O CURRÍCULO PENSADO NO CURSO DE PEDAGOGIA: UM ... - 2
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O <strong>CURRÍCULO</strong> <strong>PENSADO</strong> <strong>NO</strong> <strong>CURSO</strong> <strong>DE</strong> <strong>PEDAGOGIA</strong>: <strong>UM</strong> OLHAR<br />
SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA REGIÃO DO AGRESTE.<br />
RES<strong>UM</strong>O<br />
XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012<br />
Priscilla do Carmo (mestrada em educação – UFPE/CAA)<br />
Maria Julia Melo (mestrada em educação – UFPE/CAA)<br />
Lucinalva Almeida (professora doutora – UFPE/CAA)<br />
Neste trabalho trataremos do conceito de currículo, tecendo assim, um breve histórico<br />
de como as teorias de currículo foram contribuindo para pensarmos o currículo numa<br />
perspectiva de superação do dualismo proposta e implementação de políticas<br />
educacionais. Assim, nosso objetivo é analisar como o currículo pensado do curso de<br />
Pedagogia tem contribuído para com a formação do professor na região do agreste<br />
pernambucano. Para tanto, discutiremos a princípio a atual conjuntura social, baseada na<br />
globalização, posteriormente refletiremos sobre o conceito de currículo apresentado por<br />
Santiago (2006), Lopes e Macedo (2011), Apple (1982), Goodson (2011) dentre outros<br />
e seguiremos considerando as contribuições dos Estágios Supervisionados para a<br />
formação dos professores (as) /alunos (as) em formação. Sendo assim, o caminho<br />
teórico metodológico escolhido a fim de dar conta de nossas inquietações de pesquisa<br />
está alicerçado numa abordagem qualitativa, na qual os dados serão analisados a partir<br />
das contribuições da análise do discurso proposta por Orlandi (2010). O discurso<br />
analisado esteve presente nas ementas das disciplinas Estágio Supervisionado, nas<br />
diretrizes curriculares e no projeto do curso de pedagogia de duas Instituições de Ensino<br />
Superior no agreste pernambucano (denominadas IES A e IES B). Através deste estudo<br />
pudemos perceber inicialmente que a IES A amplia o campo de atuação do pedagogo ao<br />
incorporá-lo em ambientes não formais de educação e que a IES B entende que a<br />
especificidade do pedagogo está inscrita na sala de aula, dando ênfase a este espaço<br />
educativo e aos processos de ensino e aprendizagem ali desenvolvidos.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Currículo. Estágio Supervisionado. Formação de Professores.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Este projeto se insere no âmbito das discussões sobre as perspectivas<br />
curriculares em Instituições de Ensino Superior no estado de Pernambuco, tendo como<br />
origem pesquisas realizadas em programas de pós graduação no Nordeste. Estas nos<br />
proporcionaram algumas reflexões, dentre elas a temática do currículo, que suscitaram<br />
questões relevantes a serem investigadas, dentre elas: como o currículo pensado do<br />
curso de Pedagogia tem contribuído para com a formação do professor na região do<br />
agreste pernambucano?<br />
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Entendemos dessa forma, que para a concretização desta pesquisa, é preciso nos<br />
debruçarmos inicialmente sobre o estudo da atual conjuntura da sociedade<br />
contemporânea baseada nos princípios da globalização. Esse enfoque é justificado a<br />
partir do entendimento de que os processos globais influenciam os cenários locais,<br />
significando dizer com isso que as políticas educacionais e, dentro destas, as políticas<br />
curriculares dos diversos países – e especificamente do Brasil – apresentam essa<br />
influência. Essa é, portanto, uma questão exemplificada por Silva (2010) quando afirma<br />
que<br />
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As globalizações se materializam, por exemplo, nas políticas de<br />
reforma do Estado e, em particular, no sistema educacional, enquanto<br />
uma estratégia pragmática de adequação dos países a nova lógica<br />
mundial (as globalidades hegemônicas). As políticas curriculares e de<br />
avaliação do final do século passado e do início deste representam<br />
bem essas ações de materialização do ideário global para a educação.<br />
(p. 323).<br />
Assim, características de políticas hegemônicas perpassam as políticas<br />
educacionais e curriculares dos contextos locais, transformando-as em palcos de<br />
enfrentamento entre o local e o global. Dessa forma, a globalização não é de modo<br />
algum um fenômeno isento de disputas.<br />
Neste sentido, investimos esforços na análise do conceito de currículo<br />
compreendido como um conjunto de experiências que molda seres humanos para<br />
transformá-los em pessoas (BALL, 2010). Acreditamos, assim que o currículo ao<br />
possibilitar ao professor (a) / aluno (a) em formação o conhecimento sobre a sua própria<br />
formação contribui para que este sujeito possa ressignificar os aspectos que influenciam<br />
(ou não) a constituição da sua profissionalidade.<br />
Diante desta compreensão, Santiago (2006) ao nos trazer as contribuições<br />
teóricas de Paulo Freire sobre o desenvolvimento do pensamento curricular, afirma que<br />
embora este autor não tenha se dedicado de modo específico aos estudos curriculares,<br />
não se pode negar as influencias dele para com os que se detém a estudar esse campo de<br />
investigação. Ao se reportar a criatividade e a criticidade como dois importantes<br />
conceitos freireanos para pensarmos em estudos da prática e da teoria curricular, a<br />
autora afirma que a<br />
curiosidade e criticidade ocupam um lugar de destaque na teoria e<br />
prática curricular. É portanto uma exigência e, ao mesmo tempo,<br />
uma condição para manter o / a estudante mobilizado / a para o<br />
desenvolvimento dos processos de aprendizagens, para conhecer e<br />
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para ser desafiado para o uso do conhecimento (SANTIAGO,<br />
2006, p. 77).<br />
Sendo assim, pensar o currículo de maneira crítica é também reportar-se às<br />
expressões da vida dos grupos sociais, é superar o autoritarismo e a fragmentação do<br />
conhecimento a fim de contribuir para com uma formação profissional capaz de<br />
articular a indissociabilidade presente entre os processos vitais e os processos<br />
cognitivos. Neste sentido, Pereira (2004) corrobora ao compreender o currículo como o<br />
resultado desta articulação entre a vida e esses processos cognitivos.<br />
Situado neste movimento que compreende o currículo como expressão da vida,<br />
no qual estão imbricados propostas e práticas curriculares, se insere a nossa pesquisa<br />
que intenciona contribuir para a reflexão da influência dos componentes curriculares<br />
Estágio Supervisionado na formação dos/das professores (as) / alunos (as).<br />
PROCEDIMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PESQUISA<br />
A problemática desta pesquisa está centrada na compreensão do currículo do<br />
curso de pedagogia a partir dos componentes curriculares Estágio Supervisionado com<br />
exercício profissional do professor (a) / aluno (a) em formação. Dessa maneira,<br />
pensando em procedimentos teóricos metodológicos que respondessem aos nossos<br />
objetivos, nos utilizamos da abordagem qualitativa, entendendo que esta perspectiva<br />
atende a complexidade presente na dinâmica do campo educacional ao compreender a<br />
realidade enquanto passível de transformação. Assim, “Um dos desafios atualmente<br />
lançados à pesquisa educacional é exatamente o de tentar captar essa realidade dinâmica<br />
e complexa do seu objeto de estudo, em sua realização histórica” (LÜDKE; ANDRÉ,<br />
1986, p. 5).<br />
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Este tipo de investigação também nos permite trabalhar com a perspectiva da<br />
subjetividade associada à perspectiva da objetividade, superando os paradigmas<br />
metodológicos que afirmam que para se produzir ciência é necessário excluir qualquer<br />
indício de subjetividade. Entretanto, trabalhar nessa direção não significa abrir mão da<br />
rigorosidade científica na pesquisa; mas exige uma postura equilibrada “reconhecendo a<br />
impossibilidade de separar os valores pessoais do processo de pesquisa” (LÜDKE;<br />
ANDRÉ, 1986, p. 51).<br />
Para a análise dos dados nos utilizamos da Análise do Discurso (A.D.) na<br />
perspectiva de Orlandi (2010), uma vez que realizamos a análise dos discursos presentes<br />
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nos projetos curriculares das IES, ementas, diretrizes e nas entrevistas dos professores<br />
(as)/ alunos (as) em formação. Diante disto, na perspectiva desta autora o discurso não<br />
pode ser visto como um ato livre de condicionantes históricos. Dessa forma, nossa<br />
análise buscou a compreensão de como esses condicionantes atuam no nosso objeto de<br />
estudo. A questão será sempre muito mais na perspectiva de como o texto (oral e<br />
escrito) se apresenta e menos o que apresenta.<br />
Cabe salientar o modo de tratamento das instituições neste trabalho. Portanto a<br />
IES pública foi aqui nomeada como IES A, enquanto que a IES privada foi chamada de<br />
IES B. Nossa intenção com o sigilo dos nomes foi a de preservar o direito à<br />
confidencialidade e discrição dessas instituições.<br />
REFLEXÃO TEÓRICA<br />
As influências do cenário global sob a educação<br />
Na sociedade atual vivemos um processo de tentativa de homogeneização<br />
política e econômica, processo este comumente denominado de globalização. Com a<br />
globalização um padrão de economia que apenas privilegiava as nações hegemônicas<br />
começou a ser imposto, contribuindo para a crescente desintegração da autonomia<br />
política dos países. Essas questões vieram atreladas às concepções de competitividade e<br />
performatividade, ideias bastante condizentes com este modelo societário voltado para o<br />
capital. Isso significa dizer que a globalização como produto do capitalismo se inseriu<br />
em diversos setores da vida em comunidade e não pode mais ser visto como “um<br />
fenômeno que se encontra ‘lá fora’. Ela se refere não só a emergência de sistemas<br />
mundiais de larga escala como também as transformações na própria tessitura da vida<br />
cotidiana” (GID<strong>DE</strong>NS apud BALL, 2001, p.121).<br />
Diante disto, nada mais natural do que supor que a globalização também interfira<br />
e deixe suas marcas na educação. Nos discursos sobre os fenômenos educativos ela já<br />
vem há algum tempo sendo citada, demonstrando que os pesquisadores estão atentos<br />
aos sinais dessa influência.<br />
Dessa forma, o global passa a interferir e impor suas intenções mercadológicas<br />
nos contextos locais, buscando a superação das individualidades e características únicas<br />
de cada realidade. Entretanto, esse mecanismo não é isento de embates. Os contextos<br />
locais resistem às novas formas de viver em sociedade, resultando em conflitos com as<br />
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finalidades do global, conflitos esses que contribuem para a hibridização das identidades<br />
culturais.<br />
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Em consequência, esta hibridização se inscreve nas questões educativas<br />
transformando-as em extensões do mercado, onde a competição é cada vez mais<br />
estimulada. Os sujeitos a serem formados são pensados sob uma nova perspectiva, e a<br />
educação para a vida é substituída pela educação para o lucro. Esse entendimento está<br />
presente também nas conceituações de Ball (2001), na medida em que fala sobre a<br />
posição destinada ao estudante nessa nova conjuntura política e social baseada nos<br />
fundamentos do capitalismo.<br />
Entendendo o currículo: conceito e origem<br />
Ao nos debruçarmos sobre os estudos do currículo, percebemos suas significativas<br />
evoluções enquanto um campo de investigação, que a princípio se mostrava com<br />
inquietações focadas em questões administrativas, e que atualmente passa a demonstrar<br />
o caráter multifacetado deste campo educacional. Em relação a essas transformações em<br />
torno dos estudos curriculares, Santiago (2006) afirma que ele “pode ser tomado como<br />
uma (1) disciplina curricular; pode ser também abordado como (2) campo de<br />
investigação científica e ainda, como (3) prática pedagógica” (p. 74).<br />
A perspectiva posta pela autora demonstra a articulação entre a abordagem<br />
curricular e a compreensão de que o currículo pode ser vivenciado em diferentes<br />
modalidades, níveis e espaços, considerando o texto escrito ou uma ação, seja ela<br />
individual ou de grupos, o que oportuniza um trabalho com uma diversidade de objetos<br />
investigativos.<br />
Apesar desta compreensão apresentada anteriormente, ainda observamos que no<br />
cenário educacional a compreensão de currículo, por vezes vem associada a um<br />
documento no qual é possível encontrar um desenho organizativo da escola (ou métodos<br />
e atividades das disciplinas escolares) ausente de grupos (que atuam na comunidade<br />
escolar) que perspectivem a possibilidade de que “o currículo se dinamiza na prática<br />
educativa como um todo e nela assume feições que o conhecimento e a compreensão do<br />
documento por si só não permitem elucidar” (MACEDO, 2011. p. 25-26).<br />
A palavra currículo está atrelada a expressão latina Scurrere, correr, curriculum,<br />
caminho, referindo-se a curso, carro de corrida, estas definições apresentadas pelos<br />
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dicionários trazem consigo algumas implicações etimológicas, dentre elas a ausência da<br />
compreensão de currículo como uma práxis, compreendida aqui como uma “atividade<br />
dos grupos ou classes sociais que leva a transformar a organização e direção da<br />
sociedade, ou a realizar mudanças mediante a atividade do Estado. Essa forma de práxis<br />
é justamente a atividade política” (VÀSQUEZ, 1967, p.195).<br />
No que concerne ao processo de construção de currículo, Goodson (2011)<br />
perspectiva que esta construção acontece como algo não linear, no qual coexistem<br />
fatores lógicos, formais e menos formais que interferem de maneira significativa nestas<br />
construções.<br />
A partir das contribuições de Goodson (1998), Macedo (2001) reafirma ser o<br />
currículo uma tradição inventada, que pode ser reconfigurada nas ações educativas e nos<br />
processos e construções do conhecimento eleito por determinado grupo como educativo.<br />
No que tange a relação entre currículo e formas de produção social, as<br />
construções de Apple (1982) são pertinentes, e influenciam significativamente o<br />
pensamento sobre currículo nos anos 1990. A partir de seus trabalhos é reforçada a ideia<br />
de que a ideologia está vinculada ao currículo, pois para ele pensar currículo limitando a<br />
perspectiva etimológica é encobrir aspectos como relações de poder e de conflito sociais<br />
responsáveis pelas condições que materializam o currículo no contexto social.<br />
[...] assim, Michael Apple defende em vários momentos de sua obra que,<br />
embora políticas de currículo nacional sejam objetos de conflitos,<br />
sofrendo alterações importantes em contextos específicos, seu poder é<br />
total. Tal poder é considerado por ele como demonstrado pelo que<br />
denomina reconfiguração, radical da seleção, organização e distribuição<br />
do conhecimento. (LOPES; MACEDO, 2011.p. 241 - 242).<br />
A partir destas contribuições de Lopes e Macedo (2011), Goodson (2011), Santiago<br />
(2006) dentre outros, passamos a compreender que o currículo não pode ser considerado<br />
um objeto estático, isolado de um contexto maior, mas é interessante percebê-lo na<br />
dinamicidade em que está envolvido. Ao estudar o currículo é interessante levarmos em<br />
consideração como ele é organizado, assim como os elementos que o constituem, além<br />
de sua aplicação em determinado contexto, analisando-o, portanto, como uma<br />
construção ideológica.<br />
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Considerações Preliminares<br />
A partir da análise do currículo pensado materializado nos projetos pedagógicos<br />
que formam a concepção política para formação de professores das duas instituições da<br />
região agreste, identificamos que as ementas dos componentes curriculares Estágio<br />
Supervisionado delineiam o perfil do profissional pedagogo e contribuem para o<br />
entendimento de que apesar de estarem situadas na mesma cidade, possuem um<br />
currículo diferenciado.<br />
O projeto curricular da IES A propõe uma formação aonde além das<br />
especificidades do pedagogo (exercício da docência na Educação Infantil, nos anos<br />
iniciais do Ensino Fundamental e gestão), inclui o estágio em Movimentos Sociais, o<br />
que contribui com a formação social do educador, favorecendo novas possibilidades de<br />
atuação profissional. Enquanto a IES B possui uma formação que privilegia o espaço<br />
escolar, capacitando os profissionais da educação para a docência na Educação Infantil,<br />
nos primeiros anos do Ensino Fundamental, no Normal Médio e na gestão escolar.<br />
Apesar das diferenças encontradas, identificamos que as duas instituições tomam<br />
as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Pedagogia como base, onde há<br />
prioridade do estágio em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental,<br />
ficando a critério da instituição as outras áreas específicas a serem abordadas. Isto é<br />
retratado no Art. 7º, II: “300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado<br />
prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental,<br />
contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto<br />
pedagógico da instituição;” (CNE, 2006).<br />
Deste modo, se confirma a nossa concepção de currículo como um espaço<br />
multifacetado, onde há um direcionamento do global, mas que se recontextualiza diante<br />
das ideologias locais. De acordo com Lopes (2008)<br />
As tensões e os conflitos nos movimentos de globalização produzem<br />
reformas curriculares que não visam obrigatoriamente às mesmas<br />
finalidades, nem tampouco podem ser compreendidos com base em<br />
um modelo de relações unidirecionais entre centro e periferia, entre<br />
global e local (pp.157-158).<br />
Assim, cada contexto ressignifica sua política curricular de acordo com a<br />
interpretação que faz da realidade e da ideologia a qual é vinculada. Dessa forma, a -<br />
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IES B - apresenta um enfoque nas práticas educativas da sala de aula e na atuação do<br />
pedagogo. Neste contexto, o compromisso da - IES A -, expresso no seu currículo,<br />
parece ser o de ampliar o espaço profissional do pedagogo ao incorporar e demonstrar<br />
diferentes ambientes de atuação, tais como a gestão escolar e os movimentos e<br />
organizações sociais.<br />
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