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O Sentido Social e o Contexto Político da Guerra de Canudos

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O gabinete formado pelo Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto ain<strong>da</strong> tentou, no segundo<br />

semestre <strong>de</strong> 1889, aliviar a crise. Lançou no mercado o triplo do capital em moe<strong>da</strong><br />

metálica, elevando o câmbio ao par, e facultou às empresas, com capital <strong>de</strong> 5.000<br />

e 10.000 contos <strong>de</strong> réis, a emissão garanti<strong>da</strong>, enquanto fixava tarifas <strong>de</strong><br />

importação mais altas, em base <strong>de</strong> 50% e 60%, para a proteção <strong>da</strong>s indústrias 7 .<br />

Os efeitos <strong>da</strong> nova política logo se fizeram sentir. A mesma baronesa <strong>de</strong> Alenquer,<br />

em outra carta, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1889, comentou que<br />

“O novo ministro tem já feito em benefício <strong>da</strong> lavoura (...) e o banco (está) <strong>da</strong>ndo dinheiro a<br />

6% ao ano e com o prazo <strong>de</strong> até 15 anos, conforme as quantias” 8 .<br />

Porém, muito tar<strong>de</strong> era para reverter a catarse. O processo político afoitou-<br />

se e oficiais do Exército induziram o marechal <strong>de</strong> Campo Manuel Deodoro <strong>da</strong><br />

Fonseca a colocar-se à frente <strong>de</strong> um golpe <strong>de</strong> Estado, que em 15 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong><br />

1889 <strong>de</strong>rrubou a Monarquia, visando à instalação <strong>da</strong> República e ao<br />

estabelecimento <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração. Conforme o jornalista Aristi<strong>de</strong>s Lobo, primeiro<br />

ministro <strong>da</strong> Justiça do Governo Provisório, constatou, em uma crônica publica<strong>da</strong><br />

no Diário Popular, <strong>de</strong> São Paulo,<br />

“o fato foi <strong>de</strong>les só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu<br />

aquilo bestializado, atônito, supresso, sem conhecer o que significava”. 9<br />

O contexto político na República<br />

Os militares estavam isolados <strong>da</strong> nação e a tropa do Exército, que <strong>de</strong>sfilou<br />

pelas ruas do Rio <strong>de</strong> Janeiro, após o golpe <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> novembro,<br />

<strong>de</strong>parou-se com uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> aparentemente vazia, as ruas <strong>de</strong>sertas, o comércio<br />

fechado. Apesar <strong>da</strong> grave crise econômica e social, que fermentava o<br />

<strong>de</strong>scontentamento em vastas cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s classes dirigentes, a Monarquia era<br />

ain<strong>da</strong> popular. As a<strong>de</strong>sões ao novo regime, entre as quais a dos antigos partidos<br />

monárquicos <strong>de</strong> São Paulo, orientaram-se pelo pressuposto <strong>da</strong> inevitabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

República e tiveram como objetivo, em larga medi<strong>da</strong>, restabelecer a normali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

política e evitar possíveis reações populares, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s inúteis e que po<strong>de</strong>riam<br />

comprometer a própria integri<strong>da</strong><strong>de</strong> territorial do Brasil. A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sintegração do Brasil em duas ou mais Repúblicas, com a separação do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul, era aliás prevista, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1880, pelo presi<strong>de</strong>nte do Uruguai,<br />

7 Calmon, Pedro - História do Brasil (século XIX), vol. 5. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1961. p.<br />

1816.<br />

8 Carta <strong>de</strong> Francisca <strong>de</strong> Assís <strong>de</strong> Vianna Moniz Ban<strong>de</strong>ira, baronesa <strong>de</strong> Alenquer, ao seu filho Manuel Ignácio,<br />

Subaé, 14.08.1889. AA.<br />

9 Apud Santos, José Maria dos - A Política Geral do Brasil. S. Paulo: J. Magalhães, 1930. p. 204.<br />

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