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1 OS GAÚCHOS INDÍGENAS Quando se iniciou a ocupação ...

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<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> <strong>INDÍGENAS</strong><br />

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL<br />

SECRETARIA DE TURISMO ESPORTE E LAZER<br />

<strong>Quando</strong> <strong>se</strong> <strong>iniciou</strong> a <strong>ocupação</strong> européia das novas terras descobertas em 1500, o território hoje<br />

ocupado pelo R G S abrigava 3 grandes grupos indígenas: os jês, os pampeanos e os<br />

guaranis.<br />

O contato com o homem branco foi fatal para os jês, pelas epidemias de origem européia e<br />

pela ação dos bugreiros e bandeirantes dos séculos 17 e 18 que resultaram na sua extinção.<br />

No século 19 chegaram novas levas, mas foram novamente abatidas pelos brancos para que<br />

suas terras fos<strong>se</strong>m ocupadas pelos imigrantes que foram chegando a partir de 1824. Os<br />

poucos que restaram foram rebatizados de kaingangues.<br />

Os grupos pampeanos, constituídos por charruas, minuanos, iarós, guenoas e chanás, não<br />

aceitaram pacificamente a tentativa dos missionários de catequiza-los.Tornaram-<strong>se</strong> exímios<br />

cavaleiros, manejando com destreza lanças e boleadeiras, mas suas terras foram ocupadas<br />

por colonizadores portugue<strong>se</strong>s e espanhóis, <strong>se</strong>ndo empurrados para território argentino e<br />

paraguaio e acabaram eliminados por volta de 1832.<br />

Os guaranis foram os que mais aceitaram as tentativas de cateque<strong>se</strong>, pois algumas de suas<br />

crenças tinham similitude com a fé católica. Da mesma forma que os outros grupos também<br />

foram desaparecendo do RGS, em razão dos ataques dos bandeirantes e da escravidão<br />

imposta pelos governos militares após a expulsão dos jesuítas das Missões.<br />

Os guaranis que hoje habitam o estado chegaram por aqui no final do século 19, vindos de São<br />

Paulo, Paraná e Santa Catarina.<br />

Apesar das per<strong>se</strong>guições sofridas no período que habitaram o território gaúcho, os índios<br />

cultivaram hábitos que acabaram <strong>se</strong> perpetuando no cotidiano do povo do RGS: o chimarrão e<br />

o fogo de chão. Alem disso, o aipim, a farinha de mandioca, a abóbora, a batata-doce, o pinhão<br />

e o pirão são ingredientes da culinária indígena que acabaram <strong>se</strong> incorporando à gastronomia<br />

gaúcha.<br />

<strong>OS</strong> GAUCH<strong>OS</strong> ESPANHÓIS<br />

A participação e influência espanholas <strong>se</strong> fizeram <strong>se</strong>ntir desde o início da formação do Rio<br />

Grande do Sul. A pecuária de corte, ba<strong>se</strong> da economia gaúcha até o século XX <strong>iniciou</strong> com a<br />

introdução de bovinos durante o século XVII, nas reduções jesuíticas que pregavam a<br />

conversão à fé católica dos índios guaranis. <strong>Quando</strong> os jesuítas foram expulsos e vários<br />

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL<br />

SECRETARIA DE TURISMO ESPORTE E LAZER<br />

tratados limítrofes foram assinados por Portugal e Espanha, o gado <strong>se</strong> dispersou e proliferou,<br />

tornando-<strong>se</strong> uma atração para portugue<strong>se</strong>s, espanhóis, paulistas bandeirantes e lagunen<strong>se</strong>s,<br />

que penetravam em território gaúcho em busca des<strong>se</strong>s animais e de mão-de-obra escrava<br />

indígena.<br />

Em fins do século XIX e início do Século XX, devido às condições precárias em que vivia a<br />

população na Espanha , ocorreu um fluxo migratório considerável para o Brasil, que instalaram-<br />

<strong>se</strong> na região do Pampa Gaúcho, fronteira com o Uruguai e Argentina..<br />

A imigração espanhola não formou grandes núcleos coloniais, dispersaram-<strong>se</strong> de forma muito<br />

extensa por todo o território, contando <strong>se</strong>mpre come espírito de ajuda mútua aos recém-<br />

chegados, por meio de sociedades organizadas e, considerando as condições de isolamento<br />

pela precariedade dos meios de transporte e rodovias, muitos municípios fronteiriços<br />

compartilhavam atividades sócio-esportivas e conviviam mais com <strong>se</strong>us vizinhos uruguaios,<br />

fortalecendo uma identidade cultural muito forte, repre<strong>se</strong>ntada na forma de falar, com termos e<br />

sotaque castelhanos, hábitos e costumes, gastronomia , na arte, etc.. Essa convergência<br />

cultural tem sua repre<strong>se</strong>ntação étnica no autêntico “gaúcho pampeano”, resultado da<br />

miscigenação entre indígenas, luso-brasileiros e espanhóis.<br />

Após a II Guerra Mundial e o reconhecimento do Governo do ditador General Francisco Franco<br />

ocorreu uma nova onda imigratória, desta vez principalmente para a capital do Estado, Porto<br />

Alegre, com o apoio de organismos internacionais para refugiados.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> PORTUGUESES<br />

Enquanto no sul do Brasil o Império Português <strong>se</strong> defrontava com o problema de possuir muita<br />

terra para pouca gente, nas Ilhas de Açores, um território da Coroa, no meio do Atlântico, a<br />

situação era inversa: Havia muita gente para pouca terra. Veio gente de São Miguel, Faial,<br />

Terceira, São Jorge e outras ilhas e repre<strong>se</strong>ntou a solução de dois problemas, aliviando a<br />

pressão demográfica nas ilhas e garantindo ao sul do Brasil um povoamento mais denso do<br />

que o antigo sistema de <strong>se</strong>smarias. A idéia inicial era colonizar a região das Missões que, pelo<br />

Tratado de Madrid (1750) passaria para Portugal em troca da Colônia de Sacramento, tratado<br />

este que foi anulado, e os açorianos ficaram instalados às margens do Rio Jacuí.<br />

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Com a invasão espanhola que tomou a cidade de Rio Grande, Rio Pardo <strong>se</strong> transformou no<br />

posto mais avançado do domínio português, que fundou diversas praças militares para garantir<br />

a navegabilidade fluvial. Foram criadas as Vilas de Santo Amaro, Triunfo, Taquari, São José do<br />

Norte e a própria Rio Pardo. Em 1752, Porto Alegre.<br />

Cada casal recebeu um quarto de léguas em quadro em terras gaúchas e deveria plantar o<br />

trigo e a parreira e outras culturas de subsistência, e introduziram o comércio nos Mercados<br />

Públicos. Mas, cercados por grandes propriedades e permanentes conflitos, <strong>se</strong>duzidos pelas<br />

grandes extensões de campo, <strong>se</strong> transformaram aos poucos em estancieiros também. Esta<br />

primeira tentativa de colonização pela pequena propriedade fracassou e <strong>se</strong>riam precisos qua<strong>se</strong><br />

100 anos para que a idéia prosperas<strong>se</strong>, com a imigração alemã.<br />

São tipicamente açorianos o hábito de organizar irmandades para as obras religiosas e de<br />

caridade,como a de São Miguel e Almas, a Santa Casa de Mi<strong>se</strong>ricórdia e os hospitais de<br />

Beneficência Portuguesa, a arquitetura inicialmente de casarios baixos em ruas estreitas até<br />

os sobrados, construções com pátios internos, com quartos de donzelas (no centro da casa e<br />

<strong>se</strong>m janelas). Uma das mais antigas destas irmandades ainda funciona, é a de Santo Amaro<br />

(1814).<br />

O povoamento avançou para o Sul, Sudeste e Oeste, terras ameaçadas pelos espanhóis, e é<br />

dessa época a fundação de pequenas vilas como Pelotas, Encruzilhada e Erval. Os militares<br />

eram atraídos por soldos melhores e a perspectiva de receber terras ao final do engajamento,<br />

assim vinham para este território, na maioria originários das capitanias de São Paulo e Minas<br />

Gerais e as colônias avançaram para a Depressão Central (Santa Maria) e Missões.<br />

Bagé, São Gabriel, Alegrete e Livramento surgiram a partir de acampamentos militares e<br />

fortificações. Estes garantiram a defesa do solo, e formaria a corrente luso-brasileira do sangue<br />

gaúcho que, mais tarde, <strong>se</strong> misturaria a muitas outras.<br />

A herança portuguesa está refletida na gastronomia como o “sonho”, os doces de gemas de<br />

ovos- especialidade dos conventos religiosos que utilizavam as claras para a fabricação de<br />

óstias e para engomar os hábitos – e o vinho do Porto, que ao gosto gaúcho era misturado à<br />

gemada.<br />

Segundo historiador Eduardo Bueno, a população portuguesa imigrante era em sua maioria<br />

“homens de poucas condições que não tinham possibilidade de <strong>se</strong> manter na terra natal”.<br />

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Eles trouxeram suas danças, como a Cana Verde, a Chimarrita e o Caranguejo, as canções<br />

Nau Catarineta, trovas e quadrinhas, adivinhas e provérbios. A Festa do Divino Espírito Santo,<br />

que não dispensava a bizarra construção do Império, a tradição das quaresmas, novenas,<br />

cavalhadas, procissões e Terno de Reis, são expressões de sua profunda religiosidade.<br />

Incorporaram palavras como “rancho” e deram ao gaúcho o “tu” de um falar muito fiel à origem<br />

açoriana, como a pesca artesanal de mar até hoje praticada na cidade de Rio Grande.<br />

Portuguesa e açoriana é também a Sórda, delicioso prato com peixes, ovos, verduras e pirão,<br />

que até hoje <strong>se</strong> saboreia na cidade de Osório.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> AFRICAN<strong>OS</strong><br />

Os africanos entraram na história do Rio Grande do Sul desde o <strong>se</strong>u início. Embora pouco<br />

citados e considerados personagens <strong>se</strong>cundários, sua atuação foi decisiva para a própria<br />

formação do Estado. Vieram em regime de escravidão, já do Rio de Janeiro, e não de <strong>se</strong>us<br />

paí<strong>se</strong>s de origem, que supostamente <strong>se</strong>riam Angola e Moçambique, no continente africano.<br />

Faziam parte de expedições militares desde as incursões bandeirantes, no final de 1635,<br />

passando pela fundação da Colônia de Sacramento, às margens do Rio da Prata, em 1680, e<br />

da fundação de Laguna. Mas foi a partir do de<strong>se</strong>nvolvimento das charqueadas – que começa<br />

em 1780 em Pelotas – é que o tráfico negreiro tomou volume, repre<strong>se</strong>ntando, <strong>se</strong>gundo alguns<br />

autores, 30% da população gaúcha, concentrados inicialmente em duas áreas principais: A<br />

primeira ao longo da Estrada dos Tropeiros, que ligava o extremo sul ao resto do país, e a<br />

outra ao longo do Rio Jacuí.<br />

Nas cidades era charqueador ou de ofício como sapateiro e alfaiate, e as mulheres cozinheira,<br />

doceira, mucama, costureira, ou ama-de-leite dos meninos brancos.<br />

No campo, o gaúcho africano foi excelente peão de estância, domador, laçador, carreteiro.<br />

<strong>Quando</strong> velho era o peão ca<strong>se</strong>iro, e menino, piá de recados e corredor de carreira. É<br />

importante lembrar que um piazinho des<strong>se</strong>s, é o personagem principal da mais conhecida e<br />

comovedora lenda gaúcha – O Negrinho do Pastoreio.<br />

E nas guerras, nas quais era forçado a entrar, e apesar disso, <strong>se</strong>mpre foi um excelente<br />

soldado. Eram famosos pela bravura os Lanceiros Negros de Teixeira Nunes, do Exército de<br />

David Canabarro na Guerra dos Farrapos (1835-1845). Eles entraram para a história também<br />

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por terem sido vítimas de uma ainda não bem esclarecida traição – na Batalha de Porongos –<br />

quando foram eliminados covardemente para facilitar as negociações de paz entre os Farrapos<br />

e o Império. Lutaram bravamente, ainda, na Guerra do Paraguai, onde o gaúcho Marcílio Dias,<br />

fuzileiro da Marinha de Guerra Imperial, morreu honrosamente em combate e é hoje um dos<br />

grandes nomes do panteão nacional.<br />

Com invencível ânsia de liberdade, muitos renegaram a escravidão e fugiram formando<br />

“quilombos” em solo gaúcho. Um estudo do Programa RS Rural em pesquisa que resultou no<br />

livro “Comunidades Negras Rurais do RS”, de 2005, mapeou 6 comunidades remanescentes<br />

de quilombos, outras 42 potencialmente remanescentes e 27 indicadas, e ainda não<br />

investigadas.<br />

A cultura afro é rica por suas manifestações populares, músicas, danças, culinária – feijoada,<br />

mocotó, quibebe - e pelo vocabulário que incorporou inúmeras palavras ao linguajar<br />

gauchesco, como sanga, cacimba, matungo, moleque - mas uma de suas mais fortes<br />

expressões é a capoeira – mistura de dança, jogo, luta, tudo ao mesmo tempo, por isso mesmo<br />

complexa, rica e surpreendente. A religiosidade africana é repre<strong>se</strong>ntada pelo Candomblé,<br />

Umbanda, e o Batuque, que entre 1833 e 1859, fundou os primeiros terreiros na cidade de Rio<br />

Grande, e que hoje é o berço dos cultos africanos no Estado, realizando uma das maiores<br />

festas religiosas populares do país, a Festa de Iemanjá.<br />

O samba, o carnaval e as lendas encantadoras são importantes legados dessa cultura e hoje,<br />

participando de todos os <strong>se</strong>tores da sociedade, o gaúchos africanos têm <strong>se</strong> destacado<br />

especialmente nos esportes, nas artes e na política.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> ALEMÃES<br />

A primeira colonização maciça, depois do portugue<strong>se</strong>s, ainda no século XVIII, aconteceria no<br />

Rio Grande do Sul a partir de 1824, quando começaram a chegar os imigrantes alemães.<br />

Os primeiros colonos vieram das regiões de Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo e Hannover.<br />

Mais tarde, de Hunsrüche e do Palatinado. Houve grupos de pomeranos, de westfalianos, de<br />

wurtembergen<strong>se</strong>s, de boemios e de pequenos grupos de todas as partes da Alemanha.<br />

A primeira leva chegou a São Leopoldo e <strong>se</strong> espalharam primeiro pelas áreas mais próximas,<br />

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no Vale do Rio dos Sinos, atingindo depois zonas mais isoladas. Geralmente as colônias <strong>se</strong><br />

situavam à beira de rios , em uma época em que os caminhos eram muito precários, assim os<br />

rios <strong>se</strong>rviam como " estrada fluvial" para o escoamento da produção e recebimento de<br />

equipamentos. A contribuição dos imigrantes alemães a nossa cultura é inestimável. Em todos<br />

os <strong>se</strong>tores da realidade gaúcha temos traços da identidade germânica.<br />

Transformaram para melhor os hábitos e costumes nos locais que chegaram.<br />

Com suas incontestáveis habilidades e faro para negócios começaram como artesãos para em<br />

<strong>se</strong>guida passarem a comerciantes, depois assumindo novos e maiores empreendimentos como<br />

a próspera indústria calçadista.<br />

Cucas com chimia, doce de frutas, batata assada ou na salada com maione<strong>se</strong> e joelho de<br />

porco integraram-<strong>se</strong> totalmente a nossa gastronomia. Sem falar no farto café colonial, atração<br />

turística da <strong>se</strong>rra gaúcha.<br />

Os kerbs intermináveis com suas bandinhas com apenas instrumentos de sopro e percussão,<br />

mas muito animadas, com muita cerveja, em especial durante as Oktoberfest.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> ITALIAN<strong>OS</strong><br />

No Rio Grande do Sul os italianos chegaram por volta de 1875, eram oriundos qua<strong>se</strong> que<br />

exclusivamente do norte da Itália. Do Vêneto, da Lombardia, do Trentino, do Piemonte e em<br />

menos quantidade de outras províncias.Eles falavam dialetos distintos com predominância do<br />

Vêneto.<br />

Os primeiros colonos que chegaram aqui escreviam para as suas famílias e amigos, contando<br />

as vantagens que encontraram na nova terra - e muitas vezes omitindo as dificuldades.Embora<br />

tenham encontrada um Rio Grande do Sul mais organizado economicamente, os italianos<br />

tiveram de enfrentar dificuldades. A localização das terras eram de difícel acesso, terras altas ,<br />

acidentadas e no meio do mato.<br />

As primeiras colônias, na encosta superior da <strong>se</strong>rra, foram as de Conde d'Eu (Bento<br />

Gonçalves) e Dona Isabel (Garibaldi), logo após foi criada a colônia de Caxias (Caxia do Sul).<br />

No ano de 1877, foi criada uma nova colônia em Silveira Martins, em terras de mato próximas<br />

de Santa Maria. Essas quatro colônias oficiais foram o núcleo básico da colonização italiana,<br />

em uma primeira etapa e mais tarde atingiria o planalto.<br />

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Os italianos receberam lotes de terras menores que os alemães. Inicialmente plantaram<br />

produtos de subsistência, milho e trigo, mais tarde introduziram videiras com variedades de<br />

uvas, após criaram cooperativas vinícolas. Hoje, o Rio grande do Sul é um grande produtor de<br />

vinhos finos do Brasil.<br />

Os italianos não <strong>se</strong> destacaram somente pela vitivinicultura, mas também por pequenos<br />

empreendimentos como: mercearias, fábrica de móveis, funilarias e outros.Hoje esta região é<br />

considerada um pólo industrial com grandes empresas.<br />

Um dos maiores legados que o povo italiano trouxe ao Estado foi a fé, a crença em Cristo e em<br />

outros santos. Hoje podemos visualizar esta crença nos diversos eventos religiosos que temos<br />

espalhados pelo Rio Grande, como a Romaria de Nossa Senhora Caravaggio –“ é a maior<br />

festa do mundo em homenagem a santa italiana, atraindo multidões na Serra”. Já no ramo<br />

gastronômico introduziram pizzas, massas, queijos, salames, sopa de capeleti, galetos, que<br />

são <strong>se</strong>rvidos até hoje nas mesas dos gaúchos.<br />

Fonte: Rio Grande do Sul - Seu Povo e Sua Alma<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> JUDEUS<br />

Se por um lado a principal causa das imigrações européias eram as dificuldades econômicas,<br />

no caso dos judeus havia outra motivação: fugir da discriminação e per<strong>se</strong>guição existentes em<br />

<strong>se</strong>us paí<strong>se</strong>s de origem, e buscavam a oportunidade de viver em paz.<br />

A imigração judaica pode <strong>se</strong>r dividida em duas correntes, uma rural, a outra urbana.<br />

A corrente rural veio para <strong>se</strong> instalar em lotes coloniais, por iniciativa de um homem, o Barão<br />

Maurício de Hirsch, francês de origem judaica que era banqueiro em Bruxelas. Preocupado<br />

com a situação dos judeus russos, que eram sistematicamente discriminados e sujeitos a<br />

per<strong>se</strong>guições, Hirsch resolveu criar em 1891 uma organização para a instalação de colônias<br />

agrícolas em diversos paí<strong>se</strong>s, para as quais pudes<strong>se</strong>m emigrar os judeus oprimidos da Europa.<br />

Assim, surgiu a Jewish Colonization Association – conhecida como JCA ou ICA, que criou<br />

colônias tanto na Argentina como no Brasil.<br />

Com es<strong>se</strong> objetivo, em 1903 foi adquirida uma área de qua<strong>se</strong> 6 mil hectares em Santa Maria,<br />

para a primeira colônia que recebeu o nome de Philippson, em homenagem a Franz Philippson<br />

vice-diretor da ICA, que atuava no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes, vindos da<br />

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Bessarábia, região russa entre os rios Pruth e Dniester, banhada pelo Mar Negro. Mais tarde<br />

vieram outros também da Rússia, da Argentina e dos Estados Unidos, que receberam lotes de<br />

25 a 30 hectares, com residência, instrumentos agrícolas e animais para o trabalho, além de<br />

<strong>se</strong>mentes para o cultivo, a <strong>se</strong>rem pagos em prazos de 10 a 15 anos.<br />

Pouco mais tarde, a ICA adquiriu mais de 90 mil hectares no então município de Passo Fundo,<br />

atualmente Erechim e Getúlio Vargas, nesta os lotes foram divididos em 50 hectares e em<br />

condições <strong>se</strong>melhantes às da Colônia Philippson e foram entregues aos vindos da Argentina,<br />

Bessarábia e outras áreas. Á medida em que mais famílias chegavam, eram criados outros<br />

núcleos.<br />

No entanto, a grande maioria não permaneceu nes<strong>se</strong>s lugares, mudando-<strong>se</strong> para as cidades<br />

próximas, Santa Maria, Erechim e Passo Fundo, ou para Porto Alegre. Para isso contribuíram<br />

dois fatores, o primeiro foi a in<strong>se</strong>gurança no campos causada por revolucionários e tropas<br />

governamentais que, após a Revolução de 1923 que saqueavam as propriedades. O outro<br />

fator foi a pre<strong>ocupação</strong> com a educação dos filhos. Como nas colônias só havia o ensino<br />

primário, tinham que enviá-los para estudar nas cidades, o que aumentava em muito as<br />

despesas familiares. Assim, a solução encontrada foi a mudança de toda a família.<br />

Na corrente urbana, as famílias vinham diretamente para as cidades, em especial para a<br />

capital gaúcha, em 1920 e 1940 principalmente, estabelecendo-<strong>se</strong> com casas de comércio no<br />

Bairro Bom Fim, o bairro judeu “gaúcho” por excelência.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> ÁRABES<br />

Pesquisadores indicam a data de 1861 para a chegada dos primeiros sírios e libane<strong>se</strong>s no Rio<br />

Grande do Sul, e que es<strong>se</strong> fluxo teria sido intensificado por volta de 1880, Per<strong>se</strong>guidos na<br />

<strong>ocupação</strong> otomana em <strong>se</strong>u território, os cristãos apre<strong>se</strong>ntavam maior contato das comunidades<br />

com o ocidente, optando pelo Brasil, o que não ocorreu com os muçulmanos que procuraram<br />

emigrar para os paí<strong>se</strong>s asiáticos e africanos.<br />

Muitos chegaram pelas fronteiras uruguaia , com Jaguarão, e também argentina e instalavam-<br />

<strong>se</strong> em Porto Alegre ou em cidades de médio porte no interior, como Santa Maria, Santa Vitória<br />

do Palmar, Cachoeira do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Uruguaiana, São Borja e<br />

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Erechim, isto é, espalhados por todo o interior do Estado, buscando entrepostos comerciais e<br />

<strong>se</strong>m <strong>se</strong> preocupar em formar um só núcleo.<br />

Na maioria eram jovens rapazes solteiros, ou homens casados que vieram desacompanhados,<br />

e inicialmente sobreviviam como mascates, vendendo mercadorias de forma itinerante e,<br />

posteriormente, estabelecendo casas de comércio. Muitos não retornaram as pátrias de origem<br />

e constituíram família com mulheres gaúchas natas ou de outras imigrações.<br />

Somente após o enriquecimento de boa parte dos imigrantes é que um maior número de<br />

famílias, constituídas de esposa e prole, chegaram, e então os casamentos eram realizados<br />

preferencialmente dentro das comunidades síria e libanesa.<br />

No início do Século XX uma nova leva chegou por via marítima, no Porto de Rio Grande e<br />

fizeram o mesmo caminho de <strong>se</strong>us antecessores, Porto Alegre e cidades importantes no<br />

interior. A partir dessa in<strong>se</strong>rção efetiva influenciaram a cultura gaúcha com sua culinária e<br />

vocação comercial, estabelecendo-<strong>se</strong> também com indústrias.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> AUSTRÍAC<strong>OS</strong><br />

O primeiro local em que os imigrantes austríacos – um grupo de 44 famílias, foi na cidade de<br />

Ijuí no noroeste do Rio Grande do Sul, em fevereiro de 1893, juntamente com imigrantes<br />

italianos e alemães formando uma colônia com uma interessante diversidade.<br />

As motivações que levaram es<strong>se</strong>s grupos à emigrarem de sua terra natal eram as mesmas de<br />

outros povos europeus, falta de meios de subsistência.<br />

Os austríacos eram em sua maioria operários e chegando aqui passaram a <strong>se</strong>r agricultores. e<br />

a região de Ijuí onde <strong>se</strong> estabeleceram, Linha 06, é também denominada de “Rincão dos<br />

Austríacos”.<br />

Procurando manter suas raízes culturais, fundaram a Sociedade Recreativa 12 de Outubro, a<br />

Sociedade de Atiradores e, em 1987 o Centro de Cultura Austríaca, recuperando e divulgando<br />

suas manifestações artísticas nas músicas e danças folclóricas, e no artesanato a tradição de<br />

enfeitar pinheiros de Natal com frutas.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> BELGAS<br />

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Com o objetivo específico de construir a Ferrovia que ligaria Porto Alegre a Uruguaiana, em<br />

junho de 1898 chegaram os primeiros imigrantes belgas no Rio Grande do Sul.<br />

A cidade de Santa Maria, devido a sua posição geográfica central, foi escolhida para centralizar<br />

as operações da ferrovia, e assim oi construída a Vila Belga, um dos primeiros conjuntos<br />

habitacionais gaúchos, com 84 casas.<br />

O Sítio Ferroviário de Santa Maria, que inclui a Vila Belga é um bem cultural protegido pelo<br />

Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Sul.<br />

Dessa forma, a história ferroviária do Rio Grande do Sul está ligada à cultura belga, que<br />

instituiu e difundiu o espírito corporativo, fundando a Cooperativa dos Empregados da Viação<br />

Férrea, e a Escola Técnica da Cooperativa.<br />

As questões comerciais que trouxeram inicialmente es<strong>se</strong>s europeus, repetiu-<strong>se</strong> depois na<br />

instalação da indústria têxtil, quando técnicos foram “importados” para operar um parque<br />

industrial muito avançado, tecnologicamente, para a época.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> COREAN<strong>OS</strong><br />

Por volta de 1960 os primeiros coreanos chegaram ao Rio Grande do Sul, e ao longo dos anos,<br />

o contingente de imigrantes <strong>se</strong> concentrou na região metropolitana da Grande Porto Alegre.<br />

Em pequeno número, <strong>se</strong>gundo relatos são menos de 100 famílias, dedicam-<strong>se</strong> à atividade<br />

comercial.<br />

A Associação Coreana do Rio Grande do Sul, que promove a cultura des<strong>se</strong>s imigrantes em sua<br />

maioria protestantes ou católicos, ministra cursos da língua coreana para as crianças, organiza<br />

eventos sociais e funciona como elo na comunicação interna e externa desta comunidade.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> RUSS<strong>OS</strong><br />

No início do Século XX o Governo da Província. liderado por Júlio de Castilhos, buscava<br />

imigrantes para povoar o Rio Grande do Sul. O emissário enviado con<strong>se</strong>guiu organizar um<br />

fluxo de imigrantes russos que formaram a cidade de Campinas das Missões, juntamente com<br />

Bielorussos e Ucranianos, Nela a primeira Igreja Ortodoxa foi fundada.<br />

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Em número aproximado de 19 mil, os russos receberam lotes de 25 hectares a <strong>se</strong>rem pagos<br />

com os <strong>se</strong>rviços de abrir picadas e caminhos na região.<br />

Com a vitória do exército revolucionário “vermelho” (bolchevique), uma parte do exército<br />

“branco” derrotado fugiu para a China, de onde foram expulsos com o advento da Revolução<br />

Chinesa de 1947, e obrigados a procurar outras terras. A rota de fuga partia do porto livre de<br />

Hong Kong, de lá para a Itália e depois dividiram-<strong>se</strong> entre Estados Unidos, Canadá, Austrália,<br />

Argentina e Brasil. Na época chegaram 25 mil russos, como refugiados, pois vinham mais por<br />

motivos políticos e religiosos. Outros templos cristãos ortodoxos foram erguidos, no Rio Grande<br />

do Sul em Porto Alegre e Santa Rosa.<br />

O legado cultural destes imigrantes está repre<strong>se</strong>ntado no Grupo Folclórico Russo Troyka, na<br />

gastronomia, a “kuha” ou cuca russa.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> POLONESES<br />

Polônia deriva etimologicamente de “pole” que significa terreno próprio para a cultura e lavoura.<br />

E <strong>se</strong>u território era uma extensa planície de terras propícias para o cultivo de cereais.<br />

O território polonês no nordeste europeu sofreu em 1772 e primeira partilha entre a Prússia,<br />

Áustria e Rússia e, a partir de 1795 deixou de existir como nação independente, período em<br />

que <strong>se</strong> sucederam frustrados e sangrentos movimentos de resistência até 1918, quando a<br />

Polônia recupera a independência.<br />

Submetidos às potências européias e com estrutura agrária arcaica, os campone<strong>se</strong>s tinham<br />

cada vez menos acesso às terras, vivendo em condições de extrema miséria. Abria-<strong>se</strong> assim o<br />

caminho para a emigração em massa.<br />

Os primeiros polone<strong>se</strong>s chegaram ao Rio Grande do Sul oriundos da região dominada pela<br />

Prússia, em 1875, quando 26 famílias estabeleceram-<strong>se</strong> na ex-colônia Conde d’Eu (Garibaldi)<br />

e em 1884 outro núcleo fixou-<strong>se</strong> na Colônia Santa Teresa, ambas fundadas por imigrantes<br />

italianos. Entre 1890 e 1894, vieram grupos da parte dominada pela Rússia.<br />

Embora tenham viajado com a cidadania dos paí<strong>se</strong>s invasores, e não a própria, calcula-<strong>se</strong> que<br />

aproximadamente 30 mil polone<strong>se</strong>s entraram no Rio Grande do Sul entre 1889 e 1914.<br />

Além da Serra Gaúcha, outros municípios acolheram núcleos de polone<strong>se</strong>s:<br />

Rio Grande, Pelotas, Mariana Pimentel, Dom Feliciano, Guarani das Missões, Porto Alegre,<br />

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Santo Antônio da Patrulha, e Erechim, entre eles. As dificuldades enfrentadas pelos<br />

agricultores polone<strong>se</strong>s foram imensas, em parte por não terem recebido nenhum apoio oficial,<br />

como os alemães e italianos, somando-<strong>se</strong> as dificuldades de comunicação pelo idioma<br />

complexo, a falta de tecnologia para o cultivo em terrenos difíceis para a utilização agrícola, e<br />

também a inexistência de assistência religiosa, pois os sacerdotes católicos que atendiam as<br />

colônias não falavam o idioma polonês.<br />

A religiosidade <strong>se</strong>mpre foi uma marca fortíssima dessa cultura, com a devoção a Nossa<br />

Senhora de Monte Claro, padroeira da Polônia e as orações do terço na língua mãe. Também<br />

na Páscoa está pre<strong>se</strong>nte a tradição polonesa, com os belíssimos ovos pintados para<br />

pre<strong>se</strong>ntear as crianças, e outras manifestações como os grupos de danças folclóricas e festas<br />

populares como a Polfest em Guarani das Missões e a Festa Nacional da Czarnina, em Áurea,<br />

prato repre<strong>se</strong>ntativo da sua culinária típica.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> SUEC<strong>OS</strong><br />

Atraídos por aliciadores de imigrantes, com o argumento do significativo número de alemães já<br />

instalados no Rio Grande do Sul, os suecos vieram entre 1886 e 1891, tendo como rota Rio de<br />

Janeiro, Porto Alegre e Santa Maria, estabelecendo-<strong>se</strong><br />

em Erechim, Ijuí e Guarani das Missões.<br />

Pelo fato de não <strong>se</strong>rem agricultores, essas famílias enfrentaram uma séria dificuldade ao <strong>se</strong><br />

instalarem como tal. Depois, entre 1909 e 1911, do norte da Suécia, em razão das más<br />

condições de vida, vieram cerca de 700 pessoas que após 2 anos foram repatriadas, por não<br />

<strong>se</strong> adaptarem no Estado.<br />

Ijuí foi o núcleo desta imigração, que abriga o Centro Cultural Sueco de Ijuí.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> SUÍÇ<strong>OS</strong><br />

A colônia suíça no Rio Grande do Sul teve duas fa<strong>se</strong>s: A primeira anterior a 1875, nas<br />

proximidades do município de Carlos Barbosa, na Colônia Santa Maria da Soledade chegaram<br />

as primeiras famílias, provenientes da região de Berna, falando o idioma germânico. Depois,<br />

numa <strong>se</strong>gunda fa<strong>se</strong>, os colonos suíços de fala francesa vieram com apoio e coordenação do<br />

governo, e como eram em número reduzido, cerca de quarenta famílias oriundas do Cantão de<br />

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Valais (valesianas) eram confundidas com outras etnias, em especial a francesa. Absorvidas<br />

pelos grupos maiores, no caso os italianos, <strong>se</strong>us descendentes, em torno de 5 mil<br />

apre<strong>se</strong>ntaram um fenômeno de dispersão comum entre os imigrantes, deixando a colônia<br />

inicial nas proximidades de Carlos Barbosa para levarem <strong>se</strong>us costumes também para<br />

Farroupilha, São Vendelino, Garibaldi e Caxias do Sul. Com marcante espírito coletivo,<br />

organizavam-<strong>se</strong> em mutirões para a construção de escolas, capelas e igrejas. Eles integram a<br />

saga daqueles que, com esperança, vieram ajudar a construir um novo país e hoje estão<br />

integrados a várias comunidades do Rio Grande do Sul.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> TCHEC<strong>OS</strong><br />

A partir de 1872 há registros da chegada de aproximadamente 20 famílias tchecas da região da<br />

Boêmia, junto com os imigrantes boêmios alemães. As primeiras colônias foram fundadas em<br />

Santo Ângelo (1873) e Guarani das Missões, na Linha Timbó (1892).<br />

Em sua maioria eram agricultores, enfrentando dificuldades no plantio de culturas diferentes,<br />

que muitas vezes nem conheciam e pela falta de comunicação, por conta do idioma.<br />

A influência cultural desta corrente migratória <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rva na culinária e por <strong>se</strong>rem os<br />

descobridores da cerveja Tipo Pil<strong>se</strong>n.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> UCRANIAN<strong>OS</strong><br />

A história da Ucrânia é marcada por freqüentes divisões, ocupações e anexações de <strong>se</strong>u<br />

território. Motivadas pelas precárias condições de vida, pela constante instabilidade política e<br />

por graves problemas econômicos, grandes levas de ucranianos deixam o <strong>se</strong>u país na última<br />

década do Século XIX.<br />

No Brasil as primeiras famílias vieram em 1891 para o Paraná, que hoje abriga 350 mil dos 400<br />

mil imigrantes e descendentes.<br />

Os primeiros eslavos (ucranianos, russos e bielorussos) chegariam ao Rio Grande do Sul em<br />

1908, compostos por lavradores, <strong>se</strong> fixando em Campina das Missões. Este grupo possui<br />

uma história peculiar, depois de uma longa viagem da Rússia ao Porto de Santos e deste a<br />

São Paulo, levaram-nos para a Colônia Paricuera-açu, em tudo oposta aos padrões originais.<br />

Submetidos a um sofrimento atroz por 2 anos resolveram retornar à sua terra. Do Porto de<br />

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Eguapé chamaram o cônsul russo e exigiram a repatriação imediata por terem sido enganados<br />

e dispostos a denunciar à imprensa européia os maus—tratos sofridos.<br />

Temerosos da repercussão internacional, as autoridades republicanas fizeram uma nova oferta<br />

de terras e ajuda em dinheiro, desta feita no Rio Grande do Sul, onde as condições climáticas<br />

<strong>se</strong> aproximavam das suas na Ucrânia.<br />

Depois de mais algumas <strong>se</strong>manas foram levados para Erechim, hoje Getúlio Vargas e<br />

Erebango, onde esperaram a prometida distribuição de terras, em lotes de 25 ou 50 hectares,<br />

de acordo com o número de pessoas em condições de trabalhar. E sob inúmeras dificuldades,<br />

recomeçaram novamente a luta pela sobrevivência.<br />

Foram três anos de trabalhos árduos, período em que a saudade da Ucrânia muitas vezes<br />

aflorava a idéia de voltar. Mas a pátria já não era a mesma, os bolcheviques acabavam de<br />

depor o czar e a per<strong>se</strong>guição aos opositores era cada vez mais feroz.<br />

A partir de 1947 uma grande leva de eslavos vindos da Europa chegaram a Porto Alegre e<br />

Canoas, e atualmente estima-<strong>se</strong> que a população de imigrantes e descendentes <strong>se</strong>ja de<br />

aproximadamente 80 mil pessoas, estabelecidos em Porto Alegre, Canoas, Campinas das<br />

Missões, Santa Rosa, Erebango e Getùlio Vargas.<br />

<strong>OS</strong> GAÚCH<strong>OS</strong> HOLANDESES<br />

A emigração européia para o Brasil no final do Século XIX era o início de um sonho de<br />

prosperidade que muitos acalentavam.<br />

Porém, a chegada dos holande<strong>se</strong>s em 1949 era muito mais que um sonho, foi uma ação oficial<br />

do governo holandês, que apoiava os que <strong>se</strong> dispunham a vir para a primeira colônia<br />

holandesa, em Holambra-SP .<br />

Inicialmente o filho mais velho da família de Johannes Bernardus Stapelbrock chegou para<br />

conhecer a colônia, e imediatamente enviou notícias otimistas ao pai, convencendo-o de trazer<br />

a família toda, composta por mais dez irmãos. Passados quatro anos em Holambra, o patriarca<br />

da família decidira vir para Não-Me-Toque no Rio Grande do Sul, com os filhos menores. Era<br />

final de 1953, e foram foam <strong>se</strong>guidos por 35 famílias nes<strong>se</strong> mesmo ano.<br />

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A família de Joahnnes foi a pioneira no ramo da ferraria, e logo firmou sociedade com Gerrit<br />

Jan Rauwers. Os conhecimentos de ambos atraíam produtores rurais prósperos que adquiriam<br />

máquinas agrícolas importadas da Europa, que chegavam desmontadas.<br />

Daí partiram para a fabricação de implementos e utilização de novas técnicas agrícolas como a<br />

adubação foram in<strong>se</strong>ridas no Rio Grande do Sul pelos primeiros holande<strong>se</strong>s inicialmente na<br />

cultura de batatas e depois na soja, in<strong>se</strong>rindo-<strong>se</strong> também na atividade de gado leiteiro.<br />

Como em outras colônias, fundaram um órgão de auxílio aos novos imigrantes, a Cooperativa<br />

Agrícola Gaulanda, que hoje tem o nome de Associação Holandesa de Não-Me-Toque.<br />

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