MAIS - Vagner de Almeida

Jacarezinho, negro/a qual não se define como travesti, mas se
chama de garota, de menina. Suas roupas são audaciosas,
andrógenas, drags, gays, funk, hard core...Todas as experiências
da vida ela já presenciou, conviveu e viveu. Uma pessoa digna de
ser um ícone.
Em contradição a fama, o nome, a personalidade forte e caricata
ao mesmo tempo trouxe um misto de renovação e ódio, desprezo,
insegurança, inveja e tantas outras emoções pequenas do ser
humano.
As travestis e homossexuais afetados, escandalosos, passaram a
ser chamado na rua de “Lacraia”.
Um caso raro, mas que se tornou um certo incomodo com as
travestis foram ser chamadas de Lacraia pela sociedade
homofoba e estigmatizante. As travestis não admitem associa-se
ao caricato/a e andrógeno/a Wolpy Lacraia. Elas sentem uma
raiva imensa quando são chamadas de Lacraia.
Jornalistas, comentáristas esportivos, radialistas, ativistas gays,
clérigos, fundamentalistas, movimento das travestis, conhecidos
e desconhecidos passaram o verão de 2003 criando teses e
comentários ácidos sobre a Musa do Verão carioca e conhecida
em todo território nacional.
Em um só domingo à tarde Lacraia esteve em todos os
programas dominicais dos mais famosos canais de televisão do
Brasil. Um fenômeno, pois naquele exato momento, em pleno
domingo, esse personagem gay, andrógeno, drag, homossexual
passivo e ativo, para quem não a conhece ela era vulgar, para
quem a conhece, a desejada, e para os fãs um ídolo. Naquele
exato momento ela estava dentro dos lares mais puritanos, mais
fundamentalista, mais estigmatizante da sociedade brasileira,
mais liberais. Ninguém tinha a opção de mudar de canal, pois lá
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