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AZ 192DEC.pdf - Exército Português

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Revista MiLitaR Da iNFaNtaRia<br />

ePi<br />

N.º 192 – Dezembro 2011<br />

Diretor:<br />

Comandante da ePi<br />

COR iNF João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro<br />

Coordenação e Redação:<br />

COR iNF ReF Nelson de sousa Figueiredo<br />

tCOR iNF Rui Dias<br />

tCOR iNF Mário alvares<br />

CaP iNF Bruno Mendes<br />

Relações Públicas:<br />

CaP iNF Bruno Mendes<br />

Capa:<br />

tCOR iNF Mário alvares<br />

Fotografia:<br />

Centro de audio visuais do exército<br />

Composição/Paginação:<br />

sOLD RC Lino Rocha<br />

impressão:<br />

Rolo & Filhos ii, s.a. (Mafra)<br />

tel. 261 816 500<br />

Propriedade:<br />

ePi - alameda da escola Prática de infantaria<br />

2640 - 777 MaFRa<br />

tel. Civil - 261 81 21 05<br />

Fax Civil - 261 81 16 01<br />

tel. Mil. (Central) - 420 400<br />

Fax Mil. - 420 505<br />

tel. Relações Públicas - 420 456<br />

Fax Relações Públicas - 420 455<br />

www.exercito.pt<br />

epi.mafra@mail.telepac.pt<br />

epi.azimute@mail.telepac.pt<br />

epi@mail.exercito.pt<br />

tiragem:<br />

800 exemplares<br />

Depósito Legal n.º 4510/84<br />

6<br />

A renovação da eficiência na Escola Regimental<br />

62<br />

tomada de posse do novo Comandante da ePi<br />

29<br />

as provas de decisão militar<br />

Nº 192 DEC11<br />

z<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

1


z<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

2<br />

3 editorial<br />

4 Mensagem de Natal do Director-Honorário da arma de infantaria<br />

5 Novo Comandante da ePi<br />

6 tomada de posse do novo Comandante da ePi<br />

9 Regimento de infantaria N.º 10<br />

15 14 de agosto, Dia da infantaria<br />

22 exposição do 14 de agosto<br />

25 Um sistema de Gestão da Qualidade integrado<br />

29 A renovação da eficiência na Escola Regimental - Novos processos, novas dinâmicas<br />

33 A Escola e a importância dos processos na gestão dos recursos.<br />

37 Saber Fazer, Saber Mais e Fazer Mais e Melhor - A Eficiência Processual das Organizações -<br />

40 Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas<br />

43 Sistema de Análise Vídeo – Novas Dinâmicas Formativas para o Combate em Áreas Edificadas<br />

45 instrução de tiro e infraestruturas de tiro. Qual o caminho a seguir?<br />

49 Nato Urban Operations.Nato training Group task Group - Reunião Grécia – 2ºsemestre<br />

52 Operações de Cerco e Busca<br />

59 a Psicologia Organizacional e a instituição Militar<br />

62 as Provas de Decisão Militar<br />

65 Materiais fibrosos na proteção militar<br />

70 Fibras na proteção pessoal<br />

77 a primeira Oficial de infantaria do sexo feminino - a vitória sobre um dogma<br />

79 testagem de vidros com protecção balistica com a empresa viCeR<br />

82 Cooperação técnico-Militar com timor-Leste - Projecto Nº4<br />

87 MCCC – Maneuver Captains Career Course<br />

89 Clube Militar de Oficiais de Mafra<br />

91 Cursos, visitas e Notícias<br />

99 Microtreinos ou Microssessões<br />

103 O Natal visto por poetas portugueses ao longo de 500 anos<br />

104 in memoriam<br />

Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores,<br />

e não vinculam as opiniões do Corpo editorial.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Indíce<br />

Ronda pelas Unidades<br />

Temas Gerais<br />

Tema - O desafio da qualidade e a reforma dos processos de trabalho<br />

Tecnicamente Falando<br />

Actividades<br />

Cultural


Pensar, comunicar e agir com positividade<br />

Editorial<br />

Nesta primeira oportunidade de escrever este editorial, quero iniciar esta mensagem saudando todos os<br />

Infantes e também todos os leitores desta publicação que tanto tem contribuído para transmitir os ideais de<br />

tradição e de inovação que sempre caraterizaram a Arma de Infantaria e a sua Casa Mãe.<br />

Uma segunda palavra é inteiramente devida aos militares e civis da<br />

Escola Prática de Infantaria, os que nela atualmente servem e os que nos<br />

deixaram este nobre legado que, diariamente, procuramos honrar com devoção<br />

e espírito de missão. É com particular orgulho e enorme satisfação<br />

que constato e manifesto a elevada qualidade e proficiência com que a<br />

Escola vem cumprindo com as suas atividades e tarefas. O seu volume,<br />

abrangência e complexidade continua a encontrar o justo rival na iniciativa,<br />

no espírito e na combatividade dos Infantes da Escola.<br />

No atual momento de incerteza e de imprevisibilidade, a Escola procura<br />

responder com atitudes positivas, novas aberturas e uma postura de esperança,<br />

não apenas porque a incerteza sempre foi, e sempre será, uma das<br />

características próprias do ambiente operacional no qual os militares se<br />

movem, mas pelas suas particulares responsabilidades na transmissão e<br />

no reforço às novas gerações de Oficiais, Sargentos e Praças que aqui iniciam<br />

ou concluem as suas ações de formação inicial, dos mais puros valores<br />

militares, humanos e profissionais da Infantaria, instrumentos essenciais e particularmente adequados à ultrapassagem<br />

dos desafios e das perceções que em determinado momento nos possam parecer incontornáveis.<br />

É desta forma que a Casa Mãe vem procurando reinventar-se todos os dias, reforçando estas mensagens e<br />

procurando metodologias e instrumentos mais eficientes, reduzindo os encargos e cumprindo com eficácia as<br />

suas missões. Simultaneamente, a Escola mantém o seu esforço na sua missão fundamental, a formação, mas<br />

com um espírito crítico, procurando melhores conteúdos e formas de fazer chegar o conhecimento adequado<br />

aos seus formandos. Abrimos ainda novas portas a novos atores, através do estabelecimento de relações no<br />

mundo académico e empresarial, no âmbito da investigação e do desenvolvimento ou na cooperação com entidades<br />

diversificadas, de que procuramos dar boa conta nesta edição da Azimute.<br />

Esta é a resposta que a Escola de todos os Infantes procura materializar, incessantemente, pensando, comunicando<br />

e agindo com positividade e, na certeza da continuidade da moralidade das missões, afastando a<br />

negatividade com competência, determinação e criatividade.<br />

Privilegiando os princípios da Segurança e da Qualidade, a EPI iniciou mais um ano letivo, exercendo o seu<br />

esforço em três linhas de ação: a implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade nos diferentes subsistemas<br />

funcionais da unidade, o desenvolvimento do Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas,<br />

bem como projetando e preparando a provecta mas sempre jovem idade de quase 125 anos da nossa Escola.<br />

É assim, com natural orgulho no nosso longo passado e com justificada esperança no nosso futuro que pretendo<br />

hoje, em conjunto com todos os militares e civis da Escola, desejar a todos os nossos leitores, de forma<br />

muito sentida e sincera, um Santo Natal e um 2012 pleno de confiança e de realização.<br />

Nº 192 DEC11<br />

z<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

3


z<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

4<br />

Caros (as) Infantes!<br />

Nº 192 DEC11<br />

Mensagem de Natal<br />

do<br />

Director-Honorário da Arma de Infantaria<br />

Não constitui surpresa para ninguém que a situação do Portugal de hoje é grave. Todos os dias nos<br />

apercebemos nos mais diversos órgãos de comunicação social (OCS) que Portugal, a Europa e o Mundo<br />

Ocidental atravessam uma grave e muito preocupante crise financeira. Ouve-se falar de bancarrota, de<br />

colapso da economia e de desemprego. Nós militares, nós Infantes, não estamos imunes a tais situações<br />

e, por isso, sofremos, como os demais portugueses, os sacrifícios que o actual quadro do País nos<br />

obriga.<br />

No entanto, e sem pretender levantar qualquer polémica, até porque vos escrevo em pleno período e<br />

espírito natalício, estranho, interrogo-me, tento descortinar a razão ou os motivos para ninguém falar em<br />

crise de valores. Sim, porque, salvo melhor opinião, a situação em que vivemos só foi possível porque às<br />

palavras não corresponderam os respectivos actos. Mas para nós Infantes as palavras e os actos têm de<br />

andar sempre de mãos dadas, pois não é possível estar permanentemente disponível para defender os<br />

mais elevados interesses de Portugal se esses não forem valores e desígnios verdadeiramente Nacionais<br />

e não contribuírem para o engrandecimento da Pátria.<br />

É em tempo de crise que nós Infantes mais facilmente compreendemos o que nos foi ensinado e que<br />

procuramos praticar no dia-a-dia. É em tempos difíceis que o valor da iniciativa assume papel primordial.<br />

A rotina fácil e servil perverte vontades e promove em cada um de nós a execução automática das<br />

prescrições superiores. O hábito, qual lei da natureza, potencia defeitos e vícios dificilmente extinguíveis.<br />

Os tempos que estamos a viver carecem do contributo de todos, de modo que, esboçada a ideia geral,<br />

a ideia directriz, a ideia motora, ou seja, o conceito de operação, que para merecer tal designação tem de<br />

ser exequível, cada comandante ou chefe, ao seu nível, tem a obrigação e o dever de a completar consoante<br />

as circunstâncias particulares do seu caso. Deste modo, ninguém poderá ousar afirmar que não<br />

fez o que devia por não ter recebido a ordem. Por outro lado, a verdadeira iniciativa, não deve, não pode,<br />

contrariar o pensamento e a intenção do “General em Chefe”. Porém, o princípio da iniciativa não é cada<br />

um fazer desordenadamente o que quiser. É, pelo contrário, a divisão organizada do trabalho, a sinergia<br />

de esforços inteligentes, é o complemento da arte criadora do comando. A iniciativa nasce do estudo, da<br />

competência, do critério, da razão e até da alma do subordinado. A iniciativa deve ser cuidadosamente<br />

cultivada na paz, para não emergir como uma surpresa na guerra.<br />

Neste período de Natal, aproveitemos para meditar no valor da iniciativa, para que sejamos capazes<br />

de encontrar as melhores formas de contribuir, sem aumento de recursos, para a saída da crise que se<br />

abateu sobre Portugal.<br />

Um Santo Natal para todos (as) aqueles (as) que servem Portugal na Infantaria e, em especial, para<br />

aqueles (as) que nesta quadra festiva, por razões de serviço, se encontram longe do Território Nacional.<br />

O Director-Honorário da arma de infantaria<br />

João Nuno Jorge vaz antunes<br />

tenente-General


Novo Comandante da EPI<br />

João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro<br />

Coronel de Infantaria<br />

O Coronel João Pedro Ribeiro, nasceu na Covilhã,<br />

a 29 de Dezembro de 1964.<br />

Frequentou os estudos básicos e secundários na<br />

mesma cidade, tendo concluído o 12º ano de escolaridade<br />

em Coimbra. ingressou na<br />

academia Militar em setembro de<br />

1982, concluindo a Licenciatura em<br />

Ciências Militares – ramo Infantaria,<br />

no ano de 1987.<br />

Frequentou posteriormente alguns<br />

cursos de especialização, nas<br />

áreas da Defesa Nuclear, Biológica e<br />

Química e Operações de apoio à Paz,<br />

para além dos cursos curriculares<br />

normais, como o Curso de Promoção<br />

a Capitão de infantaria em 1991 e o<br />

Curso de Promoção a Oficial Superior<br />

em 1995. Frequentou ainda o Curso de<br />

estado-Maior do exército, no instituto<br />

de altos estudos Militares, entre 1997<br />

e 1999.<br />

ao longo da sua vida militar, desempenhou serviço<br />

na academia Militar, Regimento de infantaria<br />

do Funchal, escola Prática de infantaria, Comando<br />

da instrução, Brigada Mecanizada independente,<br />

Instituto de Altos Estudos Militares, Presidência da<br />

República e Comando das Forças terrestres.<br />

entre 1989 e 1996, desempenhou diversas funções<br />

no âmbito do Comando, Direcção e Chefia, das<br />

quais se destacam os três anos de comando de subunidades<br />

de escalão companhia e a Direcção do<br />

Tirocínio para Promoção a Oficial de Infantaria. Ao<br />

longo do mesmo período assumiu diversas responsabilidades<br />

no âmbito do ensino e da instrução, particularmente<br />

no que concerne à instrução do Corpo<br />

de alunos da academia Militar e ao ensino de vários<br />

Cursos de Promoção a Capitão de infantaria. De<br />

destacar igualmente as funções exercidas enquanto<br />

Chefe da secção de estudos técnicos da escola<br />

Prática de infantaria, realizando diversos estudos e<br />

testes relativos a técnicas, tácticas e equipamentos<br />

específicos da sua Arma.<br />

Após a frequência do Curso de Estado-Maior que<br />

concluiu com a classificação de distinto, foi colocado<br />

no Comando da Instrução, na directa dependência<br />

do tenente General Comandante da instrução do<br />

exército, onde desenvolveu estudos nas áreas do<br />

Ensino à Distância, do Sistema de Instrução para o<br />

exército de voluntários e no novo Regulamento de<br />

instrução do exército.<br />

No âmbito operacional, exerceu as funções de<br />

Oficial de Operações do Agrupamento DELTA da<br />

Brigada Mecanizada independente, força nacional<br />

destacada para o teatro de operações do Kosovo,<br />

durante o período 2000-2001.<br />

Foi posteriormente colocado no instituto de altos<br />

estudos Militares, como Professor, leccionando diversas<br />

matérias na área da táctica, com destaque para as<br />

Operações Conjuntas e Combinadas.<br />

entre setembro de 2003 e Março<br />

de 2006, desempenhou as funções<br />

de Staff Training Development Officer<br />

e Policy and Programming Officer,<br />

na Divisão de treino do Joint Force<br />

Command Headquarters Naples, em<br />

Itália, no âmbito do desenvolvimento<br />

de conceitos de treino, programação e<br />

execução de exercícios NatO.<br />

De Março de 2006 a Julho de 2008<br />

desempenhou as funções de assessor<br />

Militar para o exército de sua<br />

Excelência o Presidente da República.<br />

Posteriormente foi nomeado 2º<br />

Comandante da escola Prática de<br />

infantaria, funções que exerceu entre agosto de 2008<br />

e Dezembro de 2009.<br />

em Janeiro de 2010 iniciou o desempenho de funções<br />

no gabinete do tenente General Comandante<br />

das Forças terrestres, assumindo em particular o<br />

cargo de Chairman do eUROFOR sUBWORKiNG<br />

GROUP, no âmbito do projecto do levantamento do<br />

primeiro Battle Group disponibilizado por esta entidade<br />

à União europeia e as funções de coordenador nacional,<br />

no âmbito do CFT, do projecto de levantamento<br />

e aprontamento das capacidades nacionais oferecidas<br />

para aquela capacidae de reacção rápida.<br />

Foi ainda delegado do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> em diversos<br />

grupos de trabalho NatO, tendo sido promovido<br />

ao actual posto em 30 de Junho de 2009.<br />

Por despacho de Sua Excelência o General Chefe<br />

de estado Maior do exército, foi nomeado por escolha<br />

para as funções de Comandante da escola Prática<br />

de infantaria, funções que assumiu desde 05 de<br />

setembro de 2011.<br />

Da sua folha de serviços constam diversos louvores<br />

e condecorações, das quais se destaca o agraciamento<br />

com o grau de Comendador da Ordem Militar<br />

de Avis, três Medalhas de Prata de Serviços Distintos,<br />

uma das quais com palma, a Medalha de Mérito Militar<br />

de 3ª classe, a Medalha da Defesa Nacional de 2ª<br />

classe, as Medalhas de 2ª e 3ª classes de D. afonso<br />

Henriques, a Medalha de Prata de Comportamento<br />

exemplar e duas Medalhas NatO da Campanha do<br />

Kosovo.<br />

O Coronel Ribeiro é casado e tem uma filha e dois<br />

azimute filhos.<br />

Nº 192 DEC11<br />

z<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

5


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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

6<br />

O Coronel de infantaria João<br />

Pedro Rato Boga de Oliveira<br />

Ribeiro assumiu, em 05 de<br />

setembro de 2011, o comando<br />

da escola Prática de infantaria.<br />

Por despacho de 11 de agosto de<br />

2011 de sexa o GeN CeMe, foi<br />

nomeado, “por escolha” para as<br />

funções de Comandante da ePi,<br />

o Cor inf João Pedro Rato Boga<br />

de Oliveira Ribeiro, tendo ocorrido<br />

em 05set11 a cerimónia<br />

de tomada de posse do coman-<br />

do da ePi na Parada Coronel<br />

Magalhães Osório. Pelas 10h30<br />

desse dia o exmo Comandante<br />

dirigiu-se para o gabinete do<br />

comandante onde, tradicionalmente,<br />

lhe foi colocado o crachá<br />

da Unidade, tendo-se dirigido<br />

de seguida para a parada onde<br />

Nº 192 DEC11<br />

Tomada de posse do novo Comandante da EPI<br />

a formatura geral o aguardava.<br />

Depois das honras militares o<br />

exmo comandante passou revista<br />

às tropas e proferiu o discurso<br />

de tomada de posse que seguidamente<br />

se transcreve:<br />

“ Oficiais, Sargentos, Praças e<br />

Funcionários Civis da Escola<br />

Prática de Infantaria:<br />

25 anos após aqui me ter<br />

apresentado como Aspirante<br />

Tirocinante, assumo hoje o co-<br />

mando da Escola Prática de<br />

Infantaria. Assumo o comando<br />

de uma Escola diferente. Porque<br />

a Escola é sempre diferente.<br />

Porque as pessoas que nela<br />

servem são diferentes ou porque<br />

exercem funções diferentes, porque<br />

utilizam novos instrumentos<br />

ou processos ou porque estão<br />

inseridas numa lógica estrutural<br />

modificada ou até, porque existem<br />

novas missões e tarefas.<br />

É esta permanente diferença<br />

que confere a esta Escola a<br />

sua adaptatividade e a perspectiva<br />

inovadora que sempre lhe<br />

garantiu e continua a garantir,<br />

uma posição cimeira e um reconhecimento<br />

inequívoco do<br />

desenvolvimento doutrinário,<br />

organizacional ou ao nível dos<br />

equipamentos e armamentos da<br />

Arma de Infantaria e tantas vezes,<br />

também do <strong>Exército</strong>. É esta<br />

diferença, sempre amplamente<br />

procurada, que garante a esta<br />

Escola a dinâmica para a constante<br />

investigação e descoberta<br />

de novos e melhores métodos,<br />

processos e doutrinas, hoje cada<br />

vez mais necessários para a<br />

adaptação militar às exigências<br />

do ambiente operacional interno<br />

e externo.<br />

É esta permanente diferença<br />

que tem permitido a coerência<br />

adequada às exigências de cada<br />

tempo e de cada solicitação.<br />

Será esta diferença que garantirá,<br />

uma vez mais, a capacidade<br />

de adaptação e de inovação que<br />

manterá a Escola na liderança<br />

dos processos de modernização<br />

e de formação da Infantaria e no<br />

apoio ao levantamento das novas<br />

capacidades do <strong>Exército</strong>.


Cerca de 2 anos após ter desempenhado<br />

as últimas funções<br />

que nesta Casa exerci, assumo<br />

hoje o comando da Escola.<br />

Da mesma Escola de sempre.<br />

Porque a Escola é sempre igual.<br />

Porque os valores, o espírito<br />

de serviço, de sacrifício e de missão<br />

das pessoas que nela servem,<br />

são imutáveis e perenes.<br />

Porque a vontade da perfeição<br />

e da excelência e a procura da<br />

sua transmissão aos que de nós<br />

dependem, associada ao são orgulho<br />

de servir na Casa-Mãe da<br />

Infantaria, continua a constituir<br />

a motivação essencial dos seus<br />

elementos. Porque o sentimento<br />

de protecção que nos liga a este<br />

espaço secular e a cumplicidade<br />

vivida com as entidades com<br />

quem o partilhamos e com a comunidade<br />

onde nos inserimos se<br />

mantém inalterada.<br />

É esta tradição transmitida<br />

e praticada de geração em geração,<br />

que vem conferindo à<br />

Escola a sua longevidade e será<br />

esta capacidade que lhe continuará<br />

a garantir a vontade férrea de<br />

se manter única e sempre pronta<br />

a aceitar e vencer os obstáculos<br />

que se lhe colocarem.<br />

Sempre diferente e sempre<br />

igual, a Escola vem percorrendo<br />

o seu caminho de desenvolvimento<br />

sustentado em direcção<br />

à excelência. Mas este percurso,<br />

longe de poder ser considerado<br />

automático, implica uma assunção<br />

individual e colectiva deste<br />

objectivo permanente e um empenhamento<br />

diário e total na sua<br />

consecução. Para continuarmos<br />

esse caminho, é imperioso mantermos<br />

a aplicação constante de<br />

princípios basilares: a segurança<br />

e a qualidade.<br />

A actividade militar é por inerência<br />

uma actividade de risco.<br />

Aceitá-lo significa reconhecê-lo,<br />

identificá-lo e promover todas as<br />

acções necessárias para o eliminar<br />

ou diminuir à sua mínima<br />

expressão. Tanto nas nossas posições<br />

individuais, como nas nossas<br />

actividades ou na guarda e<br />

utilização das instalações e equipamentos<br />

que nos são confiados.<br />

A segurança é um alicerce<br />

essencial da profissão militar e<br />

será sempre uma prioridade desta<br />

Escola, que se deve traduzir<br />

nas atitudes individuais e colectivas,<br />

nos procedimentos e na sua<br />

constante verificação. Concorre<br />

directamente para este desiderato<br />

a disciplina, não apenas<br />

nos seus aspectos externamente<br />

mais visíveis, mas sobretudo a<br />

auto-disciplina, praticada na sua<br />

verdadeira essência, em todos<br />

os actos e a todo o tempo.<br />

De igual importância, a qualidade<br />

é um factor determinante<br />

para o êxito da missão da Escola.<br />

Este princípio manifesta-se através<br />

de uma cultura organizacional<br />

de profissionalismo e rigor,<br />

sustentada em posturas e atitudes<br />

individuais de pormenor, materializando-se<br />

em processos verificáveis,<br />

incluindo a necessária<br />

Nº 192 DEC11<br />

z<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

7


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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

8<br />

definição de objectivos e metas,<br />

uma programação criteriosa, um<br />

planeamento exaustivo, uma<br />

execução detalhada e uma avaliação<br />

contínua, permanentemente<br />

sob a supervisão e acompanhamento<br />

das lideranças de<br />

cada nível.<br />

Esta qualidade tem que ser<br />

verificada não apenas nas actividades<br />

e tarefas que nos vierem a<br />

ser solicitadas, mas também na<br />

preservação e aperfeiçoamento<br />

das condições de vida e de trabalho<br />

dos seus executantes.<br />

Assumindo sempre a formação<br />

como a sua primeira prioridade,<br />

a Escola manterá o seu<br />

esforço no desenvolvimento dos<br />

projectos que vem assumindo e<br />

nas reformas que tem vindo a encetar<br />

nos últimos anos, quer no<br />

âmbito da investigação e dos processos<br />

formativos, no sentido da<br />

manutenção do seu reconhecido<br />

estatuto de qualidade, como nos<br />

processos de âmbito regimental,<br />

procurando todos os dias, alcançar<br />

melhorias e ganhos que lhe<br />

garantam a melhoria das condições<br />

internas da unidade e a<br />

adequada afectação de recursos<br />

para as áreas essenciais da sua<br />

missão.<br />

A aplicação destes princípios<br />

– segurança e qualidade – constituirá<br />

a linha de acção essencial<br />

do Comando, na certeza de<br />

que a sua prática permanente<br />

Nº 192 DEC11<br />

contribuirá directamente para a<br />

condição fundamental do sucesso<br />

da Escola – manter os seus<br />

Soldados, no fundo os seus militares<br />

e civis, altamente motivados<br />

e conscientes da valia da sua<br />

acção, devolvendo à Infantaria,<br />

ao <strong>Exército</strong> e à Nação, quadros<br />

e tropas com uma cultura de modernidade,<br />

iniciativa e profissionalismo<br />

e dotados de profundos<br />

conhecimentos militares e vincados<br />

valores de cidadania.<br />

Militares e Funcionários Civis<br />

da Escola Prática de Infantaria<br />

Encontro-me, hoje, inundado<br />

por um sentimento de realização<br />

pessoal e profissional ímpar, ladeando<br />

com a consciência da<br />

enorme responsabilidade que<br />

estas funções encerram, emoções<br />

que encontram conforto e<br />

segurança nas vossas capacidades<br />

profissionais, extraordinário<br />

sentido de lealdade e espírito de<br />

missão que conheço e reconheço<br />

e com os quais conto de forma<br />

incondicional.<br />

Quero manifestar de forma<br />

inequívoca a sentida homenagem<br />

a todos quantos se nos antecederam<br />

e que elevaram esta<br />

Escola ao merecido patamar<br />

onde se encontra, como uma<br />

casa de formação de referência<br />

e de saber militar. A melhor justiça<br />

que podemos fazer-lhes é<br />

envidar todos os esforços para<br />

dar a devida continuidade a esta<br />

condição.<br />

A incerteza das condicionantes<br />

dos tempos futuros e das<br />

suas influências na vida da nossa<br />

Escola, constituem desafios que<br />

sendo seguramente diferentes<br />

e que nos impelem a fazer melhor<br />

com menos, não serão certamente<br />

maiores do que a nossa<br />

vontade, como em tantas outras<br />

situações com que os nossos antecessores<br />

foram confrontados.<br />

Tal como então, estou seguro, a<br />

nossa resposta residirá na nossa<br />

ambição de cumprir, na qualidade<br />

da nossa preparação e organização,<br />

na dinâmica da nossa inovação<br />

e criatividade construtiva, na<br />

eficácia das nossas acções e na<br />

evidência das mais insignes características<br />

dos Infantes: o brio,<br />

a disciplina e a humildade.<br />

As missões cumprem-se com<br />

as pessoas e hoje dirijo-me a<br />

todos os Infantes da Escola. A<br />

todos os que diariamente aqui<br />

servem com devoção e aos que<br />

longe do País levantam bem alto<br />

o prestígio desta Casa. Ciente<br />

da coesão e do espírito de união<br />

que a todos nos liga, manifesto<br />

a minha sólida confiança em todos<br />

vós, a minha esperança no<br />

nosso futuro e a minha firme vontade,<br />

determinação, empenho e<br />

dedicação à causa e à missão da<br />

azimute<br />

Escola.<br />

“AD UNUM”


Regimento de Infantaria N.º 10<br />

Anfiteatro natural de terra mar e ar, várias foram as estruturas militares que estiveram aquarteladas no extremo Sul da<br />

península de S Jacinto. O Regimento de Infantaria Nº 10 tem identidade própria, na sua génese convergem a linha do<br />

local que ocupa e que lhe advém da ligação à origem e desenvolvimento da aeronáutica militar portuguesa e das tropas<br />

pára-quedistas. Um outro ramo resulta da herança muito digna e honrosa conferida pela designação que actualmente<br />

ostenta, um extenso legado de presença e excelso desempenho atribuídos a uma Unidade militar criada em Lisboa e<br />

que esteve durante cerca de dois séculos e de forma descontinuada, sediada no Porto, na Figueira da Foz, em Bragança<br />

e na cidade de Aveiro.<br />

A Unidade Militar de S. Jacinto<br />

Base Aeronaval Francesa<br />

a presença militar na península<br />

de s. Jacinto iniciou-se durante a<br />

Primeira Grande Guerra Mundial,<br />

quando o Governo Francês solicitou<br />

a Portugal a instalação de uma<br />

esquadrilha da sua aviação Naval<br />

na região de aveiro, para poder<br />

combater a acção dos submarinos<br />

das potências do Eixo, que cruzavam<br />

a costa Atlântica do Território<br />

europeu.<br />

esta instalação concretizou-se<br />

no dia 1 de abril de 1918 1 , com a<br />

chegada a s. Jacinto de oito hidroaviões<br />

franceses, com os respectivos<br />

pilotos e pessoal de apoio.<br />

1 actualmente celebrado como Dia da<br />

Unidade.<br />

Os oito hidroaviões desembarcaram<br />

em Leixões e chegaram a s.<br />

Jacinto por terra, puxados por juntas<br />

de bois através dos areais do<br />

litoral da península. esta primeira<br />

infra-estrutura, bastante precária,<br />

era constituída por hangares e casas<br />

de madeira e lona.<br />

Com o final da Primeira Grande<br />

Guerra Mundial, em Dezembro de<br />

1918, o Posto Aeronaval Francês<br />

foi entregue ao serviço de aviação<br />

da armada Portuguesa, com todos<br />

os seus hidroaviões, meios e precárias<br />

infra-estruturas.<br />

Aviação Naval Portuguesa<br />

Logo após o final da Grande<br />

Guerra, em 1919, os hidroaviões<br />

levantam voo de s. Jacinto, para<br />

Chegada dos primeiros hidroaviões à Península de S. Jacinto, 1918.<br />

no Porto participarem na contenção<br />

da revolta conhecida por<br />

“Monarquia do Norte” 2 . É a esta acção<br />

militar que se deve a implantação<br />

definitiva do Centro de Aviação<br />

Naval na península de s. Jacinto.<br />

terminada a instabilidade político-militar,<br />

o Centro de aviação<br />

Naval de s. Jacinto inicia um período<br />

de franca expansão em termos<br />

de material e infra-estruturas,<br />

sobressaindo a construção de<br />

um “hangar” que era o maior da<br />

Península ibérica. Desde 1934<br />

passa a funcionar no Centro de<br />

aviação Naval de s. Jacinto a<br />

2 Revolta que ocorreu na cidade do<br />

Porto em 1919 e que pretendia a<br />

restauração da monarquia em<br />

Portugal, conhecida como Revolta da<br />

Traulitânia.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

9


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

10<br />

escola de aviação Naval almirante<br />

Gago Coutinho legalmente criada<br />

(no Bom sucesso, junto à torre<br />

de Belém) em 1925 passando a<br />

dispor de algumas instalações adicionais<br />

junto ao Forte da Barra, assim<br />

como um “hangar” na torreira,<br />

construído pelos estaleiros navais<br />

de s. Jacinto, que permitia aos hidroaviões<br />

amararem em situações<br />

de instrução.<br />

É a partir deste ano que se inicia,<br />

até 1952, uma fase de franco<br />

progresso da aviação Naval<br />

Portuguesa, sendo de salientar<br />

que a pista entretanto construída,<br />

na extremidade da península de s<br />

jacinto, foi a primeira em Portugal<br />

a dispor de iluminação eléctrica,<br />

mesmo antes do aeroporto da<br />

Portela de sacavém em Lisboa.<br />

Durante esses anos, numa lógica<br />

relação de causa e efeito, a<br />

aviação Naval percorreu o perío-<br />

do da sua “maturação” e a escola<br />

de aviação Naval almirante Gago<br />

Coutinho tornou-se sala de visitas<br />

da Marinha, visitada e apreciada<br />

por muitas entidades militares e civis,<br />

nacionais e estrangeiras.<br />

a última Unidade Operacional<br />

da aviação Naval em s. Jacinto,<br />

foi formada em princípios dos<br />

anos 50 do sec.XX, com os aviões<br />

Helldivers sB2C-5 3 .<br />

estes aparelhos, acabaram por<br />

ser os últimos aviões da estrutura<br />

da aviação Naval. em 1952, com a<br />

criação da Força aérea Portuguesa<br />

3 avião de fabrico americano que permitia<br />

bombardeamento picado e uma eficiente<br />

luta anti-submarina<br />

Nº 192 DEC11<br />

(FaP), através da fusão das aviações<br />

do exército e da Marinha, a<br />

escola de aviação Naval almirante<br />

Gago Coutinho, com todas as suas<br />

infra-estruturas e material aeronáutico,<br />

passa para o controlo deste<br />

novo ramo das Forças armadas<br />

Portuguesas e adopta a designação<br />

de Base aérea Nº 5.<br />

Força Aérea Portuguesa<br />

a Base aérea n.º 5 era uma unidade<br />

especialmente vocacionada<br />

para a instrução de pilotagem, sendo<br />

extinta em 1956 para dar lugar<br />

ao aeródromo – Base nº 2 (aB2),<br />

Unidade com a mesma missão da<br />

sua antecessora. em 1957, por<br />

razões relacionadas com o crescimento<br />

da Força aérea, assim como<br />

por razões de carácter político, baseadas<br />

na antevisão do envolvimento<br />

militar das Forças armadas<br />

Portuguesas nas Províncias<br />

Ultramarinas, o aB2 é substituído<br />

Centro de Aviação Naval de S. Jacinto<br />

pela Base aérea nº 7, mantendo-<br />

-se esta Unidade sempre vocacionada<br />

para as missões de instrução<br />

de pilotagem, a par da formação de<br />

técnicos e especialistas de manutenção<br />

e abastecimento.<br />

em 1975, após o regresso das<br />

Forças armadas das Províncias<br />

Ultramarinas africanas, considerada<br />

que foi a necessidade de efectuar<br />

o reajustamento e reorganização<br />

das tropas Pára-quedistas, foi<br />

criado, na dependência directa do<br />

Chefe do estado-Maior da Força<br />

aérea 4 , o Corpo de tropas Páraquedistas<br />

(CtP), herdeiro das tradições<br />

e do património histórico-<br />

-militar dos extintos Regimento de<br />

Caçadores Pára-quedistas e dos<br />

Batalhões de Caçadores Páraquedistas<br />

nº 12 (Bissau), nº 21<br />

(Luanda), nº 31 (Beira) e nº 32<br />

(Nacala).<br />

4 vide Decreto-Lei nº 350/75 de 5 de<br />

Julho.


Durante o ano de 1977, fruto<br />

da reestruturação Força aérea, a<br />

Base aérea nº 7, que com o termo<br />

da Guerra do Ultramar viu a<br />

sua importância reduzida e a sua<br />

missão reformulada, cede grande<br />

parte das suas instalações para o<br />

levantamento da Base Operacional<br />

de tropas Pára-quedistas nº 2<br />

(BOtP2) 5 , tendo, numa primeira<br />

fase, sido instalados em s. Jacinto<br />

o Comando da Base Operacional e<br />

uma Companhia de Pára-quedistas<br />

(Companhia de Pára-quedistas<br />

211).<br />

Com a criação oficial da<br />

BOtP2 6 , em paridade com o termo<br />

da operação da esquadra de<br />

aviões t-6, o Despacho nº 18/78<br />

do Chefe do estado-Maior da<br />

Força aérea desactiva a Ba7, instaura<br />

o aeródromo de Manobra nº2<br />

(aM2) e estabelece o estatuto de<br />

Funcionamento conjunto do aM2/<br />

BOTP2, o qual, além de definir<br />

as responsabilidades das duas<br />

Unidades em matéria de apoio<br />

mútuo, estabelece e delimita as<br />

áreas de ambas as Unidades em<br />

função das suas características e<br />

missões. O aM2 mantém uma esquadra<br />

operacional (operando aeronaves<br />

FtB-337), assim como as<br />

instalações aeroportuárias de s.<br />

5 Nos que antecederam a promulgação<br />

do Dec.-Lei nº 350/75 de 5 de Julho,<br />

foram efectuadas diversas diligências no<br />

sentido de apurar a melhor localização<br />

para as unidades pára-quedistas, tendo<br />

ficado definido que uma seria no Norte<br />

do país.<br />

6 vide Portaria nº 552-a/77 de 3 de<br />

setembro.<br />

Jacinto.<br />

imediatamente<br />

após a instalação da<br />

BOtP2 em s. Jacinto, o<br />

Comando do CtP inicia<br />

um programa de recuperação<br />

e de adaptação do<br />

aquartelamento às missões<br />

das subunidades<br />

nele instaladas, estabelecendo<br />

um plano<br />

de construção de novas<br />

infra-estruturas e<br />

de recuperação das já<br />

existentes, por forma<br />

a garantir o treino operacional<br />

um Batalhão<br />

de Pára-quedistas (BP<br />

21) e da Companhia de<br />

Morteiros Pesados, aptos<br />

a serem integrados<br />

num conjunto de Forças<br />

que haveriam de constituir<br />

a Brigada Pára-<br />

quedista Ligeira (BRiPaRas).<br />

Durante o ano de 1990, no<br />

âmbito de uma reestruturação do<br />

dispositivo do CtP, o Batalhão<br />

de Pára-quedistas Nº11 (BP 11),<br />

então aquartelado na BOtP1 –<br />

Monsanto, é transferido para s.<br />

Jacinto. Posteriormente, com a<br />

extinção da BOtP1 em 1991,<br />

são igualmente transferidas para<br />

s. Jacinto a Companhia anti-<br />

Carro (CaCar) e a Companhia de<br />

Comunicações (CCom), passando<br />

a estar aquarteladas em s.<br />

Jacinto a maioria das subunidades<br />

da BRiPaRas, designadamente<br />

o Batalhão de Pára-quedistas<br />

Torre de Controlo atribuída ao<br />

Arquitecto Keil do Amaral<br />

Nº11 (BP11), o Batalhão de<br />

Pára-quedistas Nº21 (BP21), o<br />

Grupo Operacional de apoio de<br />

serviços (GOas), a Companhia<br />

de Morteiros Pesados (CMP), a<br />

Companhia de Comunicações<br />

(CCom) e a Companhia anti-Carro<br />

(CaCar).<br />

Com a redução de Unidades-<br />

Base consumada no início dos<br />

anos 90, em 1992 a FaP desactiva<br />

totalmente o aeródromo de<br />

Manobra n.º 2, passando todas as<br />

instalações militares de s. Jacinto,<br />

para o controlo do Corpo de tropas<br />

Pára-quedistas. a BOtP2 passa a<br />

administrar a totalidade da área<br />

da Base em s.Jacinto, incluindo o<br />

complexo aeronáutico e pistas, o<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

12<br />

Sessão de lançamento na área de instrução de Muranzel<br />

Destacamento do Forte da Barra,<br />

que durante a decada de 80 devido<br />

às obras do Porto de aveiro mudou<br />

para as actuais instalações, assim<br />

como o Campo Militar do Muranzel<br />

- uma extensa faixa de terreno a<br />

sul da povoação da torreira.<br />

<strong>Exército</strong> <strong>Português</strong><br />

em 1 de Janeiro de 1994, no<br />

âmbito do processo de modernização<br />

e reorganização das Forças<br />

armadas Portuguesas, dá-se a<br />

extinção do CtP na Força aérea e<br />

a criação do Comando de tropas<br />

aerotransportadas (Ctat) no<br />

<strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>.<br />

Com esta alteração é extinta a<br />

BOtP2 e criada, a 1 de Janeiro de<br />

1994, na dependência do CTAT, a<br />

Área Militar de S. Jacinto (AMSJ).<br />

esta Unidade territorial, recebe<br />

todas as infra-estruturas e pessoal<br />

da extinta BOtP2 e passa a<br />

apoiar administrativa e logisticamente<br />

as subunidades operacionais<br />

da Brigada aerotransportada<br />

independente (Bai) aquarteladas<br />

na Área Militar, designadamente<br />

o 2ºBatalhão de infantaria<br />

aerotransportado, o Batalhão de<br />

apoio de serviços, a Companhia<br />

de transmissões, a Companhia de<br />

Morteiros Pesados e a Companhia<br />

anti-Carro.<br />

ainda em 1994, o Batalhão de<br />

apoio de serviços da Bai, activado<br />

em s. Jacinto com base nos efectivos<br />

e meios do extinto GOas,<br />

Nº 192 DEC11<br />

é transferido para tancos. em<br />

1996, segue-o a Companhia de<br />

transmissões, igualmente activada<br />

em s. Jacinto com os meios e<br />

efectivos da extinta Companhia de<br />

Comunicações. a Companhia de<br />

Morteiros Pesados permanece activada<br />

até 1997, servindo simultaneamente<br />

como unidade de apoio<br />

de fogos da Bai e embrião para a<br />

formação da 1ª Bataria de Bocas<br />

de Fogo (BBF) desta Brigada. em<br />

1997, é extinta a CMP e a 1ª BBF<br />

é transferida de s. Jacinto para<br />

Missão<br />

“O Regimento de infantaria<br />

10 garante a prontidão do<br />

2BiPara de acordo com os<br />

padrões superiormente definidos;<br />

assegura os serviços<br />

gerais da Unidade, a conservação<br />

das instalações e<br />

manutenção do material e<br />

equipamento; À ordem colabora<br />

em acções no âmbito<br />

das OMiP; Prepara-se para<br />

garantir o aprontamento de<br />

outras Forças para missões<br />

específicas e superiormente<br />

determinadas.”<br />

Leiria.<br />

Em 2006, a actual Lei Orgânica<br />

do exército 7 extingue os Comandos<br />

territoriais e de natureza territorial,<br />

incluindo o Comando de<br />

7 Decreto-Lei nº61/2006, de 21 Março.<br />

tropas aerotransportadas, do qual<br />

a aMsJ dependia. igualmente,<br />

em virtude desta reestruturação,<br />

é extinta a Bai, sendo em sua<br />

substituição criada a Brigada de<br />

Reacção Rápida, com o Comando<br />

em tancos e da qual a Unidade sedeada<br />

em s. Jacinto passa a depender<br />

hierarquicamente.<br />

A nova Lei Orgânica do<br />

exército altera também as designações<br />

de algumas Unidades,<br />

pelo que, desde 01 de Julho de<br />

2006, a aMsJ passou a designarse<br />

Regimento de infantaria Nº 10<br />

(Ri10), sendo uma das Unidades<br />

Regimentais da Brigada de<br />

Reacção Rápida.<br />

O 2º Batalhão de Infantaria<br />

Pára-quedista (2BIPara)<br />

aquartelado no Ri10 o 2BiPara<br />

é uma força de infantaria ligeira,<br />

vocacionada para as operações<br />

convencionais, com capacidade de<br />

projecção imediata e elevado estado<br />

de prontidão, caracterizando-se<br />

pela concentração de potencial de<br />

combate, rapidez na acção e flexibilidade,<br />

dotadas de capacidade de<br />

inserção no teatro de Operações<br />

através de salto em pára-quedas.<br />

está equipado com armamento<br />

ligeiro moderno e específico das<br />

tropas Pára-quedistas, de onde<br />

se destacam os Morteiros 60 e<br />

81 milímetros de longo alcance, o<br />

sistema anti-carro MiLaN, o canhão<br />

sem recuo CaRL GUstaF e


Vista aérea da unidade e áreas de instrução e treino operacional<br />

Quase um século de história, a ostentação de ser a única Unidade das Forças Armadas Portuguesas que pertenceu<br />

aos seus três Ramos, assim como o singelo garbo, da condição única de presença em todos os Teatros de Operações<br />

em que estas estiveram envolvidas.<br />

Nº 192 DEC11<br />

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14<br />

a espingarda automática GaLLiL<br />

de calibre 5,56 milímetros (calibre<br />

NatO).<br />

Missão<br />

“O 2º Batalhão de infantaria<br />

Pára-quedista executa operações<br />

de assalto aéreo através<br />

de salto táctico em pára-quedas<br />

ou desembarque de assalto<br />

para conduzir operações<br />

de combate convencionais em<br />

áreas sensíveis ou negadas.<br />

Quando reforçado com meios<br />

de apoio adicionais, executa<br />

todo o espectro de missões<br />

de um Batalhão de infantaria.”<br />

Força de elevado grau de<br />

prontidão operacional, o 2BiPara,<br />

dando continuidade à exigência do<br />

Nº 192 DEC11<br />

treino operacional, apanágio das<br />

tropas pára-quedistas, tem participado<br />

em inúmeros exercícios<br />

nacionais e internacionais, no âmbito<br />

da OtaN e eUROFOR, assim<br />

como em cooperações bilaterais<br />

com países amigos. Neste contexto,<br />

além dos exercícios sectoriais<br />

do Batalhão, exercício aRes,<br />

tem participado anualmente no<br />

exercício sectorial da Brigada de<br />

Reacção Rápida, aPOLO8 , no exercício<br />

da série ORiON do exército<br />

<strong>Português</strong>, no exercício conjunto<br />

da Força aérea portuguesa, ReaL<br />

tHaW, assim como em exercícios<br />

8 O exercício aPOLO sucedeu ao<br />

exercício anual da série JUPÍteR que<br />

tinha por finalidade exercitar e testar a<br />

força operacional do CtP, a BRiPaRas,<br />

culminando o ciclo anual de instrução de<br />

quadros e praças.<br />

Desfile do 2BIPara armado e equipado no Parque das<br />

Nações nas comemorações do dia do exército em 1999<br />

Salto de abertura automática do C-212 para<br />

zona de lançamento de S. Jacinto<br />

combinados e cooperações bilaterais,<br />

nomeadamente com forças<br />

pára-quedistas de espanha, de<br />

itália e da Bélgica.<br />

O 2BiPara enriqueceu o historial<br />

do exército nos caminhos da paz<br />

efectuando por 7 (sete) vezes o ciclo<br />

de Força Nacional Destacada,<br />

envolvendo mais de 2400 dos<br />

seus efectivos. É de realçar que<br />

a 16 de Janeiro de 1996, pela primeira<br />

vez desde o final da Grande<br />

Guerra, em 1918, uma unidade de<br />

combate de escalão Batalhão das<br />

Forças armadas Portuguesas, o<br />

então 2ºBiat, voltava a actuar no<br />

continente europeu, nos Balcãs<br />

na Bósnia-Herzegovina, assumindo<br />

de pleno direito as suas responsabilidades<br />

com a aliança<br />

azimute<br />

Atlântica.


Comemorou-se uma vez mais a 14 de agosto de 2011<br />

o dia da arma de infantaria e da sua escola Prática,<br />

numa evocação e homenagem ao seu patrono, D.<br />

Nuno alvares Pereira (são Nuno de santa Maria) e<br />

a todos os valorosos soldados que desde aljubarrota<br />

têm afirmado Portugal como uma Nação livre e<br />

independente.<br />

a cerimónia foi presidida por sua ex.ª o Ministro<br />

da Defesa Nacional, Dr José Pedro aguiar Branco<br />

e contou com a presença de sua ex.ª o Chefe do<br />

estado Maior do exército, General José Luís Pinto<br />

Ramalho e do Presidente da Câmara Municipal de<br />

Mafra. estiveram ainda presentes altas entidades da<br />

estrutura superior do exército, das Forças armadas,<br />

Forças de segurança e representações das Unidades<br />

14 de Agosto, Dia da Infantaria<br />

de infantaria.<br />

O programa das comemorações contou com as<br />

seguintes actividades centrais<br />

• Missa de acção de Graças<br />

• Guarda de Honra à chegada de Sua Excelência o<br />

Ministro da Defesa Nacional à escola Prática de<br />

infantaria<br />

• Parada Militar no terreiro D. João v presidida por<br />

Sua Excelência o Ministro da Defesa Nacional<br />

• Ponto de imprensa<br />

• inauguração da exposição subordinada ao tema –<br />

“EPI – Escola no caminho da modernização ao nível<br />

das Pessoas, dos Processos, da Tecnologia e da<br />

Formação”.<br />

• almoço Convívio no Refeitório dos Frades<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

16<br />

Senhor Chefe de Estado-maior<br />

do <strong>Exército</strong>,<br />

Distintas e distintos convidados,<br />

Senhoras e senhores,<br />

Comemora-se hoje o Dia da<br />

infantaria portuguesa. Mas comemora-se,<br />

também, o aniversário da<br />

Batalha de aljubarrota. Há 626 anos,<br />

não muito longe daqui, um punhado<br />

de voluntários, homens livres, enfrentou<br />

a melhor cavalaria de então<br />

naquilo que todos consideravam ser<br />

uma batalha perdida. Diziam os sábios<br />

da época que nunca uma força<br />

de infantaria seria capaz de resistir<br />

a um ataque frontal da cavalaria<br />

pesada.<br />

Naquele final de tarde provou-<br />

-se que os sábios estavam errados.<br />

Uma vez mais errados. Contra todas<br />

as probabilidades o quadrado resistiu.<br />

O dia não foi dos condestáveis,<br />

da alta nobreza nos seus cavalos<br />

ou dos sábios cheios de certezas.<br />

O dia foi dos peões. Dos infantes.<br />

e foram esses homens, os vossos<br />

homens, que ensinaram uma lição<br />

a este país. Uma lição que não podemos<br />

esquecer. ensinaram-nos<br />

que o engenho é mais do que os<br />

meios, que a determinação é mais<br />

do que a sorte, que o querer é mais<br />

do que o fausto de um estandarte.<br />

ensinaram-nos que com pouco se<br />

faz muito.<br />

O dia, repito, foi dos peões. Dos<br />

infantes. Dos vossos infantes. Da<br />

gente boa que ali estava. Não pelas<br />

honrarias mas somente pela honra<br />

de ali estar.<br />

Senhor Chefe de Estado-maior<br />

do <strong>Exército</strong>,<br />

Distintas e distintos convidados,<br />

Senhoras e senhores,<br />

Infantes,<br />

esta semana tomámos uma série<br />

de medidas difíceis. O congelamento<br />

da progressão das carreiras,<br />

os cortes na despesa, a suspensão<br />

da abertura do primeiro ciclo<br />

Nº 192 DEC11<br />

Intervenção de Sua Ex. a Ministro da Defesa Nacional<br />

do ensino básico<br />

no Colégio Militar.<br />

Podia não estar presente<br />

nesta cerimónia.<br />

seria, porventura,<br />

mais cómodo.<br />

evitaria o risco de<br />

ouvir algumas críticas.<br />

Umas compreensíveis<br />

e justas<br />

outras nem tanto.<br />

Mas o comodismo<br />

não pode tomar o lugar da lealdade<br />

e da frontalidade. Porque são estes<br />

os valores que orientam as Forças<br />

Armadas e inspiram a confiança. A<br />

confiança no camarada que, lado a<br />

lado, nas horas difíceis nos estimula<br />

a vencer. Por causa disso fiz questão<br />

de aqui estar hoje. Quando me<br />

convidaram para Ministro da Defesa<br />

Nacional conhecia as dificuldades<br />

da missão que me entregavam.<br />

sabia o que era preciso fazer e o<br />

que estava em causa. e aceitei ser<br />

vosso ministro. Com a mesma vontade<br />

que me motivou a estar aqui<br />

hoje. Digo-vos que esta semana tomámos<br />

medidas difíceis. Digo-vos<br />

também que só estamos no princípio.<br />

Perguntam-me muitas vezes<br />

se podemos vir a cometer alguma<br />

injustiça neste caminho. Não vos<br />

posso garantir que isso não aconteça.<br />

O que vos posso garantir é que<br />

aqui estarei para as corrigir se for<br />

caso disso.<br />

O que vos passo e quero, sobretudo,<br />

garantir é que não iremos<br />

adiar problemas. Fingir que não<br />

existem. esperar que se resolvam<br />

sozinhos. Não vou fazer isso. Não<br />

sei fazer isso. e por isso vos digo,<br />

também, que o anterior governo<br />

deve um pedido de desculpas às<br />

Forças armadas.<br />

Senhor Chefe de Estado-maior<br />

do <strong>Exército</strong><br />

Distintas e distintos convidados,<br />

Senhoras e senhores,<br />

Infantes,<br />

© M.Coutinho<br />

Hoje, em Portugal, já não estamos<br />

a discutir política, doutrina ou<br />

ideologia. Já não estamos a discutir<br />

nada disso. estamos a discutir algo<br />

que é muito mais básico na sua essência.<br />

Todos sabemos que o país<br />

precisa destas medidas, de mais<br />

este esforço adicional. As dificuldades<br />

que nos esperam, o objectivo<br />

que temos, é uma missão que é de<br />

todos. Civis ou militares. e vamos<br />

cumpri-la. Não será o ministério da<br />

defesa nacional, não será o Ministro<br />

da Defesa Nacional, não serão as<br />

forças armadas que vão falhar ao<br />

país. a mim, civil, vosso ministro,<br />

disseram-me na primeira vez que fiz<br />

o caminho para o Restelo: “só se é<br />

verdadeiramente militar quando se<br />

é soldado. só se é soldado quando<br />

sem olhar a medos se responde<br />

presente”. Na altura não imaginava<br />

quao exigente é dar na prática sentido<br />

a esta máxima. Hoje, apenas dois<br />

meses depois, julgo já estar a beber<br />

do seu significado. Do seu verdadeiro<br />

significado. Tenho a certeza que<br />

as forças armadas, e o exército em<br />

particular, serão capazes de cumprir<br />

as missões que lhe estão confiadas.<br />

independentemente das adversidades,<br />

independentemente das<br />

dificuldades. Independentemente<br />

dos meios que tenha à sua disposição.<br />

Nesta hora crítica para a nossa<br />

Pátria, tenho a certeza que, tal<br />

como há 626 anos, todos seremos<br />

infantes dignos da nossa história.<br />

todos saberemos, sem olhar a medos,<br />

responder presente ao serviço<br />

de Portugal<br />

Disse.


Intervenção do Ex. mo Diretor Honorário da Arma de Infantaria<br />

Senhor Ministro da Defesa<br />

Nacional<br />

Senhor General Chefe do<br />

Estado Maior do <strong>Exército</strong><br />

Senhor Presidente da Câmara<br />

Municipal de Mafra<br />

Ilustres convidados<br />

Infantes<br />

O estrato do poema que acabo<br />

de ler, intitulado “Homenagem<br />

à infantaria”, é da autoria de um<br />

distinto oficial de cavalaria, de seu<br />

nome Roberto Durão, que o escreveu<br />

para homenagear a infantaria,<br />

a Rainha das armas, que hoje<br />

comemora o seu Dia evocando<br />

o feito de aljubarrota, onde todos<br />

os combatentes actuaram como<br />

infantes. este poema traduz, de<br />

forma sublime, o espírito, o sentimento,<br />

a inabalável força interior, e<br />

a conduta firme e determinada dos<br />

soldados anónimos que pertencem<br />

à infantaria. efectivamente,<br />

do soldado de infantaria sempre<br />

“(…) Só quem soube sofrer, pode sonhar.<br />

Só quem soube lutar, sabe vencer.<br />

Só quem soube amar, sabe morrer e renascer<br />

e, entretanto, rir e confraternizar…<br />

“Mas, afinal, quem soeis?<br />

A que raça de heróis ou loucos pertenceis?”<br />

Vós me respondereis:<br />

“Nós somos os infantes, os verdadeiros conquistadores.<br />

Criámos e desbravámos esta Pátria;<br />

Estivemos em Ourique, em Aljubarrota,<br />

em Alcácer – Quibir,<br />

na vitória e na derrota,<br />

sem nunca desistir …<br />

É isto que nos faz<br />

fortes e humildes<br />

serenos e confiantes<br />

seja na guerra ou na paz.<br />

É esta teimosia em nunca desistir,<br />

em querer sempre ter esperança,<br />

em saber chorar e rir<br />

pois nenhum fracasso nos causa..<br />

e a vida por nós passa<br />

transfigurando em glória a própria desgraça.<br />

Perdoem-nos este “desplante”;<br />

Cristo, se fosse militar,<br />

seria infante! (…)”<br />

Estrato do poema “Homenagem à Infantaria”<br />

se esperou a<br />

serenidade na<br />

desordem, a fé<br />

inabalável no<br />

seio da descrença,<br />

a esperança<br />

ilimitada no meio<br />

do desespero.<br />

as suas singulares<br />

qualidades<br />

morais sempre<br />

foram um factor<br />

diferenciador e<br />

potenciador da sua acção. a sua<br />

resistência ao sofrimento, a sua<br />

habilidade no combate, a sua tenacidade<br />

e vontade de vencer, ditaram<br />

em todos os casos a sorte<br />

das batalhas, que é afinal a sorte<br />

da própria guerra.<br />

Mas, se como disse Roberto<br />

Durão, em aljubarrota todos foram<br />

infantes, no mundo actual tal já<br />

não se nos afigura como possível.<br />

Naquele tempo, a escolha judiciosa<br />

do terreno, a capacidade<br />

de aguentar<br />

o poder de choque do<br />

adversário, a coesão<br />

e precisão do fogo<br />

do defensor, aliados<br />

a uma vontade férrea<br />

de querer continuar a<br />

ser <strong>Português</strong>, foram<br />

factores suficientemente<br />

catalisadores<br />

da diferença operacional<br />

que levaria ao<br />

sucesso.<br />

Hoje, o infante,<br />

para além dos seus<br />

atributos de sempre<br />

a que já anteriormente<br />

aludimos, tem<br />

de ser detentor de<br />

uma grande mobilidade,<br />

versatilidade,<br />

agilidade e potência<br />

de fogo, disponíveis<br />

© M.Coutinho<br />

designadamente através dos novos<br />

armamentos, viaturas blindadas<br />

e helicópteros, permitindo-lhe<br />

conduzir, com êxito, as operações<br />

em que se insere.<br />

a infantaria não pode, porém,<br />

lutar só, de forma isolada. ela precisa<br />

de sentir à sua volta o calor<br />

amigo e o apoio forte dos militares<br />

da Força aérea, dos marinheiros,<br />

dos artilheiros, dos cavaleiros<br />

blindados e dos diversos serviços<br />

de apoio, sem os quais ela não<br />

pode mover-se, disparar, viver e<br />

comunicar.<br />

O infante, mais do que nenhum<br />

outro soldado, necessita de todo o<br />

apoio que lhe possa ser fornecido,<br />

tornando menos árduas as suas difíceis<br />

e complexas tarefas e maior<br />

a probabilidade de poder sobreviver<br />

no campo de batalha.<br />

Mas, não será demais recordar<br />

que, se o marinheiro depende do<br />

seu navio, o aviador do seu avião,<br />

o artilheiro do seu obús e o cavaleiro<br />

do seu carro de combate, o<br />

infante depende, apenas, no último<br />

e verdadeiro momento em que<br />

vê o inimigo cara a cara, do automatismo<br />

dos seus reflexos duramente<br />

treinados, da firmeza do seu<br />

espírito e da força da sua coragem.<br />

É nisto que se funda, afinal, a verdadeira<br />

grandeza da infantaria.<br />

É esta grandeza que temos<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

17


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

18<br />

testemunhado nos diversos teatros<br />

de operações em que a infantaria<br />

tem vindo continuadamente a reforçar<br />

a credibilidade e o prestígio<br />

do exército e de Portugal, nos<br />

Balcãs, no Médio Oriente e em<br />

África, fazendo uso das suas mais<br />

profundas forças morais, pautando<br />

a sua actuação por elevados<br />

padrões de desempenho, ao nível<br />

dos seus congéneres aliados,<br />

dando um visível e notório contributo<br />

para a segurança alargada da<br />

Nação no seio da Aliança Atlântica<br />

e para a defesa dos superiores<br />

interesses nacionais, aquém e<br />

Discurso do Coronel de<br />

infantaria Jorge Manuel Barreiro<br />

saramago nas comemorações do<br />

14 de agosto, Dia da infantaria e<br />

da escola Prática de infantaria<br />

“Excelentíssimo Senhor<br />

Ministro da Defesa Nacional,<br />

Excelência,<br />

a presença do Ministro da<br />

Defesa nesta cerimónia constitui<br />

para nós um inequívoco sinal do<br />

interesse pelo acompanhamento<br />

das actividades desenvolvidas<br />

pelo exército e em particular pelas<br />

suas realizações nas áreas<br />

da Formação, treino, emprego<br />

Operacional, Cooperação técnico-<br />

Militar e apoio à investigação e<br />

Desenvolvimento, que se constituem<br />

como algumas áreas de actividade<br />

em que a escola Prática de<br />

infantaria colabora ao serviço do<br />

exército e de Portugal.<br />

Excelentíssimo Senhor<br />

General Chefe do Estado-Maior<br />

do <strong>Exército</strong>,<br />

Excelência,<br />

Os militares e civis que devotada<br />

e afeiçoadamente servem nesta<br />

escola Prática sentem-se, uma vez<br />

mais, altamente distinguidos com a<br />

presença de v. exa. que interpretam<br />

como um sinal de confiança e<br />

camaradagem, que marcadamente<br />

Nº 192 DEC11<br />

além-fronteiras, numa demonstração<br />

inequívoca de competência e<br />

de saber fazer. a todos os infantes<br />

o sincero e reconhecido agradecimento<br />

do Director-Honorário<br />

da arma, que incontornavelmente<br />

estendo a todos os vossos familiares<br />

– pelas angústias e ansiedades<br />

acrescidas, pelo primado do serviço<br />

em detrimento da família, pelo<br />

indispensável apoio de retaguarda,<br />

enfim, pelas exigências inerentes à<br />

condição militar.<br />

Nos tempos que se seguem não<br />

esperamos menos dos infantes.<br />

Pelo contrário, a actual conjuntura<br />

Intervenção do Comandante da Escola Prática de Infantaria<br />

nos sensibiliza<br />

e reconhecidamenteagradecemos,<br />

mas<br />

também como<br />

um sinal do<br />

acompanhamento<br />

próximo,<br />

e permanente<br />

cuidado de<br />

v. exa., com a<br />

adequação e<br />

aperfeiçoamento<br />

técnico e tecnológico<br />

dos recursos disponíveis para<br />

a Formação, constituindo-se para<br />

nós num incentivo para continuar<br />

a bem servir o exército no cumprimento<br />

das missões que nos são<br />

superiormente atribuídas.<br />

Excelentíssimo Senhor<br />

Presidente da Câmara Municipal<br />

de Mafra,<br />

a presença de v. exa. neste dia<br />

é por nós muito apreciada e reconhecida<br />

como uma manifestação<br />

da fácil e frutuosa ligação entre<br />

a instituição militar e a sociedade<br />

que nos envolve no concelho de<br />

Mafra.<br />

a escola Prática de infantaria<br />

realça com sentida gratidão e,<br />

grande apreço a elevada disponibilidade<br />

de v. exa. para a<br />

continuará a exigir de todos nós<br />

sacrifícios acrescidos e uma entrega<br />

ainda maior, que façamos mais<br />

e melhor com menos recursos, que<br />

mantenhamos a excelência como<br />

padrão de actuação, para que possamos<br />

dar continuidade e elevar<br />

bem alto as tradições e os pergaminhos<br />

da arma de infantaria.<br />

Por tudo isto somos obrigados<br />

a reconhecer e a afirmar publicamente,<br />

para terminar,<br />

BeM HaJas iNFaNte!<br />

viva a iNFaNtaRia!<br />

© M.Coutinho<br />

cooperação que se desenvolveu e<br />

da qual, em conjunto muito temos<br />

beneficiado ao longo dos últimos<br />

anos.<br />

através de v. exa. saudamos<br />

todas as entidades do concelho e<br />

da autarquia que superiormente<br />

dirige. Bem hajam por se juntarem<br />

a nós neste dia de especial significado<br />

para a nossa escola Prática.<br />

Excelentíssimo Senhor<br />

Tenente-General Director<br />

Honorário da Arma de Infantaria,<br />

Meu General,<br />

sentimos com elevada honra<br />

e pundonor a presença do meu<br />

General, em quem todos os infantes<br />

actualmente se revêem, cumprindo<br />

as missões que lhes foram atribuídas<br />

em território Nacional ou a milhares<br />

de quilómetros de distância


ao serviço da Pátria. Na pessoa do<br />

meu General saudamos todos os<br />

antigos Directores da nossa arma,<br />

Comandantes das Unidades de<br />

infantaria e todos os infantes que<br />

neste dia evocam os valores e as<br />

tradições que nos caracterizam.<br />

Excelentíssimo Senhor<br />

Tenente-General Comandante da<br />

Instrução e Doutrina do <strong>Exército</strong>,<br />

Meu General,<br />

Neste dia festivo, apraz-nos salientar<br />

que apesar do curto período<br />

de tempo decorrido desde que o<br />

meu General assumiu as actuais<br />

funções, sentimos a presença activa<br />

e orientadora de v. exa., incutindo-nos<br />

confiança e esperança<br />

no futuro para nos assegurar os recursos<br />

adequados ao cumprimento<br />

das missões, para nos definir critérios<br />

de rigor e de exigência e para<br />

nos manifestar o reconhecimento<br />

pelas realizações de sucesso.<br />

através de v. exa. saúdo todos<br />

os Senhores Oficiais Generais<br />

Comandantes dos Órgãos Centrais<br />

de administração e Direcção e da<br />

academia Militar, registando com<br />

apreço a distinção com que nos<br />

quiseram honrar ao associarem-<br />

-se a esta cerimónia que interpretamos<br />

não só pela importância e<br />

transversalidade da formação mas<br />

também pelo espírito aglutinador<br />

do exército.<br />

Excelentíssimo Senhor<br />

Major-General Director da<br />

Formação,<br />

Meu Comandante,<br />

O acompanhamento próximo e<br />

constante que o meu General nos<br />

tem dedicado, de dia e de noite,<br />

nos momentos de comemoração<br />

e nos momentos de intensa actividade<br />

prática, fazem-nos sentir,<br />

por um lado, a importância que o<br />

exército, atribui à formação dos<br />

seus Quadros e tropa, como elemento<br />

central da qualidade das<br />

nossas Unidades Operacionais<br />

e da excelência do Soldado de<br />

Portugal e por outro, maior confiança<br />

e segurança na justeza do<br />

nosso contributo para as metas<br />

que nos são fixadas pelo <strong>Exército</strong>.<br />

Pode o meu General continuar<br />

a contar com a total disponibilidade<br />

e empenhamento de todos quantos<br />

devotadamente servem nesta<br />

escola.<br />

Exmos. Senhores Oficiais antigos<br />

Comandantes da Escola<br />

Prática de Infantaria<br />

a vossa presença é o testemunho<br />

do apego que é sentido por<br />

quem serve nesta grande Casa,<br />

em todas as suas dimensões.<br />

Hoje, posso afirmar que sei o que<br />

é esse sentir, bem como o que<br />

significa o peso e o valor destas<br />

paredes de história e de tradição<br />

que foram também abrigo de todos<br />

quantos nos antecederam e onde<br />

se escreveram páginas que marcaram<br />

de forma indelével a nossa<br />

história. esperamos ter feito jus ao<br />

privilégio que nos foi concedido<br />

para aqui servir e ao legado que<br />

nos foi deixado por v. exas.<br />

Concluindo nos próximos dias<br />

o exercício das minhas funções,<br />

passo o testemunho com os mais<br />

sinceros e profundos votos de sucesso<br />

ao nosso novo Comandante,<br />

Cor Boga Ribeiro.<br />

Exmos. Senhores Oficiais<br />

Generais<br />

Autoridades Civis, Militares e<br />

Religiosas,<br />

Ilustres Convidados<br />

Infantes,<br />

Em finais de Julho de 1385,<br />

Portugal vivia um dos momentos<br />

mais difíceis da sua história. O<br />

<strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> estava reunido<br />

em abrantes, e ali discutia-se a<br />

táctica da guerra, havendo divergências<br />

quanto às modalidades de<br />

acção a seguir, mas Nuno Álvares<br />

Pereira, jovem capitão, cansado da<br />

retórica toma a iniciativa, decide<br />

fazer acontecer e avança contra o<br />

inimigo tornando-se o principal responsável<br />

pela continuidade e definitiva<br />

afirmação de Portugal como<br />

Nação e independente.<br />

assim podíamos começar a<br />

contar a página de glória, talvez<br />

uma das mais heróicas da nossa<br />

história que hoje celebramos – a<br />

Batalha de aljubarrota. a diferença<br />

esteve na capacidade de liderança<br />

do seu Comandante e no<br />

crer de um punhado de soldados<br />

na defesa de um pedaço de terra<br />

por que se é capaz de morrer ⎯ a<br />

Pátria, no génio de Miguel torga,<br />

preservando a independência de<br />

Portugal com a dádiva de sangue<br />

e de sacrifício dos seus soldados.<br />

são estes valores de devoção<br />

à Pátria, de humildade, de espírito<br />

de sacrifício e abnegação que caracterizam<br />

o soldado de Portugal,<br />

que continuam a ser o culto dos<br />

infantes de hoje e com os quais<br />

através de uma liderança forte,<br />

do fazer acontecer, que trazemos<br />

para o presente na formação dos<br />

jovens líderes da infantaria.<br />

Fundados na solidez dos valores<br />

que a tradição histórica nos<br />

transmite e nas paredes deste convento,<br />

onde com orgulho e coesão<br />

servimos a infantaria e o exército,<br />

evocamos também hoje a carta de<br />

lei de 22 de agosto de 1887, determinando<br />

a criação da escola<br />

Prática de infantaria e Cavalaria<br />

em Mafra, dando início a uma presença<br />

contínua e organizada dos<br />

militares nesta vila, em perfeita<br />

harmonia com as suas gentes, que<br />

neste mesmo dia 14 de agosto,<br />

mas de 1887, levou uma representação<br />

de Mafrenses a agradecer a<br />

el-Rei D. Luís i, o benefício que a<br />

terra acabara de receber.<br />

Militares e Civis da Escola<br />

Prática de Infantaria,<br />

Na passagem de mais um ano<br />

de actividade orientado para a excelência,<br />

justifica-se apresentar um<br />

balanço das actividades desenvolvidas,<br />

nos últimos 12 meses, numa<br />

retrospectiva que se pretende não<br />

exaustiva, mas que releve suficientemente<br />

a dimensão do nosso trabalho,<br />

em prol do cumprimento da<br />

missão da infantaria e do exército.<br />

Continuamos a orientar as nossas<br />

prioridades para a primeira das<br />

tarefas explícitas da nossa Missão<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

19


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

20<br />

– ministrar formação – dando cumprimento<br />

às directivas e orientações<br />

superiormente recebidas.<br />

a escola Prática de infantaria<br />

é uma entidade de Formação<br />

de Qualidade, Certificada pela<br />

Direcção de serviços de Qualidade<br />

e acreditação, que tendo visto, no<br />

corrente ano mais uma vez homologado<br />

e reconhecido, o seu Curso<br />

de Formação Pedagógica inicial de<br />

Formadores, iniciou o desenvolvimento<br />

de uma profunda actividade<br />

de reforma dos processos de<br />

funcionamento agora ao nível das<br />

actividades de apoio à Formação,<br />

conscientes que estamos de que o<br />

sucesso é determinado pela aptidão<br />

de satisfazer as necessidades<br />

e expectativas, da infantaria e do<br />

exército, no domínio da Formação<br />

de forma sustentada e equilibrada.<br />

Deste modo, tendo como horizonte<br />

a sua Certificação já no próximo<br />

ano lectivo, como organização<br />

de Gestão Global pela Qualidade<br />

e Excelência, reformularam-se os<br />

processos de trabalho necessários<br />

à conformidade com as normas<br />

isO 9001 e 9004, aproveitando-se<br />

as sinergias resultantes das múltiplas<br />

vertentes tecnológicas que<br />

possuímos em plena produção,<br />

mas também as resultantes da plataforma<br />

de e-learning do exército,<br />

que nos vieram permitir uma ligação<br />

mais eficiente aos alunos dos<br />

diversos cursos de que somos<br />

responsáveis e, dessa forma, nos<br />

possibilitaram que organizássemos<br />

o trabalho e concentrássemos<br />

o nosso esforço nessas reformas<br />

indispensáveis.<br />

Queremos manifestar o nosso<br />

reconhecimento pelo precioso<br />

apoio que permanentemente<br />

nos foi prestado pelo Comando<br />

da Logística, especialmente através<br />

da sua Direcção de Material<br />

e transportes e Direcção de infraestruturas,<br />

que nos permitiu modernizar<br />

diversas áreas funcionais,<br />

mas também ao Comando do<br />

Pessoal através da sua Direcção<br />

de administração de Recursos<br />

Nº 192 DEC11<br />

Humanos que nos assegurou os<br />

efectivos necessários para concretizar<br />

os objectivos que fixámos<br />

para o ano de actividade que hoje<br />

encerramos.<br />

Com essas condições, orientamos<br />

o nosso esforço para a obtenção<br />

de maior eficiência ao longo de<br />

quatro eixos:<br />

- Pelas pessoas: melhorando<br />

as condições de trabalho e de vida<br />

interna, e criando novas oportunidades<br />

de formação e de experiência<br />

profissional, mas também através<br />

de uma cultura de exigência<br />

e de responsabilidade colectiva e<br />

individual bem patente nos resultados<br />

e objectivos alcançados;<br />

- Pelos processos: modernizando<br />

e implementando novas formas<br />

de planeamento, gestão e controlo,<br />

confrontando sempre a nossa<br />

actividade com os resultados obtidos,<br />

através de avaliações globais<br />

periódicas;<br />

- Pelos recursos materiais e financeiros:<br />

efectuando a adequada<br />

manutenção ou a oportuna substituição<br />

do material desnecessário<br />

ou obsoleto e obtendo mais-valias<br />

de poupanças que nos permitiram<br />

fazer muito mais com menos.<br />

- Pelas infra-estruturas: modernizando<br />

e requalificando instalações,<br />

sempre no respeito pelas<br />

características patrimoniais do<br />

convento, criando as condições<br />

necessárias para melhorar a produtividade<br />

pela introdução de novos<br />

processos que incrementem a<br />

eficiência do trabalho;<br />

Relativamente às tarefas que<br />

compõem a nossa Missão, no<br />

estrito âmbito do programar, planear,<br />

conduzir, executar e avaliar<br />

a formação, realizámos todas as<br />

acções inicialmente previstas, no<br />

âmbito da formação dos Oficiais e<br />

sargentos do Quadro Permanente<br />

e do Regime de voluntariado e<br />

contrato e também das Praças;<br />

Qualificamos Oficiais e<br />

sargentos do exército, nas áreas<br />

do tiro, do combate em áreas edificadas,<br />

das operações de apoio à<br />

paz, da formação de formadores<br />

e do diagnóstico, planeamento e<br />

avaliação da formação, domínios<br />

em que somos entidade técnica<br />

Responsável. adicionalmente,<br />

colaboramos na formação de<br />

quadros e praças para as Forças<br />

Nacionais Destacadas e para as<br />

NatO Response Forces e Battle<br />

Group, e também na formação<br />

dos Cadetes da academia Militar<br />

e dos jovens sargentos da escola<br />

de sargentos do exército e ainda<br />

no apoio ao treino Operacional<br />

dos contingentes multinacionais<br />

do allied Joint Force Command<br />

Lisbon, para resumir apenas algumas<br />

das mais significativas.<br />

No âmbito da Cooperação<br />

técnico-Militar apoiamos e ministramos<br />

acções de formação<br />

na República de angola e na<br />

República Democrática de timor-<br />

Leste; no âmbito das Forças<br />

Nacionais Destacadas conduzimos<br />

no Uganda uma missão a<br />

favor da formação do exército<br />

da somália e estivemos presentes<br />

no afeganistão na missão<br />

international security assistance<br />

Force, onde com novos processos<br />

e tecnologias educativas ao<br />

serviço da formação, maximizamos<br />

externamente e internamente<br />

a nossa actuação, com base em<br />

abordagens realistas e sustentadas<br />

em dinâmicas impulsionadoras<br />

de uma transformação autêntica<br />

para melhor servir o exército<br />

e Portugal fazendo mais e melhor.<br />

No âmbito das actividades de<br />

Formação, executámos a revisão<br />

da totalidade dos referenciais dos<br />

cursos à nossa responsabilidade,<br />

actividade que se concluiu no passado<br />

mês de Julho com o envio ao<br />

Comando da instrução e Doutrina<br />

do 25º referencial. De entre estes,<br />

destacamos o relativo ao Curso de<br />

apoio de Combate destinado aos<br />

jovens alferes de infantaria, que<br />

só foi possível com a incorporação<br />

das lições aprendidas que a realização<br />

do primeiro curso permitiu,<br />

e por isso queremos reconhecer o


apoio imediato do Comando das<br />

Forças terrestres através da sua<br />

Brigada Mecanizada, pois sem<br />

ele não nos teria sido possível<br />

concretizá-lo.<br />

No domínio da Doutrina da<br />

arma e estudos técnicos, foram<br />

elaborados 16 novos manuais<br />

técnicos e tácticos que serão disponibilizados<br />

através da rede de<br />

dados do exército, incluindo já as<br />

respectivas versões em formato<br />

e-book, dos quais destacamos<br />

o Manual PaNDUR Pelotão e<br />

secção de atiradores por ter sido<br />

o único realizado em colaboração<br />

com o Regimento de infantaria<br />

13, Regimento de infantaria 14<br />

e Regimento de Cavalaria 6.<br />

Relevamos ainda a realização<br />

das Jornadas de infantaria, este<br />

ano dedicadas ao Combate e as<br />

Operações Futuras nos baixos<br />

escalões tácticos de infantaria, e<br />

que se constituem como elemento<br />

incontornável da reflexão da nossa<br />

arma e garante da sua modernidade<br />

operacional, que nos permitirá<br />

no próximo ano lectivo prosseguir<br />

a actualização técnica e táctica do<br />

emprego dos diversos escalões<br />

das nossas Unidades.<br />

Conduzimos ainda ao longo<br />

deste ano uma grande diversidade<br />

de realizações e apoios a entidades<br />

externas que mereceram o<br />

reconhecimento dos intervenientes<br />

e das gentes da região, portugueses<br />

que nos envolvem, respeitam<br />

e acarinham.<br />

De entre as centenas de actividades<br />

relevo as acções de formação<br />

para os quadros superiores do<br />

BPi e da volkswagen autoeuropa,<br />

mas também o apoio a actividades<br />

culturais em parceria com a<br />

Câmara Municipal e com o Palácio<br />

Nacional de Mafra e ainda inúmeras<br />

actividades de apoio a escolas<br />

secundárias, Universidades, associações<br />

culturais e desportivas e<br />

Grupos de escuteiros e de jovens,<br />

para além das acções de solidariedade<br />

social que nos orgulhamos<br />

de poder continuar a conduzir.<br />

Destacamos por fim nossa participação<br />

no esforço do exército<br />

no domínio da investigação e<br />

Desenvolvimento, através do contributo<br />

em projectos desenvolvidos<br />

por empresas e universidades,<br />

relevando os relativos a vidros balísticos,<br />

às novas fibras têxteis, à<br />

micro-geração energética portátil e<br />

ainda à robótica.<br />

Oficiais, Sargentos, Praças<br />

e Funcionários Civis da Escola<br />

Prática de Infantaria<br />

este foi um ano lectivo vivido<br />

intensamente por cada um de nós,<br />

num ambiente de forte coesão, camaradagem<br />

e identidade colectiva<br />

no seio da Família da infantaria,<br />

onde nos revemos no seu passado<br />

e nos valores e princípios<br />

que o seu Patrono são Nuno de<br />

santa Maria continua a inspirar.<br />

Permitam-me que publicamente<br />

testemunhe que têm fundadas,<br />

justificadas e visíveis razões para<br />

afirmar que cumpriram a missão.<br />

em vós está patente a prova<br />

de que o capital humano não pode<br />

ser contabilizados de forma puramente<br />

matemática, mas sim de<br />

forma bem mais complexa, onde<br />

a motivação, o sentido do dever,<br />

a coesão, a vossa disponibilidade,<br />

empenhamento e competência<br />

técnico-profissional, e atrevo-me<br />

a dizer o vosso apaixonado e abnegado<br />

apego pela nossa escola,<br />

são factores multiplicadores para<br />

as realizações de sucesso e do fazer<br />

acontecer.<br />

Não tenho dúvidas que cada<br />

um de nós se pretende continuar<br />

a rever numa escola Prática prestigiada<br />

e indiscutivelmente reconhecida<br />

pela qualidade da sua acção,<br />

através de um trabalho sério e rigoroso,<br />

com empenhamento sem<br />

reservas e com lealdade sem restrições<br />

ao serviço do exército e de<br />

Portugal.<br />

ser comandante de tal gente,<br />

que tudo dá, foi um privilégio e<br />

uma subida honra.<br />

excelentíssimo senhor Ministro<br />

da Defesa Nacional,<br />

excelentíssimo senhor General<br />

Chefe do estado-Maior do exército,<br />

Excelências,<br />

Podem continuar a contar com<br />

o dever, o saber e o querer fazer,<br />

da Casa-Mãe da infantaria, com<br />

dedicação, lealdade, disciplina e<br />

rigor para bem servir o exército e<br />

azimute<br />

Portugal.<br />

aD UNUM”<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

21


<strong>AZ</strong>IMUTE <strong>AZ</strong>IMUTE<br />

22<br />

Nº 192 DEC11<br />

Exposição do 14 de Agosto<br />

Processos, Formação e Inovação Tecnológica<br />

a exposição alusiva às cerimónias<br />

de 14 de agosto de 2011,<br />

repartida por seis expositores,<br />

procurou apresentar a missão<br />

da escola e as principais tarefas,<br />

processos e ferramentas<br />

de controlo para apoio à gestão<br />

dos seus recursos humanos, financeiros<br />

e materiais; processos<br />

tecnológicos de apoio aos processos<br />

formativos pelos quais a<br />

escola é responsável; e projetos<br />

de investigação e desenvolvimento<br />

que vem conduzindo com<br />

empresas e estabelecimentos de<br />

ensino superior contribuindo assim,<br />

ainda que indirectamente,<br />

para o desenvolvimento da tecnologia<br />

e economia nacional.<br />

No primeiro expositor foram<br />

apresentados o GaNtt<br />

PROJeCt e o FaCtUPLUs.<br />

O GaNtt PROJeCt é<br />

uma ferramenta eletrónica que<br />

a escola utiliza para garantir<br />

uma GestÃO GLOBaL PeLa<br />

QUaLiDaDe e eXCeLÊNCia,<br />

sendo a única forma para alocar<br />

pessoas e recursos e estabelecer<br />

dependencias entre<br />

tarefas que sejam concorrentes<br />

para projetos/objetivos comuns.<br />

Com a ferramenta de gestão<br />

FaCtUPLUs gerem-se recursos<br />

materiais para que com previsão<br />

e por antecipação haja assertividade<br />

na resposta às diferentes<br />

subunidades da escola, sendo<br />

possível ter uma clara visão, em<br />

tempo real, das existências em<br />

depósito. entretanto, a partir de<br />

requisições processadas electrónicamente,<br />

a resposta em tempo<br />

é assegurada, enquanto o controlo<br />

que é exercido por artigo<br />

permite estabelecer estimativas<br />

de consumo por subunidades.<br />

No expositor seguinte<br />

demonstrou-se o PORtaL<br />

COLaBORativO, o MOODLe e<br />

a plataforma aGa.<br />

O PORtaL COLaBORativO<br />

é uma ferramenta privilegiada<br />

para promoção do trabalho em<br />

equipa da escola e veículo essencial<br />

para a difusão de informação<br />

de interesse comum entre<br />

as diferentes subunidades da<br />

escola. Por exemplo, em termos<br />

de grupos de trabalho internos e<br />

externos, os militares participantes<br />

podem utilizar esta ferramenta<br />

para que à distância possam<br />

partilhar documentação de interesse<br />

comum e, em certa medida,<br />

organizar trabalho e sistematizar<br />

informação.<br />

Já com a plataforma<br />

MOODLe, ferramenta de trabalho<br />

essencial para que o aluno<br />

trabalhe ao seu rítmo, os conteúdos,<br />

presenciais e não presenciais<br />

destinados à formação, estão<br />

acessíveis ao aluno a partir<br />

de casa na iNteRNet.<br />

Por fim, com a plataforma<br />

TCor Inf Mário Álvares<br />

aGa – aplicação por Gestão<br />

de actividades, o Gabinete de<br />

Programação da escola optimiza<br />

recursos para apoio à formação,<br />

nomeadamente em termos de<br />

entidades responsáveis, infra-<br />

-estruturas e áreas de formação<br />

e materiais críticos, como viaturas<br />

ou armamento (no futuro<br />

pretende-se que possa gerir uma<br />

bolsa de formadores da escola).<br />

terminada a visão sobre alguns<br />

processos essenciais à<br />

formação e optimização de ferramentas<br />

de apoio à gestão e<br />

ação de direção e controlo foram<br />

apresentados alguns projetos de<br />

investigação e desenvolvimento<br />

que a escola vem desenvolvendo<br />

com empresas e outros estabelecimentos<br />

de ensino.<br />

Num primeiro expositor foram<br />

apresentadas as potencialidades<br />

de um mini unmanned aerial<br />

vehicle, também designado por<br />

Uav, sistema concebido pela empresa<br />

teKeveR e que a escola<br />

vem auxiliando a desenvolver<br />

e otimizar. Num outro expositor<br />

foi apresentado um sistema de<br />

apoio à formação em áreas edificadas<br />

que foi implementado pela<br />

empresa seGURteC que, para<br />

além de outras potencialidades<br />

como a segurança da área, permite<br />

a gravação de tácticas técnicas<br />

e procedimentos nos baixos<br />

escalões tácticos para posterior


análise e correcção.<br />

Ainda no âmbito da investigação<br />

e desenvolvimento<br />

tecnológico foram ainda apresentadas<br />

mais três parcerias:<br />

empresa viCeR, Projeto MeP<br />

e Universidade do Minho. Com<br />

a viCeR, empresa vocacionada<br />

para a indústria vidreira, a<br />

escola vem apoiando a testagem<br />

de vidros balísticos de acordo<br />

com padrões e requisitos de<br />

certificação da União Europeia.<br />

Com o projecto MeP, que envolve<br />

a teKeveR, instituto de<br />

Engenharia Mecânica e Gestão<br />

industrial e a aLMaDesiGN, a<br />

escola vem apoiando o desenvolvimento<br />

de tecnologia de micro-geração<br />

de energia.<br />

embora o projeto com a<br />

Universidade do Minho na área<br />

da proteção e sobrevivência ainda<br />

esteja a dar os primeiros passos,<br />

essa universidade esteve<br />

presente e apresentou novas fibras<br />

para a concepção de texteis<br />

inteligentes e interactivos, nano<br />

fibras, entre outros materiais.<br />

No penúltimo expositor foi efetuado<br />

um ponto de situação sobre<br />

a missão European Training<br />

Mission Somalia (também<br />

designada pela eUtM somalia)<br />

e, recorrendo a uma maqueta,<br />

foram apresentadas as potencialidades<br />

e desenvolvimento da<br />

infra-estrutura de Combate em<br />

Áreas Edificadas e sua afirmação<br />

como Centro de Excelência em<br />

Combate em Áreas Edificadas.<br />

a escola Prática de infantaria,<br />

entre Julho de 2010 e, mais recentemente,<br />

Julho de 2011,<br />

participou na missão eUtM<br />

somalia com uma equipa de formação<br />

na área do Combate em<br />

Áreas Edificadas com 13 militares.<br />

a missão, onde para além<br />

de Portugal participaram mais<br />

13 estados Membros da União<br />

europeia e as Forças armadas<br />

Ugandesas, é uma missão de<br />

treino de militares somalis e foi<br />

conduzida, por razões de segurança,<br />

no Uganda.<br />

Para além do módulo formativo<br />

que foi responsabilidade da<br />

escola, a formação ministrada,<br />

orientada para futuros soldados,<br />

sargentos e oficiais somalis,<br />

centrou-se nas operações de<br />

combate de infantaria até ao nível<br />

Pelotão, da responsabilidade<br />

da espanha em termos de sargentos<br />

e da França em termos<br />

de oficiais, e contou ainda com<br />

os módulos de especialidade de<br />

comunicações (responsabilidade<br />

alemã), suporte básico de vida<br />

(responsabilidade italiana) e minas<br />

e armadilhas (responsabilidade<br />

italiana).<br />

Na rentabilização da área de<br />

formação de combate em áreas<br />

edificadas, em todo o processo<br />

de aprontamento, a escola, com<br />

o apoio do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>,<br />

adquiriu e utilizou ao longo da<br />

formação no Uganda novas dinâmicas<br />

de formação das quais<br />

se destaca a simulação com armamento<br />

de aiRsOFt, sistema<br />

que pelas suas especificidades<br />

introduz um grande realismo na<br />

vertente formativa.<br />

O Centro de Excelência em<br />

Combate em Áreas Edificadas,<br />

com base num plano de investimento<br />

faseado, procurará crescer<br />

numa óptica de optimização<br />

de valências infra-estruturais que<br />

concorram para a certificação da<br />

área como Centro de Excelência<br />

para essa área do conhecimento.<br />

sendo já uma área essencial<br />

para a formação ministrada<br />

pela escola mas, também,<br />

área de treino privilegiada da<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

23


<strong>AZ</strong>IMUTE <strong>AZ</strong>IMUTE<br />

24<br />

componente operacional e algumas<br />

forças de segurança, comporta<br />

já uma torre multiuso, um<br />

laboratório, habitações multifuncionais<br />

com escadas, compartimentos<br />

e coberturas, e sistema<br />

de redes de saneamento simulados<br />

para a prática de progressão<br />

nesses ambientes.<br />

Por fim, um último expositor,<br />

espelharam-se as principais atividades<br />

formativas realizadas<br />

pela escola Prática de infantaria<br />

Nº 192 DEC11<br />

que entre formação e apoios<br />

externos:<br />

• envolveu mais de 270 formadores<br />

e mais de 1.000 formandos<br />

• consumiu mais de 8.000 horas<br />

em formação<br />

• Ministrou mais de 40 acções<br />

de formação entre cursos de<br />

formação inicial, progressão<br />

na carreira e formação contínua,<br />

tendo<br />

• nas suas quatro carreiras de<br />

tiro mais de 9.000 utilizadores<br />

repartidos por mais de 1.500<br />

horas de utilização<br />

• e o seu Complexo de Combate<br />

em Áreas Edificadas, entre<br />

apoios da própria escola, de<br />

outras unidades do exército<br />

<strong>Português</strong>, Forças Armadas e<br />

Forças de segurança, registou<br />

a utilização de mais de 11.000<br />

utilizadores repartidos por mais<br />

de 2.000 horas de utilização. azimute


Um Sistema de Gestão da Qualidade Integrado<br />

A busca da qualidade e da excelência<br />

na atuação da escola tem vindo a<br />

ser racionalizada ao nível dos seus<br />

meios e na reinvenção dos seus<br />

processos, tendo sido identificada<br />

a necessidade de um investimento<br />

fundamental na otimização de<br />

tempos e de procedimentos. Para<br />

garantir que esta aspiração seja alcançada,<br />

tem vindo a ser controlados<br />

periodicamente os desvios verificados<br />

e adequação das abordagens aos recursos<br />

existentes, através da uma<br />

ajustada monitorização, coordenação e avaliação dos<br />

objetivos e projetos, assentes numa ação partilhada<br />

de comando/direção, ativa e responsável.<br />

as pessoas, militares e civis, continuarão a ser<br />

o impulsionador central do desenvolvimento, onde o<br />

reforço da liderança efetiva através do envolvimento<br />

pessoal aos vários níveis e nas várias categorias, serão<br />

um denominador comum em todas as atividades<br />

regimentais ou formativas. É neste pressuposto que<br />

a ePi se pretende continuar a projetar no futuro, colocando-se<br />

numa posição de vanguarda e referência,<br />

dentro do exército nas diversas áreas pelas quais é<br />

tecnicamente responsável, sobretudo naquelas que<br />

compõem a atividade central da escola ou seja: a<br />

formação.<br />

a estrutura regimental está a ser dotada com processos<br />

que irão conduzir de modo integrado à excelência<br />

organizacional como um todo, concorrendo para<br />

a sustentação de políticas de controlo<br />

de custos. A definição e implementação<br />

de uma política de qualidade, visa integrar,<br />

otimizar e conferir qualidade aos<br />

processos internos na ePi, vistos como<br />

subsistemas de uma organização, que<br />

ao serviço do exército, contribui para a<br />

excelência dos processos na Escola.<br />

tendo sempre presente suas tradições<br />

e raízes, mas voltada para o futuro,<br />

a ePi quer assentar a sua prática<br />

em processos dinâmicos, versáteis, estratificados,<br />

dirigidos e controlados de<br />

forma sistemática e transparente, que<br />

levem à economia de recursos e à otimização<br />

das suas capacidades através<br />

da melhoria contínua, pois só assim<br />

poderá, num contexto de extrema ra-<br />

cionalização dos recursos disponíveis,<br />

Figura 1 – Áreas de responsabilidade<br />

técnica para a formação da ePi<br />

tCor inf Rui Dias<br />

procurar evidenciar a sua marca/identidade<br />

e projetar a nossa escola para<br />

um sistema de Gestão da Qualidade<br />

(sGQ) integrado.<br />

Gestão sustentada<br />

Com os pressupostos elencados<br />

para a implementação de um<br />

sGQ integrado, pretendemos garantir<br />

que são assegurados:<br />

- O uso eficiente de recursos;<br />

- a tomada das decisões baseada<br />

em factos;<br />

- as necessidades e expectativas de todos quantos<br />

interagem no sistema;<br />

- Uma perspetiva de planeamento de médio/longo<br />

prazo;<br />

- a monitorização e a análise constante e regular<br />

do ambiente interno e externo;<br />

- As relações mutuamente benéficas com os parceiros<br />

locais e nacionais;<br />

- A identificação dos riscos associados e a implementação<br />

de medidas de mitigação;<br />

- a previsão das necessidades de recursos de pessoal,<br />

incluindo as competências requeridas;<br />

- O estabelecimento de processos apropriados<br />

para atingir os nossos objetivos, capazes de responder<br />

rapidamente a alterações de condições;<br />

- a avaliação regular e consequente execução de<br />

ações corretivas e preventivas apropriadas;<br />

- a criação de oportunidades de aprendizagem a<br />

Figura 2 – Planeamento, controlo e avaliação dos objectivos (GanttProject)<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

26<br />

todos quantos servem connosco/ às pessoas, como<br />

fonte de manutenção do dinamismo interno;<br />

- O estabelecimento e manutenção de processos<br />

para a inovação e a melhoria contínua.<br />

Planeamento estruturado<br />

Os processos e as práticas associadas ao nosso<br />

sGQ permitirão:<br />

- a tradução das diretivas internas e externas<br />

em objetivos mensuráveis para todos os níveis do<br />

sistema;<br />

- O estabelecimento de cronogramas para cada<br />

objetivo e a atribuição de responsabilidade e a autoridade<br />

para o atingir;<br />

- A avaliação dos riscos e a definição das contramedidas<br />

adequadas;<br />

- a atribuição dos recursos requeridos para o desdobramento<br />

das atividades necessárias;<br />

- a realização das atividades necessárias para<br />

atingir estes objetivos.<br />

a comunicação de sustentação é desenvolvida de<br />

modo contínuo e oportuno, funcionando tanto vertical,<br />

como horizontalmente e adaptada às diferentes necessidades<br />

dos seus destinatários.<br />

Gestão de recursos<br />

Para assegurar uma utilização dos recursos (pessoas,<br />

conhecimentos, equipamentos, instalações/<br />

infra-estruturas, materiais, energia e financeiros) consistentes<br />

com os objetivos a atingir, estão em otimização,<br />

maturação e elaboração um conjunto de processos<br />

que nos permitem fornecer, monitorizar, otimizar,<br />

manter e preservar esses recursos.<br />

as pessoas (os militares e os civis) constituem o<br />

nosso recurso mais valioso e mais crítico, e o seu total<br />

envolvimento permite-nos desenvolver a sua aptidão<br />

para criar valor entre todos quanto interagem no sistema,<br />

a escola. O desenvolvimento pessoal alicerçado<br />

na aprendizagem, na transferência de conhecimento<br />

e no trabalho em equipa, assegura a compreensão da<br />

importância do seu contributo e dos papéis que desempenham.<br />

sendo a gestão das pessoas desenvolvida<br />

através de uma abordagem planeada, transparente,<br />

ética e socialmente responsável, os processos<br />

visam habilitá-las, para:<br />

- a tradução dos objetivos da ePi em objetivos<br />

individuais e em consequentes planos para a sua<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura 3 – Bolsa de formadores por competências<br />

realização;<br />

- A identificação de constrangimentos ao seu<br />

desempenho;<br />

- O assumir a posse e a responsabilidade da resolução<br />

dos problemas;<br />

- a avaliação do seu desempenho pessoal, em função<br />

dos objetivos individuais;<br />

- a procura ativa de oportunidades de melhoria das<br />

suas competências e das experiências;<br />

- a promoção do trabalho em equipa e o incentivo<br />

Figura 4 – Gestão e controlo de custos das atividades<br />

(FactuPlus)<br />

das sinergias entre pessoas;<br />

- a partilha de informação, do conhecimento e da<br />

experiência dentro Escola.<br />

Para assegurarmos as competências necessárias<br />

é estabelecido o plano de formação e desenvolvimento<br />

das pessoas com processos associados.<br />

O reforço da participação e a motivação das pessoas,<br />

assenta na compreensão do significado e na<br />

importância das suas responsabilidades e atividades,<br />

projectando a criação e provisão de valor interna e<br />

externamente.<br />

No plano das infra-estruturas, é feita uma adequação<br />

para ir ao encontro dos objectivos definidos, tendo<br />

presente a sua dependabilidade, o que inclui ter<br />

em consideração a disponibilidade, a fiabilidade e a<br />

manutenibilidade, identificando e avaliando os riscos<br />

associados.<br />

a base de conhecimento para a sustentação das<br />

atividades e objetivos é permanentemente identificada<br />

e obtida a partir de fontes internas e externas, tendo<br />

em consideração:


Figura 5 – Medição, análise e revisão de objetivos através do registo em Painel de indicadores<br />

- a aprendizagem com as falhas e com os sucessos,<br />

- A retenção do conhecimento e experiência das<br />

pessoas;<br />

- a recolha do conhecimento vindo dos nossos parceiros<br />

locais e nacionais;<br />

- a retenção do conhecimento existente mas não<br />

documentado;<br />

- A comunicação eficaz de conteúdos informativos<br />

relativos ao desempenho, às melhorias dos processos<br />

e aos progressos sustentados;<br />

- as opções de carácter tecnológico para a melhoria<br />

do desempenho global;<br />

- a gestão dos dados e registos consolidada.<br />

No que respeita aos recursos financeiros, estão<br />

já estabelecidos e em desenvolvimento processos de<br />

monitorização, controlo e relato da afetação tendo em<br />

vista a sua eficiente utilização.<br />

Gestão de processos<br />

as atividades dentro de cada processo são determinadas,<br />

adaptadas à dimensão e às características<br />

distintivas de cada subsistema (subunidades e secções<br />

de estado-Maior). a gestão dos processos assenta<br />

na proatividade, nas interdependências, nos<br />

constrangimentos e nos recursos partilhados, sujeitos<br />

a revisões regulares tendo em vista as ações de melhoria.<br />

O seu funcionamento é em rede definido por<br />

fluxogramas chave e os seus interfaces.<br />

No planeamento e controlo dos processos, tem-se<br />

em consideração:<br />

- Os objetivos a serem alcançados;<br />

- As exigências regulamentares e estatutárias (do<br />

sistema e/ou subsistema);<br />

- Os riscos de caráter financeiro;<br />

- as entradas e saídas dos processos;<br />

- as interações com outros processos;<br />

- Os recursos e a informação;<br />

- as atividades e as metodologias;<br />

- a medição, a supervisão e a análise;<br />

- as ações corretivas e preventivas;<br />

- as atividades de melhoria e/ou inovação.<br />

Para cada processo, é nomeado um gestor com<br />

Figura 6 – Ferramentas tecnológicas inovadoras de suporte à conceção, planeamento, execução, controlo e avaliação de atividades<br />

(Portal Colaborativo, aplicação para Gestão de atividades – aGa, Plataforma de e-learning do exército – Moodle, Plataforma de<br />

videoconferência com apresentação de conteúdos – AdobeConnectNow)<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

28<br />

responsabilidades e autoridades definidas para estabelecer,<br />

manter, controlar e melhorar o processo e as<br />

suas interações com outros processos. as pessoas<br />

associadas aos processos individuais têm as competências<br />

necessárias para as tarefas e atividades<br />

envolvidas.<br />

Monitorização, medição, análise e revisão<br />

a monitorização/supervisão, medição, análise e<br />

revisão do desempenho acontece através de processos<br />

destinados a compilar e controlar a informação,<br />

estabelecendo:<br />

- A identificação e compreensão das necessidades<br />

e das expectativas de todos quantos interagem no<br />

sistema;<br />

- a avaliação dos pontos fortes, pontos fracos<br />

e das oportunidades;<br />

- a avaliação das tecnologias de<br />

suporte;<br />

- a previsão de alterações ao nível das<br />

exigências regulamentares<br />

e estatutárias;<br />

- a determinação<br />

das necessidades<br />

de recursos<br />

(a médio/longo<br />

prazo);<br />

- a avaliação das<br />

atuais capacidades e<br />

dos seus processos.<br />

O processo de medição<br />

assenta em indicadores-<br />

-chave de desempenho,<br />

quantificáveis que servem d e<br />

base à tomada de decisão.<br />

Utilizamos também<br />

a metodologia de<br />

procurar as melhores<br />

práticas dentro<br />

e fora da nossa<br />

escola, com o objectivo de melhorar o nosso desempenho<br />

(benchmarking).<br />

as auditorias internas constituem uma ferramenta<br />

eficaz de análise e melhoria contínua do nosso<br />

desempenho.<br />

a autoavaliação dos subsistemas e do sistema<br />

global, é usada para a determinação do nosso desempenho<br />

e identificação das boas práticas. Constitui<br />

uma metodologia que nos ajuda a atribuir prioridades,<br />

planear e implementar melhorias e/ou inovações onde<br />

necessário.<br />

Melhoria, inovação e aprendizagem<br />

a nossa aptidão e habilitação de efetuarmos a<br />

Nº 192 DEC11<br />

análise do desempenho com base em dados/factos<br />

e na incorporação de lições aprendidas, constitui-se<br />

na atitude fundamental para a melhoria das nossas<br />

capacidades e atividades, face aos objetivos a alcançar<br />

e treinando a flexibilidade de reação face às<br />

oportunidades.<br />

As oportunidades de inovação são em permanência<br />

identificadas, estabelecendo e mantendo processos<br />

eficazes e eficientes, com os recursos adequados<br />

e ajustados. É aplicada através de alterações ao nível<br />

da tecnologia, da organização e dos processos tendo<br />

por finalidade a utilização de novas oportunidades internas<br />

e externas.<br />

a promoção da melhoria e da inovação de forma<br />

sustentada é adotada através da aprendizagem<br />

que integra as capacidades individuais de<br />

todos quantos aqui servem (militares e civis)<br />

com as da nossa escola, tendo em<br />

consideração:<br />

- Os valores baseados na nossa<br />

missão, visão e<br />

estratégia;<br />

- O apoio a<br />

iniciativas de<br />

aprendizagem<br />

e a demonstração<br />

determinada<br />

das lideranças em<br />

todos os níveis de<br />

atuação;<br />

- O estimulo ao trabalhos<br />

em rede, à interatividade<br />

e à partilha do conhecimento<br />

dentro e fora<br />

do sistema (ePi);<br />

- O reconhecimento,<br />

apoio e<br />

recompensa das<br />

competências<br />

pessoais;<br />

- a valorização da diversidade e criatividade das<br />

pessoas com unidade de ação.<br />

tendo sempre presente suas tradições e raízes,<br />

mas voltada para o futuro, a ePi quer assentar a sua<br />

prática em processos dinâmicos, versáteis, estratificados,<br />

dirigidos e controlados de forma sistemática<br />

e transparente, que levem à economia de recursos e<br />

à otimização das suas capacidades através da melhoria<br />

contínua, pois só assim poderá, num contexto<br />

de extrema racionalização dos recursos disponíveis,<br />

procurar evidenciar a sua marca/identidade e projetar<br />

a nossa escola para um sistema de Gestão da<br />

azimute<br />

Qualidade integrado.<br />

Figura 7 – Gestão pela qualidade e excelência na execução da missão da EPI


A renovação da eficiência na Escola Regimental<br />

Novos processos, novas dinâmicas<br />

Sistema de Gestão de<br />

Qualidade<br />

a expressão “isO 9001:2000<br />

– sistemas de Gestão de<br />

Qualidade (sGQ) – Requisitos”,<br />

designa um grupo de normas técnicas<br />

que estabelecem um modelo<br />

de gestão de qualidade para<br />

as organizações em geral, qualquer<br />

que seja o seu tipo e dimensão,<br />

sendo sua função promover<br />

a normalização de produtos e<br />

serviços, para que a qualidade<br />

dos mesmos seja permanentemente<br />

melhorada. assim sendo,<br />

a Qualidade deve ser encarada<br />

como um processo contínuo de<br />

mudança que não se coaduna<br />

com uma visão estática, mas que<br />

deve aproximar-se da Qualidade<br />

total.<br />

estas normas estabelecem<br />

requisitos que têm como finalidade:<br />

auxiliar a melhoria dos processos<br />

internos; rentabilizar dos<br />

recursos humanos; monitorizar<br />

o ambiente de trabalho, satisfação<br />

dos clientes e colaboradores<br />

num processo contínuo de melhoria<br />

do sGQ, podendo estas<br />

ser aplicadas nos mais diversos<br />

domínios, tais como materiais,<br />

produtos, processos e serviços.<br />

O modo como estes processos<br />

devem ser geridos e melhorados<br />

envolve uma abordagem PDCa<br />

(Plan-Do-Check-Act), resumida<br />

na Figura 1.<br />

Figura 1 – sistema de Qualidade<br />

Fonte: aPi – assOCiates iN PROCess iMPROveMeNt/Usa<br />

Cap inf Parcelas<br />

Novos processos<br />

No caso da escola Prática<br />

de Infantaria, e especificamente<br />

na dita “escola Regimental”,<br />

a necessidade de estabelecer<br />

processos integrados num sistema<br />

que simplifiquem a complexa<br />

combinação de recursos (capital<br />

humano, capital intelectual, instalações,<br />

equipamentos, sistemas<br />

informáticos, etc.) é indispensável,<br />

pois só assim se consegue<br />

atender à satisfação das necessidades<br />

das partes interessadas,<br />

assegurando o melhor desempenho<br />

do sistema a partir da mínima<br />

utilização de recursos e do<br />

máximo índice de acerto.<br />

Contudo, antes do processo<br />

ser implementado, este tem de<br />

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ser desenhado, devendo responder<br />

às seguintes questões:<br />

1. Qual a missão do processo?<br />

Propósito, função e/ou incumbência<br />

do processo.<br />

2. Onde o processo começa?<br />

Qual é o limitador do processo,<br />

limites da sua abrangência.<br />

3. O que ele contém? Quais as<br />

actividades principais desenvolvidas<br />

pelo processo.<br />

4. Onde termina o seu processo?<br />

O que determina o final do<br />

seu processo, limites da sua<br />

abrangência.<br />

5. O que ele não contém?<br />

actividades fora dos seus<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura 2 – Sequência de acções da abordagem PDCA a um problema numa organização.<br />

limites de abrangência, mesmo<br />

sendo relacionadas e/ou compatíveis<br />

com o processo.<br />

6. Quais os objectivos do processo?<br />

Alvo ou fim que se quer<br />

atingir com a missão do processo<br />

(níveis de qualidade, índices<br />

de satisfação, competitividade<br />

e custos)<br />

7. Quais os factores críticos de<br />

sucesso? Áreas onde o processo<br />

não pode falhar.<br />

8. Pontos chaves do processo?<br />

Pontos do processo que asseguram<br />

o sucesso de todos.<br />

9. Quais são os suportes críticos<br />

ao processo? todas as<br />

Figura 3 – Reengenharia de processos<br />

Fonte: ReeNGeNHaRia De PROCessOs – tHOMas H. DaveNPORt<br />

actividades de suporte ao processo<br />

(inspecção, informática,<br />

limpeza, outros processos, etc.)<br />

Outros processos ainda que<br />

existentes, poderão necessitar<br />

de ser redesenhados – Figura 3.<br />

Uma vez desenhado ou redesenhado,<br />

é efetuado o mapeamento<br />

do processo e identificado<br />

o responsável pelo funcionamento<br />

do mesmo, podendo-se recorrer<br />

para tal a diversas ferramentas,<br />

tais como: diagrama de<br />

blocos, fluxogramas1 funcionais,<br />

1 Define-se um fluxograma como um<br />

método para descrever graficamente<br />

um processo existente, ou um novo


fluxogramas geográficos, matrizes<br />

de responsabilidades, etc.<br />

este mapeamento do processo,<br />

permite fornecer uma estrutura<br />

para que processos complexos<br />

possam ser avaliados de forma<br />

simples; permita a vizualização<br />

de todo o processo; possibilita<br />

a visualização<br />

de alterações<br />

que<br />

provoquem<br />

impactos;<br />

identifica<br />

facilmente<br />

áreas e etapas<br />

que não agregam valor;<br />

e estima tempos de duração<br />

de cada ciclo para estabelecer<br />

os pontos de início e fim do<br />

processo.<br />

em súmula, devemos ter a<br />

capacidade de desenvolver processos<br />

capazes de gerir com<br />

eficácia a informação relativa às<br />

necessidades, no que respeita<br />

processo proposto, usando símbolos<br />

simples, linhas e palavras, de forma a<br />

apresentar graficamente as actividades<br />

e a sequência no processo. A elaboração<br />

de fluxogramas, também chamada de<br />

diagramação lógica ou fluxo, é uma<br />

ferramenta inestimável para se entender<br />

o funcionamento interno e as relações<br />

entre processos.<br />

ao ciclo das ocorrências que<br />

vai desde o seu registo, análise,<br />

acompanhamento, avaliação da<br />

eficácia, até ao seu encerramento,<br />

e que deve<br />

envolver<br />

organização.<br />

Figura 4 – tablet PC<br />

os vários<br />

níveis da<br />

Novas dinâmicas<br />

Um sistema tradicional de<br />

comunicação 2 não permite capturar<br />

de forma simples a to-<br />

2 sistema de Comunicação é a rede por<br />

meio da qual fluem as informações, que<br />

permitem o funcionamento da estrutura<br />

de forma integrada e eficaz (Vasconcellos<br />

1972:10). a capacidade para exercer<br />

influência numa empresa depende, em<br />

parte, da eficácia dos seus processos de<br />

comunicação. Por isso não é surpresa de<br />

que a influência tem uma relação com<br />

o desempenho, comparável com a da<br />

comunicação (Likert, 1971:71).<br />

Figura 5 – Modelo da organização baseado na abordagem por processos.<br />

talidade do contexto das não<br />

conformidades, assim como não<br />

permite uma supervisão e comunicação<br />

em tempo útil e a todos<br />

os interessados dessas mesmas<br />

não conformidades. Não existindo<br />

uma visão global e centralização<br />

da informação, o<br />

responsável pelo(s)<br />

processo(s) não<br />

consegue agir<br />

de forma sistematizada,cooperativa<br />

e rápida.<br />

Consequentemente,<br />

é afectada a capacidade<br />

de agir segundo políticas<br />

de melhoria contínua, uma vez<br />

que os seus procedimentos exigem<br />

uma análise de dados completa<br />

e contextualizada. assim,<br />

de forma a diminuir o tempo de<br />

resposta, bem como permitir<br />

a comunicação em tempo útil,<br />

mantendo uma contínua supervisão<br />

e acompanhamento dos<br />

processos, a organização deve<br />

implementar formas de comunicação<br />

eficazes, o que implica a<br />

criação de sinergias entre o sGQ<br />

e o sistema de Comunicação em<br />

todas as fases do processo, tais<br />

como:<br />

• Criação de áreas na Intranet<br />

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32<br />

da organização como veículo<br />

de comunicação de informação<br />

relativa a políticas de<br />

qualidade, definição de políticas<br />

de qualidade, definição de<br />

procedimentos, e atribuição de<br />

responsabilidades.<br />

• Formulários electrónicos na<br />

intranet (dados internos à organização)<br />

e internet (dados externos,<br />

incluindo questionários<br />

de satisfação, reclamações,<br />

informação sobre produtos, alterações,<br />

etc.<br />

• Definição da metodologia de<br />

suporte da análise de desempenho,<br />

adequação, eficácia e<br />

melhoria do sGQ, através da<br />

criação, edição, armazenamento,<br />

controlo de versões, consulta<br />

e distribuição electrónica de<br />

documentos.<br />

• trabalho em grupo directamente<br />

nesse formato, definição de<br />

listas de distribuição via e-mail<br />

e definição de diferentes níveis<br />

de acesso na Intranet.<br />

• Recolha de dados através do<br />

sistema de Comunicação, permitindo<br />

a medição do desempenho,<br />

eficácia da formação e<br />

avaliações externas e internas.<br />

• Criação de datawarehouses 3 e<br />

3 Datawarehouses, é um sistema de<br />

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Figura 6 – esquema genérico para implementação de um sGQ através da associação com o sistema de Comunicação<br />

aplicação de técnicas de data<br />

mining4 .<br />

• Recolha e armazenamento de<br />

evidências em formato digital,<br />

como forma de comprovar a realização<br />

e controlo de processos<br />

associados ao cumprimento<br />

dos requisitos da norma.<br />

• implementação de novas plataformas<br />

de comunicação, permitindo<br />

a recolha, análise e armazenamento<br />

de dados em tempo<br />

real. (exemplo: utilização de<br />

Tablet PC, sensores, etc.)<br />

Observando a abordagem por<br />

processos defendida pela norma,<br />

podemos visualizar a organização<br />

como um processo de<br />

grande dimensão, ou macro-processo,<br />

em que a sua atividade,<br />

com a utilização de um conjunto<br />

de recursos geridos eficazmente,<br />

computação utilizado para armazenar<br />

informações relativas às atividades de<br />

uma organização em bancos de dados,<br />

de forma consolidada. O desenho da<br />

base de dados favorece os relatórios, a<br />

análise de grandes volumes de dados e<br />

a obtenção de informações estratégicas<br />

que podem facilitar a tomada de decisão.<br />

4 Data mining, é o processo de analisar<br />

grandes quantidades de dados à<br />

procura de padrões consistentes, como<br />

regras de associação ou sequências<br />

temporais, para detectar relacionamentos<br />

sistemáticos entre variáveis, detectando<br />

assim novos subconjuntos de dados.<br />

possibilita a transformação de<br />

entradas em saídas – Figura 5.<br />

Por outro lado, o sistema<br />

de Comunicação é simultaneamente<br />

uma infra-estrutura da<br />

organização e faz parte do sistema<br />

de gestão da qualidade,<br />

constituindo-se como um “fio<br />

condutor” para a aplicação dos<br />

procedimentos da organização,<br />

podendo a implementação entre<br />

estes dois sistemas ser efectuado<br />

de acordo com o esquema da<br />

Figura 6.<br />

a estrutura das normas isO,<br />

embora defendendo a abordagem<br />

da gestão como um sistema,<br />

foi criada para encorajar as<br />

organizações a analisarem as<br />

suas atividades como um processo<br />

e alcançarem, para além do<br />

objectivo da certificação, a implementação<br />

de um sistema de gestão<br />

da qualidade que beneficie<br />

o desempenho operacional de<br />

toda a organização. Com a aplicação<br />

das normas isO podemos<br />

melhorar a estrutura do trabalho<br />

nas tarefas diárias, diminuindo o<br />

tempo perdido e as disfunções,<br />

o que possibilita às pessoas dedicarem<br />

mais tempo e energia a<br />

azimute<br />

outras atividades.


A Escola e a importância dos processos na gestão dos<br />

recursos. Uma abordagem para a eficiência e eficácia<br />

organizacional<br />

O objetivo da elaboração deste<br />

artigo é, de uma forma clara,<br />

procurar demonstrar como pode<br />

a EPI beneficiar da aplicação<br />

duma metodologia organizacional<br />

e funcional baseada em processos,<br />

integrada no sistema<br />

de Gestão da Qualidade e com<br />

vista à racionalização dos seus<br />

recursos humanos, materiais e<br />

financeiros.<br />

Não se pretendendo maçar<br />

o leitor com um vasto conjunto<br />

de definições e conceitos teóricos<br />

sobre a implementação e<br />

importância dos processos nas<br />

organizações, importa referir<br />

aqui aqueles que são consideramos<br />

basilares para a perceção<br />

da metodologia. Por forma<br />

a não nos dispersarmos, foi tida<br />

como principal referência para a<br />

“Se queres colher em três anos, planta trigo;<br />

Se queres colher em dez anos, planta uma árvore;<br />

Se queres colher para sempre, desenvolve o homem.”<br />

elaboração deste artigo a série<br />

de normas isO 9000 1 , no âmbito<br />

de uma política de qualidade que<br />

se procura implementar na ePi.<br />

De acordo com a norma NP<br />

1 a denominação isO está associada<br />

à “international Organization for<br />

standardization”, ou seja, Organização<br />

internacional de Normalização. Baseada<br />

em Genebra, foi estabelecida em 1947 e<br />

é uma federação, sem fins lucrativos, de<br />

organismos de normalização nacionais.<br />

está atualmente representada em 162<br />

países e tem como função promover a<br />

normatização de produtos e serviços,<br />

para que a qualidade dos mesmos<br />

seja permanentemente melhorada. em<br />

Portugal faz parte da isO o instituto<br />

<strong>Português</strong> da Qualidade (IPQ). Ao<br />

contrário do que é frequentemente<br />

assumido, “isO” não pretende ser<br />

uma abreviatura de “international<br />

Organization for standardization”, mas<br />

sim uma expressão com origem na<br />

palavra grega “ISOS”, que significa algo<br />

que é uniforme ou homogéneo, como<br />

em “isobar”, “isotérmica” ou, para os<br />

entusiastas da geometria, “triângulo<br />

isósceles”.<br />

Figura 1 - Definição de Processo<br />

Provérbio Chinês<br />

Cap inf César Garcia<br />

eN isO 9001:2008 2 , um processo<br />

é uma atividade ou conjunto<br />

de atividades, utilizando recursos,<br />

gerida de forma a permitir<br />

a transformação de entradas em<br />

saídas (Figura 1).<br />

a norma NP eN isO<br />

9004:2011 3 refere que, “para<br />

2 A norma ISO 9001 especifica requisitos<br />

para um sistema de gestão da qualidade<br />

que pode ser utilizado para aplicação<br />

interna pelas organizações, ou para<br />

certificação, ou para fins contratuais.<br />

Está focada na eficácia do sistema de<br />

gestão da qualidade para ir ao encontro<br />

dos requisitos do cliente.<br />

3 a norma isO 9004 proporciona linhas<br />

de orientação à gestão para atingir<br />

o sucesso sustentado para qualquer<br />

organização num ambiente complexo,<br />

exigente e sempre em mudança. a isO<br />

9004 proporciona uma focalização mais<br />

abrangente na gestão da qualidade do<br />

que a isO 9001, aborda as necessidades<br />

e expectativas de todas as partes<br />

interessadas e a sua satisfação através<br />

da melhoria sistemática e contínua do<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

34<br />

assegurar que os recursos (tais<br />

como equipamentos, instalações,<br />

materiais, energia, conhecimentos,<br />

financeiros e pessoas) são<br />

utilizados eficaz e eficientemente,<br />

é necessário estabelecer processos<br />

que permitam fornecer,<br />

afetar, monitorizar, avaliar, otimizar,<br />

manter e preservar esses recursos”.<br />

Refere ainda que os processos<br />

são específicos de uma<br />

organização e variam em função<br />

do tipo, do tamanho e do nível de<br />

maturidade da organização.<br />

O anexo B às normas atrás<br />

referidas descreve os oito princípios<br />

de gestão da qualidade,<br />

entre os quais se encontra a<br />

abordagem por processos, referindo<br />

que, um resultado desejado<br />

é atingido de forma mais eficiente,<br />

quando as atividades e os<br />

recursos associados são geridos<br />

como um processo. Os principais<br />

benefícios da adoção desta abordagem<br />

são:<br />

• Redução de custos e de tempos<br />

de ciclo, através do uso eficaz<br />

dos recursos;<br />

• Resultados melhorados, consistentes<br />

e previsíveis;<br />

desempenho da organização.<br />

Nº 192 DEC11<br />

• Oportunidades de melhoria focalizadas<br />

e com prioridades<br />

atribuídas.<br />

Uma organização orientada<br />

por processos pressupõe que<br />

as pessoas trabalhem de forma<br />

diferente. em vez do trabalho individual<br />

e orientado por tarefas,<br />

a organização por processos<br />

valoriza o trabalho em equipa, a<br />

cooperação, a responsabilidade<br />

individual e a vontade de fazer<br />

um trabalho melhor, permitindo,<br />

desta forma, uma maior e melhor<br />

visibilidade sobre o contributo de<br />

cada um para o cumprimento da<br />

missão da organização.<br />

a mesma norma isO refere<br />

que, para cada processo, a organização<br />

deverá nomear um<br />

gestor do processo, com responsabilidades<br />

e autoridades definidas<br />

para estabelecer, manter,<br />

controlar e melhorar o processo<br />

e as suas interações com outros<br />

processos. O dono do processo<br />

pode ser uma pessoa ou uma<br />

equipa, dependendo da natureza<br />

do processo e da cultura da<br />

organização.<br />

Os processos da organização<br />

são traduzidos em fluxogramas,<br />

Figura 2 - Processo de reabastecimento de bens na ePi<br />

que não são mais do que a representação<br />

gráfica das várias<br />

etapas, atividades e tarefas que<br />

esse processo compreende, assentes<br />

num raciocínio lógico de<br />

execução. estes podem assumir<br />

várias formas e aspetos gráficos,<br />

existindo inclusivamente um vasto<br />

leque de aplicações informáticas<br />

destinadas a esse efeito.<br />

De seguida vamos ver de<br />

que forma podemos implementar<br />

esta metodologia na escola, não<br />

esquecendo que, seja em que<br />

organização for, são as pessoas<br />

o recurso mais valioso e mais<br />

critico.<br />

importa salientar que aqui é<br />

apresentada apenas uma metodologia,<br />

entre várias possíveis,<br />

tendo em consideração a especificidade<br />

da EPI e a sua missão.<br />

ao nível da escola podemos<br />

considerar os processos globais<br />

(de suporte) e os processos sectoriais<br />

(de execução).<br />

Os processos globais (de suporte)<br />

são aqueles que envolvem<br />

a escola como um todo, como sejam,<br />

por exemplo, os seguintes:<br />

• segurança;<br />

• Logística;


• Comunicação;<br />

• Recursos humanos;<br />

• Manutenção.<br />

A título de exemplo, no âmbito<br />

da logística, podemos considerar<br />

o processo de reabastecimento<br />

de bens, cuja nova metodologia<br />

foi implementada em Julho<br />

deste ano, com a introdução do<br />

sistema de requisição eletrónica<br />

através da aplicação Factuplus 4 .<br />

esta ferramenta, facilitadora do<br />

processo, é apenas um acessório<br />

de todo um fluxo que se inicia<br />

com a entidade requisitante a<br />

solicitar um determinado artigo<br />

através do Factuplus, e termina<br />

com a entrega desse artigo pela<br />

secDep/CCs à entidade requisitante.<br />

O processo envolve várias<br />

entidades da escola ao longo do<br />

seu percurso, está interligado<br />

com outros processos e é do conhecimento<br />

de todos através de<br />

NeP própria (Figura 2).<br />

a implementação deste processo,<br />

apesar de não ser novo,<br />

constituiu-se num desafio para<br />

todos nós; seja para as diversas<br />

secções de estado-Maior<br />

e subunidades (entidades requisitantes),<br />

pois só funciona<br />

havendo por parte destas um<br />

4 Software de gestão comercial que se<br />

encontra disponível no mercado e está<br />

direcionado para a gestão de depósitos e<br />

faturação ao nível de pequenas e médias<br />

empresas.<br />

planeamento de necessidades<br />

eficaz; seja para a Secção de<br />

Logística e para Companhia de<br />

Comando e serviços (entidades<br />

executantes), pois estas têm que<br />

conseguir manter um controlo<br />

rigoroso do processo e dos stocks,<br />

e ser capazes de dar resposta<br />

às solicitações que surgem<br />

diariamente.<br />

a par deste processo logístico<br />

da escola, outros estão em fase<br />

de normalização e implementação,<br />

como seja, por exemplo, os<br />

procedimentos a ter com atividades<br />

de que resultem receitas<br />

para a escola. Para a concretização<br />

da normalização de todos os<br />

processos logísticos da escola,<br />

foram definidas as seguintes<br />

fases:<br />

• Listagem dos processos logísticos<br />

da escola;<br />

• Confrontação da listagem<br />

dos processos com as NeP<br />

existentes;<br />

• Revisão e redação das NeP da<br />

área logísticas (construção dos<br />

fluxos);<br />

• apresentação do conjunto de<br />

NeP da área logística, devidamente<br />

consolidadas e ajustadas<br />

à realidade da ePi.<br />

Relativamente aos processos<br />

sectoriais (de execução),<br />

estes não são mais do que os<br />

processos (fluxos) de trabalho,<br />

Quadro 1 - exemplos de processos de trabalho da secLog<br />

processos estes que todos nós<br />

já praticamos diariamente, ainda<br />

que na maioria das vezes de uma<br />

forma inconsciente. tomemos<br />

como exemplo a metodologia que<br />

está a ser utilizada na secção de<br />

Logística para o cumprimento de<br />

um dos seus objetivos específicos,<br />

a definição e organização<br />

dos seus processos de trabalho.<br />

Para o efeito foram definidas as<br />

seguintes fases:<br />

• Listagem dos processos de<br />

trabalho na área dos recursos<br />

materiais e infraestruturas e na<br />

área dos recursos financeiros;<br />

• Realizar reuniões de trabalho<br />

colaborativo, em cada uma das<br />

áreas, para construção dos fluxogramas<br />

de trabalho;<br />

• Consolidação dos fluxogramas<br />

de trabalho;<br />

• Apresentação dos fluxogramas<br />

de trabalho.<br />

O Quadro 1 procura mostrar<br />

alguns dos processos sectoriais<br />

levantados para a secLog .<br />

Cada processo terá um “gestor”<br />

atribuído e será composto<br />

por um fluxograma (Figura 3)<br />

com:<br />

• entrada (início do processo);<br />

• Sequência de tarefas/ atividades<br />

e responsáveis pelas<br />

mesmas;<br />

• Saída (final do processo).<br />

Os fluxogramas de trabalho<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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36<br />

(workflow) não são mais do que<br />

uma ferramenta que permite sistematizar<br />

de forma consistente<br />

os processos de uma determinada<br />

organização, de forma a<br />

torna-los simples e transparentes<br />

aos vários intervenientes<br />

no processo, o que, no nosso<br />

caso concreto, também facilita<br />

o seu processo de avaliação e<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura 3 - Fluxograma do processo de realização de despesa (ssRF)<br />

reconhecimento.<br />

À semelhança dos exemplos<br />

aqui apresentados no âmbito<br />

da logística também as restantes<br />

secções de estado-Maior e<br />

subunidades da escola estão<br />

a proceder à normalização dos<br />

seus processos de trabalho, sejam<br />

eles globais ou sectoriais.<br />

este esforço, parte integrante<br />

do processo de implementação<br />

de uma política de qualidade na<br />

Escola, vai contribuir para a eficiência<br />

e eficácia dos processos<br />

organizacionais e permite uma<br />

melhor visibilidade do trabalho<br />

que cada um dos militares e<br />

funcionários civis da ePi produz<br />

azimute<br />

diariamente.


Saber Fazer, Saber Mais e Fazer Mais e Melhor<br />

- A Eficiência Processual das Organizações -<br />

De há uns anos a esta parte,<br />

o Grupo teKeveR (www.tekever.com)<br />

e a escola Prática de<br />

Infantaria (EPI) têm vindo a colaborar<br />

no sentido de dotar a arma de<br />

Infantaria, e o <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>,<br />

com as mais inovadoras tecnologias<br />

em sistemas de comunicações<br />

e plataformas autónomas.<br />

Com o estreitar da nossa relação<br />

de parceria, gradualmente<br />

apercebemo-nos que a ePi constitui<br />

uma complexa realidade organizacional,<br />

com centenas de Oficiais,<br />

sargentos, Praças e Funcionários<br />

Civis a colaborarem no desempenho<br />

exímio da nobre missão de<br />

formar, para mais bem servir a<br />

infantaria, o exército e Portugal.<br />

É também a missão do Grupo<br />

teKeveR contribuir para a melhoria<br />

contínua do desempenho das<br />

Organizações. as nossas competências<br />

especializadas e ampla<br />

experiência em estruturação<br />

e desenvolvimento de processos<br />

organizacionais permitem-nos obter<br />

um conhecimento profundo da<br />

personalidade processual, humana<br />

e tecnológica que enforma cada<br />

identidade organizacional e transformar<br />

esse conhecimento numa<br />

plataforma de trabalho com o propósito<br />

de identificar e alcançar o<br />

estado óptimo da Organização,<br />

em termos de eficiência, qualidade<br />

e eficácia. Este nosso saber está<br />

ao serviço da escola Prática de<br />

infantaria, numa missão a realizar<br />

colaborativamente.<br />

O Modelo TEKEVER de<br />

Eficiência Processual<br />

Mais do que inteligência<br />

artificial, computação distribuída e<br />

sistemas de informação, o Grupo<br />

teKeveR propõe a modelação<br />

dos processos de trabalho e o<br />

suporte aos fluxos de informação<br />

entre as pessoas que cooperam<br />

nesses processos, alinhando-as<br />

em objectivos comuns e garantindo<br />

que a ePi controla e conhece o<br />

estado de cada processo.<br />

O primeiro passo é pois a<br />

modelação, sendo embebidas<br />

as características principais da<br />

Organização, incluindo processos,<br />

objectivos, artefactos e funções.<br />

Depois, estabelece-se o modelo<br />

a implementar, o qual reduz<br />

eventuais ambiguidades, cria os<br />

componentes específicos que irão<br />

interagir com a infraestrutura e aplicações<br />

existentes e identifica claramente<br />

os serviços a serem disponibilizados<br />

por outros sistemas.<br />

Nesta fase, uma das tarefas mais<br />

importantes é a definição clara dos<br />

Grupo teKeveR<br />

canais de interface com o utilizador,<br />

tendo em conta as características<br />

específicas dos ambientes<br />

operacionais existentes. Quando o<br />

modelo está completo, incluindo a<br />

abordagem multi-canal de interface<br />

com o utilizador, e a implementação<br />

em todos os ambientes de<br />

operação está finalizada, o sistema<br />

pode entrar em funcionamento.<br />

a entrada em funcionamento do<br />

sistema não prescinde contudo do<br />

Figura 1 – O ambiente teKeveR de Modelação de Processos<br />

envolvimento ativo dos utilizadores,<br />

quer no processo de tomada<br />

de decisão, quer na introdução no<br />

sistema dos dados relevantes para<br />

cada processo, uma interação<br />

apoiada por um portal, um dispositivo<br />

móvel ou outro interface intuitivo.<br />

De resto, a flexibilidade do<br />

componente de interface é fundamental<br />

para o sistema, permitindo<br />

à organização trabalhar com múltiplos<br />

canais, equipamentos e redes.<br />

Neste ambiente, a monitorização<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

38<br />

Figura 2 – exemplo de um processo, no qual as várias atividades são suportadas em diferentes tipos<br />

de interfaces gráficas pela plataforma Multi-canal da TEKEVER<br />

dos processos é possível em todas<br />

as atividades, independentemente<br />

de onde, quando e como são<br />

executadas, ou seja, independentemente<br />

do ambiente operacional<br />

em que são realizadas, uma vez<br />

que todo o sistema está baseado<br />

no mesmo modelo.<br />

O resultado final é o de um processo<br />

perfeitamente orquestrado,<br />

em que os utilizadores interagem<br />

em função de objectivos organizacionais<br />

comuns. Dados e informação<br />

fluem entre os vários sistemas<br />

e todos os eventos podem<br />

ser registados e visualizados com<br />

o apoio de ferramentas gráficas,<br />

as quais beneficiam a análise de<br />

métricas de desempenho e o levantamento<br />

de oportunidades de<br />

optimização para efeitos de melhoria<br />

contínua da Organização.<br />

a aplicação do mesmo modelo<br />

tecnológico na abordagem dos<br />

processos de uma Organização<br />

e das diferentes tecnologias de<br />

interface com o utilizador permite<br />

suportar as necessidades reais<br />

de organizações complexas, que<br />

não abdicam da sua capacidade<br />

Nº 192 DEC11<br />

de adaptação ágil, controlo rigoroso<br />

e monitorização contínua de<br />

desempenho. Mais importante, a<br />

metodologia teKeveR devolve à<br />

Organização a liberdade para otimizar<br />

os seus processo de trabalho<br />

e para tornar esses processos<br />

mais próximos às pessoas.<br />

A Aplicação do Modelo<br />

de Eficiência Processual<br />

TEKEVER à EPI<br />

sem um esforço substancial,<br />

o modelo de eficiência processual<br />

teKeveR permite tornar intuitiva,<br />

simples, rápida, eficiente e eficaz<br />

Figura 3 – Marcação de serviço “Formação”<br />

a atuação diária da ePi, estabelecendo<br />

fluxos de operação modulares<br />

que gerem de forma automática<br />

os diferentes processos,<br />

atividades e serviços, atribuindo<br />

recursos humanos, materiais e financeiros<br />

num contexto espácio-<br />

-temporal específico.<br />

Utilizando como exemplo o caso<br />

prático de uma formação ministrada<br />

pela ePi, teremos pois o curso<br />

de formação como uma atividade<br />

ou serviço, ao qual está associado<br />

um ou mais formadores e formandos,<br />

um conjunto de equipamentos<br />

e de material de estudo<br />

e um orçamento, bem<br />

como um espaço físico<br />

(interno ou externo às<br />

instalações da escola)<br />

e uma calendarização.<br />

É ainda possível enquadrar<br />

nesta atividade<br />

um processo de avaliação,<br />

quer dos formandos,<br />

quer dos próprios<br />

formadores, quer ainda<br />

da estrutura do curso<br />

de formação, dados<br />

estes que podem ser<br />

compilados na qualidade<br />

de instrumentos<br />

de incentivo ao mérito dos formandos<br />

e formadores ou como lições<br />

aprendidas para futuras atividades<br />

de formação.<br />

este caso prático, bem do conhecimento<br />

da ePi, corresponde<br />

a um tipo básico de processos<br />

já implementados pelo Grupo<br />

teKeveR, junto dos seus clientes.<br />

O foco inicial é a criação de uma<br />

formação no sistema por um utilizador<br />

responsável pela marcação<br />

e atribuição de formações, e com<br />

atribuição dos vários elementos ou<br />

recursos envolventes, incluindo<br />

o formador e os<br />

formandos. À nova formação<br />

é atribuída uma<br />

data e hora, ficando-lhe<br />

automaticamente associado<br />

um evento de<br />

calendário, disponível a<br />

todos os que tiverem permissão de<br />

acesso. temos então uma marcação<br />

de um serviço, efectuado por<br />

um dos utilizadores do sistema. a<br />

Figura 3 ilustra este processo.<br />

após este processo, focamo-<br />

-nos na alocação do espaço associado<br />

à formação. Um módulo do<br />

sistema integra todos os espaços<br />

internos e externos às instalações<br />

da escola, onde se podem realizar<br />

as aulas teóricas e práticas. Uma<br />

vez mais, com o auxílio do sistema,<br />

o responsável pela formação tem


acesso a todos os espaços, disponíveis<br />

e indisponíveis, permitindo-<br />

-lhe realizar de uma forma mais<br />

eficiente a gestão destes recursos.<br />

então, o responsável pela formação<br />

procura um espaço disponível<br />

para a realização do evento e,<br />

recorrendo a um simples interface<br />

gráfico, pode de forma rápida e intuitiva<br />

alocar um espaço livre para<br />

o(s) intervalo(s) em que decorrerá<br />

a formação.<br />

tendo a formação marcada e<br />

o espaço definido, passamos à<br />

gestão de pessoal, tarefas e equipamentos,<br />

elementos que podem<br />

ser associados à formação. Cada<br />

formação deve ter um ou mais<br />

formadores e um ou mais formandos,<br />

e esta informação é sempre<br />

passível de ser modificada e atualizada.<br />

Cada formação pode também<br />

ter associado um conjunto de<br />

tarefas e equipamentos, para os<br />

casos em que faça sentido, como<br />

apresentado na Figura 4.<br />

Finalmente, temos o processo<br />

da avaliação, em que um sistema<br />

simples de checklist introduz grupos<br />

de perguntas. a cada formando<br />

é associado um registo de ava-<br />

Figura 4 – Gestão de tarefas<br />

Figura 5 – Ferramenta de Modelação de Processos –<br />

Designer<br />

liação, preenchido posteriormente<br />

pelo formador. Esse registo fica<br />

associado ao processo do formado,<br />

permitindo que, em qualquer<br />

momento, seja possível aceder à<br />

informação do aluno através do<br />

sistema. Neste contexto, cada utilizador<br />

do sistema usa credenciais<br />

próprias, associadas a um grupo,<br />

que lhe permite ver única e exclusivamente<br />

os dados aos quais tem<br />

acesso.<br />

De resto, toda a informação<br />

gerida pelos<br />

sistemas de informação<br />

desenvolvidos e<br />

implementados pelo<br />

Grupo teKeveR está<br />

sujeita a permissões<br />

por perfil, de forma a<br />

garantir o controlo dos<br />

acessos e, de alguma<br />

forma, a privacidade e<br />

confidencialidade dos<br />

dados sob registo.<br />

O caso prático acima<br />

descrito demonstra a facilidade<br />

com que um processo comum na<br />

ePi (a marcação de formações e<br />

associada logística) pode facilmente<br />

ser modulado e gerido, recorrendo<br />

a uma solução teKeveR.<br />

No sector das tecnologias de<br />

informação, o Grupo teKeveR<br />

detém já um conjunto amplo de<br />

produtos e soluções destinados à<br />

optimização do desempenho das<br />

organizações. Por exemplo, a linha<br />

de produtos OZONO destina-se<br />

a organizações que carecem de<br />

optimização de processos<br />

e apresentam uma grande<br />

dinâmica de atuação, e<br />

permite gerir equipas geo-<br />

-referenciadas no terreno,<br />

destacá-las para serviços,<br />

atribuir-lhes tarefas e seguir<br />

o progresso da execução<br />

de cada serviço. a integração<br />

com sistemas terceiros<br />

é um factor determinante<br />

para que, nesta situação, seja<br />

possível a continuidade do fluxo<br />

de dados, desde o pedido de assistência<br />

até à faturação interna do<br />

serviço. Por seu lado, a plataforma<br />

MOBIZY oferece um conjunto de<br />

aplicações modulares de gestão,<br />

incluindo gestão de clientes, organização<br />

de serviços no terreno,<br />

despesas e checklists, entre muitas<br />

outras. todas as soluções do<br />

Grupo teKeveR assentam na<br />

plataforma MORE (Model Once,<br />

Run everywhere), responsável<br />

pela fácil modelação de processos<br />

(Figura 5) e pela capacidade<br />

do Grupo de construir um fluxo de<br />

processamento adaptado às necessidades<br />

específicas de cada<br />

organização.<br />

Captar o modelo de negócio de<br />

cada Organização e transformá-lo<br />

num fluxo integrado de processos<br />

é, de facto, um desafio a que<br />

o Grupo teKeveR tem correspondido<br />

superiormente. O nosso<br />

compromisso para com a ePi é<br />

pois o de disponibilizar todo o nosso<br />

saber credenciado no apoio ao<br />

esforço de melhoria e renovação<br />

dos processos da instituição, contribuindo<br />

para a sua optimização e<br />

sustentabilidade, numa óptica de<br />

azimute<br />

Qualidade e Excelência.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

39


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

40<br />

a formação e treino das nossas<br />

forças para as especificidades do<br />

combate em ambiente urbano, tem<br />

vindo a ganhar cada vez mais relevância,<br />

sendo actualmente impensável<br />

projectar uma Força Nacional<br />

Destacada (FND) sem que esta siga<br />

um plano de treino operacional iminentemente<br />

vocacionado para as<br />

áreas edificadas. Tal facto permitiu<br />

identificar algumas necessidades<br />

ao nível da instrução e do treino<br />

operacional nesta vertente específica,<br />

tais como uma infra-estrutura<br />

de treino que permita o desenvolvimento<br />

de técnicas e tácticas e<br />

Procedimentos (ttP) e treino de<br />

unidades escalão companhia (UeC)<br />

ou mesmo batalhão (UeB) e a necessidade<br />

de acompanhar os países<br />

amigos e de referência no que<br />

respeita à produção de doutrina<br />

e actualização de TTP no âmbito<br />

Nº 192 DEC11<br />

Centro de Excelência de Combate<br />

em Áreas Edificadas<br />

“ (… ) a melhor politica para as operações militares é obter a vitória, atacando a estratégia do inimigo. A segunda melhor<br />

política é desintegrar as alianças do inimigo por meio da diplomacia; em seguida, atacar os seus soldados, lançando<br />

um ataque ao inimigo; mas, a pior política é atacar violentamente cidades fortificadas e subjugar territórios. ”<br />

Figura 1 - Laboratório<br />

do Combate em Áreas Edificadas<br />

(Cae).<br />

Com o objectivo de contribuir<br />

para um melhor nível de formação e<br />

treino operacional, a escola Prática<br />

de infantaria possui actualmente<br />

um Centro de Formação e treino<br />

de Combate em Áreas Edificadas<br />

(CFtCae), designada peremptoriamente<br />

por “aldeia de Camões” onde<br />

se ministram cursos no âmbito do<br />

Cae e possibilita o treino de várias<br />

forças do exército, Forças armadas,<br />

Forças de segurança, NRF, BG/eU<br />

e elementos e forças dos países da<br />

CPLP.<br />

Prosseguindo com uma ideia<br />

iniciada a alguns anos, em 2011,<br />

através do despacho de 12 agosto<br />

de 2011 de sexa. o General CeMe,<br />

foi aprovado um projecto com a intenção<br />

de expandir as competências<br />

e possibilidades deste centro,<br />

Sun Tzu<br />

Cap inf Jorge Louro<br />

criando-se assim um Centro de<br />

Excelência do Combate em Áreas<br />

Edificadas (CdECAE). Esta intenção<br />

não se restringe apenas a alargar<br />

uma infra-estrutura actualmente<br />

existente, mas sim a desenvolver<br />

uma estrutura integrada de conhecimento,<br />

competências e infra-estruturas<br />

que permitam acompanhar os<br />

avanços ao nível da doutrina e ttP,<br />

assim como possibilitar o treino de<br />

combate em áreas edificadas até<br />

escalão batalhão, que permita uma<br />

preparação realista e mais completa<br />

das nossas forças e que contribua<br />

para um exército melhor preparado<br />

e mais eficiente.<br />

De uma maneira sucinta os objectivos<br />

a atingir são:<br />

Desenvolver, de forma coerente<br />

e continuada, doutrina de emprego<br />

de forças em Áreas Edificadas;<br />

Desenvolver, experimentar e validar<br />

ttP para forças de infantaria<br />

e de armas combinadas em Áreas<br />

Edificadas;<br />

Desenvolver uma capacidade de<br />

sistemas de equipamentos de tiro<br />

de armas ligeiras em que possibilite<br />

aumentar os níveis de eficiência dos<br />

militares na utilização do armamento<br />

individual e colectivo ligeiro neste<br />

tipo de ambiente, aumentando<br />

o realismo e reduzindo custos inerentes<br />

à execução do tiro em infraestruturas<br />

de tiro;<br />

Desenvolver, experimentar e validar<br />

todo o treino individual de combate<br />

com vista à formação de todo


o combatente em Áreas Edificadas;<br />

Manter um processo de Lições<br />

aprendidas, em coordenação<br />

com as unidades da estrutura<br />

da Componente Operacional do<br />

sistema de Forças (eCOsF), que<br />

permita a implementação célere<br />

e prática de ttP nessas mesmas<br />

unidades;<br />

Possibilitar o treino de unidades<br />

operacionais até ao escalão<br />

batalhão;<br />

apoiar o planeamento e a execução<br />

de exercícios em ambiente<br />

de Cae das unidades da eCOsF;<br />

apoiar projectos de cooperação<br />

técnica e de assistência militar no<br />

âmbito do CAE.<br />

No entanto, tendo em consideração<br />

o conceito e a missão, os pré-<br />

-requisitos identificados são fundamentais<br />

para a sua implementação<br />

e sustentabilidade, dos quais se<br />

destacam os seguintes:<br />

• Uma equipa técnica especializada,<br />

dedicada à missão do Centro,<br />

com os quadros orgânicos preenchidos<br />

na sua totalidade;<br />

• Uma unidade de escalão pelotão<br />

dedicada ao Centro para apoio<br />

à formação, experimentação e<br />

validação de técnicas, tácticas e<br />

procedimentos;<br />

• Uma infra-estrutura de treino moderna,<br />

que preencha os requisitos<br />

técnicos previstos para a formação,<br />

treino e investigação;<br />

• Materiais e equipamentos especializados<br />

para apoio à formação,<br />

treino e investigação;<br />

• Um sistema de informação moderno<br />

que permita o acesso permanente<br />

a informação relevante,<br />

o registo dos produtos e actividades<br />

desenvolvidos pelo Centro<br />

e a partilha dos recursos com o<br />

público-alvo;<br />

• acesso privilegiado a informação<br />

pertinente, através do estabelecimento<br />

de relações de âmbito técnico<br />

com as unidades operacionais<br />

do exército, de outros ramos<br />

das Forças armadas e das Forças<br />

de segurança;<br />

• Recursos financeiros dedicados<br />

que permitam a sustentabilidade<br />

das actividades do projecto.<br />

Relativamente ao material, para<br />

cumprir o objectivo de desenvolver<br />

e experimentar novas técnicas, tácticas<br />

e procedimentos o CdeCae<br />

terá obrigatoriamente de ter disponível,<br />

materiais e equipamentos<br />

individuais de combate, bem<br />

como os colectivos para unidades<br />

de escalão esq/sec/Pel das mais<br />

diversas áreas, como por exemplo<br />

transmissões, sapadores,<br />

armamento, etc. De igual forma,<br />

para desenvolver a capacidade de<br />

sistemas de equipamentos de tiro<br />

de armas ligeiras em ambiente de<br />

Cae, será necessário equipar o<br />

Centro com um estrutura de treino<br />

e formação na área do tiro que permita<br />

apoiar a formação ministrada e<br />

o treino operacional das forças que<br />

recorram ao Centro no âmbito dos<br />

seus planos de treino operacional.<br />

O Centro pretende contribuir activamente<br />

para o desenvolvimento,<br />

testagem e peritagem de novas soluções<br />

que possam vir a equipar as<br />

forças do exército no contexto do<br />

combate urbano.<br />

No sentido de manter os quadros<br />

técnicos do CdeCae actualizados,<br />

será fundamental a frequência de<br />

cursos e de acompanhar os recentes<br />

desenvolvimentos noutras estruturas<br />

de formação similares dos países<br />

aliados e amigos, assim como<br />

a participação a tempo inteiro em<br />

grupos de trabalho internacionais,<br />

de onde se destaca o NatO Urban<br />

Operations Working Group, onde<br />

Portugal actualmente participa de<br />

forma modesta. O Centro terá a responsabilidade<br />

de ministrar os cursos<br />

actualmente previstos no Plano<br />

de Formação Anual no âmbito do<br />

Cae e propor superiormente outras<br />

acções de formação que decorram<br />

dos seus trabalhos de investigação.<br />

a formação técnica, nomeadamente<br />

no emprego de armamento individual<br />

e colectivo ligeiro e do emprego<br />

táctico, poderá ser parcialmente realizada<br />

através do desenvolvimento<br />

dos sistemas de equipamentos do<br />

CdeCae.<br />

Como referido, actualmente a<br />

“aldeia Camões” permite o treino<br />

de todas as tarefas individuais e<br />

colectivas, até ao escalão companhia,<br />

com excepção de “Progredir<br />

tacticamente (escalão Companhia)”<br />

e “assalto a um edifício (escalão<br />

Companhia)”, sendo esta última<br />

passível de treinar desde que seja<br />

utilizada a área adjacente para a colocação<br />

dos elemento de apoio da<br />

companhia. em termos de estrutura<br />

implantada a “aldeia Camões” apresenta<br />

duas limitações distintas que<br />

importa melhorar:<br />

• O facto de possibilitar uma experiência<br />

de treino para unidades<br />

escalão companhia limitada, e não<br />

possibilitar o treino de unidades<br />

escalão batalhão;<br />

• a falta de variedade de estruturas<br />

de treino, individual e colectivo,<br />

que permita uma experiência diversificada<br />

e rica aos utentes.<br />

O alargamento do ponto de vista<br />

quantitativo e qualitativo, com a<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

41


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

42<br />

introdução de novas<br />

tecnologias que complemente<br />

e contribua<br />

para uma melhor<br />

formação da “aldeia<br />

Camões”, é factor de<br />

sucesso essencial e<br />

incontornável para o<br />

CdeCae, pois representa<br />

uma mais-valia<br />

do Centro e aproxima-<br />

-nos do que melhor se<br />

faz nestas áreas concorrente<br />

a outros países.<br />

O projecto inicial de<br />

alargamento da aldeia<br />

Camões prevê, genericamente,<br />

a construção<br />

das seguintes áreas e<br />

melhoramentos:<br />

• Área de aperfeiçoamento<br />

individual (Nº1);<br />

• Área de aperfeiçoamento de equipa<br />

(Nº 7, Nº8 a/b);<br />

• Área de contentores (Nº2 a);<br />

• Área de construção densa aleatória<br />

(Nº2 b);<br />

• Zona habitacional Médio Oriente<br />

(Nº3);<br />

• Zona industrial (Nº4);<br />

• Área de sapadores (Nº5);<br />

• Área de apoio (Nº6);<br />

• instalação de equipamento<br />

urbano.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura 1 - Desenvolvimento da área<br />

Os custos previstos serão investidos<br />

num período de doze anos e<br />

tendo em conta a implementação<br />

das capacidades de infra-estruturas<br />

e dos sistemas de equipamentos<br />

assim como os custos administrativos,<br />

estimando-se o valor total na<br />

ordem dos 1.051.619 €.<br />

a efectivação do projecto de<br />

implementação desta capacidade<br />

compreende três fases: Fase I de 3<br />

anos (ano 1 ao ano 3), Fase ii de 3<br />

anos (ano 4 ao ano 6) e Fase iii de 6<br />

Figura 3 - Fases de implementação<br />

anos (ano 7 ao ano 12).<br />

Neste momento encontra-se<br />

proposta e orçamentada<br />

a construção<br />

da área de aperfeiçoamento<br />

individual (Nº1),<br />

e o restabelecimento<br />

da instalação eléctrica<br />

na “aldeia de Camões”<br />

. De salientar o desenvolvimento<br />

de um sistema<br />

de comunicações/<br />

vigilância no Centro<br />

pela seGURteC, cuja<br />

montagem será efectivada<br />

até ao final do ano<br />

(ver artigo seguinte).<br />

Como conclusão,<br />

verifica-se que os investimentosnecessitam<br />

de ser rentabilizados<br />

a longo prazo e que a existência<br />

sustentada de um centro de treino<br />

com as dimensões e características<br />

desejadas para a aldeia Camões/<br />

CdeCae, apenas é possível com<br />

uma estrutura de apoio que assegure<br />

a sua manutenção e operacionalidade.<br />

tal actividade necessita<br />

de competências técnicas e experiência<br />

adequadas, que se adquirem<br />

com a prática continuada do apoio.<br />

azimute


Sistema de Análise Vídeo – Novas Dinâmicas Formativas para<br />

o Combate em Áreas Edificadas<br />

1. Introdução<br />

Nos conflitos marcadamente<br />

assimétricos, como os<br />

mais recentemente vividos no<br />

afeganistão ou iraque, que encontram<br />

nos centros urbanos os<br />

pólos privilegiados para a minimização<br />

das capacidades dissimétricas,<br />

é muito importante marcar<br />

novos padrões de liderança, formação<br />

e treino que advoguem o<br />

espírito de decisão, tenacidade<br />

na ação, firmeza de vontade e<br />

assertividade, mas também é imprescindível<br />

desenvolver novos<br />

processos formativos como a automatização<br />

de procedimentos e<br />

atitudes.<br />

Numa nova vertente de fazer<br />

a guerra onde a ação de comando<br />

tem que ter espaço para “errar”,<br />

importa também que desde<br />

já se introduzam novas vertentes<br />

formativas que promovam<br />

a adaptabilidade e criatividade,<br />

pois aos novos líderes será sempre<br />

exigido energia realizadora.<br />

No que respeita às operações<br />

de guerra em cidades há,<br />

claramente, um assumir da importância<br />

no desenvolvimento de<br />

plataformas de formação e treino<br />

para essa realidade. Essa valência<br />

é fundamental para a modernização<br />

do sistema de forças de<br />

qualquer infantaria. sem essa<br />

capacidade, apesar do esforço<br />

de modernização em termos de<br />

equipamento e armamento, a<br />

transformação ficará limitada em<br />

termos de práticas de técnicas<br />

e procedimentos para os quais<br />

os desenvolvimentos tecnológicos<br />

dificilmente encontrarão<br />

resposta.<br />

2. O sistema de análise<br />

Vídeo<br />

actualmente a escola Prática<br />

de infantaria encontra-se no bom<br />

caminho, encontrando-se equipada<br />

por um complexo que permite<br />

desenvolver a formação e o treino<br />

neste tipo de terreno, valência<br />

esta que se encontra designada<br />

como Centro de Excelência de<br />

Combate em Áreas Edificadas 1 .<br />

Nesse centro, entre outras capacidades,<br />

encontra-se imple-<br />

mentado um edifício “laboratório”<br />

que permite desenvolver e<br />

monitorizar as ttP desde o nível<br />

individual ao pelotão de atiradores.<br />

Contudo, esta resume-se à<br />

observação direta e correctiva<br />

do formador ou comandante da<br />

1 Despacho de 12 de agosto de 2011<br />

de sua exª o General Chefe do estado-<br />

Maior do exército, que aprova o Plano de<br />

Implementação do Centro de Excelência<br />

de Combate em Áreas Edificadas.<br />

Cap inf Rafael Lopes<br />

They are… the post-modern equivalent of jungles and mountains—citadels of the dispossessed and irreconcilable. A<br />

military unprepared for urban operations across a broad spectrum is unprepared for tomorrow.”<br />

Lieut\enant Colonel Ralph Peters, U.S. Army (Retired)<br />

força (para o caso do treino operacional),<br />

inviabilizando a recolha<br />

documental (vídeo) dos procedimentos/manobra<br />

para posterior<br />

análise, interpretação, correcção<br />

e validação. ao contrário<br />

dos processos de modernização<br />

dos <strong>Exército</strong>s holandês e de outros<br />

exércitos europeus, como o<br />

alemão, finlandês, belga, dinamarquês<br />

ou polaco, a ausência<br />

desta valência inviabiliza a maximização<br />

e optimização da infraestrutura<br />

(laboratório) bem como<br />

a possibilidade ser parte de um<br />

processo de geração de conhecimento<br />

e doutrina.<br />

Figura N.º1. exemplo de Control station. Fonte: sGURteC<br />

Nesse sentido, é fulcral constituir<br />

uma plataforma de apoio de<br />

captação de imagem que sustente<br />

essa valência, plataforma esta<br />

que possua na sua constituição<br />

equipamentos como:<br />

• câmaras tipo dome FD8361<br />

para captação no interior do<br />

edifício, de dia e de noite;<br />

• câmara exterior tipo bulet<br />

iP7361 capazes de captar<br />

as aproximações e as técnicas<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

43


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

44<br />

de abordagem de dia e<br />

de noite;<br />

• câmara Móvel de longo<br />

alcance sD 7323 ou<br />

sD 7151 passíveis de<br />

acoplar aos sistemas de<br />

armas dos formandos<br />

ou militares em treino;<br />

• bastidor (plataforma<br />

receptora do sinal de<br />

todas as câmaras de<br />

vídeo e som) completo<br />

com switching POe<br />

e UPs para colocar no<br />

CFtCae;<br />

• Control Station constituída<br />

por: três (3) monitores<br />

20’’, um (1) network<br />

vídeo server capaz de<br />

operar e gerir até dezasseis<br />

(16) câmaras, um (1)<br />

working station com teclado e<br />

rato, um (1) joystik e uma (1)<br />

UPs;<br />

• equipamento de rede;<br />

• Software de gravação e visualização<br />

com análise de vídeo<br />

inteligente.<br />

3. Análise<br />

Um feedback preciso e em<br />

tempo é um fator essencial para<br />

a condução de uma ação de formação/treino.<br />

O exército e a ePi<br />

na condução das suas atividades<br />

formativas (práticas) utiliza a<br />

Revisão após ação 2 (Raa) como<br />

o principal método para comunicar<br />

o resultado da formação/treino<br />

aos formandos. O sistema de<br />

vídeo é objetivamente uma ferramenta<br />

para apoio à execução da<br />

Raa.<br />

apesar do desenvolvimento<br />

de ferramentas informáticas<br />

para a condução de Raa, existem<br />

características transversais<br />

2 Como descrito no manual “A Leader’s<br />

Guide to After Action Reviews” o<br />

objetivo da Raa é dar um feedback da<br />

performance durante o treino e guiar os<br />

formandos na descoberta própria das<br />

suas capacidades e fraquezas.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura N.º2. exemplo de software de gravação e visualização com análise de vídeo inteligente<br />

e bastidor (plataforma recetora do sinal de todas as câmaras de vídeo e som) completo com<br />

switching POe e UPs para colocar no CFtCae. Fonte: seGURteC<br />

a todos os sistemas como sejam:<br />

capacidade de recolha de dados<br />

do exercício, disponibilizar<br />

a informação recolhida em mapas<br />

2D ou 3D, gerar relatórios<br />

sobre a informação recolhida e<br />

marcação de pontos importantes<br />

para a consecução do exercício.<br />

todavia, e enquanto estas<br />

ferramentas disponibilizam informação<br />

objetiva da execução do<br />

exercício, a análise e a avaliação<br />

continua a ser executada pelos<br />

formadores e ou observadores.<br />

a principal lacuna destes sistemas<br />

reside no planeamento e<br />

preparação da missão, o relacionamento<br />

entre causa e efeitos<br />

e a conexão entre diversos<br />

eventos, trabalho este que hoje,<br />

apenas pode ser executado pelo<br />

avaliador/formador que poderá<br />

ainda incorporar as experiências<br />

e lições aprendidas resultantes<br />

do seu estudo e preparação.<br />

4. Conclusões<br />

a formação e treino terá sempre<br />

na avaliação/validação um<br />

último patamar para o aperfeiçoamento<br />

e a busca da excelência<br />

do produto operacional do<br />

exército – O sOLDaDO, pelo que<br />

a disponibilização de um sistema<br />

de vídeo que permita conduzir<br />

revisões após ação e evidenciar<br />

os principais erros cometidos na<br />

execução de uma determinada<br />

ação contribuirá certamente para<br />

melhorar a proficiência técnica e<br />

tática dos nossos formandos. Por<br />

outro lado, não poderemos esquecer<br />

os efeitos que a utilização<br />

desta tipologia de sistemas provocará<br />

no aumento motivacional<br />

de formandos e formadores na<br />

condução do processo de treino.<br />

Nessa óptica, o treino individual<br />

e colectivo, ainda que perspectivando<br />

o emprego da força em<br />

tO de baixa intensidade, deve<br />

ser transversal a toda a tipologia<br />

de desafios e missões, e deverá<br />

procurar materializar o realismo<br />

da acção através da introdução<br />

de simuladores e novas plataformas<br />

de tiro que possam sustentar<br />

o tiro e a manobra colectiva<br />

de unidades de baixos escalões,<br />

mas também promover e dotar<br />

os centros de formação e treino<br />

com a capacidade de captação<br />

e interpretação das tácticas,<br />

técnicas e Procedimentos executados<br />

ao longo dos processos<br />

azimute<br />

formativos/treino.


1. Introdução<br />

Neste artigo pretende-se fazer<br />

uma pequena reflexão sobre<br />

a instrução e infraestruturas<br />

de tiro, apresentando alguns<br />

exemplos de países estrangeiros<br />

como a França e os estados<br />

Unidos da américa e analisando<br />

a nossa própria realidade. em<br />

seguida serão apresentadas algumas<br />

sugestões de como podemos<br />

atualizar os nossos métodos<br />

de instrução, tornando-os mais<br />

próximos da realidade encontrada<br />

hoje no campo de batalha.<br />

Um combate assimétrico incentiva<br />

a fação mais fraca a<br />

empreender meios e métodos de<br />

combate que algumas vezes são<br />

contrárias às Leis internacionais<br />

(Gei, 2006). O combate urbano<br />

deixou de ser algo a evitar e<br />

passou a ser imprescindível para<br />

o cumprimento da missão. a política<br />

de “ganhar os corações e<br />

mentes da população” e conceitos<br />

como three block war2 são a<br />

prova disso. Deste modo, a instrução<br />

e infraestruturas devem<br />

acompanhar a evolução dos conflitos,<br />

trazendo para a instrução<br />

um reflexo do que é a realidade<br />

atual. Um exemplo desta realidade<br />

pode ser encontrado na instrução<br />

nos eUa, que em 2003<br />

1 Um dos princípios da instrução do<br />

exército dos estados Unidos da américa<br />

2 Conceito descrito pelo General Charles<br />

Krulak nos finais da década de 90 onde<br />

os soldados no campo de batalha podem<br />

realizar operações militares de alta<br />

intensidade, operações de manutenção<br />

de paz e ajuda humanitária.<br />

Instrução de Tiro e Infraestruturas de Tiro.<br />

Qual o caminho a seguir?<br />

ten inf David Marcos<br />

“Train as you will fight”<br />

(US Army, 2008) <strong>AZ</strong>IMUTE<br />

simulava o combate das suas<br />

forças em desertos nos centros<br />

de treino, como Fort irwin e Calif,<br />

mas actualmente estes e outros<br />

centros foram remodelados e<br />

oferecem vilas, cavernas e armadilhas,<br />

“povoadas” por pessoas<br />

reais que assumem o papel de<br />

insurgentes e população local,<br />

baseados numa variedade de<br />

cenários reais encontrados no<br />

iraque e afeganistão (Komarow,<br />

2005).<br />

2. Instrução de tiro<br />

e Infraestruturas no<br />

estrangeiro.<br />

atualmente existem já alguns<br />

países como a França e os<br />

eUa, que decidiram aproximar o<br />

treino dos seus militares o mais<br />

possível da realidade vivida num<br />

conflito contemporâneo. Para<br />

tal investiram em infraestruturas<br />

que representam pequenas vilas<br />

onde colocam indivíduos a representar<br />

o inimigo e sistemas de<br />

simulação de tiro que permitem<br />

uma instrução muito mais real.<br />

França possui um complexo<br />

de treino único na europa, o<br />

CeNZUB (Centre d’entraînement<br />

aux actions en Zone Urbaine),<br />

composto por 4 partes principais.<br />

O distrito de Orleans onde as forças<br />

são instaladas e permanecem<br />

durante o planeamento do exercício,<br />

a vila de Beauséjour onde<br />

são conduzidos treinos antes de<br />

iniciarem o exercício, a cidade<br />

de Jeoffrécourt onde decorre o<br />

exercício e por último um conjunto<br />

de 8 infraestruturas de tiro em<br />

ambiente urbano (Ministère de<br />

la Défense, 2008). Nestas infraestruturas<br />

são conduzidas simulações<br />

de emboscada, assaltos<br />

a/e defesa de pontos sensíveis,<br />

reação a fogos de curtas distâncias,<br />

pistas de tiro de combate individual,<br />

de parelha e de secção,<br />

tiro a partir de posições preparadas<br />

e uma adaptação às ondas<br />

de choque e ruídos do campo de<br />

batalha. todas estas simulações<br />

são aplicadas de forma modular,<br />

podendo ser adaptado a vários<br />

exercícios (tranchant, 2009).<br />

No caso dos eUa, existem 4<br />

Centros de treino de Combate<br />

que proporcionam um treino altamente<br />

realista, o BCtP (Battle<br />

Command training Program)<br />

sediado em Fort Leavenworth,<br />

Kansas, onde o treino é vocacionado<br />

para os comandantes<br />

de Grandes Unidades e o seu<br />

estado Maior. O CMtC (Combat<br />

Maneuver training Center), o<br />

JRtC (Joint Readiness training<br />

Center) em Fort Polk, Louisiana e<br />

o NtC (National training Center)<br />

em Fort irwin, California. estes<br />

centros são designados como<br />

MCtCs (Maneuver Combat<br />

training Centers) por ser onde<br />

se realizam os exercícios de manobra,<br />

desde o nível do soldado<br />

individual até à Brigada, tanto no<br />

contexto de operações conjuntas<br />

como combinadas, em todo<br />

o espectro das operações, das<br />

operações de combate em alta<br />

intensidade ou missões de apoio<br />

à paz (Us army, 2003).<br />

estes 4 Centros de treino<br />

são considerados centros de<br />

excelência e baseiam-se em 5<br />

Nº 192 DEC11<br />

45


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

46<br />

princípios para conseguir cumprir<br />

a sua missão. O primeiro defende<br />

que a unidade a treinar deve<br />

estar organizada exatamente<br />

como estará quando for destacada<br />

para o teatro de Operações.<br />

O segundo determina que exista<br />

uma entidade responsável por<br />

cada um dos MCtCs, garantindo<br />

todo o apoio logístico ao campo,<br />

assim como instrutores e pessoal<br />

especializado para auxiliarem na<br />

instrução e avaliação da unidade.<br />

O terceiro princípio estipula que<br />

a força opositora seja realista,<br />

podendo simular uma força de<br />

guerrilha, exército convencional<br />

de forças mecanizadas, tropas<br />

aerotransportadas ou forças de<br />

operações especiais, através<br />

forças treinadas e equipamento<br />

igual ou semelhante ao que poderá<br />

ser encontrado na zona de<br />

conflito. O quarto princípio impõe<br />

que seja possível simular o<br />

combate, devendo para o efeito<br />

ter espaço aéreo reservado, uma<br />

Nº 192 DEC11<br />

larga área de treino e sistemas<br />

de simulação como o MiLes 3 ,<br />

permitindo uma aproximação o<br />

mais possível do real. O quinto<br />

e último princípio obriga a que<br />

existam infraestruturas capazes<br />

de alojar as unidades que estão<br />

a treinar, assim como uma pista<br />

que permita a aterragem de aviões<br />

de grande porte (Reeson,<br />

2006).<br />

Nesta lógica de melhoria da<br />

preparação do militar para a realidade,<br />

através da evolução das<br />

infraestruturas e instrução de tiro,<br />

importa também analisar a evolução<br />

dos simuladores de tiro. estes<br />

simuladores não substituem o tiro<br />

real mas optimizam as instruções<br />

com fogo real (Muriente, 2009).<br />

a sua utilização é tida como um<br />

dos fatores pelo qual o treino<br />

nos MCtCs americanos é tão<br />

3 Multiple integrated Laser engagement<br />

system – sistema de simulação de<br />

tiro semelhante ao sitPUL mas mais<br />

evoluído<br />

Figura 1- esquema de CeNZUB Fonte: adaptação da revista Fantassins<br />

eficiente (Reeson, 2006).<br />

estes sistemas de simulação<br />

podem ser de 2 tipos. Os que funcionam<br />

como se de um jogo de<br />

computador se tratasse, em que<br />

é projetada uma imagem num<br />

ecrã, parede ou mesmo em 3 paredes<br />

em simultâneo permitindo<br />

ao atirador ou atiradores, dependendo<br />

do programa que está a<br />

correr, disparar num ângulo de<br />

praticamente 180º (Laser shot,<br />

2011). O outro tipo de simulador<br />

é aquele em que cada militar ou<br />

veículo transporta uma série de<br />

foto-sensores e um emissor laser<br />

na respetiva arma. Cada vez que<br />

o foto-sensor de um militar ou<br />

veículo for atingido pelo laser de<br />

outro, a sua arma deixa de disparar<br />

passando a ser considerado<br />

uma baixa, no entanto se a arma<br />

não tiver efeito no alvo, o laser é<br />

ignorado, por exemplo evitando<br />

que uma espingarda automática<br />

destrua um carro de combate.<br />

este tipo de simulador tem ainda


a vantagem de os controladores<br />

puderem seguir em direto o desenrolar<br />

do combate e obrigar os<br />

comandantes, aos diversos escalões,<br />

a tomar decisões no que<br />

diz respeito às evacuações ou<br />

alterações das modalidades de<br />

ação perante o cenário de terem<br />

baixas nas suas forças.<br />

3. Instrução de tiro e<br />

Infraestruturas em Portugal.<br />

atualmente a instrução de<br />

tiro em Portugal é baseada no<br />

Plano de instrução de tiro de<br />

armas Portáteis (PitaP), o Plano<br />

Básico de tiro (PBt), publica-<br />

ções e NePs feitas pelas diversas<br />

unidades baseadas nestes<br />

dois manuais e por último a imaginação<br />

do instrutor. Podemos<br />

então verificar que a instrução no<br />

nosso exército baseia-se essencialmente<br />

em três tipos de tiro:<br />

tiro de precisão, tiro instintivo e<br />

tiro de combate, mas no combate<br />

em ambiente urbanizado por ser<br />

caracterizado como instintivo e<br />

brutal, utilizamos maioritariamente<br />

os dois últimos.<br />

O tiro instintivo ministrado actualmente<br />

na ePi tem como base<br />

de referência o manual de tiro<br />

instintivo desta escola elaborado<br />

em 2007, e após uma leitura do<br />

mesmo é fácil constatar que em<br />

todas as sessões, os alvos são<br />

fixos e apenas na última sessão<br />

o executante está em movimento.<br />

No que diz respeito ao tiro de<br />

combate, a referência é o manual<br />

de tiro de Combate da ePi, onde<br />

encontramos fichas de instrução<br />

sobre pistas de tiro de combate<br />

individual, parelha e secção, nas<br />

os alvos estão em frente aos atiradores<br />

e estes têm de se deslocar<br />

de máscara em máscara<br />

e efectuar 2 disparos para cada<br />

alvo. No entanto, ambos os manuais<br />

são apenas referências e<br />

como já foi supramencionado, a<br />

imaginação do responsável da<br />

sessão permite criar mais situações<br />

como obrigar o instruendo<br />

Figura 2- simulador Laser shot Fonte: Laser shot<br />

a disparar para os alvos segundo<br />

uma ordem pré estipulada ou<br />

para o alvo que estiver iluminado,<br />

se for uma instrução noturna,<br />

de acordo com as limitações da<br />

infraestrutura de tiro. as nossas<br />

infraestruturas de tiro são construídas<br />

respeitando o Mt 38-2 4<br />

e o RaD 38-1 5 e embora esteja<br />

prevista a utilização de alvos<br />

móveis, tanto tombantes como<br />

de movimentos transversais, em<br />

ambos os casos estes são colocados<br />

sempre à frente do executante<br />

e no sentido do seu deslocamento,<br />

apesar deste tipo de<br />

alvos é praticamente inexistente<br />

4 Mt 38-2 Caracterização e técnica das<br />

infra-estruturas de tiro, 1989<br />

5 RaD 38-1 infra-estruturas de tiro,<br />

1988<br />

no nosso exército 6 . assim, estes<br />

modelos de sessões de tiro,<br />

aliadas às condições das nossas<br />

carreiras de tiro não reflectem a<br />

realidade que os nossos militares<br />

poderão encontrar numa zona de<br />

conflito da atualidade, isto porque<br />

o inimigo não está sempre à<br />

nossa frente, à espera que seja<br />

dado um sinal como um apito<br />

para que possamos disparar,<br />

pelo contrário o inimigo hoje esconde-se<br />

em casas, usa escudos<br />

humanos, dispara de janelas que<br />

estão acima de nós e ao nosso<br />

lado, aciona ieDs 7 para imobilizar<br />

uma coluna de viaturas e depois<br />

ataca.<br />

No que diz respeito à simulação,<br />

o nosso exército possui<br />

nesta escola um simulador de<br />

tiro Laser shot que nos permite<br />

apenas fazer tiro com a pistola<br />

do sistema, fazendo com que a<br />

falta de mais equipamento não<br />

torne este sistema tão rentável<br />

quanto o deveria ou com um nível<br />

de eficiência semelhante ao dos<br />

exércitos estrangeiros. ainda na<br />

área dos simuladores dispomos<br />

do sistema sitPUL (simulação<br />

de instrução de tiro e de táctica<br />

de PUs Utilizando Laser) que foi<br />

inicialmente utilizado no final da<br />

década de 80 mas que com o<br />

tempo acabou por deixar de ser<br />

usado. existem ainda na ePi<br />

10 armas de airsoft, no entanto<br />

e à semelhança do Laser shot,<br />

esta quantidade não é a suficiente<br />

para revelar todo o potencial<br />

que este tipo de treino pode<br />

proporcionar.<br />

4. O caminho a seguir…<br />

O modelo ideal seria o caso<br />

francês em que, aliado a um sistema<br />

de simulação de tiro compatível<br />

com todas as armas utilizadas<br />

no seu exército, existe um<br />

6 O CtOe é uma das poucas Unidades<br />

que possui este tipo de alvo em perfeitas<br />

condições de utilização<br />

7 improvised explosive Device –<br />

engenho explosivo improvisado<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

47


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

48<br />

centro de treino extremamente<br />

especializado, realista e funcional,<br />

onde os recursos estão centralizados<br />

e a utilização dos mesmos<br />

é feita por todo o exército,<br />

com base num sistema de rotatividade<br />

de forças. apesar da<br />

conjuntura atual não nos permitir<br />

enveredar por projetos megalómanos,<br />

existem pequenas mudanças<br />

que merecem uma tentativa<br />

de implementação.<br />

Importa desde já refletir sobre<br />

o modo a proporcionar às várias<br />

carreiras de tiro existentes e ativas,<br />

a prática de tiro instintivo<br />

onde os executantes tivessem<br />

de disparar sobre alvos que não<br />

estariam apenas à sua frente<br />

mas também em pisos superiores<br />

e na sua lateral, alvos estes<br />

que deveriam ser móveis, com<br />

movimentos transversais ou<br />

tombantes sendo que alguns devem<br />

representar população civil.<br />

este tipo de alvo não é obrigatório<br />

ser uma máquina extremamente<br />

complexa que registe os<br />

impactos, existem alternativas no<br />

mercado que permitem apenas<br />

o movimento do alvo e que este<br />

seja trocado com facilidade.<br />

No que diz respeito a simuladores<br />

de tiro, pode ser considerado<br />

como opção a aquisição<br />

de sistemas simuladores de tiro<br />

que permitam um maior número<br />

de participantes em simultâneo,<br />

com cenários semelhantes<br />

à realidade, em que é possível<br />

simular o recuo da arma a cada<br />

tiro assim como a necessidade<br />

de troca de carregador. Deverá<br />

ser equacionada a hipótese de<br />

realizar um upgrade ao sistema<br />

sitPUL, através de protocolos<br />

com universidades nacionais,<br />

evitando a fuga de capital para<br />

o estrangeiro e dinamizando o<br />

nosso sector tecnológico. De salientar<br />

que uma das vantagens<br />

do sitPUL era a poupança de<br />

verbas no que dizia respeito ao<br />

consumo de munições em treino<br />

(exército, 1987). Podemos ainda<br />

Nº 192 DEC11<br />

Fig. 3- simulador MiLes Fonte: adaptação da revista Fantassins<br />

ponderar a aquisição de mais armas<br />

de airsoft, de modo a equipar<br />

pelo menos uma companhia<br />

em cada Unidade Operacional,<br />

sendo a sua responsabilidade<br />

da respetiva unidade, permitindo<br />

que as armas fossem utilizadas<br />

sempre que a Unidade treinasse,<br />

independentemente do local.<br />

Os campos de tiro atuais deviam<br />

ser adaptados de modo<br />

a que pudesse ser realizado o<br />

treino de reação a emboscada<br />

a uma coluna de viaturas, onde<br />

houvesse simulação de rebentamentos<br />

de ieDs seguido de ataque<br />

por parte do inimigo 8 .<br />

5. Conclusões.<br />

Verificamos que a evolução<br />

do treino das forças deve acompanhar<br />

a evolução dos conflitos,<br />

adaptando a instrução de tiro e as<br />

suas infraestruturas de uma forma<br />

constante e contínua ao longo<br />

do tempo. Devemos seguir o<br />

exemplo de forças que têm mais<br />

experiência em conflitos atuais e<br />

esforçarmo-nos para adaptar o<br />

conhecimento, adquirido através<br />

das lições aprendidas, à nossa<br />

realidade.<br />

Constata-se com alguma<br />

frustação que em 1987, quando<br />

a tecnologia laser em sistemas<br />

de simulação estava a dar os primeiros<br />

passos e Portugal já se<br />

8 O Campo Militar de santa Margarida<br />

tem potencial para este tipo de treino<br />

utilizando máquinas de alvos portáteis.<br />

encontrava na vanguarda desse<br />

processo, o sistema então criado<br />

não viu crescer os upgrades necessários<br />

para manter essa tecnologia<br />

sempre actual.<br />

Conclui-se que devemos revisitar<br />

e atualizar os livros que<br />

regem a instrução de tiro e suas<br />

infraestruturas adaptando-as à<br />

realidade atual e voltar a utilizar<br />

simuladores de tiro e novos alvos<br />

para melhorar a forma como preparamos<br />

os nossos militares para<br />

intervir num cenário de conflito<br />

azimute atual.<br />

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training for Full spectrum Operations.<br />

Washimgton D.C.: Usa army.


Nato Urban Operations.Nato Training Group Task Group<br />

Reunião Grécia – 2ºsemestre<br />

1. Introdução<br />

a preocupação dos exércitos<br />

no âmbito da capacidade de<br />

combater em ambiente urbano,<br />

não é nova e reflete o modus<br />

operandi da emergente tipologia<br />

da ameaça – ameaças Híbridas.<br />

esta ameaça caraterizada pela<br />

modulariedade, flexibilidade e<br />

imprevisibilidade tem nas áreas<br />

edificadas o palco ideal para<br />

a degradação das capacidades<br />

dos exércitos mais desenvolvidos<br />

tecnologicamente. todavia,<br />

o alvo desta nova ameaça não é<br />

muitas vezes os exércitos internacionais,<br />

mas centra-se na conquista<br />

da população – Hearts and<br />

minds – e no vencer da “guerra<br />

da informação”.<br />

Face a esta tipologia da ameaça,<br />

e após um investimento inicial<br />

dos exércitos no desenvolvimento<br />

de áreas de treino no início<br />

dos anos 90, muito foi aprendido,<br />

muito foi desenvolvido, e hoje a<br />

ameaça enfrenta exércitos mais<br />

capazes, modulares e flexíveis.<br />

todavia e fruto da tipologia de intervenções<br />

que têm vindo a ser<br />

executadas – iraque, afeganistão<br />

– observa-se que ainda existirá<br />

um esforço grande a executar<br />

no domínio da estandardização<br />

e da interoperabilidade. Nesse<br />

desiderato, a NatO apresenta-<br />

-se como a estrutura ideal para<br />

a sedimentação destes dois conceitos<br />

– estandardização e interoperabilidade,<br />

no benefício claro<br />

da aliança e dos países que a<br />

compõem.<br />

2. Reunião Grécia<br />

a reunião do Grupo de<br />

trabalho (Gt) decorreu no<br />

estado-Maior General do<br />

exército Grego, em salónica entre<br />

os dias 19 e 23 de setembro<br />

de 2011, tendo participado 31 delegados<br />

em representação de 20<br />

países 1 . aquele que era à partida<br />

para esta reunião o tema principal<br />

a ser abordado – O emprego de<br />

armamento em Áreas Edificadas<br />

e seus efeitos, foi excluído em<br />

virtude das recentes orientações<br />

recebidas pelo Chairman<br />

do grupo, por parte do seu escalão<br />

superior NatO – o Executive<br />

Working Group (EWG). essas<br />

orientações vertidas num novo<br />

mandato determinam a elaboração<br />

do NATO Urban Operations<br />

Training Handbook e uma proposta<br />

de Standard Agreement<br />

(STANAG) para o treino em<br />

1 Países NatO, Partnership for Peace (PfP)<br />

e Diálogo do Mediterrâneo.<br />

Figura 1. subsistemas da ameaça<br />

Cap inf Rafael Lopes<br />

Áreas Edificadas até 31 de Julho<br />

de 2012. estes objetivos não<br />

sendo novos no seio do grupo,<br />

estabelecem uma reorientação<br />

decorrente fundamentalmente do<br />

prazo estabelecido pelo eWG, e<br />

que naturalmente assimilaram os<br />

5 dias de reunião e os 31 delegados<br />

na produção destes dois documentos<br />

que serão submetidos<br />

à consideração superior (EWG)<br />

no final da próxima reunião ordinária<br />

do grupo que decorrerá na<br />

suécia entre os dias 16 e 20 de<br />

abril de 2012 2 .<br />

O NATO URBAN<br />

OPERATIONS NATO TRAINING<br />

GROUP TASK GROUP<br />

(NUONTGTG), constituindo-se<br />

como um proscénio privilegiado<br />

para abordar temas com interesse<br />

no âmbito do Combate<br />

em Áreas Edificadas (CAE), os<br />

delegados tiveram ainda oportunidade<br />

para assistirem a diversas<br />

apresentações de especialistas<br />

e a uma demonstração<br />

2 Foi decidido durante a reunião na<br />

Grécia, o planeamento de uma reunião<br />

intercalar para terminar os trabalhos<br />

determinados pelo mandato que<br />

decorrerá na alemanha entre os dias 06<br />

e 10 de Fevereiro de 2012. esta reunião<br />

permitirá terminar os trabalhos que serão<br />

apresentados a todo o grupo na reunião<br />

na suécia.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

50<br />

dinâmica sobre o emprego de<br />

um subagrupamento na execução<br />

de um ataque a uma área<br />

Edificada.<br />

sobre as apresentações<br />

salienta-se as efectuadas pelos<br />

2 representantes do United<br />

States Marine Corps Warfighting<br />

Laboratory, que se centraram<br />

nas capacidades no âmbito dos<br />

sistemas de simulação terrestre,<br />

nomeadamente o Deployable<br />

Virtual Training Environment<br />

(Dvte) 3 , o Combat Convoy<br />

Simulator (CCs) 4 e o Combat<br />

Hunter 5 , entre outros.<br />

a demonstração executada<br />

no Centro de treino de<br />

Combate em Áreas Edificadas<br />

– aRGiROUPOLis, expôs as<br />

dificuldades sentidas pelos<br />

3 O Dvte é uma coleção de aplicações<br />

especificamente designadas para<br />

providenciar às forças a projetar<br />

capacidade de treino para unidades com<br />

missões específicas.<br />

4 CCs é um sistema de treino imersivo<br />

providenciado em ambiente 3D (terreno<br />

realístico) para condutores e passageiros,<br />

nomeadamente em: comando e controlo,<br />

MeDevaC, emprego de armas ligeiras,<br />

pedidos de tiro e ttP de C-ieD.<br />

5 O Combat Hunter é a criação de uma<br />

mentalidade através da integração de<br />

observação avançada, perfis de combate<br />

e rastreamento para produzir um soldado<br />

etnicamente mais preparado, taticamente<br />

astuto e letal, estando assim melhor<br />

preparado para ter sucesso em todo o<br />

espetro de operações militares.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura 2. CCS e DVTE<br />

comandantes das pequenas unidades<br />

na condução de operações<br />

em ambientes urbanos integrando<br />

diversas plataformas das<br />

quais se destacam: Helicópteros<br />

de ataque (BlackHawk) e de<br />

apoio, artilharia de Campanha,<br />

Carros de Combate com e sem<br />

sistemas de abertura de brecha<br />

e viaturas M113. após a demonstração,<br />

foi possível verificar todas<br />

as ações executadas num<br />

sistema de controlo do exercício<br />

com base num sistema de vídeo<br />

que permitiu ao avaliador/validador<br />

do exercício conduzir uma<br />

Revisão após a ação.<br />

3. O Futuro<br />

a continuidade dos trabalhos<br />

do grupo, ainda que hoje condicionados<br />

pelo mandato para a<br />

elaboração de dois documentos<br />

estruturantes para o planeamento<br />

e condução do treino<br />

em Áreas Edificadas limitado no<br />

tempo – 31 de Julho de 2012,<br />

pode e deve orientar-se para os<br />

objetivos que estão na génese<br />

do grupo, ou seja, a partilha de<br />

informação e de lições aprendidas/identificadas<br />

pelos delegados<br />

tendente à atualização e harmonização<br />

do treino no seio dos<br />

países da aliança e à discussão<br />

de temas com impacto no ajustamento<br />

de técnicas, táticas<br />

e Procedimentos face ao novo<br />

ambiente operacional. todavia,<br />

a determinação superior para a<br />

apresentação de produtos mensuráveis<br />

e objetivos leva a que<br />

o foco das reuniões se centre<br />

na produção de documentos ao<br />

invés da apresentação de experiências,<br />

lições aprendidas/identificadas<br />

e acima de tudo formas<br />

de conduzir treino e métodos<br />

de aperfeiçoamento individual e<br />

coletivo.<br />

No curto prazo, o desenvolvimento<br />

de um Centro de<br />

Excelência de Combate em<br />

Áreas Edificadas NATO em<br />

MUsCatatUCK, indiana<br />

estados Unidos da américa representa<br />

um caminho decisivo<br />

para o desenvolvimento doutrinário,<br />

tático e técnico das estruturas<br />

NatO com responsabilidade<br />

nesta matéria com claros<br />

benefícios para a preparação/<br />

aprontamento de forças, não só<br />

porque disponibilizará uma área<br />

única para o treino em Áreas<br />

Edificadas em todo o espetro de<br />

operações, mas também criará<br />

um fórum NatO de especialistas<br />

residentes para o estudo, tratamento<br />

e desenvolvimento de<br />

doutrina bem como para apoio ao<br />

desenvolvimento de projetos de<br />

investigação e desenvolvimento.<br />

4. Conclusões<br />

A pertinência e atualidade


dos temas abordados no seio<br />

deste grupo convive diretamente<br />

com o esforço diário que os<br />

diversos exércitos NatO efectuam<br />

para prepararem as suas<br />

forças para este novo ambiente<br />

operacional, onde as Áreas<br />

Edificadas figuram como terreno<br />

importante e fator decisivo para<br />

o sucesso de uma campanha militar.<br />

esta conspeção sustentada<br />

nos diversos projetos de investigação,<br />

nos projetos de desenvolvimento<br />

de centros de treino<br />

(MUsCatatUCK e CeNZUB) e<br />

naturalmente nas lições aprendidas/identificadas<br />

de outras<br />

campanhas e operações militares,<br />

orientam o nosso pensamento<br />

e direção de esforço para o estudo,<br />

análise e desenvolvimento<br />

de tudo o que tenha a ver com<br />

o emprego de forças militares em<br />

terreno caraterizado pela presença<br />

de infraestruturas, população<br />

civil e acima de tudo da ameaça<br />

híbrida.<br />

Consubstanciando o atrás referido,<br />

tudo aquilo que possa ser<br />

feito ou desenvolvido no seio da<br />

NatO e internamente dos países<br />

que compõem esta aliança, tendente<br />

à melhor preparação dos<br />

exércitos para fazer face a este<br />

Figura 3.Plataformas utilizadas na demonstração<br />

Fonte: Fotos do autor<br />

complexo e volátil ambiente operacional,<br />

representa um passo<br />

importante para a repressão da<br />

ameaça e das suas intenções e<br />

concorrentemente para a segurança<br />

e bem-estar das populações.<br />

este grupo e acima de tudo<br />

o trabalho que por ele é desenvolvido<br />

em espírito de aliança<br />

contribui para o aperfeiçoamento<br />

do estudo, treino e formação<br />

no âmbito do CAE. Compete à<br />

escola e ao exército a sabedoria<br />

para melhor empregar esses<br />

conhecimentos em benefício do<br />

produto operacional nacional. azimute<br />

Figura 4. Central Elétrica de MUSCATATUCK<br />

Fonte: Fotos do autor<br />

Nº 192 DEC11<br />

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52<br />

1. Introdução<br />

O emprego da força militar não é exclusivo das situações<br />

de guerra, podendo ser aplicado como resposta<br />

a crises emergentes ou em desenvolvimento e ainda<br />

no cumprimento de missões de interesse público 1 . as<br />

operações de resposta a crises estão integradas num<br />

ambiente operacional complexo e bastante exigente,<br />

em que os militares de uma Companhia são confrontados<br />

com elementos com um telemóvel numa mão, um<br />

RPG-7 na outra e um ódio extremo no interior do seu<br />

coração 2 . Os militares têm de ser capazes de dominar<br />

um conjunto de tarefas que vão desde o efectuar uma<br />

negociação ao estabelecer postos de controlo, postos<br />

de observação, passando pela execução de escoltas<br />

a colunas de viaturas 3 e operações de Cerco e Busca.<br />

Uma operação de Cerco e Busca baseia-se em<br />

informações e pretende ser uma acção não violenta<br />

em que se isola (cerco) uma área e que pode ser<br />

orientada para pessoas, material, edifícios ou terreno 4<br />

com a finalidade de deter um determinado indivíduo<br />

ou apreender materiais chave, que podem incluir: armamento,<br />

munições, explosivos, contrabando, provas<br />

ou informação 5 . Pode ainda ter a finalidade de ser uma<br />

demonstração de força para a população.<br />

De facto, tornou-se numa das operações mais comuns<br />

em teatros de Operações (tO), como o iraque<br />

1 RC Operações, 2005.<br />

2 tradução livre, Holden, LCol Christopher M.: CALL Newsletter<br />

04-16 (2004) Cordon and Search.<br />

3 tradução livre: FM 3-21.11 The SBCT Infantry Rifle Company.<br />

4 tradução livre: FM 3-06.11Combined Arms Operations in<br />

Urban Terrain.<br />

5 Baillergeon, Rick and sutherland, John: Cordon and Search<br />

Operations.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Operações de Cerco e Busca<br />

Figura 1 – Comparação dos métodos de Cerco e Busca<br />

Cap inf alexandre Capote<br />

(colaborador desta revista colocado no CMD Pess)<br />

e Afeganistão, visto ser um método eficaz de privar<br />

a ameaça de materiais chave ou deter elementos 6 .<br />

Representa ainda uma forma de controlar a população<br />

e os seus recursos.<br />

Uma Companhia de atiradores, durante o período<br />

da NRF 7 12, treinou por diversas vezes esta tarefa táctica,<br />

desenvolvendo e aplicando várias tácticas, técnicas<br />

e procedimentos, fruto da experiência dos seus<br />

militares e dos ensinamentos recolhidos durante os<br />

treinos. O presente artigo apresenta alguns dos ensinamentos<br />

retirados desses treinos.<br />

O artigo está dividido em duas partes. Numa primeira,<br />

abordam-se alguns aspectos do planeamento<br />

e da organização de uma UeC para uma operação de<br />

Cerco e Busca. Na segunda parte, são apresentadas<br />

as tarefas dos vários elementos que intervêm na operação<br />

e considerações relativas ao treino desta tarefa<br />

táctica.<br />

2. Planeamento e Organização<br />

existem dois métodos de abordagem a uma operação<br />

de Cerco e Busca: pode ser realizada com consentimento<br />

8 , em que o risco é reduzido e a probabilidade<br />

de fuga ou resistência à detenção é baixa ou nula,<br />

ou sem consentimento 9 , em que o risco é elevado e a<br />

probabilidade de fuga ou resistência à detenção é alta.<br />

O primeiro método é utilizado quando se pretende<br />

6 Baillergeon, Rick and sutherland, John: Cordon and Search<br />

Operations.<br />

7 NRF: Nato Response Force.<br />

8 Tradução livre do inglês “Cordon and Knock”, FM 3-24.02<br />

Tactics in Counterinsurgency.<br />

9 Tradução livre do inglês “Cordon and Enter”, FM 3-24.02<br />

Tactics in Counterinsurgency.


uma abordagem que permite estabelecer uma relação<br />

/ reacção não agressiva. Neste caso a velocidade<br />

e a necessidade de obter surpresa são secundários<br />

em detrimento da legitimidade. O segundo método é<br />

utilizado quando é necessário velocidade para obter<br />

surpresa de forma a conseguir dominar a situação. O<br />

cerco é rapidamente montado e o elemento de busca<br />

entra no(s) edifício(s) a inicia a busca de pessoas e<br />

material designados, mantendo a iniciativa sobre forças<br />

desconhecidas na área de busca. É necessário ter<br />

em consideração que possíveis ganhos em segurança,<br />

utilizando este método, podem significar a perda<br />

em relação a outros aspectos, tais como: risco para<br />

não combatentes presentes na área, danos colaterais<br />

nas infra-estruturas, opinião e entendimento por parte<br />

da população, risco para as tropas, efeitos em futuras<br />

buscas deliberadas 10 , etc (Figura 1).<br />

2.1 Princípios<br />

a execução de uma operação de cerco e busca<br />

deve obedecer a alguns princípios, tais como:<br />

» surpresa, de forma a evitar que um possível alvo<br />

fuja, que determinados materiais sejam escondidos ou<br />

que se prepare uma reacção eficaz contra a força que<br />

executa a operação, protegendo-a.<br />

» velocidade, é um princípio relativo, pois é necessária<br />

para evitar uma reacção por parte de uma possível<br />

ameaça, no entanto as tarefas de busca requerem<br />

algum tempo, de modo a serem realizadas de uma<br />

forma sequencial e metódica.<br />

10 tradução livre: FM 3-24.02 Tactics in Counterinsurgency.<br />

Figura 2 – Delimitação da área de busca<br />

2.2 Aspectos a ter em consideração durante o<br />

planeamento<br />

existem diversos aspectos a ter em consideração<br />

durante a fase de planeamento:<br />

» Determinar e delimitar correctamente a área de<br />

busca, de acordo com a área, determinar o efectivo<br />

a utilizar. Dependendo do método de abordagem, da<br />

situação da ameaça, das dimensões do objectivo e do<br />

risco a assumir, o efectivo é variável, podendo ir de<br />

uma secção à utilização de toda a Companhia. em<br />

situações particulares, a Companhia pode ser apenas<br />

um dos elementos dentro de uma operação de uma<br />

UeB. Mas no mínimo o efectivo não deve ser inferior a<br />

uma secção (Figura 2).<br />

Determinar o tipo de equipamento a utilizar em função<br />

do grau de perigosidade da busca.<br />

» Procurar obter o maior número possível de informações<br />

sobre o local: plantas do edifício, fotografias,<br />

fotografias aéreas 11 , quantitativo de pessoas que<br />

se espera no(s) edifício(s), presença de população e<br />

possíveis reacções por parte dos ocupantes dentro do<br />

edifício e possível população envolvente.<br />

» Levantar as limitações e obrigações legais, tais<br />

como ROe 12 , necessidade de mandato de busca e /<br />

11 as fotografias aéreas são uma ferramenta importante<br />

para o planeamento de operações, permitindo ter uma ideia<br />

pormenorizada da área envolvente. Permite também esclarecer<br />

e actualizar as cartas topográficas. É necessário ter atenção à<br />

escala das fotografias, pois pode induzir em erro.<br />

12 ROE: Do inglês Rules of Engagement, regras de<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

54<br />

ou detenção, autorização para detenção de pessoas,<br />

autorização para confiscação de materiais e se estes<br />

podem ser confiscados pela força, entre outros.<br />

» Determinar a necessidade e confirmar a disponibilidade<br />

de meios e valências adicionais, que proporcionem<br />

um aumento das capacidades da força que<br />

executa a busca, por exemplo: equipas de evacuação,<br />

equipas de transporte 13 , equipas de intérpretes 14 , equipas<br />

de assuntos civis, equipas eOD 15 , equipas de polícia<br />

local e criminal 16 , equipas cinotécnicas 17 , equipas<br />

de operações psicológicas / negociação 18 e equipas<br />

de vigilância / atiradores especiais 19 . É necessário o<br />

comandante ou líder da subunidade que vai realizar a<br />

operação, compreender as relações de comando, as<br />

capacidades e limitações de cada uma das equipas,<br />

assim como o seu modo de emprego 20 .<br />

» Determinar o período do dia em que é mais vantajoso<br />

executar a busca, de forma a obter-se o efeito<br />

surpresa, facilitar os movimentos e causar menores<br />

restrições na população. Montar um anel de segurança<br />

durante um período de visibilidade reduzida, aumenta<br />

a probabilidade de se obter surpresa, mas é<br />

mais difícil o comando e controlo, sendo sempre necessário<br />

ter em conta as restrições que vão ser colocadas<br />

à população, de forma a que esta não constitua<br />

uma ameaça.<br />

empenhamento.<br />

13 Utilizadas pela Companhia para transporte de elementos a<br />

deter, materiais apreendidos.<br />

14 Úteis numa situação de busca com consentimento de forma<br />

a facilitar a comunicação. É importante ter atenção à etnia ou<br />

raça da população e do intérprete de forma a não se tornar um<br />

problema em vez de uma solução.<br />

15 EOD – Do inglês Explosive Ordnance Disposal, inactivação<br />

de engenhos explosivos.<br />

16 em determinados teatros, como o do Kosovo, as forças<br />

da NatO não podem deter indivíduos por mais do que um<br />

determinado número de horas, após o qual têm de os entregar<br />

às autoridades locais, de igual forma a recolha de provas para<br />

uso em tribunal terá de ser feita por equipas especializadas.<br />

17 São uma valência bastante útil, no entanto é necessário ter<br />

atenção ao tipo de cão, podendo estes serem para busca de<br />

estupefacientes, armas e explosivos, pessoas ou serem cães<br />

patrulha. É também necessário compreender as limitações do<br />

animal, por norma devem ser empregues por curtos períodos<br />

de tempo, entre 20 a 30 minutos, após o que necessitam de<br />

descansar, assim surge a necessidade definir uma prioridade<br />

de busca.<br />

18 Normalmente empregues em buscas com consentimento de<br />

forma a permitir a execução da busca de forma pacífica. Têm<br />

necessidade de segurança.<br />

19 Na Companhia, sempre que possível e que a situação<br />

o justificasse, eram organizadas equipas de vigilância que<br />

também possuíam a capacidade de efectuar fogos de precisão<br />

até uma distância de 300 / 400m.<br />

20 este ponto é especialmente importante quando se está a<br />

operar num ambiente multinacional em que os procedimentos<br />

das equipas podem diferenciar dos procedimentos das equipas<br />

nacionais.<br />

Nº 192 DEC11<br />

2.3 Organização<br />

Para uma operação de Cerco e Busca, muito embora<br />

pudesse haver algumas variações, a Companhia<br />

de atiradores tinha uma organização tipo, que incluía:<br />

o comando, que para além dos elementos orgânicos<br />

integrava os meios adicionais e algumas equipas que<br />

eram organizadas a partir dos elementos de um dos<br />

Pelotões, por exemplo equipas de vigilância e atiradores<br />

especiais, sendo responsável pelo comando e<br />

controlo da operação, um elemento de segurança que<br />

tinha tarefas associadas ao isolamento da área do objectivo,<br />

um elemento de busca responsável pelas tarefas<br />

associadas a encontrar uma determinada pessoa<br />

ou material, um elemento de detenção responsável<br />

pelas tarefas de processamento de pessoal e material<br />

e uma reserva de forma a poder reagir a situações<br />

inesperadas.<br />

3. Tarefas<br />

3.1 Comando<br />

Numa operação de Cerco e Busca, um comando<br />

e controlo efectivo de todas as acções é essencial e<br />

é necessário ter atenção à sua dimensão e constituição,<br />

de forma a conseguir a coordenação e sincronização<br />

das tarefas de segurança, busca e detenção.<br />

a localização do elemento de comando é um aspecto<br />

importante a detalhar. tendo em conta que o esforço<br />

é realizado pelo elemento de busca, é junto deste<br />

que se deve posicionar o elemento de comando. Na<br />

Companhia de atiradores, o Cmdt de Companhia e<br />

um operador de rádio, apeavam e estavam junto ao<br />

elemento de busca, ficando o Oficial Adjunto na sua<br />

viatura, garantindo as comunicações e relato das acções<br />

para o escalão superior e o controlo dos trens da<br />

Companhia, assim como do seu emprego.<br />

3.2 Elemento de segurança<br />

O elemento de segurança monta um anel de segurança<br />

exterior, que tem por finalidade: bloquear,<br />

controlar, alertar a entrada de viaturas e / ou pessoal<br />

na área do objectivo e evitar possíveis ameaças para<br />

o elemento de busca. as tarefas tácticas associadas<br />

são: montagem de postos de controlo, posições de bloqueio,<br />

postos de bservação e patrulhas de segurança<br />

nos principais itinerários de acesso ao objectivo e / ou<br />

nas áreas entre eles, sendo necessário dar detalhes,<br />

como: que viaturas / pessoas devem ser revistadas e<br />

com que detalhe, em que circunstâncias as viaturas<br />

/ pessoas são revistadas e apreendidas / detidas, se<br />

estas instruções se aplicam a tráfego que circula de<br />

fora para dentro e de dentro para fora e que tráfego é<br />

autorizado a circular e em que circunstâncias.<br />

as posições podem ser ocupadas antes do movimento<br />

do elemento de busca, se a situação o permitir<br />

e deve-se equacionar a necessidade de deixar


viaturas afastadas de forma a assegurar a surpresa,<br />

ou em simultâneo com este21 Figura 3 – anéis de segurança<br />

. Deve-se ter atenção à<br />

identificação de viaturas e elementos que podem ou<br />

não entrar e / ou sair da área do objectivo e a hora<br />

/ acontecimento a partir da qual o cerco tem de ser<br />

efectivo, como por exemplo: montado a partir de determinado<br />

GDH, activo após início da busca e a possibilidade<br />

de postos de controlo passarem a posições<br />

de bloqueio.<br />

Um dos erros que é comum cometer-se é posicionar<br />

o anel de segurança externo muito próximo do<br />

edifício alvo, de forma a não ser capaz de alertar a<br />

aproximação de uma ameaça em tempo e proteger o<br />

elemento de busca.<br />

É também necessário prever a utilização de meios<br />

21 Normalmente, se o objectivo se encontra dentro de uma<br />

área edificada com vários edifícios e população em volta, a<br />

opção será ocupar as posições em simultâneo com o movimento<br />

do elemento de busca, visto que de outra forma a surpresa é<br />

quebrada.<br />

de controlo de tumultos para este elemento,<br />

de forma a fazer face a possíveis manifestantes<br />

provenientes da população envolvente.<br />

Um aspecto importante a ter em conta<br />

diz respeito aos materiais disponíveis, o<br />

elemento de segurança deve ter disponível<br />

materiais que permitam bloquear itinerários,<br />

por exemplo concertinas se arame farpado e<br />

“ouriços”(Figura 3).<br />

3.3 Elemento de busca<br />

O elemento de busca, monta um anel<br />

e segurança interior, que tem por finalidade<br />

evitar a fuga de viaturas ou pessoas da<br />

área do objectivo, proporcionar segurança<br />

aos elementos que executam as buscas<br />

na área do objectivo. as tarefas associadas<br />

são: montagem de posições de combate,<br />

postos de controlo e postos de observação<br />

e a execução de buscas. Um dos factores<br />

fundamentais a ter em consideração numa<br />

busca, é o factor segurança, isto porque os<br />

militares envolvidos na busca estão num meio que<br />

lhes é desfavorável, ao passo que os residentes no<br />

local onde é efectuada a busca, conhecem em pormenor<br />

o local, pelo que poderão utilizar o meio contra<br />

os militares. assim é de equacionar, em algumas situações<br />

em que o risco associado á busca é elevado,<br />

por exemplo, quando a busca é sem consentimento,<br />

o anel de segurança interior poder ser substituído por<br />

posições de sobreapoio / apoio pelo fogo de forma a<br />

dar liberdade de acção ao elemento de busca. Nesta<br />

situação, algumas tarefas do anel interior poderão<br />

passar para o anel exterior de segurança (Figura 4 e 5)<br />

Na Companhia de atiradores, o elemento de<br />

busca da Companhia 22 , de uma forma geral, dividia-<br />

-se em: busca, segurança, detenção e reserva. a<br />

tarefa de busca podia ser atribuída a uma ou mais<br />

22 Normalmente a tarefa era atribuída a um Pelotão, que para<br />

algumas missões podia receber uma secção adicional.<br />

Figura 4 – anel de segurança interior Figura 5 – Posições de apoio pelo fogo / sobreapoio<br />

Nº 192 DEC11<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

56<br />

secções 23 e tinha como princípios de actuação: evitar,<br />

sempre que possível, danos na propriedade alheia,<br />

evitar danificar possíveis provas criminais, procurar<br />

primariamente aquilo que é o objecto da busca, deixando<br />

no local o que não o era.<br />

Um dos aspectos a ter atenção é o método de<br />

entrada a utilizar 24 : “hardy entry”, executado de forma<br />

rápida e violenta, de forma a não comprometer<br />

a busca e a não causar baixas desnecessárias, utilizando<br />

métodos mecânicos, explosivos ou balísticos.<br />

É utilizado quando o risco é elevado e a probabilidade<br />

de fuga ou resistência à detenção é alta - busca sem<br />

consentimento, “soft entry”, utilizado quando o risco<br />

é reduzido e a probabilidade de fuga ou resistência à<br />

detenção é baixa ou nula - busca com consentimento,<br />

permite dar ao suspeito a oportunidade de colaborar,<br />

é a que é preferível se houver um baixo risco e evita<br />

uma escalada de violência. As buscas não se restringiam<br />

apenas ao interior dos edifícios, mas também ao<br />

exterior dos mesmos, fazendo-se uso de meios que a<br />

auxiliassem, por exemplo, detectores de metais. se<br />

possível, as buscas devem ser realizadas com consentimento,<br />

tendo papel importante neste aspecto, a<br />

capacidade do comandante da força em negociar com<br />

o líder da povoação ou dono da casa, a entrada e execução<br />

da busca. Neste caso, a capacidade de estabelecer<br />

uma relação de cooperação, tornando a busca<br />

legítima e aceite pela população, é mais importante<br />

do que a velocidade e surpresa. 25 Um dos aspectos a<br />

ter em atenção é o que fazer com os não combatentes,<br />

podendo ser empregues os seguintes métodos:<br />

reunir num local central fora das casas, restringir os<br />

habitantes às suas casas ou controlar a “cabeça” de<br />

cada casa.<br />

em determinadas situações, eram conduzidas<br />

buscas deliberadas 26 , sendo esta realizada, após o local<br />

de busca estar seguro. a tarefa era, normalmente,<br />

atribuída a uma secção 27 que se organizava em co-<br />

23 Dependia das dimensões da área a efectuar a busca, se<br />

incluía busca no interior e exterior dos edifícios e se incluía a<br />

realização de uma busca deliberada.<br />

24 independentemente do tipo de busca e do método de<br />

entrada utilizado os elementos que vão efectuar a busca<br />

devem estar prontos a reagir a uma ameaça com armas de<br />

fogo, passando a utilizar técnicas de precisão de limpeza de<br />

compartimentos.<br />

25 Baillergeon, Rick and sutherland, John: Cordon and Search<br />

Operations.<br />

26 Tradução livre do inglês “Tactical Exploitation”, FM 3-24.02<br />

Tactics in Counterinsurgency. Pretende ser a acção sistemática,<br />

executada com os meus adequados, de forma a assegurar que<br />

pessoal, documentos, informação electrónica e outro material<br />

encontrado é identificado, recolhido e protegido de forma a<br />

permitir obter informações e apoiar acções futuras.<br />

27 se a área fosse de grandes dimensões ou a quantidade<br />

de material e pessoal a processar fosse elevada podia ser<br />

atribuída a duas secções.<br />

Nº 192 DEC11<br />

mando e equipas de busca, construída cada uma por<br />

uma parelha. O número de equipas variava de acordo<br />

com o efectivo disponível e as dimensões da área do<br />

objectivo, no mínimo havia duas equipas, uma para<br />

o interior e outra para o exterior do(s) edifício(s), a<br />

equipa do exterior era também responsável pela área<br />

envolvente, o que incluía possíveis viaturas. Durante<br />

a busca, era efectuado um esboço detalhado da área<br />

da busca, o qual constituía um anexo do relatório<br />

efectuado.<br />

Durante a realização da busca, cada compartimento<br />

era fotografado antes de começar a busca, fazia-se<br />

um estudo do compartimento e procurava-se artigos<br />

óbvios com interesse. a busca era efectuada de uma<br />

forma sistemática, começava no centro do compartimento,<br />

de forma a libertar o espaço para artigos sem<br />

interesse e depois, a partir do ponto de entrada, de<br />

baixo para cima, deslocando-se em sentidos opostos,<br />

sendo os materiais em excesso, sem interesse, colocados<br />

no centro. Eram tiradas fotografias aos artigos<br />

com interesse, antes de lhes mexer. sendo que estes<br />

eram fotografados no local, manuseados com luvas<br />

látex, colocados em sacos transparentes / Ziplock,<br />

etiquetados, registados no inventário de artigos capturados<br />

e transportados para o local de reunião no<br />

compartimento e depois entregue ao elemento de<br />

detenção.<br />

as pessoas eram revistadas e fotografadas com<br />

uma placa de informação detalhada. No exterior dos<br />

edifícios, era efectuada uma busca no perímetro dos<br />

edifícios, tendo em atenção os artigos enterrados ou<br />

escondidos em objectos. Às viaturas, era efectuada<br />

uma busca inicial procurando possíveis armadilhas,<br />

eram tiradas fotografias e documentada a informação<br />

retirada .<br />

Para executar este tipo de busca, foi criado um Kit,<br />

que era transportado em mochiletes de mochila.<br />

Mochilete 01 – Cmdt de secção<br />

Mochilete Nº1<br />

* 01 Mochilete<br />

* 01 Bloco apontamentos + caneta<br />

* 01 Lanterna Maglight<br />

* 02 sacos Ziplock<br />

* 02 Pares luvas latex<br />

* Fita balizadora<br />

Mochilete 02 – adjunto<br />

Mochilete Nº2<br />

* 01 Mochilete<br />

* 02 Pares luvas latex<br />

* 01 Bloco apontamentos a4 quadriculado + caneta<br />

* Fita balizadora<br />

* 01 Lanterna<br />

Mochilete 03 – equipas de busca<br />

Mochilete Nº3<br />

* 01 Mochilete<br />

* Fita balizadora


Figura 8 - Manuseamento de material durante uma busca deliberada<br />

* 10 Braçadeiras plásticas<br />

* 06 Algemas de fio WD-1/TT<br />

* 01 Lanterna Maglight<br />

* 02 Conjuntos de 3m fio<br />

* 01 Maquina fotográfica<br />

* 10 sacos plásticos transparentes (vários tamanhos)<br />

* etiquetas material capturado<br />

* 06 sacos Ziplock<br />

* 01 Rolo fita cola<br />

* 03 Pares luvas latex<br />

* 01 Conjunto paus giz<br />

* 01 Marcador tinta permanente<br />

* 01 Detector de metais (se necessário)<br />

Figura 9 – esboço resultante de uma busca deliberada<br />

a segurança, dependendo do tipo de busca e das<br />

características da área de busca, ocupava posições<br />

de apoio pelo fogo / sobreapoio, ou montava um anel<br />

de segurança interior, tendo como finalidade proteger<br />

o elemento de busca ou elementos que efectuavam<br />

uma possível negociação e evitar a fuga da área do<br />

bjectivo 28 .<br />

28 Em situações específicas em que são ocupadas posições<br />

Figuras 10 - Manuseamento de material durante uma busca deliberada<br />

3.4 Elemento de detenção<br />

De forma a libertar o elemento de busca das tarefas<br />

de processamento de pessoal e material 29 , estas eram<br />

atribuídas a um elemento em separado, que se organizava<br />

em: comando 30 , equipa de ligação, equipa de<br />

segurança e equipas de detenção. a equipa de ligação<br />

era responsável pela ligação ao elemento de busca,<br />

recebendo deste as pessoas e materiais, possuindo<br />

uma equipa de evacuação que transportava eventuais<br />

feridos. a equipa de segurança garantia a segurança<br />

próxima às equipas de detenção e ligação. as equipas<br />

de detenção organizam espaços para colocar: elementos<br />

procurados, não combatentes, feridos, mortos<br />

e material. integrando as equipas de detenção, estava<br />

um a dois socorristas que prestavam os primeiros socorros<br />

iniciais e executavam uma primeira triagem. Os<br />

locais podiam ser organizados junto à área do objectivo,<br />

protegido das vistas e numa fase subsequente, ser<br />

transferido para o interior de um edifício (Figura 11).<br />

3.5 Reserva<br />

Este elemento proporciona ao Comandante, flexibilidade<br />

e capacidade de fazer face a uma situação<br />

inesperada. Deve estar preparada para reforçar os<br />

elementos de cerco, busca ou detenção, podendo receber<br />

tarefas como: controlar distúrbios civis, reforçar<br />

o anel exterior, controlar detidos, entre outras.<br />

de sobreapoio / apoio pelo fogo e que o terreno seja restritivo,<br />

a força pode não ter capacidade de evitar a fuga de elementos<br />

da área do objectivo, passando esta tarefa para o anel de<br />

segurança exterior.<br />

29 O material incluía apenas aquele que poderia causar uma<br />

ameaça imediata, por exemplo: armas, munições e explosivos,<br />

caso contrário era deixado onde fora encontrado.<br />

30 Na 2Cat esta tarefa era normalmente atribuída a um<br />

Pelotão.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

57


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

58<br />

3.6 Uso de Equipas de vigilância / atiradores<br />

especiais<br />

a Companhia de atiradores, de uma forma regular,<br />

organizou e empregou equipas de vigilância / atiradores<br />

especiais. Não possuíam uma organização fixa,<br />

mas de uma forma geral eram constituídas por duas<br />

equipas de dois elementos cada, liderada por um<br />

quinto elemento, um sargento. Cada equipa possuía<br />

um militar com uma espingarda automática G-3 com<br />

alça trilux ou a Luneta aN/Pvs-4 e um segundo militar<br />

com equipamento de vigilância diurna e nocturna,<br />

para além dos meios de comunicação. Normalmente,<br />

se a situação o permitisse 31 , eram colocados na área<br />

do objectivo com algumas horas de antecedência, colocavam<br />

olhos no objectivo e actualizavam a situação.<br />

Durante a aproximação do elemento de busca, actualizavam<br />

a situação e guiavam a força para o objectivo.<br />

Durante a acção no objectivo, permaneciam nas<br />

posições, alertando para eventuais movimentos na<br />

área do objectivo e nas imediações, além de proporcionarem<br />

a capacidade de efectuar fogos de precisão<br />

até uma distância de 300 / 400m. Quando eram empregues<br />

duas equipas, uma ficava responsável pelo<br />

31 Quando o objectivo se encontrava no meio de uma área<br />

arborizada ou aberta e não houvesse uma ameaça era possível<br />

colocar olhos no objectivo algumas horas antes, se o objectivo<br />

se encontrava dentro de uma área edificada e houvesse<br />

uma ameaça, ocupavam as posições em simultâneo com a<br />

aproximação do elemento de busca.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Figura 11 – esquema de colocação do elemento de detenção<br />

objectivo propriamente dito e a segunda pela área envolvente.<br />

as comunicações eram efectuadas na rede<br />

de comando e operações da Companhia, e durante a<br />

fase de planeamento eram definidas medidas de controlo<br />

de fogos e medidas de coordenação.<br />

4. Conclusões<br />

a tarefa de Cerco e Busca é uma das tarefas mais<br />

comuns em operações de resposta a crises. No entanto,<br />

não se apresenta como sendo uma tarefa fácil<br />

de treinar e executar, visto ser uma tarefa que possui<br />

um enquadramento específico, sobretudo legal,<br />

e apresenta um sem número de tarefas associadas,<br />

algumas delas bastante técnicas e de uma forma geral<br />

as unidades não estão rotinadas a executá-las, e<br />

naturalmente os resultados apresentam-se pouco satisfatórios,<br />

pois frequentemente ignoram cartas com<br />

transparentes, fotografias, esquemas, frequências de<br />

rádios, telemóveis, etc.<br />

todo o treino deve estar enquadrado, em particular<br />

pelas considerações legais implicadas e ser progressivo.<br />

Deve-se treinar as tarefas associadas em separado<br />

e depois integrar as tarefas em diversos pequenos<br />

exercícios tipo stX. De uma forma natural, esta<br />

tarefa táctica realiza-se em ambiente urbano, estando<br />

assim o seu treino associado ao treino de tarefas de<br />

azimute<br />

combate em áreas edificadas.<br />

Referências bibliográficas<br />

Documentos oficiais:<br />

- FM 3-21.11 (2003) the sBCt<br />

Infantry Rifle Company.<br />

- FM 3-90.05 (2005) the HBCt<br />

Combined arms Battalion.<br />

- FM 3-24.02 (2009) tactics in<br />

Counterinsurgency.<br />

- FM 3-06.11 (2002) Combined arms<br />

Operations in Urban terrain.<br />

- CaLL Newsletter 04-16 (2004)<br />

Cordon and search.<br />

- Gta 90-01-2008 tactical site<br />

exploitation.<br />

- RC Operações. (2005) –<br />

Regulamento de Campanha - Operações.<br />

Lisboa: eMe.<br />

- Manual de Operações apoio à Paz –<br />

tácticas, técnicas e Procedimentos, ePi,<br />

2008.<br />

- Directiva Nº 01-08 / agrMec / NRF<br />

12.<br />

apresentações:<br />

- 3rd BCt / 3rd infantry Division, Cordon<br />

and search.<br />

- 3-502nd / 82nd airborne Division, Cordon<br />

& search vignette.<br />

- B Coy / sWeCOY, Concept of search<br />

Operations.<br />

artigos:<br />

- Baillergeon, Rick and sutherland, John:<br />

Cordon and search Operations.<br />

- HUGHes, Major Christopher and ZieK,<br />

Major thomas G., Cordon and search<br />

Operations.<br />

- staNtON, Major Martin N., Cordon and<br />

search Operations – Lessons Learned in<br />

somalia.


A Psicologia Organizacional e a Instituição Militar<br />

atualmente, as organizações,<br />

perante novos desafios de natureza<br />

tecnológica, infraestrutural<br />

e socioeconómica, vivem profundas<br />

transformações que exigem<br />

novas abordagens para análise<br />

e soluções dos mesmos problemas,<br />

agora com uma postura<br />

proactiva e dinâmica.<br />

No passado, o Homem era<br />

colocado nas organizações como<br />

complemento ao trabalho mecânico.<br />

O tratamento era impessoal<br />

e os processos de produção<br />

eram essencialmente mecanicistas.<br />

Nessa altura, os gestores<br />

não se preocupavam com os<br />

seus recursos humanos, que ao<br />

longo do tempo, de forma directa<br />

e indirecta, iam adquirindo conhecimentos<br />

que colocavam em<br />

prática no seu quotidiano, com<br />

todas as consequências positivas<br />

e negativas para a organização.<br />

Todavia, com a importância<br />

crescente dos colaboradores e<br />

a rentabilização das suas competências<br />

para os sucessos organizacionais,<br />

há claramente<br />

uma nova forma de pensar o<br />

todo organizacional. Na verdade,<br />

a evolução das ciências sociais<br />

fez com que estas instituições<br />

passassem a adoptar uma<br />

postura mais atenta sobre o seu<br />

papel no contexto social, levando<br />

à reorientação de estratégias<br />

e processos, focalizando a sua<br />

atenção no capital humano. Hoje,<br />

os funcionários de uma organização<br />

não podem ser encarados<br />

apenas como meros autómatos<br />

que executam uma determinada<br />

tarefa, onde não é tido em conta<br />

1sar inf sérgio santos<br />

(encontra-se a frequentar o curso de psicologia social e das organizações do isCte-iUL)<br />

“Dado particularmente relevante para a transformação do <strong>Exército</strong>, e que assumimos em toda a sua amplitude, é a<br />

mudança no modelo de obtenção de recursos humanos. …. Considerar que os recursos humanos nos devem ser<br />

proporcionados por alguém, apenas nos competindo a sua formação e enquadramento, seria o espelho da inércia e da<br />

passividade. Temos que ir ao encontro dos jovens. De forma séria, contínua e empenhada.”<br />

Discurso de SExa GEN CEME na Academia Militar na abertura Solene do Ano Lectivo 2003/04<br />

os seus sentimentos, as suas<br />

emoções as suas motivações<br />

ou mesmo as suas frustrações.<br />

atualmente, esses funcionários<br />

são vistos como preciosos colaboradores<br />

que se envolvem<br />

no processo criativo e produtivo<br />

dentro da organização.<br />

a literatura relacionada com<br />

a gestão de recursos humanos<br />

revela que há uma grande evolução<br />

do papel dos indivíduos<br />

dentro das organizações. estas<br />

estruturas são portanto constituídas<br />

por indivíduos que possuem<br />

diferentes atitudes, valores,<br />

pensamentos, comportamentos,<br />

expectativas, motivações e<br />

frustrações, que levam à edificação<br />

de um determinado clima<br />

organizacional.<br />

O clima organizacional, pode<br />

então ser definido como o indicador<br />

do grau de satisfação dos<br />

membros de uma organização,<br />

em relação a diferentes aspectos<br />

da cultura ou realidade aparente,<br />

tais como: política de recursos<br />

humanos; modelo de gestão;<br />

missão da organização; processos<br />

de comunicação; valorização<br />

profissional; e identificação com<br />

a organização. É neste clima organizacional<br />

que os colaboradores<br />

estão envolvidos e labutam<br />

no seu dia-a-dia. a organização<br />

que procure sobreviver neste<br />

contexto de “crise” deve procurar<br />

conciliar o interesse próprio,<br />

(eficiência, produtividade e qualidade)<br />

com os interesses individuais<br />

dos seus colaboradores,<br />

nomeadamente, realização pessoal,<br />

possibilidade de adquirir<br />

novas competências e bem-estar<br />

social.<br />

Ou seja, para que um colaborador<br />

possa prestar um bom<br />

trabalho é necessário que saiba<br />

fazer, que possa fazer e que<br />

queira fazer. O saber fazer é<br />

uma questão de conhecimento,<br />

habilidades ou atitudes; o poder<br />

fazer é uma questão de dispor<br />

e poder usar os recursos necessários;<br />

e o querer fazer já é uma<br />

questão voluntária, que depende<br />

da satisfação das pessoas<br />

quando realizam o seu trabalho,<br />

logo está associado ao clima<br />

organizacional.<br />

indubitavelmente as organizações<br />

terão que alterar o seu paradigma<br />

e promover uma profunda<br />

mudança organizacional. essa<br />

mudança ocorre quando se altera<br />

consideravelmente a maneira<br />

de pensar e de agir das pessoas.<br />

a única maneira de mudar/inovar,<br />

consiste em inculcar novos valores,<br />

ou alterar significativamente<br />

os vigentes, de modo a instituir<br />

um novo sistema de crenças. a<br />

literatura salienta que essa mudança<br />

é extremamente difícil,<br />

pois obriga a alterar um determinado<br />

conjunto de atitudes e<br />

comportamentos que foram assimilados<br />

ao longo do tempo como<br />

verdades indubitáveis. Nesse<br />

sentido, concorre a prática nas<br />

organizações para a aplicação da<br />

psicologia na administração dos<br />

recursos humanos, primordial<br />

forma para o diagnóstico de possíveis<br />

problemas, obtendo assim<br />

dados para a implementação de<br />

estratégias e procedimentos de<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

59


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

60<br />

mudança no seio organizacional.<br />

Um exemplo recorrente e cada<br />

vez mais comum é o relativo à carga<br />

psíquica em ambiente de trabalho.<br />

a experiencia diz-nos que<br />

indivíduos com excessiva<br />

carga de responsabilidadedentro<br />

d e<br />

uma<br />

organização,<br />

e na grande<br />

maioria, sem<br />

o devido apoio<br />

de auxiliares e líderes, tendem<br />

a desenvolver problemas do foro<br />

psicológico. Muitas vezes, o próprio<br />

indivíduo consegue controlá-<br />

-los, recorrendo se necessário<br />

a apoio especializado. Mas há<br />

casos extremos em que poderá<br />

recorrer a medidas ou acções<br />

drásticas como homicídios ou<br />

mesmo ao suicídio - temos casos<br />

recentes em Portugal e relativos,<br />

na sua maioria, a forças de<br />

segurança.<br />

a solução passa pelo acompanhamento<br />

psicológico, com o<br />

objetivo de neutralizar e corrigir<br />

desvios comportamentais, com<br />

o objectivo de recuperar o capital<br />

humano e incrementar o nível<br />

de produtividade individual mas,<br />

também, colectivo.<br />

Numa primeira análise o psicólogo<br />

organizacional surge<br />

como o profissional que tem a<br />

função de “ajudar a organização<br />

a pensar” e com isso capacitar o<br />

indivíduo - no seio organizacional<br />

- a lidar com os problemas.<br />

Mas a prática do psicólogo<br />

organizacional deve estar a<br />

montante do problema. Ou seja,<br />

ao nível do recrutamento e da<br />

Nº 192 DEC11<br />

Clima Organizacional<br />

seleção. No recrutamento aplicam-se<br />

um conjunto de técnicas<br />

e procedimentos que visam seleccionar<br />

candidatos potencialmente<br />

qualificados e capazes<br />

de ocupar cargos dentro<br />

da organização.<br />

esta<br />

fun-<br />

ção<br />

é semprerealizada<br />

de acordo com<br />

as necessidades<br />

presentes e futuras de<br />

recursos humanos na organização,<br />

existindo dois tipos de<br />

recrutamento: o recrutamento<br />

interno, que está fundamentado<br />

na movimentação de quadros de<br />

pessoal dentro da própria organização,<br />

e o recrutamento externo,<br />

que ocorre quando não é possível<br />

obter candidatos para suprimir<br />

as vagas existentes. após o<br />

processo de recrutamento, empregando-se<br />

testes, entrevistas<br />

e dinâmicas de grupo, inicia-se o<br />

processo de selecção, que deve<br />

ser adequado aos objectivos da<br />

organização.<br />

Mas o que é afinal o comportamento<br />

organizacional? Como<br />

explica-lo?<br />

Uma das propostas para a explicação,<br />

é o modelo “atracção –<br />

Selecção – Atrito” (ASA), definido<br />

por schneider (1987) e revisto<br />

por schneider, Goldstein & smith<br />

(1995), como um modelo cíclico<br />

segundo o qual as pessoas cujas<br />

características pessoais se assemelhem<br />

às características de<br />

uma determinada organização,<br />

são para ela atraídas, por ela seleccionadas<br />

e nela permanecem.<br />

Por sua vez, as estruturas, os<br />

processos e a cultura organizacional<br />

são o reflexo das características<br />

da personalidade do(s)<br />

fundador(es) da organização e<br />

dos seus principais líderes.<br />

as organizações, na perspectiva<br />

do modelo asa, tendem<br />

ao longo do tempo para uma<br />

maior homogeneidade em relação<br />

ao tipo de pessoas que as<br />

constituem. Na fase inicial da<br />

implementação da empresa no<br />

mercado de trabalho, a homogeneidade<br />

é benéfica na medida<br />

em que facilita a coordenação e a<br />

comunicação, melhorando a socialização<br />

e a interacção. Mas a<br />

homogeneidade poderá ter a longo<br />

prazo consequências negativas<br />

no futuro das empresas. tal<br />

como advoga schneider (1995),<br />

o psicólogo organizacional deverá<br />

na fase inicial seleccionar os<br />

pretendentes que melhor se encaixem<br />

na organização para prevenir<br />

o atrito e assim criar um espírito<br />

mais homogéneo. Contudo,<br />

com o avançar do tempo, deverá<br />

promover a heterogeneidade tendo<br />

em vista o desenvolvimento<br />

da inovação e do espírito crítico,<br />

onde os colaboradores poderão<br />

explanar as suas ideias, mesmo<br />

que divergentes, no sentido<br />

construtivo de novas dinâmicas.<br />

Outra actividade muito solicitada<br />

ao psicólogo organizacional<br />

é o treino de desenvolvimento<br />

pessoal. esta é uma actividade<br />

necessária tanto para novos<br />

funcionários como para os mais<br />

experientes.<br />

avaliar o desempenho dos<br />

colaboradores é também muito<br />

importante. Os dados sobre<br />

o desempenho no trabalho têm<br />

múltiplas aplicações nas organizações<br />

e levará certamente a<br />

um incremento da produtividade.<br />

Mas essa avaliação terá que ser<br />

isenta e rigorosa, pois se assim<br />

não for, poder-se-á tornar num<br />

instrumento perverso.<br />

É importante que ao<br />

colaborador seja reconhecido<br />

o seu papel activo na execução<br />

das suas tarefas, e que possua<br />

liberdade para expor as suas


ideias, não se sentindo oprimido<br />

e desta forma, desenvolva as<br />

suas capacidades e alargue o leque<br />

das suas competências.<br />

em 1964, vroom defendia<br />

que o esforço do(s) indivíduo(s),<br />

ao ser o reflexo das motivações<br />

que cada um suporta, será tanto<br />

maior quanto a expectativa<br />

sobre o seu desempenho, ainda<br />

que o(s) resultado(s) possa(m)<br />

ou não ser o(s) pretendido(s) e<br />

valorizado(s) por si. assim, qualquer<br />

que seja esse resultado,<br />

cabe ao psicólogo organizacional<br />

intervir junto do colaborador,<br />

arranjando estratégias motivacionais<br />

adequadas, i.e., incentivando-o<br />

a manter ou melhorar a<br />

sua prestação com o objectivo de<br />

conseguir, manter ou recuperar<br />

(consoante o caso) o equilíbrio<br />

entre o esforço do seu trabalho<br />

e a posterior recompensa comparativamente<br />

com outros. Deste<br />

modo o colaborador, ao sentir-se<br />

motivado e satisfeito, permanece<br />

na organização.<br />

as Forças armadas e o<br />

exército em particular, no contexto<br />

de transformação atual,<br />

são actualmente encarados pela<br />

sociedade como uma organização<br />

em que, erradamente, há a<br />

perceção de uma menor utilidade,<br />

associada a um consumo<br />

excessivo de recursos materais.<br />

Para confirmar o que escrevo<br />

basta estar atento aos Órgãos<br />

de Comunicação social (OCs)<br />

e aos comentários proferidos a<br />

este respeito.<br />

É nesta difícil conjuntura que<br />

nos vemos obrigados a afirmar a<br />

nossa importância, exigindo-se,<br />

neste momento socioeconómico<br />

repleto de grande incerteza, uma<br />

criteriosa aplicação e orientação<br />

dos recursos humanos, única forma<br />

para o desenvolvimento sustentado<br />

da instituição Militar.<br />

Mas, na conjuntura actual,<br />

em que os cortes salariais se<br />

adensam sobre toda a função pública<br />

e por inerência sobre os militares,<br />

tornar-se-á complexo gerir<br />

os recursos humanos? Julgo<br />

que não.<br />

Olhando para a instituição<br />

Militar e fazendo uma analogia<br />

com as demais organizações,<br />

verifica-se que esta possui características<br />

que são transversais a<br />

outros modelos de gestão, contudo,<br />

possui algumas especificidades<br />

que a tornam ímpar.<br />

Neste âmbito importa reflectir<br />

sobre cinco pecados capitais do<br />

mundo organizacional que não<br />

deixam de ser os nossos.<br />

O primeiro, prende-se com<br />

a estrutura de comunicação.<br />

Muitos dos nossos problemas<br />

estão relacionados com a gestão<br />

dos fluxos de informação.<br />

Se promovêssemos uma maior<br />

descentralização da informação,<br />

certamente em muitos casos teríamos<br />

um papel pró-activo e não<br />

reactivo como por vezes sucede.<br />

O segundo é a rotatividade<br />

(Turnover). este, é a meu ver, o<br />

maior entrave ao desenvolvimento<br />

sustentado de qualquer organização,<br />

porque provoca uma<br />

perda substancial de processos<br />

e dinâmicas já adquiridas, que<br />

terão que ser novamente reinventadas.<br />

a instituição Militar<br />

deve procurar promover uma<br />

maior permanência no posto de<br />

trabalho.<br />

O terceiro pecado está relacionado<br />

com a falta de ética. O<br />

clima organizacional é seriamente<br />

afectado, quando os colaboradores,<br />

ignoram os princípios<br />

éticos para unicamente alcançar<br />

resultados a qualquer custo.<br />

esta situação leva à desmotivação,<br />

factor preponderante na<br />

produtividade.<br />

A gestão de competências é o<br />

quarto pecado capital. Nas organizações<br />

os colaboradores são<br />

seleccionados para a função,<br />

tendo em conta as suas competências<br />

técnicas e sociais. O<br />

quinto pecado, está relacionado<br />

com a gestão do conhecimento,<br />

condição determinante na evolução<br />

das organizações. Deve ser<br />

encorajada a melhoria e a procura<br />

incessante do conhecimento<br />

científico, com o intuito de fomentar<br />

a qualidade da formação.<br />

Dito isto, talvez seja importante<br />

reflectir sobre:<br />

O desenho de objectivos futuros,<br />

sustentados numa vontade<br />

cooperativa, que podem e devem<br />

ser periodicamente revistos,<br />

ajustando-os às expectativas de<br />

cada colaborador.<br />

Novos agentes motivacionais,<br />

e,g., (gestão do tempo e gestão<br />

do conhecimento), pois o indivíduo<br />

que se encontrar motivado<br />

melhorará seguramente o seu desempenho<br />

e consequentemente<br />

a dinâmica da organização.<br />

Resta-me concluir reforçando<br />

que acredito piamente que conseguiremos<br />

dar uma resposta<br />

cabal aos novos desafios com<br />

os quais a instituição Militar se<br />

depara, e nunca nos esqueçamos<br />

que os tempos de dificuldades<br />

são também tempos de<br />

oportunidades, saibamos nós<br />

azimute<br />

aproveitá-las.<br />

Referências bibliográficas<br />

schneider, B. (1987). the people<br />

make the place. Personnel psychology,<br />

40, 437-454<br />

schneider, B., Goldstein, H.<br />

W., & smith, D., B. (1995). the asa<br />

framework: an update. Personnel<br />

psychology, 48, 747-773<br />

Neves, J. (2011). aptidões individuais<br />

e teorias motivacionais.<br />

Psicossociologia das organizações, 9,<br />

255-289<br />

Bibliografia<br />

Chatman J. (1989). improving interactional<br />

organizational research:<br />

A model of person organization fit.<br />

academy of Management Review, 14,<br />

333-349.<br />

Chatman J. (1991). Matching people<br />

and organizations: selection and<br />

socialization in<br />

public accounting firms.<br />

administrative science Quarterly, 36,<br />

459-484.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

61


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

62<br />

salto para o tanque dos frades<br />

Introdução<br />

Uma das características fundamentais<br />

dos militares, sobretudo<br />

nos que desempenham<br />

funções de liderança, é a capacidade<br />

de decisão. É ela que garante<br />

que, após serem ponderados<br />

os custos e benefícios (por<br />

vezes em fracções de segundos),<br />

o líder consiga passar à acção<br />

e com isso orientar e motivar<br />

os subordinados no cumprimento<br />

de tarefas e missões.<br />

assim, durante o percurso de<br />

selecção e de formação dos futuros<br />

líderes militares, tem sido<br />

dada particular atenção às provas<br />

que exigem capacidade de<br />

decisão. Como exemplos dessas<br />

provas, e entre muitas outras, temos<br />

o salto do muro e da vala e<br />

o salto para o galho incluídas em<br />

provas de obstáculos ou as feitas<br />

isoladamente e características<br />

dos cursos de infantaria, como<br />

o salto para o tanque dos frades,<br />

o salto para o desconhecido e o<br />

slide e o rappel.<br />

Uma questão colocada recorrentemente<br />

é se as provas de<br />

Nº 192 DEC11<br />

salto do muro da pista molhada<br />

As Provas de Decisão Militar<br />

decisão militar, para quem não<br />

as supere, devam ter um carácter<br />

eliminatório ou somente<br />

penalizador.<br />

Para uma melhor compreensão<br />

do que está envolvido na<br />

realização das tarefas de decisão,<br />

passaremos a analisar os<br />

seguintes factores nelas envolvidos:<br />

Decisão, Percepção de<br />

risco e Decisão face à percepção<br />

de risco.<br />

Decisão<br />

Relativamente à decisão<br />

Daniel ellsberg (1960, cit. por<br />

Baron, 1994) refere que existe<br />

uma ambiguidade na decisão perante<br />

situações desconhecidas,<br />

dado que as pessoas podem<br />

violar o axioma da utilidade esperada,<br />

com o objectivo de evitar<br />

situações de risco quando a<br />

probabilidade deste ocorrer é<br />

incerta.<br />

Ritov & Baron (1990, cit. por<br />

Baron, 1994) encontraram ainda<br />

evidências de que quando existe<br />

falta de informação as pessoas<br />

tornam-se relutantes em escolher<br />

Maj inf Garcia Lopes<br />

(colaborador desta revista colocado no CPae)<br />

uma opção onde não há certeza<br />

das suas consequências.<br />

De uma outra forma,<br />

Rasmussen (1987) descreve que<br />

na decisão está envolvida a identificação<br />

das discrepâncias entre<br />

o estado actual e o estado após<br />

a acção.<br />

Percepção de risco<br />

singleton e Hovden (1987)<br />

concluem, na sua obra sobre<br />

“Risco e Decisões”, que o que<br />

caracteriza o risco é: ser uma<br />

exposição a um eventual perigo;<br />

envolver incerteza relativamente<br />

ao que pode ocorrer; e estar<br />

presente em situações onde<br />

não existe informação completa<br />

sobre as consequências. Ainda<br />

segundo os mesmos autores,<br />

o movimento para um território<br />

desconhecido envolve sempre<br />

riscos, mas este movimento é<br />

feito porque há também potenciais<br />

benefícios associados. No<br />

entanto, o risco é evitado se existe<br />

a percepção de que há possibilidades<br />

do resultado não trazer<br />

benefícios ou, trazendo, se estes


não compensarem os prejuízos.<br />

Relativamente ao risco na<br />

vertente militar, Michael Page<br />

(1987) defende que este é uma<br />

parte central da vida dos militares,<br />

já que o risco está no coração<br />

das suas acções. Refere ainda<br />

que a redução do seu impacto<br />

Salto para o desconhecido<br />

é feita através do treino táctico e<br />

operacional.<br />

Berndt Brehmer (1987) na<br />

sua teoria sobre “a psicologia do<br />

risco” refere que a percepção de<br />

risco face a provas de decisão<br />

é sempre diferente para experts<br />

(instrutores) e para novatos (instruendos).<br />

Para os experts, os<br />

novatos têm um entendimento<br />

errado e falta de informação sobre<br />

o risco, o que os leva a considerarem<br />

que existe perigo onde<br />

ele não existe. assim, para os<br />

experts a percepção dos novatos<br />

sobre o risco é “irracional”. Pelo<br />

contrário, os novatos discordam<br />

da avaliação do risco feita pelos<br />

experts, pois consideram que estes<br />

a fazem somente baseada<br />

no julgamento (crença) e por isso<br />

entendem que essa avaliação é<br />

subjectiva. Para tentar cruzar as<br />

duas visões (do expert e do novato)<br />

o autor propõe que mais<br />

indicado será comparar o risco<br />

intuído pelo novato com o risco<br />

estimado pelas várias variáveis<br />

reais em jogo entendidas<br />

pelo expert. ainda sobre<br />

o risco, Brehmer defende<br />

que o que se percepciona<br />

não é o risco mas sim as<br />

possíveis consequências<br />

da decisão.<br />

Decisão face à percepção<br />

de risco<br />

Para Brehmer (1987) a<br />

decisão sobre um risco é<br />

uma decisão intuitiva que<br />

expressa uma avaliação difusa<br />

e negativa da decisão<br />

sobre uma alternativa,<br />

acompanhada de<br />

um sentimento geral<br />

de que “é algo que<br />

não se quer fazer”.<br />

De acordo com<br />

edwin Herr (1970) o<br />

processo de decisão é um<br />

fenómeno da experiência<br />

humana que para ser compreendido<br />

tem que considerar<br />

a existência de vários<br />

factores inter-relacionados<br />

que a influenciam, tais<br />

como a inteligência, a<br />

aptidão, os valores, os<br />

estereótipos, os interesses,<br />

as necessidades e o<br />

auto-conceito.<br />

Conclusões:<br />

Da breve investigação<br />

realizada podemos concluir que:<br />

1. No ser humano existe uma<br />

relutância em optar por uma<br />

situação desconhecida, ou<br />

onde exista falta de alguma<br />

informação, quando esta envolve<br />

a ocorrência de riscos;<br />

2. existe um claro e natural desacordo<br />

entre instruendos e<br />

instrutores sobre a percepção<br />

de risco relativa às provas de<br />

decisão, fruto da diferença de<br />

experiências e de informação<br />

conhecida;<br />

3. O risco é inerente à condição<br />

militar e é através do treino<br />

que é feita a redução da percepção<br />

do impacto do mesmo;<br />

4. Na decisão estão inter-relacionados<br />

factores como a inteligência,<br />

a aptidão, os valores e<br />

a intuição.<br />

Proposta:<br />

Relativamente à questão<br />

base que serviu de motivação<br />

à realização deste artigo: se as<br />

provas de decisão militar, quando<br />

Salto para o galho<br />

não superadas, devam ter um carácter<br />

eliminatório dos cursos ou<br />

somente penalizador, a seguinte<br />

proposta não pretende ser a resposta<br />

única e cabal ao tema mas<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

63


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

64<br />

sim apenas mais um contributo<br />

para se encontrar uma solução<br />

adequada.<br />

Se por um lado a importância<br />

da característica da decisão nos<br />

líderes militares deveria excluir<br />

os que não a possuem, por outro<br />

lado parece redutor que essa<br />

exclusão seja feita somente com<br />

base numa prova específica que,<br />

apesar de avaliar a capacidade<br />

de decisão tem associadas outras<br />

vertentes (incapacidades<br />

particulares, receios específicos,<br />

situações de indisponibilidade<br />

pontual, eventual falta de treino<br />

adequado, entre outras).<br />

assim, uma possível solução<br />

que evita as limitações atrás<br />

abordadas será considerar as<br />

provas de decisão militar como<br />

Nº 192 DEC11<br />

penalizadoras, no caso de não<br />

serem superadas umas mas serem<br />

ultrapassadas outras, e serem<br />

consideradas eliminatórias,<br />

no caso de, no seu conjunto, uma<br />

parte significativa delas não ser<br />

superada.<br />

Por outras palavras, as provas<br />

de decisão militar devem ter<br />

duas avaliações: uma individual,<br />

em que cada uma conta somente<br />

na prova em que está inserida,<br />

devendo o instruendo ser penalizado<br />

caso não a consiga superar;<br />

e outra conjunta, onde todas<br />

as provas de decisão do curso<br />

são agrupadas e ao ser verificado<br />

que o mesmo instruendo não<br />

supera 2/3 dessas provas deverá<br />

então implicar a sua exclusão.<br />

azimute<br />

execução do slide<br />

Bibliografia<br />

Baron J. (1994). thinking and<br />

Deciding. Cambridge: Cambridge<br />

University Press.<br />

Brehmer B. (1987). the<br />

Psychology of Risk. in W. t. singleton<br />

& J. Hovden (eds). Risk and Decisions<br />

(pp. 25-40). Chichester: John Wiley &<br />

sons, Ltd.<br />

Herr e. L. (1970). Decision making<br />

and vocational development. Boston:<br />

Houghton Mifflin Company.<br />

Page M. (1987). Risk in Defense.<br />

in W. t. singleton & J. Hovden (eds).<br />

Risk and Decisions (pp. 191-206).<br />

Chichester: John Wiley & sons, Ltd.<br />

Rasmussen J. (1987). Risk and<br />

information Processing. in W. t.<br />

singleton & J. Hovden (eds). Risk and<br />

Decisions (pp. 109-122). Chichester:<br />

John Wiley & sons, Ltd.<br />

singleton W. t. e Hovden J. (1987).<br />

Final discussion. in W. t. singleton &<br />

J. Hovden (eds). Risk and Decisions<br />

(pp. 209-224). Chichester: John Wiley<br />

& sons, Ltd.


1. Enquadramento<br />

Os materiais à base de fibras<br />

têm sido utilizados pelo Homem,<br />

desde há largos milhares de<br />

anos, na produção de vestuário<br />

e artigos decorativos, devido<br />

às suas propriedades únicas<br />

de conforto, flexibilidade e cair.<br />

estas aplicações representaram,<br />

durante muitos anos, o principal<br />

mercado dos materiais fibrosos.<br />

No entanto, as evoluções ocorridas<br />

do século passado, despoletaram<br />

o desenvolvimento de<br />

novas fibras com desempenhos<br />

mecânico, térmico e químico extremamente<br />

interessantes, que<br />

conduziram ao aparecimento de<br />

uma vasta gama de aplicações<br />

técnicas dos materiais fibrosos.<br />

Para além disso, a possibilidade<br />

de tornar estes materiais inteligentes,<br />

ou seja, com capacidade<br />

de responderem por si só a um<br />

determinado estímulo externo,<br />

tem também contribuído para<br />

desenvolvimentos extremamente<br />

interessantes neste domínio.<br />

Dentro das características que<br />

podem ser incorporadas por estes<br />

materiais destacam-se:<br />

• a mudança de cor por acção da<br />

temperatura, electricidade ou<br />

luz;<br />

• A criação e transferência de calor<br />

através da electricidade ou<br />

de mudança de fase;<br />

• a actuação como sensores,<br />

reagindo à variação de temperatura<br />

do corpo humano ou do<br />

ambiente;<br />

• a memorização da forma, com<br />

capacidade de voltar à forma<br />

inicial, normalmente, por acção<br />

do calor.<br />

a incorporação da microelectrónica,<br />

como os sensores,<br />

Materiais fibrosos na proteção militar<br />

Universidade do Minho<br />

Catarina Guise, Katherine Mérida, Rita Nogueira e Raul Fangueiro<br />

em materiais à base de fibras,<br />

tem proporcionado, igualmente,<br />

produtos de elevado interesse.<br />

Destaca-se a utilização de sensores<br />

em vestuário de protecção<br />

com o objectivo de localizar o<br />

utilizador num dado território, por<br />

exemplo.<br />

Com o intuito de dar a conhecer<br />

este “mundo das fibras”<br />

surgiu o projecto FIBRENAMICS<br />

– O Novo Mundo dos Materiais<br />

à base de Fibras, que visa desenvolver<br />

conteúdos para divulgação<br />

nos média, acerca dos<br />

últimos progressos destes materiais,<br />

com especial enfoque<br />

nas suas aplicações avançadas<br />

nas áreas da medicina, construção<br />

civil, arquitectura, protecção<br />

pessoal, transportes e desporto.<br />

trata-se de um projecto liderado<br />

pelo Fibrous Materials Research<br />

Group, da escola de engenharia<br />

da Universidade do Minho.<br />

2. Introdução às fibras<br />

As fibras têxteis são elementos<br />

filiformes que apresentam um<br />

elevado comprimento em relação<br />

à dimensão transversal máxima,<br />

sendo caracterizadas pelas suas<br />

flexibilidade e finura.<br />

são constituídas por macromoléculas,<br />

os polímeros, que por<br />

sua vez, são compostos por uma<br />

sequência de monómeros (1).<br />

O comprimento do polímero<br />

é um factor bastante importante,<br />

uma vez que todas as fibras<br />

possuem uma cadeia polimérica<br />

bastante longa, sendo que o arranjo<br />

molecular pode ser mais<br />

ou menos orientado com influência<br />

direta nas propriedades das<br />

fibras.<br />

assim, uma elevada orientação<br />

dos polímeros confere elevada<br />

resistência à tracção, baixo<br />

alongamento, resistência ao calor<br />

e resistência aos químicos.<br />

Pelo contrário, uma baixa orientação<br />

dos polímeros proporciona<br />

características de flexibilidade,<br />

suavidade e conforto às fibras<br />

(1).<br />

A classificação das fibras<br />

pode ser realizada de acordo<br />

com diversos aspectos. em relação<br />

ao comprimento, podem<br />

ser classificadas como: descontínuas,<br />

quando apresentam um<br />

comprimento limitado, ou contínuas,<br />

quando apresentam um<br />

comprimento bastante elevado,<br />

sendo este apenas limitado por<br />

razões técnicas. em relação à<br />

sua origem, as fibras podem ser<br />

classificadas em naturais ou não<br />

naturais (Figura 1). Dentro das<br />

fibras naturais, estas podem, ainda,<br />

ser de origem animal (ex.: lã,<br />

seda, alpaca), vegetal (ex.: algodão,<br />

linho, juta, sisal, cânhamo)<br />

ou mineral (ex.: amianto). Por<br />

outro lado, as fibras não naturais<br />

podem, igualmente, ser divididas<br />

em fibras artificiais (ex.: viscose,<br />

acetato, cupro), sintéticas (ex.:<br />

aramida, poliamida, poliéster) e<br />

inorgânicas (ex.: vidro, carbono,<br />

boro). As fibras artificiais e as<br />

sintéticas são produzidas pelo<br />

Homem. Contudo, as fibras artificiais<br />

utilizam como matéria-prima<br />

componentes existentes na natureza,<br />

como é o caso da celulose,<br />

enquanto as fibras sintéticas utilizam<br />

como matéria-prima produtos<br />

químicos (2).<br />

No geral, as fibras apresentam<br />

inúmeras aplicações em diversas<br />

áreas, como, por exemplo, vestuário,<br />

desporto, medicina, construção<br />

civil, indústria automóvel,<br />

arquitectura, protecção, entre<br />

outras.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

66<br />

3. Tipos de protecção na<br />

área militar<br />

Na área militar, vestuário de<br />

combate, coletes balísticos, capacetes,<br />

mísseis, carros de combate,<br />

armamento e vestuário de<br />

protecção térmica são exemplos<br />

de produtos que utilizam fibras<br />

e estruturas fibrosas. Assim, verifica-se<br />

que neste campo existe<br />

uma integração completa de todas<br />

as áreas de protecção pessoal:<br />

mecânica (ex.: coletes à prova<br />

de bala), térmica (ex.: vestuário<br />

de proteção contra temperaturas<br />

extremas), biológica (ex.: respiradouros<br />

protetores de partículas<br />

que possa ser nocivas ao utilizador)<br />

e química (ex.: vestuário de<br />

proteção contra líquidos, gases,<br />

poeiras nocivas). Realça-se, ainda,<br />

a importância da camuflagem<br />

como proteção visual.<br />

Os requisitos do material que<br />

promovem proteção no campo<br />

militar em cada área enumerada<br />

anteriormente incluem (3):<br />

• Na área da proteção mecânica:<br />

- Resistência ao impacto;<br />

- Elevada resistência à tração;<br />

- Resistência à abrasão;<br />

- Resistência ao rasgo.<br />

• Na área da proteção química e<br />

biológica:<br />

- Resistência ao rasgo para<br />

evitar a possibilidade de<br />

infeção;<br />

- Resistência e repelência a<br />

vírus, bactérias, produtos<br />

químicos;<br />

- elevada impermeabilidade<br />

e respirabilidade para proporcionar<br />

maior conforto<br />

térmico;<br />

- Resistência térmica;<br />

- Durabilidade;<br />

- Resistência à abrasão;<br />

- Facilidade de limpeza.<br />

Nº 192 DEC11<br />

• Na área da proteção térmica:<br />

- elevado isolamento térmico;<br />

- Resistência a condições<br />

ambientais extremas como<br />

calor, chama, vento, frio e<br />

neve;<br />

- Elevada repelência a<br />

líquidos.<br />

• Na área da proteção visual<br />

(camuflagem):<br />

- Resistência às condições<br />

ambientais extremas (calor,<br />

chama, vento, frio, neve);<br />

- Fácil adaptação ao meio<br />

ambiente que facilita uma<br />

rápida camuflagem;<br />

- Resistência aos raios UV;<br />

- Flexibilidade;<br />

- Leveza.<br />

4. Uso das fibras na área<br />

militar<br />

Na proteção militar do tipo mecânica,<br />

os avanços tecnológicos<br />

permitiram uma evolução significativa,<br />

passando-se das pesadas<br />

armaduras em ferro para coletes<br />

e fatos leves e confortáveis. Os<br />

Figura 1: Classificação das fibras.<br />

tabela 1: Causa dos acidentes balísticos em geral em teatro de guerra (adaptado de (3)).<br />

coletes à prova de bala são artefactos<br />

militares que protegem<br />

os utilizadores contra projécteis<br />

ou destroços. A Tabela 1 mostra<br />

a percentagem de acidentes<br />

causados em campo de batalha,<br />

onde a proteção mecânica assume<br />

importância.<br />

As fibras de aramida, que se<br />

apresentam no mercado sob diversas<br />

marcas comerciais, incluindo<br />

o Kevlar®, são o material<br />

base dos coletes à prova de bala.<br />

são materiais fibrosos extremamente<br />

resistentes ao calor e sete<br />

vezes mais resistentes que o aço<br />

por unidade de peso. O colete<br />

à prova de bala é, normalmente,<br />

formado por várias camadas<br />

fibrosas sobrepostas com uma<br />

certa folga, oferecendo, progressivamente,<br />

resistência ao avanço<br />

do projéctil (Figura 2) (4,5).<br />

De igual forma, a fibra de polietileno<br />

de alta densidade é largamente<br />

utilizada nesta área de<br />

proteção. Um exemplo é a fibra<br />

comercial Dyneema® utilizada


na proteção balística.<br />

apresenta extrema<br />

resistência<br />

aos raios Uv e a<br />

produtos químicos<br />

e elevadas<br />

resistências à<br />

tração e abrasão.<br />

Detém, igualmente,<br />

a capacidade de<br />

flutuar na água e não<br />

absorver humidade.<br />

existem muitos outros<br />

equipamentos mi-<br />

litares que envolvem<br />

a utilização de fibras<br />

com o objectivo de<br />

proteção, como são o<br />

caso dos capacetes e de muitos<br />

dos veículos blindados utilizados.<br />

Nestes casos, as fibras de<br />

aramida ou de polietileno de alta<br />

densidade são, normalmente, utilizadas<br />

em combinação com matrizes<br />

poliméricas como forma de<br />

se obterem materiais compósitos<br />

extremamente leves e com propriedades<br />

mecânicas, principalmente<br />

de resistência ao impacto,<br />

extremamente interessantes.<br />

a guerra química e biológica<br />

continua a ser das maiores ameaças<br />

silenciosas para o mundo,<br />

já que os produtos tóxicos são<br />

fáceis de produzir e têm efeitos<br />

Figura 2: estrutura de um colete à prova de bala<br />

(imagem retirada de http://gcmcarlinhossilva.blogspot.com/2011/04/<br />

especial-armas-de-fogo-o-colete.html)<br />

emocionais e letalmente terríveis.<br />

Os efeitos químicos promovem<br />

queimaduras, doenças a nível<br />

respiratório e a nível da pele,<br />

podendo, em muitos casos, levar<br />

à morte. Os dispositivos essenciais<br />

de protecção para os militares<br />

são os respiradouros nasais<br />

ou totais que filtram e desactivam<br />

as espécies tóxicas. Quanto<br />

à protecção oferecida pelo vestuário,<br />

este tem que ser impermeável,<br />

mas respirável (Figura 3),<br />

tal como no caso da protecção<br />

térmica, mas permitindo a saída<br />

do calor e aprisionando a entrada<br />

de vírus e bactérias entre as<br />

fibras (3).<br />

Figura 3: - Proteção em guerra biológica.<br />

(imagem retirada de http://lista.mercadolivre.com.br/mascara-militar-americana-contra-gases)<br />

Um exemplo de estrutura<br />

fibrosa comercial<br />

utilizada nesta<br />

área é o tyvek®, devido<br />

às suas elevadas<br />

propriedades de<br />

resistência ao rasgo,<br />

durabilidade e respirabilidade.<br />

É uma<br />

estrutura 100% polietileno,<br />

onde os espaços<br />

vazios entre as<br />

fibras permitem a circulação<br />

de vapor de<br />

água e ar, limitando, no<br />

entanto, a circulação das<br />

partículas, proporcionando<br />

protecção e conforto.<br />

Quanto à proteção térmica,<br />

dependendo do clima, o soldado<br />

deve estar em condições térmicas<br />

estáveis. a transpiração<br />

pode causar desconforto, podendo<br />

levar à hipotermia em climas<br />

frios. a humidade da transpiração<br />

ou da chuva, pode reduzir,<br />

severamente, o isolamento fornecido<br />

pelo material utilizado no<br />

vestuário.<br />

No geral, a protecção, tanto<br />

contra o frio como contra o<br />

calor, é conseguida através da<br />

utilização de estruturas fibrosas<br />

Nº 192 DEC11<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

68<br />

Figura 4: Membrana Gore-tex ®<br />

(imagens adaptadas de http://www.goliath.co.uk/index.php?p=247 e de http://<br />

randonneur-rs.blogspot.com/2010_01_01_archive.html).<br />

multicamada, em que cada uma<br />

destas desempenha um papel<br />

específico no desempenho global<br />

do conjunto (5).<br />

Fibras mais finas tendem a<br />

aprisionar maior quantidade de<br />

ar do que fibras com maior secção,<br />

para o mesmo volume. Um<br />

isolamento suficiente será formado<br />

por 10-20% de fibras adequadamente<br />

dispersas e 80-90% de<br />

ar.<br />

Um exemplo de material comercial<br />

que é utilizado a nível militar<br />

na protecção contra o frio é a<br />

membrana Gore-tex®. trata-se<br />

de uma membrana microporosa<br />

formada por politetrafluoretileno<br />

(PtFe), contendo mais de 9 biliões<br />

de poros microscópicos por<br />

Nº 192 DEC11<br />

polegada quadrada, sendo que<br />

estes poros são 20.000 vezes<br />

menores que uma gota de água,<br />

mas 700 vezes maiores que<br />

uma molécula de vapor de água<br />

(Figura 4). Assim, o tecido, através<br />

da membrana, permite que a<br />

transpiração escape, mantendo-<br />

-se impermeável à água (3,5).<br />

a inclusão de microcápsulas<br />

em fibras surgiu com o elevado<br />

interesse na utilização de<br />

materiais de mudança de fase<br />

(PCM’s), para controlo Dinâmico<br />

e inteligente da temperatura corporal.<br />

estes materiais inteligentes<br />

activos sentem e reagem<br />

de acordo com estímulos ou<br />

condições externas, largamente<br />

tabela 2: Fibras retardantes de chama no uso militar (adaptado de (3)).<br />

aplicados em vestuário de proteção<br />

térmica (6).<br />

a Outlast® é uma tecnologia<br />

que incorpora nas fibras,<br />

milhões de microcápsulas que<br />

podem absorver, armazenar e<br />

libertar calor, quando o material<br />

de mudança de fase transita de<br />

líquido para sólido e de sólido<br />

para líquido, tal como se observa<br />

na Figura 11, proporcionando<br />

bem-estar (7).<br />

A Tabela 2 mostra materiais<br />

retardantes da chama utilizados<br />

em vestuário de combate ao fogo<br />

e em vestuário anti-explosões.<br />

Quanto à proteção visual, o<br />

objetivo foi alterado com o avanço<br />

da tecnologia. antigamente,<br />

o objectivo era “enganar” o olho<br />

humano, sendo que atualmente<br />

passou a ser “enganar” as<br />

câmaras e todo o tipo de radiação.<br />

Assim, a camuflagem deve<br />

funcionar em diferentes comprimentos<br />

de onda: luz visível,<br />

ultravioleta, próximo e longe do<br />

infravermelho e, comprimentos<br />

de onda de radar (Figura 5) (4).<br />

Fibras como o poliéster e a<br />

poliamida são utilizadas nesta<br />

área mas, dependendo da radiação<br />

e das condições ambientais,<br />

outro tipo de fibras, ou mesmo<br />

pigmentação, são utilizadas<br />

no vestuário e equipamento<br />

militar.<br />

Materiais fibrosos com capacidade<br />

de mudança de cor<br />

são, também, utilizados na proteção<br />

visual. Os materiais que<br />

alteram a sua cor apor acção<br />

da temperatura, de forma a se<br />

adaptarem a qualquer tipo de<br />

clima, são conhecidos como<br />

materiais termocromáticos<br />

(Figura 6). Podem ser aplicados<br />

em vestuário com o intuito<br />

de proteger o utilizador de diferenças<br />

climatéricas e na sua<br />

camuflagem, proporcionando<br />

um maior conforto.


5. Tendências na utilização<br />

de fibras na área militar<br />

Os materiais fibrosos da última<br />

geração, podem ser utilizados<br />

com enorme vantagem na<br />

área militar, contribuindo para<br />

a melhoria do nível de proteção<br />

do militar em cenário de guerra.<br />

estes materiais apresentam diversas<br />

aplicações, que vão desde<br />

o fardamento até aos veículos<br />

militares.<br />

assim, neste domínio, áreas<br />

onde o Fibrous Materials<br />

Research Group da Universidade<br />

do Minho está a realizar trabalhos<br />

de investigação, incluem:<br />

- sensores à base de fibras<br />

formados por fibras piezoeléctricas<br />

que podem ser inseridas, por<br />

exemplo, em veículos militares<br />

para monitorização;<br />

- materiais fibrosos auxéticos,<br />

que apresentam um coeficiente<br />

de Poisson inverso, ou seja, alargam<br />

transversalmente quando<br />

são alongados longitudinalmente,<br />

podendo ser aplicados em capacetes,<br />

coletes à prova de bala,<br />

etc;<br />

- fibras com memória de forma<br />

que têm a capacidade de<br />

recuperar a sua forma inicial<br />

mesmo depois de severamente<br />

deformadas, podendo ser aplicadas<br />

em estruturas com capacidade<br />

de self-repairing em vários<br />

equipamentos;<br />

- materiais com elevada resistência<br />

ao impacto por incorporação<br />

de nanofibras;<br />

- materiais compósitos reforçados<br />

por nanotubos de carbono<br />

que podem ser aplicados no<br />

reforço de tanques militares para<br />

uma melhor protecção em campo<br />

de batalha permitindo obter materiais<br />

extremamente resistentes<br />

e muito leves;<br />

- fibras condutoras, isto<br />

é fibras com a capacidade de<br />

conduzir electricidade, para<br />

aquecimento, comunicação e<br />

monitorização (3,4,5).<br />

6. Conclusões<br />

Figura 5: Camuflagem de militares<br />

(imagem retirada dehttp://www.forte.jor.br/2011/02/24/bopepmerj-ira-adotar-camuflagem-semelhante-ao-usmc/)<br />

Neste artigo pretendeu-se<br />

mostrar a envolvência da área militar<br />

com os materiais fibrosos. As<br />

principais áreas militares onde os<br />

materiais fibrosos desempenham<br />

um papel crucial são: protecção<br />

térmica, protecção mecânica,<br />

protecção química e biológica e,<br />

protecção visual. Cada área de<br />

aplicação necessita de materiais<br />

fibrosos específicos, com características<br />

e propriedades bem<br />

definidas, sendo que a “chave”<br />

para garantir elevados níveis de<br />

protecção, em todos os domínios,<br />

está em combinar materiais<br />

cujas propriedades contribuem<br />

em parte para garantir o desempenho<br />

do conjunto. As fibras oferecem<br />

uma variedade bastante<br />

alargada de soluções que podem<br />

ser escolhidas em função<br />

das necessidades específicas. O<br />

avanço tecnológico na área dos<br />

materiais e estruturas fibrosas<br />

tenderá a consolidar estes materiais<br />

como materiais de excelência<br />

na garantia da protecção de<br />

azimute<br />

militares.<br />

Bibliografia:<br />

Guillén, J. G. (1991). Fibras<br />

textiles: Propriedades y Descripción.<br />

Universitat Politècnica De Catalunya.<br />

in K.K.Chawla (1998). Fibrous<br />

Materials. Cambridge University<br />

Press.<br />

Horrocks, a.R.; anand, s.C (2000).<br />

Handbook of technical textiles. pp.<br />

425-460, Woodhead Publishing, CRC<br />

Press.<br />

e. Wilusz (2008). Military textiles.<br />

Woodhead Publishing, CRC Press.<br />

england.<br />

R a scott (2005). textiles for protection.<br />

Woodhead Publishing, CRC<br />

Press. UK.<br />

elena Onofrei, a. M. (2010).<br />

textiles integrating PCM’s – a<br />

RevieW. Bul. inst. Polit. iasi, t. Lvi<br />

(LX), f. 2 , 99-110.<br />

Bansal, D. (28 de Março de<br />

2011). Outlast – New Developments<br />

to improve Comfort in FR Workwear.<br />

Obtido em 17 de Outubro de 2011, de<br />

text on textiles: http://textontextiles.<br />

com/?p=1612.<br />

Autoria:<br />

Catarina Guise, Katherine Mérida,<br />

Rita Nogueira e Raul Fangueiro<br />

Universidade do Minho<br />

escola de engenharia<br />

Fibrous Materials Research Group<br />

Campus de azurém<br />

4800-058 Guimarães<br />

Figura 6: Material termocromático que altera de cor<br />

com a temperatura<br />

(imagem retirada de http://www.inteligentes.org/blog/?p=512)<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

70<br />

Fibras na proteção pessoal<br />

O espetro das operações militares. A aplicação de fibras em<br />

novas dinâmicas de proteção e sobrevivência<br />

as primeiras palavras deste<br />

trabalho são dirigidas à Reitoria<br />

da Universidade do Minho para<br />

publicamente expressar, em<br />

nome do exército e do Comando<br />

da escola Prática de infantaria,<br />

os profundos e sinceros agradecimentos<br />

pelo convite que nos foi<br />

endereçado e, aproveitando esta<br />

oportunidade, reiterar o apoio da<br />

escola Prática de infantaria à<br />

Universidade do Minho em projetos<br />

de investigação, inovação<br />

e desenvolvimento tecnológico<br />

a desenvolver no futuro contribuindo<br />

assim, ainda que indiretamente,<br />

para o conhecimento<br />

científico e para a excelência e<br />

qualidade da oferta formativa<br />

dessa universidade.<br />

Quando a escola Prática de<br />

infantaria foi convidada a participar<br />

no workshop da Universidade<br />

do Minho para apresentar e fundamentar<br />

a importância do desenvolvimento<br />

dos tecidos naquilo<br />

que são hoje as exigências<br />

das operações militares, quer em<br />

termos das suas tipologias, quer<br />

em termos daquilo que é exigido<br />

a um soldado de infantaria, aceitei<br />

o desafio sabendo que tinha<br />

pela frente uma temática que<br />

nem sempre solicita a devida<br />

atenção revertendo esta mais facilmente<br />

para assuntos como as<br />

dinâmicas de transformação na<br />

industria do armamento, analisar<br />

as táticas, pensar em cenários<br />

de reequipamento de sistemas, e<br />

olhar para o fardamento como a<br />

ínfima parte de um todo que, se<br />

desenvolvido e pensado, poderá<br />

fazer a diferença.<br />

assim, procurando sempre<br />

Nº 192 DEC11<br />

enquadrar o leitor naquilo que<br />

são hoje os cenários plausíveis<br />

de emprego do aparelho militar, e<br />

em termos daquilo que é hoje um<br />

soldado de infantaria e as suas<br />

capacidades, este ensaio procurará<br />

traduzir essa reflexão e<br />

deixar algumas orientações para<br />

que, noutros fóruns, se promova<br />

a investigação e o desenvolvimento<br />

tecnológico de um vetor<br />

de modernidade importantíssimo<br />

para uma afirmação plena das<br />

capacidades militares.<br />

1. As operações militares<br />

no século XXI. Novos desafios<br />

operacionais.<br />

Muitos são os fatores que<br />

vêm fundamentando uma nova<br />

tipologia de conflitos armados.<br />

a nova dimensão do terrorismo<br />

transnacional; a emergência<br />

de atores transnacionais<br />

como o crime organizado, que<br />

tirando partido da disseminação<br />

Intervenção do Ten Cor Inf Mário Álvares na<br />

Universidade do Minho<br />

tecnológica associada à estrutura<br />

globalizante da economia<br />

mundial e maior abertura de fronteiras,<br />

incrementam o tráfico de<br />

droga, pessoas e armas de destruição<br />

massiva; ou a fragmentação<br />

política de muitos estados,<br />

muitos deles alicerçados às heranças<br />

da guerra-fria, com os decorrentes<br />

extremismos étnicos,<br />

religiosos e culturais, são alguns<br />

exemplos de uma conflitualidade<br />

diferente, que oferece um novo<br />

espectro de operações militares<br />

com novas dinâmicas e vetores<br />

de emprego militar.<br />

Neste novo contexto de ação<br />

as operações de guerra ofensivas<br />

e defensivas não podem<br />

nem devem ser eliminadas do<br />

léxico militar obrigando a que a<br />

preparação e processos de reequipamento<br />

e reorganização sejam<br />

para elas orientadas. Porém,<br />

decorrente da realidade política,


estratégia e social deste novo<br />

século, agravada pelo aumento<br />

exponencial das cidades e pela<br />

tendência dominante da nova<br />

conflitualidade se desenvolver no<br />

seu interior, a dimensão e adequação<br />

do aparelho militar não<br />

pode ignorar essa realidade e<br />

terá que equacionar novos requisitos<br />

tecnológicos e doutrinários,<br />

distintos de uma realidades de<br />

emprego do aparelho militar que<br />

é mais confortável.<br />

Umas das características essenciais<br />

desse ambiente operacional<br />

é a influência dos civis<br />

num contexto de ação que terá<br />

que evitar, a todo custo, os danos<br />

colaterais e a sua mediatização.<br />

O erro decorrente de uma<br />

baixa não desejada é um fator<br />

preponderante para o sucesso<br />

da operação ou até mesmo da<br />

campanha militar. e se por um<br />

lado essa caraterística condiciona<br />

o modo como as forças em<br />

presença farão uso da força tendo<br />

em atenção as baixas entre<br />

não combatentes, por outro lado<br />

exige uma grande capacidade<br />

de comando e controlo num contexto<br />

de ação com uma grande<br />

descentralização.<br />

Mas há outros parâmetros de<br />

caracterização.<br />

a elevada intensidade de combate<br />

ao nível do subsolo, solo,<br />

acima do solo e no interior ou cobertura<br />

de edifícios obrigando ao<br />

desenvolvimento de novas capacidades<br />

em termos de letalidade<br />

e sistemas de reconhecimento e<br />

aquisição de alvos; a aplicação<br />

de estratégias de grande violência<br />

(ações que procuram maximizar<br />

a dissimetria negativa entre<br />

atores) por parte de adversários<br />

sem rosto ou uniforme procurando<br />

a vitória no mediatismo dos<br />

media impondo novas dinâmicas<br />

de proteção individual; e a condução<br />

de combates com campos<br />

de tiro exíguos pautados pelo<br />

consumo acentuado de abastecimentos<br />

e necessidades de apoio<br />

e evacuação sanitária obrigando<br />

à implementação de novas capacidades<br />

em termos de proteção e<br />

sobrevivência, são alguns exemplos<br />

de um leque alargado de novos<br />

desafios táticos, técnicos e<br />

tecnológicos (vink, 2008).<br />

Contudo, esta caracterização<br />

situacional ficaria incompleta se<br />

não fossem perspetivados dois<br />

aspetos de natureza logística. O<br />

primeiro respeita à possibilidade<br />

de emprego das forças em limites<br />

territoriais que nem sempre<br />

são os nacionais, muitas vezes<br />

em regiões do globo com debilidades<br />

infraestruturais essenciais<br />

à criação de áreas de sustentação<br />

para uma resposta logística<br />

oportuna, alargando em tempo e<br />

em espaço a cadeia de abastecimentos.<br />

No segundo terá que ser<br />

tida em consideração a possibilidade<br />

de emprego de forças numa<br />

ótica de multifuncionalidade de<br />

atores e de apoios, obrigando ao<br />

estabelecimento de parcerias e<br />

rearranjos tecnológicos onde a<br />

modularidade e interoperabilidade<br />

dos sistemas será essencial<br />

(Pagonis, 1992).<br />

em suma, um novo ambiente<br />

operacional que se traduz, necessariamente,<br />

no mesmo homem,<br />

sempre guiado pelo instinto<br />

e pela razão do momento, mas<br />

com novas capacidades materializadas<br />

por um conjunto de sistemas<br />

que terão que dinamizar<br />

a sua capacidade psicofísica e<br />

cognitiva.<br />

2. O soldado de Infantaria.<br />

Novas capacidades e possibilidades<br />

de emprego.<br />

O principal papel do soldado<br />

de infantaria será, como à 800<br />

anos atrás, o combate próximo<br />

em terreno aberto e em cidades,<br />

num espectro alargado de operações<br />

que podem englobar operações<br />

de resposta a crises, como<br />

imposição de Paz, Manutenção<br />

de Paz, apoio a autoridades<br />

Civis, ações Humanitárias e a<br />

Guerra Declarada.<br />

Nesse contexto de emprego<br />

será obrigado a atuar em diferentes<br />

cenários, terrenos, climas<br />

e condições de visibilidade. e<br />

quando hipoteticamente numa<br />

operação de guerra abandona a<br />

plataforma que lhe garante mobilidade<br />

tática terrestre, marítima<br />

ou aérea, utilizará sempre o fogo<br />

e o movimento para alcançar<br />

uma posição mais vantajosa relativamente<br />

a um ou mais adversários,<br />

sempre num contexto de<br />

grande intensidade e desgaste<br />

psicofísico.<br />

Mas esta visão redutora do<br />

soldado de infantaria tem que<br />

ser vista noutra perspetiva. Na<br />

verdade, o soldado de infantaria<br />

é, cada vez mais, um sistema de<br />

armas. O soldado de infantaria<br />

é um sistema materializado em<br />

tudo que utiliza, carrega e consome<br />

numa operação, sendo parte<br />

de uma subunidade que comporta<br />

outros soldados (quatro a<br />

nove homens constituindo uma<br />

esquadra ou secção, respetivamente)<br />

e onde, num contexto coletivo,<br />

terá que operar para atingir<br />

com eficiência os objetivos do<br />

escalão superior em que se integra<br />

a sua unidade (normalmente<br />

designada por Pelotão).<br />

Os sistemas que transporta e<br />

que dele fazem esse sistema de<br />

armas respeitam sempre os seguintes<br />

requisitos (CeDs, 2011):<br />

• modularidade, onde os interfaces<br />

que transporta permitam e<br />

aceitem a integração de outros<br />

módulos como são caso de power<br />

sources e sighting devices;<br />

• adaptabilidade, para de acordo<br />

com a sua missão, independentemente<br />

da duração da<br />

operação, tipologia da ameaça<br />

e ambiente físico, os sistemas<br />

que transporta tenham a capacidade<br />

para adicionar módulos,<br />

afetando ao mínimo as configurações<br />

de base e ergonomia<br />

do todo, disponibilizando assim<br />

novas capacidades para outra<br />

Nº 192 DEC11<br />

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tipologia de tarefas e missões;<br />

• incrementabilidade, para que<br />

a adição de novos sistemas<br />

decorrente dos desenvolvimentos<br />

tecnológicos se traduza na<br />

substituição de módulos e não<br />

exija a permuta do todo por incapacidade<br />

de adaptação;<br />

• incorruptibilidade, para que<br />

a falência tecnológica de um<br />

módulo primário de um sistema<br />

não afete o funcionamento de<br />

outros módulos acoplados;<br />

• interoperabilidade, para que<br />

os sistemas e seus módulos sejam<br />

compatíveis no seio de uma<br />

força combinada (mais que um<br />

país) e/ou conjunta (mais que<br />

uma componente (marinha,<br />

exército e força aérea);<br />

• e simplicidade, para que o<br />

sistema seja user-friendly e as<br />

handling operations sejam reduzidas<br />

ao mínimo.<br />

Mas que é hoje exigido em<br />

termos de capacidades ao soldado<br />

de infantaria enquanto sistema<br />

de armas?<br />

segundo as orientações da<br />

Agência de Defesa Europeia<br />

Nº 192 DEC11<br />

para o Combat equipment For<br />

Dismounted soldiers as capacidades<br />

encontram-se repartidas<br />

pelas seguintes áreas (CeDs,<br />

2011):<br />

• C4i (Comando, Controlo,<br />

Computadores, Comunicações<br />

e informações);<br />

• Effective Engagement (aquisição<br />

efetiva);<br />

• Deployment and Mobility (projeção<br />

e mobilidade);<br />

• Protection and Survivability<br />

(proteção e sobrevivência);<br />

• Sustainability and Logistics<br />

(sustentabilidade e apoio<br />

logístico).<br />

vejamos cada uma dessas<br />

capacidades:<br />

• C4I – Permite exercer uma<br />

ação de comando efetiva para<br />

planear, gerir, coordenar e<br />

controlar pessoal, armas, equipamentos<br />

e o universo de comunicações<br />

necessários à operação.<br />

O soldado de infantaria,<br />

dotado com essa capacidade,<br />

é um nó de uma rede sendo,<br />

em simultâneo, um sensor<br />

de informação e elemento de<br />

aquisição de alvos. Claro que<br />

os requisitos para potenciar<br />

esta capacidade comportam<br />

sistemas com capacidade de<br />

partilha de informação na rede<br />

da força. entretanto, a informação<br />

partilhada aos mais baixos<br />

escalões, nos quais o soldado<br />

de infantaria se integra, deverá<br />

ter a dimensão adequada à capacidade<br />

cognitiva do utilizador,<br />

quer em termos de tratamento,<br />

quer em termos de tempo de<br />

resposta decorrente da tipologia<br />

e saturação de dados;<br />

• Effective Engagement –<br />

Permite ao soldado de infantaria<br />

derrotar o potencial de combate<br />

do seu adversário (físico,<br />

moral e tecnológico) e limitar<br />

a sua liberdade de ação. Os<br />

sistemas que maximizam esta<br />

capacidade deverão permitir<br />

a observação, deteção, reconhecimento<br />

(identificação de<br />

alvos) e aquisição de precisão<br />

evitando ou limitando danos colaterais<br />

e permitindo o emprego<br />

da arma indicada tendo em<br />

atenção os danos e objetivos a


atingir;<br />

• Deployment and Mobility –<br />

Faculta ao soldado de infantaria<br />

a orientação e capacidade<br />

de movimento transportando<br />

armas (pistola automática, espingarda<br />

automática, sabre-<br />

-baioneta, granadas de mão<br />

ofensivas, defensivas, de fumos<br />

e iluminantes e munições),<br />

equipamento e material<br />

(capacete, óculos balísticos,<br />

colete balístico, colete tático,<br />

suspensórios e cinturão para<br />

transporte de outro equipamento<br />

e sistemas (rádio, cantil,<br />

porta-carregadores, lanterna<br />

tática, etc), mochila tática com<br />

material de sobrevivência para<br />

24 a 72 horas, sistemas de<br />

aquisição e telemetria, sistemas<br />

de visão noturna, etc) em<br />

todo o tipo de terreno, todo o<br />

tipo de condições meteorológicas<br />

e ambiente afetado por<br />

agentes Nucleares, Biológicos,<br />

Químicos e Radiológicos<br />

(NBQR). Nesta capacidade tem<br />

particular importância o peso,<br />

volumetria e ergonomia das armas,<br />

equipamento e materiais,<br />

não podendo nem devendo ser<br />

descorado o fardamento.<br />

• Protection and Survivability<br />

– Garante ao soldado de infantaria<br />

a proteção contra ameaças<br />

naturais e aquelas que<br />

são provocadas por ação do<br />

homem. sistemas detetores de<br />

agentes NBQR, proteção balística,<br />

acústica e térmica, proteção<br />

contra armas não letais,<br />

camuflagem e minimização da<br />

emissão térmica, e proteção<br />

contra fogo fratricida através da<br />

introdução de dispositivos de<br />

identificação e proteção contra<br />

Remote Controlled improvised<br />

explosive Devices (RCieD),<br />

são alguns exemplos dessa<br />

capacidade.<br />

• Sustainability and Logistics<br />

– Possibilita manter um período<br />

alargado de ação sem necessidade<br />

de intervenção do canal<br />

logístico, seja em termos de<br />

reabastecimento, seja em termos<br />

de manutenção. O apoio<br />

de base tem que ter resposta<br />

em termos de reposição de víveres<br />

respeitando requisitos<br />

como volumetria, rentabilização<br />

energética e validade. Um<br />

ou mais sistemas terão que<br />

permitir a monitorização sanitária.<br />

e os principais sistemas<br />

(nomeadamente em termos<br />

de armamento e assessórios),<br />

em termos de conceção, terão<br />

que respeitar requisitos como<br />

a reciclagem, otimização energética<br />

em termos de fontes de<br />

energia e consumíveis (no caso<br />

das munições), e otimização<br />

do peso, volumetria e modularidade<br />

(diminuindo o fluxo de<br />

sobressalentes e trabalhos de<br />

manutenção).<br />

a questão que agora se coloca<br />

é saber qual a aplicação das<br />

fibras têxteis (e do vestuário) nesta<br />

dinâmica de capacidades e o<br />

impacto desse desenvolvimento<br />

tecnológico na operacionalização<br />

de outros sistemas e na atividade<br />

técnica e psicofísica do utilizador,<br />

o soldado de infantaria.<br />

3. A importância dos tecidos<br />

na concretização das<br />

capacidades.<br />

3.a. Capacidade C4I<br />

Para além do que já foi referido,<br />

os sistemas C4I têm que<br />

estar adaptados às funções específicas<br />

de cada soldado de infantaria<br />

no seio da sua unidade<br />

(esquadra, secção ou pelotão),<br />

terão que permitir o scanning do<br />

utilizador em termos de posicionamento<br />

e situação de sistemas,<br />

terão que possibilitar o rastreio<br />

e indicação de forças amigas no<br />

setor de tiro impedindo o fogo<br />

fratricida, terão que garantir o<br />

posicionamento cartográfico correto<br />

do utilizador e alvos, e terão<br />

que permitir o envio e receção de<br />

mensagens de texto, imagem e<br />

voz.<br />

Não há assim, numa primeira<br />

análise, uma aplicação direta dos<br />

tecidos na dinamização ou maximização<br />

dos sistemas que essa<br />

competência comporta.<br />

Contudo, a sua aplicação, nomeadamente<br />

a rentabilização do<br />

uniforme para a geração de energia<br />

com têxteis interativos (têxtil<br />

que responde de forma inteligente<br />

a um estímulo e que a partir<br />

do sentir ou do reagir (mudança<br />

de cor, oscilação, etc) executam<br />

operações ou sejam produtores<br />

de energia), será relevante<br />

quando temos que equacionar<br />

todo o conjunto de sistemas que<br />

necessitam de fontes de energia<br />

para serem operáveis. este<br />

aspeto é ainda mais importante<br />

se pensarmos que a redução de<br />

baterias (recarregáveis ou não)<br />

Materializa-se numa redução de<br />

peso, numa redução do esforço<br />

logístico para reposição de abastecimentos<br />

consumidos, e numa<br />

redução do desgaste psicofísico<br />

do utilizador, nomeadamente em<br />

termos do peso total a transportar<br />

e ergonomia dos invólucros e<br />

bolsas de transporte dessas bases<br />

de energia. importa contudo<br />

refletir sobre o peso da assinatura<br />

eletromagnética desse sistema<br />

em termos da identificação<br />

por sistemas de aquisição de objetivos<br />

adversários, ou o seu impacto<br />

em termos da porosidade<br />

das fibras e sua importância para<br />

a manutenção de efeitos térmicos<br />

decorrentes do clima e tipologia<br />

de esforço. Deverá merecer<br />

também alguma preocupação o<br />

comportamento da estrutura geradora<br />

de energia e incorporada<br />

no uniforme a agentes naturais<br />

como a água e a humidade, ou<br />

a reação a fragmentos de um<br />

engenho explosivo improvisado<br />

ou projéteis de energia cinética<br />

lançados por armas de projeção<br />

de fogo automáticas ou ordinárias<br />

(sem mecanismo automático<br />

para recuo da culatra).<br />

Nº 192 DEC11<br />

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3.b. Effective Engagement<br />

O effective engagement exige<br />

a utilização de sistemas que<br />

garantam uma capacidade de<br />

observação e aquisição sobre<br />

quaisquer condições climatéricas<br />

e agentes NBQR. Mas também<br />

deve permitir a leitura dos resultados<br />

obtidos após a aquisição<br />

do alvo e a execução do fogo, e<br />

deve garantir a possibilidade de<br />

designação de alvos para outras<br />

armas de projeção de fogo, individuais<br />

ou coletivas, sejam elas<br />

terrestres, aéreas ou navais.<br />

Também aqui, como verificado<br />

para a capacidade C4i, a<br />

rentabilização do uniforme para<br />

a geração de energia com têxteis<br />

interativos será importante para<br />

sistemas que necessitam de fontes<br />

de energia para serem operáveis.<br />

entretanto, as limitações já<br />

identificadas na capacidade C4I<br />

devem ser equacionadas para<br />

esta capacidade.<br />

3.c. Deployment and Mobility<br />

esta capacidade diz respeito<br />

a requisitos de mobilidade tática<br />

e projeção interteatro (no interior<br />

do teatro de Operações)<br />

e intrateatro (entre teatros de<br />

Operações e a Zona do interior<br />

e/ou Zona de Comunicações1),<br />

razão pela qual esta capacidade<br />

não deverá merecer uma análise<br />

em pormenor para afetação do<br />

recurso tecnológico em análise.<br />

Contudo, embora este assunto<br />

1 a Zona do interior, na maior parte dos<br />

casos, coincide com território nacional<br />

e é nela que tem lugar a logística de<br />

alto de nível e de produção. a Zona<br />

de Comunicações é a área do teatro<br />

de Operações destinada a efetuar<br />

a transição entre a Zona do interior<br />

e a Zona de Operações. a Zona do<br />

Interior é caracterizada pela existência<br />

de estruturas portuárias (aeroportos e<br />

portos de mar (e rio)) e é nessa área<br />

que se articulam as bases logísticas,<br />

hospitais de campanha e unidades de<br />

manutenção, entre outras estruturas<br />

e comandos de direção e execução<br />

logística.<br />

Nº 192 DEC11<br />

seja abordado na capacidade<br />

seguinte, importa realçar a importância<br />

que os tecidos detém<br />

na mobilidade que está associada<br />

aos movimentos e deslocamentos<br />

táticos realizados como<br />

parte de uma operação ou ação<br />

militar. aspetos ligados à conceção<br />

e design do fardamento e do<br />

equipamento devem ser equacionados<br />

para que haja sintonia<br />

e interoperabilidade funcional,<br />

única abordagem para que no<br />

cumprimento de tarefas militares<br />

(que vão desde a simples distribuição<br />

de alimentos ao combate),<br />

em ambiente urbano ou rural,<br />

as capacidades de locomoção individual<br />

terrestre não sejam afetadas.<br />

De salientar ainda o papel<br />

relevante que os tecidos podem<br />

assumir quando as plataformas<br />

de projeção e missões/tarefas<br />

solicitam mais que uma valência<br />

em termos de resposta. Ou seja,<br />

por exemplo, importa equacionar<br />

o fardamento e as suas valências<br />

perante a projeção subaquática<br />

(com mergulho de combate) para<br />

a condução de uma operação<br />

terrestre.<br />

3.d. Protection and Survivability<br />

esta capacidade, que comporta<br />

dois vetores (Protection<br />

and Survivability) concorrentes (a<br />

sobrevivência depende significativamente<br />

da proteção) está em<br />

parte orientada para a importância<br />

da proteção ao nível de partes<br />

vitais do corpo humano (como o<br />

cérebro, visão (olhos), aparelho<br />

auditivo, pescoço, peito, região<br />

abdominal e pélvis) contra armas<br />

de energia cinética e fragmentos<br />

de explosivos improvisados, minas<br />

e granadas. Por isso, parte<br />

significativa do esforço de desenvolvimento<br />

tecnológico, é relativa<br />

à proteção balística rígida e flexível,<br />

está última colocada em<br />

outros equipamentos e peças de<br />

vestuário do utilizador.<br />

Mas será que não há campo<br />

para a aplicação de têxteis com<br />

novos requisitos?<br />

analisemos em primeiro lugar<br />

a capacidade Protection. se a<br />

proteção balística, fruto da capacidade<br />

derrubante e penetrante<br />

de projéteis ou fragmentos resultantes<br />

de engenhos explosivos<br />

vem exigindo, até à data 2 , sistemas<br />

complexos e com capacidades<br />

de resistência unicamente<br />

atingíveis pela introdução de ligas<br />

metálicas e cerâmicas com<br />

alguma complexidade, a proteção<br />

contra agentes incendiários<br />

como granadas incendiárias ou<br />

cocktails molotov3 , sempre vista<br />

com uma grande complexidade,<br />

pode e deve ser desenvolvida<br />

em termos do aumento da capacidade<br />

de resistência do vestuário<br />

(com base em fibras de altas<br />

prestações ou com funções especiais4<br />

) tendo sempre presente<br />

a capacidade de sobrevivência,<br />

seja em termos de mobilidade,<br />

seja em termos de afetação da<br />

resposta psicofísica face a restrições<br />

daí decorrentes, como o incremento<br />

da sudação decorrente<br />

da composição e estrutura dos<br />

2 Decorrem estudos para a aplicação de<br />

fibras de carbono neste tipo de proteção.<br />

As fibras carbónicas ou fibras de carbono<br />

são matérias-primas que provêm da<br />

pirólise de materiais carbonáceos que<br />

produzem filamentos de alta resistência<br />

mecânica e que são utilizados para os<br />

mais diversos fins (inclui motores e naves<br />

espaciais).<br />

3 O cocktail molotov é uma arma<br />

incendiária geralmente utilizada<br />

na guerrilha urbana por adversários<br />

sem capacidades tecnológicas. a sua<br />

composição mais frequente inclui um<br />

líquido inflamável, geralmente petróleo<br />

ou gasolina, e eventualmente um agente<br />

que melhora a aderência do combustível<br />

ao alvo. É iniciado manualmente pelo<br />

fogo através de uma mecha na boca do<br />

invólucro (gargalo da garrafa)) e, sendo<br />

uma arma de mão, tem no arremesso o<br />

seu agente de projeção.<br />

4 as fibras de altas prestações são<br />

aquelas que possuem propriedades<br />

físicas ou químicas muito superiores às<br />

das fibras convencionais. As propriedades<br />

físicas referem-se normalmente às<br />

mecânicas (exemplo: resistência à<br />

tração) e à termoresistência.


têxteis empregues, ou o desconforto<br />

originado pela rigidez que<br />

o vestuário (fardamento) possa<br />

comportar para garantir essa<br />

valência. Uma outra aplicabilidade<br />

é a resposta que o vestuário<br />

(fardamento) poderá dar contra<br />

agentes NBQR. Contudo, neste<br />

caso, a garantia hermeticidade<br />

do vestuário (fardamento) não é<br />

fácil pois tem que ser pensada e<br />

sustentada a proteção integral<br />

de toda a superfície corpórea<br />

incorporando a proteção da cabeça,<br />

mãos, e pés (sobrebotas).<br />

Mas é em termos de<br />

Survivability que poderemos encontrar<br />

o espaço para rentabilizar<br />

esse recurso tecnológica que<br />

são os têxteis inteligentes e, em<br />

certa medida, maximizar valências<br />

como a mudança de temperatura,<br />

mudança de cor, condutividade<br />

elétrica, permeabilidade<br />

controlada e incorporação de<br />

hardware.<br />

a primeira grande aplicabilidade<br />

centra-se na capacidade<br />

de resposta aos requisitos de<br />

uma camuflagem multiespectral<br />

adaptável à tipologia de teatro,<br />

principalmente o urbano.<br />

a segunda vertente estará<br />

sempre associada ao fator mobilidade<br />

(capacidade já apresentada<br />

e documentada neste<br />

ensaio). Ou seja, no processo de<br />

interação da pele com o vestuário<br />

interior e o vestuário exterior<br />

(fardamento) e no decorrer de<br />

uma operação, fruto de agentes<br />

externos como o clima e agravados<br />

pela tipologia de equipamento,<br />

armamento e sistemas a<br />

transportar individualmente, desenvolvem-se<br />

humidades, secreções<br />

e micoses (muito frequente<br />

após esforços prolongados) que<br />

podem ser obviadas ou reduzidas,<br />

total ou parcialmente, pela<br />

utilização de têxteis adequados<br />

a essa finalidade. Esta situação<br />

é ainda mais gravosa quando<br />

as operações se desenvolvem<br />

com baixas temperaturas, fator<br />

externo que não obvia a sudação<br />

e humedecimento do vestuário<br />

(peças de roupa interiores e<br />

exteriores) em operações de exigência<br />

física extrema. O mesmo<br />

racional poderá ser observado<br />

no espectro de aplicação antagónica,<br />

como são o caso das recentes<br />

operações em climas áridos<br />

(vide afeganistão ou iraque),<br />

onde os têxteis deverão limitar o<br />

“stress térmico do utilizador”.<br />

Por fim e não menos importante,<br />

o têxtil do vestuário interior<br />

deverá ter a vertente de<br />

diagnóstico para permitir a monitorização<br />

de variáveis vitais<br />

do utilizador. Com esta valência,<br />

aspetos como indicadores do<br />

ritmo cardíaco, de temperatura<br />

e de saturação de oxigénio no<br />

sangue, são analisados no local<br />

ou em escalões superiores com<br />

capacidade de controlo e influência<br />

médico-sanitária. Todavia,<br />

a rentabilização dos tecidos não<br />

pode nem deve centrar-se em<br />

respostas tecnológicas pois o<br />

seu design, em termos de corte<br />

e funcionalidades, contribuí<br />

para o bem-estar e desempenho<br />

técnico-tático do utilizador. Por<br />

exemplo, importa refletir sobre a<br />

colocação de bolsos nas calças<br />

e no dólmen do uniforme, ajustando-os<br />

e dimensionando-os<br />

à eventualidade de colocação/<br />

transporte de outra tipologia de<br />

equipamentos, armamento e sistemas.<br />

Como também tem que<br />

ser pensado o reforço de áreas<br />

do uniforme sujeitas a atrição de<br />

tudo que é transportado durante<br />

deslocamentos e movimentos<br />

táticos.<br />

3.e. Sustainability and<br />

Logistics<br />

esta capacidade centra-se,<br />

em parte, em muitos dos pressupostos<br />

já elencados para outros<br />

requisitos pois, direta ou indiretamente,<br />

ela é base do sucesso.<br />

Por outras palavras, sem sustentação<br />

logística será impossível<br />

suportar uma operação militar.<br />

a Guerra do iraque de 2002<br />

e outros conflitos que recentemente<br />

afetam essa região<br />

(afeganistão) potenciam, de forma<br />

clara e inequívoca, um novo<br />

espectro e tipologia de operações<br />

militares e uma nova filosofia<br />

de apoio, fortemente vocacionada<br />

para a implementação<br />

da velocidade e eficiência dos<br />

fluxos logísticos (informacionais<br />

e físicos) através de uma criteriosa<br />

gestão da cadeia de abastecimentos,<br />

aproximando cada<br />

vez mais a logística militar daquilo<br />

que hoje denominamos por<br />

logística empresarial.<br />

Mas, em que medida o desenvolvimento<br />

e aplicação de fibras<br />

têxteis (e do vestuário) concorre<br />

para essa aspiração?<br />

interessa, como já salientado,<br />

que esse desenvolvimento<br />

e aplicabilidade concorram para<br />

duas funções logísticas: reabastecimento<br />

e apoio sanitário.<br />

em termos de reabastecimento<br />

a aplicação de têxteis inteligentes<br />

sobressai, por exemplo,<br />

na redução dos fluxos de<br />

abastecimentos de sistemas de<br />

alimentação como as baterias,<br />

mas também se poderá traduzir<br />

num contributo para a modularidade<br />

dos sistemas e contentorização<br />

logística.<br />

Já em termos sanitários, a<br />

indicação e controlo centralizado<br />

de sinais vitais será importantíssimo<br />

para a previsão de<br />

necessidades em material sanitário,<br />

necessidades de evacuação<br />

sanitária, e controlo de todo<br />

um processo que pode implicar,<br />

em termos globais, alterações<br />

em áreas como os processos<br />

formativos, adaptando-os às<br />

exigências psicofísicas resultantes<br />

dessa monitorização, ou<br />

em reajustamentos nos testes<br />

de diagnóstico para a seleção<br />

militar, minimizando-se assim as<br />

discrepâncias identificadas entre<br />

a função e o nível de exigência<br />

Nº 192 DEC11<br />

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76<br />

fisiológica em contexto de ação<br />

(trabalho) que resultem da monitorização<br />

médico-sanitária proporcionada<br />

por essa capacidade<br />

de controlo centralizado.<br />

4. Conclusões.<br />

Como diria David Lynch na<br />

sua obra “Em busca do grande<br />

peixe”, a descoberta é uma história<br />

contínua e as ideias são como<br />

os peixes. se quisermos capturar<br />

peixes pequenos, podemos ficar<br />

pelas águas pouco profundas.<br />

Mas se quisermos capturar os<br />

peixes grandes temos de ir bem<br />

mais fundo.<br />

Julgo que neste ensaio, ainda<br />

que à tona da água de um<br />

conhecimento limitado e pouco<br />

profundo, ficaram ideias e<br />

oportunidades.<br />

Com racionalidade, e olhando<br />

para as cinco capacidades<br />

apresentadas, é na vertente C4i<br />

e Protection and Survivability que<br />

a rentabilização de têxteis inteligentes<br />

poderá ter uma grande<br />

aplicabilidade.<br />

Fontes de energia para equipamentos<br />

e sistemas de armas,<br />

proteção contra agentes<br />

incendiários como granadas<br />

Nº 192 DEC11<br />

incendiárias, capacidade de<br />

resposta aos requisitos de uma<br />

camuflagem multiespectral<br />

adaptável à tipologia de teatro,<br />

diminuição de humidades, secreções<br />

e micoses, e a vertente de<br />

diagnóstico para permitir a monitorização<br />

de indicadores vitais do<br />

utilizador, representam algumas<br />

áreas de utilização, tendo presente<br />

que as variáveis do conhecimento<br />

e do desenvolvimento<br />

tecnológico nesta área poderão<br />

alargar esse espectro.<br />

Mas o desenvolvimento das<br />

fibras e dos têxteis em termos do<br />

emprego militar não se limitam<br />

unicamente aquilo que foi abordado<br />

neste trabalho.<br />

Novos equipamentos individuais<br />

e coletivos para apoio<br />

à sustentabilidade e proteção<br />

como mochilas, tendas e redes<br />

de camuflagem, devem ser pensados<br />

e, se necessário, redesenhados,<br />

para que em termos<br />

de produto final se traduzam<br />

em redução de peso, volumetria<br />

(quando não empregues), redução<br />

de assinatura eletromagnética,<br />

e resistência mecânica. Por<br />

outro lado, a aplicação de fibras<br />

e têxteis em equipamentos<br />

para politraumatizados (com<br />

um espectro de aplicação<br />

alargado), ou na resposta térmica<br />

para um saco de dormir,<br />

umas luvas para combate em<br />

áreas edificadas para o inverno<br />

e/ou para verão, ou umas<br />

botas de combate para operações<br />

na selva, são outras<br />

vertentes de desenvolvimento<br />

tecnológico que devem merecer<br />

atenção e que podem ser<br />

aprofundadas.<br />

Para finalizar importa ter<br />

presente que apesar da sustentação<br />

de muitas das ideias<br />

e sugestões vinculadas não<br />

deixarem de transparecer alguma<br />

intangibilidade em termos de<br />

razoabilidade, pois serão sempre<br />

vistas com desconfiança ao não<br />

serem comuns, este ensaio não<br />

é uma folha em branco.<br />

este ensaio é uma perspetiva<br />

para o conhecimento pois sustenta<br />

ideias com causas, causas<br />

azimute<br />

que são vividas e sentidas.<br />

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autor CeDs. - Brussels : CeDs, 2011.<br />

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Business school Press, 1992. - isBN:<br />

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international institute for strategic. -<br />

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Urban Operations [Livro] / autor vink<br />

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tNO Knowledge for business, 2008. -<br />

vol. i. - isBN 978-90-5986-291-3.<br />

DiCiOPÉDia 2004. PORtO<br />

eDitORa. (2004) isBN<br />

972-0-65255-1.


A primeira Oficial de infantaria do sexo feminino.<br />

A vitória sobre um dogma<br />

Dedico este artigo aos camaradas do meu curso<br />

que sempre acreditaram em mim e à minha parelha.<br />

Não é pretendido com este artigo elogiar ou até<br />

mesmo, pelo contrário, criticar alguém. O que se pretende<br />

é fazer passar o conhecimento do que é o tPOi<br />

para uma mulher e, com isto, explicar o porquê de<br />

uma mulher ser diferente. Contudo, não quer dizer que<br />

tenha de ser tratada de forma diferente. esta é, sem<br />

dúvida, a parte mais difícil de explicar, dado que as<br />

mulheres querem ser tratadas com igualdade.<br />

É esperado alterar opiniões, quem sabe!<br />

A mulher no desempenho de missões no seio da<br />

infantaria<br />

este tema, como qualquer outro que fala de uma<br />

mulher no seio da infantaria, é um assunto controverso<br />

e, de certa forma, também sensível.<br />

Não vale a pena fazer deste assunto uma preocupação,<br />

dado que a mulher não quer ocupar o lugar de<br />

ninguém, mas sim o seu.<br />

Quando se menciona o curso de infantaria pensa-<br />

-se logo em algo difícil, exigente e até mesmo, que<br />

não é para mulheres.<br />

Desta ideia obsoleta advém a questão:<br />

terá a mulher capacidade de responder a esta<br />

exigência?<br />

Talvez seja importante definir o grau de dificuldade<br />

e exigência em causa, para posteriormente verificar se<br />

a mulher é ou não capaz de cumprir.<br />

a verdade é que, contrariamente a uma perceção<br />

inicial e parcial de grande dificuldade ou mesmo de<br />

impossibilidade, com o passar dos anos a mulher tem<br />

vindo a adquirir mais competências para cumprir missões<br />

no seio da infantaria, bem como noutras áreas<br />

julgadas exclusivas do sexo masculino. Podemos na<br />

realidade ter dificuldades, mas os homens também<br />

as têm e, no entanto, isso não é colocado em causa.<br />

a mulher pode ter, por norma, menor força física<br />

que o homem mas, na verdade, compensa essa pretensa<br />

vulnerabilidade com uma forte determinação e<br />

vontade.<br />

O melhor é não insistir neste assunto, que se baseia<br />

num conjunto de mentalidades algo retrógradas,<br />

e deixar de colocar em causa as capacidades da mulher.<br />

Como em todas as organizações, existem bons<br />

e menos bons profissionais, independentemente de<br />

estes serem homens ou mulheres.<br />

alf inf andreia Freitas<br />

Frequência do curso de infantaria na academia<br />

militar<br />

a 1 de Outubro de 2006 iniciou-se um percurso de<br />

4 anos na academia Militar, efectivando-se a entrada<br />

no curso exército armas. após a conclusão do 1ºano<br />

e já a ingressar no 2ºano da academia Militar, realizou-se<br />

a escolha da arma. Quando esse dia chegou,<br />

só a arma de infantaria permanecia com vagas por<br />

preencher.<br />

Logo desde início, o ingresso na arma de infantaria<br />

foi uma preocupação devido à exigente componente<br />

física e psicológica que tão bem a caracteriza. Um primeiro<br />

obstáculo prendia-se com uma certa tradicional<br />

desconfiança relativamente à existência de elementos<br />

do sexo feminino no curso de infantaria.<br />

ao longo do 2º ano foram frequentes as alusões,<br />

de vários setores sobre as dificuldades na prossecução<br />

deste caminho. Mesmo assim e apesar da pressão,<br />

esse ano foi ultrapassado.<br />

O mesmo sucedeu no 3ºano, contudo equilibrado<br />

pela boa relação de camaradagem entre todos os elementos<br />

do curso.<br />

O 4ºano foi, sem dúvida, o mais difícil de ultrapassar,<br />

talvez pela aproximação de provas mais difíceis<br />

e pela eventual pressão que se ia desenvolvendo no<br />

seio do curso.<br />

Como acontecera tantas outras vezes, a opção de<br />

desistir foi considerada, no entanto, tal não aconteceu<br />

graças ao apoio das minhas camaradas de quarto e,<br />

fundamentalmente, por outros camaradas do meu curso<br />

que não desistiam de acreditar que seria a primeira<br />

mulher a terminar o curso de infantaria.<br />

a noção de que, mais ninguém senão eu própria<br />

e os que em mim acreditavam, constituía o apoio essencial<br />

à minha capacidade de decisão, levou-me a<br />

reforçar a minha determinação.<br />

e assim conclui o 4ºano da academia Militar.<br />

A visão do tirocínio segundo a primeira mulher<br />

oficial de infantaria, obstáculos e sugestões.<br />

a 1 de Outubro de 2010 iniciou-se uma longa caminhada<br />

que, no ano de 2006, já havia sido alvo de grande<br />

atenção quando o ingressou no tPOi a primeira<br />

mulher oficial oriunda da Academia Militar. A chegada<br />

da segunda mulher ao tPOi era novamente seguida<br />

com bastante atenção por diversas pessoas e surgia a<br />

dúvida, “será que esta consegue?”.<br />

Chegados à ePi, os recentes aspirantes foram bem<br />

Nº 192 DEC11<br />

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78<br />

recebidos e, como é característico da infantaria, foram<br />

cumpridas as tradições da tão desejada “esPeRa”,<br />

designação dada ao 1ºdia.<br />

Durante os seguintes dias e semanas, foram transmitidas<br />

as instruções que constituem a parte técnica e<br />

táctica da arma de infantaria.<br />

ao longo do tPOi foram executadas provas de forma<br />

a averiguar a capacidade física e psicológica de<br />

cada um, e foram estas provas que mais marcaram o<br />

curso devido à sua dificuldade acrescida.<br />

a primeira prova, a “MaRCHa Da vÍRGULa”.<br />

Como qualquer outra prova é difícil definir se é mais<br />

difícil ou não que todas as outras, mas residia a certeza<br />

que tinha que ser ultrapassada, e esse sempre foi<br />

o meu objectivo.<br />

ao longo do tPOi, cada dia era uma prova e, como<br />

é normal, passaram-se momentos bons e outros menos<br />

bons.<br />

Mais uma prova se avizinhava, a “MaRCOR sR.<br />

DO Ó” com cerca de 18km, até então a prova mais<br />

difícil.<br />

Com o passar dos dias comecei a constatar que<br />

qualquer prova era difícil, cada uma diferente da outra.<br />

em Novembro iniciou-se a execução de tiro de<br />

combate. esta prova não pareceu ter o mesmo grau<br />

de dificuldade de qualquer outra executada até então,<br />

exceptuando o facto de estarmos “devidamente equipados”.<br />

Chegou o final da semana, sexta-feira, e dei<br />

por mim a tentar levantar-me da cama, quando constato<br />

que tenho as pernas de tal forma inchadas que<br />

mesmo parada sentia dores. Nesse dia o treino físico<br />

constava numa corrida contínua à qual não conseguia<br />

corresponder, e tive de faltar ao treino. Para agravar a<br />

situação, fiquei dispensada devido a feridas nos pés.<br />

estes foram obstáculos a nível físico com que me deparei,<br />

mas é uma situação à qual ninguém consegue<br />

fugir. No entanto, com o passar dos dias o corpo começou<br />

a recuperar.<br />

apesar destes contratempos, o objectivo era<br />

sempre fazer tudo e conseguir chegar ao fim desta<br />

caminhada.<br />

seguia-se mais uma prova, a “MaRCHa De<br />

tORRes”, com cerca de 34 km. esta não era menos<br />

difícil que qualquer outra, mas com uma diferença,<br />

era uma prova individual. Tendo a consciência das<br />

minhas dificuldades, era mais fácil para mim encarar<br />

este desafio, uma vez que o faria apenas comigo e<br />

não com a necessidade de acompanhar o grupo. Não<br />

sei se por esta razão, mas a verdade é que consegui<br />

o alento para terminar, e terminar bem, mesmo com<br />

um resultado mais positivo do que em relação a outros<br />

elementos do curso. Não pela capacidade de os ultrapassar,<br />

mas sobretudo pela consciencialização da<br />

capacidade de acompanhar o esforço dos restantes,<br />

iniciou-se aqui uma nova alma para enfrentar as restantes<br />

provas.<br />

Ainda no mês de Novembro iniciaram-se os<br />

Nº 192 DEC11<br />

exercícios. Numa semana praticava-se e na outra executava-se,<br />

e no final de cada exercício, cada um avaliava<br />

o desempenho dos outros elementos do curso.<br />

Num destes exercícios, a minha parelha atribuiu-me<br />

a avaliação mais alta, não sem gerar alguma controvérsia.<br />

Como é possível constatar através da minha<br />

história, um grande obstáculo era tentar alterar mentalidades,<br />

o que nem sempre foi conseguido. sem dúvida<br />

que este foi o meu maior obstáculo mas, apesar de<br />

tudo, a concentração que mantive em tudo o que fazia<br />

foi mais forte, o que me auxiliou para concluir o tPOi.<br />

aproximava-se o momento crucial do curso, o<br />

“eXeRCÍCiO De LiDeRaNÇa”. a ansiedade inicial do<br />

que sobre este exercício se conhece, faz-nos questionar<br />

a nossa capacidade para o levar a bom termo.<br />

Contudo constatei que é possível cumpri-lo. O ser<br />

humano tem capacidades inimagináveis e só nos<br />

momentos difíceis se apercebe do que é realmente<br />

capaz.<br />

Foram diversas as provas executadas e os obstáculos<br />

confrontados e ultrapassados, e por inúmeras<br />

vezes senti o corpo todo a inchar devido ao frio e<br />

cansaço.<br />

Chegou o dia da cerimónia solene do final do exercício,<br />

em que se recebeu o tão desejado crachá da<br />

ePi que no seu verso tem gravado o nome do respectivo<br />

tirocinante. Dito deste modo simples, faz crer<br />

que tudo o que foi conquistado até então não passa<br />

de algo banal mas, na realidade, não havia nada mais<br />

importante, nada que sub tituísse aquele momento tão<br />

marcante para os tirocinantes. estava na altura de entrar<br />

na sala de Honra da infantaria para sermos apresentados<br />

como os novos infantes que ali prometiam<br />

honrar os seus deveres. apesar de alguns momentos<br />

não serem tão nítidos na minha memória, aquele é,<br />

sem dúvida, pelo significado que tem, o que guardo<br />

com grande presença e também saudade.<br />

Embora se tenha finalizado um exercício tão importante,<br />

o tPOi não terminava ali, ainda faltava cerca<br />

de um mês para o derradeiro final.<br />

Durante o último mês, o orgulho dominava, o facto<br />

de ter conseguido chegar até esta etapa, sentindo que<br />

a caminhada estava quase concluída.<br />

No mês de Janeiro continuaram as instruções e,<br />

de seguida, as avaliações. No fundo, a continuação do<br />

que se havia feito até então.<br />

Ao longo do TPOI, a grande dificuldade esteve em<br />

quebrar a forma de pensar relativamente à presença<br />

feminina no seio da infantaria.<br />

Para ser mulher na arma de infantaria, tem de se<br />

provar mais do que qualquer homem.<br />

apesar de tudo, provei que o tPOi é possível ser<br />

concluído por uma mulher.<br />

Deixo a sugestão para a próxima mulher: humildade<br />

acima de tudo e fazer sempre por ser e não por<br />

parecer. azimute


Testagem de vidros com protecção balistica com a Empresa<br />

VICER<br />

a escola Prática de infantaria<br />

encontra-se a apoiar um projeto<br />

de realização de testagem de vidros<br />

com proteção balística, em<br />

conjunto com a “viCeR - vidraria<br />

Central de ermesinde, Lda”. este<br />

projeto é ímpar no nosso exército<br />

e constitui um dos projetos de investigação<br />

mais “enigmáticos”<br />

para a escola.<br />

a viCeR é uma empresa ex-<br />

portadora prestigiada com cinco<br />

décadas de existência, que<br />

no passado mês de Setembro<br />

participou na exposição internacional<br />

denominada “GlassBuild<br />

America 2011”, nos estados<br />

Unidos da américa. a sua unidade<br />

fabril “… está inserida numa<br />

área com 15000m², equipada<br />

por um parque de máquinas altamente<br />

tecnológico, direcionada<br />

para a sua atividade e em constante<br />

atualização. A empresa<br />

está especialmente dotada para<br />

trabalhar vidros seletivos de alta<br />

performance, com características<br />

de excelência no controlo solar,<br />

térmico, acústico e de segurança…”<br />

1 , apresentando projetos<br />

de futuro bastante ambiciosos<br />

e inovadores no contexto global<br />

e procurando inovadoramente<br />

soluções mais eficientes para a<br />

proteção balística dos vidros.<br />

Um desses projetos é o desenvolvimento<br />

de novos padrões<br />

de vidros com proteção balística<br />

para futura aplicação na indústria<br />

da construção civil. assim,<br />

a empresa viCeR encontra-se<br />

a desenvolver vidros com proteção<br />

balística, diminuindo a sua<br />

espessura e cumprindo a “Norma<br />

eN 1063 European Standard –<br />

Testing and Classification of resistance<br />

against bullet attack”,<br />

1 in www.vicer.pt<br />

de modo a competir com empresas<br />

internacionais que se<br />

encontram na vanguarda da produção<br />

desta tipologia de vidros.<br />

O exército, através da escola<br />

Prática de infantaria, disponibiliza<br />

as suas infraestruturas de<br />

tiro, os meios técnicos humanos<br />

e materiais, fundamentais para<br />

a concretização das respetivas<br />

testagens, apoiando a empresa<br />

Figura 1- Cabine de madeira Figura 2 e 3 - Suporte para o vidro com proteção balística<br />

ten inf Hugo Costa<br />

VICER através da transferência<br />

de conhecimentos técnicos ao<br />

nível da balística, funcionamento<br />

do armamento e explosivos e<br />

também através das experiências<br />

vividas nos diversos teatros<br />

de Operações para onde as<br />

Forças Nacionais Destacadas<br />

Portuguesas têm sido projetadas<br />

e onde a proteção balística é<br />

uma preocupação constante.<br />

Para a concretização<br />

deste projeto verificou-se a<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

79


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

80<br />

necessidade de reunir as adequadas<br />

condições de segurança<br />

para o atirador. estas condições<br />

assentam nas curtas distâncias<br />

entre o vidro e o atirador, e visam<br />

reduzir o ricochete do projétil e<br />

dos estilhaços dos vidros após<br />

o impacto. assim, considerou-se<br />

pertinente que o atirador se equipasse<br />

com capacete, óculos com<br />

proteção balística, colete balístico<br />

e executasse fogo a partir de<br />

uma cabine móvel em madeira,<br />

criada e idealizada para o efeito.<br />

Deparou-se, ainda, com a neces-<br />

sidade de encontrar uma solução<br />

para suportar e apresentar os vidros<br />

sujeitos a testagens. esse<br />

suporte teria de ser perfeitamente<br />

adaptado às infraestruturas<br />

existentes na zona de alvos da<br />

carreira de tiro, imóvel aos impactos,<br />

apresentar o vidro a uma<br />

altura aproximada de 1,50m e<br />

que a sua substituição fosse rápida<br />

e fácil. tendo em conta estas<br />

indicações dadas pela escola<br />

Prática de infantaria a empresa<br />

desenvolveu o referido suporte<br />

e aperfeiçoou a tecnologia utilizada<br />

nas testagens em vidros<br />

balísticos.<br />

a supracitada Norma eN 1063<br />

é muito clara quanto às características<br />

do armamento a utilizar<br />

e às munições para que as testagens<br />

sejam consideradas válidas<br />

internacionalmente. Deste<br />

modo, de todo o armamento que<br />

Nº 192 DEC11<br />

se encontra em uso no nosso<br />

exército, e tendo como principal<br />

objetivo a validação das testagens<br />

foi escolhido o seguinte:<br />

numa primeira fase a Pistola<br />

Walther P38 de calibre 9mm, a<br />

espingarda automática G3 de<br />

calibre 7,62mm. Numa segunda<br />

fase utilizar-se-á a espingarda de<br />

tiro automático modelo sG 543<br />

de calibre 5,56mm, a espingarda<br />

sniper aCCURaCY aW de calibre<br />

7,62mm, a espingarda<br />

FRaNCHi modelo sPas 15 de<br />

calibre 12x70mm e a espingarda<br />

sniper BaRRet M/95 de calibre<br />

12,7mm. e para uma fase mais<br />

adiantada das testagens prevê-<br />

-se a utilização de explosivos<br />

(petardos de tNt de 100g e<br />

de 200g), de Granadas de Mão<br />

Ofensivas de Guerra M/962, de<br />

Granadas de Mão Defensivas<br />

de Guerra M/963 e ainda da<br />

Metralhadora Pesada Browning<br />

de calibre 12,7mm.<br />

Nesta primeira fase das testagens,<br />

o armamento usado foi<br />

a Pistola Walther P38 de calibre<br />

9mm e a espingarda automática<br />

G3 de calibre 7,62mm com munições<br />

normais. No decorrer destas<br />

testagens com as diversas<br />

tipologias de vidros e de acordo<br />

com as respostas dos vidros e<br />

projéteis, a cabine de madeira<br />

foi sendo aproximada dos vidros<br />

a testar, de modo a cumprir a<br />

Norma EN 1063 que define a distância<br />

entre o alvo e o atirador e<br />

permite validar as mesmas.<br />

Nas testagens foi utilizado<br />

um reparo genérico para suporte<br />

do armamento existente no<br />

exército, tendo-se revelado pouco<br />

eficiente dada a especificidade<br />

das testagens, pois apenas permite<br />

a utilização da espingarda<br />

automática G3, e requer que<br />

seja o atirador a estabelecer a<br />

triangulação pedida na “Norma<br />

eN 1063”. O ideal neste tipo de<br />

testes será reduzir ao mínimo a<br />

intervenção do atirador, e que a<br />

distância entre impactos na trian-<br />

Figura 4, 5 e 6 - Reparo para suporte do armamento em fase de desenvolvimento na empresa VICER<br />

gulação seja a mais aproximada<br />

possível à exigida na Norma eN<br />

1063. Verificados estes aspetos,<br />

a escola Prática de infantaria<br />

sugeriu à viCeR que desenvolvesse<br />

um reparo para suporte de<br />

armamento com um mecanismo<br />

de elevação e de direção graduados<br />

e com sistema de fixação<br />

aperfeiçoado onde a espingarda<br />

automática G3, a Pistola Walther<br />

P38 ou outro tipo de armamento<br />

ligeiro sejam facilmente ajustados<br />

e adaptados, permitindo uma<br />

maior eficiência nos testes a desenvolver<br />

com outra tipologia de<br />

armas.<br />

Relativamente às testagens,<br />

salienta-se que dos oito vidros<br />

com proteção balística testados,<br />

independentemente da distância<br />

do atirador ao vidro, do armamento<br />

e calibre utilizado, apenas<br />

o último não apresentou a<br />

formação de estilhaços após os


três impactos – Pistola Walther<br />

P38 de calibre 9mm a uma distância<br />

de 10m. A não formação<br />

de estilhaços é relevante, pois<br />

estes podem causar ferimentos e<br />

assim sendo protegem balisticamente<br />

mas não garantem a total<br />

segurança de pessoas e bens.<br />

Constatou-se, ainda, que<br />

nos vidros que apresentaram<br />

formação de estilhaços, a visibilidade<br />

para o outro lado encontrava-se<br />

comprometida, e com<br />

visibilidade reduzida será difícil<br />

identificar a ameaça, tentar evitá-<br />

-la ou até mesmo anulá-la.<br />

Foi ainda observado em dois<br />

testes em que o espaçamento<br />

da triangulação foi bastante mais<br />

curto, ao terceiro disparo o projétil<br />

atravessou o vidro com proteção<br />

balística, e um deles inclusive<br />

a porta traseira existente no<br />

suporte para os vidros. Como na<br />

atualidade o tipo de armas mais<br />

usadas em ações de criminalidade<br />

são as armas semiautomáticas,<br />

cuja principal característica<br />

é a capacidade de executar<br />

rajadas curtas de três a cinco<br />

Figura 7 e 8 – Vidro com boa visibilidade e sem a formação de estilhaços<br />

disparos, cuja distância entre os<br />

impactos é bastante mais curta<br />

do que a apresentada na triangulação<br />

exigida na Norma eN<br />

1063, é pertinente a elaboração<br />

de um estudo no qual se poderá<br />

observar qual a resistência máxima,<br />

em número de impactos, que<br />

o vidro conseguirá aguentar sem<br />

deixar atravessar um projétil.<br />

a empresa viCeR encontra-se<br />

a estudar os vidros testados de<br />

modo a colmatar estas imperfeições<br />

e prevê-se a realização de<br />

uma nova fase de testes com estas<br />

valências.<br />

Na segunda fase de testes,<br />

um dos pontos de estudo previsto<br />

será a resposta do vidro perante<br />

munições cujas características<br />

são diferentes das munições<br />

Normais de 7,62mm. esses tipos<br />

de munições serão as munições<br />

tracejantes e as munições perfurantes<br />

utilizadas na espingarda<br />

automática G3.<br />

Numa fase mais avançada<br />

das testagens será introduzida a<br />

utilização de petardos de tNt e<br />

de Granadas de Mão de Guerra.<br />

este capítulo apresentará um<br />

grau de interesse elevado visto<br />

que estes vidros com proteção<br />

balística serão para futura aplicação<br />

na indústria da construção<br />

civil, e de alguns anos a esta parte<br />

temos assistido a atentados<br />

em grandes centros urbanos utilizando<br />

explosivos.<br />

O faseamento das testagens,<br />

a introdução do armamento<br />

e das diversas munições e<br />

explosivos são de acordo com os<br />

objetivos traçados pela empresa<br />

viCeR, indo ao encontro das<br />

suas intenções de estudo.<br />

Durante as cerimónias militares<br />

do 14 de agosto na escola<br />

Prática de infantaria, foram expostas<br />

e apresentadas pela administração<br />

da empresa viCeR e<br />

seus colaboradores as filmagens<br />

das testagens, o suporte para a<br />

colocação dos vidros e um vidro<br />

testado, tendo sido possível avaliar<br />

os ótimos resultados alcançados<br />

e a perspetiva em que estamos<br />

na vanguarda da tecnologia<br />

antibalística com vidros. As filmagens<br />

podem ser consultadas no<br />

site da empresa viCeR em www.<br />

azimute<br />

vicer.pt.<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

81


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

82<br />

Nº 192 DEC11<br />

Cooperação Técnico-Militar com Timor-Leste<br />

Projecto Nº4<br />

Fig. 1 - FALINTIL<br />

1. Introdução<br />

a República Democrática de<br />

timor-Leste é um dos mais jovens<br />

países do mundo. Com<br />

uma década de existência como<br />

país livre e independente, após<br />

uma longa e intensa luta contra<br />

a ocupação indonésia, timor-<br />

Leste é hoje um país em desenvolvimento<br />

com o objectivo de se<br />

afirmar no seio da comunidade<br />

internacional.<br />

Como todos nós sabemos, as<br />

Forças armadas de um país são<br />

o garante da defesa militar da<br />

República contra qualquer ameaça<br />

externa, pelo que em timor-<br />

Leste esta missão está confiada<br />

às FaLiNtiL – Forças de Defesa<br />

de timor-Leste (F-FDtL). as<br />

F-FDtL são herdeiras dos valores,<br />

tradições e costumes das<br />

Forças armadas de Libertação<br />

e Independência de Timor-Leste<br />

(FALINTIL). Com a independência<br />

declarada a 20 de Maio de<br />

2002, após conclusão de um<br />

longo período que se iniciou com<br />

uma negociação entre os governos<br />

de Portugal e da indonésia<br />

para a realização de um referendo<br />

sobre a independência do<br />

território, sob a supervisão da<br />

Organização das Nações Unidas<br />

(ONU), as FaLiNtiL foram integradas<br />

nas Forças de Defesa<br />

de timor-Leste. Ora, sendo as<br />

FaLiNtiL uma força de guerrilha,<br />

com carácter permanente e<br />

de clandestinidade, urgiu a árdua<br />

tarefa de transformar uma força<br />

de guerrilha numa força convencional,<br />

profissional e moderna<br />

com capacidade de efectuar a<br />

defesa militar do território. Para<br />

tal, timor-Leste tem contado ao<br />

longo destes anos com o apoio<br />

de países amigos com os quais<br />

firmou acordos de cooperação<br />

técnico-militar, em que Portugal<br />

se constitui na vanguarda como<br />

um destes parceiros em várias<br />

áreas, com especial incidência<br />

no recrutamento e formação de<br />

quadros, no apoio à estrutura de<br />

comando das F-FDtL e no apoio<br />

ao desenvolvimento da componente<br />

naval e da componente<br />

terrestre.<br />

Maj inf Luís Barreira<br />

Cap Art Álvaro Santos<br />

“Depois da libertação, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak dirigem a<br />

transformação das Falintil numa força de defesa moderna. O general<br />

Taur é um dos raros líderes guerrilheiros no mundo que preside à<br />

transformação de uma força de guerrilha num exército regular, profissional,<br />

moderno.”<br />

“O apoio desinteressado de Portugal foi fundamental para a constituição<br />

da componente naval, desde o seu início, e o seu apoio às operações<br />

de recrutamento e à formação do corpo de oficiais das F-FDTL<br />

contribui positivamente para desenvolver e modernizar as nossas<br />

forças.”<br />

Excerto do discurso de Sua Excelência O Presidente da República<br />

Democrática de timor-Leste, Dr. José Ramos Horta no 35º aniversário<br />

das FaLiNtiL, Dili, 20 de agosto de 2010.<br />

2. Cooperação Técnico-<br />

Militar com Timor–Leste<br />

a cooperação técnico-militar<br />

entre Portugal e timor–Leste<br />

conta com uma década de existência.<br />

Surge da vontade de estreitar<br />

os laços de amizade e de<br />

fraternidade existentes entre os<br />

dois países e os dois povos que<br />

outrora tiveram um passado comum.<br />

Daqui os dois países firmaram<br />

um acordo bilateral de cooperação<br />

técnico-militar: “numa<br />

base de plena independência,<br />

respeito pela soberania, não ingerência<br />

nos assuntos internos<br />

e reciprocidade de interesses” –<br />

in Resolução da Assembleia da<br />

República nº 39/2003, Acordo<br />

de Cooperação Técnico-Militar<br />

entre a República Portuguesa<br />

e a República Democrática de<br />

Timor-Leste, assinado em Díli<br />

em 20 de Maio de 2002.<br />

Neste âmbito a cooperação<br />

técnico-militar compreenderá acções<br />

de formação de pessoal e de<br />

assessoria técnica. assim sendo,<br />

as acções de cooperação previstas<br />

no acordo acima mencionado


Fig. 2 - Timor-Leste<br />

integram-se em programas quadro<br />

de cooperação bilateral, onde<br />

estão explicitados os objectivos<br />

orientadores das respectivas acções<br />

de cooperação.<br />

actualmente, timor-Leste<br />

conta com a ajuda de Portugal<br />

no âmbito da cooperação técnico-militar<br />

em 7 projectos distintos:<br />

Projecto Nº1 – apoio à<br />

estrutura superior da Defesa das<br />

F-FDtL; Projecto Nº2 – apoio<br />

à Casa Militar do Presidente da<br />

República; Projecto Nº3 – apoio à<br />

Componente Naval; Projecto Nº4<br />

– apoio ao Centro de instrução<br />

Militar Comandante Nicolau<br />

Lobato (Metinaro); Projecto Nº5<br />

– apoio à Componente terrestre<br />

das F-FDtL; Projecto Nº6 – apoio<br />

ao desenvolvimento da engenharia<br />

militar de construção; Projecto<br />

Nº7 – Formação em Portugal.<br />

3. Projecto de Cooperação<br />

Nº 4 – Apoio ao Centro<br />

De Instrução Comandante<br />

Nicolau Lobato (Metinaro)<br />

este projecto, como não poderia<br />

deixar de o ser, é um projecto<br />

ambicioso, de capital importância<br />

do domínio da formação<br />

de quadros das F-FDtL, cuja<br />

condução técnica está cometida<br />

à escola Prática de infantaria. É<br />

um projecto que foi<br />

iniciado com a vinda<br />

da primeira equipa de<br />

assessoria técnica,<br />

em 2001, e actualmente<br />

está presente<br />

a décima quarta<br />

equipa cujo Director<br />

técnico é o Major de<br />

infantaria João Luís<br />

Barreira. a equipa<br />

de assessores conta<br />

com dois militares<br />

em permanência (um<br />

Major e um sargentoajudante),<br />

quatro militares<br />

que cumprem<br />

uma missão temporária<br />

de seis meses<br />

(um Capitão, um tenente e dois<br />

Primeiro-Sargento) e três militares<br />

que cumpriram uma missão<br />

temporária de quatro meses<br />

(um tenente, um alferes e um<br />

Primeiro-sargento). este é o<br />

quantitativo de militares que no<br />

último semestre do ano colaboraram<br />

activamente num esforço<br />

colectivo para formar um total<br />

de 92 Oficiais, 209 Sargentos,<br />

351 Praças para os quadros das<br />

F-FDtL.<br />

antes de falar e dar a conhecer<br />

aquelas que foram as actividades<br />

do Projecto Nº4 no corrente<br />

ano é importante ter presente<br />

quais são os objectivos do projecto.<br />

Objectivos que se constituem<br />

como farol orientador de acção<br />

dos militares que, têm o privilégio<br />

de servir a “mui nobre e augusta”<br />

arma de infantaria e o exército<br />

<strong>Português</strong> além fronteiras, numa<br />

dimensão de apoio à política externa<br />

do estado, decorrente dos<br />

compromissos internacionais assumidos<br />

por Portugal. Os objectivos<br />

específicos inscritos no programa-quadro<br />

2011-2013 para<br />

a Cooperação técnico-Militar<br />

Luso-timorense são:<br />

• apoio técnico ao levantamento<br />

do modelo, organização e<br />

funcionamento do Centro de<br />

instrução Militar;<br />

• apoio técnico à organização<br />

e funcionamento da Direcção<br />

de instrução e à elaboração<br />

dos curriculum dos cursos a<br />

ministrar;<br />

• apoio técnico e pedagógico às<br />

acções de formação de formadores<br />

dos cursos a ministrar no<br />

Centro de instrução;<br />

• apoio técnico à formação de<br />

quadros da F-FDtL, incluindo<br />

na área das Operações de<br />

apoio à Paz;<br />

• apoio técnico à formação de<br />

especialidades das F-FDtL;<br />

• apoio técnico à formação do<br />

contingente geral das F-FDtL;<br />

• apoio técnico na produção de<br />

material de instrução para os<br />

diversos cursos ministrados no<br />

Centro de instrução Militar;<br />

• apoio na formação em língua<br />

portuguesa dos militares das<br />

F-FDtL;<br />

Para atingir com sucesso os<br />

Fig. 3 – Porta de Armas do Centro de Instrução Comandante Nicolau Lobato<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

84<br />

objectivos acima mencionados<br />

tem sido desenvolvido um trabalho<br />

de equipa. Um trabalho que<br />

nem sempre tem sido fácil de<br />

concretizar, pois não nos podemos<br />

esquecer que as F-FDtL são<br />

umas Forças armadas jovens,<br />

com uma década de existência.<br />

No primeiro semestre do ano desencadearam-se<br />

esforços para a<br />

concretização dos dois primeiros<br />

e último objectivo. actualmente o<br />

Centro de instrução está a funcionar<br />

com o seu Comando e<br />

estado-Maior e um Batalhão de<br />

instrução a quatro Companhias<br />

face ao efectivo em formação<br />

acima mencionado. Quanto à<br />

Direcção de instrução, este foi<br />

Nº 192 DEC11<br />

Fig. 4 - 14ª Equipa de assessoria técnica<br />

um objectivo que ainda não foi<br />

possível alcançar, por falta de<br />

recursos humanos das F-FDtL.<br />

as F-FDtL enviam com grande<br />

regularidade os seus recursos<br />

humanos, em especial os oficiais<br />

e sargentos, para frequentar cursos<br />

de promoção e qualificação<br />

nos países amigos, pelo que a<br />

orientação dos restantes está feita<br />

para a ocupação de funções<br />

de comando o que dá origem a<br />

que outras funções não sejam<br />

ocupadas. No primeiro semestre,<br />

foi ainda ministrada formação<br />

Fig. 5 – Instrução de Técnica Individual de Combate<br />

a doze militares (um Oficial, um<br />

sargento e dez Praças) para integrarem<br />

a Unidade de engenharia<br />

Nº11 portuguesa a fim de serem<br />

projectados para o teatro de operações<br />

do Líbano/UNiFiL.<br />

No segundo semestre do<br />

ano, o esforço principal está a<br />

ser direccionado para a formação.<br />

estão a ser ministrados um<br />

Curso de Formação de Oficiais<br />

(CFO), um Curso de Formação<br />

de sargentos (CFs) com início<br />

em 30 de Maio e um Curso<br />

de Formação de Praças (CFP)<br />

com início em 30 de agosto.<br />

Os cursos têm o seu términus<br />

a 16 de Dezembro. O Batalhão<br />

de Formação está constituído<br />

a quatro Companhias, uma<br />

Companhia a três pelotões<br />

que corresponde ao Curso de<br />

Formação de Oficiais, uma<br />

Companhia a cinco pelotões<br />

que corresponde ao Curso de<br />

Formação de sargentos e duas<br />

Companhias a cinco pelotões<br />

cada, que corresponde ao Curso<br />

de Formação de Praças.<br />

Para a condução dos cursos,<br />

de modo a conseguir-se concretizar<br />

os objectivos do projecto, foram<br />

criados uma direcção de curso<br />

e dois gabinetes. a direcção<br />

de curso, com responsabilidades<br />

ao nível da assessoria técnica<br />

aos comandantes de Batalhão e<br />

Companhias de Formação; planeamento,<br />

condução, avaliação<br />

e supervisão da formação; coordenação<br />

das actividades das<br />

restantes assessorias presentes,<br />

no caso assessoria australiana<br />

(nas áreas de formação referentes<br />

a Comunicações e saúde,<br />

Higiene e Primeiros socorros)<br />

e assessoria neozelandesa (na<br />

área de formação de armamento<br />

e tiro). Os dois gabinetes, um<br />

para a área da técnica e táctica<br />

de infantaria e outro para a área<br />

da educação Física Militar, foram<br />

constituídos com assessores<br />

portugueses e com instrutores<br />

timorenses. Os cursos<br />

foram ministrados na sua maioria<br />

por instrutores timorenses<br />

com excepção das matérias de<br />

administração de subunidades.


Os assessores portugueses ficaram<br />

com a incumbência de preparar<br />

previamente as instruções<br />

para transmitir os conceitos aos<br />

instrutores timorenses em acções<br />

de formação com carácter<br />

diário. assistir e supervisionar<br />

todas as actividades de instrução<br />

diária, revisão e actualização das<br />

fichas de instrução existentes e<br />

elaboração de novas fichas, bem<br />

como a elaboração de manuais,<br />

como é o caso do Manual de<br />

técnica individual de Combate,<br />

Manual de tarefas Críticas de<br />

Pelotão e secção, Manual de<br />

Topografia, Manual de Provas<br />

Topográficas, Manual de Provas<br />

avaliativas e o Regulamento de<br />

educação Física Militar.<br />

Quanto ao CFO e CFs, estes<br />

cursos estão a ser ministrados<br />

em duas fases distintas. Numa<br />

primeira fase, com duração de<br />

4 meses, onde foi ministrada<br />

toda a formação técnica e táctica<br />

necessária ao desempenho<br />

de funções de um oficial e sargento<br />

de infantaria. Formação<br />

essa, ministrada na sua essência<br />

por instrutores timorenses sob a<br />

orientação, acompanhamento e<br />

supervisão diária dos assessores<br />

portugueses. após a conclusão<br />

Fig. 6 – Prova Topográfica<br />

de cada módulo, os alunos foram<br />

sujeitos a testes escritos e provas<br />

práticas a fim de testar os seus<br />

conhecimentos e que serviu também<br />

de confirmação da prestação<br />

das equipas de instrução. Os<br />

resultados obtidos foram bastante<br />

satisfatórios. No que respeita<br />

à educação Física Militar, podemos<br />

dizer que este foi um grande<br />

desafio e teste quer à capacidade<br />

de destreza física e liderança<br />

dos instrutores timorenses, quer<br />

à capacidade de trabalho dos<br />

assessores portugueses do gabinete<br />

de educação física. Pois<br />

os alunos, que ingressaram nas<br />

fileiras não foram sujeitos a testes<br />

físicos e a sua condição física<br />

inicial era efectivamente muito<br />

Fig. 6 – Execução da Pista de 200 metros<br />

má. este foi sem sombra de dúvida,<br />

um desafio superado, pois<br />

os resultados finais nas provas<br />

físicas (Controlo 1, 2 e 3) foram<br />

substancialmente positivos e<br />

melhoraram ao longo do tempo.<br />

esta primeira fase culminou com<br />

um exercício final de patrulhas,<br />

iniciado com uma marcha forçada<br />

nocturna de 12 horas. Neste<br />

exercício testaram-se ainda os<br />

conhecimentos técnicos e tácticos<br />

adquiridos pelos alunos, a<br />

par das capacidades de liderança<br />

dos mesmos. este exercício decorreu<br />

nas regiões de Manatuto,<br />

Metinaro e Hera. Uma das principais<br />

dificuldades encontradas<br />

durante o exercício prendeu-se<br />

com o facto da não existência de<br />

meios rádio portáteis para utilização<br />

em operações tácticas. O<br />

planeamento e execução das acções<br />

das patrulhas foram acompanhados<br />

em permanência pelos<br />

assessores portugueses. Numa<br />

segunda fase, com duração de<br />

dois meses, está a ser ministrada<br />

uma formação complementar de<br />

forma a ampliar os conhecimentos<br />

dos alunos nas áreas de métodos<br />

de instrução, combate em<br />

áreas edificadas, operações de<br />

apoio à paz, técnicas de trans-<br />

posição de obstáculos, construção<br />

de vários cenários (trincheira,<br />

abrigos, área edificada, área<br />

para instrução de sobrevivência,<br />

check-point fixo) e ensino de<br />

português. Esta formação está<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

86<br />

a ser ministrada pelos assessores<br />

portugueses, com excepção<br />

do combate em áreas edificadas<br />

(ministrado por um militar timorense<br />

que frequentou o curso em<br />

Portugal) e do ensino de português.<br />

Neste último a cooperação<br />

técnico-militar conta com o apoio<br />

do Programa de Consolidação da<br />

Língua Portuguesa (PCLP) com<br />

a cedência temporária de professores<br />

de língua portuguesa. esta<br />

parceria entre o Projecto Nº4 e o<br />

PCLP, foi conseguida no terreno,<br />

num esforço comum em prol da<br />

consolidação do ensino da língua<br />

portuguesa em timor-Leste. No<br />

que diz respeito ao português,<br />

foi ainda iniciado um Curso de<br />

Formação de Formadores da<br />

Língua Portuguesa com os alunos<br />

que melhor dominam a língua<br />

portuguesa, no sentido de<br />

desenvolver as suas capacidades<br />

para que, no futuro, se constituam<br />

como formadores de português<br />

das F-FDTL.<br />

Quanto ao CFP, é um curso<br />

que está a decorrer conforme<br />

o programa de curso aprovado<br />

para as F-FDtL. está a ser ministrado<br />

por equipas de instrução<br />

timorenses, supervisionadas<br />

pela assessoria portuguesa e pelos<br />

gabinetes de técnica e táctica<br />

de infantaria e educação física<br />

militar.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Fig. 8 - Ordem de Operações do Comandante de Patrulha<br />

4. Tendências de Futuro e<br />

Conclusões<br />

No futuro, perspectiva-se<br />

que as F-FDtL consigam atingir<br />

a sua autonomia na condução<br />

dos CFO, CFs e CFP com<br />

o acompanhamento de uma<br />

equipa reduzida da assessoria<br />

portuguesa. Relativamente aos<br />

cursos de promoção, apesar de<br />

conduzidos pela assessoria portuguesa<br />

numa fase inicial e com<br />

a participação de militares timorenses<br />

formados em Portugal,<br />

pretende-se que mais tarde sejam<br />

inteiramente ministrados por<br />

timorenses com a supervisão e<br />

orientação da assessoria portuguesa.<br />

É desejável que exista<br />

uma Direcção de Formação com<br />

capacidade e autonomia para<br />

efectuar o planeamento, condução,<br />

avaliação e supervisão de<br />

todos os cursos ministrados no<br />

Centro de instrução. seria ainda<br />

desejável, que as F-FDtL atingissem,<br />

a breve trecho, a sua<br />

autonomia na preparação e execução,<br />

com os seus formadores,<br />

de cursos técnicos como são<br />

exemplo: Curso de tiro, Curso<br />

de educação Física Militar, Curso<br />

de Operações de apoio à Paz,<br />

Curso de Combate em Áreas<br />

Edificadas, etc.<br />

Nos últimos tempos, estão a<br />

ser construídas infra-estruturas<br />

de apoio à instrução, como são<br />

o caso de cobertos de instrução,<br />

pistas de 200 metros, treinos em<br />

circuito, pórtico, etc. que indiciam<br />

que as F-FDtL são uma preocupação<br />

de investimento do estado<br />

timorense na construção de<br />

umas Forças armadas sólidas,<br />

profissionais, modernas e com<br />

capacidade de resposta contra<br />

qualquer ameaça externa.<br />

Quanto ao Projecto Nº4, pode-se<br />

afirmar com toda a certeza<br />

que tem sido um projecto<br />

que muito tem contribuído para<br />

a formação dos quadros das<br />

F-FDtL com resultados positivos<br />

e reconhecimento dos órgãos da<br />

estrutura superior de Defesa das<br />

F-FDtL.<br />

as restantes assessorias presentes<br />

no Centro de instrução<br />

(australiana e neozelandesa)<br />

desenvolvem actividades de<br />

formação sob a coordenação<br />

da assessoria portuguesa num<br />

ambiente de boas e francas relações<br />

de trabalho que se têm<br />

procurado manter em prol de um<br />

bem comum que é a formação<br />

azimute<br />

dos quadros das F-FDtL.<br />

Bibliografia<br />

Resolução da assembleia da<br />

República nº 39/2003, acordo de<br />

Cooperação técnico-Militar entre a<br />

República Portuguesa e a República<br />

Democrática de timor-Leste, assinado<br />

em Díli em 20 de Maio de 2002;<br />

sites consultados:<br />

http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/<br />

mdn/servi%C3%a7os+Centrais+de+<br />

suporte/dgpdn/;<br />

http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/<br />

Defesa/politica/bilaterais/ctm/;<br />

http://www.emgfa.pt/pt/<br />

operacoes/estrangeiro/om;<br />

http://www.campanhadarvida.com/parceiros-da-<br />

-cooperacao-portuguesa/<br />

timor-leste/<br />

http://www.portugal.gov.pt/pt/<br />

GC18/Governo/Ministerios/MDN/<br />

intervencoes/Pages/20100129_<br />

MDN_int_Cadetes_Lusofonia.aspx<br />

http://timor-leste.gov.tl/?p=5754<br />

http://www.ipad.mne.gov.pt/<br />

Coopera%C3%a7%C3%a3o%20<br />

Bilateral/timorLeste/Paginas/default.<br />

aspx<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/<br />

timor-Leste<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/<br />

FaLiNtiL<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/<br />

For%C3%a7as_de_Defesa_de_<br />

timor-Leste<br />

http://umalulik.blogspot.<br />

com/2010/08/dia-das-gloriosas-falintil.html


MCCC – Maneuver Captains Career Course<br />

a 18 de abril do corrente ano<br />

teve início em Fort Benning, Ga<br />

– Usa o MCCC. este curso destinou-se<br />

a Oficiais Subalternos<br />

e/ou Capitães americanos e<br />

internacionais. O Maneuver<br />

Captain Career Course (MCCC)<br />

04-11, teve a duração de 28 semanas<br />

e contou com a presença<br />

de 192 alunos (Oficiais) dos<br />

quais 20, eram alunos internacionais<br />

provenientes<br />

de 17 Países.<br />

este curso, para os<br />

alunos internacionais, foi<br />

dividido em duas partes.<br />

Uma primeira parte com<br />

duração de 4 semanas,<br />

cujo objectivo foi dar a<br />

conhcer a orgânica das<br />

diferentes Brigadas que<br />

compõem o exército dos<br />

estados Unidos bem como<br />

as técnicas e tácticas utilizadas<br />

pelas Unidades<br />

nos diferentes teatros de<br />

Operações.<br />

terminada esta primeira<br />

parte, os alunos internacionais<br />

juntaram-se<br />

aos alunos americanos<br />

para iniciar, o referido,<br />

Maneuver Captains Career<br />

Course. esta segunda parte<br />

do curso teve início em 16 de<br />

Maio e terminou a 25 de Outubro.<br />

Nesta parte do curso, os alunos<br />

foram divididos em 12 seminários.<br />

Cada seminário era composto<br />

por 16 alunos sendo que,<br />

no mínimo, dois desses alunos<br />

eram alunos internacionais.<br />

O Maneuver Captain Career<br />

Course (MCCC) esta dividido em<br />

2 fases – Fase de Companhia e<br />

Fase de Batalhão.<br />

a Fase de Companhia, foi a<br />

primeira a ser ministrada, e constou<br />

de 5 Ordens de Operações<br />

(4 Ordens de Operações sobre<br />

Operações Ofensivas e 1 Ordem<br />

de Operações sobre Operações<br />

Defensivas). esta fase de<br />

Companhia culminou com a<br />

denominada Company Battle<br />

Forge – Ordem de Operações<br />

final em que os alunos tiveram<br />

6 horas para analisar a Ordem<br />

de Operações do escalão superior<br />

e preparar a sua Ordem de<br />

Cap inf Jorge Magalhães<br />

Operações de Companhia. No<br />

final destas 6 horas, os alunos<br />

entregaram todo o material produzido<br />

e prepararam-se para,<br />

no local e hora indicada à posteriori,<br />

apresentar a sua Ordem<br />

de Operações e todos os seus<br />

produtos, a um avaliador que,<br />

não pertencia ao grupo de instrutores/formadores<br />

do Curso.<br />

Durante esta fase, foram<br />

realizados oito testes<br />

rápidos (QUiZ) e dois<br />

exames finais (CALD<br />

eXaM e COMPaNY<br />

COMPReHeNsive<br />

eXaM). esta fase de<br />

Companhia teve um total<br />

de 480 pontos.<br />

a Fase de Batalhão<br />

constou de 4 Ordens<br />

de Operações (Defesa,<br />

ataque, Reconhecimento<br />

e targeting) e de um<br />

training Management<br />

Practical exercise (construção<br />

de um horário para<br />

preparação, treino e realização<br />

de um exercício<br />

de fogo real – LFX, até ao<br />

nível de secção). estas 4<br />

Ordens de Operações permitiram<br />

colocar os alunos a<br />

trabalharem em equipa (Battalion<br />

Staff), dando-lhes a oportunidade<br />

de ocuparem as diferentes posições,<br />

dentro de um estado-Maior<br />

de um Batalhão. Nesta Fase de<br />

Batalhão, foram realizados 5 testes<br />

rápidos (QUiZ) e dois exames<br />

finais (CALD EXAM e COURSE<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

88<br />

Cerimónia de imposição da “Order of Saint Maurice”<br />

COMPReHeNsive FiNaL<br />

eXaM). esta Fase teve um total<br />

de 505 pontos.<br />

De ressalvar o facto de que, os<br />

alunos para terem nota positiva/<br />

Nº 192 DEC11<br />

sucesso em cada<br />

um dos testes,<br />

exames ou apresentações<br />

das<br />

suas Ordens de<br />

Operações necessitam<br />

de obter,<br />

no mínimo,<br />

uma nota igual ou<br />

superior a 75%.<br />

A frequência<br />

deste curso foi,<br />

sem dúvida, uma<br />

mais-valia não só<br />

em termos pessoais<br />

como profissionais<br />

pois,<br />

permitiu uma<br />

grande troca de<br />

experiências com<br />

os Oficiais alunos Americanos<br />

mas também com os Oficiais<br />

alunos Internacionais. A frequência<br />

deste curso complementa as<br />

competências já adquiridas inicialmente<br />

no Curso de Promoção<br />

a Capitão, em Portugal, revelando-se<br />

como uma importante<br />

base para quem, num futuro próximo,<br />

possa vir a desempenhar<br />

a função, não só de formador do<br />

Curso de Promoção a Capitão<br />

mas também, como Comandante<br />

de uma Companhia de infantaria<br />

ou Cavalaria (Manobra). No final<br />

de curso os melhores alunossão<br />

distinguidos com o grau de<br />

Distinguished Honor Graduate<br />

caso em que se atribui a medalha<br />

“Order of saint Maurice”.<br />

Como balanço final considero<br />

que os objectivos propostos inicialmente<br />

foram completamente<br />

atingidos, sendo importante manter<br />

a continuidade da frequência<br />

deste curso por Capitães de<br />

infantaria.<br />

“AD UNUM” azimute


Notícias<br />

seis anos após a sua criação,<br />

o Clube Militar de Oficiais<br />

de Mafra mantém os propósitos<br />

da sua constituição como associação<br />

sem fins lucrativos e<br />

promove um programa anual de<br />

actividades que na prática concretizam<br />

os objectivos para que<br />

foi criado.<br />

ao longo do ano de 2011 o<br />

CMOM organizou convívios, tertúlias,<br />

visitas, actividades de solidariedade<br />

e valorizou a sede da<br />

associação. Foi um ano de intenso<br />

empenhamento, com participação<br />

alargada de muitos associados,<br />

que com o seu contributo<br />

pessoal, deram vida ao clube.<br />

Os convívios estão a tornar-<br />

-se uma tradição à qual adere<br />

grande número de associados.<br />

a passagem de ano, o carnaval,<br />

o dia do clube em 9 de Março, a<br />

festa da Família em Maio, os santos<br />

populares em Junho, a festa<br />

da solidariedade em Julho (este<br />

ano dedicada à Casa Mãe do<br />

Gradil), o convívio de setembro,<br />

Clube Militar de Oficiais de Mafra<br />

o s. Martinho em Novembro e o<br />

almoço de Natal em Dezembro,<br />

constituem referências já consolidadas<br />

que reúnem elevado número<br />

de associados e seus familiares.<br />

Para além deste programa<br />

há iniciativas particulares, que<br />

promovem com regularidade, outros<br />

convívios valorizando a vida<br />

associativa.<br />

Foram organizadas e realizadas<br />

visitas culturais à região<br />

de tancos e tomar que incluíram<br />

os museus da engenharia<br />

e dos Pára-quedistas em tancos<br />

e o Convento de Cristo em<br />

tomar. Naturalmente o Castelo<br />

de almourol também mereceu<br />

uma visita, generosamente<br />

apoiada pela escola Prática de<br />

engenharia. Coruche, com as<br />

suas elegantes pontes sobre o<br />

rio sorraia, mereceu a visita de<br />

um grupo significativo de associados.<br />

O Museu da Cortiça e o<br />

Museu Municipal proporcionaram<br />

a visão da história e cultura locais<br />

e evidenciaram a actividade<br />

económica da cortiça, que nesta<br />

MajGen(ref) José inácio sousa<br />

vila tem grande expressão. a região<br />

Oeste também mereceu a<br />

atenção do clube com visita ao<br />

Buda Parque no Ramalhal e ao<br />

Museu Municipal da Lourinha<br />

com o seu histórico( e pré-histórico)<br />

património.<br />

Ainda no âmbito cultural têm<br />

vindo a ser promovidas desde<br />

Maio, tertúlias mensais na sede<br />

do Clube, que designámos como<br />

“serões - Casa Dona Maria”,<br />

com boa adesão e com inquestionável<br />

interesse e curiosidade.<br />

Conferencistas convidados têm<br />

dinamizado as noites da última<br />

sexta-feira de cada mês abordando<br />

temas de interesse regional.<br />

O edifício Dona Maria, sede<br />

do CMOM, foi valorizado, por<br />

iniciativa do clube, com obras<br />

de recuperação e de conservação<br />

melhorando novos espaços<br />

que muito facilitam a sua utilização<br />

pelos associados em encontros<br />

de natureza familiar e<br />

associativa.<br />

a Marinha cedeu a valiosa<br />

mobília de caça “D. Carlos” que<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

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<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

90<br />

tornou muito digna uma das salas<br />

do rés-do-chão esquerdo.<br />

esta sala foi inaugurada em 23<br />

de setembro com a honrosa<br />

presença do Chefe de estado-<br />

Maior da armada, almirante José<br />

Saldanha Lopes, circunstância<br />

que evidencia a consideração<br />

que o nosso clube merece à<br />

Marinha Portuguesa. O almirante<br />

CeMa, participou na tertúlia alusiva<br />

ao Círio da Prata Grande<br />

e assinou o livro de Honra do<br />

CMOM.<br />

O General Chefe de estado-<br />

Maior do exército, General José<br />

Luís Pinto Ramalho, também<br />

honrou o Clube com uma visita,<br />

no dia 14 de agosto, dia da<br />

Infantaria. Na circunstância foi<br />

feita uma curta apresentação<br />

seguida de visita às instalações,<br />

assinatura do livro de honra, concluindo-se<br />

a vista com um Porto<br />

de Honra no aprazível jardim da<br />

casa Dona Maria. este momento<br />

foi de especial relevância para os<br />

associados pelo valioso e incondicional<br />

apoio, que desde a criação<br />

do Clube, o General CeMe<br />

sempre nos proporcionou.<br />

O CMOM ter participado nos<br />

Nº 192 DEC11<br />

encontros anuais com o Clube<br />

Militar Naval, Clube Militar de<br />

Oficiais de Coimbra (CMOC)<br />

e Clube Militar de Oficiais de<br />

Setúbal (CMOS) reflectindo sobre<br />

a identidade dos clubes e<br />

aprofundando o tema da solidariedade.<br />

O iii encontro ocorreu<br />

em 27 de setembro em setúbal<br />

na sede do CMOs. em Março<br />

2012, vai decorrer em Mafra,<br />

na sede do CMOM, um encontro<br />

entre delegações dos clubes<br />

para aprofundamento do tema “<br />

solidariedade”.<br />

O clube tem cumprido<br />

os preceitos estatutários.<br />

anualmente a direcção apresenta,<br />

em assembleia Geral o<br />

Relatório e Contas e o Conselho<br />

Fiscal emite o seu parecer sobre<br />

o mesmo. ainda este ano<br />

realizam-se eleições para o triénio<br />

2012/2015. Os novos membros<br />

dos corpos sociais tomam<br />

posse em Fevereiro de 2012. a<br />

direcção e órgãos sociais vão<br />

empenhar-se na manutenção da<br />

dinâmica de consolidação, reafirmando<br />

a utilidade do clube, num<br />

momento em que a comunidade<br />

militar vive situação de grande<br />

complexidade e incerteza e em<br />

que a solidariedade entre gerações<br />

é decisiva.<br />

Não dispondo de pessoal de<br />

apoio para abertura com maior<br />

regularidade, a sede está porém<br />

à disposição de todos os sócios<br />

para a sua utilização. Os associados<br />

que o desejem, podem reservar<br />

as instalações, bastando<br />

para tal que o façam através dos<br />

telefones do clube (961088410<br />

- 261853863) ou do endereço<br />

electrónico clueboficiaismafra@gmail.com.<br />

Podem também<br />

acompanhar as actividades<br />

do clube acedendo ao site do<br />

CMOM – http://cmom.nocturno.<br />

org.<br />

O Clube pertence a todos os<br />

Oficiais que se revejam nos fins<br />

para que foi criado. È uma associação<br />

aberta, plural, com interesse<br />

cultural, solidária e acima<br />

de tudo, local de convívio, de<br />

aprofundamento e valorização,<br />

dos princípios e fundamentos<br />

que caracterizam a instituição<br />

Militar.<br />

O clube está aberto a todos.<br />

Mafra, 3 de Novembro de<br />

2011 azimute


Cursos, Visitas e Notícias<br />

Realizou-se no dia 03 e 04 de Outubro a che-<br />

gada e receção dos aspirantes alunos do tPOi<br />

2011/2012 “Marechal de Campo antónio teixeira<br />

Rebelo”. No dia 04 de Outubro salienta-se a Cerimónia<br />

de Homenagem aos Mortos, a apresentação<br />

do tPOi 2011/2012 ao exmo. Comandante da<br />

ePi, a fotografia de curso e almoço volante com<br />

o comando da escola.<br />

Presidiu à Cerimónia de apresentação o exmo.<br />

Comandante da escola Prática de infantaria, Coronel<br />

João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro.<br />

Cursos<br />

Apresentação do 39º Curso de Formação de Sargentos de Infantaria<br />

Realizou-se no dia 05 e 06 de setembro de<br />

2011 a chegada e receção do 39.º CFsi “General<br />

Francisco Xavier da silva Pereira – Conde das<br />

antas”.<br />

É de salientar no dia 06 de Outubro a Cerimónia<br />

de Homenagem aos Mortos pela Pátria, a apresentação<br />

do 39º CFsi ao exmo. Comandante da ePi<br />

no Salão Nuno Álvares com fotografia de curso e<br />

almoço volante com o Comando da ePi.<br />

Presidiu à Cerimónia de apresentação o exmo.<br />

Comandante da escola Prática de infantaria, Coronel<br />

João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro.<br />

Apresentação do Tirocínio Para Oficial de Infantaria 2011/2012<br />

Curso de Apoio de Combate para Oficiais de Infantaria 2011<br />

De acordo com o Despacho<br />

de 17 de setembro do GeN<br />

CeMe, decorreu na escola<br />

Prática de infantaria, de 10 de<br />

Outubro a 11 de Novembro,<br />

o Curso de apoio de Combate<br />

para Oficiais de infantaria<br />

2011. Foram ministrados os<br />

5 módulos de formação com<br />

maior relevo para os módulos<br />

de reconhecimento, anticarro<br />

e morteiros pesados.<br />

O curso culminou com o<br />

exercício seMPeR PRONtUs<br />

no Campo Militar de santa<br />

Margarida de 07 a 10 de Novembro, no qual foi executado tiro de morteiro 10,7mm e 120 mm. todos os<br />

formandos concluíram o curso com sucesso tendo sido o melhor classificado o alf inf Ramalho Neto.<br />

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De acordo com o Plano de Formação anual de 2011, decorreu na escola Prática de infantaria,<br />

de 17de Outubro a 08 de Novembro de 2011, o 12º Curso de Ligação e Observação Militar. O curso<br />

contou com a presença de 08 Oficiais, com a finalidade de adquirirem competências para o desempenho<br />

do cargo de observador militar e elemento das Liaison and Observer Teams (LOt). em virtude<br />

da abrangência das matérias inscritas no referencial de curso o mesmo contou com a presença de<br />

formadores das várias Unidades, estabelecimentos e Orgãos do exército e de entidades civis, que<br />

contribuíram com o seu saber e experiência para o acréscimo de valor e conhecimento dos formandos.<br />

2º Curso de Tiro 2011<br />

De acordo com o Plano de Formação<br />

anual 2011 decorreu na escola Prática de<br />

infantaria, de 07de Novembro de 2011 a 18 de<br />

Novembro de 2011, o 2º Curso de tiro 2011,<br />

tendo sido frequentado por 20 elementos das<br />

várias Unidades do exército. O curso foi constituído<br />

por um total de 72 tempos de formação<br />

diurnos e 6 tempos de formação noturnos.<br />

Do programa de formação destacam-se os<br />

seguintes temas:<br />

1.executar técnica de tiro com a espingarda automática G3 7,62 mm e com Pistola Walther 9 mm;<br />

2.Caracterizar a Metodologia de instrução de tiro;<br />

3.Caracterizar a segurança na instrução de tiro;<br />

4.Caracterizar a Metodologia de instrução de tiro;<br />

5.enunciar as responsabilidades do Oficial e sargento de tiro;<br />

6.Caracterizar o reabastecimento de munições;<br />

7.tirar o máximo rendimento da espingarda automática G3 7,62 mm em instrução de tiro;<br />

8.Caracterizar a condução de uma sessão de tiro de Companhia.<br />

Nº 192 DEC11<br />

12º Curso de Ligação e Observação Militar<br />

Visitas<br />

Visita do Director de Formação MGen João Manuel Santos de Carvalho<br />

Realizou-se no dia 12 de setembro de 2011, na<br />

escola Prática de infantaria (ePi), a visita do exmo.<br />

DF/CiD MGen santos Carvalho.<br />

Do programa da visita salienta-se a reunião do<br />

exmo. MGen santos Carvalho com os Formadores e<br />

Formandos do 6ºCFGCPe/11 no auditório do BFMG<br />

e a visita ao CFtCae onde o exmo. MGen santos<br />

Carvalho teve o 1º contacto com os elementos do 39º<br />

CFsi.


Visita de Oficiais Generais do<br />

JCF LISBON e do JALLC<br />

Realizou-se no dia 15 de Outubro<br />

de 2011, na escola Prática de infantaria<br />

(ePi), a visita de Oficiais Generais<br />

do JCFF Lisbon do Joint analysis and<br />

Lessons Learned Centre. Da visita<br />

salienta-se a passagem pela sala elíptica,<br />

sala das Colunas e Refeitório dos<br />

Frades.<br />

Visita dos Veteranos da Guerra colonial<br />

Decorreu no dia 20 de<br />

Outubro de 2011, na escola<br />

Prática de infantaria (ePi), a<br />

visita de veteranos de Guerra<br />

que cumpriram o serviço militar<br />

obrigatório na época das<br />

Guerras Coloniais. Pretenderam<br />

com esta visita, reviver<br />

tempos e aventuras passadas<br />

que jamais esquecerão.<br />

Visita e Almoço Convívio do Curso de Oficiais Milicianos de 1966<br />

No dia 24 de setembro de 2011 realizou-<br />

-se uma visita e um almoço convívio na<br />

escola Prática de infantaria. No programa<br />

do 45º aniversário do Curso de Oficiais Milicianos<br />

constou: cerimónia de Homenagem<br />

aos Mortos, descerramento da placa comemorativa,<br />

visita à Capela e ao Museu da ePi<br />

e almoço convívio no refeitório das Bicas.<br />

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Realizou-se em 23 de Outubro<br />

de 2011 uma visita de um grupo de<br />

50 elementos do Rotary Clube do<br />

Barreiro. este grupo visitou o Palácio<br />

Nacional de Mafra e a nossa escola,<br />

na qual realçamos o Refeitório dos<br />

Frades e o Museu da infantaria.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Visita à EPI do Rotary Clube do Barreiro<br />

Visita pastoral à EPI do Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança,<br />

Sua Excelência Reverendíssima Dom Januário Torgal Mendes Ferreira<br />

Decorreu em 15 de Novembro de<br />

2011 na escola Prática de infantaria,<br />

a visita pastoral do Bispo das Forças<br />

armadas e das Forças de segurança,<br />

Sua Excelência Reverendíssima Dom<br />

Januário torgal Mendes Ferreira. Da<br />

visita, que muito honrou todos aqueles<br />

que servem na ePi, salienta-se a<br />

conferência proferida no seu auditório,<br />

subordinada ao tema “são Nuno de<br />

santa Maria, o Homem, o Militar e o<br />

santo. após a qual foi celebrada uma<br />

eucaristia na Capela da ePi na qual 5 sargentos alunos do 39º Curso de Formação de sargentos de<br />

infantaria receberam a confirmação do batismo, o crisma.<br />

A visita de Sua Excelência Reverendíssima Dom Januário Torgal Mendes Ferreira terminou com<br />

a dedicação de uma mensagem a “ quem persiste na vocação que escolheu” no livro de Honra da<br />

escola Prática de infantaria.<br />

Visita da delegação do “International Special Training Center” (ISTC) à EPI<br />

Pela visita da delegação do “International<br />

Special Training Center”<br />

(istC), organização orientada para o<br />

treino da OtaN, que visa aumentar a<br />

integração e interação conjunta das<br />

Forças de Operações especiais da<br />

OtaN a Portugal, o adido de Defesa<br />

dos eUa manifestou interesse que<br />

a delegação visitasse o Centro de<br />

Formação e treino em Combate em<br />

Áreas Edificadas (CFTCAE) da EPI.<br />

a ePi recebeu a delegação do<br />

istC em 17 de Novembro de 2011 e<br />

preparou o programa da visita onde de onde se destaca o briefing e a visita ao CFtCae. Do briefing<br />

realça-se a parte inicial sobre a missão e organização da ePi e o futuro do CFtCae que terá as suas<br />

capacidades ampliadas e integrar o Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas (CEdCAE).<br />

No CFtCae a delegação assistiu a várias demonstrações sobre as suas capacidades e a utilização<br />

dos meios e materiais dos programas de investigação e desenvolvimento a decorrer na ePi.


Notícias<br />

Reunião do “NATO URBAN OPERATIONS NATO TRAINING GROUP TASK GROUP”<br />

Realizou-se entre os dias 19 e 23 de setembro de 2011 a reunião do “NatO URBaN OPeRa-<br />

tiONs NatO tRaiNiNG GROUP tasK GROUP”, em salónica na Grécia. a ePi como entidade<br />

Tecnicamente Responsável pelo Combate em Áreas Edificadas tem nos seus quadros um oficial<br />

como Delegado Nacional no Grupo. a reunião teve como objetivo principal a finalização de dois documentos<br />

importantes para a disponibilização de “guidelines” para a formação e treino do Combate<br />

em Áreas Edificadas no seio dos países da Aliança, contribuindo assim para a prossecução dos<br />

objetivos comuns de interoperabilidade e estandardização.<br />

Encerramento do TPOI 10/11 e 38º CFSI<br />

Realizou-se no passado dia 30 de<br />

setembro de 2011 o tirocínio Para<br />

Oficial de infantaria 2010/2011, Curso<br />

“Capitão andré Furtado de Mendonça”.<br />

O evento foi assinalado pela tradicional<br />

Cerimónia solene de encerramento,<br />

presidida por sua ex.ª o Director<br />

Honorário da arma de infantaria,<br />

tenente General João Nuno Jorge vaz<br />

antunes, à qual se associaram oficiais,<br />

sargentos, praças e civis da escola<br />

Prática de infantaria, bem como familiares<br />

e amigos dos alunos.<br />

as actividades de encerramento<br />

compreenderam seis momentos principais:<br />

cerimónia de homenagem aos mortos, descerramento da placa de curso, cerimónia solene de<br />

encerramento com entrega de prémios e diplomas, visita guiada à Biblioteca Nacional, almoço convívio<br />

e, em conclusão, oferta do quadro de curso para posterior exposição na sala de oficiais.<br />

Formalmente, executado o programa de formação planeado, o dia festivo reflecte o encerramento<br />

do tirocínio no ano lectivo 2010/2011, com o consequente regresso dos aspirantes alunos à academia<br />

Militar, para o respectivo ingresso no Quadro Permanente, do exército.<br />

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Receção do 2º Módulo de Formação em Combate em Áreas Edificadas (2º MFCAE)<br />

da EUTM - Somália<br />

Realizou-se no dia 10 de Outubro<br />

de 2011, na escola Prática de infantaria<br />

(ePi), a Cerimónia de Receção do<br />

2º Módulo de Formação em Combate<br />

em Áreas Edificadas (2º MFCAE) da<br />

eUtM - somália. esta cerimónia foi<br />

presidida pela Sua Excelência o Adjunto<br />

do Comandante das Forças terrestres, MGen Luís Manuel Martins Ribeiro.<br />

Da cerimónia salienta-se a entrega da imagem do D. Nun’Álvares Pereira, que acompanhou o<br />

nódulo de formação durante a sua missão no Uganda, ao exmo. Comandante da escola da escola<br />

Prática de infantaria, Coronel de infantaria, João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro e a leitura<br />

da referência elogiosa ao 2º MFCAE do Comandante da EUTM – Somália, Coronel Michael Beary.<br />

Participação da EPI no conselho local de Ação Social (CLAS)<br />

Realizou-se no dia 18 de Outubro de 2011 pelas 14h30, na Casa da Cultura<br />

D. Pedro v a reunião plenária do Conselho Local de ação social. a escola<br />

Prática de infantaria, como parceiro da rede social de Mafra, esteve presente<br />

e passou a integrar o grupo de trabalho sobre a temática “a segurança no<br />

concelho de Mafra” juntamente com a representante da Câmara Municipal de<br />

Mafra, Dra. Paula Ribeiro, Polícia Municipal, representante da Junta de Freguesia<br />

de Mafra, GNR de Mafra e um delegado dos Bombeiros voluntários da<br />

ericeira, Mafra e Malveira. a primeira reunião está agendada para o dia 26 de<br />

Outubro às 14h30, na sala de reuniões do edifício da Proteção Civil.<br />

Nº 192 DEC11<br />

Reunião do Land Capability Group 1 – On Dismounted Soldier,<br />

do NATO Army Armaments Group (NAAG)<br />

Decorreu de 25 a 28 OUt11 na Holanda, a reunião do Land Capability Group<br />

1 – On Dismounted Soldier, do NatO Army Armaments Group (NaaG), onde participou<br />

como Delegado Nacional o tCor infª Rui Manuel Mendes Dias da ePi. este<br />

grupo de trabalho tem por objetivo a proposta de implementação de procedimentos<br />

ao nível da interoperabilidade (armamento/equipamento/comunicações) para o<br />

soldado nas operações da NatO.<br />

CREVAL ao 3º Modulo de Formação de Combate em<br />

Áreas Edificadas da Missão EUTM - Somália<br />

Realizou-se na escola Prática de infantaria<br />

(ePi) entre os dias 02 e 04 de Novembro de 2011<br />

o exercício final de aprontamento do Módulo de<br />

Formação de Combate em Áreas Edificadas 3º<br />

intake (MFCae3) eUtM - somália.<br />

No Dia 02 Novembro 2011 decorreu a CRevaL<br />

ao MFCae3, uma equipa da inspecção Geral do<br />

exército, deslocou-se à ePi com a finalidade de<br />

verificar a prontidão operacional da força.<br />

a equipa da iGe assistiu a um briefing sobre o<br />

estado do aprontamento por parte do comandante<br />

do Módulo de Formação Cae, Cap inf araújo e<br />

silva.


Assinatura do protocolo de colaboração entre o <strong>Exército</strong> português,<br />

a Tekever e a Universidade de Aveiro<br />

A EPI no Workshop da Universidade do Minho<br />

Realizou-se no dia 02 de Novembro<br />

de 2011, na escola Prática de infantaria<br />

(ePi), assinatura do protocolo de colaboração<br />

entre o <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>,<br />

a tekever e a Universidade de aveiro.<br />

este protocolo tem como objetivo os<br />

termos da colaboração das entidades<br />

no âmbito do projeto de teste, validação,<br />

e certificação operacional de sistemas<br />

robóticos com duplo uso, militar e não<br />

essencialmente militar.<br />

O <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> foi representado<br />

pelo exmo. Comandante, Coronel de<br />

infantaria, João Pedro Rato Boga de Oliveira<br />

Ribeiro, a empresa teKeveR pelo<br />

exmo. engenheiro Ricardo Mendes e a<br />

Universidade de aveiro pelo Professor<br />

Doutor Joaquim da Costa Leite.<br />

O evento, que contou na cerimónia de abertura com<br />

a presença com a presença do Presidente da escola de<br />

engenharia da Universidade do Minho, realizou-se no auditório<br />

da universidade no dia 03NOv11 entre as 14H00 e<br />

as 19H00. A EPI, através do TCOR INF MÁRIO ÁLVARES,<br />

apresentou uma intervenção subordinada ao tema: O espectro<br />

das operações militares. A aplicação de fibras em<br />

novas dinâmicas de proteção e sobrevivência militar. as<br />

restantes intervenções foram subordinadas aos seguintes<br />

temas: Fibras na Medicina (Dr. Rui Dias do Hospital da Universidade<br />

de Coimbra), Fibras na Construção Civil (engª.<br />

Maria barbosa da empresa Fibersensig (spin-off da UM),<br />

Fibras nos transportes (engº eduardo Diniz da empresa ita/Continental), Fibras no Desporto (Dr.<br />

Rui silva da empresa saFiNa) e Fibras na arquitetura (arq. Paulo Mendonça).<br />

30º Aniversário do Tirocínio Para Oficial “General Vieira da Rocha” 81/82<br />

Realizou-se em 04 de Novembro de<br />

2011 na escola Prática de infantaria, o<br />

30º aniversário do tirocínio Para Oficial<br />

81/82 onde estiveram presentes 13 dos<br />

21 elementos do Curso “General vieira<br />

da Rocha”. É de realçar a Cerimónia<br />

de Homenagem aos Mortos, o descerramento<br />

da placa comemorativa. após<br />

a Fotografia de Curso, decorreu uma<br />

visita à ePi seguida de um almoço na<br />

sala das Bicas.<br />

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Distiguished Visitors Day do 3º INTAKE da EUTM - Somália<br />

Decorreu no dia 09 de Novembro de 2011, na escola Prática<br />

de infantaria (ePi), o Distiguished visitors Day do 3º iNtaKe da<br />

eUtM - somália.<br />

O Distiguished visitors Day do 3º iNtaKe da eUtM - somália.<br />

Contou com a presença de Sua Excelência TGen Amaral Vieira,<br />

Comandante das Forças terrestre, e do seu adjunto, o exmo.<br />

MGen Martins Ribeiro. Do programa do Distiguished visitors Day<br />

salienta-se o briefing sobre o 3º iNtaKe pelo Comandante da<br />

Força, Cap infª araújo e silva, e a visita ao Centro de Formação<br />

e Treino de Combate em Áreas Edificadas, onde foi possivel assitir a uma atividade de formação<br />

similar às que o 3º INTAKE da EUTM – Somália vai desenvolver no TO do Uganda no âmbito do<br />

Combate em Áreas Edificadas ministrada a Soldados, Sargentos e Oficiais Somalis.<br />

De 14 a 17 de Novembro de 2011 realizou-se,<br />

no Hotel Marriott de Lisboa, a 2011<br />

Concept Development & Experimentation<br />

(CD&E) Conference. Esta é uma conferência<br />

anual organizada e promovida conjuntamente<br />

pelo Head Quarters Allied Command Transformation<br />

(HQ aCt), Capabilty Engeneering<br />

da North Atlantic Treaty Organization (NatO)<br />

e pelo United States Joint Chiefs of Staff,<br />

Directorate for Force Development dos estados<br />

Unidos da américa e tem como objetivo<br />

promover a interação, partilha de informação<br />

e o desenvolvimento de oportunidades de trabalho<br />

em rede entre as nações no que concerne ao CD&E. Esta conferência contou com a participação<br />

de mais de 200 participantes de diversos países membros e não membros da NatO e de organizações<br />

da NatO e eUa, entre eles um oficial da escola, Major de infantaria vítor Manuel Lourenço Borges,<br />

sub DF e Chefe sPaet da ePi.<br />

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2011 Concept Development & Experimentation Conference


O último trimestre é sempre<br />

um período complicado de gerir.<br />

ao longo período de descanso<br />

das férias, junta-se o ritmo do trabalho<br />

intenso, as obrigações familiares<br />

e os dias com tendência<br />

a serem mais curtos. isso tudo<br />

impossibilita por vezes fazermos<br />

toda a atividade desportiva<br />

pretendida.<br />

tendo em conta que existem<br />

vários artigos relacionados com<br />

a prática do atletismo em geral, e<br />

que a utilização da bicicleta está<br />

cada vez mais na «moda», porque,<br />

quer por diversão, descon-<br />

tracção ou competição, pedalar<br />

faz bem à saúde física e psicológica<br />

e ajuda a combater os quilos<br />

a mais e ter uma aparência mais<br />

elegante, contribuindo para o<br />

desenvolvimento da auto-estima<br />

e o bem-estar.<br />

segue então um artigo que<br />

poderá interessar todos os cicloturístas<br />

em geral, sobre tudo<br />

aqueles que pretendem alcançar<br />

uma maior preparação em vista á<br />

próxima época desportiva.<br />

A tendência «MICRO», estende-se<br />

actualmente um pouco<br />

por todo o lado: microinformática,<br />

microdosagens farmacêuticas,<br />

micronutrição, micromecânica,<br />

ou seja todo um conjunto<br />

de microtecnologias. O conceito<br />

Microtreinos ou Microssessões<br />

consiste precisamente em reduzir<br />

os tamanhos ou quantidades,<br />

mantendo ou melhorando os<br />

objetivos pretendidos. Durante<br />

muitos anos prevaleceu no ciclismo,<br />

os treinos de quantidade (os<br />

usuais quilómetros acumulados<br />

em cima da bicicleta), o que tem<br />

vindo a ser contrariado por muitos<br />

treinadores actuais que defendem<br />

os treinos de qualidade,<br />

prevalecendo pequenas saídas<br />

mas com objectivos de intensidade<br />

bem definidos.<br />

Com isso tenta-se alcançar<br />

duas metas, em primeiro lugar,<br />

optimizar legitimamente uma prática<br />

antiquada onde só se contabilizava<br />

as horas passadas em<br />

cima do selim; em segundo lugar<br />

tentar satisfazer o<br />

grande número de<br />

ciclistas que não<br />

tem tempo para<br />

estarem horas a<br />

fio em cima da<br />

bicicleta e que no<br />

entanto desejam<br />

uma boa e rápida<br />

progressão no<br />

treino. Os treinos<br />

passam assim a<br />

ser baseados em<br />

dados fisiológicos<br />

fiáveis, utilizando ciclocomputadores<br />

(com velocidades e<br />

cadências de pedalada), cardiofrequencímetros<br />

e para os<br />

mais dedicados medidores de<br />

potência.<br />

Os últimos estudos realizados<br />

sobre este tipo de treino revelam,<br />

que um ciclista que não tenha<br />

qualquer tipo de limitação física e<br />

que tenha uma condição de vida<br />

minimamente regrada a nível<br />

Cap inf João Polho<br />

alimentar e de descanso, não só<br />

conseguirá manter o seu patamar<br />

atlético como poderá aumentar o<br />

seu nível se as curtas sessões de<br />

treino forem perfeitamente organizadas<br />

ao longo da semana.<br />

O microtreino em geral é praticado<br />

na rua, mas pode ser organizado<br />

e praticado em casa com<br />

um home-trainer, vulgarmente<br />

conhecido por “rolo”, que pode<br />

em certos casos ser uma ferramenta<br />

muito adaptada a esta<br />

prática de treinos, sobretudo por<br />

aqueles que não tem mesmo<br />

tempo para treinar. esta metodologia<br />

de treino pode ser aplicada<br />

de manha, antes do trabalho, no<br />

deslocamento para o mesmo e/<br />

ou a noite. Quando praticado<br />

duas vezes ao dia, falaremos<br />

de treinos bidiários. Os puristas<br />

da modalidade não tem que ter<br />

medo, porque quem realmente<br />

quiser progredir para patamares<br />

de maior competitividade para<br />

além dos curtos treinos de intensidade,<br />

terá de haver habituação<br />

aos esforços de longa duração<br />

com todos os benefícios que trazem,<br />

muitas horas de rodagem e<br />

muitos quilómetros de estrada.<br />

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Para facilitar a perceção dos<br />

treinos por parte dos cicloturístas<br />

menos familiarizados com estes<br />

métodos de treino, vamos dividir<br />

o treino em seis microssessões,<br />

onde será explicado o objetivo de<br />

cada uma, em que dia se adapta<br />

mais a prática da mesma, qual a<br />

duração e intensidade a aplicar e<br />

casos práticos das formas e locais<br />

onde realizar.<br />

antes há que explicar alguns<br />

conceitos importantíssimos como<br />

frequência cardíaca máxima<br />

(FCM) e cadência de pedalada<br />

(RPM). a FCM corresponde ao<br />

número máximo de batimentos<br />

cardíacas atingido durante um<br />

esforço físico máximo. existem<br />

várias fórmulas usadas para calcular<br />

a FCM, uma das quais consiste<br />

em subtrair a idade ao valor<br />

de 220, por exemplo: um atleta<br />

de 33 anos terá uma estimativa<br />

de FCM na ordem das 187 pulsações<br />

por minuto. Obviamente<br />

que este número é uma estimativa<br />

pelo que é pouco exato, porque<br />

a FCM irá divergir consoante<br />

o nível aeróbio do atleta, os hábitos<br />

quotidianos e outros factores<br />

externos influenciadores. Para<br />

quem procura valores com maior<br />

exactidão deverá submeter-se á<br />

um teste de esforço completo.<br />

em relação aos RPM, existem<br />

muitas técnicas de medição do<br />

RPM, mas a mais simples e fiável<br />

é a sua avaliação através de um<br />

ciclocomputador preparado para<br />

tal. Sendo assim, a cadência da<br />

Nº 192 DEC11<br />

pedalada não é mais do que o<br />

número de voltas completas que<br />

a pedaleira dá no espaço de um<br />

minuto.<br />

Lembro que este artigo está<br />

mais vocacionado para o treino<br />

em bicicleta pelas razões anteriormente<br />

explicadas, mas poderá<br />

sem problemas ser adaptado<br />

a outras atividades desportivas<br />

como a corrida, muito em prática<br />

na nossa instituição.<br />

Microrrecuperação:<br />

a microrrecuperação exige<br />

uma ativação prévia do organismo,<br />

em progressão por patamares<br />

de esforço até atingir uma<br />

intensidade média , cerca de 70<br />

% da capacidade<br />

física, neste caso<br />

70% da FCM.<br />

este patamar de<br />

esforço é facilmenteidentificado<br />

através de um<br />

cardiofreqencímetro<br />

ou pela experiência,<br />

quando<br />

já se está familiarizado<br />

com os<br />

nossos limites físicos.<br />

sendo assim a microrrecuperação<br />

consiste em activar o<br />

organismo de uma forma muito<br />

progressiva e linear, sem haver<br />

«choques», com vista à eliminação<br />

de alguns resíduos musculares<br />

e articulares. tem como<br />

objetivos principais o desencadear<br />

a sensação de frescura e de<br />

nos sentirmos “soltos” depois da<br />

sessão. O dia mais propício para<br />

realizar este tipo de treino será<br />

no dia seguinte a uma prova ou<br />

de uma sessão de esforço mais<br />

intenso com amigos . O método<br />

a utilizar será começar devagar ,<br />

com intensidade a rondar os 20%<br />

FCM, aumentando gradualmente<br />

de 2 em 2 minutos até começar<br />

a suar e depois deve-se manter<br />

a intensidade alcançada. Por fim<br />

subir de intensidade até aos 70%<br />

FCM e manter durante o período<br />

de 5 a 10 minutos, dependendo<br />

da carga exercida na véspera. se<br />

treinar na rua, deverá escolher<br />

um itinerário com pouco desnível<br />

que lhe permitirá não oscilar<br />

na sua intensidade de trabalho,<br />

durante um tempo aproximado<br />

de 35 a 55 minutos, dependendo<br />

muito da sua capacidade de<br />

recuperação e mais uma vez da<br />

intensidade do evento do dia anterior.<br />

Caso não tenha disponibilidade<br />

de praticar na rua, poderá<br />

utilizar o rolo, executando os<br />

mesmos procedimentos, num<br />

período de 25 a 30 minutos.<br />

Micropatamar:<br />

este é talvez dos treinos mais<br />

importantes para a evolução<br />

como ciclista. Consiste em aumentar<br />

o limite de trabalho aeróbio,<br />

ou seja a sua capacidade de<br />

suportar uma carga física mais<br />

elevada ao longo de um maior<br />

período de tempo. Na prática é<br />

começarmos a andar á uma velocidade<br />

constante de 33 km/h<br />

num terreno plano, em vez de<br />

30km/h, durante o mesmo período<br />

de tempo. ao aumentarmos<br />

o limite de trabalho aeróbio, aumentamos<br />

também a capacidade<br />

de tirarmos mais rendimento nos


outros treinos, quer sejam eles<br />

de potência ou de força. Para<br />

o treino de patamar aeróbio e<br />

conveniente possuir um cardiofrequencímetro<br />

e realizar séries<br />

de 5 a 15 minutos, num patamar<br />

entre 80 a 90% (dependendo do<br />

seu nível) da sua capacidade<br />

máxima. este treino poderá ser<br />

realizado as vezes que entender,<br />

sem ser nas vésperas ou nos<br />

dias a seguir às provas ou eventos<br />

mais competitivos. se treinar<br />

na rua deverá inicialmente fazer<br />

algum tempo de aquecimento<br />

na ordem dos 20 a 30 minutos,<br />

depois subir o patamar de esforço<br />

de 3 em 3 minutos e finalizar<br />

com uma série de 15 minutos,<br />

dentro do intervalo de 80 a 90%<br />

FCM. Não existem restrições em<br />

relação ao terreno a utilizar, tanto<br />

pode ser feito em plano, em colinas<br />

ou em rampas mais acentuadas,<br />

contudo deve garantir um<br />

aquecimento adequado, que não<br />

deverá ultrapassar os 60 a 70%<br />

FCM. em casa, no rolo, poderá<br />

começar com 15 a 20 minutos<br />

de aquecimento, acabando com<br />

3 series de 5 minutos cada entre<br />

os 80 a 90% FCM, completando<br />

assim um tempo total de exercício<br />

entre os 35 a 40 minutos.<br />

Microvelocidade:<br />

O consumo de energia de um<br />

atleta está directamente relacionado<br />

com a potência exercida<br />

pelo mesmo durante o exercício.<br />

A potência corresponde à relação<br />

entre a força exercida no pedal e<br />

a cadência da pedalada. Estudos<br />

realizados confirmam que uma<br />

pedalada em cadência (a partir<br />

dos 80 ou 90 RPM) permite um<br />

menor desgaste muscular e articular.<br />

a pedalada rápida não sendo<br />

de todo um movimento natural,<br />

pode-se tornar algo fastidioso<br />

inicialmente. a razão para isso<br />

acontecer deriva de muitos factores,<br />

um deles é não termos os<br />

músculos e as articulações<br />

com a flexibilidade<br />

suficiente<br />

para executar esse<br />

tipo de movimento,<br />

outro é a quantidade<br />

e qualidade<br />

diminuta de fibras<br />

musculares de contração<br />

rápida que<br />

existe inicialmente<br />

nos grupos musculares<br />

chamados a<br />

realizar o movimento. Há que treinar<br />

o movimento para evoluir em<br />

qualidade no gesto da pedalada<br />

e na potência exercida. Os dias<br />

adequados serão por exemplo<br />

a terça-feira ou a sexta-feira no<br />

caso de haver prova no domingo.<br />

se tiver tempo<br />

para sair à rua, depois<br />

do período de<br />

aquecimento de 15<br />

a 20 minutos deverá<br />

fazer 3 series de<br />

5 minutos nas 110<br />

RPM, utilizando a<br />

relação de transmissão<br />

que mais<br />

se adapta o tipo de<br />

terreno envolvente.<br />

No rolo, 15 minutos<br />

de aquecimento<br />

seguido de 10 minutos<br />

nas 110 rpm e 5 minutos de<br />

retorno a calma será mais do que<br />

suficiente para esta metodologia<br />

de treino. Chama-se a atenção<br />

que independentemente das 110<br />

RPM deverá manter a preocupação<br />

de não ultrapassar os 80%<br />

FCM. Para tal há que jogar com a<br />

relação de transmissão utilizada.<br />

Microforça:<br />

À força usualmente associa-<br />

-se à prática de musculação em<br />

ginásio. Porém, o ginásio é bom<br />

mas não chega. O treino de força<br />

em cima da bicicleta é por<br />

vezes mais rentável, visto que<br />

se desenvolve apenas os grupos<br />

musculares solicitados no esforço<br />

da pedalada, para além de<br />

se criar uma rotina de movimento.<br />

treinar força é bastante fácil,<br />

basta criarmos pequenas séries<br />

onde a pedalada é feita, na relação<br />

de transmissão, o mais<br />

pesada possível (segundo o tipo<br />

de terreno), sem nos preocuparmos<br />

da frequência cardíaca no<br />

momento nem com a cadência<br />

lenta. Um bom princípio a seguir<br />

é quando menor for o tempo de<br />

esforço maior deve ser a intensidade<br />

empregue. Dependendo<br />

do tipo de inclinação da estrada<br />

poderá utilizar múltiplas séries de<br />

1 minuto em terreno plano, 2 a 3<br />

séries de 5 minutos em terreno<br />

montanhoso. importante, para<br />

além de um bom aquecimento tal<br />

com já foi explicado, é o retorno à<br />

calma ou microdescontração (ex-<br />

plicação mais á frente), com bons<br />

alongamentos a fim de estender<br />

corretamente as fibras musculares<br />

e tendões, o que vai favorecer<br />

um bom crescimento muscular e<br />

prevenir as pequenas patologias.<br />

sendo este treino um esforço lácteo,<br />

o melhor dia para o treino de<br />

força é ao meio da semana, para<br />

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102<br />

que se possa dar tempo de recuperação<br />

até ao fim-de-semana.<br />

Se o fizer na rua, uma hora chega<br />

para treinar a força, sendo a primeira<br />

meia hora de aquecimento,<br />

depois consoante a inclinação do<br />

piso poderá fazer 15 series de 1<br />

minuto, 5 series de 3 minutos ou<br />

3 series de 5 minutos, concluindo<br />

com 5 a 10 minutos de retorno<br />

a calma. em casa, no ambiente<br />

artificial criado pelo rolo, 30 a 45<br />

minutos de exercício seguindo a<br />

metodologia anterior chega para<br />

o efeito. em ambas as condições<br />

a intensidade durante o esforço<br />

poderá ir até aos 100% da sua<br />

capacidade física.<br />

Micropotência:<br />

A potência é a combinação<br />

da força com a velocidade. Por<br />

norma mesmo sem sendo em<br />

sessões de microtreino, o treino<br />

da potência muscular e cardiovascular<br />

é sempre feito com<br />

séries curtas, devido à intensidade<br />

extrema do exercício.<br />

independentemente dos exemplos<br />

que serão citados, deverá<br />

existir a preocupação de que o<br />

tempo de recuperação entre repetições<br />

tem de ser o mais curto<br />

possível, de preferência igual<br />

ou inferior ao tempo do exercício<br />

(dependendo do seu nível).<br />

Nº 192 DEC11<br />

Poderá a primeira sensação ser<br />

a de um esforço muito violento<br />

, mas irá trazer bons resultados<br />

a curto prazo, tanto no treino em<br />

rua como em rolo. O momento<br />

indicado para exercitar será sempre<br />

2 a 3 dias antes do fim-de-<br />

-semana e de preferência nas<br />

semanas que antecedem um<br />

grande evento. Na rua, após 25<br />

minutos de aquecimento, poderá<br />

seguir uma das duas metodologias<br />

seguintes: duas séries de 5x<br />

(15 sec sprint / 15 sec recuperação),<br />

com descanso ativo de 10<br />

minutos entre series, ou 3 séries<br />

de 40 a 50 sec sprint com 5 minutos<br />

de repouso ativo entre elas.<br />

No rolo poderá seguir a mesma<br />

metodologia, passando a fase<br />

de aquecimento de 25 para 15<br />

minutos, completando assim um<br />

tempo total de exercício na rua<br />

de 55 minutos e 35 a 40 minutos<br />

em casa. É importante procurar<br />

na fase do esforço a maior intensidade<br />

e velocidade possível<br />

(dependendo do nível e das condições<br />

envolventes).<br />

Microdescontração:<br />

Quando falamos nesta metodologia<br />

da descontração de curta<br />

duração significa reduzir bastante<br />

o esforço físico e continuar<br />

com o movimento ou «gesto»<br />

desportivo, como por exemplo<br />

o continuar a pedalar<br />

com pouca intensidade.<br />

tem de permite um ajustado<br />

alongamento dos músculos<br />

e tendões, para que os sinta<br />

leves fisicamente e se sinta<br />

melhor psicologicamente.<br />

Há que ter como principio, o<br />

baixo consumo de energia,<br />

ou seja pedalar sem ter a<br />

noção de carregar com demasiada<br />

força em cima dos<br />

pedais. Qualquer pretexto é<br />

bem-vindo para por em prática<br />

a micro-descontração,<br />

a ida ao pão, uma volta de<br />

Btt em família, uma volta ao<br />

bairro ou ainda para os felizardos,<br />

o simples facto de se deslocarem<br />

diariamente para o trabalho.<br />

Pode ser praticado todos<br />

dias, até na manha mesmo de<br />

um evento. Na rua ou em casa,<br />

a duração do treino irá depender<br />

do seu tempo disponível, tendo<br />

em atenção a não ultrapassar os<br />

50% FCM, para não cair no erro<br />

de deixar de ser “descontraído”.<br />

este conjunto de microtreinos<br />

não são mais do que uma<br />

orientação para manter a forma<br />

ou mesmo progredir. Poderá não<br />

ser eficaz para todos, mas garantidamente<br />

irá enriquecer-vos os<br />

conhecimentos técnicos, abrindo<br />

novos caminhos na vossa prática<br />

desportiva. Obviamente que<br />

existem muito mais métodos de<br />

treino, mas sendo mais complexos<br />

e morosos, deixámo-los aos<br />

competidores, que possuem tempo<br />

e orientações para os pôr em<br />

prática. se por ventura acharem<br />

que este artigo não se vos adequa,<br />

não se preocupem, o que<br />

conta é pedalar, conviver com a<br />

natureza envolvente, criar amizades<br />

e combater o sedentarismo<br />

demasiado presente na sociedade<br />

atual. azimute


O Natal visto por poetas portugueses<br />

ao longo de 500 anos<br />

Pobreza Presépio<br />

Dos Céus à Terra desce a mor beleza,<br />

Une-se à nossa carne e fá-la nobre;<br />

E sendo a humanidade antes pobre,<br />

Hoje subida fica à mor alteza.<br />

Busca o Senhor mais rico a mor pobreza;<br />

Que ao mundo o seu amor descobre,<br />

De palhas vis o corpo tenro cobre<br />

E por elas o mesmo céu despreza.<br />

Como? Deus em pobreza à terra desce?<br />

O que é mais pobre tanto lhe contenta,<br />

Que este somente rico lhe parece.<br />

Pobreza este Presépio representa;<br />

Mas tanto por ser pobre merece,<br />

Que mais o é, mais lhe contenta.<br />

Natal<br />

Luís Vaz de Camões<br />

Nasceu um Deus. Outros morrem. A verdade<br />

Nem veio nem se foi: o Erro mudou.<br />

Temos agora uma outra Eternidade,<br />

E era sempre melhor o que passou.<br />

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.<br />

Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.<br />

Um novo Deus é só uma palavra.<br />

Não procures nem creias: tudo é oculto.<br />

Fernando Pessoa<br />

À Noite de Natal<br />

Era noite de Inverno longa, e fria,<br />

Cobria-se de neve o verde prado;<br />

O rio se detinha congelado,<br />

Mudava a folha a cor, que ter soía,<br />

Quando nas palhas de uma estrebaria,<br />

Entre dous animaes brutos lançado<br />

Sem ter outro lugar no povoado<br />

O Menino JESUS pobre jazia.<br />

- Meu filho, meu Amor, porque quereis<br />

(Dizia sua Mãi) esta aspereza<br />

Acrescentar-me as dores, Que passais?<br />

Aqui nestes meus braços estareis;<br />

Que se vos força amor sofre crueza,<br />

O meu não pode agora sofrer mais.<br />

Frei Agostinho da Cruz<br />

Que o Menino Deus encontra lugar no nosso coração para nascer!<br />

Santo e Feliz Natal para toda a família militar.<br />

O Capelão<br />

Nº 192 DEC11<br />

<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

103


<strong>AZ</strong>IMUTE<br />

104<br />

Nº 192 DEC11<br />

In memoriam<br />

Major-General Rui Alexandre Cardoso Teixeira<br />

1946-2011<br />

No dia 28 de Setembro, o Major-General Rui Cardoso Teixeira deixou-nos. Lutou com muita coragem suportando e enfrentando<br />

com serenidade mas sempre com esperança, todas as provações. Nunca conheceu o desânimo e cada novo desafio constituía para si<br />

a renovação da vontade de viver.<br />

O Major-General Rui Teixeira nasceu em 11 de Dezembro de 1946 em Cabeceiras de Basto terra que muito amava e evocava<br />

com carinho. Ingressou na Academia Militar em Outubro de 1967. Na Escola Prática de Infantaria concluiu o tirocínio em Julho<br />

de 1971 iniciando uma carreira brilhante, de entrega, de grande profissionalismo e de elevado sentido do dever. Em Dezembro de<br />

1971 parte para Moçambique onde cumpre uma comissão que lhe permite conhecer e viver a dura realidade da guerra que tanto envolveu<br />

e inquietou a sua geração. Em 1972 regressa a Mafra, à Escola, à Casa-Mãe da Infantaria.<br />

Aqui aprofunda a sua formação, desempenha as exigentes funções de instrutor em sucessivos e<br />

desgastantes cursos de oficiais milicianos, exerce funções de comandante de companhia, é<br />

director do tirocínio e Instrutor de táctica entre outros desempenhos.<br />

Em 1981 é colocado na 1ª Brigada Mista Independente como Comandante de Companhia<br />

de Atiradores do Batalhão de Infantaria Mecanizado. No exercício do comando<br />

manifesta o espírito de entrega sem limites que sempre caracterizaram a sua<br />

conduta. Valoriza-se numa unidade de vanguarda do <strong>Exército</strong> consolidando uma<br />

carreira sempre pautada pela determinação e frontalidade nos momentos decisivos.<br />

De 1993 a 1996 cumpre uma missão no SHAPE em Mons. A sua preparação e<br />

capacidade proporcionam-lhe um exercício de funções com grande dignidade prestigiando<br />

o <strong>Exército</strong> e Portugal.<br />

Frequentou no Instituto de Altos Estudos Militares o Curso Geral de Comando<br />

e Estado-Maior e o Curso de Estado-Maior. Colocado no Estado-Maior do <strong>Exército</strong>,<br />

na Divisão de Operações, desempenha as novas e exigentes funções com a confirmada<br />

dedicação, rigor e competência.<br />

Em 1998 é nomeado Comandante da Escola de Sargentos do <strong>Exército</strong>. Exerce o Comando com elevadíssimo sentido do dever<br />

procurando e conseguindo valorizar a sua Escola, tão importante na formação de todos os sargentos do <strong>Exército</strong>. Evocava esta passagem<br />

pela ESE com muito orgulho, carinho e saudade.<br />

Após a frequência do Curso Superior de Comando e Direcção (2001/2002) é colocado no IAEM como professor, Chefe da Secção<br />

de Ensino da Táctica. Foi um novo desafio, que mais uma vez enfrenta, com a determinação e capacidade, que o caracterizavam. Foi<br />

curta esta passagem pelo IAEM mas suficiente para demonstrar que era a escolha justa e certa para o exigente e prestigioso cargo.<br />

Após promoção a Major-General é colocado na Guarda Nacional Republicana exercendo o cargo de Chefe de Estado-Maior.<br />

Foram anos de trabalho intenso, mas que adorava, sem horas, sem tréguas e mais uma vez com dedicação e entrega totais. Nada o<br />

fazia esmorecer por mais complexo ou urgente que o assunto fosse.<br />

Foram-lhe atribuídas as mais honrosas condecorações. Não seriam demais para o reconhecimento do seu contributo ao <strong>Exército</strong><br />

e a Portugal.<br />

Em 2005 o seu estado de saúde obriga-o a cessar funções iniciando então a longa luta pela vida. Apesar das suas condições de<br />

saúde empenhou-se desde então, até Agosto de 2011, no levantamento do Clube Militar de Oficiais de Mafra. Acreditava que era<br />

possível organizar nesta vila, cheia de pergaminhos militares, um espaço onde fosse possível o convívio, a cultura e a defesa dos<br />

valores patrióticos que orientaram as nossas vidas. Acreditava que o clube poderia ser o local onde as gerações deveriam passar o<br />

testemunho. Estava certo. Continuará para sempre nos nossos corações e o seu espírito recordado.<br />

A família foi desde sempre o farol da sua vida. À sua esposa Cármen, e aos seus filhos Gisela e Rafael aos seus netos e a toda a<br />

sua família manifestamos o mais sentido pesar pela irreparável perda.<br />

José Inácio Sousa

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