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Agroboy e Bicho Grilo - Setor de Ciências Humanas UFPR

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elações face a face que não se reflitam nos âmbitos mais gerais da estrutura. Essa abordagem da<br />

agência e estrutura é uma tentativa explícita <strong>de</strong> conciliação micro e macro.<br />

A teoria da estruturação diferencia-se do funcionalismo porque preten<strong>de</strong> buscar um ―(...)<br />

afastamento da tendência <strong>de</strong> ver o comportamento humano como resultado <strong>de</strong> forças que os atores<br />

não controlam nem compreen<strong>de</strong>m‖ (GIDDENS, 2003, p. XIV). Ao mesmo tempo em que esse<br />

estudo permite a compreensão sobre as instituições ele lança um esclarecimento sobre a agência.<br />

De modo diverso da concepção estruturalista, a abordagem das ciências sociais <strong>de</strong>veria ser<br />

contextual. No caso da linguagem, para enfatizarmos um exemplo, essa não seria um aparato pronto<br />

através do qual os indivíduos estariam limitados as suas regras sintáticas. Gid<strong>de</strong>ns ajuda-nos no<br />

entendimento <strong>de</strong>ssa limitação estrutural, inferindo a respeito da importância do contexto.<br />

Saber uma língua significa certamente reconhecer regras sintáticas, mas,<br />

igualmente importante, saber uma língua é adquirir um conjunto <strong>de</strong> recursos<br />

metodológicos para, ao mesmo tempo, produzir sentenças e construir (e<br />

reconstruir) a vida social nos contextos diários da ativida<strong>de</strong> social. (GIDDENS,<br />

1987, p. 288).<br />

Na teoria da estruturação o foco não é o comportamento individual, nem o fenômeno em si;<br />

tampouco o foco é inclinado à prepon<strong>de</strong>rância do social. Tem-se <strong>de</strong> fato o foco <strong>de</strong>bruçado sobre<br />

“(...) práticas sociais or<strong>de</strong>nadas no tempo e no espaço” (GIDDENS, 2003). Essa teoria ajuda-nos<br />

na compreensão do afastamento espaço-tempo do contexto do lugar, em contraponto ao que ocorria<br />

nas socieda<strong>de</strong>s pré-mo<strong>de</strong>rnas; esse distanciamento é provocado e agravado por aquilo que Gid<strong>de</strong>ns<br />

chama <strong>de</strong> sistemas abstratos. Por sua vez, os sistemas abstratos constituem-se como peça chave<br />

para se enten<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencaixe.<br />

3.4 Desencaixe, reflexivida<strong>de</strong> e a construção das novas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

A alta-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> como projeto reflexivo do eu po<strong>de</strong> ser compreendida a luz do conceito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sencaixe. A partir <strong>de</strong> uma primeira interpretação <strong>de</strong>sse conceito, percebemos que esse<br />

mecanismo ―forçaria‖ o agente em sua ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexivida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>sencaixe <strong>de</strong> um contexto e<br />

seu posterior reencaixe em outro distinto faz com que o agente se encontre submetido a escolhas, e<br />

essas são feitas a todo o momento na contemporaneida<strong>de</strong>. Essas escolhas aqui comentadas são<br />

reflexos do, e ao mesmo tempo medidas que influenciam o, contexto global. A construção das<br />

novas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s se relaciona ao processo reflexivo da escolha. A reflexivida<strong>de</strong>, por sua vez, po<strong>de</strong><br />

adquirir diversos níveis, no entanto, o agente é sempre reflexivo.<br />

A diversida<strong>de</strong> social e a amálgama <strong>de</strong> contextos vivenciados na alta-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> permitem<br />

o surgimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s extremadas. Indivíduos não apenas colecionam modos <strong>de</strong> vida, mas

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