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PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS - Biotecnologia

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diversificado sobre as funções fisiológicas<br />

da pele ou na defesa<br />

contra predadores e microrganismos.<br />

Grande número desses compostos<br />

já se encontra caracterizado<br />

estrutural e funcionalmente<br />

(Sebben, A. et al., 1993).<br />

Entre todos os tipos de moléculas<br />

mencionados acima, os peptídeos<br />

têm despertado bastante<br />

interesse devido às suas atividades<br />

como mediadores farmacológicos<br />

e à descoberta de moléculas<br />

homólogas ou análogas em tecidos<br />

do trato gastrointestinal e<br />

sistema nervoso de mamíferos. O<br />

exemplo mais freqüente de moléculas<br />

encontradas em ambos os grupos<br />

são as taquicininas, as ceruleínas, o<br />

hormônio liberador de tirotropina, as<br />

bobesinas e os peptídeos opióides<br />

(Erspamer, V. e Melchiorri, P., 1980).<br />

O primeiro relato da ocorrência<br />

de peptídeos com atividade antibacteriana<br />

e hemolítica na pele de anfíbio<br />

data de 1969, quando foi identificada<br />

a bombinina, um peptídeo de<br />

24 resíduos de aminoácidos, proveniente<br />

da secreção cutânea do anuro<br />

europeu Bombina variegata (Csordas,<br />

A. e Michl, H., 1970). No final da<br />

década de 1980, foram isoladas as<br />

magaininas de Xenopus laevis (Zasloff,<br />

M., 1987) e, somente a partir daí,<br />

outros peptídeos com atividade microbicida<br />

de origens diferentes começaram<br />

a ser estudados mais detalhadamente.<br />

Atualmente, as magaininas<br />

representam uma das mais bem<br />

estudadas classes de peptídeos antibióticos,<br />

os quais são considerados<br />

efetores da imunidade inata, agindo<br />

em uma primeira linha de defesa<br />

contra infecções bacterianas e fúngicas<br />

nos organismos superiores (Zasloff,<br />

M., 1992; Boman, H. G., 1995;<br />

Nicolas, P., 1995; Barra, D., et al.,<br />

1998).<br />

GLÂNDULAS DE VENENO<br />

Especificamente nos anfíbios há<br />

pelo menos dois tipos de glândulas<br />

dérmicas denominadas mucosas e<br />

granulares, além das glândulas parotóides<br />

posteriores aos olhos da maioria<br />

dos anuros. As mucosas encontram-se<br />

distribuídas no tegumento e<br />

sua secreção umectante promove a<br />

Figura 2:<br />

Exemplar adulto de Physalaemus<br />

fuscomaculatus. Notar o aspecto<br />

granuloso da pele dorsal. Marcado<br />

pelo acúmulo de glândulas<br />

granulosas<br />

hidratação da pele por onde ocorrem<br />

cerca de 90% das trocas gasosas (Orr,<br />

R. T., 1986).<br />

As glândulas granulares, também<br />

chamadas glândulas serosas ou de<br />

veneno, podem estar distribuídas ao<br />

longo de todo o corpo ou concentradas<br />

em algumas áreas, formando protuberâncias,<br />

especialmente na região<br />

dorsal do animal (Duellman, E. W. e<br />

Figura 3:<br />

Corte histológico da pele de anfíbio<br />

mostrando a epiderme (E) e as<br />

glândulas granulosas (G) e mucosas<br />

(M) localizadas na derme.<br />

Aumento: 100 X<br />

Coloração: Azul de toluidina<br />

Trueb, L., 1986). Em muitas espécies,<br />

essas glândulas, juntamente com as<br />

glândulas parotóides secretam substâncias<br />

bioativas que constituem um<br />

“novo” sistema de defesa coordenado<br />

pelo sistema nervoso, diferente<br />

daquele constituído pelas células<br />

T e B do sistema imune, e<br />

detêm a capacidade de promover<br />

a síntese de peptídeos de<br />

baixa massa molecular com atividade<br />

antimicrobiana de amplo<br />

espectro, efetivos contra bactérias<br />

e fungos. Tal ocorrência<br />

poderia explicar a acentuada<br />

resistência desses grupos de anfíbios<br />

a doenças (Nicolas, P e<br />

Delfour, A., 1994).<br />

O lume das glândulas serosas<br />

e das parotóides é rico em<br />

grânulos que armazenam secreções<br />

tóxicas. Em situações de perigo,<br />

um estímulo nervoso é recebido pelas<br />

paredes glandulares provocando<br />

a contração da musculatura local e<br />

causando uma descarga sincronizada<br />

do seu conteúdo. Após a liberação da<br />

secreção, o sistema glandular inicia<br />

seu processo de regeneração, que<br />

pode variar de poucas horas a alguns<br />

dias, dependendo da espécie de anfíbio,<br />

até que o conteúdo do lume<br />

glandular seja reconstituído (Delfino,<br />

G., et al., 1990).<br />

<strong>PEPTÍDEOS</strong> <strong>ANTIMICROBIANOS</strong><br />

Mais de cinqüenta peptídeos antimicrobianos<br />

de anfíbios já foram isolados,<br />

tendo como principal característica<br />

a natureza catiônica e a capacidade<br />

de permeabilizar membranas<br />

de microrganismos. Podem ser agrupados<br />

segundo sua estrutura primária<br />

e muitos são encontrados em<br />

indivíduos do mesmo gênero e até<br />

mesmo em indivíduos de gêneros<br />

distintos, pertencentes à mesma subfamília<br />

ou não. Em 1970, a bombinina<br />

foi descrita como um peptídeo antibacteriano<br />

e hemolítico isolado da<br />

secreção da pele do anfíbio B. variegata<br />

(Csordas, A. e Michl, H., 1970).<br />

Pouco tempo depois, outras bombininas<br />

foram detectadas na secreção<br />

do mesmo anfíbio, as quais diferiram<br />

entre si por poucos resíduos de aminoácidos<br />

(Simmaco, M., et al., 1991).<br />

Peptídeos do tipo bombinina também<br />

foram isolados da espécie B.<br />

orientalis e mostraram pouquíssima<br />

variação em relação aos encontrados<br />

em B. variegata. As bombininas possuem<br />

amplo espectro de ação contra<br />

microrganismos em geral, porém apre-<br />

<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento 33

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