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Era o Guarani um Tupi - cursos de tupi antigo e língua geral

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“Língua indígena”<br />

Na “Carta ao Dr. Jaguaribe” que acrescentou a Iracema, e na qual explica por que teria<br />

escrito esta “lenda do Ceará”, ALENCAR diz:<br />

literatura. (II, 1.123)<br />

O conhecimento da <strong>língua</strong> indígena é o melhor criterio para a nacionalida<strong>de</strong> da<br />

O poeta brasileiro teria que beber <strong>de</strong>ssa fonte, aqui ele haveria <strong>de</strong> encontrar “o verda<strong>de</strong>iro<br />

poema nacional”, assim como ele, ALENCAR, imaginava. Nesta carta e nas notas, por conseguinte,<br />

<strong>um</strong> gran<strong>de</strong> espaço é ocupado pela discussão dos <strong>de</strong>talhes linguísticos.<br />

Mas no próprio texto não existem problemas <strong>de</strong> linguagem ou <strong>de</strong> compreensão. No primeiro<br />

encontro entre Iracema e Martim, a “virgem dos lábios <strong>de</strong> mel” pergunta: “Quem te ensinou,<br />

guerreiro branco, a linguagem <strong>de</strong> meus irmãos?” Ele respon<strong>de</strong> que vem <strong>de</strong> <strong>um</strong>a região que já teria<br />

sido ocupada pelos irmãos <strong>de</strong>la mas que agora pertencia aos seus (refere-se ao Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Norte). Ele diz, pois, indiretamente, que fala <strong>língua</strong> dos potiguaras, e <strong>um</strong>a vez que é compreendido<br />

por Iracema o leitor é forçado a concluir que potiguaras e tabajaras falam a mesma <strong>língua</strong>.<br />

O que na verda<strong>de</strong> se fala é o português, mas <strong>um</strong> português inteiramente novo. “Poema em<br />

prosa”, é como espontaneamente MACHADO DE ASSIS <strong>de</strong>nomina o resultado; “estylo [...]<br />

alambicado”, “inchado”, com <strong>um</strong>a “linguagem falsa”, na opinião <strong>de</strong> TÁVORA. 41<br />

<strong>Guarani</strong>, <strong>tupi</strong> ou tapuia?<br />

Qual a <strong>língua</strong> a que este português ou brasileiro <strong>de</strong>veria servir <strong>de</strong> metáfora 42 em Iracema não<br />

é dito em lugar alg<strong>um</strong> do texto; nós não ficamos sabendo qual <strong>língua</strong> falada por Martim, Iracema,<br />

Poti, Araquém e Irapuã quando eles conversam entre si – esta informação foi <strong>de</strong>slocada para as 128<br />

notas, mas nem aí a questão ficou suficientemente esclarecida.<br />

Embora nesse meio tempo ALENCAR tenha usado abundantemente o Diccionário da<br />

Língua <strong>Tupi</strong> (1858) <strong>de</strong> G. DIAS e o “Glossario [sic] do Dr. Martius” (1863), e embora os cite com<br />

menor frequência, ele não havia <strong>de</strong>sistido ainda da idéia do “guarani”. Quando diz na nota 70: “[...]<br />

boucaner. A palavra provém da <strong>língua</strong> <strong>tupi</strong> ou guarani” (II, 1.120), isto nos aparece como <strong>um</strong>a<br />

última rebeldia contra a prepotência dos pontos <strong>de</strong> vista postulados por VARNHAGEN em sua<br />

41 TÁVORA, Cartas, 170 e 317.<br />

42 Cf. MÜLLER-BOCHAT, op. cit.

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