#esporte \\ futebol de bairro Os amadores do Futebol Nos bairros de Castelo Branco e IAPI, campeonatos de futebol amador faz<strong>em</strong> sucesso nos finais de s<strong>em</strong>ana da cidade \\ texto leandro silva \ foto maria fernanda “Eu passo a s<strong>em</strong>ana toda na expectativa de chegar domingo, só pra poder jogar e ver as arquibancadas lotadas. É muito <strong>em</strong>ocionante”. Lendo essa declaração dá a impressão de que é de algum jogador do Bahia, Flamengo ou Corinthians, clubes populares que lotam os estádios a cada domingo. Mas qu<strong>em</strong> diz isso é Seu Luiz , o vendedor Luiz Gonçalves, 43, que disputa o Campeonato de Veteranos do Esporte Clube do Tejo, um dos mais tradicionais do futebol amador de Salvador, no bairro do IAPI. O Esporte Clube do Tejo, conhecido também como Campo do Tejo , foi fundado <strong>em</strong> 1914. Qu<strong>em</strong> passa por perto do clube n<strong>em</strong> imagina que por ali tenha um campo tão grande e famoso. Por fora é só uma portinha, n<strong>em</strong> parece a imensidão que é por dentro na área do gramado. Aliás gramado só no modo de falar já que o campo é de arenoso. Mas para qu<strong>em</strong> joga ali é um verdadeiro ‘Maracanã’. O campeonato de veteranos do Tejo é disputado há mais de 50 anos, e este ano é disputado por 12 times. Há mais de 40 anos, um vigilante do clube chamado Aú resolveu juntar um pouco do seu dinheiro e comprar chuteiras para alguns meninos do bairro, que puderam disputar o torneio. Mais de 30 anos depois, alguns desses meninos, já veteranos, resolveram homenagear o vigia. “Ele já estava muito velhinho, não trabalhava mais aqui, mas nós nunca esquec<strong>em</strong>os que só começamos a jogar graças a ele, por isso criamos um time chamado Resto de Aú ”, conta Gilberto Egídio, 63, bancário aposentado e um dos atuais organizadores do campeonato. castelo branco // No bairro de Castelo Branco, localizado próximo à Vila Canária, o campeonato é disputado há mais de três décadas e também t<strong>em</strong> muita tradição. A competição neste ano conta com nove equipes. O América é o clube mais tradicional e com mais títulos da Liga de Futebol do Centro Social Urbano de Castelo Branco, com 12 conquistas ao todo. Foi criado <strong>em</strong> 1981 por Antônio Cruz, 82, o ‘Seu Antônio’, aposentado, que divide os seus domingos entre os cultos de uma Igreja Evangélica e os jogos do América. “Todo domingo que não t<strong>em</strong> jogo do meu América eu vou para a Igreja, quando t<strong>em</strong> estou s<strong>em</strong>pre no campo, acompanhando meu time”, diz. Seu Antônio mora <strong>em</strong> Castelo Branco desde 1973, quando tinha 49 anos, e não chegou a disputar o campeonato, que não possui categoria para veteranos. “O campeonato é muito competitivo, t<strong>em</strong> time que traz jogadores até de outros municípios para se reforçar. No meu, dos 22 inscritos, 21 são daqui da comunidade, porque sou b<strong>em</strong> tradicionalista”, diz. Como o campeonato não t<strong>em</strong> categoria de veteranos, Francisco Ferreira, 44, que trabalha <strong>em</strong> uma indústria Petroquímica, conhecido como Chico, teve que pendurar as chuteiras e abandonar a carreira no futebol. “Parei de jogar porque o campeonato exige condição física boa e hoje, pela idade, não consigo acompanhar o ritmo da garotada, mas como não consigo largar de vez, estou estreando como técnico”, diz Chico, agora técnico do Castelo Branco, depois de participar do campeonato como atacante, desde os 14 anos, entre 1976 e 2005. rivalidade // A rivalidade entre os times <strong>em</strong> Castelo Branco é grande. Chico jogou todos os anos pelo Ajax, que não existe mais, e que era rival histórico do América de Seu Antônio. “S<strong>em</strong>pre existiu a rivalidade entre o Ajax e o América. Antigamente tinha muita briga”, diz. O fato mais lamentável envolvendo essa rivalidade aconteceu na final do campeonato de 1995, entre os dois times. “O América jogava pelo <strong>em</strong>pate para conquistar o título. Aos 44 minutos do 2º t<strong>em</strong>po, o jogo estava zero a zero, quando o Ajax fez um gol que lhe daria o título, mas o juiz anulou e começou a briga envolvendo torcedores, juiz, bandeirinha e jogadores. A partida recomeçou e na cobrança de escanteio a bola sobrou para um jogador do Ajax que não desperdiçou e finalizou a jogada marcando o gol do título”, conta Chico. Para Seu Antônio as brigas já faz<strong>em</strong> parte do passado. “Hoje só t<strong>em</strong> muita gozação, qu<strong>em</strong> perde não pode sair de casa, porque as comunidades são muito próximas, mas as brincadeiras são sadias .” Mas a rivalidade e as confusões não são exclusividade de Castelo Branco. Rosendo Sacramento, mecânico, 41, o Braz , que disputa o campeonato do IAPI, conta que durante um jogo de muita rivalidade no Tejo , entre um time da Avenida Peixe e outro da Pero Vaz Velha, depois da marcação de um pênalti, que não existiu, o juiz teve que pular o muro e correr, por cima dos telhados das casas vizinhas, para fugir. 14 subescrito # verão 2006 IAPI : o time do Ibis [vermelho], o trio de arbitrag<strong>em</strong> e o time do Santos [preto] espírito amador // Em Castelo Branco, Luizão, Nena e Gordurinha, além de Seu Antônio, são apaixonados pelas equipes que torc<strong>em</strong>, jogam ou comandam. “Torço mais para o América do que para o Flamengo, que é o meu time profissional”, diz Seu Antônio. Outro que chama atenção é Antônio Santos, 40, conhecido como ‘Burrá’, participa de todos os campeonatos do bairro ajudando os times, atuando como gandula e massagista . “Não me importo com o time, gosto de participar e ajudar”, diz Burrá. O repórter Ely Almeida do programa Balanço Geral, da TV Itapuan, está quase todos os finais de s<strong>em</strong>ana prestigiando o campeonato do Tejo, no IAPI. “Fui menino aqui, neste campo, e eu valorizo muito todas ligas de futebol amador de Salvador. Esse é o grande espírito do futebol amador”, diz. D d a s fi I
Domingo de jogo no IAPI, <strong>em</strong> uma partida disputada no Campo de Tejo, que desde 1914 abrifa os campeonatos amadores da região s<strong>em</strong>pre muito disputados e com uma torcida fiel, Na fot, disputa de bola entre os times do Ibis e do Santos 15 subescrito # verão 2006 Antes do baba Onde jogar \ A escolha do piso é essencial, é aconselhável evitar gramados sintéticos que costumam causar principalmente a degeneração da cartilag<strong>em</strong> do joelho e lesões no menisco. Evitar, também, campos cheios de buraco que pod<strong>em</strong> causar probl<strong>em</strong>as principalmente nos joelhos e tornozelos. Aquecimento \ Fazer avaliação cardiológica principalmente se tiver histórico familiar. Contusões \ Fazer exame ortopédico para saber se t<strong>em</strong> tendência a ter hérnia de disco. Dia de baba \ Evitar jogos <strong>em</strong> dia de chuva, piso escorregadio, causam lesões musculares e ligamentais. Adversários\ Procurar disputar campeonatos compatíveis com a faixa etária, evitar disputar campeonatos com pessoas b<strong>em</strong> mais novas. Proteção\ Usar caneleira, para proteger-se de pancadas. Frequência\ Procurar manter um bom condicionamento físico e saber dosar a força física. N<strong>em</strong> se arrisque \ A prática de futebol não é aconselhável para aqueles que t<strong>em</strong> alguma patologia que contra-indique como uma artrose no joelho ou entorse no tornozelo que não foi b<strong>em</strong> tratada \\ Fonte : Josias Ribeiro, 57, médico ortopedista e desportista.