Era o Guarani um Tupi - cursos de tupi antigo e língua geral
Era o Guarani um Tupi - cursos de tupi antigo e língua geral
Era o Guarani um Tupi - cursos de tupi antigo e língua geral
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tratado Descritivo do Brasil <strong>de</strong> GABRIEL SOARES, com suas observações e opiniões próprias<br />
sobre “os <strong>tupi</strong>s”. Tanto VARNHAGEN quanto GONÇALVES DIAS eram membros do Instituto<br />
Histórico e Geográfico Brasileiro.<br />
Em 1858 GONÇALVES DIAS publicou seu Dicionário da Língua <strong>Tupi</strong>. Desta forma, com<br />
o passar do tempo a idéia <strong>de</strong> que a quase totalida<strong>de</strong> dos índios do Brasil ainda hoje falariam “<strong>tupi</strong>”<br />
se difundiu <strong>de</strong> tal forma que a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), em 1981, através do vol<strong>um</strong>e<br />
ilustrado A verda<strong>de</strong> sobre o Índio Brasileiro, pretendia entre outras coisas enfrentar o “estereótipo”<br />
da “<strong>língua</strong> <strong>tupi</strong>” (o que certamente não era possível conseguir com duas frases apenas):<br />
Muitos ainda pensam que todos os índios do Brasil falam a <strong>língua</strong> <strong>Tupi</strong>. É <strong>um</strong> dos<br />
estereótipos, arraigados e completamente infundados. 6<br />
6.1 Conhecimento e uso da <strong>língua</strong>s indígenas do Brasil por ALENCAR<br />
Quando escreveu O <strong>Guarani</strong>, em 1857, os conhecimentos <strong>de</strong> ALENCAR a respeito dos<br />
índios e da <strong>língua</strong> indígena (assim como os <strong>de</strong> todos os brasileiros instruídos) eram bastante<br />
limitados. Além das poesias <strong>de</strong> GONÇALVES DIAS, acima mencionadas, e do Tratado <strong>de</strong><br />
GABRIEL SOARES, publicado por VARNHAGEN, ele não dispunha senão das obras <strong>de</strong> SIMÃO<br />
DE VASCONCELOS, BRITO FREIRE e ROCHA PITTA, como ele próprio informa nas Cartas<br />
sobre a Confe<strong>de</strong>ração dos Tamoios. 7<br />
Na quarta <strong>de</strong>stas Cartas ALENCAR contesta que se <strong>de</strong>va con<strong>de</strong>nar toda e qualquer poesia<br />
contendo “termos indígenas”; embora existam alguns “poetastros” que consomem seu tempo “a<br />
estudar o diccionario indígena”, mesmo assim não po<strong>de</strong>ríamos ridicularizar esta “verda<strong>de</strong>ira poesia<br />
nacional” como <strong>um</strong> todo. 8 ALENCAR fala aqui do diccionario indígena. Por essa época, portanto,<br />
ele só conhecia <strong>um</strong> único dicionário <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>língua</strong> indígena, e este só po<strong>de</strong> ter sido o Diccionario<br />
portuguez, e brasiliano, que foi publicado em 1795 em Lisboa por Frei VELOSO. Até então este<br />
era o único dicionário impresso <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>língua</strong> indígena existente no Brasil – e do qual existe <strong>um</strong><br />
exemplar na Biblioteca Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro..<br />
Po<strong>de</strong>mos concluir com segurança que ALENCAR utilizou efetivamente este dicionário pela<br />
nota que trata dos conhecimentos astronômicos dos “guaranis”. Ele introduz e apresenta a pitoresca<br />
<strong>de</strong>nominação que os guaranis têm para estrela, a saber “jacy-tatá, fogo da lua”; e a partir daí<br />
en<strong>um</strong>era as quatro fases da lua, que os guaranis observavam com exatidão (já que para cada <strong>um</strong>a<br />
<strong>de</strong>las possuíam <strong>um</strong>a <strong>de</strong>signação própria):<br />
6 A verda<strong>de</strong> sobre o Indio Brasileiro. Guavira Editores, Rio <strong>de</strong> Janeiro 1981, p.22.<br />
7 ALENCAR, cartas, ed. Castello, 58.<br />
8 ibid., 27.