Resposta + 2010 - BVS Ministério da Saúde
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A história de Bibby Sky, 32 anos,<br />
também é um exemplo de superação.<br />
Para conseguir se manter, contou com<br />
a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> família, situação que não<br />
corresponde à <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s travestis.<br />
Bibby também nunca abandonou a<br />
escola – outra condição incomum, pois<br />
a evasão <strong>da</strong>s instituições de ensino é<br />
uma reali<strong>da</strong>de para essas pessoas<br />
quando começam a sofrer bullying.<br />
Bibby chegou a ser aprova<strong>da</strong> no<br />
vestibular de Pe<strong>da</strong>gogia aos 17 anos,<br />
mas não concluiu o curso porque mudou<br />
para outro estado a fim de viver<br />
com um companheiro. Mais tarde, voltou<br />
para a universi<strong>da</strong>de, dessa vez no<br />
curso de Serviço Social. Contudo, a<br />
necessi<strong>da</strong>de financeira a impediu de<br />
continuar. Aos 19 anos, fez curso de cabeleireira<br />
e exerce a profissão até hoje.<br />
Paralelamente à busca por emprego,<br />
Bibby ingressou no movimento<br />
social, motiva<strong>da</strong> pela luta por direitos<br />
humanos para o segmento. o engajamento<br />
a levou à Associação <strong>da</strong>s Travestis<br />
do Rio Grande do Norte (Astra),<br />
organização não governamental que<br />
coordena há cinco anos. Na militância,<br />
empenhou-se pela criação do Centro<br />
de Referência de Combate à Homofobia<br />
(CRCH) do Rio Grande do Norte –<br />
iniciativa concretiza<strong>da</strong> no final de 2007.<br />
Bibby Sky, uma <strong>da</strong>s protagonistas <strong>da</strong> campanha<br />
publicitária “Sou travesti. Tenho direito de ser<br />
quem eu sou”, trabalha como cabeleireira<br />
A Astra-RN tem atuação constante na<br />
garantia de direitos e na conscientização<br />
sobre a importância <strong>da</strong> prevenção <strong>da</strong><br />
aids e de outras doenças sexualmente<br />
transmissíveis. Ações como essa mu<strong>da</strong>ram<br />
a forma como as travestis encaram<br />
a doença. “Demos um grande passo.<br />
Hoje an<strong>da</strong>mos sempre com camisinha<br />
na bolsa”, conta Rebeca Glitter. “Agora<br />
queremos visibili<strong>da</strong>de”, completa.<br />
Bullying é um termo inglês utilizado<br />
para descrever atos de violência física<br />
ou psicológica, intencionais e repetidos,<br />
praticados por um indivíduo ou grupo<br />
para intimi<strong>da</strong>r ou agredir pessoa<br />
incapaz de se defender.<br />
Em Natal, o CRCH trabalha com uma<br />
equipe multidisciplinar composta<br />
por advogados, psicólogos e<br />
assistentes sociais que desenvolvem<br />
ativi<strong>da</strong>des com vítimas de violência<br />
e discriminação. Também capacita<br />
profissionais de saúde e educação para<br />
li<strong>da</strong>r com o tema. A estratégia faz parte<br />
<strong>da</strong>s ações do Brasil sem Homofobia,<br />
programa do Governo Federal<br />
destinado à promoção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />
e dos direitos humanos <strong>da</strong> população<br />
LGBT, criado em 2004.<br />
Essa busca por inserção social e<br />
imagem positiva resultou na primeira<br />
campanha publicitária nacional idealiza<strong>da</strong><br />
por travestis. No começo de <strong>2010</strong>,<br />
elas produziram, em parceria com o <strong>Ministério</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Saúde</strong>, o material publicitário<br />
cujo slogan é “Sou travesti. Tenho direito<br />
de ser quem eu sou”. Além de folders<br />
informativos impressos, a campanha<br />
teve uma novi<strong>da</strong>de: materiais eletrônicos<br />
voltados às travestis, como toques<br />
de celular, descanso de tela e vídeos.<br />
As peças mostram como elas são realmente,<br />
na proximi<strong>da</strong>de com o cotidiano<br />
de ca<strong>da</strong> uma. os vídeos apresentam,<br />
por exemplo, os fatores que influenciam<br />
a escolha do nome social.<br />
Além do material sobre prevenção<br />
dirigido às travestis, há um folheto<br />
para profissionais de saúde. Nele<br />
estão conti<strong>da</strong>s informações sobre a<br />
aplicação de silicone, a aparência física,<br />
o uso do banheiro feminino e a<br />
identificação <strong>da</strong>s situações de risco<br />
que expõem as travestis à infecção<br />
pelo HIV. Para a população geral, o<br />
principal foco <strong>da</strong> campanha é a redução<br />
do estigma. Com a frase: “olhe,<br />
olhe de novo e veja além do preconceito”,<br />
as travestis se apresentam<br />
como ci<strong>da</strong>dãs, que trabalham, estu<strong>da</strong>m<br />
e possuem família, como todos.<br />
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