forró pé-de-serra: descompasso entre letra e música - Instituto ...
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Pau <strong>de</strong> Arara<br />
“Quando eu vim do Sertão, seu moço<br />
Do meu Bodocó<br />
A maleta era um saco<br />
E o ca<strong>de</strong>ado era um nó<br />
Só trazia a coragem e a cara<br />
Viajando num pau <strong>de</strong> arara<br />
Eu penei,<br />
Mas aqui cheguei. (Bis)<br />
Trouxe um triângulo<br />
No matulão,<br />
Trouxe um gonguê<br />
No matulão<br />
Trouxe um zabumba<br />
Dentro do matulão<br />
Xote, maracatu e baião<br />
Tudo isso eu trouxe<br />
No meu matulão”.<br />
39<br />
Luiz Gonzaga/ Guio <strong>de</strong> Moraes<br />
O texto <strong>de</strong>screve a viagem do sertão para o lugar on<strong>de</strong> está. O discurso situa-se<br />
a partir do sertão <strong>de</strong> Pernambuco: “do meu Bodocó” e a presença do vocativo “seu<br />
moço” sugere um diálogo. A cena da viagem constitui-se em um retrato do êxodo<br />
rural. Muitos nor<strong>de</strong>stinos podiam se i<strong>de</strong>ntificar na <strong>de</strong>scrição da viagem <strong>de</strong> migração: o<br />
meio <strong>de</strong> transporte era um “pau <strong>de</strong> arara”, caminhão sem conforto que transportava os<br />
sertanejos. A bagagem vinha em um saco, não em uma mala, provavelmente em<br />
conseqüência da pobreza ou mesmo da simplicida<strong>de</strong> do povo em ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
se arranjar em qualquer situação. Em seguida, é afirmado que o migrante viajava