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Ano 2 ‐ Edição 2 ‐ Março 2011<br />
Bons ventos para a matriz<br />
energética brasileira Página 36<br />
AS ENCHENTES URBANAS<br />
E O PLANEJAMENTO<br />
MUNICIPAL<br />
Pág.12<br />
Leia Mais<br />
A ENGENHARIA<br />
MINEIRA E<br />
O PNLT<br />
Projeto inovador Cengefer’’ Pág. 41<br />
Pág. 32<br />
IMPRESSO ESPECIAL<br />
999 122 55 307- DR/MG<br />
SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS<br />
CORREIOS<br />
DEVOLUÇÃO<br />
GARANTIDA<br />
CORREIOS<br />
IMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT<br />
ENERGIA EM MINAS<br />
Um panorama da energia<br />
em Minas<br />
Pág. 22
Editorial | Palavra do Presidente<br />
HORA DA ENGENHARIA<br />
Em inúmeras reuniões, vários encontros, contato<br />
pessoal, surge sempre como tema e preocupação principal,<br />
a importância da engenharia e seu ensino. O Brasil está acostumado,<br />
na maioria das vezes, às soluções precipitadas,<br />
cobra-se um planejamento adequado e a necessária colaboração<br />
de quem é capaz de proporcionar o alinhamento das<br />
ideias e ações prioritárias. Sente-se o dilema de como enfrentar<br />
o desenvolvimento nacional sem a indispensável<br />
qualificação dos profissionais<br />
requisitados, face ao abandono cercando sua<br />
formação.<br />
Coloca-se em foco o ensino da engenharia,<br />
vítima de um processo de deterioração<br />
por vários fatores conjugados, entre<br />
eles, o desequilíbrio de uma formação inicial<br />
das mentes infantis, no ensino primário, em<br />
que os professores no mais das vezes, mal<br />
pagos e mal preparados se debatem com a<br />
falta de normas e orientações pedagógicas a<br />
preparar uma base suficiente ao avanço no<br />
terreno do conhecimento em crescente multidão<br />
de crianças. Desta forma, vinda dos cursos<br />
secundários com as mesmas distorções, as<br />
universidades recebem uma juventude desconectada, sem os<br />
alicerces próprios à construção do saber aplicável ao processo<br />
desenvolvimentista. Arriscam aí a sua estabilidade e<br />
conceito, obrigando as empresas a se transformarem em centros<br />
de adequação e preparo dos neos-engenheiros que<br />
preencherão o plantel de colaboradores. Infelizmente, no<br />
Brasil, pela ineficiência do poder público, a educação brasileira<br />
abandonou muitas vezes a missão pelo negócio e o<br />
lucro suplantou o aluno como objetivo final.<br />
Outrossim, profissionais altamente qualificados se<br />
afastam dos seus postos de anos de luta, seja em órgãos públicos<br />
ou nas empresas privadas, onde não se proporcionam<br />
oportunidades ou atrativos de transferir sua experiência aos<br />
que estão chegando, muitas vezes inabilitados a uma sequência<br />
lógica de sucessão na linha de frente das expansões e investimentos<br />
a que o Brasil não pode se furtar. Ressalto ainda,<br />
o perigo de nos sujeitarmos às tecnologias impostas por países<br />
que seriamente cuidam de formar seus jovens e amparar<br />
decisivamente a carreira daqueles que contribuíram para sua<br />
liderança na comunidade das nações.<br />
Na busca voraz de atender às oportunidades de trabalho, caminha-se<br />
para uma formação profissional quase, diríamos, "a<br />
toque de caixa", encurtando os cursos e matérias para mais<br />
rapidamente abastecer o mercado. Desdobra-se a engenharia<br />
em novas denominações buscando a figura do tecnólogo,<br />
ignorando muitas vezes a necessidade de uma base sólida em<br />
disciplinas aparentemente deslocadas destas titulações, mas<br />
Márcio Damazio Trindade<br />
Presidente da <strong>SME</strong><br />
de importância crucial a uma visão holística que todo engenheiro<br />
deve ter da amplidão que o seu saber proporciona à<br />
mente inquiridora.<br />
De qualquer forma, o avanço exponencial da tecnologia<br />
não nos permite ficarmos presos aos padrões do passado,<br />
exige inovação e criatividade para alcançarmos<br />
métodos de aprendizado mais eficazes aos<br />
tempos de hoje. A engenharia é movimento e<br />
renovação permanente, lançados a partir de<br />
conceitos e predicados fundamentais que não<br />
se podem ignorar.<br />
Inúmeros são os desafios que se apresentam<br />
à sociedade brasileira, ou melhor, são sempre<br />
os mesmos desafios, mas com novas<br />
roupagens, e vez ou outra, açulados na execução<br />
por eventos a satisfazerem nossas vaidades<br />
de nos equipararmos aos melhores do<br />
mundo.<br />
Eis que agora, o sediar uma Copa e uma<br />
Olimpíada provoca um rebuliço financeiro e<br />
especulativo em torno de obras que já deveriam<br />
existir, e se, necessário, alguns ajustes para receber este<br />
tipo de evento. Hoje tudo gira em torno destes projetos que<br />
não se sabe se ficarão prontos, se serão objetos de acabamentos<br />
apressados, o importante é que somos o país da<br />
Copa de 2014 para orgulho nacional e fama de um futebol<br />
que anda perdendo o seu antigo fulgor.<br />
Mas seja como for, se preparamos o Brasil para o<br />
futuro ou para a Copa, uma verdade se impõe: a necessidade<br />
de engenheiros e mão de obra auxiliar especializada para resolver<br />
os inúmeros problemas das obras e de uma carência<br />
quase absoluta de infraestrutura. Somos um país que forma<br />
cerca de 30 mil engenheiros por ano, enquanto necessitaríamos<br />
de 65 mil, mesmo assim permanecendo atrás de uma<br />
Coréia com 80 mil formandos e que não tem nossa extensão<br />
territorial, para não falar da China, que ultrapassa os 300 mil.<br />
Necessitamos com urgência rever nossas escolas,<br />
desde o primário, recebendo a prioridade nesta terra tão<br />
necessitada de conhecimento aplicado, onde falar de ciência<br />
e tecnologia e de pesquisa e inovação, é como pregar<br />
no deserto, tão tímidas são nossas reações à solução desejada<br />
para ancorar o desenvolvimento industrial, a explosão<br />
de patentes, a exploração nativa de nossas riquezas e<br />
sua transformação em solo pátrio, tudo aquilo que o bem<br />
estar da sociedade pede e espera. A presença do engenheiro<br />
em todas as áreas e atividades é ponto de partida<br />
obrigatório. É hora de fortalecer e renovar o ensino da<br />
engenharia brasileira.<br />
3
4<br />
PRESIDENTE<br />
Márcio Damazio Trindade<br />
VICE - PRESIDENTES<br />
Ailton Ricaldoni Lobo<br />
Carlos Eduardo Orsini Nunes de Lima<br />
Décio Vaz de Mello Silveira<br />
Délcio Antônio Duarte<br />
José Ciro Mota<br />
DIRETORES<br />
Alexandre Rocha Resende<br />
Enil Almeida Bréscia<br />
Ildeu Olyntho de Freitas<br />
José Henrique Diniz<br />
José Nelson de Almeida Machado<br />
Márcio Moreira<br />
Nelson Fonseca Leite<br />
Reynaldo Arthur Ramos Ferreira<br />
Sérgio Menin Teixeira de Souza<br />
Wilson Pereira de Almeida<br />
CONSELHO DELIBERATIVO<br />
Felix Ricardo Gonçalves Moutinho<br />
Fernando Henrique Shüffner Neto<br />
Guy Maria Villela Pascoal<br />
Ivan Ribeiro de Oliveira<br />
João Bosco Silva<br />
João Ricardo Barusso Lafraia<br />
José Luiz Gattás Hallak<br />
Marcos Villela Sant'Anna<br />
Marcus Rocha Duarte<br />
Olavo Machado Júnior<br />
Paulo Safady Simão<br />
Ricardo Vinhas Corrêa da Silva<br />
Shelley de Souza Carneiro<br />
Tárcio Primo Belém Barbosa<br />
Teodomiro Diniz Camargos<br />
CONSELHO FISCAL<br />
Ítalo Aurélio Gaetani<br />
José Carlos Lisboa de Oliveira<br />
Marcos de Vasconcelos Bastos<br />
Werner Cançado Rohlfs<br />
Coordenadora Editorial<br />
Alessandra Sardinha<br />
altexa78@hotmail.com<br />
Projeto Gráfico<br />
Direção de Arte<br />
Blog Comunicação e Consultoria<br />
Marcelo Fernandes Távora<br />
Bento Simão 518 - Sao bento -BH/MG<br />
(31) 3309 <strong>10</strong>36 - 9133 8590<br />
tavora007@hotmail.com<br />
Jornalista Resposnável<br />
Alessandra Sardinha<br />
RJP/MG 9.268<br />
Tiragem<br />
6 mil exemplares<br />
Distribuição Gratuita<br />
Via Correios<br />
Publicação<br />
<strong>SME</strong> - Sociedade Mineira de Engenheiros<br />
Av. Álvares Cabral, 1600 3ºandar<br />
Santo Agostinho BH/MG - CEP:30170-001<br />
Tel. (31) 3292-3962
Educação e<br />
inovação<br />
para todos<br />
Minas e<br />
Energia<br />
8<br />
Enchentes e<br />
Planejamento<br />
Urbano<br />
12<br />
A inovação<br />
vai inovar<br />
no Brasil?<br />
16<br />
A Engenharia<br />
Mineira e o<br />
PNLT<br />
22<br />
32<br />
52<br />
ÍNDICE<br />
Reportagem<br />
da capa<br />
36<br />
41<br />
46<br />
50<br />
Centro de<br />
referência e excelência<br />
em Engenharia<br />
Ferroviária - Cengefer’’<br />
Chuveiro<br />
o vilão da<br />
energia<br />
Engenheiro<br />
do ano<br />
Revitalização<br />
do Instituto<br />
de Pesquisa<br />
5
6<br />
ART | A Responsabilidade Civil do Engenheiro<br />
ART-0086<br />
Por Patrícia Fernandes<br />
De acordo com a Lei Federal 6496 de<br />
07 de dezembro de 1977, todo contrato para<br />
prestação de serviços por engenheiro, agrônomo,<br />
geógrafo e meteorologista, seja ele profissional<br />
autônomo ou com vínculo<br />
empregatício, está sujeito à Anotação de Responsabilidade<br />
Técnica - ART.<br />
O documento deve ser preenchido e assinado<br />
pelo profissional e pelo seu contratante,<br />
para registro no Conselho Regional de Engenharia,<br />
Agronomia - CREA da região onde os serviços<br />
serão executados.<br />
Além de ser uma necessidade legal, o<br />
profissional, ao registrar os projetos de sua autoria<br />
no CREA ao longo da carreira, forma um<br />
acervo técnico de propriedade legal, reconhecido<br />
pelas empresas na análise de seu currículo.<br />
Parte da taxa recolhida para o registro<br />
da ART é destinada à entidade de classe escolhida<br />
por opção do profissional, para aplicação em projetos<br />
de valorização da profissão e do profissional<br />
e de outras atividades associadas às suas<br />
atividades. O formulário para preenchimento dos<br />
dados está disponível no site do CREA-MG, mas<br />
o registro pode ser feito pela internet.<br />
LEMBRE-SE!<br />
Ao preencher o campo<br />
“entidade de classe” na ART,<br />
escolha a <strong>SME</strong> através do código<br />
0086. Assim, você ajuda<br />
a <strong>SME</strong> a representar a engenharia<br />
e oferecer os melhores<br />
cursos, serviços, convênios e<br />
produtos para você.
8<br />
EDUCAÇÃO | Qualificação<br />
Educação e inovação para todos<br />
Por Ronaldo Gusmão<br />
O discurso da inovação está em todos os lugares: nos governos<br />
estaduais recém-empossados, em vários ministérios<br />
do governo federal, na Confederação Nacional das Indústrias<br />
(CNI) e nas federações estaduais. Mas por que esse<br />
discurso, ou melhor, as práticas inovadoras, não mobilizam<br />
os profissionais da educação e suas instituições?<br />
Países desenvolvidos que já deram um salto educacional, têm<br />
incentivado a criatividade e incrementado a capacidade de<br />
inovar de seus estudantes e professores. Isso acontece porque<br />
tais nações já perceberam que estamos em uma sociedade<br />
do conhecimento, na qual a informação é matéria-prima<br />
abundante que precisa ser transformada pela criatividade e<br />
pelo espírito inovador em serviços e produtos.<br />
No último Programa Internacional de Avaliação de Aluno<br />
(PISA) – que mede a capacidade de leitura e o aprendizado<br />
de estudantes de 15 anos de idade, sobre matemática e<br />
ciências de 65 países – o Brasil ocupou a vergonhosa 53º<br />
posição.<br />
Numa tentativa de melhorar a educação no país, o Governo<br />
Federal encaminhou para aprovação do Congresso o Plano<br />
Nacional de Educação para os próximos <strong>10</strong> anos. Este plano<br />
pretende fixar o investimento na área em 7% do PIB, dois<br />
pontos percentuais acima do praticado atualmente.<br />
O aumento é necessário. Sem educação não há mão de<br />
obra qualificada, sem qualificação não há melhores salários.<br />
Ou seja, sem educação e qualificação continuaremos com<br />
sérios problemas de distribuição de renda no país.<br />
O problema vai além, e é cíclico. Sem educação e qualificação<br />
estamos, ainda, fadados a inovar cada vez menos, mo-
site revista exame<br />
Escola estadual Osório de Moraes, em Minas Gerais: exemplo de qualidade de<br />
ensino para o Brasil, que ainda está longe dos melhores do mundo<br />
vimento que reduz a competitividade<br />
nacional. Como consequência, os salários<br />
diminuem e cresce a má distribuição<br />
da renda. Voltamos, portanto, ao<br />
início da questão.<br />
A pesquisa de Inovação Tecnológica<br />
(Pintec), realizada pelo IBGE (Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística)<br />
e divulgada recentemente,<br />
mostrou que das <strong>10</strong>6,8 mil empresas<br />
pesquisadas, 41,3 mil implementaram<br />
um produto e/ou processo novo<br />
entre 2006 e 2008. O percentual de empresas que<br />
investem vem caindo ao longo das quatro edições: de<br />
1988 a 2000, <strong>10</strong>,29%; de 2001 a 2003, 5,8%; de 2003<br />
a 2005, 5,5%, e de 2005 a 2008, 4,2%.<br />
A falta de mão de obra qualificada para inovação é, certamente,<br />
um dos motivos da queda. Dos 73,265 mil profissionais<br />
que integravam o quadro das empresas que<br />
participaram da pesquisa, apenas <strong>10</strong>,292 mil eram pósgraduados<br />
e 35,051 mil graduados.<br />
As empresas de TI que vangloriam altos investimentos no<br />
desenvolvimento de tecnologia de ponta, seguem na mesma<br />
linha. Das 2,514 mil corporações que participaram da pesquisa,<br />
apenas 328 destinaram recursos a P&D, área que emprega<br />
somente 3,367 mil profissionais de um universo de<br />
201 mil pessoas. Quando o assunto é qualificação, o problema<br />
fica mais evidente: menos de <strong>10</strong>% dos empregados<br />
que implementaram inovação, possuem pós-graduação.<br />
Em contrapartida, a produção científica nacional,<br />
medida pelo número de publicações científicas e<br />
elaborada pela SCImago Jorunal & Country Rank,<br />
cresceu nos últimos anos. O Brasil já é o 14º no<br />
ranking mundial.<br />
A posição é bastante positiva quando analisada isoladamente.Porém,<br />
é insuficiente quando pensamos que atualmente<br />
somos a oitava economia do mundo.<br />
O mesmo acontece com a quantidade de patentes registradas<br />
no país. De acordo com o Instituto Nacional de<br />
Propriedade Intelectual (Inpi), o número de patentes brasileiras<br />
cresceu 75% entre 2005 e 2009, saltando de 9,643<br />
mil para 16,878 mil. Entretanto, quando confrontados com<br />
outros países, os dados perdem o brilho. No mesmo período,<br />
a China requereu 300 mil patentes, enquanto os Estados<br />
Unidos chegaram próximos de 480 mil. Embora os<br />
números sejam positivos, os asiáticos não estão satisfeitos.<br />
Até 2015, a China tem como objetivo requerer 1 milhão<br />
de patentes ao ano.<br />
Se a indústria brasileira já sofre com a ameaça dos produtos<br />
chineses, imagine como será no futuro. Imaginou?<br />
Ótimo, agora, aja. Faça hoje, o necessário para evitar os<br />
males de amanhã.<br />
É necessário investir hoje, em qualificação de mão de obra,<br />
principalmente no que diz respeito à gestão da inovação.<br />
O brasileiro é um povo criativo, possui garra. Falta, porém,<br />
conhecimento para transformar as ideias em projetos que<br />
tragam resultados concretos. Educação e inovação para<br />
todos, dos estudantes aos professores, dos empresários aos<br />
políticos.<br />
Leandro Bifano<br />
Ronaldo Gusmão é<br />
presidente do Ietec e<br />
coordenador-geral da<br />
Conferência<br />
Latino-Americana<br />
sobre Sustentabilidade<br />
(Ecolatina)<br />
9
<strong>10</strong><br />
PLANEJAMENTO URBANO | Integração<br />
Articulador da<br />
consciência coletiva<br />
Por Teodomiro Diniz Camargo - Instituto Horizontes<br />
Criado em abril de 2000, o<br />
Instituto Horizontes é uma organização<br />
da Sociedade Civil de Interesse<br />
Público (Oscip), sem fins lucrativos,<br />
formada por voluntários, entre profissionais<br />
liberais, empresários, intelectuais<br />
e pessoas de diversos segmentos<br />
da sociedade, que têm procurado oferecer<br />
sua contribuição ao desenvolvimento<br />
planejado e sustentável da<br />
metrópole.<br />
Sempre que nos perguntam<br />
o que o Instituto “faz de concreto”,<br />
costumo responder que a principal<br />
função do IH tem sido a de ‘articulador<br />
da consciência coletiva’, buscando<br />
motivar, provocar e induzir<br />
pessoas, entidades, empresas e autoridades<br />
a se movimentarem, a agirem<br />
em favor da melhoria das condições<br />
de vida em nossa cidade e nas que a<br />
cercam.<br />
Isto não significa que o Instituto<br />
tenha uma atitude passiva, de distanciamento<br />
dos problemas. Ao<br />
contrário, a história de pouco mais de<br />
dez anos da entidade mostra que ela<br />
teve – e continua tendo – iniciativas<br />
relevantes para a área metropolitana<br />
de Belo Horizonte, sempre em parcerias<br />
produtivas.<br />
Nosso trabalho começou,<br />
por exemplo, com a elaboração de um<br />
Diagnóstico da Grande BH, documento<br />
que é ainda hoje, possivelmente,<br />
o mais completo acervo de<br />
dados sobre a região e que tem servido<br />
de base a outros estudos e pro-<br />
jetos. Depois, o IH desenvolveu, por<br />
demanda do governo estadual, um<br />
alentado Plano de Ações Imediatas<br />
(PAI) para o Vetor Norte, que orientou<br />
decisões já implementadas ou em<br />
implementação, relacionadas com o<br />
crescimento daquela região, a partir<br />
da construção da Cidade Administrativa<br />
e da Linha Verde.<br />
Mais recentemente, o Instituto<br />
fez estudo similar para o Vetor Sul,<br />
o Plano de Ações Estratégicas, em parceria<br />
com o empresariado daquela região,<br />
que deu origem a uma série de<br />
iniciativas para ordenar o crescimento<br />
sustentável da área, minimizando os<br />
efeitos indesejáveis, envolvendo o próprio<br />
empresariado, o Ministério Público,<br />
autoridades estaduais e municipais.
Vale lembrar, também, que<br />
partiu do Instituto, em parceria<br />
com a Fiemg, a iniciativa de elaborar<br />
o estudo de requalificação do<br />
Anel Rodoviário de Belo Horizonte,<br />
para transformá-lo em Avenida<br />
Metropolitana, projeto que<br />
está prestes a ser implantado.<br />
Neste momento, o Instituto<br />
está mergulhado na realização<br />
do Plano de Ações Estratégicas<br />
para o Vetor Noroeste, em busca<br />
de um diagnóstico atualizado e de<br />
definição de soluções consensuais<br />
para os problemas daquela região,<br />
que é, possivelmente a mais sofrida<br />
de toda a RMBH.<br />
Em todos esses projetos,<br />
o Instituto tem contado com a<br />
parceria de entidades, empresas e<br />
órgãos públicos, não apenas para o<br />
financiamento dos trabalhos, mas<br />
principalmente para garantir que<br />
seus estudos e suas conclusões<br />
não sejam resultado apenas da<br />
competência técnica de especialistas<br />
– sempre desejável – mas agregue<br />
também a sensibilidade do<br />
cidadão comum, que é, ao cabo e<br />
ao fim, o destinatário final de toda<br />
ação voltada para a melhoria das<br />
condições de vida em nossa cidade.<br />
Vale registrar que tem<br />
sido grande a participação de profissionais<br />
da Engenharia em nosso<br />
Instituto, o que torna ainda mais<br />
pertinente nossa aproximação<br />
com a Sociedade Mineira de Engenheiros,<br />
neste momento em que<br />
comemora mais um aniversário e<br />
inicia uma nova etapa de sua vida.<br />
Afinal a <strong>SME</strong> e o IH têm responsabilidades<br />
comuns nisso que tenho<br />
chamado de “articulação da consciência<br />
coletiva”, em busca de<br />
novos e melhores tempos.<br />
Teodomiro Diniz Camargo é engenheiro<br />
e presidente do Conselho Deliberativo<br />
do IH - Instituto Horizontes e da <strong>SME</strong><br />
11
12<br />
METRÓPOLES | Planejamento Urbano<br />
AS ENCHENTES URBANAS E O<br />
por José Nelson de Almeida Machado<br />
As recentes inundações e<br />
deslizamentos de encostas ocorridas<br />
na região serrana do estado do Rio de<br />
Janeiro e no sul de Minas retomam<br />
uma velha discussão acerca de negligências<br />
da administração pública no<br />
sentido de sua prevenção, principalmente<br />
no que se refere a perdas de<br />
vidas humanas.<br />
A gestão da drenagem urbana<br />
compõe com os serviços de<br />
abastecimento de água, esgotamento<br />
sanitário e lixo o conjunto definido<br />
pela Lei 11.445/07 (Lei nacional de di-<br />
retrizes do saneamento básico) designado<br />
por saneamento básico. O município<br />
é o titular e, portanto o<br />
responsável final pelo saneamento,<br />
mesmo que alguns destes serviços<br />
sejam concedidos a prestadores de<br />
serviço especializados (caso típico<br />
dos serviços de água e esgoto).<br />
Na própria evolução histórica<br />
da gestão desses serviços, o<br />
abastecimento de água em nosso país<br />
sempre foi prioridade absoluta, resultando<br />
na situação de um serviço praticamente<br />
universalizado. Pode-se<br />
questionar, em alguns casos, a qualidade<br />
do atendimento como intermitências,<br />
qualidade da água distribuída<br />
e perdas excessivas, mas o fato é que,<br />
com raras exceções o indicador de<br />
cobertura é de praticamente <strong>10</strong>0%.<br />
Já não se pode dizer o<br />
mesmo dos serviços de esgotamento<br />
sanitário, em que ocorrem razoáveis<br />
níveis de cobertura de redes<br />
coletoras, mas um constrangedor<br />
percentual de volumes tratados. Em<br />
Minas Gerais o índice de tratamento<br />
está por volta de 30%, concentrado
PLANEJAMENTO MUNICIPAL<br />
em grandes cidades, o que resulta<br />
em uma infinidade de municípios<br />
sem qualquer tratamento, gerando<br />
graves danos aos recursos hídricos.<br />
A prestação dos serviços de<br />
resíduos sólidos urbanos apresenta<br />
uma situação parecida com a de esgotos.<br />
Os índices de população atendida<br />
com a coleta atingem percentuais elevados,<br />
mas a destinação final, entendida<br />
como reciclagem ou encaminhar a um<br />
aterro sanitário são insignificantes.<br />
Estes três serviços de sa-<br />
neamento impactam diretamente o<br />
dia a dia das pessoas sendo, por isto,<br />
mais exigidos das administrações<br />
municipais. Além disto, dispõem de<br />
cobertura financeira própria, ainda<br />
que nem sempre em nível adequado<br />
de sustentabilidade. Água e esgoto<br />
são remunerados com base em medições<br />
e tarifas e o lixo é taxado<br />
junto com o pagamento do IPTU.<br />
O quarto componente, a<br />
drenagem apresenta uma maior complexidade,<br />
constituindo uma das principais<br />
fontes de vulnerabilidade urbana<br />
e tem preocupado especialistas devido<br />
à sua gestão inadequada, o que traz<br />
como consequências o comprometimento<br />
das fontes de abastecimento<br />
pela contaminação dos mananciais superficiais<br />
e subterrâneos; erosão e produção<br />
de sólidos; inundações urbanas,<br />
contaminação, danos materiais e principalmente<br />
vítimas. A drenagem urbana<br />
não dispõe de fonte específica de<br />
taxação o que inviabiliza a vários municípios<br />
constituírem equipes técnicas<br />
especializadas em sua gestão. Esta situação<br />
é agravada pelo fato de que as<br />
enchentes não ocorrem todos os<br />
13
14<br />
METRÓPOLES | Planejamento Urbano<br />
anos, o que leva ao esquecimento nos<br />
intervalos de bonança e, convencer os<br />
gestores públicos a priorizarem tais<br />
serviços, torna-se frequentemente tarefa<br />
impossível.<br />
A correta gestão das águas<br />
urbanas está intrinsecamente ligada ao<br />
uso correto do solo, que deveria se<br />
pautar pelos planos diretores (estes<br />
nem sempre estão disponíveis). Porém,<br />
o que se constata na maioria das cidades<br />
é a proliferação de assentamentos<br />
informais, desobedientes aos planos diretores;<br />
a alta densidade de ocupação<br />
no espaço; a ocupação de áreas de<br />
risco; e a urbanização sem infraestrutura<br />
sustentável, resultando em impacto<br />
sobre a própria população. Essa<br />
prática continuada leva, entre outras<br />
consequências, ao desaparecimento<br />
dos rios urbanos, pois a pressão e exploração<br />
do espaço fazem com que os<br />
rios sejam cobertos ou desapareçam<br />
(SILVÉRIO, 2008).<br />
Inundações em Belo Horizonte<br />
De forma geral, as inundações em<br />
áreas urbanas podem ser resolvidas<br />
por meio de soluções estruturais e<br />
não estruturais. Ambas alternativas se<br />
aplicam, isoladamente ou combinadas.<br />
Uma solução não estrutural que pode<br />
ser adotada para a bacia seria o controle<br />
da ocupação urbana principalmente<br />
nas áreas próximas às<br />
nascentes e planícies de inundações<br />
dos cursos de água. Esse controle<br />
pode ser feito através de mudanças<br />
nas leis de uso e ocupação do solo<br />
dos municípios integrantes da bacia,<br />
por exemplo.<br />
Devem ser providenciadas<br />
revisões nas legislações municipais<br />
(planos diretores, parcelamento do<br />
solo, etc.) com o intuito de garantir a<br />
manutenção de taxas mínimas de permeabilidade<br />
do solo e até mesmo a<br />
implantação de dispositivos de compensação,<br />
como por exemplo: microreservatórios<br />
de detenção, trincheiras<br />
de infiltração, pavimentos permeáveis,<br />
entre outras técnicas alternativas.<br />
Um outro ponto é a preparação<br />
da população para o convívio<br />
com as enchentes com o objetivo de<br />
prevenir mortes em decorrência das<br />
inundações. É baseado num sistema de<br />
detecção de chuvas, comunicação em<br />
tempo hábil e a disponibilização de<br />
núcleos capacitados para remover a<br />
população das áreas afetadas.<br />
Entre os fatores responsáveis<br />
pela crise neste componente é a<br />
pouca disponibilidade financeira das<br />
prefeituras para dar continuidade à<br />
construção de um sistema de canalizações,<br />
em geral muito caro, além dos<br />
custos inerentes à sua manutenção.<br />
Somada a esta dificuldade tem sido<br />
também a escassez de programas de<br />
financiamento de obras públicas aos
municípios por parte da União - recai<br />
sobre as administrações municipais o<br />
fardo mais pesado do ônus financeiro<br />
dos custos de implantação e manutenção<br />
dos sistemas de prevenção e controle<br />
de inundações. O que agrava<br />
ainda mais esta situação é o fato de os<br />
municípios não disporem de meios de<br />
tributação pela prestação destes serviços.<br />
Assim, as prefeituras acabam<br />
executando obras improvisadas sem<br />
seguir um planejamento consistente.<br />
Com a aprovação da Lei de<br />
nº 11.445/07 foi significativamente<br />
mudado o paradigma da participação<br />
do governo federal nas obras de saneamento.<br />
Limitação de recursos<br />
sempre existiu, mas a disponibilidade<br />
de um planejamento favorece a obtenção<br />
de recursos. Esta lei determina em<br />
seu artigo de nº 19 a obrigatoriedade<br />
da elaboração do Plano Municipal de<br />
Saneamento, sendo assegurada ampla<br />
divulgação das propostas e dos estudos<br />
que as fundamentam, inclusive<br />
com a realização de audiências ou<br />
consultas públicas. A própria condução<br />
das etapas do plano, com as adequadas<br />
audiências e consultas públicas<br />
ensejará uma participação motivada<br />
da sociedade de forma a reverter o<br />
atual quadro de desinformação e desinteresse.<br />
O quadro a seguir mostra<br />
a mudança de paradigma sobre a drenagem<br />
urbana.<br />
A Prefeitura de Belo Horizonte<br />
constitui um bom exemplo de<br />
equacionamento dos problemas de<br />
drenagem urbana. Apesar de haver o<br />
registro de várias ocorrências de inundações,<br />
existe um planejamento consistente<br />
de longo prazo e um sistema<br />
de alerta com a participação das comunidades<br />
localizadas em áreas de risco.<br />
O desenvolvimento de um<br />
plano de drenagem incluindo sistemas<br />
de monitoramento e alerta, constitui<br />
um importante fator de salubridade e<br />
de segurança das cidades. Pode, em<br />
muitos casos não conseguir impedir as<br />
perdas materiais, mas com certeza previne<br />
a perda de vidas como o ocorrido<br />
no Rio de Janeiro.<br />
José Nelson de Almeida Machado é engenheiro sanitarista<br />
e ambiental – Diretor da <strong>SME</strong> e consultor de<br />
saneamento e gestão de recursos hídricos. Associado<br />
fundador e diretor geral da Agência Executiva de<br />
apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo –<br />
AGB Peixe Vivo. Membro do CBH Velhas. É consultor<br />
na área de desenvolvimento de eficiência operacional<br />
e sustentabilidade financeira e ambiental em sistemas<br />
de saneamento, gestão de recursos hídricos e<br />
de resíduos industriais. Ex-presidente do Conselho Municipal<br />
de Limpeza Urbana e membro do COMUSA-<br />
Conselho Municipal de Saneamento de Belo Horizonte<br />
e do CERH – Conselho Estadual de Recursos<br />
Hídricos. Convidado pela UNESCO para participar<br />
do Global City Water Futures Summit, em 2009 em<br />
Delft – Holanda pelo “reconhecimento como liderança<br />
no gerenciamento de águas urbanas em Belo<br />
Horizonte. Contato: jnam@uai.com.br<br />
15
16<br />
ARTIGO | Inovação<br />
A INOVAÇÃO VAI INOVAR NO BRASIL?<br />
Por Jorge Raggi<br />
“Conhecer é fabricar,” reafirma Piaget. (1)<br />
Engenharia é inovação. Podemos somar ao movimento<br />
atual de persuasão de inovação interagindo na construção.<br />
O processo evolutivo do saber humano e do conhecimento<br />
para a ação é construído por Konrad Lorenz (2)<br />
com a seguinte fundação: o que pensamos é quase sempre<br />
errado, porém o que aprendemos a fazer, é quase<br />
sempre certo.<br />
Primeiramente formamos uma ideia, depois a confrontamos<br />
com a experiência e com os dados que percebemos<br />
na nossa visão da realidade, de outros que possam colaborar,<br />
e concluímos se podemos avançar para as ações.<br />
Essas comparações sucessivas entre as percepções internas<br />
e as realidades do mundo exterior é um método de<br />
conhecimento denominado de pattern matching (modelagem<br />
que vai se fazendo) por Karl Popper e Donald<br />
Campbell. Essa cognição é encontrada em uma forma
em mais simples nos níveis mais inferiores dos<br />
processos vitais ao estudar a evolução da vida.<br />
No pensamento consciente são suposições seguidas<br />
de confirmações ou não. O que pensamos<br />
ser certo e se demonstra errado pode em outras<br />
provas exigir o abandono ou criar novos<br />
pensamentos – é a formação de hipóteses e verificações<br />
– o teste da realidade.<br />
A hipótese é um andaime na construção do conhecimento<br />
que poderá ser demolida no avanço<br />
das ações. Quem lança uma hipótese deve agradecer<br />
àqueles que lhe mostram a insuficiência,<br />
pois toda verificação consiste em provar que ela<br />
resiste às tentativas de refutação. Cada hipótese<br />
permite incorporar dados que podem gerar outras<br />
mais adaptáveis à realidade. A maioria de<br />
nós, no estado consciente, ama suas hipóteses.<br />
Um exercício doloroso, mas que nos mantém jovens<br />
e saudáveis, é dedicar-se todos os dias,<br />
como se fosse uma ginástica matinal, a se desfazer<br />
de uma hipótese querida, de hábitos de pensamentos.<br />
Uma hipótese obtida empiricamente de observações,<br />
de intuições, de deduções, pode se tornar<br />
uma inovação com as experimentações e modelagens<br />
que vão se adaptando à realidade. Uma das<br />
representações do processo de inovação é Capital<br />
+ Trabalho + Riscos, que se traduz em um<br />
sistema com auto-regulação e instala um círculo<br />
virtuoso.<br />
Não há aplicação de capital e trabalho sem riscos.<br />
“A coragem é mais necessária do que a<br />
sorte: aquela faz nascer esta,” disse Napoleão Bonaparte(3).<br />
Mas como inovar no Brasil com legislação<br />
trabalhista paternal e ultrapassada; um<br />
meio ambiente onde as partes da sociedade não<br />
se entendem; uma infraestrutura desanimante;<br />
tributos elevados; juros altos; baixos níveis de<br />
compreensão na escolaridade; a cultura ibérica<br />
de leis – normas – regulamentos – portarias –<br />
sem decisões para não comprometer os funcionários<br />
(que sentem desprotegidos em suas<br />
ações) e os órgãos públicos que não interagem.<br />
Como inovar no Brasil com uma “selva burocrática<br />
e jurídica formada por 183 mil normas legais”.<br />
Este número citado pelo deputado federal<br />
Cândido Vaccarezza(4) é ainda reforçado quando<br />
ele diz que “a Câmara não pode ser obstáculo às<br />
17
18<br />
ARTIGO | Inovação<br />
reformas tributárias, previdenciárias, políticas e trabalhistas”.<br />
Se ele usa a expressão “ a Câmara não pode ser obstáculo”<br />
posso traduzir que ainda é um obstáculo, ao invés<br />
de ser a solução. E se, como é de nossa cultura ibérica,<br />
as reformas que vierem piorarem aumentando a complexidade<br />
e a interação de leis, normas, portarias, e as protelações<br />
nas decisões?<br />
Uma das respostas pode estar com Eliezer Batista:<br />
“contribuir para a melhoria de nossa autoestima e mostrar<br />
que, unidos, temos condições de modernizar e tornar<br />
o Brasil melhor e mais justo”(5). Estas palavras que<br />
lembram as atribuídas a Tiradentes e outros notáveis,<br />
pode, de modo inovador se transformar em realidades.<br />
Uma proposta que possa impactar e fazer com que a<br />
base da população sinta melhorias reais, desenvolvendo<br />
a capacidade de confiar em si próprio, fazendo nascer,<br />
crescer, e produzir cada vez mais.<br />
Uma proposta aqui apresentada para alavancar a autoestima<br />
brasileira seria um conjunto de planos – projetos<br />
– PPP’s (Parcerias Públicas Privadas) visando,<br />
efetivamente, mudar as condições de transportes –<br />
urbanos, rodoviários, aeroviários e portuários. Poderia<br />
transformar nossa BelÍndia em um país com mais respeito<br />
com grande parte da população, que com seu<br />
trabalho faz o Brasil crescer. Grande parte da população<br />
urbana viaja quatro horas por dia, toma quatro lotações,<br />
trabalha mais de oito horas, vivendo em altos<br />
níveis de estresses para construir, limpar nossas cidades,<br />
constituindo uma escravidão moderna que parece<br />
não ter fim.<br />
Seria uma inovação de grande impacto na qualidade de<br />
vida e na autoestima de todos nós brasileiros tornar o<br />
transporte ágil, confortável, para criar novas condições<br />
de trabalho.<br />
Criar um espírito de corpo inovador em grande parte da<br />
população, acabando com estas senzalas distantes , mas<br />
muito mais reais que as antigas na época da escravidão.<br />
Acabando com vários brasis dentro de um Brasil, como<br />
foi a tomada do alto do Complexo do Alemão, RJ, no dia<br />
28 de novembro de 20<strong>10</strong> e fincada a bandeira brasileira<br />
como se lá não fosse território do país. Ao invés de uma<br />
luta insana de tentar tornamos todos iguais – o que não<br />
é humano – dar mais oportunidades a todos.<br />
Um processo inovador visando melhoria de autoestima de<br />
grande parte da população pode ter efeitos multiplicadores<br />
desenvolvendo pessoas mais saudáveis, mais criativas, no ambiente<br />
de trabalho de todos nós. A proposta da modernização<br />
dos transportes pode ter o sucesso que obtivemos como<br />
o que criamos para sair do círculo destrutivo da inflação, com<br />
muita vontade política, vários erros, vindo a acertar com o<br />
Plano Real. Pode balizar Planos Inovadores de Transportes.<br />
Talvez nos transportes está um fio condutor de impactos em<br />
inovações no Brasil. O atual sistema de transportes, engessado,<br />
tem muitos beneficiários. Inová-lo vai significar muitas<br />
lutas. Mas se atuarmos em uma frente que pode criar um espírito<br />
de corpo no desenvolvimento e na qualidade de vida<br />
geraria uma cultura capaz de alterar o que temos de ibérico<br />
– ao invés da ação com riscos, fazemos leis, normas e portarias,<br />
que vão depender de regulamentações, aceitações, e práticas<br />
que nunca serão transformadas em ações.
As bases históricas da inovação podem ensinar muito o<br />
como fazer. Maquiavel, cap. VI, escreveu em “O Príncipe” :<br />
“Deve-se ter em conta que não há nada mais difícil de<br />
ser realizado, nem de sucesso mais duvidoso, nem de<br />
maior perigo e manejo, do que o estabelecimento de<br />
grandes inovações, pois o legislador tem por inimigos a<br />
todos aqueles que viviam bem no regime anterior, e só<br />
encontra tímidos defensores entre os favorecidos com o<br />
novo. Timidez é produto, em parte, do medo dos adversários<br />
favorecidos pelas antigas leis e, pela natural incredulidade<br />
dos homens que não estão convencidos de que<br />
uma coisa nova seja boa até que a experiência o prove.<br />
Isto faz com que os adversários de inovações formem<br />
um partido para combatê-las na ocasião propícia e, os<br />
que as defendem o fazem francamente, de forma que uns<br />
e outros representam um perigo para o novo regime.”<br />
“Para se tratar a questão a fundo, é preciso ver se os<br />
inovadores o são por iniciativa própria ou se tem que<br />
os apóie, isto é, se, para realizar sua empresa precisam<br />
apelar para a persuasão ou se podem empregar a<br />
força, pois no primeiro dos casos, sempre fracassam<br />
sem conseguir nada.” A força citada por Maquiavel era<br />
militar. Hoje se traduz, além desta, por poder financeiro,<br />
político, da imprensa, da internet, e a mais importante,<br />
grande mobilização da sociedade para inovar.<br />
A inovação vai inovar no Brasil? – A resposta dependerá<br />
se substituirmos a cultura ibérica – de leis, normas, regulamentos,<br />
portarias, que significa também falta de coragem<br />
– por ações. Uma inovação desta pode gerar<br />
outras inovações de vulto.<br />
Jorge Raggi, engenheiro geólogo, diretor da Geoconomica Minas<br />
(www.geoconomica.com.br) com atuação na área mineral, industrial e<br />
ambiental. Foi professor de engenharia de produção na Escola de<br />
Minas de Ouro Preto, (UFOP), e na Universidade Federal de Minas Ge-<br />
rais,(UFMG). Representou o Brasil no seminário de Proteção Ambiental,<br />
na cidade de Yalta, Ucrânia, convidado pela ONU. Possui várias publica-<br />
ções na área de engenharia de produção e ambiental. Autor do livro<br />
“Perícias Ambientais: Solução de Controvérsias e Estudos de Casos”, da<br />
Qualitymark, RJ, e do livro “Talento & Oportunidades”, da E-Papers, RJ.<br />
REFERÊNCIAS<br />
(1) – Jean Piaget em seu livro “Sabedoria e Ilusões da Filosofia”, Ed. Abril,<br />
SP, 1975, pág. 308, citando o filósofo francês Jacques Maritan.<br />
(2) – K. Lorenz em “Oito Pecados Mortais do Homem Civilizado”, Ed.<br />
Brasiliense, SP, 1988, pág. 86-91.<br />
(3) – Maquiavel em “O Príncipe” – Anotado por Napoleão Bonaparte,<br />
Ed. Rio, 1979, pág. 35.<br />
(4) – Revista Veja, 08/12/20<strong>10</strong>, “Entrevista”, Ed. Abril, SP, pág. 24.<br />
(5) – Eliezer Batista em comunicação pessoal, 05/03/2009
20<br />
ARTIGO | Inovação<br />
Inovação<br />
Novas ideias, ação e produtividade são palavras chaves<br />
quando se trata de inovação. Em meio um cenário<br />
competitivo, inovar é questão de sobrevivência.<br />
É ter capacidade de promover avanços, competir e<br />
se manter, de forma sustentável, no mercado.<br />
Embora esse discurso pareça primário e monótono,<br />
muitos confundem inovação com ideia, com o discursivo.<br />
Apenas ter ideias não é inovar, para isto se<br />
faz necessário conhecimento (ação e produtividade).<br />
“...A verdadeira sabedoria das nações é a experiência”<br />
(Napoleão Bonaparte). Brilhante!! Experiência é ter<br />
conhecimento, agir, analisar e ter resultado e isso é ser<br />
sábio.<br />
Inovar é nada mais nada menos que novidade e renovação,<br />
ou seja, mudança. Sendo esta significando sair de<br />
um estado de conforto, traduz um fator inibidor da inovação.<br />
Apresenta custos, riscos, capacidade de absorção<br />
de novas ideias e disponibilidade de recursos humanos.<br />
É fator inibidor em um perfil de sociedade que vive
sobre normas e regras conflitantes, criadas e modificadas<br />
a uma velocidade que o medo de inovar aumenta<br />
exponencialmente.<br />
A (regra da) lei é que garante o funcionamento do sistema<br />
de inovação em países com tal característica,<br />
sendo que no Brasil há 18 mil normas legais e a cada<br />
dia útil são editadas 46 normas tributárias (IBPT) o sistema<br />
não funciona, ele é amedrontado pela vulnerabilidade<br />
da interpretação de tantas leis. E essa é a grande<br />
armadilha que protege a incompetência na ação. Logo,<br />
com esta “camisa de força” não há confiança, sem confiança<br />
não há aposta, sem aposta não há inovação.<br />
Somos ruins em inovação, ruins pois nos entregamos a<br />
neurose da mudança e da condenação. Medo brasileiro de<br />
assumir responsabilidades, responder por um ato, agir.<br />
Mantemos em nossos discursos exemplares e primorosos<br />
a ideia de inovar, mas como dito a ideia, apenas a ideia. Traduzindo,<br />
agimos não como falamos, somente falamos.<br />
E aquela grande dúvida: “Então como inovar? Como<br />
inovar sem enforcar-se em meio tantas normas, regras<br />
e tributações?”<br />
Se conseguíssemos passar por reformas tributárias, previdenciárias,<br />
trabalhistas, ambientais e lutar contras os<br />
juros elevados, conseguiríamos alterar o que temos de<br />
ibérico –“entraríamos em um modelo mais livre de tantas<br />
leis e normas e com mais ações que daria início ao<br />
processo que é inovar”. - Sendo assim, bem-vindo a era<br />
da inovação!<br />
Como exemplo, falar de inovação é falar do sistema de<br />
transporte brasileiro ou melhor, falar de ausência e ne-<br />
cessidade de inovação. Assunto que é de conhecimento,<br />
porém faz parte apenas de um discernimento ilustre sendo<br />
sua ação contraditória ou inexistente.<br />
Um sistema falho e paralisado onde trabalhadores se<br />
tornaram escravos do mesmo, permanecendo sob seu<br />
domínio durante horas do dia e onde a economia sofre<br />
perdas devidas sua infraestrutura. Alterações que apenas<br />
mascaram as lacunas daqueles que são prejudicados<br />
e esgotados pelo seu uso (direto ou indireto). Nada de<br />
inovação! Inovar é modificar e ter resultado dentro de<br />
um contexto onde os personagens do sistema sintam<br />
os impactos positivos dessa renovação.<br />
O potencial inovador está naqueles que enxergarem e<br />
alcançarem além de seus passos, assim como observar<br />
ao seu redor as coisas sem preconceitos, sem limitações<br />
e sem formulários. Como disse Steven Jobs, criativo<br />
e inovador do século 21, “É maravilhoso ter uma<br />
mente aprendiz ... Uma mente aprendiz vê as coisas<br />
como são.”<br />
Como motivação, revelo que agir não é ideia atual. “Homens<br />
de ação” já se mostraram eficientes a muitos. A<br />
história nos conta que “Napoleão aceitou o desafio de<br />
conquistar a Itália em condições desfavoráveis, embora<br />
ninguém,somente ele, acreditasse em sua estratégia. No<br />
entanto, ele conseguiu transformar homens corrompidos<br />
e abomináveis em um exército com espírito de<br />
corpo, que enfrentava qualquer revés.”<br />
Este artigo foi elaborado por Vanessa Werneck Bartoli Pires<br />
(nessaawerneck@hotmail.com), graduando em Engenharia de<br />
Agronegócios da UFF – Universidade Federal Fluminense, a<br />
partir do texto de Jorge Raggi.<br />
21
22<br />
Minas | Cenário da energia<br />
MINAS E ENERGIA<br />
Um Panorama da energia em Minas<br />
Por João Camilo Penna e Paulo Sérgio Ribeiro<br />
Alimento é indispensável à vida. Energia é indispensável<br />
ao desenvolvimento. Trabalhamos para um desenvolvimento<br />
viável, sustentável com avanço social. Energia é<br />
insumo básico e sua falta teria efeitos catastróficos.<br />
Qual a contribuição da energia em Minas Gerais?<br />
Minas tem participação entre 9,5% e <strong>10</strong>% no Produto<br />
Interno Bruto (PIB) brasileiro, utilizando entre<br />
14% e 15% da energia do país, em economia energiaintensiva.<br />
Os energéticos representam 7,5% do Pib brasileiro e 9,5%<br />
do mineiro.<br />
A Matriz mineira hoje é composta da seguinte forma:<br />
petróleo e gás, 32%; lenha, 26%, cana, 13%, biodiesel, 1%,<br />
carvão mineral, 14%; energia hidráulica, 14%, 54% são<br />
energias renováveis.<br />
A energia importada passou de 20% do total em 1985,<br />
para 51% em 2009. Minas utiliza 14% do diesel do país em<br />
sua extensa malha rodoviária, interligando diversos estados.
O governo federal<br />
age através da Aneel,<br />
agência reguladora do setor elétrico,<br />
e da EPE, empresa de planejamento<br />
do setor, e de modo direto através da Eletrobrás<br />
e de suas subsidiárias. A expansão do setor de geração<br />
e transmissão por concessionárias públicas e<br />
privadas, se dá através de leilões pela menor tarifa,<br />
e existe cuidados especiais com o meio ambiente.<br />
O 23º BEEMG 2008 (Balanço Energético do Estado<br />
de Minas Gerais), importante documento<br />
editado pela Secretaria de Desenvolvimento, informa<br />
sobre a evolução da quantidade de uso dos<br />
diversos energéticos, notando- se que eles têm<br />
uso específico, gasolina, etanol e diesel para<br />
transporte, carvão para metalurgia, eletricidade<br />
para iluminação e motores, entre outros.<br />
O setor industrial consome 62,5% da energia no Estado<br />
em siderúrgicas, cimenteiras, mineradoras, em<br />
um conjunto eletro-intensivo.<br />
Nos próximos anos, haverá diversificação da matriz.<br />
Na oferta, haverá maior utilização de bagaço<br />
de cana, carvão vegetal, resíduos sólidos urbanos,<br />
gás natural, energia eólica, do que no consumo<br />
com produção menos energia intensiva. A demanda<br />
de energia crescerá de <strong>10</strong>% a 15% mais<br />
que o PIB, caso a economia ainda permaneça com<br />
o uso de energia intensiva.<br />
A produção de energia em Minas atende a metade<br />
do consumo. A busca de energia fora e indústrias<br />
energia-intensivas têm sido viáveis. A<br />
crescente produção de álcool, carvão vegetal e<br />
biodiesel cria empregos no campo, um avanço social.<br />
Elevação de preços, onerados por transporte<br />
ou transmissão, criam oportunidades sustentáveis<br />
e competitivas para a produção local de energia<br />
e recomendam indústrias menos energia-intensivas<br />
ao fabricar produtos finais. Empresários<br />
terão mais resultados ao diversificar e verticalizar<br />
sua produção para produtos finais, estes são<br />
anunciantes e Minas terá a simpatia da mídia.<br />
Em Abril 20<strong>10</strong>, o Ciemg-Fiemg lançou o programa<br />
Minas Sustentável, ousado e moderno, que abre caminho<br />
para um trabalho nacional a ser liderado pela<br />
nova CNI (Confederação Nacional da Indústria).<br />
23
24<br />
Minas | Cenário da energia<br />
COMPETIÇÃO DERIVA DE<br />
COMPETÊNCIA<br />
Bons empresários conduzem a<br />
produção para ser competitiva e<br />
sustentável, o que resultará da produtividade<br />
da empresa, qualidade<br />
do produto e custos até o comprador,<br />
onerados pelo “Custo Brasil”,<br />
que parte dos governos.<br />
O Brasil compete com ricos e com<br />
países grandes e pobres, como a China,<br />
aqui e em terceiros mercados.<br />
O nosso governo coleta impostos<br />
altos, adota juros altos no combate à<br />
inflação, que resulta em abusos fiscais,<br />
atrai dólares, valoriza o real, empresas<br />
perdem competitividade, a China faz o<br />
contrário e ganha o jogo. É premente<br />
que o governo brasileiro adote políticas<br />
competitivas e mude a ênfase de<br />
política monetária para fiscal, reduzindo<br />
despesas e tributos. Para enfrentar as<br />
estratégias da China, o melhor é adaptar-se<br />
a elas e mudar as regras do jogo,<br />
cabendo inclusive forte esforço de<br />
barreiras não-tarifárias. No grande comércio<br />
Brasil-China, esta importa<br />
matérias- primas e exporta manufaturados,<br />
não compra estes do Brasil,como<br />
os Estados Unidos o fazem. A<br />
China investe aqui para produzir<br />
matériasprimas e ou para comprar<br />
empresas existentes. Cuidado com o<br />
contrabando, que entra por várias formas<br />
e portas e atenção ao problema<br />
de empresas estatais chinesas comprarem<br />
terras no Brasil.<br />
No governo, e em empresas mineiras,<br />
há base forte, vontade, modernidade<br />
e capacidade para competir. Há um<br />
importante parque industrial, avanço<br />
no agronegócio e em serviços e<br />
grande presença exportadora. Em<br />
Belo Horizonte estão ótimas escolas<br />
de gestão, Fundação Dom Cabral,<br />
(sexta no mundo, Financial Times,<br />
20<strong>10</strong>) e INDG Falconi, com centenas<br />
de clientes aqui e no exterior).<br />
CONSERVAÇÃO<br />
Conservar, o mesmo benefício para<br />
menor uso de energia, custa menos<br />
que a energia equivalente. Em exemplo,<br />
o Inmetro etiquetou consumos<br />
específicos e eletroeletrônicos,<br />
orientando o comprador. Vamos<br />
conservar energia?<br />
A Cemig criou a “eficiência”, para reduzir<br />
custos com energia. A revista<br />
Economia e Energia e o Instituto Nacional<br />
de Eficiência Energética realizam<br />
trabalhos correlatos e a Fiemg<br />
(Federação das Indústrias de Minas<br />
Gerais) publicou em 2009, um notável<br />
estudo sobre conservação.<br />
De avaliações da EPE, há um potencial<br />
de conservação de energia de<br />
<strong>10</strong>% e espera-se financiamentos a<br />
juros menores e incentivos tributá-<br />
rios para que se alcance esta eficiência<br />
a curto prazo.<br />
O governo mineiro em 20<strong>10</strong>, em<br />
conjunto com a Cemig, iniciou programa<br />
de doação para entidades sociais<br />
de geladeiras, chuveiros e<br />
lâmpadas de maior eficiência.<br />
ENERGÉTICOS<br />
PETRÓLEO<br />
Energia suja. Minas usa 9,5% do petróleo<br />
e gás e 13% do diesel no<br />
país. É competitiva e necessária a<br />
ampliação da Refinaria Gabriel Passos,<br />
com produção estabilizada em<br />
24 mil m3/dia, desde 1990. 0 governo<br />
mineiro trabalha para que a<br />
Petrobrás aumente seus investimentos<br />
no Estado. Estradas com<br />
melhores traçados e pisos, e cidades<br />
com melhores malhas reduzirão<br />
o consumo de combustíveis.<br />
A Petrobrás com o “Economizar”,<br />
reduziu o consumo em 14% no estado<br />
do Rio. Estuda-se o mesmo<br />
projeto entre o governo mineiro, a<br />
Confederação Nacional de Transportes<br />
e o Conpet.
GÁS - Energia clara<br />
O gás natural responde por 2,5% da<br />
energia primária do Estado e por<br />
9,6% no país. A Gasmig passa de 407<br />
km de gasodutos para <strong>10</strong>49 km, de 2<br />
milhões m3/dia para 9 milhões<br />
m3/dia, atende a Região Metropolitana<br />
de BH, (terminou em 200 o<br />
ramal Jacutinga - Poços de Caldas),<br />
ao Sul de Minas e atenderá logo ao<br />
Vale do Aço e a Governador Valadares.<br />
É previsto que em 2025 o gás deverá<br />
responder por mais de <strong>10</strong>% da<br />
oferta de eletricidade no Estado.<br />
Hoje estão atendidos 270 clientes<br />
industriais, além de fornecimento às<br />
usinas de Ibirité e Juiz de Fora. A<br />
Gasmig prepara-se para fornecer gás<br />
a consumo residencial, elaborando<br />
projeto piloto para o bairro Cidade<br />
Nova, em Belo Horizonte.<br />
O atendimento ao Triângulo será<br />
construído pela Cemig, ligando o<br />
Triângulo ao gasoduto Bolívia – Brasil.<br />
Foi iniciado em 20<strong>10</strong>, o programa de<br />
pesquisa de gás na bacia sedimentar<br />
do rio São Francisco, em Minas, nas<br />
proximidades do rio Indaiá, pelo<br />
consórcio Codemig-Orteng-Delp.<br />
A Cemig, Petrobras, Shell, e outras<br />
também conduzem pesquisas ali.<br />
BIO MASSA - Energia verde e limpa<br />
LENHA<br />
De lenha e derivados, em 2009,<br />
Minas utilizou 36% do consumo<br />
total do país, com 26% da demanda<br />
energética, em queda do consumo<br />
estadual.<br />
Em 2008, Minas plantou 137mil hectares<br />
e o Brasil, 152 mil. Com 1,160<br />
milhão de hectares de plantações em<br />
Minas, 23% do país em 2020, estará<br />
consumindo carvão destas florestas.<br />
Hoje, 38 milhões de MDC de carvão<br />
produzem gusa de valor. Uma<br />
tonelada de gusa vegetal evita emissão<br />
de três de carbono. Além da cogeração<br />
de energia elétrica usando<br />
resíduos dos setores siderúrgico,<br />
agrícola, moveleiro, celulose, entre<br />
outros, há possibilidade de construir<br />
pequenas centrais térmicas a partir<br />
das florestas plantadas, evitando o<br />
grande consumo de carvão de mata<br />
nativa que ainda representa 42% do<br />
carvão consumido no Estado. Minas<br />
busca carvão em Tocantins, Goiás e<br />
Bahia.<br />
A Acesita vai usar carvão vegetal.<br />
Usinas utiliza gases para produzir<br />
energia.<br />
ÁLCOOL ( ETANOL)<br />
Notável a inovação, o carro a álcool<br />
foi o primeiro veículo no mundo movido<br />
por combustível não derivado de<br />
petróleo. Reduz em 75% a emissão de<br />
CO2 ao substituir a gasolina.<br />
O Programa partiu da antiga competência<br />
brasileira na cana e nas usinas<br />
de açúcar, docemente descrita em<br />
Cultura e Opulência do Brasil, Antonil<br />
- (Itatiaia,BH).O presidente Figueiredo,<br />
em 1979 decidiu: “ Metas audaciosas para<br />
o Pró-Álcool!” Foram fixadas em 170 mil<br />
barris/dia de álcool, equivalente a produção<br />
de petróleo na época. Passou-se da<br />
mistura para a operação do carro a álcool<br />
hidratado, novas bombas, novo sistema<br />
de tancagem e distribuição, busca<br />
de confiança no carro a álcool. A competição<br />
com a gasolina acontece com<br />
o petróleo em torno de US$ 50/barril.<br />
Além de crescente produtividade nos<br />
canaviais e nas usinas, o MIC lançou um<br />
programa de eficiência dos combustíveis,<br />
o “Escolha Certo – Gaste Menos”.<br />
Os carros rodam à gasolina com 20-<br />
25% de álcool, e o flex com álcool ou<br />
gasolina, com menor eficiência pois foi<br />
projetado para combustíveis alternativos.<br />
O carro a álcool hidratado, com<br />
maior eficiência, voltará.<br />
25
26<br />
Minas | Cenário da energia<br />
O carro elétrico usa baterias<br />
muito caras para mais autonomia e<br />
só será competitivo para pequenas<br />
distâncias, como pátio de fábricas,<br />
por exemplo.<br />
A cana de açúcar gera 16,5% da energia<br />
no Brasil, supera a hidroelétrica ao<br />
produzir com sinergia álcool e bagaço<br />
para energia, competitiva, distribuída,<br />
produzida na seca, renovável,<br />
rápida implantação, pouco vulnerável<br />
a crises. A energia elétrica da queima<br />
do bagaço superará Itaipu e crescerá,<br />
na medida em que crescem a produção<br />
de açúcar e álcool para o mercado<br />
interno e exportação. Logo<br />
atingirá 15% desta energia no Brasil.<br />
Destacam-se a Embrapa e laboratórios,<br />
como na Copersucar. A Única<br />
reúne produtores e realiza estudos, liderada<br />
por Marcos Jank.<br />
A produção do álcool, 30 bilhões<br />
de litros em 20<strong>10</strong>, ocupa 8% da<br />
área plantada no país, em terras degradadas<br />
ou liberadas por confinamento<br />
e 2,2% do potencial para<br />
lavouras. Sua fatia no PIB nacional<br />
e sua produtividade crescerão.<br />
Minas utiliza <strong>10</strong>% da gasolina-álcool do<br />
Brasil, produz 8% do álcool, crescentes,<br />
alterna com o Paraná a segunda produção,<br />
e em 2002 com 8% da produção<br />
paulista, passou em 2009 a 14%.<br />
Quarenta e três usinas em 2009 produziram<br />
2,3 bilhões de litros. A previ-<br />
são é de mais 20 usinas em Minas até<br />
2013, o que representa mais 4 bilhões<br />
de litros, investimentos de US$ 3,5<br />
bilhões e 50 mil empregos, a maior<br />
parte no Triângulo Mineiro. Até 2015<br />
as 55 usinas de álcool em Minas poderão<br />
gerar mais de 2 mil mw.<br />
A Secretaria de Desenvolvimento estimula<br />
destilarias e identifica com a Secretaria<br />
da Agricultura, áreas próprias<br />
para cana. Na safra 2008, foram processadas<br />
no Estado 44 milhões de toneladas<br />
de cana, produzindo 2,1 bilhões<br />
de litros de etanol, para consumo mineiro<br />
de 1,1 bilhão de litros. O BDMG<br />
é importante financiador do programa,<br />
junto com o BNDES.<br />
O Álcool anidro será energético<br />
brasileiro exportável, quase sem limites<br />
para mistura antipoluição.<br />
Protocolo para “Fim da Queima” até<br />
2014 foi assinado entre o Governo<br />
e o Sindicato de açúcar e álcool de<br />
Minas, presidido Dr. Luis Custodio<br />
Martins líder nacional atuante.<br />
A exemplo do programa Minas -<br />
PCHs, Pequenas Centrais Elétricas, do<br />
governo estadual, é estratégica a criação<br />
de um programa Minas Co-geração,<br />
em acordos de acionistas entre a<br />
Cemig e ou a Petrobras com os produtores<br />
de açúcar e álcool. A Cemig<br />
mantém permanente contato com os<br />
usineiros, inclusive para solução do<br />
acesso das usinas ao sistema elétrico.<br />
BIODIESEL<br />
Com tecnologia em evolução, o biodiesel<br />
exige subsídios. Pode ser adicionado<br />
ao diesel de petróleo em<br />
qualquer proporção.<br />
O consumo brasileiro de diesel é de<br />
40 bilhões ao ano, sendo <strong>10</strong> bilhões importados.<br />
O diesel gera 17% da energia<br />
do Brasil. Minas usa 13% do diesel do<br />
país. Seu custo em 2009 varia de<br />
R$ 0,90/l no Norte a R$ 1,42/l, no Sul.<br />
Produzido de soja, amendoim, mamona,<br />
dendê, pinhão manso, e sebo<br />
- é renovável, biodegradável, neutro<br />
em emissões. Sua viabilidade crescerá<br />
com resultados de pesquisas<br />
para variedades agrícolas com maior<br />
produtividade. Sua produção partindo<br />
de óleo de fritura e de sebo<br />
animal merece atenção.<br />
Em mistura compulsória, hoje a 3%,<br />
a meta é atingir 5% até 2012, correspondendo<br />
a 0,85% da energia do<br />
país. A Petrobras produz 290 milhões/ano,<br />
inclusive em Montes Claros.<br />
A BR e a mineira ALE são<br />
distribuidores. A Malásia produz<br />
120 vezes mais que o Brasil.
ENERGIA SOLAR / TÉRMICA<br />
Energia limpa<br />
Cerca de 2,5 mil edifícios em BH possuem<br />
aquecedores solares para água,<br />
reduzindo a ponta de carga dos chuveiros<br />
elétricos, vilões da história. BH<br />
é a capital brasileira neste campo.<br />
Impõe-se um amplo programa para os<br />
projetos públicos de casas populares.<br />
ENERGIA HIDROELÉTRICA<br />
Energia azul<br />
A capacidade hidroelétrica do país<br />
supera 80 mil mw. As térmicas chegam<br />
a 26 mil mw, inclusive a bagaço<br />
perto de 7 mil mw, e eólicas 700 mw.<br />
Por dificuldades ambientais, térmicas e<br />
eólicas têm deslocado hidroelétricas<br />
de menor custo.<br />
A hidrelétrica gera energia firme e secundária,<br />
as térmicas entram na seca.<br />
O artigo 23 da Constituição fixa com-<br />
petências comuns entre os federados,<br />
entre elas o meio ambiente, e ordena<br />
Lei para cooperação entre as partes.<br />
Em 21 anos sem esta Lei houve retardo<br />
de aprovações para hidrelétricas<br />
levando às térmicas. Em 2009, a<br />
Câmara aprovou projeto a respeito,<br />
aguarda-se o Senado.<br />
CARVÃO MINERAL<br />
Energia suja<br />
Minas participa com 35% do carvão<br />
metalúrgico no Brasil e <strong>10</strong>%<br />
do energético, totalizando 13,2%<br />
da energia em Minas. Gases dos<br />
alto-fornos têm potencial para<br />
gerar 8% da demanda total de<br />
energia no Estado, o setor consome<br />
70% dele, 30% perdidos.<br />
Impõe-se realizar acordos entre<br />
os atores envolvidos para anular<br />
este desperdício.<br />
A competitividade das siderúrgicas<br />
no Vale do Aço e na faixa Belo Horizonte<br />
– Rio, desmente que só<br />
usinas litorâneas seriam competitivas.<br />
É de 470 mw o potencial de<br />
instalação de usinas geradoras no<br />
topo dos fornos.<br />
MINAS GERAIS<br />
A capacidade total no Estado e em<br />
suas fronteiras, enviando energia<br />
para fora, é de 18.960 mw, dos quais<br />
cerca de 200mw térmicos, autoprodutores<br />
e Pchs. A capacidade da<br />
Cemig é próxima a 7 mil mw, acrescida<br />
por energia comprada. constroem-se<br />
PCHs, até 30mw,- que em<br />
Minas totalizam 1 mil mw,- e após<br />
leilões, projetos hidroelétricos,<br />
térmicas e eólicas.<br />
A EPE realizou leilão em junho do<br />
ano passado de 13 usinas para 4,7<br />
mil mw, no Norte e uma em Santa<br />
Catarina, o Sudeste quase todo<br />
utilizado.<br />
A Secretaria de Desenvolvimento<br />
avaliou o potencial de 4 mil mw em<br />
usinas médias e 3,7 mil mw em<br />
PCHs, que será reduzido por razões<br />
econômicas e ambientais.<br />
PCHs subsidiadas e financiáveis<br />
pelo BNDES, geram energia mais<br />
cara do que centrais médias, mas<br />
competem com térmicas e eólicas.<br />
O governo lançou o programa<br />
Minas PCHs, com potencial acumulado<br />
em mil mw, para trabalho<br />
conjunto com a Cemig, com R$ 2<br />
bilhões em investimentos privados.<br />
Está em operação a usina Cachoeirão,<br />
no rio Manhuaçu, com<br />
27 mw e Pipoca com 20 mw em<br />
conclusão.<br />
27
28<br />
Minas | Cenário da energia<br />
Minas tem grande participação na indústria<br />
eletroeletrônica do país. A<br />
Abinee-MG, presidida por Ailton<br />
Ricaldoni Lobo, reúne empresas de<br />
eletroeletrônicos da Grande BH,<br />
de Santa Rita do Sapucaí-Itajubá e<br />
de outras regiões. Nansen Araújo,<br />
Stefan Salej, Robson Andrade e<br />
Olavo Machado, sucessivos presidentes<br />
da Fiemg, são do setor.<br />
EÓLICA<br />
Energia limpa das ventanias<br />
A Cemig-D operou a primeira<br />
usina eólica no país, em Morro<br />
do Camelinho, Diamantina, em<br />
1994. Nos últimos <strong>10</strong> anos, a<br />
energia eólica usada no mundo<br />
cresceu a cerca de 30% ao ano. A<br />
Cemig publicou em 20<strong>10</strong> o<br />
“Mapa Eólico de Minas Gerais,<br />
Schubert,” - um potencial de 90<br />
mil gwh/ano, a mil metros de altura<br />
das hélices, de mais produção<br />
na seca. O programa será<br />
objeto também de empresários<br />
privados. A unidade eólica terá 3<br />
mw, na atual tecnologia.<br />
A Secretaria de Desenvolvimento<br />
coordena a fabricação destes conjuntos<br />
no Estado. Esta energia<br />
ainda relativamente cara, recebe<br />
subsídios do Proinfa, Programa de<br />
Incentivo às Fontes Alternativas de<br />
Energia Elétrica<br />
CONCESSIONÁRIAS<br />
EM MINAS<br />
A Companhia Energética de<br />
Minas Gerais, controlada pelo Estado<br />
de Minas, têm ações nas Bolsas<br />
de São Paulo, Nova York e<br />
Madri, 23% das ações são do<br />
setor público, 35% do privado interno<br />
e 42% do externo. Conquistou<br />
o índice “Dow Jones<br />
sustentability.” A diretoria profissional<br />
exerce gestão corporativa<br />
e coordena equipe de alta qualidade<br />
e os interesses das partes.<br />
A Cemig atende a 774 municípios,<br />
com <strong>10</strong>,8 milhões de consumidores.<br />
A capacidade é de 6,560<br />
mw, valor equivalente a R$18<br />
bilhões. Seu Plano Diretor visa<br />
reduzir o problema de débito<br />
do Estado de Minas, resultante<br />
de conta de resultados a compensar.<br />
Busca aumento do lucro<br />
com participações e compras<br />
de empresas do ramo, retendo<br />
65% dos dividendos devidos ao<br />
Estado.<br />
Visa ser uma das duas maiores empresas<br />
de energia do Brasil. Com<br />
12% na geração do país em 1980,<br />
hoje 7%, e comprando 16% da<br />
energia de Itaipu, a Cemig disputa<br />
leilões e constrói usinas. Busca<br />
mais produtividade e menores tarifas,<br />
hoje agravadas por alta tributação,<br />
dispersão, consumidores<br />
pequenos e tarifas sociais. O número<br />
de empregados está há anos<br />
em torno de <strong>10</strong>,5 mil.<br />
É a maior comerciante de energia<br />
bruta do país, com 25% do mercado.<br />
A Força e Luz Cataguazes-<br />
Leopoldina atende 66 municípios<br />
em Minas, e atua no Nordeste. Em<br />
linha com Cataguases, a empresa<br />
tem atividade cultural. Em linha<br />
com a tradição técnica, desenvolveu<br />
capacidade em PCHs. Seus <strong>10</strong>5<br />
anos são exemplo da concessionária<br />
privada que exerce bem os serviços<br />
públicos.<br />
O Departamento de energia de<br />
Poços de Caldas é concessionário<br />
municipal. A Bragantina atende a<br />
<strong>10</strong> municípios e a Luz e Força de<br />
Mococa atende a três.<br />
Na área privada, empresários<br />
constroem PCHs e o Programa de<br />
aquecimento de água por calor<br />
solar é o mais avançado no Brasil.
PREÇOS DA ENERGIA<br />
Os custos do mw/h para hidrelétricas,<br />
são da ordem de R$70 para<br />
grandes centrais, R$ 130 para PCH<br />
(Pequena Central Hidrelétrica);<br />
R$140 corresponde ao bagaço;<br />
R$150 são as eólicas; R$160 térmicas<br />
a gás; R$ 450 a óleo, R$700 a<br />
diesel, R$200 e a nuclear, R$180.<br />
Resultam de investimentos, câmbio,<br />
juros e impostos, e acrescente-se custos<br />
de longa transmissão, distribuição<br />
em áreas de baixa densidade e encargos.<br />
O governo, com o Proinfa, incentiva<br />
PCHs e eólicas. As empresas da<br />
União trabalham com remuneração<br />
baixa, o BNDES não financia o setor<br />
publico. Leilões atraem empresários<br />
e concessionárias. O BNDES financia<br />
80% a 30% ao ano, juros baixos. E<br />
surge uma nova Eletrobrás na coordenação<br />
e busca de sinergia entre<br />
subsidiarias.<br />
Regulamentado o Art. 23 da Constituição,<br />
- projeto de lei aprovado na<br />
Câmara em 2009, aguarda o Senado,<br />
João Camilo Penna, do<br />
- que trará ordem e racionalidade ao<br />
licenciamento ambiental ao definir<br />
quem faz o que - com política econômica<br />
sadia e juros menores, as hidrelétricas<br />
serão mais presentes e fortes.<br />
Fontes de menor custo unitário estão<br />
sendo esgotadas. Há grande potencial<br />
de usinas na Amazônia, longínquas, que<br />
geram muito na chuva, pouco na seca.<br />
Serão reguladas por térmicas ou eólicas.<br />
As térmicas, de menor investimento,<br />
têm custos operacionais altos.<br />
A produção de energia elétrica competitiva<br />
pela queima do bagaço,<br />
cresce à medida que crescem o consumo<br />
interno de açúcar, a produção<br />
de álcool pelo aumento da frota e<br />
o mercado externo para álcool anidro<br />
e açúcar. Logo atingirá 15% da<br />
energia elétrica no pais, crescente,<br />
prevendo-se produção de <strong>10</strong> mil<br />
mw sazonais, antes de 2020.<br />
Para “importar” menos energia, o<br />
governo de Minas estimulará no<br />
Estado a conservação, construção de<br />
usinas medias e Pchs, produção de<br />
Conselho de Administração<br />
da Cemig e do Conselho<br />
Consultivo da Eletrobrás.<br />
álcool, carvão vegetal, biodiesel,<br />
eólica e aquecimento solar.<br />
A tributação de energia atinge 36%<br />
do total de ICMS em Minas. De fácil<br />
operação, e blindada contra sonegação,<br />
esta carga afasta investidores,<br />
onera consumidores. Na residência<br />
o tributo sobre energia elétrica pesa<br />
40%, há subsídios para 2,4 milhões<br />
de pequenos consumidores em 6,6<br />
milhões. Em 20<strong>10</strong>, o governo mineiro<br />
reduziu, a partir de 1 de janeiro<br />
deste ano, o ICMS sobre<br />
álcool, de 25 para 22%, e aumentou<br />
o da gasolina para 27%.<br />
O governo de Minas com o choque<br />
de gestão obteve mais eficácia e eficiência<br />
na máquina pública, aplicando<br />
medidas eficazes como a<br />
redução do ICMS para o álcool.<br />
Estudaremos para conhecer melhor<br />
este fascinante mundo em que nascemos<br />
e trabalharemos para tornar<br />
melhor este estranho mundo em<br />
que vivemos. Com alegria e energia,<br />
vamos em frente!<br />
Paulo Sérgio Ribeiro, Secretário<br />
Adjunto de desenvolvimento de<br />
Minas Gerais e do Conselho de<br />
Administração da Cemig.<br />
29
LITERATURA Dica Técnica<br />
História da Evolução da Engenharia Curso para a mulher<br />
O livro “História da Evolução da<br />
Engenharia” do mineiro Geraldo Dirceu<br />
Oliveira, conta a história da construção<br />
das grandes pirâmides egípcias ao legado<br />
dos sumerianos, passando pelas<br />
civilizações grega a romana, até chegar<br />
à Idade Média e à Contemporânea.<br />
Em relação à engenharia brasileira, o<br />
escritor destaca a construção da Estrada Real e das cidades<br />
do Ciclo do Ouro, especialmente em Minas Gerais. O autor também<br />
fala do importante papel desempenhado pela Escola de<br />
Minas de Ouro Preto. Dirceu Oliveira é engenheiro civil, integrante<br />
do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e<br />
coordenador da Comissão Técnica de Transportes da <strong>SME</strong>.<br />
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Acompanhado de seus vicepresidentes,<br />
Ailton Ricaldoni Lobo e<br />
Délcio Antônio Duarte, o Presidente<br />
da <strong>SME</strong> (Sociedade Mineira de Engenheiros),<br />
Márcio Damazio Trindade, visitou<br />
as novas instalações da Escola de<br />
Engenharia da UFMG, e foram recebidos<br />
pelo diretor Benjamim R. de Menezes<br />
e o vice-diretor, professor e<br />
doutor Alessandro F. Moreira.<br />
Que tipo de profissional que<br />
o mercado busca? A resposta vem do<br />
diretor da Escola de Engenharia, Benjamim<br />
R. de Menezes. “Temos que suprir<br />
este mercado com profissionais<br />
bem formados, preparados e com um<br />
viés empreendedorista”.<br />
Um dos temas abordados na<br />
reunião foi a mudança do ensino da<br />
engenharia, já dentro das novas orientações<br />
do MEC, sugerindo uma base<br />
igual para todos os cursos, seguindo-<br />
Frases<br />
O mundo é um lugar perigoso<br />
de se viver, não por<br />
causa daqueles que fazem o<br />
mal, mas sim por causa daqueles<br />
que observam e deixam<br />
o mal acontecer.<br />
Albert Einstein<br />
"Inventar é imaginar o<br />
que ninguém pensou; é<br />
acreditar no que ninguém<br />
jurou; é arriscar o que<br />
ninguém ousou; é realizar<br />
o que ninguém tentou. Inventar<br />
é transcender. "<br />
Santos Dumont<br />
se o aprendizado mais específico nas<br />
áreas escolhidas pelos alunos. Este<br />
tema informou o Presidente, é objeto<br />
das considerações possíveis dentro da<br />
Comissão de Ensino da <strong>SME</strong>, com a<br />
colaboração dos professores, interessados<br />
e especialistas no assunto.<br />
Trindade informou ainda, ter<br />
lançado um programa de aproximação<br />
mais intensa com a comunidade acadêmica<br />
e estudantil, visando levar às<br />
universidades a palavra experiente de<br />
engenheiros de sucesso, além de palestras<br />
técnicas que introduzam o avanço<br />
tecnológico.<br />
Outra questão abordada foi a<br />
educação básica da população brasileira.<br />
“Recebemos uma juventude despreparada,<br />
sem os alicerces<br />
necessários à construção de um saber<br />
aplicável ao processo de desenvolvimento<br />
acadêmico. Deparamo-nos com<br />
Por Alessandra Sardinha<br />
alunos que saem do ensino médio com<br />
uma formação muito precária e,<br />
quando alcançam a Universidade, têm<br />
séries dificuldades prejudicando o seu<br />
rendimento acadêmico. E muitas das<br />
vezes somos obrigados a nos transformar<br />
em centros de adequação e preparo<br />
dos neos-engenheiros”, explica o<br />
diretor Menezes.<br />
Ainda segundo o diretor da<br />
Escola de Engenharia, a solução para<br />
este problema é nivelar a educação no<br />
ensino fundamental e médio.<br />
Ao término da visita, formalizou-se,<br />
dentre as comemorações dos<br />
<strong>10</strong>0 anos que completa a Escola de Engenharia,<br />
a <strong>SME</strong> agregará às mesmas<br />
seu 20º Prêmio Ciência, Tecnologia e<br />
Inovação, ao qual podem concorrer<br />
universitários de todas as áreas de Engenharia<br />
e Arquitetura de Universidades<br />
Mineiras.<br />
31
32<br />
A Engenharia Mineira e<br />
Por José Antônio Silva Coutinho<br />
A Sociedade Mineira de Engenheiros<br />
(<strong>SME</strong>), como programação prioritária de<br />
trabalhos da sua comissão técnica de transportes,<br />
vem desenvolvendo e atualizando<br />
estudos sobre logística e transportes desde<br />
setembro de 2007, quando elaborou e entregou<br />
ao Ministério dos Transportes, o<br />
documento "A Engenharia Mineira e o<br />
Plano Nacional de Logística e Transportes<br />
(PNLT)." O documento é uma contribuição<br />
da <strong>SME</strong> à implementação do<br />
PNLT, um plano federativo e de estado,<br />
associado ao processo de desenvolvimento<br />
socioeconômico do país, que traz<br />
abordagem multimodal, constituindo-se,<br />
portanto em processo de planejamento<br />
permanente, participativo, integrado e<br />
institucional, ferramenta eficiente e eficaz<br />
para a programação e implementação<br />
das obras do Programa de Aceleração<br />
do Crescimento (PAC1 e PAC2).<br />
Mais recentemente, em abril e julho<br />
de 20<strong>10</strong>, a Sociedade Mineira de Engenheiros<br />
- <strong>SME</strong>, por convocação da<br />
Secretaria de Política Nacional de<br />
Transportes/SPNT do Ministério dos<br />
Transportes, e por delegação e credenciamento<br />
das instituições participantes,<br />
representando o setor<br />
público (Secretaria de Estado de<br />
Transportes e Obras Públicas –<br />
Setop) e setor privado (Federação<br />
das Industrias do Estado de Minas<br />
Gerais – Fiemg, representada pelo<br />
sindicato da indústria da construção<br />
pesada do Estado de Minas Gerais –<br />
Sicepot – MG) recebeu a incumbência<br />
de elaborar “proposta integrada<br />
do Estado de Minas Gerais, contendo<br />
as demandas prioritárias de logística<br />
e transportes para o período de 20<strong>10</strong><br />
a 2014, por modo de transporte”.<br />
Estas demandas são consideradas como<br />
de relevância para o aprimoramento de<br />
nossa infraestrutura em logística e transporte<br />
de forma a atender o crescente desenvolvimento<br />
sócio-econômico do<br />
Estado de Minas Gerais, e na proposta<br />
estão identificadas em 9 blocos de projetos,<br />
sendo 30 referentes ao modo rodoviário,<br />
14 ao modo ferroviário, 24 ao<br />
modo hidroviário, lacustre e portuário, 02<br />
ao modo aeroportuário e 01 referente<br />
ao desenvolvimento da intermodalidade,<br />
todos considerados como contribuição<br />
para o êxito de um processo de planejamento<br />
permanente, participativo, integrado<br />
e interinstitucional, cuja perenidade<br />
demandará uma forte reorganização e<br />
uma gestão eficiente e eficaz, que seja<br />
capaz de envolver todas as esferas de governo,<br />
bem como as várias instituições,<br />
órgãos públicos e privados afins e corre-
o PNLT<br />
latos ao setor dos transportes.<br />
Estas demandas prioritárias de projetos<br />
para os diferentes modos de<br />
transportes e igualmente, ações institucionais<br />
em políticas públicas, que<br />
tem pertinência com os objetivos e<br />
natureza do PNLT e nele devem ser<br />
incluídos, pois, como o PNLT “buscam<br />
assegurar a plena trafegabilidade e capacidade<br />
do sistema de transportes,<br />
propondo estabelecer melhores condições<br />
para as rodovias e para os acessos<br />
terrestres e marítimos aos portos<br />
nacionais, agregando a priorizando os<br />
sistemas hidroviários e ferroviários<br />
nos principais eixos de desenvolvimento<br />
e terminais de integração do<br />
país, para dotá-lo de uma cadeia logística<br />
de transporte eficiente. Neste<br />
contexto se inserem ações institucio-<br />
nais relevantes, de caráter regulamentar<br />
e normativo, que irão garantir uma<br />
melhor adequação e produtividade da<br />
infraestrutura dos sistemas.” (Marcelo<br />
Perrupato – Secretário de Política Nacional<br />
de Transportes/MT – Revista<br />
Ferroviária/PNLT/out 2006).<br />
Considerações e destaques<br />
O interesse comum no processo de<br />
desenvolvimento estratégico sustentado,<br />
contribuindo para a melhoria e<br />
o desenvolvimento constante das condições<br />
sócio-econômicas do Estado<br />
de Minas Gerais, justifica a apresentação<br />
de proposta única, integrando as<br />
prioridades definidas nas demandas<br />
apresentadas pelo setor público e pelo<br />
setor privado, para os diferentes<br />
modos de transporte.<br />
A unicidade destes propósitos e princípios,<br />
leva em consideração a atualização<br />
de pressupostos e paradigmas<br />
apresentados nos documentos “Plano<br />
Estratégico de Logística e Transportes<br />
– PELT/MG” (Governo/Setop/Seplag)<br />
e a “A Engenharia Mineira e o PNLT”<br />
(Setor Privado – <strong>SME</strong>), resultando na<br />
proposta de destaques de estudos,<br />
projetos, obras e ações estratégicas e<br />
institucionais para os superiores interesses<br />
do Estado de Minas Gerais.<br />
A proposta ressalta a importância do<br />
conceito de logística integrada preconizado<br />
no Plano Nacional de Logística<br />
e Transportes – PNLT, assim como a<br />
ênfase do plano às conexões multimodais<br />
e ao uso dos modos de transportes<br />
de melhor desempenho<br />
energético, caso especial do incentivo<br />
às ferrovias e hidrovias.<br />
A proposta igualmente sustenta a<br />
importância fundamental das ações<br />
de caráter institucional, nos casos<br />
da perenização do processo de planejamento<br />
estratégico, do estabelecimento<br />
criterioso dos marcos<br />
regulatórios e, ainda, da consolidação<br />
da plena atuação das agências<br />
reguladoras.<br />
A proposta leva em consideração, também,<br />
que o Plano Nacional de Logística<br />
e Transportes – PNLT, ao considerar os<br />
corredores de transportes como parte<br />
das cadeias logísticas que, por sua vez,<br />
refletem as cadeias produtivas – poderá<br />
33
34<br />
dar o necessário suporte à indução da<br />
localização, em território mineiro, de elementos<br />
chaves associados à esta concepção:<br />
centros, instalações de ensilagem, de<br />
transbordo, de comercialização e, sobretudo,<br />
de beneficiamento de grãos.<br />
A perspectiva das cadeias logísticas<br />
transcenderá, portanto, a própria perspectiva<br />
da multimodalidade. Dos 70<br />
projetos, destacaríamos como mais importantes<br />
para serem priorizados em<br />
sua execução no PAC:<br />
AEROPORTUÁRIOS<br />
O aumento da capacidade do Aeroporto<br />
Internacional Tancredo Neves, na<br />
região metropolitana de Belo Horizonte<br />
(Confins) e a conclusão do aeroporto<br />
regional da zona da mata (Goianá).<br />
RODOVIÁRIOS<br />
• Projeto e construção do arco viário<br />
de contorno norte (rodoanel) da<br />
região metropolitana de Belo Horizonte<br />
(ligação da BR 381 Sul / Fernão<br />
Dias, e a BR 381 Norte para Governador<br />
Valadares);<br />
• Conclusão da construção do portal<br />
sul de Belo Horizonte (BR<br />
356/BR040/Nova Lima/ MG30);<br />
• Projeto e construção do arco viário<br />
sul (via das indústrias) da região<br />
metropolitana de Belo Horizonte;<br />
• Conclusão da obra de duplicação<br />
da BR 050 entre as divisas GO/MG/SP;<br />
• Conclusão da obra de melhoria da<br />
capacidade de tráfego e duplicação da<br />
BR 040 do trevo para Ouro Preto/BR<br />
356 até Juiz de Fora/MG 452;<br />
• Projeto e construção da obra de<br />
adequação e duplicação da BR 381 –<br />
norte de Belo Horizonte a Governador<br />
Valadares;<br />
•<br />
Conclusão da obra de adequação<br />
e duplicação da BR 040 entre Belo<br />
Horizonte/Sete Lagoas/Curvelo.<br />
HIDROVIÁRIOS / LACUSTRES<br />
e PORTUÁRIOS:<br />
• Construção de eclusas nas barragens<br />
de Água Vermelha, Marimbondo e<br />
Porto Colombia, no Rio Grande para<br />
aumento de sua navegabilidade;<br />
• Implantação de transporte lacustre<br />
na Bacia da Barragem de Furnas;<br />
• Construção de 03 (três) portos e<br />
reformas de 06 (seis) portos no Rio<br />
São Francisco para ampliar seu potencial<br />
de transporte hidroviário;<br />
• Melhorias no transporte hidroviário<br />
do Rio São Francisco entre Pirapora,<br />
Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).<br />
FERROVIÁRIOS<br />
• Implementação do Prosefer – programa<br />
de segurança ferroviária, com a<br />
eliminação de passagens de nível e de<br />
invasões nas faixas de domínio da malha<br />
ferroviária do Estado de Minas Gerais;<br />
• Construção da obra de retificação<br />
e duplicação do trecho ferroviário<br />
entre a estação do Horto Florestal e<br />
de General Carneiro, antigo projeto da<br />
travessia ferroviária da região metropolitana<br />
de Belo Horizonte;<br />
• Construção da ligação ferroviá ria<br />
entre Governador Valadares / Teófilo<br />
Otoni / Itaobim / Turmalina / Grão<br />
Mogol/Salinas/Rio Pardo de Minas/Pai<br />
Pedro, pólos de celulose e mineração,<br />
para o desenvolvimento das regiões<br />
norte e nordeste de Minas Gerais;<br />
• Construção da ligação ferroviária<br />
entre Pirapora/Unai/Planalto Central,<br />
promovendo a integração da malha<br />
ferroviária de Minas Gerais com a<br />
ferrovia norte/sul e importantes<br />
regiões produtoras do centro-oeste<br />
e norte/nordeste do Brasil;<br />
• Conclusão da ferrovia do aço na<br />
região metropolitana de Belo Horizonte<br />
do km 0, em BH/Caetano Furquim,<br />
até o pátio de andaime no km<br />
29, no município de Itabirito, trecho<br />
ferroviário, em que toda a infraestrutura<br />
está pronta;<br />
• Conclusão de viaduto ferroviário<br />
eliminando a passagem de nível<br />
no cruzamento com a MG 040 na cidade<br />
de Sarzedo;
35<br />
• Construção de viadutos, trincheiras<br />
e passarelas em ramal ferroviário<br />
no centro da cidade de juiz de fora<br />
para eliminar-se conflitos de mobilidade<br />
urbana;<br />
• Construção do contorno ferroviário<br />
de Santos Dumont;<br />
• Conclusão das obras do metrô de<br />
Belo Horizonte com a modernização<br />
da linha 01 existente e ampliação da<br />
frota atual; conclusão linha Barreiro-<br />
Calafate e dos projetos e construções<br />
das linhas 02 (Calafate/Hospitais) e 03<br />
(Pampulha/Savassi);<br />
• Implantação do transporte ferroviário<br />
de passageiros com o emprego<br />
de veículos leves sobre trilhos – VLTS,<br />
como alternativa viável técnica e economicamente,<br />
para os projetos de mobilidade<br />
em transporte de massa, na<br />
região metropolitana “expandida’’ de<br />
Belo Horizonte, aproveitando-se 835<br />
km de malha ferroviária existente, com<br />
o adequado compartilhamento dos<br />
trens de carga, influenciando social e<br />
economicamente 129 municípios, 81 a<br />
mais do que os 48 da RMBH e seu<br />
colar;<br />
• Implantação em Minas Gerais de<br />
um “Centro de Referência e Excelência<br />
em Engenharia Ferroviária – Cengefer”<br />
constituindo-se em rede inovadora de<br />
instituições, especializado em projetos<br />
de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico<br />
para a indústria ferroviária em<br />
sua cadeia produtiva e na formação de<br />
novas gerações de técnicos e engenheiros<br />
para o setor;<br />
Por questões de política orçamentária<br />
e de prioridades estratégicas, o governo<br />
federal redefiniu a programação<br />
de obras de infraestrutura de transportes<br />
em PAC_1 e PAC_2 implementando<br />
e concluindo aquelas que se<br />
iniciaram com recursos do PAC_1,<br />
como, por exemplo, dentre outras, a<br />
conclusão da duplicação da BR 262<br />
entre Betim e Nova Serrana, da BR 040<br />
entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, e<br />
o novo viaduto sobre a BR 040, em<br />
Congonhas, antigo Viaduto Vila Rica.<br />
As demais obras consideradas como<br />
demandas prioritárias para o Estado de<br />
Minas Gerais, conforme proposta integrada<br />
enviada pela <strong>SME</strong> ao MT/PNLT,<br />
deverão ser objeto de ações estratégicas<br />
para a conquista de sua completa<br />
inclusão no PAC_2, sem o que dificilmente<br />
serão executadas, com exceção<br />
da “Travessia Ferroviária de Belo Horizonte”,<br />
que será executada por conta<br />
da ferrovia centro atlântica - FCA/Vale<br />
conforme acertos viabilizados com o<br />
Governo Federal e Rede Ferroviária<br />
Federal S.A., devendo ser iniciada nos<br />
próximos dias.<br />
José Antônio Silva<br />
Coutinho é engenheiro<br />
Coordenador<br />
Adjunto da<br />
Comissão<br />
Técnica de<br />
Transportes<br />
da <strong>SME</strong><br />
Blogdesign | (31) 3309 <strong>10</strong>36
36<br />
EÓLICA | Energia limpa<br />
Bons ventos para a matriz<br />
Por Ailton Ricaldoni Lobo<br />
Com a crise econômica<br />
que assola a Europa e também<br />
os Estados Unidos desde<br />
2008, assistimos a consolidação de<br />
uma reviravolta na estrutura mundial<br />
com a escalada do poderio<br />
econômico do Brasil e da China.<br />
A economia do Brasil está se internacionalizando,<br />
fato decorrente<br />
de o País ocupar o primeiro<br />
lugar na produção de vários insumos<br />
agrícolas. O Brasil se consolidará<br />
como celeiro do mundo<br />
expandindo 40% a sua produção<br />
agrícola nos próximos dez anos.<br />
Com o objetivo de tornar realidade<br />
essas perspectivas econômicas,<br />
o Brasil como todas as outras<br />
nações com alto índice de desenvolvimento,<br />
vai precisar de muita<br />
energia.<br />
Quando comecei os meus trabalhos<br />
na Gerência de Desenvolvimento<br />
Tecnológicos da Cemig,<br />
utilizando outras fontes renováveis,<br />
a saber: eólica, solar, biomassa, e<br />
outras, para compor a matriz elé-<br />
trica brasileira, esse esforço era<br />
visto como pesquisa científica. No<br />
Brasil não se permitia falar em<br />
outra fonte renovável, como solução<br />
energética para o País, que não<br />
fossem as grandes usinas hidrelétricas,<br />
que transformaram o Brasil<br />
entre os países industrializados, em<br />
um dos mais dependentes da hidroeletricidade,<br />
com 96,8% da<br />
energia produzida por cerca de<br />
600 barragens. O Brasil se colocou<br />
como o maior produtor de hidroeletricidade<br />
da América Latina, seguido<br />
pela Argentina com <strong>10</strong>1
energética brasileira<br />
barragens, Venezuela com 72 e<br />
Chile com 87. Brasil e Paraguai juntos<br />
tem a maior usina hidroelétrica<br />
do mundo, com uma capacidade<br />
total de 12.600 megawatts. O consumo<br />
de energia per capta no Brasil<br />
quadruplicou desde 1970, de<br />
491 kilowatt para 2.242 kwa atualmente.<br />
O grande desenvolvimento da hidroeletricidade<br />
no Brasil foi entre<br />
1975, quando a capacidade instalada<br />
era apenas de 18.500 megawatts,<br />
e 1985, quando passou para<br />
54.000 megawatts. A partir de<br />
então a construção de barragens<br />
tornou-se mais difícil devido à crise<br />
econômica e ao endividamento,<br />
assim como ao crescimento das<br />
críticas às barragens devido aos impactos<br />
sociais e ambientais.<br />
Hoje, estamos assistindo o resultado<br />
do esforço concentrado de<br />
algumas pessoas que acreditaram<br />
que os ventos iriam ocupar o seu<br />
lugar na matriz elétrica mundial.<br />
A energia do vento (eólica) pode<br />
garantir <strong>10</strong>% das necessidades<br />
mundiais de eletricidade até o<br />
ano 2020, criar 1,7 milhão de<br />
novos empregos e reduzir a emissão<br />
global de dióxido de carbono<br />
na atmosfera em mais de <strong>10</strong> bilhões<br />
de toneladas. Estes são os<br />
principais dados de um novo relatório<br />
internacional elaborado<br />
pelo Greenpeace, pela Associação<br />
Européia de Energia Eólica<br />
(EWEA) e pelo Fórum pela Energia<br />
e Desenvolvimento e lançado<br />
em Bruxelas (Bélgica) durante um<br />
seminário sobre fontes de energias<br />
renováveis.<br />
37
38<br />
EÓLICA | Energia limpa<br />
O relatório "Wind Force <strong>10</strong>: A<br />
Blueprint to Achieve <strong>10</strong>% of the<br />
World’s Electricity from Wind<br />
Power by 2020" mostra que um<br />
total de 1,2 milhão de megawatts<br />
(mw) de energia eólica pode ser<br />
instalado ao redor do mundo até<br />
2020, produzindo, mas que o total<br />
de energia necessária para alimentar<br />
toda a Europa hoje.<br />
Nos últimos dez anos, a força do<br />
vento foi a fonte de energia de<br />
maior crescimento no mundo, com<br />
uma média de 30% de crescimento<br />
ao ano. Apesar de suprir cerca de<br />
<strong>10</strong>% das necessidades de eletricidade<br />
da Dinamarca, por exemplo, a<br />
contribuição da energia eólica em<br />
todo o mundo permanece abaixo<br />
de seu potencial, com uma média<br />
de 0,15%.<br />
Com custo cada vez menor, e<br />
bem mais barato que a hidráulica,<br />
desempenho cada vez maior,<br />
comparável a hidráulica, prazos<br />
de instalação menores, modularidade<br />
e menos impacto ambiental,<br />
esse tipo de energia se tornou a<br />
bola da vez.<br />
Temos que considerar esta opção<br />
com muita ênfase, haja vista, que<br />
o Brasil hoje possui conhecimento<br />
tecnológico para produzir<br />
todos os componentes dos geradores,<br />
possui também um parque<br />
industrial capaz de produzir tais<br />
componentes e uma demanda interna<br />
enorme, pois, o mapeamento<br />
dos potenciais de vento<br />
indica que em Minas Gerais, por<br />
exemplo, só existem 40 giwatts<br />
de potencial instalável.<br />
A contribuição para a autonomia<br />
energética e para o balanço comercial<br />
internacional é significante. Ao<br />
invés de o governo pensar em enterrar<br />
bilhões de dólares na finalização<br />
da usina nuclear de Angra II<br />
e na construção de Angra III, deveria<br />
tomar uma atitude mais estratégica,<br />
e investir até dez vezes<br />
menos em fontes de energias renováveis<br />
e de baixo impacto sobre<br />
o meio ambiente, como a eólica,<br />
obtendo melhores resultados para<br />
a matriz energética brasileira.<br />
Num mundo em que estamos assistindo<br />
o crescimento vertiginoso<br />
das fontes renováveis, em especial<br />
a eólica, o Brasil terá de se livrar<br />
de seus principais nós e aproveitar<br />
que os ventos estão favoráveis.<br />
Disso dependem da nossa política<br />
energética, a formação de mão de<br />
obra qualificada, investimentos em<br />
pesquisa e desenvolvimento com<br />
forte participação da indústria, financiamentos<br />
de longo prazo e a<br />
manutenção do crescimento econômico.<br />
Ailton Ricaldoni Lobo , Presidente eleito da <strong>SME</strong><br />
para o mandato Abril / 2011 - 2014
Djalma Bastos de Morais,<br />
A sólida formação em engenharia<br />
de telecomunicações e matemática<br />
de Djalma Bastos de Morais<br />
obtida em instituições do Sul e Sudeste<br />
naturalmente encaminharam o<br />
jovem militar, natural de Maceió (AL),<br />
para a chefia do serviço de rádio do<br />
Exército na Zona da Mata mineira. Daí<br />
para cargos de superintendência na<br />
Telemig, uma das maiores empresas<br />
estaduais de telefonia do País na década<br />
de 80, e para a Telebrás, então<br />
controlada pelo governo federal,<br />
foram superadas etapas em um processo<br />
constante até o Ministério das<br />
Telecomunicações em 1994.<br />
Em 1995, no entanto, sua carreira<br />
viria a sofrer uma guinada radical<br />
com a nomeação para vice-presidente<br />
da Petrobrás Distribuidora. Desde<br />
então, passou a desempenhar um papel<br />
de protagonista no setor energético<br />
brasileiro, função que mantém há 11<br />
anos como diretor-presidente da<br />
Companhia Energética de Minas Gerais.<br />
Com isso, o engenheiro Djalma<br />
Bastos de Morais não é apenas o presidente<br />
da maior companhia integrada<br />
de energia elétrica do País como também<br />
é a personalidade a ocupar por<br />
mais tempo, o cargo mais alto da diretoria<br />
da Cemig desde sua fundação, há<br />
quase seis décadas, em 1952.<br />
Com Djalma Morais na presidência da<br />
Empresa, a Cemig tem conhecido um<br />
crescimento como nunca havia acontecido<br />
antes. Nos seus primeiros quatro<br />
anos de gestão (1998/2001), a<br />
Cemig empreendeu o seu maior volume<br />
de obras para implantação de hidrelétricas<br />
no País. Em quatro anos<br />
foram iniciadas ou concluídas as obras<br />
das hidrelétricas de Porto Estrela, Funil,<br />
Aimorés, Irapé, Queimado, Pai Joaquim,<br />
Capim Branco I e II e a térmica do Barreiro.<br />
A Companhia iniciou ainda um<br />
processo que lhe permitiu, em pouco<br />
tempo, entrar para o exclusivo grupo<br />
das empresas que são líderes mundiais<br />
em sustentabilidade econômica, ambiental<br />
e social.<br />
A partir de 2002, a Cemig<br />
avançou ainda mais e, em quatro anos,<br />
o seu valor de mercado praticamente<br />
triplicou. Estrategicamente, com muita<br />
segurança e habilidade a Cemig partiu<br />
para o desafio de ser uma empresa global,<br />
passando a ter negócios em 19 estados<br />
brasileiros e no Distrito Federal,<br />
mas sem nunca deixar as raízes de<br />
Minas. Dessa forma, a Cemig expandiu<br />
os seus negócios com participação na<br />
Light, do Rio de Janeiro, aquisição do<br />
controle da Terna e de parte da TBE,<br />
que atuam na operação de linhas transmissão<br />
no Norte, Nordeste, Sul e Sudeste<br />
do Brasil, de parques de geração<br />
eólica no Ceará e da implantação e<br />
operação de uma linha de transmissão<br />
no Chile. Ao mesmo tempo, a Companhia<br />
atingiu o índice de <strong>10</strong>0% de consumidores<br />
urbanos ligados e está<br />
terminando as obras para a universalização<br />
da eletrificação rural. Tudo isso<br />
só foi possível graças à habilidade e<br />
visão do presidente Djalma Bastos de<br />
Morais à frente da Cemig.<br />
39
Blogdesign | (31) 3309 <strong>10</strong>36
FERROVIA | Cengefer<br />
Projeto inovador<br />
‘’Centro de Referência e Excelência em Engenharia Ferroviária – Cengefer’’<br />
Projeto inédito e pioneiro no Brasil,<br />
de criação de um Centro de Referência<br />
e Excelência em Engenharia Ferroviária<br />
(Cengefer), centrado em<br />
pesquisas e no resgate dos avanços<br />
tecnológicos voltados para o sistema<br />
de transportes ferroviários de cargas<br />
e passageiros, agregado ao polo industrial<br />
ferroviário em sua cadeia<br />
produtiva, incluindo-se a inserção das<br />
escolas técnicas e de engenharia na<br />
formação de novas gerações de técnicos<br />
e engenheiros ferroviários, faz<br />
parte das políticas públicas de<br />
transporte e logística. Essas políticas<br />
públicas contribuem para reordenar<br />
a matriz de transporte do país,<br />
ainda predominantemente apoiada<br />
no modo rodoviário e consta como<br />
destaque na “proposta integrada de<br />
Minas Gerais”, elaborada pela comissão<br />
técnica de transportes da Sociedade<br />
Mineira de Engenheiros (<strong>SME</strong>),<br />
para o Plano Nacional de Logística e<br />
Transportes (PNLT).<br />
O Centro de Referência e Excelência<br />
em Engenharia Ferroviária (Cengefer)<br />
é fator fundamental para o sucesso<br />
do plano de revitalização das ferrovias<br />
e sua criação e implantação em<br />
Minas Gerais se justifica pelas seguintes<br />
premissas: O Governo Federal<br />
implementa o plano de revitalização<br />
das ferrovias, desenvolvendo projetos<br />
que objetivam a integração e adequa-<br />
ção operacional das ferrovias e a ampliação<br />
de sua capacidade nos corredores<br />
de transporte. O Estado de<br />
Minas Gerais tem localização estratégica<br />
em relação a outros grandes<br />
centros de produção e de consumo,<br />
e por dispor dos maiores segmentos<br />
da malha ferroviária do país em operação,<br />
ocupa posição privilegiada nas<br />
cadeias logísticas visando à integração<br />
modal e operacional nos corredores<br />
de transporte destinados aos<br />
mercados internos e às exportações.<br />
Também as ferrovias em Minas Gerais<br />
têm especial significado no novo<br />
paradigma da logística em infraestrutura<br />
de transportes, constituindo-se<br />
41
42<br />
FERROVIA | Cengefer<br />
na alternativa viável e necessária para<br />
a eficácia do processo de desenvolvimento<br />
econômico e social sustentado,<br />
com competitividade e consequente<br />
redução do chamado “custo Brasil.’’.<br />
O Estado de Minas vem atuando como<br />
indutor e articulador de ações de implementação,<br />
visando reordenar e dar<br />
nova dinâmica ao “desenvolvimento<br />
do transporte ferroviário no Estado’’,<br />
tendo criado para isto, o programa<br />
Trens de Minas.”<br />
É importante lembrar que o êxito na<br />
realização dos projetos de revitalização<br />
do transporte ferroviário, estará<br />
assegurado na medida que seja desenvolvida<br />
a cadeia produtiva ferroviária,<br />
fundada em pesquisa, conhecimento<br />
tecnológico e formação adequada de<br />
técnicos para o setor ferroviário.<br />
Há que se considerar também que a<br />
grande maioria dos países do mundo<br />
que possuem uma razoável infraestrutura<br />
de transportes tem como suporte<br />
de seu desenvolvimento um<br />
instituto ou centro de pesquisas ferroviárias,<br />
pois o desenvolvimento do<br />
transporte ferroviário compreende o<br />
conhecimento da engenharia ferroviária,<br />
bem como o domínio e atualização<br />
permanente da tecnologia do setor<br />
que depende, dentre outros fatores,<br />
da realização de pesquisas específicas<br />
e da sua interação prática com a revitalização<br />
organizada do parque indus-<br />
trial ferroviário.<br />
O incompatível estágio de desenvolvimento<br />
do setor ferroviário brasileiro,<br />
que vem afetando a sua já menor participação<br />
na matriz de transportes, decorre<br />
da inexistência no Brasil, de um<br />
Centro desta natureza.<br />
Cengefer = inovação<br />
“ Brasil carece de uma<br />
cultura que privilegie a<br />
inovação como fator<br />
determinante da competitividade<br />
de sua<br />
economia e de suas<br />
empresas – carta de<br />
minas pela inovação –<br />
hora de inovar.”<br />
Olavo Machado<br />
Presidente da FIEMG<br />
A modelagem para a estruturação<br />
deste Centro de Referência e Excelência<br />
em Engenharia Ferroviária<br />
será o resultado de proposta de parcerias<br />
alternativas de financiamento<br />
e modelo de gestão autosustentável.<br />
Silogismos estruturantes<br />
A busca da riqueza nacional e da justiça<br />
social se alicerça em várias<br />
ações. Impõe-se que todas elas privilegiem<br />
a componente evolução do<br />
conhecimento e da tecnologia.<br />
Uma maneira eficaz para mudar o<br />
quadro de subdesenvolvimento consiste<br />
no investimento contínuo, ordenado<br />
e crescente de recursos e de<br />
esforços em Ciência e tecnologia,<br />
sempre buscando a integração, a formação<br />
de redes e ampla mobilização<br />
para gerar conhecimentos e tecnologias<br />
nacionais de vanguarda. Nesse<br />
contexto é que se insere o projeto<br />
Cegenfer.<br />
A ideia de implantar este projeto<br />
vem ao encontro do anseio de se<br />
criar um novo paradigma, contextualizando<br />
suas ações dentro de um enfoque<br />
de ciência e tecnologia<br />
aplicada aos produtos, processos e<br />
serviços. Os institutos de pesquisa<br />
do país elaboram seus trabalhos técnicos<br />
que nem sempre chegam ao<br />
conhecimento geral, pela falta da<br />
praticidade de suas teorias e, na<br />
maioria dos casos, tem maior ênfase<br />
o ‘Paper’ elaborado sobre o assunto<br />
do que a aplicação prática em benefício<br />
da sociedade como um todo.<br />
Os fabricantes de novos equipamentos<br />
não têm, na maioria das vezes,<br />
campos de provas reais para o teste<br />
de seus novos produtos, senão apenas<br />
esporádicos espaços abertos em<br />
algumas empresas que usufruem os<br />
eventuais benefícios para a melhoria<br />
apenas de sua instituição, não se<br />
preocupando com o restante do sistema<br />
nacional.
Pela falta de sinergia entre estas entidades,<br />
deixa-se de obter respostas<br />
mais elaboradas que possam agregar<br />
renovadas inteligências na solução de<br />
problemas na área do conhecimento<br />
da engenharia nacional. Isto se deve a<br />
forma de trabalho quase totalmente<br />
estanque dessas instituições, que normalmente<br />
cumprem com suas missões<br />
e atribuições através de uma sistemática<br />
de trabalho que não potencializa<br />
nem integra seus diversos componentes,<br />
gerando assim, um resultado eficiente,<br />
porém, não eficaz.<br />
A busca da referência pela excelência<br />
em Engenharia Ferroviária<br />
A busca da excelência ou da vanguarda<br />
em algum campo de atuação,<br />
seja na administração pública, seja no<br />
mundo empresarial ou em qualquer<br />
outro setor da atividade humana, depende<br />
de muito esforço e de muita<br />
determinação, sobretudo, de desafios<br />
inteligentes ou de situações por si só<br />
instigantes, do desejo de estruturação<br />
de parcerias estratégicas, da formatação<br />
de rede onde cada<br />
componente procure alcançar a excelência<br />
na sua restrita área de ação.<br />
Manter-se na vanguarda é desafio tão<br />
empolgante quanto o de atingí-la.<br />
Sabe-se que o desenvolvimento da<br />
ciência e da tecnologia, para o qual a<br />
criatividade e a inovação têm de<br />
estar necessariamente presentes, se<br />
apóia em três premissas básicas. A<br />
primeira delas deve-se à existência<br />
do cérebro humano e ao incentivo a<br />
sua utilização, perseguindo os limites<br />
de sua potencialidade. A segunda é localizada<br />
na mobilização das pessoas e<br />
instituições em torno de bandeiras,<br />
de metas geradoras de algum benefício<br />
estratégico ou social; e a terceira<br />
refere-se ao esforço nacional, canalizando<br />
recursos adequados para a<br />
área científica e tecnológica.<br />
O projeto de um Centro de Referência<br />
e Excelência em Engenharia<br />
Ferroviária se preocupa com os<br />
procedimentos para introduzir a inteligência<br />
nacional no processo produtivo.<br />
Isso representa agregar um<br />
insumo que reverterá em divisas<br />
para o país e em sustentação para a<br />
entidade.<br />
Mobilização nacional, incentivos ou<br />
grandes empenhos de lideranças<br />
são essenciais para o alcance de resultados<br />
de alto significado, tais<br />
como: assumir a liderança nacional<br />
na área de engenharia ferroviária.<br />
Pensar em desenvolvimento tecnológico<br />
não implica somente as grandes<br />
realizações dos países já desenvolvidos.<br />
O Brasil pode pensar tanto em projetos<br />
estruturais, de grande alcance,<br />
como em inúmeros temas do dia a<br />
dia que precisam, constantemente<br />
de evolução tecnológica. Nesse ca-<br />
minho, o país encontrará fácil maneira<br />
de agregar a inteligência nacional<br />
aos seus produtos, processos<br />
e serviços.<br />
Deve-se sempre considerar que as<br />
tecnologias do presente caminham<br />
para a obsolescência e que muitas<br />
daquelas que serão as preferidas<br />
nos próximos 20 anos não se encontram<br />
no mercado, por isso sobram<br />
chances para quem se lança na<br />
luta da conquista tecnológica.<br />
O Brasil tem condições objetivas<br />
de alcançar um patamar mais alto<br />
de desenvolvimento se estimular os<br />
seus especialistas, técnicos, cientistas<br />
e empresários, enfim, mobilizar<br />
suas inteligências para promover a<br />
superação dos modernos desafios<br />
da tecnologia e o uso criativo de<br />
conhecimentos.<br />
O uso do nome Centro de Excelência<br />
constitui uma decisão de<br />
marketing, visando conferir status<br />
a uma ampla rede estruturada<br />
a partir de competências, de empresas,<br />
de órgãos e de universidades<br />
que se complementam na<br />
realização de objetivos comuns.<br />
Essa concepção de rede de excelência<br />
funciona em harmonia e sinergicamente<br />
e, por isso, produz riqueza e<br />
oportunidades como se fora uma<br />
43
44<br />
FERROVIA | Cengefer<br />
única estrutura – daí o conceito de<br />
Centro.<br />
Este é sempre virtual, pois se assenta<br />
numa rede de competências<br />
e recursos. A rede tem suas regras<br />
e seus objetivos como um todo,<br />
mas também tem os objetivos de<br />
seus componentes. As interligações<br />
do sistema são sólidas, sustentadas<br />
e imprescindíveis.<br />
O Centro de Referência<br />
e Excelência em Engenharia<br />
Ferroviária resulta de<br />
uma bem articulada rede<br />
de parcerias estratégicas.<br />
São ligações permanentes<br />
e sustentadas.<br />
Busca-se, como condição<br />
para o sucesso, a otimização<br />
dos recursos existentes.<br />
A utilização de técnicas<br />
inovadoras e métodos<br />
científicos avançados, por profissionais<br />
de elevada capacitação,<br />
gera resultados situados no limiar<br />
ou além da fronteira do conhecimento<br />
em determinada área industrial<br />
ou tecnológica.<br />
Por meio de trabalho interativo de<br />
recursos humanos e tecnológicos,<br />
com o envolvimento de entidades<br />
governamentais, de instituições de<br />
pesquisa, de empresas e de universidades<br />
nacionais e internacionais,<br />
busca-se a valorização, o desenvolvimento<br />
e a disseminação de competências,<br />
ingredientes<br />
imprescindíveis para a superação<br />
do subdesenvolvimento.<br />
Há para os projetos do Centro, a<br />
definição de uma ou de várias uni-<br />
versidades-âncoras. Essas instituições<br />
completam ou suprem as<br />
pesquisas necessárias, promovem<br />
cursos de graduação e pós-graduação<br />
de interesse da rede ou geradores<br />
de renda para o conjunto,<br />
estabelecem a disseminação dos<br />
conhecimentos gerados (que não<br />
sejam objeto de acordo de sigilo)<br />
e coordenam outras instituições<br />
acadêmicas que possam se integrar<br />
ao projeto. Vale considerar que a<br />
ampliação das atividades tecnológicas<br />
de um núcleo requer a agregação<br />
de recursos humanos e<br />
físicos, possível campo de atuação<br />
das universidades-âncora, as quais<br />
podem propiciar que a desejada<br />
expansão de recursos se processe<br />
nos seus domínios.<br />
Com a participação de<br />
empresas privadas ou<br />
estatais há ligação<br />
para o desenvolvimento<br />
de produtos,<br />
processos, equipamentos<br />
e softwares.<br />
Qualquer entidade ou<br />
empresa nacional<br />
compõe um perfeito<br />
laboratório capaz de<br />
viabilizar a utilização<br />
de tecnologias aplicáveis<br />
ao seu negócio,<br />
valorizando rapidamente<br />
seus produtos,<br />
processos e serviços,<br />
validando-os para o trânsito internacional.<br />
Por vezes, muitas são as entidades,<br />
organizações e empresas cuidando<br />
de um assunto importante.<br />
Mas, poucas vezes, ocorre a sinergia<br />
nas ações, a otimização dos recursos<br />
e a inovação na gestão. Por<br />
isso, poucos são os grandes resultados.
Estruturação de um projeto de<br />
busca da referência pela excelência<br />
em Engenharia Ferroviária<br />
De maneira geral, os projetos de formatação<br />
de centros de excelência seguem<br />
o roteiro da realização de um<br />
diagnóstico do objeto de estudo, da definição<br />
de uma visão de trabalho a ser<br />
adotada e dos projetos para atingir os<br />
objetivos propostos. Cada projeto tem<br />
estruturação própria, em função das diferentes<br />
configurações possíveis, a partir<br />
de realidades distintas.<br />
Por outro lado, é fundamental que haja<br />
um grupo líder para conduzir o projeto,<br />
com acesso à alta administração<br />
da entidade ou do órgão da administração<br />
pública responsável. O projeto<br />
busca elevar parte da entidade ou organização<br />
ao nível da excelência, colocando<br />
sua tecnologia específica na<br />
vanguarda mundial, ou elevá-las, como<br />
um todo, à excelência.<br />
É importante buscar a aplicação dos<br />
conceitos de gestão pela qualidade<br />
total ao segmento em questão, e que<br />
se procure trabalhar segundo critérios<br />
da administração estratégica. A criação<br />
de um centro de excelência resulta de<br />
um esforço de estabelecimento paulatino<br />
de parcerias, as quais, pouco a<br />
pouco, enriquecem o projeto:<br />
Conceito - Conjunto de recursos físicos,<br />
humanos, tecnológicos, integra-<br />
dos numa rede por área temática, que<br />
objetiva a manutenção da supremacia<br />
no campo escolhido, a valorização contínua<br />
e sustentada do desenvolvimento<br />
dos elos da rede e a transformação da<br />
tecnologia e do conhecimento em produtos,<br />
processos ou serviços.<br />
Forma - Sólida união através de uma<br />
rede de alto desempenho, percebida<br />
como um conjunto uno, caracterizando<br />
assim, para efeito de marketing, um<br />
centro de excelência. Assenta-se sobre<br />
parcerias estratégicas entre indústrias,<br />
instituições, universidades, governos Federal,<br />
Estadual e Municipal.<br />
Missão - Busca de resultados situados<br />
no limiar ou além da fronteira do conhecimento<br />
existente em determinada<br />
área industrial, tecnológica, de gestão<br />
ou do conhecimento, pela utilização de<br />
técnicas inovadoras e métodos científicos<br />
avançados, reunindo para tanto<br />
profissionais de elevada qualificação.<br />
Visão - Ser reconhecido como um<br />
conjunto unificado de recursos com<br />
desempenho no patamar da excelência,<br />
situando-se sempre na vanguarda<br />
tecnológica ou do conhecimento.<br />
Não se constrói um centro de excelência<br />
de um dia para o outro. Durante<br />
anos constrói-se degrau a degrau, a escala<br />
do sucesso. A entidade (ou o conjunto<br />
delas) é o laboratório principal<br />
de teste das inovações.<br />
Em resumo, a busca da referência pela<br />
excelência em Engenharia Ferroviária<br />
se sustenta na ideia:<br />
• Empresas, organismos e associações<br />
constituem laboratórios que possam<br />
viabilizar o desenvolvimento de<br />
conhecimentos, tecnologias e inovações<br />
aplicáveis ao seu campo de atuação,<br />
valorizando seus produtos,<br />
processos e serviços. Cada entidade<br />
pode se unir a universidades, de forma<br />
a compartilhar tecnologias e processos<br />
inovadores.<br />
• É preciso criar, no país, núcleos de<br />
desenvolvimento de tecnologias e de<br />
conhecimentos avançados, formandose<br />
massa crítica, trabalhando em várias<br />
frentes, fazendo surgir outras inovações<br />
e novos produtos, processos e<br />
serviços.<br />
• Tecnologias, conhecimentos e modelos<br />
de gestão evoluem a cada instante.<br />
• A aplicação constante em inovação<br />
e tecnologia, tanto nas entidades<br />
quanto nas universidades, gera um excepcional<br />
mercado de trabalho.<br />
José Antônio Silva<br />
Coutinho é<br />
engenheiro e<br />
Coordenador<br />
Adjunto da<br />
Comissão<br />
Técnica de<br />
Transportes<br />
da <strong>SME</strong><br />
45
46<br />
CIÊNCIA E TECNOLOGIA | Prêmio<br />
Chuveiro o vilão da energia<br />
Por Alessandra Sardinha<br />
O estudante do curso de Engenharia Mecânica<br />
da UFMG, João Bosco Barbosa Filho, vencedor do 19º<br />
prêmio <strong>SME</strong> de Ciência e Tecnologia, apresentou o projeto<br />
“Chuveiro otimizado: Uma nova concepção de banho<br />
acerca do uso racional da energia elétrica”. A solenidade<br />
foi realizada no Usiminas em dezembro de 20<strong>10</strong>.<br />
O Brasil tem experimentado nos últimos anos<br />
um considerável crescimento que o tem qualificado como<br />
um País emergente. A consequência disso é o elevado<br />
consumo de energia e, por conseguinte, o aumento do<br />
risco do “apagão” que tem se tornado um grande desafio<br />
para as autoridades brasileiras. Nas palavras do estudante,<br />
“o apagão ocorre porque existe um horário de maior<br />
consumo de energia, no qual vários aparelhos são ligados<br />
ao mesmo tempo”. Estima-se que o uso do chuveiro, o<br />
vilão da energia, corresponda a 26% desse consumo de<br />
energia elétrica. De acordo o vencedor do prêmio, João<br />
Bosco Barbosa Filho, nos últimos anos, poucas medidas<br />
têm sido feitas em relação ao problema, sendo a mais conhecida<br />
o horário de verão, com uma economia de 5%.<br />
“Este aumento no consumo de energia elétrica faz com<br />
que aumente a necessidade de termoelétricas, hidrelétricas<br />
e usinas nucleares, e isto muitas vezes significa poluir<br />
e desmatar de forma irracional”, explica Filho. Diante<br />
disso, ele pensou em criar uma solução para amenizar o<br />
consumo de energia elétrica e apresentou um sistema<br />
que, instalado no chuveiro, acarreta um menor consumo<br />
de energia elétrica (supondo que se mantenha o mesmo<br />
tempo de banho). O uso da vazão intermitente, quase que<br />
imperceptível ao usuário permitiu aumentar a temperatura<br />
da água na saída do chuveiro com uma menor potência.<br />
“Esse é o chuveiro ideal para o nosso País”, afirma<br />
o estudante do curso de Engenharia.
Vencedores do prêmio<br />
matura ou perda da capacidade de produção de veneno.<br />
Diante disso Amaral cria um sistema capaz con-<br />
O grupo de estudantes Lucas Machado Viana, Igor José trolar de forma adequada os níveis de tensão,<br />
Moreira Marques e Augusto Matheus dos Santos corrente, frequência e duração da aplicação do estí-<br />
Alonso do curso de Engenharia de Controle e Automulo elétrico, prolongando-se a vida útil dos animais<br />
mação da Universidade Federal de Ouro Preto em cativeiro. E ainda, este estímulo elétrico poderá<br />
(UFOP), autores do projeto “Desenvolvimento de sen- ser ajustado de acordo com cada espécie, evitando sua<br />
sor orgânico para monitoramento e análise de dose fadiga ou morte prematura e intensificando a disponi-<br />
de radiação em soluções de MEH-PPV/Alq3, para fubilidade de veneno para a produção de soros anti-peturas<br />
aplicações médico-hospitalar” ficou com o 2º<br />
lugar. Foi desenvolvido um<br />
çonhentos na FUNED.<br />
dispositivo que provou ser<br />
O projeto<br />
uma alternativa viável para<br />
“Monitoramento do<br />
aumentar a segurança dos<br />
desgaste dos refra-<br />
tratamentos envolvendo ratários<br />
dos cadinhos<br />
diação, além do baixo custo<br />
dos altos-fornos”,<br />
de produção e manutenção.<br />
4º lugar, elaborado<br />
A leitura dos dados forne-<br />
por Leandro Dijon<br />
cidos pelo protótipo é rápida<br />
e intuitiva devido à<br />
escala de cor no display.<br />
Evidenciando assim um mé-<br />
Vencedores do Prêmio 1º ao 5º lugar<br />
todo inovador e revolucionário<br />
para ser utilizado em ambientes médicos<br />
de Oliveira Campos,<br />
estudante do<br />
curso de Engenharia<br />
Metalúrgica da<br />
Universidade Fede-<br />
hospitalares.<br />
ral de Minas Gerais (UFMG), cita as empresas siderúrgicas<br />
que trabalham com Altos-Fornos,<br />
já o 3º colocado, Fernando Venâncio Amaral, estudante termopares instalados ao longo do corpo desses rea-<br />
do curso de Engenharia Elétrica do CEFET-MG, apretores com a finalidade de se medirem as temperatusentou<br />
o projeto “Estimulador elétrico digital para exras em regiões diferentes, para se avaliar a<br />
tração de veneno em aranhas e escorpiões na distribuição interna da carga, o fluxo gasoso, o des-<br />
Fundação Ezequiel Dias (FUNED)”. O soro anti-peçogaste da parede refratária que reveste o interior desnhento<br />
é produzido a partir do próprio veneno do tes equipamentos, dentre outras utilidades. O<br />
animal. A extração do veneno é realizada através da problema identificado foi a utilização inadequada dos<br />
aplicação de estímulo elétrico aplicado na glândula dados coletados pelos termopares na região do ca-<br />
produtora de veneno do animal. Esse procedimento é dinho, e a solução encontrada foi a criação de um<br />
empregado na FUNED, mas sem a capacidade de se software capaz de ler as temperaturas medidas pelos<br />
controlar os níveis e tempos de exposição do animal<br />
termopares e traduzi-las em espessura da parede e<br />
ao choque. Isso provoca, muitas vezes, a morte pre-<br />
desgaste do refratário.<br />
47
48<br />
CIÊNCIA E TECNOLOGIA | Prêmio<br />
Em 5º lugar, Bruna Monteiro Ferreira, aluna do<br />
curso de Engenharia Civil da UFOP, com o projeto “Estudo<br />
de caracterização da escória de ferro silício manganês para<br />
a aplicação em lastro ferroviário”. De acordo com a estudante<br />
o Brasil é o um dos maiores produtores de ferroligas<br />
de manganês do mundo. A escória de ferro silício manganês<br />
é um resíduo da produção industrial siderúrgica. Em síntese<br />
o material, escória de ferro silício manganês em estudo se<br />
enquadrou nos seguintes requisitos de: análise granulométrica,<br />
abrasão Los Angeles, índice de tenacidade TRETON,<br />
massa específica aparente, absorção de água, porosidade<br />
Abertura do<br />
evento com<br />
o presidente<br />
da <strong>SME</strong>,<br />
Márcio Trindade<br />
APOIADORES DO EVENTO<br />
aparente, teor de materiais macios e friáveis, forma do material<br />
e teor de material pulverulento, teor de argila em<br />
torrões, resistência a intempéries, carga pontual e compressão<br />
axial. Todos estes índices têm como referência os<br />
padrões estabelecidos pela ABNT e AREMA. No que diz<br />
respeito aos estudos de classificação ambiental, mineralógico<br />
e elétrico, o material, escória de ferro, silício, manganês<br />
também se enquadrou em todos os requisitos estabelecidos<br />
por norma. Dessa forma, pode-se afirmar que o material<br />
está apto, ou seja, pode ser usado como lastro<br />
ferroviário, dando uma alternativa técnica.<br />
O estudante do curso de Engenharia Mecânica/UFMG, João Bosco Barbosa Filho, vencedor do 19º prêmio <strong>SME</strong> de Ciência e<br />
Tecnologia, apresentou o projeto “Chuveiro Otimizado: Uma nova concepção de banho acerca do uso racional da energia elétrica”<br />
A Sociedade Mineira de Engenheiros (<strong>SME</strong>) criou<br />
há 19 anos o Prêmio de Ciência e Tecnologia para incentivar<br />
e valorizar a produção de trabalhos técnico-científicos<br />
desenvolvidos por estudantes de graduação nas áreas<br />
de engenharia, arquitetura e agronomia de Minas Gerais.<br />
De acordo com o presidente da <strong>SME</strong>, Márcio Damazio<br />
Trindade, os trabalhos inscritos são analisados por<br />
um comitê de profissionais especializados e os autores<br />
dos cinco melhores trabalhos recebem uma premiação<br />
em dinheiro, no total de R$20 mil. Além disso, os trabalhos<br />
bem classificados recebem menções honrosas e a instituição<br />
de ensino com maior número de proposições,<br />
uma premiação especial.<br />
Anualmente, os universitários de Minas Gerais<br />
têm a oportunidade de se inscreverem no Prêmio de<br />
Ciência e Tecnologia, além de concorrer, o universitário<br />
poderá ter o seu trabalho conhecido dentro da área acadêmica<br />
e de grandes empresas.
O desequilíbrio das Metrópoles<br />
Por Hudson Navarro - Diretor geral do Instituto Horizontes<br />
O desequilíbrio tem sido a marca comum do crescimento<br />
das metrópoles brasileiras nas últimas décadas,<br />
sendo o principal responsável pelos grandes problemas<br />
por elas enfrentados hoje, como os bolsões de pobreza,<br />
a baixa mobilidade e ainda, a crescente violência, resultado<br />
muitas vezes dos desníveis regionais internos.<br />
Esses problemas gerados pelo modo de crescimento criaram<br />
verdadeiras armadilhas, que estão aí a desafiar a criatividade<br />
dos gestores e a enfrentar a geralmente crônica<br />
escassez de recursos dos cofres municipais, submetidos à<br />
vontade e aos caprichos do poder federal, que arrecada a<br />
maior (bem maior) fatia do bolo tributário.<br />
Rio de Janeiro e São Paulo são os dois principais exemplos,<br />
mas a capital mineira também não foge à regra, em<br />
muitos casos, as situações não tenham ainda atingido a<br />
magnitude e a gravidade que ostentam nas duas maiores<br />
metrópoles brasileiras. Episódios recentes como a violência<br />
no Aglomerado da Serra ou o caos provocado<br />
por uma simples ameaça de greve dos rodoviários, por<br />
exemplo, não podem ser vistos isoladamente, mas analisados<br />
nesse contexto mais amplo, pois podem ser enquadrados<br />
na cesta que acumula as conseqüências<br />
indesejáveis do crescimento desordenado.<br />
Se, em muitos casos, os gestores públicos se sentem de<br />
mãos atadas diante da escassez de recursos, a conclusão<br />
que se deve chegar é de que não há nada a ser<br />
feito? Naturalmente que não. Se a responsabilidade do<br />
gestor público é, indubitavelmente, maior do que a de<br />
outros atores, os segmentos organizados da sociedade<br />
devem participar ativamente desse processo, sob pena<br />
de serem punidos pela passividade.<br />
É essa a linha de raciocínio que tem levado o Instituto Horizontes<br />
a tomar a iniciativa de debater e oferecer sugestões<br />
para alguns dos principais entraves ao bem estar da<br />
nossa metrópole, quase todos fruto do desequilíbrio do<br />
crescimento. Foi assim com o Vetor Norte, objeto de um<br />
Plano de Ações Imediatas que gerou e tem gerado subsídios<br />
a diversas decisões para ordenamento do desenvolvimento<br />
daquela região, possivelmente, no momento<br />
atual, a mais dinâmica da RMBH(Região Metropolitana de<br />
Belo Horizonte); e foi assim com o Vetor Sul, para o qual<br />
o instituto produziu um Plano de Ações Estratégicas que<br />
tem balizado entendimentos e deliberações envolvendo<br />
o empresariado, a comunidade, o Ministério Público e autoridades<br />
estaduais e municipais.<br />
É este o princípio que move também o Instituto Horizontes<br />
(IH) a promover os estudos para elaboração do<br />
Plano de Ações Estratégicas para o Vetor Noroeste,<br />
tendo como foco principalmente os municípios de Ribeirão<br />
das Neves, Esmeraldas, Pedro Leopoldo e, parcialmente,<br />
Contagem. Essa região é um bom exemplo de<br />
desequilíbrio, pois é cercada por dois corredores de economia<br />
altamente dinâmica – o eixo da BR 040, em direção<br />
a Sete Lagoas, e o do Vetor Norte – mas não tem se<br />
beneficiado dessa dinâmica e continua a ostentar os piores<br />
índices sociais e econômicos da RMBH.<br />
O estudo coordenado pelo IH irá articular a visão técnica<br />
dos especialistas - nas áreas ambiental, socioeconômica, de<br />
mobilidade e de ocupação e uso do solo – com o sentimento<br />
do próprio cidadão, seja por meio de suas organizações, seja<br />
por sua própria iniciativa. Dessa conjunção, nossa expectativa<br />
é de que surjam diretrizes consensuais, capazes de serem<br />
assimiladas pelos gestores e transformadas em soluções.<br />
49
50<br />
ENGENHEIRO DO ANO | Homenagem<br />
Rubens Menin recebe título de<br />
Engenheiro do Ano<br />
A Sociedade Mineira de Engenheiros (<strong>SME</strong>) homenageia<br />
o sócio fundador e presidente da MRV Engenharia,<br />
Rubens Menin, com o título “Engenheiro do Ano<br />
20<strong>10</strong>.” Menin dedicou toda sua vida profissional à<br />
construção civil, mais especificamente à MRV, conseguiu<br />
fazer da empresa, líder no segmento econômico<br />
no Brasil. “Receber este prêmio da mais importante<br />
entidade do setor no Estado é muito gratificante,<br />
pois representa o reconhecimento dos meus colegas<br />
de profissão ao meu trabalho e ao meu amor pela<br />
engenharia”, diz.<br />
A homenagem é concedida pela <strong>SME</strong> desde 1985, para<br />
aqueles que se destacam em sua área de atuação e que contribuem<br />
para a sociedade com suas ideias e atividades, apontando<br />
novos rumos para o desenvolvimento do país.<br />
A paixão pela engenharia sempre esteve presente na vida<br />
de Menin, seu avô e pais foram engenheiros, assim como os<br />
irmãos. Ele foi criado respirando engenharia e sempre<br />
soube qual caminho trilharia. “Desde muito jovem sempre<br />
soube que queria ser engenheiro”, diz. Já na faculdade de<br />
engenharia da UFMG, Rubens começou a fazer estágio na
Vega Engenharia e foi ali que se encantou<br />
pela construção popular e<br />
passou a cultivar a ideia da criação de<br />
uma empresa que construísse para o<br />
público de baixa renda.<br />
Em 1977, junto com os primos Mário<br />
e Homero, construiu a primeira casa,<br />
na Rua dos Maçaricos, na Vila Clóris, e<br />
o negócio deu tão certo que não pararam<br />
mais. Com a venda desta casa<br />
construíram mais três e depois outras<br />
dez, foi aí em outubro de 1979, que<br />
nasceu a MRV Engenharia.<br />
Logo depois da criação da empresa, veio<br />
a crise de 1982 e o primeiro grande desafio.<br />
Quinze das dezesseis empresas<br />
que construíam para a baixa renda na<br />
capital mineira desistiram de construir<br />
para este público. Contrariando a tendência,<br />
a MRV tomou uma decisão corajosa<br />
e que se mostrou acertada.<br />
Presidente da <strong>SME</strong>, Márcio Trindade e<br />
Rubens Rubens Menin “Engenheiro do Ano”<br />
Segundo Menin, a crise<br />
foi determinante para o<br />
desencadeamento de<br />
dois dos fatores que<br />
hoje são o DNA da<br />
empresa, o controle de<br />
custos e o planejamento<br />
financeiro.<br />
No início da estabilização econômica<br />
em 1994, a empresa decidiu que era<br />
chegada a hora de começar a sua expansão<br />
geográfica. Foi quando iniciaram<br />
os negócios da MRV no Triângulo<br />
Mineiro e, logo depois, em Ribeirão<br />
Preto, Americana e Campinas, no interior<br />
de São Paulo. Daí para frente, a<br />
MRV não parou mais e hoje está presente<br />
em 90 cidades, de 15 Estados e<br />
também no Distrito Federal.<br />
Um dos passos determinantes para o<br />
forte crescimento da MRV foi a decisão<br />
de seu presidente de abrir o capital<br />
da empresa. Em julho de 2007, a<br />
companhia passou a fazer parte do<br />
Novo Mercado - mais elevado nível<br />
de Governança Corporativa da Bovespa<br />
- ofertando 45,9 milhões de<br />
ações ordinárias ao mercado, equivalentes<br />
a R$ 1,2 bilhão, passando a ser<br />
APOIADORES DO EVENTO<br />
uma empresa com ações cotadas em<br />
bolsa.<br />
Em 2009, Rubens foi convidado<br />
pessoalmente pela então Ministra<br />
Dilma Rousseff para participar da<br />
elaboração do programa habitacional<br />
do governo “Minha Casa, Minha<br />
Vida.”Os impactos provocados pelo<br />
“Minha Casa, Minha Vida” foram determinantes<br />
para os bons resultados<br />
financeiros da MRV, já que a<br />
empresa era a mais preparada para<br />
atender a forte demanda por produtos<br />
que se enquadram ao perfil<br />
eleito pelo governo.<br />
Em 20<strong>10</strong>, Rubens Menin conduziu<br />
a MRV para mais um ano de recordes.<br />
As vendas contratadas<br />
totalizaram R$ 3,75 bilhões com<br />
crescimento de 33% ante o resultado<br />
de 2009. Os lançamentos chegaram<br />
a R$ 4,6 bilhões, número<br />
histórico de 46.975 unidades residenciais.<br />
Em 2011, Rubens espera<br />
conduzir a MRV para voos ainda<br />
mais altos. A empresa já apresentou<br />
seu guidance de vendas contratadas<br />
que deverá fechar o ano entre<br />
R$ 4,3 e R$ 4,7 bilhões.<br />
51
52<br />
GESTÃO EMPRESARIAL | IP<br />
REVITALIZAÇÃO<br />
DO INSTITUTO<br />
DE PESQUISA<br />
Por Márcio Damázio Trindade<br />
Objetivo<br />
A proposição apresentada neste<br />
documento visa criar meios para<br />
que a interação entre os sistemas<br />
geradores, difusores e absorvedores<br />
de tecnologia e serviços técnico-científicos<br />
se torne mais<br />
efetiva e produtiva.<br />
Justificativa<br />
As dificuldades de interação entre<br />
os sistemas geradores e absorvedores<br />
de tecnologia e de serviços<br />
técnicos são históricas e muito<br />
pouco tem sido feito, de forma<br />
efetiva, par sanar os problemas<br />
existentes.<br />
Os modelos de financiamento à<br />
pesquisa no Brasil, apesar de esforços<br />
louváveis, nem sempre<br />
têm sido traduzidos em termos<br />
de melhoria do sistema produtivo<br />
do País. Os principais pontos de<br />
entrave decorrem do fato de que<br />
as necessidades e oportunidades<br />
de inovação estão no mercado,<br />
enquanto as potencialidades de<br />
invenções estão mais concentradas<br />
nas instituições de ensino e<br />
pesquisa. A falta de conexão<br />
entre os centros geradores de<br />
tecnologia e o mercado decorre,<br />
sobretudo, porque as pessoas envolvidas<br />
nos dois ambientes não<br />
têm oportunidades de atuarem<br />
conjuntamente.<br />
Enfoques da sugestão<br />
Organização :<br />
Em diversos países da Europa,<br />
foram criados os chamados Centros<br />
de Tecnologia. Na França, por<br />
exemplo, os Centres Techniques<br />
Industriels apóiam 19 setores industriais.<br />
Na Bélgica, os Centres<br />
dÉxpertises em Wallonie e na Alemanha<br />
(Federação de Associações<br />
de Pesquisa Industrial) atuam de<br />
forma semelhante. As principais<br />
características são: entidades de<br />
utilidade pública, envolvidas contratualmente<br />
com o conjunto de<br />
empresas de setores pré-selecionados.
Contrariamente às entidades de<br />
pesquisa que selecionam seus<br />
clientes e suas tecnologias, têm,<br />
para com os empresários, uma<br />
responsabilidade permanente.<br />
Na França, há uma cotização obrigatória<br />
das empresas, definida<br />
por decreto ou regulamento, que<br />
garante um compromisso mútuo<br />
entre a instituição de pesquisa e<br />
a empresa. O Estatuto do Centro<br />
o obriga a trabalhar em<br />
temas que respondam às necessidades<br />
comuns das empresas e<br />
de seus ramos profissionais. As<br />
modalidades globais de financiamento<br />
variam conforme os Centros;<br />
todos, entretanto, dispõem<br />
de um financiamento mutuali-<br />
zado, proveniente do(s)<br />
setor(es) do(s) qual(ais) depemde(m).<br />
Os recursos provêm, em<br />
proporções variadas, de :<br />
• Cotizações obrigatórias, pagas<br />
anualmente;<br />
• Recursos próprios, provenientes<br />
de trabalhos realizados;<br />
• Subvenções e contribuições<br />
provenientes de órgãos públicos<br />
regionais, nacionais e CEE.<br />
Para sugerir um modelo organizacional<br />
para o Instituto de Pes-<br />
quisa, foram consideradas as experiências<br />
internacionais de sucesso,<br />
buscando-se aliar as<br />
vantagens da participação do Estado,<br />
como definidor de políticas<br />
públicas e agente de fomento,<br />
com as da participação privada,<br />
como comprador de serviços/desenvolvedor<br />
de produtos e investidor.<br />
Foi agregado também um<br />
novo vetor - a universidade. É um<br />
importante parceiro por ser formadora<br />
de profissionais de nível<br />
superior e de pesquisadores,<br />
além de executoras de pesquisa.<br />
• Modelo: fundamenta-se, basicamente,<br />
em três modalidades de<br />
interação.<br />
53
54<br />
GESTÃO EMPRESARIAL | IP<br />
a) Instituto de Pesquisa / Empresa :<br />
a interação entre o IP e a Empresa<br />
tem por objetivo melhorar as potencialidades<br />
de criação de inventos<br />
e de novos serviços<br />
técnico-científicos que estejam intimamente<br />
relacionados com a necessidade<br />
da indústria ou do<br />
empresário empreendedor. As obrigações<br />
das partes serão fixadas<br />
em contratos. As equipes, montadas<br />
por projeto, poderão contar<br />
com profissionais das próprias empresas<br />
interessadas nos resultados.<br />
b) Instituto de Pesquisa / Universidade:<br />
o pesquisador universitário<br />
passará a integrar temporariamente<br />
a equipe de um dado projeto<br />
de pesquisa, na modalidade de<br />
Pesquisador Associado.<br />
c) Instituto de Pesquisa / Empresa<br />
Agência de Fomento: projetos<br />
conjuntos poderão ser apresentados<br />
às agências de fomento para<br />
buscar o financiamento das ações<br />
previstas. Nesses casos, o IP<br />
apresentará contrapartidas não-financeiras<br />
(equipe técnica, equipamentos,<br />
laboratórios, etc.) e a<br />
empresa apresentará contrapartida<br />
financeira, podendo também incluir<br />
profissionais de seu próprio quadro<br />
de funcionários.<br />
• Regime jurídico: Nos países já<br />
citados, são utilizadas formas jurídicas<br />
variadas. No entanto, todos<br />
são dirigidos por um Conselho de<br />
Administração, que delega poder a<br />
uma Diretoria.<br />
O Conselho de Administração garante<br />
aos empresários e profissionais<br />
o controle da gestão e das<br />
atividades de seu centro.<br />
Considerando que o Instituto de<br />
Pesquisa como instituição pública,<br />
regime atual, não possui autonomia<br />
de gestão, eficiência administrativa<br />
e condições para manutenção ou<br />
recomposição do quadro de pessoal<br />
e para contratação de terceiros,<br />
devem ser criadas condições<br />
para resolver essas questões e<br />
também para que o setor produtivo,<br />
seu principal cliente, participe<br />
diretamente na definição de suas linhas<br />
prioritárias de atuação. É também<br />
preciso que haja um<br />
verdadeiro comprometimento do<br />
IP na excussão dos programas de<br />
desenvolvimento tecnológico definidos.<br />
Sob esses aspectos, o modelo<br />
europeu é adequado, podendo<br />
servir como base.<br />
Considerando ainda que o Instituto<br />
de Pesquisa possua uma grande infraestrutura,<br />
composta por bens<br />
públicos, que deverá continuar integrando<br />
os ativos da instituição, a<br />
forma jurídica adequada para conciliar<br />
os dois aspectos seria a<br />
OSCIP – Organização da Sociedade<br />
Civil de Interesse Público.<br />
• Seleção das áreas de atuação:<br />
adotado o modelo proposta, a<br />
seleção as áreas de atuação prioritárias<br />
será feita pela Instituição,<br />
considerando os interesses dos<br />
parceiros privados, mas com base<br />
nos programas de políticas públicas<br />
adotados no Estado e que<br />
são refletidos no PMDI. Com periodicidade<br />
a ser definida, as linhas<br />
de ação serão revistas e<br />
alteradas, se necessário, segundo<br />
critérios a serem acordados<br />
entre as partes. A partir dessa<br />
definição, poderá ser elaborado o<br />
Plano Diretor e composta a carteira<br />
de projetos e serviços.
• Constituição da(s) equipe(s) /<br />
formação e treinamento de pessoal;<br />
plano de carreira: por possuir<br />
um conjunto de pesquisadores e<br />
técnicos que são servidores públicos<br />
e portanto sujeitos à legislação<br />
própria, a flexibilização<br />
necessária para permitir ascensão<br />
profissional, tanto técnica como<br />
financeira, poderá ser obtida através<br />
do patrocínio das empresas<br />
parceiras aos membros das equipes<br />
dos projetos de desenvolvimento.<br />
Como dito anteriormente,<br />
essas equipes poderão ser complementadas<br />
com pessoal procedente<br />
das universidades ou das<br />
próprias empresas.<br />
• Inserção no mercado / interação<br />
com clientes públicos e privados:<br />
o elevado grau de<br />
interação pretendido com o<br />
setor privado será assegurado<br />
pela participação do setor privado<br />
na manutenção da instituição<br />
e na definição as linhas de<br />
trabalho.<br />
55
56<br />
PROFISSÃO | Mercado<br />
Afinal, o que é<br />
um currículo de Engenharia?<br />
Por Adriana Maria Tonini<br />
Na verdade, um currículo de engenharia nada<br />
mais é do que aquilo que denominávamos de “grade<br />
curricular”, na qual são estruturadas as disciplinas que<br />
o aluno de engenharia deve estudar durante seus<br />
cinco anos de graduação. É fundamental<br />
entender que o currículo<br />
deve apresentar conotação<br />
diferente, daquela<br />
de ser somente uma<br />
série de disciplinas<br />
com pré-requisitos.<br />
É preciso que<br />
o conceito de currículo<br />
vá muito além<br />
desse, que praticamente<br />
todo profissional<br />
tem em mente. Assim mais do<br />
que o espaço nas instituições de ensino,<br />
é ele que traz à tona as questões para a formação<br />
do aluno, para a integração com o mercado de<br />
trabalho, como também da própria escola com o mercado<br />
de trabalho. Desse modo, defendo que um currículo<br />
estruturado sem a participação e colaboração<br />
dos agentes externos aos muros escolares, como as<br />
empresas, portanto gerido somente na escola, não vai<br />
de maneira alguma atender aos anseios da sociedade<br />
atual, que grita por engenheiros que, além das técnicas,<br />
apresentem competências generalistas,<br />
humanistas e gerenciais. É isso que o<br />
mundo pede e principalmente o<br />
Brasil, no século XXI.<br />
Considero pertinente o<br />
entendimento de Pinheiro<br />
(1998, p.81) , ao<br />
afirmar que a elaboração<br />
do currículo define aspectos<br />
voltados diretamente<br />
para a prática pedagógica, marcando<br />
o espaço e o papel exercido<br />
pelos diferentes elementos envolvidos no<br />
processo educativo, levando em conta o aproveitamento<br />
do tempo escolar, a articulação entre as diversas<br />
áreas do conhecimento, os conteúdos e<br />
programas, a definição de normas e padrões de comportamento,<br />
a escolha de técnicas, de procedimentos
didáticos e de avaliação, assim como as intenções relativas<br />
aos aspectos valorativos e morais projetados<br />
pela escola. É exatamente este o currículo para o<br />
qual as escolas de engenharia devem se voltar, para<br />
(re) elaborar, (re) pensar e (re) estruturar seus<br />
objetivos.<br />
Neste contexto, para mudar as metodologias de ensino<br />
e formas de implementação de currículos, é preciso<br />
que, na formação do engenheiro, se considere que seus<br />
formadores são sujeitos capazes de transpor a condição<br />
que permeia a grande maioria dos mestres – principalmente<br />
aqueles das áreas tecnológicas –, que é a de<br />
“formador daltônico”, ou seja, aquele que considera,<br />
“idênticos” seus alunos, com saberes e necessidades<br />
semelhantes. Assim, para esse “formador daltônico”, diferenciar<br />
o currículo e a relação pedagógica que se estabelece<br />
em sala de aula é quase impossível, na medida<br />
em que ele está enraizado no currículo formal, na preocupação<br />
com cumprimento dos tempos e conteúdos<br />
pré-estabelecidos no compartilhamento e na seleção<br />
das disciplinas. É função do professor, entender que seu<br />
papel como educador, se caracteriza na construção do<br />
currículo em sala de aula e não somente na reprodução<br />
de modelos prontos.<br />
Entendendo, pois, que o currículo fornece a direção a<br />
seguir para o pleno exercício profissional no âmbito da<br />
engenharia, unindo, num contexto único, a ciência e a<br />
tecnologia.<br />
Para atender à tão falada modernização da Engenharia<br />
e ao mercado de trabalho, que a cada dia solicita mais<br />
e mais engenheiros, acredito que o currículo seja a<br />
peça-chave. A sociedade atual requer que os cursos de<br />
Engenharia considerem, na formação profissional, o<br />
acesso permanente ao saber científico-tecnológico.<br />
Para dar conta do alto grau de complexidade que envolve<br />
todo o processo formativo, é necessário que o<br />
currículo incorpore, de forma crítica e consequente, as<br />
propostas de flexibilização apontadas pelas novas Diretrizes<br />
Curriculares Nacionais (CNE/CES/MEC<br />
11/2002). Pela flexibilização, o currículo formal deixa<br />
de ter preponderância sobre um currículo estruturado<br />
por meio de um projeto pedagógico do curso (PPC)<br />
bem delineado e constantemente reavaliado, cujo objetivo<br />
principal é orientar a vida acadêmica do futuro<br />
engenheiro, levando em conta a diversidade do público<br />
a que se destina, seja na academia, seja no mundo do<br />
trabalho.<br />
Adriana Maria Tonini é engenheira civil pela UFMG; mestre em Tecno-<br />
logia Modelos Matemáticos e Computacionais pelo CEFET/MG e dou-<br />
tora em Educação – Ensino de Engenharia pela UFMG. Professora da<br />
UFOP. E-mail: atonini@cead.ufop.br<br />
57
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Linha Gratuita: 0800 704 00 22<br />
Rua: Alagoas, 701<br />
Savassi – BH/MG<br />
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Praça da Liberdade Hotel<br />
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Tel.: (31) 3261-1711<br />
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Cheverny Apart Hotel<br />
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Tel.: (31) 3218-2800<br />
Fax: (31) 3222-5601<br />
Rua: Timbiras, 1.492<br />
Lourdes – BH/MG<br />
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Ouro Minas Palace Hotel<br />
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Tel.: (31) 3429-4001<br />
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0800 031 4000 ou (31) 3429-4000<br />
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Ipiranga – BH/MG<br />
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(31) 8427.4601 (31) 8427.4934<br />
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Sagrada Família – BH/MG<br />
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Tel.: (31) 3273-0555<br />
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Santa Efigênia - BH/MG<br />
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Instituto de Educação Tecnológica<br />
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Tel.: (31) 3116-<strong>10</strong>00<br />
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Praça João Pessoa, 200<br />
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www.faculdadearnaldo.edu.br<br />
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Lourdes – BH/MG<br />
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Tel.: (31)3426.1221<br />
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Tel.: (31)3415.6174<br />
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Dia de Ler – Livraria e Revistaria<br />
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Tel.: (31) 3296-7900<br />
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Minas Shopping - Tel.: (31) 3014-4963<br />
Shopping Norte - Tel.: (31) 3116-2600<br />
Makro Contagem - Tel.: (31) 3396-<br />
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Ipatinga - Tel.: (31) 3826-2483<br />
Montes Claros - Tel.: (38) 3216-1214<br />
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Tel.: (31) 3424.3<strong>10</strong>8/ (31) 9901-6862<br />
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Santa Cruz – BH/MG<br />
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Quinta das Palmeiras - Pedro Leopoldo/MG<br />
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Trilhas de Minas<br />
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Savassi – BH/MG<br />
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Paraíso Diversões<br />
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Tel.: (31) 3355-1570<br />
Rua: Buganvile, 1.774<br />
Eldorado - Contagem/MG<br />
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Rua: Ubá, 694<br />
Floresta – BH/MG<br />
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Horrara<br />
Desconto de 15%<br />
Tel.: (31) 3377-9071<br />
Rua: Rubi, 515<br />
Prado – BH/MG<br />
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MOTEIS<br />
Snob Motel<br />
Desconto de 15 a 30%<br />
Tel.: (31) 3388-0300<br />
Rod. BR 040, Km 2,5, s/n - sentido Brasília<br />
Jardim Filadélfia – BH/MG<br />
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ÓTICAS<br />
Ótica Rochester Ltda<br />
Desconto de 5 a 50%<br />
Tel.: (31) 3273-2428 / (31) 3272-0899<br />
Av.: Afonso Pena, 942<br />
Centro - BH/MG<br />
www.oticasrochester.com.br<br />
Optica Occhio Bello<br />
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Tel.: (31) 3377-1870<br />
Av.: Professor Mário Werneck, 1.762<br />
Buritis - BH/MG<br />
Optical Express<br />
Desconto de <strong>10</strong> a 15%<br />
Contato Geral: (31) 3286-1533<br />
BH Shopping<br />
3º Piso – Loja OP81<br />
Tel.: (31) 3286-6194<br />
(31) 3286-1533<br />
Diamond Mall - 1º Piso – Loja BG53<br />
Tel.: (31) 3291-3092<br />
(31) 3292-9203<br />
Shopping Del Rey – 3º Piso<br />
Tel.: (31) 3415-8643<br />
(31) 3415-8847<br />
Shopping Paragem Buritis<br />
Ljs 129/130<br />
Tel.: (31) 3378 3427<br />
(31) 3378-3475<br />
Shopping Cidade – Loja T14 P. Tupis<br />
Tel.: (31) 3274 8339<br />
(31) 3274-8341<br />
www.opticalexpress.com.br<br />
Óptica Lust - HQZ Comércio de Material<br />
Óptico ltda<br />
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Tel.: (31) 3261-8713<br />
Rua: Tomé de Souza, 890<br />
Funcionários - BH/MG<br />
PLANEJAMENTO<br />
FINANCEIRO<br />
Advisors<br />
Desconto especial para associados e<br />
dependentes<br />
Tel.: (31) 2511-1115<br />
Av.: Do Contorno, 9.636 – Sl. 1.201<br />
Barro Preto – BH/MG<br />
www.advisorspd.com.br<br />
Aporte BH<br />
Desconto de <strong>10</strong>%<br />
Tel.: (31) 3269-8<strong>10</strong>0<br />
Av.: Getúlio Vargas, 1.300/ 1.801<br />
Funcionários – BH/MG<br />
www.aportebhdtvm.com.br<br />
RESTAURANTES, BARES,<br />
BUFFETS E BOATES<br />
Bem Natural<br />
Desconto de <strong>10</strong>%<br />
Tel.: (31) 3224-1385<br />
Bem Natural Barro Preto (Bem Natural<br />
Gourmet)<br />
Tel.: (31) 3295-5995<br />
Bem Natural Mangabeiras<br />
Tel.: (31) 3284-6680<br />
Bem Natural Savassi<br />
Tel.: (31) 3261-5676<br />
www.bemnatural.net<br />
Subway<br />
O dobro de recheio para o sanduíche<br />
comprado<br />
Unidade Savassi<br />
Tel.: (31) 2127-4049<br />
Unidade Funcionários<br />
Tel.: (31) 3317-4049<br />
subwaybrasil.vilabol.uol.com.br<br />
Momo Confeitaria<br />
Desconto de 5%<br />
Tel.: (31) 3421-5020<br />
Unidade Floresta<br />
Unidade Savassi<br />
Unidade Prudente<br />
Unidade de Buritis (Shopping Paragem)<br />
www.momoconfeitaria.com.br<br />
Artesanato do Japa<br />
Desconto de 5%<br />
Tel.: (31) 3286-2825<br />
Rod. MG - Km 2, 16<br />
Vila da Serra - Nova Lima/MG<br />
www.artesanatodojapa.com.br<br />
Restaurante e Choperia Almanaque<br />
Desconto de <strong>10</strong> a 20%<br />
Tel.: (31) 3425-7233<br />
Minas Shpping - Ljs. 421, 422, 423 –<br />
BH/MG<br />
contato@choperiaalmanaque.com.br<br />
www.choperiaalmanaque.com.br<br />
Alambique Butiquim Mineiro<br />
Desconto de 20%<br />
Tel.: (31) 3227-0801<br />
Rua: Pium-í, 726<br />
Anchieta – BH/MG<br />
www.butiquimmineiro.com.br<br />
Cachaçaria Alambique<br />
Desconto de 20%<br />
Tel.: (31) 3296.7188<br />
Av.: Raja Gabaglia, 3.200<br />
Estoril - BH/MG<br />
alambique@alambique.com.br<br />
www.alambique.com.br<br />
Fogo de Chão Churrascaria<br />
Desconto de <strong>10</strong>%<br />
Tel.: (31) 3227.2730<br />
Rua: Sergipe, 1.208<br />
Savassi – BH/MG<br />
www.fogodechao.com.br<br />
Pizzaria Mangabeiras<br />
Cartão prata 6% de desconto<br />
Contato Geral: (31) 3211-1777<br />
Mangabeiras -Serra -Contagem/Eldorado<br />
- Belvedere - Buritis - Cachoeirinha<br />
Floresta - Gutierrez<br />
Nova Lima -Padre Eustáquio<br />
Angola/Betim Telefone: 0800-311777<br />
Site: www.mangabeiras.com.br<br />
Mundo Di Chocolate<br />
Desconto de <strong>10</strong>%<br />
Tel.: (31) 3426-2613<br />
Av.: Cristiano Machado, 4.000 – Lj.AD<br />
Cidade Nova - BH/MG<br />
www.mundodichocolate.com.br<br />
Café da Praça Confeitaria e Restaurante<br />
Desconto de 5%<br />
Tel.: (31) 2526-0524<br />
Rua: Nelson Soares de Faria, 455<br />
Cidade Nova - BH/MG<br />
SERVIÇOS FOTOGRÁFICOS<br />
Colori Com<br />
Desconto DE <strong>10</strong>%<br />
Tel.: (31) 3277-0772<br />
Rua: Fernandes Tourinho, 45, loja 02<br />
Savassi – BH/MG<br />
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Sam’s Club<br />
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Tel.: (31) 2<strong>10</strong>3-6219<br />
Av.: General David Sarnoff, 5.<strong>10</strong>0<br />
Cidade Industrial - Contagem/MG<br />
www.samsclub.com.br<br />
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Desconto de <strong>10</strong>%<br />
Agência Aeroporto Pampulha<br />
Telefone: (31) 3491-5145<br />
Agência Centro de Belo Horizonte<br />
Telefone: (31) 3247-7956<br />
Agência Centro Cristiano Machado<br />
Tel.: (31) 3426-1880<br />
Agência Centro Pampulha<br />
Tel.: (31) 3492-8307<br />
Agência Centro Raja Gabaglia<br />
Tel.: (31) 3291 1<strong>10</strong>0<br />
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Megatour Transporte e Locação<br />
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Tel.: (31) 3426-2626/ (31) 2515-2400<br />
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Santa Cruz – BH/MG<br />
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