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salmos - Ponderabilis

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Lição 01<br />

Amigos e irmãos ouvintes: Com a graça<br />

de Deus podemos mais uma vez nos<br />

encontrar para esta nova serie de estudos<br />

bíblicos. Desta vez o nosso assunto é o<br />

livro de Salmos, tão amado e tão<br />

utilizado por todos os que se voltam à<br />

Palavra de Deus.<br />

A nossa seqüência de 13 lições está<br />

assim estruturada: Nesta primeira, vamos<br />

considerar alguns aspectos gerais do<br />

livro, servindo como introdução ao<br />

assunto. A partir da 2a. lição, estaremos<br />

nos detendo nos <strong>salmos</strong> especificamente.<br />

Analisaremos os <strong>salmos</strong> agrupados em 6<br />

classes, com duas lições destinadas a<br />

cada um destas classes. O agrupamento<br />

nessas 6 classes tem o propósito de<br />

organizar os <strong>salmos</strong> de acordo com a<br />

similaridade do seu tema preponderante<br />

e do seu objetivo. Dentro de cada uma<br />

dessas classes estaremos então<br />

considerando as características gerais do<br />

tipo de <strong>salmos</strong> e principalmente<br />

refletindo sobre alguns dos <strong>salmos</strong> mais<br />

expressivos da classe.<br />

O nome Salmos nos vem do grego e<br />

significa: “poema para ser cantando com<br />

instrumento de corda”. O seu titulo<br />

hebraico quer dizer “Livro dos<br />

Louvores”. Estes nomes para o livro já<br />

nos deixam clara a sua finalidade, de<br />

servir como adoração a Deus. Na Igreja<br />

primitiva, os Salmos se constituíam no<br />

hinário dos primeiros cristãos, como<br />

vemos, entre outros, em Efésios 5.19.<br />

Usamos o nome do livro no plural –<br />

Salmos, embora seja correto utilizar o<br />

singular para designar um capitulo<br />

específico ao qual estamos nos referindo,<br />

por exemplo: salmo 121.<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

“O valor da poesia na antiguidade”<br />

2 Samuel 23.1-5<br />

Os Salmos com seus 150 caps. é o mais<br />

longo livro da Bíblia e nós o temos como<br />

o livro central, na organização do cânon<br />

sagrado como utilizado hoje.<br />

Em relação aos outros livros da Bíblia,<br />

este apresenta diversas peculiaridades:<br />

(1) Os Salmos são uma coletânea de<br />

literatura poética. Não é uma descrição<br />

de fatos ou experiências, como nos livros<br />

históricos; nem é a apresentação de uma<br />

mensagem como nos livros proféticos;<br />

nem é a apresentação de ensinos de<br />

sabedoria, como nos livros de Salomão.<br />

(2) Os Salmos não tem uma autoria<br />

única, ainda que Davi seja o autor de<br />

parte relevante deles.<br />

(3) mais importante, os Salmos nos<br />

apresentam o Homem falando a Deus,<br />

enquanto nos livros históricos vemos<br />

Deus falando a cerca do Homem e nos<br />

livros proféticos vemos Deus falando ao<br />

Homem (Myer Pearlman).<br />

Revejamos agora, pois, a autoria dos<br />

Salmos: 73 <strong>salmos</strong> são de autoria de<br />

Davi. 2 outros, o salmo 2 e o salmo 95<br />

são tradicionalmente também atribuídos<br />

a Davi, embora tal indicação não esteja<br />

apresentada no livro. Asafe e os filhos<br />

de Core são autores de outros 12 <strong>salmos</strong><br />

cada. Os <strong>salmos</strong> 72 e 127 são de autoria<br />

de Salomão. Moisés, Etã e Hemã são<br />

indicados como autores de um salmo<br />

cada. Restam ainda cerca de 50 <strong>salmos</strong><br />

de autoria não indicada.<br />

Os Salmos dividem-se internamente em<br />

5 livros: O livro I até o salmo 45; o livro<br />

II do salmo 46 ao 72; o livro III do<br />

salmo 73 ao 89; o livro IV do salmo 90<br />

ao 106; e o livro V do salmo 107 ao 150.<br />

Alguns comentaristas bíblicos ressaltam<br />

o fato de que esta divisão repete o<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 1


Pentateuco, com cada uma das divisões<br />

de Salmos sendo associados a um dos 5<br />

livros da Lei, escritos por Moisés.<br />

Dentro dessa revisão introdutória<br />

convém gastar um tempo com o estilo do<br />

livro. Os Salmos são poesia e como tal<br />

deve entendido e utilizado. A poesia<br />

hebraica, ensinam-nos os especialistas,<br />

não é baseada nem na rima nem no<br />

ritmo, mas sim no paralelismo, onde a<br />

segunda linha do poema se relaciona<br />

com a anterior, confirmando ou<br />

contrastando a primeira declaração. Esse<br />

paralelismo fica claro já no salmo 1,<br />

verso 1, onde a 1a. linha diz: “bem<br />

aventurado o varão que não anda<br />

segundo o conselho dos ímpios.” e a 2<br />

a. linha do verso reforça esta idéia<br />

afirmando: “nem se detém no caminho<br />

dos pecadores.” A segunda idéia é uma<br />

nova elaboração da primeira , formando<br />

um pensamento paralelo. No verso 6<br />

deste mesmo salmo 1 vemos mais um<br />

paralelismo, mas agora de um outro tipo,<br />

chamado paralelismo contrastado, onde a<br />

segunda idéia é uma contraposição, ou<br />

uma oposição à primeira: 1a.: “porque o<br />

Senhor conhece o caminho dos justos” e<br />

a 2a; “mas o caminho dos ímpios conduz<br />

à ruína”.<br />

Há diversos outros tipos de paralelismo,<br />

mas um mais é relevante: o paralelismo<br />

emblemático, em que uma das idéias<br />

paralelas é uma ilustração da outra.<br />

Vemos isto no salmo 42, verso 1, onde a<br />

1a. linha anuncia: “Como o cervo anseia<br />

pelas correntes das águas” e 2 a. linha:<br />

“Assim a minha alma anseia por ti ó<br />

Deus”<br />

Um outro aspecto importante que não<br />

pode ser esquecido ao considerar os<br />

Salmos e o estilo que utiliza, é que a<br />

linguagem poética é essencialmente uma<br />

linguagem livre e emocional, destinada<br />

primordialmente a atingir o coração.<br />

Hipérboles ou exageros são recursos<br />

aceitos na linguagem poética, assim<br />

como ilustrações, metáforas e outras<br />

figuras de linguagem. Umas poesia<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

sempre procura enfatizar o conteúdo<br />

emocional da idéia que se quer<br />

transmitir, para que ela seja<br />

enfaticamente compreendida.<br />

Entendidas estas peculiaridades do livro<br />

dos Salmos e considerados os cuidados<br />

que devemos observar ao usá-lo, resta<br />

apenas nos lançarmos de coração e<br />

mente na apropriação da mensagem<br />

deste livro para nós. Creio ser apropriado<br />

repetir o pensamento de João Calvino a<br />

respeito do valor dos Salmos, como<br />

citado por J. Sidlow Baxter no livro<br />

“Examinai as escrituras” (vol. Jó a<br />

Lamentações pg.91)<br />

“A este livro, costumo denominar uma<br />

anatomia de todas as partes da alma,<br />

pois ninguém descobrirá em si mesmo<br />

um único sentimento cuja imagem não<br />

esteja refletida neste espelho. Mais<br />

ainda, todos os sofrimentos, tristezas,<br />

temores, duvidas, esperanças, cuidados,<br />

ansiedades – em suma, todas essas<br />

agitações tumultuosas em que a mente<br />

dos homens costuma envolver-se - o<br />

Espírito Santo aqui as apresentou<br />

fielmente”.<br />

Terminemos com a mensagem dos<br />

primeiros versos do Salmo 91:<br />

“Aquele que habita no esconderijo do<br />

Altíssimo, à sombra do Todo Poderoso<br />

descansará. Direi ao Senhor: Ele é o<br />

meu refúgio e a minha fortaleza, o meu<br />

Deus em quem confio.”<br />

Que o estudo nos Salmos nos ajude a ter<br />

e a expressar esta mesma confiança e<br />

segurança em Deus.<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 2


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 02<br />

"Os <strong>salmos</strong> de exaltação à Lei de Deus” (1a. parte )<br />

Salmos 1 e 15.<br />

Queridos irmãos e ouvintes: Em<br />

continuação ao nosso estudo nos Salmos,<br />

estamos hoje iniciando as considerações<br />

sobre o primeiro dos temas propostos: A<br />

exaltação à Lei de Deus. Os <strong>salmos</strong> a<br />

serem analisados são o salmo 1 e o<br />

salmo 15.<br />

Não sabemos quem é o autor do salmo 1,<br />

mas isso não impede de que ele seja um<br />

dos mais conhecidos e repetidos <strong>salmos</strong>.<br />

Ele é denominado do salmo dos dois<br />

caminhos, pois faz a diferenciação entre<br />

dois tipos de pessoas, a partir da atitude<br />

que cada um toma com relação à Palavra<br />

de Deus. O primeiro dos grupos<br />

compõem-se daqueles que “tem o seu<br />

prazer na lei do Senhor e na sua lei<br />

medita de dia e de noite.” Estes são os<br />

justos. O segundo grupo, dos que não se<br />

apegam à lei do Senhor, se compõem<br />

daqueles que terminarão na ruína, os<br />

ímpios.<br />

Vejamos o que o salmo ensina sobre os<br />

Ímpios. Eles são comparados á palha<br />

espalhada pelo vento. Não são firmes<br />

nem consistentes. Não estão apegados a<br />

nenhum valor e assim são levados por<br />

qualquer interesse ou motivação. A<br />

conseqüência é que as pessoas<br />

integrantes desse grupo não têm<br />

condições de passar pela prova do juízo e<br />

tão pouco podem ou desejam se<br />

comprometer com a congregação dos<br />

justos. O seu fim, como já mencionado,<br />

só pode ser a ruína. Não há duvida de<br />

que o salmista quer desestimular<br />

qualquer um a entrar ou a permanecer<br />

nesse grupo.<br />

O outro grupo se diferencia pelo seu<br />

comprometimento com a lei de Deus,<br />

comprometimento este expresso pelo<br />

tempo e pelo amor dedicado à lei do<br />

Senhor. Devemos entender que esta<br />

dedicação produz uma transformação de<br />

vida, que faz o individuo passar a ser<br />

considerado justo diante de Deus. As<br />

suas atitudes e seus comportamentos<br />

passam a ser orientados por aquilo que<br />

ele vai descobrindo na lei que lhe é tão<br />

querida. Ele está firmado na lei, e tal<br />

firmeza o impede de ser seduzido pelo<br />

“conselho dos ímpios”, pelo “caminho<br />

dos pecadores” e pela “roda dos<br />

escarnecedores”. Ele fica a salvo desse<br />

envolvimento progressivo com o erro,<br />

que o salmista coloca nos termos de “não<br />

anda”, “nem se detém”, e “nem se<br />

assenta”.<br />

A posição do justo é ainda reforçada<br />

positivamente pela imagem da árvore,<br />

que usufruindo de fonte permanente de<br />

água, é frondosa, frutífera e próspera.<br />

O objetivo ultimo deste salmo, de exaltar<br />

a Lei de Deus é claro. A lei do Senhor<br />

torna possível a nós escolher o grupo<br />

certo, o dos justos. É a lei do Senhor<br />

que nos orienta e nos mostra o que<br />

devemos fazer para nos mover em<br />

direção aos justos e nos afastar dos<br />

ímpios. Ao fazer esta exaltação da lei de<br />

Deus, o salmista também quer nos<br />

incentivar a reforçar o nosso amor e o<br />

nosso envolvimento com a Palavra de<br />

Deus.<br />

O segundo salmo separado para hoje, é<br />

de autoria de Davi, o salmo 15. Ele trata<br />

da mesma questão, colocando-a em<br />

forma de uma pergunta, que é ao mesmo<br />

tempo um desafio: “Quem, Senhor,<br />

habitará na tua tenda? Quem morará no<br />

teu santo monte? “<br />

Podemos ver neste salmo um<br />

complemento perfeito ao salmo 1.<br />

Ambos tratam do mesmo assunto: o<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 3


desafio de se ser justo diante de Deus,<br />

porém sob óticas diferentes. O salmo<br />

primeiro enfatiza a fidelidade à Palavra<br />

de Deus e o salmo 15 enfatiza os<br />

aspectos morais da vida do justo.<br />

Somente o amor e o comprometimento<br />

com a lei não são suficientes, se tais<br />

atitudes não se evidenciarem nos atos e<br />

tratos dos assuntos comuns da nossa<br />

vida. Reversamente, uma vida integra,<br />

como aqui descrita, somente será<br />

agradável a Deus se estiver também<br />

lastreada naquela identificação com a lei<br />

do Senhor como preconizado no salmo 1.<br />

Como no salmo primeiro, aqui também<br />

se coloca bastante ênfase nas negativas –<br />

aquilo que não deve ser feito. Assim,<br />

aquele que quiser habilitar-se a morar no<br />

santo monte de Deus: “não difama com a<br />

sua língua”, “não faz mal ao seu<br />

próximo”, não aceita afronta contra o seu<br />

próximo” , não muda o seu juramento,<br />

ainda que venha a ter perdas por causa da<br />

palavra emprenhada, “não empresta o<br />

seu dinheiro a juros” e não aceita<br />

subornos contra o inocente.<br />

As negativas são acompanhadas de<br />

algumas atitudes positivas também.<br />

Quem quer habitar na tenda do Senhor<br />

deve ainda: andar irrepreensivelmente,<br />

praticar a justiça, falar de coração a<br />

verdade, desprezar o malvado, e honrar<br />

os que temem ao Senhor.<br />

Fácil? Não, de modo algum. As<br />

condições apresentadas dizem respeito a<br />

3 áreas cruciais da nossa vida: O nosso<br />

caráter, as nossas palavras e a nossa<br />

lealdade. Cada uma dessas áreas se<br />

compõem em desafios permanentes para<br />

nós.<br />

Para finalizar essas considerações é<br />

necessário mais um ponto para reflexão.<br />

Ambos os <strong>salmos</strong> analisados nos levam a<br />

pensar na nossa santificação.<br />

Santificação para sermos dignos da<br />

presença de Deus. Santificação que se<br />

reflita em todos os nossos<br />

comportamentos e relacionamentos.<br />

Ambos os textos nos impelem para o<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

desafio de 1. Pedro 1.16: “Sereis santos,<br />

porque eu sou santo.”<br />

A convivência coma Deus só é possível<br />

sob tal condição. Fora dela só resta a<br />

ruína.<br />

Estes dois textos nos devem levar a<br />

compreender que a Santidade deve ser o<br />

nosso estilo de vida. Não devemos falar<br />

da santidade com os conceitos errados e<br />

popularmente aceitos, pureza e até<br />

mesmo de ingenuidade, ou santidade<br />

como capacidade para de dedo em riste<br />

acusar erros e falhas dos outros. A<br />

santidade que Deus requer de nós, a<br />

santidade que estes dois <strong>salmos</strong> nos<br />

ensinam é a santidade que custa esforço<br />

de buscar e, sobretudo de nela<br />

permanecer. É a santidade posta a prova<br />

todo o dia, em todas as circunstancias<br />

quando somos confrontados nas palavras<br />

que dizemos, na lealdade que<br />

dispensamos e no caráter que<br />

demonstramos. Ao conseguir fazer da<br />

santidade o nosso estilo de vida<br />

estaremos nos tornando “como a arvore<br />

plantada junto às correntes de águas, a<br />

qual dá o seu fruto na estação própria, e<br />

cuja folha não cai, e tudo quanto fizer<br />

prosperará”. Para realmente conseguir<br />

tal feito, devemos junto com o salmista<br />

integrar o grupo daqueles que “antes tem<br />

o seu prazer na lei do Senhor, e na sua<br />

lei medita dia e noite.”<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 4


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 03<br />

"Os <strong>salmos</strong> de exaltação à Lei de Deus” (2a. parte )<br />

Salmos 119.<br />

Pela graça de Deus podemos nos<br />

encontrar mais uma vez para o nosso<br />

estudo nos Salmos. Continuamos hoje<br />

considerando o primeiro dos 6 temas<br />

gerais nos quais foi estruturada este<br />

seqüência de lições. Vamos, pois, à<br />

segunda parte dos <strong>salmos</strong> de exaltação à<br />

Lei de Deus.<br />

O salmo 119, objeto do nosso estudo de<br />

hoje, é o mais longo capítulo de toda a<br />

Bíblia, com os seus 176 versículos. Mas<br />

não é somente por esta característica que<br />

tão facilmente identificamos esse salmo.<br />

Todos os seus versos são uma declaração<br />

a respeito de um mesmo assunto: a<br />

Palavra de Deus. São assim 176 ditos ou<br />

provérbios a respeito da Lei do Senhor.<br />

Diferentes sinônimos são usados para<br />

designá-la: Palavra, Lei, Estatutos,<br />

Testemunhos, Preceitos, Mandamentos,<br />

Ordenanças, Juízos, Caminhos e outros<br />

que encontramos na nossa tradução da<br />

Bíblia. Henry Morris, no seu livro<br />

“Amostra dos Salmos” nos ensina que no<br />

original hebraico são apenas 8 os<br />

sinônimos utilizados, e que a utilização<br />

destes sinônimos obedece uma regra de<br />

um modo tão organizado que neles se<br />

encontra uma perfeita aritmética.<br />

Infelizmente tal não pode ser percebido<br />

em nossa língua.<br />

Mas há uma outra estruturação da poesia<br />

hebraica que podemos vislumbrar, ainda<br />

que parcialmente. Este salmo, no<br />

original, é um acróstico, com um bloco<br />

de 8 versos para cada letra do alfabeto<br />

hebraico. Como são 22 letras naquele<br />

alfabeto, multiplicado por 8 temos a<br />

razão porque são 176 versos. Podemos<br />

perceber tal acróstico na nossa Bíblia,<br />

pois, na maioria das Bíblias, a letra do<br />

alfabeto encabeça cada grupo de<br />

versículos a que se refere. Dentro desses<br />

grupos, cada um os versos em hebraico<br />

começa sempre com a letra do grupo a<br />

que pertencem.<br />

Sendo uma coletânea de ditos sobre a<br />

Palavra de Deus, organizada em forma<br />

de acróstico, a simples leitura desse<br />

salmo pode produzir certa<br />

desconcentração, visto que não houve a<br />

preocupação de um encadeamento do<br />

assunto, com uma proposição, uma<br />

elaboração e uma conclusão. Talvez isto<br />

explique porque tão poucos versos desse<br />

salmo estão gravados na nossa memória,<br />

como o v. 105 “Lâmpada para os meus<br />

pés é a tua palavra e luz para o meu<br />

caminho”.<br />

Mas essa desorganização superficial não<br />

deve esconder de nós nem nos afastar da<br />

mensagem que este salmo nos apresenta,<br />

sobre o valor da Palavra de Deus para os<br />

homens; sobre o benefício que podemos<br />

ter ao busca-la e sobre o amor e<br />

dedicação que lhe devemos separar.<br />

Nada melhor ao estudar os Salmos que<br />

lê-los. Vamos, portanto, proceder a uma<br />

leitura parcial do salmo 119, encadeando<br />

alguns dos seus versos, a começar por<br />

uma definição do que é a Lei de Deus,<br />

como nos apresentada pelo v. 160 “ A<br />

soma da tua palavra é a verdade, e cada<br />

uma das tuas justas ordenanças dura para<br />

sempre”.<br />

Os benefícios da Palavra para nós são<br />

diversos, citando-se a sabedoria que ela<br />

nos traz (v.98 a 100) “O teu<br />

mandamento me faz mais sábio que<br />

meus inimigos, pois está sempre comigo.<br />

Tenho mais entendimento que todos os<br />

meus mestres, porque os teus<br />

testemunhos são a minha meditação.<br />

Sou mais entendido do que os velhos,<br />

porque tenho guardado os teus preceitos”<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 5


Não sei se temos atinado para toda a<br />

profundidade desses 3 versos: A Palavra<br />

do Senhor traz sabedoria para o nosso<br />

viver diário, na complexidade de<br />

situações que temos a enfrentar. Ela nos<br />

faz mais sábios que nossos inimigos, que<br />

nossos mestres e daqueles que tem mais<br />

experiência de vida que nós: 3 tipos de<br />

pessoas frente às quais tendemos a nos<br />

sentir inferiorizados. No entanto, isso<br />

não deve acontecer se estivermos<br />

fundamentados na Palavra que nos traz a<br />

sabedoria para a vida.<br />

Além da sabedoria, a Palavra traz um<br />

outro benefício fundamental para o nosso<br />

viver cotidiano: A serenidade e a<br />

tranqüilidade para enfrentar as mais<br />

difíceis situações. Vejamos alguns versos<br />

que nos lembram isso. (v.23) “Príncipes<br />

sentaram-se e falavam contra mim, mas<br />

o teu servo meditava nos teus estatutos”<br />

(v.50) “Isto é a minha consolação na<br />

minha angústia, que a tua promessa me<br />

vivifica” (v.92) “Se a tua lei não fora o<br />

meu deleite, então eu teria perecido na<br />

minha angustia”. E (v165) “Muita paz<br />

têm os que amam a tua lei, e não há nada<br />

que os faça tropeçar”. Desejo que eu<br />

mesmo, e todos nós tenhamos a Palavra<br />

do Senhor tão firme conosco que esta<br />

serenidade no embate se confirme na<br />

nossa própria experiência.<br />

E quanto à nossa atitude com relação a<br />

essa Palavra preciosa? Ah se pudemos<br />

ter a mesma dedicação que o salmista<br />

demonstra, (v.97) “Oh! Quanto amo a<br />

tua lei! É a minha meditação o dia todo.”<br />

(147 e 148) “ Antecipo-me à alva da<br />

manhã e clamo; aguardo com esperança<br />

as tuas palavras. Os meus olhos se<br />

antecipam às vigílias da noite para que<br />

eu medite na tua palavra.” (v 62) “ A<br />

meia noite me levanto para dar-te graças<br />

por causa dos teus retos juízos.” (v. 164)<br />

“Sete vezes por dia te louvo pelas tuas<br />

justas ordenanças.” Mais do que gastar o<br />

tempo com a palavra, há um anseio por<br />

ela, como no v.20 “A minha alma se<br />

consome de anelos por tuas ordenanças<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

em todo o tempo.” Ou no verso 131:<br />

“Abro a minha boca e arquejo, pois<br />

estou anelante pelos teus mandamentos.”<br />

Tal dedicação e desejo pela Palavra deve<br />

torná-la o bem mais prazeroso que se<br />

pode ter, a própria alegria de viver, como<br />

no v.54 “ Os teus estatutos tem sido os<br />

meus cânticos na casa da minha<br />

peregrinação”. E ainda no v.24 “Os teus<br />

testemunhos são o meu prazer e os meus<br />

conselheiros”. E no v.162: “Regozijo-me<br />

com a tua palavra, como quem acha<br />

grande despojo.”<br />

Creio que podemos concluir que por<br />

mais que temos nos dedicado à Palavra<br />

de Deus, por mais sério que tem sido o<br />

nosso estudo dela, e por mais que já<br />

tenhamos nos esforçado em fazer desta<br />

Palavra o guia da nossa vida, ainda não<br />

podemos acompanhar o salmista em<br />

todas essas declarações. Precisamos mais<br />

amor, mais desejo, mais dedicação. Isso<br />

também o salmista desejava de tal<br />

maneira que podemos acompanhar o<br />

salmista com sinceridade nestas suas<br />

declarações (v.18) “ Desvenda os meus<br />

olhos para que eu veja as maravilhas da<br />

tua lei.” E (v.32) “Perco rrerei o<br />

caminho dos teus mandamentos, quando<br />

dilatares o meu coração.”<br />

Que estas sejam as nossas petições ao<br />

final desta leitura parcial do salmo 119.<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 6


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 04<br />

"Os <strong>salmos</strong> de celebração à realeza/ Messiânicos”<br />

(1a. parte ) Salmos 2, 20, 23, 24, 45 e 47.<br />

Queridos ouvintes: com alegria temos a<br />

oportunidade de continuar esta série de<br />

estudos em Salmos. Iniciamos hoje um<br />

novo tema do livro, que abrange os<br />

chamados <strong>salmos</strong> reais e os <strong>salmos</strong><br />

messiânicos.<br />

Os <strong>salmos</strong> reais são assim denominados<br />

porque o seu texto exalta a figura e os<br />

feitos do rei. O contexto imediato desses<br />

<strong>salmos</strong> nos aponta para Davi, ou mesmo<br />

para algum outro rei da linhagem dele,<br />

mas podemos ver além desse conteúdo<br />

imediato, a antevisão do Reino Eterno do<br />

Messias, o filho de Davi.<br />

Além desses <strong>salmos</strong> reais, que apontam<br />

para o Messias, ao longo do livro<br />

encontramos inúmeras outras referências<br />

à obra e ao ministério do Nosso Senhor<br />

Jesus Cristo, do seu sofrimento, da sua<br />

vida aqui na terra e da expectativa do seu<br />

retorno como rei soberano de todo o<br />

universo. Portanto faz todo o sentido<br />

juntar os <strong>salmos</strong> reais e os <strong>salmos</strong> que<br />

fazem referências Messiânicas, visto que<br />

em ultima instância são palavras<br />

proféticas anunciando Jesus Cristo,<br />

nosso Senhor e nosso Salvador.<br />

Começamos nos voltando para dois<br />

<strong>salmos</strong> reais, o salmo 2 e o salmo 20.<br />

O salmo 2 é apresentado como de autoria<br />

desconhecida, embora o apóstolo Pedro<br />

em At.4.25-26 atribuiu-o a Davi. Ele nos<br />

fala da rebelião contra Deus e da vitória<br />

final do Filho de Deus.<br />

O pr. Isaltino Gomes (A teologia dos<br />

Salmos) analisando este salmo nos<br />

chama a atenção para a sua “construção<br />

literária bem planejada” Os 12 versos<br />

estão agrupados em 4 idéias, cada qual<br />

expressa em 3 versículos. Os primeiros<br />

versículos nos falam da rebeldia das<br />

nações contra Deus, se indagando o<br />

porque de tal atitude insana. Mas o fato é<br />

que os reis se levantam e os príncipes<br />

conspiram não se sujeitando ao domínio<br />

do ungido do Senhor. Querem romper<br />

as ataduras e se livrar das cordas.<br />

O segundo pensamento (v.4 -6) nos<br />

apresenta em contraste a tranqüilidade<br />

divina e o menosprezo de Deus por tal<br />

rebeldia: O rei está estabelecido e o seu<br />

domínio garantido. Após o terceiro<br />

pensamento (v.7 -9) que é uma profecia<br />

messiânica, o quarto pensamento (v.10 -<br />

12) apresenta um apelo para que os<br />

rebeldes abandonem sua insanidade e<br />

sendo prudentes voltem ao Senhor e<br />

aceitem o seu domínio, pois são “Bem<br />

aventurados todos aqueles que nele<br />

confiam”.<br />

O salmo 20 nos faz pensar no dia da<br />

dificuldade, quando as tribulações e as<br />

batalhas estão se delineando à frente.<br />

Este salmo é uma oração de suplica pela<br />

proteção divina ao rei que está se<br />

preparando para marchar. O pedido de<br />

proteção está acompanhado de uma<br />

firme declaração de confiança em Deus,<br />

declaração que tem sido repetida em<br />

todas as épocas por aqueles que a<br />

desejam reafirmar: “ Uns confiam em<br />

carro e outros em cavalos, mas nós<br />

faremos menção do nome do Senhor<br />

nosso Deus. Uns encurvam-se e caem,<br />

mas nós nos erguemos e ficamos de pé”<br />

(v.7-8).<br />

Agora vamos voltar nossa atenção para<br />

uma seqüência de 3 <strong>salmos</strong>, atentando<br />

para o grande conteúdo messiânico<br />

presente neles. São os <strong>salmos</strong> 22, 23 e<br />

24. A beleza e a popularidade do salmo<br />

23, o salmo do bom pastor, nos desvia<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 7


de atentar para o fato de que esses 3<br />

<strong>salmos</strong> formam um conjunto, uma<br />

trilogia, apresentando Jesus Cristo em 3<br />

perspectivas diferentes. Para alguns esses<br />

<strong>salmos</strong> são identificados como os <strong>salmos</strong><br />

dos 3 C´s: Da cruz, do cajado e da<br />

coroa. Pois assim é: O salmo 22 fala do<br />

Cristo na Cruz, do seu sofrimento. O<br />

salmo 23 fala do pastoreio de Cristo - o<br />

seu cajado que nos consola, e o salmo 24<br />

fala do rei da Glória e da sua<br />

entronização eterna: Cristo e sua coroa.<br />

A leitura atenta do salmo 22 nos<br />

apresenta a vivida visão do sofrimento<br />

de Cristo por nós na cruz. Através dele<br />

estamos como que presenciando os<br />

acontecimentos no calvário, tal como os<br />

evangelhos nos apresentam. O salmo 22,<br />

em conjunto com Isaías 53, são claras<br />

antevisões proféticas daquilo que séculos<br />

depois viria a se cumprir no monte do<br />

Calvário. “Deus meu, Deus meu por que<br />

me desamparaste?” (v.1) “Todos os que<br />

me vêem zombam de mim, arreganham<br />

os beiços e meneiam a cabeça dizendo:<br />

Confiou no Senhor, que ele o livre; que<br />

ele o salve, pois que nele tem prazer.”<br />

(v.7-8). “Como água me derramei, e<br />

todos os meus ossos se desconjuntaram;<br />

o meu coração é como cera, derreteu-se<br />

no meio das minhas entranhas.” (v.14)<br />

“Repartem entre si as minhas vestes, e<br />

sobre a minha túnica lançam sortes.”<br />

(v.18). Ao relembrarmos este salmo<br />

devemos concordar com um grande<br />

numero de comentaristas bíblicos, como<br />

Derek Kidner, de que não há como<br />

entender que neste salmo Davi estivesse<br />

se referindo a um episódio da sua própria<br />

experiência. Neste salmo, mais do que<br />

salmista Davi é um profeta a quem Deus<br />

proporcionou a antevisão do sofrimento<br />

da cruz. (At.2.30).<br />

O segundo salmo da trilogia nos é por<br />

demais conhecido. Para mim, como para<br />

muitos que tiveram o privilegio de<br />

nascer em um lar cristão e de crescer na<br />

Igreja, o salmo 23 está entre os primeiros<br />

textos bíblicos que pudemos recitar.<br />

Com certeza, ele deve ser o primeiro<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

capitulo inteiro que pudemos com<br />

alegria repetir, talvez até antes que<br />

fossemos capazes de lê-lo. Ele nos<br />

acompanha e de modo algum a sua<br />

mensagem pode perder importância para<br />

nós: “Ainda que eu ande pelo vale da<br />

sombra da morte, não temerei mal<br />

algum, porque tu estás comigo; a tua<br />

vara e o teu cajado me consolam.” (v.4)<br />

A trilogia se fecha com a visão do rei da<br />

Glória apresentada no salmo 24. “Quem<br />

é esse Rei da Glória? O Senhor forte e<br />

poderoso, o Senhor poderoso na<br />

batalha.” (v.8).<br />

Na seqüência dos <strong>salmos</strong> de hoje,<br />

começamos lembrando aqueles que se<br />

rebelam contra o domínio de Deus<br />

(Sl.2), passamos pelo Rei se preparando<br />

para enfrentar os inimigos, confiado no<br />

poder de Deus (Sl.20). Vimos o<br />

sofrimento do Messias (Sl.22), e depois<br />

de rever o seu ministério pastoral (Sl.23)<br />

o vemos agora na sua glória; “ Levantai<br />

ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos,<br />

ó entradas eternas e entrará o Rei da<br />

Glória.” (v.9)<br />

Que com a ajuda de Salmos possamos<br />

compreender melhor a magnitude e a<br />

significância da obra de Cristo, e assim<br />

louvar e exaltar a Deus pelo seu grande<br />

cuidado por nós.<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 8


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 05<br />

"Os <strong>salmos</strong> de celebração à realeza/Messiânicos”<br />

(2a. parte) Salmos 72, 87, 101, 110 e 118.<br />

É bom estarmos juntos mais uma vez,<br />

nesta renovada alegria de pensar na<br />

Palavra de Deus, através do estudo no<br />

livro de Salmos. Hoje continuamos<br />

considerando os <strong>salmos</strong> que tratam da<br />

celebração à realeza e os <strong>salmos</strong><br />

Messiânicos.<br />

Como já visto no encontro anterior, os<br />

<strong>salmos</strong> reais, embora façam referência a<br />

um contexto próximo ao da sua<br />

produção, exaltando a figura do rei,<br />

levam-nos a uma referência maior<br />

apontando para o Messias e para a<br />

necessidade de nos sujeitarmos ao<br />

domínio do Senhor dos Senhores, do rei<br />

dos reis.<br />

O primeiro dos <strong>salmos</strong> separados para<br />

hoje é o 72, um dos 2 <strong>salmos</strong> indicados<br />

como de autoria de Salomão. É uma<br />

oração do autor pedindo as bênçãos e a<br />

direção de Deus sobre o seu reinado.<br />

Derek Kidner nos seu comentário sobre<br />

o livro intitula este salmo como “O rei<br />

perfeito”, pois é exatamente isto que<br />

Salomão pede a Deus. Ele pede que a sua<br />

justiça venha de Deus, para salvar os<br />

necessitados e esmagar os opressores<br />

(v.1 a 4); Pede que o seu reino seja sem<br />

fim (v.5 a 7) e sem fronteiras (v.8 a 11).<br />

Salomão pede ainda que o seu reinado<br />

seja compassivo (v.11 a 14) e que a<br />

abundância e a boa reputação estejam<br />

permanentemente na sua ministração<br />

(v.15 a 17). Como uma oração, Salomão<br />

a encerra exaltando o nome e o poder de<br />

Deus (v. 18 e 19). A lembrança desse<br />

salmo nos deve reforçar a necessidade de<br />

orar pelas autoridades de maneira que as<br />

bênçãos suplicadas por Salomão para a<br />

sua administração também possam ser<br />

estendidas à nos, através das decisões e<br />

das ações daqueles que têm sido<br />

incumbidos de dirigir os negócios<br />

públicos. Além disto, este salmo também<br />

deve nos servir como exemplo para,<br />

como Salomão, suplicarmos de Deus a<br />

capacitação para desempenhar<br />

sabiamente as responsabilidades que nos<br />

competem, ainda que tais<br />

responsabilidades não tenham a<br />

abrangência de um governo nacional.<br />

Para aquilo que a nós compete fazer,<br />

supliquemos também de Deus a<br />

capacitação para a tarefa.<br />

O segundo salmo, o 87, enfoca Sião, a<br />

cidade de Jerusalém, como a cidade de<br />

Deus.<br />

O terceiro salmo, é o 101, de autoria de<br />

Davi. Encontramos nesse salmo certa<br />

semelhança com o salmo 87 de Salomão.<br />

Davi se compromete com Deus em<br />

viver de um modo irrepreensível. É o<br />

desejo do rei de que tanto a sua vida<br />

pessoal (v.1 a 4) quanto as relações de<br />

amizade (v.5 a 8) reflitam uma<br />

integridade total de vida. “Portar-me-ei<br />

sabiamente no caminho reto .... andarei<br />

em minha casa com integridade de<br />

coração.” (v.2) Esse salmo também se<br />

coloca como um exemplo a ser imitado,<br />

para que possamos buscar reafirmar, na<br />

nossa vida, o desejo de viver de um<br />

modo que seja agradável ao Senhor.<br />

O salmo seguinte para nós hoje é o 110.<br />

Esse é outro salmo profético de Davi.<br />

Nele vemos retratado, com grande<br />

ênfase, todo o domínio e a glória do<br />

Messias, a quem Davi chama de meu<br />

Senhor. Notemos que o salmo está<br />

apresentado no futuro: “O Senhor<br />

enviará a Sião o cetro do seu poder”<br />

(v.2); “O Senhor ... quebrantará reis no<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 9


dia da sua ira” (v.5); “O Senhor julgará<br />

entre as nações” (v.6). Davi não falava<br />

dele nem de seu reino. Davi falava do<br />

Messias e do seu completo domínio<br />

futuro. O salmo apresenta o Messias<br />

como rei (v.1 a 3), como sacerdote (v.4),<br />

e como guerreiro (v.5-7). A importância<br />

desse salmo é tal, que o Novo<br />

Testamento o cita, ou faz a ele<br />

referencias 27 vezes, como em Mat.<br />

22.44 ! Nenhum outro salmo, ou mesmo<br />

outro texto do Velho Testamento é<br />

utilizado tantas vezes nos escritos dos<br />

evangelhos e das cartas. O desafio dessa<br />

mensagem messiânica para nós é<br />

encontrada no v 2: que possamos estar<br />

engajados de todo o coração nessa<br />

multidão que se coloca a disposição<br />

desse rei vitorioso: “ o teu povo<br />

apresentar-se-á voluntariamente no dia<br />

do teu poder, em trajes santos; como<br />

vindo do próprio seio da alva, será o<br />

orvalho da tua mocidade.”<br />

O ultimo dos <strong>salmos</strong> a considerar nesta<br />

lição é o salmo 118. Da autoria de Davi,<br />

ele é um cântico de gratidão a Deus por<br />

aquilo que o Senhor fez. Antes de atentar<br />

para o belo texto desse salmo, convém<br />

notar que 3 de seus versos são citados no<br />

Novo Testamento, realçando o conteúdo<br />

messiânico que ele também apresenta. O<br />

verso 6 “O Senhor é por mim, não<br />

recearei; o que me pode fazer o homem.”<br />

É citado em Hb.13.6. o verso 22 “ A<br />

pedra que os edificadores rejeitaram,<br />

essa foi posta como pedra angular” foi<br />

utilizado por Jesus, em Mat .21.42, em<br />

referência a si próprio. E a parte inicial<br />

do verso 26 “bendito aquele que vem em<br />

nome do Senhor” foi cantada pela<br />

multidão que recebeu Jesus em<br />

Jerusalém na entrada triunfal da sua<br />

ultima ida à cidade (Mat.21.9).<br />

O salmo 118 nos lembra que a gratidão e<br />

o reconhecimento da benignidade do<br />

Senhor deve ser nacional: “Diga, pois,<br />

Israel” (v.2); deve ser familiar: “ Diga,<br />

pois, a casa de Abraão” (v.3) e deve<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

também ser individual: “Diga, pois, os<br />

que temem ao Senhor” (v.4)<br />

A lembrança do que o Senhor fez está<br />

presente: ele ouviu quando foi invocado<br />

(v.5) , Ele permitiu que os inimigos<br />

ameaçadores fossem exterminados<br />

(v.10), Ele fez com que os perigos<br />

fossem igualmente exterminados (v.11 -<br />

12), Ele ajudou quando a queda era<br />

iminente (v.13). E por isso aquele era um<br />

momento de lembrança e em conse-qüência<br />

de agradecimento e de alegria:<br />

“Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos<br />

e alegremo-nos nele.” (v.24)<br />

A lembrança do que o Senhor fez leva a<br />

uma reafirmação da confiança nEle,<br />

como vemos nos versos 6 a 9 “ O Senhor<br />

é por mim, não recearei; que me pode<br />

fazer o homem? O Senhor é por mim<br />

entre os que me ajudam; pelo que verei<br />

cumprido o meu desejo sobre os que me<br />

odeiam. É melhor refugiar-se no Senhor<br />

do que confiar no homem. É melhor<br />

refugiar-se no Senhor do que confiar nos<br />

príncipes.”<br />

Para finalizar estas considerações sobre<br />

os <strong>salmos</strong> reais que nos apontam para<br />

Jesus Cristo, o Messias, vamos ficar<br />

com os versos 6 e 7 do Salmo 45, outro<br />

dos <strong>salmos</strong> reais:<br />

“O teu trono, ó Deus subsiste pelos<br />

séculos dos séculos; cetro de eqüidade é<br />

o cetro do teu reino. Amaste a justiça e<br />

odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu<br />

Deus, te ungiu com óleo da alegria, mais<br />

do que a todos os teus companheiros.”<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 10


Lição 06<br />

Caros irmãos e ouvintes. O Senhor nos<br />

permite mais uma vez voltar ao livro de<br />

Salmos, nessa seqüência de estudos<br />

bíblicos que estamos tendo a<br />

oportunidade de empreender.<br />

Hoje começaremos a rever mais um tipo<br />

de <strong>salmos</strong>, na classificação geral adotada<br />

para esse estudo. Veremos <strong>salmos</strong> que<br />

visam a celebração de vitórias e a<br />

confiança em Deus.<br />

O que marca este tipo de salmo é que o<br />

autor o apresenta como uma reafirmação<br />

da sua confiança em Jeová. As coisas<br />

podem até não estar indo bem, as<br />

angustias e os desafios são mencionados,<br />

mas a nota marcante é a da reiterada<br />

disposição de descansar nAquele que é<br />

capaz de tudo.<br />

Um grande numero de <strong>salmos</strong>, cerca de<br />

60, são denominados <strong>salmos</strong><br />

individuais, pois que o autor os apresenta<br />

na primeira pessoa, expressando a sua<br />

situação particular e colocando os seus<br />

sentimentos, os seus pensamentos e os<br />

seus desejos pessoais em relação a Deus.<br />

A grande maioria dos <strong>salmos</strong> de<br />

celebração de vitória e de confiança são<br />

<strong>salmos</strong> individuais. Adicionalmente,<br />

convém também mencionar que além de<br />

individuais, os <strong>salmos</strong> hoje considerados<br />

são de autoria de Davi. Notamos que os<br />

<strong>salmos</strong> de Davi estão bastante<br />

concentrados nos 2 primeiros livros de<br />

<strong>salmos</strong>, que como vimos englobam os<br />

<strong>salmos</strong> até o de numero 72. Dos <strong>salmos</strong><br />

explicitamente atribuídos a Davi, 55<br />

estão nestes 2 primeiros livros; 8 estão<br />

apresentados em seqüência a partir do<br />

salmo 138 e os restantes 10 estão<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

"Os <strong>salmos</strong> de celebração da vitória<br />

e confiança em Deus”<br />

(1a. parte ) Salmos 11, 16, 27, 34, 37, 62 e 78.<br />

espalhados ao longo dos restantes 3<br />

livros de Salmos.<br />

O valor dos <strong>salmos</strong> individuais, e<br />

especialmente dos individuais de<br />

confiança em Deus é muito grande para<br />

nós, quando podemos nos identificar<br />

com o autor e fazer nossas as suas<br />

palavras, revivendo na nossa experiência<br />

aquilo por que o autor passou e deixou<br />

registrado. Usando as palavras de Lynn<br />

Anderson - também válidas para todos<br />

os outros tipos de <strong>salmos</strong> - podemos<br />

afirmar que estes <strong>salmos</strong> nos ajudam a<br />

expressar o inexprimível; a explorar o<br />

desconfortável; a manter nossas orações<br />

vívidas; e a nos mover para além do<br />

meramente mendigar, no nosso<br />

relacionamento com Deus.<br />

Comecemos com o salmo 11. A sua<br />

primeira frase já deixa claro porque se<br />

insere nesta classificação: “No Senhor<br />

confio.” No entanto, esta não é uma<br />

declaração que surgiu da boca do<br />

salmista de graça. Ele estava sendo<br />

confrontado com um cerco da parte de<br />

seus inimigos e por isso estava<br />

recebendo conselhos para fugir aos<br />

montes, tal como um pássaro,<br />

procurando por proteção e tentando<br />

escapar de enfrentar “os ímpios (qu e)<br />

armam o arco, põem a sua flecha na<br />

corda, para atirarem, às ocultas, aos retos<br />

de coração” (v.2). Em vez de seguir o<br />

conselho recebido e fugir, Davi voltouse<br />

para Deus lembrando que “o trono do<br />

Senhor está nos céus; os seus olhos<br />

contemplam, as suas pálpebras provam<br />

os filhos dos homens” (v.4). A afirmação<br />

de confiança termina lembrando que os<br />

retos, aqueles que confiam no Senhor,<br />

verão o seu rosto.<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 11


No salmo seguinte, o 16, a confiança<br />

vem acompanhada de um pedido de<br />

proteção: “Guarda-me, ó Deus, porque<br />

em ti me refugio”. (v.1). Embora aqui<br />

não esteja apresentada uma situação<br />

especifica que levava o salmista a<br />

confirmar sua confiança em Deus em<br />

face das dificuldades, percebemos que o<br />

salmista aguardava pela ação de Deus na<br />

sua vida, e a sua confiança o fazia<br />

antecipar a provisão que desejava. Vejam<br />

que o salmista fala de coisas que<br />

acontecerão no futuro, como nos versos<br />

10 e 11: “Pois não deixarás a minha alma<br />

no Seol, nem permitirás que o teu Santo<br />

veja corrupção. Tu me farás conhecer a<br />

vereda da vida; na tua presença há<br />

plenitude de alegria; à tua mão direita há<br />

delícias perpetuamente”<br />

Podemos agora passar para o salmo 27.<br />

Este salmo é muito rico na expressão dos<br />

sentimentos que ele retrata,<br />

especialmente na mistura de sentimentos<br />

tão diversos que se tornam até<br />

contraditórios. E esta contradição de<br />

sentimentos deve ajudar a entendermos<br />

a nós mesmos. Davi queria confiar em<br />

Deus: “ O Senhor é a minha luz e a<br />

minha salvação, a quem temerei? O<br />

Senhor é a força da minha vida, de quem<br />

me recearei?” (v. 1). Davi tinha razões<br />

para confiar em Deus, em vista do que<br />

Ele já tinha feito: “ Quando os malvados<br />

investiram contra mim, para comerem as<br />

minhas carnes, eles, meus adversários e<br />

meus inimigos, tropeçaram e caíram”<br />

(v.2). No entanto, tanto o desejo de<br />

confiar como a experiência passada, não<br />

estavam sendo suficientes naquela hora,<br />

e a duvida, a insegurança se instalava.<br />

Assim, Davi começa a levantar<br />

problemas hipotéticos, como que para<br />

testar até onde poderia ir a sua confiança<br />

em Deus. “Ainda que um exército se<br />

acampe contra mim ... ainda que a guerra<br />

se levante contra mim...” (v.3), depois no<br />

v.10 “Se meu pai e minha mãe me<br />

abandonarem...” A percepção é que de<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

fato, Davi estava em crise no seu<br />

relacionamento com Deus, e ele não<br />

escondeu isto, como vemos no v.7<br />

“Ouve, ó Senhor, a minha voz quando<br />

clamo; compadece-te de mim e repondeme.”<br />

E mais no verso 9 “ Não escondas<br />

de mim o teu rosto, não rejeites com ira<br />

o teu servo,....Não me enjeites nem me<br />

desampares.” E mais ainda no v.12<br />

“Não me entregues à vontade dos meus<br />

adversários;...” Nessa situação de<br />

coisas, o desejo de Davi é de buscar<br />

mais intimidade com Deus, como vemos<br />

nos seus pedidos do v. 4 “ Uma coisa<br />

pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa<br />

morar na casa do Senhor todos os dias da<br />

minha vida. ...” e no v.11 “ Ensina-me ó<br />

Senhor, o teu caminho, e guia-me por<br />

uma vereda plena, por causa dos que me<br />

espreitam.” Ao fim desse processo,<br />

Davi pode declarar: ” Creio que hei de<br />

ver a bondade do Senhor na terra dos<br />

viventes.”<br />

Que lição para nós. A intimidade e a<br />

franqueza de Davi nesse salmo devem<br />

ser exemplo para nós, de como devemos<br />

nos aproximar de Deus e expressar a Ele<br />

tudo o que se passa conosco.<br />

Há outros <strong>salmos</strong> nessa classificação,<br />

como 34, 37, 62, além daqueles<br />

separados para a nossa próxima lição.<br />

Terminemos fazendo nossa a reiterada<br />

confiança de Daví em Deus, como no<br />

cap. 62 v.1e 2: “Somente em Deus<br />

espera silenciosa a minha alma; dele<br />

vem a minha salvação. Só Ele é a minha<br />

rocha e a minha salvação; é ele a minha<br />

fortaleza; não serei grandemente<br />

abalado.”<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 12


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 07<br />

"Os <strong>salmos</strong> de celebração da vitória e Confiança em Deus”<br />

(2a. parte ) Salmos 91, 92, 95, 105, 106, 112 e 114.<br />

Amigos e irmãos ouvintes: Agradeçamos<br />

a Deus o privilégio de estarmos mais<br />

uma vez juntos para o estudo da Sua<br />

Palavra. Peçamos a Deus que o seu<br />

Espírito esteja conosco nos ensinando e<br />

nos mostrando as maravilhas da Sua lei.<br />

Dentro desta série de estudos em Salmos,<br />

continuamos hoje revisando os <strong>salmos</strong> de<br />

celebração da vitória e confiança em<br />

Deus. Como lembrado no encontro<br />

anterior, este tipo de salmo reflete o<br />

desejo do autor de reafirmar a sua<br />

confiança em Jeová ou o seu desejo de<br />

lembrar vitórias obtidas e desta maneira<br />

celebrar o Senhor que as tornou possível.<br />

Quanto a autoria, todos os <strong>salmos</strong> a<br />

serem considerados hoje são de autoria<br />

anônima, contrastando-se com os <strong>salmos</strong><br />

de Davi presentes na primeira parte da<br />

revisão desta classificação.<br />

Salmo 91 – Algumas considerações<br />

preliminares sobre este salmo. (1) Há<br />

uma arrumação bastante interessante<br />

neste salmo a respeito de quem fala e a<br />

quem tal fala é dirigida. Nos 2 primeiros<br />

versos o autor está falando por si,<br />

declarando-se a Deus. Nos versos 3 a 13<br />

o autor está se dirigindo a uma terceira<br />

pessoa para apresentar os benefícios da<br />

confiança em Deus, discorrendo sobre<br />

eles. Para alguns autores, devido a essa<br />

parte substancial do salmo, ele deveria<br />

ser classificado como salmo de<br />

instrução, visto o objetivo do autor, de<br />

ensinar a um terceiro a respeito de uma<br />

verdade<br />

em que ele já acreditava. No final do<br />

salmo, dos versos 14 a 16, vemos o<br />

próprio Deus falando, confirmando a<br />

instrução que o autor desejou transmitir.<br />

(2) John Stott nos chama a atenção para<br />

o fato de que este é o único salmo<br />

utilizado pelo Diabo. Vamos aos<br />

evangelhos, na descrição da tentação de<br />

Jesus (ex. Mt.4.6), e vemos lá que os<br />

versos 11 e 12 deste salmo são citados<br />

por Satanás como argumento de tentação<br />

ao Mestre. E o diabo utilizou para tal<br />

argumento a principal mensagem deste<br />

salmo, qual seja a do anjo enviado por<br />

Deus para proteger e livrar dos perigos<br />

aqueles que nEle confiam.<br />

As figuras de proteção utilizadas pelo<br />

autor para retratar o cuidado de Deus<br />

pelo homem são diversas: Esconderijo,<br />

sombra (v.1), fortaleza (v.2) Livrador<br />

(v.3), asa, escudo, broquel (v.4, e anjos<br />

(v.11). Com todos esses recursos a<br />

disposição, somente devemos seguir o<br />

conselho do salmista e descansar no<br />

Altíssimo Todo Poderoso. Quaisquer<br />

que sejam os problemas advindos de<br />

inimigos, pestes, animais perigosos,<br />

terrores da noite ou tropeços do<br />

caminho, o Senhor cuidará deles,<br />

impedindo que sejamos perturbados. Os<br />

versos finais, que expressam a própria<br />

palavra de Deus, são o fecho adequado<br />

para a mensagem que o salmista quer<br />

transmitir: “Pois que tanto me amou, eu<br />

o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro,<br />

porque ele conhece o meu nome.<br />

Quando ele me invocar, eu lhe<br />

responderei; estarei com ele na angustia,<br />

livrá-lo-ei, e o honrarei. Com longura de<br />

dias fartá-lo-ei, eu lhe mostrarei a minha<br />

salvação” (v.14 a 16).<br />

Salmo 92 - A ênfase deste salmo é a<br />

celebração dos feitos do Senhor. É bom<br />

render graças ao Senhor por aquilo que<br />

ele fez e pelas suas grandes obras. E a<br />

certeza dessa continuada ação de Jeová<br />

em favor dos justos que o temem, faz o<br />

salmista declarar: “Os justos florescerão<br />

como a palmeira, crescerão como o<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 13


cedro do Líbano.” (v.12) “Na velhice<br />

ainda darão frutos, serão viçosos e<br />

florescentes, para proclamarem que o<br />

Senhor é reto.” (v.14 e 15 a)<br />

Salmo 105 - Igualmente ao anterior,<br />

este salmo é um convite à adoração ao<br />

Senhor. Os argumentos para tal convite<br />

vêm da revisão da história, quando o<br />

salmista vai relembrando feitos de Deus<br />

em benefício do povo de Israel, e de<br />

como a lembrança desses feitos dele<br />

levar o povo a cantar e anunciar o nome<br />

de Jeová. Nossa memória é curta e fazse<br />

necessário relembrar todo o caminho<br />

já percorrido para não perder a visão da<br />

grandeza da obra de Deus. O convite do<br />

salmista deve assim ser extensivo a nós:<br />

“Lembrai-vos das maravilhas que Ele<br />

tem feito, dos seus prodígios e dos juízos<br />

da sua boca.” (v.5)<br />

Salmo 112 – É mais um salmo que<br />

exorta a confiança irrestrita no Senhor:<br />

“Bem aventurado o homem que teme ao<br />

Senhor, que em seus mandamentos tem<br />

grande prazer.” (v.1) Os benefícios<br />

dessa atitude estão listados no restante<br />

do salmo, mas devemos notar que o<br />

salmista aqui se restringe a apresentar os<br />

benefícios imediatos, percebíveis no<br />

campo material daquele que confia em<br />

Deus. São reforçadas as bênçãos visíveis,<br />

através da descendência poderosa, de<br />

bens e riquezas na casa e da sua<br />

capacidade de enfrentar mesmo as más<br />

noticias, porque o seu coração está bem<br />

firmado no Senhor.<br />

Salmo 114 - Este salmo celebra um feito<br />

específico da história de Israel, a<br />

passagem dos judeus pelo Mar<br />

Vermelho. A lembrança de tal episódio<br />

histórico deve servir para toda a terra, e<br />

não somente a nação de Israel, tremerem<br />

na presença do Senhor Deus de Jacó.<br />

Para concluir esta revisão de hoje,<br />

gostaria de que considerássemos mais<br />

um pouco a respeito do valor dos<br />

Salmos para nós. Não podemos limitar a<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

ver nos <strong>salmos</strong> uma bela produção<br />

literária que nos prende a atenção pela<br />

riqueza das suas imagens e pela<br />

profundidade da emoção que nos evoca.<br />

Como cristãos sinceros e amantes da<br />

Palavra, os <strong>salmos</strong> devem ser para nós<br />

mais do que apenas isto. Como ressalta<br />

Bob Deffinbaugh, ao considerar a<br />

significância atual dos <strong>salmos</strong>, eles<br />

devem falar para nós, falar por nós,<br />

clamar por nós e nos servir de padrão<br />

para a nossa adoração a Deus, como<br />

serviram para a Igreja Cristã primitiva (I<br />

Co.14.26; Ef.5.19; Col.3.16).<br />

Os <strong>salmos</strong> falam para nós porque<br />

expressam palavras apropriadas para as<br />

diversas circunstancias de vida que<br />

enfrentamos.<br />

Os <strong>salmos</strong> falam por nós, pois retratam<br />

o intimo de nossas almas, colocando em<br />

palavras os nossos mais sinceros desejos,<br />

confirmando a intercessão do Espírito<br />

por nós, como Paulo ensina em Rm.8.26.<br />

Os <strong>salmos</strong> clamam por nós, das<br />

profundezas (Sl.130.1), pois podemos<br />

encontrar neles o conforto, a consolação<br />

e as palavras de petição a Deus de que<br />

necessitamos, mesmo nos momentos<br />

mais negros das nossas vidas.<br />

Que nesse aprofundamento no conhecer<br />

dos <strong>salmos</strong> possamos chegar onde Davi<br />

chegou\; “Busquei ao Senhor, e ele me<br />

respondeu, e de todos os meus temores<br />

me livrou. Olhai para ele e sede<br />

iluminados; e os vossos rostos jamais<br />

serão confundidos.” (Sl. 34. 4 e 5).<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 14


Lição 08<br />

Uma das características marcantes do<br />

livro de Salmos, cujo estudo podemos<br />

hoje continuar, agradecidos a Deus por<br />

mais uma vez nos trazer a este momento,<br />

é o seu conteúdo de Louvor e Adoração<br />

a Deus. Utilizar as palavras de um salmo<br />

para expressar a nossa adoração a Deus é<br />

um fato comum. E são estes <strong>salmos</strong> os<br />

de culto e louvor que prenderão a nossa<br />

atenção neste estudo. Estaremos<br />

revendo alguns <strong>salmos</strong> que são parte<br />

desta classificação, com o objetivo<br />

primeiro de aprendermos mais a respeito<br />

do louvor e adoração que devemos<br />

tributar ao nosso Deus.<br />

O salmo 33 nos ensina não só sobre a<br />

forma do nosso louvor, mas também<br />

sobre a razão porque devemos adorar a<br />

Deus. Os seus primeiros versos nos<br />

lembram de duas características que não<br />

podem faltar no nosso culto: A alegria e<br />

a perfeição: “ Regozijai-vos no Senhor,<br />

vós justos, pois aos retos fica bem o<br />

louvor. .... Cantai –lhe um cântico novo;<br />

tocai bem e com júbilo.” E este convite<br />

ao louvor jubiloso e aprimorado<br />

justifica-se por aquilo que o Senhor é e<br />

por aquilo que o Senhor fez. O restante<br />

do salmo é uma apresentação da<br />

grandeza do Senhor, onde a Sua palavra<br />

criadora é ressaltada nos versos 4 a 9; a<br />

Sua vontade triunfante é lembrada nos<br />

versos 10 a 12; e o Seu olhar discernente<br />

destacado nos versos 13 a 19, como nos<br />

ensina Derek Kidner. Pelo que o Senhor<br />

é e pelo que Ele fez devemos fazer<br />

completo o nosso louvor depositando<br />

nEle toda a nossa confiança, tal como o<br />

salmista fez “ A nossa alma espera no<br />

Senhor; ele é o nosso auxilio e o nosso<br />

escudo.” (v.20).<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

"Os <strong>salmos</strong> de culto e louvor” (1. parte )<br />

Salmos 33, 50, 68, 81, 132 e 145.<br />

Vamos passar agora ao salmo 68, de<br />

autoria de Davi. Aqui também a ênfase<br />

do cântico é a grandeza e a obra de<br />

Deus, em prol dos seus fiéis, na natureza<br />

e no meio do seu povo. A leitura deste<br />

salmo nos chama a atenção pela força e<br />

pujança das expressões utilizadas por<br />

Davi para exaltar a Deus. O salmo<br />

chama a nossa atenção também pelo fato<br />

de que a convocação ao louvor e feita<br />

não somente ao povo de Deus, Israel,<br />

mas é também estendida a outras<br />

nações, como o Egito e a Etiópia,<br />

abrangendo todas as nações da terra.: “<br />

Reinos da terra, cantai a Deus, cantai<br />

louvores ao Senhor.” (v.32) Sendo uma<br />

literatura do povo judeu, sempre tão<br />

cioso da sua nacionalidade e do seu<br />

privilegio como povo escolhido de Deus,<br />

poucos lugares nos Salmos encontramos<br />

uma mensagem que tão claramente<br />

ressalta o caráter universal da adoração,<br />

como aqui.<br />

O salmo seguinte a considerar é o de<br />

numero 81. Aqui vemos retomada a<br />

preocupação de que o louvor esteja<br />

revestido de alegria e do som de<br />

instrumentos musicais, mas o salmo nos<br />

ensina um outro aspecto fundamental<br />

que não podemos esquecer: A adoração<br />

a Deus é um mandamento divino: “Pois<br />

isso é um estatuto para Israel, e uma<br />

ordenança para Jacó.” (v.4). Adorar a<br />

Deus é parte integral dos mandamentos<br />

divinos para o seu povo, e por isso o<br />

restante do salmo é um convite para que<br />

Israel escute a voz de Deus e O<br />

reconheça como o seu único Senhor.<br />

No salmo 108 aprendemos com Davi<br />

mais uma característica que não pode<br />

faltar no nosso louvor. A nossa<br />

voluntariedade. A nossa disposição e o<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 15


nosso desejo de adorar a Deus.<br />

“Preparado está o meu coração, ó Deus;<br />

cantarei, sim, cantarei louvores, com<br />

toda a minha alma. Despertai, saltério e<br />

harpa; eu mesmo despertarei a aurora.<br />

Louvar-te-ei entre os povos, Senhor,<br />

cantar-te-ei louvores entre as nações.”<br />

(v.1 a 3). Esta lição de Davi, tão<br />

importante para ser retida, ganha um<br />

significado maior quando atentamos para<br />

o fato de que este salmo 108 é a junção<br />

da parte final de dois outros <strong>salmos</strong>, o<br />

57, a partir do seu verso 7 e o 60, a partir<br />

do seu verso 5. Esses dois <strong>salmos</strong> que<br />

deram origem ao 108, por sua vez, não<br />

são <strong>salmos</strong> de Louvor. São <strong>salmos</strong> de<br />

lamentação, onde Davi se apresenta<br />

diante de Deus clamando por livramento.<br />

Mas por maior que era a sua situação de<br />

desamparo, ele ainda estava preparado<br />

para cantar louvores. Portanto, neste<br />

salmo Davi não só nos ensina sobre a<br />

disposição para adorar a Deus. Ele<br />

ensina, com a sua vida, que a adoração a<br />

Deus deve ter prioridade total.<br />

O último salmo a considerar hoje é o<br />

salmo 145. Ele é o ultimo salmo de Davi<br />

no saltério. O autor ressalta a dimensão<br />

temporal do louvor nos lembrando que a<br />

adoração a Deus não deve ser<br />

interrompida. Cada dia bendizendo ao<br />

Senhor, e assim louvando o Seu nome<br />

pelos séculos dos séculos (v.2). Esta<br />

preocupação com o tempo e com a<br />

continuidade ininterrupta da adoração<br />

também fica ressaltada no verso 4:<br />

“Uma geração louvará as tuas obras à<br />

outra geração, e anunciará os teus atos<br />

poderosos.” É a obrigação da lei de<br />

Moisés, dos pais transmitirem aos filhos<br />

o conhecimento do temor ao Senhor<br />

(Dt.6.20-25) expressa na forma da<br />

adoração, destacando os feitos de Jeová.<br />

Louvamos a Deus como aprendemos<br />

com os nossos pais, e louvando a Deus<br />

vamos transmitindo aos nossos filhos a<br />

mesma visão da grandeza e da bondade<br />

do Senhor, que merece toda a nossa<br />

adoração. Será que conseguiríamos<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

contar quantas gerações se passaram<br />

desde Davi até nós, em que este salmo é<br />

ressaltado, “de geração em geração” ?<br />

Será que temos a capacidade de estimar<br />

quantas gerações mais, após a nossa<br />

continuarão a louvar ao Senhor, porque<br />

aprenderam de seus pais? É o encontro<br />

do privilégio e da responsabilidade de<br />

ser um elo nesta imensa sucessão de<br />

pessoas que “Publicarão a memória da<br />

tua grande bondade, e com júbilo<br />

celebrarão a tua justiça.” (v.7)<br />

Os <strong>salmos</strong> de louvor e de adoração não<br />

se esgotam nestes poucos que aqui<br />

pudemos rever. Os ensinos sobre a<br />

necessidade de louvar a Deus e os<br />

ensinos de como louvar a Deus são um<br />

assunto constante ao longo dos Salmos.<br />

A classificação didática que esta série de<br />

estudos segue não é perfeita. A riqueza<br />

de muitos <strong>salmos</strong> impede que eles sejam<br />

colocados restritivamente em uma<br />

classificação. Como vimos, no caso dos<br />

<strong>salmos</strong> 57 e 60, temos diversas ênfases<br />

dentro de um só salmo. Vamos continuar<br />

percorrendo os <strong>salmos</strong> e aprendendo<br />

com eles a melhor louvar Aquele que é<br />

o único que deve receber todo o nosso<br />

louvor.<br />

“Celebrai com júbilo ao Senhor, todos<br />

os habitantes da terra; daí brados de<br />

alegria, regozijai-vos, e cantai<br />

louvores.” (98.4).<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 16


Lição 09<br />

Retornamos à nossa série de estudos no<br />

livro de Salmos, agradecidos a Deus pela<br />

oportunidade de mais este encontro.<br />

Continuamos hoje nos voltando para os<br />

<strong>salmos</strong> de culto e louvor, classificação<br />

esta que já nos ocupou no encontro<br />

anterior.<br />

Dentro do assunto, desejo que a nossa<br />

atenção seja voltada para um grupo de<br />

<strong>salmos</strong> bastante peculiar no livro, que<br />

são identificados como Cântico dos<br />

Degraus, ou de Romagem, compondo<br />

uma seqüência de 15 <strong>salmos</strong>, começando<br />

com o de numero 120.<br />

A explicação para o nome e para a<br />

função deles não é unânime, e diversas<br />

possibilidades têm sido levantadas. De<br />

modo geral entende-se que estes <strong>salmos</strong><br />

estavam relacionados com a<br />

peregrinação dos judeus em direção à<br />

Jerusalém para adoração a Deus. Seriam<br />

cânticos entoados durante a viagem, ou<br />

na entrada do templo. Foi sugerido que<br />

cada um destes <strong>salmos</strong> teria sido cantado<br />

em um dos degraus de acesso ao templo,<br />

na chegada dos peregrinos<br />

Uma outra explicação associa esta série<br />

de <strong>salmos</strong> com o rei Ezequias. Como<br />

sabemos do relato de Isaías capitulo 38,<br />

o rei clamou e chorou diante de Deus<br />

quando foi avisado da iminência da sua<br />

morte, e Deus lhe concedeu 15 anos<br />

adicionais, usando como sinal de tal<br />

beneficência o recuo de 10 graus no<br />

relógio de sol do rei. Em sua oração de<br />

gratidão, o rei se comprometeu a adorar a<br />

Deus todos os dias da sua vida, como<br />

vemos em Is. 38 v.20: “ O Senhor está<br />

prestes a salvar-me; pelo que, tangendo<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

"Os <strong>salmos</strong> de culto e louvor” (2a. parte )<br />

Salmos 29, 82, 121, 124, 126, 127, 128, 131, 133, e 134.<br />

eu meus instrumentos, nós o louvaremos<br />

todos os dias de nossa vida na casa do<br />

Senhor.” Neste propósito expresso na<br />

sua oração, Ezequias teria composto 10<br />

<strong>salmos</strong>, um para cada grau que o relógio<br />

retrocedeu. A esses 10, Ezequias<br />

adicionou 4 <strong>salmos</strong> de Davi, e um de<br />

Salomão, de modo a chegar ao total de<br />

15, a quantidade de anos que o Senhor<br />

lhe adicionou.<br />

Estas possíveis explicações para a<br />

origem e a função desse grupo de<br />

<strong>salmos</strong>, servem apenas como pano de<br />

fundo e introdução. O relevante é a<br />

mensagem que eles nos transmitem.<br />

Alguns desses <strong>salmos</strong> são bastante<br />

conhecidos, isoladamente. No entanto,<br />

somos convidados a lançar um olhar<br />

geral para a série toda, e vermos nela<br />

uma representação da jornada espiritual<br />

onde cada um desses cânticos se referee<br />

a um estágio, ou um degrau, na<br />

caminhada do ser humano desde que ele<br />

percebe que precisa abandonar o mundo<br />

ímpio até a sua chegada em definitivo na<br />

casa do Senhor.<br />

O primeiro salmo dessa seqüência, o<br />

120, deixa-nos clara a idéia do mundo<br />

ímpio e da decisão do peregrino de que<br />

aquele não deveria ser mais o seu lugar e<br />

por isso tinha chegado a hora de clamar<br />

a Deus por livramento. Sentir-se<br />

estranho no mundo em que vive.<br />

Perceber que já não pode mais conciliarse<br />

com aqueles ao seu redor e desejar<br />

abandonar tal ambiente é o começo da<br />

jornada: “Ai de mim que peregrino em<br />

Meseque, e habito entre as tendas de<br />

Quedar! Há muito que eu habito com<br />

aqueles que odeiam a paz. Eu sou pela<br />

paz, mas quando falo, eles são pela<br />

guerra.” (v.6-7)<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 17


O segundo estágio, representado no<br />

salmo 121, nos lembra que após a<br />

decisão de abandonar o mundo ímpio<br />

uma caminhada de obstáculos e<br />

dificuldades ainda separa o peregrino da<br />

Jerusalém almejada. No meio do trajeto<br />

estão os montes, com suas ameaças de<br />

caminhos escarpados onde o vacilo do pé<br />

pode significar a morte; onde<br />

salteadores e temores estão por todo o<br />

lugar; e onde o próprio sol<br />

incandescente pode ferir o viajante.<br />

Vemos muitas vezes o verso um deste<br />

salmo sendo lido de modo incorreto,<br />

dando a impressão de que o salmista<br />

olhava para os montes pois via neles o<br />

seu socorro. Não é esta a idéia. O<br />

salmista vê os montes com temor, como<br />

um desafio a ser vencido e pergunta: “de<br />

onde me virá o socorro?” A resposta<br />

vem em seguida: “O meu socorro vem<br />

do Senhor, que fez os céus e a terra”<br />

(v.2) e tal socorro é suficientemente<br />

amplo para que todos os riscos e os<br />

perigos da passagem pelos montes sejam<br />

superados.<br />

O passo seguinte dessa jornada está no<br />

salmo 122, - a expectativa da chegada a<br />

Jerusalém. “Alegrei-me quando me<br />

disseram: Vamos a casa do Senhor.”<br />

(v.1). O peregrino que decidiu abandonar<br />

o mundo ímpio onde estava, já sentiu a<br />

forte segurança divina ao atravessar os<br />

temidos montes, e agora se enche que<br />

alegria ao vislumbrar a cidade almejada<br />

e já sentir-se dentro dela.<br />

Mas a jornada não termina ainda. As<br />

dificuldades continuam e tais situações<br />

vão sendo expressas nos <strong>salmos</strong><br />

seguintes, ora como uma oração de apelo<br />

por ajuda, ora como um hino de gratidão<br />

relembrando a obra do Senhor. Assim, o<br />

salmo 123 clama pelo livramento da<br />

zombaria dos arrogantes e do desprezo<br />

dos soberbos; o salmo 124 relembra<br />

todos os perigos dos quais o Senhor já<br />

livrou; o salmo 125 é uma renovação da<br />

confiança irrestrita no Senhor; o salmo<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

126 é um outro hino de louvor<br />

relembrando as obras de Deus. A<br />

proteção à família é o assunto do salmo<br />

127 e a felicidade do que teme ao Senhor<br />

é ressaltada no 128.<br />

Chegando ao salmo 131 vemos Davi<br />

expressando o seu desejo de descansar<br />

no Senhor. É um salmo que apresenta a<br />

maturidade espiritual que deve ser<br />

buscada por todos nós: “Senhor, o meu<br />

coração não é soberbo, nem os meus<br />

olhos são altivos; não me ocupo de<br />

assuntos grandes e maravilhosos demais<br />

para mim. Pelo contrario, tenho feito<br />

acalmar e sossegar a minha alma; qual<br />

criança desmamada sobre o seio de sua<br />

mãe, qual criança desmamada está a<br />

minha alma para comigo.” (v. 1-2)<br />

Os dois últimos <strong>salmos</strong> desta serie<br />

retratam o fim da jornada e a alegria da<br />

permanente estada na casa do Senhor e<br />

no meio daqueles que igualmente estão<br />

desejosos de servir ao Senhor. O salmo<br />

133 nos diz: “o quão bom e quão suave é<br />

que os irmãos vivam em união !” (v.1).<br />

O salmo 134 é um convite para a<br />

permanente adoração na casa de Deus:<br />

“...bendizei ao Senhor, todos vós, servos<br />

do Senhor, que de noite assistis na casa<br />

do Senhor.” (v.1)<br />

Que a lembrança desta serie de <strong>salmos</strong><br />

que compõem os cânticos dos degraus<br />

nos anime e nos encoraje a prosseguir na<br />

nossa caminhada espiritual, em direção<br />

ao pleno conhecimento de Deus<br />

(Col.1.10).<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 18


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 10<br />

"Os <strong>salmos</strong> de exaltação a Deus/Ação de graças” (1a. parte)<br />

Salmos 8, 18, 19, 21, 30, 32, 40, 46, 48, 65, 66, 67, 75, 76, 84, 89, 93, 96 e 97.<br />

Amigos e irmãos ouvintes, sob a graça<br />

de Deus podemos mais uma vez voltar a<br />

nossa atenção para o livro de Salmos,<br />

que têm sido o assunto desta série de<br />

estudos bíblicos. Temos seguido a<br />

classificação dos <strong>salmos</strong> proposta para as<br />

lições da Escola Bíblica Dominical,<br />

como definido pela Juerp. Como toda<br />

classificação, ela visa agrupar <strong>salmos</strong><br />

similares de maneira a melhor podermos<br />

compreender a natureza, a finalidade e a<br />

mensagem de cada capítulo deste livro<br />

tão maravilhoso e querido. Olhar para os<br />

<strong>salmos</strong> através de uma classificação deve<br />

nos ajudar no estudo, mas não devemos<br />

nos prender à classificação com excesso<br />

de empenho a ponto de ela nos engessar.<br />

Não podemos nos esquecer que as<br />

classificações são diversas; nem sempre<br />

coincidentes; e há <strong>salmos</strong> que trazem<br />

dentro deles elementos de mais de uma<br />

classificação.<br />

Estamos hoje iniciando as considerações<br />

sobre mais um tipo de salmo, Os <strong>salmos</strong><br />

de exaltação a Deus e Ação de Graças.<br />

Nos ocuparemos desse tipo de salmo no<br />

nosso encontro de hoje e também no<br />

próximo. Os <strong>salmos</strong> de ação de graças<br />

são marcados pela nota de gratidão a<br />

Deus por algo que Ele fez,<br />

especialmente na vida pessoal do<br />

salmista, mas também na vida da<br />

comunidade ou na lembrança dos<br />

grandes feitos do Senhor. Os <strong>salmos</strong> de<br />

exaltação buscam engrandecer o nome<br />

do Senhor, ainda que não associando tal<br />

exaltação à benemerências específicas.<br />

É o exaltar a Deus pelo que Ele é, mais<br />

do que pelo que ele fez a nosso favor.<br />

Muitos <strong>salmos</strong> se enquadram nesta<br />

categoria – Na classificação da Juerp eles<br />

são 38 – e, portanto, impossíveis de<br />

serem revistos individualmente aqui.<br />

Vamos atentar para<br />

alguns destes <strong>salmos</strong>, fazendo uso,<br />

primariamente, das considerações<br />

desenvolvidas pelo comentarista bíblico<br />

Walter Brueggemann. (The message of<br />

the Psalms).<br />

Salmo 8 – “Ó Senhor, Senhor nosso,<br />

quão admirável é o teu nome em toda a<br />

terra, tu que puseste a tua glória acima<br />

dos céus!” - O verso um já dá a nota<br />

clara do objetivo deste cântico: Exaltar<br />

ao Deus criador e lembrar o Seu<br />

imensurável amor demonstrado ao<br />

homem, que não sendo nada dentro da<br />

grandeza da criação divina, recebeu o<br />

domínio sobre toda a criação. Dos 9<br />

versos, 5 (do 4 ao 8) são dedicados a<br />

ressaltar a importância do homem, a<br />

quem Deus coroou de glória e de honra.<br />

No entanto esta primazia do papel da<br />

criatura não deve diminuir, antes deve<br />

apenas realçar a exaltação que devemos<br />

ao Criador, pois somos o que somos<br />

porque Ele assim quis, e, portanto, junto<br />

com o salmista devemos cantar:<br />

“Senhor, Ó Senhor nosso, quão<br />

admirável é o teu nome em toda a terra!”<br />

(v.9)<br />

Salmo 30 - Este é um exemplo claro do<br />

salmo de ação de graças. Embora não<br />

seja explicito a que fato esteja se<br />

referindo, Davi fala claramente de um<br />

livramento que Deus lhe propiciou. “tu<br />

me levantaste” (v1), “tu me curaste”<br />

(v.2), “conservaste-me a vida” (v.3) –<br />

são expressões do reconhecimento da<br />

ação divina na sua vida. Ainda que as<br />

circunstancias não estejam delineadas, o<br />

perigo e a proximidade da morte<br />

estiveram na experiência de Davi. Por<br />

causa do que Deus fez, ele pessoalmente<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 19


quer louvar ao Senhor: “...Senhor, Deus<br />

meu, eu te louvarei para sempre” (v.12),<br />

mas também convoca toda a<br />

congregação para o mesmo propósito:<br />

“Cantai louvores ao Senhor, vós que sois<br />

seus santos....” (v.4).<br />

Há um fato a mais ao qual somos<br />

chamados à atenção neste salmo. O<br />

salmista passou por uma experiência que<br />

lhe tirou de uma situação de conforto, e<br />

lhe desequilibrou profundamente, para<br />

ao fim o trazer de novo à segurança.<br />

Vemos isto nos versos 6: Davi<br />

relembrava: “Quanto a mim, dizia eu na<br />

minha prosperidade: Jamais serei<br />

abalado.” Tudo ia bem e o fato de ir<br />

bem foi confundido com ir bem sempre,<br />

isto é, ter a posse permanente da benção<br />

da prosperidade. Havia a fé em Deus,<br />

havia uma certeza e esta certeza dava a<br />

orientação para a vida do salmista. Mas<br />

ai vem o inesperado, a desorientação que<br />

fez Davi perder o rumo, pois<br />

desestruturou tudo o que ele cria.<br />

Vemos tal choque no verso 7 “Tu,<br />

Senhor, pelo teu favor fizeste que a<br />

minha montanha permanecesse forte:<br />

ocultaste o teu rosto, e fiquei<br />

conturbado.” Deus desapareceu da<br />

prosperidade do salmista. E agora?<br />

Agora é a hora de se chegar a uma nova<br />

orientação, de uma mais profunda<br />

verdade a respeito de Deus, que renova,<br />

refaz e amplia o relacionamento com<br />

Deu. O final disto vemos no verso 11:<br />

“Tornaste o meu pranto em regozijo,<br />

tiraste o meu cilício, e me cingiste de<br />

alegria....”<br />

Salmo 66 – Este é um salmo coletivo de<br />

ação de graças. Não são os feitos divinos<br />

em favor de uma pessoa que são<br />

relembrados, mas os feitos do Senhor em<br />

favor de todo o seu povo, relembrando<br />

fatos históricos, como a passagem pelo<br />

mar (v.6), bem como exaltando a<br />

bondade do Senhor em repreender o<br />

povo pecador e depois reparar e<br />

restaurar. A ação de graça coletiva<br />

termina em uma expressão individual,<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

onde o autor acrescenta o seu<br />

testemunho pessoal, que serve como<br />

confirmação personalizada da mensagem<br />

do cântico: “Vinde, e ouvi,.....e eu<br />

contarei o que ele tem feito por mim.”<br />

(v.16) “ Bendito seja Deus, que não<br />

rejeitou a minha oração, nem retirou de<br />

mim a sua benignidade.” (v.20)<br />

Salmo 97 – O ultimo salmo a ser<br />

considerado hoje exalta a Deus como rei<br />

que governa soberanamente sobre todo<br />

universo, fazendo da justiça e da<br />

equidade a base do seu trono. Junto com<br />

a exaltação, o salmo traz também uma<br />

instrução como advertência para aqueles<br />

que, em vez de se curvarem ao Senhor<br />

do Universo, preferem adorar ídolos e<br />

imagens esculpidas (v.7), bem como<br />

aqueles que optam pelo mal, pela<br />

injustiça e que abominam a retidão<br />

(v.10-11).<br />

Embora sendo exaltado por todas as<br />

forças da natureza (v. 2 a 6), e com sua<br />

gloria sendo testemunhada a todas a<br />

todos os povos (v.6), Deus não quer<br />

receber tributos daqueles que não tem o<br />

seu padrão de justiça e retidão. Por isso,<br />

a exaltação ao seu nome somente pode<br />

vir dos que buscam cumprir os seus<br />

mandamentos: “Alegrai-vos ó justos, no<br />

Senhor, e rendei graças ao seu santo<br />

nome” (v.12).<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 20


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 11<br />

"Os <strong>salmos</strong> de exaltação a Deus/Ação de graças” (2a. parte)<br />

Salmos 98, 99, 100, 103, 104, 107, 111, 113, 115,<br />

117, 135, 136, 138, 146, 147, 148, 149 e 150.<br />

Queridos ouvintes: com gratidão a Deus<br />

pelo que Ele é e pelo que Ele fez em<br />

nosso favor, estamos juntos novamente<br />

para a continuação desse ciclo de estudos<br />

no livro de Salmos. Estamos hoje<br />

pensando nos <strong>salmos</strong> de exaltação a<br />

Deus e de ação de graças, em<br />

continuação ao estudo anterior.<br />

Continuamos também utilizando os<br />

comentários de Walter Brueggemann<br />

como base deste estudo.<br />

Salmo 98 – O convite de abertura é para<br />

se entoar um novo cântico ao Senhor. É<br />

a mesma introdução do salmo 97. Porque<br />

um cântico novo é necessário? A<br />

novidade não deve ser apenas do canto<br />

em si, ainda que seu conteúdo possa ser<br />

inédito. A novidade do cântico deve estar<br />

firmada na obra sempre renovada das<br />

maravilhas do Senhor e, sobretudo, na<br />

nossa renovada disposição de exaltar ao<br />

Senhor de uma maneira e com uma<br />

intensidade maior que anteriormente. A<br />

salvação, a justiça e a misericórdia<br />

divina são razões para todos os<br />

habitantes da terra celebrarem ao Senhor,<br />

juntando vozes e instrumentos para<br />

exaltá-lo. A natureza, representada pelo<br />

mar, rios e montes, estarão também se<br />

juntando nesta expressão universal e<br />

total de reconhecimento da plenitude da<br />

justiça e do poder divino.<br />

O Salmo 100 nos leva para o templo do<br />

Senhor, convidando-nos para “entrar<br />

pelas suas portas com ação de graças e<br />

nos seus átrios com louvor...” (v.4).<br />

O ensino sobre a exaltação ao Senhor<br />

nos deve motivar a nos mover em<br />

direção a Ele para o adorarmos,<br />

reconhecendo a sua benignidade que<br />

dura para sempre.<br />

Salmo 103 – Este é um dos mais<br />

completos <strong>salmos</strong> de ação de graças que<br />

temos. Além da sua beleza literária,<br />

como rico exemplo da poesia hebraica,<br />

com suas muitas afirmações em<br />

paralelismo, o salmo, na profundidade<br />

do seu ensino, nos convida a seriamente<br />

refletir sobre a ação de graças devida à<br />

fonte de toda benção.<br />

O salmista começa por convidar a si<br />

mesmo a bendizer ao Senhor. Parece<br />

estranho, como que o salmista desejando<br />

sacudir o seu próprio eu e o despertar<br />

para a adoração. Mais do que isto, o<br />

salmista deseja convencer a si mesmo de<br />

que todo o seu ser em uníssono deve se<br />

voltar para a gratidão a Deus, pois<br />

razões há mais que suficientes para tal,<br />

como lembrado nos versos 2 a 6. O<br />

importante é que como Davi não nos<br />

esqueçamos “de nenhum dos seus<br />

benefícios.” (v.2)<br />

A partir do verso 8 o autor trabalha com<br />

pensamentos colocados em contraste<br />

para realçar os seus argumentos em prol<br />

da ação de graças.<br />

Lembrando-se da misericórdia e da<br />

compaixão divina, Davi utiliza uma<br />

série de negativas para contrastar a<br />

nossa condição humana de pecado com a<br />

graça de Deus, pois Ele “Não<br />

repreenderá perpetuamente, nem para<br />

sempre conservará a sua ira. Não nos<br />

trata segundo os nossos pecados, nem<br />

nos retribui segundo as nossas<br />

iniqüidades.” (v.9 -10). O que deve ser<br />

ressaltado nesta expressão do autor é que<br />

o julgamento divino, assim como toda a<br />

ação de Deus não é pautada por uma<br />

linha de comportamento padrão. Ao<br />

contrario, somos surpreendidos pela ação<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 21


divina ocorrendo em uma direção<br />

inesperada. Levamos Deus à ira, mas<br />

não somos castigados eternamente.<br />

Pecamos contra Deus, mas não<br />

recebemos em retribuição aquilo que<br />

mereceríamos. Realmente, todo o nosso<br />

ser deve ser despertado para<br />

incansavelmente bendizer a este Deus.<br />

Mas não é só isto. Vamos para os versos<br />

14 a 17, e vemos Davi construir outro<br />

pensamento contrastado, que nos é muito<br />

precioso atentar. Ele lembra a brevidade<br />

e insignificância da vida humana: “ Pois<br />

ele...lembra-se de que somos pó. Quanto<br />

ao homem, os seus dias são como a erva;<br />

como a flor do campo, assim ele<br />

floresce. Pois, passando por ela o vento,<br />

logo se vai, e o seu lugar não a conhece<br />

mais.”<br />

No entanto, a graça de Deus nos resgata<br />

dessa limitada vida como o salmista<br />

conclui: “Mas é de eternidade a<br />

eternidade a benignidade do senhor sobre<br />

aqueles que o temem....” Por nos, pela<br />

nossa vontade, pela nossa capacidade, o<br />

que somos? É somente pelos desígnios<br />

divinos que alcançamos a eternidade, e<br />

por isso todos são convocados para<br />

bendizer ao Senhor: os anjos que estão<br />

sob seu comando (v.20); os seus<br />

exércitos e ministros (v.21); as obras do<br />

Senhor, de todos os lugares do seu<br />

domínio (v.22); mas, sobretudo. é<br />

necessário trazer para o eu individual de<br />

cada um de nós o mandamento final:<br />

“Bendize, ó minha alma ao Senhor!”<br />

(v.22)<br />

Mais uma Ação de graças de Davi<br />

encontramos no Salmo 138. O<br />

testemunho do que Deus fez é o moto<br />

desta gratidão: “No dia em que eu<br />

clamei, atendeste-me; alentaste-me,<br />

fortalecendo a minha alma.” (v.3) e por<br />

isso o salmista pode testemunhar na<br />

presença dos deuses, e cantar louvores.<br />

A gratidão não está apenas no que Deus<br />

fez no passado, mas na certeza de que<br />

Ele continuadamente está amparando o<br />

seu servo: “Embora eu ande no meio da<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

angústia, tu me vivificas; contra a ira dos<br />

meus inimigos estendes a tua mão, e a<br />

tua destra me salva.” (v.7)<br />

O livro de <strong>salmos</strong> se encerra com uma<br />

série de 5 convites á adoração,<br />

utilizando o imperativo “Louvai ao<br />

Senhor.” Estes 5 <strong>salmos</strong> finais, a partir<br />

do 146, fecham o livro nos reforçando<br />

o convite para a continuada exaltação ao<br />

Senhor nosso Deus. Bob Deffingbaugh<br />

nos lembra que exaltação é muito<br />

diferente de gratidão. Exaltação eleva o<br />

exaltado, a gratidão não. O que exalta<br />

está centralizado no exaltado. O que<br />

agradece não. Exaltação envolve<br />

liberdade e espontaneidade. Gratidão<br />

envolve obrigação. Exaltação sempre<br />

ocorre em publico. Gratidão e<br />

essencialmente privativa. Exaltação é<br />

feita alegremente. Gratidão é feita como<br />

dever. Gratidão se reduz a uma palavra:<br />

obrigado. Exaltação não pode ser<br />

expressa assim tão simplesmente. É<br />

para esta exaltação que os 5 <strong>salmos</strong><br />

finais nos convocam, com o repetido<br />

imperativo de louvar ao Senhor.<br />

Fiquemos com o salmo 150. A<br />

convocação desta doxologia final não<br />

apresenta nenhuma razão do porque<br />

louvar ao Senhor. Há apenas a ordem.<br />

Em 6 versos, por 12 vezes o<br />

chamamento se repete: “Louvai ao<br />

Senhor.” É a convocação para todas as<br />

criaturas louvarem, adorarem,<br />

agradecerem e se colocarem em temor<br />

diante de Deus, de modo espontâneo e<br />

sem reservas. Incluamo-nos nesta<br />

convocação: “Tudo quanto tem fôlego<br />

louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!”<br />

(v.6)<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 22


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 12<br />

"Os <strong>salmos</strong> de lamentação e os Imprecatórios” (1a. parte)<br />

Salmos 3 a 7, 9, 10, 12-14, 17, 22, 25, 28, 31, 35, 36, 38, 39, 41-44, 49 e 51-58.<br />

Em continuação a esta série de estudos<br />

em Salmos, estamos chegando hoje ao<br />

nosso 12o. encontro, iniciando as<br />

considerações sobre os <strong>salmos</strong> de<br />

lamentações e <strong>salmos</strong> imprecatórios, a<br />

ultima das classificações utilizadas para<br />

esse estudo.<br />

Os <strong>salmos</strong> de lamentações e os<br />

imprecatórios compõem o maior de<br />

todos os 6 grupos, com 66 <strong>salmos</strong>. Nos<br />

<strong>salmos</strong> de lamentação, como o nome<br />

sugere, o salmista está expressando uma<br />

queixa, a sua insatisfação com fatos ou<br />

circunstâncias difíceis e desagradáveis<br />

que ele enfrenta. Por vezes, a sua<br />

reclamação é contra o próprio Deus. E<br />

ele então intercede pela ajuda divina,<br />

muitas vezes julgando-se injustiçado ou<br />

não merecedor daquele peso que sente<br />

sobre os seus ombros. Lembremo-nos<br />

destes exemplos:<br />

3.1-2: “Senhor, como se têm<br />

multiplicado os meus adversários!<br />

Muitos se levantam contra mim; Muitos<br />

são os que dizem de mim: Não há<br />

socorro para ele em Deus.”<br />

6.2-3 “ Tem compaixão de mim, Senhor,<br />

porque sou fraco; sara-me, Senhor,<br />

porque os meus ossos estão perturbados.<br />

Também a minha alma está muito perturbada;<br />

mas tu Senhor, até quando? ...”<br />

e 10.1: “Por que te conservas ao longe,<br />

Senhor? Por que te escondes em tempo<br />

de angustia ?”<br />

Não é raro que nós nos identifiquemos<br />

profundamente com esses <strong>salmos</strong>, pela<br />

variedade e riqueza das circunstancias<br />

apresentadas e pela beleza das suas<br />

palavras. São <strong>salmos</strong> que falam por nós,<br />

visto expressarem as nossas<br />

necessidades, as nossas emoções, e os<br />

nossos anseios com relação às<br />

adversidades da vida, que fazem parte da<br />

nossa condição de seres humanos.<br />

Os <strong>salmos</strong> imprecatórios são um tipo<br />

muito peculiar de salmo que tem<br />

merecido uma atenção especial dos<br />

estudiosos e comentaristas do livro. O<br />

nome desse tipo de salmo origina-se do<br />

verbo imprecar, que significa tanto<br />

suplicar, pedir a Deus, como significa<br />

também rogar uma praga contra<br />

alguém. São <strong>salmos</strong> em que o autor está<br />

solicitando uma clara intervenção divina<br />

contra os seus inimigos em particular, ou<br />

contra os malfeitores, em geral. Um<br />

bom exemplo de salmo imprecatório é o<br />

58, da autoria de Davi. Os seus versos 6<br />

a 10 expressam desejos que creio,<br />

qualquer um de nós não ousaria<br />

pronunciar, mesmo contra o nosso maior<br />

desafeto: “Ó Deus, quebra-lhes os<br />

dentes na sua boca; arranca, Senhor, os<br />

caninos aos filhos dos leões. Sumam-se<br />

como águas que se escoam; sejam<br />

pisados e murchem como a relva macia.<br />

Sejam como a lesma que se derrete e se<br />

vai, como o aborto de mulher, que nunca<br />

viu o sol. .... O justo se alegrará quando<br />

vir a vingança; lavará os seus pés no<br />

sangue dos ímpios.”<br />

Exatamente tal peculiaridade dos <strong>salmos</strong><br />

imprecatórios é que os tornam difíceis<br />

de serem entendidos e mais difíceis<br />

ainda de serem utilizados. J. Sidlow<br />

Baxter (Examinai as escrituras, vol. Jó<br />

e Salmos) apresenta 4 objeções que são<br />

levantadas com relação a esses <strong>salmos</strong>:<br />

(1) São contrários aos sentimentos mais<br />

elevados da natureza humana, na<br />

compaixão que existe dentro de nós.<br />

(2) São contrários a qualquer preceito de<br />

Religião, que nos ensinam sobre um<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 23


Deus que manda a chuva sobre justos e<br />

injustos.<br />

(3) São absolutamente contrários ao<br />

ensino e ao espírito do Novo<br />

Testamento, de amar os nossos<br />

inimigos.<br />

(4) são discordantes da própria confissão<br />

dos salmistas, que anunciam a sua<br />

confiança zelosa em Deus.<br />

O mesmo autor, porém, nos indica o<br />

caminho para a correta compreensão<br />

desse tipo de salmo, baseado no motivo,<br />

no ponto de vista e no espírito deles.<br />

Quanto ao motivo, devemos atentar que<br />

o salmista está se levantando contra os<br />

inimigos de Deus, declarando que são<br />

seus inimigos também. “Não odeio eu,<br />

Senhor, os que te odeiam? E não me<br />

aflijo por causa dos que se levantam<br />

contra ti ? Odeio-os com ódio completo;<br />

tenho-os por inimigos.” (139.21-22)<br />

Assim, o salmista está se colocando na<br />

posição de proclamador da justiça divina<br />

ao mesmo tempo que clama pelo<br />

imediato cumprimento da sentença<br />

reservada àqueles que se rebelam contra<br />

Deus.<br />

Quanto ao ponto de vista, somos<br />

lembrados que a grande maioria desses<br />

<strong>salmos</strong> imprecatórios são de autoria de<br />

Davi. Os que não são de Davi se<br />

relacionam com os inimigos nacionais de<br />

Israel. Davi, como rei ungido do Senhor<br />

está expressando a justiça publica que<br />

lhe competia exercer e não expressando<br />

um desejo de vingança pessoal contra os<br />

seus opositores.<br />

E, finalmente, quanto ao espírito, devese<br />

destacar que as imprecações são<br />

utilizadas contra alguém que não se<br />

sensibilizou com atos de compaixão,<br />

como vemos no em 109.4-5 “ Em paga<br />

do meu amor são meus adversários, mas<br />

eu me dedico á oração. Retribuem-me o<br />

mal pelo bem, e o ódio pelo amor.”<br />

Ficamos, portanto, com a essência dessa<br />

discussão a nos orientar com relação aos<br />

<strong>salmos</strong> imprecatórios. Eles não podem<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

ser entendidos como expressão de<br />

vingança pessoal. São alertas que nos<br />

trazem à lembrança o peso da justiça<br />

divina que virá para todos que se<br />

insubordinam contra os reiterados e<br />

compassivos apelos divinos.<br />

Voltemo-nos ao salmo 58, cujo conteúdo<br />

imprecatório já foi aqui citado, e<br />

vejamos o questionamento crítico e<br />

desolador de Davi com relação aos<br />

ímpios: “ Falais deveras o que é reto, vós<br />

os poderosos ? Julgais retamente, ó<br />

filhos dos homens ? Não, antes no<br />

coração forjais iniqüidade; sobre a terra<br />

fazeis pesar a violência das vossas<br />

mãos.” (v.1 e 2). E, após expressar as<br />

suas imprecações em vista da<br />

generalizada iniqüidade dos ímpios,<br />

Davi ressalta a justiça divina se<br />

cumprindo ao fim: “Então dirão os<br />

homens: Deveras há uma recompensa<br />

para o justo; deveras há um Deus que<br />

julga na terra.” (v.11)<br />

Um salmo imprecatório de cunho<br />

totalmente pessoal é o 35. Ao longo de<br />

todo o salmo vemos a expressão de Davi<br />

na primeira pessoa retratando sua<br />

dificuldade e desconforto com aqueles<br />

que lhe se opõem. O seu rogo pelo<br />

castigo e humilhação dos seus opositores<br />

é repetido diversas vezes. No entanto, a<br />

nota final ressalta a sua confiança de que<br />

a justiça de Deus prevalecerá: “Bradem<br />

de júbilo e se alegrem os que desejam a<br />

minha justificação, e digam<br />

continuadamente: Seja engrandecido o<br />

Senhor, que se deleita na prosperidade<br />

do seu servo” (v.27). Que esta<br />

expectativa a respeito do cumprimento<br />

da justiça divina seja nossa também.<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 24


LIVRO DE SALMOS<br />

Lição 13<br />

"Os <strong>salmos</strong> de lamentação e os Imprecatórios” (2a. parte)<br />

Salmos 59-61, 63, 64, 70, 71, 73, 74, 77, 79, 80, 83, 85, 86, 88,<br />

90, 94, 102, 109, 120, 122, 123, 125, 129, 130, 127, 139-143.<br />

Queridos irmãos e amigos ouvintes. O<br />

tempo passou e já chegamos ao nosso<br />

13o. e ultimo encontro desta serie sobre<br />

Salmos. Meu desejo é que o tempo<br />

despendido tenha sido útil no propósito<br />

de melhor entendermos esse belo livro<br />

da Bíblia. Nossa série termina, mas o<br />

nosso desafio individual de buscar na<br />

Palavra de Deus, e particularmente em<br />

Salmos o alento, o encorajamento, o<br />

desafio e a correção de que precisamos,<br />

continua. Que o livro de Salmos possa<br />

ser para todos nós o cumprimento<br />

completo do ensino de Jesus Cristo<br />

apresentado em Mateus 13:52: “Todo<br />

escriba que se fez discípulo do reino dos<br />

céus é semelhante a um homem,<br />

proprietário, que tira do seu tesouro<br />

coisas novas e velhas.” Que tenhamos<br />

abundantemente “coisas novas” tiradas<br />

de Salmos, que nos enriqueçam<br />

espiritualmente tanto quanto as “coisas<br />

velhas” que renovadamente buscamos<br />

nesse tesouro.<br />

Continuamos hoje com a ultima<br />

categoria de <strong>salmos</strong>, os de lamentação e<br />

imprecatórios. Nos detivemos nos<br />

<strong>salmos</strong> imprecatórios no ultimo<br />

encontro, de maneira que nos<br />

ocuparemos agora apenas dos <strong>salmos</strong> de<br />

lamentação.<br />

Bernhard Anderson (Out of the depths)<br />

nos lembra que talvez a denominação de<br />

“lamentação” não seja a mais<br />

apropriada, pois embora esses <strong>salmos</strong><br />

retratem uma queixa, eles também são<br />

um pedido pela intervenção divina e um<br />

cântico que anuncia em antecipação a<br />

certeza da ação divina, na correção do<br />

problema que o salmista enfrenta.<br />

A característica mais marcante de<br />

praticamente todos esses <strong>salmos</strong> de<br />

lamentação é a confiança de que a<br />

situação será mudada tão logo Deus<br />

intervenha. O lamento não é final visto<br />

que não está expresso em termos de uma<br />

situação sem saída nem é a percepção<br />

do cumprimento inexorável de um<br />

destino selado. O lamento clama pela<br />

intervenção divina para que o estado<br />

presente das coisas seja alterado, e esse<br />

clamor está alicerçado numa grande<br />

certeza e esperança de que Deus agirá e<br />

as coisas mudarão. Os elementos<br />

comuns de um salmo de lamentação são:<br />

um apelo à Deus; a apresentação da<br />

queixa; uma confissão da confiança em<br />

Deus; um pedido pela atuação divina;<br />

uma demonstração de confiança de que a<br />

ação divina desejada ocorrerá; e um voto<br />

de louvor e gratidão. Vejamos alguns<br />

<strong>salmos</strong> de lamentação.<br />

Salmo 59 – Este salmo de Davi nos<br />

informa na sua apresentação a situação<br />

específica em que foi composto, quando<br />

Saul mandou emissários à casa de Davi<br />

para o matar. Atentemos para ver como<br />

os elementos de um salmo de<br />

lamentação estão todos presentes: apelo<br />

– v.5 “Tu, o Senhor, Deus dos exércitos,<br />

Deus de Israel, desperta para punires<br />

todas as nações....” Apresentação da<br />

queixa: “Pois eis que armam ciladas á<br />

minha alma; os fortes se ajuntam contra<br />

mim, não por transgressão minha nem<br />

por pecado meu, ó Senhor. Eles correm,<br />

e se preparam, sem culpa minha...” (v.3<br />

e 4). Confissão da confiança em Deus:<br />

“Em ti, força minha, esperarei; pois<br />

Deus é o meu alto refugio. O meu Deus<br />

com sua benignidade virá ao meu<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 25


encontro:....” (v.9 e 10). Pedido pela<br />

atuação divina: “Livra-me, Deus meu,<br />

dos meus inimigos; protege-me daqueles<br />

que se levantam contra mim. Livra-me<br />

dos que praticam a iniqüidade, e salvame<br />

dos homens sanguinários.” (v.1 e 2)<br />

Demonstração de confiança: “Mas tu<br />

Senhor, te rirás deles; zombarás de todas<br />

as nações.” (v.8). E finalmente, o voto de<br />

confiança e louvor: “Eu, porém, cantarei<br />

a tua força; pela manhã louvarei com<br />

alegria a tua benignidade, porquanto tens<br />

sido para mim uma fortaleza, e refúgio<br />

no dia da minha angústia. A ti, ó força<br />

minha, cantarei louvores; porque Deus é<br />

a minha fortaleza, é o meu Deus que me<br />

mostra benignidade.” (v.16-17)<br />

Salmo 63 – Aqui Davi, que estava no<br />

deserto de Judá expressa, sobretudo,<br />

uma situação de ansiedade espiritual,<br />

pelo seu desejo de proximidade com<br />

Deus: “Ó Deus, tu és o meu Deus;<br />

ansiosamente te busco. A minha alma<br />

tem sede de ti, a minha carne te deseja<br />

muito em uma terra seca e cansada onde<br />

não há água.” (v.1) Esse desejo torna<br />

quase imperceptível a lamentação que o<br />

aflige: “...aqueles que procuram a minha<br />

alma para a destruírem.” (v.9)<br />

Salmo 79 – Este é um salmo comunitário<br />

de lamento. Não são os problemas de um<br />

individuo que são apresentados, mas a<br />

queixa é nacional: “...as nações<br />

invadiram a tua herança; contaminaram o<br />

teu santo templo; reduziram Jerusalém a<br />

ruínas.” Seguramente, o contexto<br />

histórico aqui expresso é a invasão de<br />

Nabucodonozor, que antecedeu o<br />

cativeiro de Judá na Babilônia. A<br />

lamentação tem aqui uma nota de<br />

indignação. Como é que Deus permitiu<br />

que a profanação do Seu lugar santo<br />

ocorresse? “Até quando Senhor?<br />

Indignar-te-ás para sempre? Arderá o teu<br />

zelo como fogo ?” (v.5) O pedido de<br />

ajuda é para que Deus restaure o seu<br />

povo para que ele possa novamente<br />

louva-lO.<br />

LIVRO DE SALMOS<br />

Salmo 86 – O destaque desta lamentação<br />

de Davi é o seu conteúdo de humildade e<br />

impotência. Davi suplica pela<br />

preservação da sua vida (v.2) e<br />

desesperançado se coloca na total<br />

dependência de Deus, sem qualquer<br />

outra opção de ajuda. “Ensina-me,<br />

Senhor, o teu caminho, e andarei na tua<br />

verdade; dispõe o meu coração para<br />

temer o teu nome.” (v.11)<br />

Salmo 142 – O estado de ânimo que<br />

Davi expressa neste salmo é bem<br />

diferente daquele que percebemos no<br />

salmo 86. A sua intimidade com Deus e<br />

a sua confiança nEle são marcantes.<br />

Podemos nos espelhar neste salmo e ver<br />

na experiência de Davi como deve ser o<br />

nosso relacionamento com Deus, ainda<br />

que a nossa experiência de vida não nos<br />

seja agradável. Davi de fato sabe a<br />

quem se dirigir quando a adversidade o<br />

cerca: “Com a minha voz clamo ao<br />

Senhor; com a minha voz ao Senhor<br />

suplico, derramo perante ele a minha<br />

queixa, diante dele exponho a minha<br />

tribulação.” (v.1 -2). Davi nos confirma<br />

que a nossa esperança não pode<br />

depender de ninguém próximo a nós,<br />

mesmo porque os nossos chegados nos<br />

podem também faltar: “Olho pra a minha<br />

mão direita, e vê, pois não há quem me<br />

conheça; refugio me faltou; ninguém se<br />

interessa por mim.” (4). Davi nos ensina<br />

sobre a sinceridade de emoção que deve<br />

existir no nosso relacionamento com<br />

Deus: “Atende ao meu clamor, porque<br />

estou muito abatido; ...” (v.6) E,<br />

sobretudo, Davi sabe que quando Deus<br />

agir a vida ganhará outra perspectiva:<br />

“Tira-me da prisão; para que eu louve o<br />

teu nome; os justos me rodearão, pois<br />

me farás muito bem.” (v.7) . Como Davi,<br />

façamos do Senhor o nosso refugio e o<br />

nosso quinhão na terra dos viventes.<br />

preparado por Gerson Berzins<br />

SALMOS -1T2003 Pg. 26

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