confiadas.<br />
independentemente das adversidades,<br />
independentemente das<br />
dificuldades. Independentemente<br />
dos meios que tenha à sua disposição.<br />
Nesta hora crítica para a nossa<br />
Pátria, tenho a certeza que, tal<br />
como há 626 anos, todos seremos<br />
infantes dignos da nossa história.<br />
todos saberemos, sem olhar a medos,<br />
responder presente ao serviço<br />
de Portugal<br />
Disse.
Intervenção do Ex. mo Diretor Honorário da Arma de Infantaria<br />
Senhor Ministro da Defesa<br />
Nacional<br />
Senhor General Chefe do<br />
Estado Maior do <strong>Exército</strong><br />
Senhor Presidente da Câmara<br />
Municipal de Mafra<br />
Ilustres convidados<br />
Infantes<br />
O estrato do poema que acabo<br />
de ler, intitulado “Homenagem<br />
à infantaria”, é da autoria de um<br />
distinto oficial de cavalaria, de seu<br />
nome Roberto Durão, que o escreveu<br />
para homenagear a infantaria,<br />
a Rainha das armas, que hoje<br />
comemora o seu Dia evocando<br />
o feito de aljubarrota, onde todos<br />
os combatentes actuaram como<br />
infantes. este poema traduz, de<br />
forma sublime, o espírito, o sentimento,<br />
a inabalável força interior, e<br />
a conduta firme e determinada dos<br />
soldados anónimos que pertencem<br />
à infantaria. efectivamente,<br />
do soldado de infantaria sempre<br />
“(…) Só quem soube sofrer, pode sonhar.<br />
Só quem soube lutar, sabe vencer.<br />
Só quem soube amar, sabe morrer e renascer<br />
e, entretanto, rir e confraternizar…<br />
“Mas, afinal, quem soeis?<br />
A que raça de heróis ou loucos pertenceis?”<br />
Vós me respondereis:<br />
“Nós somos os infantes, os verdadeiros conquistadores.<br />
Criámos e desbravámos esta Pátria;<br />
Estivemos em Ourique, em Aljubarrota,<br />
em Alcácer – Quibir,<br />
na vitória e na derrota,<br />
sem nunca desistir …<br />
É isto que nos faz<br />
fortes e humildes<br />
serenos e confiantes<br />
seja na guerra ou na paz.<br />
É esta teimosia em nunca desistir,<br />
em querer sempre ter esperança,<br />
em saber chorar e rir<br />
pois nenhum fracasso nos causa..<br />
e a vida por nós passa<br />
transfigurando em glória a própria desgraça.<br />
Perdoem-nos este “desplante”;<br />
Cristo, se fosse militar,<br />
seria infante! (…)”<br />
Estrato do poema “Homenagem à Infantaria”<br />
se esperou a<br />
serenidade na<br />
desordem, a fé<br />
inabalável no<br />
seio da descrença,<br />
a esperança<br />
ilimitada no meio<br />
do desespero.<br />
as suas singulares<br />
qualidades<br />
morais sempre<br />
foram um factor<br />
diferenciador e<br />
potenciador da sua acção. a sua<br />
resistência ao sofrimento, a sua<br />
habilidade no combate, a sua tenacidade<br />
e vontade de vencer, ditaram<br />
em todos os casos a sorte<br />
das batalhas, que é afinal a sorte<br />
da própria guerra.<br />
Mas, se como disse Roberto<br />
Durão, em aljubarrota todos foram<br />
infantes, no mundo actual tal já<br />
não se nos afigura como possível.<br />
Naquele tempo, a escolha judiciosa<br />
do terreno, a capacidade<br />
de aguentar<br />
o poder de choque do<br />
adversário, a coesão<br />
e precisão do fogo<br />
do defensor, aliados<br />
a uma vontade férrea<br />
de querer continuar a<br />
ser <strong>Português</strong>, foram<br />
factores suficientemente<br />
catalisadores<br />
da diferença operacional<br />
que levaria ao<br />
sucesso.<br />
Hoje, o infante,<br />
para além dos seus<br />
atributos de sempre<br />
a que já anteriormente<br />
aludimos, tem<br />
de ser detentor de<br />
uma grande mobilidade,<br />
versatilidade,<br />
agilidade e potência<br />
de fogo, disponíveis<br />
© M.Coutinho<br />
designadamente através dos novos<br />
armamentos, viaturas blindadas<br />
e helicópteros, permitindo-lhe<br />
conduzir, com êxito, as operações<br />
em que se insere.<br />
a infantaria não pode, porém,<br />
lutar só, de forma isolada. ela precisa<br />
de sentir à sua volta o calor<br />
amigo e o apoio forte dos militares<br />
da Força aérea, dos marinheiros,<br />
dos artilheiros, dos cavaleiros<br />
blindados e dos diversos serviços<br />
de apoio, sem os quais ela não<br />
pode mover-se, disparar, viver e<br />
comunicar.<br />
O infante, mais do que nenhum<br />
outro soldado, necessita de todo o<br />
apoio que lhe possa ser fornecido,<br />
tornando menos árduas as suas difíceis<br />
e complexas tarefas e maior<br />
a probabilidade de poder sobreviver<br />
no campo de batalha.<br />
Mas, não será demais recordar<br />
que, se o marinheiro depende do<br />
seu navio, o aviador do seu avião,<br />
o artilheiro do seu obús e o cavaleiro<br />
do seu carro de combate, o<br />
infante depende, apenas, no último<br />
e verdadeiro momento em que<br />
vê o inimigo cara a cara, do automatismo<br />
dos seus reflexos duramente<br />
treinados, da firmeza do seu<br />
espírito e da força da sua coragem.<br />
É nisto que se funda, afinal, a verdadeira<br />
grandeza da infantaria.<br />
É esta grandeza que temos<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
17
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
18<br />
testemunhado nos diversos teatros<br />
de operações em que a infantaria<br />
tem vindo continuadamente a reforçar<br />
a credibilidade e o prestígio<br />
do exército e de Portugal, nos<br />
Balcãs, no Médio Oriente e em<br />
África, fazendo uso das suas mais<br />
profundas forças morais, pautando<br />
a sua actuação por elevados<br />
padrões de desempenho, ao nível<br />
dos seus congéneres aliados,<br />
dando um visível e notório contributo<br />
para a segurança alargada da<br />
Nação no seio da Aliança Atlântica<br />
e para a defesa dos superiores<br />
interesses nacionais, aquém e<br />
Discurso do Coronel de<br />
infantaria Jorge Manuel Barreiro<br />
saramago nas comemorações do<br />
14 de agosto, Dia da infantaria e<br />
da escola Prática de infantaria<br />
“Excelentíssimo Senhor<br />
Ministro da Defesa Nacional,<br />
Excelência,<br />
a presença do Ministro da<br />
Defesa nesta cerimónia constitui<br />
para nós um inequívoco sinal do<br />
interesse pelo acompanhamento<br />
das actividades desenvolvidas<br />
pelo exército e em particular pelas<br />
suas realizações nas áreas<br />
da Formação, treino, emprego<br />
Operacional, Cooperação técnico-<br />
Militar e apoio à investigação e<br />
Desenvolvimento, que se constituem<br />
como algumas áreas de actividade<br />
em que a escola Prática de<br />
infantaria colabora ao serviço do<br />
exército e de Portugal.<br />
Excelentíssimo Senhor<br />
General Chefe do Estado-Maior<br />
do <strong>Exército</strong>,<br />
Excelência,<br />
Os militares e civis que devotada<br />
e afeiçoadamente servem nesta<br />
escola Prática sentem-se, uma vez<br />
mais, altamente distinguidos com a<br />
presença de v. exa. que interpretam<br />
como um sinal de confiança e<br />
camaradagem, que marcadamente<br />
Nº 192 DEC11<br />
além-fronteiras, numa demonstração<br />
inequívoca de competência e<br />
de saber fazer. a todos os infantes<br />
o sincero e reconhecido agradecimento<br />
do Director-Honorário<br />
da arma, que incontornavelmente<br />
estendo a todos os vossos familiares<br />
– pelas angústias e ansiedades<br />
acrescidas, pelo primado do serviço<br />
em detrimento da família, pelo<br />
indispensável apoio de retaguarda,<br />
enfim, pelas exigências inerentes à<br />
condição militar.<br />
Nos tempos que se seguem não<br />
esperamos menos dos infantes.<br />
Pelo contrário, a actual conjuntura<br />
Intervenção do Comandante da Escola Prática de Infantaria<br />
nos sensibiliza<br />
e reconhecidamenteagradecemos,<br />
mas<br />
também como<br />
um sinal do<br />
acompanhamento<br />
próximo,<br />
e permanente<br />
cuidado de<br />
v. exa., com a<br />
adequação e<br />
aperfeiçoamento<br />
técnico e tecnológico<br />
dos recursos disponíveis para<br />
a Formação, constituindo-se para<br />
nós num incentivo para continuar<br />
a bem servir o exército no cumprimento<br />
das missões que nos são<br />
superiormente atribuídas.<br />
Excelentíssimo Senhor<br />
Presidente da Câmara Municipal<br />
de Mafra,<br />
a presença de v. exa. neste dia<br />
é por nós muito apreciada e reconhecida<br />
como uma manifestação<br />
da fácil e frutuosa ligação entre<br />
a instituição militar e a sociedade<br />
que nos envolve no concelho de<br />
Mafra.<br />
a escola Prática de infantaria<br />
realça com sentida gratidão e,<br />
grande apreço a elevada disponibilidade<br />
de v. exa. para a<br />
continuará a exigir de todos nós<br />
sacrifícios acrescidos e uma entrega<br />
ainda maior, que façamos mais<br />
e melhor com menos recursos, que<br />
mantenhamos a excelência como<br />
padrão de actuação, para que possamos<br />
dar continuidade e elevar<br />
bem alto as tradições e os pergaminhos<br />
da arma de infantaria.<br />
Por tudo isto somos obrigados<br />
a reconhecer e a afirmar publicamente,<br />
para terminar,<br />
BeM HaJas iNFaNte!<br />
viva a iNFaNtaRia!<br />
© M.Coutinho<br />
cooperação que se desenvolveu e<br />
da qual, em conjunto muito temos<br />
beneficiado ao longo dos últimos<br />
anos.<br />
através de v. exa. saudamos<br />
todas as entidades do concelho e<br />
da autarquia que superiormente<br />
dirige. Bem hajam por se juntarem<br />
a nós neste dia de especial significado<br />
para a nossa escola Prática.<br />
Excelentíssimo Senhor<br />
Tenente-General Director<br />
Honorário da Arma de Infantaria,<br />
Meu General,<br />
sentimos com elevada honra<br />
e pundonor a presença do meu<br />
General, em quem todos os infantes<br />
actualmente se revêem, cumprindo<br />
as missões que lhes foram atribuídas<br />
em território Nacional ou a milhares<br />
de quilómetros de distância
ao serviço da Pátria. Na pessoa do<br />
meu General saudamos todos os<br />
antigos Directores da nossa arma,<br />
Comandantes das Unidades de<br />
infantaria e todos os infantes que<br />
neste dia evocam os valores e as<br />
tradições que nos caracterizam.<br />
Excelentíssimo Senhor<br />
Tenente-General Comandante da<br />
Instrução e Doutrina do <strong>Exército</strong>,<br />
Meu General,<br />
Neste dia festivo, apraz-nos salientar<br />
que apesar do curto período<br />
de tempo decorrido desde que o<br />
meu General assumiu as actuais<br />
funções, sentimos a presença activa<br />
e orientadora de v. exa., incutindo-nos<br />
confiança e esperança<br />
no futuro para nos assegurar os recursos<br />
adequados ao cumprimento<br />
das missões, para nos definir critérios<br />
de rigor e de exigência e para<br />
nos manifestar o reconhecimento<br />
pelas realizações de sucesso.<br />
através de v. exa. saúdo todos<br />
os Senhores Oficiais Generais<br />
Comandantes dos Órgãos Centrais<br />
de administração e Direcção e da<br />
academia Militar, registando com<br />
apreço a distinção com que nos<br />
quiseram honrar ao associarem-<br />
-se a esta cerimónia que interpretamos<br />
não só pela importância e<br />
transversalidade da formação mas<br />
também pelo espírito aglutinador<br />
do exército.<br />
Excelentíssimo Senhor<br />
Major-General Director da<br />
Formação,<br />
Meu Comandante,<br />
O acompanhamento próximo e<br />
constante que o meu General nos<br />
tem dedicado, de dia e de noite,<br />
nos momentos de comemoração<br />
e nos momentos de intensa actividade<br />
prática, fazem-nos sentir,<br />
por um lado, a importância que o<br />
exército, atribui à formação dos<br />
seus Quadros e tropa, como elemento<br />
central da qualidade das<br />
nossas Unidades Operacionais<br />
e da excelência do Soldado de<br />
Portugal e por outro, maior confiança<br />
e segurança na justeza do<br />
nosso contributo para as metas<br />
que nos são fixadas pelo <strong>Exército</strong>.<br />
Pode o meu General continuar<br />
a contar com a total disponibilidade<br />
e empenhamento de todos quantos<br />
devotadamente servem nesta<br />
escola.<br />
Exmos. Senhores Oficiais antigos<br />
Comandantes da Escola<br />
Prática de Infantaria<br />
a vossa presença é o testemunho<br />
do apego que é sentido por<br />
quem serve nesta grande Casa,<br />
em todas as suas dimensões.<br />
Hoje, posso afirmar que sei o que<br />
é esse sentir, bem como o que<br />
significa o peso e o valor destas<br />
paredes de história e de tradição<br />
que foram também abrigo de todos<br />
quantos nos antecederam e onde<br />
se escreveram páginas que marcaram<br />
de forma indelével a nossa<br />
história. esperamos ter feito jus ao<br />
privilégio que nos foi concedido<br />
para aqui servir e ao legado que<br />
nos foi deixado por v. exas.<br />
Concluindo nos próximos dias<br />
o exercício das minhas funções,<br />
passo o testemunho com os mais<br />
sinceros e profundos votos de sucesso<br />
ao nosso novo Comandante,<br />
Cor Boga Ribeiro.<br />
Exmos. Senhores Oficiais<br />
Generais<br />
Autoridades Civis, Militares e<br />
Religiosas,<br />
Ilustres Convidados<br />
Infantes,<br />
Em finais de Julho de 1385,<br />
Portugal vivia um dos momentos<br />
mais difíceis da sua história. O<br />
<strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> estava reunido<br />
em abrantes, e ali discutia-se a<br />
táctica da guerra, havendo divergências<br />
quanto às modalidades de<br />
acção a seguir, mas Nuno Álvares<br />
Pereira, jovem capitão, cansado da<br />
retórica toma a iniciativa, decide<br />
fazer acontecer e avança contra o<br />
inimigo tornando-se o principal responsável<br />
pela continuidade e definitiva<br />
afirmação de Portugal como<br />
Nação e independente.<br />
assim podíamos começar a<br />
contar a página de glória, talvez<br />
uma das mais heróicas da nossa<br />
história que hoje celebramos – a<br />
Batalha de aljubarrota. a diferença<br />
esteve na capacidade de liderança<br />
do seu Comandante e no<br />
crer de um punhado de soldados<br />
na defesa de um pedaço de terra<br />
por que se é capaz de morrer ⎯ a<br />
Pátria, no génio de Miguel torga,<br />
preservando a independência de<br />
Portugal com a dádiva de sangue<br />
e de sacrifício dos seus soldados.<br />
são estes valores de devoção<br />
à Pátria, de humildade, de espírito<br />
de sacrifício e abnegação que caracterizam<br />
o soldado de Portugal,<br />
que continuam a ser o culto dos<br />
infantes de hoje e com os quais<br />
através de uma liderança forte,<br />
do fazer acontecer, que trazemos<br />
para o presente na formação dos<br />
jovens líderes da infantaria.<br />
Fundados na solidez dos valores<br />
que a tradição histórica nos<br />
transmite e nas paredes deste convento,<br />
onde com orgulho e coesão<br />
servimos a infantaria e o exército,<br />
evocamos também hoje a carta de<br />
lei de 22 de agosto de 1887, determinando<br />
a criação da escola<br />
Prática de infantaria e Cavalaria<br />
em Mafra, dando início a uma presença<br />
contínua e organizada dos<br />
militares nesta vila, em perfeita<br />
harmonia com as suas gentes, que<br />
neste mesmo dia 14 de agosto,<br />
mas de 1887, levou uma representação<br />
de Mafrenses a agradecer a<br />
el-Rei D. Luís i, o benefício que a<br />
terra acabara de receber.<br />
Militares e Civis da Escola<br />
Prática de Infantaria,<br />
Na passagem de mais um ano<br />
de actividade orientado para a excelência,<br />
justifica-se apresentar um<br />
balanço das actividades desenvolvidas,<br />
nos últimos 12 meses, numa<br />
retrospectiva que se pretende não<br />
exaustiva, mas que releve suficientemente<br />
a dimensão do nosso trabalho,<br />
em prol do cumprimento da<br />
missão da infantaria e do exército.<br />
Continuamos a orientar as nossas<br />
prioridades para a primeira das<br />
tarefas explícitas da nossa Missão<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
19
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
20<br />
– ministrar formação – dando cumprimento<br />
às directivas e orientações<br />
superiormente recebidas.<br />
a escola Prática de infantaria<br />
é uma entidade de Formação<br />
de Qualidade, Certificada pela<br />
Direcção de serviços de Qualidade<br />
e acreditação, que tendo visto, no<br />
corrente ano mais uma vez homologado<br />
e reconhecido, o seu Curso<br />
de Formação Pedagógica inicial de<br />
Formadores, iniciou o desenvolvimento<br />
de uma profunda actividade<br />
de reforma dos processos de<br />
funcionamento agora ao nível das<br />
actividades de apoio à Formação,<br />
conscientes que estamos de que o<br />
sucesso é determinado pela aptidão<br />
de satisfazer as necessidades<br />
e expectativas, da infantaria e do<br />
exército, no domínio da Formação<br />
de forma sustentada e equilibrada.<br />
Deste modo, tendo como horizonte<br />
a sua Certificação já no próximo<br />
ano lectivo, como organização<br />
de Gestão Global pela Qualidade<br />
e Excelência, reformularam-se os<br />
processos de trabalho necessários<br />
à conformidade com as normas<br />
isO 9001 e 9004, aproveitando-se<br />
as sinergias resultantes das múltiplas<br />
vertentes tecnológicas que<br />
possuímos em plena produção,<br />
mas também as resultantes da plataforma<br />
de e-learning do exército,<br />
que nos vieram permitir uma ligação<br />
mais eficiente aos alunos dos<br />
diversos cursos de que somos<br />
responsáveis e, dessa forma, nos<br />
possibilitaram que organizássemos<br />
o trabalho e concentrássemos<br />
o nosso esforço nessas reformas<br />
indispensáveis.<br />
Queremos manifestar o nosso<br />
reconhecimento pelo precioso<br />
apoio que permanentemente<br />
nos foi prestado pelo Comando<br />
da Logística, especialmente através<br />
da sua Direcção de Material<br />
e transportes e Direcção de infraestruturas,<br />
que nos permitiu modernizar<br />
diversas áreas funcionais,<br />
mas também ao Comando do<br />
Pessoal através da sua Direcção<br />
de administração de Recursos<br />
Nº 192 DEC11<br />
Humanos que nos assegurou os<br />
efectivos necessários para concretizar<br />
os objectivos que fixámos<br />
para o ano de actividade que hoje<br />
encerramos.<br />
Com essas condições, orientamos<br />
o nosso esforço para a obtenção<br />
de maior eficiência ao longo de<br />
quatro eixos:<br />
- Pelas pessoas: melhorando<br />
as condições de trabalho e de vida<br />
interna, e criando novas oportunidades<br />
de formação e de experiência<br />
profissional, mas também através<br />
de uma cultura de exigência<br />
e de responsabilidade colectiva e<br />
individual bem patente nos resultados<br />
e objectivos alcançados;<br />
- Pelos processos: modernizando<br />
e implementando novas formas<br />
de planeamento, gestão e controlo,<br />
confrontando sempre a nossa<br />
actividade com os resultados obtidos,<br />
através de avaliações globais<br />
periódicas;<br />
- Pelos recursos materiais e financeiros:<br />
efectuando a adequada<br />
manutenção ou a oportuna substituição<br />
do material desnecessário<br />
ou obsoleto e obtendo mais-valias<br />
de poupanças que nos permitiram<br />
fazer muito mais com menos.<br />
- Pelas infra-estruturas: modernizando<br />
e requalificando instalações,<br />
sempre no respeito pelas<br />
características patrimoniais do<br />
convento, criando as condições<br />
necessárias para melhorar a produtividade<br />
pela introdução de novos<br />
processos que incrementem a<br />
eficiência do trabalho;<br />
Relativamente às tarefas que<br />
compõem a nossa Missão, no<br />
estrito âmbito do programar, planear,<br />
conduzir, executar e avaliar<br />
a formação, realizámos todas as<br />
acções inicialmente previstas, no<br />
âmbito da formação dos Oficiais e<br />
sargentos do Quadro Permanente<br />
e do Regime de voluntariado e<br />
contrato e também das Praças;<br />
Qualificamos Oficiais e<br />
sargentos do exército, nas áreas<br />
do tiro, do combate em áreas edificadas,<br />
das operações de apoio à<br />
paz, da formação de formadores<br />
e do diagnóstico, planeamento e<br />
avaliação da formação, domínios<br />
em que somos entidade técnica<br />
Responsável. adicionalmente,<br />
colaboramos na formação de<br />
quadros e praças para as Forças<br />
Nacionais Destacadas e para as<br />
NatO Response Forces e Battle<br />
Group, e também na formação<br />
dos Cadetes da academia Militar<br />
e dos jovens sargentos da escola<br />
de sargentos do exército e ainda<br />
no apoio ao treino Operacional<br />
dos contingentes multinacionais<br />
do allied Joint Force Command<br />
Lisbon, para resumir apenas algumas<br />
das mais significativas.<br />
No âmbito da Cooperação<br />
técnico-Militar apoiamos e ministramos<br />
acções de formação<br />
na República de angola e na<br />
República Democrática de timor-<br />
Leste; no âmbito das Forças<br />
Nacionais Destacadas conduzimos<br />
no Uganda uma missão a<br />
favor da formação do exército<br />
da somália e estivemos presentes<br />
no afeganistão na missão<br />
international security assistance<br />
Force, onde com novos processos<br />
e tecnologias educativas ao<br />
serviço da formação, maximizamos<br />
externamente e internamente<br />
a nossa actuação, com base em<br />
abordagens realistas e sustentadas<br />
em dinâmicas impulsionadoras<br />
de uma transformação autêntica<br />
para melhor servir o exército<br />
e Portugal fazendo mais e melhor.<br />
No âmbito das actividades de<br />
Formação, executámos a revisão<br />
da totalidade dos referenciais dos<br />
cursos à nossa responsabilidade,<br />
actividade que se concluiu no passado<br />
mês de Julho com o envio ao<br />
Comando da instrução e Doutrina<br />
do 25º referencial. De entre estes,<br />
destacamos o relativo ao Curso de<br />
apoio de Combate destinado aos<br />
jovens alferes de infantaria, que<br />
só foi possível com a incorporação<br />
das lições aprendidas que a realização<br />
do primeiro curso permitiu,<br />
e por isso queremos reconhecer o
apoio imediato do Comando das<br />
Forças terrestres através da sua<br />
Brigada Mecanizada, pois sem<br />
ele não nos teria sido possível<br />
concretizá-lo.<br />
No domínio da Doutrina da<br />
arma e estudos técnicos, foram<br />
elaborados 16 novos manuais<br />
técnicos e tácticos que serão disponibilizados<br />
através da rede de<br />
dados do exército, incluindo já as<br />
respectivas versões em formato<br />
e-book, dos quais destacamos<br />
o Manual PaNDUR Pelotão e<br />
secção de atiradores por ter sido<br />
o único realizado em colaboração<br />
com o Regimento de infantaria<br />
13, Regimento de infantaria 14<br />
e Regimento de Cavalaria 6.<br />
Relevamos ainda a realização<br />
das Jornadas de infantaria, este<br />
ano dedicadas ao Combate e as<br />
Operações Futuras nos baixos<br />
escalões tácticos de infantaria, e<br />
que se constituem como elemento<br />
incontornável da reflexão da nossa<br />
arma e garante da sua modernidade<br />
operacional, que nos permitirá<br />
no próximo ano lectivo prosseguir<br />
a actualização técnica e táctica do<br />
emprego dos diversos escalões<br />
das nossas Unidades.<br />
Conduzimos ainda ao longo<br />
deste ano uma grande diversidade<br />
de realizações e apoios a entidades<br />
externas que mereceram o<br />
reconhecimento dos intervenientes<br />
e das gentes da região, portugueses<br />
que nos envolvem, respeitam<br />
e acarinham.<br />
De entre as centenas de actividades<br />
relevo as acções de formação<br />
para os quadros superiores do<br />
BPi e da volkswagen autoeuropa,<br />
mas também o apoio a actividades<br />
culturais em parceria com a<br />
Câmara Municipal e com o Palácio<br />
Nacional de Mafra e ainda inúmeras<br />
actividades de apoio a escolas<br />
secundárias, Universidades, associações<br />
culturais e desportivas e<br />
Grupos de escuteiros e de jovens,<br />
para além das acções de solidariedade<br />
social que nos orgulhamos<br />
de poder continuar a conduzir.<br />
Destacamos por fim nossa participação<br />
no esforço do exército<br />
no domínio da investigação e<br />
Desenvolvimento, através do contributo<br />
em projectos desenvolvidos<br />
por empresas e universidades,<br />
relevando os relativos a vidros balísticos,<br />
às novas fibras têxteis, à<br />
micro-geração energética portátil e<br />
ainda à robótica.<br />
Oficiais, Sargentos, Praças<br />
e Funcionários Civis da Escola<br />
Prática de Infantaria<br />
este foi um ano lectivo vivido<br />
intensamente por cada um de nós,<br />
num ambiente de forte coesão, camaradagem<br />
e identidade colectiva<br />
no seio da Família da infantaria,<br />
onde nos revemos no seu passado<br />
e nos valores e princípios<br />
que o seu Patrono são Nuno de<br />
santa Maria continua a inspirar.<br />
Permitam-me que publicamente<br />
testemunhe que têm fundadas,<br />
justificadas e visíveis razões para<br />
afirmar que cumpriram a missão.<br />
em vós está patente a prova<br />
de que o capital humano não pode<br />
ser contabilizados de forma puramente<br />
matemática, mas sim de<br />
forma bem mais complexa, onde<br />
a motivação, o sentido do dever,<br />
a coesão, a vossa disponibilidade,<br />
empenhamento e competência<br />
técnico-profissional, e atrevo-me<br />
a dizer o vosso apaixonado e abnegado<br />
apego pela nossa escola,<br />
são factores multiplicadores para<br />
as realizações de sucesso e do fazer<br />
acontecer.<br />
Não tenho dúvidas que cada<br />
um de nós se pretende continuar<br />
a rever numa escola Prática prestigiada<br />
e indiscutivelmente reconhecida<br />
pela qualidade da sua acção,<br />
através de um trabalho sério e rigoroso,<br />
com empenhamento sem<br />
reservas e com lealdade sem restrições<br />
ao serviço do exército e de<br />
Portugal.<br />
ser comandante de tal gente,<br />
que tudo dá, foi um privilégio e<br />
uma subida honra.<br />
excelentíssimo senhor Ministro<br />
da Defesa Nacional,<br />
excelentíssimo senhor General<br />
Chefe do estado-Maior do exército,<br />
Excelências,<br />
Podem continuar a contar com<br />
o dever, o saber e o querer fazer,<br />
da Casa-Mãe da infantaria, com<br />
dedicação, lealdade, disciplina e<br />
rigor para bem servir o exército e<br />
azimute<br />
Portugal.<br />
aD UNUM”<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
21
<strong>AZ</strong>IMUTE <strong>AZ</strong>IMUTE<br />
22<br />
Nº 192 DEC11<br />
Exposição do 14 de Agosto<br />
Processos, Formação e Inovação Tecnológica<br />
a exposição alusiva às cerimónias<br />
de 14 de agosto de 2011,<br />
repartida por seis expositores,<br />
procurou apresentar a missão<br />
da escola e as principais tarefas,<br />
processos e ferramentas<br />
de controlo para apoio à gestão<br />
dos seus recursos humanos, financeiros<br />
e materiais; processos<br />
tecnológicos de apoio aos processos<br />
formativos pelos quais a<br />
escola é responsável; e projetos<br />
de investigação e desenvolvimento<br />
que vem conduzindo com<br />
empresas e estabelecimentos de<br />
ensino superior contribuindo assim,<br />
ainda que indirectamente,<br />
para o desenvolvimento da tecnologia<br />
e economia nacional.<br />
No primeiro expositor foram<br />
apresentados o GaNtt<br />
PROJeCt e o FaCtUPLUs.<br />
O GaNtt PROJeCt é<br />
uma ferramenta eletrónica que<br />
a escola utiliza para garantir<br />
uma GestÃO GLOBaL PeLa<br />
QUaLiDaDe e eXCeLÊNCia,<br />
sendo a única forma para alocar<br />
pessoas e recursos e estabelecer<br />
dependencias entre<br />
tarefas que sejam concorrentes<br />
para projetos/objetivos comuns.<br />
Com a ferramenta de gestão<br />
FaCtUPLUs gerem-se recursos<br />
materiais para que com previsão<br />
e por antecipação haja assertividade<br />
na resposta às diferentes<br />
subunidades da escola, sendo<br />
possível ter uma clara visão, em<br />
tempo real, das existências em<br />
depósito. entretanto, a partir de<br />
requisições processadas electrónicamente,<br />
a resposta em tempo<br />
é assegurada, enquanto o controlo<br />
que é exercido por artigo<br />
permite estabelecer estimativas<br />
de consumo por subunidades.<br />
No expositor seguinte<br />
demonstrou-se o PORtaL<br />
COLaBORativO, o MOODLe e<br />
a plataforma aGa.<br />
O PORtaL COLaBORativO<br />
é uma ferramenta privilegiada<br />
para promoção do trabalho em<br />
equipa da escola e veículo essencial<br />
para a difusão de informação<br />
de interesse comum entre<br />
as diferentes subunidades da<br />
escola. Por exemplo, em termos<br />
de grupos de trabalho internos e<br />
externos, os militares participantes<br />
podem utilizar esta ferramenta<br />
para que à distância possam<br />
partilhar documentação de interesse<br />
comum e, em certa medida,<br />
organizar trabalho e sistematizar<br />
informação.<br />
Já com a plataforma<br />
MOODLe, ferramenta de trabalho<br />
essencial para que o aluno<br />
trabalhe ao seu rítmo, os conteúdos,<br />
presenciais e não presenciais<br />
destinados à formação, estão<br />
acessíveis ao aluno a partir<br />
de casa na iNteRNet.<br />
Por fim, com a plataforma<br />
TCor Inf Mário Álvares<br />
aGa – aplicação por Gestão<br />
de actividades, o Gabinete de<br />
Programação da escola optimiza<br />
recursos para apoio à formação,<br />
nomeadamente em termos de<br />
entidades responsáveis, infra-<br />
-estruturas e áreas de formação<br />
e materiais críticos, como viaturas<br />
ou armamento (no futuro<br />
pretende-se que possa gerir uma<br />
bolsa de formadores da escola).<br />
terminada a visão sobre alguns<br />
processos essenciais à<br />
formação e optimização de ferramentas<br />
de apoio à gestão e<br />
ação de direção e controlo foram<br />
apresentados alguns projetos de<br />
investigação e desenvolvimento<br />
que a escola vem desenvolvendo<br />
com empresas e outros estabelecimentos<br />
de ensino.<br />
Num primeiro expositor foram<br />
apresentadas as potencialidades<br />
de um mini unmanned aerial<br />
vehicle, também designado por<br />
Uav, sistema concebido pela empresa<br />
teKeveR e que a escola<br />
vem auxiliando a desenvolver<br />
e otimizar. Num outro expositor<br />
foi apresentado um sistema de<br />
apoio à formação em áreas edificadas<br />
que foi implementado pela<br />
empresa seGURteC que, para<br />
além de outras potencialidades<br />
como a segurança da área, permite<br />
a gravação de tácticas técnicas<br />
e procedimentos nos baixos<br />
escalões tácticos para posterior
análise e correcção.<br />
Ainda no âmbito da investigação<br />
e desenvolvimento<br />
tecnológico foram ainda apresentadas<br />
mais três parcerias:<br />
empresa viCeR, Projeto MeP<br />
e Universidade do Minho. Com<br />
a viCeR, empresa vocacionada<br />
para a indústria vidreira, a<br />
escola vem apoiando a testagem<br />
de vidros balísticos de acordo<br />
com padrões e requisitos de<br />
certificação da União Europeia.<br />
Com o projecto MeP, que envolve<br />
a teKeveR, instituto de<br />
Engenharia Mecânica e Gestão<br />
industrial e a aLMaDesiGN, a<br />
escola vem apoiando o desenvolvimento<br />
de tecnologia de micro-geração<br />
de energia.<br />
embora o projeto com a<br />
Universidade do Minho na área<br />
da proteção e sobrevivência ainda<br />
esteja a dar os primeiros passos,<br />
essa universidade esteve<br />
presente e apresentou novas fibras<br />
para a concepção de texteis<br />
inteligentes e interactivos, nano<br />
fibras, entre outros materiais.<br />
No penúltimo expositor foi efetuado<br />
um ponto de situação sobre<br />
a missão European Training<br />
Mission Somalia (também<br />
designada pela eUtM somalia)<br />
e, recorrendo a uma maqueta,<br />
foram apresentadas as potencialidades<br />
e desenvolvimento da<br />
infra-estrutura de Combate em<br />
Áreas Edificadas e sua afirmação<br />
como Centro de Excelência em<br />
Combate em Áreas Edificadas.<br />
a escola Prática de infantaria,<br />
entre Julho de 2010 e, mais recentemente,<br />
Julho de 2011,<br />
participou na missão eUtM<br />
somalia com uma equipa de formação<br />
na área do Combate em<br />
Áreas Edificadas com 13 militares.<br />
a missão, onde para além<br />
de Portugal participaram mais<br />
13 estados Membros da União<br />
europeia e as Forças armadas<br />
Ugandesas, é uma missão de<br />
treino de militares somalis e foi<br />
conduzida, por razões de segurança,<br />
no Uganda.<br />
Para além do módulo formativo<br />
que foi responsabilidade da<br />
escola, a formação ministrada,<br />
orientada para futuros soldados,<br />
sargentos e oficiais somalis,<br />
centrou-se nas operações de<br />
combate de infantaria até ao nível<br />
Pelotão, da responsabilidade<br />
da espanha em termos de sargentos<br />
e da França em termos<br />
de oficiais, e contou ainda com<br />
os módulos de especialidade de<br />
comunicações (responsabilidade<br />
alemã), suporte básico de vida<br />
(responsabilidade italiana) e minas<br />
e armadilhas (responsabilidade<br />
italiana).<br />
Na rentabilização da área de<br />
formação de combate em áreas<br />
edificadas, em todo o processo<br />
de aprontamento, a escola, com<br />
o apoio do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>,<br />
adquiriu e utilizou ao longo da<br />
formação no Uganda novas dinâmicas<br />
de formação das quais<br />
se destaca a simulação com armamento<br />
de aiRsOFt, sistema<br />
que pelas suas especificidades<br />
introduz um grande realismo na<br />
vertente formativa.<br />
O Centro de Excelência em<br />
Combate em Áreas Edificadas,<br />
com base num plano de investimento<br />
faseado, procurará crescer<br />
numa óptica de optimização<br />
de valências infra-estruturais que<br />
concorram para a certificação da<br />
área como Centro de Excelência<br />
para essa área do conhecimento.<br />
sendo já uma área essencial<br />
para a formação ministrada<br />
pela escola mas, também,<br />
área de treino privilegiada da<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
23
<strong>AZ</strong>IMUTE <strong>AZ</strong>IMUTE<br />
24<br />
componente operacional e algumas<br />
forças de segurança, comporta<br />
já uma torre multiuso, um<br />
laboratório, habitações multifuncionais<br />
com escadas, compartimentos<br />
e coberturas, e sistema<br />
de redes de saneamento simulados<br />
para a prática de progressão<br />
nesses ambientes.<br />
Por fim, um último expositor,<br />
espelharam-se as principais atividades<br />
formativas realizadas<br />
pela escola Prática de infantaria<br />
Nº 192 DEC11<br />
que entre formação e apoios<br />
externos:<br />
• envolveu mais de 270 formadores<br />
e mais de 1.000 formandos<br />
• consumiu mais de 8.000 horas<br />
em formação<br />
• Ministrou mais de 40 acções<br />
de formação entre cursos de<br />
formação inicial, progressão<br />
na carreira e formação contínua,<br />
tendo<br />
• nas suas quatro carreiras de<br />
tiro mais de 9.000 utilizadores<br />
repartidos por mais de 1.500<br />
horas de utilização<br />
• e o seu Complexo de Combate<br />
em Áreas Edificadas, entre<br />
apoios da própria escola, de<br />
outras unidades do exército<br />
<strong>Português</strong>, Forças Armadas e<br />
Forças de segurança, registou<br />
a utilização de mais de 11.000<br />
utilizadores repartidos por mais<br />
de 2.000 horas de utilização. azimute
Um Sistema de Gestão da Qualidade Integrado<br />
A busca da qualidade e da excelência<br />
na atuação da escola tem vindo a<br />
ser racionalizada ao nível dos seus<br />
meios e na reinvenção dos seus<br />
processos, tendo sido identificada<br />
a necessidade de um investimento<br />
fundamental na otimização de<br />
tempos e de procedimentos. Para<br />
garantir que esta aspiração seja alcançada,<br />
tem vindo a ser controlados<br />
periodicamente os desvios verificados<br />
e adequação das abordagens aos recursos<br />
existentes, através da uma<br />
ajustada monitorização, coordenação e avaliação dos<br />
objetivos e projetos, assentes numa ação partilhada<br />
de comando/direção, ativa e responsável.<br />
as pessoas, militares e civis, continuarão a ser<br />
o impulsionador central do desenvolvimento, onde o<br />
reforço da liderança efetiva através do envolvimento<br />
pessoal aos vários níveis e nas várias categorias, serão<br />
um denominador comum em todas as atividades<br />
regimentais ou formativas. É neste pressuposto que<br />
a ePi se pretende continuar a projetar no futuro, colocando-se<br />
numa posição de vanguarda e referência,<br />
dentro do exército nas diversas áreas pelas quais é<br />
tecnicamente responsável, sobretudo naquelas que<br />
compõem a atividade central da escola ou seja: a<br />
formação.<br />
a estrutura regimental está a ser dotada com processos<br />
que irão conduzir de modo integrado à excelência<br />
organizacional como um todo, concorrendo para<br />
a sustentação de políticas de controlo<br />
de custos. A definição e implementação<br />
de uma política de qualidade, visa integrar,<br />
otimizar e conferir qualidade aos<br />
processos internos na ePi, vistos como<br />
subsistemas de uma organização, que<br />
ao serviço do exército, contribui para a<br />
excelência dos processos na Escola.<br />
tendo sempre presente suas tradições<br />
e raízes, mas voltada para o futuro,<br />
a ePi quer assentar a sua prática<br />
em processos dinâmicos, versáteis, estratificados,<br />
dirigidos e controlados de<br />
forma sistemática e transparente, que<br />
levem à economia de recursos e à otimização<br />
das suas capacidades através<br />
da melhoria contínua, pois só assim<br />
poderá, num contexto de extrema ra-<br />
cionalização dos recursos disponíveis,<br />
Figura 1 – Áreas de responsabilidade<br />
técnica para a formação da ePi<br />
tCor inf Rui Dias<br />
procurar evidenciar a sua marca/identidade<br />
e projetar a nossa escola para<br />
um sistema de Gestão da Qualidade<br />
(sGQ) integrado.<br />
Gestão sustentada<br />
Com os pressupostos elencados<br />
para a implementação de um<br />
sGQ integrado, pretendemos garantir<br />
que são assegurados:<br />
- O uso eficiente de recursos;<br />
- a tomada das decisões baseada<br />
em factos;<br />
- as necessidades e expectativas de todos quantos<br />
interagem no sistema;<br />
- Uma perspetiva de planeamento de médio/longo<br />
prazo;<br />
- a monitorização e a análise constante e regular<br />
do ambiente interno e externo;<br />
- As relações mutuamente benéficas com os parceiros<br />
locais e nacionais;<br />
- A identificação dos riscos associados e a implementação<br />
de medidas de mitigação;<br />
- a previsão das necessidades de recursos de pessoal,<br />
incluindo as competências requeridas;<br />
- O estabelecimento de processos apropriados<br />
para atingir os nossos objetivos, capazes de responder<br />
rapidamente a alterações de condições;<br />
- a avaliação regular e consequente execução de<br />
ações corretivas e preventivas apropriadas;<br />
- a criação de oportunidades de aprendizagem a<br />
Figura 2 – Planeamento, controlo e avaliação dos objectivos (GanttProject)<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
25
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
26<br />
todos quantos servem connosco/ às pessoas, como<br />
fonte de manutenção do dinamismo interno;<br />
- O estabelecimento e manutenção de processos<br />
para a inovação e a melhoria contínua.<br />
Planeamento estruturado<br />
Os processos e as práticas associadas ao nosso<br />
sGQ permitirão:<br />
- a tradução das diretivas internas e externas<br />
em objetivos mensuráveis para todos os níveis do<br />
sistema;<br />
- O estabelecimento de cronogramas para cada<br />
objetivo e a atribuição de responsabilidade e a autoridade<br />
para o atingir;<br />
- A avaliação dos riscos e a definição das contramedidas<br />
adequadas;<br />
- a atribuição dos recursos requeridos para o desdobramento<br />
das atividades necessárias;<br />
- a realização das atividades necessárias para<br />
atingir estes objetivos.<br />
a comunicação de sustentação é desenvolvida de<br />
modo contínuo e oportuno, funcionando tanto vertical,<br />
como horizontalmente e adaptada às diferentes necessidades<br />
dos seus destinatários.<br />
Gestão de recursos<br />
Para assegurar uma utilização dos recursos (pessoas,<br />
conhecimentos, equipamentos, instalações/<br />
infra-estruturas, materiais, energia e financeiros) consistentes<br />
com os objetivos a atingir, estão em otimização,<br />
maturação e elaboração um conjunto de processos<br />
que nos permitem fornecer, monitorizar, otimizar,<br />
manter e preservar esses recursos.<br />
as pessoas (os militares e os civis) constituem o<br />
nosso recurso mais valioso e mais crítico, e o seu total<br />
envolvimento permite-nos desenvolver a sua aptidão<br />
para criar valor entre todos quanto interagem no sistema,<br />
a escola. O desenvolvimento pessoal alicerçado<br />
na aprendizagem, na transferência de conhecimento<br />
e no trabalho em equipa, assegura a compreensão da<br />
importância do seu contributo e dos papéis que desempenham.<br />
sendo a gestão das pessoas desenvolvida<br />
através de uma abordagem planeada, transparente,<br />
ética e socialmente responsável, os processos<br />
visam habilitá-las, para:<br />
- a tradução dos objetivos da ePi em objetivos<br />
individuais e em consequentes planos para a sua<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 3 – Bolsa de formadores por competências<br />
realização;<br />
- A identificação de constrangimentos ao seu<br />
desempenho;<br />
- O assumir a posse e a responsabilidade da resolução<br />
dos problemas;<br />
- a avaliação do seu desempenho pessoal, em função<br />
dos objetivos individuais;<br />
- a procura ativa de oportunidades de melhoria das<br />
suas competências e das experiências;<br />
- a promoção do trabalho em equipa e o incentivo<br />
Figura 4 – Gestão e controlo de custos das atividades<br />
(FactuPlus)<br />
das sinergias entre pessoas;<br />
- a partilha de informação, do conhecimento e da<br />
experiência dentro Escola.<br />
Para assegurarmos as competências necessárias<br />
é estabelecido o plano de formação e desenvolvimento<br />
das pessoas com processos associados.<br />
O reforço da participação e a motivação das pessoas,<br />
assenta na compreensão do significado e na<br />
importância das suas responsabilidades e atividades,<br />
projectando a criação e provisão de valor interna e<br />
externamente.<br />
No plano das infra-estruturas, é feita uma adequação<br />
para ir ao encontro dos objectivos definidos, tendo<br />
presente a sua dependabilidade, o que inclui ter<br />
em consideração a disponibilidade, a fiabilidade e a<br />
manutenibilidade, identificando e avaliando os riscos<br />
associados.<br />
a base de conhecimento para a sustentação das<br />
atividades e objetivos é permanentemente identificada<br />
e obtida a partir de fontes internas e externas, tendo<br />
em consideração:
Figura 5 – Medição, análise e revisão de objetivos através do registo em Painel de indicadores<br />
- a aprendizagem com as falhas e com os sucessos,<br />
- A retenção do conhecimento e experiência das<br />
pessoas;<br />
- a recolha do conhecimento vindo dos nossos parceiros<br />
locais e nacionais;<br />
- a retenção do conhecimento existente mas não<br />
documentado;<br />
- A comunicação eficaz de conteúdos informativos<br />
relativos ao desempenho, às melhorias dos processos<br />
e aos progressos sustentados;<br />
- as opções de carácter tecnológico para a melhoria<br />
do desempenho global;<br />
- a gestão dos dados e registos consolidada.<br />
No que respeita aos recursos financeiros, estão<br />
já estabelecidos e em desenvolvimento processos de<br />
monitorização, controlo e relato da afetação tendo em<br />
vista a sua eficiente utilização.<br />
Gestão de processos<br />
as atividades dentro de cada processo são determinadas,<br />
adaptadas à dimensão e às características<br />
distintivas de cada subsistema (subunidades e secções<br />
de estado-Maior). a gestão dos processos assenta<br />
na proatividade, nas interdependências, nos<br />
constrangimentos e nos recursos partilhados, sujeitos<br />
a revisões regulares tendo em vista as ações de melhoria.<br />
O seu funcionamento é em rede definido por<br />
fluxogramas chave e os seus interfaces.<br />
No planeamento e controlo dos processos, tem-se<br />
em consideração:<br />
- Os objetivos a serem alcançados;<br />
- As exigências regulamentares e estatutárias (do<br />
sistema e/ou subsistema);<br />
- Os riscos de caráter financeiro;<br />
- as entradas e saídas dos processos;<br />
- as interações com outros processos;<br />
- Os recursos e a informação;<br />
- as atividades e as metodologias;<br />
- a medição, a supervisão e a análise;<br />
- as ações corretivas e preventivas;<br />
- as atividades de melhoria e/ou inovação.<br />
Para cada processo, é nomeado um gestor com<br />
Figura 6 – Ferramentas tecnológicas inovadoras de suporte à conceção, planeamento, execução, controlo e avaliação de atividades<br />
(Portal Colaborativo, aplicação para Gestão de atividades – aGa, Plataforma de e-learning do exército – Moodle, Plataforma de<br />
videoconferência com apresentação de conteúdos – AdobeConnectNow)<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
27
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
28<br />
responsabilidades e autoridades definidas para estabelecer,<br />
manter, controlar e melhorar o processo e as<br />
suas interações com outros processos. as pessoas<br />
associadas aos processos individuais têm as competências<br />
necessárias para as tarefas e atividades<br />
envolvidas.<br />
Monitorização, medição, análise e revisão<br />
a monitorização/supervisão, medição, análise e<br />
revisão do desempenho acontece através de processos<br />
destinados a compilar e controlar a informação,<br />
estabelecendo:<br />
- A identificação e compreensão das necessidades<br />
e das expectativas de todos quantos interagem no<br />
sistema;<br />
- a avaliação dos pontos fortes, pontos fracos<br />
e das oportunidades;<br />
- a avaliação das tecnologias de<br />
suporte;<br />
- a previsão de alterações ao nível das<br />
exigências regulamentares<br />
e estatutárias;<br />
- a determinação<br />
das necessidades<br />
de recursos<br />
(a médio/longo<br />
prazo);<br />
- a avaliação das<br />
atuais capacidades e<br />
dos seus processos.<br />
O processo de medição<br />
assenta em indicadores-<br />
-chave de desempenho,<br />
quantificáveis que servem d e<br />
base à tomada de decisão.<br />
Utilizamos também<br />
a metodologia de<br />
procurar as melhores<br />
práticas dentro<br />
e fora da nossa<br />
escola, com o objectivo de melhorar o nosso desempenho<br />
(benchmarking).<br />
as auditorias internas constituem uma ferramenta<br />
eficaz de análise e melhoria contínua do nosso<br />
desempenho.<br />
a autoavaliação dos subsistemas e do sistema<br />
global, é usada para a determinação do nosso desempenho<br />
e identificação das boas práticas. Constitui<br />
uma metodologia que nos ajuda a atribuir prioridades,<br />
planear e implementar melhorias e/ou inovações onde<br />
necessário.<br />
Melhoria, inovação e aprendizagem<br />
a nossa aptidão e habilitação de efetuarmos a<br />
Nº 192 DEC11<br />
análise do desempenho com base em dados/factos<br />
e na incorporação de lições aprendidas, constitui-se<br />
na atitude fundamental para a melhoria das nossas<br />
capacidades e atividades, face aos objetivos a alcançar<br />
e treinando a flexibilidade de reação face às<br />
oportunidades.<br />
As oportunidades de inovação são em permanência<br />
identificadas, estabelecendo e mantendo processos<br />
eficazes e eficientes, com os recursos adequados<br />
e ajustados. É aplicada através de alterações ao nível<br />
da tecnologia, da organização e dos processos tendo<br />
por finalidade a utilização de novas oportunidades internas<br />
e externas.<br />
a promoção da melhoria e da inovação de forma<br />
sustentada é adotada através da aprendizagem<br />
que integra as capacidades individuais de<br />
todos quantos aqui servem (militares e civis)<br />
com as da nossa escola, tendo em<br />
consideração:<br />
- Os valores baseados na nossa<br />
missão, visão e<br />
estratégia;<br />
- O apoio a<br />
iniciativas de<br />
aprendizagem<br />
e a demonstração<br />
determinada<br />
das lideranças em<br />
todos os níveis de<br />
atuação;<br />
- O estimulo ao trabalhos<br />
em rede, à interatividade<br />
e à partilha do conhecimento<br />
dentro e fora<br />
do sistema (ePi);<br />
- O reconhecimento,<br />
apoio e<br />
recompensa das<br />
competências<br />
pessoais;<br />
- a valorização da diversidade e criatividade das<br />
pessoas com unidade de ação.<br />
tendo sempre presente suas tradições e raízes,<br />
mas voltada para o futuro, a ePi quer assentar a sua<br />
prática em processos dinâmicos, versáteis, estratificados,<br />
dirigidos e controlados de forma sistemática<br />
e transparente, que levem à economia de recursos e<br />
à otimização das suas capacidades através da melhoria<br />
contínua, pois só assim poderá, num contexto<br />
de extrema racionalização dos recursos disponíveis,<br />
procurar evidenciar a sua marca/identidade e projetar<br />
a nossa escola para um sistema de Gestão da<br />
azimute<br />
Qualidade integrado.<br />
Figura 7 – Gestão pela qualidade e excelência na execução da missão da EPI
A renovação da eficiência na Escola Regimental<br />
Novos processos, novas dinâmicas<br />
Sistema de Gestão de<br />
Qualidade<br />
a expressão “isO 9001:2000<br />
– sistemas de Gestão de<br />
Qualidade (sGQ) – Requisitos”,<br />
designa um grupo de normas técnicas<br />
que estabelecem um modelo<br />
de gestão de qualidade para<br />
as organizações em geral, qualquer<br />
que seja o seu tipo e dimensão,<br />
sendo sua função promover<br />
a normalização de produtos e<br />
serviços, para que a qualidade<br />
dos mesmos seja permanentemente<br />
melhorada. assim sendo,<br />
a Qualidade deve ser encarada<br />
como um processo contínuo de<br />
mudança que não se coaduna<br />
com uma visão estática, mas que<br />
deve aproximar-se da Qualidade<br />
total.<br />
estas normas estabelecem<br />
requisitos que têm como finalidade:<br />
auxiliar a melhoria dos processos<br />
internos; rentabilizar dos<br />
recursos humanos; monitorizar<br />
o ambiente de trabalho, satisfação<br />
dos clientes e colaboradores<br />
num processo contínuo de melhoria<br />
do sGQ, podendo estas<br />
ser aplicadas nos mais diversos<br />
domínios, tais como materiais,<br />
produtos, processos e serviços.<br />
O modo como estes processos<br />
devem ser geridos e melhorados<br />
envolve uma abordagem PDCa<br />
(Plan-Do-Check-Act), resumida<br />
na Figura 1.<br />
Figura 1 – sistema de Qualidade<br />
Fonte: aPi – assOCiates iN PROCess iMPROveMeNt/Usa<br />
Cap inf Parcelas<br />
Novos processos<br />
No caso da escola Prática<br />
de Infantaria, e especificamente<br />
na dita “escola Regimental”,<br />
a necessidade de estabelecer<br />
processos integrados num sistema<br />
que simplifiquem a complexa<br />
combinação de recursos (capital<br />
humano, capital intelectual, instalações,<br />
equipamentos, sistemas<br />
informáticos, etc.) é indispensável,<br />
pois só assim se consegue<br />
atender à satisfação das necessidades<br />
das partes interessadas,<br />
assegurando o melhor desempenho<br />
do sistema a partir da mínima<br />
utilização de recursos e do<br />
máximo índice de acerto.<br />
Contudo, antes do processo<br />
ser implementado, este tem de<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
29
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
30<br />
ser desenhado, devendo responder<br />
às seguintes questões:<br />
1. Qual a missão do processo?<br />
Propósito, função e/ou incumbência<br />
do processo.<br />
2. Onde o processo começa?<br />
Qual é o limitador do processo,<br />
limites da sua abrangência.<br />
3. O que ele contém? Quais as<br />
actividades principais desenvolvidas<br />
pelo processo.<br />
4. Onde termina o seu processo?<br />
O que determina o final do<br />
seu processo, limites da sua<br />
abrangência.<br />
5. O que ele não contém?<br />
actividades fora dos seus<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 2 – Sequência de acções da abordagem PDCA a um problema numa organização.<br />
limites de abrangência, mesmo<br />
sendo relacionadas e/ou compatíveis<br />
com o processo.<br />
6. Quais os objectivos do processo?<br />
Alvo ou fim que se quer<br />
atingir com a missão do processo<br />
(níveis de qualidade, índices<br />
de satisfação, competitividade<br />
e custos)<br />
7. Quais os factores críticos de<br />
sucesso? Áreas onde o processo<br />
não pode falhar.<br />
8. Pontos chaves do processo?<br />
Pontos do processo que asseguram<br />
o sucesso de todos.<br />
9. Quais são os suportes críticos<br />
ao processo? todas as<br />
Figura 3 – Reengenharia de processos<br />
Fonte: ReeNGeNHaRia De PROCessOs – tHOMas H. DaveNPORt<br />
actividades de suporte ao processo<br />
(inspecção, informática,<br />
limpeza, outros processos, etc.)<br />
Outros processos ainda que<br />
existentes, poderão necessitar<br />
de ser redesenhados – Figura 3.<br />
Uma vez desenhado ou redesenhado,<br />
é efetuado o mapeamento<br />
do processo e identificado<br />
o responsável pelo funcionamento<br />
do mesmo, podendo-se recorrer<br />
para tal a diversas ferramentas,<br />
tais como: diagrama de<br />
blocos, fluxogramas1 funcionais,<br />
1 Define-se um fluxograma como um<br />
método para descrever graficamente<br />
um processo existente, ou um novo
fluxogramas geográficos, matrizes<br />
de responsabilidades, etc.<br />
este mapeamento do processo,<br />
permite fornecer uma estrutura<br />
para que processos complexos<br />
possam ser avaliados de forma<br />
simples; permita a vizualização<br />
de todo o processo; possibilita<br />
a visualização<br />
de alterações<br />
que<br />
provoquem<br />
impactos;<br />
identifica<br />
facilmente<br />
áreas e etapas<br />
que não agregam valor;<br />
e estima tempos de duração<br />
de cada ciclo para estabelecer<br />
os pontos de início e fim do<br />
processo.<br />
em súmula, devemos ter a<br />
capacidade de desenvolver processos<br />
capazes de gerir com<br />
eficácia a informação relativa às<br />
necessidades, no que respeita<br />
processo proposto, usando símbolos<br />
simples, linhas e palavras, de forma a<br />
apresentar graficamente as actividades<br />
e a sequência no processo. A elaboração<br />
de fluxogramas, também chamada de<br />
diagramação lógica ou fluxo, é uma<br />
ferramenta inestimável para se entender<br />
o funcionamento interno e as relações<br />
entre processos.<br />
ao ciclo das ocorrências que<br />
vai desde o seu registo, análise,<br />
acompanhamento, avaliação da<br />
eficácia, até ao seu encerramento,<br />
e que deve<br />
envolver<br />
organização.<br />
Figura 4 – tablet PC<br />
os vários<br />
níveis da<br />
Novas dinâmicas<br />
Um sistema tradicional de<br />
comunicação 2 não permite capturar<br />
de forma simples a to-<br />
2 sistema de Comunicação é a rede por<br />
meio da qual fluem as informações, que<br />
permitem o funcionamento da estrutura<br />
de forma integrada e eficaz (Vasconcellos<br />
1972:10). a capacidade para exercer<br />
influência numa empresa depende, em<br />
parte, da eficácia dos seus processos de<br />
comunicação. Por isso não é surpresa de<br />
que a influência tem uma relação com<br />
o desempenho, comparável com a da<br />
comunicação (Likert, 1971:71).<br />
Figura 5 – Modelo da organização baseado na abordagem por processos.<br />
talidade do contexto das não<br />
conformidades, assim como não<br />
permite uma supervisão e comunicação<br />
em tempo útil e a todos<br />
os interessados dessas mesmas<br />
não conformidades. Não existindo<br />
uma visão global e centralização<br />
da informação, o<br />
responsável pelo(s)<br />
processo(s) não<br />
consegue agir<br />
de forma sistematizada,cooperativa<br />
e rápida.<br />
Consequentemente,<br />
é afectada a capacidade<br />
de agir segundo políticas<br />
de melhoria contínua, uma vez<br />
que os seus procedimentos exigem<br />
uma análise de dados completa<br />
e contextualizada. assim,<br />
de forma a diminuir o tempo de<br />
resposta, bem como permitir<br />
a comunicação em tempo útil,<br />
mantendo uma contínua supervisão<br />
e acompanhamento dos<br />
processos, a organização deve<br />
implementar formas de comunicação<br />
eficazes, o que implica a<br />
criação de sinergias entre o sGQ<br />
e o sistema de Comunicação em<br />
todas as fases do processo, tais<br />
como:<br />
• Criação de áreas na Intranet<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
31
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
32<br />
da organização como veículo<br />
de comunicação de informação<br />
relativa a políticas de<br />
qualidade, definição de políticas<br />
de qualidade, definição de<br />
procedimentos, e atribuição de<br />
responsabilidades.<br />
• Formulários electrónicos na<br />
intranet (dados internos à organização)<br />
e internet (dados externos,<br />
incluindo questionários<br />
de satisfação, reclamações,<br />
informação sobre produtos, alterações,<br />
etc.<br />
• Definição da metodologia de<br />
suporte da análise de desempenho,<br />
adequação, eficácia e<br />
melhoria do sGQ, através da<br />
criação, edição, armazenamento,<br />
controlo de versões, consulta<br />
e distribuição electrónica de<br />
documentos.<br />
• trabalho em grupo directamente<br />
nesse formato, definição de<br />
listas de distribuição via e-mail<br />
e definição de diferentes níveis<br />
de acesso na Intranet.<br />
• Recolha de dados através do<br />
sistema de Comunicação, permitindo<br />
a medição do desempenho,<br />
eficácia da formação e<br />
avaliações externas e internas.<br />
• Criação de datawarehouses 3 e<br />
3 Datawarehouses, é um sistema de<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 6 – esquema genérico para implementação de um sGQ através da associação com o sistema de Comunicação<br />
aplicação de técnicas de data<br />
mining4 .<br />
• Recolha e armazenamento de<br />
evidências em formato digital,<br />
como forma de comprovar a realização<br />
e controlo de processos<br />
associados ao cumprimento<br />
dos requisitos da norma.<br />
• implementação de novas plataformas<br />
de comunicação, permitindo<br />
a recolha, análise e armazenamento<br />
de dados em tempo<br />
real. (exemplo: utilização de<br />
Tablet PC, sensores, etc.)<br />
Observando a abordagem por<br />
processos defendida pela norma,<br />
podemos visualizar a organização<br />
como um processo de<br />
grande dimensão, ou macro-processo,<br />
em que a sua atividade,<br />
com a utilização de um conjunto<br />
de recursos geridos eficazmente,<br />
computação utilizado para armazenar<br />
informações relativas às atividades de<br />
uma organização em bancos de dados,<br />
de forma consolidada. O desenho da<br />
base de dados favorece os relatórios, a<br />
análise de grandes volumes de dados e<br />
a obtenção de informações estratégicas<br />
que podem facilitar a tomada de decisão.<br />
4 Data mining, é o processo de analisar<br />
grandes quantidades de dados à<br />
procura de padrões consistentes, como<br />
regras de associação ou sequências<br />
temporais, para detectar relacionamentos<br />
sistemáticos entre variáveis, detectando<br />
assim novos subconjuntos de dados.<br />
possibilita a transformação de<br />
entradas em saídas – Figura 5.<br />
Por outro lado, o sistema<br />
de Comunicação é simultaneamente<br />
uma infra-estrutura da<br />
organização e faz parte do sistema<br />
de gestão da qualidade,<br />
constituindo-se como um “fio<br />
condutor” para a aplicação dos<br />
procedimentos da organização,<br />
podendo a implementação entre<br />
estes dois sistemas ser efectuado<br />
de acordo com o esquema da<br />
Figura 6.<br />
a estrutura das normas isO,<br />
embora defendendo a abordagem<br />
da gestão como um sistema,<br />
foi criada para encorajar as<br />
organizações a analisarem as<br />
suas atividades como um processo<br />
e alcançarem, para além do<br />
objectivo da certificação, a implementação<br />
de um sistema de gestão<br />
da qualidade que beneficie<br />
o desempenho operacional de<br />
toda a organização. Com a aplicação<br />
das normas isO podemos<br />
melhorar a estrutura do trabalho<br />
nas tarefas diárias, diminuindo o<br />
tempo perdido e as disfunções,<br />
o que possibilita às pessoas dedicarem<br />
mais tempo e energia a<br />
azimute<br />
outras atividades.
A Escola e a importância dos processos na gestão dos<br />
recursos. Uma abordagem para a eficiência e eficácia<br />
organizacional<br />
O objetivo da elaboração deste<br />
artigo é, de uma forma clara,<br />
procurar demonstrar como pode<br />
a EPI beneficiar da aplicação<br />
duma metodologia organizacional<br />
e funcional baseada em processos,<br />
integrada no sistema<br />
de Gestão da Qualidade e com<br />
vista à racionalização dos seus<br />
recursos humanos, materiais e<br />
financeiros.<br />
Não se pretendendo maçar<br />
o leitor com um vasto conjunto<br />
de definições e conceitos teóricos<br />
sobre a implementação e<br />
importância dos processos nas<br />
organizações, importa referir<br />
aqui aqueles que são consideramos<br />
basilares para a perceção<br />
da metodologia. Por forma<br />
a não nos dispersarmos, foi tida<br />
como principal referência para a<br />
“Se queres colher em três anos, planta trigo;<br />
Se queres colher em dez anos, planta uma árvore;<br />
Se queres colher para sempre, desenvolve o homem.”<br />
elaboração deste artigo a série<br />
de normas isO 9000 1 , no âmbito<br />
de uma política de qualidade que<br />
se procura implementar na ePi.<br />
De acordo com a norma NP<br />
1 a denominação isO está associada<br />
à “international Organization for<br />
standardization”, ou seja, Organização<br />
internacional de Normalização. Baseada<br />
em Genebra, foi estabelecida em 1947 e<br />
é uma federação, sem fins lucrativos, de<br />
organismos de normalização nacionais.<br />
está atualmente representada em 162<br />
países e tem como função promover a<br />
normatização de produtos e serviços,<br />
para que a qualidade dos mesmos<br />
seja permanentemente melhorada. em<br />
Portugal faz parte da isO o instituto<br />
<strong>Português</strong> da Qualidade (IPQ). Ao<br />
contrário do que é frequentemente<br />
assumido, “isO” não pretende ser<br />
uma abreviatura de “international<br />
Organization for standardization”, mas<br />
sim uma expressão com origem na<br />
palavra grega “ISOS”, que significa algo<br />
que é uniforme ou homogéneo, como<br />
em “isobar”, “isotérmica” ou, para os<br />
entusiastas da geometria, “triângulo<br />
isósceles”.<br />
Figura 1 - Definição de Processo<br />
Provérbio Chinês<br />
Cap inf César Garcia<br />
eN isO 9001:2008 2 , um processo<br />
é uma atividade ou conjunto<br />
de atividades, utilizando recursos,<br />
gerida de forma a permitir<br />
a transformação de entradas em<br />
saídas (Figura 1).<br />
a norma NP eN isO<br />
9004:2011 3 refere que, “para<br />
2 A norma ISO 9001 especifica requisitos<br />
para um sistema de gestão da qualidade<br />
que pode ser utilizado para aplicação<br />
interna pelas organizações, ou para<br />
certificação, ou para fins contratuais.<br />
Está focada na eficácia do sistema de<br />
gestão da qualidade para ir ao encontro<br />
dos requisitos do cliente.<br />
3 a norma isO 9004 proporciona linhas<br />
de orientação à gestão para atingir<br />
o sucesso sustentado para qualquer<br />
organização num ambiente complexo,<br />
exigente e sempre em mudança. a isO<br />
9004 proporciona uma focalização mais<br />
abrangente na gestão da qualidade do<br />
que a isO 9001, aborda as necessidades<br />
e expectativas de todas as partes<br />
interessadas e a sua satisfação através<br />
da melhoria sistemática e contínua do<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
33
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
34<br />
assegurar que os recursos (tais<br />
como equipamentos, instalações,<br />
materiais, energia, conhecimentos,<br />
financeiros e pessoas) são<br />
utilizados eficaz e eficientemente,<br />
é necessário estabelecer processos<br />
que permitam fornecer,<br />
afetar, monitorizar, avaliar, otimizar,<br />
manter e preservar esses recursos”.<br />
Refere ainda que os processos<br />
são específicos de uma<br />
organização e variam em função<br />
do tipo, do tamanho e do nível de<br />
maturidade da organização.<br />
O anexo B às normas atrás<br />
referidas descreve os oito princípios<br />
de gestão da qualidade,<br />
entre os quais se encontra a<br />
abordagem por processos, referindo<br />
que, um resultado desejado<br />
é atingido de forma mais eficiente,<br />
quando as atividades e os<br />
recursos associados são geridos<br />
como um processo. Os principais<br />
benefícios da adoção desta abordagem<br />
são:<br />
• Redução de custos e de tempos<br />
de ciclo, através do uso eficaz<br />
dos recursos;<br />
• Resultados melhorados, consistentes<br />
e previsíveis;<br />
desempenho da organização.<br />
Nº 192 DEC11<br />
• Oportunidades de melhoria focalizadas<br />
e com prioridades<br />
atribuídas.<br />
Uma organização orientada<br />
por processos pressupõe que<br />
as pessoas trabalhem de forma<br />
diferente. em vez do trabalho individual<br />
e orientado por tarefas,<br />
a organização por processos<br />
valoriza o trabalho em equipa, a<br />
cooperação, a responsabilidade<br />
individual e a vontade de fazer<br />
um trabalho melhor, permitindo,<br />
desta forma, uma maior e melhor<br />
visibilidade sobre o contributo de<br />
cada um para o cumprimento da<br />
missão da organização.<br />
a mesma norma isO refere<br />
que, para cada processo, a organização<br />
deverá nomear um<br />
gestor do processo, com responsabilidades<br />
e autoridades definidas<br />
para estabelecer, manter,<br />
controlar e melhorar o processo<br />
e as suas interações com outros<br />
processos. O dono do processo<br />
pode ser uma pessoa ou uma<br />
equipa, dependendo da natureza<br />
do processo e da cultura da<br />
organização.<br />
Os processos da organização<br />
são traduzidos em fluxogramas,<br />
Figura 2 - Processo de reabastecimento de bens na ePi<br />
que não são mais do que a representação<br />
gráfica das várias<br />
etapas, atividades e tarefas que<br />
esse processo compreende, assentes<br />
num raciocínio lógico de<br />
execução. estes podem assumir<br />
várias formas e aspetos gráficos,<br />
existindo inclusivamente um vasto<br />
leque de aplicações informáticas<br />
destinadas a esse efeito.<br />
De seguida vamos ver de<br />
que forma podemos implementar<br />
esta metodologia na escola, não<br />
esquecendo que, seja em que<br />
organização for, são as pessoas<br />
o recurso mais valioso e mais<br />
critico.<br />
importa salientar que aqui é<br />
apresentada apenas uma metodologia,<br />
entre várias possíveis,<br />
tendo em consideração a especificidade<br />
da EPI e a sua missão.<br />
ao nível da escola podemos<br />
considerar os processos globais<br />
(de suporte) e os processos sectoriais<br />
(de execução).<br />
Os processos globais (de suporte)<br />
são aqueles que envolvem<br />
a escola como um todo, como sejam,<br />
por exemplo, os seguintes:<br />
• segurança;<br />
• Logística;
• Comunicação;<br />
• Recursos humanos;<br />
• Manutenção.<br />
A título de exemplo, no âmbito<br />
da logística, podemos considerar<br />
o processo de reabastecimento<br />
de bens, cuja nova metodologia<br />
foi implementada em Julho<br />
deste ano, com a introdução do<br />
sistema de requisição eletrónica<br />
através da aplicação Factuplus 4 .<br />
esta ferramenta, facilitadora do<br />
processo, é apenas um acessório<br />
de todo um fluxo que se inicia<br />
com a entidade requisitante a<br />
solicitar um determinado artigo<br />
através do Factuplus, e termina<br />
com a entrega desse artigo pela<br />
secDep/CCs à entidade requisitante.<br />
O processo envolve várias<br />
entidades da escola ao longo do<br />
seu percurso, está interligado<br />
com outros processos e é do conhecimento<br />
de todos através de<br />
NeP própria (Figura 2).<br />
a implementação deste processo,<br />
apesar de não ser novo,<br />
constituiu-se num desafio para<br />
todos nós; seja para as diversas<br />
secções de estado-Maior<br />
e subunidades (entidades requisitantes),<br />
pois só funciona<br />
havendo por parte destas um<br />
4 Software de gestão comercial que se<br />
encontra disponível no mercado e está<br />
direcionado para a gestão de depósitos e<br />
faturação ao nível de pequenas e médias<br />
empresas.<br />
planeamento de necessidades<br />
eficaz; seja para a Secção de<br />
Logística e para Companhia de<br />
Comando e serviços (entidades<br />
executantes), pois estas têm que<br />
conseguir manter um controlo<br />
rigoroso do processo e dos stocks,<br />
e ser capazes de dar resposta<br />
às solicitações que surgem<br />
diariamente.<br />
a par deste processo logístico<br />
da escola, outros estão em fase<br />
de normalização e implementação,<br />
como seja, por exemplo, os<br />
procedimentos a ter com atividades<br />
de que resultem receitas<br />
para a escola. Para a concretização<br />
da normalização de todos os<br />
processos logísticos da escola,<br />
foram definidas as seguintes<br />
fases:<br />
• Listagem dos processos logísticos<br />
da escola;<br />
• Confrontação da listagem<br />
dos processos com as NeP<br />
existentes;<br />
• Revisão e redação das NeP da<br />
área logísticas (construção dos<br />
fluxos);<br />
• apresentação do conjunto de<br />
NeP da área logística, devidamente<br />
consolidadas e ajustadas<br />
à realidade da ePi.<br />
Relativamente aos processos<br />
sectoriais (de execução),<br />
estes não são mais do que os<br />
processos (fluxos) de trabalho,<br />
Quadro 1 - exemplos de processos de trabalho da secLog<br />
processos estes que todos nós<br />
já praticamos diariamente, ainda<br />
que na maioria das vezes de uma<br />
forma inconsciente. tomemos<br />
como exemplo a metodologia que<br />
está a ser utilizada na secção de<br />
Logística para o cumprimento de<br />
um dos seus objetivos específicos,<br />
a definição e organização<br />
dos seus processos de trabalho.<br />
Para o efeito foram definidas as<br />
seguintes fases:<br />
• Listagem dos processos de<br />
trabalho na área dos recursos<br />
materiais e infraestruturas e na<br />
área dos recursos financeiros;<br />
• Realizar reuniões de trabalho<br />
colaborativo, em cada uma das<br />
áreas, para construção dos fluxogramas<br />
de trabalho;<br />
• Consolidação dos fluxogramas<br />
de trabalho;<br />
• Apresentação dos fluxogramas<br />
de trabalho.<br />
O Quadro 1 procura mostrar<br />
alguns dos processos sectoriais<br />
levantados para a secLog .<br />
Cada processo terá um “gestor”<br />
atribuído e será composto<br />
por um fluxograma (Figura 3)<br />
com:<br />
• entrada (início do processo);<br />
• Sequência de tarefas/ atividades<br />
e responsáveis pelas<br />
mesmas;<br />
• Saída (final do processo).<br />
Os fluxogramas de trabalho<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
35
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
36<br />
(workflow) não são mais do que<br />
uma ferramenta que permite sistematizar<br />
de forma consistente<br />
os processos de uma determinada<br />
organização, de forma a<br />
torna-los simples e transparentes<br />
aos vários intervenientes<br />
no processo, o que, no nosso<br />
caso concreto, também facilita<br />
o seu processo de avaliação e<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 3 - Fluxograma do processo de realização de despesa (ssRF)<br />
reconhecimento.<br />
À semelhança dos exemplos<br />
aqui apresentados no âmbito<br />
da logística também as restantes<br />
secções de estado-Maior e<br />
subunidades da escola estão<br />
a proceder à normalização dos<br />
seus processos de trabalho, sejam<br />
eles globais ou sectoriais.<br />
este esforço, parte integrante<br />
do processo de implementação<br />
de uma política de qualidade na<br />
Escola, vai contribuir para a eficiência<br />
e eficácia dos processos<br />
organizacionais e permite uma<br />
melhor visibilidade do trabalho<br />
que cada um dos militares e<br />
funcionários civis da ePi produz<br />
azimute<br />
diariamente.
Saber Fazer, Saber Mais e Fazer Mais e Melhor<br />
- A Eficiência Processual das Organizações -<br />
De há uns anos a esta parte,<br />
o Grupo teKeveR (www.tekever.com)<br />
e a escola Prática de<br />
Infantaria (EPI) têm vindo a colaborar<br />
no sentido de dotar a arma de<br />
Infantaria, e o <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>,<br />
com as mais inovadoras tecnologias<br />
em sistemas de comunicações<br />
e plataformas autónomas.<br />
Com o estreitar da nossa relação<br />
de parceria, gradualmente<br />
apercebemo-nos que a ePi constitui<br />
uma complexa realidade organizacional,<br />
com centenas de Oficiais,<br />
sargentos, Praças e Funcionários<br />
Civis a colaborarem no desempenho<br />
exímio da nobre missão de<br />
formar, para mais bem servir a<br />
infantaria, o exército e Portugal.<br />
É também a missão do Grupo<br />
teKeveR contribuir para a melhoria<br />
contínua do desempenho das<br />
Organizações. as nossas competências<br />
especializadas e ampla<br />
experiência em estruturação<br />
e desenvolvimento de processos<br />
organizacionais permitem-nos obter<br />
um conhecimento profundo da<br />
personalidade processual, humana<br />
e tecnológica que enforma cada<br />
identidade organizacional e transformar<br />
esse conhecimento numa<br />
plataforma de trabalho com o propósito<br />
de identificar e alcançar o<br />
estado óptimo da Organização,<br />
em termos de eficiência, qualidade<br />
e eficácia. Este nosso saber está<br />
ao serviço da escola Prática de<br />
infantaria, numa missão a realizar<br />
colaborativamente.<br />
O Modelo TEKEVER de<br />
Eficiência Processual<br />
Mais do que inteligência<br />
artificial, computação distribuída e<br />
sistemas de informação, o Grupo<br />
teKeveR propõe a modelação<br />
dos processos de trabalho e o<br />
suporte aos fluxos de informação<br />
entre as pessoas que cooperam<br />
nesses processos, alinhando-as<br />
em objectivos comuns e garantindo<br />
que a ePi controla e conhece o<br />
estado de cada processo.<br />
O primeiro passo é pois a<br />
modelação, sendo embebidas<br />
as características principais da<br />
Organização, incluindo processos,<br />
objectivos, artefactos e funções.<br />
Depois, estabelece-se o modelo<br />
a implementar, o qual reduz<br />
eventuais ambiguidades, cria os<br />
componentes específicos que irão<br />
interagir com a infraestrutura e aplicações<br />
existentes e identifica claramente<br />
os serviços a serem disponibilizados<br />
por outros sistemas.<br />
Nesta fase, uma das tarefas mais<br />
importantes é a definição clara dos<br />
Grupo teKeveR<br />
canais de interface com o utilizador,<br />
tendo em conta as características<br />
específicas dos ambientes<br />
operacionais existentes. Quando o<br />
modelo está completo, incluindo a<br />
abordagem multi-canal de interface<br />
com o utilizador, e a implementação<br />
em todos os ambientes de<br />
operação está finalizada, o sistema<br />
pode entrar em funcionamento.<br />
a entrada em funcionamento do<br />
sistema não prescinde contudo do<br />
Figura 1 – O ambiente teKeveR de Modelação de Processos<br />
envolvimento ativo dos utilizadores,<br />
quer no processo de tomada<br />
de decisão, quer na introdução no<br />
sistema dos dados relevantes para<br />
cada processo, uma interação<br />
apoiada por um portal, um dispositivo<br />
móvel ou outro interface intuitivo.<br />
De resto, a flexibilidade do<br />
componente de interface é fundamental<br />
para o sistema, permitindo<br />
à organização trabalhar com múltiplos<br />
canais, equipamentos e redes.<br />
Neste ambiente, a monitorização<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
37
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
38<br />
Figura 2 – exemplo de um processo, no qual as várias atividades são suportadas em diferentes tipos<br />
de interfaces gráficas pela plataforma Multi-canal da TEKEVER<br />
dos processos é possível em todas<br />
as atividades, independentemente<br />
de onde, quando e como são<br />
executadas, ou seja, independentemente<br />
do ambiente operacional<br />
em que são realizadas, uma vez<br />
que todo o sistema está baseado<br />
no mesmo modelo.<br />
O resultado final é o de um processo<br />
perfeitamente orquestrado,<br />
em que os utilizadores interagem<br />
em função de objectivos organizacionais<br />
comuns. Dados e informação<br />
fluem entre os vários sistemas<br />
e todos os eventos podem<br />
ser registados e visualizados com<br />
o apoio de ferramentas gráficas,<br />
as quais beneficiam a análise de<br />
métricas de desempenho e o levantamento<br />
de oportunidades de<br />
optimização para efeitos de melhoria<br />
contínua da Organização.<br />
a aplicação do mesmo modelo<br />
tecnológico na abordagem dos<br />
processos de uma Organização<br />
e das diferentes tecnologias de<br />
interface com o utilizador permite<br />
suportar as necessidades reais<br />
de organizações complexas, que<br />
não abdicam da sua capacidade<br />
Nº 192 DEC11<br />
de adaptação ágil, controlo rigoroso<br />
e monitorização contínua de<br />
desempenho. Mais importante, a<br />
metodologia teKeveR devolve à<br />
Organização a liberdade para otimizar<br />
os seus processo de trabalho<br />
e para tornar esses processos<br />
mais próximos às pessoas.<br />
A Aplicação do Modelo<br />
de Eficiência Processual<br />
TEKEVER à EPI<br />
sem um esforço substancial,<br />
o modelo de eficiência processual<br />
teKeveR permite tornar intuitiva,<br />
simples, rápida, eficiente e eficaz<br />
Figura 3 – Marcação de serviço “Formação”<br />
a atuação diária da ePi, estabelecendo<br />
fluxos de operação modulares<br />
que gerem de forma automática<br />
os diferentes processos,<br />
atividades e serviços, atribuindo<br />
recursos humanos, materiais e financeiros<br />
num contexto espácio-<br />
-temporal específico.<br />
Utilizando como exemplo o caso<br />
prático de uma formação ministrada<br />
pela ePi, teremos pois o curso<br />
de formação como uma atividade<br />
ou serviço, ao qual está associado<br />
um ou mais formadores e formandos,<br />
um conjunto de equipamentos<br />
e de material de estudo<br />
e um orçamento, bem<br />
como um espaço físico<br />
(interno ou externo às<br />
instalações da escola)<br />
e uma calendarização.<br />
É ainda possível enquadrar<br />
nesta atividade<br />
um processo de avaliação,<br />
quer dos formandos,<br />
quer dos próprios<br />
formadores, quer ainda<br />
da estrutura do curso<br />
de formação, dados<br />
estes que podem ser<br />
compilados na qualidade<br />
de instrumentos<br />
de incentivo ao mérito dos formandos<br />
e formadores ou como lições<br />
aprendidas para futuras atividades<br />
de formação.<br />
este caso prático, bem do conhecimento<br />
da ePi, corresponde<br />
a um tipo básico de processos<br />
já implementados pelo Grupo<br />
teKeveR, junto dos seus clientes.<br />
O foco inicial é a criação de uma<br />
formação no sistema por um utilizador<br />
responsável pela marcação<br />
e atribuição de formações, e com<br />
atribuição dos vários elementos ou<br />
recursos envolventes, incluindo<br />
o formador e os<br />
formandos. À nova formação<br />
é atribuída uma<br />
data e hora, ficando-lhe<br />
automaticamente associado<br />
um evento de<br />
calendário, disponível a<br />
todos os que tiverem permissão de<br />
acesso. temos então uma marcação<br />
de um serviço, efectuado por<br />
um dos utilizadores do sistema. a<br />
Figura 3 ilustra este processo.<br />
após este processo, focamo-<br />
-nos na alocação do espaço associado<br />
à formação. Um módulo do<br />
sistema integra todos os espaços<br />
internos e externos às instalações<br />
da escola, onde se podem realizar<br />
as aulas teóricas e práticas. Uma<br />
vez mais, com o auxílio do sistema,<br />
o responsável pela formação tem
acesso a todos os espaços, disponíveis<br />
e indisponíveis, permitindo-<br />
-lhe realizar de uma forma mais<br />
eficiente a gestão destes recursos.<br />
então, o responsável pela formação<br />
procura um espaço disponível<br />
para a realização do evento e,<br />
recorrendo a um simples interface<br />
gráfico, pode de forma rápida e intuitiva<br />
alocar um espaço livre para<br />
o(s) intervalo(s) em que decorrerá<br />
a formação.<br />
tendo a formação marcada e<br />
o espaço definido, passamos à<br />
gestão de pessoal, tarefas e equipamentos,<br />
elementos que podem<br />
ser associados à formação. Cada<br />
formação deve ter um ou mais<br />
formadores e um ou mais formandos,<br />
e esta informação é sempre<br />
passível de ser modificada e atualizada.<br />
Cada formação pode também<br />
ter associado um conjunto de<br />
tarefas e equipamentos, para os<br />
casos em que faça sentido, como<br />
apresentado na Figura 4.<br />
Finalmente, temos o processo<br />
da avaliação, em que um sistema<br />
simples de checklist introduz grupos<br />
de perguntas. a cada formando<br />
é associado um registo de ava-<br />
Figura 4 – Gestão de tarefas<br />
Figura 5 – Ferramenta de Modelação de Processos –<br />
Designer<br />
liação, preenchido posteriormente<br />
pelo formador. Esse registo fica<br />
associado ao processo do formado,<br />
permitindo que, em qualquer<br />
momento, seja possível aceder à<br />
informação do aluno através do<br />
sistema. Neste contexto, cada utilizador<br />
do sistema usa credenciais<br />
próprias, associadas a um grupo,<br />
que lhe permite ver única e exclusivamente<br />
os dados aos quais tem<br />
acesso.<br />
De resto, toda a informação<br />
gerida pelos<br />
sistemas de informação<br />
desenvolvidos e<br />
implementados pelo<br />
Grupo teKeveR está<br />
sujeita a permissões<br />
por perfil, de forma a<br />
garantir o controlo dos<br />
acessos e, de alguma<br />
forma, a privacidade e<br />
confidencialidade dos<br />
dados sob registo.<br />
O caso prático acima<br />
descrito demonstra a facilidade<br />
com que um processo comum na<br />
ePi (a marcação de formações e<br />
associada logística) pode facilmente<br />
ser modulado e gerido, recorrendo<br />
a uma solução teKeveR.<br />
No sector das tecnologias de<br />
informação, o Grupo teKeveR<br />
detém já um conjunto amplo de<br />
produtos e soluções destinados à<br />
optimização do desempenho das<br />
organizações. Por exemplo, a linha<br />
de produtos OZONO destina-se<br />
a organizações que carecem de<br />
optimização de processos<br />
e apresentam uma grande<br />
dinâmica de atuação, e<br />
permite gerir equipas geo-<br />
-referenciadas no terreno,<br />
destacá-las para serviços,<br />
atribuir-lhes tarefas e seguir<br />
o progresso da execução<br />
de cada serviço. a integração<br />
com sistemas terceiros<br />
é um factor determinante<br />
para que, nesta situação, seja<br />
possível a continuidade do fluxo<br />
de dados, desde o pedido de assistência<br />
até à faturação interna do<br />
serviço. Por seu lado, a plataforma<br />
MOBIZY oferece um conjunto de<br />
aplicações modulares de gestão,<br />
incluindo gestão de clientes, organização<br />
de serviços no terreno,<br />
despesas e checklists, entre muitas<br />
outras. todas as soluções do<br />
Grupo teKeveR assentam na<br />
plataforma MORE (Model Once,<br />
Run everywhere), responsável<br />
pela fácil modelação de processos<br />
(Figura 5) e pela capacidade<br />
do Grupo de construir um fluxo de<br />
processamento adaptado às necessidades<br />
específicas de cada<br />
organização.<br />
Captar o modelo de negócio de<br />
cada Organização e transformá-lo<br />
num fluxo integrado de processos<br />
é, de facto, um desafio a que<br />
o Grupo teKeveR tem correspondido<br />
superiormente. O nosso<br />
compromisso para com a ePi é<br />
pois o de disponibilizar todo o nosso<br />
saber credenciado no apoio ao<br />
esforço de melhoria e renovação<br />
dos processos da instituição, contribuindo<br />
para a sua optimização e<br />
sustentabilidade, numa óptica de<br />
azimute<br />
Qualidade e Excelência.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
39
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
40<br />
a formação e treino das nossas<br />
forças para as especificidades do<br />
combate em ambiente urbano, tem<br />
vindo a ganhar cada vez mais relevância,<br />
sendo actualmente impensável<br />
projectar uma Força Nacional<br />
Destacada (FND) sem que esta siga<br />
um plano de treino operacional iminentemente<br />
vocacionado para as<br />
áreas edificadas. Tal facto permitiu<br />
identificar algumas necessidades<br />
ao nível da instrução e do treino<br />
operacional nesta vertente específica,<br />
tais como uma infra-estrutura<br />
de treino que permita o desenvolvimento<br />
de técnicas e tácticas e<br />
Procedimentos (ttP) e treino de<br />
unidades escalão companhia (UeC)<br />
ou mesmo batalhão (UeB) e a necessidade<br />
de acompanhar os países<br />
amigos e de referência no que<br />
respeita à produção de doutrina<br />
e actualização de TTP no âmbito<br />
Nº 192 DEC11<br />
Centro de Excelência de Combate<br />
em Áreas Edificadas<br />
“ (… ) a melhor politica para as operações militares é obter a vitória, atacando a estratégia do inimigo. A segunda melhor<br />
política é desintegrar as alianças do inimigo por meio da diplomacia; em seguida, atacar os seus soldados, lançando<br />
um ataque ao inimigo; mas, a pior política é atacar violentamente cidades fortificadas e subjugar territórios. ”<br />
Figura 1 - Laboratório<br />
do Combate em Áreas Edificadas<br />
(Cae).<br />
Com o objectivo de contribuir<br />
para um melhor nível de formação e<br />
treino operacional, a escola Prática<br />
de infantaria possui actualmente<br />
um Centro de Formação e treino<br />
de Combate em Áreas Edificadas<br />
(CFtCae), designada peremptoriamente<br />
por “aldeia de Camões” onde<br />
se ministram cursos no âmbito do<br />
Cae e possibilita o treino de várias<br />
forças do exército, Forças armadas,<br />
Forças de segurança, NRF, BG/eU<br />
e elementos e forças dos países da<br />
CPLP.<br />
Prosseguindo com uma ideia<br />
iniciada a alguns anos, em 2011,<br />
através do despacho de 12 agosto<br />
de 2011 de sexa. o General CeMe,<br />
foi aprovado um projecto com a intenção<br />
de expandir as competências<br />
e possibilidades deste centro,<br />
Sun Tzu<br />
Cap inf Jorge Louro<br />
criando-se assim um Centro de<br />
Excelência do Combate em Áreas<br />
Edificadas (CdECAE). Esta intenção<br />
não se restringe apenas a alargar<br />
uma infra-estrutura actualmente<br />
existente, mas sim a desenvolver<br />
uma estrutura integrada de conhecimento,<br />
competências e infra-estruturas<br />
que permitam acompanhar os<br />
avanços ao nível da doutrina e ttP,<br />
assim como possibilitar o treino de<br />
combate em áreas edificadas até<br />
escalão batalhão, que permita uma<br />
preparação realista e mais completa<br />
das nossas forças e que contribua<br />
para um exército melhor preparado<br />
e mais eficiente.<br />
De uma maneira sucinta os objectivos<br />
a atingir são:<br />
Desenvolver, de forma coerente<br />
e continuada, doutrina de emprego<br />
de forças em Áreas Edificadas;<br />
Desenvolver, experimentar e validar<br />
ttP para forças de infantaria<br />
e de armas combinadas em Áreas<br />
Edificadas;<br />
Desenvolver uma capacidade de<br />
sistemas de equipamentos de tiro<br />
de armas ligeiras em que possibilite<br />
aumentar os níveis de eficiência dos<br />
militares na utilização do armamento<br />
individual e colectivo ligeiro neste<br />
tipo de ambiente, aumentando<br />
o realismo e reduzindo custos inerentes<br />
à execução do tiro em infraestruturas<br />
de tiro;<br />
Desenvolver, experimentar e validar<br />
todo o treino individual de combate<br />
com vista à formação de todo
o combatente em Áreas Edificadas;<br />
Manter um processo de Lições<br />
aprendidas, em coordenação<br />
com as unidades da estrutura<br />
da Componente Operacional do<br />
sistema de Forças (eCOsF), que<br />
permita a implementação célere<br />
e prática de ttP nessas mesmas<br />
unidades;<br />
Possibilitar o treino de unidades<br />
operacionais até ao escalão<br />
batalhão;<br />
apoiar o planeamento e a execução<br />
de exercícios em ambiente<br />
de Cae das unidades da eCOsF;<br />
apoiar projectos de cooperação<br />
técnica e de assistência militar no<br />
âmbito do CAE.<br />
No entanto, tendo em consideração<br />
o conceito e a missão, os pré-<br />
-requisitos identificados são fundamentais<br />
para a sua implementação<br />
e sustentabilidade, dos quais se<br />
destacam os seguintes:<br />
• Uma equipa técnica especializada,<br />
dedicada à missão do Centro,<br />
com os quadros orgânicos preenchidos<br />
na sua totalidade;<br />
• Uma unidade de escalão pelotão<br />
dedicada ao Centro para apoio<br />
à formação, experimentação e<br />
validação de técnicas, tácticas e<br />
procedimentos;<br />
• Uma infra-estrutura de treino moderna,<br />
que preencha os requisitos<br />
técnicos previstos para a formação,<br />
treino e investigação;<br />
• Materiais e equipamentos especializados<br />
para apoio à formação,<br />
treino e investigação;<br />
• Um sistema de informação moderno<br />
que permita o acesso permanente<br />
a informação relevante,<br />
o registo dos produtos e actividades<br />
desenvolvidos pelo Centro<br />
e a partilha dos recursos com o<br />
público-alvo;<br />
• acesso privilegiado a informação<br />
pertinente, através do estabelecimento<br />
de relações de âmbito técnico<br />
com as unidades operacionais<br />
do exército, de outros ramos<br />
das Forças armadas e das Forças<br />
de segurança;<br />
• Recursos financeiros dedicados<br />
que permitam a sustentabilidade<br />
das actividades do projecto.<br />
Relativamente ao material, para<br />
cumprir o objectivo de desenvolver<br />
e experimentar novas técnicas, tácticas<br />
e procedimentos o CdeCae<br />
terá obrigatoriamente de ter disponível,<br />
materiais e equipamentos<br />
individuais de combate, bem<br />
como os colectivos para unidades<br />
de escalão esq/sec/Pel das mais<br />
diversas áreas, como por exemplo<br />
transmissões, sapadores,<br />
armamento, etc. De igual forma,<br />
para desenvolver a capacidade de<br />
sistemas de equipamentos de tiro<br />
de armas ligeiras em ambiente de<br />
Cae, será necessário equipar o<br />
Centro com um estrutura de treino<br />
e formação na área do tiro que permita<br />
apoiar a formação ministrada e<br />
o treino operacional das forças que<br />
recorram ao Centro no âmbito dos<br />
seus planos de treino operacional.<br />
O Centro pretende contribuir activamente<br />
para o desenvolvimento,<br />
testagem e peritagem de novas soluções<br />
que possam vir a equipar as<br />
forças do exército no contexto do<br />
combate urbano.<br />
No sentido de manter os quadros<br />
técnicos do CdeCae actualizados,<br />
será fundamental a frequência de<br />
cursos e de acompanhar os recentes<br />
desenvolvimentos noutras estruturas<br />
de formação similares dos países<br />
aliados e amigos, assim como<br />
a participação a tempo inteiro em<br />
grupos de trabalho internacionais,<br />
de onde se destaca o NatO Urban<br />
Operations Working Group, onde<br />
Portugal actualmente participa de<br />
forma modesta. O Centro terá a responsabilidade<br />
de ministrar os cursos<br />
actualmente previstos no Plano<br />
de Formação Anual no âmbito do<br />
Cae e propor superiormente outras<br />
acções de formação que decorram<br />
dos seus trabalhos de investigação.<br />
a formação técnica, nomeadamente<br />
no emprego de armamento individual<br />
e colectivo ligeiro e do emprego<br />
táctico, poderá ser parcialmente realizada<br />
através do desenvolvimento<br />
dos sistemas de equipamentos do<br />
CdeCae.<br />
Como referido, actualmente a<br />
“aldeia Camões” permite o treino<br />
de todas as tarefas individuais e<br />
colectivas, até ao escalão companhia,<br />
com excepção de “Progredir<br />
tacticamente (escalão Companhia)”<br />
e “assalto a um edifício (escalão<br />
Companhia)”, sendo esta última<br />
passível de treinar desde que seja<br />
utilizada a área adjacente para a colocação<br />
dos elemento de apoio da<br />
companhia. em termos de estrutura<br />
implantada a “aldeia Camões” apresenta<br />
duas limitações distintas que<br />
importa melhorar:<br />
• O facto de possibilitar uma experiência<br />
de treino para unidades<br />
escalão companhia limitada, e não<br />
possibilitar o treino de unidades<br />
escalão batalhão;<br />
• a falta de variedade de estruturas<br />
de treino, individual e colectivo,<br />
que permita uma experiência diversificada<br />
e rica aos utentes.<br />
O alargamento do ponto de vista<br />
quantitativo e qualitativo, com a<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
41
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
42<br />
introdução de novas<br />
tecnologias que complemente<br />
e contribua<br />
para uma melhor<br />
formação da “aldeia<br />
Camões”, é factor de<br />
sucesso essencial e<br />
incontornável para o<br />
CdeCae, pois representa<br />
uma mais-valia<br />
do Centro e aproxima-<br />
-nos do que melhor se<br />
faz nestas áreas concorrente<br />
a outros países.<br />
O projecto inicial de<br />
alargamento da aldeia<br />
Camões prevê, genericamente,<br />
a construção<br />
das seguintes áreas e<br />
melhoramentos:<br />
• Área de aperfeiçoamento<br />
individual (Nº1);<br />
• Área de aperfeiçoamento de equipa<br />
(Nº 7, Nº8 a/b);<br />
• Área de contentores (Nº2 a);<br />
• Área de construção densa aleatória<br />
(Nº2 b);<br />
• Zona habitacional Médio Oriente<br />
(Nº3);<br />
• Zona industrial (Nº4);<br />
• Área de sapadores (Nº5);<br />
• Área de apoio (Nº6);<br />
• instalação de equipamento<br />
urbano.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 1 - Desenvolvimento da área<br />
Os custos previstos serão investidos<br />
num período de doze anos e<br />
tendo em conta a implementação<br />
das capacidades de infra-estruturas<br />
e dos sistemas de equipamentos<br />
assim como os custos administrativos,<br />
estimando-se o valor total na<br />
ordem dos 1.051.619 €.<br />
a efectivação do projecto de<br />
implementação desta capacidade<br />
compreende três fases: Fase I de 3<br />
anos (ano 1 ao ano 3), Fase ii de 3<br />
anos (ano 4 ao ano 6) e Fase iii de 6<br />
Figura 3 - Fases de implementação<br />
anos (ano 7 ao ano 12).<br />
Neste momento encontra-se<br />
proposta e orçamentada<br />
a construção<br />
da área de aperfeiçoamento<br />
individual (Nº1),<br />
e o restabelecimento<br />
da instalação eléctrica<br />
na “aldeia de Camões”<br />
. De salientar o desenvolvimento<br />
de um sistema<br />
de comunicações/<br />
vigilância no Centro<br />
pela seGURteC, cuja<br />
montagem será efectivada<br />
até ao final do ano<br />
(ver artigo seguinte).<br />
Como conclusão,<br />
verifica-se que os investimentosnecessitam<br />
de ser rentabilizados<br />
a longo prazo e que a existência<br />
sustentada de um centro de treino<br />
com as dimensões e características<br />
desejadas para a aldeia Camões/<br />
CdeCae, apenas é possível com<br />
uma estrutura de apoio que assegure<br />
a sua manutenção e operacionalidade.<br />
tal actividade necessita<br />
de competências técnicas e experiência<br />
adequadas, que se adquirem<br />
com a prática continuada do apoio.<br />
azimute
Sistema de Análise Vídeo – Novas Dinâmicas Formativas para<br />
o Combate em Áreas Edificadas<br />
1. Introdução<br />
Nos conflitos marcadamente<br />
assimétricos, como os<br />
mais recentemente vividos no<br />
afeganistão ou iraque, que encontram<br />
nos centros urbanos os<br />
pólos privilegiados para a minimização<br />
das capacidades dissimétricas,<br />
é muito importante marcar<br />
novos padrões de liderança, formação<br />
e treino que advoguem o<br />
espírito de decisão, tenacidade<br />
na ação, firmeza de vontade e<br />
assertividade, mas também é imprescindível<br />
desenvolver novos<br />
processos formativos como a automatização<br />
de procedimentos e<br />
atitudes.<br />
Numa nova vertente de fazer<br />
a guerra onde a ação de comando<br />
tem que ter espaço para “errar”,<br />
importa também que desde<br />
já se introduzam novas vertentes<br />
formativas que promovam<br />
a adaptabilidade e criatividade,<br />
pois aos novos líderes será sempre<br />
exigido energia realizadora.<br />
No que respeita às operações<br />
de guerra em cidades há,<br />
claramente, um assumir da importância<br />
no desenvolvimento de<br />
plataformas de formação e treino<br />
para essa realidade. Essa valência<br />
é fundamental para a modernização<br />
do sistema de forças de<br />
qualquer infantaria. sem essa<br />
capacidade, apesar do esforço<br />
de modernização em termos de<br />
equipamento e armamento, a<br />
transformação ficará limitada em<br />
termos de práticas de técnicas<br />
e procedimentos para os quais<br />
os desenvolvimentos tecnológicos<br />
dificilmente encontrarão<br />
resposta.<br />
2. O sistema de análise<br />
Vídeo<br />
actualmente a escola Prática<br />
de infantaria encontra-se no bom<br />
caminho, encontrando-se equipada<br />
por um complexo que permite<br />
desenvolver a formação e o treino<br />
neste tipo de terreno, valência<br />
esta que se encontra designada<br />
como Centro de Excelência de<br />
Combate em Áreas Edificadas 1 .<br />
Nesse centro, entre outras capacidades,<br />
encontra-se imple-<br />
mentado um edifício “laboratório”<br />
que permite desenvolver e<br />
monitorizar as ttP desde o nível<br />
individual ao pelotão de atiradores.<br />
Contudo, esta resume-se à<br />
observação direta e correctiva<br />
do formador ou comandante da<br />
1 Despacho de 12 de agosto de 2011<br />
de sua exª o General Chefe do estado-<br />
Maior do exército, que aprova o Plano de<br />
Implementação do Centro de Excelência<br />
de Combate em Áreas Edificadas.<br />
Cap inf Rafael Lopes<br />
They are… the post-modern equivalent of jungles and mountains—citadels of the dispossessed and irreconcilable. A<br />
military unprepared for urban operations across a broad spectrum is unprepared for tomorrow.”<br />
Lieut\enant Colonel Ralph Peters, U.S. Army (Retired)<br />
força (para o caso do treino operacional),<br />
inviabilizando a recolha<br />
documental (vídeo) dos procedimentos/manobra<br />
para posterior<br />
análise, interpretação, correcção<br />
e validação. ao contrário<br />
dos processos de modernização<br />
dos <strong>Exército</strong>s holandês e de outros<br />
exércitos europeus, como o<br />
alemão, finlandês, belga, dinamarquês<br />
ou polaco, a ausência<br />
desta valência inviabiliza a maximização<br />
e optimização da infraestrutura<br />
(laboratório) bem como<br />
a possibilidade ser parte de um<br />
processo de geração de conhecimento<br />
e doutrina.<br />
Figura N.º1. exemplo de Control station. Fonte: sGURteC<br />
Nesse sentido, é fulcral constituir<br />
uma plataforma de apoio de<br />
captação de imagem que sustente<br />
essa valência, plataforma esta<br />
que possua na sua constituição<br />
equipamentos como:<br />
• câmaras tipo dome FD8361<br />
para captação no interior do<br />
edifício, de dia e de noite;<br />
• câmara exterior tipo bulet<br />
iP7361 capazes de captar<br />
as aproximações e as técnicas<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
43
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
44<br />
de abordagem de dia e<br />
de noite;<br />
• câmara Móvel de longo<br />
alcance sD 7323 ou<br />
sD 7151 passíveis de<br />
acoplar aos sistemas de<br />
armas dos formandos<br />
ou militares em treino;<br />
• bastidor (plataforma<br />
receptora do sinal de<br />
todas as câmaras de<br />
vídeo e som) completo<br />
com switching POe<br />
e UPs para colocar no<br />
CFtCae;<br />
• Control Station constituída<br />
por: três (3) monitores<br />
20’’, um (1) network<br />
vídeo server capaz de<br />
operar e gerir até dezasseis<br />
(16) câmaras, um (1)<br />
working station com teclado e<br />
rato, um (1) joystik e uma (1)<br />
UPs;<br />
• equipamento de rede;<br />
• Software de gravação e visualização<br />
com análise de vídeo<br />
inteligente.<br />
3. Análise<br />
Um feedback preciso e em<br />
tempo é um fator essencial para<br />
a condução de uma ação de formação/treino.<br />
O exército e a ePi<br />
na condução das suas atividades<br />
formativas (práticas) utiliza a<br />
Revisão após ação 2 (Raa) como<br />
o principal método para comunicar<br />
o resultado da formação/treino<br />
aos formandos. O sistema de<br />
vídeo é objetivamente uma ferramenta<br />
para apoio à execução da<br />
Raa.<br />
apesar do desenvolvimento<br />
de ferramentas informáticas<br />
para a condução de Raa, existem<br />
características transversais<br />
2 Como descrito no manual “A Leader’s<br />
Guide to After Action Reviews” o<br />
objetivo da Raa é dar um feedback da<br />
performance durante o treino e guiar os<br />
formandos na descoberta própria das<br />
suas capacidades e fraquezas.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura N.º2. exemplo de software de gravação e visualização com análise de vídeo inteligente<br />
e bastidor (plataforma recetora do sinal de todas as câmaras de vídeo e som) completo com<br />
switching POe e UPs para colocar no CFtCae. Fonte: seGURteC<br />
a todos os sistemas como sejam:<br />
capacidade de recolha de dados<br />
do exercício, disponibilizar<br />
a informação recolhida em mapas<br />
2D ou 3D, gerar relatórios<br />
sobre a informação recolhida e<br />
marcação de pontos importantes<br />
para a consecução do exercício.<br />
todavia, e enquanto estas<br />
ferramentas disponibilizam informação<br />
objetiva da execução do<br />
exercício, a análise e a avaliação<br />
continua a ser executada pelos<br />
formadores e ou observadores.<br />
a principal lacuna destes sistemas<br />
reside no planeamento e<br />
preparação da missão, o relacionamento<br />
entre causa e efeitos<br />
e a conexão entre diversos<br />
eventos, trabalho este que hoje,<br />
apenas pode ser executado pelo<br />
avaliador/formador que poderá<br />
ainda incorporar as experiências<br />
e lições aprendidas resultantes<br />
do seu estudo e preparação.<br />
4. Conclusões<br />
a formação e treino terá sempre<br />
na avaliação/validação um<br />
último patamar para o aperfeiçoamento<br />
e a busca da excelência<br />
do produto operacional do<br />
exército – O sOLDaDO, pelo que<br />
a disponibilização de um sistema<br />
de vídeo que permita conduzir<br />
revisões após ação e evidenciar<br />
os principais erros cometidos na<br />
execução de uma determinada<br />
ação contribuirá certamente para<br />
melhorar a proficiência técnica e<br />
tática dos nossos formandos. Por<br />
outro lado, não poderemos esquecer<br />
os efeitos que a utilização<br />
desta tipologia de sistemas provocará<br />
no aumento motivacional<br />
de formandos e formadores na<br />
condução do processo de treino.<br />
Nessa óptica, o treino individual<br />
e colectivo, ainda que perspectivando<br />
o emprego da força em<br />
tO de baixa intensidade, deve<br />
ser transversal a toda a tipologia<br />
de desafios e missões, e deverá<br />
procurar materializar o realismo<br />
da acção através da introdução<br />
de simuladores e novas plataformas<br />
de tiro que possam sustentar<br />
o tiro e a manobra colectiva<br />
de unidades de baixos escalões,<br />
mas também promover e dotar<br />
os centros de formação e treino<br />
com a capacidade de captação<br />
e interpretação das tácticas,<br />
técnicas e Procedimentos executados<br />
ao longo dos processos<br />
azimute<br />
formativos/treino.
1. Introdução<br />
Neste artigo pretende-se fazer<br />
uma pequena reflexão sobre<br />
a instrução e infraestruturas<br />
de tiro, apresentando alguns<br />
exemplos de países estrangeiros<br />
como a França e os estados<br />
Unidos da américa e analisando<br />
a nossa própria realidade. em<br />
seguida serão apresentadas algumas<br />
sugestões de como podemos<br />
atualizar os nossos métodos<br />
de instrução, tornando-os mais<br />
próximos da realidade encontrada<br />
hoje no campo de batalha.<br />
Um combate assimétrico incentiva<br />
a fação mais fraca a<br />
empreender meios e métodos de<br />
combate que algumas vezes são<br />
contrárias às Leis internacionais<br />
(Gei, 2006). O combate urbano<br />
deixou de ser algo a evitar e<br />
passou a ser imprescindível para<br />
o cumprimento da missão. a política<br />
de “ganhar os corações e<br />
mentes da população” e conceitos<br />
como three block war2 são a<br />
prova disso. Deste modo, a instrução<br />
e infraestruturas devem<br />
acompanhar a evolução dos conflitos,<br />
trazendo para a instrução<br />
um reflexo do que é a realidade<br />
atual. Um exemplo desta realidade<br />
pode ser encontrado na instrução<br />
nos eUa, que em 2003<br />
1 Um dos princípios da instrução do<br />
exército dos estados Unidos da américa<br />
2 Conceito descrito pelo General Charles<br />
Krulak nos finais da década de 90 onde<br />
os soldados no campo de batalha podem<br />
realizar operações militares de alta<br />
intensidade, operações de manutenção<br />
de paz e ajuda humanitária.<br />
Instrução de Tiro e Infraestruturas de Tiro.<br />
Qual o caminho a seguir?<br />
ten inf David Marcos<br />
“Train as you will fight”<br />
(US Army, 2008) <strong>AZ</strong>IMUTE<br />
simulava o combate das suas<br />
forças em desertos nos centros<br />
de treino, como Fort irwin e Calif,<br />
mas actualmente estes e outros<br />
centros foram remodelados e<br />
oferecem vilas, cavernas e armadilhas,<br />
“povoadas” por pessoas<br />
reais que assumem o papel de<br />
insurgentes e população local,<br />
baseados numa variedade de<br />
cenários reais encontrados no<br />
iraque e afeganistão (Komarow,<br />
2005).<br />
2. Instrução de tiro<br />
e Infraestruturas no<br />
estrangeiro.<br />
atualmente existem já alguns<br />
países como a França e os<br />
eUa, que decidiram aproximar o<br />
treino dos seus militares o mais<br />
possível da realidade vivida num<br />
conflito contemporâneo. Para<br />
tal investiram em infraestruturas<br />
que representam pequenas vilas<br />
onde colocam indivíduos a representar<br />
o inimigo e sistemas de<br />
simulação de tiro que permitem<br />
uma instrução muito mais real.<br />
França possui um complexo<br />
de treino único na europa, o<br />
CeNZUB (Centre d’entraînement<br />
aux actions en Zone Urbaine),<br />
composto por 4 partes principais.<br />
O distrito de Orleans onde as forças<br />
são instaladas e permanecem<br />
durante o planeamento do exercício,<br />
a vila de Beauséjour onde<br />
são conduzidos treinos antes de<br />
iniciarem o exercício, a cidade<br />
de Jeoffrécourt onde decorre o<br />
exercício e por último um conjunto<br />
de 8 infraestruturas de tiro em<br />
ambiente urbano (Ministère de<br />
la Défense, 2008). Nestas infraestruturas<br />
são conduzidas simulações<br />
de emboscada, assaltos<br />
a/e defesa de pontos sensíveis,<br />
reação a fogos de curtas distâncias,<br />
pistas de tiro de combate individual,<br />
de parelha e de secção,<br />
tiro a partir de posições preparadas<br />
e uma adaptação às ondas<br />
de choque e ruídos do campo de<br />
batalha. todas estas simulações<br />
são aplicadas de forma modular,<br />
podendo ser adaptado a vários<br />
exercícios (tranchant, 2009).<br />
No caso dos eUa, existem 4<br />
Centros de treino de Combate<br />
que proporcionam um treino altamente<br />
realista, o BCtP (Battle<br />
Command training Program)<br />
sediado em Fort Leavenworth,<br />
Kansas, onde o treino é vocacionado<br />
para os comandantes<br />
de Grandes Unidades e o seu<br />
estado Maior. O CMtC (Combat<br />
Maneuver training Center), o<br />
JRtC (Joint Readiness training<br />
Center) em Fort Polk, Louisiana e<br />
o NtC (National training Center)<br />
em Fort irwin, California. estes<br />
centros são designados como<br />
MCtCs (Maneuver Combat<br />
training Centers) por ser onde<br />
se realizam os exercícios de manobra,<br />
desde o nível do soldado<br />
individual até à Brigada, tanto no<br />
contexto de operações conjuntas<br />
como combinadas, em todo<br />
o espectro das operações, das<br />
operações de combate em alta<br />
intensidade ou missões de apoio<br />
à paz (Us army, 2003).<br />
estes 4 Centros de treino<br />
são considerados centros de<br />
excelência e baseiam-se em 5<br />
Nº 192 DEC11<br />
45
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
46<br />
princípios para conseguir cumprir<br />
a sua missão. O primeiro defende<br />
que a unidade a treinar deve<br />
estar organizada exatamente<br />
como estará quando for destacada<br />
para o teatro de Operações.<br />
O segundo determina que exista<br />
uma entidade responsável por<br />
cada um dos MCtCs, garantindo<br />
todo o apoio logístico ao campo,<br />
assim como instrutores e pessoal<br />
especializado para auxiliarem na<br />
instrução e avaliação da unidade.<br />
O terceiro princípio estipula que<br />
a força opositora seja realista,<br />
podendo simular uma força de<br />
guerrilha, exército convencional<br />
de forças mecanizadas, tropas<br />
aerotransportadas ou forças de<br />
operações especiais, através<br />
forças treinadas e equipamento<br />
igual ou semelhante ao que poderá<br />
ser encontrado na zona de<br />
conflito. O quarto princípio impõe<br />
que seja possível simular o<br />
combate, devendo para o efeito<br />
ter espaço aéreo reservado, uma<br />
Nº 192 DEC11<br />
larga área de treino e sistemas<br />
de simulação como o MiLes 3 ,<br />
permitindo uma aproximação o<br />
mais possível do real. O quinto<br />
e último princípio obriga a que<br />
existam infraestruturas capazes<br />
de alojar as unidades que estão<br />
a treinar, assim como uma pista<br />
que permita a aterragem de aviões<br />
de grande porte (Reeson,<br />
2006).<br />
Nesta lógica de melhoria da<br />
preparação do militar para a realidade,<br />
através da evolução das<br />
infraestruturas e instrução de tiro,<br />
importa também analisar a evolução<br />
dos simuladores de tiro. estes<br />
simuladores não substituem o tiro<br />
real mas optimizam as instruções<br />
com fogo real (Muriente, 2009).<br />
a sua utilização é tida como um<br />
dos fatores pelo qual o treino<br />
nos MCtCs americanos é tão<br />
3 Multiple integrated Laser engagement<br />
system – sistema de simulação de<br />
tiro semelhante ao sitPUL mas mais<br />
evoluído<br />
Figura 1- esquema de CeNZUB Fonte: adaptação da revista Fantassins<br />
eficiente (Reeson, 2006).<br />
estes sistemas de simulação<br />
podem ser de 2 tipos. Os que funcionam<br />
como se de um jogo de<br />
computador se tratasse, em que<br />
é projetada uma imagem num<br />
ecrã, parede ou mesmo em 3 paredes<br />
em simultâneo permitindo<br />
ao atirador ou atiradores, dependendo<br />
do programa que está a<br />
correr, disparar num ângulo de<br />
praticamente 180º (Laser shot,<br />
2011). O outro tipo de simulador<br />
é aquele em que cada militar ou<br />
veículo transporta uma série de<br />
foto-sensores e um emissor laser<br />
na respetiva arma. Cada vez que<br />
o foto-sensor de um militar ou<br />
veículo for atingido pelo laser de<br />
outro, a sua arma deixa de disparar<br />
passando a ser considerado<br />
uma baixa, no entanto se a arma<br />
não tiver efeito no alvo, o laser é<br />
ignorado, por exemplo evitando<br />
que uma espingarda automática<br />
destrua um carro de combate.<br />
este tipo de simulador tem ainda
a vantagem de os controladores<br />
puderem seguir em direto o desenrolar<br />
do combate e obrigar os<br />
comandantes, aos diversos escalões,<br />
a tomar decisões no que<br />
diz respeito às evacuações ou<br />
alterações das modalidades de<br />
ação perante o cenário de terem<br />
baixas nas suas forças.<br />
3. Instrução de tiro e<br />
Infraestruturas em Portugal.<br />
atualmente a instrução de<br />
tiro em Portugal é baseada no<br />
Plano de instrução de tiro de<br />
armas Portáteis (PitaP), o Plano<br />
Básico de tiro (PBt), publica-<br />
ções e NePs feitas pelas diversas<br />
unidades baseadas nestes<br />
dois manuais e por último a imaginação<br />
do instrutor. Podemos<br />
então verificar que a instrução no<br />
nosso exército baseia-se essencialmente<br />
em três tipos de tiro:<br />
tiro de precisão, tiro instintivo e<br />
tiro de combate, mas no combate<br />
em ambiente urbanizado por ser<br />
caracterizado como instintivo e<br />
brutal, utilizamos maioritariamente<br />
os dois últimos.<br />
O tiro instintivo ministrado actualmente<br />
na ePi tem como base<br />
de referência o manual de tiro<br />
instintivo desta escola elaborado<br />
em 2007, e após uma leitura do<br />
mesmo é fácil constatar que em<br />
todas as sessões, os alvos são<br />
fixos e apenas na última sessão<br />
o executante está em movimento.<br />
No que diz respeito ao tiro de<br />
combate, a referência é o manual<br />
de tiro de Combate da ePi, onde<br />
encontramos fichas de instrução<br />
sobre pistas de tiro de combate<br />
individual, parelha e secção, nas<br />
os alvos estão em frente aos atiradores<br />
e estes têm de se deslocar<br />
de máscara em máscara<br />
e efectuar 2 disparos para cada<br />
alvo. No entanto, ambos os manuais<br />
são apenas referências e<br />
como já foi supramencionado, a<br />
imaginação do responsável da<br />
sessão permite criar mais situações<br />
como obrigar o instruendo<br />
Figura 2- simulador Laser shot Fonte: Laser shot<br />
a disparar para os alvos segundo<br />
uma ordem pré estipulada ou<br />
para o alvo que estiver iluminado,<br />
se for uma instrução noturna,<br />
de acordo com as limitações da<br />
infraestrutura de tiro. as nossas<br />
infraestruturas de tiro são construídas<br />
respeitando o Mt 38-2 4<br />
e o RaD 38-1 5 e embora esteja<br />
prevista a utilização de alvos<br />
móveis, tanto tombantes como<br />
de movimentos transversais, em<br />
ambos os casos estes são colocados<br />
sempre à frente do executante<br />
e no sentido do seu deslocamento,<br />
apesar deste tipo de<br />
alvos é praticamente inexistente<br />
4 Mt 38-2 Caracterização e técnica das<br />
infra-estruturas de tiro, 1989<br />
5 RaD 38-1 infra-estruturas de tiro,<br />
1988<br />
no nosso exército 6 . assim, estes<br />
modelos de sessões de tiro,<br />
aliadas às condições das nossas<br />
carreiras de tiro não reflectem a<br />
realidade que os nossos militares<br />
poderão encontrar numa zona de<br />
conflito da atualidade, isto porque<br />
o inimigo não está sempre à<br />
nossa frente, à espera que seja<br />
dado um sinal como um apito<br />
para que possamos disparar,<br />
pelo contrário o inimigo hoje esconde-se<br />
em casas, usa escudos<br />
humanos, dispara de janelas que<br />
estão acima de nós e ao nosso<br />
lado, aciona ieDs 7 para imobilizar<br />
uma coluna de viaturas e depois<br />
ataca.<br />
No que diz respeito à simulação,<br />
o nosso exército possui<br />
nesta escola um simulador de<br />
tiro Laser shot que nos permite<br />
apenas fazer tiro com a pistola<br />
do sistema, fazendo com que a<br />
falta de mais equipamento não<br />
torne este sistema tão rentável<br />
quanto o deveria ou com um nível<br />
de eficiência semelhante ao dos<br />
exércitos estrangeiros. ainda na<br />
área dos simuladores dispomos<br />
do sistema sitPUL (simulação<br />
de instrução de tiro e de táctica<br />
de PUs Utilizando Laser) que foi<br />
inicialmente utilizado no final da<br />
década de 80 mas que com o<br />
tempo acabou por deixar de ser<br />
usado. existem ainda na ePi<br />
10 armas de airsoft, no entanto<br />
e à semelhança do Laser shot,<br />
esta quantidade não é a suficiente<br />
para revelar todo o potencial<br />
que este tipo de treino pode<br />
proporcionar.<br />
4. O caminho a seguir…<br />
O modelo ideal seria o caso<br />
francês em que, aliado a um sistema<br />
de simulação de tiro compatível<br />
com todas as armas utilizadas<br />
no seu exército, existe um<br />
6 O CtOe é uma das poucas Unidades<br />
que possui este tipo de alvo em perfeitas<br />
condições de utilização<br />
7 improvised explosive Device –<br />
engenho explosivo improvisado<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
47
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
48<br />
centro de treino extremamente<br />
especializado, realista e funcional,<br />
onde os recursos estão centralizados<br />
e a utilização dos mesmos<br />
é feita por todo o exército,<br />
com base num sistema de rotatividade<br />
de forças. apesar da<br />
conjuntura atual não nos permitir<br />
enveredar por projetos megalómanos,<br />
existem pequenas mudanças<br />
que merecem uma tentativa<br />
de implementação.<br />
Importa desde já refletir sobre<br />
o modo a proporcionar às várias<br />
carreiras de tiro existentes e ativas,<br />
a prática de tiro instintivo<br />
onde os executantes tivessem<br />
de disparar sobre alvos que não<br />
estariam apenas à sua frente<br />
mas também em pisos superiores<br />
e na sua lateral, alvos estes<br />
que deveriam ser móveis, com<br />
movimentos transversais ou<br />
tombantes sendo que alguns devem<br />
representar população civil.<br />
este tipo de alvo não é obrigatório<br />
ser uma máquina extremamente<br />
complexa que registe os<br />
impactos, existem alternativas no<br />
mercado que permitem apenas<br />
o movimento do alvo e que este<br />
seja trocado com facilidade.<br />
No que diz respeito a simuladores<br />
de tiro, pode ser considerado<br />
como opção a aquisição<br />
de sistemas simuladores de tiro<br />
que permitam um maior número<br />
de participantes em simultâneo,<br />
com cenários semelhantes<br />
à realidade, em que é possível<br />
simular o recuo da arma a cada<br />
tiro assim como a necessidade<br />
de troca de carregador. Deverá<br />
ser equacionada a hipótese de<br />
realizar um upgrade ao sistema<br />
sitPUL, através de protocolos<br />
com universidades nacionais,<br />
evitando a fuga de capital para<br />
o estrangeiro e dinamizando o<br />
nosso sector tecnológico. De salientar<br />
que uma das vantagens<br />
do sitPUL era a poupança de<br />
verbas no que dizia respeito ao<br />
consumo de munições em treino<br />
(exército, 1987). Podemos ainda<br />
Nº 192 DEC11<br />
Fig. 3- simulador MiLes Fonte: adaptação da revista Fantassins<br />
ponderar a aquisição de mais armas<br />
de airsoft, de modo a equipar<br />
pelo menos uma companhia<br />
em cada Unidade Operacional,<br />
sendo a sua responsabilidade<br />
da respetiva unidade, permitindo<br />
que as armas fossem utilizadas<br />
sempre que a Unidade treinasse,<br />
independentemente do local.<br />
Os campos de tiro atuais deviam<br />
ser adaptados de modo<br />
a que pudesse ser realizado o<br />
treino de reação a emboscada<br />
a uma coluna de viaturas, onde<br />
houvesse simulação de rebentamentos<br />
de ieDs seguido de ataque<br />
por parte do inimigo 8 .<br />
5. Conclusões.<br />
Verificamos que a evolução<br />
do treino das forças deve acompanhar<br />
a evolução dos conflitos,<br />
adaptando a instrução de tiro e as<br />
suas infraestruturas de uma forma<br />
constante e contínua ao longo<br />
do tempo. Devemos seguir o<br />
exemplo de forças que têm mais<br />
experiência em conflitos atuais e<br />
esforçarmo-nos para adaptar o<br />
conhecimento, adquirido através<br />
das lições aprendidas, à nossa<br />
realidade.<br />
Constata-se com alguma<br />
frustação que em 1987, quando<br />
a tecnologia laser em sistemas<br />
de simulação estava a dar os primeiros<br />
passos e Portugal já se<br />
8 O Campo Militar de santa Margarida<br />
tem potencial para este tipo de treino<br />
utilizando máquinas de alvos portáteis.<br />
encontrava na vanguarda desse<br />
processo, o sistema então criado<br />
não viu crescer os upgrades necessários<br />
para manter essa tecnologia<br />
sempre actual.<br />
Conclui-se que devemos revisitar<br />
e atualizar os livros que<br />
regem a instrução de tiro e suas<br />
infraestruturas adaptando-as à<br />
realidade atual e voltar a utilizar<br />
simuladores de tiro e novos alvos<br />
para melhorar a forma como preparamos<br />
os nossos militares para<br />
intervir num cenário de conflito<br />
azimute atual.<br />
Bibliografia<br />
exército, D. d. (Realizador).<br />
(1987). sitPUL [Filme].<br />
Gei, R. (2006). asymmetric conflict<br />
structures. International Review<br />
of the Red Cross.<br />
Komarow, s. (2005). Unexpected<br />
insurgency changed way of war. Usa<br />
tODaY .<br />
Laser shot. (18 de abril de 2011).<br />
Firearms training solution - Lasr<br />
shot. Obtido em 20 de Outubro de<br />
2011, de http://www.lasershot.com/<br />
Ministère de la Défense. (2008).<br />
Présentation OtaN 10.2008. França.<br />
Muriente, L. (Fevereiro de 2009).<br />
La simulation et le tir. Fantassins ,<br />
pp. 22-23.<br />
Reeson, G. (29 de Junho de<br />
2006). train as You Fight: the<br />
Development of the U.s. army’s<br />
Combat training Centers. Obtido em<br />
20 de 10 de 2011, de http://www.associatedcontent.com/article/40866/<br />
train_as_you_fight_the_development.<br />
html?cat=37<br />
tranchant, B. (Fevereiro de<br />
2009). CeNZUB Le tir en Zone<br />
Urbaine. Fantassins , pp. 20-21.<br />
Usa army. (2003). Combat<br />
training Center Program. Washington<br />
D.C.: Usa army.<br />
Usa army. (2008). FM 7-0<br />
training for Full spectrum Operations.<br />
Washimgton D.C.: Usa army.
Nato Urban Operations.Nato Training Group Task Group<br />
Reunião Grécia – 2ºsemestre<br />
1. Introdução<br />
a preocupação dos exércitos<br />
no âmbito da capacidade de<br />
combater em ambiente urbano,<br />
não é nova e reflete o modus<br />
operandi da emergente tipologia<br />
da ameaça – ameaças Híbridas.<br />
esta ameaça caraterizada pela<br />
modulariedade, flexibilidade e<br />
imprevisibilidade tem nas áreas<br />
edificadas o palco ideal para<br />
a degradação das capacidades<br />
dos exércitos mais desenvolvidos<br />
tecnologicamente. todavia,<br />
o alvo desta nova ameaça não é<br />
muitas vezes os exércitos internacionais,<br />
mas centra-se na conquista<br />
da população – Hearts and<br />
minds – e no vencer da “guerra<br />
da informação”.<br />
Face a esta tipologia da ameaça,<br />
e após um investimento inicial<br />
dos exércitos no desenvolvimento<br />
de áreas de treino no início<br />
dos anos 90, muito foi aprendido,<br />
muito foi desenvolvido, e hoje a<br />
ameaça enfrenta exércitos mais<br />
capazes, modulares e flexíveis.<br />
todavia e fruto da tipologia de intervenções<br />
que têm vindo a ser<br />
executadas – iraque, afeganistão<br />
– observa-se que ainda existirá<br />
um esforço grande a executar<br />
no domínio da estandardização<br />
e da interoperabilidade. Nesse<br />
desiderato, a NatO apresenta-<br />
-se como a estrutura ideal para<br />
a sedimentação destes dois conceitos<br />
– estandardização e interoperabilidade,<br />
no benefício claro<br />
da aliança e dos países que a<br />
compõem.<br />
2. Reunião Grécia<br />
a reunião do Grupo de<br />
trabalho (Gt) decorreu no<br />
estado-Maior General do<br />
exército Grego, em salónica entre<br />
os dias 19 e 23 de setembro<br />
de 2011, tendo participado 31 delegados<br />
em representação de 20<br />
países 1 . aquele que era à partida<br />
para esta reunião o tema principal<br />
a ser abordado – O emprego de<br />
armamento em Áreas Edificadas<br />
e seus efeitos, foi excluído em<br />
virtude das recentes orientações<br />
recebidas pelo Chairman<br />
do grupo, por parte do seu escalão<br />
superior NatO – o Executive<br />
Working Group (EWG). essas<br />
orientações vertidas num novo<br />
mandato determinam a elaboração<br />
do NATO Urban Operations<br />
Training Handbook e uma proposta<br />
de Standard Agreement<br />
(STANAG) para o treino em<br />
1 Países NatO, Partnership for Peace (PfP)<br />
e Diálogo do Mediterrâneo.<br />
Figura 1. subsistemas da ameaça<br />
Cap inf Rafael Lopes<br />
Áreas Edificadas até 31 de Julho<br />
de 2012. estes objetivos não<br />
sendo novos no seio do grupo,<br />
estabelecem uma reorientação<br />
decorrente fundamentalmente do<br />
prazo estabelecido pelo eWG, e<br />
que naturalmente assimilaram os<br />
5 dias de reunião e os 31 delegados<br />
na produção destes dois documentos<br />
que serão submetidos<br />
à consideração superior (EWG)<br />
no final da próxima reunião ordinária<br />
do grupo que decorrerá na<br />
suécia entre os dias 16 e 20 de<br />
abril de 2012 2 .<br />
O NATO URBAN<br />
OPERATIONS NATO TRAINING<br />
GROUP TASK GROUP<br />
(NUONTGTG), constituindo-se<br />
como um proscénio privilegiado<br />
para abordar temas com interesse<br />
no âmbito do Combate<br />
em Áreas Edificadas (CAE), os<br />
delegados tiveram ainda oportunidade<br />
para assistirem a diversas<br />
apresentações de especialistas<br />
e a uma demonstração<br />
2 Foi decidido durante a reunião na<br />
Grécia, o planeamento de uma reunião<br />
intercalar para terminar os trabalhos<br />
determinados pelo mandato que<br />
decorrerá na alemanha entre os dias 06<br />
e 10 de Fevereiro de 2012. esta reunião<br />
permitirá terminar os trabalhos que serão<br />
apresentados a todo o grupo na reunião<br />
na suécia.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
49
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
50<br />
dinâmica sobre o emprego de<br />
um subagrupamento na execução<br />
de um ataque a uma área<br />
Edificada.<br />
sobre as apresentações<br />
salienta-se as efectuadas pelos<br />
2 representantes do United<br />
States Marine Corps Warfighting<br />
Laboratory, que se centraram<br />
nas capacidades no âmbito dos<br />
sistemas de simulação terrestre,<br />
nomeadamente o Deployable<br />
Virtual Training Environment<br />
(Dvte) 3 , o Combat Convoy<br />
Simulator (CCs) 4 e o Combat<br />
Hunter 5 , entre outros.<br />
a demonstração executada<br />
no Centro de treino de<br />
Combate em Áreas Edificadas<br />
– aRGiROUPOLis, expôs as<br />
dificuldades sentidas pelos<br />
3 O Dvte é uma coleção de aplicações<br />
especificamente designadas para<br />
providenciar às forças a projetar<br />
capacidade de treino para unidades com<br />
missões específicas.<br />
4 CCs é um sistema de treino imersivo<br />
providenciado em ambiente 3D (terreno<br />
realístico) para condutores e passageiros,<br />
nomeadamente em: comando e controlo,<br />
MeDevaC, emprego de armas ligeiras,<br />
pedidos de tiro e ttP de C-ieD.<br />
5 O Combat Hunter é a criação de uma<br />
mentalidade através da integração de<br />
observação avançada, perfis de combate<br />
e rastreamento para produzir um soldado<br />
etnicamente mais preparado, taticamente<br />
astuto e letal, estando assim melhor<br />
preparado para ter sucesso em todo o<br />
espetro de operações militares.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 2. CCS e DVTE<br />
comandantes das pequenas unidades<br />
na condução de operações<br />
em ambientes urbanos integrando<br />
diversas plataformas das<br />
quais se destacam: Helicópteros<br />
de ataque (BlackHawk) e de<br />
apoio, artilharia de Campanha,<br />
Carros de Combate com e sem<br />
sistemas de abertura de brecha<br />
e viaturas M113. após a demonstração,<br />
foi possível verificar todas<br />
as ações executadas num<br />
sistema de controlo do exercício<br />
com base num sistema de vídeo<br />
que permitiu ao avaliador/validador<br />
do exercício conduzir uma<br />
Revisão após a ação.<br />
3. O Futuro<br />
a continuidade dos trabalhos<br />
do grupo, ainda que hoje condicionados<br />
pelo mandato para a<br />
elaboração de dois documentos<br />
estruturantes para o planeamento<br />
e condução do treino<br />
em Áreas Edificadas limitado no<br />
tempo – 31 de Julho de 2012,<br />
pode e deve orientar-se para os<br />
objetivos que estão na génese<br />
do grupo, ou seja, a partilha de<br />
informação e de lições aprendidas/identificadas<br />
pelos delegados<br />
tendente à atualização e harmonização<br />
do treino no seio dos<br />
países da aliança e à discussão<br />
de temas com impacto no ajustamento<br />
de técnicas, táticas<br />
e Procedimentos face ao novo<br />
ambiente operacional. todavia,<br />
a determinação superior para a<br />
apresentação de produtos mensuráveis<br />
e objetivos leva a que<br />
o foco das reuniões se centre<br />
na produção de documentos ao<br />
invés da apresentação de experiências,<br />
lições aprendidas/identificadas<br />
e acima de tudo formas<br />
de conduzir treino e métodos<br />
de aperfeiçoamento individual e<br />
coletivo.<br />
No curto prazo, o desenvolvimento<br />
de um Centro de<br />
Excelência de Combate em<br />
Áreas Edificadas NATO em<br />
MUsCatatUCK, indiana<br />
estados Unidos da américa representa<br />
um caminho decisivo<br />
para o desenvolvimento doutrinário,<br />
tático e técnico das estruturas<br />
NatO com responsabilidade<br />
nesta matéria com claros<br />
benefícios para a preparação/<br />
aprontamento de forças, não só<br />
porque disponibilizará uma área<br />
única para o treino em Áreas<br />
Edificadas em todo o espetro de<br />
operações, mas também criará<br />
um fórum NatO de especialistas<br />
residentes para o estudo, tratamento<br />
e desenvolvimento de<br />
doutrina bem como para apoio ao<br />
desenvolvimento de projetos de<br />
investigação e desenvolvimento.<br />
4. Conclusões<br />
A pertinência e atualidade
dos temas abordados no seio<br />
deste grupo convive diretamente<br />
com o esforço diário que os<br />
diversos exércitos NatO efectuam<br />
para prepararem as suas<br />
forças para este novo ambiente<br />
operacional, onde as Áreas<br />
Edificadas figuram como terreno<br />
importante e fator decisivo para<br />
o sucesso de uma campanha militar.<br />
esta conspeção sustentada<br />
nos diversos projetos de investigação,<br />
nos projetos de desenvolvimento<br />
de centros de treino<br />
(MUsCatatUCK e CeNZUB) e<br />
naturalmente nas lições aprendidas/identificadas<br />
de outras<br />
campanhas e operações militares,<br />
orientam o nosso pensamento<br />
e direção de esforço para o estudo,<br />
análise e desenvolvimento<br />
de tudo o que tenha a ver com<br />
o emprego de forças militares em<br />
terreno caraterizado pela presença<br />
de infraestruturas, população<br />
civil e acima de tudo da ameaça<br />
híbrida.<br />
Consubstanciando o atrás referido,<br />
tudo aquilo que possa ser<br />
feito ou desenvolvido no seio da<br />
NatO e internamente dos países<br />
que compõem esta aliança, tendente<br />
à melhor preparação dos<br />
exércitos para fazer face a este<br />
Figura 3.Plataformas utilizadas na demonstração<br />
Fonte: Fotos do autor<br />
complexo e volátil ambiente operacional,<br />
representa um passo<br />
importante para a repressão da<br />
ameaça e das suas intenções e<br />
concorrentemente para a segurança<br />
e bem-estar das populações.<br />
este grupo e acima de tudo<br />
o trabalho que por ele é desenvolvido<br />
em espírito de aliança<br />
contribui para o aperfeiçoamento<br />
do estudo, treino e formação<br />
no âmbito do CAE. Compete à<br />
escola e ao exército a sabedoria<br />
para melhor empregar esses<br />
conhecimentos em benefício do<br />
produto operacional nacional. azimute<br />
Figura 4. Central Elétrica de MUSCATATUCK<br />
Fonte: Fotos do autor<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
51
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
52<br />
1. Introdução<br />
O emprego da força militar não é exclusivo das situações<br />
de guerra, podendo ser aplicado como resposta<br />
a crises emergentes ou em desenvolvimento e ainda<br />
no cumprimento de missões de interesse público 1 . as<br />
operações de resposta a crises estão integradas num<br />
ambiente operacional complexo e bastante exigente,<br />
em que os militares de uma Companhia são confrontados<br />
com elementos com um telemóvel numa mão, um<br />
RPG-7 na outra e um ódio extremo no interior do seu<br />
coração 2 . Os militares têm de ser capazes de dominar<br />
um conjunto de tarefas que vão desde o efectuar uma<br />
negociação ao estabelecer postos de controlo, postos<br />
de observação, passando pela execução de escoltas<br />
a colunas de viaturas 3 e operações de Cerco e Busca.<br />
Uma operação de Cerco e Busca baseia-se em<br />
informações e pretende ser uma acção não violenta<br />
em que se isola (cerco) uma área e que pode ser<br />
orientada para pessoas, material, edifícios ou terreno 4<br />
com a finalidade de deter um determinado indivíduo<br />
ou apreender materiais chave, que podem incluir: armamento,<br />
munições, explosivos, contrabando, provas<br />
ou informação 5 . Pode ainda ter a finalidade de ser uma<br />
demonstração de força para a população.<br />
De facto, tornou-se numa das operações mais comuns<br />
em teatros de Operações (tO), como o iraque<br />
1 RC Operações, 2005.<br />
2 tradução livre, Holden, LCol Christopher M.: CALL Newsletter<br />
04-16 (2004) Cordon and Search.<br />
3 tradução livre: FM 3-21.11 The SBCT Infantry Rifle Company.<br />
4 tradução livre: FM 3-06.11Combined Arms Operations in<br />
Urban Terrain.<br />
5 Baillergeon, Rick and sutherland, John: Cordon and Search<br />
Operations.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Operações de Cerco e Busca<br />
Figura 1 – Comparação dos métodos de Cerco e Busca<br />
Cap inf alexandre Capote<br />
(colaborador desta revista colocado no CMD Pess)<br />
e Afeganistão, visto ser um método eficaz de privar<br />
a ameaça de materiais chave ou deter elementos 6 .<br />
Representa ainda uma forma de controlar a população<br />
e os seus recursos.<br />
Uma Companhia de atiradores, durante o período<br />
da NRF 7 12, treinou por diversas vezes esta tarefa táctica,<br />
desenvolvendo e aplicando várias tácticas, técnicas<br />
e procedimentos, fruto da experiência dos seus<br />
militares e dos ensinamentos recolhidos durante os<br />
treinos. O presente artigo apresenta alguns dos ensinamentos<br />
retirados desses treinos.<br />
O artigo está dividido em duas partes. Numa primeira,<br />
abordam-se alguns aspectos do planeamento<br />
e da organização de uma UeC para uma operação de<br />
Cerco e Busca. Na segunda parte, são apresentadas<br />
as tarefas dos vários elementos que intervêm na operação<br />
e considerações relativas ao treino desta tarefa<br />
táctica.<br />
2. Planeamento e Organização<br />
existem dois métodos de abordagem a uma operação<br />
de Cerco e Busca: pode ser realizada com consentimento<br />
8 , em que o risco é reduzido e a probabilidade<br />
de fuga ou resistência à detenção é baixa ou nula,<br />
ou sem consentimento 9 , em que o risco é elevado e a<br />
probabilidade de fuga ou resistência à detenção é alta.<br />
O primeiro método é utilizado quando se pretende<br />
6 Baillergeon, Rick and sutherland, John: Cordon and Search<br />
Operations.<br />
7 NRF: Nato Response Force.<br />
8 Tradução livre do inglês “Cordon and Knock”, FM 3-24.02<br />
Tactics in Counterinsurgency.<br />
9 Tradução livre do inglês “Cordon and Enter”, FM 3-24.02<br />
Tactics in Counterinsurgency.
uma abordagem que permite estabelecer uma relação<br />
/ reacção não agressiva. Neste caso a velocidade<br />
e a necessidade de obter surpresa são secundários<br />
em detrimento da legitimidade. O segundo método é<br />
utilizado quando é necessário velocidade para obter<br />
surpresa de forma a conseguir dominar a situação. O<br />
cerco é rapidamente montado e o elemento de busca<br />
entra no(s) edifício(s) a inicia a busca de pessoas e<br />
material designados, mantendo a iniciativa sobre forças<br />
desconhecidas na área de busca. É necessário ter<br />
em consideração que possíveis ganhos em segurança,<br />
utilizando este método, podem significar a perda<br />
em relação a outros aspectos, tais como: risco para<br />
não combatentes presentes na área, danos colaterais<br />
nas infra-estruturas, opinião e entendimento por parte<br />
da população, risco para as tropas, efeitos em futuras<br />
buscas deliberadas 10 , etc (Figura 1).<br />
2.1 Princípios<br />
a execução de uma operação de cerco e busca<br />
deve obedecer a alguns princípios, tais como:<br />
» surpresa, de forma a evitar que um possível alvo<br />
fuja, que determinados materiais sejam escondidos ou<br />
que se prepare uma reacção eficaz contra a força que<br />
executa a operação, protegendo-a.<br />
» velocidade, é um princípio relativo, pois é necessária<br />
para evitar uma reacção por parte de uma possível<br />
ameaça, no entanto as tarefas de busca requerem<br />
algum tempo, de modo a serem realizadas de uma<br />
forma sequencial e metódica.<br />
10 tradução livre: FM 3-24.02 Tactics in Counterinsurgency.<br />
Figura 2 – Delimitação da área de busca<br />
2.2 Aspectos a ter em consideração durante o<br />
planeamento<br />
existem diversos aspectos a ter em consideração<br />
durante a fase de planeamento:<br />
» Determinar e delimitar correctamente a área de<br />
busca, de acordo com a área, determinar o efectivo<br />
a utilizar. Dependendo do método de abordagem, da<br />
situação da ameaça, das dimensões do objectivo e do<br />
risco a assumir, o efectivo é variável, podendo ir de<br />
uma secção à utilização de toda a Companhia. em<br />
situações particulares, a Companhia pode ser apenas<br />
um dos elementos dentro de uma operação de uma<br />
UeB. Mas no mínimo o efectivo não deve ser inferior a<br />
uma secção (Figura 2).<br />
Determinar o tipo de equipamento a utilizar em função<br />
do grau de perigosidade da busca.<br />
» Procurar obter o maior número possível de informações<br />
sobre o local: plantas do edifício, fotografias,<br />
fotografias aéreas 11 , quantitativo de pessoas que<br />
se espera no(s) edifício(s), presença de população e<br />
possíveis reacções por parte dos ocupantes dentro do<br />
edifício e possível população envolvente.<br />
» Levantar as limitações e obrigações legais, tais<br />
como ROe 12 , necessidade de mandato de busca e /<br />
11 as fotografias aéreas são uma ferramenta importante<br />
para o planeamento de operações, permitindo ter uma ideia<br />
pormenorizada da área envolvente. Permite também esclarecer<br />
e actualizar as cartas topográficas. É necessário ter atenção à<br />
escala das fotografias, pois pode induzir em erro.<br />
12 ROE: Do inglês Rules of Engagement, regras de<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
53
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
54<br />
ou detenção, autorização para detenção de pessoas,<br />
autorização para confiscação de materiais e se estes<br />
podem ser confiscados pela força, entre outros.<br />
» Determinar a necessidade e confirmar a disponibilidade<br />
de meios e valências adicionais, que proporcionem<br />
um aumento das capacidades da força que<br />
executa a busca, por exemplo: equipas de evacuação,<br />
equipas de transporte 13 , equipas de intérpretes 14 , equipas<br />
de assuntos civis, equipas eOD 15 , equipas de polícia<br />
local e criminal 16 , equipas cinotécnicas 17 , equipas<br />
de operações psicológicas / negociação 18 e equipas<br />
de vigilância / atiradores especiais 19 . É necessário o<br />
comandante ou líder da subunidade que vai realizar a<br />
operação, compreender as relações de comando, as<br />
capacidades e limitações de cada uma das equipas,<br />
assim como o seu modo de emprego 20 .<br />
» Determinar o período do dia em que é mais vantajoso<br />
executar a busca, de forma a obter-se o efeito<br />
surpresa, facilitar os movimentos e causar menores<br />
restrições na população. Montar um anel de segurança<br />
durante um período de visibilidade reduzida, aumenta<br />
a probabilidade de se obter surpresa, mas é<br />
mais difícil o comando e controlo, sendo sempre necessário<br />
ter em conta as restrições que vão ser colocadas<br />
à população, de forma a que esta não constitua<br />
uma ameaça.<br />
empenhamento.<br />
13 Utilizadas pela Companhia para transporte de elementos a<br />
deter, materiais apreendidos.<br />
14 Úteis numa situação de busca com consentimento de forma<br />
a facilitar a comunicação. É importante ter atenção à etnia ou<br />
raça da população e do intérprete de forma a não se tornar um<br />
problema em vez de uma solução.<br />
15 EOD – Do inglês Explosive Ordnance Disposal, inactivação<br />
de engenhos explosivos.<br />
16 em determinados teatros, como o do Kosovo, as forças<br />
da NatO não podem deter indivíduos por mais do que um<br />
determinado número de horas, após o qual têm de os entregar<br />
às autoridades locais, de igual forma a recolha de provas para<br />
uso em tribunal terá de ser feita por equipas especializadas.<br />
17 São uma valência bastante útil, no entanto é necessário ter<br />
atenção ao tipo de cão, podendo estes serem para busca de<br />
estupefacientes, armas e explosivos, pessoas ou serem cães<br />
patrulha. É também necessário compreender as limitações do<br />
animal, por norma devem ser empregues por curtos períodos<br />
de tempo, entre 20 a 30 minutos, após o que necessitam de<br />
descansar, assim surge a necessidade definir uma prioridade<br />
de busca.<br />
18 Normalmente empregues em buscas com consentimento de<br />
forma a permitir a execução da busca de forma pacífica. Têm<br />
necessidade de segurança.<br />
19 Na Companhia, sempre que possível e que a situação<br />
o justificasse, eram organizadas equipas de vigilância que<br />
também possuíam a capacidade de efectuar fogos de precisão<br />
até uma distância de 300 / 400m.<br />
20 este ponto é especialmente importante quando se está a<br />
operar num ambiente multinacional em que os procedimentos<br />
das equipas podem diferenciar dos procedimentos das equipas<br />
nacionais.<br />
Nº 192 DEC11<br />
2.3 Organização<br />
Para uma operação de Cerco e Busca, muito embora<br />
pudesse haver algumas variações, a Companhia<br />
de atiradores tinha uma organização tipo, que incluía:<br />
o comando, que para além dos elementos orgânicos<br />
integrava os meios adicionais e algumas equipas que<br />
eram organizadas a partir dos elementos de um dos<br />
Pelotões, por exemplo equipas de vigilância e atiradores<br />
especiais, sendo responsável pelo comando e<br />
controlo da operação, um elemento de segurança que<br />
tinha tarefas associadas ao isolamento da área do objectivo,<br />
um elemento de busca responsável pelas tarefas<br />
associadas a encontrar uma determinada pessoa<br />
ou material, um elemento de detenção responsável<br />
pelas tarefas de processamento de pessoal e material<br />
e uma reserva de forma a poder reagir a situações<br />
inesperadas.<br />
3. Tarefas<br />
3.1 Comando<br />
Numa operação de Cerco e Busca, um comando<br />
e controlo efectivo de todas as acções é essencial e<br />
é necessário ter atenção à sua dimensão e constituição,<br />
de forma a conseguir a coordenação e sincronização<br />
das tarefas de segurança, busca e detenção.<br />
a localização do elemento de comando é um aspecto<br />
importante a detalhar. tendo em conta que o esforço<br />
é realizado pelo elemento de busca, é junto deste<br />
que se deve posicionar o elemento de comando. Na<br />
Companhia de atiradores, o Cmdt de Companhia e<br />
um operador de rádio, apeavam e estavam junto ao<br />
elemento de busca, ficando o Oficial Adjunto na sua<br />
viatura, garantindo as comunicações e relato das acções<br />
para o escalão superior e o controlo dos trens da<br />
Companhia, assim como do seu emprego.<br />
3.2 Elemento de segurança<br />
O elemento de segurança monta um anel de segurança<br />
exterior, que tem por finalidade: bloquear,<br />
controlar, alertar a entrada de viaturas e / ou pessoal<br />
na área do objectivo e evitar possíveis ameaças para<br />
o elemento de busca. as tarefas tácticas associadas<br />
são: montagem de postos de controlo, posições de bloqueio,<br />
postos de bservação e patrulhas de segurança<br />
nos principais itinerários de acesso ao objectivo e / ou<br />
nas áreas entre eles, sendo necessário dar detalhes,<br />
como: que viaturas / pessoas devem ser revistadas e<br />
com que detalhe, em que circunstâncias as viaturas<br />
/ pessoas são revistadas e apreendidas / detidas, se<br />
estas instruções se aplicam a tráfego que circula de<br />
fora para dentro e de dentro para fora e que tráfego é<br />
autorizado a circular e em que circunstâncias.<br />
as posições podem ser ocupadas antes do movimento<br />
do elemento de busca, se a situação o permitir<br />
e deve-se equacionar a necessidade de deixar
viaturas afastadas de forma a assegurar a surpresa,<br />
ou em simultâneo com este21 Figura 3 – anéis de segurança<br />
. Deve-se ter atenção à<br />
identificação de viaturas e elementos que podem ou<br />
não entrar e / ou sair da área do objectivo e a hora<br />
/ acontecimento a partir da qual o cerco tem de ser<br />
efectivo, como por exemplo: montado a partir de determinado<br />
GDH, activo após início da busca e a possibilidade<br />
de postos de controlo passarem a posições<br />
de bloqueio.<br />
Um dos erros que é comum cometer-se é posicionar<br />
o anel de segurança externo muito próximo do<br />
edifício alvo, de forma a não ser capaz de alertar a<br />
aproximação de uma ameaça em tempo e proteger o<br />
elemento de busca.<br />
É também necessário prever a utilização de meios<br />
21 Normalmente, se o objectivo se encontra dentro de uma<br />
área edificada com vários edifícios e população em volta, a<br />
opção será ocupar as posições em simultâneo com o movimento<br />
do elemento de busca, visto que de outra forma a surpresa é<br />
quebrada.<br />
de controlo de tumultos para este elemento,<br />
de forma a fazer face a possíveis manifestantes<br />
provenientes da população envolvente.<br />
Um aspecto importante a ter em conta<br />
diz respeito aos materiais disponíveis, o<br />
elemento de segurança deve ter disponível<br />
materiais que permitam bloquear itinerários,<br />
por exemplo concertinas se arame farpado e<br />
“ouriços”(Figura 3).<br />
3.3 Elemento de busca<br />
O elemento de busca, monta um anel<br />
e segurança interior, que tem por finalidade<br />
evitar a fuga de viaturas ou pessoas da<br />
área do objectivo, proporcionar segurança<br />
aos elementos que executam as buscas<br />
na área do objectivo. as tarefas associadas<br />
são: montagem de posições de combate,<br />
postos de controlo e postos de observação<br />
e a execução de buscas. Um dos factores<br />
fundamentais a ter em consideração numa<br />
busca, é o factor segurança, isto porque os<br />
militares envolvidos na busca estão num meio que<br />
lhes é desfavorável, ao passo que os residentes no<br />
local onde é efectuada a busca, conhecem em pormenor<br />
o local, pelo que poderão utilizar o meio contra<br />
os militares. assim é de equacionar, em algumas situações<br />
em que o risco associado á busca é elevado,<br />
por exemplo, quando a busca é sem consentimento,<br />
o anel de segurança interior poder ser substituído por<br />
posições de sobreapoio / apoio pelo fogo de forma a<br />
dar liberdade de acção ao elemento de busca. Nesta<br />
situação, algumas tarefas do anel interior poderão<br />
passar para o anel exterior de segurança (Figura 4 e 5)<br />
Na Companhia de atiradores, o elemento de<br />
busca da Companhia 22 , de uma forma geral, dividia-<br />
-se em: busca, segurança, detenção e reserva. a<br />
tarefa de busca podia ser atribuída a uma ou mais<br />
22 Normalmente a tarefa era atribuída a um Pelotão, que para<br />
algumas missões podia receber uma secção adicional.<br />
Figura 4 – anel de segurança interior Figura 5 – Posições de apoio pelo fogo / sobreapoio<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
55
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
56<br />
secções 23 e tinha como princípios de actuação: evitar,<br />
sempre que possível, danos na propriedade alheia,<br />
evitar danificar possíveis provas criminais, procurar<br />
primariamente aquilo que é o objecto da busca, deixando<br />
no local o que não o era.<br />
Um dos aspectos a ter atenção é o método de<br />
entrada a utilizar 24 : “hardy entry”, executado de forma<br />
rápida e violenta, de forma a não comprometer<br />
a busca e a não causar baixas desnecessárias, utilizando<br />
métodos mecânicos, explosivos ou balísticos.<br />
É utilizado quando o risco é elevado e a probabilidade<br />
de fuga ou resistência à detenção é alta - busca sem<br />
consentimento, “soft entry”, utilizado quando o risco<br />
é reduzido e a probabilidade de fuga ou resistência à<br />
detenção é baixa ou nula - busca com consentimento,<br />
permite dar ao suspeito a oportunidade de colaborar,<br />
é a que é preferível se houver um baixo risco e evita<br />
uma escalada de violência. As buscas não se restringiam<br />
apenas ao interior dos edifícios, mas também ao<br />
exterior dos mesmos, fazendo-se uso de meios que a<br />
auxiliassem, por exemplo, detectores de metais. se<br />
possível, as buscas devem ser realizadas com consentimento,<br />
tendo papel importante neste aspecto, a<br />
capacidade do comandante da força em negociar com<br />
o líder da povoação ou dono da casa, a entrada e execução<br />
da busca. Neste caso, a capacidade de estabelecer<br />
uma relação de cooperação, tornando a busca<br />
legítima e aceite pela população, é mais importante<br />
do que a velocidade e surpresa. 25 Um dos aspectos a<br />
ter em atenção é o que fazer com os não combatentes,<br />
podendo ser empregues os seguintes métodos:<br />
reunir num local central fora das casas, restringir os<br />
habitantes às suas casas ou controlar a “cabeça” de<br />
cada casa.<br />
em determinadas situações, eram conduzidas<br />
buscas deliberadas 26 , sendo esta realizada, após o local<br />
de busca estar seguro. a tarefa era, normalmente,<br />
atribuída a uma secção 27 que se organizava em co-<br />
23 Dependia das dimensões da área a efectuar a busca, se<br />
incluía busca no interior e exterior dos edifícios e se incluía a<br />
realização de uma busca deliberada.<br />
24 independentemente do tipo de busca e do método de<br />
entrada utilizado os elementos que vão efectuar a busca<br />
devem estar prontos a reagir a uma ameaça com armas de<br />
fogo, passando a utilizar técnicas de precisão de limpeza de<br />
compartimentos.<br />
25 Baillergeon, Rick and sutherland, John: Cordon and Search<br />
Operations.<br />
26 Tradução livre do inglês “Tactical Exploitation”, FM 3-24.02<br />
Tactics in Counterinsurgency. Pretende ser a acção sistemática,<br />
executada com os meus adequados, de forma a assegurar que<br />
pessoal, documentos, informação electrónica e outro material<br />
encontrado é identificado, recolhido e protegido de forma a<br />
permitir obter informações e apoiar acções futuras.<br />
27 se a área fosse de grandes dimensões ou a quantidade<br />
de material e pessoal a processar fosse elevada podia ser<br />
atribuída a duas secções.<br />
Nº 192 DEC11<br />
mando e equipas de busca, construída cada uma por<br />
uma parelha. O número de equipas variava de acordo<br />
com o efectivo disponível e as dimensões da área do<br />
objectivo, no mínimo havia duas equipas, uma para<br />
o interior e outra para o exterior do(s) edifício(s), a<br />
equipa do exterior era também responsável pela área<br />
envolvente, o que incluía possíveis viaturas. Durante<br />
a busca, era efectuado um esboço detalhado da área<br />
da busca, o qual constituía um anexo do relatório<br />
efectuado.<br />
Durante a realização da busca, cada compartimento<br />
era fotografado antes de começar a busca, fazia-se<br />
um estudo do compartimento e procurava-se artigos<br />
óbvios com interesse. a busca era efectuada de uma<br />
forma sistemática, começava no centro do compartimento,<br />
de forma a libertar o espaço para artigos sem<br />
interesse e depois, a partir do ponto de entrada, de<br />
baixo para cima, deslocando-se em sentidos opostos,<br />
sendo os materiais em excesso, sem interesse, colocados<br />
no centro. Eram tiradas fotografias aos artigos<br />
com interesse, antes de lhes mexer. sendo que estes<br />
eram fotografados no local, manuseados com luvas<br />
látex, colocados em sacos transparentes / Ziplock,<br />
etiquetados, registados no inventário de artigos capturados<br />
e transportados para o local de reunião no<br />
compartimento e depois entregue ao elemento de<br />
detenção.<br />
as pessoas eram revistadas e fotografadas com<br />
uma placa de informação detalhada. No exterior dos<br />
edifícios, era efectuada uma busca no perímetro dos<br />
edifícios, tendo em atenção os artigos enterrados ou<br />
escondidos em objectos. Às viaturas, era efectuada<br />
uma busca inicial procurando possíveis armadilhas,<br />
eram tiradas fotografias e documentada a informação<br />
retirada .<br />
Para executar este tipo de busca, foi criado um Kit,<br />
que era transportado em mochiletes de mochila.<br />
Mochilete 01 – Cmdt de secção<br />
Mochilete Nº1<br />
* 01 Mochilete<br />
* 01 Bloco apontamentos + caneta<br />
* 01 Lanterna Maglight<br />
* 02 sacos Ziplock<br />
* 02 Pares luvas latex<br />
* Fita balizadora<br />
Mochilete 02 – adjunto<br />
Mochilete Nº2<br />
* 01 Mochilete<br />
* 02 Pares luvas latex<br />
* 01 Bloco apontamentos a4 quadriculado + caneta<br />
* Fita balizadora<br />
* 01 Lanterna<br />
Mochilete 03 – equipas de busca<br />
Mochilete Nº3<br />
* 01 Mochilete<br />
* Fita balizadora
Figura 8 - Manuseamento de material durante uma busca deliberada<br />
* 10 Braçadeiras plásticas<br />
* 06 Algemas de fio WD-1/TT<br />
* 01 Lanterna Maglight<br />
* 02 Conjuntos de 3m fio<br />
* 01 Maquina fotográfica<br />
* 10 sacos plásticos transparentes (vários tamanhos)<br />
* etiquetas material capturado<br />
* 06 sacos Ziplock<br />
* 01 Rolo fita cola<br />
* 03 Pares luvas latex<br />
* 01 Conjunto paus giz<br />
* 01 Marcador tinta permanente<br />
* 01 Detector de metais (se necessário)<br />
Figura 9 – esboço resultante de uma busca deliberada<br />
a segurança, dependendo do tipo de busca e das<br />
características da área de busca, ocupava posições<br />
de apoio pelo fogo / sobreapoio, ou montava um anel<br />
de segurança interior, tendo como finalidade proteger<br />
o elemento de busca ou elementos que efectuavam<br />
uma possível negociação e evitar a fuga da área do<br />
bjectivo 28 .<br />
28 Em situações específicas em que são ocupadas posições<br />
Figuras 10 - Manuseamento de material durante uma busca deliberada<br />
3.4 Elemento de detenção<br />
De forma a libertar o elemento de busca das tarefas<br />
de processamento de pessoal e material 29 , estas eram<br />
atribuídas a um elemento em separado, que se organizava<br />
em: comando 30 , equipa de ligação, equipa de<br />
segurança e equipas de detenção. a equipa de ligação<br />
era responsável pela ligação ao elemento de busca,<br />
recebendo deste as pessoas e materiais, possuindo<br />
uma equipa de evacuação que transportava eventuais<br />
feridos. a equipa de segurança garantia a segurança<br />
próxima às equipas de detenção e ligação. as equipas<br />
de detenção organizam espaços para colocar: elementos<br />
procurados, não combatentes, feridos, mortos<br />
e material. integrando as equipas de detenção, estava<br />
um a dois socorristas que prestavam os primeiros socorros<br />
iniciais e executavam uma primeira triagem. Os<br />
locais podiam ser organizados junto à área do objectivo,<br />
protegido das vistas e numa fase subsequente, ser<br />
transferido para o interior de um edifício (Figura 11).<br />
3.5 Reserva<br />
Este elemento proporciona ao Comandante, flexibilidade<br />
e capacidade de fazer face a uma situação<br />
inesperada. Deve estar preparada para reforçar os<br />
elementos de cerco, busca ou detenção, podendo receber<br />
tarefas como: controlar distúrbios civis, reforçar<br />
o anel exterior, controlar detidos, entre outras.<br />
de sobreapoio / apoio pelo fogo e que o terreno seja restritivo,<br />
a força pode não ter capacidade de evitar a fuga de elementos<br />
da área do objectivo, passando esta tarefa para o anel de<br />
segurança exterior.<br />
29 O material incluía apenas aquele que poderia causar uma<br />
ameaça imediata, por exemplo: armas, munições e explosivos,<br />
caso contrário era deixado onde fora encontrado.<br />
30 Na 2Cat esta tarefa era normalmente atribuída a um<br />
Pelotão.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
57
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
58<br />
3.6 Uso de Equipas de vigilância / atiradores<br />
especiais<br />
a Companhia de atiradores, de uma forma regular,<br />
organizou e empregou equipas de vigilância / atiradores<br />
especiais. Não possuíam uma organização fixa,<br />
mas de uma forma geral eram constituídas por duas<br />
equipas de dois elementos cada, liderada por um<br />
quinto elemento, um sargento. Cada equipa possuía<br />
um militar com uma espingarda automática G-3 com<br />
alça trilux ou a Luneta aN/Pvs-4 e um segundo militar<br />
com equipamento de vigilância diurna e nocturna,<br />
para além dos meios de comunicação. Normalmente,<br />
se a situação o permitisse 31 , eram colocados na área<br />
do objectivo com algumas horas de antecedência, colocavam<br />
olhos no objectivo e actualizavam a situação.<br />
Durante a aproximação do elemento de busca, actualizavam<br />
a situação e guiavam a força para o objectivo.<br />
Durante a acção no objectivo, permaneciam nas<br />
posições, alertando para eventuais movimentos na<br />
área do objectivo e nas imediações, além de proporcionarem<br />
a capacidade de efectuar fogos de precisão<br />
até uma distância de 300 / 400m. Quando eram empregues<br />
duas equipas, uma ficava responsável pelo<br />
31 Quando o objectivo se encontrava no meio de uma área<br />
arborizada ou aberta e não houvesse uma ameaça era possível<br />
colocar olhos no objectivo algumas horas antes, se o objectivo<br />
se encontrava dentro de uma área edificada e houvesse<br />
uma ameaça, ocupavam as posições em simultâneo com a<br />
aproximação do elemento de busca.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Figura 11 – esquema de colocação do elemento de detenção<br />
objectivo propriamente dito e a segunda pela área envolvente.<br />
as comunicações eram efectuadas na rede<br />
de comando e operações da Companhia, e durante a<br />
fase de planeamento eram definidas medidas de controlo<br />
de fogos e medidas de coordenação.<br />
4. Conclusões<br />
a tarefa de Cerco e Busca é uma das tarefas mais<br />
comuns em operações de resposta a crises. No entanto,<br />
não se apresenta como sendo uma tarefa fácil<br />
de treinar e executar, visto ser uma tarefa que possui<br />
um enquadramento específico, sobretudo legal,<br />
e apresenta um sem número de tarefas associadas,<br />
algumas delas bastante técnicas e de uma forma geral<br />
as unidades não estão rotinadas a executá-las, e<br />
naturalmente os resultados apresentam-se pouco satisfatórios,<br />
pois frequentemente ignoram cartas com<br />
transparentes, fotografias, esquemas, frequências de<br />
rádios, telemóveis, etc.<br />
todo o treino deve estar enquadrado, em particular<br />
pelas considerações legais implicadas e ser progressivo.<br />
Deve-se treinar as tarefas associadas em separado<br />
e depois integrar as tarefas em diversos pequenos<br />
exercícios tipo stX. De uma forma natural, esta<br />
tarefa táctica realiza-se em ambiente urbano, estando<br />
assim o seu treino associado ao treino de tarefas de<br />
azimute<br />
combate em áreas edificadas.<br />
Referências bibliográficas<br />
Documentos oficiais:<br />
- FM 3-21.11 (2003) the sBCt<br />
Infantry Rifle Company.<br />
- FM 3-90.05 (2005) the HBCt<br />
Combined arms Battalion.<br />
- FM 3-24.02 (2009) tactics in<br />
Counterinsurgency.<br />
- FM 3-06.11 (2002) Combined arms<br />
Operations in Urban terrain.<br />
- CaLL Newsletter 04-16 (2004)<br />
Cordon and search.<br />
- Gta 90-01-2008 tactical site<br />
exploitation.<br />
- RC Operações. (2005) –<br />
Regulamento de Campanha - Operações.<br />
Lisboa: eMe.<br />
- Manual de Operações apoio à Paz –<br />
tácticas, técnicas e Procedimentos, ePi,<br />
2008.<br />
- Directiva Nº 01-08 / agrMec / NRF<br />
12.<br />
apresentações:<br />
- 3rd BCt / 3rd infantry Division, Cordon<br />
and search.<br />
- 3-502nd / 82nd airborne Division, Cordon<br />
& search vignette.<br />
- B Coy / sWeCOY, Concept of search<br />
Operations.<br />
artigos:<br />
- Baillergeon, Rick and sutherland, John:<br />
Cordon and search Operations.<br />
- HUGHes, Major Christopher and ZieK,<br />
Major thomas G., Cordon and search<br />
Operations.<br />
- staNtON, Major Martin N., Cordon and<br />
search Operations – Lessons Learned in<br />
somalia.
A Psicologia Organizacional e a Instituição Militar<br />
atualmente, as organizações,<br />
perante novos desafios de natureza<br />
tecnológica, infraestrutural<br />
e socioeconómica, vivem profundas<br />
transformações que exigem<br />
novas abordagens para análise<br />
e soluções dos mesmos problemas,<br />
agora com uma postura<br />
proactiva e dinâmica.<br />
No passado, o Homem era<br />
colocado nas organizações como<br />
complemento ao trabalho mecânico.<br />
O tratamento era impessoal<br />
e os processos de produção<br />
eram essencialmente mecanicistas.<br />
Nessa altura, os gestores<br />
não se preocupavam com os<br />
seus recursos humanos, que ao<br />
longo do tempo, de forma directa<br />
e indirecta, iam adquirindo conhecimentos<br />
que colocavam em<br />
prática no seu quotidiano, com<br />
todas as consequências positivas<br />
e negativas para a organização.<br />
Todavia, com a importância<br />
crescente dos colaboradores e<br />
a rentabilização das suas competências<br />
para os sucessos organizacionais,<br />
há claramente<br />
uma nova forma de pensar o<br />
todo organizacional. Na verdade,<br />
a evolução das ciências sociais<br />
fez com que estas instituições<br />
passassem a adoptar uma<br />
postura mais atenta sobre o seu<br />
papel no contexto social, levando<br />
à reorientação de estratégias<br />
e processos, focalizando a sua<br />
atenção no capital humano. Hoje,<br />
os funcionários de uma organização<br />
não podem ser encarados<br />
apenas como meros autómatos<br />
que executam uma determinada<br />
tarefa, onde não é tido em conta<br />
1sar inf sérgio santos<br />
(encontra-se a frequentar o curso de psicologia social e das organizações do isCte-iUL)<br />
“Dado particularmente relevante para a transformação do <strong>Exército</strong>, e que assumimos em toda a sua amplitude, é a<br />
mudança no modelo de obtenção de recursos humanos. …. Considerar que os recursos humanos nos devem ser<br />
proporcionados por alguém, apenas nos competindo a sua formação e enquadramento, seria o espelho da inércia e da<br />
passividade. Temos que ir ao encontro dos jovens. De forma séria, contínua e empenhada.”<br />
Discurso de SExa GEN CEME na Academia Militar na abertura Solene do Ano Lectivo 2003/04<br />
os seus sentimentos, as suas<br />
emoções as suas motivações<br />
ou mesmo as suas frustrações.<br />
atualmente, esses funcionários<br />
são vistos como preciosos colaboradores<br />
que se envolvem<br />
no processo criativo e produtivo<br />
dentro da organização.<br />
a literatura relacionada com<br />
a gestão de recursos humanos<br />
revela que há uma grande evolução<br />
do papel dos indivíduos<br />
dentro das organizações. estas<br />
estruturas são portanto constituídas<br />
por indivíduos que possuem<br />
diferentes atitudes, valores,<br />
pensamentos, comportamentos,<br />
expectativas, motivações e<br />
frustrações, que levam à edificação<br />
de um determinado clima<br />
organizacional.<br />
O clima organizacional, pode<br />
então ser definido como o indicador<br />
do grau de satisfação dos<br />
membros de uma organização,<br />
em relação a diferentes aspectos<br />
da cultura ou realidade aparente,<br />
tais como: política de recursos<br />
humanos; modelo de gestão;<br />
missão da organização; processos<br />
de comunicação; valorização<br />
profissional; e identificação com<br />
a organização. É neste clima organizacional<br />
que os colaboradores<br />
estão envolvidos e labutam<br />
no seu dia-a-dia. a organização<br />
que procure sobreviver neste<br />
contexto de “crise” deve procurar<br />
conciliar o interesse próprio,<br />
(eficiência, produtividade e qualidade)<br />
com os interesses individuais<br />
dos seus colaboradores,<br />
nomeadamente, realização pessoal,<br />
possibilidade de adquirir<br />
novas competências e bem-estar<br />
social.<br />
Ou seja, para que um colaborador<br />
possa prestar um bom<br />
trabalho é necessário que saiba<br />
fazer, que possa fazer e que<br />
queira fazer. O saber fazer é<br />
uma questão de conhecimento,<br />
habilidades ou atitudes; o poder<br />
fazer é uma questão de dispor<br />
e poder usar os recursos necessários;<br />
e o querer fazer já é uma<br />
questão voluntária, que depende<br />
da satisfação das pessoas<br />
quando realizam o seu trabalho,<br />
logo está associado ao clima<br />
organizacional.<br />
indubitavelmente as organizações<br />
terão que alterar o seu paradigma<br />
e promover uma profunda<br />
mudança organizacional. essa<br />
mudança ocorre quando se altera<br />
consideravelmente a maneira<br />
de pensar e de agir das pessoas.<br />
a única maneira de mudar/inovar,<br />
consiste em inculcar novos valores,<br />
ou alterar significativamente<br />
os vigentes, de modo a instituir<br />
um novo sistema de crenças. a<br />
literatura salienta que essa mudança<br />
é extremamente difícil,<br />
pois obriga a alterar um determinado<br />
conjunto de atitudes e<br />
comportamentos que foram assimilados<br />
ao longo do tempo como<br />
verdades indubitáveis. Nesse<br />
sentido, concorre a prática nas<br />
organizações para a aplicação da<br />
psicologia na administração dos<br />
recursos humanos, primordial<br />
forma para o diagnóstico de possíveis<br />
problemas, obtendo assim<br />
dados para a implementação de<br />
estratégias e procedimentos de<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
59
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
60<br />
mudança no seio organizacional.<br />
Um exemplo recorrente e cada<br />
vez mais comum é o relativo à carga<br />
psíquica em ambiente de trabalho.<br />
a experiencia diz-nos que<br />
indivíduos com excessiva<br />
carga de responsabilidadedentro<br />
d e<br />
uma<br />
organização,<br />
e na grande<br />
maioria, sem<br />
o devido apoio<br />
de auxiliares e líderes, tendem<br />
a desenvolver problemas do foro<br />
psicológico. Muitas vezes, o próprio<br />
indivíduo consegue controlá-<br />
-los, recorrendo se necessário<br />
a apoio especializado. Mas há<br />
casos extremos em que poderá<br />
recorrer a medidas ou acções<br />
drásticas como homicídios ou<br />
mesmo ao suicídio - temos casos<br />
recentes em Portugal e relativos,<br />
na sua maioria, a forças de<br />
segurança.<br />
a solução passa pelo acompanhamento<br />
psicológico, com o<br />
objetivo de neutralizar e corrigir<br />
desvios comportamentais, com<br />
o objectivo de recuperar o capital<br />
humano e incrementar o nível<br />
de produtividade individual mas,<br />
também, colectivo.<br />
Numa primeira análise o psicólogo<br />
organizacional surge<br />
como o profissional que tem a<br />
função de “ajudar a organização<br />
a pensar” e com isso capacitar o<br />
indivíduo - no seio organizacional<br />
- a lidar com os problemas.<br />
Mas a prática do psicólogo<br />
organizacional deve estar a<br />
montante do problema. Ou seja,<br />
ao nível do recrutamento e da<br />
Nº 192 DEC11<br />
Clima Organizacional<br />
seleção. No recrutamento aplicam-se<br />
um conjunto de técnicas<br />
e procedimentos que visam seleccionar<br />
candidatos potencialmente<br />
qualificados e capazes<br />
de ocupar cargos dentro<br />
da organização.<br />
esta<br />
fun-<br />
ção<br />
é semprerealizada<br />
de acordo com<br />
as necessidades<br />
presentes e futuras de<br />
recursos humanos na organização,<br />
existindo dois tipos de<br />
recrutamento: o recrutamento<br />
interno, que está fundamentado<br />
na movimentação de quadros de<br />
pessoal dentro da própria organização,<br />
e o recrutamento externo,<br />
que ocorre quando não é possível<br />
obter candidatos para suprimir<br />
as vagas existentes. após o<br />
processo de recrutamento, empregando-se<br />
testes, entrevistas<br />
e dinâmicas de grupo, inicia-se o<br />
processo de selecção, que deve<br />
ser adequado aos objectivos da<br />
organização.<br />
Mas o que é afinal o comportamento<br />
organizacional? Como<br />
explica-lo?<br />
Uma das propostas para a explicação,<br />
é o modelo “atracção –<br />
Selecção – Atrito” (ASA), definido<br />
por schneider (1987) e revisto<br />
por schneider, Goldstein & smith<br />
(1995), como um modelo cíclico<br />
segundo o qual as pessoas cujas<br />
características pessoais se assemelhem<br />
às características de<br />
uma determinada organização,<br />
são para ela atraídas, por ela seleccionadas<br />
e nela permanecem.<br />
Por sua vez, as estruturas, os<br />
processos e a cultura organizacional<br />
são o reflexo das características<br />
da personalidade do(s)<br />
fundador(es) da organização e<br />
dos seus principais líderes.<br />
as organizações, na perspectiva<br />
do modelo asa, tendem<br />
ao longo do tempo para uma<br />
maior homogeneidade em relação<br />
ao tipo de pessoas que as<br />
constituem. Na fase inicial da<br />
implementação da empresa no<br />
mercado de trabalho, a homogeneidade<br />
é benéfica na medida<br />
em que facilita a coordenação e a<br />
comunicação, melhorando a socialização<br />
e a interacção. Mas a<br />
homogeneidade poderá ter a longo<br />
prazo consequências negativas<br />
no futuro das empresas. tal<br />
como advoga schneider (1995),<br />
o psicólogo organizacional deverá<br />
na fase inicial seleccionar os<br />
pretendentes que melhor se encaixem<br />
na organização para prevenir<br />
o atrito e assim criar um espírito<br />
mais homogéneo. Contudo,<br />
com o avançar do tempo, deverá<br />
promover a heterogeneidade tendo<br />
em vista o desenvolvimento<br />
da inovação e do espírito crítico,<br />
onde os colaboradores poderão<br />
explanar as suas ideias, mesmo<br />
que divergentes, no sentido<br />
construtivo de novas dinâmicas.<br />
Outra actividade muito solicitada<br />
ao psicólogo organizacional<br />
é o treino de desenvolvimento<br />
pessoal. esta é uma actividade<br />
necessária tanto para novos<br />
funcionários como para os mais<br />
experientes.<br />
avaliar o desempenho dos<br />
colaboradores é também muito<br />
importante. Os dados sobre<br />
o desempenho no trabalho têm<br />
múltiplas aplicações nas organizações<br />
e levará certamente a<br />
um incremento da produtividade.<br />
Mas essa avaliação terá que ser<br />
isenta e rigorosa, pois se assim<br />
não for, poder-se-á tornar num<br />
instrumento perverso.<br />
É importante que ao<br />
colaborador seja reconhecido<br />
o seu papel activo na execução<br />
das suas tarefas, e que possua<br />
liberdade para expor as suas
ideias, não se sentindo oprimido<br />
e desta forma, desenvolva as<br />
suas capacidades e alargue o leque<br />
das suas competências.<br />
em 1964, vroom defendia<br />
que o esforço do(s) indivíduo(s),<br />
ao ser o reflexo das motivações<br />
que cada um suporta, será tanto<br />
maior quanto a expectativa<br />
sobre o seu desempenho, ainda<br />
que o(s) resultado(s) possa(m)<br />
ou não ser o(s) pretendido(s) e<br />
valorizado(s) por si. assim, qualquer<br />
que seja esse resultado,<br />
cabe ao psicólogo organizacional<br />
intervir junto do colaborador,<br />
arranjando estratégias motivacionais<br />
adequadas, i.e., incentivando-o<br />
a manter ou melhorar a<br />
sua prestação com o objectivo de<br />
conseguir, manter ou recuperar<br />
(consoante o caso) o equilíbrio<br />
entre o esforço do seu trabalho<br />
e a posterior recompensa comparativamente<br />
com outros. Deste<br />
modo o colaborador, ao sentir-se<br />
motivado e satisfeito, permanece<br />
na organização.<br />
as Forças armadas e o<br />
exército em particular, no contexto<br />
de transformação atual,<br />
são actualmente encarados pela<br />
sociedade como uma organização<br />
em que, erradamente, há a<br />
perceção de uma menor utilidade,<br />
associada a um consumo<br />
excessivo de recursos materais.<br />
Para confirmar o que escrevo<br />
basta estar atento aos Órgãos<br />
de Comunicação social (OCs)<br />
e aos comentários proferidos a<br />
este respeito.<br />
É nesta difícil conjuntura que<br />
nos vemos obrigados a afirmar a<br />
nossa importância, exigindo-se,<br />
neste momento socioeconómico<br />
repleto de grande incerteza, uma<br />
criteriosa aplicação e orientação<br />
dos recursos humanos, única forma<br />
para o desenvolvimento sustentado<br />
da instituição Militar.<br />
Mas, na conjuntura actual,<br />
em que os cortes salariais se<br />
adensam sobre toda a função pública<br />
e por inerência sobre os militares,<br />
tornar-se-á complexo gerir<br />
os recursos humanos? Julgo<br />
que não.<br />
Olhando para a instituição<br />
Militar e fazendo uma analogia<br />
com as demais organizações,<br />
verifica-se que esta possui características<br />
que são transversais a<br />
outros modelos de gestão, contudo,<br />
possui algumas especificidades<br />
que a tornam ímpar.<br />
Neste âmbito importa reflectir<br />
sobre cinco pecados capitais do<br />
mundo organizacional que não<br />
deixam de ser os nossos.<br />
O primeiro, prende-se com<br />
a estrutura de comunicação.<br />
Muitos dos nossos problemas<br />
estão relacionados com a gestão<br />
dos fluxos de informação.<br />
Se promovêssemos uma maior<br />
descentralização da informação,<br />
certamente em muitos casos teríamos<br />
um papel pró-activo e não<br />
reactivo como por vezes sucede.<br />
O segundo é a rotatividade<br />
(Turnover). este, é a meu ver, o<br />
maior entrave ao desenvolvimento<br />
sustentado de qualquer organização,<br />
porque provoca uma<br />
perda substancial de processos<br />
e dinâmicas já adquiridas, que<br />
terão que ser novamente reinventadas.<br />
a instituição Militar<br />
deve procurar promover uma<br />
maior permanência no posto de<br />
trabalho.<br />
O terceiro pecado está relacionado<br />
com a falta de ética. O<br />
clima organizacional é seriamente<br />
afectado, quando os colaboradores,<br />
ignoram os princípios<br />
éticos para unicamente alcançar<br />
resultados a qualquer custo.<br />
esta situação leva à desmotivação,<br />
factor preponderante na<br />
produtividade.<br />
A gestão de competências é o<br />
quarto pecado capital. Nas organizações<br />
os colaboradores são<br />
seleccionados para a função,<br />
tendo em conta as suas competências<br />
técnicas e sociais. O<br />
quinto pecado, está relacionado<br />
com a gestão do conhecimento,<br />
condição determinante na evolução<br />
das organizações. Deve ser<br />
encorajada a melhoria e a procura<br />
incessante do conhecimento<br />
científico, com o intuito de fomentar<br />
a qualidade da formação.<br />
Dito isto, talvez seja importante<br />
reflectir sobre:<br />
O desenho de objectivos futuros,<br />
sustentados numa vontade<br />
cooperativa, que podem e devem<br />
ser periodicamente revistos,<br />
ajustando-os às expectativas de<br />
cada colaborador.<br />
Novos agentes motivacionais,<br />
e,g., (gestão do tempo e gestão<br />
do conhecimento), pois o indivíduo<br />
que se encontrar motivado<br />
melhorará seguramente o seu desempenho<br />
e consequentemente<br />
a dinâmica da organização.<br />
Resta-me concluir reforçando<br />
que acredito piamente que conseguiremos<br />
dar uma resposta<br />
cabal aos novos desafios com<br />
os quais a instituição Militar se<br />
depara, e nunca nos esqueçamos<br />
que os tempos de dificuldades<br />
são também tempos de<br />
oportunidades, saibamos nós<br />
azimute<br />
aproveitá-las.<br />
Referências bibliográficas<br />
schneider, B. (1987). the people<br />
make the place. Personnel psychology,<br />
40, 437-454<br />
schneider, B., Goldstein, H.<br />
W., & smith, D., B. (1995). the asa<br />
framework: an update. Personnel<br />
psychology, 48, 747-773<br />
Neves, J. (2011). aptidões individuais<br />
e teorias motivacionais.<br />
Psicossociologia das organizações, 9,<br />
255-289<br />
Bibliografia<br />
Chatman J. (1989). improving interactional<br />
organizational research:<br />
A model of person organization fit.<br />
academy of Management Review, 14,<br />
333-349.<br />
Chatman J. (1991). Matching people<br />
and organizations: selection and<br />
socialization in<br />
public accounting firms.<br />
administrative science Quarterly, 36,<br />
459-484.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
61
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
62<br />
salto para o tanque dos frades<br />
Introdução<br />
Uma das características fundamentais<br />
dos militares, sobretudo<br />
nos que desempenham<br />
funções de liderança, é a capacidade<br />
de decisão. É ela que garante<br />
que, após serem ponderados<br />
os custos e benefícios (por<br />
vezes em fracções de segundos),<br />
o líder consiga passar à acção<br />
e com isso orientar e motivar<br />
os subordinados no cumprimento<br />
de tarefas e missões.<br />
assim, durante o percurso de<br />
selecção e de formação dos futuros<br />
líderes militares, tem sido<br />
dada particular atenção às provas<br />
que exigem capacidade de<br />
decisão. Como exemplos dessas<br />
provas, e entre muitas outras, temos<br />
o salto do muro e da vala e<br />
o salto para o galho incluídas em<br />
provas de obstáculos ou as feitas<br />
isoladamente e características<br />
dos cursos de infantaria, como<br />
o salto para o tanque dos frades,<br />
o salto para o desconhecido e o<br />
slide e o rappel.<br />
Uma questão colocada recorrentemente<br />
é se as provas de<br />
Nº 192 DEC11<br />
salto do muro da pista molhada<br />
As Provas de Decisão Militar<br />
decisão militar, para quem não<br />
as supere, devam ter um carácter<br />
eliminatório ou somente<br />
penalizador.<br />
Para uma melhor compreensão<br />
do que está envolvido na<br />
realização das tarefas de decisão,<br />
passaremos a analisar os<br />
seguintes factores nelas envolvidos:<br />
Decisão, Percepção de<br />
risco e Decisão face à percepção<br />
de risco.<br />
Decisão<br />
Relativamente à decisão<br />
Daniel ellsberg (1960, cit. por<br />
Baron, 1994) refere que existe<br />
uma ambiguidade na decisão perante<br />
situações desconhecidas,<br />
dado que as pessoas podem<br />
violar o axioma da utilidade esperada,<br />
com o objectivo de evitar<br />
situações de risco quando a<br />
probabilidade deste ocorrer é<br />
incerta.<br />
Ritov & Baron (1990, cit. por<br />
Baron, 1994) encontraram ainda<br />
evidências de que quando existe<br />
falta de informação as pessoas<br />
tornam-se relutantes em escolher<br />
Maj inf Garcia Lopes<br />
(colaborador desta revista colocado no CPae)<br />
uma opção onde não há certeza<br />
das suas consequências.<br />
De uma outra forma,<br />
Rasmussen (1987) descreve que<br />
na decisão está envolvida a identificação<br />
das discrepâncias entre<br />
o estado actual e o estado após<br />
a acção.<br />
Percepção de risco<br />
singleton e Hovden (1987)<br />
concluem, na sua obra sobre<br />
“Risco e Decisões”, que o que<br />
caracteriza o risco é: ser uma<br />
exposição a um eventual perigo;<br />
envolver incerteza relativamente<br />
ao que pode ocorrer; e estar<br />
presente em situações onde<br />
não existe informação completa<br />
sobre as consequências. Ainda<br />
segundo os mesmos autores,<br />
o movimento para um território<br />
desconhecido envolve sempre<br />
riscos, mas este movimento é<br />
feito porque há também potenciais<br />
benefícios associados. No<br />
entanto, o risco é evitado se existe<br />
a percepção de que há possibilidades<br />
do resultado não trazer<br />
benefícios ou, trazendo, se estes
não compensarem os prejuízos.<br />
Relativamente ao risco na<br />
vertente militar, Michael Page<br />
(1987) defende que este é uma<br />
parte central da vida dos militares,<br />
já que o risco está no coração<br />
das suas acções. Refere ainda<br />
que a redução do seu impacto<br />
Salto para o desconhecido<br />
é feita através do treino táctico e<br />
operacional.<br />
Berndt Brehmer (1987) na<br />
sua teoria sobre “a psicologia do<br />
risco” refere que a percepção de<br />
risco face a provas de decisão<br />
é sempre diferente para experts<br />
(instrutores) e para novatos (instruendos).<br />
Para os experts, os<br />
novatos têm um entendimento<br />
errado e falta de informação sobre<br />
o risco, o que os leva a considerarem<br />
que existe perigo onde<br />
ele não existe. assim, para os<br />
experts a percepção dos novatos<br />
sobre o risco é “irracional”. Pelo<br />
contrário, os novatos discordam<br />
da avaliação do risco feita pelos<br />
experts, pois consideram que estes<br />
a fazem somente baseada<br />
no julgamento (crença) e por isso<br />
entendem que essa avaliação é<br />
subjectiva. Para tentar cruzar as<br />
duas visões (do expert e do novato)<br />
o autor propõe que mais<br />
indicado será comparar o risco<br />
intuído pelo novato com o risco<br />
estimado pelas várias variáveis<br />
reais em jogo entendidas<br />
pelo expert. ainda sobre<br />
o risco, Brehmer defende<br />
que o que se percepciona<br />
não é o risco mas sim as<br />
possíveis consequências<br />
da decisão.<br />
Decisão face à percepção<br />
de risco<br />
Para Brehmer (1987) a<br />
decisão sobre um risco é<br />
uma decisão intuitiva que<br />
expressa uma avaliação difusa<br />
e negativa da decisão<br />
sobre uma alternativa,<br />
acompanhada de<br />
um sentimento geral<br />
de que “é algo que<br />
não se quer fazer”.<br />
De acordo com<br />
edwin Herr (1970) o<br />
processo de decisão é um<br />
fenómeno da experiência<br />
humana que para ser compreendido<br />
tem que considerar<br />
a existência de vários<br />
factores inter-relacionados<br />
que a influenciam, tais<br />
como a inteligência, a<br />
aptidão, os valores, os<br />
estereótipos, os interesses,<br />
as necessidades e o<br />
auto-conceito.<br />
Conclusões:<br />
Da breve investigação<br />
realizada podemos concluir que:<br />
1. No ser humano existe uma<br />
relutância em optar por uma<br />
situação desconhecida, ou<br />
onde exista falta de alguma<br />
informação, quando esta envolve<br />
a ocorrência de riscos;<br />
2. existe um claro e natural desacordo<br />
entre instruendos e<br />
instrutores sobre a percepção<br />
de risco relativa às provas de<br />
decisão, fruto da diferença de<br />
experiências e de informação<br />
conhecida;<br />
3. O risco é inerente à condição<br />
militar e é através do treino<br />
que é feita a redução da percepção<br />
do impacto do mesmo;<br />
4. Na decisão estão inter-relacionados<br />
factores como a inteligência,<br />
a aptidão, os valores e<br />
a intuição.<br />
Proposta:<br />
Relativamente à questão<br />
base que serviu de motivação<br />
à realização deste artigo: se as<br />
provas de decisão militar, quando<br />
Salto para o galho<br />
não superadas, devam ter um carácter<br />
eliminatório dos cursos ou<br />
somente penalizador, a seguinte<br />
proposta não pretende ser a resposta<br />
única e cabal ao tema mas<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
63
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
64<br />
sim apenas mais um contributo<br />
para se encontrar uma solução<br />
adequada.<br />
Se por um lado a importância<br />
da característica da decisão nos<br />
líderes militares deveria excluir<br />
os que não a possuem, por outro<br />
lado parece redutor que essa<br />
exclusão seja feita somente com<br />
base numa prova específica que,<br />
apesar de avaliar a capacidade<br />
de decisão tem associadas outras<br />
vertentes (incapacidades<br />
particulares, receios específicos,<br />
situações de indisponibilidade<br />
pontual, eventual falta de treino<br />
adequado, entre outras).<br />
assim, uma possível solução<br />
que evita as limitações atrás<br />
abordadas será considerar as<br />
provas de decisão militar como<br />
Nº 192 DEC11<br />
penalizadoras, no caso de não<br />
serem superadas umas mas serem<br />
ultrapassadas outras, e serem<br />
consideradas eliminatórias,<br />
no caso de, no seu conjunto, uma<br />
parte significativa delas não ser<br />
superada.<br />
Por outras palavras, as provas<br />
de decisão militar devem ter<br />
duas avaliações: uma individual,<br />
em que cada uma conta somente<br />
na prova em que está inserida,<br />
devendo o instruendo ser penalizado<br />
caso não a consiga superar;<br />
e outra conjunta, onde todas<br />
as provas de decisão do curso<br />
são agrupadas e ao ser verificado<br />
que o mesmo instruendo não<br />
supera 2/3 dessas provas deverá<br />
então implicar a sua exclusão.<br />
azimute<br />
execução do slide<br />
Bibliografia<br />
Baron J. (1994). thinking and<br />
Deciding. Cambridge: Cambridge<br />
University Press.<br />
Brehmer B. (1987). the<br />
Psychology of Risk. in W. t. singleton<br />
& J. Hovden (eds). Risk and Decisions<br />
(pp. 25-40). Chichester: John Wiley &<br />
sons, Ltd.<br />
Herr e. L. (1970). Decision making<br />
and vocational development. Boston:<br />
Houghton Mifflin Company.<br />
Page M. (1987). Risk in Defense.<br />
in W. t. singleton & J. Hovden (eds).<br />
Risk and Decisions (pp. 191-206).<br />
Chichester: John Wiley & sons, Ltd.<br />
Rasmussen J. (1987). Risk and<br />
information Processing. in W. t.<br />
singleton & J. Hovden (eds). Risk and<br />
Decisions (pp. 109-122). Chichester:<br />
John Wiley & sons, Ltd.<br />
singleton W. t. e Hovden J. (1987).<br />
Final discussion. in W. t. singleton &<br />
J. Hovden (eds). Risk and Decisions<br />
(pp. 209-224). Chichester: John Wiley<br />
& sons, Ltd.
1. Enquadramento<br />
Os materiais à base de fibras<br />
têm sido utilizados pelo Homem,<br />
desde há largos milhares de<br />
anos, na produção de vestuário<br />
e artigos decorativos, devido<br />
às suas propriedades únicas<br />
de conforto, flexibilidade e cair.<br />
estas aplicações representaram,<br />
durante muitos anos, o principal<br />
mercado dos materiais fibrosos.<br />
No entanto, as evoluções ocorridas<br />
do século passado, despoletaram<br />
o desenvolvimento de<br />
novas fibras com desempenhos<br />
mecânico, térmico e químico extremamente<br />
interessantes, que<br />
conduziram ao aparecimento de<br />
uma vasta gama de aplicações<br />
técnicas dos materiais fibrosos.<br />
Para além disso, a possibilidade<br />
de tornar estes materiais inteligentes,<br />
ou seja, com capacidade<br />
de responderem por si só a um<br />
determinado estímulo externo,<br />
tem também contribuído para<br />
desenvolvimentos extremamente<br />
interessantes neste domínio.<br />
Dentro das características que<br />
podem ser incorporadas por estes<br />
materiais destacam-se:<br />
• a mudança de cor por acção da<br />
temperatura, electricidade ou<br />
luz;<br />
• A criação e transferência de calor<br />
através da electricidade ou<br />
de mudança de fase;<br />
• a actuação como sensores,<br />
reagindo à variação de temperatura<br />
do corpo humano ou do<br />
ambiente;<br />
• a memorização da forma, com<br />
capacidade de voltar à forma<br />
inicial, normalmente, por acção<br />
do calor.<br />
a incorporação da microelectrónica,<br />
como os sensores,<br />
Materiais fibrosos na proteção militar<br />
Universidade do Minho<br />
Catarina Guise, Katherine Mérida, Rita Nogueira e Raul Fangueiro<br />
em materiais à base de fibras,<br />
tem proporcionado, igualmente,<br />
produtos de elevado interesse.<br />
Destaca-se a utilização de sensores<br />
em vestuário de protecção<br />
com o objectivo de localizar o<br />
utilizador num dado território, por<br />
exemplo.<br />
Com o intuito de dar a conhecer<br />
este “mundo das fibras”<br />
surgiu o projecto FIBRENAMICS<br />
– O Novo Mundo dos Materiais<br />
à base de Fibras, que visa desenvolver<br />
conteúdos para divulgação<br />
nos média, acerca dos<br />
últimos progressos destes materiais,<br />
com especial enfoque<br />
nas suas aplicações avançadas<br />
nas áreas da medicina, construção<br />
civil, arquitectura, protecção<br />
pessoal, transportes e desporto.<br />
trata-se de um projecto liderado<br />
pelo Fibrous Materials Research<br />
Group, da escola de engenharia<br />
da Universidade do Minho.<br />
2. Introdução às fibras<br />
As fibras têxteis são elementos<br />
filiformes que apresentam um<br />
elevado comprimento em relação<br />
à dimensão transversal máxima,<br />
sendo caracterizadas pelas suas<br />
flexibilidade e finura.<br />
são constituídas por macromoléculas,<br />
os polímeros, que por<br />
sua vez, são compostos por uma<br />
sequência de monómeros (1).<br />
O comprimento do polímero<br />
é um factor bastante importante,<br />
uma vez que todas as fibras<br />
possuem uma cadeia polimérica<br />
bastante longa, sendo que o arranjo<br />
molecular pode ser mais<br />
ou menos orientado com influência<br />
direta nas propriedades das<br />
fibras.<br />
assim, uma elevada orientação<br />
dos polímeros confere elevada<br />
resistência à tracção, baixo<br />
alongamento, resistência ao calor<br />
e resistência aos químicos.<br />
Pelo contrário, uma baixa orientação<br />
dos polímeros proporciona<br />
características de flexibilidade,<br />
suavidade e conforto às fibras<br />
(1).<br />
A classificação das fibras<br />
pode ser realizada de acordo<br />
com diversos aspectos. em relação<br />
ao comprimento, podem<br />
ser classificadas como: descontínuas,<br />
quando apresentam um<br />
comprimento limitado, ou contínuas,<br />
quando apresentam um<br />
comprimento bastante elevado,<br />
sendo este apenas limitado por<br />
razões técnicas. em relação à<br />
sua origem, as fibras podem ser<br />
classificadas em naturais ou não<br />
naturais (Figura 1). Dentro das<br />
fibras naturais, estas podem, ainda,<br />
ser de origem animal (ex.: lã,<br />
seda, alpaca), vegetal (ex.: algodão,<br />
linho, juta, sisal, cânhamo)<br />
ou mineral (ex.: amianto). Por<br />
outro lado, as fibras não naturais<br />
podem, igualmente, ser divididas<br />
em fibras artificiais (ex.: viscose,<br />
acetato, cupro), sintéticas (ex.:<br />
aramida, poliamida, poliéster) e<br />
inorgânicas (ex.: vidro, carbono,<br />
boro). As fibras artificiais e as<br />
sintéticas são produzidas pelo<br />
Homem. Contudo, as fibras artificiais<br />
utilizam como matéria-prima<br />
componentes existentes na natureza,<br />
como é o caso da celulose,<br />
enquanto as fibras sintéticas utilizam<br />
como matéria-prima produtos<br />
químicos (2).<br />
No geral, as fibras apresentam<br />
inúmeras aplicações em diversas<br />
áreas, como, por exemplo, vestuário,<br />
desporto, medicina, construção<br />
civil, indústria automóvel,<br />
arquitectura, protecção, entre<br />
outras.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
65
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
66<br />
3. Tipos de protecção na<br />
área militar<br />
Na área militar, vestuário de<br />
combate, coletes balísticos, capacetes,<br />
mísseis, carros de combate,<br />
armamento e vestuário de<br />
protecção térmica são exemplos<br />
de produtos que utilizam fibras<br />
e estruturas fibrosas. Assim, verifica-se<br />
que neste campo existe<br />
uma integração completa de todas<br />
as áreas de protecção pessoal:<br />
mecânica (ex.: coletes à prova<br />
de bala), térmica (ex.: vestuário<br />
de proteção contra temperaturas<br />
extremas), biológica (ex.: respiradouros<br />
protetores de partículas<br />
que possa ser nocivas ao utilizador)<br />
e química (ex.: vestuário de<br />
proteção contra líquidos, gases,<br />
poeiras nocivas). Realça-se, ainda,<br />
a importância da camuflagem<br />
como proteção visual.<br />
Os requisitos do material que<br />
promovem proteção no campo<br />
militar em cada área enumerada<br />
anteriormente incluem (3):<br />
• Na área da proteção mecânica:<br />
- Resistência ao impacto;<br />
- Elevada resistência à tração;<br />
- Resistência à abrasão;<br />
- Resistência ao rasgo.<br />
• Na área da proteção química e<br />
biológica:<br />
- Resistência ao rasgo para<br />
evitar a possibilidade de<br />
infeção;<br />
- Resistência e repelência a<br />
vírus, bactérias, produtos<br />
químicos;<br />
- elevada impermeabilidade<br />
e respirabilidade para proporcionar<br />
maior conforto<br />
térmico;<br />
- Resistência térmica;<br />
- Durabilidade;<br />
- Resistência à abrasão;<br />
- Facilidade de limpeza.<br />
Nº 192 DEC11<br />
• Na área da proteção térmica:<br />
- elevado isolamento térmico;<br />
- Resistência a condições<br />
ambientais extremas como<br />
calor, chama, vento, frio e<br />
neve;<br />
- Elevada repelência a<br />
líquidos.<br />
• Na área da proteção visual<br />
(camuflagem):<br />
- Resistência às condições<br />
ambientais extremas (calor,<br />
chama, vento, frio, neve);<br />
- Fácil adaptação ao meio<br />
ambiente que facilita uma<br />
rápida camuflagem;<br />
- Resistência aos raios UV;<br />
- Flexibilidade;<br />
- Leveza.<br />
4. Uso das fibras na área<br />
militar<br />
Na proteção militar do tipo mecânica,<br />
os avanços tecnológicos<br />
permitiram uma evolução significativa,<br />
passando-se das pesadas<br />
armaduras em ferro para coletes<br />
e fatos leves e confortáveis. Os<br />
Figura 1: Classificação das fibras.<br />
tabela 1: Causa dos acidentes balísticos em geral em teatro de guerra (adaptado de (3)).<br />
coletes à prova de bala são artefactos<br />
militares que protegem<br />
os utilizadores contra projécteis<br />
ou destroços. A Tabela 1 mostra<br />
a percentagem de acidentes<br />
causados em campo de batalha,<br />
onde a proteção mecânica assume<br />
importância.<br />
As fibras de aramida, que se<br />
apresentam no mercado sob diversas<br />
marcas comerciais, incluindo<br />
o Kevlar®, são o material<br />
base dos coletes à prova de bala.<br />
são materiais fibrosos extremamente<br />
resistentes ao calor e sete<br />
vezes mais resistentes que o aço<br />
por unidade de peso. O colete<br />
à prova de bala é, normalmente,<br />
formado por várias camadas<br />
fibrosas sobrepostas com uma<br />
certa folga, oferecendo, progressivamente,<br />
resistência ao avanço<br />
do projéctil (Figura 2) (4,5).<br />
De igual forma, a fibra de polietileno<br />
de alta densidade é largamente<br />
utilizada nesta área de<br />
proteção. Um exemplo é a fibra<br />
comercial Dyneema® utilizada
na proteção balística.<br />
apresenta extrema<br />
resistência<br />
aos raios Uv e a<br />
produtos químicos<br />
e elevadas<br />
resistências à<br />
tração e abrasão.<br />
Detém, igualmente,<br />
a capacidade de<br />
flutuar na água e não<br />
absorver humidade.<br />
existem muitos outros<br />
equipamentos mi-<br />
litares que envolvem<br />
a utilização de fibras<br />
com o objectivo de<br />
proteção, como são o<br />
caso dos capacetes e de muitos<br />
dos veículos blindados utilizados.<br />
Nestes casos, as fibras de<br />
aramida ou de polietileno de alta<br />
densidade são, normalmente, utilizadas<br />
em combinação com matrizes<br />
poliméricas como forma de<br />
se obterem materiais compósitos<br />
extremamente leves e com propriedades<br />
mecânicas, principalmente<br />
de resistência ao impacto,<br />
extremamente interessantes.<br />
a guerra química e biológica<br />
continua a ser das maiores ameaças<br />
silenciosas para o mundo,<br />
já que os produtos tóxicos são<br />
fáceis de produzir e têm efeitos<br />
Figura 2: estrutura de um colete à prova de bala<br />
(imagem retirada de http://gcmcarlinhossilva.blogspot.com/2011/04/<br />
especial-armas-de-fogo-o-colete.html)<br />
emocionais e letalmente terríveis.<br />
Os efeitos químicos promovem<br />
queimaduras, doenças a nível<br />
respiratório e a nível da pele,<br />
podendo, em muitos casos, levar<br />
à morte. Os dispositivos essenciais<br />
de protecção para os militares<br />
são os respiradouros nasais<br />
ou totais que filtram e desactivam<br />
as espécies tóxicas. Quanto<br />
à protecção oferecida pelo vestuário,<br />
este tem que ser impermeável,<br />
mas respirável (Figura 3),<br />
tal como no caso da protecção<br />
térmica, mas permitindo a saída<br />
do calor e aprisionando a entrada<br />
de vírus e bactérias entre as<br />
fibras (3).<br />
Figura 3: - Proteção em guerra biológica.<br />
(imagem retirada de http://lista.mercadolivre.com.br/mascara-militar-americana-contra-gases)<br />
Um exemplo de estrutura<br />
fibrosa comercial<br />
utilizada nesta<br />
área é o tyvek®, devido<br />
às suas elevadas<br />
propriedades de<br />
resistência ao rasgo,<br />
durabilidade e respirabilidade.<br />
É uma<br />
estrutura 100% polietileno,<br />
onde os espaços<br />
vazios entre as<br />
fibras permitem a circulação<br />
de vapor de<br />
água e ar, limitando, no<br />
entanto, a circulação das<br />
partículas, proporcionando<br />
protecção e conforto.<br />
Quanto à proteção térmica,<br />
dependendo do clima, o soldado<br />
deve estar em condições térmicas<br />
estáveis. a transpiração<br />
pode causar desconforto, podendo<br />
levar à hipotermia em climas<br />
frios. a humidade da transpiração<br />
ou da chuva, pode reduzir,<br />
severamente, o isolamento fornecido<br />
pelo material utilizado no<br />
vestuário.<br />
No geral, a protecção, tanto<br />
contra o frio como contra o<br />
calor, é conseguida através da<br />
utilização de estruturas fibrosas<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
67
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
68<br />
Figura 4: Membrana Gore-tex ®<br />
(imagens adaptadas de http://www.goliath.co.uk/index.php?p=247 e de http://<br />
randonneur-rs.blogspot.com/2010_01_01_archive.html).<br />
multicamada, em que cada uma<br />
destas desempenha um papel<br />
específico no desempenho global<br />
do conjunto (5).<br />
Fibras mais finas tendem a<br />
aprisionar maior quantidade de<br />
ar do que fibras com maior secção,<br />
para o mesmo volume. Um<br />
isolamento suficiente será formado<br />
por 10-20% de fibras adequadamente<br />
dispersas e 80-90% de<br />
ar.<br />
Um exemplo de material comercial<br />
que é utilizado a nível militar<br />
na protecção contra o frio é a<br />
membrana Gore-tex®. trata-se<br />
de uma membrana microporosa<br />
formada por politetrafluoretileno<br />
(PtFe), contendo mais de 9 biliões<br />
de poros microscópicos por<br />
Nº 192 DEC11<br />
polegada quadrada, sendo que<br />
estes poros são 20.000 vezes<br />
menores que uma gota de água,<br />
mas 700 vezes maiores que<br />
uma molécula de vapor de água<br />
(Figura 4). Assim, o tecido, através<br />
da membrana, permite que a<br />
transpiração escape, mantendo-<br />
-se impermeável à água (3,5).<br />
a inclusão de microcápsulas<br />
em fibras surgiu com o elevado<br />
interesse na utilização de<br />
materiais de mudança de fase<br />
(PCM’s), para controlo Dinâmico<br />
e inteligente da temperatura corporal.<br />
estes materiais inteligentes<br />
activos sentem e reagem<br />
de acordo com estímulos ou<br />
condições externas, largamente<br />
tabela 2: Fibras retardantes de chama no uso militar (adaptado de (3)).<br />
aplicados em vestuário de proteção<br />
térmica (6).<br />
a Outlast® é uma tecnologia<br />
que incorpora nas fibras,<br />
milhões de microcápsulas que<br />
podem absorver, armazenar e<br />
libertar calor, quando o material<br />
de mudança de fase transita de<br />
líquido para sólido e de sólido<br />
para líquido, tal como se observa<br />
na Figura 11, proporcionando<br />
bem-estar (7).<br />
A Tabela 2 mostra materiais<br />
retardantes da chama utilizados<br />
em vestuário de combate ao fogo<br />
e em vestuário anti-explosões.<br />
Quanto à proteção visual, o<br />
objetivo foi alterado com o avanço<br />
da tecnologia. antigamente,<br />
o objectivo era “enganar” o olho<br />
humano, sendo que atualmente<br />
passou a ser “enganar” as<br />
câmaras e todo o tipo de radiação.<br />
Assim, a camuflagem deve<br />
funcionar em diferentes comprimentos<br />
de onda: luz visível,<br />
ultravioleta, próximo e longe do<br />
infravermelho e, comprimentos<br />
de onda de radar (Figura 5) (4).<br />
Fibras como o poliéster e a<br />
poliamida são utilizadas nesta<br />
área mas, dependendo da radiação<br />
e das condições ambientais,<br />
outro tipo de fibras, ou mesmo<br />
pigmentação, são utilizadas<br />
no vestuário e equipamento<br />
militar.<br />
Materiais fibrosos com capacidade<br />
de mudança de cor<br />
são, também, utilizados na proteção<br />
visual. Os materiais que<br />
alteram a sua cor apor acção<br />
da temperatura, de forma a se<br />
adaptarem a qualquer tipo de<br />
clima, são conhecidos como<br />
materiais termocromáticos<br />
(Figura 6). Podem ser aplicados<br />
em vestuário com o intuito<br />
de proteger o utilizador de diferenças<br />
climatéricas e na sua<br />
camuflagem, proporcionando<br />
um maior conforto.
5. Tendências na utilização<br />
de fibras na área militar<br />
Os materiais fibrosos da última<br />
geração, podem ser utilizados<br />
com enorme vantagem na<br />
área militar, contribuindo para<br />
a melhoria do nível de proteção<br />
do militar em cenário de guerra.<br />
estes materiais apresentam diversas<br />
aplicações, que vão desde<br />
o fardamento até aos veículos<br />
militares.<br />
assim, neste domínio, áreas<br />
onde o Fibrous Materials<br />
Research Group da Universidade<br />
do Minho está a realizar trabalhos<br />
de investigação, incluem:<br />
- sensores à base de fibras<br />
formados por fibras piezoeléctricas<br />
que podem ser inseridas, por<br />
exemplo, em veículos militares<br />
para monitorização;<br />
- materiais fibrosos auxéticos,<br />
que apresentam um coeficiente<br />
de Poisson inverso, ou seja, alargam<br />
transversalmente quando<br />
são alongados longitudinalmente,<br />
podendo ser aplicados em capacetes,<br />
coletes à prova de bala,<br />
etc;<br />
- fibras com memória de forma<br />
que têm a capacidade de<br />
recuperar a sua forma inicial<br />
mesmo depois de severamente<br />
deformadas, podendo ser aplicadas<br />
em estruturas com capacidade<br />
de self-repairing em vários<br />
equipamentos;<br />
- materiais com elevada resistência<br />
ao impacto por incorporação<br />
de nanofibras;<br />
- materiais compósitos reforçados<br />
por nanotubos de carbono<br />
que podem ser aplicados no<br />
reforço de tanques militares para<br />
uma melhor protecção em campo<br />
de batalha permitindo obter materiais<br />
extremamente resistentes<br />
e muito leves;<br />
- fibras condutoras, isto<br />
é fibras com a capacidade de<br />
conduzir electricidade, para<br />
aquecimento, comunicação e<br />
monitorização (3,4,5).<br />
6. Conclusões<br />
Figura 5: Camuflagem de militares<br />
(imagem retirada dehttp://www.forte.jor.br/2011/02/24/bopepmerj-ira-adotar-camuflagem-semelhante-ao-usmc/)<br />
Neste artigo pretendeu-se<br />
mostrar a envolvência da área militar<br />
com os materiais fibrosos. As<br />
principais áreas militares onde os<br />
materiais fibrosos desempenham<br />
um papel crucial são: protecção<br />
térmica, protecção mecânica,<br />
protecção química e biológica e,<br />
protecção visual. Cada área de<br />
aplicação necessita de materiais<br />
fibrosos específicos, com características<br />
e propriedades bem<br />
definidas, sendo que a “chave”<br />
para garantir elevados níveis de<br />
protecção, em todos os domínios,<br />
está em combinar materiais<br />
cujas propriedades contribuem<br />
em parte para garantir o desempenho<br />
do conjunto. As fibras oferecem<br />
uma variedade bastante<br />
alargada de soluções que podem<br />
ser escolhidas em função<br />
das necessidades específicas. O<br />
avanço tecnológico na área dos<br />
materiais e estruturas fibrosas<br />
tenderá a consolidar estes materiais<br />
como materiais de excelência<br />
na garantia da protecção de<br />
azimute<br />
militares.<br />
Bibliografia:<br />
Guillén, J. G. (1991). Fibras<br />
textiles: Propriedades y Descripción.<br />
Universitat Politècnica De Catalunya.<br />
in K.K.Chawla (1998). Fibrous<br />
Materials. Cambridge University<br />
Press.<br />
Horrocks, a.R.; anand, s.C (2000).<br />
Handbook of technical textiles. pp.<br />
425-460, Woodhead Publishing, CRC<br />
Press.<br />
e. Wilusz (2008). Military textiles.<br />
Woodhead Publishing, CRC Press.<br />
england.<br />
R a scott (2005). textiles for protection.<br />
Woodhead Publishing, CRC<br />
Press. UK.<br />
elena Onofrei, a. M. (2010).<br />
textiles integrating PCM’s – a<br />
RevieW. Bul. inst. Polit. iasi, t. Lvi<br />
(LX), f. 2 , 99-110.<br />
Bansal, D. (28 de Março de<br />
2011). Outlast – New Developments<br />
to improve Comfort in FR Workwear.<br />
Obtido em 17 de Outubro de 2011, de<br />
text on textiles: http://textontextiles.<br />
com/?p=1612.<br />
Autoria:<br />
Catarina Guise, Katherine Mérida,<br />
Rita Nogueira e Raul Fangueiro<br />
Universidade do Minho<br />
escola de engenharia<br />
Fibrous Materials Research Group<br />
Campus de azurém<br />
4800-058 Guimarães<br />
Figura 6: Material termocromático que altera de cor<br />
com a temperatura<br />
(imagem retirada de http://www.inteligentes.org/blog/?p=512)<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
69
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
70<br />
Fibras na proteção pessoal<br />
O espetro das operações militares. A aplicação de fibras em<br />
novas dinâmicas de proteção e sobrevivência<br />
as primeiras palavras deste<br />
trabalho são dirigidas à Reitoria<br />
da Universidade do Minho para<br />
publicamente expressar, em<br />
nome do exército e do Comando<br />
da escola Prática de infantaria,<br />
os profundos e sinceros agradecimentos<br />
pelo convite que nos foi<br />
endereçado e, aproveitando esta<br />
oportunidade, reiterar o apoio da<br />
escola Prática de infantaria à<br />
Universidade do Minho em projetos<br />
de investigação, inovação<br />
e desenvolvimento tecnológico<br />
a desenvolver no futuro contribuindo<br />
assim, ainda que indiretamente,<br />
para o conhecimento<br />
científico e para a excelência e<br />
qualidade da oferta formativa<br />
dessa universidade.<br />
Quando a escola Prática de<br />
infantaria foi convidada a participar<br />
no workshop da Universidade<br />
do Minho para apresentar e fundamentar<br />
a importância do desenvolvimento<br />
dos tecidos naquilo<br />
que são hoje as exigências<br />
das operações militares, quer em<br />
termos das suas tipologias, quer<br />
em termos daquilo que é exigido<br />
a um soldado de infantaria, aceitei<br />
o desafio sabendo que tinha<br />
pela frente uma temática que<br />
nem sempre solicita a devida<br />
atenção revertendo esta mais facilmente<br />
para assuntos como as<br />
dinâmicas de transformação na<br />
industria do armamento, analisar<br />
as táticas, pensar em cenários<br />
de reequipamento de sistemas, e<br />
olhar para o fardamento como a<br />
ínfima parte de um todo que, se<br />
desenvolvido e pensado, poderá<br />
fazer a diferença.<br />
assim, procurando sempre<br />
Nº 192 DEC11<br />
enquadrar o leitor naquilo que<br />
são hoje os cenários plausíveis<br />
de emprego do aparelho militar, e<br />
em termos daquilo que é hoje um<br />
soldado de infantaria e as suas<br />
capacidades, este ensaio procurará<br />
traduzir essa reflexão e<br />
deixar algumas orientações para<br />
que, noutros fóruns, se promova<br />
a investigação e o desenvolvimento<br />
tecnológico de um vetor<br />
de modernidade importantíssimo<br />
para uma afirmação plena das<br />
capacidades militares.<br />
1. As operações militares<br />
no século XXI. Novos desafios<br />
operacionais.<br />
Muitos são os fatores que<br />
vêm fundamentando uma nova<br />
tipologia de conflitos armados.<br />
a nova dimensão do terrorismo<br />
transnacional; a emergência<br />
de atores transnacionais<br />
como o crime organizado, que<br />
tirando partido da disseminação<br />
Intervenção do Ten Cor Inf Mário Álvares na<br />
Universidade do Minho<br />
tecnológica associada à estrutura<br />
globalizante da economia<br />
mundial e maior abertura de fronteiras,<br />
incrementam o tráfico de<br />
droga, pessoas e armas de destruição<br />
massiva; ou a fragmentação<br />
política de muitos estados,<br />
muitos deles alicerçados às heranças<br />
da guerra-fria, com os decorrentes<br />
extremismos étnicos,<br />
religiosos e culturais, são alguns<br />
exemplos de uma conflitualidade<br />
diferente, que oferece um novo<br />
espectro de operações militares<br />
com novas dinâmicas e vetores<br />
de emprego militar.<br />
Neste novo contexto de ação<br />
as operações de guerra ofensivas<br />
e defensivas não podem<br />
nem devem ser eliminadas do<br />
léxico militar obrigando a que a<br />
preparação e processos de reequipamento<br />
e reorganização sejam<br />
para elas orientadas. Porém,<br />
decorrente da realidade política,
estratégia e social deste novo<br />
século, agravada pelo aumento<br />
exponencial das cidades e pela<br />
tendência dominante da nova<br />
conflitualidade se desenvolver no<br />
seu interior, a dimensão e adequação<br />
do aparelho militar não<br />
pode ignorar essa realidade e<br />
terá que equacionar novos requisitos<br />
tecnológicos e doutrinários,<br />
distintos de uma realidades de<br />
emprego do aparelho militar que<br />
é mais confortável.<br />
Umas das características essenciais<br />
desse ambiente operacional<br />
é a influência dos civis<br />
num contexto de ação que terá<br />
que evitar, a todo custo, os danos<br />
colaterais e a sua mediatização.<br />
O erro decorrente de uma<br />
baixa não desejada é um fator<br />
preponderante para o sucesso<br />
da operação ou até mesmo da<br />
campanha militar. e se por um<br />
lado essa caraterística condiciona<br />
o modo como as forças em<br />
presença farão uso da força tendo<br />
em atenção as baixas entre<br />
não combatentes, por outro lado<br />
exige uma grande capacidade<br />
de comando e controlo num contexto<br />
de ação com uma grande<br />
descentralização.<br />
Mas há outros parâmetros de<br />
caracterização.<br />
a elevada intensidade de combate<br />
ao nível do subsolo, solo,<br />
acima do solo e no interior ou cobertura<br />
de edifícios obrigando ao<br />
desenvolvimento de novas capacidades<br />
em termos de letalidade<br />
e sistemas de reconhecimento e<br />
aquisição de alvos; a aplicação<br />
de estratégias de grande violência<br />
(ações que procuram maximizar<br />
a dissimetria negativa entre<br />
atores) por parte de adversários<br />
sem rosto ou uniforme procurando<br />
a vitória no mediatismo dos<br />
media impondo novas dinâmicas<br />
de proteção individual; e a condução<br />
de combates com campos<br />
de tiro exíguos pautados pelo<br />
consumo acentuado de abastecimentos<br />
e necessidades de apoio<br />
e evacuação sanitária obrigando<br />
à implementação de novas capacidades<br />
em termos de proteção e<br />
sobrevivência, são alguns exemplos<br />
de um leque alargado de novos<br />
desafios táticos, técnicos e<br />
tecnológicos (vink, 2008).<br />
Contudo, esta caracterização<br />
situacional ficaria incompleta se<br />
não fossem perspetivados dois<br />
aspetos de natureza logística. O<br />
primeiro respeita à possibilidade<br />
de emprego das forças em limites<br />
territoriais que nem sempre<br />
são os nacionais, muitas vezes<br />
em regiões do globo com debilidades<br />
infraestruturais essenciais<br />
à criação de áreas de sustentação<br />
para uma resposta logística<br />
oportuna, alargando em tempo e<br />
em espaço a cadeia de abastecimentos.<br />
No segundo terá que ser<br />
tida em consideração a possibilidade<br />
de emprego de forças numa<br />
ótica de multifuncionalidade de<br />
atores e de apoios, obrigando ao<br />
estabelecimento de parcerias e<br />
rearranjos tecnológicos onde a<br />
modularidade e interoperabilidade<br />
dos sistemas será essencial<br />
(Pagonis, 1992).<br />
em suma, um novo ambiente<br />
operacional que se traduz, necessariamente,<br />
no mesmo homem,<br />
sempre guiado pelo instinto<br />
e pela razão do momento, mas<br />
com novas capacidades materializadas<br />
por um conjunto de sistemas<br />
que terão que dinamizar<br />
a sua capacidade psicofísica e<br />
cognitiva.<br />
2. O soldado de Infantaria.<br />
Novas capacidades e possibilidades<br />
de emprego.<br />
O principal papel do soldado<br />
de infantaria será, como à 800<br />
anos atrás, o combate próximo<br />
em terreno aberto e em cidades,<br />
num espectro alargado de operações<br />
que podem englobar operações<br />
de resposta a crises, como<br />
imposição de Paz, Manutenção<br />
de Paz, apoio a autoridades<br />
Civis, ações Humanitárias e a<br />
Guerra Declarada.<br />
Nesse contexto de emprego<br />
será obrigado a atuar em diferentes<br />
cenários, terrenos, climas<br />
e condições de visibilidade. e<br />
quando hipoteticamente numa<br />
operação de guerra abandona a<br />
plataforma que lhe garante mobilidade<br />
tática terrestre, marítima<br />
ou aérea, utilizará sempre o fogo<br />
e o movimento para alcançar<br />
uma posição mais vantajosa relativamente<br />
a um ou mais adversários,<br />
sempre num contexto de<br />
grande intensidade e desgaste<br />
psicofísico.<br />
Mas esta visão redutora do<br />
soldado de infantaria tem que<br />
ser vista noutra perspetiva. Na<br />
verdade, o soldado de infantaria<br />
é, cada vez mais, um sistema de<br />
armas. O soldado de infantaria<br />
é um sistema materializado em<br />
tudo que utiliza, carrega e consome<br />
numa operação, sendo parte<br />
de uma subunidade que comporta<br />
outros soldados (quatro a<br />
nove homens constituindo uma<br />
esquadra ou secção, respetivamente)<br />
e onde, num contexto coletivo,<br />
terá que operar para atingir<br />
com eficiência os objetivos do<br />
escalão superior em que se integra<br />
a sua unidade (normalmente<br />
designada por Pelotão).<br />
Os sistemas que transporta e<br />
que dele fazem esse sistema de<br />
armas respeitam sempre os seguintes<br />
requisitos (CeDs, 2011):<br />
• modularidade, onde os interfaces<br />
que transporta permitam e<br />
aceitem a integração de outros<br />
módulos como são caso de power<br />
sources e sighting devices;<br />
• adaptabilidade, para de acordo<br />
com a sua missão, independentemente<br />
da duração da<br />
operação, tipologia da ameaça<br />
e ambiente físico, os sistemas<br />
que transporta tenham a capacidade<br />
para adicionar módulos,<br />
afetando ao mínimo as configurações<br />
de base e ergonomia<br />
do todo, disponibilizando assim<br />
novas capacidades para outra<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
71
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
72<br />
tipologia de tarefas e missões;<br />
• incrementabilidade, para que<br />
a adição de novos sistemas<br />
decorrente dos desenvolvimentos<br />
tecnológicos se traduza na<br />
substituição de módulos e não<br />
exija a permuta do todo por incapacidade<br />
de adaptação;<br />
• incorruptibilidade, para que<br />
a falência tecnológica de um<br />
módulo primário de um sistema<br />
não afete o funcionamento de<br />
outros módulos acoplados;<br />
• interoperabilidade, para que<br />
os sistemas e seus módulos sejam<br />
compatíveis no seio de uma<br />
força combinada (mais que um<br />
país) e/ou conjunta (mais que<br />
uma componente (marinha,<br />
exército e força aérea);<br />
• e simplicidade, para que o<br />
sistema seja user-friendly e as<br />
handling operations sejam reduzidas<br />
ao mínimo.<br />
Mas que é hoje exigido em<br />
termos de capacidades ao soldado<br />
de infantaria enquanto sistema<br />
de armas?<br />
segundo as orientações da<br />
Agência de Defesa Europeia<br />
Nº 192 DEC11<br />
para o Combat equipment For<br />
Dismounted soldiers as capacidades<br />
encontram-se repartidas<br />
pelas seguintes áreas (CeDs,<br />
2011):<br />
• C4i (Comando, Controlo,<br />
Computadores, Comunicações<br />
e informações);<br />
• Effective Engagement (aquisição<br />
efetiva);<br />
• Deployment and Mobility (projeção<br />
e mobilidade);<br />
• Protection and Survivability<br />
(proteção e sobrevivência);<br />
• Sustainability and Logistics<br />
(sustentabilidade e apoio<br />
logístico).<br />
vejamos cada uma dessas<br />
capacidades:<br />
• C4I – Permite exercer uma<br />
ação de comando efetiva para<br />
planear, gerir, coordenar e<br />
controlar pessoal, armas, equipamentos<br />
e o universo de comunicações<br />
necessários à operação.<br />
O soldado de infantaria,<br />
dotado com essa capacidade,<br />
é um nó de uma rede sendo,<br />
em simultâneo, um sensor<br />
de informação e elemento de<br />
aquisição de alvos. Claro que<br />
os requisitos para potenciar<br />
esta capacidade comportam<br />
sistemas com capacidade de<br />
partilha de informação na rede<br />
da força. entretanto, a informação<br />
partilhada aos mais baixos<br />
escalões, nos quais o soldado<br />
de infantaria se integra, deverá<br />
ter a dimensão adequada à capacidade<br />
cognitiva do utilizador,<br />
quer em termos de tratamento,<br />
quer em termos de tempo de<br />
resposta decorrente da tipologia<br />
e saturação de dados;<br />
• Effective Engagement –<br />
Permite ao soldado de infantaria<br />
derrotar o potencial de combate<br />
do seu adversário (físico,<br />
moral e tecnológico) e limitar<br />
a sua liberdade de ação. Os<br />
sistemas que maximizam esta<br />
capacidade deverão permitir<br />
a observação, deteção, reconhecimento<br />
(identificação de<br />
alvos) e aquisição de precisão<br />
evitando ou limitando danos colaterais<br />
e permitindo o emprego<br />
da arma indicada tendo em<br />
atenção os danos e objetivos a
atingir;<br />
• Deployment and Mobility –<br />
Faculta ao soldado de infantaria<br />
a orientação e capacidade<br />
de movimento transportando<br />
armas (pistola automática, espingarda<br />
automática, sabre-<br />
-baioneta, granadas de mão<br />
ofensivas, defensivas, de fumos<br />
e iluminantes e munições),<br />
equipamento e material<br />
(capacete, óculos balísticos,<br />
colete balístico, colete tático,<br />
suspensórios e cinturão para<br />
transporte de outro equipamento<br />
e sistemas (rádio, cantil,<br />
porta-carregadores, lanterna<br />
tática, etc), mochila tática com<br />
material de sobrevivência para<br />
24 a 72 horas, sistemas de<br />
aquisição e telemetria, sistemas<br />
de visão noturna, etc) em<br />
todo o tipo de terreno, todo o<br />
tipo de condições meteorológicas<br />
e ambiente afetado por<br />
agentes Nucleares, Biológicos,<br />
Químicos e Radiológicos<br />
(NBQR). Nesta capacidade tem<br />
particular importância o peso,<br />
volumetria e ergonomia das armas,<br />
equipamento e materiais,<br />
não podendo nem devendo ser<br />
descorado o fardamento.<br />
• Protection and Survivability<br />
– Garante ao soldado de infantaria<br />
a proteção contra ameaças<br />
naturais e aquelas que<br />
são provocadas por ação do<br />
homem. sistemas detetores de<br />
agentes NBQR, proteção balística,<br />
acústica e térmica, proteção<br />
contra armas não letais,<br />
camuflagem e minimização da<br />
emissão térmica, e proteção<br />
contra fogo fratricida através da<br />
introdução de dispositivos de<br />
identificação e proteção contra<br />
Remote Controlled improvised<br />
explosive Devices (RCieD),<br />
são alguns exemplos dessa<br />
capacidade.<br />
• Sustainability and Logistics<br />
– Possibilita manter um período<br />
alargado de ação sem necessidade<br />
de intervenção do canal<br />
logístico, seja em termos de<br />
reabastecimento, seja em termos<br />
de manutenção. O apoio<br />
de base tem que ter resposta<br />
em termos de reposição de víveres<br />
respeitando requisitos<br />
como volumetria, rentabilização<br />
energética e validade. Um<br />
ou mais sistemas terão que<br />
permitir a monitorização sanitária.<br />
e os principais sistemas<br />
(nomeadamente em termos<br />
de armamento e assessórios),<br />
em termos de conceção, terão<br />
que respeitar requisitos como<br />
a reciclagem, otimização energética<br />
em termos de fontes de<br />
energia e consumíveis (no caso<br />
das munições), e otimização<br />
do peso, volumetria e modularidade<br />
(diminuindo o fluxo de<br />
sobressalentes e trabalhos de<br />
manutenção).<br />
a questão que agora se coloca<br />
é saber qual a aplicação das<br />
fibras têxteis (e do vestuário) nesta<br />
dinâmica de capacidades e o<br />
impacto desse desenvolvimento<br />
tecnológico na operacionalização<br />
de outros sistemas e na atividade<br />
técnica e psicofísica do utilizador,<br />
o soldado de infantaria.<br />
3. A importância dos tecidos<br />
na concretização das<br />
capacidades.<br />
3.a. Capacidade C4I<br />
Para além do que já foi referido,<br />
os sistemas C4I têm que<br />
estar adaptados às funções específicas<br />
de cada soldado de infantaria<br />
no seio da sua unidade<br />
(esquadra, secção ou pelotão),<br />
terão que permitir o scanning do<br />
utilizador em termos de posicionamento<br />
e situação de sistemas,<br />
terão que possibilitar o rastreio<br />
e indicação de forças amigas no<br />
setor de tiro impedindo o fogo<br />
fratricida, terão que garantir o<br />
posicionamento cartográfico correto<br />
do utilizador e alvos, e terão<br />
que permitir o envio e receção de<br />
mensagens de texto, imagem e<br />
voz.<br />
Não há assim, numa primeira<br />
análise, uma aplicação direta dos<br />
tecidos na dinamização ou maximização<br />
dos sistemas que essa<br />
competência comporta.<br />
Contudo, a sua aplicação, nomeadamente<br />
a rentabilização do<br />
uniforme para a geração de energia<br />
com têxteis interativos (têxtil<br />
que responde de forma inteligente<br />
a um estímulo e que a partir<br />
do sentir ou do reagir (mudança<br />
de cor, oscilação, etc) executam<br />
operações ou sejam produtores<br />
de energia), será relevante<br />
quando temos que equacionar<br />
todo o conjunto de sistemas que<br />
necessitam de fontes de energia<br />
para serem operáveis. este<br />
aspeto é ainda mais importante<br />
se pensarmos que a redução de<br />
baterias (recarregáveis ou não)<br />
Materializa-se numa redução de<br />
peso, numa redução do esforço<br />
logístico para reposição de abastecimentos<br />
consumidos, e numa<br />
redução do desgaste psicofísico<br />
do utilizador, nomeadamente em<br />
termos do peso total a transportar<br />
e ergonomia dos invólucros e<br />
bolsas de transporte dessas bases<br />
de energia. importa contudo<br />
refletir sobre o peso da assinatura<br />
eletromagnética desse sistema<br />
em termos da identificação<br />
por sistemas de aquisição de objetivos<br />
adversários, ou o seu impacto<br />
em termos da porosidade<br />
das fibras e sua importância para<br />
a manutenção de efeitos térmicos<br />
decorrentes do clima e tipologia<br />
de esforço. Deverá merecer<br />
também alguma preocupação o<br />
comportamento da estrutura geradora<br />
de energia e incorporada<br />
no uniforme a agentes naturais<br />
como a água e a humidade, ou<br />
a reação a fragmentos de um<br />
engenho explosivo improvisado<br />
ou projéteis de energia cinética<br />
lançados por armas de projeção<br />
de fogo automáticas ou ordinárias<br />
(sem mecanismo automático<br />
para recuo da culatra).<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
73
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
74<br />
3.b. Effective Engagement<br />
O effective engagement exige<br />
a utilização de sistemas que<br />
garantam uma capacidade de<br />
observação e aquisição sobre<br />
quaisquer condições climatéricas<br />
e agentes NBQR. Mas também<br />
deve permitir a leitura dos resultados<br />
obtidos após a aquisição<br />
do alvo e a execução do fogo, e<br />
deve garantir a possibilidade de<br />
designação de alvos para outras<br />
armas de projeção de fogo, individuais<br />
ou coletivas, sejam elas<br />
terrestres, aéreas ou navais.<br />
Também aqui, como verificado<br />
para a capacidade C4i, a<br />
rentabilização do uniforme para<br />
a geração de energia com têxteis<br />
interativos será importante para<br />
sistemas que necessitam de fontes<br />
de energia para serem operáveis.<br />
entretanto, as limitações já<br />
identificadas na capacidade C4I<br />
devem ser equacionadas para<br />
esta capacidade.<br />
3.c. Deployment and Mobility<br />
esta capacidade diz respeito<br />
a requisitos de mobilidade tática<br />
e projeção interteatro (no interior<br />
do teatro de Operações)<br />
e intrateatro (entre teatros de<br />
Operações e a Zona do interior<br />
e/ou Zona de Comunicações1),<br />
razão pela qual esta capacidade<br />
não deverá merecer uma análise<br />
em pormenor para afetação do<br />
recurso tecnológico em análise.<br />
Contudo, embora este assunto<br />
1 a Zona do interior, na maior parte dos<br />
casos, coincide com território nacional<br />
e é nela que tem lugar a logística de<br />
alto de nível e de produção. a Zona<br />
de Comunicações é a área do teatro<br />
de Operações destinada a efetuar<br />
a transição entre a Zona do interior<br />
e a Zona de Operações. a Zona do<br />
Interior é caracterizada pela existência<br />
de estruturas portuárias (aeroportos e<br />
portos de mar (e rio)) e é nessa área<br />
que se articulam as bases logísticas,<br />
hospitais de campanha e unidades de<br />
manutenção, entre outras estruturas<br />
e comandos de direção e execução<br />
logística.<br />
Nº 192 DEC11<br />
seja abordado na capacidade<br />
seguinte, importa realçar a importância<br />
que os tecidos detém<br />
na mobilidade que está associada<br />
aos movimentos e deslocamentos<br />
táticos realizados como<br />
parte de uma operação ou ação<br />
militar. aspetos ligados à conceção<br />
e design do fardamento e do<br />
equipamento devem ser equacionados<br />
para que haja sintonia<br />
e interoperabilidade funcional,<br />
única abordagem para que no<br />
cumprimento de tarefas militares<br />
(que vão desde a simples distribuição<br />
de alimentos ao combate),<br />
em ambiente urbano ou rural,<br />
as capacidades de locomoção individual<br />
terrestre não sejam afetadas.<br />
De salientar ainda o papel<br />
relevante que os tecidos podem<br />
assumir quando as plataformas<br />
de projeção e missões/tarefas<br />
solicitam mais que uma valência<br />
em termos de resposta. Ou seja,<br />
por exemplo, importa equacionar<br />
o fardamento e as suas valências<br />
perante a projeção subaquática<br />
(com mergulho de combate) para<br />
a condução de uma operação<br />
terrestre.<br />
3.d. Protection and Survivability<br />
esta capacidade, que comporta<br />
dois vetores (Protection<br />
and Survivability) concorrentes (a<br />
sobrevivência depende significativamente<br />
da proteção) está em<br />
parte orientada para a importância<br />
da proteção ao nível de partes<br />
vitais do corpo humano (como o<br />
cérebro, visão (olhos), aparelho<br />
auditivo, pescoço, peito, região<br />
abdominal e pélvis) contra armas<br />
de energia cinética e fragmentos<br />
de explosivos improvisados, minas<br />
e granadas. Por isso, parte<br />
significativa do esforço de desenvolvimento<br />
tecnológico, é relativa<br />
à proteção balística rígida e flexível,<br />
está última colocada em<br />
outros equipamentos e peças de<br />
vestuário do utilizador.<br />
Mas será que não há campo<br />
para a aplicação de têxteis com<br />
novos requisitos?<br />
analisemos em primeiro lugar<br />
a capacidade Protection. se a<br />
proteção balística, fruto da capacidade<br />
derrubante e penetrante<br />
de projéteis ou fragmentos resultantes<br />
de engenhos explosivos<br />
vem exigindo, até à data 2 , sistemas<br />
complexos e com capacidades<br />
de resistência unicamente<br />
atingíveis pela introdução de ligas<br />
metálicas e cerâmicas com<br />
alguma complexidade, a proteção<br />
contra agentes incendiários<br />
como granadas incendiárias ou<br />
cocktails molotov3 , sempre vista<br />
com uma grande complexidade,<br />
pode e deve ser desenvolvida<br />
em termos do aumento da capacidade<br />
de resistência do vestuário<br />
(com base em fibras de altas<br />
prestações ou com funções especiais4<br />
) tendo sempre presente<br />
a capacidade de sobrevivência,<br />
seja em termos de mobilidade,<br />
seja em termos de afetação da<br />
resposta psicofísica face a restrições<br />
daí decorrentes, como o incremento<br />
da sudação decorrente<br />
da composição e estrutura dos<br />
2 Decorrem estudos para a aplicação de<br />
fibras de carbono neste tipo de proteção.<br />
As fibras carbónicas ou fibras de carbono<br />
são matérias-primas que provêm da<br />
pirólise de materiais carbonáceos que<br />
produzem filamentos de alta resistência<br />
mecânica e que são utilizados para os<br />
mais diversos fins (inclui motores e naves<br />
espaciais).<br />
3 O cocktail molotov é uma arma<br />
incendiária geralmente utilizada<br />
na guerrilha urbana por adversários<br />
sem capacidades tecnológicas. a sua<br />
composição mais frequente inclui um<br />
líquido inflamável, geralmente petróleo<br />
ou gasolina, e eventualmente um agente<br />
que melhora a aderência do combustível<br />
ao alvo. É iniciado manualmente pelo<br />
fogo através de uma mecha na boca do<br />
invólucro (gargalo da garrafa)) e, sendo<br />
uma arma de mão, tem no arremesso o<br />
seu agente de projeção.<br />
4 as fibras de altas prestações são<br />
aquelas que possuem propriedades<br />
físicas ou químicas muito superiores às<br />
das fibras convencionais. As propriedades<br />
físicas referem-se normalmente às<br />
mecânicas (exemplo: resistência à<br />
tração) e à termoresistência.
têxteis empregues, ou o desconforto<br />
originado pela rigidez que<br />
o vestuário (fardamento) possa<br />
comportar para garantir essa<br />
valência. Uma outra aplicabilidade<br />
é a resposta que o vestuário<br />
(fardamento) poderá dar contra<br />
agentes NBQR. Contudo, neste<br />
caso, a garantia hermeticidade<br />
do vestuário (fardamento) não é<br />
fácil pois tem que ser pensada e<br />
sustentada a proteção integral<br />
de toda a superfície corpórea<br />
incorporando a proteção da cabeça,<br />
mãos, e pés (sobrebotas).<br />
Mas é em termos de<br />
Survivability que poderemos encontrar<br />
o espaço para rentabilizar<br />
esse recurso tecnológica que<br />
são os têxteis inteligentes e, em<br />
certa medida, maximizar valências<br />
como a mudança de temperatura,<br />
mudança de cor, condutividade<br />
elétrica, permeabilidade<br />
controlada e incorporação de<br />
hardware.<br />
a primeira grande aplicabilidade<br />
centra-se na capacidade<br />
de resposta aos requisitos de<br />
uma camuflagem multiespectral<br />
adaptável à tipologia de teatro,<br />
principalmente o urbano.<br />
a segunda vertente estará<br />
sempre associada ao fator mobilidade<br />
(capacidade já apresentada<br />
e documentada neste<br />
ensaio). Ou seja, no processo de<br />
interação da pele com o vestuário<br />
interior e o vestuário exterior<br />
(fardamento) e no decorrer de<br />
uma operação, fruto de agentes<br />
externos como o clima e agravados<br />
pela tipologia de equipamento,<br />
armamento e sistemas a<br />
transportar individualmente, desenvolvem-se<br />
humidades, secreções<br />
e micoses (muito frequente<br />
após esforços prolongados) que<br />
podem ser obviadas ou reduzidas,<br />
total ou parcialmente, pela<br />
utilização de têxteis adequados<br />
a essa finalidade. Esta situação<br />
é ainda mais gravosa quando<br />
as operações se desenvolvem<br />
com baixas temperaturas, fator<br />
externo que não obvia a sudação<br />
e humedecimento do vestuário<br />
(peças de roupa interiores e<br />
exteriores) em operações de exigência<br />
física extrema. O mesmo<br />
racional poderá ser observado<br />
no espectro de aplicação antagónica,<br />
como são o caso das recentes<br />
operações em climas áridos<br />
(vide afeganistão ou iraque),<br />
onde os têxteis deverão limitar o<br />
“stress térmico do utilizador”.<br />
Por fim e não menos importante,<br />
o têxtil do vestuário interior<br />
deverá ter a vertente de<br />
diagnóstico para permitir a monitorização<br />
de variáveis vitais<br />
do utilizador. Com esta valência,<br />
aspetos como indicadores do<br />
ritmo cardíaco, de temperatura<br />
e de saturação de oxigénio no<br />
sangue, são analisados no local<br />
ou em escalões superiores com<br />
capacidade de controlo e influência<br />
médico-sanitária. Todavia,<br />
a rentabilização dos tecidos não<br />
pode nem deve centrar-se em<br />
respostas tecnológicas pois o<br />
seu design, em termos de corte<br />
e funcionalidades, contribuí<br />
para o bem-estar e desempenho<br />
técnico-tático do utilizador. Por<br />
exemplo, importa refletir sobre a<br />
colocação de bolsos nas calças<br />
e no dólmen do uniforme, ajustando-os<br />
e dimensionando-os<br />
à eventualidade de colocação/<br />
transporte de outra tipologia de<br />
equipamentos, armamento e sistemas.<br />
Como também tem que<br />
ser pensado o reforço de áreas<br />
do uniforme sujeitas a atrição de<br />
tudo que é transportado durante<br />
deslocamentos e movimentos<br />
táticos.<br />
3.e. Sustainability and<br />
Logistics<br />
esta capacidade centra-se,<br />
em parte, em muitos dos pressupostos<br />
já elencados para outros<br />
requisitos pois, direta ou indiretamente,<br />
ela é base do sucesso.<br />
Por outras palavras, sem sustentação<br />
logística será impossível<br />
suportar uma operação militar.<br />
a Guerra do iraque de 2002<br />
e outros conflitos que recentemente<br />
afetam essa região<br />
(afeganistão) potenciam, de forma<br />
clara e inequívoca, um novo<br />
espectro e tipologia de operações<br />
militares e uma nova filosofia<br />
de apoio, fortemente vocacionada<br />
para a implementação<br />
da velocidade e eficiência dos<br />
fluxos logísticos (informacionais<br />
e físicos) através de uma criteriosa<br />
gestão da cadeia de abastecimentos,<br />
aproximando cada<br />
vez mais a logística militar daquilo<br />
que hoje denominamos por<br />
logística empresarial.<br />
Mas, em que medida o desenvolvimento<br />
e aplicação de fibras<br />
têxteis (e do vestuário) concorre<br />
para essa aspiração?<br />
interessa, como já salientado,<br />
que esse desenvolvimento<br />
e aplicabilidade concorram para<br />
duas funções logísticas: reabastecimento<br />
e apoio sanitário.<br />
em termos de reabastecimento<br />
a aplicação de têxteis inteligentes<br />
sobressai, por exemplo,<br />
na redução dos fluxos de<br />
abastecimentos de sistemas de<br />
alimentação como as baterias,<br />
mas também se poderá traduzir<br />
num contributo para a modularidade<br />
dos sistemas e contentorização<br />
logística.<br />
Já em termos sanitários, a<br />
indicação e controlo centralizado<br />
de sinais vitais será importantíssimo<br />
para a previsão de<br />
necessidades em material sanitário,<br />
necessidades de evacuação<br />
sanitária, e controlo de todo<br />
um processo que pode implicar,<br />
em termos globais, alterações<br />
em áreas como os processos<br />
formativos, adaptando-os às<br />
exigências psicofísicas resultantes<br />
dessa monitorização, ou<br />
em reajustamentos nos testes<br />
de diagnóstico para a seleção<br />
militar, minimizando-se assim as<br />
discrepâncias identificadas entre<br />
a função e o nível de exigência<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
75
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
76<br />
fisiológica em contexto de ação<br />
(trabalho) que resultem da monitorização<br />
médico-sanitária proporcionada<br />
por essa capacidade<br />
de controlo centralizado.<br />
4. Conclusões.<br />
Como diria David Lynch na<br />
sua obra “Em busca do grande<br />
peixe”, a descoberta é uma história<br />
contínua e as ideias são como<br />
os peixes. se quisermos capturar<br />
peixes pequenos, podemos ficar<br />
pelas águas pouco profundas.<br />
Mas se quisermos capturar os<br />
peixes grandes temos de ir bem<br />
mais fundo.<br />
Julgo que neste ensaio, ainda<br />
que à tona da água de um<br />
conhecimento limitado e pouco<br />
profundo, ficaram ideias e<br />
oportunidades.<br />
Com racionalidade, e olhando<br />
para as cinco capacidades<br />
apresentadas, é na vertente C4i<br />
e Protection and Survivability que<br />
a rentabilização de têxteis inteligentes<br />
poderá ter uma grande<br />
aplicabilidade.<br />
Fontes de energia para equipamentos<br />
e sistemas de armas,<br />
proteção contra agentes<br />
incendiários como granadas<br />
Nº 192 DEC11<br />
incendiárias, capacidade de<br />
resposta aos requisitos de uma<br />
camuflagem multiespectral<br />
adaptável à tipologia de teatro,<br />
diminuição de humidades, secreções<br />
e micoses, e a vertente de<br />
diagnóstico para permitir a monitorização<br />
de indicadores vitais do<br />
utilizador, representam algumas<br />
áreas de utilização, tendo presente<br />
que as variáveis do conhecimento<br />
e do desenvolvimento<br />
tecnológico nesta área poderão<br />
alargar esse espectro.<br />
Mas o desenvolvimento das<br />
fibras e dos têxteis em termos do<br />
emprego militar não se limitam<br />
unicamente aquilo que foi abordado<br />
neste trabalho.<br />
Novos equipamentos individuais<br />
e coletivos para apoio<br />
à sustentabilidade e proteção<br />
como mochilas, tendas e redes<br />
de camuflagem, devem ser pensados<br />
e, se necessário, redesenhados,<br />
para que em termos<br />
de produto final se traduzam<br />
em redução de peso, volumetria<br />
(quando não empregues), redução<br />
de assinatura eletromagnética,<br />
e resistência mecânica. Por<br />
outro lado, a aplicação de fibras<br />
e têxteis em equipamentos<br />
para politraumatizados (com<br />
um espectro de aplicação<br />
alargado), ou na resposta térmica<br />
para um saco de dormir,<br />
umas luvas para combate em<br />
áreas edificadas para o inverno<br />
e/ou para verão, ou umas<br />
botas de combate para operações<br />
na selva, são outras<br />
vertentes de desenvolvimento<br />
tecnológico que devem merecer<br />
atenção e que podem ser<br />
aprofundadas.<br />
Para finalizar importa ter<br />
presente que apesar da sustentação<br />
de muitas das ideias<br />
e sugestões vinculadas não<br />
deixarem de transparecer alguma<br />
intangibilidade em termos de<br />
razoabilidade, pois serão sempre<br />
vistas com desconfiança ao não<br />
serem comuns, este ensaio não<br />
é uma folha em branco.<br />
este ensaio é uma perspetiva<br />
para o conhecimento pois sustenta<br />
ideias com causas, causas<br />
azimute<br />
que são vividas e sentidas.<br />
Bibliografia:<br />
CeDs Programme [Relatório] /<br />
autor CeDs. - Brussels : CeDs, 2011.<br />
Me 3100 - LOGistiCa Das<br />
PeQUeNas UNiDaDes [Livro] / autor<br />
eMe iaeM. - Lisboa : eMe, iaeM,<br />
1977.<br />
MOviNG MOUNtaiNs.<br />
LessONs iN LeaDeRsHiP aND<br />
LOGistiCs FROM tHe GULF<br />
WaR [Livro] / autor Pagonis Lt<br />
General William. - Usa : Harvard<br />
Business school Press, 1992. - isBN:<br />
0-87584-508-8.<br />
NON-aRtiCLe 5 CRisis<br />
ResPONse OPeRatiONs [Livro] /<br />
autor aJP-3.4. - Bld Léopold iii, 1110<br />
BRUsseLs : NatO/Nsa, 2005.<br />
tHe MiLitaRY BaLaNCe 2010.<br />
the annual assessment of global<br />
military capabilities and defence economics<br />
[Livro] / autor studies the<br />
international institute for strategic. -<br />
[s.l.] : iiss, 2010.<br />
tNO report an introduction to<br />
Urban Operations [Livro] / autor vink<br />
Nathalie. - the Hauge, Netherlands :<br />
tNO Knowledge for business, 2008. -<br />
vol. i. - isBN 978-90-5986-291-3.<br />
DiCiOPÉDia 2004. PORtO<br />
eDitORa. (2004) isBN<br />
972-0-65255-1.
A primeira Oficial de infantaria do sexo feminino.<br />
A vitória sobre um dogma<br />
Dedico este artigo aos camaradas do meu curso<br />
que sempre acreditaram em mim e à minha parelha.<br />
Não é pretendido com este artigo elogiar ou até<br />
mesmo, pelo contrário, criticar alguém. O que se pretende<br />
é fazer passar o conhecimento do que é o tPOi<br />
para uma mulher e, com isto, explicar o porquê de<br />
uma mulher ser diferente. Contudo, não quer dizer que<br />
tenha de ser tratada de forma diferente. esta é, sem<br />
dúvida, a parte mais difícil de explicar, dado que as<br />
mulheres querem ser tratadas com igualdade.<br />
É esperado alterar opiniões, quem sabe!<br />
A mulher no desempenho de missões no seio da<br />
infantaria<br />
este tema, como qualquer outro que fala de uma<br />
mulher no seio da infantaria, é um assunto controverso<br />
e, de certa forma, também sensível.<br />
Não vale a pena fazer deste assunto uma preocupação,<br />
dado que a mulher não quer ocupar o lugar de<br />
ninguém, mas sim o seu.<br />
Quando se menciona o curso de infantaria pensa-<br />
-se logo em algo difícil, exigente e até mesmo, que<br />
não é para mulheres.<br />
Desta ideia obsoleta advém a questão:<br />
terá a mulher capacidade de responder a esta<br />
exigência?<br />
Talvez seja importante definir o grau de dificuldade<br />
e exigência em causa, para posteriormente verificar se<br />
a mulher é ou não capaz de cumprir.<br />
a verdade é que, contrariamente a uma perceção<br />
inicial e parcial de grande dificuldade ou mesmo de<br />
impossibilidade, com o passar dos anos a mulher tem<br />
vindo a adquirir mais competências para cumprir missões<br />
no seio da infantaria, bem como noutras áreas<br />
julgadas exclusivas do sexo masculino. Podemos na<br />
realidade ter dificuldades, mas os homens também<br />
as têm e, no entanto, isso não é colocado em causa.<br />
a mulher pode ter, por norma, menor força física<br />
que o homem mas, na verdade, compensa essa pretensa<br />
vulnerabilidade com uma forte determinação e<br />
vontade.<br />
O melhor é não insistir neste assunto, que se baseia<br />
num conjunto de mentalidades algo retrógradas,<br />
e deixar de colocar em causa as capacidades da mulher.<br />
Como em todas as organizações, existem bons<br />
e menos bons profissionais, independentemente de<br />
estes serem homens ou mulheres.<br />
alf inf andreia Freitas<br />
Frequência do curso de infantaria na academia<br />
militar<br />
a 1 de Outubro de 2006 iniciou-se um percurso de<br />
4 anos na academia Militar, efectivando-se a entrada<br />
no curso exército armas. após a conclusão do 1ºano<br />
e já a ingressar no 2ºano da academia Militar, realizou-se<br />
a escolha da arma. Quando esse dia chegou,<br />
só a arma de infantaria permanecia com vagas por<br />
preencher.<br />
Logo desde início, o ingresso na arma de infantaria<br />
foi uma preocupação devido à exigente componente<br />
física e psicológica que tão bem a caracteriza. Um primeiro<br />
obstáculo prendia-se com uma certa tradicional<br />
desconfiança relativamente à existência de elementos<br />
do sexo feminino no curso de infantaria.<br />
ao longo do 2º ano foram frequentes as alusões,<br />
de vários setores sobre as dificuldades na prossecução<br />
deste caminho. Mesmo assim e apesar da pressão,<br />
esse ano foi ultrapassado.<br />
O mesmo sucedeu no 3ºano, contudo equilibrado<br />
pela boa relação de camaradagem entre todos os elementos<br />
do curso.<br />
O 4ºano foi, sem dúvida, o mais difícil de ultrapassar,<br />
talvez pela aproximação de provas mais difíceis<br />
e pela eventual pressão que se ia desenvolvendo no<br />
seio do curso.<br />
Como acontecera tantas outras vezes, a opção de<br />
desistir foi considerada, no entanto, tal não aconteceu<br />
graças ao apoio das minhas camaradas de quarto e,<br />
fundamentalmente, por outros camaradas do meu curso<br />
que não desistiam de acreditar que seria a primeira<br />
mulher a terminar o curso de infantaria.<br />
a noção de que, mais ninguém senão eu própria<br />
e os que em mim acreditavam, constituía o apoio essencial<br />
à minha capacidade de decisão, levou-me a<br />
reforçar a minha determinação.<br />
e assim conclui o 4ºano da academia Militar.<br />
A visão do tirocínio segundo a primeira mulher<br />
oficial de infantaria, obstáculos e sugestões.<br />
a 1 de Outubro de 2010 iniciou-se uma longa caminhada<br />
que, no ano de 2006, já havia sido alvo de grande<br />
atenção quando o ingressou no tPOi a primeira<br />
mulher oficial oriunda da Academia Militar. A chegada<br />
da segunda mulher ao tPOi era novamente seguida<br />
com bastante atenção por diversas pessoas e surgia a<br />
dúvida, “será que esta consegue?”.<br />
Chegados à ePi, os recentes aspirantes foram bem<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
77
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
78<br />
recebidos e, como é característico da infantaria, foram<br />
cumpridas as tradições da tão desejada “esPeRa”,<br />
designação dada ao 1ºdia.<br />
Durante os seguintes dias e semanas, foram transmitidas<br />
as instruções que constituem a parte técnica e<br />
táctica da arma de infantaria.<br />
ao longo do tPOi foram executadas provas de forma<br />
a averiguar a capacidade física e psicológica de<br />
cada um, e foram estas provas que mais marcaram o<br />
curso devido à sua dificuldade acrescida.<br />
a primeira prova, a “MaRCHa Da vÍRGULa”.<br />
Como qualquer outra prova é difícil definir se é mais<br />
difícil ou não que todas as outras, mas residia a certeza<br />
que tinha que ser ultrapassada, e esse sempre foi<br />
o meu objectivo.<br />
ao longo do tPOi, cada dia era uma prova e, como<br />
é normal, passaram-se momentos bons e outros menos<br />
bons.<br />
Mais uma prova se avizinhava, a “MaRCOR sR.<br />
DO Ó” com cerca de 18km, até então a prova mais<br />
difícil.<br />
Com o passar dos dias comecei a constatar que<br />
qualquer prova era difícil, cada uma diferente da outra.<br />
em Novembro iniciou-se a execução de tiro de<br />
combate. esta prova não pareceu ter o mesmo grau<br />
de dificuldade de qualquer outra executada até então,<br />
exceptuando o facto de estarmos “devidamente equipados”.<br />
Chegou o final da semana, sexta-feira, e dei<br />
por mim a tentar levantar-me da cama, quando constato<br />
que tenho as pernas de tal forma inchadas que<br />
mesmo parada sentia dores. Nesse dia o treino físico<br />
constava numa corrida contínua à qual não conseguia<br />
corresponder, e tive de faltar ao treino. Para agravar a<br />
situação, fiquei dispensada devido a feridas nos pés.<br />
estes foram obstáculos a nível físico com que me deparei,<br />
mas é uma situação à qual ninguém consegue<br />
fugir. No entanto, com o passar dos dias o corpo começou<br />
a recuperar.<br />
apesar destes contratempos, o objectivo era<br />
sempre fazer tudo e conseguir chegar ao fim desta<br />
caminhada.<br />
seguia-se mais uma prova, a “MaRCHa De<br />
tORRes”, com cerca de 34 km. esta não era menos<br />
difícil que qualquer outra, mas com uma diferença,<br />
era uma prova individual. Tendo a consciência das<br />
minhas dificuldades, era mais fácil para mim encarar<br />
este desafio, uma vez que o faria apenas comigo e<br />
não com a necessidade de acompanhar o grupo. Não<br />
sei se por esta razão, mas a verdade é que consegui<br />
o alento para terminar, e terminar bem, mesmo com<br />
um resultado mais positivo do que em relação a outros<br />
elementos do curso. Não pela capacidade de os ultrapassar,<br />
mas sobretudo pela consciencialização da<br />
capacidade de acompanhar o esforço dos restantes,<br />
iniciou-se aqui uma nova alma para enfrentar as restantes<br />
provas.<br />
Ainda no mês de Novembro iniciaram-se os<br />
Nº 192 DEC11<br />
exercícios. Numa semana praticava-se e na outra executava-se,<br />
e no final de cada exercício, cada um avaliava<br />
o desempenho dos outros elementos do curso.<br />
Num destes exercícios, a minha parelha atribuiu-me<br />
a avaliação mais alta, não sem gerar alguma controvérsia.<br />
Como é possível constatar através da minha<br />
história, um grande obstáculo era tentar alterar mentalidades,<br />
o que nem sempre foi conseguido. sem dúvida<br />
que este foi o meu maior obstáculo mas, apesar de<br />
tudo, a concentração que mantive em tudo o que fazia<br />
foi mais forte, o que me auxiliou para concluir o tPOi.<br />
aproximava-se o momento crucial do curso, o<br />
“eXeRCÍCiO De LiDeRaNÇa”. a ansiedade inicial do<br />
que sobre este exercício se conhece, faz-nos questionar<br />
a nossa capacidade para o levar a bom termo.<br />
Contudo constatei que é possível cumpri-lo. O ser<br />
humano tem capacidades inimagináveis e só nos<br />
momentos difíceis se apercebe do que é realmente<br />
capaz.<br />
Foram diversas as provas executadas e os obstáculos<br />
confrontados e ultrapassados, e por inúmeras<br />
vezes senti o corpo todo a inchar devido ao frio e<br />
cansaço.<br />
Chegou o dia da cerimónia solene do final do exercício,<br />
em que se recebeu o tão desejado crachá da<br />
ePi que no seu verso tem gravado o nome do respectivo<br />
tirocinante. Dito deste modo simples, faz crer<br />
que tudo o que foi conquistado até então não passa<br />
de algo banal mas, na realidade, não havia nada mais<br />
importante, nada que sub tituísse aquele momento tão<br />
marcante para os tirocinantes. estava na altura de entrar<br />
na sala de Honra da infantaria para sermos apresentados<br />
como os novos infantes que ali prometiam<br />
honrar os seus deveres. apesar de alguns momentos<br />
não serem tão nítidos na minha memória, aquele é,<br />
sem dúvida, pelo significado que tem, o que guardo<br />
com grande presença e também saudade.<br />
Embora se tenha finalizado um exercício tão importante,<br />
o tPOi não terminava ali, ainda faltava cerca<br />
de um mês para o derradeiro final.<br />
Durante o último mês, o orgulho dominava, o facto<br />
de ter conseguido chegar até esta etapa, sentindo que<br />
a caminhada estava quase concluída.<br />
No mês de Janeiro continuaram as instruções e,<br />
de seguida, as avaliações. No fundo, a continuação do<br />
que se havia feito até então.<br />
Ao longo do TPOI, a grande dificuldade esteve em<br />
quebrar a forma de pensar relativamente à presença<br />
feminina no seio da infantaria.<br />
Para ser mulher na arma de infantaria, tem de se<br />
provar mais do que qualquer homem.<br />
apesar de tudo, provei que o tPOi é possível ser<br />
concluído por uma mulher.<br />
Deixo a sugestão para a próxima mulher: humildade<br />
acima de tudo e fazer sempre por ser e não por<br />
parecer. azimute
Testagem de vidros com protecção balistica com a Empresa<br />
VICER<br />
a escola Prática de infantaria<br />
encontra-se a apoiar um projeto<br />
de realização de testagem de vidros<br />
com proteção balística, em<br />
conjunto com a “viCeR - vidraria<br />
Central de ermesinde, Lda”. este<br />
projeto é ímpar no nosso exército<br />
e constitui um dos projetos de investigação<br />
mais “enigmáticos”<br />
para a escola.<br />
a viCeR é uma empresa ex-<br />
portadora prestigiada com cinco<br />
décadas de existência, que<br />
no passado mês de Setembro<br />
participou na exposição internacional<br />
denominada “GlassBuild<br />
America 2011”, nos estados<br />
Unidos da américa. a sua unidade<br />
fabril “… está inserida numa<br />
área com 15000m², equipada<br />
por um parque de máquinas altamente<br />
tecnológico, direcionada<br />
para a sua atividade e em constante<br />
atualização. A empresa<br />
está especialmente dotada para<br />
trabalhar vidros seletivos de alta<br />
performance, com características<br />
de excelência no controlo solar,<br />
térmico, acústico e de segurança…”<br />
1 , apresentando projetos<br />
de futuro bastante ambiciosos<br />
e inovadores no contexto global<br />
e procurando inovadoramente<br />
soluções mais eficientes para a<br />
proteção balística dos vidros.<br />
Um desses projetos é o desenvolvimento<br />
de novos padrões<br />
de vidros com proteção balística<br />
para futura aplicação na indústria<br />
da construção civil. assim,<br />
a empresa viCeR encontra-se<br />
a desenvolver vidros com proteção<br />
balística, diminuindo a sua<br />
espessura e cumprindo a “Norma<br />
eN 1063 European Standard –<br />
Testing and Classification of resistance<br />
against bullet attack”,<br />
1 in www.vicer.pt<br />
de modo a competir com empresas<br />
internacionais que se<br />
encontram na vanguarda da produção<br />
desta tipologia de vidros.<br />
O exército, através da escola<br />
Prática de infantaria, disponibiliza<br />
as suas infraestruturas de<br />
tiro, os meios técnicos humanos<br />
e materiais, fundamentais para<br />
a concretização das respetivas<br />
testagens, apoiando a empresa<br />
Figura 1- Cabine de madeira Figura 2 e 3 - Suporte para o vidro com proteção balística<br />
ten inf Hugo Costa<br />
VICER através da transferência<br />
de conhecimentos técnicos ao<br />
nível da balística, funcionamento<br />
do armamento e explosivos e<br />
também através das experiências<br />
vividas nos diversos teatros<br />
de Operações para onde as<br />
Forças Nacionais Destacadas<br />
Portuguesas têm sido projetadas<br />
e onde a proteção balística é<br />
uma preocupação constante.<br />
Para a concretização<br />
deste projeto verificou-se a<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
79
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
80<br />
necessidade de reunir as adequadas<br />
condições de segurança<br />
para o atirador. estas condições<br />
assentam nas curtas distâncias<br />
entre o vidro e o atirador, e visam<br />
reduzir o ricochete do projétil e<br />
dos estilhaços dos vidros após<br />
o impacto. assim, considerou-se<br />
pertinente que o atirador se equipasse<br />
com capacete, óculos com<br />
proteção balística, colete balístico<br />
e executasse fogo a partir de<br />
uma cabine móvel em madeira,<br />
criada e idealizada para o efeito.<br />
Deparou-se, ainda, com a neces-<br />
sidade de encontrar uma solução<br />
para suportar e apresentar os vidros<br />
sujeitos a testagens. esse<br />
suporte teria de ser perfeitamente<br />
adaptado às infraestruturas<br />
existentes na zona de alvos da<br />
carreira de tiro, imóvel aos impactos,<br />
apresentar o vidro a uma<br />
altura aproximada de 1,50m e<br />
que a sua substituição fosse rápida<br />
e fácil. tendo em conta estas<br />
indicações dadas pela escola<br />
Prática de infantaria a empresa<br />
desenvolveu o referido suporte<br />
e aperfeiçoou a tecnologia utilizada<br />
nas testagens em vidros<br />
balísticos.<br />
a supracitada Norma eN 1063<br />
é muito clara quanto às características<br />
do armamento a utilizar<br />
e às munições para que as testagens<br />
sejam consideradas válidas<br />
internacionalmente. Deste<br />
modo, de todo o armamento que<br />
Nº 192 DEC11<br />
se encontra em uso no nosso<br />
exército, e tendo como principal<br />
objetivo a validação das testagens<br />
foi escolhido o seguinte:<br />
numa primeira fase a Pistola<br />
Walther P38 de calibre 9mm, a<br />
espingarda automática G3 de<br />
calibre 7,62mm. Numa segunda<br />
fase utilizar-se-á a espingarda de<br />
tiro automático modelo sG 543<br />
de calibre 5,56mm, a espingarda<br />
sniper aCCURaCY aW de calibre<br />
7,62mm, a espingarda<br />
FRaNCHi modelo sPas 15 de<br />
calibre 12x70mm e a espingarda<br />
sniper BaRRet M/95 de calibre<br />
12,7mm. e para uma fase mais<br />
adiantada das testagens prevê-<br />
-se a utilização de explosivos<br />
(petardos de tNt de 100g e<br />
de 200g), de Granadas de Mão<br />
Ofensivas de Guerra M/962, de<br />
Granadas de Mão Defensivas<br />
de Guerra M/963 e ainda da<br />
Metralhadora Pesada Browning<br />
de calibre 12,7mm.<br />
Nesta primeira fase das testagens,<br />
o armamento usado foi<br />
a Pistola Walther P38 de calibre<br />
9mm e a espingarda automática<br />
G3 de calibre 7,62mm com munições<br />
normais. No decorrer destas<br />
testagens com as diversas<br />
tipologias de vidros e de acordo<br />
com as respostas dos vidros e<br />
projéteis, a cabine de madeira<br />
foi sendo aproximada dos vidros<br />
a testar, de modo a cumprir a<br />
Norma EN 1063 que define a distância<br />
entre o alvo e o atirador e<br />
permite validar as mesmas.<br />
Nas testagens foi utilizado<br />
um reparo genérico para suporte<br />
do armamento existente no<br />
exército, tendo-se revelado pouco<br />
eficiente dada a especificidade<br />
das testagens, pois apenas permite<br />
a utilização da espingarda<br />
automática G3, e requer que<br />
seja o atirador a estabelecer a<br />
triangulação pedida na “Norma<br />
eN 1063”. O ideal neste tipo de<br />
testes será reduzir ao mínimo a<br />
intervenção do atirador, e que a<br />
distância entre impactos na trian-<br />
Figura 4, 5 e 6 - Reparo para suporte do armamento em fase de desenvolvimento na empresa VICER<br />
gulação seja a mais aproximada<br />
possível à exigida na Norma eN<br />
1063. Verificados estes aspetos,<br />
a escola Prática de infantaria<br />
sugeriu à viCeR que desenvolvesse<br />
um reparo para suporte de<br />
armamento com um mecanismo<br />
de elevação e de direção graduados<br />
e com sistema de fixação<br />
aperfeiçoado onde a espingarda<br />
automática G3, a Pistola Walther<br />
P38 ou outro tipo de armamento<br />
ligeiro sejam facilmente ajustados<br />
e adaptados, permitindo uma<br />
maior eficiência nos testes a desenvolver<br />
com outra tipologia de<br />
armas.<br />
Relativamente às testagens,<br />
salienta-se que dos oito vidros<br />
com proteção balística testados,<br />
independentemente da distância<br />
do atirador ao vidro, do armamento<br />
e calibre utilizado, apenas<br />
o último não apresentou a<br />
formação de estilhaços após os
três impactos – Pistola Walther<br />
P38 de calibre 9mm a uma distância<br />
de 10m. A não formação<br />
de estilhaços é relevante, pois<br />
estes podem causar ferimentos e<br />
assim sendo protegem balisticamente<br />
mas não garantem a total<br />
segurança de pessoas e bens.<br />
Constatou-se, ainda, que<br />
nos vidros que apresentaram<br />
formação de estilhaços, a visibilidade<br />
para o outro lado encontrava-se<br />
comprometida, e com<br />
visibilidade reduzida será difícil<br />
identificar a ameaça, tentar evitá-<br />
-la ou até mesmo anulá-la.<br />
Foi ainda observado em dois<br />
testes em que o espaçamento<br />
da triangulação foi bastante mais<br />
curto, ao terceiro disparo o projétil<br />
atravessou o vidro com proteção<br />
balística, e um deles inclusive<br />
a porta traseira existente no<br />
suporte para os vidros. Como na<br />
atualidade o tipo de armas mais<br />
usadas em ações de criminalidade<br />
são as armas semiautomáticas,<br />
cuja principal característica<br />
é a capacidade de executar<br />
rajadas curtas de três a cinco<br />
Figura 7 e 8 – Vidro com boa visibilidade e sem a formação de estilhaços<br />
disparos, cuja distância entre os<br />
impactos é bastante mais curta<br />
do que a apresentada na triangulação<br />
exigida na Norma eN<br />
1063, é pertinente a elaboração<br />
de um estudo no qual se poderá<br />
observar qual a resistência máxima,<br />
em número de impactos, que<br />
o vidro conseguirá aguentar sem<br />
deixar atravessar um projétil.<br />
a empresa viCeR encontra-se<br />
a estudar os vidros testados de<br />
modo a colmatar estas imperfeições<br />
e prevê-se a realização de<br />
uma nova fase de testes com estas<br />
valências.<br />
Na segunda fase de testes,<br />
um dos pontos de estudo previsto<br />
será a resposta do vidro perante<br />
munições cujas características<br />
são diferentes das munições<br />
Normais de 7,62mm. esses tipos<br />
de munições serão as munições<br />
tracejantes e as munições perfurantes<br />
utilizadas na espingarda<br />
automática G3.<br />
Numa fase mais avançada<br />
das testagens será introduzida a<br />
utilização de petardos de tNt e<br />
de Granadas de Mão de Guerra.<br />
este capítulo apresentará um<br />
grau de interesse elevado visto<br />
que estes vidros com proteção<br />
balística serão para futura aplicação<br />
na indústria da construção<br />
civil, e de alguns anos a esta parte<br />
temos assistido a atentados<br />
em grandes centros urbanos utilizando<br />
explosivos.<br />
O faseamento das testagens,<br />
a introdução do armamento<br />
e das diversas munições e<br />
explosivos são de acordo com os<br />
objetivos traçados pela empresa<br />
viCeR, indo ao encontro das<br />
suas intenções de estudo.<br />
Durante as cerimónias militares<br />
do 14 de agosto na escola<br />
Prática de infantaria, foram expostas<br />
e apresentadas pela administração<br />
da empresa viCeR e<br />
seus colaboradores as filmagens<br />
das testagens, o suporte para a<br />
colocação dos vidros e um vidro<br />
testado, tendo sido possível avaliar<br />
os ótimos resultados alcançados<br />
e a perspetiva em que estamos<br />
na vanguarda da tecnologia<br />
antibalística com vidros. As filmagens<br />
podem ser consultadas no<br />
site da empresa viCeR em www.<br />
azimute<br />
vicer.pt.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
81
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
82<br />
Nº 192 DEC11<br />
Cooperação Técnico-Militar com Timor-Leste<br />
Projecto Nº4<br />
Fig. 1 - FALINTIL<br />
1. Introdução<br />
a República Democrática de<br />
timor-Leste é um dos mais jovens<br />
países do mundo. Com<br />
uma década de existência como<br />
país livre e independente, após<br />
uma longa e intensa luta contra<br />
a ocupação indonésia, timor-<br />
Leste é hoje um país em desenvolvimento<br />
com o objectivo de se<br />
afirmar no seio da comunidade<br />
internacional.<br />
Como todos nós sabemos, as<br />
Forças armadas de um país são<br />
o garante da defesa militar da<br />
República contra qualquer ameaça<br />
externa, pelo que em timor-<br />
Leste esta missão está confiada<br />
às FaLiNtiL – Forças de Defesa<br />
de timor-Leste (F-FDtL). as<br />
F-FDtL são herdeiras dos valores,<br />
tradições e costumes das<br />
Forças armadas de Libertação<br />
e Independência de Timor-Leste<br />
(FALINTIL). Com a independência<br />
declarada a 20 de Maio de<br />
2002, após conclusão de um<br />
longo período que se iniciou com<br />
uma negociação entre os governos<br />
de Portugal e da indonésia<br />
para a realização de um referendo<br />
sobre a independência do<br />
território, sob a supervisão da<br />
Organização das Nações Unidas<br />
(ONU), as FaLiNtiL foram integradas<br />
nas Forças de Defesa<br />
de timor-Leste. Ora, sendo as<br />
FaLiNtiL uma força de guerrilha,<br />
com carácter permanente e<br />
de clandestinidade, urgiu a árdua<br />
tarefa de transformar uma força<br />
de guerrilha numa força convencional,<br />
profissional e moderna<br />
com capacidade de efectuar a<br />
defesa militar do território. Para<br />
tal, timor-Leste tem contado ao<br />
longo destes anos com o apoio<br />
de países amigos com os quais<br />
firmou acordos de cooperação<br />
técnico-militar, em que Portugal<br />
se constitui na vanguarda como<br />
um destes parceiros em várias<br />
áreas, com especial incidência<br />
no recrutamento e formação de<br />
quadros, no apoio à estrutura de<br />
comando das F-FDtL e no apoio<br />
ao desenvolvimento da componente<br />
naval e da componente<br />
terrestre.<br />
Maj inf Luís Barreira<br />
Cap Art Álvaro Santos<br />
“Depois da libertação, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak dirigem a<br />
transformação das Falintil numa força de defesa moderna. O general<br />
Taur é um dos raros líderes guerrilheiros no mundo que preside à<br />
transformação de uma força de guerrilha num exército regular, profissional,<br />
moderno.”<br />
“O apoio desinteressado de Portugal foi fundamental para a constituição<br />
da componente naval, desde o seu início, e o seu apoio às operações<br />
de recrutamento e à formação do corpo de oficiais das F-FDTL<br />
contribui positivamente para desenvolver e modernizar as nossas<br />
forças.”<br />
Excerto do discurso de Sua Excelência O Presidente da República<br />
Democrática de timor-Leste, Dr. José Ramos Horta no 35º aniversário<br />
das FaLiNtiL, Dili, 20 de agosto de 2010.<br />
2. Cooperação Técnico-<br />
Militar com Timor–Leste<br />
a cooperação técnico-militar<br />
entre Portugal e timor–Leste<br />
conta com uma década de existência.<br />
Surge da vontade de estreitar<br />
os laços de amizade e de<br />
fraternidade existentes entre os<br />
dois países e os dois povos que<br />
outrora tiveram um passado comum.<br />
Daqui os dois países firmaram<br />
um acordo bilateral de cooperação<br />
técnico-militar: “numa<br />
base de plena independência,<br />
respeito pela soberania, não ingerência<br />
nos assuntos internos<br />
e reciprocidade de interesses” –<br />
in Resolução da Assembleia da<br />
República nº 39/2003, Acordo<br />
de Cooperação Técnico-Militar<br />
entre a República Portuguesa<br />
e a República Democrática de<br />
Timor-Leste, assinado em Díli<br />
em 20 de Maio de 2002.<br />
Neste âmbito a cooperação<br />
técnico-militar compreenderá acções<br />
de formação de pessoal e de<br />
assessoria técnica. assim sendo,<br />
as acções de cooperação previstas<br />
no acordo acima mencionado
Fig. 2 - Timor-Leste<br />
integram-se em programas quadro<br />
de cooperação bilateral, onde<br />
estão explicitados os objectivos<br />
orientadores das respectivas acções<br />
de cooperação.<br />
actualmente, timor-Leste<br />
conta com a ajuda de Portugal<br />
no âmbito da cooperação técnico-militar<br />
em 7 projectos distintos:<br />
Projecto Nº1 – apoio à<br />
estrutura superior da Defesa das<br />
F-FDtL; Projecto Nº2 – apoio<br />
à Casa Militar do Presidente da<br />
República; Projecto Nº3 – apoio à<br />
Componente Naval; Projecto Nº4<br />
– apoio ao Centro de instrução<br />
Militar Comandante Nicolau<br />
Lobato (Metinaro); Projecto Nº5<br />
– apoio à Componente terrestre<br />
das F-FDtL; Projecto Nº6 – apoio<br />
ao desenvolvimento da engenharia<br />
militar de construção; Projecto<br />
Nº7 – Formação em Portugal.<br />
3. Projecto de Cooperação<br />
Nº 4 – Apoio ao Centro<br />
De Instrução Comandante<br />
Nicolau Lobato (Metinaro)<br />
este projecto, como não poderia<br />
deixar de o ser, é um projecto<br />
ambicioso, de capital importância<br />
do domínio da formação<br />
de quadros das F-FDtL, cuja<br />
condução técnica está cometida<br />
à escola Prática de infantaria. É<br />
um projecto que foi<br />
iniciado com a vinda<br />
da primeira equipa de<br />
assessoria técnica,<br />
em 2001, e actualmente<br />
está presente<br />
a décima quarta<br />
equipa cujo Director<br />
técnico é o Major de<br />
infantaria João Luís<br />
Barreira. a equipa<br />
de assessores conta<br />
com dois militares<br />
em permanência (um<br />
Major e um sargentoajudante),<br />
quatro militares<br />
que cumprem<br />
uma missão temporária<br />
de seis meses<br />
(um Capitão, um tenente e dois<br />
Primeiro-Sargento) e três militares<br />
que cumpriram uma missão<br />
temporária de quatro meses<br />
(um tenente, um alferes e um<br />
Primeiro-sargento). este é o<br />
quantitativo de militares que no<br />
último semestre do ano colaboraram<br />
activamente num esforço<br />
colectivo para formar um total<br />
de 92 Oficiais, 209 Sargentos,<br />
351 Praças para os quadros das<br />
F-FDtL.<br />
antes de falar e dar a conhecer<br />
aquelas que foram as actividades<br />
do Projecto Nº4 no corrente<br />
ano é importante ter presente<br />
quais são os objectivos do projecto.<br />
Objectivos que se constituem<br />
como farol orientador de acção<br />
dos militares que, têm o privilégio<br />
de servir a “mui nobre e augusta”<br />
arma de infantaria e o exército<br />
<strong>Português</strong> além fronteiras, numa<br />
dimensão de apoio à política externa<br />
do estado, decorrente dos<br />
compromissos internacionais assumidos<br />
por Portugal. Os objectivos<br />
específicos inscritos no programa-quadro<br />
2011-2013 para<br />
a Cooperação técnico-Militar<br />
Luso-timorense são:<br />
• apoio técnico ao levantamento<br />
do modelo, organização e<br />
funcionamento do Centro de<br />
instrução Militar;<br />
• apoio técnico à organização<br />
e funcionamento da Direcção<br />
de instrução e à elaboração<br />
dos curriculum dos cursos a<br />
ministrar;<br />
• apoio técnico e pedagógico às<br />
acções de formação de formadores<br />
dos cursos a ministrar no<br />
Centro de instrução;<br />
• apoio técnico à formação de<br />
quadros da F-FDtL, incluindo<br />
na área das Operações de<br />
apoio à Paz;<br />
• apoio técnico à formação de<br />
especialidades das F-FDtL;<br />
• apoio técnico à formação do<br />
contingente geral das F-FDtL;<br />
• apoio técnico na produção de<br />
material de instrução para os<br />
diversos cursos ministrados no<br />
Centro de instrução Militar;<br />
• apoio na formação em língua<br />
portuguesa dos militares das<br />
F-FDtL;<br />
Para atingir com sucesso os<br />
Fig. 3 – Porta de Armas do Centro de Instrução Comandante Nicolau Lobato<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
83
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
84<br />
objectivos acima mencionados<br />
tem sido desenvolvido um trabalho<br />
de equipa. Um trabalho que<br />
nem sempre tem sido fácil de<br />
concretizar, pois não nos podemos<br />
esquecer que as F-FDtL são<br />
umas Forças armadas jovens,<br />
com uma década de existência.<br />
No primeiro semestre do ano desencadearam-se<br />
esforços para a<br />
concretização dos dois primeiros<br />
e último objectivo. actualmente o<br />
Centro de instrução está a funcionar<br />
com o seu Comando e<br />
estado-Maior e um Batalhão de<br />
instrução a quatro Companhias<br />
face ao efectivo em formação<br />
acima mencionado. Quanto à<br />
Direcção de instrução, este foi<br />
Nº 192 DEC11<br />
Fig. 4 - 14ª Equipa de assessoria técnica<br />
um objectivo que ainda não foi<br />
possível alcançar, por falta de<br />
recursos humanos das F-FDtL.<br />
as F-FDtL enviam com grande<br />
regularidade os seus recursos<br />
humanos, em especial os oficiais<br />
e sargentos, para frequentar cursos<br />
de promoção e qualificação<br />
nos países amigos, pelo que a<br />
orientação dos restantes está feita<br />
para a ocupação de funções<br />
de comando o que dá origem a<br />
que outras funções não sejam<br />
ocupadas. No primeiro semestre,<br />
foi ainda ministrada formação<br />
Fig. 5 – Instrução de Técnica Individual de Combate<br />
a doze militares (um Oficial, um<br />
sargento e dez Praças) para integrarem<br />
a Unidade de engenharia<br />
Nº11 portuguesa a fim de serem<br />
projectados para o teatro de operações<br />
do Líbano/UNiFiL.<br />
No segundo semestre do<br />
ano, o esforço principal está a<br />
ser direccionado para a formação.<br />
estão a ser ministrados um<br />
Curso de Formação de Oficiais<br />
(CFO), um Curso de Formação<br />
de sargentos (CFs) com início<br />
em 30 de Maio e um Curso<br />
de Formação de Praças (CFP)<br />
com início em 30 de agosto.<br />
Os cursos têm o seu términus<br />
a 16 de Dezembro. O Batalhão<br />
de Formação está constituído<br />
a quatro Companhias, uma<br />
Companhia a três pelotões<br />
que corresponde ao Curso de<br />
Formação de Oficiais, uma<br />
Companhia a cinco pelotões<br />
que corresponde ao Curso de<br />
Formação de sargentos e duas<br />
Companhias a cinco pelotões<br />
cada, que corresponde ao Curso<br />
de Formação de Praças.<br />
Para a condução dos cursos,<br />
de modo a conseguir-se concretizar<br />
os objectivos do projecto, foram<br />
criados uma direcção de curso<br />
e dois gabinetes. a direcção<br />
de curso, com responsabilidades<br />
ao nível da assessoria técnica<br />
aos comandantes de Batalhão e<br />
Companhias de Formação; planeamento,<br />
condução, avaliação<br />
e supervisão da formação; coordenação<br />
das actividades das<br />
restantes assessorias presentes,<br />
no caso assessoria australiana<br />
(nas áreas de formação referentes<br />
a Comunicações e saúde,<br />
Higiene e Primeiros socorros)<br />
e assessoria neozelandesa (na<br />
área de formação de armamento<br />
e tiro). Os dois gabinetes, um<br />
para a área da técnica e táctica<br />
de infantaria e outro para a área<br />
da educação Física Militar, foram<br />
constituídos com assessores<br />
portugueses e com instrutores<br />
timorenses. Os cursos<br />
foram ministrados na sua maioria<br />
por instrutores timorenses<br />
com excepção das matérias de<br />
administração de subunidades.
Os assessores portugueses ficaram<br />
com a incumbência de preparar<br />
previamente as instruções<br />
para transmitir os conceitos aos<br />
instrutores timorenses em acções<br />
de formação com carácter<br />
diário. assistir e supervisionar<br />
todas as actividades de instrução<br />
diária, revisão e actualização das<br />
fichas de instrução existentes e<br />
elaboração de novas fichas, bem<br />
como a elaboração de manuais,<br />
como é o caso do Manual de<br />
técnica individual de Combate,<br />
Manual de tarefas Críticas de<br />
Pelotão e secção, Manual de<br />
Topografia, Manual de Provas<br />
Topográficas, Manual de Provas<br />
avaliativas e o Regulamento de<br />
educação Física Militar.<br />
Quanto ao CFO e CFs, estes<br />
cursos estão a ser ministrados<br />
em duas fases distintas. Numa<br />
primeira fase, com duração de<br />
4 meses, onde foi ministrada<br />
toda a formação técnica e táctica<br />
necessária ao desempenho<br />
de funções de um oficial e sargento<br />
de infantaria. Formação<br />
essa, ministrada na sua essência<br />
por instrutores timorenses sob a<br />
orientação, acompanhamento e<br />
supervisão diária dos assessores<br />
portugueses. após a conclusão<br />
Fig. 6 – Prova Topográfica<br />
de cada módulo, os alunos foram<br />
sujeitos a testes escritos e provas<br />
práticas a fim de testar os seus<br />
conhecimentos e que serviu também<br />
de confirmação da prestação<br />
das equipas de instrução. Os<br />
resultados obtidos foram bastante<br />
satisfatórios. No que respeita<br />
à educação Física Militar, podemos<br />
dizer que este foi um grande<br />
desafio e teste quer à capacidade<br />
de destreza física e liderança<br />
dos instrutores timorenses, quer<br />
à capacidade de trabalho dos<br />
assessores portugueses do gabinete<br />
de educação física. Pois<br />
os alunos, que ingressaram nas<br />
fileiras não foram sujeitos a testes<br />
físicos e a sua condição física<br />
inicial era efectivamente muito<br />
Fig. 6 – Execução da Pista de 200 metros<br />
má. este foi sem sombra de dúvida,<br />
um desafio superado, pois<br />
os resultados finais nas provas<br />
físicas (Controlo 1, 2 e 3) foram<br />
substancialmente positivos e<br />
melhoraram ao longo do tempo.<br />
esta primeira fase culminou com<br />
um exercício final de patrulhas,<br />
iniciado com uma marcha forçada<br />
nocturna de 12 horas. Neste<br />
exercício testaram-se ainda os<br />
conhecimentos técnicos e tácticos<br />
adquiridos pelos alunos, a<br />
par das capacidades de liderança<br />
dos mesmos. este exercício decorreu<br />
nas regiões de Manatuto,<br />
Metinaro e Hera. Uma das principais<br />
dificuldades encontradas<br />
durante o exercício prendeu-se<br />
com o facto da não existência de<br />
meios rádio portáteis para utilização<br />
em operações tácticas. O<br />
planeamento e execução das acções<br />
das patrulhas foram acompanhados<br />
em permanência pelos<br />
assessores portugueses. Numa<br />
segunda fase, com duração de<br />
dois meses, está a ser ministrada<br />
uma formação complementar de<br />
forma a ampliar os conhecimentos<br />
dos alunos nas áreas de métodos<br />
de instrução, combate em<br />
áreas edificadas, operações de<br />
apoio à paz, técnicas de trans-<br />
posição de obstáculos, construção<br />
de vários cenários (trincheira,<br />
abrigos, área edificada, área<br />
para instrução de sobrevivência,<br />
check-point fixo) e ensino de<br />
português. Esta formação está<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
85
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
86<br />
a ser ministrada pelos assessores<br />
portugueses, com excepção<br />
do combate em áreas edificadas<br />
(ministrado por um militar timorense<br />
que frequentou o curso em<br />
Portugal) e do ensino de português.<br />
Neste último a cooperação<br />
técnico-militar conta com o apoio<br />
do Programa de Consolidação da<br />
Língua Portuguesa (PCLP) com<br />
a cedência temporária de professores<br />
de língua portuguesa. esta<br />
parceria entre o Projecto Nº4 e o<br />
PCLP, foi conseguida no terreno,<br />
num esforço comum em prol da<br />
consolidação do ensino da língua<br />
portuguesa em timor-Leste. No<br />
que diz respeito ao português,<br />
foi ainda iniciado um Curso de<br />
Formação de Formadores da<br />
Língua Portuguesa com os alunos<br />
que melhor dominam a língua<br />
portuguesa, no sentido de<br />
desenvolver as suas capacidades<br />
para que, no futuro, se constituam<br />
como formadores de português<br />
das F-FDTL.<br />
Quanto ao CFP, é um curso<br />
que está a decorrer conforme<br />
o programa de curso aprovado<br />
para as F-FDtL. está a ser ministrado<br />
por equipas de instrução<br />
timorenses, supervisionadas<br />
pela assessoria portuguesa e pelos<br />
gabinetes de técnica e táctica<br />
de infantaria e educação física<br />
militar.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Fig. 8 - Ordem de Operações do Comandante de Patrulha<br />
4. Tendências de Futuro e<br />
Conclusões<br />
No futuro, perspectiva-se<br />
que as F-FDtL consigam atingir<br />
a sua autonomia na condução<br />
dos CFO, CFs e CFP com<br />
o acompanhamento de uma<br />
equipa reduzida da assessoria<br />
portuguesa. Relativamente aos<br />
cursos de promoção, apesar de<br />
conduzidos pela assessoria portuguesa<br />
numa fase inicial e com<br />
a participação de militares timorenses<br />
formados em Portugal,<br />
pretende-se que mais tarde sejam<br />
inteiramente ministrados por<br />
timorenses com a supervisão e<br />
orientação da assessoria portuguesa.<br />
É desejável que exista<br />
uma Direcção de Formação com<br />
capacidade e autonomia para<br />
efectuar o planeamento, condução,<br />
avaliação e supervisão de<br />
todos os cursos ministrados no<br />
Centro de instrução. seria ainda<br />
desejável, que as F-FDtL atingissem,<br />
a breve trecho, a sua<br />
autonomia na preparação e execução,<br />
com os seus formadores,<br />
de cursos técnicos como são<br />
exemplo: Curso de tiro, Curso<br />
de educação Física Militar, Curso<br />
de Operações de apoio à Paz,<br />
Curso de Combate em Áreas<br />
Edificadas, etc.<br />
Nos últimos tempos, estão a<br />
ser construídas infra-estruturas<br />
de apoio à instrução, como são<br />
o caso de cobertos de instrução,<br />
pistas de 200 metros, treinos em<br />
circuito, pórtico, etc. que indiciam<br />
que as F-FDtL são uma preocupação<br />
de investimento do estado<br />
timorense na construção de<br />
umas Forças armadas sólidas,<br />
profissionais, modernas e com<br />
capacidade de resposta contra<br />
qualquer ameaça externa.<br />
Quanto ao Projecto Nº4, pode-se<br />
afirmar com toda a certeza<br />
que tem sido um projecto<br />
que muito tem contribuído para<br />
a formação dos quadros das<br />
F-FDtL com resultados positivos<br />
e reconhecimento dos órgãos da<br />
estrutura superior de Defesa das<br />
F-FDtL.<br />
as restantes assessorias presentes<br />
no Centro de instrução<br />
(australiana e neozelandesa)<br />
desenvolvem actividades de<br />
formação sob a coordenação<br />
da assessoria portuguesa num<br />
ambiente de boas e francas relações<br />
de trabalho que se têm<br />
procurado manter em prol de um<br />
bem comum que é a formação<br />
azimute<br />
dos quadros das F-FDtL.<br />
Bibliografia<br />
Resolução da assembleia da<br />
República nº 39/2003, acordo de<br />
Cooperação técnico-Militar entre a<br />
República Portuguesa e a República<br />
Democrática de timor-Leste, assinado<br />
em Díli em 20 de Maio de 2002;<br />
sites consultados:<br />
http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/<br />
mdn/servi%C3%a7os+Centrais+de+<br />
suporte/dgpdn/;<br />
http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/<br />
Defesa/politica/bilaterais/ctm/;<br />
http://www.emgfa.pt/pt/<br />
operacoes/estrangeiro/om;<br />
http://www.campanhadarvida.com/parceiros-da-<br />
-cooperacao-portuguesa/<br />
timor-leste/<br />
http://www.portugal.gov.pt/pt/<br />
GC18/Governo/Ministerios/MDN/<br />
intervencoes/Pages/20100129_<br />
MDN_int_Cadetes_Lusofonia.aspx<br />
http://timor-leste.gov.tl/?p=5754<br />
http://www.ipad.mne.gov.pt/<br />
Coopera%C3%a7%C3%a3o%20<br />
Bilateral/timorLeste/Paginas/default.<br />
aspx<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/<br />
timor-Leste<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/<br />
FaLiNtiL<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/<br />
For%C3%a7as_de_Defesa_de_<br />
timor-Leste<br />
http://umalulik.blogspot.<br />
com/2010/08/dia-das-gloriosas-falintil.html
MCCC – Maneuver Captains Career Course<br />
a 18 de abril do corrente ano<br />
teve início em Fort Benning, Ga<br />
– Usa o MCCC. este curso destinou-se<br />
a Oficiais Subalternos<br />
e/ou Capitães americanos e<br />
internacionais. O Maneuver<br />
Captain Career Course (MCCC)<br />
04-11, teve a duração de 28 semanas<br />
e contou com a presença<br />
de 192 alunos (Oficiais) dos<br />
quais 20, eram alunos internacionais<br />
provenientes<br />
de 17 Países.<br />
este curso, para os<br />
alunos internacionais, foi<br />
dividido em duas partes.<br />
Uma primeira parte com<br />
duração de 4 semanas,<br />
cujo objectivo foi dar a<br />
conhcer a orgânica das<br />
diferentes Brigadas que<br />
compõem o exército dos<br />
estados Unidos bem como<br />
as técnicas e tácticas utilizadas<br />
pelas Unidades<br />
nos diferentes teatros de<br />
Operações.<br />
terminada esta primeira<br />
parte, os alunos internacionais<br />
juntaram-se<br />
aos alunos americanos<br />
para iniciar, o referido,<br />
Maneuver Captains Career<br />
Course. esta segunda parte<br />
do curso teve início em 16 de<br />
Maio e terminou a 25 de Outubro.<br />
Nesta parte do curso, os alunos<br />
foram divididos em 12 seminários.<br />
Cada seminário era composto<br />
por 16 alunos sendo que,<br />
no mínimo, dois desses alunos<br />
eram alunos internacionais.<br />
O Maneuver Captain Career<br />
Course (MCCC) esta dividido em<br />
2 fases – Fase de Companhia e<br />
Fase de Batalhão.<br />
a Fase de Companhia, foi a<br />
primeira a ser ministrada, e constou<br />
de 5 Ordens de Operações<br />
(4 Ordens de Operações sobre<br />
Operações Ofensivas e 1 Ordem<br />
de Operações sobre Operações<br />
Defensivas). esta fase de<br />
Companhia culminou com a<br />
denominada Company Battle<br />
Forge – Ordem de Operações<br />
final em que os alunos tiveram<br />
6 horas para analisar a Ordem<br />
de Operações do escalão superior<br />
e preparar a sua Ordem de<br />
Cap inf Jorge Magalhães<br />
Operações de Companhia. No<br />
final destas 6 horas, os alunos<br />
entregaram todo o material produzido<br />
e prepararam-se para,<br />
no local e hora indicada à posteriori,<br />
apresentar a sua Ordem<br />
de Operações e todos os seus<br />
produtos, a um avaliador que,<br />
não pertencia ao grupo de instrutores/formadores<br />
do Curso.<br />
Durante esta fase, foram<br />
realizados oito testes<br />
rápidos (QUiZ) e dois<br />
exames finais (CALD<br />
eXaM e COMPaNY<br />
COMPReHeNsive<br />
eXaM). esta fase de<br />
Companhia teve um total<br />
de 480 pontos.<br />
a Fase de Batalhão<br />
constou de 4 Ordens<br />
de Operações (Defesa,<br />
ataque, Reconhecimento<br />
e targeting) e de um<br />
training Management<br />
Practical exercise (construção<br />
de um horário para<br />
preparação, treino e realização<br />
de um exercício<br />
de fogo real – LFX, até ao<br />
nível de secção). estas 4<br />
Ordens de Operações permitiram<br />
colocar os alunos a<br />
trabalharem em equipa (Battalion<br />
Staff), dando-lhes a oportunidade<br />
de ocuparem as diferentes posições,<br />
dentro de um estado-Maior<br />
de um Batalhão. Nesta Fase de<br />
Batalhão, foram realizados 5 testes<br />
rápidos (QUiZ) e dois exames<br />
finais (CALD EXAM e COURSE<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
87
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
88<br />
Cerimónia de imposição da “Order of Saint Maurice”<br />
COMPReHeNsive FiNaL<br />
eXaM). esta Fase teve um total<br />
de 505 pontos.<br />
De ressalvar o facto de que, os<br />
alunos para terem nota positiva/<br />
Nº 192 DEC11<br />
sucesso em cada<br />
um dos testes,<br />
exames ou apresentações<br />
das<br />
suas Ordens de<br />
Operações necessitam<br />
de obter,<br />
no mínimo,<br />
uma nota igual ou<br />
superior a 75%.<br />
A frequência<br />
deste curso foi,<br />
sem dúvida, uma<br />
mais-valia não só<br />
em termos pessoais<br />
como profissionais<br />
pois,<br />
permitiu uma<br />
grande troca de<br />
experiências com<br />
os Oficiais alunos Americanos<br />
mas também com os Oficiais<br />
alunos Internacionais. A frequência<br />
deste curso complementa as<br />
competências já adquiridas inicialmente<br />
no Curso de Promoção<br />
a Capitão, em Portugal, revelando-se<br />
como uma importante<br />
base para quem, num futuro próximo,<br />
possa vir a desempenhar<br />
a função, não só de formador do<br />
Curso de Promoção a Capitão<br />
mas também, como Comandante<br />
de uma Companhia de infantaria<br />
ou Cavalaria (Manobra). No final<br />
de curso os melhores alunossão<br />
distinguidos com o grau de<br />
Distinguished Honor Graduate<br />
caso em que se atribui a medalha<br />
“Order of saint Maurice”.<br />
Como balanço final considero<br />
que os objectivos propostos inicialmente<br />
foram completamente<br />
atingidos, sendo importante manter<br />
a continuidade da frequência<br />
deste curso por Capitães de<br />
infantaria.<br />
“AD UNUM” azimute
Notícias<br />
seis anos após a sua criação,<br />
o Clube Militar de Oficiais<br />
de Mafra mantém os propósitos<br />
da sua constituição como associação<br />
sem fins lucrativos e<br />
promove um programa anual de<br />
actividades que na prática concretizam<br />
os objectivos para que<br />
foi criado.<br />
ao longo do ano de 2011 o<br />
CMOM organizou convívios, tertúlias,<br />
visitas, actividades de solidariedade<br />
e valorizou a sede da<br />
associação. Foi um ano de intenso<br />
empenhamento, com participação<br />
alargada de muitos associados,<br />
que com o seu contributo<br />
pessoal, deram vida ao clube.<br />
Os convívios estão a tornar-<br />
-se uma tradição à qual adere<br />
grande número de associados.<br />
a passagem de ano, o carnaval,<br />
o dia do clube em 9 de Março, a<br />
festa da Família em Maio, os santos<br />
populares em Junho, a festa<br />
da solidariedade em Julho (este<br />
ano dedicada à Casa Mãe do<br />
Gradil), o convívio de setembro,<br />
Clube Militar de Oficiais de Mafra<br />
o s. Martinho em Novembro e o<br />
almoço de Natal em Dezembro,<br />
constituem referências já consolidadas<br />
que reúnem elevado número<br />
de associados e seus familiares.<br />
Para além deste programa<br />
há iniciativas particulares, que<br />
promovem com regularidade, outros<br />
convívios valorizando a vida<br />
associativa.<br />
Foram organizadas e realizadas<br />
visitas culturais à região<br />
de tancos e tomar que incluíram<br />
os museus da engenharia<br />
e dos Pára-quedistas em tancos<br />
e o Convento de Cristo em<br />
tomar. Naturalmente o Castelo<br />
de almourol também mereceu<br />
uma visita, generosamente<br />
apoiada pela escola Prática de<br />
engenharia. Coruche, com as<br />
suas elegantes pontes sobre o<br />
rio sorraia, mereceu a visita de<br />
um grupo significativo de associados.<br />
O Museu da Cortiça e o<br />
Museu Municipal proporcionaram<br />
a visão da história e cultura locais<br />
e evidenciaram a actividade<br />
económica da cortiça, que nesta<br />
MajGen(ref) José inácio sousa<br />
vila tem grande expressão. a região<br />
Oeste também mereceu a<br />
atenção do clube com visita ao<br />
Buda Parque no Ramalhal e ao<br />
Museu Municipal da Lourinha<br />
com o seu histórico( e pré-histórico)<br />
património.<br />
Ainda no âmbito cultural têm<br />
vindo a ser promovidas desde<br />
Maio, tertúlias mensais na sede<br />
do Clube, que designámos como<br />
“serões - Casa Dona Maria”,<br />
com boa adesão e com inquestionável<br />
interesse e curiosidade.<br />
Conferencistas convidados têm<br />
dinamizado as noites da última<br />
sexta-feira de cada mês abordando<br />
temas de interesse regional.<br />
O edifício Dona Maria, sede<br />
do CMOM, foi valorizado, por<br />
iniciativa do clube, com obras<br />
de recuperação e de conservação<br />
melhorando novos espaços<br />
que muito facilitam a sua utilização<br />
pelos associados em encontros<br />
de natureza familiar e<br />
associativa.<br />
a Marinha cedeu a valiosa<br />
mobília de caça “D. Carlos” que<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
89
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
90<br />
tornou muito digna uma das salas<br />
do rés-do-chão esquerdo.<br />
esta sala foi inaugurada em 23<br />
de setembro com a honrosa<br />
presença do Chefe de estado-<br />
Maior da armada, almirante José<br />
Saldanha Lopes, circunstância<br />
que evidencia a consideração<br />
que o nosso clube merece à<br />
Marinha Portuguesa. O almirante<br />
CeMa, participou na tertúlia alusiva<br />
ao Círio da Prata Grande<br />
e assinou o livro de Honra do<br />
CMOM.<br />
O General Chefe de estado-<br />
Maior do exército, General José<br />
Luís Pinto Ramalho, também<br />
honrou o Clube com uma visita,<br />
no dia 14 de agosto, dia da<br />
Infantaria. Na circunstância foi<br />
feita uma curta apresentação<br />
seguida de visita às instalações,<br />
assinatura do livro de honra, concluindo-se<br />
a vista com um Porto<br />
de Honra no aprazível jardim da<br />
casa Dona Maria. este momento<br />
foi de especial relevância para os<br />
associados pelo valioso e incondicional<br />
apoio, que desde a criação<br />
do Clube, o General CeMe<br />
sempre nos proporcionou.<br />
O CMOM ter participado nos<br />
Nº 192 DEC11<br />
encontros anuais com o Clube<br />
Militar Naval, Clube Militar de<br />
Oficiais de Coimbra (CMOC)<br />
e Clube Militar de Oficiais de<br />
Setúbal (CMOS) reflectindo sobre<br />
a identidade dos clubes e<br />
aprofundando o tema da solidariedade.<br />
O iii encontro ocorreu<br />
em 27 de setembro em setúbal<br />
na sede do CMOs. em Março<br />
2012, vai decorrer em Mafra,<br />
na sede do CMOM, um encontro<br />
entre delegações dos clubes<br />
para aprofundamento do tema “<br />
solidariedade”.<br />
O clube tem cumprido<br />
os preceitos estatutários.<br />
anualmente a direcção apresenta,<br />
em assembleia Geral o<br />
Relatório e Contas e o Conselho<br />
Fiscal emite o seu parecer sobre<br />
o mesmo. ainda este ano<br />
realizam-se eleições para o triénio<br />
2012/2015. Os novos membros<br />
dos corpos sociais tomam<br />
posse em Fevereiro de 2012. a<br />
direcção e órgãos sociais vão<br />
empenhar-se na manutenção da<br />
dinâmica de consolidação, reafirmando<br />
a utilidade do clube, num<br />
momento em que a comunidade<br />
militar vive situação de grande<br />
complexidade e incerteza e em<br />
que a solidariedade entre gerações<br />
é decisiva.<br />
Não dispondo de pessoal de<br />
apoio para abertura com maior<br />
regularidade, a sede está porém<br />
à disposição de todos os sócios<br />
para a sua utilização. Os associados<br />
que o desejem, podem reservar<br />
as instalações, bastando<br />
para tal que o façam através dos<br />
telefones do clube (961088410<br />
- 261853863) ou do endereço<br />
electrónico clueboficiaismafra@gmail.com.<br />
Podem também<br />
acompanhar as actividades<br />
do clube acedendo ao site do<br />
CMOM – http://cmom.nocturno.<br />
org.<br />
O Clube pertence a todos os<br />
Oficiais que se revejam nos fins<br />
para que foi criado. È uma associação<br />
aberta, plural, com interesse<br />
cultural, solidária e acima<br />
de tudo, local de convívio, de<br />
aprofundamento e valorização,<br />
dos princípios e fundamentos<br />
que caracterizam a instituição<br />
Militar.<br />
O clube está aberto a todos.<br />
Mafra, 3 de Novembro de<br />
2011 azimute
Cursos, Visitas e Notícias<br />
Realizou-se no dia 03 e 04 de Outubro a che-<br />
gada e receção dos aspirantes alunos do tPOi<br />
2011/2012 “Marechal de Campo antónio teixeira<br />
Rebelo”. No dia 04 de Outubro salienta-se a Cerimónia<br />
de Homenagem aos Mortos, a apresentação<br />
do tPOi 2011/2012 ao exmo. Comandante da<br />
ePi, a fotografia de curso e almoço volante com<br />
o comando da escola.<br />
Presidiu à Cerimónia de apresentação o exmo.<br />
Comandante da escola Prática de infantaria, Coronel<br />
João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro.<br />
Cursos<br />
Apresentação do 39º Curso de Formação de Sargentos de Infantaria<br />
Realizou-se no dia 05 e 06 de setembro de<br />
2011 a chegada e receção do 39.º CFsi “General<br />
Francisco Xavier da silva Pereira – Conde das<br />
antas”.<br />
É de salientar no dia 06 de Outubro a Cerimónia<br />
de Homenagem aos Mortos pela Pátria, a apresentação<br />
do 39º CFsi ao exmo. Comandante da ePi<br />
no Salão Nuno Álvares com fotografia de curso e<br />
almoço volante com o Comando da ePi.<br />
Presidiu à Cerimónia de apresentação o exmo.<br />
Comandante da escola Prática de infantaria, Coronel<br />
João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro.<br />
Apresentação do Tirocínio Para Oficial de Infantaria 2011/2012<br />
Curso de Apoio de Combate para Oficiais de Infantaria 2011<br />
De acordo com o Despacho<br />
de 17 de setembro do GeN<br />
CeMe, decorreu na escola<br />
Prática de infantaria, de 10 de<br />
Outubro a 11 de Novembro,<br />
o Curso de apoio de Combate<br />
para Oficiais de infantaria<br />
2011. Foram ministrados os<br />
5 módulos de formação com<br />
maior relevo para os módulos<br />
de reconhecimento, anticarro<br />
e morteiros pesados.<br />
O curso culminou com o<br />
exercício seMPeR PRONtUs<br />
no Campo Militar de santa<br />
Margarida de 07 a 10 de Novembro, no qual foi executado tiro de morteiro 10,7mm e 120 mm. todos os<br />
formandos concluíram o curso com sucesso tendo sido o melhor classificado o alf inf Ramalho Neto.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
91
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
92<br />
De acordo com o Plano de Formação anual de 2011, decorreu na escola Prática de infantaria,<br />
de 17de Outubro a 08 de Novembro de 2011, o 12º Curso de Ligação e Observação Militar. O curso<br />
contou com a presença de 08 Oficiais, com a finalidade de adquirirem competências para o desempenho<br />
do cargo de observador militar e elemento das Liaison and Observer Teams (LOt). em virtude<br />
da abrangência das matérias inscritas no referencial de curso o mesmo contou com a presença de<br />
formadores das várias Unidades, estabelecimentos e Orgãos do exército e de entidades civis, que<br />
contribuíram com o seu saber e experiência para o acréscimo de valor e conhecimento dos formandos.<br />
2º Curso de Tiro 2011<br />
De acordo com o Plano de Formação<br />
anual 2011 decorreu na escola Prática de<br />
infantaria, de 07de Novembro de 2011 a 18 de<br />
Novembro de 2011, o 2º Curso de tiro 2011,<br />
tendo sido frequentado por 20 elementos das<br />
várias Unidades do exército. O curso foi constituído<br />
por um total de 72 tempos de formação<br />
diurnos e 6 tempos de formação noturnos.<br />
Do programa de formação destacam-se os<br />
seguintes temas:<br />
1.executar técnica de tiro com a espingarda automática G3 7,62 mm e com Pistola Walther 9 mm;<br />
2.Caracterizar a Metodologia de instrução de tiro;<br />
3.Caracterizar a segurança na instrução de tiro;<br />
4.Caracterizar a Metodologia de instrução de tiro;<br />
5.enunciar as responsabilidades do Oficial e sargento de tiro;<br />
6.Caracterizar o reabastecimento de munições;<br />
7.tirar o máximo rendimento da espingarda automática G3 7,62 mm em instrução de tiro;<br />
8.Caracterizar a condução de uma sessão de tiro de Companhia.<br />
Nº 192 DEC11<br />
12º Curso de Ligação e Observação Militar<br />
Visitas<br />
Visita do Director de Formação MGen João Manuel Santos de Carvalho<br />
Realizou-se no dia 12 de setembro de 2011, na<br />
escola Prática de infantaria (ePi), a visita do exmo.<br />
DF/CiD MGen santos Carvalho.<br />
Do programa da visita salienta-se a reunião do<br />
exmo. MGen santos Carvalho com os Formadores e<br />
Formandos do 6ºCFGCPe/11 no auditório do BFMG<br />
e a visita ao CFtCae onde o exmo. MGen santos<br />
Carvalho teve o 1º contacto com os elementos do 39º<br />
CFsi.
Visita de Oficiais Generais do<br />
JCF LISBON e do JALLC<br />
Realizou-se no dia 15 de Outubro<br />
de 2011, na escola Prática de infantaria<br />
(ePi), a visita de Oficiais Generais<br />
do JCFF Lisbon do Joint analysis and<br />
Lessons Learned Centre. Da visita<br />
salienta-se a passagem pela sala elíptica,<br />
sala das Colunas e Refeitório dos<br />
Frades.<br />
Visita dos Veteranos da Guerra colonial<br />
Decorreu no dia 20 de<br />
Outubro de 2011, na escola<br />
Prática de infantaria (ePi), a<br />
visita de veteranos de Guerra<br />
que cumpriram o serviço militar<br />
obrigatório na época das<br />
Guerras Coloniais. Pretenderam<br />
com esta visita, reviver<br />
tempos e aventuras passadas<br />
que jamais esquecerão.<br />
Visita e Almoço Convívio do Curso de Oficiais Milicianos de 1966<br />
No dia 24 de setembro de 2011 realizou-<br />
-se uma visita e um almoço convívio na<br />
escola Prática de infantaria. No programa<br />
do 45º aniversário do Curso de Oficiais Milicianos<br />
constou: cerimónia de Homenagem<br />
aos Mortos, descerramento da placa comemorativa,<br />
visita à Capela e ao Museu da ePi<br />
e almoço convívio no refeitório das Bicas.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
93
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
94<br />
Realizou-se em 23 de Outubro<br />
de 2011 uma visita de um grupo de<br />
50 elementos do Rotary Clube do<br />
Barreiro. este grupo visitou o Palácio<br />
Nacional de Mafra e a nossa escola,<br />
na qual realçamos o Refeitório dos<br />
Frades e o Museu da infantaria.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Visita à EPI do Rotary Clube do Barreiro<br />
Visita pastoral à EPI do Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança,<br />
Sua Excelência Reverendíssima Dom Januário Torgal Mendes Ferreira<br />
Decorreu em 15 de Novembro de<br />
2011 na escola Prática de infantaria,<br />
a visita pastoral do Bispo das Forças<br />
armadas e das Forças de segurança,<br />
Sua Excelência Reverendíssima Dom<br />
Januário torgal Mendes Ferreira. Da<br />
visita, que muito honrou todos aqueles<br />
que servem na ePi, salienta-se a<br />
conferência proferida no seu auditório,<br />
subordinada ao tema “são Nuno de<br />
santa Maria, o Homem, o Militar e o<br />
santo. após a qual foi celebrada uma<br />
eucaristia na Capela da ePi na qual 5 sargentos alunos do 39º Curso de Formação de sargentos de<br />
infantaria receberam a confirmação do batismo, o crisma.<br />
A visita de Sua Excelência Reverendíssima Dom Januário Torgal Mendes Ferreira terminou com<br />
a dedicação de uma mensagem a “ quem persiste na vocação que escolheu” no livro de Honra da<br />
escola Prática de infantaria.<br />
Visita da delegação do “International Special Training Center” (ISTC) à EPI<br />
Pela visita da delegação do “International<br />
Special Training Center”<br />
(istC), organização orientada para o<br />
treino da OtaN, que visa aumentar a<br />
integração e interação conjunta das<br />
Forças de Operações especiais da<br />
OtaN a Portugal, o adido de Defesa<br />
dos eUa manifestou interesse que<br />
a delegação visitasse o Centro de<br />
Formação e treino em Combate em<br />
Áreas Edificadas (CFTCAE) da EPI.<br />
a ePi recebeu a delegação do<br />
istC em 17 de Novembro de 2011 e<br />
preparou o programa da visita onde de onde se destaca o briefing e a visita ao CFtCae. Do briefing<br />
realça-se a parte inicial sobre a missão e organização da ePi e o futuro do CFtCae que terá as suas<br />
capacidades ampliadas e integrar o Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas (CEdCAE).<br />
No CFtCae a delegação assistiu a várias demonstrações sobre as suas capacidades e a utilização<br />
dos meios e materiais dos programas de investigação e desenvolvimento a decorrer na ePi.
Notícias<br />
Reunião do “NATO URBAN OPERATIONS NATO TRAINING GROUP TASK GROUP”<br />
Realizou-se entre os dias 19 e 23 de setembro de 2011 a reunião do “NatO URBaN OPeRa-<br />
tiONs NatO tRaiNiNG GROUP tasK GROUP”, em salónica na Grécia. a ePi como entidade<br />
Tecnicamente Responsável pelo Combate em Áreas Edificadas tem nos seus quadros um oficial<br />
como Delegado Nacional no Grupo. a reunião teve como objetivo principal a finalização de dois documentos<br />
importantes para a disponibilização de “guidelines” para a formação e treino do Combate<br />
em Áreas Edificadas no seio dos países da Aliança, contribuindo assim para a prossecução dos<br />
objetivos comuns de interoperabilidade e estandardização.<br />
Encerramento do TPOI 10/11 e 38º CFSI<br />
Realizou-se no passado dia 30 de<br />
setembro de 2011 o tirocínio Para<br />
Oficial de infantaria 2010/2011, Curso<br />
“Capitão andré Furtado de Mendonça”.<br />
O evento foi assinalado pela tradicional<br />
Cerimónia solene de encerramento,<br />
presidida por sua ex.ª o Director<br />
Honorário da arma de infantaria,<br />
tenente General João Nuno Jorge vaz<br />
antunes, à qual se associaram oficiais,<br />
sargentos, praças e civis da escola<br />
Prática de infantaria, bem como familiares<br />
e amigos dos alunos.<br />
as actividades de encerramento<br />
compreenderam seis momentos principais:<br />
cerimónia de homenagem aos mortos, descerramento da placa de curso, cerimónia solene de<br />
encerramento com entrega de prémios e diplomas, visita guiada à Biblioteca Nacional, almoço convívio<br />
e, em conclusão, oferta do quadro de curso para posterior exposição na sala de oficiais.<br />
Formalmente, executado o programa de formação planeado, o dia festivo reflecte o encerramento<br />
do tirocínio no ano lectivo 2010/2011, com o consequente regresso dos aspirantes alunos à academia<br />
Militar, para o respectivo ingresso no Quadro Permanente, do exército.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
95
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
96<br />
Receção do 2º Módulo de Formação em Combate em Áreas Edificadas (2º MFCAE)<br />
da EUTM - Somália<br />
Realizou-se no dia 10 de Outubro<br />
de 2011, na escola Prática de infantaria<br />
(ePi), a Cerimónia de Receção do<br />
2º Módulo de Formação em Combate<br />
em Áreas Edificadas (2º MFCAE) da<br />
eUtM - somália. esta cerimónia foi<br />
presidida pela Sua Excelência o Adjunto<br />
do Comandante das Forças terrestres, MGen Luís Manuel Martins Ribeiro.<br />
Da cerimónia salienta-se a entrega da imagem do D. Nun’Álvares Pereira, que acompanhou o<br />
nódulo de formação durante a sua missão no Uganda, ao exmo. Comandante da escola da escola<br />
Prática de infantaria, Coronel de infantaria, João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro e a leitura<br />
da referência elogiosa ao 2º MFCAE do Comandante da EUTM – Somália, Coronel Michael Beary.<br />
Participação da EPI no conselho local de Ação Social (CLAS)<br />
Realizou-se no dia 18 de Outubro de 2011 pelas 14h30, na Casa da Cultura<br />
D. Pedro v a reunião plenária do Conselho Local de ação social. a escola<br />
Prática de infantaria, como parceiro da rede social de Mafra, esteve presente<br />
e passou a integrar o grupo de trabalho sobre a temática “a segurança no<br />
concelho de Mafra” juntamente com a representante da Câmara Municipal de<br />
Mafra, Dra. Paula Ribeiro, Polícia Municipal, representante da Junta de Freguesia<br />
de Mafra, GNR de Mafra e um delegado dos Bombeiros voluntários da<br />
ericeira, Mafra e Malveira. a primeira reunião está agendada para o dia 26 de<br />
Outubro às 14h30, na sala de reuniões do edifício da Proteção Civil.<br />
Nº 192 DEC11<br />
Reunião do Land Capability Group 1 – On Dismounted Soldier,<br />
do NATO Army Armaments Group (NAAG)<br />
Decorreu de 25 a 28 OUt11 na Holanda, a reunião do Land Capability Group<br />
1 – On Dismounted Soldier, do NatO Army Armaments Group (NaaG), onde participou<br />
como Delegado Nacional o tCor infª Rui Manuel Mendes Dias da ePi. este<br />
grupo de trabalho tem por objetivo a proposta de implementação de procedimentos<br />
ao nível da interoperabilidade (armamento/equipamento/comunicações) para o<br />
soldado nas operações da NatO.<br />
CREVAL ao 3º Modulo de Formação de Combate em<br />
Áreas Edificadas da Missão EUTM - Somália<br />
Realizou-se na escola Prática de infantaria<br />
(ePi) entre os dias 02 e 04 de Novembro de 2011<br />
o exercício final de aprontamento do Módulo de<br />
Formação de Combate em Áreas Edificadas 3º<br />
intake (MFCae3) eUtM - somália.<br />
No Dia 02 Novembro 2011 decorreu a CRevaL<br />
ao MFCae3, uma equipa da inspecção Geral do<br />
exército, deslocou-se à ePi com a finalidade de<br />
verificar a prontidão operacional da força.<br />
a equipa da iGe assistiu a um briefing sobre o<br />
estado do aprontamento por parte do comandante<br />
do Módulo de Formação Cae, Cap inf araújo e<br />
silva.
Assinatura do protocolo de colaboração entre o <strong>Exército</strong> português,<br />
a Tekever e a Universidade de Aveiro<br />
A EPI no Workshop da Universidade do Minho<br />
Realizou-se no dia 02 de Novembro<br />
de 2011, na escola Prática de infantaria<br />
(ePi), assinatura do protocolo de colaboração<br />
entre o <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>,<br />
a tekever e a Universidade de aveiro.<br />
este protocolo tem como objetivo os<br />
termos da colaboração das entidades<br />
no âmbito do projeto de teste, validação,<br />
e certificação operacional de sistemas<br />
robóticos com duplo uso, militar e não<br />
essencialmente militar.<br />
O <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> foi representado<br />
pelo exmo. Comandante, Coronel de<br />
infantaria, João Pedro Rato Boga de Oliveira<br />
Ribeiro, a empresa teKeveR pelo<br />
exmo. engenheiro Ricardo Mendes e a<br />
Universidade de aveiro pelo Professor<br />
Doutor Joaquim da Costa Leite.<br />
O evento, que contou na cerimónia de abertura com<br />
a presença com a presença do Presidente da escola de<br />
engenharia da Universidade do Minho, realizou-se no auditório<br />
da universidade no dia 03NOv11 entre as 14H00 e<br />
as 19H00. A EPI, através do TCOR INF MÁRIO ÁLVARES,<br />
apresentou uma intervenção subordinada ao tema: O espectro<br />
das operações militares. A aplicação de fibras em<br />
novas dinâmicas de proteção e sobrevivência militar. as<br />
restantes intervenções foram subordinadas aos seguintes<br />
temas: Fibras na Medicina (Dr. Rui Dias do Hospital da Universidade<br />
de Coimbra), Fibras na Construção Civil (engª.<br />
Maria barbosa da empresa Fibersensig (spin-off da UM),<br />
Fibras nos transportes (engº eduardo Diniz da empresa ita/Continental), Fibras no Desporto (Dr.<br />
Rui silva da empresa saFiNa) e Fibras na arquitetura (arq. Paulo Mendonça).<br />
30º Aniversário do Tirocínio Para Oficial “General Vieira da Rocha” 81/82<br />
Realizou-se em 04 de Novembro de<br />
2011 na escola Prática de infantaria, o<br />
30º aniversário do tirocínio Para Oficial<br />
81/82 onde estiveram presentes 13 dos<br />
21 elementos do Curso “General vieira<br />
da Rocha”. É de realçar a Cerimónia<br />
de Homenagem aos Mortos, o descerramento<br />
da placa comemorativa. após<br />
a Fotografia de Curso, decorreu uma<br />
visita à ePi seguida de um almoço na<br />
sala das Bicas.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
97
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
98<br />
Distiguished Visitors Day do 3º INTAKE da EUTM - Somália<br />
Decorreu no dia 09 de Novembro de 2011, na escola Prática<br />
de infantaria (ePi), o Distiguished visitors Day do 3º iNtaKe da<br />
eUtM - somália.<br />
O Distiguished visitors Day do 3º iNtaKe da eUtM - somália.<br />
Contou com a presença de Sua Excelência TGen Amaral Vieira,<br />
Comandante das Forças terrestre, e do seu adjunto, o exmo.<br />
MGen Martins Ribeiro. Do programa do Distiguished visitors Day<br />
salienta-se o briefing sobre o 3º iNtaKe pelo Comandante da<br />
Força, Cap infª araújo e silva, e a visita ao Centro de Formação<br />
e Treino de Combate em Áreas Edificadas, onde foi possivel assitir a uma atividade de formação<br />
similar às que o 3º INTAKE da EUTM – Somália vai desenvolver no TO do Uganda no âmbito do<br />
Combate em Áreas Edificadas ministrada a Soldados, Sargentos e Oficiais Somalis.<br />
De 14 a 17 de Novembro de 2011 realizou-se,<br />
no Hotel Marriott de Lisboa, a 2011<br />
Concept Development & Experimentation<br />
(CD&E) Conference. Esta é uma conferência<br />
anual organizada e promovida conjuntamente<br />
pelo Head Quarters Allied Command Transformation<br />
(HQ aCt), Capabilty Engeneering<br />
da North Atlantic Treaty Organization (NatO)<br />
e pelo United States Joint Chiefs of Staff,<br />
Directorate for Force Development dos estados<br />
Unidos da américa e tem como objetivo<br />
promover a interação, partilha de informação<br />
e o desenvolvimento de oportunidades de trabalho<br />
em rede entre as nações no que concerne ao CD&E. Esta conferência contou com a participação<br />
de mais de 200 participantes de diversos países membros e não membros da NatO e de organizações<br />
da NatO e eUa, entre eles um oficial da escola, Major de infantaria vítor Manuel Lourenço Borges,<br />
sub DF e Chefe sPaet da ePi.<br />
Nº 192 DEC11<br />
2011 Concept Development & Experimentation Conference
O último trimestre é sempre<br />
um período complicado de gerir.<br />
ao longo período de descanso<br />
das férias, junta-se o ritmo do trabalho<br />
intenso, as obrigações familiares<br />
e os dias com tendência<br />
a serem mais curtos. isso tudo<br />
impossibilita por vezes fazermos<br />
toda a atividade desportiva<br />
pretendida.<br />
tendo em conta que existem<br />
vários artigos relacionados com<br />
a prática do atletismo em geral, e<br />
que a utilização da bicicleta está<br />
cada vez mais na «moda», porque,<br />
quer por diversão, descon-<br />
tracção ou competição, pedalar<br />
faz bem à saúde física e psicológica<br />
e ajuda a combater os quilos<br />
a mais e ter uma aparência mais<br />
elegante, contribuindo para o<br />
desenvolvimento da auto-estima<br />
e o bem-estar.<br />
segue então um artigo que<br />
poderá interessar todos os cicloturístas<br />
em geral, sobre tudo<br />
aqueles que pretendem alcançar<br />
uma maior preparação em vista á<br />
próxima época desportiva.<br />
A tendência «MICRO», estende-se<br />
actualmente um pouco<br />
por todo o lado: microinformática,<br />
microdosagens farmacêuticas,<br />
micronutrição, micromecânica,<br />
ou seja todo um conjunto<br />
de microtecnologias. O conceito<br />
Microtreinos ou Microssessões<br />
consiste precisamente em reduzir<br />
os tamanhos ou quantidades,<br />
mantendo ou melhorando os<br />
objetivos pretendidos. Durante<br />
muitos anos prevaleceu no ciclismo,<br />
os treinos de quantidade (os<br />
usuais quilómetros acumulados<br />
em cima da bicicleta), o que tem<br />
vindo a ser contrariado por muitos<br />
treinadores actuais que defendem<br />
os treinos de qualidade,<br />
prevalecendo pequenas saídas<br />
mas com objectivos de intensidade<br />
bem definidos.<br />
Com isso tenta-se alcançar<br />
duas metas, em primeiro lugar,<br />
optimizar legitimamente uma prática<br />
antiquada onde só se contabilizava<br />
as horas passadas em<br />
cima do selim; em segundo lugar<br />
tentar satisfazer o<br />
grande número de<br />
ciclistas que não<br />
tem tempo para<br />
estarem horas a<br />
fio em cima da<br />
bicicleta e que no<br />
entanto desejam<br />
uma boa e rápida<br />
progressão no<br />
treino. Os treinos<br />
passam assim a<br />
ser baseados em<br />
dados fisiológicos<br />
fiáveis, utilizando ciclocomputadores<br />
(com velocidades e<br />
cadências de pedalada), cardiofrequencímetros<br />
e para os<br />
mais dedicados medidores de<br />
potência.<br />
Os últimos estudos realizados<br />
sobre este tipo de treino revelam,<br />
que um ciclista que não tenha<br />
qualquer tipo de limitação física e<br />
que tenha uma condição de vida<br />
minimamente regrada a nível<br />
Cap inf João Polho<br />
alimentar e de descanso, não só<br />
conseguirá manter o seu patamar<br />
atlético como poderá aumentar o<br />
seu nível se as curtas sessões de<br />
treino forem perfeitamente organizadas<br />
ao longo da semana.<br />
O microtreino em geral é praticado<br />
na rua, mas pode ser organizado<br />
e praticado em casa com<br />
um home-trainer, vulgarmente<br />
conhecido por “rolo”, que pode<br />
em certos casos ser uma ferramenta<br />
muito adaptada a esta<br />
prática de treinos, sobretudo por<br />
aqueles que não tem mesmo<br />
tempo para treinar. esta metodologia<br />
de treino pode ser aplicada<br />
de manha, antes do trabalho, no<br />
deslocamento para o mesmo e/<br />
ou a noite. Quando praticado<br />
duas vezes ao dia, falaremos<br />
de treinos bidiários. Os puristas<br />
da modalidade não tem que ter<br />
medo, porque quem realmente<br />
quiser progredir para patamares<br />
de maior competitividade para<br />
além dos curtos treinos de intensidade,<br />
terá de haver habituação<br />
aos esforços de longa duração<br />
com todos os benefícios que trazem,<br />
muitas horas de rodagem e<br />
muitos quilómetros de estrada.<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
99
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
100<br />
Para facilitar a perceção dos<br />
treinos por parte dos cicloturístas<br />
menos familiarizados com estes<br />
métodos de treino, vamos dividir<br />
o treino em seis microssessões,<br />
onde será explicado o objetivo de<br />
cada uma, em que dia se adapta<br />
mais a prática da mesma, qual a<br />
duração e intensidade a aplicar e<br />
casos práticos das formas e locais<br />
onde realizar.<br />
antes há que explicar alguns<br />
conceitos importantíssimos como<br />
frequência cardíaca máxima<br />
(FCM) e cadência de pedalada<br />
(RPM). a FCM corresponde ao<br />
número máximo de batimentos<br />
cardíacas atingido durante um<br />
esforço físico máximo. existem<br />
várias fórmulas usadas para calcular<br />
a FCM, uma das quais consiste<br />
em subtrair a idade ao valor<br />
de 220, por exemplo: um atleta<br />
de 33 anos terá uma estimativa<br />
de FCM na ordem das 187 pulsações<br />
por minuto. Obviamente<br />
que este número é uma estimativa<br />
pelo que é pouco exato, porque<br />
a FCM irá divergir consoante<br />
o nível aeróbio do atleta, os hábitos<br />
quotidianos e outros factores<br />
externos influenciadores. Para<br />
quem procura valores com maior<br />
exactidão deverá submeter-se á<br />
um teste de esforço completo.<br />
em relação aos RPM, existem<br />
muitas técnicas de medição do<br />
RPM, mas a mais simples e fiável<br />
é a sua avaliação através de um<br />
ciclocomputador preparado para<br />
tal. Sendo assim, a cadência da<br />
Nº 192 DEC11<br />
pedalada não é mais do que o<br />
número de voltas completas que<br />
a pedaleira dá no espaço de um<br />
minuto.<br />
Lembro que este artigo está<br />
mais vocacionado para o treino<br />
em bicicleta pelas razões anteriormente<br />
explicadas, mas poderá<br />
sem problemas ser adaptado<br />
a outras atividades desportivas<br />
como a corrida, muito em prática<br />
na nossa instituição.<br />
Microrrecuperação:<br />
a microrrecuperação exige<br />
uma ativação prévia do organismo,<br />
em progressão por patamares<br />
de esforço até atingir uma<br />
intensidade média , cerca de 70<br />
% da capacidade<br />
física, neste caso<br />
70% da FCM.<br />
este patamar de<br />
esforço é facilmenteidentificado<br />
através de um<br />
cardiofreqencímetro<br />
ou pela experiência,<br />
quando<br />
já se está familiarizado<br />
com os<br />
nossos limites físicos.<br />
sendo assim a microrrecuperação<br />
consiste em activar o<br />
organismo de uma forma muito<br />
progressiva e linear, sem haver<br />
«choques», com vista à eliminação<br />
de alguns resíduos musculares<br />
e articulares. tem como<br />
objetivos principais o desencadear<br />
a sensação de frescura e de<br />
nos sentirmos “soltos” depois da<br />
sessão. O dia mais propício para<br />
realizar este tipo de treino será<br />
no dia seguinte a uma prova ou<br />
de uma sessão de esforço mais<br />
intenso com amigos . O método<br />
a utilizar será começar devagar ,<br />
com intensidade a rondar os 20%<br />
FCM, aumentando gradualmente<br />
de 2 em 2 minutos até começar<br />
a suar e depois deve-se manter<br />
a intensidade alcançada. Por fim<br />
subir de intensidade até aos 70%<br />
FCM e manter durante o período<br />
de 5 a 10 minutos, dependendo<br />
da carga exercida na véspera. se<br />
treinar na rua, deverá escolher<br />
um itinerário com pouco desnível<br />
que lhe permitirá não oscilar<br />
na sua intensidade de trabalho,<br />
durante um tempo aproximado<br />
de 35 a 55 minutos, dependendo<br />
muito da sua capacidade de<br />
recuperação e mais uma vez da<br />
intensidade do evento do dia anterior.<br />
Caso não tenha disponibilidade<br />
de praticar na rua, poderá<br />
utilizar o rolo, executando os<br />
mesmos procedimentos, num<br />
período de 25 a 30 minutos.<br />
Micropatamar:<br />
este é talvez dos treinos mais<br />
importantes para a evolução<br />
como ciclista. Consiste em aumentar<br />
o limite de trabalho aeróbio,<br />
ou seja a sua capacidade de<br />
suportar uma carga física mais<br />
elevada ao longo de um maior<br />
período de tempo. Na prática é<br />
começarmos a andar á uma velocidade<br />
constante de 33 km/h<br />
num terreno plano, em vez de<br />
30km/h, durante o mesmo período<br />
de tempo. ao aumentarmos<br />
o limite de trabalho aeróbio, aumentamos<br />
também a capacidade<br />
de tirarmos mais rendimento nos
outros treinos, quer sejam eles<br />
de potência ou de força. Para<br />
o treino de patamar aeróbio e<br />
conveniente possuir um cardiofrequencímetro<br />
e realizar séries<br />
de 5 a 15 minutos, num patamar<br />
entre 80 a 90% (dependendo do<br />
seu nível) da sua capacidade<br />
máxima. este treino poderá ser<br />
realizado as vezes que entender,<br />
sem ser nas vésperas ou nos<br />
dias a seguir às provas ou eventos<br />
mais competitivos. se treinar<br />
na rua deverá inicialmente fazer<br />
algum tempo de aquecimento<br />
na ordem dos 20 a 30 minutos,<br />
depois subir o patamar de esforço<br />
de 3 em 3 minutos e finalizar<br />
com uma série de 15 minutos,<br />
dentro do intervalo de 80 a 90%<br />
FCM. Não existem restrições em<br />
relação ao terreno a utilizar, tanto<br />
pode ser feito em plano, em colinas<br />
ou em rampas mais acentuadas,<br />
contudo deve garantir um<br />
aquecimento adequado, que não<br />
deverá ultrapassar os 60 a 70%<br />
FCM. em casa, no rolo, poderá<br />
começar com 15 a 20 minutos<br />
de aquecimento, acabando com<br />
3 series de 5 minutos cada entre<br />
os 80 a 90% FCM, completando<br />
assim um tempo total de exercício<br />
entre os 35 a 40 minutos.<br />
Microvelocidade:<br />
O consumo de energia de um<br />
atleta está directamente relacionado<br />
com a potência exercida<br />
pelo mesmo durante o exercício.<br />
A potência corresponde à relação<br />
entre a força exercida no pedal e<br />
a cadência da pedalada. Estudos<br />
realizados confirmam que uma<br />
pedalada em cadência (a partir<br />
dos 80 ou 90 RPM) permite um<br />
menor desgaste muscular e articular.<br />
a pedalada rápida não sendo<br />
de todo um movimento natural,<br />
pode-se tornar algo fastidioso<br />
inicialmente. a razão para isso<br />
acontecer deriva de muitos factores,<br />
um deles é não termos os<br />
músculos e as articulações<br />
com a flexibilidade<br />
suficiente<br />
para executar esse<br />
tipo de movimento,<br />
outro é a quantidade<br />
e qualidade<br />
diminuta de fibras<br />
musculares de contração<br />
rápida que<br />
existe inicialmente<br />
nos grupos musculares<br />
chamados a<br />
realizar o movimento. Há que treinar<br />
o movimento para evoluir em<br />
qualidade no gesto da pedalada<br />
e na potência exercida. Os dias<br />
adequados serão por exemplo<br />
a terça-feira ou a sexta-feira no<br />
caso de haver prova no domingo.<br />
se tiver tempo<br />
para sair à rua, depois<br />
do período de<br />
aquecimento de 15<br />
a 20 minutos deverá<br />
fazer 3 series de<br />
5 minutos nas 110<br />
RPM, utilizando a<br />
relação de transmissão<br />
que mais<br />
se adapta o tipo de<br />
terreno envolvente.<br />
No rolo, 15 minutos<br />
de aquecimento<br />
seguido de 10 minutos<br />
nas 110 rpm e 5 minutos de<br />
retorno a calma será mais do que<br />
suficiente para esta metodologia<br />
de treino. Chama-se a atenção<br />
que independentemente das 110<br />
RPM deverá manter a preocupação<br />
de não ultrapassar os 80%<br />
FCM. Para tal há que jogar com a<br />
relação de transmissão utilizada.<br />
Microforça:<br />
À força usualmente associa-<br />
-se à prática de musculação em<br />
ginásio. Porém, o ginásio é bom<br />
mas não chega. O treino de força<br />
em cima da bicicleta é por<br />
vezes mais rentável, visto que<br />
se desenvolve apenas os grupos<br />
musculares solicitados no esforço<br />
da pedalada, para além de<br />
se criar uma rotina de movimento.<br />
treinar força é bastante fácil,<br />
basta criarmos pequenas séries<br />
onde a pedalada é feita, na relação<br />
de transmissão, o mais<br />
pesada possível (segundo o tipo<br />
de terreno), sem nos preocuparmos<br />
da frequência cardíaca no<br />
momento nem com a cadência<br />
lenta. Um bom princípio a seguir<br />
é quando menor for o tempo de<br />
esforço maior deve ser a intensidade<br />
empregue. Dependendo<br />
do tipo de inclinação da estrada<br />
poderá utilizar múltiplas séries de<br />
1 minuto em terreno plano, 2 a 3<br />
séries de 5 minutos em terreno<br />
montanhoso. importante, para<br />
além de um bom aquecimento tal<br />
com já foi explicado, é o retorno à<br />
calma ou microdescontração (ex-<br />
plicação mais á frente), com bons<br />
alongamentos a fim de estender<br />
corretamente as fibras musculares<br />
e tendões, o que vai favorecer<br />
um bom crescimento muscular e<br />
prevenir as pequenas patologias.<br />
sendo este treino um esforço lácteo,<br />
o melhor dia para o treino de<br />
força é ao meio da semana, para<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
101
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
102<br />
que se possa dar tempo de recuperação<br />
até ao fim-de-semana.<br />
Se o fizer na rua, uma hora chega<br />
para treinar a força, sendo a primeira<br />
meia hora de aquecimento,<br />
depois consoante a inclinação do<br />
piso poderá fazer 15 series de 1<br />
minuto, 5 series de 3 minutos ou<br />
3 series de 5 minutos, concluindo<br />
com 5 a 10 minutos de retorno<br />
a calma. em casa, no ambiente<br />
artificial criado pelo rolo, 30 a 45<br />
minutos de exercício seguindo a<br />
metodologia anterior chega para<br />
o efeito. em ambas as condições<br />
a intensidade durante o esforço<br />
poderá ir até aos 100% da sua<br />
capacidade física.<br />
Micropotência:<br />
A potência é a combinação<br />
da força com a velocidade. Por<br />
norma mesmo sem sendo em<br />
sessões de microtreino, o treino<br />
da potência muscular e cardiovascular<br />
é sempre feito com<br />
séries curtas, devido à intensidade<br />
extrema do exercício.<br />
independentemente dos exemplos<br />
que serão citados, deverá<br />
existir a preocupação de que o<br />
tempo de recuperação entre repetições<br />
tem de ser o mais curto<br />
possível, de preferência igual<br />
ou inferior ao tempo do exercício<br />
(dependendo do seu nível).<br />
Nº 192 DEC11<br />
Poderá a primeira sensação ser<br />
a de um esforço muito violento<br />
, mas irá trazer bons resultados<br />
a curto prazo, tanto no treino em<br />
rua como em rolo. O momento<br />
indicado para exercitar será sempre<br />
2 a 3 dias antes do fim-de-<br />
-semana e de preferência nas<br />
semanas que antecedem um<br />
grande evento. Na rua, após 25<br />
minutos de aquecimento, poderá<br />
seguir uma das duas metodologias<br />
seguintes: duas séries de 5x<br />
(15 sec sprint / 15 sec recuperação),<br />
com descanso ativo de 10<br />
minutos entre series, ou 3 séries<br />
de 40 a 50 sec sprint com 5 minutos<br />
de repouso ativo entre elas.<br />
No rolo poderá seguir a mesma<br />
metodologia, passando a fase<br />
de aquecimento de 25 para 15<br />
minutos, completando assim um<br />
tempo total de exercício na rua<br />
de 55 minutos e 35 a 40 minutos<br />
em casa. É importante procurar<br />
na fase do esforço a maior intensidade<br />
e velocidade possível<br />
(dependendo do nível e das condições<br />
envolventes).<br />
Microdescontração:<br />
Quando falamos nesta metodologia<br />
da descontração de curta<br />
duração significa reduzir bastante<br />
o esforço físico e continuar<br />
com o movimento ou «gesto»<br />
desportivo, como por exemplo<br />
o continuar a pedalar<br />
com pouca intensidade.<br />
tem de permite um ajustado<br />
alongamento dos músculos<br />
e tendões, para que os sinta<br />
leves fisicamente e se sinta<br />
melhor psicologicamente.<br />
Há que ter como principio, o<br />
baixo consumo de energia,<br />
ou seja pedalar sem ter a<br />
noção de carregar com demasiada<br />
força em cima dos<br />
pedais. Qualquer pretexto é<br />
bem-vindo para por em prática<br />
a micro-descontração,<br />
a ida ao pão, uma volta de<br />
Btt em família, uma volta ao<br />
bairro ou ainda para os felizardos,<br />
o simples facto de se deslocarem<br />
diariamente para o trabalho.<br />
Pode ser praticado todos<br />
dias, até na manha mesmo de<br />
um evento. Na rua ou em casa,<br />
a duração do treino irá depender<br />
do seu tempo disponível, tendo<br />
em atenção a não ultrapassar os<br />
50% FCM, para não cair no erro<br />
de deixar de ser “descontraído”.<br />
este conjunto de microtreinos<br />
não são mais do que uma<br />
orientação para manter a forma<br />
ou mesmo progredir. Poderá não<br />
ser eficaz para todos, mas garantidamente<br />
irá enriquecer-vos os<br />
conhecimentos técnicos, abrindo<br />
novos caminhos na vossa prática<br />
desportiva. Obviamente que<br />
existem muito mais métodos de<br />
treino, mas sendo mais complexos<br />
e morosos, deixámo-los aos<br />
competidores, que possuem tempo<br />
e orientações para os pôr em<br />
prática. se por ventura acharem<br />
que este artigo não se vos adequa,<br />
não se preocupem, o que<br />
conta é pedalar, conviver com a<br />
natureza envolvente, criar amizades<br />
e combater o sedentarismo<br />
demasiado presente na sociedade<br />
atual. azimute
O Natal visto por poetas portugueses<br />
ao longo de 500 anos<br />
Pobreza Presépio<br />
Dos Céus à Terra desce a mor beleza,<br />
Une-se à nossa carne e fá-la nobre;<br />
E sendo a humanidade antes pobre,<br />
Hoje subida fica à mor alteza.<br />
Busca o Senhor mais rico a mor pobreza;<br />
Que ao mundo o seu amor descobre,<br />
De palhas vis o corpo tenro cobre<br />
E por elas o mesmo céu despreza.<br />
Como? Deus em pobreza à terra desce?<br />
O que é mais pobre tanto lhe contenta,<br />
Que este somente rico lhe parece.<br />
Pobreza este Presépio representa;<br />
Mas tanto por ser pobre merece,<br />
Que mais o é, mais lhe contenta.<br />
Natal<br />
Luís Vaz de Camões<br />
Nasceu um Deus. Outros morrem. A verdade<br />
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.<br />
Temos agora uma outra Eternidade,<br />
E era sempre melhor o que passou.<br />
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.<br />
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.<br />
Um novo Deus é só uma palavra.<br />
Não procures nem creias: tudo é oculto.<br />
Fernando Pessoa<br />
À Noite de Natal<br />
Era noite de Inverno longa, e fria,<br />
Cobria-se de neve o verde prado;<br />
O rio se detinha congelado,<br />
Mudava a folha a cor, que ter soía,<br />
Quando nas palhas de uma estrebaria,<br />
Entre dous animaes brutos lançado<br />
Sem ter outro lugar no povoado<br />
O Menino JESUS pobre jazia.<br />
- Meu filho, meu Amor, porque quereis<br />
(Dizia sua Mãi) esta aspereza<br />
Acrescentar-me as dores, Que passais?<br />
Aqui nestes meus braços estareis;<br />
Que se vos força amor sofre crueza,<br />
O meu não pode agora sofrer mais.<br />
Frei Agostinho da Cruz<br />
Que o Menino Deus encontra lugar no nosso coração para nascer!<br />
Santo e Feliz Natal para toda a família militar.<br />
O Capelão<br />
Nº 192 DEC11<br />
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
103
<strong>AZ</strong>IMUTE<br />
104<br />
Nº 192 DEC11<br />
In memoriam<br />
Major-General Rui Alexandre Cardoso Teixeira<br />
1946-2011<br />
No dia 28 de Setembro, o Major-General Rui Cardoso Teixeira deixou-nos. Lutou com muita coragem suportando e enfrentando<br />
com serenidade mas sempre com esperança, todas as provações. Nunca conheceu o desânimo e cada novo desafio constituía para si<br />
a renovação da vontade de viver.<br />
O Major-General Rui Teixeira nasceu em 11 de Dezembro de 1946 em Cabeceiras de Basto terra que muito amava e evocava<br />
com carinho. Ingressou na Academia Militar em Outubro de 1967. Na Escola Prática de Infantaria concluiu o tirocínio em Julho<br />
de 1971 iniciando uma carreira brilhante, de entrega, de grande profissionalismo e de elevado sentido do dever. Em Dezembro de<br />
1971 parte para Moçambique onde cumpre uma comissão que lhe permite conhecer e viver a dura realidade da guerra que tanto envolveu<br />
e inquietou a sua geração. Em 1972 regressa a Mafra, à Escola, à Casa-Mãe da Infantaria.<br />
Aqui aprofunda a sua formação, desempenha as exigentes funções de instrutor em sucessivos e<br />
desgastantes cursos de oficiais milicianos, exerce funções de comandante de companhia, é<br />
director do tirocínio e Instrutor de táctica entre outros desempenhos.<br />
Em 1981 é colocado na 1ª Brigada Mista Independente como Comandante de Companhia<br />
de Atiradores do Batalhão de Infantaria Mecanizado. No exercício do comando<br />
manifesta o espírito de entrega sem limites que sempre caracterizaram a sua<br />
conduta. Valoriza-se numa unidade de vanguarda do <strong>Exército</strong> consolidando uma<br />
carreira sempre pautada pela determinação e frontalidade nos momentos decisivos.<br />
De 1993 a 1996 cumpre uma missão no SHAPE em Mons. A sua preparação e<br />
capacidade proporcionam-lhe um exercício de funções com grande dignidade prestigiando<br />
o <strong>Exército</strong> e Portugal.<br />
Frequentou no Instituto de Altos Estudos Militares o Curso Geral de Comando<br />
e Estado-Maior e o Curso de Estado-Maior. Colocado no Estado-Maior do <strong>Exército</strong>,<br />
na Divisão de Operações, desempenha as novas e exigentes funções com a confirmada<br />
dedicação, rigor e competência.<br />
Em 1998 é nomeado Comandante da Escola de Sargentos do <strong>Exército</strong>. Exerce o Comando com elevadíssimo sentido do dever<br />
procurando e conseguindo valorizar a sua Escola, tão importante na formação de todos os sargentos do <strong>Exército</strong>. Evocava esta passagem<br />
pela ESE com muito orgulho, carinho e saudade.<br />
Após a frequência do Curso Superior de Comando e Direcção (2001/2002) é colocado no IAEM como professor, Chefe da Secção<br />
de Ensino da Táctica. Foi um novo desafio, que mais uma vez enfrenta, com a determinação e capacidade, que o caracterizavam. Foi<br />
curta esta passagem pelo IAEM mas suficiente para demonstrar que era a escolha justa e certa para o exigente e prestigioso cargo.<br />
Após promoção a Major-General é colocado na Guarda Nacional Republicana exercendo o cargo de Chefe de Estado-Maior.<br />
Foram anos de trabalho intenso, mas que adorava, sem horas, sem tréguas e mais uma vez com dedicação e entrega totais. Nada o<br />
fazia esmorecer por mais complexo ou urgente que o assunto fosse.<br />
Foram-lhe atribuídas as mais honrosas condecorações. Não seriam demais para o reconhecimento do seu contributo ao <strong>Exército</strong><br />
e a Portugal.<br />
Em 2005 o seu estado de saúde obriga-o a cessar funções iniciando então a longa luta pela vida. Apesar das suas condições de<br />
saúde empenhou-se desde então, até Agosto de 2011, no levantamento do Clube Militar de Oficiais de Mafra. Acreditava que era<br />
possível organizar nesta vila, cheia de pergaminhos militares, um espaço onde fosse possível o convívio, a cultura e a defesa dos<br />
valores patrióticos que orientaram as nossas vidas. Acreditava que o clube poderia ser o local onde as gerações deveriam passar o<br />
testemunho. Estava certo. Continuará para sempre nos nossos corações e o seu espírito recordado.<br />
A família foi desde sempre o farol da sua vida. À sua esposa Cármen, e aos seus filhos Gisela e Rafael aos seus netos e a toda a<br />
sua família manifestamos o mais sentido pesar pela irreparável perda.<br />
José Inácio Sousa