Otaku: O termo, em japonês
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# negócios \\ escambo cont<strong>em</strong>porâneo<br />
Mercado livre<br />
Feira do Rolo, <strong>em</strong> Salvador, alimenta o troca-troca de mercadorias, onde<br />
dinheiro n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é a moeda corrente. Mas lá é bom ser sagaz<br />
\\ texto uiara nana \fotos flickr<br />
São 9 horas da manhã de um domingo<br />
com pouco sol. Ainda na estação de tr<strong>em</strong><br />
na Calçada, antes da Feira do Curtume,<br />
se forma uma pequena fila de ônibus e<br />
automóveis, os motoristas mais estressados<br />
começam a buzinar esbravejando <strong>em</strong> voz<br />
alta, tentando competir uns com os outros.<br />
“Todo domingo é a mesma coisa, essa Feira<br />
s<strong>em</strong>pre atrapalha o trânsito”.<br />
Localizada hoje na Baixa do Fiscal,<br />
inicio da Avenida Suburbana e <strong>em</strong> frente à<br />
delegacia da policia civil de furtos e roubo,<br />
está a Feira do Rolo. Segundo o comerciante<br />
José Francisco, que trabalha na Feira há 16<br />
anos, ela está na Baixa do Fiscal há 12 anos.<br />
A Feira do Rolo é o lugar onde se encontra<br />
de tudo: artigos de decoração, roupas,<br />
sapatos, bolsas, telefones de todos os<br />
modelos e marcas, louças sanitárias - tudo<br />
de segunda mão. Dos vários produtos<br />
comercializados, o que mais chama a<br />
atenção é a venda de frascos de perfumes<br />
vazios, os vendedores diz<strong>em</strong> que uns<br />
compram para “tirar onda” e outros por que<br />
o frasco e bonito, e de um jeito ou de outro<br />
consegu<strong>em</strong> enchê-los com outros perfumes.<br />
O comércio é feito como no inicio das<br />
feiras livres do período feudal, onde os<br />
produtos são trocados, e a depender de<br />
quanto vale, o comprador t<strong>em</strong> que pagar o<br />
restante com outro produto. Essa prática<br />
é conhecida na Feira do Rolo como troca<br />
com volta e pode ser <strong>em</strong> produto como no<br />
passado ou <strong>em</strong> dinheiro.<br />
Mas na maioria dos casos é o freguês<br />
que determina quanto vale a mercadoria.<br />
O comerciante oferece o produto com um<br />
preço, mas o cliente pechincha, então,<br />
chegam a um acordo.<br />
A maioria dos feirantes está ali para,<br />
de um jeito ou de outro, completar sua<br />
renda. São pessoas que viv<strong>em</strong> naquelas<br />
imediações e nos outros dias da s<strong>em</strong>ana<br />
têm outras atividades. É o que acontece<br />
com o aposentado Aroldo Santos. Ele faz<br />
mesas, banquinhos e cadeiras de madeira<br />
para vender. E afirma que, somando<br />
sua aposentadoria, com a venda das<br />
mercadorias na Feira e as encomendas,<br />
consegue esticar o orçamento. “Vendo essas<br />
miudezas aqui, tudo usado, s<strong>em</strong> nenhum<br />
defeito, passo tudo por um preço razoável”.<br />
Ele diz que a Feira está crescendo, e o<br />
movimento é maior no fim do mês.<br />
A cada passo se ouve um anúncio de<br />
um novo produto. Próximo ao Viaduto<br />
Mercado <strong>em</strong> várias parte do planeta alimentam negócios variados. Em sentido horário:<br />
Senela [África], Tailândia [Ásia], Cidade do México [México], Buenos Aires [Argentina]<br />
dos Motoristas um hom<strong>em</strong> merca um<br />
espr<strong>em</strong>edor de laranja ainda na caixa, mais<br />
a frente outro vendia uma impressora e<br />
alguns gravadores de CD e ao lado um jov<strong>em</strong><br />
vende filhotes de cães da raça pit bull.<br />
organização //<br />
Na Feira do Rolo não há fiscalização da<br />
Prefeitura e a organização é espontânea. No<br />
lado direito da avenida, ficam os vendedores<br />
de frutas e legumes, algumas mercadorias<br />
são exposta <strong>em</strong> lonas estendidas no chão,<br />
outras <strong>em</strong> carros de mão, mas a maioria<br />
está <strong>em</strong> barracas de madeira improvisadas<br />
pelos feirantes. No lado esquerdo ficam<br />
os d<strong>em</strong>ais produtos, como óculos de<br />
grau, parafusos enferrujados, correntes,<br />
fechaduras, os “cacarecos” , como são<br />
chamados pelos vendedores, estão expostos<br />
também pelo chão ou <strong>em</strong> pequenas barraca<br />
e tabuleiros, ou <strong>em</strong> caixas, como os animais.<br />
O t<strong>em</strong>po fecha de vez, e n<strong>em</strong> mesmo<br />
<strong>em</strong>baixo de chuva a Feira pára. As<br />
mercadorias mais leves e frágeis são<br />
recolhidas às pressas, outras são cobertas.<br />
Compradores e vendedores se amontoam na<br />
calçada <strong>em</strong>baixo do Viaduto dos Motoristas,<br />
mas o escambo continua. O fluxo de pessoas<br />
diminui e só assim o trânsito volta ao<br />
normal. Mas a chuva passa, e os vendedores<br />
voltam a oferecer suas mercadorias. Os<br />
ônibus segu<strong>em</strong> correndo pela Suburbana,<br />
mesmo, quando o domingo se transforma<br />
<strong>em</strong> um grande mercado a céu aberto.<br />
13 subescrito # verão 2006<br />
Enrolada na Feira<br />
\\ texto s<strong>em</strong> foto sandra midlej<br />
Domingo. Eu tinha acabado de competir<br />
uma prova de triathlon e ao atravessar a<br />
linha de chegada, o que eu mais pensava<br />
era <strong>em</strong> sair para fotografar a Feira do<br />
Rolo. Coloquei a máquina fotográfica<br />
enrolada <strong>em</strong> uma toalha na mochila.<br />
Comecei a ir à direção da “muvuca” já<br />
tava com vontade de pegar a máquina,<br />
foi quando uns caras me ofereceram uma<br />
mercadoria, eu falei que estava ali pra fazer<br />
um trabalho de fotografia:<br />
– Se você entrar nessa feira com uma<br />
maquina, os “maluco” vão pensar que você<br />
vai tirar foto pra denunciar eles,<br />
– Mas por que eu ia denunciar eles?<br />
– Porque você sabe “meu”, que tudo isso<br />
que ta aí e roubado,<br />
– Olha galera, sou da paz, vim aqui<br />
registrar com umas fotos, só isso.<br />
– Olha só morena se você pagar a gente<br />
20 paus, a gente te protege.<br />
– Tá combinado, eu topo, vou pegar a<br />
grana no carro, e pegar mais um filme.<br />
Saí dali com a sensação de que tinha um<br />
monte deles atrás de mim. Voltei para a<br />
competição, ainda não tinha acabando tinha<br />
gente ainda completando a prova, quando<br />
ouvi no microfone chamar minha categoria,<br />
ouvi meu nome <strong>em</strong> primeiro lugar. No final,<br />
“Ganhei uma prova e perdi uma foto”