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1 Jaye Wells – Sabina Kane Series - Red-Headed Stepchild 

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Feito por: 

Nel Mews / Dany Welch 

Revisado por: 

Carla Ferreira 



Série Sabina Kane 

Red-headed Stepchild 

Jaye Wells 

Sinopse: Em um mundo onde ter uma mistura de sangue é uma grande fraqueza, Sabina não 

consegue exatamente se enquadrar. E ser uma assassina (a única profissão que se possível para 

um pária) não ajuda em nada. Mas ela nunca levou seu trabalho para casa. Até agora. 

Sua última missão desconfortavelmente complexa, ameaça a frágil paz entre as raças dos 

vampiros e dos magos. Conforme Sabina luta para descobrir de que lado ela está, ela descobre 

uma complicada trama política, alguns fatos horríveis sobre sua família, e inesperados novos 

talentos. Qualquer uma dessas coisas poderia ser uma preocupante mudança de vida, mas em 

conjunto elas podem ser fatais. 

**** 

O livro se passa em um mundo onde vampiros, magos, demônios e fadas existem sem serem 

percebidos pela população humana. Os vampiros nesse livro não são mortos vivos, mas criaturas 

sobrenaturais vivas, que nascem ao invés de serem transformadas. Eles possuem muitas das 

forças e fraquezas dos vampiros usuais, mas sua origem, e seus cabelos vermelhos, são ligadas 

à um mito originário da bíblia, (eles seriam os descendentes terrenos, de Lilith e Caim) e como 

resultados eles possuem uma fraqueza original envolvendo maçãs. 

************************************************* 



Prólogo 

O demônio veio em minha direção e sem aviso arrancou a flecha de meu corpo. 

A maldita flecha, havia se alojado tão profundamente que fora preciso dois puxões para tirá-la de 

mim. Eu grunhi de dor, e um suor frio surgiu em minha testa. A ponta da flecha finalmente se 

soltou com um nojento som de sucção. Cai no chão e me curvei na posição fetal, em uma poça 

de cerveja derramada. 

Pelo canto de meu olho, vi o demônio segurando a flecha na luminosidade. Ele levantou a ponta 

até sua boca e sua língua bifurcada saiu e provou o sangue. Meu sangue. Gemendo fechei meus 

olhos bem apertados. Naquele momento, eu quase esperava que ele me matasse. Não existiam 

palavras para descrever a dor. 

- Bem eu acho que é isso – os cascos do demônio batiam contra o assoalho de madeira. Senti-o 

se aproximando – você esta bem? 

Meus olhos se abriram. Meus poderes de cura já estavam trabalhando para fechar as feridas. 

- Se estou bem? – Eu falei – você acabou de atirar em meu coração com uma estaca! 

- Ei, não é nada pessoal. 



Capítulo Um 

Cavar sepulturas é o inferno para as unhas, mas fui ensinada que bons vampiros fazem a limpeza 

depois de cada refeição. Então ignorei o esmalte ônix barato. Ignorei a sujeira entrando debaixo 

de minhas unhas. Ignorei as palmas de minhas mãos, que estavam ficando em carne viva e com 

bolhas. E quando um farfalhar anunciou a chegada de David, eu o ignorei também. 

Ele não disse nada, apenas ficou atrás de um punhado de árvores, esperando que eu o visse. 

Apesar de seu silêncio, eu podia sentir as ondas quentes da desaprovação dele vindo em minha 

direção. 

Finalmente o último punhado de terra caiu na cova. Parando, me debrucei sobre a pá e restaurei 

a ordem em meu cabelo. Depois tirei os flocos de terra de meu suéter de casimira. Não deveria 

ser a primeira escolha para cavar uma cova para alguém, mas sempre acreditei que trabalho 

manual não era desculpa para relaxamento. Além disso, o suéter era preto, então ia bem com os 

rituais fúnebres. 

A lua da colheita 1 , uma esfera laranja brilhante, ainda iluminava o céu. Ainda havia muito tempo 

antes do nascer do sol. À distância o tráfego soava como um murmúrio brando na cidade dos 

anjos. Tirei um momento para apreciar a calma. 

A memória da ligação que recebi de minha avó se intrometeu. Quando ela me disse quem seria o 

alvo de minha missão, gelo se espalhou em minhas veias. Eu quase desliguei, incapaz de 

acreditar no que ela estava me pedindo para fazer. Mas quando ela me disse que David estava 

trabalhando com Clovis Trakiva, raiva branca substituiu o gelo. Agora eu recorria a aquela raiva, 

para me incentivar. Travei meus dentes ignorando a pedra fria que se alojava em meu estômago. 

Meus sentimentos sobre David eram irrelevantes agora. No minuto que ele decidira trabalhar com 

um dos inimigos dos Domina (líder glorificado de um culto que quer derrubar o poder) ele havia 

assinado sua sentença de morte. 

Incapaz de manter aquilo por mais tempo, me virei para ele. 

- O que há? 

David saiu de seu esconderijo, uma careta em seu rosto perfeito. 

- Você poderia me falar por que você está enterrando um corpo? 

- Que, eu? - Perguntei, jogando a pá no chão. Minhas palmas já estavam curadas. Eu gostaria de 

falar o mesmo de minha culpa na consciência. Se David achava que eu iria me desculpar por ter 

me alimentado de um humano, eu não saberia o que iria dizer dentro de cinco minutos. 

- Pare com essa merda, Sabina. Você esteve caçando novamente – os olhos dele brilhavam com 

a acusação – o que houve com o sangue sintético que te dei? 

1 Chamada de Harvest Moon (Lua de Colheita), essa lua cheia se dá no mês de setembro por volta do dia 23, e é chamada assim pois permitia a 

colheita durante a noite, numa época em que não existiam modernas máquinas e onde era preciso que a colheita fosse feita no período correto. 



- Aquela coisa tem um gosto de merda – eu disse – é como cerveja sem álcool. Qual a 

razão de beber? 

- Por precaução, é errado se alimentar de humanos. 

- Acho que também é errado trair a própria raça. 

Se havia uma coisa sobre David que sempre me pegava desprevenida eram suas atitudes 

virtuosas. Onde estava sua moral quando ele decidiu se vender? 

“Se mantenha calma Sabina. Tudo estará acabado em alguns minutos.” 

- Ora vamos. Era apenas um traficante de drogas idiota – eu disse, me esforçando para continuar 

a farsa – se isso te faz se sentir melhor, ele estava vendendo para crianças. 

David cruzou os braços sem falar nada. 

- Acho que tenho que dizer que nada se compara, com o tipo O negativo misturado com um 

pouco de canabis 2 . 

Um músculo se tencionou na mandíbula de David. 

- Você está drogada? 

- Não realmente – eu disse – entretanto estou tendo um estranho desejo por pizza. Com bastante 

alho. 

Ele respirou fundo. 

- O que vou fazer com você? – Os lábios dele se curvaram apesar de seu tom áspero. 

- Primeiro nada mais de sermões. Nós somos vampiros David. Os códigos mortais sobre bem e 

mal não se aplicam para nós. 

Ele levantou uma sobrancelha. 

- Não? 

- Que seja - eu disse – podemos pelo menos uma vez pular os debates filosóficos? 

Ele balançou a cabeça. 

- Tudo bem então me diga por que estamos nos encontrando aqui? 

Suspirei e puxei minha arma. Os olhos de David se arregalaram quando engatilhei a pistola 

customizada na frente dele. 

2 Maconha. 



Seus olhos divagavam entre eu e a pistola. Eu esperava que ele não notasse o tremor em 

minhas mãos. 

- Eu deveria saber quando você me ligou – ele disse – você nunca faz isso. 

- Você não vai me perguntar por quê? 

A calma dele me deixava nervosa. 

- Eu sei por que – ele cruzou os braços, me olhando atentamente – a questão é você sabe? 

Meu olho tremeu. 

- Eu sei o suficiente. Como você traiu o Dominae? 

Ele não se desviou. 

- Um desses dias sua obediência cega para o Dominae será a tua queda. 

Eu rolei meus olhos. 

- Não desperdice as suas últimas palavras, me dando um sermão. 

Ele se moveu antes que as últimas palavras saíssem de minha boca. Ele me atacou, tirando o ar 

de meus pulmões e a arma de minha mão. Nós aterrissamos como um emaranhado de braços 

sobre o túmulo. Sujeira e punhos voavam enquanto lutavamos por vantagem. Ele agarrou meu 

cabelo e segurou minha cabeça contra o chão. Terra entrou em minhas narinas e a raiva nublou 

minha visão. 

Minhas mãos se curvaram como garras, e se cravaram em seus olhos. Distraído pela dor, ele 

cobriu os olhos com as mãos. Ganhando vantagem sendo impelida pela adrenalina o joguei de 

costas no chão. Meus joelhos prendendo seu quadril, o atingi no nariz com a base da minha mão. 

Sangue escorreu das narinas, espalhando por seus lábios e queixo. 

- Vadia! 

Como um animal ele afundou suas presas na parte macia de minha mão. Eu gritei, o acertando 

no queixo com minha mão boa. Ele rosnou e me bateu. Eu voei vários metros para trás, caindo de 

costas com um som oco. 

Antes que eu pudesse recuperar meu fôlego, o peso dele estava novamente me pressionado para 

baixo. Só que dessa vez, minha arma estava olhando para mim. 

- Como é sentir isso Sabina? – Seu rosto estava próximo ao meu quando ele sussurrou. Seu 

hálito fedia a sangue e fúria – como é ser a pessoa do outro lado da arma? 

- Na verdade é péssimo. 



Apesar da conversa meu coração martelava contra minhas costelas. Olhei para a direita e 

vi a pá que havia usado mais cedo, caída á uns cinco pés de distância. 

- Escuta... 

- Cale a boca – os olhos dele eram selvagens – você sabe qual a pior parte disso? Eu vim aqui 

essa noite para te falar à verdade, eu ia te alertar sobre o Dominae e sobre Clovis. 

- Me alertar? 

David apertou o metal frio contra meu crânio. Tatuando sua raiva. 

- Isso é ironia não acha? Você pelo menos sabe o que está em jogo aqui? – Ele engatilhou a 

arma. Obviamente a pergunta era retórica. 

Um segundo, dois, passou antes que um som de asas batendo e um grito alto ecoou na clareira. 

David olhou ao redor, distraído. Eu o soquei na garganta. Ele caiu para trás, engasgando, e se 

debatendo. Eu rolei em direção á pá. 

O tempo ficou em câmera lenta. Girando, baixei a pá em um grande arco. Uma bala ricocheteou 

no metal, criando faíscas. David ficou de pé para atirar novamente, mas eu balancei a pá para 

frente, a girando como Babe Ruth 3 . O metal atingiu o crânio de David com um som doentio. Ele 

caiu como uma pilha. 

Ele não iria ficar caído por muito tempo. Peguei a arma de suas mãos sem movimentos, e a 

apontei para o peito dele. 

Eu estava prestes a puxar o gatilho quando seus olhos se abriram. 

- Sabina. 

Ele estava deitado no chão, coberto de sangue e sujeira. O calombo em sua testa já estava 

diminuindo. O conhecimento do inevitável encheu seu rosto. Eu parei, olhando para ele. 

Ouve uma vez, que eu olhei para esse homem, o considerando um amigo. E agora ele traia tudo 

o que eu considerava sagrado, se vendendo para o inimigo. Eu o odiava por sua traição. Eu 

odiava o Dominae por ter me escolhido como executora. Mas acima de tudo, eu odiava a mim 

mesma pelo o que eu estava prestes a fazer. 

Ele levantou a mão em minha direção, me implorando para que escutasse. Eu sentia como se por 

dentro eu estivesse banhada em ácido, enquanto assistia ele lutar para se sentar. 

- Não confie... 

Suas palavras finais se perderam no som da arma. O corpo de David explodiu em chamas, 

causada pela fricção metafísica de sua alma abandonando o corpo. 

3 George Herman Ruth Jr. (6 de fevereiro de 1895 – 16 de agosto de 1948), mais conhecido como Babe Ruth e Bambino, foi um grande, há quem 

diga o melhor jogador de beisebol de todos os tempos, por ser um dos poucos a saber arremessar e rebater bem a bolinha de beisebol. 



Eu tinha espasmos por todo o corpo. O calor do fogo não podia parar meus membros que 

tremiam. Caindo na terra, eu passei uma mão ainda tremendo em meu rosto. 

A arma parecia ferro quente em minhas mãos. Eu a larguei, mas minha mão ainda latejava. Um 

momento depois, mudando de idéia a peguei novamente. removendo o pente, tirei uma das 

balas. Segurando uma para inspecionar, imaginando o que David sentiu quando o receptáculo 

explodiu e uma dose de um liquido tóxico lhe roubou a imortalidade. 

Eu olhei na direção da pilha fumegante que um dia fora meu amigo. Será que ele havia sofrido? 

Ou a morte havia trazido alivio instantâneo, do fardo da imortalidade? Ou havia eu apenas 

condenando sua alma à um destino pior? Eu me sacudi. O trabalho dele aqui estava completo. O 

meu não. 

Minha camiseta estava suja com uma camada, de fuligem, sujeira e sangue seco. O sangue de 

David misturado com o meu. Eu suguei o ar para meus pulmões, esperando que isso aliviasse o 

aperto em meu peito. 

O fogo havia morrido, deixando uma massa torrada e fumegante de cinzas e ossos. “ótimo” 

pensei, “agora vou precisar cavar outra cova.” 

Usei a pá para me levantar. Um borrão branco voou pela clareira. A coruja que havia gritado 

antes voava sobre as árvores. Eu fiquei parada, pensando se eu estava imaginando coisas. Ela 

chamou novamente e nesta vez eu estava certa de que ela havia falado. 

- Sabina. 

Talvez a fumaça e o cansaço estivessem fazendo brincadeiras comigo. Talvez aquilo tenha 

realmente dito meu nome. Eu não estava certa, mas eu não tinha tempo para me preocupar com 

isso. Eu tinha um corpo para enterrar. 

Enquanto eu cavava, meus olhos começaram a arder. Eu tentava me convencer que era apenas 

a reação á fumaça, mas uma voz em minha cabeça sussurrava “culpada”. Com uma cruel 

determinação, eu empurrei minha consciência para baixo, a comprimindo em uma pequeno nó e 

jogando isso em um canto escuro de minha mente. Talvez depois eu colocasse isso para fora, e o 

examinaria. Ou talvez não. 

Um bom assassino resolve os problemas sem remorso. Mesmo se o problema for um amigo. 



Capítulo Dois 

O Sepultura era minha próxima parada depois de enterrar David. Localizado em Silverlake, 

próximo a Sunset, na parte da frente é o ponto de encontro para vários mortais Hipsters 4 . 

Entretanto na parte de trás, é um dos melhores clubes para vampiros de Los Angeles. 

Eu nunca vira o porteiro antes, ele tinha um pescoço maciço e seu mullet 5 não era nenhuma 

declaração irônica. Ele usava uma camiseta preta desgastada, com a palavra “asshole 6 ” escrito 

em branco. Eu presumi que deveria ser seu nome. 

- Desculpe garotinha, sem identidade, não pode entrar. 

- Olha – eu disse – você é novo aqui, então vou perdoar a sua ignorância. O Ewan me conhece. 

O bundão sorriu mostrando seus dentes tortos e amarelados pelo cigarro pendurado em seus 

lábios. 

- Você é a décima garota essa noite que diz conhecer o Ewan – não funcionou – próximo! 

Ele me dispensou, olhando para o casal que estava atrás de mim na fila. 

- Identidade? 

Eu empurrei o cara que havia dado um passo para frente, para fora de meu caminho. 

- Ei! Ele disse, se estufando como um peixe bolha. 

- Dê o fora – eu disse sem olhar para ele. 

- Agora escute, – eu disse para o porteiro, que respirava pesadamente – eu vou entrar. Você 

pode tentar me impedir, mas eu não recomendaria isso. 

Ele riu e flexionou os bíceps. 

- Pode vir. 

Quando me movi para frente, a mão dele rapidamente agarrou meu braço esquerdo. Com um giro 

rápido torci seu dedo, me livrando de seu aperto. Esmagar seus metatarsos passou por minha 

mente, mas eu não queria fazer uma cena maior que o necessário. Eu continuei caminhando, 

apenas para ele agarrar minha cintura por trás. Ele me levantou do chão, e me segurou com força 

contra seu corpo. 

Ótimo trabalho em evitar uma cena. 

4 

É um termo que apareceu no inicio dos anos 40. No ano 2000 é usado para descrever jovens de classe media, ou jovens adultos, interessados 

em musicas e moda alternativa. 

5 

Tipo de corte de cabelo, que é curto na frente e comprido atrás. 

6 

Palavra ofensiva, traduzi mais abaixo como bundão, por ser a tradução mais próxima da palavra original. 



- Você gosta de brutalidade. Não é? Ele sussurrou em meu ouvido. Eu estava prestes a 

mostrar para ele o quanto eu gosto de brutalidade, quando Ewan apareceu. 

- A coloque no chão, Tank – ele ordenou. 

- Ela não tem identidade, chefe. 

- Está tudo bem – Ewan disse. 

- Mas você disse... 

- Eu disse: coloque-a no chão! 

Assim que meus pés tocaram o chão, me virei, pronta para a briga. Antes que eu pudesse me 

mover, Ewan agarrou meu braço e me puxou com força na direção dele. 

- Pare – ele disse – ou vou pessoalmente chutar o teu traseiro para a cadeia. 

Nossos olhares duraram apenas alguns momentos. A tensão nos envolveu como uma nuvem, 

enquanto os restantes das pessoas na fila seguraram a respiração. No final, entretanto eu sabia 

que minha raiva não tinha nada a ver com o porteiro. Lutar com ele não iria apagar as últimas 

duas horas de minha vida. Respirando fundo, permaneci no chão, e olhei por sobre o ombro de 

Ewan para o Neanderthal. 

Ewan acalmou Tank e o mandou de volta para a porta. Com um movimento de cabeça, ele 

indicou que eu deveria segui-lo para os fundos. 

O lugar estava lotado de mortais. Muitos estavam amontoados na pequena pista de dança em 

frente ao palco, mas a área ao redor do bar estava igualmente lotada de pessoas que brigavam 

pela atenção dos bartenders. No palco, um grupo de garotas punks, destroçavam seus 

instrumentos. 

Elas soavam como um bando de gatos no cio. Acima do palco, pequenas luzes soletravam: 

“Salvação.” 

A cena toda parecia claustrofóbica. O nevoeiro da fumaça dos cigarros se misturava com o cheiro 

de suor e cerveja velha, sem mencionar o aroma arrebatador do sangue pulsando através dos 

corpos dos mortais. 

Quando passamos, a porta do banheiro das mulheres se abriu. Duas loiras anêmicas com mini 

saias, estavam cheirando fileiras de coca do balcão. O sangue delas me daria uma viagem 

incrível se eu me alimentasse dele. Mas eu sei mais que isso. Primeiro Ewan iria me matar se eu 

sugasse um de seus clientes. Segundo, enquanto lanchar ocasionalmente um maconheiro é 

inofensivo, se alimentar de viciados em drogas era má noticia. Outros antes de mim descobriram 

que a viagem de segunda mão é muito difícil de resistir, apenas para descobrir que estavam 

viciados para a eternidade. 

Outro porteiro estava parado a cerca de três metros depois do banheiro. Esse era menor do que o 

cara da frente, mas muito mais mortal. O cabelo ruivo de Sebastian estava raspado dos lados e 



erguido como a de um moicano no centro. Ele tinha uma argola no nariz e um dragão 

tatuado na metade do braço esquerdo. 

- E aí Sabina? – Ele disse sobre as cabeças do casal de mortais com quem ele estava falando. 

- Ei! – A mulher perdeu o equilíbrio quando falou. Eu não estava certa se era os seus seios cheios 

de silicone, ou se era o excesso de álcool o culpado por sua falta de equilíbrio – nós chegamos 

aqui primeiro. 

- Eu já disse para saírem – Sebastian disse calmamente. 

- Algum problema? – Ewan caminhou para frente. 

- Sim, temos um problema – o namorado da garota bêbada falou. Ele era um tipo musculoso de 

Hollywood, talvez um ator. O cenário de rock alternativo de Silverlake normalmente não atrai esse 

tipo. Talvez ele ache que andar por ali o faz se sentir no limite – ele não nos deixa entrar na área 

Vip. 

Ewan manejou isso como uma brincadeira, olhando para Sebastian. 

- Os nomes deles estão na lista? 

Sebastian não perdeu a deixa. 

- Não senhor. 

- Mas ele não está segurando uma lista – a garota reclamou. 

O cara passou na frente dela e se impôs. 

- Você tem idéia de quem eu sou? 

- Sim senhor, sou um grande fã – Ewan disse – infelizmente, temos uma festa particular esta 

noite. 

- Isso é ridículo – o cara disse. 

Ewan colocou uma mão no ombro do cara e habilmente o levou em direção ao bar. Sobre o 

ombro ele moveu os lábios. 

- Eu vou voltar. 

Enquanto eles se afastavam, escutei ele prometer ao casal bebidas por conta da casa. 

- O meu nome esta na lista? - Eu provoquei Sebastian. 

- Que lista? – Ele disse sem expressão – vá lá para trás. 



Entrei na porta marcada como “privado”, que se abria para uma escadaria as escuras. 

Enquanto eu descia os degraus, o som do clube no andar de cima foi ficando abafado, quase 

como se eu tivesse colocado minha cabeça embaixo da água. No final da escada, bati em outra 

porta. Um pequeno painel abriu e dois olhos espiaram para mim, através da abertura. Uma luz 

forte me iluminando por cima como uma luz de uma sala de tortura. 

- Senha? 

- Vá se foder. 

- Muito engraçado – Dirk o outro porteiro falou – você sabe que não posso te deixar entrar sem a 

senha Sabina. 

- Vamos Dirk. 

- Sinto muito querida – tem que falar as palavras. 

- Tudo bem – eu assenti – Conde Chocula 7 . Um dia desses vou ter que falar para Ewan que seu 

senso de humor é uma droga. 

- Entre garota – Dirk falou. A portinhola fechou e o som de muitas fechaduras sendo abertas 

encheu o pequeno espaço. Dirk fechou a porta atrás de mim. 

Aquela sala tinha um cabide para casacos, e um banco para Dirk. Outra porta ainda esperava 

mais a frente. Eu entendia a necessidade de segurança. Ewan tivera problemas no passado com 

mortais tentando entrar na área reservada para os vampiros, mas é uma porcaria ter que passar 

por todos esses procedimentos. 

- Ola querida – Dirk sorriu flertando. 

- O que há? – Eu disse não me importando realmente. 

- Ah você sabe, isso e aquilo – ele destrancou a próxima porta enquanto falava. Abrindo com um 

floreio, ele fez sinal para que eu continuasse. 

Em comparação com a área dos mortais, a seção dos vampiros era relativamente calma. Sem 

luzes piscando ou estroboscópicas, interrompendo a escuridão. A única luz vinha das velas 

estrategicamente localizadas, que ficavam nos recessos das estantes por toda a parede de tijolos 

a vista, e nas mesas. A outra única luz era do letreiro sobre o bar. Neste dizia “Danação”. 

Em alguns lugares, vampiros sentados em acentos de veludo roxo, fumando sangue de grandes 

mangueiras ligadas em um hookah 8 vermelho e dourado. Alguns usavam misturas simples de 

tabaco, o que acrescentava um cheiro apimentado ao ar. Outros misturavam um pouco de ópio. A 

fumaça adocicada se misturava com o aroma de ferro do sangue que criava um perfume 

intoxicante. 

7 Marca de um cereal de chocolate. 

8 É um cachimbo de água utilizado para fumar. Há diferenças regionais no formato e no funcionamento, mas o princípio comum é o fato de a 

fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. 



Alguns rostos familiares se viraram em minha direção enquanto caminhava para o bar. Era 

apenas dez da noite, então o movimento estava calmo. Em pouco tempo outros vampiros iriam 

aparecer com seus rostos corados por terem se alimentado recentemente. 

Me inclinei sobre o bar de mogno e acenei para o bartender Ivan. Ele veio em minha direção com 

um sorriso em seu rosto sardento. Seu cabelo, cor de ferrugem, estava preso em um rabo que 

balançava em suas costas. Um pequeno arco dourado brilhava em sua orelha esquerda. 

- O que vai ser Sabina? 

- Vou querer uma doze de O negativo com Vodka. 

Ivan levantou as sobrancelhas. 

- Noite difícil? 

- Apenas pegue a bebida. – Eu estava sendo uma vadia, e eu sabia disso. Talvez algumas 

bebidas poderiam diluir o ácido que corroía minhas entranhas. 

- Sim senhora – ele disse com uma saudação de brincadeira. 

Enquanto eu esperava, eu olhei o bar novamente, batendo meus dedos acompanhando o ritmo 

da bateria do Godsmack Voodoo. Um cara no final do bar me chamou a atenção, não por que ele 

estava querendo ser notado, mas por que ele estava tentado muito não ser notado. Sua cabeça 

estava baixa e ele usava óculos escuros. Sua jaqueta de couro preta pendurada sobre os ombros 

largos, que se curvavam sobre sua bebida. Mas o que mais prendeu minha atenção foi seu 

cabelo. 

Todos os vampiros possuem cabelo vermelho, variando dos jovens loiros morangos, aos anciões 

vermelho mogno. Quanto mais escuro o tom de vermelho, mas velho é o vampiro. Meu próprio 

cabelo, já que sou metade vampiro e metade mago, era uma combinação entremeada de 

vermelho vivo com preto. 

Nós possuímos esta marca por causa de Caim, a quem Deus marcou com o cabelo vermelho 

depois do infame assassinato de Abel. Depois que ele foi expulso, ele conheceu Lilith 9 , que havia 

deixado o Éden depois de ter ficada cansada de Adão. O caso de amor de Caim com Lilith 

resultou na criação da raça dos vampiros. Nós herdamos nossa fome por sangue de Lilith, e 

nossa incapacidade de sair no sol e nosso cabelo vermelho de Caim. Nenhum tipo de tintura ou 

salão de beleza pode disfarçar a marca de Caim. Como uma cicatriz, era a prova máxima de 

nossa linhagem. Por sorte, desde que muitos humanos também passaram a ter cabelos 

vermelhos, se tornou fácil se misturar. Poucos humanos sabem que seus próprios tons de 

vermelho indicam alguma ligação de seus ancestrais com a linhagem dos vampiros. 

O cara no final do bar tinha o cabelo loiro escuro. Nem uma mecha de vermelho podia ser vista. 

Ele poderia ser um mortal, eu pensei, mas Ewan nunca permitiria “comida quente” nessa parte do 

9 Lilith é referida na Cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem (Patai81:455f) ela é acusada de ser a serpente 

que levou Eva a comer o fruto proibido. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, 

partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como um demônio. 



clube. Então isso deixava apenas mais uma opção: um mago. E um com muita coragem, 

se ele veio em um bar de vampiros sozinho. 

Enquanto eu estava pensando isso, ele olhou para cima. Eu não podia ver seus olhos através dos 

óculos escuros, mas era óbvio que ele estava olhando para mim. Também. Uma breve, mas 

intensa sensação de dejà vu atravessou minha espinha antes que ele olhasse em outra direção. 

Mas que inferno? Eu comecei a seguir na direção dele, mas Ewan me interceptou. 

- Malditos atores – ele fez sinal para Ivan então se sentou ao meu lado no bar – eu tive que lhe 

dar uma garrafa de Cristal para fazê-lo calar a boca. 

- Você deveria ter chutado o traseiro dele para fora – eu disse. Meus olhos voltando diretamente 

para o mago. Ele virou sua cabeça para olhar duas vampiras no sofá. Fumaça vermelha saia de 

seus lábios enquanto elas se beijavam, dividindo o que tragavam do hookah à seus pés. 

Ewan falou ao meu lado, chamando minha atenção do show lésbico. 

- Acredite ou não, eu não gosto de eliminar meus clientes mortais. 

- Então venda. 

- Mortais são bons em dar gorjetas – ele disse – diferente de alguns imortais que conheço. 

Ivan reapareceu com minha bebida. Entreguei para ele uma nota de vinte, com um olhar 

sarcástico para Ewan. 

- Ótimo agora poderei comprar aquela mansão em Bel Air – Ivan disse, colocando o dinheiro no 

bolso. Eu o ignorei e engoli um pouco de sangue, seguido pela vodka. 

Ewan me observava enquanto tomava sua própria bebida. 

- Você falou com David agora à noite? 

Aqui estava uma coisa sobre Ewan. Sua aparência com seu cabelo arrumado e roupas da moda 

davam a impressão de que ele era apenas mais um garoto que gostava de festas. Entretanto, 

nada acontece na Los Angeles dos vampiros sem que ele saiba. Informação era seu trabalho. E 

Ewan possuía uma estranha habilidade em ler as pessoas. 

Eu dei de ombros e olhei para meu copo. 

- Não. 

- Interessante – ele tomou outro gole, me olhando por sobre o copo – ele ligou mais cedo e disse 

que iria encontrar com você. 

Merda. Forçando um sorriso casual, eu disse. 



- Nunca apareceu. 

- Talvez ele apareça por aqui então – eu podia perceber por seu tom de voz que ele não esperava 

por isso mais do que eu – acho que ele não tem sido ele mesmo ultimamente. 

- Oh! – Eu olhei para cima, e notei que o mago no outro lado do balcão parecia estar nos 

observando. Se ele não estivesse tão longe eu poderia pensar que ele estava nos escutando. 

Quando ele me viu, olhou rapidamente em outra direção. 

Ewan se aproximou. 

- O que se fala nas ruas é que ele se meteu na luta por poder entre os Dominaes e Clovis Trakya. 

- Luta por poder? – Eu perguntei me fazendo de boba – pelo que escutei Clovis Trakya não é 

nada mais que uma irritação para a Dominae. 

Ewan balançou a cabeça. 

- Ele é má noticia. Sangue misturado. 

Minha cabeça levantou. 

- Sério? – Interessante, eu pensei. Minha avó havia esquecido de mencionar o problema sobre o 

sangue misturado, quando ela me passara a ficha de Clovis mais cedo. Ela apenas falara que ele 

era um maluco trabalhando para o norte que estava tentando recrutar vampiros. 

- É. Os rumores são de que ele é metade demônio, se você acreditar nisso. De qualquer maneira, 

ele está montando uma espécie de exército em São Francisco. Mas veja isso, ele diz que é uma 

seita religiosa. 

- Um culto você quer dizer. 

Ele assentiu. 

- Aparentemente, Clovis está pregando a união entre as raças ou alguma merda dessas. Ele está 

recrutando vampiros jovens, fadas, e alguns magos. 

- Ele deve estar maluco se acha que pode vencer o Dominae – eu disse. 

- Talvez. Tudo o que sei é que o número está crescendo. E acredito que o nosso amigo David 

pode ter passado para o lado de Clovis. 

Aqui é que as coisas iriam ficar complicadas. Obviamente eu não poderia confirmar o palpite de 

Ewan, mas negar isso com muita convicção também o deixaria desconfiado. 

- Vamos – eu disse – David não seria tão idiota. 

Ewan levantou uma sobrancelha. 



- Ele não seria? Você sabe muito bem que ele teve problemas com as regras do Dominae no 

passado. Lembra quando eles decidiram não proibir beber sangue de humanos? Ele surtou. Se 

eu tivesse que escutá-lo pregar o gospel sobre sangue sintético mais uma vez... – Ewan balançou 

a cabeça. De qualquer forma, estou apenas te contando quais são os rumores. Você 

provavelmente vai querer falar com ele antes que ele faça algo estúpido. Como fazer com que 

alguém o mate. 

Eu tomei um longo gole, para esconder minha reação sobre aquela preciosidade. Se eu não 

soubesse, eu poderia pensar que ele estava me levando a admitir o crime. Mas não havia 

maneira, de nem mesmo Ewan ficar sabendo disso tão cedo. 

- Sabina, estou apenas dizendo isso, por que você sabe que se a tua avó escutar qualquer pista 

de que ele esteja envolvido com o Clovis, ela irá mandar matar o David. 

Levantei o copo com minha mão suada e fiz sinal para Ivan que queria outro. 

- Vou cuidar disso – eu falei. A ironia disso não passou despercebida para mim. Mas no 

momento, eu só queria outra droga de bebida. 

Os olhos de Ewan passaram para uma aparência avaliadora. 

- Você sabe, tem algo que eu sempre quis te perguntar. 

- Ah? – Eu disse, rezando para que ele estivesse mudando de assunto. 

- Você e David nunca... – Ewan fez um gesto obsceno com as mãos. 

- O que? Não! David é como um irmão para mim, desde que fomos para a escola de assassinos 

juntos. 

Ewan brincou com seu copo. 

- Mas vocês dois sempre discutiam. Eu só pensei que talvez fosse algum tipo de tensão sexual. 

- Absolutamente não. Ele é mais como um-chato-do-irmão-mais-velho. – Ou ele era eu emendei 

silenciosamente. Pegue o copo que Ivan entregou e tomei um gole. 

Ewan deu de ombros. 

- Engano meu. 

Dirk apareceu ao lado de Ewan e sussurrou algo que não pude escutar. 

- Tem um problema na parte da frente que precisa de minha atenção. Se você me der licença? – 

Ewan disse, ficando de pé. 

Eu concordei. 



- Claro. – A interrupção foi um alivio. Toda essa conversa sobre David me deixou desconfortável, 

como se minha pele estivesse muito apertada. 

- Não repita nada do que te falei. Eu tento muito ser a Suíça 10 do mundo vampiresco, se você 

entende o que quero dizer. 

- Sem problemas – eu disse, forçando um sorriso. 

Quando ele se afastou, eu pensei no que aconteceria no momento em que o mundo descobrisse 

que matei David. Provavelmente Ewan ficaria furioso por eu não ter lhe contado, para que ele 

fosse o primeiro, a saber. Apesar da amizade casual dos dois, Ewan não iria chorar a morte de 

David. Isso seria apenas outro pedaço de informação que ele iria salvar em sua mente, pronto 

para retirá-las se achasse que seria valioso. 

Pelo canto do meu olho, e vi um homem de cabelos vermelhos vindo em minha direção. O 

escárnio em seu rosto não me deu esperança de que ele queria apenas me pagar uma bebida. 

Seus dois amigos, ambos com mais de um e oitenta de altura ou talvez ainda mais altos, estavam 

atrás dele. Eu quase ri, amando a idéia de que o cara achava que precisaria de dois amigos para 

ajudá-lo a enfrentar a pequena e velha Sabina. Na mesma hora chequei a arma que sempre 

mantinha nas minhas costas. 

- Você é Sabina Kane – ele preenchia sua calça de couro muito bem, e teria sido quente se ele 

não parecesse a ponto de cuspir em mim. 

- Em carne e osso – tomei um longo gole do sangue. 

Ele se inclinou, invadindo meu espaço. 

- Você matou meu irmão. 

Me virei lentamente e olhei para ele. 

- E? – Já matei o irmão de muitas pessoas. 

Minha falta de medo pareceu confundi-lo por um segundo. Ele olhou para os amigos. O que 

estava à esquerda moveu a cabeça o encorajando. O outro estalou os dedos de sua mão 

enorme. 

- Ele era meu único irmão – ele continuou. 

- Tudo bem – eu disse, olhando para além dele. Minha apatia parecia deixar ele ainda mais 

agitado, o que era exatamente o que eu esperava conseguir. O cara precisava aprender uma 

lição. Se eu o deixasse se livrar de sua bravata em público, iria me deixar parecer fraca para os 

outros vampiros. A história iria se espalhar, e a próxima coisa que iria acontecer seria ter minha 

10 A sua história é marcada pela sua neutralidade política perante as outras nações - desde 1815 que não entrou em nenhuma guerra - e 

representa um marco de liberdade e de democracia para o mundo inteiro. 



reputação de ser uma vadia sem coração arruinada. Qual o valor de um assassino se 

ninguém tiver medo dele? 

- Escute aqui vadia, você precisa pagar pelo que fez. 

Rolei meus olhos. 

- Olha cara, vou te poupar algum tempo aqui. Qual era o nome do teu irmão? 

- Zeke Calebow. 

Eu ri. 

- Você quer dizer, aquele Zeke Calebow que ameaçou expor nossa existência para a mídia mortal 

se o Dominae não lhe pagasse um bilhão de dólares? 

O cara assentiu rapidamente. 

- Aquele idiota era muito estúpido para viver. 

O irmão de Zeke lançou o punho fechado. Dirk, que vinha se aproximando por trás de nossa 

festinha, o agarrou. Seu punho fez um som de ossos quebrando quando Dirk o esmagou. Os dois 

amigos se moveram para ajudar, mas pararam com o som, de uma espingarda sendo 

engatilhada. 

- Nem pensem nisso – Ivan disse calmamente. Ele permanecia atrás do bar, com a arma 

apontada para a cabeça deles. Mesmo se Ivan não tivesse cápsulas cheias de cidra na arma, um 

tiro de espingarda poderia arrancar a cabeça deles fora, os deixando bem mortos. 

- A mamãe de vocês nunca ensinou que é feio bater em uma mulher? – Dirk perguntou para o 

irmão do Zeke a quem ele estava segurando. 

- Dá o fora – o cara disse, lutando. 

Me inclinei contra o balcão, bebendo meu drink, feliz por deixar o pessoal do bar cuidar do 

problema por alguns momentos. Se fosse por mim, três vampiros mortos já estariam no chão. 

- Peça desculpas – Dirk disse. Ele piscou para mim, e eu o brindei com meu copo. 

Os amigos e Ivan estavam parados se olhando. O restante do bar havia parado para olhar. 

Ninguém havia levantado para ajudar, nem eles pareciam especialmente excitados. A vida de um 

vampiro tende a deixá-los insensíveis à confrontos. 

- Peça desculpas – Dirk disse novamente, apertando ainda mais sua mão. 

- Essa vadia vai morrer. 



Eu ri alto. Depois de largar o dinheiro sobre o bar, eu me aproximei dele. Ele lutava contra 

Dirk que o segurava enquanto seus olhos lançavam calor branco em minha direção. 

- Está tudo bem. Eu estava de saída mesmo – eu levantei o queixo dele com meu indicador. Me 

aproximando disse – o teu irmão gritou como uma garotinha quando eu cravei uma estaca nele. 

Enquanto eu me vangloriava, o cara começou a rosnar. Ewan correu para dentro, parecendo 

preocupado quando chegou ao local. Ele se moveu em minha direção, levantando uma mão. 

- Sabina cuidado! 

Virei-me em tempo de ver Dirk atingir o chão e o irmão de Zeke vir em minha direção. Ele rosnava 

como um animal, mostrando suas presas. Peguei minha arma e me movi, puxando o gatilho 

enquanto me virava. Ele entrou em ignição no meio do ar, (uma breve e intensa explosão de 

calor) e então suas cinzas caíram no chão. 

Me virei e apontei a arma para os amigos dele. Suas bocas se moviam estupidamente enquanto 

eles olhavam a pilha de brasas e cinzas sobre o piso envernizado. 

- Nós ainda temos um problema? – Eu perguntei. Eles sacudiram suas cabeças freneticamente e 

se afastaram com suas mãos para cima. 

Ewan parou sobre a pilha e cinzas no chão. Ele balançou a cabeça. 

- Alguém vai ter que limpar isso aqui, você sabe. 

- Coloque isso na minha conta. 

Sobre o ombro de Ewan eu podia ver o mago observando a cena sem expressão. Isso me 

surpreendeu. Eu achava que no primeiro sinal de violência entre os vampiros ele iria achar seu 

caminho para fora daqui. Ao invés disso, ele parecia estar entediado enquanto bebia sua cerveja. 

- Ei Ivan – aproximei-me do bar para falar. 

- Sim? – Ele perguntou, soando distraído enquanto ele olhava para os dois amigos do vampiro 

que eram escoltados para fora do bar. 

- Quem é o mago? 

Nós dois nos viramos para olhar para onde o mago estava sentado, mas para minha surpresa, ele 

havia sumido. Poof. 

- Isso é estranho. Ele estava aqui agora mesmo – eu disse. 

Ivan balançou a cabeça. 

- Malditos magos, eles me dão arrepios. 



- Você sabe quem ele é? – Eu perguntei. 

- Não, mas ele estava fazendo perguntas antes de você aparecer. 

- Que tipo de pergunta? – Eu não sabia por que estava tão intrigada sobre um mago qualquer, 

mas alguma coisa sobre ele ativava meus sensores de perigo. 

Ivan olhou para mim e disse. 

- Sobre você. 

Bem, se isso não era o final perfeito, para uma perfeita porcaria de noite. Por que infernos estaria 

um mago perguntando sobre mim? 



Capítulo Três 

Um guarda segurando um rifle semi automático me cumprimentou na porta da frente. 

- Me siga – ele precisou ficar de lado para poder passar pelo quadro da porta enquanto ele me 

guiava para dentro do complexo da Dominae. Seu cabelo era vermelho cobre, indicando que 

como eu, ele tinha menos de um século de vida. 

Ele subiu por um dos lados da escadaria dupla. Minhas botas ecoavam nos degraus de calcário, 

um som artificial no aposento cavernoso. Quando chegamos ao topo, ele sinalizou para que o 

seguisse virando a direita, por um longo corredor acarpetado. Em intervalos passávamos por 

guardar parados como estatuas próximos à artefatos de valor inestimáveis situadas em nichos ao 

longo da parede vermelho sangue. 

Finalmente, chegamos à porta da antecâmara. Um punhado de vampiros lotava o aposento. A 

maioria deles eram jovens com cabelos loiro morango; apenas alguns possuíam tons mais 

escuros. Estes estavam por perto, esperando por algum favor. Dois vampiros mais velhos, 

membros do subconselho estavam parados em um canto sussurrando entre si. 

Como o usual, todas as conversas pararam quando entrei. 

Havia mais objetos de arte por ali, a maioria paisagens alusivas aos campos da Toscana. 

Cortinas vermelhas fluindo de janelas em arco, que iam do chão ao teto. Além das vidraças. As 

pessoas pobres nas ruas, passando isso o oceano brilhando sobre a luz da lua. 

Na parte de trás da sala havia duas portas, cada uma delas com brasões em bronze claro. O 

painel da esquerda mostrava Lilith seduzindo Caim, o que resultou na criação da raça dos 

vampiros. O da direita mostrava sua coroação como rainha de Irkalla 11 seguido de seu casamento 

com Asmodeus 12 . Ao lado de ambos, tochas presas na parede iluminavam as imagens mais 

acima. 

Um som de estática de um walkie- talkie quebrou o silêncio. Um dos guardas falou no rádio em 

voz baixa. 

- Sabina Kane – ele anunciou finalmente. 

Em uníssono cada guarda pegou uma fechadura, abrindo os grandes painéis com um floreio. Eu 

podia sentir os olhares enquanto me movia. As palavras “ assassina” e “sangue impuro” era 

murmurada em tons ansiosos. Assim que passei pelo portal, a porta se fechou, bloqueando seus 

julgamentos. 

Eu tive impressão de um candelabro em minha visão periférica, mas meus olhos estavam focados 

no meio da sala. Iluminado suavemente pelas luzes, as Dominaes estavam sentadas atrás da 

mesa de madeira no centro da câmara. 

11 Irkalla é como um inferno subterrâneo de onde não á volta. É também conhecido como o mundo baixo. 

12 Asmodeus é considerado um dos cinco príncipes do inferno abaixo de Lúcifer. É o demônio regente do sexo e da Luxúria. Também influi nas 

brigas entre casais. No livro deuterocanonico de Tobias, é citado como o assassino dos noivos de Sara. 



Lavínia, com seu cabelo carmim escuro, estava sentada no centro, com uma mulher de cada 

lado. Sua posição de alfa entre as três fora garantida por sua idade. Alguns vampiros, os mais 

arrojados, brincam que ela data antes mesmo da era do fogo. Na realidade, ninguém realmente 

sabia com certeza quando ela nasceu. Demônios, ela é minha avó e eu mesma não sei o quão 

velha ela é. Eu acho que como todos, tenho muito medo de perguntar. 

- Sabina – ela disse enquanto eu me aproximava. Sua voz era sedutora, rouca, e cheia de calma 

autoridade – seja bem vinda criança. 

Ajoelhando-me em frente a elas, mantive meus olhos erguidos e toquei minha testa com minha 

mão direita. Como sinal de respeito. 

- Protetoras de todas as Lilim, que a benção da grandiosa mãe recaia sobre vocês. 

- E em você também, criança – Lavínia disse – você pode se levantar. 

Endireitei-me e limpei minha garganta, que rapidamente pareceu seca apesar do lanche rápido 

que fiz a caminho dali. Lavínia bateu suas mãos brancas como leite uma vez, levando minha 

atenção de volta para ela. O som de passos rápidos vinham de minha direita. Um homem magro 

e pálido se aproximou carregando uma bandeja. Ele abriu uma garrafa de vinho e despejou uma 

porção em quatro copos antes de entregá-los. 

Levei o copo frio aos meus lábios. O cheiro de carvalho do vinho e o metálico do sangue 

chegarão ao meu nariz. O primeiro gole explodiu em meu paladar como um orgasmo liquido. 

- Uau - eu disse, esquecendo momentaneamente minha prezada platéia. 

- Você gostou? – Persephone perguntou com um sorriso indulgente. 

- Sim. Domina - tomei outro grande gole – onde vocês encontraram isso? 

Sua gargalhada soava como chocolate escuro. 

- É nosso. Tanith investiu em um pequeno vinhedo no estado à alguns anos atrás – Persephone 

disse, apontando para a terceira Domina – o que você esta bebendo é de nossa primeira safra 

bem sucedida. Nos levou certo tempo para achar a mistura perfeita entre as variedades de uvas e 

tipos de sangue. 

- Eu digo que vocês tiveram sucesso – drenei o copo. Um leve ressoar reverberou através de mim 

– é um dos melhores vinhos com sangue que já experimentei. 

- Eu acho que vai ser bem popular entre a elite Lilim – disse Tamith. Ela era a segunda em 

comando e manipulava a maioria dos interesses financeiros das Dominae. Ela também era a 

menos atraente delas, com seu nariz romano largo e cabelo acobreado – claro, nós também 

estaremos vendendo vinho normal para os mortais, para arrecadar fundos para os nossos 

interesses. 



Eu assenti, sem me importar realmente com nada a não ser conseguir outra taça daquele 

vinho. Tanith acenou para o servente, que prontamente voltou a encher meu copo. 

- Agora – Lavínia se recostou – você deve nos falar sobre a sua missão. 

Parece que a hora do coquetel estava acabada. 

- O alvo foi neutralizado – eu disse. 

- Ouve alguma complicação? – Como sempre os olhos azuis de Lavínia me observavam atrás de 

sinais de fraquezas. 

Normalmente, eu não iria mencionar a luta que culminou com a morte de David, mas eu sabia 

que qualquer conversa de minha parte seria detectada imediatamente. 

- O alvo começou uma luta, mas não foi bem sucedido. 

As três balançaram a cabeça ao mesmo tempo, em aprovação. 

- Você o chamou de o alvo – Persephone a mais jovem das três disse – por que você não fala o 

nome de David? 

- Me perdoe Domina, mas é um protocolo comum quando discutimos uma missão. 

- Ainda sim David vinha sendo seu amigo por muitos anos, correto? – Ela continuou – isso não é 

uma missão comum. 

- Uma missão, é uma missão – eu repliquei. Por que elas estavam me fazendo falar sobre isso? 

Já fora ruim o suficiente elas terem me mandado fazer aquilo. Elas tinham uma grande 

quantidade de assassinos, que poderiam ter cuidado disso. Eu ansiava por perguntar por que 

havia sido eu a escolhida, mas ninguém questionava as Dominae. 

- Você não teve nenhuma duvida quanto à matar seu amigo? – Lavínia finalmente perguntou. 

- Não – eu disse, olhando diretamente em seus olhos – ele deixou de ser meu amigo, quando 

decidiu se tornar um traidor. 

Eu bebi o último gole de vinho e entreguei a taça para o servente que esperava. Por que ela 

estaria me pressionado sobre o assunto? Admitir que não tivesse nenhum problema sobre matar 

meu amigo não era uma opção. Missões nunca são pessoais. A própria Lavínia havia me 

ensinado isso. 

As três pareceram trocar alguma comunicação não falada que eu não podia decifrar. Então 

Lavínia se inclinou para frente. 

- Nós estamos felizes com o seu sucesso neste assunto. 

Um calor que não tinha nada a ver com o vinho se espalhou pelo meu corpo. 



- Obrigado Domina. 

- Entretanto, veio ao nosso conhecimento que junto com a morte autorizada na noite passada, 

ouve outra, não autorizada no bar chamado Sepulcro. 

O calor se transformou em frio quando vi a expressão no rosto dela. Era a mesma de quando ela 

me lembrava de meus muitos e variados problemas. Eu via esse olhar mais vezes do que poderia 

contar, e todas às vezes eu sentia vergonha por não ser capaz de superar as falhas que herdei 

de meu pai mago. 

Meu primeiro instinto fora o de abaixar meus olhos e me desculpar. Mas, francamente, eu me 

senti em uma emboscada. Pensei que fora chamada aqui para receber os parabéns por ter 

seguido as ordens, quando na verdade eu fora chamada ali realmente para me defender. 

- Muito bem Sabina? Isso é verdade? Você matou um Lilim sem permissão? 

Meu pescoço estava rígido quando assenti. 

- É verdade eu não tinha permissão. Porém, as suas próprias leis deixam claro que auto defesa 

se torna um homicídio justificado. 

- Não cite nossas leis para nós garota – a voz de Lavínia cortou o ar como um tapa. Me encolhi 

sabendo que cruzara o limite. 

- Eu peço desculpas. 

Lavínia respirou fundo e sinalizou para que o servente lhe alcançasse o cachimbo conectado a 

um hookah em seus pés. Ela o levou até seus lábios e inalou uma profunda tragada de fumaça 

vermelha. O aroma fraco e doce deslizou até mim. 

Tanith entrou na conversa, lendo alguns papéis na mesa. 

- As anotações mostram que um Billy Dan Calebow irmão de Zeke a ameaçou mais de uma vez. 

Entretanto, nossas fontes também alegaram que você insultou a vitima antes do ataque. 

Lavínia cujo os olhos agora pareciam de vidros sob as luzes do teto, bateu com sua mão na 

mesa. 

- Maldição Sabina, você deveria ser mais esperta. 

- Então eu deveria ter deixado ele simplesmente me matar? 

Seus olhos se estreitaram. 

- Cuidado com a língua. 



Minha mandíbula se cerrou e cruzei meus braços, minha postura falando o que minha 

boca não podia. 

- Sabina, você é uma de nossas melhores assassinas. Mas você não pode sair por ai matando a 

todos que te ameaçam. Nós esperamos que você seja capaz de dominar aqueles que te 

ameaçarem sem o uso de força mortal – a voz de Persephone era macia, enquanto ela tentava 

bancar a intermediadora. Eu a escutava, mas meus olhos estavam travados em minha avó – você 

tem que entender, a comunidade Lilim confia em nós para usar as suas habilidades para fazer 

justiça contra aqueles que quebram as leis. Se eles tiverem que se preocupar sobre você perder 

o temperamento e atacar as pessoas, irá diminuir nossa autoridade. 

- E isso é especialmente verdade para você, Sabina. Dadas as circunstancias de seu nascimento, 

muitos de nossos seguidores já se preocupam em você ser um perigo. Você precisa ser acima de 

qualquer reprovação. 

Respirei fundo, tentando controlar minha frustração. Quantas vezes eu escutara o sermão nos 

passar dos anos? Como se eu não soubesse que sou diferente. Como se eu não passasse minha 

vida toda tentando ser um vampiro perfeito, para que todos esquecessem minha herança paterna. 

Se eu tivesse que escutar mais um sermão sobre o quanto os padrões são mais altos para mim 

por causa dos pecados de meus pais, eu irei vomitar. 

- Você irá se desculpar agora – a voz de Lavínia não deixou nenhuma dúvida de que não era um 

pedido, mas uma ordem. 

Engoli o nó de ressentimento que se formava em minha garganta. Aquilo não ajudou, mas não 

era como se eu tivesse alguma escolha sobre as desculpas. 

- Eu sinto muito – eu deveria ter tentado acalmá-lo antes que tudo saísse do controle. 

Tanith e Persephone se ajeitaram em suas cadeiras, mas o rosto de minha avó era frio e seus 

ombros estavam retos. Ela me olhou nos olhos, me comunicando seu desapontamento e raiva 

mais que qualquer palavra poderia. 

- Diante dos acontecimentos, nós nos sentimos tentadas a suspender seu trabalho até segunda 

ordem. 

Meu coração caiu em meu estômago. 

- O que? 

Ela levantou um dedo. 

- Porém, depois de muita discussão, nós decidimos que essa transgressão irá na realidade 

trabalhar a nosso favor. Nós temos outra missão para você, começando imediatamente. 

Eu não a estava acompanhando, mas se aquilo significava que eu não seria suspensa, eu era 

toda ouvidos. 



- Tudo bem? 

- O seu alvo é Clovis Trakiya. 

Eu quase disse uma palavra muito feia. Na verdade, eu devo ter falado isso alto, se o choque nos 

rostos delas era alguma indicação. Eu não estava exatamente prestando atenção, por que eu 

estava muito ocupada tentando não perder minha cabeça. 

- Nós temos uma informação segura de que ele está tentando formar uma aliança com o conselho 

Hekate 13 . 

Eu já havia me recuperado o suficiente de meu choque, para começar a avaliar a situação. 

- Mas nós temos um trato com eles. Por que o Hekate faria algo tão tolo? Com certeza eles irão 

recusar sabendo que poderia levá-los à outra guerra. 

Magos e vampiros vinham sendo inimigos por séculos, resultando em várias guerras. Os conflitos 

se agravavam por que os vampiros acreditavam que éramos os verdadeiros descendentes de 

Lilith, enquanto magos eram uma raça bastarda criados pela deusa Hekate. A simpatia que os 

magos possuem pelos humanos não ajuda muito. Porém depois da Guerra do sangue, que durou 

por dois séculos as duas raças haviam concordado em assinar um tipo de tratado, chamado de 

Pacto negro. Entre outras coisas, o acordo bania reproduções inter-raciais, também requeria que 

os vampiros se alimentassem somente de humanos. Dizer que a paz era tênue seria subestimar 

as coisas. Alguns acham que outra guerra é inevitável, mas até o momento ela tem sido evitada. 

Se os magos se aliarem aos inimigos das Dominae, isso será visto como uma declaração de 

guerra por muitos vampiros. 

Tanith interrompeu meus pensamentos. 

- Até agora, acreditamos que ele esteja somente recrutando alguns magos, nas ruas e ainda não 

se aproximou do conselho. Entretanto, seu número de Lilim vem aumentando rapidamente. Nós 

queremos pará-lo antes que ele se torne uma ameaça real. 

Lavínia falou. 

- A igreja dele, chamada de o Templo da Lua, prega a igualdade entre todos os descendentes de 

Lilith. Alguns vampiros mal informados acreditam que nós vampiros, magos, fadas, e demônios, 

deveríamos nos unir. 

Eu me lembrei que Ewan havia dito que Clovis era metade demônio. Se ele poderia usar sua 

mistura de sangue para unir os vampiros e os demônios, ele poderia ter uma chance de 

sobrepujar as Dominaes. Juntando os magos nessa mistura e ele seria quase insuperável. 

- Obviamente a situação é um pouco problemática – Lavínia falou – ele deve ser parado. E nós 

queremos que seja você a fazer isso. 

13 Hécata é uma divindade, filha dos titãs Perses e Astéria. Hécate, em grego, significa "a distante" (embora alguns atribuam a origem do nome à 

palavra egípcia Hekat que significaria "Todo o poder", já que supostamente Hécate teria se originado em mitos do sudoeste asiático que fora 

assimilada para a religião greco-romana mais tarde) mas era conhecida como a mais próxima de nós, pois se acreditava que, nas noites de lua 

nova, ela aparecia com sua horrível matilha de cachorros fantasmas diante dos viajantes que por ali cruzavam. 



- Vocês querem que eu mate Clovis – eu já estava revendo meu conhecimento sobre como matar 

demônios, o que eu odiava admitir, era pouca. 

- Não minha querida, nós queremos que você se infiltre em sua organização, descubra seus 

planos, identifique seus espiões, e então o mate. 

Meu estômago se apertou. Eu poderia ser talentosa em matar pessoas, mas certamente não era 

uma espiã. 

- Como? – Eu perguntei. 

- Nós acreditamos que Clovis tenha espiões em altos escalões de nossa organização. Talvez 

altos membros do subconselho. Nós iremos tirar vantagem, da morte não autorizada na noite 

passada para te suspender. Pelo menos essa vai ser a versão pública. Enquanto isso, você fará 

tudo o possível para reforçar a crença de que você está questionando sua aliança conosco. 

- De qualquer maneira – Tanuth cortou – você terá que convencê-lo de que você é verdadeira. 

Você será testada. 

Eu não ligava sobre os testes ou até mesmo sobre os rumores que se espalharão quando a 

comunidade vampirica souber de minha suspensão. Eu acho que parte de mim via a morte de 

Clovis como uma maneira de eliminar minha culpa por matar David. Outra parte de mim, 

esperava que eliminando os inimigos das Dominaes, eu finalmente provaria para minha avó que 

eu não era apenas mais um caso perdido. 

- Estou dentro – eu falei. 

- Excelente – Lavínia sorriu, uma expressão tão rara em seu rosto pálido, que achei que sua pele 

fosse rachar. 

- Sabina, há um pequeno problema que precisamos discutir antes de você assumir esta tarefa – 

Tanith disse – ninguém deverá saber que você na verdade não se separou de nós. Clovis deve 

ter vários espiões plantados em nossa comunidade. Ninguém do lado de fora desta sala deve ser 

de confiança. 

O que ela estava dizendo era que uma vez que a história de que me separei das Dominae se 

espalhar, alguns de seus seguidores poderão decidir me punir por minha deslealdade. 

- E quais são minhas instruções se um de seus seguidores vier atrás de mim? 

Lavínia olhou para Tanith e para Persephone, que assentiu. 

- Você terá total anistia. Isso quer dizer que você tem nossa permissão para fazer o que for 

preciso para ter sucesso. Tanto para Clovis quanto para qualquer um, deverá parecer que você 

nos abandonou inteiramente. 



A ironia da situação não passou desapercebida para mim. Elas quase me puniram por ter 

assassinado alguém sem a autorização delas, mas agora estavam praticamente me encorajando 

a fazer isso para concluir seus planos. Minha mente começou a correr enquanto eu considerava 

as ramificações. Não somente os vampiros leais as Dominaes viriam atrás de mim, eu também 

teria que fazer algumas coisas desagradáveis para provar que eu quebrei com as leis das 

Dominaes. Por ter sido criada confinada no templo de Lilith com minha avó, as leis sagradas eram 

tanto parte de mim quanto minha sede de sangue. 

- Sabina? – A sala tremeu com a tensão enquanto elas esperavam por minha resposta. 

Me ocorreu que poderia ser um teste. Elas estariam esperando que eu desse para trás? 

Que se dane, eu pensei. 

- Eu farei isso. 



Capítulo Quatro 

Minha bolsa bateu contra a mesa ao lado da porta com um estouro. Larguei meu capacete na 

abarrotada mesa da sala de jantar. Minha blusa caiu no chão em um único movimento, me 

deixando livre, e apenas com uma camisola branca e jeans. Descartei minhas Mary Janes 14 

pretas no corredor em meu caminho para a cozinha. 

Peguei uma cerveja na geladeira e a bebi enquanto abria a água no banheiro. No chuveiro, a 

água escaldava o estresse do encontro com as Dominaes de minha pele. Depois me enrolei em 

minha saída de banho favorita. A bainha curta da seda roçava contra minhas pernas enquanto eu 

caminhava de volta para a cozinha para pegar outra cerveja. 

Quando fechei a porta da geladeira, o ar subitamente se encheu de eletricidade. Através da mesa 

de café da manhã, vi um flash de luz verde e fumaça. Peguei minha arma no balcão da cozinha, e 

corri para a sala com meu coração disparado. Quando vi o que esperava por mim, a garrafa se 

espatifou no chão. Vidro quebrado e cerveja gelada escorriam por minhas pernas. 

O demônio olhou para mim com uma aparência feroz. Seus olhos tinham pupilas horizontais, e 

chifres pretos se projetavam de suas têmporas. Duas garras descansavam em seu quadril verde. 

Meu estômago sentiu como se eu estivesse engolido uma pedra congelada. Minha mente gritou 

para eu me mover, mas a mensagem se perdeu no caminho para minhas pernas. 

- Sabina Kane – sua voz tinha um efeito estranho de eco, como se viesse de outra dimensão. Um 

sorriso reptiliano surgiu em seus lábios. Isto não era uma visita social. Inclinei-me, pronta para a 

batalha. Eu nunca lutara com um demônio, mas ao diabo se eu iria ficar ali parada como uma 

atriz de algum filme B, esperando que ele me matasse. 

- Vai embora – eu apontei a arma para seu peito. 

- Temo que não possa fazer isso – ele disse. Pelo menos eu achava que era um homem. O 

coldpiece 15 de couro preto meio que dava uma indicação disso. Uma estaca de madeira apareceu 

em sua garra, um de seus lados entalhado com uma ponta. 

Isso não era um bom sinal. 

- Quem mandou você? – Eu lentamente dei um passo para a direita, tentando achar uma maneira 

de sair. Os olhos do demônio me seguiram. 

Ele não respondeu apenas se moveu alguns passos para frente. Eu fiquei onde estava, mas 

apertei ainda mais a pistola em minha mão. Eu não sabia se os projeteis de maçã 16 funcionavam 

em demônios, mas elas poderiam pelo menos o atrasar. Eu olhei para a estaca. O demônio iria 

precisar chegar perto para poder usá-la, enquanto eu tinha uma pistola. Engatilhei a arma e puxei 

o gatilho duas vezes. 

14 Sapato de que na maioria das vezes tem salto baixo. 

15 Coldpiece é uma peça de vestuário masculino que se usava nos séculos XV e XVI para cobrir os órgãos genitais. Por extensão, o nome é 

aplicado à abertura à frente das calças. 

16 Nesta história os vampiros possuem uma estranha alergia a maçãs. 



As balas rasgaram o peito do demônio. Ele piscou e olhou para baixo para os dois buracos 

que rapidamente estavam se curando. 

- Isso não foi nada gentil – a estaca desapareceu e um arco tomou seu lugar. 

O pânico me congelou no lugar. Meu cérebro gritava para eu correr, corra, corra. Ao invés disso, 

eu observei o demônio levantar o arco como que em câmera lenta. Abri minha boca para gritar, 

mas nenhum som saiu. A flecha voou pelo ar tão rapidamente, que mal pude vê-la, antes de 

atingir meu peito. Eu voei para trás quando a flecha atingiu meu corpo me jogando contra a 

parede. Registrei o impacto de alguma forma, mas minha mente estava muito ocupada lidando 

com o fato de que eu estava prestes a morrer. A qualquer momento meu corpo iria explodir em 

chamas, e eu estaria acabada. Poof. Nada mais que uma pilha de cinzas. 

Lágrimas quentes desceram por minhas bochechas quando fechei meus olhos esperando. Não 

havia dor. Apenas o choque, e o estranho senso do inevitável. 

- Por que você ainda não explodiu? – O demônio estava próximo agora, apenas alguns metros de 

distância. Abri um olho e olhei para a flecha. Sangue escorria ao local do local do impacto, bem 

acima de meu seio esquerdo. 

- Eu... Eu não sei – me manter de pé ficava mais difícil a cada segundo. 

- Ummm. Eu acho que vou ter que cravar uma estaca em você apenas por garantia. 

- Eu realmente preferiria que você não fizesse isso – eu disse – eu vou entrar em combustão a 

qualquer segundo. Concentrei-me na dor, que somente agora eu começava e perceber. Eu não 

me sentia como se estivesse prestes a entrar em combustão. Eu sentia mais como se uma droga 

de uma flecha houvesse atravessado o meu coração. Não era o melhor sentimento do mundo, 

mas eu tinha que imaginar que deveria ser fraca comparado a ter minha alma imortal sugada de 

meu corpo em uma morte terrível. 

O demônio se aproximou sem aviso, e arrancou a flecha de meu corpo. A maldita havia se 

alojado tão profundamente que fora preciso dois puxões fortes para tira-la. Eu grunhi de dor, e 

suor frio se formou em minha testa. A ponta da flecha finalmente saiu com um horrível som de 

sucção. Cai no chão e me curvei na posição fetal sobre a poça de cerveja. 

Pelo canto do olho, vi o demônio segurar a flecha contra a luz. Ele levou a ponta até a boca, e 

sua língua bifurcada saiu e provou o sangue. Meu sangue. Eu grunhi e fechei os olhos. Naquele 

momento quase desejei que ele me matasse. Não havia palavras para descrever a terrível dor. 

- Bem eu acho que é isso – os cascos do demônio batiam nas tabuas do assoalho. Senti que ele 

estava se aproximando – você está bem? 

Meus olhos se abriram. Meus poderes de cura, já estavam agindo rapidamente trabalhando dos 

ferimentos. 

- Se estou bem? – eu grite. – você acabou de atirar uma flecha em meu coração! 



- Ei, não é nada pessoal. 

Levantei até ficar sentada contra a parede. A dor estava desaparecendo, mas eu me sentia 

esgotada. Eu iria precisar de sangue para poder repor o que havia perdido, e logo. 

- Aqui vai uma sugestão – eu disse – da próxima vez que você quiser matar um vampiro, você 

deveria tentar usar madeira de uma macieira. 

O demônio fechou a cara. 

- Alô? O que você acha que sou? Um idiota? A flecha é de macieira. 

O pouco de sangue que ainda restava em meu cérebro, sumiu. 

- Você está errado. Se for de uma macieira, por que ainda estou viva? 

- Esta é uma questão de um milhão de dólares, não acha? 

- Quem te mandou? 

Ele ignorou minha pergunta e se inclinou para frente, olhando para mim. 

- Você deveria ter sido incinerada – ele cheirou o ar – espere um pouco, o que diabos você é? O 

teu cheiro é estranho. 

- Isso não é assunto teu, mas eu sou uma Lilim. 

- Você não cheira como uma – ele disse – vampiros cheiram a sangue. Você tem esse cheiro, 

mas tem algo mais. Sândalo? 

- Nossa, você se importa? – Eu disse – eu estava prestes a te dizer que sou apenas metade 

vampiro. Sou parte Mago. 

Os olhos dele se arregalaram. 

- Isso é uma merda. 

- E você diz isso pra mim. 

- Então, e agora? 

Eu estreitei meus olhos. 

- O que você quer dizer? Já que obviamente eu não posso te matar, você vai embora, e eu vou 

tentar descobrir quem te mandou para que eu possa matá-los. 

Ele cruzou os braços, batendo com o casco no chão. 



- Jesus, você realmente não sabe nada sobre isso não é? Eu não posso simplesmente 

decidir voltar para Irkalla. Tenho que ser enviado de volta. 

- Então, volte para a pessoa que te convocou – na verdade isso funcionaria melhor para o meu 

plano. 


- Não posso fazer isso. 

- Por que não? – Suspirei, irritada por tudo aquilo. 

- Duh! Eu ainda não encontrei com eles. Um minuto eu estava deitado ao lado de uma piscina de 

lava em Irkalla e a próxima coisa que sei, é que eu estava na sua sala. 

Senti minhas sobrancelhas se juntando. 

- Então como você sabe o que deve fazer? 

- Você tem certeza de que é metade Mago? Quero dizer, vocês aprendem tudo sobre como 

invocar um demônio desde a infância. 

- Me anime. 

Ele assentiu. 

- Quando a convocação acontece, o feitiço usado possui instruções codificadas. Nesse caso, eu 

sabia quais eram minhas ordens imediatamente. 

- E elas eram? 

- Para testar você. 

- E como teste, você quer dizer tentar me cremar? 

- Algo do tipo – ele raspou seus cascos no chão – como eu disse, não é nada pessoal. 

- Certo – pressionei as palmas de minhas mãos contra a parede, para me impulsionar para cima. 

Duas garras pegaram meu ombro para me ajudar. Desviei, determinada a não aceitar ajuda de 

alguém que acabara de tentar me matar. Podem me chamar de ingrata. – Tudo bem, então não 

sabemos quem te mandou, o que significa que não poderemos rastrear e fazer com que ele te 

mande de volta. Alguma outra idéia? 

Ele batia com o casco enquanto pensava. 

- Você não tem nenhum amigo mago, que possa te ajudar? 

- Eu não conheço nenhum mago. 



Seus olhos de cabra se alargaram. 

- Como pode não conhecer nenhum mago? Você é um deles. 

- Sou apenas metade, lembra? Meu pai mago morreu antes de eu nascer, e a família vampiresca 

de minha mãe, me criou – eu não sabia por que eu estava contando para o demônio a historia de 

minha família. Eu tinha que descobrir como mandá-lo para fora de minha casa. Imediatamente. 

Me arrastei até o sofá. O demônio começou a caminhar pela sala, checando o lugar, enquanto eu 

considerava as opções. Eu não poderia ligar para minha avó pois ela ficaria furiosa. Se eu tivesse 

que adivinhar, a flecha de macieira não havia me matado por eu ser metade mago. Vamos 

apenas dizer que minha avó não gosta exatamente de ser lembrada de meu lado mago. Olhei 

para o relógio. O nascer do sol estava a apenas meia hora. Não havia nada que eu pudesse fazer 

com a escuridão que me restava. Eu teria que cuidar disso amanhã. 

- Olhe, enquanto você estiver preso aqui, poderia pelo menos me dizer seu nome – o demônio se 

virou de onde estava mexendo em minha correspondência. 

- Eu sou Giguhl. 

- Sabina – eu apertei sua garra, mas retirei minha mão rapidamente, totalmente apavorada pelo 

frio de sua pele escamosa. 

- Encantado. 

- Prometo achar uma maneira de mandá-lo de volta, assim que puder. Mas até lá, temo que você 

esteja preso aqui. 

Ele assentiu e sacudiu a cabeça. 

- Isso é uma droga. 

- Olhe, não é como se eu tivesse pedido para você vir aqui, sabe. A última coisa que preciso é um 

demônio dormindo no meu sofá. Tenho problemas maiores, para lidar agora – como descobrir 

quem poderia ter invocado um demônio para tentar me matar. E descobrir por que eu não fora 

morta por aquela flecha de macieira. Oh! E ainda havia toda aquela coisa de me infiltrar – na seita 

de Clovis – para que eu pudesse matá-lo. Minhas têmporas começaram a latejar se juntando a 

dor que irradiava em meu peito. 

- Você tem alguém que poderia te ajudar? 

- Não eu não tenho. Esta é minha primeira vez neste reino, se você deseja saber. E não me 

venha com essa atitude – ele cruzou seus braços maciços e fechou a cara para mim – eu 

também não pedi por isso. Eu estava cuidando de meus próprios negócios e a próxima coisa que 

sei eu estava aqui neste lugar esquecido por deus – ele olhou ao redor de minha casa com a 

mesma expressão, que eu imagino que faria se eu estivesse presa em Irkalla. 



- Tudo bem, ótimo. Nós dois estamos perdidos. Se você prometer não tentar me matar 

novamente, eu te prometo achar como te mandar para casa. Fechado? 

- Fechado – ele disse – agora sobre dormir no sofá – ele se virou e levantou suas sobrancelhas 

grossas e verdes para mim – você estava brincando, certo? 



Capítulo Cinco 

Quando acordei na noite seguinte, Giguhl estava sentado no mesmo lugar que eu o havia deixado 

na manhã anterior. Seus olhos estavam vermelhos e ligeiramente desfocados de olhar para a 

televisão durante horas. 

- Me diga que você não ficou assistindo TV durante o dia todo? – Eu não deveria ter me 

incomodado de perguntar. Pelas garrafas de cerveja espalhadas como se ele tivesse desmaiado 

de tanto beber, e os farelos dos biscoitos de queijo espalhados por seu rosto e peito, eu estava 

certa do que ele andara fazendo. 

- Humanos são estranhos – ele apontou para a TV, onde a MTV estava passando uma maratona 

de O mundo real. 

- Um, é, eu acho que são – foi quando vi minha carteira aberta sobre a mesa de centro ao lado do 

telefone. Caminhei e peguei meu cartão de crédito, que estava coberto por uma quantia generosa 

de uma gosma laranja. 

- O que você andou fazendo com o meu cartão de crédito? 

- Oh. Eu só comprei algumas coisas do canal de vendas. 

Eu parei e contei até dez, tentando me lembrar que ele era novo neste mundo. 

- Você o que? 

Ele se sentou. 

- Você não acreditaria nos produtos incríveis que eles vendem. 

- Quanto? 

- O que? – A atenção dele havia voltado para a TV, onde um sujeito estava vomitando em um 

arbusto. Eca. 

Peguei o controle remoto e desliguei a TV. 

- Ei, me devolve isso. 

Caminhei para trás, colocando o controle nas minhas costas. 

- Eu disse quanto dinheiro você gastou? 

- Ah Sabina relaxa. O Ab Blaster 17 são só dez leves pagamentos de nove e noventa e nove. 

Eu olhei para ele por um momento. 

17 Equipamento para ginástica. 



- Por que diabos você precisa de um Ab Blaster? 

- Eu comprei isso para você – ele disse apontando para meu corpo. 

- Meus músculos estão ótimos, obrigada. Agora ligue e cancele a compra. 

- Não, não posso fazer isso. Todas as vendas são definitivas. 

- E isso é tudo o que você comprou? 

Seus olhos se desviaram para a esquerda. 

- Um. 

Serrei meus dentes. 

- O que mais? 

- Um super Mega Juicer 18 , – ele disse rapidamente.– mas Sabina, serio aquela centrifuga é uma 

maquina milagrosa. 

- Eu sou um vampiro, Giguhl. Os únicos líquidos que bebo são sangue e álcool. Eu não bebo 

suco. 

- Você deveria reconsiderar um pouco de fibras em sua dieta. De acordo com o comercial, um 

aumento de fibras te ajudaria as ser mais regular. 

A última coisa que eu gostaria de discutir era minha ingestão de fibras com uma droga de um 

demônio. Peguei meu cartão de crédito e o coloquei de volta na minha carteira. Era uma pena eu 

não poder matá-lo. 

- Eu tenho que sair, e vou levar isso comigo para que você não possa comprar mais nada. 

Ele deu um tapinha na cabeça com um de seus cascos em formato de dedo. 

- Eu já memorizei. 

- Merda – mesmo incomodada como estava, eu precisava arranjar algumas coisas. Se deixar ele 

encher minha casa de porcarias dos comercias irá mantê-lo longe de mim, poderia até valer a 

pena o gasto – tudo bem, somente não gaste demais. E não deixe a casa. Não acho que Los 

Angeles esteja preparada para você. 

- Para onde você vai? 

- Eu tenho que encontrar com alguém, que poderá ser capaz de me ajudar a descobrir como te 

mandar de volta para casa. 

18 Centrifuga para triturar frutas e legumes para fazer sucos. 



- Legal. Você poderia comprar mais cerveja enquanto estiver fora? 

- Eu tinha uma caixa com doze na geladeira à noite passada! 

- O que posso dizer? Fazer comprar me deixa com sede. 

Virei e caminhei para a porta antes que acabasse estourando uma artéria. Como se eu já não 

tivesse o suficiente em meu prato sem um demônio aumentando o gasto de meu cartão de 

crédito, e bebendo toda a minha cerveja. Apenas depois que fechei a porta ele gritou. 

- E traga mais salgadinhos de queijo! 

Malditos demônios. 

O Sepulcro não abriria antes das nove, então quando parei em frente ao prédio, as luzes estavam 

apagadas. Eu sabia que Ewan estaria em seu escritório nos fundos, fazendo o que quer que ele 

precisasse fazer para preparar o bar para abrir. Olhei na janela e não vi nenhum movimento. 

Depois de bater por alguns minutos, decidi tentar a porta dos fundos. 

A porta de metal no beco estava entreaberta. Segurei a beirada e a abri, pegando minha arma em 

caso de haver algum problema. Segui pelo corredor, minhas botas se prendiam no chão. O 

escritório de Ewan estava com a porta fechada, mas havia luz aparecendo sob ela e iluminando o 

corredor escuro. Escutei um murmurar seguindo de um grunhido. Segurei a maçaneta e abri a 

porta. 

Não tenho certeza de que meus olhos irão se recuperar da cena que me recebeu. As nádegas 

nuas de Ewan estavam como um farol na luz fraca. Ele tinha uma mão sobre seu quadril e a outra 

no topo da cabeça de alguém. Sua cabeça estava caída para trás. A pessoa ajoelhada a sua 

frente estava usando um terno listrado e sapatos pretos. Realizando no que eu havia entrado, 

quase engasguei. Ewan se virou. Seu rosto passando do êxtase para o choque. 

- Dê o fora daqui! 

Retrocedi rapidamente e fechei a porta. Minha boca permanecia aberta enquanto me recostava 

contra a parede. Eu não estava chocada por Ewan ser gay. Ao invés disso, eu estava surpresa 

pelo fato dele ter qualquer tipo de vida sexual. Ewan parecia sempre estar pronto para recolher e 

espalhar informações, estratégicas. 

Mas acho que até mesmo os fofoqueiros possuem suas necessidades. 

Vozes baixas vieram do lado de dentro da porta. Considerei ir embora, mas, apesar de estar 

envergonhada, eu precisava da ajuda de Ewan. Já que precisava que todos pensassem que eu 

estava me separando das Dominae, Ewan era a pessoa perfeita para isso. Tudo o que eu tinha 

que fazer era convencê-lo de que eu estava cansada de toda aquela merda das Dominae, e ele 

iria cuidar do restante contando para todos o que ele sabia. Com sorte, assim que a história se 

espalhar, ela chegaria até Clovis e ele viria até mim. 



Alguns momentos depois, a porta se abriu. Eu não estava certa de quem eu esperava que 

fosse o amigo de Ewan, mas com certeza eu não esperava quem saiu por aquela porta. 

- Conselheira Vera – tentei manter o choque longe da minha voz, mas não era fácil. Com seu 

perfeito corte de cabelo e penteado de executivo (um pouco amarrotado no momento) e sua 

aderência restrita às leis das Dominaes, ele sempre pareceu ter uma estaca cravada em seu 

traseiro. Acho que eu não estava muito longe da verdade com essa avaliação, afinal de contas. 

Eu quase sorri, mas me contive. Não havia motivo de deixar o homem ainda mais envergonhado. 

As suas bochechas já estavam queimando. 

- Sabina – ele disse de uma maneira estranha – eu não acho que preciso lhe dizer como seria 

prejudicial se essa... Indiscrição... Viesse a publico. 

- Não precisa falar mais nada – fiz uma mímica de girar uma chave sobre os lábios – eles estão 

selados. 

A tensão em seus ombros pareceu diminuir um pouco. 

- Obrigado. 

Eu assenti, sem ter certeza no que mais falar. A situação definitivamente pedia por alguma piada 

sem graça, mas eu me controlei. Ele correu em direção a porta traseira. O observei indo embora, 

pensando como Ewan havia conseguido seduzir o mais conservador membro do subconselho. 

Com uma careta, decidi que não era assunto meu. A menos que em algum momento eu pudesse 

usar o assunto para chantagear Ewan. 

Respirei fundo, e me dirigi para o escritório de Ewan. Suas calças não estavam mais ao redor de 

seus tornozelos. Ao invés, ele estava completamente vestido reclinado contra a mesa, fumando 

um cigarro, como um clichê barato. 

Ele olhou para cima e exalou uma nuvem de fumaça. 

- Acho que te mandei ir embora. 

Caminhei para frente com um pequeno sorriso no canto de minha boca. 

- Ah, você estava se referindo ao prédio? Pensei que você queria que eu saísse do escritório para 

que ele pudesse terminar. 

- Você é uma dor no traseiro sabia disso? 

- Foi o que me falaram – inclinei-me na mesa próxima a ele – então... Nicolo Vera, hein? 

Ele deu outra tragada. 

- Sim, e... – ele soprou a fumaça na minha cara. 



- O que? – Eu cocei meu nariz e abanei a fumaça – só estou surpresa só isso. Não sobre 

a parte gay – eu disse rapidamente. Ewan levantou uma sobrancelha – é que ele é tão, não sei 

conservador. 

Ewan cruzou os braços e me encarou. 

- Eu também estou surpreso. 

- Você esta? 

- Sim, estou surpreso que você tem coragem de aparecer aqui, depois de mentir para mim na 

outra noite. 

Mordi meu lábio considerando como manejar isso. Se eu não fosse cuidadosa ele saberia que o 

estou usando. 

- Eu não estava pronta para falar sobre aquilo. Eu tinha algumas merdas para lidar. 

- Que tipo de merdas? 

Cruzei meus braços. 

- Posso ser honesta com você? 

Ele amassou o cigarro em um cinzeiro e assentiu. Eu tinha sua total atenção. Agora que ele 

pensava que eu tinha um segredo para compartilhar. 

- Tenho certeza que você já ouviu sobre minha suspensão. 

- Sim. Por falar nisso, obrigado por matar aquele idiota no meu clube. O grupo de força das 

Dominae apareceu para investigar mais tarde naquela noite. 

Eu fiz uma careta. 

- Sinto muito – ele deu de ombros e balançou uma mão para que eu continuasse – de qualquer 

forma, essa suspensão é uma idiotice. Quanto mais penso sobre isso, mais imagino que deveria 

me afastar. 

- Se afastar? O que você quer dizer com isso? 

- Acho que talvez seja hora para mim, sair por conta própria. Sair das mãos das Dominae. 

- Como uma mercenária? 

- Alguma coisa assim – eu disse, secretamente sorrindo por ele estar pegando a isca. 

– Olhe, eu tenho algumas dúvidas sobre a história do David. Eu não te contei sobre isso na outra 

noite, porque a culpa estava me devorando. Então no topo disso, elas me puniram por me 



defender? – Balancei minha cabeça, interpretando – me peguei pensando que talvez seja 

hora para mim me virar sozinha. 

- Sabina você não deveria falar sobre isso. Se as Dominae... A sua avó... Descobrir que você esta 

pensando em abandoná-las, elas irão surtar. 

Parei e comecei a falar. 

- Eu não ligo – cerrei meus dentes – e aceitei todas aquelas merdas minha vida toda. Estou 

cansada de ser lembrada do quanto o meu sangue misto é uma vergonha para elas. Estou 

cansada de fazer o trabalho sujo das Dominae. Cansada de não ter uma vida. 

- Merda. Você esta falando a verdade, não é? – Ele acendeu outro cigarro e inalou 

profundamente. 

Balancei meu pulso mentalmente, impressionada em como fora fácil convencê-lo de minha 

história. Talvez se ele não tivesse acabado de se divertir, não seria tão fácil fazer com que ele 

acreditasse. Ou talvez eu fosse melhor atriz do que imaginava. De qualquer maneira, estava 

funcionando. Mudei minha feição para uma expressão mais severa e continuei. 

- Sei que não será fácil. Do jeito que as coisas estão no momento em que descobrirem que irei 

sozinha, provavelmente terei que desaparecer por algum tempo. 

- Para quem mais você contou? – Ele perguntou expirando. Essa pergunta não era por 

preocupação com meu bem estar, ele somente queria ter certeza de ser o único a ter a noticia. 

- Ninguém mais – eu disse – minha suspensão é por um mês, mas provavelmente vou começar a 

procurar por trabalho antes disso. A história vai se espalhar bem rápido depois disso. 

Ewan olhou para seu relógio. 

- Olhe, tenho que abrir o bar em meia hora. Você gostaria de esperar para ver se podemos 

formular um plano? 

Balancei minha cabeça. 

- Tenho que resolver isso sozinha. Mas preciso de um favor. 

- Pode falar. 

- O que você sabe sobre demônios? 

Ewan não fora capaz de espalhar muita luz, em meu pequeno problema com o demônio. É claro 

que não é como se eu pudesse contar toda minha história. Eu apenas disse que um amigo 

precisava se livrar de um demônio. Ele me indicou a Lua vermelha, por que ele escutou que o 

mago dono do lugar é especialista em demônios. 



Eu não podia acreditar que ele engolira aquela mentira sobre meu amigo, sem contar 

naquela que eu contara sobre me afastar das Dominae. Eu não estava certa se eu era apenas 

uma boa atriz, ou se sua ingenuidade proveio do brilho de sua pós relação, mas eu não iria 

discutir meu êxito. Ele provavelmente começaria a espalhar a história no momento que eu 

partisse. Metade dos vampiros na Califórnia já estariam discutindo sobre minha pequena rebelião, 

no momento em que eu estacionasse em frente ao Lua vermelha. 

O letreiro da loja estava pendurado em um arco entre dois prédios. O túnel levava a um pátio 

repleto de estatuas, pequenos bancos de pedras, e fontes borbulhantes cercadas de heras. O 

jardim secreto cheirava a alecrim, salvia, e outras ervas que eu não podia identificar. Pequenas 

luzes piscavam presas em mais heras, que estavam penduradas sobre a porta da frente. Entrei, 

imaginando quais outras surpresas essa loja ofereceria. 

No interior música suave emanava através do local, que cheirava a incenso e cera de vela. Em 

um canto afastado, um fogo crepitava em uma pequena lareira de pedra. Duas cadeiras de 

balanço estavam de cada lado do fogo. Cada centímetro do lugar estava cheio de tesouros, de 

implementos para magia e velas, e óleos essenciais á livros. Rosas e ervas secas, estavam 

penduradas no teto em pequenos pacotes. Eu deveria me sentir claustrofóbica com todas aquelas 

coisas, mas ao invés, achei o lugar charmoso. Parecia que eu havia entrado na casa de um 

Hobbit ao invés de um lugar de negócios. Eu certamente não me sentia mais em Los Angeles. 

Caminhei até o balcão da frente e bati no pequeno sino próximo a caixa registradora. Uma voz 

chamou de trás de uma cortina púrpura, perto dos fundos da loja. 

- Logo irei lhe atender. 

Me encostei no balcão, pensando se eu estaria cometendo um erro. Vampiros e magos não eram 

exatamente amigos, e eu não estava certa o quão prestativo ele seria quando lhe contasse sobre 

meu atual problema. 

A cortina se abriu, revelando um homem de cabelos pretos que parecia estar em seus quarenta e 

poucos anos. Seu sorriso de boas vindas se dissolveu quando me viu. 

- Posso ajudá-la? – Seu tom brusco confirmou minhas suspeitas. 

Ele estava próximo agora, então respirei fundo. Como o esperado, a essência reveladora de 

sândalo sobrepujou os cheiros das ervas e dos elixires. Seus olhos vagavam quando parou na 

minha frente. 

- Você é um mago? – Isso com certeza era apenas conversa. Além do distinto cheiro de sândalo, 

alguma coisa na maneira em que ele caminhava me dizia que ele era poderoso. Talvez fosse a 

sua aura, ou sua postura. Eu não podia colocar meu dedo nisso, mas eu sabia que ele era 

alguém com quem não se podia brincar. 

Ele assentiu cortesmente. 

- Sim, e vampiros não são bem vindo a essa loja – ele se virou para partir, mas parou 

rapidamente. Ele virou a cabeça e cheirou o ar – espere um minuto – quem diabos é você? 



- Tenho o sangue misto – eu disse. 

Seus olhos se alargaram. 

- Impossível. 

Cruzei meus braços. 

- Na verdade, é bem possível. 

Ele pareceu considerar isso e ponderar por um momento. 

- O que você quer? 

- Tenho problemas com um demônio – Oh, deus eu realmente fiz isso? 

- De que tipo? 

- Bem – comecei a brincar com uma estatua de Isis. Os olhos dele se desviaram para minhas 

mãos desaprovadoramente. Baixei a estatua e limpei minha garganta – alguém convocou um 

demônio para me matar. Sobrevivi e agora estou presa com ele. 

- Você disse que é metade mago, certo? 

Olhei em outra direção. 

- Sim, mas nunca tive nenhum tipo de treinamento. 

- Você sabe como convocar um demônio? 

- Não. 

- Sinto muito dona, você está ferrada – ele começou a se afastar novamente, mas eu o segurei. 

- Espere! O que você quer dizer? 

Ele se virou lentamente, obviamente irritado. 

- Apenas quem convocou ou a vitima pode devolver o demônio – ele balançou seus ombros 

magros – boa noite! Ele se moveu para partir novamente, como se não pudesse suportar ficar no 

mesmo aposento que eu. 

- Espere – minha cabeça começava a latejar – você está me dizendo que não há nenhuma 

maneira de mandar esse demônio de volta para Irkalla? 

Ele cruzou os braços. 



- Por um acaso eu gaguejei? 

Meu coração se apertou. Olhei ao redor para as prateleiras cheias de poeira, livros com capas de 

couro, como se uma de suas capas fosse me oferecer uma resposta. 

- Olhe, você quer meu conselho? Se acostume em ter um demônio por perto. Por que sem a 

pessoa que o chamou você está ferrada. 

Me recostei no balcão. Giguhl irá pirar quando contar para ele, que não posso enviá-lo para casa. 

- Você poderia me falar como mandá-lo de volta? 

O mago resmungou. 

- A arte de chamar demônios, demora anos para se aprender. 

- Não há um livro do tipo convocação de demônios para idiotas, ou algo do tipo? 

Ele fechou a cara para mim, obviamente insultado. 

- Boa noite. 

Virei para partir, mas algo brilhante chamou minha atenção, para a prateleira atrás do balcão. 

- Espere. O que é aquilo? – Eu apontei para um amuleto. 

Ele caminhou para o balcão com um longo suspiro. Quando viu para o que eu estava apontando 

seus olhos se arregalaram. 

- Você pode ver isso? 

Olhei para ele como se ele fosse uma garrafa menor que as outras em pacote com doze. 

- É, claro que posso. O que é isso? 

A boca dele se abriu com seu choque evidente. 

- Você não deveria ser capaz de ver isso. 

- Mas eu obviamente posso. 

Ele me encarou por um momento, com uma nova expressão em seus olhos. Interesse. 

- Isso – ele disse, pegando o amuleto – é o amuleto de Lilith. 

O item em questão era feito de ouro maciço. Brilhava na luz fraca como que se iluminada 

internamente. O metal era moldado no formato de uma estrela de oito pontas. Um símbolo que eu 

conhecia muito bem. 



- O amuleto de Lilith? 

Ele limpou a garganta e olhou ao redor nervoso. Eu olhei ao redor também, me questionando 

sobre sua sanidade, já que estávamos completamente sozinhos na loja. Ele abanou sua mão 

para me aproximar. 

- O amuleto de Lilith – ele sussurrou – é usado pelos membros da Casta de Nod – ele disse isso 

com um tom dramático. Quando simplesmente continuei a olhar, ele continuou – a Casta é uma 

sociedade secreta, que dizem os rumores, são os protetores do Preascarium Lilitu. 

Eu sorri, lembrando das histórias melodramáticas sobre a Casta, trocadas entre os iniciantes da 

escola. 

- Isso é um mito. 

Ele levantou uma sobrancelha desafiadoramente. 

- Oh, eu lhe garanto, que é bem real – ele levantou o amuleto, que girou sobre uma vela na mesa 

– isso veio para mim, através de uma fada cuja mãe era membro da Casta. 

- Quanto você quer por isso? – Eu não tinha idéia do porque de querer aquilo. Talvez eu sentisse 

que o medalhão me daria alguma pista sobre a marca de nascença em minhas costas. Talvez eu 

apenas o achasse bonitinho. Tudo o que sabia era que me sentia estranhamente compelida em 

possuí-lo. 

Ele puxou o amuleto de volta. 

- Não está a venda. É por isso que coloquei um feitiço de camuflagem sobre ele – seus olhos 

vagaram – o que me trás de volta a questão, de como você pode ver isso? 

Dei de ombros. 

- Talvez seu feitiço tenha falhado. 

Ele fez uma careta. 

- Meus encantamentos nunca falham. Você tem certeza que não é um membro da Casta? 

Eu ri. 

- Se eles existem, você sinceramente acha que eles iriam escolher uma sangue misto como 

membro? 

- Bom argumento – ele disse – ainda assim, é estranho. 

- Tanto faz – eu disse, sentindo desconforto com o seu olhar – você tem certeza que não quer 

vender isso para mim? 



Ele colocou o amuleto no bolso de seu casaco. 

- Sim. 

Considerei por um momento roubar o amuleto dele, mas eu não queria mexer com sua magia. 

- Bem, obrigado por nada. 

- Agora, adeus. E escute, não conte a ninguém sobre o amuleto. Não quero todos os vampiros, 

fadas, e magos, vindo aqui para perguntar sobre isso. 

Concordei e caminhei em direção a porta, confusa. Entrara querendo saber como me livrar de um 

demônio, e sai com ainda mais perguntas. O mago falando sobre a Casta me deixou nervosa. Eu 

já havia escutado sobre isso, é claro. Crianças vampiros são alertadas pelos pais sobre a Casta. 

Eles eram a versão sombria do bicho papão. Quebre as leis sagradas e a Casta irá te punir. Mas 

o mago na loja, parecia convencido da existência da Casta. Pensei sobre a marca em minhas 

costas, e um arrepio passou por minha coluna. 

A marca de nascença poderia ter alguma ligação com o fato de eu poder ver o amuleto apesar do 

feitiço? 

Havia apenas um lugar que eu poderia ir com essas perguntas, mas eu teria que adiar a reunião 

com minha avó ate fazer contato com o pessoal do Clovis. Para que isso acontecesse, eu podia 

apenas contar que Ewan estava ocupado trabalhando com sua própria porção de magia. 



Capítulo Seis 

Duas noites depois, parei no estacionamento do Phantasmagoria, um clube localizado em um 

cinema restaurado em Wilshire. Deixei Giguhl em casa no sofá assistindo televisão. Sua mais 

recente compra havia sido um conjunto de facas de cozinha Ninja, e algo chamado Venus Cream, 

o qual ele me explicou iria transformar minha vida sexual. Por mais que eu apreciasse a sua 

preocupação pela qualidade de meus orgasmos, realmente precisava me livrar dele antes que 

acabasse com meus cartões de crédito. No meio tempo, espero que as compras o mantenham 

longe de problemas. 

Quando caminhei além da pista em direção a entrada do clube, um movimento na marquise do 

neon me chamou a atenção. Uma coruja branca parecia estar me observando, com seus olhos 

vermelhos e vidrados. Parei e olhei para ela. Quais eram as chances de ver duas corujas brancas 

na mesma semana? Alguma coisa me disse que eram poucas. Enquanto eu observava, a coruja 

abriu suas asas e mergulhou para longe do prédio. Ela voou sobre mim e desapareceu na noite. 

Balancei minha cabeça, imaginando o que havia feito para merecer tanta complicação em minha 

vida. Nas últimas duas noite, apareci em vários bares de vampiros na grande Los Angeles. Em 

cada, eu tinha dois objetivos. Primeiro, precisava confirmar os rumores que eu havia plantado 

com Ewan. Segundo, tentava conseguir informações sobre Clovis e fazer contato com seu 

pessoal. Até o momento Ewan havia feito seu trabalho, mas o segundo objetivo estava 

completamente frustrado. Se eu não fizesse contato com Clovis logo, terei que bolar outro plano. 

E apenas Lilith sabe o que será. 

O que consegui ao invés disso foi muito sofrimento. Aparentemente, quando as noticias se 

espalharam, cada vampiro com algo para provar havia decidido que eu precisava ser punida. E 

isso era uma porcaria. 

Quando me aproximei da porta da frente, pensei em como minha lista de coisas para fazer estava 

aumentando, e eu não estava fazendo muito progresso. O porteiro acessou para mim, para o 

desanimo das pessoas que continuavam atrás das barras de metal. Tudo o que eu queria fazer 

era o meu trabalho, e ao invés disso acabei matando mais dois vampiros e ferindo alguns outros. 

Para completar, fui banida de pelo menos dois clubes por que os donos estavam preocupados 

que as Dominae poderiam puni-los por permitir minha entrada. 

E agora eu tinha uma porcaria de uma coruja de olhos vermelhos me seguindo. Sem mencionar 

um demônio colega de quarto enviado por algum mago esquisito. Em outras palavras, eu tinha 

um prato cheio de porcaria para me importar. 

Continuei pelo que costumava ser o saguão do antigo cinema. Agora era usado como a área do 

bar. O estilo Art déco 19 do prédio antigo fora preservado. As paredes eram pintadas da cor de 

sangue seco com luminárias com vidros âmbar que dava ao lugar uma claridade quente. No 

saguão a música que tocava no salão de baile ecoava. Vários clientes se demoravam no saguão, 

descansando entre as danças, seus corpos ensopados de suor preguiçosamente estirados em 

canapés ao longo da parede. 

19 Art Déco foi um movimento popular internacional de design de 1925 até 1939, que afectou as artes decorativas, a arquitectura, design interior e 

desenho industrial, assim como as artes visuais, a moda, a pintura, as artes gráficas e cinema. 



Ao invés de seguir para o salão de baile, optei pelo elevador me levando diretamente para a área 

vip. Outro porteiro sentado em um banco estava na frente da porta do elevador. 

- Nome? – Ele perguntou sem tirar os olhos de sua revista. 

- Sabina Kane. 

Sua cabeça rapidamente se levantou e seus olhos se apertaram na luz fraca. Ele obviamente era 

um vampiro, desde que a área vip era reservada para nossa raça. 

- Senha? – Ele falou ainda me olhando. 

- Rasputin 20 . – Eu disse. Era comum para esses clubes de vampiros usar nomes de vampiros 

históricos como senha. Desde que muitos humanos não sabem que essas figuras famosas eram 

vampiros é pouco provável que adivinhassem a senha. 

O porteiro concordou e apertou um botão na parede. A porta abriu imediatamente. Comecei a 

entrar no elevador, mas ele me parou com sua mão calosa em meu braço. 

- Você precisa deixar suas armas. 

Olhei para ele com minha melhor expressão “me faça entregar”, mas ele não pareceu 

impressionado. Finalmente consentindo, retirei minha arma do coldre, onde estava escondida por 

meu casaco de couro. Entregar minha arma me fez sentir como se estivesse nua, mas eu ainda 

tinha minha estaca na bota. 

Ele pegou a arma e me entregou um tíquete, para que eu a pegasse na saída. O porteiro pegou 

sua revista e me dispensou com um aceno de mão. 

Quando as portas reabriram, o baixo profundo som da música Techno tremia em meu corpo. Os 

ocasionais lazeres vermelhos pontuavam a escuridão, e uma nuvem pairava sobre as 

sobrecarregadas á maquinas com fumo. A área vip era um largo balcão acima da pista de dança. 

Mais abaixo os corpos se retorciam dançando de baixo de dois enormes candelabros. 

Caminhei passando o gradeado em direção ao bar na parede do fundo. A maioria dos vampiros 

esperando por suas bebidas eram jovens. Eles tendem a gostar de clubes góticos como este 

porque os clientes são mais facilmente seduzidos. 

Abri caminho até um espaço vago e esperei para ser atendida. Alguns vampiros olhavam de 

relance em minha direção, curiosos. Não vi nenhum rosto familiar, então os ignorei. 

Depois de alguns minutos, o atendente finalmente pareceu me notar. 

- O que vai ser? 

20 Grigoriy Yefimovich Rasputin místico russo, nasceu dia 23 de janeiro de 1864. Por volta de 1905, a sua já conhecida reputação de místico 

introduziu-o no círculo restrito da Corte imperial russa, onde diz-se que Rasputin chega mesmo a salvar Alexei Romanov, o filho do czar, de 

hemofilia. 



- A positivo com uma dose de vodka – eu disse. 

Ele parou. 

- O que? 

- A positivo – eu anunciei – com uma dose de vodka. 

- Nós não servimos sangue aqui – ele disse isso como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. 

- Por que não? – Perguntei – vocês costumavam servir. 

- Alguns mortais estão conseguindo a senha, de alguma maneira, então temos que ser mais 

cuidadosos – ele disse. 

Malditos mortais. 

- Ótimo – eu disse – apenas a vodka então. 

Quando a bebida finalmente chegou, vi duas cadeiras livres perto da balaustrada. Sentei em uma, 

o que me ofereceu uma boa vista de ambos, a área vip e a pista de dança mais abaixo. Mais 

alguns vampiros estavam próximos a balaustrada, observando refeições em potencial mais 

abaixo. 

Não demorou para chegar companhia. 

- Então você é a famosa Sabina Kane – apesar da música alta, o escutei perfeitamente, tomando 

nota do leve sotaque. Ele usava uma camisa de seda aberta na garganta para revelar uma 

corrente de ouro. Uma argola combinando balançava em sua orelha direita. Combinando com o 

sotaque, o efeito total gritava: lixo europeu. 

Tomei um gole de minha vodka. 

- Olha se matei algum membro da tua família, você vai ter que entrar na fila. 

Ele sorriu. 

- Não nada disso. Permita que eu me apresente. Franco Allegheri, ao seu dispor – ele disse com 

um pequeno floreio. O movimento fez com que uma nuvem de perfume se movesse em minha 

direção. Fiz uma careta, enjoada com o cheiro de Musk. 

Cruzei minha bota sobre meu joelho protegido pelo jeans. 

- Sinto muito Frank, mas não estou procurando ninguém para me servir esta noite. 

Ele fez uma careta quando usei a versão americanizada de seu nome, mas não me corrigiu. 



- Você não entendeu. Represento alguém que quer contratar os teus serviços – ele se 

moveu para ocupar a cadeira próxima a minha – posso sentar? 

Encolhi os ombros. Por dentro, fiz uma pequena dança da vitória. Se meu palpite estivesse 

correto, o garoto Frank trabalhava para Clovis. 

Ele sentou no banco na minha frente. Esperei que uma garçonete viesse anotar seu pedido. Ele 

pediu por um Martini, o que me deixou com sérias dúvidas sobre seu caráter. Depois que ela 

partiu, bebi meu drink e esperei. 

- Meu patrão – ele começou. 

- E quem seria ele? 

Ele sorriu novamente, uma expressão apertada totalmente desprovida de amizade. 

- Não tenho a liberdade de divulgar sua identidade no momento. 

Inclinei meu corpo para frente, terminando minha bebida antes de falar. 

- Bem, Frank, eu não tenho a liberdade de discutir minhas atividades com um estranho. 

Ele assentiu. 

- Ajudaria se eu mencionasse que meu empregador e você possuem um amigo em comum? 

- Depende do amigo. 

- David Duchamp. 

Meu estômago se contraiu. Eu havia conseguido evitar pensar sobre David até agora. Eu não 

apreciava a lembrança. 

- Meu empregador gostaria de enviar suas condolências sobre o recente falecimento do Sr. 

Duchamp. 

Assenti lentamente, me perguntando o quanto Clovis sabia sobre as circunstâncias que cercavam 

a morte de David. 

- Meu chefe também gostaria que você soubesse de que ele está ciente que você estava 

somente seguindo ordens. Ele não te responsabiliza pela morte do senhor Duchamp. 

Bem, isso respondia minha pergunta. 

- Cara, isso é um alivio – eu disse – mas eu não matei David. 

Frank me mandou um olhar, claramente indicando que ambos sabíamos que era mentira. 



- No entanto, meu empregador gostaria de lhe oferecer sua amizade. 

- Beneficios mútuos? 

- Com certeza – ele concordou – meu empregador, gostaria de te ofertar proteção contra as 

dominaes e outros elementos perigosos em retorno aos seus serviços. 

Então eu ri. 

- E o que faz ele pensar que preciso de proteção? 

- Você não acabou de deixar implícito que tem um bando de vampiros raivosos esperando para 

conseguir vingança sobre o que você fez no passado. 

- Verdade – eu disse – mas lembra daqueles talentos que você mencionou? 

Ele se mexeu em seu assento. 

- Por favor entenda. Eu não pretendia sugerir que você não pode tomar conta de si mesma. 

Entretanto devido às circunstancias mais o seu... Devemos falar descendência questionável, meu 

empregador acha que você se beneficiaria com uma aliança com a causa dele. 

Meus olhos se estreitaram. 

- Escuta aqui seu idiota, minha descendência questionável, não é da conta do teu empregador. 

Isso significa que isso está acabado – levantei para partir. Como o esperado Frank se levantou e 

segurou meu braço. 

- Espere – ele disse. – me perdoe se a ofendi. Por favor sente-se. Há mais. 

Parei como se estivesse pensando sobre minha decisão. Finalmente, fingi estar relutante 

enquanto sentava, acenando para que ele continuasse. 

- Eu tinha uma razão para trazer a tona a sua linhagem mista – ele começou – você vê meu 

empregador está tentando acabar com a eterna tenção entre os vampiros e a população dos 

magos. Ele acredita que podemos todos coexistir pacificamente. 

A garçonete trouxe minha cerveja. Acenei para ele continuar depois que ela partiu. Eu precisava 

beber, se tivesse que ficar sentada agüentando um discurso sobre como todas as raças da 

escuridão deveriam dar as mãos e cantar “Joy to the World”. 

- Como você é das duas raças, meu empregador pensou que talvez pudesse ser aberta a suas 

idéias. 

- Ele se enganou. 

Frank sorriu. 



- Talvez você irá considerar se reunir com meu empregador de qualquer maneira. Eu acho 

que você irá considerar as idéias dele bem revolucionarias. 

Bebi minha cerveja, fingindo pensar sobre isso. Por dentro, eu estava mentalmente criando uma 

lista de coisas para arrumar. Talvez eu comprasse um novo impermeável para toda aquela névoa 

em Sam Francisco. 

- Eu não sei – eu disse – me sentiria melhor se soubesse quem o teu chefe é. 

A mandíbula de Frank se cerrou. Eu podia dizer que ele estava perdendo a paciência. Ele 

assentiu e disse. 

- Eu realmente não deveria te contar – o tom que estava usando indicava que ele estava 

mentindo. Com certeza Clovis sabia que eu exigiria saber essa informação. 

- Mas desde que você me prometa não contar para ele que te contei? – Ele olhou para mim na 

expectativa. 

Eu concordei solenemente. 

- Clovis Trakiya – ele disse dramaticamente. 

Mordi meus lábios. 

- Humm, nunca ouvi falar nele. 

Frank pareceu chocado. Sorri por dentro, esperando que o pequeno idiota levasse a informação 

de volta para Clovis. Frank abriu a boca para falar, mas eu levantei uma mão. 

- Mas se o que você disse é verdade, concordo em pelo menos encontrar com ele. O que poderia 

machucar, certo? 

O sorriso de Frank foi genuíno desta vez. Obviamente, ele estava preocupado em voltar para 

Clovis com más noticias. 

- Em quanto tempo você pode ir para São Francisco para a reunião? 

Reclinei-me em minha cadeira e bebi outro gole de minha cerveja. 

- Bem, Frank, vou te dizer, que acontece que tenho algum espaço em minha agenda para o dia 

depois de amanhã. 



Capítulo Sete 

Deixei Phanntasmagoria me sentindo melhor do que em dias. As coisas estavam finalmente 

dando certo. Eu encontraria com Clovis em dois dias, e esperava que em uma semana, mais ou 

menos, ele estivesse morto. 

Não estava perdido para mim, que minha presa em completar esse serviço tinha muito a ver com 

David. Minha parte mais racional sabia que matando Clovis não traria David de volta ou apagaria 

o fato dele ter traído Dominae. Mas o outro lado, aquele que me deixava irracional, queria punir 

Clovis por sua culpa, em ter levado David para o caminho errado. Claro, eu sabia que David havia 

feito a escolha em trabalhar para Clovis, mas aquilo não importava. Em minha mente, toda essa 

bagunça era culpa de Clovis por pensar que ele poderia ameaçar o poder das Dominae. Por isso 

agora a caminho de ver meu serviço finalizado estou mais calma. 

Humanos enchiam a calçada como se eles se derramassem fora dos clubes em Wilshire. Música, 

buzina de carro, e risos criava a habitual trilha sonora de Sexta-Feira a Noite. Evitei alguns 

bêbados universitários indo para um lado da rua. Estacionei a minha Ducati 21 perto de um 

quarteirão afastado, em um estacionamento subterrâneo, sorte a minha que abaixo de um prédio 

do escritório. A beleza nas motos, é a facilidade de desviar dos braços de madeira na entrada das 

garagens. 

Saltei no chão e andei na rampa para o subsolo. Meus passos ecoavam contra as paredes de 

concreto cinzento. Justo quando virei em uma curva escutei passos próximos a mim. Virei 

lentamente preparada para afugentar qualquer bêbado universitário que tenha me escolhido 

como presa fácil. Em vez disso um grupo de vampiros. 

Reconheci dois dos vampiros que estavam na frente do bar Ewan – Dumb and Dumber 22 . Eles 

eram amigos do rapaz, eu tinha que evaporar daqui. Atrás daqueles dois, estavam outros quatro 

vampiros enormes. Ainda que você colocasse todos os seis juntos, você provavelmente obteria 

um índice de QI de 100. No entanto, eles não consideravam muito a inteligência, já que 

possuiam presas, músculos, e um revólver para fazer sua conversa. 

Retive minhas mãos tentando ganhar algum tempo. 

- Boa noite garotos. O que há? – Conforme falava observei as áreas de saída. Além da rampa, 

uma porta marcada “escadaria”, esta estava do lado oposto do estacionamento. A Ducati estava 

colocada a seis pés 23 atrás de mim e era o único veículo do pátio. 

- O que vai acontecer é que você vai se dar mal, cadela – Dumber não possuía pescoço e seus 

bíceps pareciam como barris. Obviamente ele percebeu que tinha um grande senso de humor. Na 

verdade este era sombrio. 

21 Moto: http://webmotors.files.wordpress.com/2009/03/ducati-1098.jpg 

22 Refêrencia ao filme Débi & Lóide - Dois Idiotas em Apuros (no Brasil, é um filme lançado em 1994 ), contudo as palavra Dumb 

pode ser traduzido como burro,idiota ou lerdo.E a palavra Dumber pode ser mudo, tolo ou surdo. 

23 Um pé correspondia a onze polegadas e meia. Hoje, a medida é doze polegadas, o tamanho médio dos pés masculinos. Um pé 

equivale a 30,48 centímetros. 



- Olha, eu sabia que você era provavelmente perturbado assim como na outra noite, mas 

você não pode culpar uma garota de defender a si mesma, você pode? 

- Billy Dan não mereceu ter sido morto por uma vadia – Dumb disse. Ele era mais magro que seu 

parceiro, mas possuía um selvagem brilho em seus olhos, que me fez descobrir que ele era mais 

perigoso que o seu par – desta vez você não tem seus guardas costas para nos deter segurando 

uma espingarda. 

O grupo que estava espalhado formou um semicírculo bloqueando todas as minhas rotas de fuga. 

O momento das conversas tinha se acabado. Quando minha mão não tocou em nada no cinto da 

minha calça, um suor frio desceu pelo meu pescoço. Me amaldiçoei de sete formas diferentes 

quando percebi que esqueci de reaver-la depois da maneira que eu sai do Sunday. Estava tão 

excitada sobre a próxima reunião com o Clovis, que perdi a cabeça. 

O grupo estava se fechando vagarosamente, obviamente esperando algum movimento 

espetacular da minha parte. Eles ficariam desapontados. Minha mente lutava por uma solução a 

medida que me inclinava para baixo e puxava a estaca da minha bota. No que diz respeito a 

armas, uma estaca de madeira de macieira era completamente eficaz. Entretanto, uma estaca 

contra seis vampiros machos enormes e maciços seria patético. Minha única esperança era tentar 

reduzir seu número, pelo menos para fazer as chances mais consideráveis. 

Agachei me preparando para a primeira inevitável explosão. Em uma luta semelhante a essa, 

normalmente um ou dois machos babacas decidem exibir-se. Não ocorreu a eles que se todos 

me atacassem de uma vez eu não teria nenhuma chance. Não que eu estivesse reclamando. 

Poucos segundos depois, dois deles vieram para cima de mim. Observei que os líderes foram 

para trás, enquanto dois deles se preparavam para fazer o seu trabalho sujo. Girando para um 

lado derrubei um deles em um movimento rápido. Ele caiu duro e rápido, rendeu-me o tempo 

suficiente para girar e pegar o seu companheiro no seu coração com a estaca de madeira de 

macieira. A estaca fez um repugnante barulho a medida que ia sendo absorvida, puxei ela para 

fora antes dele se incendiar. 

Antes que qualquer um pudesse reagir pulei em cima do primeiro idiota e golpeei também ele no 

peito. Desta vez, a estaca estava ensangüentada e também lisa para que eu pudesse remove-la, 

pulei para trás dando as costa para as pilhas fumegantes para enfrentar o resto. Eu estava 

ferrada, meu coração acelerou por causa do pânico, eu tinha quatro vampiros para matar e 

nenhuma arma. As chances eram melhores, mas eu teria que causar algumas mutilações para 

poder escapar. 

Levantei as sobrancelhas para Dumb e Dumber. Eles trocaram um olhar e correram até mim. 

Consegui derrubar Dumber com um chute na junta do seu joelho. Ele caiu na hora, agarrando o 

seu joelho quebrado. Isso não o atrasaria por muito tempo, mas levaria alguns segundos. Me virei 

para Dumb, que estava rosnando com seu canino exposto. 

- Eu vou apreciar isso – ele disse. Seu corpo tomou uma postura clássica de artes marciais. Senti 

que meus lábios se curvaram em um sorriso. 



- Pode vir idiota – movi meu corpo de lado e me lancei com um roundhouse 24 para acertar 

suas costelas. Ele segurou meu tornozelo antes que eu consegui-se acertá-lo. Ele puxou minha 

perna até ele. Girando meus braços para trás tentei manter o meu equilíbrio. Consegui agarrar a 

sua mão livre o derrubando comigo. Ele pode ser maior, mas eu tinha rapidez do meu lado. 

Montei nele rapidamente, certificando de ficar mais acima de seu peito para poder prender seus 

braços. 

Os ossos de sua face eram como aço, depois de alguns socos a carne macia das juntas das 

minhas mãos estavam em carne viva. Ele usou seu corpo enorme e massivo para me tirar de 

cima dele e me prender. Imediatamente ele me deteve. Seus braços passaram pelos meus 

prendendo meus dedos e segurando minhas mão atrás da minha cabeça enquanto ele me 

puxava para perto dele. Eu arranhei sua canela com o salto da minha bota. Ele empurrou seu 

quadril para trás, fora do meu alcance. Então riu em minhas orelhas. 

- Não é tão durona agora, né senhorita? 

Senti sua respiração quente em meu ouvido, sua voz fez com que minha espinha se contraisse. 

Seus amigos vieram mais para a frente, rindo como hienas. Lutei como um lince tentando me 

libertar. Na melhor possibilidade eles iriam me estacar. Nas piores eles me violentariam, 

drenariam meu sangue e então me estacariam. Enquanto seus amigos me cercavam, eles 

soltaram alguns insultos enquanto suas patas me apalpavam. 

Soube que se não mantivesse a cabeça nunca sairia viva. Meu treinamento referente a chutes 

veio em minha cabeça, respirei calma e profundamente. Canalizei minha raiva deixando ela 

encher meus membros. Eles podiam ter me pego em uma armadilha, mas eu seria amaldiçoada 

se fosse ao inferno sem causar algumas cicatrizes neles. 

O macho diante de mim me lançou um olhar atravessado. 

- Meninos, acho que ela gosta de ser forçada. 

Me inclinei de novo em Dumb e usando a vantagem obtida, usei a sua força como alavanca 

retrocedi meus pés trazendo eles mais para cima. Os dois saltos da minha bota cravaram neles 

dois. Eles caíram para trás uivando de dor. Minha face foi agarrada de um lado e recebi uma 

bofetada de Dumb por causa da minha impertinência. Senti a dor crescer em minha bochecha, 

provei meu próprio sangue. 

- Tudo Bem, chega de palhaçada – Dumb disse. Ele apertou seus braços me prendendo mais 

próxima a ele. Outro se agachou e agarrou meus pés. Me lancei de encontro com eles, quando 

Dumb veio para cima com os seus caninos expostos. Inclinei minha cabeça para trás para fugir 

dele, mas foi em vão. Seu hálito quente em meu pescoço me arrepiou. Quando seus dentes 

rasparam em minha artéria meus olhos piscaram abalados. Eu não fechei meus olhos, aquilo 

24 Roundhouse ou também conhecido como Chute Circular, é um golpe lendário do estilo Chun Kuk Do, que só pode ser aplicado 

por Chuck Norris e Jimmy Hopkins, representando toda a divindade, poder e magnificência de Neferkheprure-waenre (1353- 

1335 a.c), faraó da XVIII dinastia do império novo a. G. (Antes de Getúlio Vargas)... Aqui está o link de uma gif animado do golpe: 

http://desciclo.pedia.ws/wiki/Imagem :RHK.gif 

PS: Agora me diz se a Sabina não é f*** 



seria um sinal de aceitação. Com a idéia desse cretino querer me violentar me deu 

vontade de vomitar, mas eu nunca iria dar a satisfação de mostrar o meu medo. 

Antes que ele rasga-se a pele do meu pescoço seu corpo voou para trás. Ouvi uma batida forte e 

então um grito. Tentei olhar para cima, mas o vampiro que me prendia me lançou para trás. 

Minha cabeça bateu no chão. Estrelas explodiram nos meus olhos por causa da dor, mas me 

recuperei rapidamente. Atrás de mim o espaço encheu de sons de ossos sendo triturados e os 

gritos dos machos. Virei e meu queixo caiu em choque. 

O Mago do bar do Ewan estava a vários passos da minha frente. Observei boquiaberta uma das 

suas botas contra a face de um dos vampiros. Levantei confusa, mas determinada a dar um fim 

naquilo. Corri em direção a Dumb que estava indo na direção do mago. O ar crepitava causando 

um formigamento no cabelo sobre meu pescoço. Peguei um dos machos que estava mais atrás 

durante o meu caminho. Vi uma faísca de luz azul atravessar o ar como um míssil. Uma onda de 

calor seguida por outra arrastou outro vampiro. 

Não tive tempo para refletir que tipo de poder o mago estava usando. Em vez disso mandei o 

líder direto para o chão. Ele ficou sem forças, mas não por muito tempo. Meus olhos fizeram uma 

varredura pelo ambiente em busca de algo que eu pudesse usar como arma, mas não encontrei 

nada. 

Um assobio chamou minha atenção. Olhei mais adiante e vi que o mago sustentava uma faca. 

- Pegue – ele disse. Ele jogou a faca para mim, peguei ela pelo cabo de madeira de macieira. 

Sem hesitação virei à faca de cabeça para baixei e cortei em uma linha reta o seu coração, 

quando o meu pulso tocou o seu sangue seu corpo explodiu, me jogando para trás. Fiquei 

chocada por alguns instantes, logo me levantei para voltar a luta. 

Mas a luta estava acabada. O mago estava inclinado contra a minha moto de braços cruzados. 

Limpei meus jeans e caminhei até ele. Ele não me deu bola. Minha respiração arfou. Nem ao 

menos ele estava sujo. Me senti como se tivesse sido arrastada para dentro de uma lixeira. 

- Obrigada – eu disse ofegando – mas na verdade eu não precisava da sua ajuda. 

Ele riu. 

- Mentirosa. 

Parei uns dois passos dele e o olhei. Seu cabelo cor de areia e seu cavanhaque não devia fazer 

ele parecer perigoso, mas fazia. Ele vestia uma camiseta branca que destacava seu belo músculo 

e peitoral. Sua chinos 25 estava preso abaixo da sua cintura delgada e botas surradas de soldado 

marrons completava um visual urbano. 

- Então, você vai me contar por que está me seguindo? 

No seu lábio surgiu um sorriso torto . 

25 Um tipo de calça de algodão: http://www.captaindaves.com/shop/media/Chinos-R2346.jpg 



- Vamos apenas dizer que eu sou um amigo. A propósito como está o seu companheiro de 

quarto? 

Antes que eu pudesse reagir ele balançou uma mão no ar. Pisquei e ele tinha ido embora. A 

Ducati estava fazia, onde o mago esteve a alguns segundos. 

- Bem, isso é notável! – Gritei esperando que ele ainda pudesse ouvir. Quando nenhuma resposta 

veio, passei a mão pelo meu cabelo e suspirei – idiota. 

Faltou uma certa dose de entusiasmo no insulto, tudo por que ele tinha salvado o meu traseiro. A 

idéia me preocupou. Tinha feito minha reputação com minhas habilidades e meus pulsos. A idéia 

que esse bastardo quase tinha me superado, não fazia eu me sentir bem. Para não mencionar 

que eu não tinha idéia quem era o mago estranho que tinha convocado Giguhl. 

Pelo menos agora eu sabia quem tinha conjurado o demônio. O que eu não conseguia imaginar 

era o porque. 

Não me alertei disso. Por que conjurar um demônio para tentar me matar e logo em seguida 

surgir ao meu redor para me ajudar em uma luta? Esse era só mais um mistério para resolver no 

caos que tinha se tornado minha vida. 



Capítulo Oito 

Um dos benefícios de crescer no templo era ter o conhecimento de sua complicada arquitetura de 

andares, o qual incluía várias passagens escondidas designadas para fugas rápidas. Elas 

funcionam igualmente bem para se esgueirar para dentro, se você soubesse onde olhar. 

A capela ainda cheirava a mirra. O perfume inebriante lembrava minha infância, quando eu 

assistia minha avó conduzir as cerimônias secretas. Eu costumava assistir os encantamentos 

secretos e respirar os aromas misteriosos com um temor infantil. Naqueles dias, minha avó era 

uma deusa, a personificação viva da grande Mãe, Lilith. Naquela época, antes de saber melhor, 

eu sonhava em seguir seus passos. 

Passei minha mão levemente sobre o veludo vermelho que cobria o altar, perdida em 

pensamentos. Agora ela era mais como um ditador benevolente, fraca na benevolência, para falar 

a verdade. Eu sabia que parte da sua dureza não tinha nada a ver comigo. Depois do infeliz caso 

de amor de minha mãe com um mago, o que resultou em ambos mortos, minha avó voltou toda 

sua atenção, para mim. Era como se ela quisesse que eu me tornasse tudo aquilo que minha 

mãe não foi e não pode ser. Mas meu sangue misto impediu que eu realmente fosse aceita pela 

convencional sociedade vampírica. Então ela me criou para que eu fosse a melhor vampira que 

eu pudesse ser apesar das limitações de meu nascimento. 

Honestamente? Algumas vezes, me recinto de ser culpada sobre algo que não possuo o controle. 

E as constantes expectativas e preções de minha avó me devoravam. Mas eu acreditava que ela 

fazia o melhor que podia por mim. 

Tentei não pensar sobre o porquê de ela ter pedido a mim, para matar o David. Deixei-me levar 

até lá em minha cabeça, me levava a perguntas que eu não estava exatamente pronta para 

encarar. Com certeza, eu racionalizava, ela tinha um plano. Talvez eu não entendesse isso ou 

gostasse, mas algumas vezes a lealdade requer coisas de nós que não entendemos exatamente. 

Pelo menos, era isso que minha avó havia me ensinado. 

Como que convocada por meus pensamentos, ela entrou. Ela olhou para mim e então fechou a 

porta rapidamente. 

- Não temos muito tempo para conversar – ela disse – os acólitos 26 chegarão em pouco tempo 

para rezar. 

Ela se moveu para frente em direção ao altar e se ajoelhou. Enquanto ela tocava sua cabeça no 

chão, eu observava em silêncio. Quando ela se levantou, velas ao redor do altar ganharam vida 

sem a ajuda de fósforos. A seguir, ela elevou a estatua de lótus dourada e a beijou. Feito isso, ela 

se voltou para mim. 

- Quais são as notícias? 

26 Acólito (do grego antigo ἀκόλουϑος) é um membro da Igreja Católica instituído para auxiliar o diácono e ministrar ao 

sacerdote nas ações litúrgicas, sobretudo na celebração da missa. É sua função, também, cuidar do altar e, com o ministro 

extraordinário da comunhão, distribuir a sagrada Comunhão. 



Eu sabia que não tínhamos muito tempo, mas parte de mim desejava algum sinal de carinho da 

parte dela. Empurrando o pensamento para o lado, me voltei ao trabalho. 

- Estou partindo para São Francisco hoje a noite. A reunião será amanhã. 

- Excelente – ela disse. Suas mãos, finas e brancas se esfregaram uma na outra – irei alertar 

Persephone e Tanith. 

Eu assenti, mas ela não viu perdida em pensamentos. 

- Há alguma outra instrução? 

Ela balançou a cabeça. 

- Estarei em contato com você através de seu telefone seguro. Devo lembrá-la para não revelar o 

número. 

Não brinca, eu pensei. Ressentimento apertou meu peito, mas eu sabia que ela somente queria 

ter certeza que a missão seria cumprida sem complicações. Ela não podia evitar. 

- Sim, vovó – eu disse – serei cuidadosa. 

- Agora, você já considerou como irá conduzir a entrevista com Clóvis? 

- Sim, sinto que é importante fingir relutância. Se ele achar que estou muito ansiosa para me 

juntar a eles, ele poderá desconfiar. 

Ela concordou. 

- Eu espero que ele tente usar seu nascimento para induzi-la para o lado dele. Use isso a seu 

favor. 

Sua atitude intoxicante mandou meus dentes, ao limite. Em um minuto ela trata meu sangue 

misto como um segredo vergonhoso, e no outro ela quer que eu use isso para manipular alguém. 

Concordei de qualquer forma, esperando conseguir chegar a Clóvis sem ter que partilhar de meus 

mais íntimos detalhes com ele. 

- Você deve lembrar que Clovis é meio demônio. Ele poderá parecer bem charmoso quando 

quizer. 

- Você o conheceu? 

- Sim, o pai dele era um conselheiro de confiança das Dominae quando ainda estávamos em 

Roma. Clovis parecia muito promissor apesar do infeliz caso do pai com um demônio Akasha. 

Entretanto, seu sangue misto o levou para longe dos Lilim desde cedo. Ele tem sido um espinho 

para nosso lado desde então. 



- Isso com certeza joga um pouco de luz sobre o assunto. 

Ela não reconheceu meu sarcasmo. Ao invés, se voltou e aparentemente me dispensou enquanto 

preparava a sala para as orações da meia noite. Permaneci lá por um momento, esperando por 

algo. Um adeus. Qualquer coisa. 

- Vovó – eu disse finalmente – o que você sabe sobre o Praescarium Lilitu? 

Ela se virou seus olhos intensos. 

- Por que você tocou nessa besteira? 


- Alguém mencionou isso como conexão com a Casta de Nod. 

- Sabina, por que você desperdiça meu tempo com perguntas sobre contos de fadas? O 

Praescarium Lilitu é um mito. Não existe nenhuma casta. 

Eu assenti. 

- Então a marca de nascença em meu ombro não é um símbolo da casta? 

Ela ficou parada. 

- Com quem você andou conversando? 

A fúria em sua voz me fez parar. 

- Apenas um cara. Ele disse que o símbolo para a casta é uma estrela de oito pontas. 

- Você contou a essa pessoa sobre sua marca? – Sua voz era intensa e senti que responder a 

essa pergunta era importante. 

- Não. 

- Bom. O que eu sempre te disse? – Ela disse se aproximado – essa marca de nascença é como 

um letreiro de neon advertindo sobre seu sangue misturado para o mundo. É melhor você manter 

isso somente para você. 

Eu ainda não entendia como manter a marca para mim estaria fazendo algum favor para mim. 

Além do mais, minha fragrância misturada e meu cabelo eram sinais imediatos para todas as 

raças da escuridão que eu era um sangue misto. Mas eu poderia dizer que por seu tom, que a 

vovó não queria mais falar sobre isso. 

- Como eu disse, eu estava apenas curiosa. Sinto muito por desperdiçar o seu tempo. 



Ela assentiu avidamente. 

- Você deve ir. 

Eu girei para sair através pela porta escondida da tapeçaria pendurada atrás do altar. Ela 

mostrava o primeiro acasalamento de Lilith e Caim, que resultou no nascimento da raça dos 

vampiros. Pela primeira vez, notei a serpente enrolada em uma árvore atrás dos amantes. A 

pintura erótica havia estado presente em minha vida desde que me lembro, mas quando olhei 

para isso agora me perguntei por que nunca notara aquele detalhe antes. 

Espantei para longe meus estranhos sentimentos, e levantei o painel. 

- Sabina – a voz calma de minha avó me deteve. Virei com minhas sobrancelhas erguidas – Nnão 

acho que seja preciso lembrar-lhe da natureza crítica dessa missão. Não falhe comigo criança. Já 

é o suficiente vergonhoso para mim que sua hereditariedade lhe impeça de se unir aos serviços 

do templo. 

Engoli a resposta que surgiu em meus labios, e o movimento pareceu violento em minha 

garganta. 

Não havia razão de lembrá-la que eu não havia escolhido este caminho. Quando alcancei a 

maturidade, eu havia sido informada que por causa de meu sangue misto, não seria permitido 

que me tornasse um acólito do templo. Ao invés disso, as Dominaes decidiram que eu seria 

treinada para a única profissão que se enquadraria para um sangue misto. Então, fui mandada 

embora para ser treinada como uma assassina, apesar do fato de que metade de meu sangue 

era de uma das mais nobres linhagens dos vampiros. O trabalho normalmente se restringia aos 

vampiros nascidos em classes inferiores, que não se importavam com o título de desgarrados que 

a profissão trazia. Eventualmente, aceitei meu papel de pária, por que eu era muito boa em meu 

trabalho e ele me fazia útil para as Dominaes. Entretanto algumas vezes, ainda me ressinto não 

ter tido escolha sobre isso. 

- Eu entendo – de alguma maneira consegui manter o ressentimento fora de minha voz. Ela 

assentiu uma vez e voltou para suas funções, me dispensando. 

Quando fazia meu caminho através do corredor, poeira enchia meus pulmões, os oprimindo. Pelo 

menos, era o que eu dizia a mim mesma, que era apenas a poeira 



Capítulo Nove 

Quando cheguei em casa encontrei Giguhl metido no meu sofá vestido com o meu quimono Pink. 

- Belo robe – eu disse em forma de cumprimento. Ele me ignorou e continuou a prestar atenção 

em Jerry Springer 27 . Larguei o meu material na mesa da cozinha e me joguei na poltrona. 

- Mortais são idiotas – disse ele finalmente – quem é o “pai do bebê” afinal? – Na tela aparecia 

uma mulher com sérios problemas de higiene bucal que estava batendo na parte superior da 

cabeça de um homem. 

- Suponho que você não consegue prestar muita atenção na TV em Irkalla – ele sustentou sua 

cabeça em seu bíceps escamoso e virou-se para me olhar. 

- Não. Nós permanecemos ocupados torturando criaturas amaldiçoadas e jogamos pôquer 

quente. Você sabe o usual. – Nós prestamos atenção ao show por mais alguns minutos. A cena 

tinha se transformado em uma guerra. 

- Como você se diverte com isso? Nós precisamos conversar – eu peguei o controle na mesa e 

desliguei a TV. Giguhl sentou-se um pouco mais para cima organizando cuidadosamente a seda 

que envolvia os seus quadris. 

- O que há? 

- Eu vou sair da cidade por algum tempo. 

- O que? 

- Eu irei a São Francisco resolver alguns negócios. 

- Que tipo de negócios? 

- Do tipo que não é nenhum do seu interesse. 

- Muito engraçado. Então o quê? Você irá apenas me deixar aqui? 

- Esse é o plano. – Ele se levantou e pairou ameaçadoramente sobre mim. 

- De jeito nenhum irmã – sacudi a minha cabeça antes dele acabar de falar – se você está saindo 

da cidade, em seguida eu sairei com você. Vamos lá Sabina, há dias fui preso em uma armadilha 

em sua casa. Mesmo as compras já perderam o interesse Miss Simpatia. O lado positivo é que 

você está mais próxima a mim agora do que quando cheguei a sua casa. E agora você espera 

que eu me sente aqui enquanto você corre pelo Bael, sabe se lá quanto tempo? 

- O que você quer de mim? – Perguntei frustrada – não posso adiar essa missão por mais tempo. 

27 Programa estilo Ratinho misturado com Casos de Família e o programa da Márica Oo, a pessoa que ele se refere é esse ser 

aqui: http://www.jerryspringertv.com 



- Me dê uma boa razão para que eu não possa ir com você? 

Olhei para ele das pontas de seus excessivos chifres até seus cascos fedidos, sem mencionar o 

robe rosa. 

- Uma coisa, você não se misturaria exatamente no mundo mortal. 

Ele rolou os seus olhos de cabra. 

- Isso é tudo? – Ele segurou seus dedos. Uma onda de energia vibrou pela minha espinha, uma 

fumaça violeta encheu a sala. Quando a fumaça acabou em vez de um demônio de dois-metrose-treze 

de altura estar abaixo de mim me olhando estava um gato preto e branco. Pisquei e agitei 

a cabeça. 

- O que inferno é isto? 

O gato falou. 

- Alguém matou aula no dia em que eles falaram sobre os poderes dos demônios na escola, 

hein? 

Eu não estava certa se eu estava muito impressionada, mas a facilidade com que ele mudou para 

um gato e no fato de eu ter uma conversa com um bichano me impressionou mais. 

- O que há errado? – disse – O gato comeu sua língua? – o som que saiu da sua minúscula boca 

cor de rosa era um riso com partes de meow de gato. 

- Espere um segundo, todo esse tempo você podia se transformar e não me disse nada? 

Ele suspirou e contraiu os seus pelos e disse. 

- Não precisei antes. Então quando é que nós saimos? 

- Você não vai – levantei e andei até a cozinha. O gato fez com que eu tropeça-se ao se lançar ao 

redor dos meus tornozelos ronronando. Amaldiçoei e ele sentou-se em suas ancas e direcionou 

seus pequenos olhos de gato sobre mim – pare com isso! 

- Vamos lá Sabina. Hey! Talvez eu possa te ajudar na sua missão. 

- Trabalho sozinha – comecei a andar outra vez, uns sopros de fumaças e um aroma ácido de 

enxofre fizeram com que eu parasse. Virei-me lentamente para encontrar Giguhl em forma de 

demônio outra vez. Pelado. Meus olhos pularam para fora da minha cabeça assim que vi o que 

descansava entre seus quadris – bom Senhor – disse sem pensar. O que um pênis bifurcado faz 

a uma garota. Ele deu uma espiada para baixo, olhou em seu suplemento e sorriu expertamente. 

- Uma vez que você avança com um demônio você nunca volta atrás. 



- Me dá um tempo – eu disse – enquanto você estiver assim coloque alguma roupa – eu 

agarrei o robe que estava no chão. Mantive meus olhos evitando-o e lancei o robe para ele. 

- Se eu colocar isso poderei ir com você? - Cruzei os braços e respirei fundo. Levá-lo comigo não 

estava incluído no meu plano, mas pensei sobre ele, ter um demônio a minha disposição era uma 

coisa boa. Certamente ele tem outros talentos além de mudar de forma. 

Além disso, talvez ele poderia me ensinar mais sobre demônios em geral, o que definitivamente 

vai me ajudar em relação ao Clovis. 

- Tudo bem, mas você tem que prometer que fará tudo o que eu disser. 

Ele bufou e puxou o robe. 

- Fechado. 

- Você irá permanecer na forma de gato ao menos que eu lhe der permissão para fazer o 

contrário, estamos entendidos? 

Ele amaldiçoou sobre a respiração e fez a coisa da mudança novamente. Outra nuvem de fumaça 

apareceu e um gato insatisfeito reapareceu. 

- Feito. 

- Estamos saindo em quinze minutos. 

Ele se moveu quieto, suas orelhas de gato agitaram. 

- Diga que não estamos indo na Ducati. 

Fechei a cara. 

- Claro que vamos. 

- Pelo fôlego de Bael Sabina, você não pode esperar que eu ande nessa coisa. Meu pelo vai ficar 

todo bagunçado. 

- Pare de fazer cara feia – eu lhe disse. Não me olhou, mas ele me seguiu até o quarto. Peguei 

uma velha caixa de gato do armário. Eu tinha a comprado há anos para um animal desgarrado 

que eu tinha recolhido. O mal-agradecido amaldiçoou a coisa antes mesmo que eu pudesse dizer 

o nome dela. Um assobio veio de trás de mim. O traseiro de Giguhl estava arqueado e o pelo da 

sua garganta estava em tufos arrepiados. 

- Frio gato – eu disse. Ele assobiou outra vez, desta vez mantendo os olhos na caixa – eu ainda 

posso mudar de idéia e te deixar aqui, você sabe disso. 

- Você é uma verdadeira cadela, você sabia disso? 



- Já ouvi isso. Agora entre – eu acomodei a caixa na cama e abri a pequena porta. Ele 

disparou como um relâmpago, peludo se dirigindo para a sala. Respirei e suspirei como uma 

mártir e me dirigi atrás dele para a sala. A caixa colidiu em minhas canelas quando a larguei no 

chão para persegui-lo. Eu o peguei imediatamente antes dele desaparecer debaixo do meu sofá. 

Mantive o comprimento dos meus braços afastados para me proteger de suas patas e ele 

mostrou seus dentes. 

- Você não vai me colocar naquela gaiola! – ele assoviou. 

- Pare de ser a rainha do drama – eu disse enquanto marchava de volta ao quarto enquanto a 

caixa esperava – você é a pessoa que insistiu em vir comigo. 

- Não! – suas patas agarraram o batente da porta antes que eu passasse por ela completamente, 

ele deixou marcas das suas garras na pintura branca. 

- Legal – eu disse puxando as suas unhas livres da madeira – Você vai reparar isso quando a 

gente voltar. 

Justo antes de eu alcançar a caixa ele fez uma volta meio doida, como uma pirueta mortal e se 

libertou. Ele aterrissou no chão momentaneamente chocado por obter a liberdade. Minha própria 

surpresa impediu-me de agarrá-lo antes que ele entrasse debaixo da cama. 

Eu olhei para o teto e rezei a Lilith pedindo paciência. 

- Não devo matar o demônio gato. Não devo matar o demônio gato – eu cantei. 

O alarme do relógio ao lado da cama disparou dizendo que já era oito horas. Eu esperava chegar 

à cidade pela baia com tempo suficiente para me alimentar novamente antes do nascer do sol. 

Agora eu não tinha tempo para essa merda. 

- Tudo bem – eu disse. A sua recusa em entrar na caixa havia inflamado os meus impulsos 

competitivos. Se esse gato não entrasse na caixa iria me matar. Além disso, agora eu tinha uma 

oportunidade para pensar sobre tudo isso, levá-lo comigo fazia total sentido. Além de ter Giguhl 

me ajudando na missão eu poderia encontrar alguém em São Francisco que me ajudasse a 

mandá-lo de volta a Irkalla. 

Eu sai do quarto só para voltar cerca de dois minutos mais tarde com um gato de brinquedo e 

uma lata de spray de erva-de-gato-mais-vestígio-de-animal-de-rua 28 . Eu corri para a beira da 

cama. Uma pata dando golpes apareceu debaixo da cama perto dos meus pés. Ouvi um abafado 

e irritado uivo que veio dele. 

- Foda-se. 

28 Original catnip que nas minhas pesquisas na net é essa bendita planta aqui: 

http://faculty.ucc.edu/biology-ombrello/Images/catnip-foliage.JPG 

traduzida como a Erva do Gato. Essa erva possui um ingrediente ativo chamado Neptalactone que atrai a maioria dos felinos. 

Nos Estados Unidos, 400 toneladas de CatNip são utilizadas a cada ano, sendo que 80% desse total (320 toneladas) 

CatNip é uma planta, considerada erva medicinal e aromática, que pode ser não destinados aos gatos. 



- Aqui gatinho – eu disse, e balancei a perna cor-de-rosa na frente do espaço aberto onde 

eu tinha visto a pata saindo. Comecei a balançar ela, e me pareceu ridículo fazer aquilo. Dei uma 

olhada e finalmente uma pata ficou para fora da cama e hesitantemente golpeou um pouco 

afável. Escondi a lata de spray atrás de minhas costas. Continuei a balançar o brinquedinho na 

frente da pata até que um nariz cor de rosa apareceu e cheirou o brinquedo. 

Não podia dizer que ele estava tentando resistir ao cheiro erva-de-gato, mas por causa da sua 

natureza atual obtive vitória e logo ele se lançou sobre o brinquedo. Ele enterrou o seu rosto na 

pata do brinquedo. Começou a esfregar tudo acima de sua cabeça à medida que começou a 

ronronar. 

Dentro de alguns segundos ele estava deitado do meu lado em uma espécie de transe, como em 

um sono, ronronando suavemente. Ri suavemente em triunfo, fiquei aliviada que o cheiro da ervade-gato 

não tenha passado. Não desperdicei nenhum tempo e levantei seu corpo flácido e o 

coloquei cuidadosamente na caixa. Fechei o portão e tranquei o trinco, antes forcei dentro uma 

garrafa de água e enfiei também dentro da caixa um brinquedo que soltou um chiado. 

Oito minutos depois eu estava com o meu robusto equipamento em cima da minha moto e atrás 

de mim um companheiro gato furioso começava a arranhar a caixa em meio à choramingos. 

- Solte-me, filha ilegítima de Lilith. 

- Feche a boca gato – eu disse – isso é para o seu próprio bem. 

Eu levantei a perna por cima da moto e coloquei o meu capacete. Estávamos rodando pela noite 

toda e já estava próximos à hora de chegarmos. 

- Aperte seu cinto de segurança. 

Ele silvou em resposta, fiquei com a impressão que ele tinha dito a palavra cadela. Em um 

instante estávamos a noventa quilômetros por hora na estrada 101. Normalmente eu prefiro a 

estrada da costa pacífica, mas eu não tinha tempo de sobra para ir pela rota com a bela vista. 

Curvei meu corpo para frente sentindo o vento, me senti viva e cheia de propósitos, mas um 

misterioso sentimento começou a surgir e a formigar na base do meu crânio, como seu eu 

estivesse largando Los Angeles para trás. Balancei a cabeça jogando esse sentimento para longe 

de minha mente. 

Acelerei minha moto até que a velocidade chegasse a cem quilômetros por hora. O mais cedo 

que eu matasse Clovis mais cedo eu retornaria a Los Angeles. Só então eu ganharia algum 

respeito de minha avó. 

Existia esse maldito tempo. 



Capítulo Dez 

Na noite seguinte, deixei Giguhl no quarto de hotel que aluguei em uma parte decadente da 

cidade próxima ao aeroporto. Ele ainda não havia chegado perto de mim, mas imaginei que uma 

vez que seu pelo voltasse um pouco para o lugar, ela iria voltar a aparecer. Pensei em o deixar 

voltar para a forma de demônio, mas não podia arriscar um funcionário do hotel encontrar ele. 

É claro, você teria mais chances de encontrar uma barata do que uma menta em seu travesseiro 

naquela ratoeira de motel que fiquei. O lugar cheirava a mofo, e as manchas de fluidos corporais 

do tapete velho, não sugeriam um grande risco de uma arrumadeira encontrar o meu demônio. 

Mas eu ainda não queria correr o risco. Antes de sentir o que estávamos enfrentando com o 

Clovis, eu não queria correr nenhum risco. Giguhl teria que agüentar por enquanto. 

Frank havia ligado para o meu celular com instruções. A reunião com Clovis iria acontecer à meia 

noite. Era apenas dez da noite, mas eu queria me alimentar antes da reunião e ainda ter tempo o 

suficiente para fazer um reconhecimento da área antes dele chegar. 

Enquanto eu dirigia, a área industrial de São Francisco deu lugar para áreas mais bonitas. Uma 

fria neblina cobria a cidade, me deixando feliz por estar usando couro. Eu tinha armas presas sob 

meus braços, dentro do meu casaco, mas eu não tinha ilusão que eu chegaria a seis metros de 

Clovis sem uma revista completa. Se a porcaria toda desse errado, em teria que contar com meus 

punhos e minha coragem. 

Uma hora depois, eu dirigia pela Baker Street, que passava em frente ao Palace of fine arts 29 . 

Minha barriga estava cheia de sangue fresco e minhas bochechas estavam rosadas e quentes, 

apesar do frio do ar noturno. Eu me sentia tão bem, que deixei o vagabundo do qual me alimentei 

ficar vivo. Ele estaria um pouco tonto por algum tempo, mas a nota de cem que dei para ele por 

ocupar seu tempo iria comprar uma boa e quente refeição para ajudar a aumentar seu nível de 

açúcar. 

Enquanto eu rodava, eu tive uma boa visão de ambos, da rotunda do palácio que ficava do outro 

lado de uma lagoa, e das luzes da Golden Gate Bridge 30 a distancia. A neblina nessa parte da 

cidade era espessa, deixando a impressão que a ponte era uma aparição. Infelizmente, eu não 

tinha tempo de olhar para o cenário a noite toda. 

Clovis merecia algum crédito pela sua escolha de locação. A Rotunda estava situada com um 

lago de um lado, e um cinema e um museu atrás. Em outras palavras, não haviam saídas fáceis e 

poucas oportunidades de se esgueirar atrás de alguém. 

Depois de parar no estacionamento público no lado norte do complexo, me preparei para a 

reunião. Por causa do capacete deixei meu cabelo solto. Agora, entretanto, peguei dois pequenos 

palitos de macieira da minha mochila. Rapidamente torci meu cabelo e coloquei o palito no meio, 

29 foi desenhado por Bernard Maybeck, que se inspirou na arquitetura romana e grega: 

http://www.gigapan.org/viewGigapan.php?id=21921&window_height=423&window_width=784 

30 A Golden Gate Bridge (tradução em português, Ponte do Portão Dourado) é a ponte localizada no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que liga a cidade 

de São Francisco a Sausalito, na região metropolitana de São Francisco, sobre o estreito de Golden Gate. A ponte é o principal cartão postal da cidade, uma 

das mais conhecidas construções dos Estados Unidos, e é considerada uma das Sete maravilhas do Mundo Moderno pela Sociedade Americana de 

Engenheiros Civis. 



com cuidado para não me empalar com a ponta afiada. Em uma dificuldade o palito 

serviria como uma estaca improvisada. 

Os homens de Clovis iriam retirar as armas e facas, sem dúvida, mas eles nunca pensariam em 

verificar meu cabelo atrás de armas. Além do mais, o palito fez um ótimo trabalho mantendo meu 

cabelo longe do rosto. 

Alguns casais caminhavam através do jardim de mãos dadas. Aqui e ali, vagabundos deitavam 

em bancos ou sentavam entre as colunas da colunata. Ao invés de usar o caminho de concreto 

que levava até a rotunda, escolhi permanecer nas sombras. 

Procurei pela área da rotunda. Na fonte, próxima a lagoa, sentei em um banco, praticamente 

escondida pelas árvores. De dentro da estrutura octogonal, o som de uma guitarra e a voz de um 

homem cantavam “Stairway to Haeven 31 ” fluindo até mim. Eu podia ver reflexos do fogo quando 

malabaristas com tochas voadoras juntavam vários espectadores. Um casal de cisnes brancos 

boiava próximo na lagoa. A cena teria sido pacifica em outra circunstância. Respirando fundo, me 

ajeitei no banco para esperar por Clovis. 

O vento aumentou, arrastando alguns lixos ao redor da base do octógono. Com ele veio o distinto 

cheiro de um vampiro macho – uma mistura de sangue e feromônios, usados para desarmar 

vitimas em potencial. 

Frank veio da parte de trás da rotunda. Sua aparência relaxada dava a impressão de um homem 

que estava sozinho aproveitando o ar noturno. Mas quando ele se aproximou, vi uma mão cheia 

de outros machos, recém chegados que tentavam de maneira estranha se misturar com os 

turistas. Clovis não estava entre eles. Eu não tinha certeza de como sabia disso. Eu 

simplesmente sabia. 

Frank parou em minha frente e acenou. 

- Estou feliz que você conseguiu. 

Estiquei meus braços ao longo do banco, um retrato de uma pessoa calma. 

- Então é só você e o comitê de boas vindas essa noite? – Perguntei, acenando na direção dos 

outros homens. 

Clovis olhou sobre o ombro com um sorriso. 

- Ora vamos Sabina. Com certeza você não achou que Clovis iria vir pessoalmente. 

Coloquei minhas mãos sobre minha pernas e me levantei. 

- Eu não gosto de brincadeiras, Frank. Jogos não me divertem. 

Frank se moveu em minha frente, levantando suas mãos. 

31 Stairway to Heaven" é uma canção famosa da banda inglesa de rock Led Zeppelin. Composta pelo guitarista Jimmy Page e pelo vocalista Robert Plant para o 

quarto álbum de estúdio da banda, Led Zeppelin IV. Em 2000 ficou em 3º lugar na lista das "100 melhores canções de rock" feita pela VH1. É a canção mais 

requisitada nas estáções de rádio FM dos Estados Unidos, apesar de nunca ter sido lançada com single por lá. 



- Não tão rápido. Tenho certeza que você entende os problemas óbvios de segurança que uma 

reunião como essa envolve. Não vamos esquecer que recentemente você estava na lista de 

pagamento das Dominaes. 

Minhas mãos pararam em meus quadris. 

- Você precisa conferir a sua memória sobre isso Frank – eu disse – você é que se aproximou de 

mim, lembra? 

- É verdade – ele disse – por isso que Clovis me instruiu para trazê-la para o templo. 

Tudo bem, agora eu estava brava. Por que eles haviam me feito ir até lá? Minha pergunta deve 

ter aparecido em meu rosto por que Frank respondeu. 

- Clovis queria ter certeza que você viria sozinha. 

- Clovis parece um pouco paranóico, se você quer saber. 

- Você também estaria, se você tivesse a Dominae ameaçando sua vida – Frank disse, me 

observando de perto – então novamente, eu acho que você sabe o que é isso. 

Ele estava me testando. Em silêncio amaldiçoei minha boca grande. É claro, que Clovis iria 

querer ser cuidadoso. E para alguém que supostamente irritou as Dominaes, eu estava agindo 

estranhamente calma. 

- Olhe, eu não pretendia ofender ninguém. Estou apenas chateada por que me sinto sendo 

enganada aqui. 

Ele me encarou por um momento e então disse. 

- Compreensível, mas também impossível de evitar. Agora, se você me seguir, irei levá-la a 

reunião com Clovis. 

Eu hesitei. Eu não esperava por aquilo. 

- Huh... Onde você esta estacionado? Irei pegar minha moto e voltar para te seguir. 

Frank caminhou, esperando que eu o seguisse. 

- Isso não será necessário. É difícil dirigir com os olhos vendados. 

Ele não estava brincando. Sobre os olhos vendados. O tecido raspava contra meu rosto enquanto 

eu estava sentada no parte de trás de uma limusine, cercada por caras com ombros 

extremamente largos. 

Normalmente, eu nunca teria entrado no carro, muito menos permitir ser rendida cega por 

alguém. Mas eu sabia que a única maneira que eu conseguiria encontrar Clovis era se eu 



concedesse. Frank havia me garantido que era somente por questões de segurança, mas 

parecia mais como um teste. Se eu concordasse muito prontamente então ele poderia suspeitar 

de alguma coisa. Entretanto, se eu protestasse muito eu também levantaria suspeitas. Então 

fiquei no meio termo. Depois de algumas reclamações, eu fingi concordar relutantemente. 

A limusine passou sobre uma lombada, o que me fez ir em direção de um dos corpos. 

Rapidamente voltei para meu lugar, enquanto tentava escutar. Infelizmente, os homens no carro 

mantinham um fluxo constante de conversas inúteis, discutindo de tudo desde previsão do tempo 

à esportes. Eu esperava que pelo menos eles deixassem escapar uma pequena informação 

sobre a operação de Clovis, mas nada aconteceu. Respirei fundo e tentei me preparar 

mentalmente para a reunião que eu teria com Clovis. 

Eu não sabia quase nada sobre ele, além de seu nome e que ele era parte demônio. Minha única 

experiência com a raça dos demônios era com o Giguhl. Eu não estava certa, mas eu duvidava 

que a maioria dos demônios assistissem a Oprah 32 . 

Independentemente em alguns momentos eu iria finalmente ver o infame Clovis Trakiya em carne 

e osso. Respirei fundo para acalmar o que parecia ser morcegos voando em meu peito. O carro 

diminuiu e então finalmente parou. 

Era hora do show... 

32 Oprah Gail Winfrey (Kosciusko, 29 de Janeiro de 1954) é uma apresentadora de televisão e atriz norte-americana, vencedora 

de múltiplos Emmys pelo seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk show com maior audiência da história da televisão 

norte-americana. 



Capítulo Onze 

Mãos ásperas agarraram os meus ombros e me puxaram para fora. Meus pés bateram no 

pavimento e eu tropecei. 

Alguém me alcançou para me ajudar passando a mão em meu peito em meio ao processo. 

- Oops, desculpa – Frank disse, resmungando qualquer coisa. Apertei os meus dentes me 

focando em torno dos passos cautelosos. 

Segurei-me para que ele andasse na minha frente, rezando para que não caminhássemos ao 

lado de uma parede. 

- Quatro passos – Frank disse perto da minha orelha. Ele colocou a mão em meu cotovelo para 

me ajudar. Eu quis afastar-lo e arrancar meu cotovelo de seu braço, mas soube que eu não 

conseguiria ir muito longe sem sua ajuda. Seu perfume e pós barba cheirava a água de colônia 

barata de farmácia e literalmente ele tomou banho disso. 

Segurei a minha respiração, cautelosamente reprimi meu gênio e comecei a subir os degraus 

com ele me guiando. Um rangido alto ecoou, isso significava que uma porta estava sendo aberta 

a nossa frente. O fresco ar úmido da noite foi substituído depressa pelo calor. 

O ar aqui era espesso como perfume incenso e cera de vela. Os dedos atrás da minha cabeça 

começaram a desatar a venda. Pisquei meus olhos por algum tempo tentando recuperar o 

enfoque. Nós estávamos, no que me parecia, em uma igreja, percebi um conhecimento superficial 

de velas queimando no escuro quarto. 

Grandes painéis de madeira cauterizados com símbolos antigos, semelhantes a cuneiform 33 . 

- O serviço está para começar – Frank disse – entre e sente-se. Clovis encontrará com você 

depois... 

Quando hesitei Frank movimentou sua cabeça em direção as portas. Respirei fundo e caminhei 

adiante. Os sons de vozes cantando começou a se aumentar em um canção filtradas pelas 

portas espessas. 

As maçanetas eram feitas de ouro, o metal parecia frio por um momento, antes do meu aperto 

segurar eles. Rangendo as dobradiças anunciaram minha chegada na capela. 

33 Cuneiform = Escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos sumérios e é a designação geral dada a certos tipos de escrita feitas 

com auxílio de objetos em formato de cunha. É, juntamente com os hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo conhecido de escrita, 

tendo sido criado pelos sumérios por volta de 3500 a.C. Inicialmente a escrita representava formas do mundo (pictogramas), 

mas por praticidade as formas foram se tornando mais simples e abstratas. 

Fotinha da escrita: 

http://www.pedravermelha.com/for-prof/historia-gd/3oriente/meso_cuneiforme.jpg 

http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/documentos/Tabuinha%20cuneiforme%201.JPG 



Aqui o odor era mais forte, um picante incenso. Meu nariz sensível descobriu uma nota 

de spikenard 34 , uma erva calmante, na mistura senti uma meia-voz de algo doce e doentio. Clovis 

iria me dizer mais tarde que ele borrifou pó de heroína no incensório. Não tinha nenhuma dúvida 

quanto a isso, as visitas ao Templo da Lua eram postas sobre submissão. 

Um homem alto vestido de mantos negros se localizavam a poucos metros a frente do altar. Seus 

olhos me encontraram e meu corpo se paralisou. Seus olhos estreitaram marcando suas 

características e um lento sorriso melancólico surgiu em seu rosto. 

“Clovis” – a palavra flutuou em minha cabeça como um sussurro. Meu estômago sacudiu. Seus 

olhos fizeram uma viagem preguiçosa para o sul, para baixo de meu corpo, senti seu olhar como 

uma carícia. Seu cabelo brilhou como mogno 35 lustrado na luz da vela – prova da sua idade 

avançada 36 . Os mantos negros e vermelhos acentuaram a palidez de sua pele. Os mantos 

escondiam o seu físico, mas um poder irradiava fora dele em ondas. Nossos olhos se 

encontraram e por um segundo ou não ficaram presos. Me senti encantada por seus olhos, que 

logo percebi eram lagos negros que se assemelhavam ao pecado. Uma parte de mim quis ficar e 

se aquecer em seu olhar, mas outra parte de mim, a parte responsável pela minha sobrevivência, 

estava gritando dentro de mim para que eu corresse dali. 

Foi ele quem quebrou a conexão do nosso olhar primeiro, virou-se para a congregação. Um 

pequeno delicioso sorriso pairava sobre os seus lábios, um sorriso cheio de luxuria, como se ele 

sentisse o quanto eu estava desconfortada com aquela situação. Minha respiração estava 

ofegante, como se a perda da sua atenção me deixasse vazia. 

- Criança de Lilith, seja bem vinda – Clovis disse. Sua voz negra ressoando acima do quarto, mas 

eu estava apenas registrando o público. Eu estava muito ocupada tentando recuperar a minha 

compostura, Meu corpo estava latejando, minha calcinha estava molhada. Oh sim, esse sujeito 

definitivamente seria um problema. Escapei do devaneio prolongado, e envergonhada fui me 

sentar atrás em um banco. A igreja estava cheia, quase próxima a sua capacidade máxima. Eu 

estava chocada de ver mortais misturados e com conhecimentos sobre os vampiros, videntes 37 e 

algumas fadas. 

Os mortais não pareciam nem um pingo nervosos, o que significava que eles não sabiam que as 

pessoas que estavam ocupando o quarto com eles poderiam sugar o seu sangue, ou eles não se 

importavam com isso. 

O altar atrás de Clovis era feito de mármore negro e ouro. 

34 

Spikenard (Nardostachys grandiflora ou Nardostachys jatamansi; também chamado de nardo, nardin, e muskroot) é uma 

planta floração do Valerian família que cresce no Himalaia na China, Índia e. A planta cresce para cerca de 1 m de altura e as 

flores em forma de sinos rosas. Spinkenard (caules subterrâneos), pode ser triturada e destilada em um intenso essência 

aromática de óleo cor âmbar ,que é muito espesso em sua consistência. Nardo de petróleo é utilizado como um perfume, um 

incenso, um sedativo, namedicina herbária diz ser usada contra insônia, dificuldades nascimento, e outros menores problemas: 

http://www.oller.net/spike-sm.jpg 

35 

mogno (tipo de árvore vermelho claro). 

36 

Não quer dizer ele seja velho, mas na sociedade da Sabina, quanto mais escuro a cor do cabelo mais velho a pessoa é. Pela cor 

do Mogno o Clovis ta na meia idade, uns trinta e poucos anos. 

37 

original mancies, foi o melhor que a Nell e eu arrumamos para a tradução. Essa palavra na verdade abrange todas as pessoas 

com dons para ler o futuro ^^ 



A Parede de dois andares atrás do altar era a combinação de um projeto bizantino 38 e 

colunas românicas 39 . Não havia nada ameaçador sobre a decoração, a menos se tinha uma 

aversão ao exagero e cafonice. Eu supus que se qualquer mortal tropeçasse neste lugar não 

desconfiaria de nada, iria supor que não passava de um projeto excêntrico de um mortal. De fato, 

eu vi igrejas Cristãs e templos judeus que comparados fariam esse aqui parecer minimalista 40 . A 

única coisa diferente aqui era a falta dos símbolos judeus-cristão. Em vez de crucifixos ou 

Estrelas de David, uma lótus 41 dourada com oito pontas estava pregada nas cortinas vermelhas 

aveludas em seus dois lados. 

Clovis bateu palmas, o som ressoou pela capela silenciosa, me fazendo sair do meu estado de 

transe... 

- É hora – ele sinalizou para os irmãos da Ordem da Lua, que permaneciam ao seu lado no altar. 

Dois dos grupos desapareceram atrás de uma cortina. De um canto da sala alguns 

encantamentos começaram a surgir, vi a audiência como as pessoas fechavam os seus olhos 

numa felicidade espiritual. Quis saber o que Clovis havia prometido trazer aqui hoje. Não pareceu 

haver nada específico. Todos eles se vestiam com ternos-normais- edição-padrão BDSM 42 feito 

de látex. 

Dos mortais presentes, as idades iam de irritados adolescentes até adultos na crise de meiaidade. 

Me senti um pouco perdida quando os encantamentos ficaram mais intensos e a tensão no 

aposento cresceu. Dois homens cobriram seu rosto com os capuzes e levaram uma mulher até o 

altar. Uma mortal. Seu longo cabelo loiro caiu sobre seus peitos em forma de cordas 

atrevidamente cobertos com uma leve bata branca. Uma mão delicada embreou o tecido junto ao 

seu corpo, um show incomum de modéstia dada ao modo que ela ondulou seus quadris na 

medida que ela abordava Clovis. Era como se sua pélvis tentasse chegar lá primeiro. Eu teria rido 

se não estivesse hipnotizada com o esplendor daquilo tudo. 

Abruptamente o cantoria parou, deixando o santuário em silêncio. Ainda era palpável o odor de 

luxúria de ambos os sexos e suas variedades de sangues. Clovis abordou a mulher e bateu em 

sua bochecha com sua palma. Com um estalido do seu pulso ele desatou a corda fina que 

38 modelo de parede bizantina: 

http://4.bp.blogspot.com/_pX8DdTfTmS0/RwegfUPJD_I/AAAAAAAACj8/8dWGnnxdDN8/S692/11.jpg 

A do livro deve ser mais acabada q essa . =D 

39 colunas românicas: 

http://farm4.static.flickr.com/3327/3435379554_d2cc726b04.jpg?v=0 

40 minimalista = s. aquele que se contenta com pouco, aquele que prega o contentamento com pouco. 

Minimalismo = A palavra minimalismo se refere a uma série de movimentos artísticos e culturais que percorreram diversos 

momentos do século XX e que preocuparam-se em se exprimir através de seus mais fundamentais elementos, especialmente 

nas artes visuais, no design e na música. Em outros campos da arte, o termo é usado para descrever as peças de Samuel Beckett, 

os filmes de Robert Bresson, os contos de Raymond Carver e até mesmo os projetos automobilísticos de Colin Chapman, entre 

outros. 

41 flor de lótus – seria esse flor: 

http://templozen.files.wordpress.com/2009/04/flor_de_lotus_imagelarge.jpg 

Agora imaginem ela com oito pétalas e dourada. ^^ 

42 BDSM é um acrônimo para Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo. O BDSM tem o intúito de 

trazer prazer sexual através da troca erótica de poder, que pode ou não envolver dor, submissão, tortura psicológica, cócegas e 

outros meios. Por padrão, a prática é provocada pelo(a) Dominador(a) e sentida pelo(a) Submisso(a). Muitas das práticas BSDM 

são consideradas, num contexto de neutralidade ou não sexual, não agradáveis, indesejadas, ou desvantajosas. Por exemplo, a 

dor, a prisão,a submissão e até mesmo as cócegas são, geralmente, infligidas nas pessoas contra a sua vontade, provocando 

essas sensações desagradáveis. 



segurava a bata. Seu queixo começou a surgir, assim como o seu corpo desnudo era 

exposto. Ninguém piscou. Era como se eles vissem moças nuas em seus altares todos os dias. A 

cena fez com que meus caninos parecessem muito grandes para minha boca. A multidão segurou 

a sua respiração coletivamente quando Clovis acariciou o longo pescoço de marfim da mulher. 

Sua língua substituiu o seu dedo, fazendo ela gemer no santuário mudo. Ela tremeu, ou em 

antecipação ou por causa do medo, eu não sabia dizer. Clovis moveu sua cabeça uma fração 

para cima, só o suficiente para ver um flash de caninos. Ele mordeu barbaramente a pele 

exposta, causando a menina um suave ofegar. Me senti tanto como uma voyeur quanto como 

uma participante. Embora me alimentar de humanos fosse algo normal, o que estava 

acontecendo no altar me fazia sentir como uma profana. 

Talvez seja o fato de Clovis estar tomando algo dos mortais temendo e vendendo isso como 

religião. Senti uma sensação estranha que eu não pude definir, uma sensação subindo atrás de 

meus olhos como se fosse uma cócega. 

Raramente minha consciência pulava para vida, estava indo para cima e depressa. A mulher caiu 

em seus braços frios. Clovis lambeu o ferimento de entrada cuidadoso e gentil. A imagem de sua 

língua correndo em cima da pele era erótica como o inferno. Agitando os sentimentos para fora 

estive a ponto de sair. Eu necessitava de alguns minutos para me recuperar antes de nossa 

reunião. Se eu o visse em meu atual estado excitada, eu provavelmente iria fodê-lo primeiro e me 

apresentar depois. 

Enquanto os irmãos levavam a mulher para fora do altar, eu fiz meu caminho para o corredor. 

Clovis pegou o meu olhar. 

Quando ele sorriu seus caninos estavam tingidos com sangue e existia uma linha próximo a seu 

suculento lábio. 

Levantando a mão ele soprou para mim um beijo-molhado-de-sangue. Naquele momento percebi 

que era um erro estar ali. Ele iria me consumir como tinha feito com aquela menina, só que ao 

invés de beber o meu sangue ele queria a minha alma. 

Clovis entrou em seu escritório permanecendo ali pela meia hora depois, Frank entrou rente a seu 

calcanhar. Fiquei encarando a porta com o chão-de-estantes-de-teto nas minhas costas, eu não 

queria ser pega desprevenida. 

- Sabina Kane – sua voz se moveu sobre mim como um vento quente. 

Movimentei a cabeça e peguei a mão que ele oferecia. Sua palma apertou a minha com uma 

onde de poder. 

Cuidadosamente para não mostrar nenhuma expressão em meu rosto absorvi o seu pulsar. 

Qualquer show de debilidade neste momento o colocaria em vantagem. Claro, ele já tinha a 

vantagem, considerando que eu estava em seu escritório com Frank guardando a porta e uma 

legião de valentões, sem nenhuma dúvida, permaneciam vigiando o corredor. 

- É um prazer encontrar com você – ele continuou, finalmente soltando minha mão – sua 

reputação precede você. 



Ele assinalou uma cadeira do outro lado de sua escrivaninha de ébano volumosa. 

- Dependendo de sua fonte ou tudo é verdadeiro ou realmente não é. 

- Asseguro que os relatórios têm sidos positivos. 

- Então ele é todo verdadeiro – sentei na cadeira que ele tinha oferecido com uma facilidade 

praticada. O canto de sua boca ondulou, mas o meio-sorriso não alcançou os seus olhos. Falando 

de seus olhos eles eram até mais intensos vistos de perto. Era como se ele não tivesse nenhuma 

íris, onde suas grandes pupilas negras fossem as únicas, como buracos negros gêmeos. Me 

preocupei que se eu fitasse demais eles logo eu seria sugada. Abaixei meus olhos e cruzei 

minhas pernas. 

- Eu entendo que você teve um pouco de briga com as Dominae – ele disse debruçando-se de 

volta em sua cadeira negra de couro. 

- Digamos que tivemos uma divergência de opinião. 

Uma de suas sobrancelhas se movimentou 

- Oh? 

- Elas esperam que siga as suas regras, e eu tento a quebrá-las sempre que eu posso. 

Ele pareceu contente com a minha resposta, contudo eu não poderia ter certeza. Na fachada ele 

parecia um homem de negócios, com o seu terno cor de carvão listado, com camisa branca e 

prata e gravata negras. Mas algo espreitava um pouco abaixo da superfície. Eu não podia colocar 

o dedo nisso. Todavia eu tentei achar o adjetivo certo para isso, porém meus pensamentos 

estavam mudando conforme o mercúrio. 

- Deixe-me fazer uma pergunta – sua voz parecia inesperadamente em um transe. Quando eu 

movi a cabeça ele continuou – o que você pensou sobre a multidão? 

- É certamente... interessante. 

Ele deu uma risada e então disse. 

- Sabina eu não sabia que você era diplomata assim como assassina. 

Eu sorri. 

- Honestamente? Eu não estou certa do que pensei sobre isso. Porém eu tenho uma pergunta, 

porque os mortais não acharam esquisito quando se alimentou da loira? 

Ele movimentou a cabeça e se debruçou para frente. 

- Nossos membros humanos são completamente preparados para o que somos, bem antes deles 

pisarem no templo. 



- Mas você não se preocupa que eles irão até as autoridades mortais? 

- Nem um pouco. A mulher assinou pápeis de consentimento. É tudo honesto eu asseguro a 

você. 

- Mas... – eu comecei só para ser cortada 

- Sabina eu posso falar claramente? – Ele disse – você parece uma pessoa que aprecia a 

sinceridade – ele contou com uma afirmação minha. 

- Certo – eu disse tentando parecer casual. Contudo do lado de dentro eu estava preocupada que 

ele poderia descobrir meu blefe. 

- Como eu disse, sua reputação como assassina é famosa. Além de seu conhecimento sobre as 

Dominae ser um recurso. Eu preciso de você em minha equipe. 

Piscando hesitei, tentando compreender como responder com uma mistura certa de hesitação e 

interesse. 

- Eu estou lisonjeada. Contudo estou certa que você entende que eu preciso saber mais sobre a 

sua operação antes de dar uma resposta. 

Ele levantou. 

- Vamos caminhar, nós podemos? 

Quando eu levantei, ele prendeu uma de minhas mãos indicando que eu deveria segui-lo. Frank 

abriu a porta, quando passei, ele lançou uma piscadela de canto. Eu o ignorei focando em Clovis 

que dispensou Frank. Clovis se posicionou ao meu lado e caminhamos para baixo pela madeira 

do corredor. Eu teria perguntado porque ele se sentia seguro o suficiente para andar sozinho 

comigo quando vi os guardas. Eles permaneciam em intervalos ao longo do corredor, seus olhos 

para frente e seus corpos rígidos como postes. Logo nós vimos um par de portas de vidro. Um 

dos guardas do outro lado se movimentou para abrir a porta para nós. Clovis movimentou a 

cabeça o agradecendo. O movimento me surpreendeu. A maior parte dos líderes que eu conheci 

tratava o seu pessoal como escravo sem face. 

Nós saímos em uma passagem coberta que se estendia em todos os quatro lados de um pátio 

central. Uma fonte permanecia no centro, com caminhos que se estendiam como o padrão de 

uma galáxia ao seu redor. A fonte se assemelhava a uma fonte batismal 43 octogonal com 

gravuras circulares na bacia e em uma faixa larga. No centro havia uma figura segurando uma 

tocha em cada mão. Água borbulhava embaixo de seus pés criando um som musical. 

- Você gostou disso? Eu tive que importar da Grécia – ele disse, movimentando a cabeça em 

direção a figura. – Ela é a deusa Hekate 44 – girei e olhei nitidamente para ele. 

43 Fonte Batismal: http://www.pime.org.br/pimenet/imagens/mmset2003-f31b.jpg 

44 http://3.bp.blogspot.com/_2veEz3urOk4/SSBS4KiMPOI/AAAAAAAABII/d0a1oyoXTSs/s320/hecatetriple2.jpg Hekate: A Deusa 

Hecate sempre foi a mais incompreendida das deusas, foi associada à mitologia grega, por Hesiodo em seu livro: Teogonia, mas seu passado é 



- Surpresa? – ele perguntou. 

- Um pouco – adimiti. 

- Se você decidir a se juntar ao nosso grupo, você aprenderá depressa que nós honramos todas 

as crianças de Lilith aqui. A hostilidade entre Hekate e Lilim 45 continuou por muito tempo. É hora 

de todos nós nos reunirmos para honrar a Grande Mãe. 

Me mantive quieta, desde que eu não poderia dizer a ele que eu achava sua filosofia papo furado. 

Ao invés disso, movimentei a cabeça pensativamente como se considerasse a possibilidade. 

Clovis se movimentou e me levou junto, passando pela fonte entrando por outro conjunto de 

portas e diretamente através do pátio que tínhamos usado momentos mais cedo. 

- Agora vamos entrar na escola – ele disse com um orgulho evidente em sua voz – aqui é onde 

nossos membros aprendem sobre a nossa sagrada história. 

- Estudo de bíblia do inferno? – Eu brinquei. 

Clovis parou e me lançou um olhar fixo, parecia que ele tinha me alfinetado e eu seria uma fêmea 

a menos para apedrejar. 

- Você faria melhor se deixasse seu escárnio na porta. Por aqui, nós tomamos os nossos ensinos 

muito seriamente – me preocupei se eu tinha acabado de arruinar minhas chances, tentei parecer 

censurada – sinto muito, é que isso é tudo novo pra mim. 

As expressões duras em seu rosto suavizaram um pouco. 

- Claro. Eu peço desculpa se eu falei muito severamente. Eu estou certo que você entende que 

tivemos nossa porção de dedos-duros e caluniadores entre os Lilim. 

Nenhuma merda, eu pensei. Este sujeito soou como algum estranho mortal tele-evangélista 46 . Ele 

não estava calculando. Minha espécie não era conhecida por nossa boa vontade em ajudar as 

outras pessoas com problemas. 

muito mais antigo. Yves Bonnefoy indica a possibilidade de Hecate ter sua origem no antigo Egito, na era pre-dinástica, onde a matriaca e sábia 

da tribo era Heq, que depois evoluiu para Hekit, Deusa parteira egipcia. Pesquisando Hecate eu cheguei a cidades e tempos esquecidos dos 

homens.Encontrei em toda a pesquisa uma Deusa de grande Poder por vezes associada a Terra ao Céu e ao Mar e em outras reverenciada 

como a Rainha das Feiticeiras e aquela que detem a chave do Mundo Avernal e criadora de toda a Vida. Aguns dizem que ela rege tudo o que 

está fora de nosso controle e limites, além do nosso inconsciente. Está fortemente ligada a intuição a sabedoria da mediunidade, aos sonhos e 

adivinhaçoes e fortemente ligada a justiça, começos, finalizaçoes, proteçao...vejam nao se brinca com uma Deusa como esta ou com seus 

filhos escolhidos. Ela escolhe seus seguidores e os protege. Sempre envia pequenos sinais como mariposas e borboletas, sapos... podemos ter 

sonhos com chaves, ou tochas, pois Ela ilumina o caminho seja nesta dimensao ou em outras. A presença de caes, alguns autores dizem que 

normalmente sao negros, mas na verdade ela abençoa todos os tipos de caes e tambem corujas anunciam sua presença. 

45 O «lilin 'ou' lilim" (singular "lili") são perigosas criaturas do folclore judaico. . De acordo com algumas notícias, elas são as filhas 

de Adam e Lilith sua primeira esposa,. Eles são demônios com a sua função de ser semelhante as dos succubus. Enquanto os 

homens receavam eles, por esta razão, as mães temia o ataque do lilin porque estás também para raptavam crianças, como fez 

Lilith. Após abandonando Adão e virar-se contra Deus, Lilith foi avisada que cem de seus filhos demoníaco iria morrer por dia, se 

ela não voltar-se para Deus.. Ela recusou-se e, por isso, diz-se que cem lilin morrem diariamente. O masculino é de lili é lilu, um 

demônio sancionada em acadiano mitologia. 

46 Original televangelist = s. evangelista que utiliza a televisão para realizar os serviços religiosos e propagar a fé cristã. 



Clovis deve ter interpretado o meu silêncio como uma compreensível reflrexão, porque ele 

continuou a andar pelo corredor do edifício. Duas viradas no corredor nós entramos em uma sala 

de aula. Parecia tudo normal, a escrivaninha-e-o-tipo-quadro-negro em seus lugares. Se este 

grupo tivesse sido lançado juntos em outro local haveria muita luta e sangue, contudo eles 

estavam comportados assistindo o professor. Ela parecia ser uma humana, contudo não cheirava 

como tal. A maioria dos humanos cheirava a sujeira. Essa moça não cheirava a nada, isso era 

estranho. A professora pausou no meio da frase quando nos viu. 

- Irmão Clovis, nós estamos honrados – ela guinchou. 

- Por favor não deixe que interrompemos Irmã Gianna. 

- Não por isso – ela disse – nós estávamos só discutindo a criação da Mãe Sagrada dos Titãs. 

Clovis movimentou a cabeça. 

- Continue. Nós continuaremos com a nossa excursão. – Atrás no corredor, ele falou quando 

passamos por salas mais cheias – a maior parte de nossos alunos estão na etapa de ajudantes. 

Eles devem treinar por centenas de horas antes de terem permissão para passar pela Joining 

ritual 47 . 

- Joining ritual? 


- Antes de alguém oficialmente ser dado as boas-vindas na seita como um membro crescido, eles 

devem passar por uma inicialização para provar sua dedicação pelos nossos caminhos. 

Notei sua falta de especificamente, contudo não disse nada. 

- Nós continuaremos com nossa excursão pelos dormitórios – ele disse abrindo outra porta. Nós 

entramos em um quarto grande. As paredes eram forradas de camas beliches. Parecia o quartel 

do exército. 

- Quem fica aqui? – Perguntei enquanto caminhávamos pelo corredor formado pelas camas no 

meio do quarto. 

- Os estagiários – ele disse – nós achamos que uma imersão total em nossa rede e seu estilo de 

vida trazem os melhores resultados. 

Quanto mais eu via e ouvia, mais este lugar me soava com um monastério... ou um culto. 

- Treinamento para o que? 

- Para o serviço de Lilith, claro. 

Eu hesitei. 

47 Algo como Cerimônia ou Ritual de União. 



- O que exatamente o serviço para Lilith requer? Como serviço religioso? 

Ele pausou. 

- Algo assim. É nossa convicção que ao invés de ter lados opostos, um contra os outros, os 

humanos – os mortais – e Lilim, deveríamos juntar os lados para fazer do mundo um lugar 

melhor. Afinal, Lilim ou Adamite 48 , nós todos somos todos crianças de Deus. 

Eu quase o amordacei. Sério, ninguém que eu soubesse havia dito o Seu nome. A maioria dos 

vampiros acreditavam que nós éramos abandonados por Ele. Afinal Lilith tinha desobedecido o 

grande sujeito no Éden e então, depois de disseminar a devastação e se entregar aos prazeres 

da carne com o Asmodeus em Irkalla. Não foi exatamente um caminho íntegro para os padrões 

bíblicos. Além do mais eu não estava confiando em seu curso de papo furado que Clovis estava 

alimentando. Seu discurso pareceu lustrado demais para mim. Minha suposição era que ele 

treinava seus recrutas para que eles possam se levantar contras as Dominae. Embora o motivo 

dele usar videntes e seres humanos estava além do meu entendimento. 

- Diga-me algo Sabina – ele disse, debruçado contra uma das beliches – em algum lugar 

escondido, em um abrigo, você nunca desejou não ser discriminada por causa da mistura de sua 

linhagem? 

Esse era o um golpe baixo. Eu friccionei meus dentes para conter a minha réplica mal criada e 

cheia de fúria. 

- Eu admitirei que tenho estado frustrada a tempos. 

Ele examinou meus olhos,como se ele estivesse tentando ver minha alma. Algo me disse que ele 

poderia ter êxito nisso. 

- Você já não esteve brava por agüentar os fardos dos pecados de seu pai? Você não tem 

querido paz? 

Ele continuou olhar fixamente em meus olhos a medida em que ele falou. Uma sensação de 

calma começou a penetrar em cima de mim, quase como se aqueles olhos negros estivessem me 

hipnotizando. De repente senti um solavanco em minha mente me lançando fora do meu transe. 

A última coisa que eu necessitava era Clovis quebrando minhas barreiras mentais. Limpei minha 

garganta e me centrei minha energia para mantê-lo fora da minha mente. Ele conscientemente 

sorriu. 

- Você não confia em mim ainda para deixar que eu veja os seus segredos. Espero que com o 

tempo você me permita sabê-los. 

Não segure sua respiração camarada, eu pensei. 

- Se eu concordar em me juntar ao seu... – eu quase disse culto, mas me parei na hora certa – 

...grupo. O que você requer exatamente? 

48 Adamite = (tradução = adamita), descendente de Adão Membro da seita dos adamitas. 



Ele começou a caminhar novamente por uma porta e para fora no pátio. Enquanto nós 

caminhamos, ele pareceu ponderar sobre a minha pergunta, como se ele não tivesse pensado 

nisso antes. 

Direto. No alvo. 

Embora eu não confiasse nele mais do que em uma serpente, senti enquanto caminhávamos que 

meu corpo se lançava para o seu. Literalmente eu estava usando força pra manter uma distância 

respeitável entre nós. Ele continuava a ter uma cabeça maior do que eu, e a largura de seus 

ombros era enfatizada pelo corte do seu terno. E aquele rosto. Maldição. Com um rosto desse ele 

faria uma freira reconsiderar seus votos. Fato, ele era sim fisicamente magnífico, um tipo de todo 

modo de vilão- quente. Mas era mais do que isso, ele tinha sobre ele alguma áurea de pura 

sedução. Eu faria melhor se me lembrasse que ele era meu inimigo. 

Nós alcançamos a fonte novamente quando ele falou. 

- Sua iniciação aconteceria bastante depressa. Seria somente uma formalidade. 

Novamente notei que ele falhou em dar detalhes. 

- Não quero ser rude aqui, mas se eu vou concordar em juntar a você, eu vou precisar de por 

menores. O que é o projeto e o que é exatamente o vínculo de iniciação? 

Ele correu uma mão através da superfície da água, quase como se ele acariciasse isso. Ele 

ergueu a mão e a água gotejou pelos seus dedos. Com um dedo ele levou ele para cima até e 

esfregou o liquido em seu lábio inferior carnudo. 

Minha boca secou e entre minhas pernas ficou molhado. 

Ele encolheu os ombros. 

- Tenho medo que eu não possa revelar isso até que você concorde em se juntar a mim. Porém 

eu estou certo que você não terá problema. 

- E o projeto? 

Ele esfregou o restante da água entre suas palmas e me assistiu. 

- Eu temo que os detalhes terão que esperar até os rituais de iniciação serem apresentados. 

- Você certamente não dá a uma garota muito para continuar, não é? 

Ele sorriu. 

- Infelizmente a natureza da tarefa é tal que só aqueles dentro de meu círculo de confiança 

sabem os detalhes. 

Ele era escorregadiço, eu daria isso a ele. 



- E se eu disser que eu estou contra a me unir a você. O que acontece então? 

Ele encolheu os ombros. 

- Então você vai pelo seu modo e eu vou pelo meu. Porém, estou certo que isso não acontecerá. 

Meus olhos se estreitaram. 

- E porque disto? 

- Porque logo você vai perceber que o mundo está prestes a passar por mudanças por toda a 

raça negra. Esses que não estiverem alinhados com um poder serão pisoteados. 

- Eu posso cuidar de mim mesma – eu disse. 

- Eu não tenho nenhuma dúvida quanto a isso – ele disse – porém, eu seriamente duvido que 

você queira as Dominae e eu como seus inimigos. 

Ah. Estava ai. Uma ameaça sutil, mas uma ameaça todavia. 

Ele endireitou sua má postura. 

- Perdoe-me. Não há necessidade para esse tipo de conversa agora – seu sorriso era amigável, 

mas a ameaça pendurava no ar entre nós. – Onde você está ficando enquanto você está na 

cidade. 

A mudança de assunto me pegou fora de guarda. 

- Em um hotel com o meu... gato. 

- Se não for muito atrevimento gostaria de te oferecer outra solução. 

Balancei minha cabeça tentando entender onde ele queria chegar com tudo isso. 

- O Templo possui alguns complexos de apartamentos ao redor da cidade. Apenas acontece que 

um membro feminino da nossa assembléia tem um quarto extra. 

Eu já estava balançando minha cabeça quando ele segurou uma das minhas mãos para parar o 

meu protesto. 

- Vinca é um dos meus seguidores mais brilhantes. Penso que vocês dois se dariam 

magnificamente bem – ele disse – estou certo que ela teria muito prazer em responder alguma de 

suas perguntas sobre o bom trabalho que fazemos aqui. 

- Isso é uma coisa boa que você oferece – eu menti – porém seria uma mudança desconfortável 

em estar com uma pessoa que eu nunca encontrei antes. 

Nós quase alcançamos a porta da frente da igreja novamente. Frank tinha permanecido de 

sentinela no corredor. 



- Oh, mas eu insisto – Clovis disse – a menos que você gostaria de dormir em um dos 

nossos dormitórios aqui? 

Gostei menos daquela idéia do que a da mudança para a casa dessa garota Vinca. Rapidamente 

pensei nas minhas opções. Discutir demais poderia me fazer suspeita. Mas eu não gostei da idéia 

que alguém poderia localizar os meus movimentos. Porém, vivendo com uma pessoa de Clovis 

eu poderia me dar espaço. Se eu deixasse Vinca confortável eu a bombardearia de perguntas até 

ela me dar detalhes e o acordo, talvez, trabalhasse ao meu favor. Olhei para Clovis, que sorriu 

como se meu consentimento fosse garantido. Eu acho que no fim eu realmente não tinha escolha. 

- Certo eu farei isso. Só peço que você me dê um tempo para considerar sua oferta. 

- Feito – ele disse – terei Frank chamando Vinca e dizendo a ela para esperar por você hoje á 

noite. 



Capítulo Doze 

Duas horas depois, eu olhava para um prédio de dois andares pintado de rosa, cerca de um 

quilometro e meio do templo. Frank havia me levado de volta para pegar minha moto no Palace of 

fine arts, e então esperou que eu pegasse Giguhl e minhas coisas para que eu pudesse segui-lo 

até o apartamento de Vinca. Giguhl (lilith o ama) havia ficado em silêncio durante o caminho. Mas 

eu tinha certeza que iria enfrentar seu mau humor mais tarde. 

Quando parei em frente à alegre fachada, meu estômago embrulhou. De alguma maneira Clovis 

havia me guiado para essa situação sem que eu tivesse absolutamente nenhuma idéia do que 

estava esperando por mim. 

Frank pegou a caixa do Giguhl, que ele havia oferecido para carregar por que minhas mãos 

estavam ocupadas com minhas malas e capacete. 

- É através do pátio – Frank disse. 

Eu entendi a pista e subi os quatro degraus de concreto que levavam pra o quintal do prédio em 

formato de U. Ele cercava uma área verde com uma pequena piscina no centro. O prédio e o 

jardim eram bem cuidados e limpos, e a vizinhança parecia razoavelmente de boa classe. Eu 

estava definitivamente progredindo saindo do motel perto do aeroporto. Entretanto eu não podia 

me livrar da inquietação que eu sentia caminhando para aquela situação totalmente 

despreparada. 

Frank caminhou na minha frente, sem duvida impaciente para me largar em meu novo lugar para 

que ele pudesse retornar para o templo. Ele caminhou para uma porta próxima a piscina. Um 

capacho escrito Bem vindo estava em frente da porta e um senhor dos ventos 49 estava 

pendurado em um gancho. A janela ficava à direita da porta e alguém havia colocado uma caixa 

de flores que estava cheia de violetas amarelas e roxas. 

Frank bateu na porta com sua mãe livre. Quase imediatamente a porta se abriu e uma luz 

inundou a estreita passagem. Uma loira com um alo de cachos ao redor do rosto sorriu para nós. 

- Ohmeudeus, ola! – Ela se moveu ao redor do Frank e me abraçou antes que eu pudesse pular 

para fora do caminho – estou tão feliz por conhecer você colega! 

Meus braços estavam muito ocupados para espantá-la para longe. E fui engolida pela essência 

de lavanda. Que maravilha. Minha colega de quarto era uma Fada. 

Olhei para Frank, que abriu um sorriso, obviamente encantando pelo meu desconforto. 

- Vinca esta é a Sabina – ele disse – Sabina, Vinca. 

- Um, ola – eu disse, dando um passo para trás para me separar do acesso de afeição – é um 

prazer conhecê-la. 

49 http://images.quebarato.com.br/photos/big/E/2/4804E2_1.jpg 



Seu sorriso de 500 watts me segou quando ela foi para trás. 

- Entre e se sinta em casa – ela disse. Ela pegou meu capacete e entrou antes que eu pudesse 

responder. 

Frank me parou quando eu estava prestes a passar por ele. Ele empurrou a caixa do gato em 

minha mão. 

- Eu vou sair, e deixar vocês duas se conhecendo. Ligue para o meu celular se precisar de algo. 

Minha boca se abriu. 

- Você está indo embora? 

- Tenho coisas para fazer – ele disse – não se preocupe, Vinca vai cuidar bem de você. 

A voz de Vinca veio de dentro da cozinha me fazendo olhar para longe dele. 

- Posso fazer algo para você comer? 

Quando olhei de volta, Frank já estava na metade do caminho através do jardim. Pensei em 

chamá-lo de volta, mas eu sabia que seria tolo. Não era como se eu estivesse com medo de 

Vinca. Era que eu somente não estava acostumada a ficar perto de alguém tão... viva. 

Com um suspiro resignado entrei e fechei a porta. Larguei a caixa do Giguhl e entrei no aposento. 

Uma cadeira floreada e um sofá verde musgo com aparência confortável tomavam conta do 

pequeno espaço. Em um tronco que servia de mesinha de café, flores frescas estavam em um 

vaso de vidro. O cheiro de lavanda era mais forte ali, e em baixo dele havia o cheiro de 

brownies 50 assados, faziam meu nariz coçar. 

Vinca colocou sua cabeça para fora da cozinha. 

- Colega? 

Eu sorri. 

- Sim? 

- Perguntei se você esta com fome. 

- Oh não, estou bem – eu disse – onde fica o meu quarto? 

Ela riu. 

- Oh como sou tola. Vou te mostrar. 

50 http://piesandbass.files.wordpress.com/2007/12/brownies1.jpg 



Ela veio em minha direção apenas para parar à apenas um metro e meio de onde eu 

estava. Seus olhos focados na caixa do gato. Seu sorriso desapareceu e ela apontou um dedo 

acusatório para a caixa. 

- Isso não é – ela engoliu – um gato, é? 

A rápida mudança de humor dela me deixou confusa. Eu olhei para baixo. 

- Sim, o nome dele é Giguhl. 

- Oh, não. Clovis não me contou – ela andou alguns passos para trás. 

- Oh, você é alérgica, ou algo assim? 

Ela colocou a mão na garganta, como se a qualquer momento Giguhl fosse sair da caixa e atacar. 

- Não – ela arrastou seu olhar amedrontado da caixa para mim – sou uma ninfa. 

Eu realmente não via o que uma coisa tinha a ver com a outra. 

- Sim, e? 

- Nossa, você não sabe de nada? Gatos são inimigos mortais das Fadas. 

Minha falta de conhecimento obviamente havia diminuído sua opinião sobre mim. Eu não tinha 

certeza por que isso me incomodava. 

- Sinto muito. Eu não conheço muitas fadas – eu disse. Ela bufou e resmungou algo sobre aquilo 

ser óbvio – mas você não precisa se preocupar. Giguhl não é realmente um gato. Ele é um 

demônio. 

Eu realmente não queria contar para Vinca sobre o Giguhl ser um demônio. Mas ela parecia ser 

tão anti-gatos, que achei que um demônio seria o menor dos males, então eu contei. Ainda mais, 

nós estaríamos vivendo juntas, seria quase impossível esconder a habilidade dele falar. 

Os olhos dela se abriam em grandes discos verdes. 

- Um demônio? Nunca ouvi falar em um demônio em forma de gato. 

- É uma longa história. 

- De qualquer maneira – ela disse – temo que se você quiser ficar aqui ele terá que ficar dentro do 

teu quarto o tempo inteiro. 

Oh ótimo. Mais uma coisa para o Giguhl me incomodar. 

- Ótimo – eu disse – posso ver o quarto agora? 



Ela estava olhando para a caixa com interesse, sua ansiedade havia dado lugar à 

curiosidade. 

- Me siga – ela disse. 

Ela seguiu por um curto corredor a direta da sala. Ela entrou na única porta, que levava para o 

quarto. 

- Uau, isso com certeza é... Floral – eu disse. 

- Se você gostou desse devia ver meu quarto – ela disse – eu amo flores. 

Aquilo era óbvio. Parecia que uma roseira havia explodido no lugar. A cabeceira branca tinha 

rosas que combinavam com os babados da pequena janela. A cômoda branca tinha um 

gigantesco vaso com rosas amarelas. Havia até mesmo uma borda de papel de parede com 

flores no teto. 

- Meu quarto é do outro lado da sala, então você vai ter total privacidade. Ainda, que na maioria 

das noites estou ocupada cuidado do jardim. 

- Você é a sindica ou algo assim? – Eu perguntei. 

- Não boba, sou uma fada, lembra? Cuidar de plantas é meio que o nosso negócio. 

- Oh, certo. 

- De qualquer maneira, vou deixar você se ajeitar – ela disse – o banheiro é através daquela 

porta. Tem muitas toalhas lá. Se sinta em casa. 

- Ei, Vinca? 

Ela se virou quando estava preste a sair pela porta. 

- Sim colega? 

Toda a vez que ela falava aquela palavra era como se alguém passasse as unhas por um quadro 

negro. 

- Obrigado por me receber por alguns dias. 

O sorriso dela iluminou o quarto floral. 

- O prazer é meu – ela parou e colocou a mão na testa. Ela balançou quando caminhei em sua 

direção para ajudar, preocupada que ela pudesse estar sentindo dor. Então ela pareceu se 

recuperar completamente, como se estivesse saindo de um transe. – Uau, esse foi forte. 

- O que? Você está bem? 



- Oh, sim – ela balançou uma mão delicada no ar – apenas mais uma de minhas visões. 

- Você tem muitas visões? – Eu perguntei, tentando não parecer tão apavorada. 

- Algumas vezes. É uma coisa de fada. 

Eu quase tinha medo de perguntar, mas eu perguntei de qualquer maneira. 

- O que você viu? 

- Vi nós duas rindo juntas embaixo de uma árvore. Você sabe o que isso significa, não é? – Ela 

olhou para mim esperançosa. Tudo o que pude fazer foi balançar minha cabeça. – Nós totalmente 

vamos ser amigas! 

Senti meus olhos se abrirem. 

- Ótimo – eu disse lentamente e dei um passo para trás. 

Ela esperou e sorriu para mim, como se estivesse esperando mais alguma reação. Eu odiei 

desapontá-la mais eu normalmente evito declarar minha imortal amizade por alguém, 

especialmente com ninfas entusiasmadas que acabei de conhecer. 

- Tudo bem, eu realmente preciso desfazer as malas agora. 

- Tudo bem, colega! Apenas chame se precisar de alguma coisa. 

Quando ela fechou a porta, eu cai na cama. Melhores amigas? Com uma ninfa? Não acredito que 

seja possível. Na melhor das hipóteses eu contava que sua maneira aberta fosse trabalhar a meu 

beneficio para conseguir informações sobre Clovis. No pior eu teria que achar uma maneira de 

lidar com seu jeito alegre. Eu não sou alegre. 

Me sacudindo para fora de meus pensamentos, me ocupei desfazendo as malas. Eu tinha 

somente cerca de quatro horas até o sol nascer e eu ainda precisava me alimentar. 

Depois de arrumar minhas poucas coisas e uma rápida discussão com um severamente bravo 

Giguhl, sai de meu quarto. Meu plano era conseguir a direção do bar de vampiros mais próximo 

com a Vinca, então eu poderia beber um copo ou três. 

A encontrei na cozinha. Quando entrei ela estava sussurrando uma melodia enquanto se 

inclinava sobre um pote de alguma erva na janela. Ela parou se virando para mim e sorriu quando 

me viu. 

- Olá você. Tudo arrumado? – Ela perguntou. 

Eu concordei. 

- Sim. 



- Então – ela tirou a poeira de suas frágeis mãos enquanto falava – eu estava pensando 

que poderíamos sair e nos conhecermos melhor. 

Eu hesitei. Eu não queria ser rude com ela, especialmente quando ela parecia tão ansiosa. Mas 

eu precisava desesperadamente me alimentar. 

- Ééé, na verdade, eu preciso sair por um tempinho. 

O rosto dela se fechou. 

- Oh. Onde você vai? 

- Eu queria saber se você pode me indicar a direção de algum clube de vampiros local. 

- Verdade? – A alegria na voz dela me deixou em guarda. 

- Você sabe onde tem um? 

- Tem um lugar á algumas quadras daqui, que eu ouvi falar. Dizem que é bem legal. Eu nunca 

estive lá. Ou em nenhum clube de vampiros. 

A declaração ficou no ar entre nós por alguns segundos. Ela não disse, mas era óbvio que queria 

ir comigo. 

- Você gostaria de vir comigo, não é? – Por favor diga que não. 

Os olhos dela se acenderam. 

- Pensei que você nunca iria perguntar! Me deixe apenas trocar de roupa. Vai levar somente um 

segundo. 

Ela correu em direção ao quarto antes que eu pudesse chamá-la de volta. A última coisa que eu 

precisava era uma ninfa com raios de sol saindo de seu traseiro junto comigo. 

Agora eu precisava achar uma maneira de fugir dela por algum tempo para que eu pudesse me 

alimentar. Do lado positivo, poderia ser uma boa oportunidade para conseguir alguma informação 

dela. 

Cinco minutos mais tarde, ela voltou para a sala. O jeans desbotado e o suéter verde haviam 

desaparecido. Agora ela usava algo saído direto de um clube de strip. A saia ficava a cerca de um 

centímetro abaixo de suas partes íntimas, e a blusa de renda que atravessava seus seios podia 

somente ser chamado de blusa em um senso errado da palavra. Olhei para ela em choque por 

um momento, mas ela somente sorria de volta inocente. Então olhou para baixo, para minha 

calça de couro preta e minha mesh halter 51 vermelha, e decidi que eu não tinha muito espaço 

para questionar a escolha de roupas dela. 

As bochechas dela estavam rosadas de animação. 

51 http://brooklynfox.com/files/imagecache/product_thickbox/Andres_Sarda_Tan_Mesh-Halter_Bra.jpg 



- Você está pronta? 

Dez minutos depois, o fusca verde de Vinca parou em frente de um clube. Eu me afundei em meu 

assento quando um vampiro próximo a entrada olhou para o carro. Nenhum vampiro que se dê ao 

respeito escolheria andar por aí com aquele hippie móvel. Especialmente um com a placa que se 

lia “FLWRPWR 52 ”. 

Um manobrista chegou e imediatamente entregou um tíquete quando saímos do carro. Eu ignorei 

os olhares e liderei o caminho para dentro do clube. 

O clube em si era uma massa inchada de concreto e ferro. Os dois andares de janelas vibravam 

das batidas da música que reverberava lá dentro. Dois porteiros usando camisetas pretas 

idênticas acenaram para nós entrarmos depois de alguns comentários. 

O barulho lá dentro fazia meus ouvidos doerem. A multidão parecia ser uma mistura de vampiros 

e mortais góticos. Sempre me fazia rir o fato que os vampiros se vestiam com roupas modernas, 

enquanto aqueles que os copiavam pareciam presos em alguma era gótica. 

Vinca estava quase surtando de alegria quando nos aproximamos do bar. Rezei para que ela não 

fizesse alguma coisa para me envergonhar. O bartender, um cara magro com um cabelo laranja 

chocante, olhou para Vinca antes de perguntar o que queríamos. Pela falta de segurança do 

local, me restringi a pedir um whiskey, enquanto Vinca pediu um Shirley Temple 53 . Quando olhei 

para ela, ela sorriu para mim como se seu pedido não tivesse sido totalmente ridículo. 

- Você não quer alguma coisa um pouco mais forte? 

Ela balançou a cabeça. 

- Fadas não precisam de álcool. O açúcar é mais tóxico para nós. 

Pegamos nossas bebidas e abrimos caminho entre a multidão suada para encontrar um lugar 

para sentar do outro lado do clube. Enquanto caminhávamos, notei mais homens olhando para 

minha nova colega de quarto, como se ela fosse uma sobremesa. Ela não parecia se importar já 

que ela acenava e sorria para eles. Quando estávamos sentadas, Vinca bebeu um grande gole 

de sua bebida cor de rosa, enquanto eu observava a ação na grande pista de dança. Pelo canto 

dos olhos, vi Vinca me observando. Ela finalmente se moveu para o meu campo de visão, para 

chamar minha atenção. 

- Então Sabina, me conte tudo. 

- O que você quer dizer? 

- Sobre você boba. Me conte sobre sua vida. 

52 

Flower Power (Força das Flores) foi um slogan usado pelos hippies dos anos 60 até o começo dos anos 70 como um símbolo 

da ideologia da não-violência e de repúdio à Guerra do Vietnã. 

53 

Shirley Temple é uma bebida não alcoólica, normalmente feito com Seven up, ou Sprite, Ginger Ale ( refrigerante a base de 

gengibre) e suco de laranja. Normalmente servido para crianças. 



Ela esperou com um sorriso paciente enquanto eu tentava descobrir o quanto eu deveria contar a 

ela. 

- Não há muito que falar, realmente. Até recentemente eu era uma assassina para a Dominae, 

mas realmente não funcionou. Então estou aqui. 

- Oooh, uma assassina! Que interessante. Quantos seres você matou? 

Eu estava chocada que ela havia aceitado tão bem a noticia. 

- Eu não tenho muita certeza. Muitos. 

- Interessante. E agora você quer se juntar ao Clóvis. Eu acho que isso faz sentido, se você tem 

um problema com a Dominae. 

- Eu acho que sim. Entretanto eu não estou muito certa disso. 

- Bem, por que não? Clovis é incrível. 

- Como você conheceu ele? – Eu perguntei. 

Ela deu de ombros e brincou com a pequena sombrinha em sua bebida. 

- É uma longa história, mas a versão resumida é que a cidade não é lugar para uma jovem ninfa 

inocente recém saída da floresta. Eu tive um tempo difícil e acabei envolvida com pornografia de 

fadas. 

Engasguei com minha bebida, derramando whiskey em minhas calças. Vinca bateu em minhas 

costas e me entregou um guardanapo. Quando me recuperei, eu disse. 

- Pornografia de fadas? 

- É. Existe um grande mercado negro para isso. E desde que sou uma ninfa, e minha espécie é 

conhecida por nossos... talentos, eu fui famosa por um tempo – ela parou para beber um gole de 

sua bebida – de qualquer maneira, Manroot, meu agente, eventualmente me trocou por uma outra 

ingênua. Fui deixada sem dinheiro e com um sério caso de chatos 54 . Clovis escutou sobre meu 

problema de um amigo que havia se juntado ao templo e ele se ofereceu para me ajudar a dar a 

volta por cima. O resto é história. 

- Uau – eu disse – a quando tempo atrás foi isso? 

- Dez anos, no próximo mês – ela disse – então quando encontrei o Clovis, tive uma visão que me 

disse que eu poderia confiar nele. Eu não sei onde teria acabado se Clovis não tivesse me 

54 O piolho do púbis, também conhecido como chato, piolho-caranguejo ou Pthirus pubis, é o inseto parasita responsável pela 

pediculose pubiana. Esse parasita passa toda sua vida infestando pêlos humanos alimentando-se exclusivamente de sangue. Os 

humanos são os únicos hospedeiros deste parasita. 



ajudado. E eu não sou a única. Ele tem ajudado dezenas de vampiros, videntes, e outros 

seres desde que o conheço. 

Eu deixei o comentário sobre a visão morrer. 

- O que ele pediu em troca? – Eu não estava acreditando nessa porcaria de boa ação. Clovis não 

me pareceu o tipo de cara que ajudaria alguém sem uma troca de favores. 

- Nada de mais. Sou voluntaria no templo algumas noites no mês, cuidando para que as plantas 

estejam saudáveis. E é claro eu deixo que ele se alimente de mim algumas vezes. 

Minha boca se abriu. 

- Ele se alimenta de você? 

Ela deu de ombros. 

- Claro. É um pequeno preço a se pagar. 

- Ele se alimenta de todos os seguidores? 

- Eu acho que sim. Por quê? 

- Vinca, você sabe que quando um vampiro se alimenta ele absorve uma pouco da essência do 

doador, certo? 

- Sim, e? 

Balancei minha cabeça, sem ser capaz de entender por que ela não compreendia. 

- Você não vê? Se ele está se alimentando de todos os seguidores, ele está ganhando qualquer 

poder que eles possuem para ele. Ele deve estar incrivelmente forte. 

Ela bufou. 

- Estou feliz em compartilhar meus limitados poderes, com ele. Ele precisa de todo o poder que 

puder juntar para vencer os opressores. 

Olhei para a bebida dela. Ela mal o havia tocado, o que contrariava minha teoria que ela estaria 

bêbeda. 

- Opressores? 

- Você sabe, a Dominae, o conselho Hecate, a corte Seelie, a liga dos Demônios? – Ela disse. 

Sua voz havia aumentado com o fervor de um convertido – as instituições que tem fomentado a 

inimizade entre as raças por incontáveis séculos? 



- Oh, certo, eles – de repente tive o pressentimento de que havia subestimado minha 

colega de quarto. Ela parecia volúvel, mas a escutando falar percebi que na verdade ela estava 

completamente envolvida na doutrina de Clovis. 

- Clovis apenas quer nos salvar da tirania em que estamos vivendo. Se doando algum sangue vai 

ajudá-lo a fazer isso, então que seja. 

- Tudo bem – eu disse lentamente – então como ele planeja unir a todos? 

Ela bebeu outro gole. 

- Espalhando sua mensagem de amor. 

Eu quase me engasguei novamente. 

- O que será essa mensagem exatamente? 

- Ao invés de te responder diretamente, me deixe te fazer uma pergunta. 

Inclinei-me no banco com meus braços ao redor do encosto. 

- Manda. 

- Você nunca ficou cansada de ser uma excluída? 

Me sentei rígida, meus braços caindo ao meu lado. 


- Você... nós... todos estamos sendo marginalizados como mitologias para os humanos. Estamos 

sendo forçados a nos misturar ou esconder nas sombras, com medo de sermos descobertos. Mas 

na verdade, somos os seres superiores. 

Eu estava começando a entender. 

- Ah, então Clovis na verdade quer que nos unamos contra Adamites. – Não com eles como ele 

havia me falado. Interessante. 

- Exatamente – ela disse – não para acabar com eles, imagine você, mas para finalmente tomar 

nosso lugar como lideres na terra. Como os filhos e filhas de Lilith, é nosso direito de comandar. 

Rolei meu copo entre minhas mãos, considerando o que ela falara. Aquilo fazia algum sentido, 

entretanto eu não tinha certeza de como Clovis pretendia conquistar isso. 

- Quando ele me chamou, Clovis mencionou que você estava um pouco relutante em se unir a 

nossa causa – ela continuou – mas Sabina, posso lhe dizer sem duvida que em minha mente que 

as intenções de Clovis são nobres. 



- Eu tenho certeza de que são. Mas você tem que entender que é uma grande mudança 

para mim ir de um mestre para outro tão rápido. 

- Pergunte a si mesma isso – ela disse. Ela se inclinou para frente e colocou uma mão de suas 

delicadas mãos em meu braço – você já se sentiu amada pela Dominae? Elas já prometeram 

tornar sua vida melhor? Por que é isso que o Clovis está oferecendo para você. É um presente. 

Eu prevejo que um dia você irá agradecer ele pela oferta. 

Me mexi em meu banco, para longe da intensidade do olhar dela. Era hora de mudar de assunto. 

- Escuta, preciso ir ao banheiro. Você quer outra bebida enquanto estou fora? 

Ela bebeu o resto de seu Shirley Temple. Um delicado arroto saiu de sua boca em formato de 

arco de cupido. 

- Faça com que seja um duplo. 



Capítulo Treze 

Caminhei através da densa multidão, me perguntando onde poderia conseguir uma mordida 

rápida. Normalmente, clubes como esse possuem salas privadas para vampiros. Entretanto, 

sendo uma desconhecida nessa região, eu não tinha idéia de como seria recebida, especialmente 

se a novidade que sou uma vampira non grata com as Dominaes houvesse se espalhado para o 

norte. 

Fiz meu caminho de volta para o bar principal e consegui a atenção do jovem vampiro que havia 

nos atendido antes. Ele se reclinou no bar na minha frente. 

- O que vai ser? 

Me aproximei, para não ser ouvida pelos mortais que cercavam o bar como lobos sedentos. 

- Você tem alguma coisa orgânica aqui? 

As sobrancelhas dele se juntaram. 

- Sinto muito, você terá que comprar a sua erva em outro lugar. Ele começou a sair, mas agarrei 

seu braço. 

- Não erva. Sangue. 

Sua boca formou um oh, quando ele compreendeu. 

- Você quer dizer bloody Magdalene 55 ? 

Assenti para o código. 

- Sim, um duplo, segure a vodka. 

Ele se abaixou em frente à uma geladeira escondida sob o bar. Eu não podia ver sobre seu 

ombro, mas sabia que ele estava colocando sangue de uma bolsa dentro do misturador em sua 

mão. Ele até mesmo colocou especiarias e sacudiu a bebida antes de colocar o sangue em um 

copo fundo. Ele até mesmo enfeitou o copo com um pedaço de aipo. 

- Isso vai custar cinqüenta Dólares – ele disse. 

- O que! Isso é um assalto – eu disse. 

- Escute senhora, somos nós que arriscamos a ter essa coisa estocada. Você quer barato, vá 

caçar você mesma. 

Fazendo uma careta, peguei minha carteira e tirei um Benjamin 56 . 

55 O nome Magdalene se refere à Maria Madalena. A tradução seria Sangue de Madalena. 

56 Nota de 100 dólares. 



- Eu preciso de outro Shirley Temple. E troco. 

Ele sorriu um sorriso de escárnio e foi providenciar o restante de meu pedido. Bebi um gole e 

estremeci. Sangue barato não poderia ser pior. Bares como esse normalmente tem um acordo 

para comprarem o fundo do barril dos bancos de sangue locais. Por sorte as especiarias 

disfarçavam o gosto férreo do sangue. Resmunguei comigo mesmo o alto preço do fast food 

enquanto ele foi pegar o troco. 

O bartender colocou duas notas de vinte no bar, junto com a bebida de vinca. 

- Ei – eu disse – dez dólares por um Shirley Temple? 

- Não, ele é cinco dólares. Os cinco extras são da gorjeta que você não iria me dar. 

- Idiota – eu resmunguei enquanto saia sessenta dólares mais pobre. Não é que sou avarenta. É 

que a inflação doi ainda mais quando você é imortal. 

Eu tinha duas opções para voltar para minha mesa. Eu poderia pegar o longo caminho através da 

multidão, e ainda arriscar derramar sangue e granadina 57 em minha roupa. Ou eu poderia 

atravessar direto pela pista de dança e arriscar derramar sangue e granadina em minha roupa. Eu 

escolhi a rota mais direta. 

Eu não havia dado dois passos na pista de dança lotada, quando senti uma presença suspeita na 

vizinhança de meu traseiro. Um homem humano, usando lamé 58 dourado, sorrindo para mim, 

enquanto esfregava sua pélvis contra minhas costas. Ele usava cerca de quatro correntes de ouro 

ao redor do pescoço, e obviamente era uma maneira de compensar o pequeno membro que ele 

estava empurrando contra minha bunda. Não havia nada pior do que macho mortal excitado. 

Eu o encarei com um olhar de raiva. 

- Caia fora, idiota. 

- Ei, baby, por que a raiva? Dê um pouco de amor á um jogador. 

- Não estou interessada. 

- Maldição, garota, isso foi frio. Sua personalidade de gangster suburbano era ridícula, mas sua 

falta de habilidade de entender uma indireta era suicida. 

Um espaço se abriu em minha frente na multidão, então eu escapei antes de ficar tentada a 

mostrar algum amor em forma de meu joelho nas nozes dele. Agora eu lembrava por que 

costumo evitar pistas de dança. 

57 Grenadina tradicionalmente é um licor, xarope, não alcoólico de tons vermelhos, feito geralmente das sementes da fruta 

Romã. É usado como um item de coquetéis, tanto por seu sabor como também para tingir de rosa bebidas misturadas[1]. 

"Grenadinas" são geralmente feitas ao se misturar o xarope com água gelada num copo ou numa jarra, algumas vezes com gelo. 

58 http://d2g465z57r2u8t.cloudfront.net/photos/6152/American_Apparel_Unisex_Shiny_Windbreaker_Final.jpg 



Cerca de metade do caminho através da massa humana giratória, senti uma mão em meu 

ombro. Irritada, virei pronta para ensinar outro idiota boas maneiras. A bebida da Vinca caiu sobre 

o cara que havia me agarrado. Só que ao invés de outro idiota mortal com o peito cheio de ouro, 

encarei um agradável peitoral coberto com uma camisa branca salpicada com manchas rosa. 

Olhei para cima para ver um rosto familiar e irritado. 

- Ei você não sabe que é rude agarrar as pessoas? – Imediatamente comecei o ataque. Aquele 

mago esquisito tinha que para de me seguir. 

- Você não sabe que é rude derramar bebidas nas pessoas? – Ele falou alto o suficiente para ser 

escutado mesmo com a música. 

- O que você quer? – Corpos batiam em nós de todos os lados. Agarrei minha bebida contra o 

peito. De maneira nenhuma eu iria deixar cinqüenta dólares de sangue ser desperdiçado. 

O mago também não parecia muito feliz em ser empurrado. Ele agarrou meu braço e começou a 

me puxar em direção do bar. Quando travei em meus saltos, ele olhou sobre o ombro com uma 

careta. Pensei sobre isso por um segundo e bufei. Era hora do mago responder algumas 

perguntas. 

Ele me levou para a porta do outro lado do bar. Outro segurança estava parado lá. Ele era um 

vampiro, mas somente mexeu a cabeça quando viu o mago. Pela primeira vez não me perguntei 

como esse cara parecia se mover sem problemas pelo território dos vampiros. 

O mago me levou para uma sala privada. Sofás baixos de couro preto e mesas de ferro criavam 

áreas para conversas. A musica do lado de fora estava sendo transmitida por auto falantes, 

somente em um nível mais aceitável. 

Quando ele fechou a porta, virei para ele. 

- Tudo bem, quem diabos é você? 

Ele riu. 

- Você não mede as palavras não é Sabina? Sou Adam Lazarus – ele estendeu uma mão 

enquanto caminhava em minha direção. Olhei para ela como se ele estivesse me oferecendo uma 

cobra. 

Eu balancei minha cabeça e olhei para ele. 

- Acho que vou passar. 

Ele retirou a mão e franziu as sobrancelhas. 

- Você acha mesmo que vou te fazer algum mal, depois de ter salvo o teu traseiro em Los 

Angeles? 



Coloquei uma mão no quadril. 

- Você salvou meu traseiro. Você mal me ajudou, e por aquilo eu lhe devo um obrigado. Mas não 

significa que eu confio em você, longe disso. 

- Justo – ele disse. Ele caminhou para trás do pequeno bar de um dos lados da sala. De uma mini 

geladeira ele pegou uma cerveja. Ele levantou a garrafa me oferecendo. Eu o ignorei e tomei um 

grande gole da minha bebida, que, obrigado senhor, havia sobrevivido o passeio pela pista de 

dança. 

- Está na área da baia de férias? – Eu perguntei. 

Os lábios dele se moveram com o meu sarcasmo. 

- Acredite em mim, se eu estivesse de férias, seguir uma vampira mal humorada não seria minha 

primeira escolha – ele disse – e o porquê de eu estar seguindo você, a resposta é simples. A tua 

família me mandou para cuidar de você. 

Eu cruzei meus braços. 

- Certo. Você realmente espera que eu acredite que as Dominaes contratariam um mago para me 

seguir? 


- Não as Dominaes. A tua família Hekate. 

Meu estômago se comprimiu. 

- Eu não tenho uma família Hekate. 

- Ao contrario, você tem uma grande família Hekate – ele sentou no braço de uma das cadeiras, 

parecendo completamente calmo enquanto eu sentia como se estivesse enrolada em arame 

farpado. 

- Boa tentativa. O lado Hekate da minha família me renegou quando nasci. Então, quem 

realmente te mandou? 

Adam se inclinou em minha direção, sua expressão era intensa. 

- A Dominae te contou isso? 

Eu estava ficando um pouco irritada com o assunto. 

- Mesmo se eles não me abandonaram, está bem óbvio desde que os magos não fizeram 

nenhum esforço para entrar em contato comigo. 



Ressentimento cresceu em minha barriga como uma trepadeira envenenada. 

Ressentimento contra meus pais por quebrarem as regras, ressentimento contra as Dominaes por 

me culparem pela ação deles, e ressentimento contra Adam por me lembrar do meu status de 

red-headed stepchild 59 . 

- Você não foi abandonada Sabina. A sua existência foi escondida do conselho Hekate até 

recentemente. 

- Me dá um tempo. Você realmente espera que eu acredite nessa merda? – Eu disse. – Olha, eu 

não sei para quem você está trabalhando, mas eu sugiro que você diga para eles que eu não 

comprei essa historia. 

- E eu não a estou vendendo. A verdade é que a tua família me enviou para fazer contato com a 

esperança de você considerar uma reunião. Tenho ordens de insistir com isso até você 

concordar. 

- Não segure a sua respiração, homofobico 60 . 

Ele sorriu com o insulto. 

- Você vai descobrir que sou um homem paciente, Sabina Kane. 

Eu fiz uma careta. Nomes guardam poder e esse mago acabara de declarar um desafio. 

- Olha, cara, eu não tenho tempo para essa porcaria. Agora vá embora. E enquanto você estiver 

fora, mantenha aquela coruja maluca longe de mim. É assustador. 

Comecei a caminhar para a porta, mas ele me alcançou mais rápido do que qualquer mago teria 

o direito de se mover. Ele colocou uma mão em meu braço, me fazendo pular para longe com 

minhas presas de fora para ele. Ele caminhou para trás no mesmo instante com suas mãos 

erguidas. 

- Calma – ele disse. – que coruja? 

- Oh, por favor – eu disse – não finja que não sabe do que estou falando. 

- Sabina eu não sei nada sobre coruja. 

- Sim você sabe. É bem difícil deixar de perceber uma enorme coruja com olhos vermelhos. 

Seu rosto ficou branco. 

59 Um termo que se originou do comum mau trato e ostracismo social de pessoas de cabelos vermelho. Uma pessoa nascida 

com o cabelo vermelho(legitima ou não) ou adotada por uma família de não ruivos é tipicamente submetido a abuso físico e 

mental, e descriminado em termos financeiros na família. Hoje em dia o termo pode ser aplicado para um individuo ou grupo de 

indivíduos que são renegados, ou provem da parte ruim da sociedade. 

60 A homofobia (homo= igual, fobia=do Grego φόβος "medo"), é um termo utilizado para identificar o ódio, aversão ou a 

discriminação de uma pessoa contra homossexuais ou homossexualidade, ou genericamente de modo pejorativo, qualquer 

expressão de crítica ou questionamento ao comportamento homossexual. 



- Quando você a viu? Me diga. 

Eu suspirei, cansada da brincadeira. 

- Na noite em que vi você no Sepultura e novamente no Phantasmagoria antes da luta. 

- Você a viu desde aquela noite? 

- Nossa não. Qual é o negócio? – Eu zombei dele. – Não me diga que perdeu a tua coruja. Que 

vergonha. 

- A coruja não é minha – o rosto dele estava sério e de repente tive um mau pressentimento em 

meu estômago. 

- De quem é então? 

- Você não quer saber. 

- Sim eu quero. 

Ele suspirou. 

- Você disse que a coruja tem olhos vermelhos? – Eu assenti, e ele continuou. – De acordo com 

as lendas, Lilith tem uma coruja de olhos vermelhos chamada Stryx. Ela é sua espiã. 

Eu o encarei por um momento, surpresa por ele esperar que eu caísse naquela armadilha. A 

próxima coisa que ele vai me falar será provavelmente que arbustos em chamas falam com ele. 

- Tanto faz – eu disse finalmente – eu estou fora daqui, maluco. 

Eu caminhei para a porta, pronta para fingir que essa conversa nunca acontecera. 

- Como está o Giguhl? 

Isso me fez parar. Me virei lentamente, o encarando com um olhar que deveria tê-lo transformado 

em cinzas em instantes. 

- Oh, sim. O que você pretendia mandando um demônio para me matar? 

Ele levantou as mãos. 

- Eu tinha que ter certeza. 

- Do que? 

- De que você era ela. 

- Ela quem? – Eu perguntei perdendo minha paciência. 



Ele abriu a boca para falar, mas voltou a fechar. Sua expressão se fechou como se ele acabasse 

de decidir contar uma mentira. 

- Eu tenho que ter certeza que você era realmente a filha de Tristan Graecus. 

- Você está mentindo. 

- Não, não estou – os olhos dele viraram para a direita. 

- Olha, isso não interessa. Eu deveria te matar por mandar aquela besta do inferno pra me pegar 

– eu avancei para ele, mas ele estendeu uma mão para me parar. 

- Eu não faria isso se fosse você – ele disse rápido – pense sobre isso. Se você me matar vai 

ficar presa com ele para sempre. 

Eu parei, pensando sobre a perspectiva de passar a eternidade com Giguhl. Um arrepio passou 

por mim. 

- Maldição! 

Adam sorriu e cruzou os braços. 

- Tudo bem – eu disse – o que você quer para mandá-lo embora? 

Ele se balançou em seus saltos, pensando. 

- Você precisa concordar se reunir com a tua família. 

Eu ri na cara dele. 

- Você é louco. 

- Sem reunião, sem mágica. 

- Eu deveria te matar. 

- Você é bem vinda para tentar, mas você não vai vir nenhum centímetro em minha direção antes 

que eu exploda o teu traseiro com um feitiço, que vai fazer que Irkalla pareça uma semana no 

Taiti. 

- Você é um chato, sabia. 

Ele colocou um cartão de visita na minha mão. 

- Pense sobre isso – ele disse – quando estiver pronta para fazer um acordo, ligue para mim. 

- Pouco provável – eu entreguei o cartão de volta, mas ele o recusou. 



- Pegue isso. Mesmo se você não estiver pronta para encontrar com a tua família, me ligue se 

você tiver alguma pergunta de onde você vem ou sobre mágica. 

- Eu fiquei bem até agora sem usar minha magia, se eu tiver alguma. 

- Você tem – ele disse – a questão é, por que você renega o seu direito de nascença? 

Eu tive o suficiente dele. 

- Adeus, Adam Lazarus. Se esse é mesmo o seu nome verdadeiro. 

- Boa noite, Sabina Kane. Vamos nos ver novamente muito em breve. 

- Oh, ótimo – eu resmunguei comigo mesma enquanto ia embora. O engraçado era que ele não 

parecia maluco, apesar de suas afirmações estranhas. Olhei para ele por sobre meu ombro, e ele 

abanou para mim. Fiz uma careta para ele antes de voltar para o clube. Eu não estava correndo 

dele, mas correndo para encontrar Vinca que deveria estar preocupada, por causa do meu 

desaparecimento. Eu não sabia o por que, mas coloquei o cartão de Adam em meu bolso. 

Provavelmente, eu deveria ter destruído o cartão. Entretanto algo me disse para ficar com ele. 

Quando finalmente cheguei à mesa, Vinca já havia ido embora. Eu não podia culpá-la por ter ido 

embora, quando eu fiquei fora por tanto tempo. Sentei para terminar minha bebida, sem pressa 

para partir, para caso aquele mago estivesse esperando por mim do lado de fora. O problema era 

que ele parecia bem convencido, ou pelo menos ele parecia convencido de que estava falando a 

verdade. 

Lavínia havia me avisado desde muito cedo para não confiar nos magos. Eles dizem que parte de 

seus poderes estavam nas palavras, e que eles jamais hesitavam em contar mentiras para 

manipular suas vitimas. De acordo com ela, magos não possuem lealdade e integridade. Para 

ela, a família de meu pai me rejeitar ao nascimento comprovava esse fato. 

Então, sim, eu achava difícil acreditar em um mago que enviava demônios contra mim e me 

persegue fazendo alegações estranhas. Mas para quem que ele estava trabalhando? E o que ele 

acha que vai conseguir me contando mentiras? 

Com alguma sorte, ele iria me deixar em paz. Mas pelo jeito que anda a minha sorte ultimamente, 

eu não colocava muita fé nisso. 

Tomando outro gole de sangue, tirei o mago de minha mente, para me concentrar em meu projeto 

com o Clovis. Eu realmente precisava achar qual seria meu próximo passo. Obviamente, eu teria 

que adiar a iniciação até compartilhar alguns de seus planos comigo. Depois de conversar com a 

Vinca, eu tinha uma boa idéia do que a iniciação se tratava. A idéia de deixar ele se alimentar de 

mim me deixava com nojo, mas eu não via muitas escolhas. 

Eu terminei o sangue, que agora estava morno, e parti. O vento frio da noite bateu contra mim, 

quando sai do clube. Peguei um taxi de volta ao apartamento. 



Paguei o motorista e sai pronta para me fechar em meu quarto e me preparar para dormir. 

Quando subi as escadas para o quintal, escutei um grito ecoando pelo silencioso céu da manhã. 

Parei e olhei para a coruja. Ele estava sentada no telhado do prédio próximo em uma antena da 

TV. 

- Me deixe em paz – eu disse. Me sentindo um pouco idiota falando com uma coruja, mas eu já 

não me importava. Era demais para digerir. 

Mais uma vez, o grito da coruja soou como, “Sabina”. Um estremecimento passou pela minha 

coluna. E se Adam estivesse certo e essa coruja é uma espiã de Lilith? Eu ri de mim mesma. Por 

que a rainha de Irkalla e mãe de todas as raças da escuridão estaria me espionando? 

- Eu devo estar mais cansado do que imaginava – eu disse alto. Para a coruja eu disse – vá para 

casa. 

Continuei para o apartamento silencioso, onde Vinca havia deixado as luzes acesas para mim. Eu 

cai na cama depois de empurrar o Giguhl para fora do travesseiro. Eu havia apagado antes de 

minha cabeça tocar o travesseiro. 

Naquela noite eu sonhei com corujas vampiras que se alimentavam do corpo de David. 



Capítulo Quatorze 

- Estou surpresa por você já precisar de ajuda, Sabina. Com certeza você ainda não encontrou 

problemas – a voz da Lavínia soou estridente através do receptor. 

Me remexi no banco duro da praça, tentando aliviar o ponto de pressão. O parque estava vazio à 

essa hora da noite, exceto por alguns traficantes de drogas e outras pessoas de baixa vida. Eles 

dariam um bom lanchinho da meia noite assim que eu desligasse o telefone. 

- Não é exatamente um problema – eu disse rapidamente. 

- Bem, fale de uma vez – ela disse. Eu podia escutar conversa ao fundo, dos acolites se 

preparando para a missa da meia noite. 

- Ele quer se alimentar de mim – eu falei. 

Minha avó suspirou uma profunda inalação que claramente comunicou sua impaciência. 

- Você está desperdiçando meu tempo. 

- Posso simplesmente matá-lo? 

- Sua missão é se infiltrar em seu circulo pessoal e descobrir quem está espionando para ele e 

quais são seus planos. Você não vai matá-lo antes de minhas ordens. 

Eu esfreguei minha testa. 

- Então eu devo me prostituir até lá? 

A voz dela veio através do telefone como um tapa. 

- Eu não criei você para ser fraca. A sua lealdade com a Dominae supera o seu orgulho. 

Eu olhei para baixo, envergonhada de tê-la questionado. Mas por dentro, meu estômago 

embrulhou. Permitir que outro vampiro se alimente de você era o Maximo da submissão. Todos 

os subordinados da Dominae passam por isso como sinal de fidelidade quando chegam à certa 

idade. Mas eu nunca permiti ninguém mais fazer isso. Alguns vampiros gostavam do aspecto de 

ser mestre e servente compartilhar sangue durante o sexo, mas eu não. Para mim isso 

representava vulnerabilidade... Fraqueza... Algo que tento evitar a todo custo. 

- Se você não pode agüentar esse trabalho, me diga agora. 

Minha cabeça se ergueu. As palavras dela feriram meu orgulho, e eu suspeitava que fosse essa a 

intenção dela. 

- Eu posso lidar com isso. 



- Excelente. Não ligue novamente até ter novidades para compartilhar. 

- Sim, vovó – eu disse. 

Desencostei o telefone da minha orelha para desligar, me sentindo confusa com minhas emoções 

que se debatiam dentro de mim. 

- Sabina? 

Eu coloquei o telefone de volta em meu ouvido. 

- Sim, Domina? 

- Não me desaponte, criança. Isto está claro? 

Meus dentes se serraram, como se minha mandíbula estivesse sido amarrada. 

- Claro como cristal. 

Desliguei e fui trabalhar com a minha frustração com alguns dos meus amigos visitantes do 

parque. 

Quando abri a porta do apartamento uma hora depois, uma faixa preta passou correndo. Me virei 

para ver a calda do Giguhl ganhando velocidade em direção da rua. 

- Hey! Volte aqui – antes que eu pudesse alcançá-lo, Vinca passou correndo. Ela o pegou pelo 

pescoço logo antes dele se esconder sob alguns arbustos. 

- Te peguei! – Ela gritou. Giguhl cuspiu e bufou para ela e suas patas batiam no ar. 

- Mas o que... – eu comecei. Vinca passou por mim enquanto xingava o gato. O gato com olhos 

arregalados fez o gesto com a boca “me ajude” quando eles passaram. 

Eu os segui para dentro, feliz pela distração da pequena conversa com minha avó. 

- O que diabos está acontecendo aqui? – Ela virou em seus saltos e olhou para mim. Agora ela 

tinha o gato sob um dos braços. 

- Me solte, sua aberração! – Giguhl lutou para se libertar, mas Vinca o subjugou com um sorriso. 

- O que esta acontecendo? – Ela repetiu. – Vou te dizer o que está acontecendo – seu tom 

parecia de conversação, mas eu detectei aço frio sob as palavras – hmm, vamos ver. Primeiro, o 

gato demônio escapou do teu quarto quando entrei para deixar toalhas limpas sobre a cama. 

Então esse monte de pêlo em movimento decidiu urinar em minhas folhagens. 

Eu quase comecei a rir, mas sua careta fez com que eu ignorasse a urgência. Ela continuou a 

contar os pecados do Giguhl com os dedos. 



- Depois disso, ele usou meu sofá para afiar as garras. E se isso não fosse ruim o 

suficiente, ele começou a acasalar com minha almofada bordada! 

Eu estremeci quando ela apontou para onde Giguhl havia despedaçado o canto do sofá. 

- Vinca, eu sinto muito. Irei pagar pelos danos. 

- Esse gato – ela o levantou um pouco mais alto, o fazendo rosnar – é um perigo. Você terá que 

prender ele enquanto estiver fora se quiser ficar aqui. 

Eu estava para responder quando o Giguhl se soltou e correu. Eu o observei indo, achando que 

ele iria se esconder até que as coisas se acalmassem. 

- Novamente eu peço desculpas. Eu acho que ele não gostou de ficar preso por tanto tempo. 

- Não é somente isso – ela disse, cruzando os braços – você desapareceu ontem a noite. 

Eu suspirei. Se eu não fosse cuidadosa ela nos chutaria para fora antes que eu conseguisse 

terminar minha missão. 

- Eu sinto muito. É que... bem, eu fiquei distraída por um mago que vem me seguindo. 

- Mesmo assim... – Sua expressão mudou quando ela veio para frente com os olhos arregalados 

– espera, um mago? 

Eu assenti lentamente, confusa por sua mudança rápida de humor. 

- Eu tive uma visão sobre você e um mago a noite passada. Ele tinha cabelo preto, certo? 

- Um, não. É um tipo de loiro areia. 

- Hmm. Ele estava usando a cor preta? 

Eu pensei sobre isso um segundo. 

- Suas botas. 

- Sim, deve ser isso. Bem, minha intuição está me dizendo que ele irá ser muito importante em 

sua vida – ela parou e olhou para mim com um grande sorriso – eu estou captando uma grande 

vibração romântica aqui. 

Nem um pouco provável, eu pensei. 

- Vinca, você nunca considerou que a sua intuição pode estar um pouco desregulada? 

Ela bufou. 

- Claro que não. Ninfas são conhecidas por serem excelentes profetizas. Não brinque com o que 

você não entende. 



- De qualquer maneira... – Eu disse, tentando mudar de assunto – eu tive que lidar com ele, mas 

quando eu voltei para a mesa, você já tinha ido. 

Ela sorriu. 

- Sinto muito nós começarmos com o pé errado. Eu nunca tive uma colega de quarto. Podemos 

começar novamente? 

- Tudo bem – eu disse lentamente – escute, eu realmente preciso conversar com o Giguhl. 

Ela fechou um pouco a cara quando mencionei o demônio gato. 

- Tudo bem, vou pegar algumas bebidas, e quando você voltar pode me contar tudo sobre esse 

mago sexy. 

Eu deixei aquilo passar enquanto ela desaparecia para dentro da cozinha. Tirei um tempo para 

me recompor antes de confrontar a bola de pêlo irritada no outro quarto. Eu iria levar a bronca de 

minha vida, sem duvida sobre isso. Eu tinha algumas coisas para falar para ele também. 

Abri a porta de meu quarto esperando ser atacada, mas o que vi, foi Giguhl deitado na cama, 

lambendo suas patas. Fechei a porta e caminhei lentamente. 

- Tudo bem, vou tentar ficar calma. E você vai me dar algumas respostas, entendeu? 

Ela parou com suas lambidas para me dar uma cheirada desdenhosa. Isso seria o mais perto de 

uma aceitação que eu conseguiria. 

- No que diabos você estava pensando lá fora? 

- Que eu precisava fazer xixi, e alguém esqueceu de me levar para minha caminhada noturna 

antes de sair. 

- Droga, você está certo. Mas você precisava urinar nas plantas dela? Você não poderia ir ao 

banheiro e usar a banheira ou algo assim? 

- Olhe senhora, eu vi uma oportunidade para minha liberdade e aproveitei. Não é culpa minha que 

fiquei preso nessa aberração floral por dois dias. Gatos precisam de liberdade para perambular, 

você sabia? 

Eu revirei meus olhos. 

- Esse perambular inclui despedaçar moveis? 

Ele bufou. 

- Algumas vezes. 



- E a almofada? 

- Eu tenho necessidades! 

- Você pode fazer essas coisas aqui, Giguhl. Ela vai nos mandar embora. 

Ele sentou e olhou para mim. 

- Você não pode esperar que eu apenas fique sentado aqui o tempo todo, preso nesse quarto. Já 

é ruim o suficiente estar preso nessa carcaça peluda. Falar sobre insulto e ferimentos. 

- Falando em nisso, por que isso? Você poderia ter mudado de volta a forma de demônio sempre 

que quiser, certo? 

Ele olhou para baixo e deu um tapa na cama. 

- Não exatamente – ele resmungou algo que não entendi. 

- Fale novamente? – Eu disse, me movendo para mais perto. 

Ele suspirou. 

- Eu disse, não posso me transformar de volta. Eu tentei, mas não funcionou. 

- Por que não? 

- Eu acho que é por que você me disse para ficar na forma de gato a menos que você me diga 

para mudar. 

- Não estou entendendo. 

Ele olhou para cima. 

- Pense em quando você sobreviveu ao teste, eu de uma certa maneira me tornei o seu escravo. 

- O que? 

- Sim, veja normalmente apenas os invocadores tem poderes sobre mim, mas de alguma forma 

isso mudou para você. Ou alguém fez isso. Isso deve estar relacionado à você sobreviver ao meu 

ataque – ele parou para me olhar deixando claro que ele ainda pensava que isso era estranho. Eu 

concordei, mas eu tinha problemas maiores do que tentar reanalisar o que a maioria dos 

vampiros teria considerado uma bênção. 

- De qualquer maneira – ele continuou – eu basicamente tenho que fazer tudo o que você 

mandar. 

Uma risada escapou por meus lábios. 



- Agora isso é engraçado. 

- Estou feliz que você acha isso divertido. 

- Vamos testar isso. Giguhl volte à forma de demônio. 

Uma explosão de luz verde e o cheiro de cabelo queimado encheram o quarto. Abanando uma 

mão em frente ao rosto, eu examinei o quarto. Quando clareou, Giguhl estava sentado nu na 

cama, rindo. 

- Você precisa se cobrir – eu agarrei um travesseiro no chão e atirei para ele – agora vou ter 

pesadelos. 

Ele pegou o travesseiro e o colocou sobre seu colo. 

- Já é ruim o suficiente ter que obedecer todos os seus comandos. Não vamos adicionar ofensas 

à mistura. 

- Sinto muito. É que é muito estranho. Eu nunca tive um lacaio antes – ele bufou e cruzou os 

braços – ah vamos. É apenas temporário. 

Ele olhou para cima. 

- Oh? Você já encontrou o mago que me convocou? 

Uma imagem do rosto de Adam apareceu em minha mente, junto com seu acordo ridículo. 

- Ainda não. Mas... – Eu disse quando o rosto do Giguhl se fechou novamente – eu tenho outro 

plano. 

- E quais são? 

- Vou encontrar um feitiço de reversão e mandá-lo de volta eu mesma. 

Giguhl rosnou. 

- Certo. Boa sorte com isso. 

- Hey! Sou metade mago, então eu devo ter alguns poderes, certo? 

- Me perdoe por não estar mais feliz sobre ser um rato de laboratório enquanto você testa seus 

poderes mágicos adormecidos. 

- Olha, estou fazendo o melhor que posso aqui – mas eu estaria fazendo? Uma ligação para 

Adam agora mesmo, e Giguhl poderia ir para casa. Mas eu não estava interessada em pagar o 

preço pela ajuda do mago. Presumindo que ele estaria falando a verdade. 



- Enquanto isso – eu disse, mudando de assunto – você terá que se comportar. Se a Vinca 

nos chutar para fora, isso poderá colocar minha missão em risco. 

- E tem outra coisa – Giguhl disse – já que sou seu lacaio e tudo isso, não acha que está na hora 

de me contar sobre essa missão secreta? 

- Não. 

- Vamos, Sabina. Quem é que você vai matar? 

- Primeiro de tudo, o que te faz pensar que vou matar alguém? E segundo, se eu vou matar, o 

que você vai fazer, urinar em mim? 

- Por favor, você é uma assassina. É muito improvável que você esteja aqui para apreciar a vista. 

E segundo, eu tenho poderes que você ainda não viu. 

- Quais poderes? 

- Isso é para eu saber, e para você descobrir. 

- Você é realmente um chato, sabia disso? 

Ele não respondeu, apenas sorriu, revelando dentes pontudos e amarelos. 

- Olhe, eu preciso voltar lá para fora. Mude novamente para um gato. 

Ele abriu a boca para protestar, mas antes do som sair o quarto se encheu de eletricidade e a 

nuvem verde retornou. Dessa vez quando clareou, o gato Giguhl estava sentado na cama 

olhando para mim. 

- Isso dói, sabia. 

- Sinto muito, mas não posso imaginar a Vinca gostando de um demônio nu andando pelo 

apartamento dela. Prometo que vou te levar para passear mais vezes. E vou te soltar quando a 

Vinca não estiver aqui. Mas você não pode sair por aí agindo como um animal. 

Ele levantou as sobrancelhas. 

- Me perdoe, mas é você que me quer em forma de gato. Se estou agindo como um animal, você 

não pode culpar mais ninguém à não ser você. 

- Ótimo. Nossa. Irá ajudar se eu comprar para você alguns brinquedos para gatos, ou algo assim? 

Ele fungou. 

- Não me insulte. 

- Eu estava tentando ser legal. Mas se você quer sentar aqui emburrado, fique a vontade. 



Sai antes que ele tivesse a chance de ter a última palavra. A porta estava fechando atrás de mim 

quando sua voz me alcançou no corredor. 

- Não esqueça a erva de gato! 



Capítulo Quinze 

- Estou surpreso por ver você de volta tão cedo. A sua nova casa esta satisfatória? – Clovis 

pegou minha mão e a beijou suavemente. 

- Sim, Vinca é muito agradável – eu disse – posso? 

Ele gesticulou para a cadeira em frente á dele. 

- Por favor, fique confortável. Tenho que admitir que estou intrigado em saber a razão de sua 

visita. 

Me acomodei na cadeira e reuni meus pensamentos. Eu não queria parecer muito ansiosa. 

- Eu andei pensando e decidi que me juntar a você, é a coisa mais sábia a se fazer. 

Imediatamente ele estava sorrindo. 

- Isso é uma excelente notícia. Entretanto, estou curioso sobre a sua repentina mudança de 

coração. 

- Você pode agradecer Vinca por isso – eu disse – ela me convenceu de que posso confiar em 

você. 

Ele entrelaçou os dedos e me olhou com atenção. 

- Então não tem nada a ver em conseguir abrigo contra as Dominaes? 

Eu dei de ombros. 

- Tenho que admitir que isso contribuiu para minha decisão. Mas eu nunca teria aceitado a sua 

oferta se não acreditasse que valesse a pena fazer parte da sua causa. 

Ele acenou. 

- Não posso dizer que não estou feliz com a sua decisão. Se você estiver de acordo podemos 

fazer a iniciação hoje à noite. 

Ele falou isso casualmente, como se estivesse se referindo a formulários à serem preenchidos. 

Eu sabia muito sobre isso para ficar calma. Por mais poderoso que Clovis era, ele não aceitaria 

minha palavra. Eu teria que provar. E pelo que a Vinca havia me contado, eu não iria apreciar 

isso. 

- Isso seria muito bom – meu tom era profissional. Mas por dentro, minha impaciência e 

ansiedade se transformavam em náusea. 



- Deixe-me chamar Frank e logo vamos começar – ele levantou para chamar seu 

assistente, mas eu o impedi. 

- O que exatamente esses rituais exigem? – Eu não pude me impedir. Eu precisava me preparar 

para o que estava por vir. Eu nunca lidei muito bem com surpresas. 

- Paciência, minha querida – ele disse com um sorriso – você logo ir saber. 

Logo acabou sendo uma hora mais tarde. Enquanto esperava em seu escritório fiquei inquieta. Eu 

tentei ficar sentada por o maximo de tempo possível, mas acabava me movimentando pela sala 

procurando algo para ocupar minhas mãos. De acordo com as estantes, Clovis parecia ser 

fascinado pela inquisição espanhola, o que não ajudava para me acalmar. Ele também tinha uma 

grande coleção de livros de feitiços, muitos com capas de couro rachado. Para me distrair de meu 

nervosismo, li vários, procurado por um feitiço que poderia me ajudar com a situação do Giguhl. O 

problema era que a maioria dos feitiços estavam escritos em algo que parecia sumério. Decidi 

“pegar emprestado” alguns deles de qualquer maneira. 

A porta abriu alguns minutos depois de eu ter escondido os livros em minha bolsa. Frank 

parecendo solene, pedindo para segui-lo. Ele me levou por um labirinto de corredores. 

Passávamos por guardas parados em alguns lugares, mas nenhuma outra pessoa cruzou nosso 

caminho. Quando nos aproximamos das portas, o cabelo em minha nuca se levantou. Aquele 

lugar tinha um cheiro diferente do restante do prédio que eu havia visto até agora. Poderia fazer 

tempo desde que tive algum, mas era difícil de confundir o cheiro de sexo. Almiscarado e doce. 

Instintivamente, eu soube que estávamos para entrar na área privada de Clovis. 

Frank parou do lado de fora da porta. Olhando para os painéis de madeira, vi que ele pegou uma 

venda de seu bolso traseiro. 

- Vire-se – ele disse rapidamente. Olhei para ele por um momento. O que havia com esse cara e 

essas vendas? Não era como se eu fosse capaz de encontrar o caminho para esse quarto 

novamente. O rosto dele não demonstrou nenhuma emoção enquanto eu considerava minhas 

opções. Eu não tinha nenhuma. Assenti brevemente e virei com minha cabeça erguida, não 

querendo demonstrar subserviência. Se eu iria fazer isso, iria fazer de verdade. Sem medo do 

que estava para acontecer. Vovó teria ficado orgulhosa. 

A parede desapareceu atrás do véu do pano preto que cobria meus olhos. Frank amarrou a 

venda apertada, mas não dolorosamente. Olhei ao redor, me ajustando a escuridão. Nem mesmo 

uma réstia de luz passava através do pano. 

Senti a mão de Frank em meu ombro quando a porta à minha frente se abriu. Uma leve brisa 

escapou do quarto. O ar estava ainda mais saturado de essência carnal. 

Mesmo com a venda, eu podia dizer que o quarto era grande pelo eco criado por nossos passos. 

Recusando a parecer dependente de Frank, caminhei em frente confiante. Não arrastando meus 

pés. Os estalos de meus saltos me diziam que o chão era de concreto, o que também poderia 

contribuir para o ar frio do ambiente. Dei vários passos antes que uma leve pressão da mão de 

Frank indicou que eu deveria parar. 



- Não se mova – Frank sussurrou em meu ouvido. Seus passos ecoaram quando ele se 

afastou. Quando escutei a porta se fechar atrás de mim, presumi que ele havia me deixado 

sozinha. Tentei me manter calma, mas ainda assim preparada para qualquer coisa. A 

vulnerabilidade tão estranha para mim trancava minha garganta como um nó. Lembrando que 

minhas mãos não estavam amarradas, ignorei as últimas instruções de Frank e levantei uma das 

mãos para a beirada do pano. 

- Irei precisar amarrar as tuas mãos também? 

Meu corpo pulou com o som inesperado da voz de Clovis. Ele estava parado 

desconfortavelmente perto. Quando eu lentamente baixei minha mão, amaldiçoei a mim mesma 

por não ter sentido a presença dele. O fato dele ter me pego desprevenida me deixou ainda mais 

próxima ao limite. Dúvidas começaram a se alastrar, mas eu as empurrei para o lado. 

- Sabina – ele respirou. Uma mão quente tocou meu rosto. Eu pulei por causa do toque 

inesperado. Silenciosamente, amaldiçoei minha falta de habilidade para controlar meu corpo. 

Respirei fundo. Foi quando percebi que o cheiro que havia sentido antes. Sexo. Estava na 

verdade vindo dele. Era como se o corpo dele estivesse exalando feromônios narcóticos. 

- Por favor, me perdoe pela venda. Temo que seja necessária – a voz dele estava diferente, mais 

profunda com um tom mais rouco. Jesus, ele até mesmo soava como sexo. 

Eu assenti, sem confiar em minha voz. 

- Você está assustada Sabina? – Ao invés de preocupação, escutei divertimento na voz dele. 

Cerrei meus dentes, tentando manter o controle. 

- Não – minha voz saiu um pouco instável. Limpei minha garganta – apenas não gosto desses 

jogos que você está jogando. 

- Apenas espere. Ele irá ficar ainda melhor – ele riu – você está pronta para provar a sua 

lealdade? 

- Pode começar – eu disse, levantando meu queixo para mostrar para ele que não estava 

intimidada. 

Ele pegou minha mão e me conduziu para frente. Caminhamos alguns metros antes dele me 

deter. 

- Por favor, sente-se – sua maneira educada encobria um sub tom de perigo. Ele me abaixou até 

uma cadeira com braços de madeira. Eu mal havia me sentado quando senti um metal frio se 

fechar contra meu pulso. Ele rapidamente algemou meu outro braço, antes que eu pudesse 

reagir. 

Lutei contra as algemas, chutando com meus pés, mas apenas atingindo o ar. 



- Seu bastardo! – Eu disse. Forcei contra o metal frio, esperando que minha força o 

quebrasse. As algemas nem ao menos se moveram. Elas deveriam ser feitas de cobre, o que me 

enfraquecia. 

- Você já terminou? – Clovis perguntou atrás de mim. 

Minha respiração ficou rápida, deixando difícil responder. 

- Por quê? – Eu consegui perguntar. 

- É para a sua própria proteção, na verdade – ele disse – se lutar contra mim, enquanto me 

alimento você irá aumentar meus instintos predatórios. 

Meu sangue se tornou gelo, mesmo que eu já soubesse o que o teste significava. Novamente me 

perguntei como minha avó pode ter me pedido para fazer isso. Ela sabia da gravidade em permitir 

que outro vampiro bebesse de minha veia. Deixando Clovis fazer isso, eu estava na essência 

dizendo que ele era agora meu mestre. O pensamento fez meu estômago se contrair. 

Quase instantaneamente, a venda desapareceu. Pisquei contra a luz fraca do quarto enquanto 

meus olhos se ajustavam. Olhei ao redor, tentando me familiarizar. A câmara era grande, com 

candelabros ao longo das paredes. Meus olhos se fixaram em Clovis, que agora estava à minha 

frente, apenas fora do alcance de um chute. Ele usava um longo, robe de seda preto com um 

dragão vermelho bordado sobre seu coração. Ele parou pacientemente, parecendo satisfeito em 

me deixar terminar o reconhecimento do ambiente. 

A direita dele, a cerca de uns seis metros de distância estava a maior cama que eu já havia visto. 

Pilares de ébano entalhados nos quatro cantos com um dossel de seda vermelha. Entretanto a 

verdadeira surpresa eram os metros e metros de cetim preto que cobria o colchão. A coisa 

parecia ter saído de um filme pornô gótico. 

Meus olhos voltaram para ele. Ele sorriu mais amplamente, mostrando as presas pela primeira 

vez desde que eu o conhecera. 

- Podemos começar? 

Chegara a hora de fazer-ou-morrer. Se eu hesitasse ou dissesse que não, iria destruir qualquer 

chance de sucesso da missão. Mas no fundo, uma primitiva parte em mim queria gritar e correr 

dali com o rabo entre as pernas. Não somente eu não queria me submeter ao Clovis, ou a mais 

ninguém, mas também eu não gostava da idéia dele pegando uma parte de meu poder junto com 

meu sangue. Ele estaria pegando uma parte de mim, a força vital que faz de mim o que sou. As 

palavras de minha avó vieram até mim. Eu não tinha o luxo de ser sensível. Eu tinha um trabalho 

para fazer, e eu iria ter sucesso. 

Respirei fundo e acenei minha aceitação. 

- Ah Sabina – ele disse – a sua força continua a me impressionar. Eu mal posso esperar para 

provar você. 



Ele se moveu para frente. Minhas mãos se curvaram como garra sob a restrição do metal. 

Lutei para ficar parada enquanto ele se inclinava. A respiração dele acariciava minha garganta. A 

invasão de meu espaço pessoal fez com que eu recuasse para trás, mas ele segurou minha 

mandíbula com uma das mãos me mantendo no lugar. Pisquei repetidamente quando ele correu 

seus lábios sobre minha jugular. Uma memória do vampiro no estacionamento fazendo a mesma 

coisa, fez com que a bile de meu estômago subisse até minha garganta. Antes que eu pudesse 

espantar a memória, as presas de Clovis romperam minha pele. Dor cortante atravessou meu 

pescoço, me fazendo engasgar. 

Depois de um momento, o movimento pulsante da boca dele em minha veia foi acompanhado por 

um pulsar em uma região mais ao sul. Uma nova sensação de prazer e dor correu através de 

mim. Ele sugou mais forte como se tentando me engolir por completo. E Litith me ajude, eu 

queria. Eu não parei para pensar sobre o porquê de repentinamente querer dar meu sangue para 

ele. Eu apenas o fiz. 

Toda a coisa durou muito tempo, e não o suficiente. Ele retirou suas presas, mas voltou para uma 

caricia final com sua língua. Ele murmurou algo, mas eu estava muito confusa para entender. 

O rosto dele apareceu em meu campo de visão, borrado através das lágrimas que eu não havia 

notado que estavam caindo. Inesperadamente seus olhos brilharam vermelhos na luz fraca e um 

par de pequenos chifres se projetava da testa dele. Eles desapareceram tão rapidamente, que me 

perguntei se estaria tendo alucinações. Sua boca e queixo brilhavam vermelhos quando ele 

sorriu. 

- Você é minha agora Sabina Kane. 

Minha cabeça parecia que estava cheia de hélio e minhas mãos tremiam. Ao mesmo tempo, eu 

estava me contorcendo de desejo. Ninguém nunca havia me dito que seria assim. Não era tanto 

por ter dado meu sangue para ele; era mais como se ele tivesse fodido minhas veias. E agora, 

inexplicavelmente, eu desejava que ele tomasse outra parte de mim. 

Os olhos dele brilhavam na luz fraca enquanto me observavam. 

- Você tem um sabor de sexo e mágica – ele disse – posso sentir o seu poder correndo através 

de mim – Clovis abriu seus braços expandindo seu peito. O traje se abriu, mostrando seus 

músculos firmes, que estavam manchados com gotas de meu sangue. 

Me remexi na cadeira, esperando aliviar o latejar em minha virilha. Clovis pareceu notar meu 

desconforto e sorriu. 

- Como você se sente Sabina? – Ele perguntou. Os olhos dele mostrando que ele sabia 

exatamente o que estava acontecendo. Mas eu estaria amaldiçoada se iria implorar. 

- B-bem – eu menti – nós já terminamos? – Eu precisava sair dali ou eu iria fazer algo mais que 

eu iria me arrepender. 

- Nós terminamos – ele disse – entretanto... – Ele deixou a palavra solta no ar, como se 

esperasse que eu fizesse mais perguntas. Nesse momento, eu estava cansada da dramaticidade 



dele. Eu só queria sair dali. Arrependimento começou a se espalhar em mim como ácido. 

Eu não sabia o que ele havia feito com a minha mente para me fazer tão cooperativa enquanto 

ele se alimentava, mas eu estava livre daquilo. E ainda o meu pescoço estava me matando. 

- Eu realmente preciso ir – eu disse – você poderia, por favor, retirar as algemas? 

Ele pareceu desapontado. 

- Se você insiste. 

Ele trabalhou rapidamente com as algemas. 

- Você sabe Sabina, nós fazemos um time excelente. 

Massageie meus pulsos e os sacudi, esperando voltar a senti-los. 

- Time? – Eu estava muito distraída pela minha impaciência em partir, para prestar muita atenção 

nele. 

- Pense nisso. Você é metade mago, eu sou metade demônio. Ambos somos vampiros. Juntos 

poderíamos ser invencíveis. Um poder incomparável. 

- Não estou procurando por poder – parei e delicadamente toquei o ferimento em meu pescoço. 

Ele já estava fechando, mas a dor permanecia. 

Ele riu. 

- Não seja ingênua. Todos querem poder, Sabina. 

O olhei nos olhos. 

- Eu não. 

Ele me encarou por um momento. 

- Talvez você vá mudar de idéia. 

- Não conte com isso – eu disse – nós terminamos aqui? 

Ele assentiu e deu um passo para trás. 

- Precisamos discutir a sua função no santuário. 

- Parece bom – eu disse, indo em direção a porta – mas eu realmente preciso ir para casa para 

colocar gelo em meu pescoço. Podemos falar sobre isso amanhã? 



Ele parou por um momento. Choque aparecendo em seus olhos. Ele não estava 

acostumado a ser dispensado. Isso era muito ruim, por que eu não iria permanecer na presença 

dele mais nenhum minuto. 

- Amanhã a noite está bem – ele disse finalmente – e Sabina? 

Virei de onde eu estava prestes a abrir a porta, e esperei. 

- Nós não terminamos – ele disse. Ele olhou significativamente para a cama. Uma ameaça 

passou pelos olhos dele, ou seria uma promessa? 

Eu assenti, sem saber o que falar. 

- Boa noite Clovis. 

Tropecei pelos degraus do templo para dentro da noite. O ar frio era como um anticéptico, me 

limpando da sujeira do que havíamos feito. Respirei fundo algumas vezes, esperando clarear 

minha mente. Auto recriminação rodeava meu cérebro. 

Como eu pude deixar o Clovis beber meu sangue? O pensamento de que meu sangue fluindo 

através dele, me deixava doente. O que era pior, mesmo que tenha sido ele a se alimentar, senti 

como se eu tivesse absorvido um pouco de seu lado escuro. Era como se eu estivesse com uma 

mancha escura em minha alma. 

Claro, eu não era um dos seres mais puros. Eu matava para viver, afinal de contas. Mas uma 

coisa que nunca fiz, foi vender a mim mesma por nada nem ninguém. E aqui eu acabara de fazer 

aquilo para a Dominae. 

Parte de mim queria voltar lá e matar Clovis. Que a Dominae que se danasse. Mas a parte que 

sabia do dever, a responsável por eu estar nessa bagunça, argumentava que minha missão era 

descobrir os planos dele. Matá-lo agora seria igual a falhar. 

Caminhei até a Ducati e a trouxe a vida. O motor rugiu sob mim. Eu nunca havia me sentindo tão 

fraca. E ainda assim Clovis estaria certo? Todos estariam procurando por poder? Eu disse para 

ele que não tinha interesse em poder, mas me sentia poderosa toda vez que cumpria uma missão 

para as Dominaes. Agir como executora me fazia sentir como um anjo da noite aplicando justiça 

em um mundo cheio de cinzas. 

Desci pela estrada, ganhando velocidade como se eu pudesse escapar de mim mesma. Eu 

apenas podia torcer para que a reunião do dia seguinte com Clovis me desse à informação de 

que precisava. Então eu estaria livre dele e poderia voltar para minha vida. 

Mas enquanto o vento batia em meu corpo, me senti vazia, como se de alguma forma tivesse 

perdido parte de minha alma, naquele quarto. 



Capítulo Dezesseis 

Vinca não falou nada sobre as marcas em meu pescoço quando cheguei em casa. Ela tinha um 

olhar de reconhecimento nos olhos, mas sem nenhum julgamento. Para me distrair e não pensar 

sobre o que eu havia deixado Clovis fazer peguei os livros de feitiços em minha bolsa. 

- Você tem algum computador que eu possa usar? 

- Claro – Vinca disse – você precisa da internet? 

Eu concordei. Quando ela voltou, carregava um pequeno e fino notebook, o qual ela colocou na 

mesa de café para mim. 

- Está pronto para funcionar – ela disse – o que vai fazer? 

- Preciso apenas fazer uma pesquisa rápida. 

Ela deve ter percebido minha relutância em discutir sobre isso, por que saiu de perto, me 

deixando fazer as coisas com privacidade. Quando ela voltou, colocou um copo perto de mim. 

- O que é isso? – Eu perguntei. 

- Eu tenho um amigo que trabalha no banco de sangue. Imaginei que seria mais fácil para você, 

se não precisa sair para se alimentar o tempo todo. 

Olhei para ela por um momento, tocada pelo gesto. Eu não estava acostumada em ter alguém 

pensando sobre meu bem estar, e isso era de certa forma muito bom. 

Eu não estava certa sobre a maneira correta de agradecer minha colega de quarto ninfa, por ter 

me conseguido o suprimento de sangue. 

Ela observou enquanto levantei o copo e tomei um gole experimental. Reprimi um arrepio de nojo 

do sangue frio misturado com silicone. Afinal de contas, ela tivera o trabalho, e eu estava com 

tanta fome que bebi o restante em um gole. 

- Alguém esta com fome – ela riu. 

- Faminta – eu disse – obrigado Vinca. Isso realmente foi incrível. 

- Tudo bem, vou te deixar voltar para o trabalho. 

Eu assenti e a observei caminhar pelo corredor em direção ao seu quarto. Parecia que ter uma 

colega de quarto tinha alguns benefícios afinal de contas. Meu pescoço latejava e o meu humor 

instantaneamente se elevou, enquanto o sangue fazia sua magia. Não era de se espantar o fato 

de eu estar tão mal depois que deixei Clovis. Perda de sangue e sacrifícios a minha dignidade 

tendem a me deixar um pouco emotiva. Mas agora eu era capaz de voltar a minha atenção do 

que havia acontecido mais cedo, para meu novo trabalho. 



Deixei o copo de lado e comecei a trabalhar. Enquanto eu digitava “dicionário sumério” 61 no 

campo de busca, pensei no quanto o mundo havia mudado durante as últimas décadas. Se eu 

tivesse encontrado o livro de Clovis trinta anos antes, eu estaria a caminho de uma biblioteca ou 

procurando por entendidos em línguas na universidade local por ajuda. Eu tinha que admitir que 

por mais que eu não goste dos mortais, algumas de suas invenções com certeza tornavam a vida 

de uma vampira mais fácil. 

Comecei clicando através de páginas. Depois de alguns minutos, Vinca voltou e me disse que 

estava saindo para fazer alguma coisa com as flores. Trabalhei em paz por cerca de cinco 

minutos, até o Giguhl fugir do meu quarto. 

- Ela já se foi? 

- Sim – eu cliquei em uma página com uma extensa lista de símbolos cuneiformes com suas 

definições. Quando a página carregou, me revirei em meu assento, excitada por estar 

conseguindo alguma coisa. 

Um pequeno e quente corpo se esfregou em mim, mas o ignorei enquanto comparava os 

símbolos dos livros aos da tela. Uma garganta sendo limpa. Uma cabeça batendo em meu 

cotovelo, fazendo com que minha caneta corresse uma linha preta sobre a página. 

- Ei! – Eu disse – você se incomoda? 

- Posso perguntar o que você está fazendo? 

- Não – pesquisei um pouco mais e então li o texto. O feitiço parecia ser verdadeiro. Tudo o que 

eu teria que fazer era acender uma vela, espalhar um pouco de sal e clamar uma frase em 

sumério. Muito fácil. 

- Onde você conseguiu esses livros? – Giguhl perguntou. 

- Peguei emprestado com o Clovis. 

- O que o Clovis conseguiu em retorno? 

Inclinei minha cabeça e olhei para ele. Seu olhar parou em meu pescoço. Minha mão voou para o 

ponto inchado instantaneamente. 

- Isso também não é da tua conta. 

Ele olhou para mim por mais algum tempo, mas eventualmente desistiu e foi se enrolar no outro 

lado do sofá. Eu detesto quando ele fica mal humorado. 

- Se isso faz você se sentir melhor, acho que encontrei um feitiço que vai te mandar pra casa. 

61 A Suméria (ou Shumeria, ou Shinar; na bíblia, Sinar; egípcio Sangar; ki-en-gir na língua nativa), geralmente considerada a 

civilização mais antiga da humanidade, localizava-se na parte sul da Mesopotâmia. 



Suas pequenas orelhas se elevaram, mas ele não olhou para mim. 

- Não é gentil ficar provocando Sabina. 

- Não estou provocando. Na verdade, não posso acreditar no quão simples ele é. 

Obviamente intrigado, Giguhl caminhou em minha direção, olhando o livro sobre a mesa. 

- É isso? 

- Sim. Você quer tentar? 

- Você tem certeza que consegue fazer isso? Quero dizer você nunca fez mágica antes, certo? 

- Isso parece ser bem simples. Você está dentro? 

Ele pulou para fora do sofá e olhou para mim. 

- Claro. O que mais pode acontecer? 

Vinte minutos depois, nós tínhamos a resposta. 

- Não consigo acreditar nisso! 

Tentei sorrir. 

- Sinto muito. 

- Estou careca! – Giguhl continuou – pareço uma aberração. 

- Não é tão ruim – eu disse. Mas era. Oh senhor aquilo era ruim. Eu nunca havia visto um gato 

tão feio em toda a minha vida – olhe pelo lado bom, você não precisa mais se preocupar em 

perder pelo. 

Uma série de palavrões ambos em inglês e na língua dos demônios seguiu minha observação. 

Atrás de mim, a porta da frente se abriu e Vinca entrou. Sua exclamação quase se perdeu na 

onda de profanidades vindas do gato sem pelo. 

- O que aconteceu? – Vinca sussurrou para mim. 

Eu dei de ombros, mas o Giguhl tinha muito a dizer. Ele caminhava na nossa frente. Sua pele 

cinza se arrepiava desconcertantemente enquanto ele caminhava pela sala, balançando seu rabo 

pelado. 

- O que aconteceu? Vou te dizer o que aconteceu: ela é o pior mago de todos os tempos – ele 

disse para Vinca. 



Eu sorri para ele. 

- Ei, agora, você sabia que eu não tinha nenhum treinamento quando aceitou isso. Só por que eu 

tenho os genes do meu lado Hekate da família, não significa que eu sei alguma merda sobre 

feitiços. 

- Não brinca, Sherlock. 

- Eu já disse que sentia muito – cruzei meus braços e me ajeitei no sofá. Eu sabia que não 

deveria estar irritada por ele estar bravo, mas eu estava. Ele sabia dos riscos. Olhei para Vinca – 

tentei enviar ele para casa usando um feitiço do livro. Acho que traduzi errado. 

Vinca estremeceu e olhou para o Giguhl com simpatia. 

- Pelo menos você não se transformou em sapo ou algo assim – eu sorri para ela, agradecida 

pela tentativa de ajuda dela. Ela veio em nossa direção e pegou o livro, que jazia na mesa 

próximo da vela branca que eu havia acendido para o feitiço – onde você encontrou isso? 

Eu estremeci não querendo admitir que havia roubado o livro do homem que ela idolatrava. 

- O peguei emprestado com o Clovis. 

- Como você traduziu isso? 

Calor se espalhou por minhas bochechas e minha cabeça. 

- Pela internet. Achei um tradutor automático de sumério. 

A boca de Vinca se abriu e seus olhos se arregalaram. 

- Isso não é sumério. 

Meu estômago se contraiu. 

- Não é? 

- É Hekatiano – atrás de nós, Giguhl rosnou e falou algo que não compreendi. 

- Não pode ser – eu disse – os símbolos batem com os do web site. 

- É um erro comum. As línguas se desenvolveram na mesma região, por volta da mesma época, 

então os símbolos são quase idênticos. Mas a pronuncia e significados são quase que totalmente 

diferentes. 

- É isso – Giguhl disse – todas as chances se acabaram. Você precisa me deixar mudar para 

minha forma demoníaca. 



A culpa e a vergonha brigavam pela supremacia em meu peito. Eu assenti, imaginando 

que seria a última coisa que eu poderia fazer por ele, depois de meu erro. 

- Giguhl, você pode voltar a sua forma de demônio – para Vinca eu disse – você pode querer 

cobrir seus olhos – ela me encarou com os olhos arregalados de curiosidade. 

Giguhl se sentou em suas pernas carecas e fechou os olhos, esperando pela transformação. 

Quando nada aconteceu, ele abriu um dos olhos e perguntou. 

- Por que não esta funcionando? 

- Eu não sei. Tente novamente. 

Ele se ergueu nas quatro patas e pareceu focar em um ponto distante da sala. Todos os 

músculos de seu corpo parecia tenso enquanto ele se concentrava. Depois de alguns segundos, 

as pernas dele tremeram devido ao esforço. 

- Não está funcionando – ele parecia em pânico. Ele fechou os olhos e sua pequena boca se 

contorceu em um esgar. Quando isso não funcionou, ele exalou um longo suspiro e caiu. 

- O que esta acontecendo? – Vinca perguntou. 

Eu tinha uma suspeita, mas não queria falar. Giguhl disse (na verdade ele gritou) para mim. 

- Quando ela errou com o feitiço, tirou minha habilidade de mudar de aparência. Estou preso 

nessa carcaça sem pelos! 

Vinca deu uns tapinhas em meu braço. 

- Você sabe, é incrível o como você é ruim nisso. 

Eu perdi a paciência. Tensão e vergonha combinados com a raiva. 

- O que vocês queriam de mim? Fui criada por vampiros, vocês lembram? Não é como se eles 

fossem me enviar para uma escola de magos, ou seja, onde for que os Hekatianos vão aprender 

essas coisas. 

Giguhl levantou e se arrastou em minha direção. Deixei de escutar suas últimas reclamações e 

coloquei minha cabeça sobre as mãos tentando descobrir o que fazer a seguir. 

-... Aquele mago que você mencionou – peguei a parte final da frase de Vinca e a sala ficou em 

silêncio. Olhei para cima e encontrei um gato sem pelo, (senhor ele parecia assustador) e uma 

ninfa olhando para mim esperando. 

- Um? – Eu disse. 

Vinca rolou os olhos. 



- Você acha que aquele mago que você mencionou poderia ajudar você com isso? 

Eu percebi que ela estava sugerindo que eu procurasse Adam por ajuda e eu comecei a balançar 

minha cabeça. Antes que eu pude falar, Giguhl pulou. 

- Mago? Você nunca mencionou um mago. Você acha que ele pode nos ajudar? – Ele pareceu 

tão esperançoso que odiei desapontá-lo, mas aquilo não era uma opção. 

- De jeito nenhum, aquele cara é louco – eu disse, esperando que eles esquecessem aquilo. 

Os dois começaram a falar ao mesmo tempo, tentando me convencer. Enquanto eu meio que 

escutava, comecei a pensar sobre a oferta de Adam para me ajudar a aprender sobre magia. 

Claro que eu não poderia confiar nele. Tudo o que eu sabia sobre ele era que ele era maluco. 

- Sabina, ligue para ele – Giguhl estava falando – por favor? Eu não quero ser um gato careca 

para o resto da eternidade. 

Meu estômago se apertou. Ele caminhou e parou em suas patas traseiras. As suas pequenas e 

carecas patas dianteiras tocaram em meu joelho e ele implorou silenciosamente com seus olhos. 

Suas orelhas de morcego se inclinaram para trás quando ele passou a miar para mim. 

- Pare com isso. Essa coisa de gatinho triste não vai funcionar comigo. 

- Vamos Sabina – Vinca disse – olhe para ele. Ele está tremendo, o coitadinho. 

Olhei para ela incrédula. 

- Pensei que você odiasse ele. 


- Isso foi antes de você ter transformado ele no gato mais feio do planeta. Além do mais, eu adoro 

coisas assim. 

Ótimo, agora eu tinha um gato implorando e uma ninfa com o coração sangrando em meu caso. 

Considerei mentir para eles. Eu poderia apenas dizer para eles que eu não tinha como entrar em 

contato com Adam. A verdade era que o cartão de visitas dele estava no bolso da calça que eu 

usara na outra noite. Decidi pegar uma estrada intermediaria. 

- Olha, tem muitas coisas acontecendo agora. Se me derem uns dois dias, eu prometo que vou 

tentar entrar em contado com o mago. Mas eu não... – os vivas cortaram minhas palavras. Eu iria 

falar para eles que não poderia prometer nenhum milagre, mas era óbvio que eles não iriam 

escutar. Minha única esperança era segura-los com desculpas enquanto eu tento encontrar 

alguma outra maneira de ajudar o Giguhl. A outra opção (pedir ajuda para o Adam) era a última 

coisa que eu queria fazer. 



Capítulo Dezessete 

Na noite seguinte, deixei Vinca lidando com o Giguhl. Na tentativa de fazer com que ele se 

sentisse melhor, ela saiu e voltou com uma mala cheia de coisas da loja de animais. Ele 

protestou, mas quando os deixei, Vinca o havia subornado com erva de gato, para fazê-lo 

experimentar um suéter vermelho. Ele ficou ridículo, mas parece estar atraindo a atenção de 

Vinca. Os deixei por volta das nove, para ir encarar o Clovis. 

Quando cheguei ao templo, Clovis se inclinou para um beijo, mas desviei. Ele notou o movimento 

e voltou com um sorriso de compreensão. 

- Acredito que você não esteja sofrendo de nenhum efeito colateral? 

Eu realmente esperava fingir que a noite passada não havia acontecido. Obviamente, Clovis tinha 

outros planos. Eu simplesmente assenti e me sentei pronta para começar a tratar de negócios. 

- Você disse que uma vez que eu passasse pela iniciação você contaria sobre toda a 

organização? 

Ele hesitou com a minha mudança de assunto tão repentina, mas rapidamente se recuperou. 

Enquanto ele mudava para o modo de negócios eu sub-repticiamente sequei minhas mãos nas 

pernas de meu jeans. 

- O quão familiarizada com os negócios das Dominaes você está? 

A questão me pegou desprevenida. Respirando fundo eu disse. 

- Muito pouco. Honestamente se eu não estava envolvida matando alguém, eu não ficava por lá 

muito tempo. 

- Então você não estava sabendo da recente entrada delas no mercado de vinho? 

Eu dei de ombros, imaginando que seria seguro contar para ele o pouco que eu sabia. 

- Não sei muito. Apenas que elas estão expandindo os negócios. Elas falaram que também 

estavam fazendo vinho de verdade para humanos, para lucrarem mais. O vinho com sangue seria 

vendido no mercado para a população vampirica. Por quê? 

- Elas não mencionaram nada sobre magos? 

Eu balancei minha cabeça, pensando onde ele queria chegar com tudo aquilo. 

Ele pegou uma pasta de uma das gavetas. Colocando uma mão sobre ela, ele disse. 

- Nós temos vários relatos sobre desaparecimentos recentes de magos. Amigos do templo e 

outros. Tenho meu time checando os casos para ver se eles podem ajudar de alguma maneira. O 

que descobriram é chocante. 



Fiquei sentada pacientemente, confiando que ele iria unir os dois assuntos quando estivesse 

pronto. 

- Me diga Sabina, o que acontece quando vampiros ingerem sangue de magos? 

Todo meu corpo se contraiu, percebendo para onde ele estava indo com tudo isso. 

- O vampiro absorve alguns dos poderes do mago – eu disse lentamente – você está insinuando 

que as Dominae estão raptando esses magos? 

- Não estou insinuando nada. As Dominae estão raptando os magos e drenando o sangue deles. 

Não podia ser verdade, eu pensei. Qualquer tolo saberia que se o conselho Hekate descobrisse 

sobre isso a porcaria seria jogada no ventilador. Os séculos de confiança entre as raças estariam 

destruídas. O resultado seria outra guerra. 

- Mas... – eu comecei – por que as Dominaes iriam querer antagonizar os magos dessa maneira? 

- É simples: poder. As Dominaes estão cientes da diminuição de seu controle sobre a população 

vampirica. Você percebe que apenas nos últimos seis meses, eu recrutei centenas de vampiros 

para minha causa? 

Eu sabia que ele estava falando a verdade. Afinal de contas as Dominaes não haviam me 

enviado para matá-lo, por que ele estava ameaçando o poder delas? 

- Mas por que antagonizar os magos? Elas devem saber que isso vai acabar em guerra. 

Ele cruzou os braços e me olhou. 

- O que melhor para restabelecer o suporte para a comunidade vampirica do que um inimigo 

comum? 

Que merda, ele estava certo. Eu não estava comprando aquilo completamente, mas havia certa 

lógica distorcida em sua teoria. 

- E pense sobre isso Sabina – ele disse – se as Dominaes conseguirem armar seu exército de 

vampiros com sangue cheio de mágica dos magos eles seriam quase invencíveis. 

Meu estômago se contraiu. Nos séculos passados, quando os vampiros e os magos lutavam, os 

magos sempre tiveram vantagens. Um vampiro precisava estar perto para atacar... Mão a mão, 

ou presas nas artérias. Mas os magos podiam usar seus poderes à quilômetros de distancia. Se 

os vampiros tivessem o poder da mágica combinado com sua habilidade superior em lutas, eles 

poderiam acabar com a raça dos magos. Isso certamente colocava uma nova volta nas coisas. 

Mas se as Dominaes querem matar Clovis para prevenir a guerra, por que elas teriam a 

necessidade de uma arma secreta? A menos que elas queiram ser prevenidas. Tem que ser isso. 

Ainda, se o conselho Hekate descobrir que as Dominaes estão por trás do desaparecimento dos 



magos, eles serão forçados a declarar guerra primeiro. Se eu não soubesse, pensaria que 

as Dominaes querem a guerra. Mas por quê? 

Espere um segundo, eu pensei. Clovis é cheio de besteiras. As Dominaes não fariam uma coisa 

tão tola. E mesmo se fizesse, por que eu iria me importar? 

- Tudo bem, se o que você está falando é verdade, o que isso tem a ver comigo? Sou uma 

vampira afinal de contas. 

- Correção, você é apenas metade vampira. Não te incomoda o fato da tua própria raça poder ser 

erradicada do planeta? 

- Considerando que nunca encontrei ninguém da minha família desse lado? Não. 

- Então que tal isso? Por quanto tempo a raça humana vai durar se os vampiros não tiverem a 

trégua com os magos em cheque? Será um banho de sangue. Literalmente. Quando a poeira 

sentar, não haverá humanos para servir de alimento. Quanto tempo até a população vampirica se 

virar contra ela mesma? 

Os cabelos de minha nuca se arrepiaram quando a implicação me atingiu. 

- Novamente, eu tenho que perguntar por quê? Por que as Dominaes iriam criar sua própria 

versão do apocalipse? 

- Minha fonte... 

Levantei minha mão para interrompê-lo. 

- Quem é a tua fonte? 

- Temo que não possa divulgar sua identidade. Mas posso lhe dizer que ele está pegando suas 

informações de um membro do subconselho. 

Então vovó estava certa sobre a fonte do vazamento. Agora eu só precisava de um nome. 

- Qual membro do conselho? 

Ele me ignorou. 

- Como eu estava dizendo, minha fonte está me enviando noticias perturbadoras sobre o aumento 

do fanatismo de Lavínia Kane. Como a alfa, a sua avó mantém o poder sobre as outras. E é de 

conhecimento comum que a própria filha, a sua mãe, quebrou a lei sagrada e se uniu a um mago, 

o que a levou a morte. Para encurtar Lavínia quer fazer o conselho Hekate pagar. 

Não poderia ser assim tão simples. Poderia? Com certeza minha avó não iria querer arriscar uma 

guerra por causa de um problema pessoal. Parei e reuni meus pensamentos. Por um minutos lá, 

eu quase esqueci minha missão. Clovis era o meu inimigo, mesmo que ele não soubesse disso. 

Mas o mais importante, ele considerava as Dominaes inimigas. Ele ainda não havia me dito o que 



iria me ajudar a destruir o seu poder. Além do mais, minha avó deve estar com raiva sobre 

o que aconteceu com os meus pais, mas com certeza ela não arriscaria uma guerra. Não é? 

- Se você está certo, e francamente eu preciso de provas, qual papel você possivelmente me vê 

jogando nisso tudo? 

- Quero que você destrua os vinhedos. 

- Eu? Como que eu devo fazer isso? Não é como se eu simplesmente pudesse colocar tudo 

aquilo abaixo. 

- As tuas habilidades como assassina a faz uma expert em reconhecimento e em se mover sem 

ser detectada, correto? 

- Claro, mas... 

Ele não havia terminado. 

- Você pode imaginar um plano para destruir o vinhedo, e farei com que tenha o pessoal para 

fazer isso. 

Eu iria reverter a simplicidade da tarefa até poder reunir mais informações. Eu tinha questões 

maiores me incomodando. 

- O que há nisso para você? – Eu disse. 

Ele levantou as mãos como se tentando parecer modesto. 

- Todos temos que cuidar da sobrevivência de nossa raça, Sabina. Simplesmente estou fazendo 

o que posso para concertar algo errado. 

- Besteira – a palavra escapou de meus lábios como o tipo de uma espingarda. 

Ele olhou para mim em choque por um momento, como que assustado por alguém se atrever 

questionar a sinceridade dele. Ele se inclinou para frente com os braços sobre a mesa. 

A voz dele era baixa e ainda mais firme quando ele disse. 

- Ótimo. Eu espero expor o plano das Dominaes e assegurar meu lugar como o novo líder. Com 

elas fora do poder, vou ser capaz de convencer o conselho Hekate a deter a procura por 

vingança. 

Me reclinei para considerar as palavras deles. Parte de mim admirava a honestidade dele. A outra 

parte entendia que ele acabara de dar a informação que eu iria entregar para as Dominaes. Mas 

eu sabia que precisava de mais para levar para elas antes de completar o estágio final de minha 

designação. Elas iram querer detalhes. 

- E o que há nisso para mim, se decidir ajudar você? 



Ele riu. 

- Quem disse que você tem escolha? Além do mais, Sabina, as Dominaes não estão interessadas 

em encontrar você, tanto quanto a David Duchamp? 

Meu estômago deu um salto mortal seguido de um mergulho de cabeça. 

- Se me recordo, você foi a executora de David. 

Eu engoli com dificuldade quando lembrei da traição no rosto de David quando puxei o gatilho. 

Clovis não havia terminado. 

- Você sabia que David e eu apenas nos vimos uma vez? Me aproximei dele para saber se ele 

estaria interessado em trabalhar para mim. Você sabe o que ele disse Sabina? 

Balancei minha cabeça por que se abrisse minha boca, eu poderia vomitar. 

Clovis colocou os cotovelos na mesa. 

- Ele me disse para ir para o inferno. 

- Você está mentindo – me engasguei com as palavras. Não havia sido David que me falou para 

não confiar em ninguém? Eu presumi que ele falava de Clovis, mas ele poderia ter incluído as 

Dominaes no aviso? Minha cabeça começou a latejar quando a missão que parecia ser tão 

simples, rapidamente se transformou em uma teia de mentiras e eu não sabia quem era a aranha. 

- Apenas imagine, se elas assassinaram David apenas por que eu falei com ele – Clovis disse – o 

que elas farão se descobrirem o quão longe você foi no processo? Que você permitiu que eu me 

alimentasse de você? 

Olhei para ele de maneira tão dura que senti como se meus olhos fossem entrar em combustão. 

Ele não fazia idéia o quão vazia a sua ameaça era. Além do mais, minha avó não só aprovou ele 

se alimentar de mim, ela deixou claro que isso era esperado. Cerrei minha mandíbula, lutando 

para manter alguma perspectiva apesar das dolorosas implicações. Clovis poderia estar falando a 

verdade. Talvez minha avó apenas me veja como um peão em qualquer plano que ela tenha. 

Acho que parte de mim já sabia disso, mas não queria encarar os fatos. E aquilo doía, uma dor 

visceral em meu peito. Mas eu fazia o que podia para lembrar quem era meu verdadeiro inimigo 

aqui. Clovis. Usar a morte de David para me ameaçar havia selado o destino dele. 

- Isso não será um problema. 

Ele se recostou e sorriu, não entendendo o meu comentário. 

- Eu sabia que você era uma garota esperta. 



Fechei meus punhos sob a mesa, para ele não ver. Se eu pudesse segurar minha raiva 

por mais alguns minutos, eu poderia escapar do escritório dele e ir colocar meus punhos contra 

alguma coisa. 

- Por que não ligar para o conselho Hekate agora? Por que me usar? Por que confiar em mim, 

quando sabe que a alfa é minha avó? 

- Por que confiar em você? Uma pergunta interessante Sabina. Vamos apenas dizer que tenho 

minhas próprias razões – o sorriso dele era reptiliano. E pela primeira vez me perguntei se eu 

estava sendo enganada. Seria possível que ele soubesse que eu ainda trabalhava para as 

Dominaes? Mas por que permitir que eu chegasse tão longe dentro de seu circulo de confiança? 

- E quanto a sua outra pergunta, não posso arriscar que o conselho Hekate descubra, por que 

eles podem declarar guerra primeiro e perguntar depois. Não, a sua linhagem irá me ajudar a 

assegurar minha vitória. 

- Minha linhagem? 

- Você é da linhagem nobre dos ambos os lados de sua família. Ter você junto comigo irá dar 

peso a minhas negociações com os magos. 

- Eu duvido muito disso. Eles me renegaram no minuto em que nasci. 

Os olhos dele se estreitaram. 

- Quem te falou isso? 

Eu realmente não queria entrar em uma discussão sobre a minha decrépita história familiar. 

- Olhe isso não interessa. Se você acha que isso vai ajudar, ótimo. 

Ele parecia querer falar algo mais sobre o assunto, mas desistiu. 

- O que você vai precisar para começar? 

Pensei por um momento. 

- Preciso ver o lugar eu mesma, e ler qualquer informação que você tenha, antes de responder a 

essa pergunta. 

- Sem problemas – ele disse – vou mandar Frank te levar. 


- Preciso ir sozinha, sem distrações. Também preciso de rodas. Eu não poderia usar a moto, era 

muito chamativa para um trabalho disfarçado. 

Ele sorriu. 



- Está feito. Você tem quarenta e oito horas. Precisamos nos mover rapidamente antes que o 

conselho Hekate descubra sobre isso. 

- Sem problemas. 

Presumindo que havíamos acabado, levantei para partir. 

- Vou fazer com que Frank consiga seu transporte imediatamente. 

Eu assenti e me virei para sair. 

- Oh Sabina? – Ele disse. Parei em meu caminho para a porta e olhei para ele. Seus olhos tinham 

o mesmo brilho avermelhado que vi na noite anterior. 

- Não preciso te lembrar das conseqüências em me trair, preciso? 

Arrepios se espalharam pelos meus braços. 

- Não. 

Ele levantou e veio até mim. Eu engoli, lutando contra meu instinto de virar e correr. Ele correu 

um dedo pela minha bochecha. 

- Bom, por que eu iria odiar se você me forçasse a machucar essa sua pele macia. 

Eu engoli, esperando que minha voz não soasse estranha. 

- Você pode confiar em mim. 

Ele sorriu e se inclinou. A proximidade dele fez minhas pernas ficarem pesadas, como se 

estivessem se rendendo. 

- Que tal selar a confiança entre nós com um beijo? 

Eu assenti mesmo sabendo que apenas o pensamento disso me deixava doente. Lembrar o quão 

fácil ele havia me controlado na outra noite me colocou no limite. 

Ele sorriu e pressionou a boca contra meus lábios. Meu corpo contra o corpo dele como que por 

vontade própria. Ele se abaixou e arranhou meu pescoço com suas presas. Um suspiro escapou 

de mim quando a língua dele substituiu as presas afiadas. 

- Não posso esperar para provar o seu sangue novamente – ele sussurrou contra minha pele 

úmida, mandando um arrepio através do meu corpo. 

Abruptamente ele se afastou. 

- Vejo você em dois dias. 



Dispensada. 

Pisquei, tentando reaver meu equilíbrio mental. Ele me observava com um meio sorriso de 

conhecimento. Repulsa de mim mesma correu através de meu corpo. Como eu podia ser tão 

fraca? Era como se o toque dele hipnotizasse todo o senso em minha mente. Balancei minha 

cabeça um pouco, tentando clareá-la. 

- Tudo bem, vejo você então – eu falei. Virei rapidamente e escapei do escritório antes que 

pudesse me envergonhar ainda mais. 



Capítulo Dezoito 

Sai da estrada perto de Santa Helena, cerca de uma hora ao norte de San Francisco. Giguhl tinha 

seu nariz pressionado contra a janela da minivan, olhando para a paisagem. Ele usava um suéter 

preto que combinava com as quatro botas de microfibra que Vinca insistiu que ele deveria usar 

para manter as patas aquecidas. 

Mesmo com a maioria dos vinhedos fechados para a noite o tráfico ainda estava pesado. Já que 

era tempo da colheita da uva, os turistas abarrotavam as cidades pequenas no Napa Valley para 

provar um pouco do sabor local. Não demorei a ver o sinal para o vinhedo Immortal. O desenho 

de um vampiro com capa e presas segurando um copo de vinho era uma pista. 

O vinhedo era retirado da estrada principal, seguindo por uma estreita estrada de chão. Parei no 

estacionamento, que já estava lotado de carros. De acordo com as informações que Frank me 

dera, a loja do vinhedo brincava com o tema de vampiros abrindo somente à noite. Os visitantes 

pareciam gostar da brincadeira sem suspeitar que vampiros realmente fossem os donos do lugar. 

- Tudo bem, Sr. Gigglies, aqui estaá o acordo. Nos separamos. Eu vou para o centro de 

visitantes, você vai até o quintal. Nos encontramos aqui em uma hora. 

Ele retirou o nariz da janela, deixando uma pequena marca no vidro. 

- Primeiro já é ruim o suficiente ter que usar esse suéter. – ele disse – mas eu vou estar 

amaldiçoado se vou deixar você destruir ainda mais minha dignidade me chamando por esse 

insultante apelido. 

- O suéter ficou bem em você. Realça o amarelo dos teus olhos - eu disse. Ambos sabíamos que 

não era sobre parar de usar o apelido. 

- Elogios não vão te levar a lugar nenhum. Mas estou falando sério sobre o apelido Sabina. É 

crueldade animal. 

- Vida difícil, senhor gato. 

- Você é realmente uma vadia, sabia disso? 

Eu assenti. 

- Pelo menos é o que me falaram. Agora, se você acabou de reclamar, podemos fazer isso? 

- E novamente, pelo que eu estou procurado? 

- Salas secretas, qualquer coisa com câmeras de segurança, guardas, você sabe. 

- Entendi. Procurar por uma sala com um grande sinal que diz, “magos raptados aqui” – ele disse 

– vamos Sabina. Você realmente pensa que eles são mantidos aqui, nesse lugar público? 



- Foi isso o que o Clovis disse – eu bufei – além do mais, elas já estão escondidos em 

plena vista, com esse tema sobre vampiros do lugar. 

- Tudo bem - ele disse, parecendo convencido – entretanto para deixar gravado, eu acho que o 

Clovis é cheio de merda. 

- Isso faz dois de nós. Vejo você em uma hora - abri a porta do carro e sai no ar frio da noite. Ele 

pulou para fora e aterrissou silenciosamente na grama. Enquanto eu observava, ele desapareceu 

na escuridão atrás do prédio principal. 

O que Clovis havia dito sobre David, não ser realmente um traidor voltou para mim. Por mais 

doente que parecesse, eu realmente esperava que ele estivesse mentindo e que David fosse o 

traidor que as Dominaes haviam falado. De outra maneira, eu teria que dar uma longa e dura 

olhada nas motivações de minha avó para ter me enviado nessa missão. E a idéia dela ter 

mentido para mim, me deixava doente. Endireitei minha coluna e lembrei que Clovis não era um 

tolo. Ele estava tentando encher minha cabeça com dúvidas para concluir seus próprios planos. 

Seria melhor eu me lembrar disso de agora em diante. 

Segui pelo caminho que levava até a réplica de um castelo que era o centro de visitas. A coisa 

parecia ter saído direto da Transilvânia, cheio de torres e gárgulas. À direita do caminho havia um 

pedaço de terra fantasiado de cemitério. Algum petulante havia feito lápides com os nomes de 

alguns dos mais famosos vampiros da história. Erzebet Bathory 62 , Vlad Tepes 63 , Gilles de Rais 64 . 

As ignorei e continuei em direção das portas de madeira que levavam para dentro do centro. 

Candelabros lançavam um brilho estranho nas teias de aranha falsas e paredes de pedras 

envelhecidas. Atrás disso, uma mulher vestida com uma capa preta de gola alta, um par de 

presas falsas, distribuía amostras dos vinhos do lugar. No canto do bar havia uma parede repleta 

de souvenires de vampiros. Decalques para pára-choque, estacas, crucifixos e cordões de alho. 

Pelo menos a maioria dos mortais não sabiam que pelo menos dois daqueles itens, na verdade 

não possuíam nenhum efeito sobre os vampiros de verdade. Claro, que não somos loucos por 

crucifixos, mas isso era mais uma coisa de princípios do que medo real. Quanto ao alho, eu adoro 

ele torrado e espalhado na torrada de pão Francês. Entretanto, a comunidade vampirica havia 

encorajado esses mitos em particular. Se os mortais soubessem de nossa verdadeira fraqueza, 

isso poderia significar um desastre. 

Uma loira se aproximou de mim enquanto eu olhava para um decalque que dizia: “vampiros 

fazem isso a noite inteira”. 

62 Erzsébet Báthory (7 de agosto de 1560 — 21 de agosto de 1614), em português Elisabete ou Isabel Báthory, foi uma condessa 

húngara da renomada família Báthory que entrou para a História por uma suposta série de crimes hediondos e cruéis que teria 

cometido, vinculados com sua obsessão pela beleza. Como conseqüência, ela ficou conhecida como "A condessa sangrenta" e "A 

condessa Drácula". 

63 Vlad III o Empalador (Sighişoara, 1431 — Bucareste, 1476), também conhecido como Vlad III Draculea. O voivoda tinha o 

hábito de empalar seus inimigos, atravessando-os com uma estaca de madeira. Os números de mortos chegariam a dezenas de 

milhares. Por causa disso, Vlad III ganhou ainda outro nome: Vlad Tepes (Tsepesh), "O Empalador". 

64 Gilles de Montmorency-Laval, Gilles de Rais, ou Gilles de Retz (10 de Setembro de 1404 - 26 de Outubro de 1440), foi um 

nobre francês e soldado que lutou em diversas batalhas ao lado de Joana D'Arc contra os ingleses. Ficou conhecido por ser 

acusado e condenado por torturar e estuprar um grande número de crianças. Juntamente com Erzsébet Báthory, aristocrata 

húngara que agiria no século seguinte, ele é considerado por alguns historiadores como precursor do assassino em série 

moderno. 



- Bem vinda ao vinhedo Immortal – ela disse – posso ajudá-la com algo? 

Eu coloquei o decalque de volta, envergonhada de ser vista com aquilo. 

- Vocês oferecem tours? 

- Sim, na verdade nós estamos para começar um em cinco minutos. A reunião será junto à 

estatua de Bela Lugosi 65 . Ela disse sem nenhum traço de ironia. – no meio tempo, por que você 

não vai até o bar de sangue e prova alguns de nossos vinhos? Tenha certeza de provar nosso 

Sanguinariun Shiraz. É de se morrer. Ela sorriu da piada ruim e piscou para mim. Eu mal 

consegui evitar mostrar minhas presas para ela e rosnar. 

Ela saiu para ir incomodar alguma outra pessoa inocente, e me deixou livre para caminhar até o 

bar. Algumas poucas pessoas estavam recostadas contra um caixão, provando vinho em 

pequenos copos. Não demorou muito para uma morena com presas falsas se aproximar. 

- Boa noite, sou Drusilla – ela disse – posso tentá-la com um pouco de um bom e sanguinolento 

vinho? 

Naquele ponto, eu seriamente considerei ir embora. Toda a decoração era tão charmosa quando 

um soco no olho. Entretanto, eu precisava descobrir se Clovis estava falando a verdade. Então, 

eu forcei um sorriso para a idiota e assenti. 

- Eu ouvi falar boas coisas sobre o Shiraz – eu disse. 

Ela concordou. 

- Sim, senhora. Nosso Sanguinarium Shiraz é nosso novo vinho – ela disse enquanto pegava 

uma garrafa da parte de trás do bar e despejava uma amostra em um copo pequeno – é um vinho 

da terra, com notas de chocolate, amoras e couro. 

Levantei uma sobrancelha para a última coisa. 

- Couro? 

Ela riu. 

- Funciona, acredite em mim. 

Continuei olhando para ela enquanto bebia um gole para experimentar. O único gosto que eu 

consegui sentir fora o do vinho. Ele não era ruim, mas o que eu sabia sobre vinhos? Eu fiz sons 

de quem apreciava, e ela encheu meu copo novamente antes de seguir para outro visitante. 

65 Bela Ferenc Dezsõ Blaskó, mais conhecido como Béla Lugosi foi um ator húngaro nascido no então Império Austro-Húngaro, 

na região do Banat. Bela Lugosi começou a sua carreira nos palcos da Europa em várias peças de William Shakespeare. Mas no 

entanto tornou-se famoso pelo seu papel de Drácula numa encenação da clássica história de vampiro de Bram Stoker, e teve 

como especialidade os filmes de horror. 



Por sorte, o tour em grupo estava começando bem ali. Engoli o restante da amostra e 

cheguei a tempo de seguir o grupo ficando por último. O grupo era formado por um casal de 

cabelos brancos, um par de recém casados, provavelmente estavam ali para namorar, e duas 

senhoras com acento texano e cabelos grandes. Um cara usando um terno e capa com um 

cabelo de estrela de cinema e ridículas presas de neon brancas, nos deu as boas vindas. 

- Boa noite, meu nome é Ivan. Quem está pronto para explorar o interior da única vinícola no 

mundo que pertence à vampiros? – Enquanto ele falava através de suas presas de plástico uma 

linha de baba se formava no canto da boca. Amador. 

Os outros se animaram. Fiquei para trás imaginando o que fariam se soubessem que um vampiro 

de verdade estava bem ao lado deles. 

Ivan nos levou através de um corredor curto, para o que parecia ser um museu. Painéis 

interativos ficavam ao longo de parafernálias de alguns dos mais famosos vampiros de 

Hollywood. Suspirei quando li em uma parede, “Vampiros e vinho. Uma retrospectiva.” 

Depois de dez minutos nisso, e eu estava pronta para me empalar com uma flecha. O discurso 

ridículo de Ivan sobre a história dos vampiros e da intrincada arte de se fazer vinhos, eram o 

suficiente para me fazer ansiar pelo doce alívio da morte. 

Olhei para o relógio. Apenas trinta minutos até eu ter que encontrar com o Giguhl. Hora de levar a 

sério minha missão de reconhecimento. 

Levantei minha mão interrompendo o solilóquio de Ivan sobre taninos 66 . 

- Sim? – Ele disse, parecendo aborrecido pela interrupção. 

- Você poderia me indicar o banheiro das mulheres? – Eu perguntei. Todo o grupo se virou para 

olhar para mim, exceto pelos recém casados, que estavam tentando agarrar o traseiro perto de 

um diorama mostrando a vida de uma uva. 

- É descendo o corredor – ele disse, apontando para a porta no lado oposto do museu por onde 

entramos. Ivan já havia dado as costas para o grupo, dispensando a mim e a minha bexiga sem 

nem ao menos olhar novamente. 

A porta levava a um corredor com escritórios. Depois de uma rápida olhada à procura por 

câmeras de segurança, comecei a abrir as portas. Eu realmente não esperava que esses 

escritórios fossem oferecer muitas pistas, o que era bom, por que não encontrei nada. No final do 

corredor ficava o banheiro, e próximo a ele havia uma porta dupla com pequenas janelas. Olhei 

através delas e vi que elas levavam até um armazém. Bingo. 

Trabalhei rapidamente com a fechadura da porta e passei por elas. Novamente não havia 

câmeras ou guardas por perto. Imaginei que uma vez que eu os visse eu provavelmente estaria 

perto. 

66 Taninos (do francês tanin) são polifenóis de origem vegetal,. Eles inibem o ataque às plantas por herbívoros vertebrados ou 

invertebrados (diminuição da palatabilidade, dificuldades na digestão, produção de compostos tóxicos a partir da hidrólise dos 

taninos) e também por microorganismos patogênicos. 



Me esgueirei entre grandes palétes com garrafas vazias e grandes barris de madeira. À distância, 

eu podia escutar o som dos empregados conversando e do maquinario trabalhando. Segui por 

outro caminho, em direção à outras portas. Dessa vez, quando me aproximei delas, vi as 

câmeras. Antes de elas me focarem, me escondi atrás de uma caixa para pensar em um plano. 

- O que você está fazendo aqui? – Uma voz grossa exigiu. Meu coração disparou batendo 

rapidamente, quando me virei pronta para me defender. Somente ao invés de um guarda ou 

empregado, Giguhl estava sentado à alguns metros rindo de mim. 

- Droga você me assustou. 

Ele riu, um som assustador vindo de um gato com uma aparência ainda mais assustadora. 

- Você precisava ver a tua cara. 

- Cale a boca – eu disse – como você entrou aqui? 

- No outro lado do armazém tem uma área de entregas que é aberta. Não havia ninguém por 

perto, então eu entrei. 

- Você encontrou alguma coisa? 


- Nada. Mas acho que as câmeras dessa porta me dizem que esse é o lugar. 

- Alguma idéia de como entrar lá sem ser notado? 

- Bem, você esta vendo aquele cara vindo em nossa direção? – Ele sussurrou. 

Espiei entre as aberturas da caixa. Um vampiro macho empurrando um carrinho estava vindo em 

direção da porta. O carrinho carregava um desfibrilador e vários sacos com sangue. Não eram 

exatamente ferramentas usuais em uma vinícola. Eu pensei. 

- Vou desacordá-lo, roubar seu uniforme e cartão chave – comecei a me mover quando uma pata 

bateu em meu tornozelo. 

- Não boba, eu vou correr e me esconder no carrinho. Uma vez que consiga entrar, dou uma boa 

olhada. 

- E como você vai conseguir sair? – Eu perguntei. 

- Com meus reflexos felinos, é claro – ele saiu antes que eu pudesse impedi-lo. Em um segundo 

ele era um borrão cinza e no seguinte sua calda parecida com a de um rato desapareceu entre as 

caixas na parte mais baixa do carrinho. 



O macho, totalmente ignorante quanto ao clandestino, passou o cartão através do leitor e 

as portas fechadas de ar se abriu. Fácil assim, Giguhl conseguiu entrar. 

Esperei alguns segundos por algum alarme soar, preocupada que as câmeras de segurança 

pudessem ter filmado o gato antes de ele ter entrado no carrinho. Quando nada aconteceu, sentei 

no chão. Entretanto logo meus nervos, combinados com a dormência em meu traseiro, fizeram 

com que eu me remexesse. O que piorou com a impressão do tempo estar se arrastando. 

O som de passos me fez levantar. Dessa vez quando olhei ao redor do engradado, vi mais 

alguém se aproximando com um carrinho. Uma vampira jovem com cabelos loiro morango 

empurrava uma grande cesta de lavanderia na frente dela. 

Eu não tive tempo para pensar, pois ela estava se aproximando rapidamente. Me esgueirei por 

trás do engradado e corri por trás de algumas caixas para emergir atrás dela, e para fora da visão 

das câmeras. 

- Com licença? – Eu disse. A cabeça dela se voltou em minha direção. Os olhos dela se 

estreitaram quando ela parou. 

- Essa é uma área restrita, senhora – ela falou. 

Eu caminhei para frente. 

- Eu só estava procurando pelo banheiro. 

Ela me mediu, mas eu estava à frente dela. Eu a ataquei antes que ela pudesse falar outra 

palavra. Eu havia deixado minha arma no carro, então usei a única disponível, meu punho. Um 

soco rápido a fez tropeçar para trás. A segurei e girei, tapando a boca dela com minha mão. 

- Escute, eu não quero matar você, mas eu irei se me forçar – eu disse – agora, você vai ser uma 

boa menina? 

Ela assentiu rapidamente, mas senti os músculos delas se retesarem para um grito. 

- Pensando bem – eu disse. Com minha mão livre quebrei o pescoço dela. Não era um ferimento 

mortal para um vampiro, mas dado a juventude dela isso iria mantê-la desacordada por um 

tempo. E ela irá precisar de uma boa quantidade de sangue para reparar o dano também. 

Larguei seu corpo inconsciente no carrinho depois de pegar o cartão, que estava preso na blusa 

dela. Rezando para que a segurança não envolvesse nada caro, como leitores de digitais, 

lentamente empurrei o carrinho na direção das portas. 

Eu rapidamente passei o cartão no leitor o que resultou em um chiado e uma luz vermelha se 

acendeu. Minha preção sanguínea se elevou. Olhei para o cartão e percebi que o havia colocado 

de cabeça para baixo. Amaldiçoando a mim mesma por meu nervosismo, calmamente o virei o 

passei novamente pelo leitor. Dessa vez, a trava de ar, chiou e a porta se abriu. 



A área bem iluminada do lado de dentro da porta, parecia mais como um hospital do que 

uma vinícola. Linóleo branco cobria o curto corredor. Me movi para frente, empurrando o carrinho 

para frente. Ele fazia um som estranho que soava como uma sirene para meus ouvidos. No final 

do corredor havia um elevador. Eu apertei o botão e esperei. 

Alguns momentos depois, as portas se abriram e desci pelo que pareciam ser vários andares, 

apesar do fato de ter somente um botão no painel. As portas se abriram e eu hesitei chocada pela 

cena em minha frente. 

Parecia como algo saído de uma área de cuidados intensivos. Vampiros vestidos com uniformes 

se moviam entre fileiras de camas hospitalares. Os constantes bips dos monitores eram o som de 

fundo para as vozes baixas dos atendentes. 

Nas camas, corpos estavam presos a respiradores. Tubos para alimentação entravam em suas 

narinas e agulhas de soro pingavam algo claro em suas veias. Mas o mais alarmante de tudo, 

onde as agulhas estavam presas em seus braços. Sangue vermelho escuro saia de suas veias 

em um fluxo constante, enchendo bolsas de sangue. O quarto cheirava a anticéptico, com um 

toque de sangue e morte lenta. 

- Você aí - alguém falou para mim. A voz parecia distante e com eco, como alguém chamando 

através de um pedaço de metal – olá? Você deve ser nova aqui. 

Meus músculos pareciam de madeira enquanto eu lentamente me movia na direção da voz. Uma 

pequena vampira vestida com um uniforme preto olhava para mim. Ela tinha um estetoscópio ao 

redor do pescoço e uma planilha na mão. Os olhos dela eram inteligentes e sua expressão 

paciente, apesar de irritada. 

- Coloque esses lençóis no estoque – ela disse – tome cuidado para levar os sujos quando você 

sair. 

Ela apontou com o dedo, com uma unha incrustada com sangue seco, na direção da sala. Eu 

lentamente assenti e comecei a empurrar o carrinho. Enquanto eu me movia, meus olhos eram 

atraídos para os corpos como imãs. Clovis não estava mentindo. As Dominaes estavam 

mantendo os magos em um estado vegetativo para que pudessem roubar seu sangue. Minha 

mente se rebelou apesar da prova diante de meus olhos. Seus corpos pálidos jaziam inertes 

enquanto suas vidas eram forçadas lentamente para fora de suas veias. 

Eu me movi mais rápido, o choque inicial dando lugar um pânico controlado. Senti o gosto da bile 

no fundo de minha garganta. Minha pele parecia apertada e tudo o que eu queria era fugir dos 

bips constantes das máquinas. 

A despensa era repleta de prateleiras com suprimentos médicos. Descarreguei os lençóis que 

cobriam a mulher. Uma rápida olhada e pude ver que sua pulsação estava mais forte. Me senti 

mal por cobri-la com lençóis sujos, mas não havia outra escolha. Eu os joguei sobre ela, cuidando 

para deixar espaço para ela respirar. 

Eu não podia partir antes de encontrar o Giguhl. Justo quando eu estava pronta para sair, o vi 

caminhando sob uma das camas próximas a despensa. Os olhos dele encontraram os meus. Eu 



nunca havia visto medo em seus olhos até aquele momento. Imaginei se meus olhos 

também teriam aquele olhar. Eu balancei minha cabeça e empurrei o carrinho de lavanderia para 

fora. Meus pés pareciam pesados enquanto eu caminhava. Os atendentes corriam de uma cama 

para outra, muito ocupados para notar a mim ou ao carrinho com as rodas que rangiam. 

Enquanto eu passava, Giguhl correu de onde estava e pulou para dentro do carrinho. No instante 

em que um alarme soou em uma das camas no outro lado do quarto. Com medo de termos sido 

encontrados, parei, meus músculos se retesaram para a ação. 

- Merda, ele está parando – um dos vampiros gritou. A fêmea com quem eu havia conversado 

antes correu com o desfibrilador. Alívio e repulsa pulsou através de mim. Eu havia visto o 

suficiente. Na verdade, eu havia visto demais. Eu praticamente corri para o elevador. Pareceu 

uma eternidade antes de poder empurrar o carrinho através das portas de ar e estarmos livres. 

Perto da pilha de container, o gato pulou para fora do carrinho, enquanto eu retirava os lençóis 

fedorentos de cima da mulher. Logo alguém a encontraria. Até lá, Giguhl e eu já estaríamos 

longe. 

- Siga-me – Giguhl correu na direção da área de carga. Passamos por alguns funcionários, que 

não nos olharam duas vezes quando passamos correndo. Eu achava que a imagem de um gato 

careca usando um suéter sendo seguido por uma garota com aparência assustada usando botas 

de salto alto poderia ser chamativo. Eu estava com muita pressa para sair de lá, para achar graça 

sobre isso. 

Pulamos para fora da rampa. Peguei o gato no colo e usei minha velocidade sobrenatural para 

correr através da noite. O ar frio limpou um pouco do fedor da morte, mas não o suficiente. Eu me 

sentia revestida por ele, suja. Minha mente girava em círculos fechados, tentando achar uma 

maneira de justificar os motivos para as Dominaes fazerem aquela atrocidade que acabei de ver. 

Eu temia que Clovis estivesse falando a verdade. 

Giguhl não falou nenhuma palavra enquanto eu abria a porta da minivan e pulava para dentro. Sai 

do estacionamento e voltei para a highway. Nenhum de nós falou por um longo tempo. Então 

finalmente Giguhl disse. 

- Por quê? 

Eu olhava direto para frente, fechando minha mandíbula. 

- É isso que vamos descobrir. 

Meu cérebro parecia que estava para ter um curto circuito por tentar processar todas as variáveis, 

por alguma explicação lógica. Eu precisava de mais respostas antes de saber como lidar com 

tudo. 

- Para onde estamos indo? – Giguhl perguntou. 

- É hora de conversar com um mago. 



Capítulo Dezenove 

No cartão que Adam me dera havia somente o número de um celular. Cerca de vinte minutos 

antes da cidade, liguei para ele. Ele atendeu depois do segundo toque. 

- Lazarus. 

- É a Sabina – eu disse – precisamos conversar. 

Ele não hesitou. 

- Me encontre no Hotel Fog City. 

Um tempo depois, parei a minivan em frente ao hotel. O valete abriu a porta. Ele pulou surpreso 

quando viu um gato careca pular para fora. 

- Sinto muito, ele precisa fazer uma parada na caixa de areia – eu disse. 

O cara pegou as chaves sem uma palavra e me entregou o tíquete. Segui Giguhl até um pequeno 

caminho com grama. 

- Eu posso te levar para outro lugar. Eu disse baixinho. 

- Me morda. 

- Continue falando que talvez eu faça isso. 

O hotel não era o que se poderia chamar de cinco estrelas. Mas também não era barato. O quarto 

de Adam era no segundo andar. Passei direto pelo saguão e deslizei para o primeiro corredor que 

vi. De lá segui pelas escadas pulando dois degraus por vez até o andar seguinte. A última coisa 

que eu precisava era algum empregado do hotel curioso me dizendo que gatos não são 

permitidos. 

O quarto de Adam era o segundo à direita da escada. Bati e esperei. 

- Qual é o plano? – Giguhl perguntou, se remexendo em meus braços. 

- Apenas fique em silêncio – eu disse. Quando Adam não abriu a porta depois de mais duas 

batidas, pressionei meu ouvido contra a madeira. Não escutei nenhum movimento. 

- Você vai perguntar para ele como me mandar para casa? Giguhl sussurrou. 

- Ainda não – eu disse. O corpo dele ficou mole pelo desapontamento – escute, se você se 

comportar e for um bom gatinho, eu prometo que vou perguntar sobre isso logo. 

- Tudo bem – ele pareceu desapontado, mas resolvido. 



Empurrando minha culpa para o lado, bati na porta novamente. Por que Adam sairia se 

sabia que eu estava a caminho? 

Sem outra escolha (pelo menos em minha mente) decidi que iria entrar. Giguhl resmungou um 

protesto, mas eu o calei e passei seu corpo para meu braço esquerdo. Girei a maçaneta com 

força e empurrei com meu ombro direito contra a porta. A porta se abriu. Olhei para minha 

esquerda e para direita para ter certeza de que ninguém havia notado, antes de entrar no quarto. 

Empurrei a porta contra o umbral levemente lascado. Do lado de fora seria imperceptível. Quando 

voltei minha atenção para o quarto, parei rapidamente. 

Parado à minha frente, usando somente uma toalha branca, estava um mago molhado e 

envergonhado. Giguhl pulou do meu colo e correu para dentro do quarto. 

- O que diabos você pensa que está fazendo? – Adam exigiu. Com uma mão ele segurou a 

toalha, e com a outra me arrastou para dentro do quarto pelo meu braço – e o que diabos era 

aquela coisa? 

- Oops, sinto muito – eu disse – você não atendeu então pensei que havia saído. E aquilo... – eu 

fiz um sinal na direção em que Giguhl havia corrido – é o meu gato – eu não estava pronta para 

apresentá-lo para o demônio que ele havia mandando. 

- Primeiro aquilo não é um gato. Parecia com uma doninha careca ou algum desses bichos – ele 

olhou para a porta – segundo, chegou a te ocorrer a ligar para o meu celular? 

Distraída por seu peito molhado e escultural e a trilha de pelos dourados, que desaparecia 

embaixo da toalha, eu não respondi. Logo acima da toalha branca, vi uma pequena tatuagem, 

que lembrava um labirinto tri dimensional em forma de circulo. O símbolo não era familiar, mas 

sua posição logo acima do “lugar feliz” dele era... intrigante. Na verdade de perto, não pude evitar 

perceber pela primeira vez que Adam era completamente quente. 

Ele cruzou os braços, trazendo minha atenção de volta para a parte de cima de sua cintura. 

Quando vi ele fechar a cara novamente, percebi que precisava me concentrar. 

- Quando você não atendeu às minhas batidas, pensei que você poderia estar ferido – eu disse – 

não tive tempo para pensar. 

- Por mais que isso aqueça as batidas do meu coração, por pensar que você estava correndo ao 

meu socorro, eu não acredito nisso. 

Eu não estava disposta à contar para ele, que parte de mim estivera torcendo para que ele não 

estivesse no quarto. Então eu teria algum tempo para revistar as coisas dele. 

- Vou pagar pelos danos. 

Ele soltou a respiração, fazendo a toalha descer mais um pouco. Eu segurei minha própria 

respiração esperando ver um relance da terra prometida. Ele limpou a garganta, atraindo minha 

visão mais para o norte. Sua sobrancelha direita se ergueu. 



- Viu alguma coisa que te agradou? 

Minhas bochechas se esquentaram, mas eu não iria satisfazê-lo admitindo meu embaraço. 

- Eu estava somente olhando para a sua tatuagem – eu disse. 

Ele não pareceu acreditar em mim, mas deixou isso passar. 

- É o circulo Hekate. E não é uma tatuagem. 

Eu devo ter parecido perdida por que ele continuou. 

- Todos os magos possuem essa marca de nascença em algum lugar de seus corpos – ele disse 

– onde está a sua Sabina? 

Eu olhei para o lado. A minha era diferente da de Adam. Uma estrela de oito pontas, igual ao 

símbolo no amuleto de Lilith que vi no Red Moon, ela estava posicionada em meu ombro direito. 

Relembrando o que minha avó havia dito sobre manter isso escondido, decidi mudar de assunto. 

- Você vai colocar alguma roupa, ou o que? 

Pelo canto do meu olho, o vi sorrir. Ele decidiu me deixar escapar com minhas evasivas sobre a 

marca de nascença. 

- Já estarei de volta. 

Segui para dentro do quarto. Giguhl estava sentado em uma mesa, olhando para um pedaço de 

papel. 

- Ei pare com isso – eu sussurrei. 

- Você precisa ver isso – ele disse. 

Peguei o papel e senti meus olhos se abrindo nas orbitas. 

- Que merda. 

- Remexendo nas minhas coisas, Sabina? Não é um pouco clichê? – Adam estava de volta e 

parecia estar achando aquilo engraçado. 

Me virei, com a evidência em minha mão. 

- Por que você tem isso? – Entreguei o folder do vinhedo Immortal para ele. 

- Por que você não me diz? – Ele disse, ignorando o papel e sentando na cama – você foi até lá 

hoje a noite, não foi? 



Minha boca se abriu. Abri e fechei minha boca diversas vezes enquanto tentava falar. 

- Você me seguiu? 


- Tecnicamente não. 

- Então como você sabe? Tecnicamente. 

Ele deu de ombros, parecendo não se preocupar com minha crescente agitação. 

- Podos temos nossos pequenos segredos Sabina. Conto os meus se você contar os seus. 

- Pare com a besteira – eu disse, ficando impaciente – por que você ainda está me seguindo? 

- Como eu disse, nossa família me mandou para te encontrar e cuidar para que esteja a salvo. 

Então, você vai me dizer por que foi lá? 

Sentei em uma cadeira próxima à mesa onde Giguhl estava cochilando. 

- Oh, você sabe, só tive um desejo inesperado por um pouco de vinho. 

- Certo. E é coincidência que o vinhedo que você foi pertence as Dominaes? Pelo que sei vocês 

não estão exatamente se dando bem. 

- Estranho, não? – Eu disse com uma careta. 

- Eu que o digo – ele estava entrando no jogo – experimentou algo bom? 

- Eles têm um ótimo Shiraz que você provavelmente vá gostar. Embora seja um pouco tânico 

para o meu gosto. 

- Interessante – ele se inclinou, e os joelhos dele rasparam nos meus – agora você vai acabar 

com a palhaçada e me dizer por que você estava lá? 

- Não – eu disse me afastando – essa informação é privilegiada. Se eu te contar, terei que te 

matar. 

- Isso seria uma pena – ele disse – afinal se você me matar, nunca irá conseguir as resposta que 

veio procurar. 

Eu parei me perguntando se leitura da mente seria um de seus poderes. Então ele riu. 

- Leitura de mente não é um de meus poderes. Eu apenas imaginei que isso não seria uma visita 

social. 

Me remexi em minha cadeira, me amaldiçoando por ser tão fácil de ler. 



- Agora que a parte de brincadeiras da noite acabou, por que você não me diz o motivo de estar 

aqui? 

A postura dele era relaxada e suas maneiras educadas, mas notei um pouco de tensão em seus 

olhos. Eu também me sentia um pouco tensa, enquanto eu tentava achar uma maneira de 

perguntar para ele sobre os magos sem entregar o motivo. 

- Tudo bem, eu tenho pensado sobre o que você falou. Por que o conselho Hekate enviou você? 

Quero dizer, eu tenho cinqüenta e três anos de idade. Eles tiveram muito tempo para me 

encontrar. 

Ele se inclinou para frente colocando os cotovelos sobre os joelhos. 

- A sua existência foi mantida em segredo para nós, até recentemente. 

- Mantida em segredo? Por quem? 

- Os anciões do conselho sabiam, é claro. Entretanto, até alguns acontecimentos recentes não 

ouve a necessidade de te encontrar. Eles confiaram essa informação apenas para mim, e uma 

outra pessoa. 

Uma dúzia de perguntas surgiram em minha cabeça. Eu comecei pelo topo. 

- Quais acontecimentos recentes? 

Ele se levantou e começou a caminhar, como se a atividade fosse ajudá-lo a ordenar os 

pensamentos. 

- O quanto você sabe sobre o Praescarium Lilitu? 

- Isso é estranho – eu disse – você é o segundo que menciona isso recentemente. 

- Quem mais mencionou? 

Não querendo explicar o porquê de minha visita à loja oculta, dei de ombros. 

- Não importa. Sempre achei que as profecias fossem um mito. 

- Sim e não. Ninguém nunca as viu. Elas são guardadas por uma sociedade secreta. 

- A casta de nod? 

Os olhos dele se estreitaram. 

- O que você sabe sobre eles? 

- Na verdade nada. Como eu disse, eu achei que fossem somente mitos. 



- A casta é super secreta e pelo que escutei fazem qualquer coisa para manter as coisas desse 

jeito. Quanto ao livro, há rumores de ser uma coleção de profecias. 

- E? – Eu não estava impressionada por sua dramaticidade. Até então, aquilo estava soando tipo 

aquelas merdas do Nostradamus. 

- E... – ele disse – algumas das profecias estão se realizando. 

- Espere, achei que você tinha dito que ninguém nunca havia visto o livro. Como alguém pode 

saber se elas estão se tornando realidade? 

- Tradições faladas existem entre os lideres espirituais das raças, sendo passadas de geração 

para geração. Então algumas das profecias são conhecidas por cada líder da raça. Mais ou 

menos. 

Fiz uma careta quando lembrei a reação de minha avó quando falei do livro com ela. Se Adam 

estivesse falando a verdade, com certeza ela teria acesso a algumas dessas informações. Dado 

as recentes revelações sobre as Dominaes não seria surpresa se minha avó estivesse mantendo 

segredo sobre isso também. 

- Que tipo de profecias estamos falando aqui? 

- Coisas grandes, como guerras e a segunda vinda de Lilith. 

- Eu vejo – obviamente Adam estava um pouco fora da realidade. Mas continuei no jogo de 

qualquer maneira – o que tem acontecido? 

- Durante os últimos meses, vários magos vêm desaparecendo. 

Meu estômago pareceu ter sido jogado de um prédio de dez andares. 

- Desaparecendo? 

- Sumidos. Poof. Ninguém ouviu falar deles e nenhum corpo foi encontrado – ele disse – há uma 

profecia que o conselho acredita estar relacionada aos desaparecimentos. 

Minha mente estava muito ocupada absorvendo essa informação para responder. Se o conselho 

Hekate sabia sobre os magos desaparecidos, eu não poderia de maneira nenhuma, deixar Adam 

descobrir o que estava acontecendo no vinhedo. Ele iria organizar um exército para atacar o local. 

E a guerra iria começar. 

Adam estava me observando, ele estava cauteloso, como se esperasse que eu pulasse para fora 

de minha cadeira e desaparecesse na noite. 

- Eu sei que soa como loucura, mas é tudo o que sei. 



- Na verdade eu acredito em você – se nada mais, a explicação dele provava que ele 

realmente havia sido enviado pelo conselho. Mas as razões para tê-lo enviado ainda me 

confundiam – então o que você deve fazer? 

Ele veio e se sentou na cadeira na minha frente. Ele olhou para mim, sobre a forma adormecida 

do Giguhl. 

- Eu devo encontrá-los, e acho que você pode me ajudar a fazer isso. 

Eu pisquei e olhoi para longe rapidamente. 

- Sabina? O que você não está me contando? 

Oh merda. Um flash de memória de mais cedo naquela noite, veio até mim. Uma mulher de 

cabelos pretos amarrada na cama com tubos e fios sugando sua força vital como cobras famintas 

por sangue. Quando a vi, e aos outros, jazendo naquele lugar, indefesos, senti os primeiros 

ímpetos de... Bem, acho que podemos chamar de consciência. Mas eu não podia contar para o 

Adam sobre isso. Eu estaria começando uma guerra apenas por pronunciar as palavras. 

- Eu sei onde estão – eu disse. 

O corpo dele se tencionou com o choque, fazendo a mesa trepidar. O movimento acordou Giguhl. 

- Onde eles estão? Me diga – Adam exigiu. 

- Eu não posso – eu disse. 

Ele agarrou minha mão e a apertou, como se estivesse tentando extrair a verdade de mim. 

- Sabina, por favor – o peso do meu conhecimento pesava sobre meus ombros, os fazendo doer. 

- Adam eu não posso te falar. 

- Seja no que for que você esteja envolvida, eu quero entrar – os olhos dele queimavam com 

intensidade. Pensei se alguém que ele conhecia estaria sendo mantido naquela sala fria 

cheirando a morte. Alguém que ele ama? 

- Você não pode se envolver. É... complicado. 

- Foda-se o complicado – ele disse. 

Por mais que eu concordasse com as palavras, eu não podia contar para ele o que estava 

acontecendo. Muitos pensamentos estavam se debatendo em minha cabeça. Eu precisar sair dali 

e pensar em tudo. 

- Olhe, eu... meu telefone tocou. Adam olhou para mim, esperando que eu continuasse. Eu 

levantei um dedo e peguei o telefone. As Dominaes eram as únicas com esse número. Apertei o 

botão para aceitar a ligação. 



- Aqui é a Sabina – eu disse. 

- Precisamos conversar – era minha avó, e suas palavras mandaram calafrios pelo meu corpo. 

Depois de escutar por alguns minutos, eu desliguei. 

Adam olhou para mim, pronto para destruir a cama, de tenso que estava. 

- Escute, apareceu uma coisa. Eu preciso ir. 

Ele se levantou, parecendo furioso. 

- O que? Agora? 

- Sinto muito, é importante. 

- Nós ainda não acabamos de conversar sobre isso Sabina. 

- Sim Adam, nós acabamos. Você não pode se envolver. 

Peguei Giguhl que pulou com o rude despertar. Coloquei o gato sob meu braço e me dirigi para a 

porta. Adam agarrou meu braço livre. 

- Você sabe que vou descobrir tudo. 

Olhei para ele, não deixando que sua ameaça me assustasse. 

- Você pode tentar, mas o dia em que trabalharei com um mago, é o dia em que vou deixar de 

beber sangue. 



Capítulo Vinte 

Uma limusine me apanhou no local combinado próximo ao píer Fisherman. Alguns minutos mais 

tarde, ela seguiu através da ponte Golden Gate. Em algum momento a neblina havia aparecido, e 

as luzes banhavam a ponte com um brilho avermelhado que parecia não pertencer a terra. A 

limusine seguiu a norte pela 101 em direção a Marin. Comecei a me perguntar se eles estariam 

me levando para o vinhedo quando a limusine deixou a estrada perto da praia Muir. 

O carro eventualmente entrou em uma estrada sinuosa de cascalho escondida por árvores. A 

estrada virou em um cul-de-sac, onde no final ficava uma cabana modesta de madeira. Quando 

eu digo modesta, quero dizer para o padrão do condado de Marin, onde o normal são cabanas de 

milhões de dólares. 

Abri a porta e caminhei na direção da casa. Não havia luzes exteriores decorando o lugar, mas 

minha visão de gato me permitiu encontrar o caminho para a porta. Eu não via nenhum guarda, 

mas sentia a presença deles, observando por entre os arbustos e árvores que rodeavam a casa. 

Não me incomodei em bater na porta, simplesmente entrei. O macho que estava parado na 

pequena sala não pareceu surpreso por minha entrada. Ele meramente levantou uma mão para 

indicar que deveria segui-lo. A porcaria de capa e espada combinada com meus nervos fazia os 

músculos do meu pescoço doer. Fechei minhas mãos como punhos, tentando liberar um pouco 

da adrenalina, mas não ajudou. 

Um servente me guiou para um salão principal surpreendentemente grande. Janelas se abriam 

nas paredes do chão ao teto. Durante o dia, a vista da baia deveria ser incrível. Mas agora, a 

única vista que aparecia através da escuridão eram pequenos pontos de luz na água. 

O servente me disse para esperar e saiu. A sala possuía um grande sofá feito de couro. Um 

tapete oriental se estendia no chão, sob uma mesinha de café. Um bar no canto repleto de 

utensílios. Apesar do tamanho o aposento era agradável e convidativo. Eu podia imaginar um 

grupo de amigos se reunindo para beber e conversar. Mas eu sabia que não deveria esperar uma 

festa para mim. 

Eu estava caminhando em frente à lareira de pedra quando senti a energia de Lavínia. Senti um 

vento quente me atingindo, fazendo os cabelos de meu braço se eriçar. Em um segundo eu pude 

senti-la, no outro ela apareceu na minha frente. Eu pisquei tentando entender se ela havia se 

movido rápido demais para meus olhos a detectarem, ou apenas apareceu do nada. 

- Sabina – ela falou baixinho, mas o poder atrás de sua voz era como um eco. 

Abaixei minha cabeça, sem olhar nos olhos dela como sinal de respeito. 

- Domina. 

- Por favor, sente-se criança. Temos muito que conversar. – Ela se moveu na direção do sofá. 

Esperei até ela ter arrumado sua saia preta, antes de sentar na outra ponta do sofá. Fiquei na 

ponta, desconfortável demais para relaxar nas poltronas convidativas. 



Um servente apareceu e colocou taças na mesa a nossa frente. Depois de tudo o que vi no 

vinhedo, eu tinha tanto interesse no conteúdo da taça quando teria em beijar uma cobra. Quando 

o servente partiu, falei. 

- Fiquei surpresa ao receber seu chamado. Eu não sabia que você estava vindo para San 

Francisco. 

Lavínia se inclinou e pegou sua própria bebida. Ela bebeu um gole e então correu um dedo pela 

borda da taça. 

- Eu estava na área verificando nosso vinhedo. 

Levantei minha cabeça. 

- Problemas? 

- Não, nada disso. Eu apenas queria ver como as coisas estavam progredindo com o projeto. – 

Ela tomou outro gole. – Chegou a hora de você matar Clovis. 

Atordoada pela mudança abrupta de assunto olhei rapidamente para cima. 

- Você me disse para achar o traidor primeiro. Clovis confirmou que é um membro do sub 

conselho, mas ainda não consegui o nome. 

- Não se incomode. Nós já o encontramos. Não graças aos seus esforços. 

- O que? Quando? 

- Nós estamos operando em Los Angeles. Mantendo todos os membros do conselho sob 

vigilância. Parece que um dos membros está tendo um caso com um dos espiões do Clovis. 

Meu sangue ficou gelado. Eu sabia o que ela estava prestes a falar. 

- Realmente patético, para um vampiro tão velho quando Nicolo Vera se deixar manipular por um 

lixo. Você conhecia Ewan McGregor, não é? 

Seu uso da frase no passado me deixou gelada. Fechei meus olhos e engoli a bile que havia 

subido até minha garganta. O maldito filho da puta. Como Ewan pode ter sido tão descuidado? 

Abri meus olhos novamente e limpei a garganta. 

- Sim, eu o conhecia. 

- Interessante. Você tem algum amigo que não é um traidor Sabina? 

- Isso não é justo. Eu não fazia idéia no que David e Ewan estavam envolvidos. E se você lembra 

fui eu que fiz David pagar por sua traição. 



Ela abriu a boca para falar, mas eu passei a mão pelo cabelo para fazê-la calar. 

- Falando nisso, você sabia que David havia se recusado a trabalhar para Clovis quando eles se 

encontram? 

Ela jogou a cabeça para trás e riu. 

- Quem lhe contou isso Sabina? – Eu não respondi. Nós duas sabíamos quem havia me contado. 

Ela se inclinou para frente e cheirou o ar ao meu redor. 

- Ele se alimentou de você. 

Minha boca ficou seca. Por um momento eu havia esquecido com quem eu estava lidando. 

- Sim Domina. 

- Me diga algo Sabina. Quem criou você? – Seu tom era casual, mas eu sabia muito para relaxar. 

- Você. 

- Quem te ensinou as habilidades necessárias para sobreviver? 

- Você – eu sussurrei. 

- Para quem você jurou lealdade quando tinha dezesseis anos? 

Levantei-me um pouco. 

- As Dominae. 

- Correto em todas. Então, por favor, por que você está me desafiando baseada nas mentiras do 

nosso inimigo? Ele seduziu você tão bem que ficou cega para a verdade que está na frente dos 

teus olhos? Ele fará de tudo para alcançar seu objetivo de tomar o poder. Você irá permitir ser 

usada como um peão por algum lixo metade demônio? 

Eu engoli e balancei a cabeça. Eu havia perdido minha concentração e me permitido duvidar das 

Dominae, por que Clovis havia usado seu charme para cima de mim. Era hora de esclarecer as 

coisas. 

- Ele sabe sobre o vinhedo. Ele planeja salvar os magos e então usar a situação para tirar o 

controle da raça de vocês. – Parte de mim se sentia aliviada, mas a outra se perguntava se eu 

estaria cometendo um enorme erro. 

Ela largou a taça na mesa e levantou. Liquido vermelho se espalhou pelos lados e deslizou pelo 

copo como se fosse um ferimento que sangrava. Ela começou a caminhar em frente à mesa. 

- Mate Clovis. 



Eu falei tentando pensar em algo para dissuadi-la. 

- Mas Domina, com certeza... 

Ela passou uma mão pálida pelos cabelos. 

- Amanhã. 

Meu estômago se encolheu. 

- Eu não entendo a sua urgência. De qualquer maneira não posso entrar na casa dele armada. 

Os guardas irão me matar antes que o primeiro tiro atinja a casa dele. 

Ela cruzou os braços e me atingiu com o olhar. 

- Perder sua vida pela raça é uma honra. 

Durante o silêncio todos meus pensamentos assumiram um foco límpido. Honra. A palavra havia 

me assombrado durante toda minha vida. Ela havia infundido o conceito em mim desde que eu 

era muito jovem, praticamente fora minha primeira palavra. Mais tarde, honra selou meus lábios 

quando ela me contou que eu não poderia me tornar um acolite do templo. Honra me fez ignorar 

meu julgamento quando ela havia me mandado matar David. E agora, ela esperava que eu 

aceitasse uma sentença de morte... Tudo em nome da honra. 

- Entendo – eu disse. Ela assentiu, presumindo que eu havia aceitado a possibilidade de morte. 

Ela não percebeu que eu havia entendido algo completamente diferente. 

Eu sempre acreditei que minha avó gostava de mim. Ela não era carinhosa ou afetiva, e ela me 

tratava de maneira dura, mas eu achava que era somente a maneira dela. Se nada mais, nossa 

ligação sanguínea deveria ser a prova de algum tipo de conexão. Mas sua falta de sentimento 

com a possibilidade de minha morte me mostrou a verdade. Ela me via como um peão. Um meio 

para um fim. Bem, esse peão não iria deitar e morrer. 

- E quanto aos magos no vinhedo? – Eu perguntei. 

- Como? – Os olhos de Lavínia brilharam como fogo. 

- O que vai acontecer quando o conselho Hekate descobrir o que vocês estão fazendo? 

- Você se atreve? – A voz dela se elevou. – Não esqueça o seu lugar criança. 

- Clovis não é o único que sabe. Se isso se espalhar... 

Ela abanou minha preocupação para longe com uma mão. 



- A guerra é inevitável. É somente uma questão de quando. O seu trabalho é o de matar 

Clovis antes que ele possa usar a situação para iniciar seu golpe. Se ele conseguir subir no 

poder, o conselho Hekate irá destruir toda nossa raça. 

Clovis. Outra pessoa que me via como um peão. Enquanto a atitude de minha avó me deixava 

com o sentimento de vazio, Clovis causara a morte de dois de meus amigos. Ele precisava ser 

retirado da equação. 

- Mas por que retirar o sangue de magos? Parece um risco desnecessário. 

- Quando a guerra começar, o sangue irá nos dar a chance de lutar contra o conselho Hekate. 

Nós finalmente seremos capazes de enfrentar fogo com fogo. 

Meu orgulho exigia meu protesto, mas algo mais... Algo fraco e necessitado... Me implorava para 

ignorar minhas desconfianças. Eu não estava orgulhosa de minha necessidade de aprovação. 

Como um viciado, eu racionalizei minha necessidade, esperando que mais uma dose, fosse 

resultar na viagem que eu precisava. 

- Mas você só vai usar isso quando a guerra começar, certo? Você não está planejando começar 

uma guerra? 

Lavínia riu. 

- Não seja ridícula. Por que eu iria tentar começar uma guerra intencionalmente? 

Eu assenti e mastiguei meu lábio enquanto eu pensava sobre isso. A memória dos magos no 

vinhedo ameaçou a testar minha consciência. Mas eu espantei isso para longe. Eles eram magos. 

Eu sou uma vampira. Clovis é o inimigo. Minha avó é família. Colocando as coisas dessa maneira 

tudo ficava claro. 

Quando tudo estivesse acabado, eu teria que pensar seriamente sobre minhas escolhas na vida. 

Todas as manobras políticas me davam dor no peito. Talvez eu somente precisasse de umas 

férias. Ou talvez eu me aposentasse de vez, e deixasse as intrigas para a minha avó. Pensar 

nisso fazia meu estômago se contrair. 

Agora não era a hora para crises existenciais. Empurrei os pensamentos sobre o futuro para o 

lado e me concentrei no aqui e agora. Eu iria esquecer o que vi no vinhedo e cumprir meu dever. 

- Eu entendo Domina. 

Suas presas apareceram, a fazendo parecer como uma cobra pronta para o bote. 

- Excelente. 

Eu não dormi bem no dia seguinte. Apesar das cortinas blackout que Vinca havia instalado em 

meu quarto, eu estava ciente do andar do sol. Cada minuto me levava um passo mais perto de 

completar minha missão. 



Perto das duas da tarde eu finalmente desisti de dormir. O gato dormia em uma pilha de 

roupas sujas no canto do quarto. Mesmo dormindo, ele parecia sentir a tensão saindo de mim 

como ondas. Suas pequenas patas se mexiam e suas orelhas batiam ocasionalmente, como se 

ele estivesse sonhando. 

Usei o tempo antes do por do sol para bolar um plano. Se eu pudesse encontrar Clovis sozinho, 

eu poderia fazer meu trabalho e então sair de lá antes que achassem o corpo dele. Eu precisava 

apenas descobrir um jeito de me aproximar dele, sem que ele suspeitasse de meus motivos. 

Por volta das quatro da tarde, me vesti e acordei o gato para dizer adeus. Ele quis ir comigo para 

ajudar no plano. Escapei para noite antes de admitir tudo. Eu imaginava que ele havia visto o 

suficiente para merecer a verdade. Mas algo me disse para mantê-lo fora daquilo. Se algo me 

acontecesse, eu não poderia arriscar que Giguhl fosse pego. 

Cheguei ao templo às cinco horas. O lugar parecia deserto exceto pelos guardas mortais, desde 

que a maioria dos discípulos deveria estar acordando para a noite. Um dos guardas chamou 

Clovis pelo telefone, o alertando sobre minha presença. Segui o guarda até o escritório segundo 

às ordens. 

Clovis já estava lá, sentado como o usual atrás da mesa. 

- Você fez uma boa viajem? – Sua voz estava cheia de sarcasmo. Eu não tinha paciência para 

lidar com joguinhos. 

- Eu os vi – eu falei. – Você estava certo. – Olhei para minha direita, onde uma janela dava vista 

para o quintal. O lugar estava deserto àquela hora. Muitos vampiros não acordavam até perto das 

sete horas, e os outros acólitos estavam nas aulas. 

- É claro que eu estava certo – Clovis falou. Ele levantou e veio ao redor da mesa. Ele parou em 

minha frente, suas pernas tocando as minhas. 

Vendo minha oportunidade, segui em frente. 

- Eu não deveria ter duvidado de você. As Dominaes precisam ser eliminadas. 

Clovis pegou minha mão e me puxou. Eu fui à vontade, permitindo que ele me colocasse entre 

suas cochas. 

- Você pensou melhor sobre minha oferta? – A voz dele era rouca e sedutora, eu cerrei meus 

dentes, tentando resistir ao poder que ele tinha sobre mim quando estávamos perto. 

- Qual oferta é essa? – Me aproximei mais, lambendo meus lábios. 

Os olhos dele brilharam diante do convite explicito. Com uma mão ele acariciava minha 

bochecha. Eu fechei os olhos e me movi com a caricia. Lentamente movi minha mão direita sob 

minha jaqueta, sentindo minha arma, no coldre em meu quadril. 

- A proposta em dividir minha cama – ele sussurrou. 



Abri meus olhos, para olhar nos dele. Os olhos dele estavam brilhando novamente. Eu hesitei 

com a mão na arma quando uma onda de excitação me atingiu. Foi então que percebi que ele 

deveria estar usando algum poder de demônio sobre mim, me fazendo sentir essa excitação 

sintética. O conhecimento de alguma maneira me libertou da névoa que ameaçava me distrair de 

minha função. 

Sorrindo, me inclinei mais para frente, tocando meus lábios na orelha dele. Segurando a arma 

agora eu disse. 

- Tudo o que vou dividir com você é... 

Uma batida na porta me interrompeu. Meu coração falhou uma batida e me afastei um pouco, 

escondendo a arma do meu lado. Frank colocou sua cabeça para dentro. 

- Chefe – ele falou. – Oh, olá Sabina. – Ele me dispensou e olhou para Clovis. – Nós temos um 

problema. 

- O que é? – Clovis falou com a voz alterada. 

Quando Clovis se moveu, segui logo atrás dele em choque. Minha mão ficou adormecida 

enquanto segurava o cabo da arma. Permaneci atrás do Clovis, meu coração batendo contra 

minhas costelas. Seria fácil pegar a arma e a colocar atrás da cabeça dele. Antes que ele ou 

Frank ficassem sabendo o que estava acontecendo, eu poderia puxar o gatilho. Bang. Clovis 

estaria morto. 

Só que se eu fizesse aquilo, Frank colocaria uma bala entre meus olhos antes que eu chegasse à 

janela e a liberdade. Lutei tentando achar o que fazer. Claramente se dependesse de minha avó, 

eu daria minha vida para ter o trabalho feito. 

-... Um mago foi encontrado tentando entrar no prédio. 

As palavras de Frank acabaram com minha luta interna. Com certeza, Adam não seria tão 

estúpido. 

- Nós o prendemos na sala de espera. 

- Ele falou? 

- Ainda não senhor, mas estamos trabalhando nisso. – O olhar de Frank se voltou para mim. – 

Entretanto, ele pediu para ver a Sabina. 

Fechei meus olhos e orei por paciência. A arma deslizou facilmente para o coldre na minha 

cintura. 

- Sabina você sabe algo sobre isso? – Clovis perguntou. Abri meus olhos para encontrar tanto 

Clovis quanto Frank me olhando com suspeita. 



- Talvez – eu falei. – É um cara alto com cabelo cor de areia? 

Frank assentiu. 

- Então sim, acho que o conheço. Parem de bater nele, por favor. 

Frank olhou para Clovis à procura de instruções. 

- O traga aqui. – Frank assentiu e falou no rádio, dizendo para os guardas do outro lado para 

trazerem o prisioneiro. 

Clovis olhou para mim novamente. 

- Você quer me falar sobre o que isso se trata? 

Eu suspirei fundo. 

- É uma longa história. 

- Me alegre. 

Dei a Clovis uma versão resumida sobre minha experiência até àquela hora com Adam, deixando 

de fora sua alegação de ter sido enviado por minha família Hekate. Eu esperava que Clovis não 

notasse minhas mãos tremendo enquanto eu falava. Adrenalina ainda corria pelo meu corpo. Por 

dentro, eu estava me criticando por ter falhado com as Dominaes. A verdade era que mesmo 

sabendo que a interrupção não era minha culpa, eu ainda poderia ter feito um ponto para o time e 

completado minha missão. Mas eu estava com medo. Eu não queria morrer. 

Quando eu havia acabado de contar minha história, outro guarda entrou na sala, empurrando 

Adam na frente dele. O olho direito do mago estava inchado e fechado e seus braços estavam 

algemados nas costas. A algema deveria ter sido revestida com bronze, o que enfraquece a 

energia dos magos. 

Adam não me olhou nos olhos quando olhei para ele. Ele estava muito ocupado, encarando 

Clovis com seu único olho aberto. 

- E quem é você? – O tom de Clovis era casual. 

- Adam Lazarus. – Ele falou. Adam ficou com seus ombros retos para trás e seu rosto 

demonstrando teimosia. 

- Você se importa em me explicar por que estava invadindo o meu santuário? A porta da frente 

era uma opção muito óbvia? 

- Esse era o único jeito que eu tinha para entrar e ver você – Adam falou – e ela. – A cabeça dele 

balançou em minha direção, mas ele ainda não olhava para mim. Se ele olhasse, provavelmente 

teria repensado seu pequeno plano. Eu estava quase certa de que meu olhar o teria fritado no 

mesmo instante. 



- Você conseguiu a sua reunião – Clovis falou. Ele se reclinou na cadeira. – Fale a sua parte. 

Adam pareceu confuso com a facilidade com que Clovis estava cedendo o palco, mas ele se 

recuperou rapidamente. 

- Fui mandado pelo conselho Hekate para investigar o desaparecimento de vários magos. Tenho 

razões para acreditar que você possui informações a esse respeito. –Ele fez uma pausa 

esperando pela reação de Clovis, mas não recebeu nada, exceto um aceno de cabeça. – Sabina 

admitiu saber onde os magos estão sendo mantidos, mas não me forneceu mais nenhuma 

informação. – Os olhos dele se voltaram para mim, sem desculpas. – Então eu a segui até aqui, 

desde que ela está obviamente trabalhando para você. 

- E? – Clovis perguntou, soando entediado. Eu estava tão tensa, que minhas unhas estavam 

cravadas nos braços da cadeira. Parte de mim queria socar Adam por seu atrevimento, e outra 

parte estava com medo dele. 

- E eu entrei – Adam falou. 

- Que uso eu teria para outro mago, quando tenho Sabina sentada bem aqui? – Clovis falou, 

acenando para mim. Eu comecei a protestar, mas seu olhar me calou. 

- Com todo o respeito para com a Sabina, ela não é treinada em magia. Apesar que acredito que 

ela tenha talentosos poderes, ela é incapaz de usá-los. 

Clovis massageou seu lábio superior, como se estivesse pesando a informação. 

- E como vou saber se posso confiar em você? 

- Um simples telefonema para o conselho Hekate irá confirmar minha identidade. 

- Eles estão em silêncio – Clovis falou. – Temo que o conselho Hekate irá permanecer no escuro 

sobre certos aspectos dessa situação. 

A mandíbula de Adam se tencionou. 

- Se você não me deixar participar disso, irei contar para o conselho que você está retendo 

informações que afeta o bem estar de seus seguidores. 

- Como você acha que vai fazer isso. Além disso, o que me impede de te matar agora mesmo? 

- Eu liguei para meus contatos no centro de operações do conselho em Nova York, antes de vir 

para cá. Se eles não tiverem noticias minhas em meia hora, eles irão mandar uma força de 

retaliação pela minha morte. 

- Você está blefando – Frank falou. 

Clovis abanou uma mão para seu assistente. 



- Eu entendo – ele falou. – Tenho que admitir que admiro a sua coragem. Entretanto, não posso 

deixá-lo entrar nisso a menos que tenha a garantia de que não irá revelar informações para o 

conselho. 

- Se isso salvará vidas, prometo que não irei revelar nada do que você irá me falar para o 

conselho, até que a situação tenha sido resolvida. 

Clovis olhou para mim. 

- O que você me diz? Devo poupar a vida dele e confiar nele? Ou devo deixar Frank levá-lo para 

os fundos do prédio? 

Adam olhou para mim, seus olhos me desafiavam a condená-lo. Eu ainda estava zangada por 

sua invasão de interromper meu plano. Entretanto, mesmo que eu não concorde com suas 

táticas, ele estava obviamente ansioso para ajudar a sua gente. Eu não conseguia pensar em 

ninguém pelo qual eu arriscaria minha vida para salvar. Ou talvez eu quisesse entender a sua 

capacidade de lealdade. Talvez eu me sentisse mal por ele. Ou talvez eu soubesse que podia 

confiar nele no momento que percebi que ele estava falando a verdade sobre si mesmo no hotel. 

Depois de ter feito Adam prender a respiração e sofrer enquanto eu me decidia, virei para Clovis. 

- Eu confio nele. 



Capítulo Vinte e Um 

Os olhos de Vinca se arregalaram quando ela viu Adam me seguindo pela porta. 

- Oh, olá para você. – Ela veio em nossa direção com um rebolar a mais em seus quadris. – Eu 

sou Vinca. 

Adam pareceu incomodado pelo interesse explicito de Vinca. 

- Adam. 

- Então você é o mago sexy de quem tenho ouvido falar? – ela disse. Adam olhou para mim a 

procura de confirmação. Eu odiei que ela fez soar como se eu tivesse falando sobre ele durante 

uma festa. Eu fechei a cara para ambos, e fui para o meu quarto. 

A voz insinuante de Vinca me seguiu pelo corredor. Encontrei Giguhl dormindo na minha cama. 

- Acorde – eu falei. – Temos que conversar. 

Ele abriu um olho e me olhou de uma maneira que posso somente descrever de desdém. 

- Você está perturbando meu sono de beleza – ele falou. 

- Você iria precisar ser Rip Van Winkle 67 para essa merda funcionar, meu amigo. 

Ele ignorou minha piada e levou um tempo se espreguiçando. 

- Clovis está morto? 

- Ouve uma mudança de planos. – Eu rapidamente o coloquei a par de tudo. 

- Como sabemos que ele não vai ir até o conselho Hekate? – Ele estava completamente 

acordado agora. Se ele estivesse em sua forma demoníaca provavelmente estaria coçando o 

queixo. Mas ao invés disso ele balançava sua calda nua ritmicamente como um metrônomo 68 . 

- Nós não sabemos. 

As orelhas do Giguhl se ergueram enquanto eu escutava passos no corredor. Me virei em tempo 

de ver Adam levantar a mão para bater no batente da porta. 

67 Rip van Winkle é o nome de uma narrativa curta, escrita pelo Washington Irving e publicada em 1819. Ao mesmo tempo é o 

nome do protagonista desta história.Conta que um homem, fugindo à sua esposa má, corre até uma floresta. Depois de muitas 

aventuras ele põe-se a descansar por baixo de uma árvore umbrosa, e adormece. Vinte anos após ele acorda e decide regressar 

a sua vila. Ele mete-se logo em dificuldades quando ovaciona George III, não sabendo que, no entretanto, se tinha realizado a 

revolução e que já não se deve de saudar a monarquia. 

68 O metrônomo é um relógio que mede o tempo musical. Produzindo pulsos de duração regular, ele pode ser utilizado para fins 

de estudo ou interpretação musical. O metrônomo mecânico consiste num pêndulo oscilante cujas oscilações, reguladas pela 

distância de um peso na haste do pêndulo, se podem tornar mais lentas ou mais rápidas, sendo que a cada oscilação 

corresponde um tempo do compasso. 



- Você estava falando com o gato? – Ele perguntou olhando para o Giguhl. 

- Sim, por quê? Muitas pessoas conversam com seus animais de estimação. – Caminhei na 

direção dele e o empurrei para fora do quarto antes que Giguhl abrisse o jogo sobre a sua 

verdadeira identidade. Eu ainda não estava preparada para isso. 

Giguhl se levantou e espreguiçou. 

- Então você é o mago que me convocou? 

Os olhos de Adam se alargaram enquanto ele olhava para mim a procura de uma explicação. 

Levantei minhas mãos no ar. 

- Podemos conversar sobre isso mais tarde. Temos algumas coisas para discutir, você e eu. 

- Parece que essa é a minha deixa para sair. – Giguhl falou, pulando para fora da cama. Quando 

passou pelo Adam ele disse. – Boa sorte cara. Você vai precisar disso. 

Adam observou o traseiro sem pelos do Giguhl passar pela porta e seguir pelo corredor. 

- Eu convoquei um demônio. Como você o transformou em um gato? 

- Não mude de assunto – eu falei. – Você poderia me dizer o que estava pensando com aquela 

invasão? 

Ele colocou os dedos nos bolsos da frente do jeans. 

- Não haja como se estivesse chocada Sabina. Você me forçou. 

- Não jogue isso para mim. Você realmente estragou as coisas por aparecer daquele jeito. 

- Como eu fiz isso? Clovis pareceu estar de acordo em aceitar minha ajuda. 

- Não é isso. – Cerrei meus dentes. 

- Então o que? 

Eu não poderia simplesmente contar que ele havia estragado meu plano de assassinar o homem 

para quem eu supostamente trabalhava. 

- Você apenas estragou as coisas para mim, certo? Há mais coisas acontecendo do que os olhos 

podem ver. 

- Olha, sinto muito se minhas ações complicaram a sua vida – ele falou. – Entretanto, isso 

realmente não é problema meu não é? Você tem os teus objetivos e eu tenho os meus. 

- E que se ferre qualquer um que fique em seu caminho, certo? 



- Me poupe de sua indignação. Eu duvido muito que os teus motivos não sejam egoístas. 

Ele me pegou nisso. 

- Só vou dizer isso uma vez. Você está ouvindo? – Ele assentiu e cruzou os braços. – Se você me 

ferrar novamente, eu vou dar uma de vampira para o seu traseiro. E acredite em mim, os teus 

pequenos feitiços não serão capazes de reparar os danos que vou causar. 

Ele caminhou em minha direção. A posição teimosa de seu queixo, disse que minhas palavras 

não haviam obtido o efeito desejado. 

- Eu vou te dizer uma coisa. A qualquer hora que você quiser vir, como tão eloqüentemente você 

colocou, “dar uma de vampira no meu traseiro”. – Ele fez aquele pequeno gesto com os dedos. – 

Você pode vir com tudo. Por que, francamente, seria hilário. 

- Você acha que não posso te pegar? – Olhei no rosto dele, mostrando um pouco das presas para 

causar efeito. 

- Não me faça rir. – Confiança radiava de cada ângulo do rosto dele. Como pistoleiros no velho 

oeste, nos encaramos, cada um desafiando o outro a quebrar o contato. Ele poderia ter um 

pacote de feitiços escondido na manga, mas eu o batia na questão velocidade. Coloquei minha 

perna atrás do joelho dele, dando uma rasteira nele. O traseiro dele atingiu o chão antes que ele 

soubesse o que estava acontecendo. Ele piscou uma vez, duas. 

- Uau! 

- Quem está rindo agora garoto mágico? – Uma risada surgiu em minha garganta enquanto ele 

levantou lentamente, massageando o traseiro. O som mal havia escapado de meus lábios antes 

dele balançar uma mão no ar. Uma estranha sensação de formigamento começou nos meus pés 

e subiu por minhas pernas. Olhei para baixo e me engasguei. Meus pés estavam a alguns 

centímetros do chão. 

- Ei! – Tentei mover meus braços, mas eles estavam parados inutilmente ao meu lado. – Me 

coloque no chão. 

Adam sorriu e fez outro gesto no ar. Meu mundo saiu dos eixos. A ponta do meu cabelo raspou 

no tapete quando o rosto invertido de Adam apareceu em minha visão. 

- Isso não é engraçado! – Eu falei. 

- Ao contrário, é bem engraçado dessa perspectiva. Você sabia que o teu rosto fica em adorável 

tom rosado quando você fica zangada? 

- Eu já passei do ponto de zangada e estou chegando ao apocalipse. – Sangue correu para 

minha cabeça, me deixando tonta. – Me coloque no chão! 

- Não tão rápido. Desde que tenho você sob meu poder, acho que é hora de acertarmos algumas 

coisas. 



- Vá se ferrar. 

- Poderia ser interessante devido a posição, mas não obrigado - ele falou. – Agora, andei 

pensando sobre isso, e é tempo de você concordar em começar seu treinamento na magia. 

- Certo. Como se eu quisesse passar ainda mais tempo com você, do que já sou forçada a 

agüentar. 

- Sério Sabina. Já passou do tempo de você aprender – ele falou. Quando me recusei a 

responder ele suspirou. – Não vou te colocar no chão até você concordar. 

Balancei minha cabeça, recusando a dignificá-lo com uma resposta. 

- Você está ficando roxa. 

Sangue latejava atrás de meus olhos. Cerrei meus dentes contra a onda de náusea. Por dentro, 

eu estava gritando comigo mesma por ser tão teimosa. Talvez se eu concordasse em treinar, ele 

me ajudaria a mandar Giguhl para casa e esqueceria sobre me fazer encontrar minha família 

Hekate. Então por que eu estava sendo tão teimosa? 

Eu sabia o porquê. Apenas era muito difícil admitir isso para mim mesma. Já era ruim o suficiente 

Adam ter me vencido em meu próprio jogo. Era ainda pior precisar de sua ajuda. Admitir isso 

realmente me deixava de mau humor. 


Virei meus olhos para poder olhar para ele. 

- Ótimo! Uma aula. 

- Cinco. 

- Uma e você me ajuda a mandar Giguhl para casa. 

- Você não tem muita experiência em negociações não é? 

Minha cabeça doía e eu estava começando a ver pequenas estrelas sobrepostas ao rosto de 

Adam. 

- Essa é minha oferta final. 

- Você não é engraçada – ele falou. – Tudo bem, vamos começar com uma aula. 

Rápido como começou me encontrei parada em pé novamente. Vertigem passou pela minha 

cabeça e balancei na direção de Adam. Ele tentou me segurar, mas eu me afastei e sentei na 

beirada da cama. O quarto girou por um momento enquanto meu equilíbrio voltava. Minha tontura 



passou rapidamente, substituída por vergonha. Peguei a vergonha e a transformei em 

raiva, uma emoção com a qual eu me sentia mais confortável. 

- Seu idiota! – Eu falei, ficando novamente em pé. 

O sorriso idiota de Adam não fez nada para acalmar o fogo em minha barriga. 

- Você mereceu isso depois da rasteira. Meu traseiro ainda dói. 

- Que bom. 

- Sério, Sabina? Você deveria procurar algumas classes de controle da raiva. Você está muito 

mal humorada. 

- Mal humorada! – Dei um passo ameaçador na direção dele. Ele não se moveu, apenas olhou 

para mim com um desafio nos olhos. Eu parei, percebendo que ele havia tentando me deixar fora 

de mim o tempo todo. Não querendo lhe dar mais nenhuma satisfação, fechei meus punhos e me 

forcei a ficar calma. Contei até dez. Ele ainda estava sorrindo. Respirei fundo duas vezes. Ele 

ergueu uma sobrancelha. E foi isso. 

- Ótimo! Você venceu. Feliz? 

- Sim. 

Marchei para fora do quarto, envergonhada pela minha falta de controle. Eu havia dado ao meu 

oponente a vantagem no momento em que perdi a cabeça. Aquilo fora um erro de principiante, e 

eu sabia. 

Vinca e Giguhl estavam enrolados no sofá assistindo a Oprah quando entrei na sala. Os olhos 

deles se arregalaram quando viram minhas presas. 

- Você o matou? – Giguhl perguntou. 

Vinca cutucou o gato e apontou para trás de mim. Adam entrou na sala, como se não tivesse 

nenhuma preocupação no mundo. Ele sorriu para os meus colegas de apartamento antes de 

piscar para mim. Eu fechei minhas mãos, sabendo que ele estava tentando me fazer passar 

vergonha na frente dos meus amigos. 

- Espere um segundo – Vinca falou. – O que está acontecendo aqui? 

- Nada – eu falei. – Adam está de saída. – Dois pares de olhos se moveram de mim para Adam, 

como se estivessem assistindo um jogo de tênis. 

Adam olhou para seu pulso. 

- Na verdade, não tenho que estar em nenhum compromisso por um tempo. Quem quer pedir 

uma pizza? 



- Eu quero! 

- Eu quero! 

- Não – eu falei, olhando para os dois traidores no sofá. 

- Isso é três contra um Sabina. É chato ser você. – O gato sorriu para mim, o que pareceu tão 

estranho quanto soa. Apenas por causa disso, jurei silenciosamente esconder toda a erva de gato 

dele. 

- Ótimo – eu falei. – Vou sair. 

Adam levantou uma sobrancelha, o que era a mesma coisa que me chamar de covarde. 

- Antes de ir, a que horas você me quer aqui amanhã? 

Olhei para ele desconfiada. 

- Para que? 

- Para começar suas aulas de magia, é claro. 

- Aulas de magia? – Giguhl se levantou. A esperança no rosto dele me fez engolir a resposta que 

eu estava disposta a dar. Cerrei meus olhos para Adam. Ele havia armado para cima de mim. 

Novamente. 

- Esteja aqui ao anoitecer. Você vai ter trinta minutos antes de termos que ir para o templo para 

nossa primeira reunião de estratégias. – Eu esperei que ele fosse discutir pelo pouco tempo que 

eu havia lhe dado. Ao invés ele sorriu. 

- Tudo bem – ele falou dando de ombros. Então ele me dispensou, virando para meus amigos. – 

Que tal calabresa? 

Enquanto eles debatiam os méritos da anchova, segui para a porta. Parte de mim queria que um 

deles tentasse me convencer a ficar. Como Adam conseguira entrar no grupo tão rapidamente? E 

como eu acabei me sentindo como uma estranha tão rapidamente? 

Peguei meu casaco na cadeira e abri a porta. Com uma última espiada por sobre meu ombro, vi 

os três rindo. Vinca olhava para Adam com óbvio interesse sexual, enquanto Giguhl aparentava 

ter um sério caso de idolatria por um herói. 

Caminhei para a noite, batendo a porta atrás de mim. A risada deles chegou até mim através da 

madeira, me seguindo até o quintal. 

Eles que se danassem, pensei. Era por isso que nunca acreditei na amizade. Você não podia 

confiar em ninguém para ser leal durante a longa jornada. Uma imagem do rosto de David surgiu 

em minha mente. 



Não você não podia confiar em ninguém. Eu era a prova disso. 

Voltei duas horas depois, minha bochechas quentes apesar do frio do ar noturno. A recente 

infusão de sangue fresco, cortesia de um assaltante que vinha perseguindo mulheres em um 

parque local, fizera maravilhas com o meu humor. Eu sempre ficava um pouco ranzinza quando 

minhas reservas ficavam baixas. Pelo menos, era o que eu falava para mim mesmo, quando 

pensava na cena que eu havia feito mais cedo na frente de Adam. 

Enquanto eu estive fora, pensei sobre como lidar com o fato de ter falhado em matar Clovis. Eu 

sabia que Lavínia estava esperando por minha ligação. As coisas vão ficar ruins se eu não me 

apresentar. Minha única esperança nesse ponto era tentar novamente na próxima noite. Depois 

de minha seção de treinamento com Adam, nós seguiríamos para o templo para planejar o 

ataque. Claro, isso significava levar mais um dia, mas eu esperava que as Dominaes fossem 

esquecer isso diante de meu sucesso. Até lá eu precisava apenas evitar meu celular. 

Vinca e Giguhl aparentavam não ter se movido do sofá desde que eu saíra. Uma caixa de pizza 

estava na mesa em frente a eles, a tampa aberta revelava algumas cascas descartadas e um 

pedaço gorduroso de pizza. Aparentemente Giguhl havia vencido o grande debate sobre 

anchovas afinal de contas. 

- Olá pessoal – eu falei. Meus olhos escaneando o lugar por algum sinal de Adam. Restava 

apenas uma fraca essência de sândalo. 

Giguhl que estava deitado com sua barriga inchada para o ar, não moveu seus olhos da tela, mas 

conseguiu levantar uma pata em saudação. Vinca pulou ao som da minha voz. 

- Ei Sabina. Não escutei você entrando. 

- O que estão assistindo? – Virei meu pescoço para ver a TV, mas Vinca desligou com o controle 

remoto. Giguhl protestou, mas ela o ignorou. 

- Apenas um filme ridículo feito pelos mortais – ela falou. Suas bochechas rosadas me deixaram 

desconfiada. 

- Qual filme? 

- Não lembro do título – ela falou, de repente muito interessada no tecido da própria calça. 

- Oh, cale a boca – Giguhl falou. – Era o Senhor dos Anéis. – Ele levantou lentamente e se 

espreguiçou, sua alarmante barriga balançava enquanto ele se movia. 

Os olhos de Vinca voaram para os meus. Eu sorri para ela. 

- Não fique envergonhada. Aquele elfo é quente. 

Uma risada escapou dela. 



- Você está certa. 

- O Sauron é o meu favorito – Giguhl falou. – O cara entende de maldade. 

Vinca olhou para ele e balançou a cabeça. 

- Então, para onde você foi com tanta pressa? 

- Apenas conseguir um jantar – eu falei. – E precisava de um pouco de ar fresco. 

Ela levantou uma sobrancelha. 

- Hmm, me pergunto por quê? Teria algo a ver com um certo mago sexy, não é? 

- Se você quer dizer o chato e idiota que estava aqui mais cedo, sim. 

Vinca e Giguhl trocaram um olhar e então olharam para mim. 

- Por favor – Giguhl falou. – Você está tão quente por aquele mago que está a ponto de entrar em 

combustão espontânea. 

Ignorei a ambos e segui para a cozinha a procura de uma bebida. Vinca me seguiu. 

- Você quer falar sobre isso? 

Abri a tampa do refrigerante e balancei minha cabeça. 

- Não. Não há nada para falar. 

- Então você não esta zangada por eu ter flertado com ele? 

Sentei na pia e bebi um grande gole. As bolhas queimaram todo o caminho por minha garganta. 

- Você estava flertando com ele? Hmm, não notei. 

- Sério? Devo estar perdendo o jeito. Depois que você saiu, eu estava jogando alguns dos meus 

melhores movimentos. Ele nem pareceu ter notado, então eu finalmente desisti. 

- Talvez ele seja gay – eu falei. Quem eu estava enganando? O macho exalava 

heterossexualidade, do tipo que fazia uma fêmea ficar arrepiada. 

Vinca bufou. 

- Certo. Então é por isso que ele estava tendo uma ereção quando veio do quarto. 

Engasguei com minha bebida, e acabei cuspindo. 

- O que? 



- Oh vamos Sabina. Quando vocês vieram de lá, você parecia culpada e ele parecia pronto para 

explodir. É tão óbvio que você está na dele. 

- Por favor. Eu não estou. – E eu falava sério. Eu não era exatamente o tipo que se abanava e 

ficava arrepiada só por que o cara tinha um rosto bonito e uma bunda maravilhosa. Além do mais, 

Adam é um mago. E nem ao menos queria pensar sobre as ramificações Freudianas em estar 

interessada em um mago. Afinal isso havia funcionado tão bem com a minha mãe. Sem 

mencionar, que eu mal cabia no mesmo aposento que o ego de Adam. Aquele cara tinha um 

sério problema de atitude. 

Vinca se recostou no balcão olhando para mim. 

- Qualquer coisa que você falar. Mas eu previ que vocês dois irão fazer isso até a próxima lua 

cheia. 

Virei meus olhos. Até aquele momento as habilidades proféticas de Vinca estavam deixando a 

desejar. É claro, desta vez havia trabalhado a meu favor desde que não havia maneira de eu 

fazer nada desagradável com aquele mago pomposo e arrogante. 

- Ainda bem que você não aposta. Odiaria tirar dinheiro de inocentes – eu falei. 

- Veremos – ela falou. Ficamos caladas por um momento, o único som no apartamento eram os 

roncos de Giguhl na sala. Quando finalmente falou, Vinca estava séria. 

- Quero ajudar com a missão de resgate. 

Eu estava provando minha bebida novamente, mas dei um jeito de engolir antes de responder. 

- De jeito nenhum. 

- Vamos Sabina. Você sabe que pode me usar no caso de alguém se ferir. 

- É muito perigoso – eu falei. 

- Adam falou que ele não acha que vai haver problemas. 

Meus dentes automaticamente se cerraram. 

- Adam não está no comando. 

- Pare com isso. – Ela falou sua voz adquirindo uma nota metálica que eu nunca havia escutado 

antes. – Você já pensou em como vai desligar o sistema de segurança sem acionar os alarmes? 

Eu a cortei, sabendo onde ela estava querendo chegar com aquilo. Membros das raças élficas 

são conhecidos por ser capazes de alterar correntes eletromagnéticas, o que viria a ser útil com 

as câmeras de segurança e alarmes ao redor do complexo do vinhedo. Ainda assim eu não 



poderia arriscar. Especialmente por que eu não planejava estar envolvida com o resgate. 

Se eu não estiver lá, não poderei protegê-la. 

- Adam pode cuidar disso. 

Ela cruzou os braços e fez uma careta. 

- Isso não é justo. Não sou uma flor delicada Sabina. Tenho habilidades que você pode usar. 

Pulei para fora do balcão e me aproximei dela, me sentindo mal, mas não tão mal. 

- Olha, eu aprecio a tua oferta. De verdade. Mas é muito perigoso. Se algo te acontecer, vou me 

sentir terrível. 

- Não sou a tua responsabilidade. Posso tomar conta de mim mesma. 

- Tenho certeza que sim. Mas não vou deixar você correr riscos enquanto eu estiver cuidando. 

- Eu posso ir até o Clovis, você sabe. 

- Boa sorte. – Eu já sabia a resposta dele. Clovis queria um time pequeno e letal. Ninfas não eram 

exatamente conhecidas por suas habilidades em batalhas sangrentas. 

A mão dela pousou no meu braço, seus olhos me imploravam para que eu escutasse. 

- Por favor, Sabina. Eu quero ajudar. Qualquer coisa. 

Eu suspirei quando senti parte da minha resolução ceder. Eu sabia o que era se sentir 

subestimado. 

- Você pode ajudar na logística, ajudar a reunir os suprimentos e outros materiais. – Ela deixou 

escapar um grito de triunfo, mas a impedi. – Entretanto, você vai ficar para trás durante o ataque. 

- Está tudo bem – ela falou. – Estou feliz apenas por poder ajudar de qualquer maneira que 

puder. 

O riso dela era contagioso. Senti meu rosto se abrir em um sorriso. 

- Você sabe, quando você chegou aqui, eu tinha minhas duvidas – ela falou. 

- Ah é? – Recostei-me contra a pia, surpresa por sua franqueza. 

Ela assentiu. 

- Agora tenho vergonha de admitir isso, mas Clovis pediu para que eu te espionasse. – Ela olhou 

para mim através dos cílios como se estivesse preocupada em me deixar com raiva. Eu não 

estava com raiva, ou surpresa. Eu descobri. 



- E bem, estou aliviada em como tudo ficou. Eu sei que foi difícil no começo, mas estou 

feliz por sermos amigas. 

Meu peito se contraiu. Amigas? Quando isso havia acontecido? Eu nunca tivera uma amiga 

fêmea antes. A maioria dos outros assassinos na escola eram machos, e a profissão se enquadra 

mais para uma pessoa solitária do que para uma borboleta social. E agora, inexplicavelmente, eu 

tenho uma ninfa como amiga. Perguntei-me se ela ainda pensaria dessa forma depois que eu 

matasse Clovis. Eu sabia muito bem. A confiança que brilhava nos olhos dela irá morrer e eu irei 

de amiga, para traidora. 

Novamente. 



Capítulo Vinte e Dois 

Se há duas coisas que não se misturam é pizza e gatos. Giguhl gemeu durante boa parte da noite 

com azia e emitiu os gazes mais nocivos que eu já tive o desprazer de encontrar. Em um 

momento ficou tão ruim que tive que abrir a porta do quarto e ligar o ventilador. O gato passou por 

mim, correndo em direção ao banheiro. Deixei a porta encostada para dar a ele um pouco de 

privacidade e caí de volta na cama em meio aos sons de vômitos e choro. 

Quando consegui cair no sono com um travesseiro sobre minha cabeça, pesadelos começaram a 

me atormentar. Em um, David estava vivo me caçando em uma floresta densa. Acordei 

assustada, suas palavras ecoando em meus ouvidos, “traidora!” Minha respiração vinha em 

suspiros e suor frio ensopava minha pele. 

Quando consegui dormir novamente, sonhei com meu pai. Eu estava pendurada de cabeça para 

baixo em algum tipo de aparelho de tortura, meus pés e mãos estavam amarrados. Ele falou para 

eu usar meus poderes para me libertar. Mas por mais que eu tentasse, não conseguia me libertar. 

Meu pai balançou a cabeça e falou. 

- Você é uma decepção. 

Finalmente acordei com meus próprios gritos. Eu estava sentada quando meus olhos se abriram. 

Giguhl estava sentado nos meus pés, me olhando preocupado. 

- Você está bem? Estava gritando. 

Passei a mão por meu cabelo que parecia um ninho de ratos e tentei me acalmar. Fechei os 

olhos e fiz com que meu coração desacelerasse respirando fundo lentamente. Em meu plexo 

solar, senti o sol se pondo no horizonte. 

- O que eu falei? – Perguntei por fim. 

As orelhas do Giguhl se mexeram. 

- Alguma coisa como “não é minha culpa”. 

Eu estremeci, relembrando a razão para ter gritado. Mesmo nunca tendo conhecido meu pai, eu 

sabia sem duvida que ele era o mago no sonho. 

Sabendo que eu nunca conseguiria voltar a dormir, joguei os cobertores para o lado e levantei. 

Provavelmente Adam chegaria assim que o sol terminasse de se pôr, apenas para me irritar. 

- Como você está se sentindo? – Perguntei para Giguhl. 

- Uns três quilos mais leve – ele falou. 

- Pobre senhor Giggles – eu falei. – Isso vai te ensinar a ficar longe de comida para humanos. 



- Eu prefiro ficar com gazes a noite toda a ser forçado a agüentar aquela lavagem 

horrorosa que passa por comida de gato. 

- Fique a vontade. Só que da próxima vez você vai dormir na sala. Você deu uma nova definição 

ao termo “emissões noturnas”. 

Ele bufou e pulou para fora da cama, me abandonando. Na porta, ele parou, esperando que eu a 

abrisse. Eu suspirei e abri a porta. Ele saiu sem olhar para mim. 

- De nada – eu gritei. Sua única resposta foi uma balançada de calda enquanto ele entrava na 

sala. 

Deixei um sorriso brincar no canto de meus lábios por causa do comportamento dele. Sacudindo 

minha cabeça, segui em direção do banheiro. Se a sorte estivesse ao meu lado, eu teria tempo 

para tomar um banho e beber um galão de café antes de Adam aparecer. 

Por agora eu já deveria ter aprendido que se a sorte é uma dama, ela é uma vadia com um 

espírito ruim e com uma implicância comigo. Eu mal havia saído do chuveiro quando escutei a 

campainha. Pingando como um cachorro molhado, agarrei a toalha do suporte e me sequei da 

maneira mais rápida do mundo. Cinco minutos depois, meu cabelo estava em um coque bem 

feito, mas molhado. Depois de colocar um jeans e uma camiseta branca, e minha botas de 

cowboy pretas, me inspecionei na frente do espelho. 

- Maquiagem – eu falei para o meu reflexo pálido. – Um pouco de delineador, um pouco de blush, 

e gloss fazem maravilhas. – Eu disse para mim mesma que a maquiagem era apenas uma 

concessão para o meu complexo da insônia. Entretanto, parte de mim não achava certo aparecer 

na frente de Adam de cara limpa. Eu precisava de uma pintura de guerra antes de encarar minha 

primeira lição de magia. 

Alguém bateu na porta do quarto. Sabendo que eu não poderia adiar isso por mais tempo, fui 

atender. Antes de abrir, esfreguei as palmas das mãos suadas em minhas cochas cobertas pelo 

jeans. 

Adam se recostava contra a moldura da porta. 

- Dia. – Ele falou com seu sorriso costumeiro. 

- Hey. – O som saiu como um crocitar. 

O olhar dele viajou para o sul do meu corpo, parando brevemente sobre meu peito. Cruzei os 

braços, repentinamente desejando ter lembrado de ter colocar um sutiã. Eu limpei minha 

garganta. 

- Você está pronta para começar? – Os olhos dele encontraram os meus. 

- Acho que sim – eu falei. – Vou precisar de alguma coisa? 

Ele balançou a cabeça e deu um passo para trás para abrir caminho para mim. 



- Pensei em começarmos no jardim. Está uma noite agradável. 

- Parece bom. – Eu sentia como se tivesse que limpar a garganta novamente. E eu estava tendo 

problemas para encontrar os olhos dele. Estranho. Acho que estava mais nervosa sobre essa 

coisa de magia do que pensava. É claro, dado a desconfiança que Lavínia instigou em mim sobre 

todas as coisas que ligadas aos magos, talvez não fosse tão surpreendente. 

Giguhl e Vinca haviam desaparecido. Imaginei se isso seria uma pobre tentativa de bancarem os 

cupidos, ou se eles teriam sumido para não estar por perto quando eu começasse a invocar 

feitiços. Depois de uma rápida parada na cozinha para um café, Adam me seguiu para a rua. 

Uma mesa de bistrô e duas cadeiras de ferro forjado haviam sido colocadas próximas a piscina. 

Adam acenou para elas e eu sentei, ajustando a cadeira para que ela ficasse de frente para a rua. 

- Preocupada que alguém vá entrar e atacar você? – Adam perguntou. Então ele fez a mesma 

coisa. Eu ignorei isso e me ocupei olhando para todos os lugares exceto para ele. 

Apesar da temperatura, as luzes da piscina brilhavam. O forte cheiro de cloro se misturava com o 

aroma de fumaça das folhas caídas. Respirei fundo, tentando relaxar. 

- Isso não é a inquisição espanhola, você sabe. 

Olhei para Adam. Ele sorriu para mim do outro lado da mesa. As luzes da piscina acentuavam a 

agradável simetria do rosto dele. Percebendo que eu o estava encarando, me remexi na cadeira. 

- Estou bem. Apenas não dormi muito bem. 

Ele assentiu e mexeu na sua mochila. 

- Pensei em hoje à noite vermos apenas algumas coisas básicas. O quanto você sabe sobre 

magos em geral? 


- Não muito. Vocês não são imortais, mas vivem vidas extremamente longas. Acho que a mágica 

ajuda com isso. 

Ele assentiu. 

- Ajuda. O mago mais velho que sei, viveu cerca de mil anos. 

Senti meus olhos se arregalarem. 

- Ele deveria ter sido muito forte para ter vivido tanto. 

- Ela – ele corrigiu. – Ameritat era a líder do conselho Hekate. – A voz dele continha uma nota de 

arrependimento. Quase como que para se distrair ele puxou um livro de sua mochila, e o colocou 

na mesa. – Algo mais? 



Olhei para cima, rastreando meu cérebro por algo mais. 

- Honestamente? A maioria das coisas que me falaram não eram positivas. 

Ele riu. 

- Não, acho que não devem ser. Vamos escapar da propaganda vampirica e ir direto para a 

magia básica, certo? 

- Por mim está ótimo. 

- A primeira coisa que eles ensinam para todos os jovens magos é que a mágica deve ser usada 

com cautela. Por que ela mexe com o balanço da natureza, você deve pesar as repercussões em 

potencial antes de lançar um feitiço. 

- Que tipo de repercussões estamos falando? 

Ele encostou os cotovelos na mesa. 

- Vai depender da magnitude do feitiço. Você está familiarizada com o efeito borboleta 69 ? 

Eu assenti. 

- Algo sobre o bater de asas de uma borboleta na África poder causar um furacão do outro lado 

do mundo. 

- Muito bom – ele falou. – A magia trabalha basicamente com esse principio. Quanto maior o 

feitiço, mais sérias serão as conseqüências. Já vi grandes feitiços causarem terremotos, 

tornados, até mesmo tsunamis. 

- E quanto aos menores? 

- Esses são difíceis de rastrear. Pode ser algo tão grande quanto uma chuva, ou pequeno como 

uma semente caindo de uma árvore. Pode acontecer a cinco metros, ou cinqüenta quilômetros. E 

você nunca sabe onde poderá acontecer, pode ser em cinco minutos ou cinqüenta anos. 

- Isso é péssimo – eu falei. – Mas se você não sabe o que vai acontecer, por que se preocupar? 

- A questão não é saber o que vai acontecer, é estar ciente de que tudo o que fazemos afeta a 

todos. Todos nós – magos, vampiros, humanos, e o resto – afetam o balanço da vida. 

- Se você começar a cantar Kum Ba Yah 70 , eu dou o fora daqui. 

69 Efeito borboleta é um termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela 

primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples 

borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. Porém isso 

se mostra apenas como uma interpretação alegórica do fato. O que acontece é que quando movimentos caóticos são analisados 

através de gráficos, sua representação passa de aleatória para padronizada depois de uma série de marcações onde o gráfico 

depois de analisado passa a ter o formato de borboleta. 



Isso me custou uma careta. 

- Sabina isso é sério. Você não pode simplesmente sair amaldiçoando pessoas ou jogando 

feitiços à vontade. 

- Eu estava só brincando. Nossa. 

Ele limpou a garganta e puxou um livro da mochila. 

- Esse é um livro usado nas escolas de magia. É bem elementar, mas possui o básico. – Ele 

empurrou o livro sobre a mesa. Eu peguei e o folheei. Ele não estava brincando. Parecia ser a 

versão de Dick and Jane 71 do livro das sombras. – Haverá um teste amanhã. 

Levantei minha cabeça, pronta para falar onde ele poderia colocar o teste. Mas parei quando vi 

seu sorriso. 

- Te peguei. 

- Essa foi boa – eu falei. – Podemos aprender as coisas boas de uma vez? 

- Ainda não. Você precisa aprender o básico antes de seguir para a introdução dos feitiços. Esse 

livro vai ajudar. 

Naquele momento meu telefone tocou. Estremecendo o peguei para checar o número. Lavínia. 

Amaldiçoando baixinho, apertei o botão end, e desliguei o telefone. Se as coisas seguissem como 

o planejado, eu poderia ligar de volta para ela com as novidades do meu sucesso. 

- Você poderia ter atendido. – Adam falou, apontando para o telefone. 

- Não reconheci o número. – Ele não pareceu convencido, mas deixou passar. – Tudo bem – eu 

falei. – O que mais professor? 

- Isso é tudo por hoje à noite. 

Minha boca se abriu. Eu me arrumei toda, e tudo o que ele fez foi me dar um livro estúpido? Isso 

é tudo? 

- Eu não quero apressar isso. Você tem muito o que aprender, e te introduzir a intermediação da 

invocação poderá te deixar confusa. 

- Espere um segundo – eu falei. – Você está soando como se eu estivesse nisso por uma longa 

jornada. 

70 "Kumbaya" É uma musica espiritual dos anos trinta que voltou a popularidade durante a volta da musica folk nos anos 

sessenta. Se tornando uma conhecida musica de acampamentos e hinos para escoteiros. 

71 Dick and Jane eram os personagens principais do popular livro para leitura básica escrito por William S. Gray; ele foi utilizado 

para ensinar crianças á ler da década de 30 até os anos 70 nos Estados Unidos. 



- E você não está? 

- Diabos, claro que não. Nós concordamos com uma aula. Achei que você me ensinaria alguns 

feitiços e seria tudo. 

Ele suspirou, balançou a cabeça e entregou o livro para mim. 

- Você não entendeu? Estou aqui para te ajudar a reivindicar o que é seu por direito. 

- Do que você está falando? 

- Sabina, você viveu a vida até agora como se fosse uma vampira com sangue puro. Mas você 

não é. Metade do seu sangue é mago. E até você aceitar isso você nunca vai estar completa. 

Recostei-me na cadeira e olhei para ele, impressionada pela audácia dele. 

- Acho que terminamos aqui. – O barulho dos pés da cadeira raspando contra o concreto me fez 

estremecer quando levantei. 

- Sabina – Adam falou. Eu o ignorei e continuei em direção do apartamento. Atrás de mim escutei 

ele amaldiçoar seguido pelo barulho da cadeira sendo afastada da mesa. – Espere! 

- Vejo você no templo – eu gritei. A porta bateu atrás de mim. 

Duas horas depois, eu estava pronta para espetar meu próprio olho com a caneta que eu batia 

contra o caderno a minha frente. 

- Se entrarmos pelo lado oeste, poderemos desarmar as câmeras – Frank falou. 

- Mas por que faremos isso se posso simplesmente desarmar as câmeras com um feitiço? – 

Adam argumentou. 

Vinca e eu nos olhamos enquanto os dois homens continuavam a debater sobre os vários 

métodos de entrada. A reunião já havia se estendido por tempo demais, que na maior parte 

consistiu em Adam e Frank discutindo por causa de todos os detalhes do plano. 

- Frank com quantos vampiros podemos contar para nos ajudar? – Eu interrompi. 

O olhar de Frank mudou de Adam para mim. 

- Tenho cinco guardas pessoais de Clovis. 

- Merda – eu falei. – Precisamos de muito mais que isso. Eles tem seguranças por todo o lugar. 

- Provavelmente posso conseguir algumas fadas para ajudar. – Vinca ofereceu. 

Frank bufou. 



- E o que elas vão fazer? Soprar pólen sobre eles? 

Vinca mostrou a língua para ele. 

- Não subestime as fadas, vampiro. Somos conhecidos por já termos chutado alguns traseiros de 

sanguessugas. Você quer uma demonstração? 

Frank começou a se inclinar, seus olhos ardendo. Eu coloquei a mão no ombro dele. 

- Pare com isso – eu ordenei. – Vinca eu aprecio a oferta, mas preciso que você se concentre em 

conseguir as armas e suprimentos. – Vinca se reclinou na cadeira com uma afronta. 

- Posso fazer umas ligações para os covis da área – Adam falou. 

Balancei a cabeça. 

- Absolutamente não. Não podemos correr o risco do conselho Hekate se meter. 

- Mas... 

Eu levantei uma mão o cortando. 

- Não. Teremos que fazer funcionar – eu falei. – Agora, vamos começar pelo o que sabermos 

sobre as instalações. 

Uma hora e muitos gritos depois, conseguimos combinar um plano rudimentar. Não era um plano 

brilhante, mas era um começo. Frank levantou se espreguiçando. 

- Tenho que ir informar meus homens. – Ele saiu sem mais palavras. 

Adam o observou sair. 

- Esse cara tem um problema de atitude. 

- Sem duvida – Vinca falou. 

Eu suspirei e levantei, juntando os papéis. 

- Olha isso não é o ideal para nenhum de nós. Apenas temos que usar o que temos. Se algum de 

vocês tiver algum problema com o plano, estão livres para ir embora. 

Olhei para cada um deles, torcendo para que eles fossem embora. O plano que estávamos 

criando era uma missão suicida. 

Levantei e comecei a juntar os papéis. 

- Adam, vou precisar da sua lista de equipamentos até amanhã. Isso deve dar a Vinca tempo o 

suficiente para conseguir tudo até o final da semana. 



Adam assentiu, olhando para mim. Eu o ignorei. Vinca levantou e saiu. 

- Obrigada por me incluir, Sabina. Vejo você em casa. 

Assenti brevemente e voltei para os papéis. Depois que ela saiu, Adam continuou sentado em 

sua cadeira. 

- Você não tem outro lugar para ir? – Eu perguntei. 

- Pensei que nós iríamos continuar nosso treinamento – ele falou. 

Eu parei o olhei para ele. O atrevimento desse cara. 

- O trato está cancelado. 

- Não, não está. 

- Sim – eu falei com firmeza. – Está cancelado. Está óbvio que temos metas diferentes aqui. 

Ele se recostou na cadeira e jogou a caneta que estava segurando sobre as plantas. 

- Você está assustada. 

Com deliberada lentidão, coloquei minhas mãos na mesa e reclinei na direção dele. 

- O que você falou? 

- Vamos Sabina. É obvio. Meu comentário mais cedo sobre você atingir seu potencial, feriu o teu 

orgulho. Mas mais que isso, te assustou – ele falou. – E você quer saber o por quê? 

Eu balancei minha cabeça e mordi meus lábios. 

- Não, mas tenho certeza que isso não vai te impedir. 

Ele colocou os cotovelos sobre a mesa. 

- Você passou toda a vida vivendo nessa pequena bolha onde as regras eram claras. As Dominae 

fizeram uma lavagem cerebral em você contra toda a raça de magos, e abraçar esse seu lado te 

apavora. 

- Você sabe o que me apavora Adam? – eu falei. – Que você me ache tão ingênua que sou capaz 

de comprar esse merda psicológica. Você não me conhece. E você com certeza não têm o direito 

de sentar aí e falar sobre o que estou pensando ou sentindo. Eu falei sério, sem mais aulas. E 

não é por que estou assustada ou por que lá no fundo, sou uma menininha perdida. É por que 

não estou interessada. 



Ele me observou por um momento, sua expressão indescritível. Finalmente ele levantou e 

veio ao redor da mesa. 

- Você não está interessada? Está bem. Mas se você não concordar em continuar com o 

treinamento, vou sair daqui e contar tudo para o conselho Hekate. 

Meus olhos se estreitaram e meus punhos se fecharam. 

- Você é um verdadeiro bastardo, sabia disso? 

Ele sorriu e pegou uma pilha de papéis da mesa para me entregar. 

- Já me chamaram de coisa pior. 

Fechei os olhos, me perguntando como as coisas haviam ficado tão complicadas. Se Adam for ao 

conselho Hekate agora, a guerra logo aconteceria, sem duvidas sobre isso. Se eu pudesse detêlo 

haveria uma chance de eu convencer as Dominae a mudar de idéia. Juntas as chances eram 

pequenas, mas eu tinha que tentar. 

Quando abri meus olhos, o sorriso de Adam havia se tornado uma careta. Ele parecia estar 

segurando a respiração. 

- Ótimo. O treinamento continua. Mas chega de lições de vida, certo? 

Ele assentiu. 

- Fechado. 

Eu sabia que consentir seria um sinal de fraqueza. Entretanto, se as coisas seguissem como o 

planejado, eu mataria Clovis essa noite, e já terei partido antes que Adam tivesse tempo para 

agendar outra lição. 

Pensando no diabo o fez aparecer na porta da sala de conferências, como se eu o tivesse 

invocado. 


Virei-me rapidamente. 

- Sim? 

Clovis olhou de Adam para mim, sua atenção em nossa proximidade. 

- Eu interrompi algo? 

Eu dei um passo para trás. 



- Não, estávamos apenas discutindo o plano. – Olhei para Adam, o incentivando a 

confirmar minha declaração. Ao invés disso ele mal olhou para Clovis com um pequeno sorriso 

brincando em seus lábios. Me perguntei por que ele queria que Clovis pensasse que algo mais 

estava acontecendo. 

- Sabina, posso falar com você em particular? – Clovis falou. A frase foi colocada como uma 

pergunta, mas seu tom implicava outra coisa. 

Distraidamente assenti e juntei minhas coisas. Caminhei para a porta onde Clovis esperava. 

Quando olhei para cima, ele estava encarando Adam. Eu rapidamente olhei para trás 

confirmando que Adam o estava encarando de volta. Malditos machos, acho que eles não 

poderiam ser mais óbvios sobre a disputa de território deles mesmo se ambos urinassem em 

mim. 

- Você está pronto? – Perguntei para Clovis. Ele relutantemente afastou o olhar de Adam e sorriu 

para mim. 

- Sempre minha querida. – Ele colocou a mão no meu quadril para me guiar pela porta. Antes 

dele fechar a porta, tive uma rápida visão de Adam nos olhando com raiva. 

- Frank me falou que os planos estão indo muito bem. – Clovis falou, me lavando pelo corredor. 

Suas palavras interromperam minha confusão sobre o repentino comportamento possessivo de 

Adam. 

Eu assenti. 

- Sim, estou um pouco preocupada pela falta de pessoal, mas acho que tudo vai funcionar bem. 

- A surpresa vai estar ao nosso lado – ele falou. – Além do mais, o mago deve ser capaz de servir 

de cobertura para o time se alguma intervenção mágica for necessária. 

Eu não gostei da maneira com que ele falou “o mago”. Ele cuspiu a palavra para fora, como se 

fosse algo com gosto ruim na boca dele. Eu não comentei por que estava finalmente prestando 

atenção na direção em que ele estava nos levando. 

- O seu escritório não é na outra direção? 

Ele moveu a mão das minhas costas, para passar o braço ao redor dos meus ombros. Naquele 

momento fiquei feliz por ter colocado minha arma em minha bota ao invés de seu lugar usual na 

parte de baixo das minhas costas. 

- Pensei que poderíamos nos reunir em meu quarto. 

Ele não esperou por uma resposta, apenas me guiou confiante em direção ao quarto. Eu não 

protestei por que a privacidade do quarto se enquadrava muito bem em meus planos. Quando 

chegamos nas portas, notei que não havia guardas em serviço. Então Clovis queria uma 

privacidade extra para nossa “reunião”? Isso estava ótimo para mim. Seria mais fácil de escapar 

quando o que eu tinha que fazer estivesse acabado. 



Ele me guiou para o quarto, e fechou a porta atrás de nós. Mais uma vez, meus sentidos foram 

assaltados pelo poderoso cheiro de sexo. Achei estranho nunca notar o cheiro em Clovis fora 

desse quarto. 

- Posso te oferecer uma bebida? 

Eu balancei minha cabeça, não confiando nele ou em seu libido. 

- Estou bem, obrigada. 

Ele deu de ombros e seguiu para o bar, servindo para si mesmo uma dose de algo com cor 

âmbar. Ele mexeu a bebida por um momento, me observando do outro lado do quarto. Fiquei 

parada sob seu olhar, apesar de minha repentina vontade de me esquivar. 

Eu me encolhi, com a breve onda de pânico que as palavras dele criaram. 

- Como? – Deliberadamente, segui na direção dele. 

- Você sabe muito bem o que – ele falou. Ele tomou um gole do copo e o bateu contra o bar. – Eu 

deixei claro que quero você em minha cama. 

Alivio fluiu sobre mim por um momento. Eu estava preocupada que ele soubesse algo sobre meu 

trabalho para as Dominae ou meu plano para matá-lo. 

- E eu falei para você que precisava de mais tempo. 

Ele veio para frente, suas mãos agarrando meus ombros com força. 

- Eu não gosto de jogos. 

- Que bom, por não estou jogando – eu falei. Eu queria empurrar as mãos dele para longe, mas 

decidi que isso apenas o deixaria mais zangado. – É que eu tenho muita coisa em mente. 

Quando eu vier para a sua cama, quero estar com minha mente limpa. 

- Você falou, quando vier para minha cama, não se – ele falou se aproximando. Me senti zonza, o 

que parecia ser normal sempre que ele estava por perto. 

- Eu nunca disse que não estava interessada. – Brinquei com a gravata dele, e levantei o canto 

da minha boca em um sorriso tentando flertar. 

Ele se curvou e deu um beijo em meu pescoço, bem sobre minha jugular. 

- Se não quer me deixar ter o teu corpo... Então, talvez você permita que eu prove o teu sangue 

novamente. – Ele passou a língua sobre o local, causando uma corrente de eletricidade 

concentrada que correu do meu pescoço para minha virilha. 



Meu cérebro ficou nublado enquanto o desejo se acumulava na parte mais ao sul do meu 

corpo. Eu sabia que era errado permitir que ele se alimentasse de mim. Se eu fizesse a minha 

parte ele estaria morto nos próximos cinco minutos. Mas ele possuía algum tipo de efeito sobre 

meu corpo que eu não podia negar. Parte de mim considerava permitir que ele tivesse um último 

gosto antes de condená-lo a danação em Irkalla. 

Ele raspou suas presas sobre minha artéria. O resultado do prazer-dor mandou um arrepio por 

meus braços. A parte lógica do meu cérebro gritava para me lembrar o quão suja eu havia me 

sentido da última vez. Mas eu não ligava. Por dentro, eu sentia uma urgência esmagadora de 

fazer algo errado, algo que eu viria a me arrepender, algo para libertar todas as pressões que 

vinham se acumulando em minha vida ultimamente. 

Minha mente se retorcia sem piedade sobre si mesma, trazendo a tona imagens inquietantes. A 

arma em minha bota. Magos presos a macas no vinhedo. O rosto de desapontamento de minha 

avó. O corpo de David próximo de uma cova. 

A respiração de Clovis acariciava minha pele, quente e úmida. Ela se misturava com minha 

própria respiração rápida. 

- Você quer isso – ele sussurrou. – Você quer me dar o seu sangue. 

Minha cabeça parecia tanto sobrecarregada quanto deliciosamente leve. Minha respiração vinha 

em rápidos suspiros enquanto meu coração falhava uma batida e então disparava. O cheiro 

almiscarado do feromonio de Clovis assaltou meu nariz enquanto um gosto cobre tomou conta da 

minha boca. O ataque de estímulos físico e mental aumentou até que me senti oprimida. As 

presas de Clovis pressionaram contra minha pele, pressionando minhas veias. Os caninos 

afiados estavam a ponto de romper minha pele quando meu coração passou de bombear para 

galopar. Senti a pele ceder e suas presas começaram a afundar no tecido macio. Eu não 

conseguia respirar. Antes de perceber o que estava acontecendo, o empurrei para longe, o 

atacando com as unhas e o chutando até que ele se afastou. Caindo no chão, me curvei como 

uma bola. 

Meu coração martelava contra meu peito como um pistão. Eu estava hiper ventilando contra a 

dor, certa de que iria morrer quando a bomba em meu peito explodisse. 

- Sabina? – Em algum lugar em minha mente, eu estava ciente da mão de Clovis pousando 

gentilmente em meu ombro. Eu ignorei isso, para continuar apavorada. Em minha cabeça, eu 

gritava para mim mesma me acalmar. Eu nunca havia me sentindo tão fora do controle sobre meu 

próprio corpo. 

- Respire – Clovis mandou. 

Forcei a mim mesma a tomar longas e vagarosas golfadas de ar. Meus batimentos aumentaram 

por alguns segundos antes de falhar uma batida. O novo ritmo parecia mais vagaroso, mas ainda 

assim muito rápido. Respirei fundo outra vez e meu coração diminuiu outra vez. 

Em algum lugar por perto vidros se chocavam. Clovis colocou um copo frio em minha mão 

tremida. 



- Beba. 

Minha pele parecia muito apertada e minha mandíbula doía por ter ficado cerrada enquanto eu 

olhava para o rosto de preocupação dele. 

- Beba isso – ele repetiu. Através de uma neblina, olhei para o copo. Reconhecendo o liquido 

vermelho, o levei até meus lábios. O primeiro gole explodiu em minha língua, fazendo minha boca 

salivar e minhas presas latejarem. O restante desceu em outro gole. O sangue se espalhou por 

minha garganta e por meus membros como um balsamo. Fechei os olhos e lambi meus lábios, 

tentando pegar todas as gotas. Eu sabia que Clovis estava me observando, mas eu ainda estava 

muito em pânico para me preocupar em parecer fraca na frente dele. 

Quando abri meus olhos novamente, minha respiração havia voltado ao normal e meu coração 

havia diminuído de ritmo. Minha cabeça parecia cheia de Hélio e minhas mãos estavam 

tremendo, mas eu me sentia mais controlada. Clovis permaneceu parado em minha frente, seus 

olhos pareciam complacentes, mas calculistas. 

- Melhor? 

Eu assenti, passando as costas da minha mão sobre meus lábios. 

- Sim. 

Ele sentou em uma cadeira que eu havia perdido quando caí. Ele não falou nada, apenas me 

observou. Consciente do olhar dele, eu limpei minha garganta e coloquei o copo no chão. Minhas 

mãos estavam suadas, mesmo que eu estivesse sentindo frio. 

- Você quer me falar o que isso significa? – Ele finalmente falou. 

- Não me alimento a algum tempo – eu menti. Eu não sabia o que diabos havia acontecido. 

- Sabina, os efeitos da fome raramente são severos dessa maneira a menos que você esteja 

perto de inanição. 


- Eu não sei o que aconteceu. Stress talvez. 

Ele assentiu e acariciou meu joelho, um ato estranhamente paternal para um homem que havia 

acabado de tentar me seduzir. 

- Talvez você deva colocar os teus pés para cima – ele se inclinou para pegar meus pés o colocálos 

sobre o colo dele. Lembrando da arma na bota puxei meus pés. Os olhos dele focaram nos 

meus, surpresos e inconstantes. 

- Eu só preciso ir para casa. – Tentei levantar. Meus joelhos cederam me fazendo segurar nos 

ombros dele por suporte. 



- Você tem certeza que está bem? – Preocupação verdadeira pesava na voz dele. 

- Eu só preciso descansar um pouco – eu falei. – Vou estar bem amanhã. 

Ele se levantou lentamente, me observando enquanto eu tentava manter o equilíbrio. 

- Você poderia deitar aqui. 

Meus olhos focaram a cama feita para ele. 

- Obrigado, mas vou ficar mais confortável em minha própria cama. 

Ele pareceu tão desapontado que quase ri. Quase. O fato de eu ter arruinado outro assassinato 

sugava todo o humor da situação. Por alguns instantes considerei em puxar minha arma bem ali e 

cuidar disso de uma vez por todas. Entretanto, eu sabia que não iria longe, fraca como estava. 

Clovis era muito forte para lidar sem todas as minhas forças em ordem. 

Passei uma mão tremida por meu cabelo que estava úmido de suor. 

- Eu sinto muito sobre, bem, você sabe. 

Ele deu de ombros, uma expressão confusa marcou a beleza escura do rosto dele. 

- Não houve nenhum dano. Vou te acompanhar para fora. 

Eu balancei a cabeça, fazendo o cabelo cair no meu rosto. 

- Está tudo bem. 

Antes que ele pudesse discutir caminhei o mais rápido que pude para a porta. Eu precisava fugir 

de Clovis e seus feromonios narcóticos, para clarear minha mente. 

Quando alcancei a porta da frente, me sentia um pouco melhor. A combinação de sangue e ar 

fresco serviram para restaurar minhas forças. Frank passou pela porta da frente, quase como se 

estivesse esperando por alguém. 

- Ele te deixou exausta huh? – Ele chegou a sorrir para mim. 

Parei e olhei para ele. 

- Como é? 

Ele veio para frente. 

- Clovis sempre teve esse efeito com as damas. – Ele piscou para mim. Piscou! 



- Tanto faz – eu falei, seguindo para a maçaneta. A mão de Frank pousou na minha. Eu 

olhei para ele. – Sai fora. 

- Ah vamos – ele falou brincando com alguns cachos do meu cabelo. – Clovis não te falou? Ele 

não se importa em compartilhar. 

Mostrei minhas presas para ele. 

- Sai fora. 

Ele não entendeu o aviso. Ao invés disso ele se moveu para frente, e me segurou pelo braço. 

- Você vai descobrir que ser gentil comigo vai te ajudar com o chefe. O que você me diz Sabina? 

Agarrei o braço livre dele e o torci atrás das costas. 

- Eu digo que se você voltar a me tocar novamente, você vai perder um braço. 

Com a maioria dos machos essa ameaça teria sido o suficiente. Mas Frank obviamente havia 

treinado para manter sua petulância. Com os pés ele me empurrou para trás, me atirando contra 

a parede com tanta força que soltei o pulso dele. Ele agarrou meu braço e me girou para me 

estrangular. 

- Se você queria brincar, era só falar – ele sussurrou no meu ouvido. 

Uma reconfortante onda de adrenalina me impeliu quando agarrei o braço dele e me livrei de seu 

abraço para ter vantagem. Com minha mão livre, eu alcancei as costas dele a agarrei a parte de 

trás de sua camisa. Ajustando meu peso, consegui atira-lo por cima de meu ombro com 

facilidade. O corpo dele atingiu o chão como um saco de batatas ensopado em perfume. Ele ficou 

parado por um momento, atordoado pelo impacto. Coloquei o salto da minha bota contra o 

pescoço dele. 

- Você precisa aprender boas maneiras – eu falei. – E enquanto você estiver fazendo isso, tente 

usar um refrescante bucal. 

O brilho de confiança e divertimento desapareceu dos olhos dele, deixando somente a malícia. Eu 

já havia visto aquela expressão antes, em homens que matei. O ferimento em seu orgulho doía 

mais do que qualquer ferimento que eu pudesse infligir. 

- Você vai se arrepender por isso – ele falou, mostrando suas presas. 

- Talvez, mas eu iria me arrepender muito mais de transar com você. 

Uma torcida final de meu salto no pescoço dele o fez gemer. Virei-me e sai do templo. Quando a 

porta bateu atrás e mim, eu sabia que havia feito um novo inimigo. Mas maldição, eu estava me 

sentindo melhor. 



Capítulo Vinte e Três 

Na manhã seguinte, acordei me sentindo melhor. Eu havia dormido o sono dos mortos, e 

abençoadamente imperturbado por sonhos. Eu podia escutar a TV no outro aposento e o som do 

Giguhl e de Vinca conversando. 

Permaneci na cama por algum tempo, tentando compelir meu corpo a levantar. Adam iria chegar 

logo para outra aula, e eu ainda não tivera a chance de olhar o livro que ele havia me dado. Não 

que eu quisesse, mas eu certamente não queria outro discurso dele. 

Meu pequeno episódio com Clovis havia me confundido. Instintivamente eu sabia que analisar 

aquilo demais não ajudaria em nada. Entretanto se eu não conseguisse lidar com o stress, eu 

poderia causar mais complicações. Afinal o pequeno ataque de ansiedade havia arruinado 

minhas chances de matar Clovis, e isso certamente não serviu para me acalmar. 

No treinamento para assassinos a primeira lição é sempre se manter calmo. Metaforicamente, 

perder a cabeça normalmente resulta em literalmente perder a cabeça. Me preocupava em ficar 

tão afetada por tudo que estava acontecendo, a ponto de que não conseguisse fazer meu 

trabalho. Eu precisava achar uma maneira de aliviar um pouco do meu stress antes que isso me 

levasse a morte. A única questão era. Como? Não era como se eu fosse exatamente o tipo que 

faz yoga. 

Não, a melhor maneira que eu tinha de lutar contra o stress era administrar uma boa surra. Mas 

mesmo minha briga com Frank ajudara pouco, e não havia oferecido o tipo de alivio que eu 

precisava. 

Então, é claro havia a possibilidade de eu ter atingindo algum tipo de bloqueio. Ouvi falar de 

outros assassinos terem perdido seus nervos e terem que abandonar o trabalho. Olhando para 

isso objetivamente, eu tinha que admitir que arruinar duas tentativas de assassinatos na maioria 

das vezes, poderia ser qualificado como se eu estivesse perdendo meu toque. Mas eu não estava 

pronta para largar minhas armas, ainda não. Além do mais, se eu não for uma assassina, o que 

diabos eu sou? 

Com um suspiro, peguei meu telefone da mesinha de cabeceira. Cinco ligações perdidas. Lavínia 

deveria estar furiosa agora. Eu precisava imaginar meu próximo passo, mas primeiro eu 

precisava de um banho. 

Quando sai do banheiro cheio de vapor, encontrei Adam deitado em minha cama. 

- O que diabos? – Eu gritei, puxando a toalha com mais firmeza ao redor dos meus seios. 

- Bom dia, raio de sol – ele falou. 

- Saia! – Eu apontei minha mão livre para a porta. 

- Quem foi que acordou do lado errado da cama? 



Marchei em direção da cômoda e peguei algumas roupas, o ignorando. Caminhei direto de 

volta para o banheiro e fechei a porta. 

- Você não é divertida. – A voz abafada de Adam veio através da porta. Mostrei minha língua para 

a madeira. 

Alguns momentos depois, saí novamente, dessa vez vestida com jeans e uma camiseta preta de 

mangas compridas. Adam estava no mesmo lugar onde eu o deixara, parecendo divertido. 

- Eu não sabia que você era modesta. 

Passei o pente através do meu cabelo. 

- Sim, bem, há muitas coisas que você não sabe sobre mim. 

- Estou começando a ter essa impressão. Por exemplo, eu não tinha idéia que você e Clovis eram 

íntimos. 

Virei tão rapidamente que meu cabelo molhado chicoteou minha bochecha. 

- O que? 

- Você e Clovis. 

- Nós não somos íntimos. – Desembaracei outra mecha para encobrir meu constrangimento. Eu 

realmente não queria discutir minha vida amorosa com Adam. 

- Se vocês ainda não são, logo serão. Eu vi a maneira como ele olhava para você a noite 

passada. 

- Olha, o que quer que você acha que viu, estava errado. Nada está acontecendo entre Clovis e 

eu. – Exceto que ele se alimentou de mim e eu tenho que matá-lo, eu emendei silenciosamente. 

- Tudo bem, ótimo, você não quer admitir isso. Está tudo bem. Só estou dizendo que mesmo se 

você não estiver interessada, ele está. 

- Esqueça isso. 

Ele deu de ombros e se recostou novamente nos travesseiros. 

- Você está nervosa esta noite. 

- Você quer saber? Você está certo. – Eu falei, abandonando meu cabelo. – Acho que talvez nós 

devêssemos remarcar a aula. 

Adam sentou. 

- Ei, eu estava só brincando. 



Eu suspirei. 

- Eu sei. Olha, não é você. Só estou um pouco estressada agora. Não acho que estou afim disso. 

Adam abriu a boca para responder quando Giguhl entrou. 

- O que há, galera? 

Olhei para meu gato sem pelos por um momento. 

- O que há galera? Você esteve assistindo MTV novamente, não é? 

- Word – Giguhl pulou na cama. – Então o que há? 

- Sabina acabou de me falar que ela não quer trabalhar na magia dela. 

Os olhos do Giguhl se voltaram para mim no exato momento que comecei a fazer sinais de cortar 

a garganta para o Adam. Pega, eu parei e sorri fracamente. 

- Sabina, você prometeu que levaria isso a sério. – Sua cara enrugada e sem pelos estampava 

desapontamento. 

- Podemos falar sobre isso mais tarde? 

- Não, não podemos. Você prometeu conseguir a ajuda de Adam para me mandar de volta. 

Adam levantou as mãos. 

- Eu já falei para ela que vou ajudar. Mas minha questão é: como você acabou como um gato? 

Giguhl balançou a cabeça tristemente. 

- A falsa mágica aqui errou um feitiço. 

Eu dei um passo para frente. 

- Ei, eu tentei, não é? Não é culpa minha que o livro de feitiços estava errado. 

Giguhl me enviou um olhar divertido. 

- Qualquer coisa que te ajude a dormir a noite, Red. 

- Espere um segundo – Adam lentamente arrastou seu olhar de Giguhl e o focou em mim. – Você 

fez isso? O que estava pensando fazendo mágica sem nenhum treinamento? 

Minhas bochechas se ruborizaram sob o olhar de Adam. 



- Você considerou a possibilidade do Giguhl ser alguém da família? Muitos magos os tem. 

- Eu não sou realmente um mago, e ele não é meu parente – eu falei rapidamente. – Ele é uma 

espécie de ajudante ou coisa do tipo. 

O Giguhl bufou. 

- Ajudante o meu traseiro. Eu sou claramente o cérebro dessa operação. 

Enviei um olhar para ele dizendo que não estava ajudando. 

- Não olhe para mim desse jeito – ele falou. – Ainda estou furioso sobre ter que usar aqueles 

suéteres. 

Os olhos de Adam se arregalaram. 

- Suéteres? 

Eu acenei para ele. 

- Longa história. 

Adam massageou as têmporas, como se fazendo isso pudesse colocar algum sentido na 

situação. 

- Agora estou muito confuso. 

- Se junte ao clube. 

Adam abriu sua boca para responder, mas Giguhl o interrompeu. 

- Vamos voltar para aquilo que você falou sobre me mandar de volta – ele falou para Adam. – Foi 

você que me invocou, então você deve ser capaz de me mandar de volta para Irkalla, certo? 

Adam deixou escapar um suspiro de desgosto e se virou para Giguhl. 

- De qual nível você é? 

Giguhl sentou reto. 

- Eu sou do quinto nível 72 , demônios da destruição. 

- De que área de Irkalla você veio? 

- Gizal, da região sul, próximo ao poço do desespero. 

72 Segundo a mitologia Suméria, Irkalla possui sete portais, quem os atravessa dever deixar roupas ou artigos pessoas em cada 

portal, não necessariamente por vontade própria, já que há guardas em cada portal para retirar os objetos de cada passante e 

não deixá-los seguir na direção errada. 



- Espere – eu falei. – Você realmente pode mandá-lo de volta? 

Adam assentiu, não parecendo feliz. 

- Sim. Mas eu não recomendaria isso. Ele ainda está aqui por alguma razão. 

Giguhl e eu ignoramos Adam e trocamos olhares. 

- Você quer voltar agora? – Eu perguntei. 

Ele deu de ombro. 

- Eu acho. Quero dizer, se estiver tudo bem para você. 

Ele parecia tão esperançoso que meu estômago se comprimiu. Eu não queria que meu amigo 

partisse. Mas eu sabia que não era justo negar a ele essa oportunidade. 

- Ele será capaz de voltar? – Eu perguntei para Adam. 

Adam assentiu. 

- Sim, mas você definitivamente vai precisar de mais treinamento. 

Olhei de volta para Giguhl, que estava praticamente se retorcendo de felicidade na cama. Sorri 

por seu entusiasmo mesmo sentindo meu coração doer em meu peito. Eu havia me acostumado 

em tê-lo por perto. Mesmo que Adam tenha me dito que posso aprender como invocar Giguhl 

novamente, não seria justo fazer isso logo. Respirando fundo, eu falei. 

- Se é isso o que você realmente quer, então está tudo bem para mim. 

Giguhl pulou para fora da cama e se esfregou em minhas pernas. Não pude conter meu sorriso 

de satisfação. Enquanto ele ronronava. 

- Obrigado, obrigado, obrigado. – Eu senti um aperto em meu peito. 

Ele se afastou e virou para Adam. 

- Bem, mago, o que você está esperando? Me mande para casa. 

Adam olhou para mim a procura de confirmação e eu assenti, apesar do aperto em meu 

estômago. Ele pegou sua mochila no chão. Dela ele retirou um grande vazo contendo cristais 

brancos. 

- Sabina, preste atenção por que a sua lição de verdade começa agora – Adam falou. – Giguhl 

fique parado aqui – ele apontou para um espaço aberto no chão perto da porta. Quando Giguhl 

parou no lugar, Adam o circulou, colocando os cristais brancos ao redor dele. 



- Isso é sal. Ajuda a focar a energia para o feitiço. Sangue é melhor, mas o sal vai servir. – 

Agora ele estava sério. Depois, ele pegou um livro da mochila. – Desde que o demônio é de um 

nível mais baixo, você terá que adequar o feitiço para mandá-lo para o lugar certo. Com demônios 

mais poderosos, isso não é importante por que a energia deles é sugada para Irkalla como um 

imã. 

Enquanto ele procurava no livro, Giguhl me observava. 

- Sabina antes de eu ir, preciso te falar uma coisa. – Desviei meu olhar de Adam para olhar para o 

meu amigo. – Não importa o que aconteça, lembre-se de confiar em si mesma. Lealdade tem o 

seu lugar, mas a sua primeira responsabilidade é com você mesma. 

- Não vá dando uma de Oprah comigo agora demônio – eu falei. A resposta se perdeu sob o 

tremor de minha voz. 

- Estou falando sério – ele falou. Adam fez uma cena para parecer concentrado em seu livro. – 

Confie em seus instintos. 

O sarcasmo se esvaiu de mim, como um pedaço de armadura se derretendo. 

- Eu vou sentir a sua falta – eu falei, finalmente colocando em palavras os sentimentos que 

queimavam dentro de mim. 

- Também vou sentir a sua falta garota. Apenas escute esse mago aqui, ele vai te ensinar como 

me trazer de volta se você precisar. 

- Se vocês dois terminaram com as despedidas de cortar o coração, eu estou pronto para fazer 

isso – Adam falou. 

Adam começou a entoar um cântico em uma língua antiga, talvez Hekatiano. Em segundos o 

corpo de Giguhl começou a ficar transparente, com uma brilhante áurea verde. 

- Adeus – ele falou logo antes de desaparecer completamente. 

A coisa toda estava terminada em apenas alguns segundos, mas parecia que toda uma vida 

havia passado. Adam olhou para mim e fechou o livro. 

- Você está bem? 

Eu assenti e massageie meus olhos, que misteriosamente haviam começado a doer. 

- Você sabe, eu vinha tentado me livrar dele, mas agora que ele se foi, eu queria que ele não 

tivesse ido. 

Adam colocou uma mão em meu ombro, uma intimidade que eu não rejeitei. 

- Quanto mais cedo você se comprometer com seu treinamento, mais cedo você vai saber como 

trazer ele de volta. 



Vinca colocou sua cabeça pela abertura da porta. 

- O que está acontecendo aqui? O que o Adam está entoando? Por que tem sal por todo o chão? 

E onde esta Giguhl? – Sua sucessão de perguntas rápidas fez minha cabeça girar. Adam se 

intrometeu, sem duvida entendendo que eu precisava de algum tempo. Enquanto ele explicava o 

que estava acontecendo, eu caminhei até o circulo. A coleira que Giguhl estava usando jazia no 

centro. Eu a juntei e observei a luz dançando nos espinhos de metal. Eu não sabia por que estava 

me sentindo tão triste. Na maior parte do tempo, o demônio intrometido me irritava muito. 

- Sabina? Você está bem? – Vinca perguntou. Eu olhei para cima. Vinca e Adam estavam 

olhando para mim com expressão de pena. Eu peguei o colar, o passando ao redor de meu pulso 

como um bracelete. 

- Estou bem. – Levantei e endireitei os travesseiros na cama. Precisando da distração, eu falei. – 

Adam, vamos conversar. 

Adam sorriu um sorriso verdadeiro, não seu habitual sorriso de escárnio. Sem uma palavra ele 

seguiu para pegar sua mochila onde ele a havia deixado no chão. 

- Então eu acho que vou deixar vocês com isso – Vinca falou. Eu concordei, mas não estava 

realmente prestando atenção. Agora que eu tinha uma razão para aprender mágica, eu estava 

determinada a não estragar isso novamente. 

Adam retirou um pequeno livro da mochila e o entregou para mim. A capa vermelho desbotado 

não tinha título e quando o abri, as páginas estavam em branco. 

- O que é isso? 

- O seu diário. Esse é o seu primeiro grimório 73 . Quero que você faça anotações de todos os 

feitiços que eu te ensinar. Eventualmente você irá querer comprar um livro maior para que você 

possa preencher com os seus próprios encantamentos, e receitas de poções. 

- Você tem um desses também? – Eu perguntei. Ele assentiu. – Posso ver? 

- O meu está em Nova York fechado em um cofre. A maioria de nós é muito protetor com os 

grimórios pessoais – ele apontou para o livro. – Como você está apenas começando, tenha 

cuidado, e o mantenha com você o tempo todo. Assim você poderá anotar perguntas que queira 

fazer para mim, ou idéias que tiver. 

Eu estava estranhamente tocada pelo gesto de Adam. Eu sabia que era somente um diário 

estúpido, mas parecia mais importante que isso. 

- Obrigado – eu falei. 

73 Um grimório é um livro de conhecimentos mágicos escrito entre o final da Idade Média e o século XVIII. Tais livros contêm 

correspondências astrológicas, listas de anjos e demônios, orientações sobre como efetuar feitiços ou misturar remédios, 

conjurar entidades sobrenaturais e da feitura de talismãs. 



Ele inclinou a cabeça e seus lábios se curvaram em um sorriso. 

- Sem problemas. – Nossos olhares se mantiveram durante algum tempo. Eu quebrei o contato e 

limpei minha garganta. Adam continuou parado e mexeu seus pés. – De qualquer maneira, hoje à 

noite nós vamos aprender sobre criar e quebrar círculos. 

Eu peguei uma caneta na mesinha de cabeceira e abri o livro. Antes que ele pudesse começar 

meu telefone tocou. Meu coração disparou, sabendo quem estava ligando. Eu parei, tentando 

decidir o que fazer. Se eu atendesse a ligação, eu sem duvida receberia ordens de me apresentar 

imediatamente. Óbvio que essa opção era pouco convidativa. 

Adam fechou a cara quando eu deixei o telefone tocar. 

- Quem é? – Ele perguntou. 

Eu apertei o botão end. 

- Ninguém. 



Capítulo Vinte e Quatro 

O lacaio me encontrou na noite seguinte. Eu estava me dirigindo para meu local de alimentação 

favorito, quando o carro preto parou ao meu lado. Um vampiro macho de ombros largos e uma 

atitude impetuosa saiu do carro. Ele usava um terno preto com o emblema da Dominae, uma flor 

de lis dourada, bordada no bolso. Eu não discuti quando ele me falou que minha presença havia 

sido “requisitada”. Era hora de enfrentar minha avó. 

Ela esperou por mim na casa onde havíamos nos encontrado no outro dia. Enquanto eu entrava 

lentamente na sala, os olhos dela me acompanhavam. Consciente disso endireitei minhas costas 

e tentei projetar auto confiança que eu não sentia. Sua raiva era mais pungente que o cheiro de 

cinzas que vinha da lareira atrás dela. Ajoelhei-me e esperei ser vista. 

- Como você ousa ignorar minhas ordens. – Não era exatamente a recepção calorosa que eu 

esperava. 

Eu lentamente me levantei e tentei parecer envergonhada. 

- Avó, sinto muito não ter retornado as suas ligações. Mas houve complicações. 

Ela abanou uma mão no ar. 

- Eu não quero escutar desculpas, garota. Clovis está vivo. Você falhou. Fim da história. 

Eu balancei minha cabeça tentando imaginar uma maneira de explicar minhas miseráveis falhas. 

- Na verdade, acho que achei uma maneira melhor de matá-lo. 

Ela levantou uma sobrancelha, mas ainda parecia sética. 

- É melhor isso ser bom. As outras Dominae estão prontas para colocar um preço pela sua 

cabeça. 

Meu coração falhou uma batida, mas eu prossegui. 

- E se nós esperássemos até o ataque no vinhedo? Dessa maneira não somente mataremos o 

Clovis, mas também seus homens de confiança. Sua organização seria destruída sem ninguém 

para assumir o poder. 

Ela ficou em silêncio, seu rosto sem expressão. Meus instintos me compeliram a continuar, para 

justificar, mas o segurei. Silêncio inspirava confiança. 

- Por que eu deveria confiar em você agora que falhou repetidamente? 

Aquilo doeu, mas cerrei meus dentes e ignorei o ligeiro colapso em minha confiança. 



- Pense nisso. O ataque será caótico. Eu deverei ter muitas oportunidades de matar Clovis 

e seus guardas. – Eu engoli, odiando o que eu estava prestes a falar, mas sabendo que isso iria 

assegurá-la. – Se você ainda tem dúvidas sobre minhas habilidades, você pode até mesmo 

enviar um pequeno contingente de guardas para uma emboscada, assegurando que o que tem 

de ser feito, seja feito apropriadamente. 

Ela bateu com o indicador no queixo enquanto considerava meu plano. 

- Isso pode funcionar – ela falou finalmente. – Entretanto, quando tudo isso estiver acabado, não 

pense que não haverá repercussão sobre as suas falhas. 

Eu abaixei minha cabeça. 

- Sim Domina. Eu entendo. 

- Irei falar com Tanith e Persephone. Enquanto isso, você irá me inteirar de seus planos. Eu 

presumo que você não tenha falhado nisso também? 

Ressentimento queimou como ácido em minha barriga. Eu sabia que havia estragado tudo, mas 

ela precisava esfregar isso na minha cara? Eu os havia avisado desde o inicio que eu não era 

uma espiã. Meu trabalho normalmente se retinha em seguir alguém e colocar uma bala nele. 

Toda essa coisa de capa e espada não era o meu forte. 

- Bem? – A impaciência de minha avó era clara agora. Eu ignorei meu orgulho e assenti. 

- Eu conheço o plano. 

- Excelente. Você deve contá-lo para mim agora. 

Enquanto eu seguia contando os planos para ela, eu ficava me relembrando que deveria ser grata 

por essa segunda chance. Um pequena voz na parte de trás da minha cabeça se preocupava se 

Adam e os outros magos pudessem se ferir durante a emboscada. Eu coloquei um fim nisso. 

Minha única lealdade era com os de minha raça. Eu fora criada uma Lilim. Apesar de minhas 

recentes experiências aprendendo mais sobre minha linhagem mance, eu não queria viver uma 

vida dupla como vampira e mago. A Dominae não iria aceitar isso. Minha avó iria pirar se ela 

descobrisse que eu estava tendo lições de magia, e nem saber que eu estava fazendo amizades 

com magos e ninfas. 

Eu tentei me convencer de que ser amiga de Adam e de Vinca era apenas parte da minha 

missão. De que aquilo não significava nada. Mas a verdade era, junto com o Giguhl eles haviam 

se tornado meus amigos. Bem, talvez amigos fosse uma palavra muito forte. Eu não os odiava da 

maneira que odiava a maioria das criaturas. 

Mas eles irão me odiar quando descobrirem que estou jogando em ambos os lados disso. Eu 

apenas podia esperar já ter partido antes que eles descobrissem minha parte na emboscada. E 

se não, bem, não havia muito que eu pudesse fazer. Trabalho vinha antes de... não odiá-los. 



Dessa vez quando Adam apareceu para o treinamento eu já estava vestida, cafeinada, e 

pronta para ir. Vinca o havia deixado entrar, e quando ele me viu sentada casualmente no sofá 

suas sobrancelhas se elevaram até a linha do cabelo. 

- Você acordou cedo. 

- É por que alguém que eu conheço tem um péssimo hábito de aparecer meia hora mais cedo 

para as sessões de treinamento. 

- Muito justo – ele falou. Eu não conseguia colocar meus dedos no que era, mas ele parecia 

quase nervoso. Seu sorriso normalmente fácil, parecia forçado. – Presumo que você esteja pronta 

para começar? – Eu assenti e coloquei minha caneca sobre a mesa. 

- Pensei em fazermos um passeio no campo hoje à noite como nossa missão. – Eu notei a tensão 

nos ombros dele, quase como se ele esperasse que eu não quisesse ir. 

- Oh? Onde? – Mantive meu tom casual, mas alguma coisa não estava certa. 

- É uma surpresa. 

Curiosa eu dei de ombros. 

- Qualquer coisa que você falar, professor. 

Ele relaxou um pouco então se virou para Vinca. Enquanto eles conversavam, eu espantei 

minhas suspeitas anteriores. Talvez eu estivesse deixando minha reunião com Lavínia me afetar. 

Culpa e dúvidas me atormentavam em intervalos. Como antes, quando eu acordei Vinca já tinha 

uma caneca de café feita especialmente para mim. Por alguma razão eu sabia que ela seria a 

mais magoada com a minha traição. Mesmo sabendo que ela não estaria no vinhedo durante o 

ataque, ela estaria devastada quando descobrisse que eu era responsável pela morte de Clovis. 

Eu não queria pensar em como a perda de Clovis iria afetá-la. Ela o idolatrava e realmente 

acreditava no que ele ensinava, mesmo que ele não acreditasse. 

- Sabina? – Vinca falou, interrompendo meus pensamentos. 

- Hmm? 

Ela rolou os olhos. 

- Eu disse, você não acha que Adam está bonito hoje? 

Isso ia além da realidade. Ele havia deixado de lado seu estilo urbano, e optado por um jeans 

desbotado e um suéter preto. O preto destacava as mechas douradas do cabelo dele fazendo 

com que o verde de seus olhos ficasse ainda mais profundo, como musgo. Sem mencionar a 

maneira como o suéter se ajustava aos lugares certos, de seus bíceps impressionantes e seu 

peito firme. Sem dúvida sobre isso, o mago era hot. 

Eu me sacudi. 



- Acho que sim – eu falei e dei de ombros. 

- Oh pare – ele falou. – Você vai me fazer ruborizar. 

Vinca riu e deu um tapa sobre o bíceps dele. 

- Não dê atenção para ela – ela disse me enviando uma careta de provocação. – Você está 

incrível. 

Ele sorriu para ela. 

- Não tente me encantar ninfa. Eu sei tudo sobre como vocês garotas operam. 

Vinca bateu seus cílios para ele. 

- Moi? Eu não ouso pensar em seduzir você. Eu prefiro meus machos como pedras. Burros e 

duros. 

Adam riu alto e até mesmo eu ri um pouco. Vinca se afastou com os quadris ondulando. Eu 

balancei minha cabeça para Adam. 

- Ela é um problema, não é. 

Ele riu. 

- Eu tenho pena do pobre macho pelo qual ela realmente se interessar. Ele não terá a menor 

chance. 

Eu peguei minha bolsa. 

- Pronto para ir? 

Ele piscou ante a minha abrupta mudança de assunto, mas caminhou para a porta. Eu não gostei 

da pontada de ciúmes que senti quando Vinca estava flertando com Adam. Eu não tinha nenhum 

direito para sentir isso, mas o sentimento estava ali. Parecia não fazer diferença que o flerte entre 

eles era somente brincadeira. 

Adam abriu a porta para mim e indicou que eu deveria segui-lo. Eu joguei meu cabelo sobre o 

ombro e não olhei para ele quando passei. Entretanto eu não pude deixar de respirar fundo com o 

agradável cheiro de sabonete de ervas e sândalo. Alguém deveria engarrafar aquele cheiro. 

- Pensei em irmos no meu carro. – Adam falou enquanto me seguia pela calçada até a rua. O bip 

de um alarme de carro sendo desligado chamou minha atenção. Uma SUV preta estava parada 

do outro lado da rua. 

- Belas rodas – eu falei. 



- Isso me leva por ai – ele falou. Fiz uma careta para sua piada. O carro era enorme e 

reluzente. Quando ele abriu a porta para mim, notei couro e madeira no painel. 

Seu humor havia mudado novamente enquanto ele saía do estacionamento. Tentei quebrar o 

silêncio. 

- Então, você é de Nova York? 

Ele assentiu enquanto entrava na freeway seguindo na direção norte. 

- Manhattan. 

- É onde fica o conselho Hekate? 

- No norte da cidade. 

Em algum ponto me dei conta de que ele não estava com humor para conversar. Me reclinei no 

banco com um suspiro, assistindo a cidade passar rapidamente. 

Quando cruzamos a Golden Gate, comecei a ficar preocupada. 

- Onde estamos indo? 

Ele pulou, quase como se tivesse esquecido minha presença. Ele olhou para mim pelo canto dos 

olhos e se ajeitou no banco. 

- Muir Woods 74 . 

- O parque nacional? – eu perguntei. – Não está fechado a essa hora da noite? 

Ele olhou para mim. 

- Para mortais. 

Eu assenti pensativamente. 

- O que? Você vai me ensinar sobre plantas, ou algo assim? Nós deveríamos ter trazido a Vinca. 

- Não, nada sobre plantas. 

Eu bufei, me perguntando o porquê dele estar misterioso naquela noite. 

- Adam, apenas me diga de uma vez. 

- Nós vamos nos encontrar com uma fada, ela se chama Briallen Pimpernell. Soa familiar para 

você? 

74 Muir Woods é um parque nacional na costa do pacifico ao sudoeste de condado de Marin na Califórnia. Está á 19 Km de San 

Francisco e faz parte do Golden Gate National Recreation. 



Sua pergunta parecia um pouco casual demais. 

- Não – eu falei. – Deveria? 

Ele saiu da 101 onde o sinal direcionava para Muir Woods. 

- Sim – ele falou finalmente. – Deveria. 

- Por que estou tendo a impressão de que isso não vai ser somente um passeio no campo? 

Ele parou no sinal vermelho e se virou para mim. 

- Por que não é. Briallen estava presente quando você nasceu. 

Meu estoômago se revirou. 

- O que? – Eu sussurrei. 

- Eu menti quando falei que iríamos treinar hoje à noite. – Adam pressionou o acelerador. Eu mal 

senti o movimento por causa do choque de suas palavra. – Nós vamos nos encontrar com 

Briallen por que está na hora de você aprender a verdade. 

Eu estava quase com medo de perguntar, mas o fiz de qualquer maneira. 

- Que verdade? 

- Vou deixar a Briallen te responder isso. 



Capítulo Vinte e Cinco 

A fada nos cumprimentou de cima de uma ponte de pedra que atravessava um riacho 

borbulhante. Os variados sons da noite serviam de uma trilha sonora orgânica para nossa 

introdução. 

Apesar da preocupação depois da descrição enigmática de Adam no carro, me encontrei 

gostando de Briallen Pimpernell logo no inicio. Ela possuía um corpo em formato de pêra e tinha 

apenas um metro e meio de altura. As rugas ao redor de seus olhos e boca serviam de evidência 

de uma vida de risos. Ela pegou minha mão fria em suas mãos macias e aquecidas, e sorriu. 

- Nossa, como você cresceu, jovem. Na última vez que vi você seu pequeno rosto estava púrpura 

de raiva enquanto você chorava pelo seio de sua mãe. 

Senti-me enrubescer, envergonhada por alguma razão que não entendi. Talvez fosse pelo fato 

dessa mulher dar a impressão de saber tudo sobre mim. O conhecimento estava em seus olhos 

alertas, que se moviam como pequenos pássaros, captando cada nuance. 

- Temo não reconhecer você – eu falei. 

- Ah bem, deveremos remediar isso o mais rapidamente. Por favor, vamos sair dessa noite úmida. 

Meu chalé é perto daqui, se você pode agüentar caminhar mais um pouco? 

Adam assentiu por nós dois. 

- Obrigado. Nós agradecemos por você separar um tempo para falar conosco. 

Ela assentiu e atravessou a ponte. Adam olhou para mim, como se verificando para ter certeza de 

que eu não iria fugir na direção oposta. Engraçado. Se você me perguntasse quando ainda 

estava no carro, eu teria achado a mesma coisa. Mas agora, depois de ter conhecido a fada, me 

senti intrigada em saber o que ela teria para me contar sobre o meu nascimento. 

Sem uma palavra, marchei atrás dela, apesar dos meus pés doloridos. Não pela primeira vez 

desde nossa chegada na mata que havia começado uma hora antes, eu desejei que Adam 

tivesse me dito para trocar de sapatos antes de sairmos do apartamento. Enquanto ele usava, 

botas Doc Martens 75 , eu optara por botas de salto alto. Não era a melhor escolha de sapato para 

fazer caminha pelas trilhas ou troncos caídos. Mais de uma vez, meus saltos ficaram presos no 

solo úmido cheio de folhas decompostas. Consciente disso passei a caminhar na ponta dos pés. 

Eu deveria parecer ridícula, mas Adam não falou nenhuma palavra. Mais uma prova de que ele 

também estava tenso com a reunião com Briallen. 

Alguns minutos depois, luzes apareceram mais a frente. O fraco brilhar vinha através de uma 

pequena janela na parte da frente de chalé, aninhado em meio a árvores caídas e outro riacho. 

Uma alegre nuvem de fumaça se elevava da chaminé. 

Adam havia me alcançado e se mantinha em silêncio. 

75 http://images02.olx.pt/ui/2/41/08/36003308_1.jpg 



- Eu não sabia que era permitido morar em um parque nacional. – Eu falei sem fôlego. 

- Não se pode. O poder das fadas impede os mortais de detectar a presença delas. 

Fiz o O silencioso com minha boca. Novamente, eu me perguntava como poderia ter vivido tanto 

sem saber mais sobre outras raças. É claro, a resposta era minha avó. Ela havia me mantido 

presa no templo durante minha juventude, me ensinando sobre a história dos vampiros e nossos 

costumes. Aquela educação incluía uma saudável falta de confiança em qualquer coisa que não 

fosse vampiro. 

Briallen nos guiou para dentro do chalé aquecido. O cheiro de ervas e do fogo se misturava para 

criar uma aconchegante atmosfera. Essa impressão foi reforçada com as cadeiras com aparência 

confortáveis, e uma mesa de madeira envelhecida que estavam no pequeno espaço que Adam e 

eu tivemos que nos abaixar para passarmos sob o teto de palha. 

A fada caminhou ao redor, empurrando canecas com vinhos aromáticos em nossas mãos e nos 

incentivando a sentar. Eu sentei com cuidado na beirada de uma cadeira frágil com uma almofada 

coberta de chita. Adam seguiu meu exemplo em uma cadeira ao lado da minha. Briallen colocou 

um prato com queijo e pão antes de finalmente sentar em uma poltrona esfarrapada à nossa 

frente. 

- Perdoem minha agitação – ela falou. – Não é sempre que tenho um hóspede tão estimado em 

minha cabana. 

Adam dispensou o elogio. 

- Somos nós que estamos honrados. – Eu olhei para ele, me perguntando onde ele havia 

aprendido tanta diplomacia. 

Briallen riu diante do elogio. 

- Agora, você disse que gostaria de discutir as circunstâncias do nascimento da doce Sabina? 

Eu corei completamente encantada com a bondade inata da mulher. Ela brilhava com calor 

materno. Além de mim, Adam segurou sua caneca com ambas às mãos e se inclinou para frente, 

descansado seus cotovelos nos joelhos. 

- Eu esperava que você pudesse nos falar sobre os pais de Sabina. 

Briallen inclinou a cabeça para o lado como um pássaro curioso. 

- Ttemo nunca ter conhecido o seu pai – ela olhou para mim com simpatia no olhar. – Ele morreu 

antes de Phoebe vir para mim. 

- Por que ela veio até você? – Eu falei. Ignorando o olhar de Adam e me focando na fada. 

- Com certeza você conhece a história? – Ela olhou de mim para Adam, que balançou a cabeça. 



- Na verdade – eu cortei. – Eu sei um pouco. Mas não sobre meu nascimento. Na maioria sei 

somente as circunstâncias que levaram a isso. 

Briallen estalou a língua. 

- Bem, então, devemos começar a partir daí – ela respirou profundamente, como se estivesse 

relaxando para dentro de seu conto. – Naquela época, nascimentos aconteciam em casa. Minha 

raça – nós nos chamamos de Spae – nos especializamos nesses assuntos e muitas vezes 

éramos procurados por membros de todos as espécies para ajudar. Acho que você pode dizer 

que éramos algum tipo de parteiras. Eu de alguma forma acabei ganhando reputação nessa 

região, e meus serviços era muito procurado. – Ela corou, como se estivesse envergonhada por 

se vangloriar. Eu assenti avidamente a encorajando á continuar. 

- Naquele verão, fui contatada por emissários de ambos os lados, das Dominae e do conselho 

Hekate. Eles falaram que tinham uma questão delicada e precisavam de minha assistência. Eles 

contaram que uma união proibida entre um mago e uma vampira havia acontecido. A jovem 

vampira estava carregando uma criança e eles precisavam que eu acompanhasse o nascimento. 

Essa novidade me chocou, por que normalmente quem era pego quebrando essas leis era 

condenado a morte imediatamente. Entretanto, quando eles me ofereceram uma boa razão para 

assumir a tarefa, eu naturalmente presumi que os envolvidos provavelmente pertenciam a 

nobreza, o que explicaria o porquê terem sido deixados vivos. Eu prontamente concordei com os 

termos, apesar da estranheza. Veja normalmente eu fazia meus serviços na casa dos clientes, 

chegando quando a fêmea estava em trabalho de parto. Entretanto, nesse caso, eles queriam 

que eu abrigasse a garota aqui começando imediatamente. Ela estava somente com cerca de 

quatro meses de gravidez, então você pode imaginar minha surpresa por quererem que ela 

ficasse comigo pelos oito meses que restavam de sua gravidez de um ano. 

- Espere. Minha mãe morou aqui? – Eu olhei ao redor na sala, como se algum traço dela 

permanecesse ali. 

Briallen sorriu, parecendo não ter sido perturbada por minha interrupção. 

- Paciência criança. 

Eu assenti e sentei novamente em minha cadeira, tentando conter as perguntas que borbulhavam 

em minha língua. Adam colocou uma mão quente em meu braço. A visão de sua pele dourada 

descansando em meu antebraço pálido me tranqüilizou. 

- Onde eu estava? – Briallen falou. – Oh sim, mesmo sabendo que os termos eram fora do 

normal, eu concordei. É claro, o dinheiro fez diferença, mas mais do que isso, eu estava curiosa. 

Pelo que eu soubesse, eu seria testemunha do primeiro nascimento de um sangue misto em 

séculos. O pensamento de fazer parte da história tanto me entusiasmava como me amedrontava. 

- Por que você estava com medo? – Adam perguntou. 




- Além das implicações políticas, eu estava apavorada com a idéia da criança poder 

morrer. Ou se a mistura das duas espécies pudesse resultar em deformidades? Naqueles dias, 

antes das raças das trevas começarem a usar a medicina moderna, muitos de meus colegas 

haviam perdido suas vidas, pela crença de que as parteiras haviam de alguma forma enfeitiçado 

a criança. 

Eu me inclinei para frente, completamente absorvida na história. Ela tinha um talento especial 

para contar histórias, e me perguntei se seria um poder das fadas ou uma característica pessoal. 

- Phoebe chegou uma semana depois, acompanhada por Lavínia – ela falou acenando para mim. 

– Como também uma empregada que sua mãe usaria para se alimentar. A sua avó partiu 

rapidamente, como se ela mal pudesse olhar para a filha. Phoebe parecia de coração partido, 

mas se era pela rápida partida da sua avó ou as tristes circunstâncias que a havia trazido para 

minha porta, eu não sei dizer. 

- Como ela se parecia? – Adam perguntou, dando voz a pergunta em minha cabeça. 

Briallen sorriu melancolicamente. 

- Ela era uma princesa vampira em todos os sentidos. A cor do cabelo dela era de morangos 

recém colhidos, e caia em curvas suaves ao redor do rosto dela. Sua pele era pálida como leite, 

com algumas sardas pelo nariz. Ela tinha olhos castanhos, brilhantes e inteligentes. A única 

imperfeição que pude detectar naquele primeiro dia eram os círculos inchados sob os olhos dela, 

que indicavam que ela recentemente havia chorado. Mas naquele primeiro dia ela estava de 

cabeça erguida como se me desafiando a julgá-la. Eu não a julguei. Ela falou o menos possível 

nas primeiras semanas. Ela dormia durante o dia, no pequeno quarto atrás daquela porta – ela 

apontou para uma porta rudemente esculpida á direita do fogo. – À noite, ela fazia longas 

caminhas pela floresta, recusando todas as ofertas de companhia. Algumas vezes ela me 

permitia examiná-la. Eu tentava falar com ela sobre assuntos inocentes, como o tempo ou suas 

flores favoritas, mas ela se mantinha fechada. Até um dia. 

“A serviçal e eu estávamos conversando em frente ao fogo, sobre remédios a base de ervas, 

quando a porta se abriu e Phoebe entrou apressadamente. Ela falava tão rápido, que não 

conseguimos entende-la. Tentei acalmá-la preocupada que ela pudesse ficar doente. Foi quando 

ela me falou que havia sentindo o primeiro chute do bebê. Pela primeira vez desde que ela viera 

para cá, fui abençoada com um sorriso. Era como se aquela pequena vibração tivesse aberto 

algo dentro dela. Daquele momento em diante, ela queria falar mais sobre a gravidez. Ela sabia 

muito pouco sobre o processo e confidenciou uma grande preocupação sobre o que estava por 

vir. Nós conversarmos muito, sobre seus sintomas e preocupações. Ela até mesmo começou a 

me convidar para me juntar a ela nas caminhadas. Nós conversávamos sobre a vida que crescia 

dentro dela, dentro da proteção da floresta, que parecia relaxá-la de alguma maneira. 

“Uma noite, nós caminhávamos em silêncio sob as imponentes sequóias, tão altas que você mal 

conseguia ver a parte de baixo do primeiro galho no escuro. Naquela época eu chegara a gostar 

de nossos passeios noturno. Phoebe tinha um intelecto aguçado e podia falar sobre uma grande 

variedade de assuntos com autoridade. Literatura, história, a Grande Mãe, mas nunca sobre o 

assunto que eu mais queria que ela falasse. Até aquela noite sobre as sequóias. „Imagino que 

você tem se perguntado sobre o pai.‟ ela falou. Eu confessei ter certa curiosidade, mas falei que 

ela não precisava falar sobre o assunto que a traria tanta dor. 



“A sua mãe sentou sobre um tronco coberto de musgo, o cabelo dela brilhava com a luz da 

lua. Se eu não a conhecesse teria achado que ela era um espírito da floresta, de tão confortável 

que estava. Eu esperei pacientemente, sabendo que ela se abriria quando estivesse pronta. Ela 

começou lentamente, escolhendo as palavras com cuidado. „O nome dele era Tristan.‟ Ela falou. 

„Ele esta morto.‟ 

“Não pude evitar minha surpresa diante da confissão. Ela não pareceu me escutar, perdida como 

estava em suas próprias memórias. A tristeza a cobria como uma aura. Nas horas seguintes, ela 

contou como eles haviam lutado contra a atração proibida e como no final eles estavam 

incapazes contra a isso. Ela falou que sabia que era errado, mas mesmo assim ela o amava. 

Estava óbvio para mim que ela não estava falando de um amor adolescente, que era alimentado 

pela emoção passageira dos hormônios. Não, o amor de Phoebe com seu mago era verdadeiro, 

do tipo que sobrevive aos testes do tempo e até mesmo a morte. 

Senti o olhar de Adam em mim. Virando para olhar para ele, rapidamente fiquei consciente da 

umidade em minhas bochechas. 

- Você está bem? – Ele perguntou. 

- Oh querida. – A fada falou antes que eu pudesse responder. – Sinto muito se aborreci você, 

criança. 

Passei minhas mãos contra minhas bochechas. 

- Estou bem. Por favor, continue. 

- Você tem certeza? – Adam falou. Em algum ponto a mão dele havia se movido do meu braço 

para segurar minha mão de maneira tranqüilizadora. Eu assenti para Briallen continuar. 

- Você conhece a história sobre a morte dele? – Briallen perguntou gentilmente. 

- Sim, ele foi encontrado morto não muito depois que a minha mãe descobriu que estava grávida. 

O assassino nunca foi pego. 

Briallen se sentou rígida. 

- Quem te contou isso? 

- Minha avó. Por quê? 

- Minha criança, eu sinto muito, mas a sua mãe me contou uma história um pouco diferente. De 

acordo com a Phoebe, o seu pai desapareceu e foi considerado morto. Ninguém nunca encontrou 

o corpo dele. 

Eu bufei, me perguntando se a memória da velha mulher não era tão confiável como eu pensara. 

- Mas isso não pode estar certo. Por que eles considerariam ele morto se nunca encontraram o 

corpo? 



Adam limpou a garganta e se mexeu. Eu olhei para ele, mas ele não me olhou nos olhos. 

- Phoebe me falou que haviam encontrado sangue no quarto dele – Briallen falou. 

- Talvez minha avó estivesse tentando me poupar? – Eu presumi. 

A fada bufou não parecendo convencida, mas falou. 

- Talvez. Temo que esse seja um mistério que não poderemos desvendar esta noite. 

Independentemente de como seu pai desapareceu, era óbvio que Phoebe estava de coração 

partido. E quem poderia culpá-la? Todo seu calvário cheirava a uma tragédia grega. Entretanto, 

eu estava feliz por uma coisa. Era óbvio que Phoebe precisava falar sobre o que havia acontecido 

e sobre o que aconteceria. Ela não tinha mais ninguém com quem contar, então eu estava feliz 

em ser sua confidente. Durante meus relatórios mensais para as Dominaes e para o conselho 

Hekate, eu deixava essas revelações de fora, e relatava simplesmente sua saúde radiante e o 

aumento de sua barriga. 

Na verdade em um momento, percebi que sua barriga estava crescendo com uma velocidade fora 

do normal. Naqueles dias nós não tínhamos essas máquinas elegantes para ver dentro da 

barriga, mas eu sabia sem dúvidas qual era a razão. 

A mão de Adam apertou a minha. Olhei para ele irritada por me distrair, mas algo na expressão 

dele me impediu. Comecei a questionar sua preocupação anterior, mas Briallen perdida em sua 

história continuou. 

- Phoebe já estava com cerca de sete meses quando dei à ela as boas noticias. Gêmeos! 

Eu pulei sobre meus pés antes de saber o que estava fazendo. 

- O que? – Minhas veias parecias estar cheias de cafeína. 

Briallen se retraiu, confusão e choque apareciam em seu rosto. 

- Eu... você quer dizer, que não sabia? Como isso é possível? 

Me virei para o Adam. 

- O que você pensa que sou? Quem é essa mulher? 

Ele levantou uma mão tentando apaziguar. 

- Sabina. – Sua voz era suave, como uma que ele usaria para acalmar um animal selvagem. 

- Não me venha com „Sabina‟! O que você está aprontando? Quanto você pagou para ela contar 

essas mentiras? 

Briallen se levantou e se aproximou de mim lentamente com sua mão elevada em um gesto 

apelativo. 



- Eu sinto muito. Pensei que você soubesse. 

Adam se levantou lentamente, ignorando a velha mulher em favor de me observar atentamente. 

Eu não podia culpá-lo, eu certamente me sentia capaz de violência extrema naquele momento. 

- Ela está falando a verdade – ele falou simplesmente. 

Me arremessei contra Adam como uma bala, minha velocidade me dera vantagem. Consegui 

jogá-lo contra a parede antes dele reagir. Eu não estava pensando. A necessidade de infligir dor 

superava a lógica. 

- Pare Sabina! – O pedido de Briallen se perdeu em meios aos grunhidos enquanto Adam e eu 

lutávamos. Uma mesa caiu, derrubando uma cesta com ervas que se quebrou no chão. Eu 

soquei, chutei e bufei toda minha raiva contra o mago. Logo, eu percebi que ele não estava 

reagindo, apenas se defendendo dos golpes. 

- Lute comigo, maldito! – Eu dei um tapa em seu rosto, o estalo resultante soou estranhamente 

alto na pequena sala. 

- Não. – Adam libertou uma das mãos e a abanou resmungando algo baixinho. O ataquei 

novamente, mas desta vez uma estranha sensação de formigamento se espalhou pelos meus 

membros. Eu estava paralisada do pescoço para baixo. Eu estava chocada demais pela súbita 

perda de meus movimentos para falar. 

- Agora – Adam respirou. – Você vai escutar. – Ele se curvou e arrumou a mesa antes de falar 

novamente. 

- Sabina eu sei... – ele parou. – Eu sei que você deve estar me odiando nesse momento. Mas eu 

juro pela minha vida que Briallen está falando a verdade. 

Eu balancei a cabeça e fechei os olhos tentando bloqueá-lo. Eu queria correr, fugir dele e da 

verdade que ele estava forçando em mim. Mas eu não conseguia me mover. 

- O nome dela é Maisie. 

Eu abri meus olhos e olhei para ele pela primeira vez. Ele parecia tão mal quanto eu me sentia. 

Círculos escuros de preocupação apareciam sob seus olhos, e suas bochechas estavam cobertas 

de pequenos arranhões. Eu notei essas coisas apenas obliquamente. O meu foco era a completa 

sinceridade e arrependimento que apareciam nos olhos dele. 

- Como você sabe disso? – Minha voz soou estranha para mim, vulnerável. 

Ele olhou para as próprias mãos. 

- Ela me mandou para encontrar você. 

- Por quê? 



Ele olhou para cima, encontrando meus olhos. 

- Ela quer te conhecer. 

- Não, por que eu não sei nada sobre ela? 

A voz de Briallen nos interrompeu. 

- Depois que a sua pobre mãe morreu apenas alguns minutos depois de você nascer, Lavínia e 

Ameritat decidiram que a única maneira de manter a paz era separando vocês duas. Foi acertado 

que vocês nunca deveriam saber sobre a outra para prevenir um futuro confronto entre as raças. 

- Então como ela... – eu não pude me forçar a pronunciar o nome de minha irmã. – ...como ela 

descobriu sobre mim? 

- Maisie não sabia de sua existência por algum tempo. Entretanto em algum ponto ela começou a 

ter sonhos vividos que estavam se realizando. A mãe de seu pai Ameritat, percebeu que Maisie 

possuía uma segunda visão. Alguns anos atrás ela teve um sonho sobre você. Ameritat não teve 

escolha a não ser contar para Maisie sobre a sua existência, com a benção do conselho Hekate. 

Mas ela fez com que Maisie prometesse nunca procurar por você enquanto Ameritat vivesse. 

- Então o que mudou? 

- Ameritat morreu ano passado. Agora que ela se foi, Maisie assumiu a posição da avó no 

conselho. 

Mas que merda, eu pensei. Não apenas eu tinha uma irmã, mas ela também era a líder dos 

malditos magos. 

- Como posso acreditar em você? – Eu perguntei. 

Ele pensou por um momento. 

- Tem uma coisa. Briallen havia alguma marca que distinguisse as meninas quando elas 

nasceram? 

Briallen olhou estranhamente para ele por um momento, então seus olhos se arregalaram. Adam 

assentiu encorajadoramente, como se ele já soubesse o que ela iria falar. 

- Por que, sim, agora que você mencionou. Ambas possuíam marcas idênticas nos ombros. Uma 

estrela de oito pontas. 

Minha boca se abriu e meus joelhos ficaram fracos. Eu olhei para Adam. Agora eu sabia o porquê 

dele pedir para Briallen me contar. Adam poderia ter tido a chance de ver minha marca de 

nascença, mas Briallen não. 

- Por favor – eu falei. – Você poderia ter falado isso para ela. 



Ele suspirou e balançou a cabeça, obviamente pensando que eu era muito teimosa para meu 

próprio bem. 

- Mais alguma coisa? – Ele perguntou para Briallen. 

- Ambas nasceram atrás do vel. 

- Huh? – Eu perguntei, virando para ela. 

Ela sorriu. 

- Significa que vocês nasceram com o cauls, uma fina membrana deixada pelo saco amniótico. 

- Nojento. – Eu não fazia idéia por que ela teve a necessidade de compartilhar aquela pequena 

informação. 

- Na verdade, isso é sinal de boa sorte. Briallen falou. – Normalmente a criança terá poderes 

psíquicos. 

- Normalmente? – Adam perguntou. 

- Alguns acreditam que o cauls significa que a criança tenha sido marcada por um demônio – 

Briallen falou. – Mas tenho certeza que não era esse o caso de você e sua irmã. 

Desde que meus poderes psíquicos deixavam muito a desejar, eu realmente esperava que a fada 

estivesse apenas compartilhando lendas de velhas parteiras. Adam não falou nada, mas seu 

rosto havia adquirido uma expressão pensativa enquanto olhava para mim. 

- Como você se meteu em tudo isso? – Minha voz tremia enquanto eu falava com ele. Eu sentia 

como se de repente minha vida houvesse se tornado um episódio do Twilight Zone. 

Ele se mexeu e olhou na direção de Briallen. 

- O conselho confia em mim para lidar com certas questões delicadas. 

Eu podia dizer que aquilo era tudo o que iria conseguir dele. Pela minha própria profissão e a falta 

de necessidade de distrações, eu poderia até mesmo respeitar isso. Mas, entretanto eu não 

poderia respeitar as mentiras dele. 

- Então por que você simplesmente não me falou tudo isso desde o inicio? 

Os olhos dele se abriram com incredulidade. 

- Certo. Como se você não fosse apenas me dar uma surra e ir embora. 

Ele tinha razão, mas eu ainda não estava feliz. 



- E quanto aos magos? E o treinamento? Aquilo era apenas uma cobertura para se 

aproximar de mim? 

Ela balançou a cabeça rapidamente. 

- Os magos desaparecidos são parte da minha missão. Eu não pude acreditar quando descobri 

que você estava envolvida. Era estranho demais para ser coincidência, mas ainda não consigo 

imaginar como isso poderia ser alguma outra coisa. E quanto ao treinamento, isso também é 

parte da minha missão. Maisie acha que você estará mais confortável se encontrando com ela se 

entender mais sobre a cultura dos magos. 

Pensei nisso por um momento, tentando raciocinar através da estática em meu cérebro. 

- Me deixe ver se entendi tudo. – Eu marquei os itens com meus dedos. – Eu tenho uma irmã 

gêmea que foi criada como mago. Minha avó vem mentindo para mim minha vida toda. Você é 

algum tipo de agente super secreto que o conselho Hekate enviou para me encontrar e educar 

sobre os magos. Também, por coincidência você está procurando pelos mesmos magos que 

Clovis ordenou que eu libertasse. Isso é tudo? 

Os lábios dele se retorceram. 

- Parece que sim. 

- Na verdade, isso soa como uma porcaria de uma novela do inferno, se você me perguntar. – 

Apesar do meu ataque anterior, eu finalmente estava começando a pensar claramente de novo. 

Claro, eu tinha muito com o que lidar. Não é todo dia que uma garota descobre que ela tem uma 

irmã gêmea secreta, ou que a pessoa que ela mais confia no mundo a traiu por manter aquela 

irmã em segredo. Mas eu estava no controle da dor que essas revelações haviam causado a 

canalizando para uma emoção com que eu estava mais confortável. 

Os lábios dele se ergueram. 

- É bom ver o seu sarcasmo de volta. Isso significa que você não vai mais me bater? 

- Não conte com isso mago. Estou me sentindo um pouco intratável nesse momento. 

A expressão dele voltou a ficar séria. 

- Sabina, sei que isso provavelmente não significa muito, mas eu sinto muito. 

- Sente? 

- Eu sei que isso deve estar sendo muito difícil para você. 

- A vida é dura Adam. 

- Pare com isso – ele falou. – Você tem o direito de estar ferida com tudo isso. Ou pelo menos 

zangada. 



- Oh, eu estou zangada. Estou tão zangada que eu poderia entrar em combustão. 

- Merda, você vai me bater de novo não é? 

- Não seja estúpido – eu falei. – Eu vou pegar leve. 



Capítulo Vinte e Seis 

Depois de me desculpar com Briallen pelo ataque de raiva, partimos com a promessa de visitá-la 

novamente. Ela parecia desapontada por estarmos partindo antes dela contar o restante da 

história. Mas eu havia escutado o suficiente, e sabia como aquilo iria terminar: minha mãe morria 

fim da história. 

Eu não precisava escutar como aquilo havia acontecido ou por que. Talvez eu devesse chorar por 

sua perda, mas como poderia sentir falta de alguém que nem ao menos conheci? Especialmente 

quando fui deixada para pagar pelos erros dela. Me pergunto se minha irmã havia sido punida 

pelos erros de meu pai também. 

A caminhada de volta para o carro foi silenciosa, cada um de nós estávamos perdidos em 

pensamentos. Tudo bem, isso não era totalmente verdade. Eu estava amortecida e tentei pensar 

o mínimo possível. Mas aqueles malditos pensamentos vinham de qualquer maneira. No 

momento que estávamos saindo do parque, eu soube que era hora de falar a verdade para 

Adam. 

- Adam? – Eu observava as árvores passando ao invés de olhar para ele. 

- Sim? 

- Preciso te falar algo. – Me movi para olhar para ele. Rapidamente antes de poder impedir as 

palavras, comecei a falar. – Eu nunca deixei as Dominaes. Eu estou enganando Clovis esse 

tempo todo para conseguir informações. – Ele abriu a boca para falar, mas eu levantei uma mão. 

- Isso fica pior. Minha missão original era assassinar Clovis, mas o plano mudou. – Eu parei sem 

querer admitir minha traição, sem querer cavar tão fundo. 

- Mudou como? – Ele ficou completamente parado. 

- Na noite do ataque ao vinhedo, um pequeno exército das Dominaes irão preparar um 

emboscada. 

Enquanto os segundos passavam sem resposta de Adam, eu segurei minha respiração. O carro 

diminuiu e finalmente parou em um recuo da via expressa. Ele se virou para mim, com seus 

braços sobre a direção. 

- E? 

- E o que? – Eu falei me retraindo. – Você não está bravo? 

Adam passou uma mão sobre o rosto. 

- Até onde eu sei, isso não muda nada. Meu objetivo é salvar os magos que estão em cativeiro. 

Essa batalha de vontades entre Clovis e a Dominae não afeta meus planos. 



- Você não está escutando? – Eu falei sem entender sua falta de preocupação. – Eles irão 

preparar uma emboscada para o grupo de resgate. Você não irá sair caminhando de lá com os 

seus amigos. Na verdade você terá sorte se conseguir sair de lá. 

- Me deixe te perguntar uma coisa. – Ele falou com sua expressão séria. – Por que me contou 

isso? 

Eu inclinei a cabeça tentando entender o ângulo por trás da pergunta. 

- Acho que é por que sinto que devo te alertar. 

- Isso é tudo? – Eu comecei a responder, mas ele levantou a mão. – Por que honestamente? Eu 

acho que você me contou, para tentar evitar falar sobre o que acabou de acontecer. Acho que 

tudo o que você aprendeu hoje à noite e nas últimas semanas tem provado que a Dominae não 

tem feito outra coisa do que mentir para você desde o ínicio. E você não quer encarar esse fato. 

Por que aceitar isso significa que precisa mudar sua lealdade. 

Eu cruzei meus braços e me encostei contra a porta. 

- Então o que? Você quer que eu traia a única família que conheci pelo Clovis? Me dá um tempo. 

- Não pelo Clovis, Sabina. Por você mesma. Você não acha que deve isso a você mesma, 

encarar o fato que a Dominae nunca aceitou você completamente por causa de uma coisa que os 

seus pais fizeram? Você não acha que deve isso a você mesma poder explorar essa outra 

metade que você tem negligenciado? Aprender sobre sua outra família que tem procurado por 

você? Você tem o poder para fazer algo bom aqui. Me ajude a salvá-los. 

Os músculos no meu pescoço se retesaram involuntariamente. Adam era outro na lista de 

criaturas que me viam somente como um meio para um fim. Quando estou simplesmente furiosa 

eu grito. Quando estou cheia de ódio, minha voz se enche de gelo. Então quando respondi, 

pedaços de gelo caiam de minhas palavras. 

- Acho interessante que você me diga para fazer algo por mim mesma, mas o que você realmente 

quer dizer é que eu devo fazer algo por você. 

O queixo dele caiu, reconhecendo minha vitória verbal. 

- Touché. Eu preciso da sua ajuda. Mas não muda o principio. Tudo isso vai terminar mal. De 

qualquer maneira, os Magos e os Vampiros irão guerrear em um futuro não muito distante. Você 

vai ter que escolher um lado. Você vai lutar pelo lado que mentiu para você toda a sua vida? Ou 

vai dar uma chance para o conselho Hekate e para a sua irmã? 

- Espere um segundo. – Inclinei-me para frente, não acreditando no que estava ouvindo. – Nós 

estávamos falando sobre a missão. Agora você quer que eu escolha um lado em uma guerra que 

ainda nem começou? Isso não é justo Adam. 

- A vida não é justa Sabina. Quanto mais cedo você aceitar o fato de que a sua avó te traiu, mais 

cedo poderemos decidir o que fazer de agora em diante. 



Eu cravei minhas unhas no banco de couro. 

- O que você quer dizer com „nós‟? Não foi você que foi traído. 

- Você está certa. Elas traíram você. Elas mentiram para você. Te usaram. Fingiram amar você e 

querer o melhor para você. Mas a verdade é, elas nunca quiseram. – A voz dele estava calma, e 

a pena que detectei fez algo se mexer dentro de mim. Era como um interruptor sendo ligado, e a 

luz não me deixou negar a verdade. 

Meu peito pareceu se inchar, como se um grito estivesse se formando. Eu sabia que se deixasse 

ele escapar, nunca mais iria parar. Folheei a superfície dos meus sentimentos, com medo de 

procurar muito fundo. Toda minha vida fora baseada em mentiras. (Honra, Lealdade, Família) 

essas palavras eram normalmente usadas pela minha avó para me manipular. Meus olhos 

queimaram com o conhecimento de que minha lealdade havia estado errada. Que os de minha 

própria carne e sangue haviam me traído. Sabina tola, esperando que um dia, se tentasse duro o 

suficiente lhe seria jogado alguns retalhos de aprovação. Eu fora uma tola. Uma parva. Uma 

maldita idiota. 

Adam esperou pacientemente, fingindo não notar as quentes lágrimas que escorriam pelo meu 

rosto. Fingindo não me ver tentando esconder as rachaduras em minha armadura. Ele me 

observou fingir que podia lidar ver minha vida se desintegrar diante de meus olhos, respirei fundo 

mais uma vez tremendo e sequei minhas lágrimas. Eu peguei a dor e a transformei em uma bola 

de amargura. 

- Elas irão pagar. – Adam estendeu a mão para mim, mas eu a afastei. – Quero fazê-las sofrer 

por terem mentido para mim. Por me fazerem sentir como uma aberração por toda a minha vida. 

– Minha voz falhou. Limpei minha garganta e olhei para o Adam. – Mas isso não significa que 

estou de repente trocando minha lealdade para uma raça que nem ao menos conheço. Isso seria 

trocar um mal que conheço por um que não conheço. De agora em diante, a única lealdade que 

tenho é para comigo mesma. 

- Muito justo – ele falou. – Tudo o que peço é que você me dê uma chance de te ensinar sobre o 

seu lado mago. E te apresentar para sua própria carne e sangue, a sua irmã. 

Eu comecei a balançar minha cabeça antes das palavras saírem da minha boca. Eu não estava 

pronta para encontrar minha irmã. Diabos, eu ainda não estava certa se acreditava na existência 

dela. Adam notou isso e pegou minha mão. Dessa vez eu deixei. 

- Eu sei que é muita coisa. Você não precisa encontrá-la amanhã ou algo assim. Vamos apenas 

continuar pelos próximos dias. Vamos criar um plano para nos vingarmos da Dominae e salvar os 

magos. Você pode pelo menos concordar com isso? 

Pensei sobre isso por algum tempo. Minha cabeça parecia cheia com emoções conflitantes. Era 

um sentimento similar do que quando eu estivera com Clovis, pouco antes do ataque de 

ansiedade chegar. Eu sabia que se não fizesse alguma coisa, eu iria perder o controle 

novamente, e definitivamente não queria que isso acontecesse na frente de Adam. Eu já havia 

me feito de idiota na frente dele. Respirando fundo, tentei livrar minha mente de toda aquela 



estática. Disse a mim mesma para dar um passo de cada vez. Se tentasse processar tudo 

aquilo de uma única vez, poderia explodir. 

Minha respiração escapou com um longo suspiro. 

- Tudo bem. Vou te ajudar a achar uma maneira de salvar os magos. 

O sorriso de Adam iluminou a escuridão do carro. Ele se inclinou e me segurou em um abraço 

apertado, e por um momento me deixei desfrutar da sensação do corpo sólido dele contra o meu. 

Acredito que parte disso era a atração que eu vinha negando nas últimas semanas, mas embaixo 

disso havia o instinto de que eu poderia confiar nesse homem com minha própria vida. Não era 

comum encontrar alguém que eu podia confiar minhas costas em uma batalha, tanto fisicamente 

quanto emocionalmente. Mas enquanto eu estava envolvida por seu cheiro e seu calor, deixei 

escapar um suspiro. Me rendendo. Eu não podia controlar o que estava para acontecer. Mas eu 

podia controlar aquele momento. 

Adam se afastou suas mãos ainda em meus ombros, e sorriu para mim me assegurando. 

- Tudo vai ficar bem – ele falou. – Juntos vamos descobrir o que virá a seguir. 

Eu engoli, vencida por uma onda de ternura. Talvez eu apenas sentisse que precisava me perder. 

Ou talvez a natureza emocional da noite me deixara vulnerável. Tudo que sei é que me lancei 

contra Adam. 

Nossas bocas se encontraram em uma confusão nada graciosa de dentes e lábios. Aquilo não 

importava. Nós encontramos o ritmo rapidamente. As mãos dele seguraram meu rosto enquanto 

ele me movia para uma posição melhor. Eu respondi mordendo seu lábio inferior com minha 

presa direita, me dando apenas uma rápida prova do sabor do sangue dele. Ele gemeu sua 

língua mergulhando em minha boca. Era como se tentássemos consumir um ao outro. Nós 

éramos um emaranhado de lábios, dentes, línguas e mãos. Nossa respiração servia de trilha 

sonora erótica para nossa exploração frenética. 

Como normalmente é o caso, o áspero toque de um celular interrompeu nossa seção de namoro. 

- Ignore isso. – Adam falou enquanto colocava a mão sobre meu seio de maneira rude. Me 

engasguei quando ele lambeu meu pescoço, sobre minha artéria. O telefone tocou novamente, 

soando mais insistente dessa vez. Ele voltou para minha boca. Eu ignorei o som do aparelho 

irritante enquanto me perdia no mago que eu não tinha o direito de estar beijando. O celular logo 

parou de tocar e continuamos a nos explorar com caricias frustradas. 

Até o telefone voltar a tocar. Adam amaldiçoou e se afastou. 

- Só vou desligar isso – ele falou, pegando o telefone no painel. Ele olhou para o visor e fez uma 

careta. – Merda. É o Clovis. Devo atender? 

Eu estava esparramada no banco, arfando de luxuria. Minha blusa de alguma maneira estava 

encolhida sob meus braços, e meu sutiã preto contrastava contra minha pele branca. Mas aquele 



nome agiu como um banho de água fria sobre minha pele quente. Sentei rapidamente e 

puxei minha blusa para baixo cobrindo meu sutiã. Adam observou obviamente desapontado. 

- Acho que a hora da brincadeira acabou? 

Eu assenti e olhei para o outro lado, eu não estava realmente envergonhada, mas enojada por 

minha falta de controle. Eu já estava com minhas presas muito crescidas para ficar namorando no 

carro em um acostamento da auto estrada. 

Adam soltou o ar e apertou o botão para retornar a ligação para Clovis. Eu olhei para ele pelo 

canto dos olhos e o observei se ajeitando com uma expressão de dor. Ele resmungou algo 

baixinho que não consegui escutar. 

- É Lazarus. – Adam falou secamente. – Não pude alcançar o telefone. Sim, bem, você está 

falando comigo agora, então comece a falar. 

Senti um pequeno sorriso se formando no canto de meus lábios. Obviamente ele não estava 

falando com Clovis. A única pessoa com a qual eu escutara Adam falar dessa maneira havia sido 

Frank. 

- Agora? – Ele falou. – Impossível. – Ele escutou por um momento, sua carranca ficando mais 

séria. – Vou estar aí em uma hora. Isso é o mais rápido que posso chegar. Com isso ele apertou 

o botão end e jogou o telefone sobre o painel. 

- O que foi tudo isso? 

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos, o que não fez nada para reparar o dano que minhas 

mãos haviam feito antes. O cabelo amarrotado não diminuía em nada o sex appeal dele. – Frank 

precisa me ver. Falou que era urgente e não podia falar pelo telefone. 

- Só você? – Eu perguntei. 

- Sim, ele falou que teve alguns problemas em conseguir alguns dos suprimentos que 

precisamos. 

- Isso é estranho. – Me perguntei por que isso não podia esperar. Aquela era a primeira vez que 

eu escutava sobre problemas de fornecimentos. Já que era Vinca que estava encarregada dessa 

área, me perguntei por que ela não havia mencionado nada. 

- Quem sabe? – Ele ligou o carro. – Eu te levo até o apartamento antes. 

Eu realmente não queria falar sobre isso, mas segurei minha respiração esperando que ele 

falasse sobre o assunto do beijo, ou beijos tanto faz. Quando ele meramente colocou o carro em 

movimento e retornou para a via expressa, eu relaxei um pouco. 

O observei sorrateiramente enquanto ele dirigia. Sua postura estava relaxada com um pulso 

sobre a direção, dando a impressão de um homem apreciando um bom carro. Mas os músculos 



da mandíbula contavam uma história diferente. Decidi manter minha boca fechada, 

sabendo que ambos tínhamos assuntos maiores para nos preocuparmos. 

Logo estávamos de volta a cidade. Quando cruzamos a ponte percebi que já fazia algum tempo 

desde minha última refeição. Com todo o stress ultimamente, eu não estava me alimentando 

regularmente e isso estava causando estragos em mim. 

- Pare o carro. – Eu falei quando nos aproximamos de um parque onde normalmente caço. 

- Por que? – Ele parou de qualquer maneira. 

- Preciso me alimentar. Você pode me deixar aqui, e vou caminhando para casa. 

- Você tem certeza? Não me importo de esperar. Frank não vai a lugar algum. 

- Não, está tudo bem. O apartamento é apenas algumas quadras daqui. – Eu abri a porta e pulei 

para fora antes que ele pudesse protestar mais. 

- Sabina? – A voz dele tinha um estranho tom que me fez olhar para cima. Ele abriu a boca para 

falar, mas parou. Nossos olhares se mantiveram por um longo momento. Palavras não 

expressadas passaram entre nós. Mas eu sabia o que ele queria dizer. O beijo havia sido bom, 

mas não iria acontecer novamente. 

- Tenha cuidado. 

Eu assenti e sorri. 

- Não se preocupe mago. – Com isso eu fechei a porta e caminhei para longe. Atrás de mim, 

escutei a SUV sair lentamente do meio fio, seguido pelo ruído do motor ganhando velocidade 

noite adentro. Eu não olhei para trás. 

Uma hora mais tarde, minha pele estava aquecida pela minha refeição. Acho que eu estava mais 

faminta do que pensava por que eu ataquei quatro homens até satisfazer minha sede de sangue. 

Larguei o último doador de sangue, um pretenso estuprador que fedia a cigarros. Seu corpo caiu 

com um tud aos meus pés. 

Caminhei em direção da saída e retirei meu celular do bolso. Quando Adam e eu havíamos 

chegado à floresta mais cedo naquela noite, eu o havia desligado. Apertei o botão e o aparelho se 

acendeu, anunciando que eu tinha três mensagens. Ignorando o botão da mensagem de voz, fui 

direto para as ligações perdidas. Uma de Clovis e duas de Vinca. Liguei para Clovis primeiro. 

- Sabina onde você estava? – A voz de Clovis estava áspera, quase acusatória. 

- Desculpe, esqueci de ligar o telefone. O que há de errado? 

- Adam desapareceu. 

Gelo se espalhou por minha coluna. 



- O que? Isso é impossível. 

- Ele deveria passar aqui para ver alguns detalhes com Frank, mas nunca apareceu. 

- Sim eu sei, eu estava com ele mais cedo quando Frank ligou. Na verdade, ele me deixou no 

caminho antes da reunião. 

- Ele não foi visto desde então. 

- Talvez ele precisasse cuidar de algumas coisas. Você ligou para Vinca para saber se ela o viu? 

– Enquanto eu falava, lembrei das duas mensagens perdidas vindas da ninfa. Alguma coisa 

estava acontecendo. 

- Ela também não o viu – Clovis falou. – Tenho um mau pressentimento sobre isso. Meus espiões 

me contaram hoje mais cedo que membros chaves da Dominae estão da cidade. 

Eu fechei meus olhos resmungando uma maldição que não cabe diante de uma companhia 

respeitável. 

- Chego aí em cinco minutos. 



Capítulo Vinte e Sete 

Clovis levantou quando entrei em seu escritório. Joguei minha bolsa na cadeira e fui direto ao 

assunto. 

- Conte tudo o que você sabe – eu falei. 

Frank deu um passo para frente. Ele não olhou para mim enquanto falou. Obviamente alguém 

ainda estava zangado sobre ter apanhado de uma garota. 

- Eu liguei para Adam logo após a meia noite, pedindo que ele viesse aqui para falarmos sobre o 

suprimento que ele havia pedido para o resgate. Ele falou que estaria aqui pouco depois da meia 

noite e meia, mas nunca apareceu. 

- Alguém foi procurar por ele? 

Clovis assentiu. 

- Temos pessoas procurando pela região e checando no quarto de hotel dele. 

- E? – Eu exigi. 

Frank e Clovis trocaram um olhar que fez meu estômago se contrair. Clovis foi até sua mesa e 

levantou a mochila de Adam. 

- Encontramos isso perto do templo. O carro dele estava estacionado a algumas quadras daqui. 

Ele me entregou a mochila. Minha mão tremia e quase a deixei cair. 

- Nosso palpite é que ele estava caminhando para cá quando alguém o pegou. 

O que ele não falou era que a mochila descartada, era sinal de que Adam havia ido contra a 

vontade. Eu nunca o vi deixar a mochila fora de vista. Abri e olhei seu interior. Junto com a 

carteira e o celular, havia alguns pacotes com ervas, junto com vários frascos com líquidos e pós. 

Abri um pacote e cheirei. O cheiro de alecrim fez cócegas no meu nariz. Na noite passada Adam 

havia me ensinado sobre as propriedades anticépticas das ervas. Ele me fez rir com a história 

sobre como ele teve que tomar banho com alecrim depois de acidentalmente enfeitiçar ele 

mesmo quando criança. 

Clovis limpou a garganta, trazendo minha atenção de volta ao presente. 

- Como eu mencionei, um dos meus informantes me contou que a sua avó tem sido vista na 

cidade. Acredito que seja um bom palpite de que Adam esteja com ela. 

Abri minha boca e a fechei novamente. Eu não poderia contar para Clovis que eu já sabia que as 

Dominaes estavam na cidade, por que eu vinha me encontrando com elas. 



- Ele também me contou que as atividades ao redor do vinhedo cresceram. Ele acredita 

que elas estão se preparando para novas chegadas ao laboratório. 

- Mas por que elas pegariam Adam? Você acha que elas sabem sobre o plano? – Eu perguntei 

me fazendo de tola. Por dentro eu estava prestes a entrar em combustão, mas por fora eu tentava 

me manter calma. 

- É possível que elas desconfiem – Clovis falou. – Entretanto, acho que seja mais provável que 

elas queiram o poderoso sangue de Adam ao dispor delas. 

Levantei e segurei a mochila de Adam junto com minha determinação. 

- Vamos invadir o vinhedo amanhã. 

Os olhos de Frank se arregalaram. 

- Mas não estamos prontos. 

Olhei para Clovis esperando sua reação. Ele assentiu dando apoio ao meu plano. Para Frank ele 

falou. 

- Temos a surpresa ao nosso lado. Sem mencionar que eles têm um de nós, então também 

temos uma séria motivação para chutar alguns traseiros. 

Frank não pareceu feliz, mas concordou. 

- Vou me reunir com os outros. 

Virei-me para Clovis. 

- Precisamos de um veiculo seguro e alguém que possa dirigir durante o dia. 

Vinca estava sentada no sofá quando voltei ao apartamento. Ela se abraçava quando levantou. – 

- Sabina, graças a Lilith. Você recebeu minha mensagem? 

Eu percebi que havia esquecido totalmente de escutar as mensagens dela, na minha pressa de 

descobrir o que Clovis sabia. 

- Não, mas Clovis me inteirou. Nós achamos que as Dominaes capturaram Adam e o levaram 

para o vinhedo. 

Os olhos dela se arregalaram e se encheram de lagrimas. 

- O que vamos fazer? 

- Nós vamos adiantar o ataque. Vamos amanhã. – A inteirei do restante do plano. – Você acha 

que pode conseguir alguns dos seus amigos elfos para ajudar? Sem a magia de Adam, vamos 



precisar de toda a ajuda que conseguirmos. – Eu tinha esperança de manter Vinca longe 

da batalha, mas agora eu sabia que era impossível. Mesmo se eu não precisasse da ajuda dela, 

a aparência decidida em seu rosto me dizia que eu teria uma luta em minhas mãos se quisesse 

mantê-la longe. É claro ela se importava em salvar Adam tanto quanto eu. 

Ela assentiu e mastigou os lábios. 

- Vou fazer com que esteja tudo pronto. – Ela saiu da sala para fazer as ligações. Eu caí no sofá e 

então levantei novamente. Energia nervosa se formou em mim como em uma panela de pressão. 

Meus dedos latejavam para lutar, mas eu tinha que esperar até o dia seguinte. Sem nada mais 

para fazer, peguei meu celular e apertei o botão para escutar as mensagens de voz. 

- Sabina, você precisa vir ao templo. Adam desapareceu. Clovis. – A voz era urgente. A voz 

mecânica me avisou que a mensagem foi mandada alguns minutos depois da meia noite. O 

sistema bipou e então eu escutei a voz da Vinca. 

- Sabina, você está com Adam? Me ligue. – A mensagem havia sido deixada às 00h30min. O 

sistema bipou e novamente era a voz da Vinca. – Sabina tem alguma coisa errada. Adam 

desapareceu. Ele deveria ter ido encontrar o Frank, mas nunca apareceu. 

Eu fui até o quarto da Vinca e bati. Ela estava desligando o telefone quando entrei. 

- Tudo bem, estaremos todos prontos para amanhã. – Ela falou. Pude escutar o stress na voz 

dela, mas minhas questões me impediram de tentar confortá-la. 

- A que horas Clovis te ligou procurando pelo Adam? – Eu perguntei. 

Ela fez uma careta e pensou por um momento. 

- Foi bem à meia noite. Por quê? 

- Eu acabei de escutar minhas mensagens de voz de hoje mais cedo. Clovis me ligou para falar 

do desaparecimento de Adam logo após a meia noite. 

- Tudo bem? – Ela falou sem entender. 

- Adam me deixou pouco antes da meia noite. Por que Clovis me ligaria tão rapidamente se Adam 

estava apenas alguns minutos atrasado? – Minha cabeça doía enquanto eu tentava trabalhar com 

o timing de tudo. 

- Com certeza você não acha que Clovis tem algo a ver com isso. – Uma careta marcou seu rosto 

delicado. – Você acha? 

Eu balancei minha cabeça. 

- Isso não fez sentindo. Por que Clovis iria querer se livrar do Adam? Ele não tem um motivo. 

Ela pegou o casaco e o colocou. 



- Tenho certeza que é só um mal entendido. 

Mastigando meu lábio superior, considerei a situação por todos os ângulos. 

- É você provavelmente está certa. É apenas estranho. 

Ela veio e colocou as mãos nos meus ombros. 

- Olhe está sendo uma noite longa. Estamos todos preocupados e estressados. Por que você não 

tenta descansar um pouco? 

Eu assenti distraidamente, minha mente ainda revirando as coisas. 

- Onde você está indo? 

- Preciso ir me encontrar com as outras fadas. Temos alguns truques na manga para amanhã. 

Aqueles idiotas não vão saber o que os atingiu. 

Eu tentei sorrir, mas meus lábios não estavam cooperando. 

- Tudo bem, tenha cuidado. 

- Vamos ter. E escute não se preocupe com Adam. Ele sabe tomar conta de si mesmo. Além do 

mais, eu tive uma visão mais cedo. Você e o Adam parados em uma floresta de sequóias. E há 

tambores ecoando ao fundo. 

- Sequóias é um bom sinal? 

- É claro. Eu cresci em uma floresta de sequóias próximo à Crescent City. Isso não pode ser uma 

coincidência. 

Eu assenti, mas sem muita certeza. O dom de profecias de Vinca não vinha sendo 

impressionante até agora. 

- Além do mais, mesmo sem a visão, estou confiante de que vamos vencer – ela continuou. – Nós 

somos os caras bons. 

Eu queria poder me sentir tão confiante, mas a tensão se acumulava em minha barriga. Eu não 

estava certa se ainda sabia a diferença entre os caras bons e os maus. 

Vinca voou porta afora com a promessa de voltar antes do sol nascer, o que naquele ponto 

estava a apenas algumas horas de distância. Para me distrair, voltei para a cozinha e peguei uma 

cerveja. Meus ossos latejavam de exaustão, mas eu sabia que dormir não estava na agenda. Eu 

tinha um plano de batalha para revisar. 

Levei a cerveja para o meu quarto e coloquei um moletom confortável. Quando larguei minhas 

botas perto da cômoda, um borrão vermelho chamou minha atenção. O grimoire que Adam havia 



me dado estava próximo ao meu celular. Peguei o diário de capa vermelha e folheei as 

páginas. Pela primeira vez notei que Adam havia preenchido várias páginas na parte detrás em 

tinta preta com sua letra masculina. Quando comecei a ler os primeiros feitiços que ele havia 

escrito para mim, meus olhos começaram a arder. Ele havia incluído instruções para invocar um 

demônio. 

Sentei na cama e pensei no quanto eu sentia falta de Giguhl. O demônio tinha seus defeitos, mas 

ele sempre ajudara a acalmar meu mal humor. Mas ele se fora somente a dois dias. Dois dias 

que haviam me ensinado em como eu precisava de meus amigos. 

Mas agora Adam precisava de mim. Aqueles Hekates presos em máquinas que sugavam o 

sangue precisavam de mim. Era bom ser necessária. Mas sob o calor agradável havia um peso 

como chumbo de arrependimento. 

Amanhã, eu iria declarar guerra contra tudo que um dia jurei proteger. 



Capítulo Vinte e Oito 

Eu conseguia sentir o sol se ponto no horizonte enquanto a van ganhava velocidade em direção a 

Napa. Frank estava sentado imóvel ao meu lado no banco. Seu braço acidentalmente raspou no 

meu quando passamos por um buraco. Ele se mexeu para a direita, mas não falou nada. Na 

verdade, o único som dentro da van era do ar e os pneus. 

Vinca estava sentada no banco oposto. Os olhos dela encontraram os meus na escuridão. Ela 

sorriu amigavelmente, mas olhou para longe como se isso fosse difícil para ela. 

Uma das fadas machos que ela havia recrutado para a missão estava sentado ao lado dela. Os 

outros dois estavam na frente, um dirigia e o outro segurava uma espingarda. Eu me perguntava 

de qual espécie eles seriam, por que eles deveriam ter no máximo um metro e meio de altura. 

Eles não poderiam ser ninfas por que Vinca havia me informado que ninfas são sempre fêmeas. 

Elas se casavam com machos humanos ou magos. Talvez esses machos fossem o resultado 

dessas uniões. Fiz uma nota mental para perguntar isso para ela depois. 

Darius o que eu achava ser o líder já que dava ordens aos outros, tinha o cabelo castanho 

ondulado preso. Ele parecia mais um pirata do que uma fada, com seu brinco de argola dourado. 

Ele falava pouco, mas parecia observador, como se estivesse sempre juntando informações. 

Os outros dois eram quase idênticos em aparência. Os dois tinham cabelos loiros na altura dos 

ombros e rostos quase bonitos demais para um macho. Até mesmo seus nomes eram similares. 

Garrick e Warrick. Presumi que fossem irmãos. 

Parte de mim queria fazer um discurso inflamado para animar as tropas antes da batalha. A outra 

parte queria vomitar. A batalha que estava por vir não me preocupava. Eu estava ansiosa para 

chutar alguns traseiros. Ao invés disso, eu não conseguia afastar o conhecimento de que depois 

dessa noite meu mundo nunca mais seria o mesmo. Eu nunca mais poderei voltar para as 

Dominaes, ou viver junto com os Lilim. Eu serei um pária com um preço por minha cabeça. 

Ocorreu-me que todas as suspeitas com as quais cresci se provaram verdadeiras. Talvez o 

sangue mago em minhas veias me pré disponha a ser uma traidora. Ou talvez como Adam 

clamou, havia um propósito para tudo aquilo. Por mais que eu quisesse rir de toda aquela coisa 

de profecias, eu não podia rejeitar a idéia completamente. Minha imunidade a maçãs poderia 

estar relacionada. Meu sangue mago poderia ser a razão, mas dado a todo o resto que Adam 

havia falado, eu duvidava que aquela era a história completa. Ainda mais que minha avó sempre 

agira estranhamente sobre minha marca de nascença. Agora, eu acredito que aquilo era mais do 

que a simples aversão a lembrança de meu sangue misto. Aparentemente minha irmã possui a 

mesma marca. Pena eu não poder perguntar para ela sobre o problema com as maçãs. 

Pensando sobre minha avó mentindo para mim por todos esses anos fez minha mandíbula travar. 

A atitude dela comigo finalmente fazia sentindo. Ela obviamente me via como uma memória infeliz 

dos pecados da filha. Um peão para ser usado na tentativa de fazer os magos pagarem pela 

morte de minha mãe. Mesmo com a verdade em minha cara, eu ainda não podia entender como 

alguém poderia ser tão fria e calculista. Será que ela nunca teve um coração? Ou a morte da 



minha mãe o matou? Joguei esses pensamentos para o lado. Eu precisava me focar na 

missão. Mais tarde, eu poderia tentar colocar os pedaços juntos e descobrir o que viria a seguir. 

A van diminuiu e deixou a auto estrada. Estava quase na hora. Meus pensamentos deveriam me 

deixar deprimida, mas ao invés disso eles haviam me deixado furiosa. E eu tinha toda a intenção 

em punir qualquer um que ficasse no meu caminho. 

Quando a van parou em um campo na estrada de terra que levava para o vinhedo, o crepúsculo 

já estava se aproximando. Abrimos as portas traseiras, piscando com a fraca claridade. 

Quatro fadas e cinco vampiros se alinharam na minha frente. Vinca e Frank ficaram ao meu lado. 

Frank assumiu já que ele era o homem da logística. 

- Lembrem-se do plano, as fadas entram primeiro. Uma vez que eles tiverem desligado o sistema 

de segurança, os vampiros atacam. Lembrem não queremos nenhum mago ferido. O centro de 

visitantes do vinhedo estará fechado já que eles só abrem para o público nos finais de semana. 

Não vamos precisar nos preocupar com a interferência de nenhum mortal. 

- Espere – eu falei. – O plano é resgatar os magos e sair o mais rápido possível daqui. 

Frank balançou a cabeça. 

- Clovis decidiu que precisamos ficar para nos certificarmos de que o sangue dos magos seja 

destruído. 

Agarrei o braço dele e o puxei para longe do grupo. 

- Mas que diabos? – Eu sussurrei. – Por que não me falaram sobre isso? 

- Decisão de último minuto – ele falou. Quando comecei a falar para ele o que pensava sobre a 

decisão de último minuto dele, ele levantou uma mão. – Eu não quero escutar isso. Clovis dá as 

ordens. Se você não gosta pode sair. 

Eu podia ver que ele esperava que eu fosse embora. Ao invés disso, cerrei meus dentes e fechei 

meus punhos. 

- Ei vocês, estamos perdendo o crepúsculo. – Vinca chamou. 

Olhei dela para Frank. Sem outra opção concordei e caminhei de volta para o grupo. 

- Vamos nos mexer. 

Atravessamos a estrada e escalamos a cerca que cercava o vinhedo. Na nossa frente uma colina 

coberta por carreiras, e mais carreiras de parreiras nos esperavam. Nos separamos, as fadas 

seguiram para a esquerda e os vampiros seguiram para a direita comigo no centro. Nossos pés 

faziam pouco barulho enquanto corríamos pelo terreno cheio de pedras. Pouco tempo depois os 

edifícios que ficavam atrás do vinhedo cresceram em nossa área de visão. Eu parei antes de sair 



da cobertura das parreiras, tentando achar algum guarda ou funcionário patrulhando a 

área. Na minha esquerda um fada macho se esgueirou para trás de um guarda e quebrou o 

pescoço dele com um forte puxão. Na direita escutei um murmúrio quando um vampiro atacou 

outro guarda. 

O pequeno grupo de fadas seguiu para fora do campo e abriram caminho para a área de 

carregamento. Eles se moviam como aparições através da escuridão. Vinca liderava o time 

enquanto eles desapareceram dentro do prédio. Prendi o fôlego, esperando que um alarme 

soasse ou por sons de luta, mas logo Vinca colocou sua cabeça pela porta e nos deu o sinal de 

que estava tudo limpo. 

O time de Frank e eu deixamos o campo e emergimos perto das portas das baias de 

carregamento. Frank sinalizou para que o time se separasse novamente quando entramos. 

Vampiros seguiram Frank, e os outros passaram a me seguir. O armazém parecia deserto, exceto 

pelas pilhas de cinzas que o grupo da Vinca havia deixado para trás como cartões de visitas. 

Segui em frente, em direção da área de segurança, enquanto Frank e seu grupo de vampiros 

pegaram uma rota mais longa. Por mim aquilo estava bem, por que eu não confiava em Frank 

para cuidar da retirada dos magos. Fadas teriam mãos mais gentis para retirar as máquinas dos 

magos. Seu conhecimento em curas também ajudaria se tivéssemos algum problema para 

ressuscitar alguém. 

Passamos pelas portas que levavam para a área de contenção. Vinca apontou para a câmera 

acima das portas e fez um movimento como se estivesse cortando a garganta. Flexionei meus 

punhos, estalando algumas juntas no processo. Sinalizei para os outros ficarem atrás de mim. 

O elevador em minha frente emitiu um bipe e abriu as portas revelando dois vampiros usando 

jalecos parados em frente de um carrinho. Mais alguns estavam agrupados atrás deles. Agindo 

por instinto corri na direção dos dois primeiros quando eles saíram do elevador, muito distraídos 

conversando para me notarem. Em um movimento fluido, puxei duas estacas de macieira da 

minha cintura. Peguei o primeiro cravando a estaca entre a terceira e a quarta costela, 

atravessando seu coração até as costas. Antes de ele atingir o chão, seu parceiro veio em minha 

direção. O macho tinha pelos menos uns cinqüenta quilos a mais que eu e pelo menos uns dez 

centímetros mais alto. Ele me segurou pelo pescoço e me empurrou contra a parede. Ele bufou 

para mim quando as presas dele se aproximaram da minha jugular. Seus cotovelos me 

bloqueavam toda vez que eu tentava achar um ângulo para cravar a estaca no peito dele. 

Consegui me libertar o suficiente para levantar minha mão esquerda e cravar um dos meus dedos 

no olho dele. Ele gritou e balançou por um segundo, mas suas mãos apertaram ainda mais o meu 

pescoço. Ele não poderia me matar dessa maneira, mas se ele conseguisse colocar suas presas 

no meu pescoço eu poderia ser considerada morta. Cruzei meus braços através dos dele e prendi 

minhas mãos juntas. Com um giro rápido desloquei seus braços musculosos. Em seguida acertei 

o nariz dele com meu cotovelo. Quando ele cambaleou para trás, levantei a estaca e a cravei com 

força atrás da clavícula. Os olhos dele se arregalaram em surpresa sobre a confusão 

ensangüentada que uma vez fora o nariz dele. Ele incendiou e caiu no chão como um punhado 

de cinzas. 

Enquanto eu estivera ocupado lutando com o cara grande, as fadas tinham suas mãos cheias 

com os outros vampiros que estavam saindo da clínica. Enquanto eu observava, Vinca matou 



uma fêmea a alguns metros de distância. Enquanto a gigantesca vampira entrava em 

combustão, Vinca sorriu e levantou o que parecia ser uma lata de spray. 

- Cidra de maçã – ela falou. Sua mão direita segurava uma faca ensangüentada. – Espalhe e os 

mate. 

Eu não respondi por que mais dois trabalhadores entraram no saguão. Eu peguei a fêmea maior, 

que poderia ter sido a mãe de Atila o Huno. Seu pulso maciço se chocou como um aríete contra o 

meu rosto. Mudei para um ângulo melhor e chutei as costelas dela. Procurei por outra estaca, 

mas ela me atingiu. Minha cabeça atingiu o linóleo com força, mas a dor verdadeira veio quando 

o peso da fêmea pressionou minhas costelas. 

Tentei mexer minhas pernas para me dar mais espaço, mas suas coxas grossas me prendiam. 

Os punhos dela acertaram meu rosto. Levantei minha própria mão para bloquear os golpes e 

levantei meu quadril para tirá-la de cima de mim. 

Ela continuou vindo. Vinca pulou e se segurou no pescoço da vampira a estrangulando. Com um 

pé, Vinca chutou a lata com a cidra para minha mão. Quando Vinca se abaixou, pulverizei o 

liquido na boca da vampira obesa. Ela pareceu se engasgar e usei a vantagem para chutá-la para 

longe de mim. Lutei para pegar a estaca. Justamente quando ela levantou e veio novamente atrás 

de mim, cravei a estaca no olho dela. Aquilo aconteceu tão rápido que ela não teve tempo para 

gritar enquanto a madeira quebrava os frágeis ossos atrás do olho e a empalava no cérebro. 

Quando ela explodiu em uma bola de fogo, ajudei Vinca a levantar. 

O olho esquerdo dela estava inchando e um roxo desagradável e suas mãos estavam cobertas 

de sangue. 

- Você esté bem? – Eu perguntei. 

Ela assentiu e olhou ao redor. Cinzas quentes cobriam o chão de linóleo que um dia fora branco. 

Os dois fadas machos estavam contra a parede dos fundos, seus rostos sujos com fuligem e 

sangue. Por mais que eu quisesse manter Vinca longe de tudo isso, tinha que admitir que ela 

estava se saindo bem. E mais era bom ter alguém que eu confiava lutando comigo. Somente Lilith 

saberia o que Frank, Clovis e os outros lacaios seriam capazes. 

Sirenes começaram a tocar. Um dos vampiros que havíamos matado deve ter acionado o alarme. 

Corri para o elevador seguida pelas fadas, que pularam para dentro logo antes da porta se fechar. 

Enquanto descíamos checamos rapidamente nossas armas. O Senhor sabia que tipo de cenário 

estaria esperando por nós. Nossas estacas estavam terminando, mas Vinca tinha alguns clipes 

com balas de cidra. Conseguimos recarregar as armas antes das portas se abrirem. 

Nos encostamos contra a parede esperando por uma saraivada de balas. Quando nada 

aconteceu, cuidadosamente apertei o botão para segurar as portas abertas e coloquei minha 

cabeça na beirada. O laboratório estava repleto com o som estridente do alarme misturado com o 

bipe frenético das máquinas. Três vampiros remanescentes mal nos notaram enquanto eles 

trabalhavam soltando os magos das máquinas. 



Sem pensar, corri para frente, pegando o primeiro que alcancei. Ela lutou contra mim. Sem 

escolha usei a última estaca e a matei. Enquanto ela entrava em combustão aos meus pés, olhei 

ao redor e vi os outros dois vampiros sendo presos pelas fadas machos. 

- Vinca, verifique os magos que eles soltaram. – Ela correu para recolocar as máquinas de 

respiração artificial. Peguei minha arma e atingi a fêmea que eu segurava na têmpora. Ela caiu 

desmaiada por tempo o suficiente para eu prender ela e aos outros no armário de suprimentos. 

Clovis provavelmente iria querer interrogá-los. 

Corri de volta para a sala e encontrei Vinca. Ela estava reclinada sobre um mago fêmea, fazendo 

respiração boca a boca. Ela apontou com uma das mãos para o tubo respiratório descartado 

pendendo ao lado da cama. O peguei e entrei para ela. Ela se afastou e saí quando ela começou 

a colocá-lo de volta. Os machos seguiram em direção dos outros magos que haviam sido 

desligados das máquinas para checar seus sinais vitais. 

- Eles estão bem. – Darius falou. 

- Nós cuidamos disso Sabina. Encontre Adam. – Vinca gritou enquanto tirava a agulha do braço 

de um mago, parando a saída de sangue do corpo dele. 

Segui de cama em cama olhando para os rostos dos magos que ainda estavam presos às 

máquinas sem encontrar Adam em lugar algum. No final das fileiras havia uma cortina azul de 

hospital. A puxei e vi uma porta. Passei pela porta que levava a um corredor. As paredes eram de 

cimento industrial e um lado era cheio de gabinetes com de medicamentos. A pesada porta se 

fechou atrás de mim, bloqueando os sinais da clínica. No final do corredor havia outra porta com 

uma pequena janela. Olhei através do vidro e vi uma figura caída em um amontoado no chão. 

Meu coração se apertou. Arranquei a porta das dobradiças, preocupada por Adam não ter se 

movido apesar do barulho. Correndo, o segurei pelos ombros. A cabeça dele caiu para trás, 

revelando hematomas em seu rosto ensangüentado. 

- Adam! – Sacudi os ombros dele. Sem reposta. Procurei por sua pulsação meu próprio coração 

diminui para um galopar quando encontrei seu pulso. Corri de volta para a sala, abri a porta e 

gritei pela Vinca. Então corri de volta para Adam e continuei a tentar acordá-lo. Passei minhas 

mãos sobre seus braços e pernas, procurando por fraturas. Tudo o que encontrei foram algemas 

de bronze prendendo os pulsos dele nas costas, o que explicaria o porquê dele não ter usado 

mágica para se libertar. Quebrei a corrente que conectava as algemas quando Vinca entrava na 

sala. 

- Ele está... – ela engoliu. 


- Ou desmaio de dor ou foi drogado. Você pode ajudá-lo? 

Ela me tirou do caminho e levantou as pálpebras dele. 



- As pupilas estão normais. – Ela gentilmente bateu nas bochechas dele com suas mãos 

pequenas. – Acorde Adam! – Ela bateu com força desta vez. Tive que me segurar para não 

atacá-la, preocupada por ela poder estar causando ainda mais dor. – Sabina – ela falou, 

seriamente. – Procure e veja se eles possuem sais aromáticos. 

Eu não queria sair da sala, mas me forcei a entrar em movimento. Do lado de fora da porta havia 

um grande gabinete, repleto de pequenos recipientes e comprimidos. Rapidamente procurei nas 

prateleiras por algo que se parecesse com sais aromáticos. 

- Não consigo encontrar – eu gritei. 

- Procure por algo chamado carbonato de amônia. – A voz dela estava abafada. 

Olhei novamente, tentando ler as letras miúdas. 

- Nada! 

- Tente hartshorn. – Ela gritou de volta. 

Procurei novamente, e com certeza a maldita garrafa estava bem na minha frente. Peguei o vidro 

marrom e corri de volta para a sala. Ela levantou a garrafa contra o nariz de Adam e passou de 

um lado para outro. 

- Vamos garotão – ela falou. – Respire fundo. 

O nariz de Adam se contraiu e ele inalou profundamente. A cabeça dele caiu para o lado. Ele 

estremeceu e seus olhos se abriram. Ele semicerrou os olhos tentando focá-los. 

- Adam? – eu falei, me abaixando ao lado de Vinca. – Você pode me escutar? 

- Sabina? O que... – Ele tentou se mover. O impedi com uma mão. 

- Não se mova. Deixe que Vinca de uma olhada em você. – Eu falei engolindo contra o alívio que 

fechava minha garganta. 

- Há alguma coisa quebrada? – Vinca perguntou. 

Adam engoliu e balançou a cabeça. 

- Apenas me bateram um pouco. 

Vinca cutucou as costelas dele com um dedo. Ele gritou e se afastou. 

- Provavelmente são apenas hematomas – ela falou. – Você acha que pode se levantar? 

Ele concordou lentamente. Me aproximei e passei um braço atrás dele enquanto Vinca pegou o 

braço direito dele e o colocou sobre seu ombro. 



- No três – ela falou. Colocamos Adam de pé provocando um gemido que veio do fundo do 

peito. 

- Você pode fazer alguma coisa para aliviar a dor? – Eu perguntei para Vinca enquanto meio que 

o carregávamos ele em direção da porta. 

Ela me olhou nos olhos e concordou. 

- Tenho certeza que deve haver remédios para dor aqui em algum lugar. 

Os pés de Adam se firmaram no chão, fazendo com que Vinca e eu parássemos. 

- Nada de drogas. 

Olhei para ele, exasperada pelo comportamento típico dos machos. 

- Não seja ridículo. 

- Não – ele falou. 

Olhei para a Vinca que acenou e se afastou. 

- Vocês dois continuem, vou dar uma olhada nessa área. 

- Tudo bem mago, vamos te tirar daqui – eu falei. Adam olhava para os pés enquanto ele se 

movia para frente, então ele não viu quando Vinca seguiu em direção ao gabinete de remédios. 

Alcançamos a porta pesada, e consegui mantê-la aberta com meu quadril enquanto o ajudava a 

passar por ela. 

- Sabina – Adam falou. A voz dele estava estranha. – O Clovis... 

Inclinei-me para escutar o que ele estava tentando falar, mas outra voz falou acima dele. 

- Eu escutei alguém falando meu nome? 

Levantei minha cabeça. Clovis estava parado no meio das fileiras de camas. Atrás dele estava 

Frank e os outros vampiros. Atrás deles, os corpos das fadas machos jaziam no chão. 

- O que... – eu falei. Foi quando notei o estranho silêncio. As máquinas respiratórias já não 

emitiam mais seus bipes. Todos os magos estavam mortos. 



Capítulo Vinte e Nove 

- Sabina, minha querida, acredito que você tenha ultrapassado sua utilidade. – O sorriso de Clovis 

não atingiu os olhos dele. 

Adam tropeçou alguns passos para trás. Apertei ainda mais meu braço ao redor dele e permaneci 

parada. Encarando Clovis e seus homens, fiz uma prece silenciosa para Lilith que Vinca ainda 

não saísse pela porta. 

- Sinto desapontar você – falei para Clovis. – Mas ainda me sinto muito útil. 

Ele riu e cruzou os braços. 

- Temo que não, querida. Na verdade fui um tolo por te deixar viver. 

- Você já é um tolo. – Era idiota eu sabia, mas eu estava muito ocupada tentando pensar como 

vencer Clovis e seus cinco guardas sozinha. Adam estava em silêncio ao meu lado, mas eu 

praticamente podia sentir a dor irradiando dele como se ele estivesse nos corpos dos de sua raça 

que foram mortos. 

- Sou eu o tolo Sabina? Dificilmente. Um tolo teria acreditado em você quando falou que não 

trabalhava mais para as Dominaes. 

Fiquei imóvel. 

- O que? 

- Por favor. Você realmente pensa que qualquer um compraria tão facilmente a idéia que você 

repentinamente teve a urgência de se unir aos inimigos da sua avó? Mas acho que é essa a 

ironia de tudo. Você acabou traindo ela de qualquer maneira... Com a ajuda de minha ligação 

anônima sobre um mago na vizinhança, é claro. 

Se ele pensava que iria me ferir com aquelas palavras estava enganado. Mortalmente enganado. 

Não fora o Clovis que me convenceu a trair minha avó. Fora ela mesma. 

- Vamos mover esta festa para o armazém, vamos? – Clovis falou. Ele estalou os dedos e seus 

guardas se moveram para frente. Frank tirou Adam de mim, arrancando um gemido do mago. 

Ataquei tentando em vão protegê-lo. Dois vampiros machos que pensei estarem do meu lado 

meia hora antes agarraram meus braços. Lutei contra eles. Um pegou a arma na minha cintura, 

me deixando desarmada exceto pela faca na minha bota direita. Isso não seria de muita ajuda 

com ambos os braços presos. 

Eles arrastaram nosso grupo heterogêneo (um mago ferido, duas fadas inconscientes, e uma 

seriamente furiosa eu) para dentro do armazém. Eles nos alinharam em frente de uma fileira de 

barris de madeira. Clovis parou na nossa frente parecendo presunçoso. Eu queria arrancar 

aquele sorriso do rosto dele, mas eu precisava me manter calma. Se pudesse ganhar tempo até 

as fadas recobrarem a consciência e Adam tivesse tempo para se curar, talvez Vinca que ainda 



estava escondida, fosse capaz de criar uma distração. Eu só esperava que todos nós 

ainda estivéssemos vivos quando isso acontecesse. 

- Não entendi. – Falei, tentando ganhar algum tempo. – Por que você matou os magos? Você 

poderia tê-los deixado viver e ainda acabar com o poder das Dominaes. 

Clovis começou a caminhar em nossa frente. 

- Eu não podia correr riscos. Quando eu explicar para o conselho Hekate que os magos estavam 

mortos quando chegamos, eles não terão alternativa do que me apoiar a assumir o controle dos 

Lilim. Com o conselho Hekate ao meu lado a comunidade vampirica irá retirar o suporte daquelas 

cadelas e irão me seguir. 

Senti Adam se enrijecer ao meu lado. Meus olhos escanearam a área em busca de alguma arma 

em potencial. Uma vassoura de cabo longo jazia contra a parede à uns três metros de distância. 

Uma arma fraca, mas pelo menos uma arma. Eu precisava manter ele falando. 

- Mas por que se livrar de mim? – Eu perguntei. – Apesar de tudo estou ao seu lado. 

Clovis veio na minha direção. Ele passou um dedo pela minha bochecha. Precisei de toda minha 

força de vontade para evitar me esquivar do toque. 

- Admito que considerei fazer de você minha consorte. Com o seu sangue mago e meu sangue 

de demônio combinados com nossos poderes Lilim, seriamos um time formidável. Entretanto, 

você não é de confiança. – Ele se inclinou os lábios dele a centímetros dos meus. – Afinal, até eu 

ter entregado o seu namorado aqui para Lavínia, você ainda era leal as Dominaes. 

Me joguei contra ele. 

- Seu bastardo. – Ele riu como se tivesse conseguido se livrar de mim com facilidade. 

- Você não achou isso quando fodi a sua veia. Na verdade, você estava praticamente implorando 

para eu dominar você. 

Meus olhos correram para Adam. Ele encarava Clovis com morte nos olhos. Culpa e aversão 

lutavam para dominar meu corpo. Culpa por ter acreditado na história de Clovis quando ele falou 

que as Dominaes haviam pegado Adam. Eu sabia que havia alguma coisa errada, mas estava 

distraída demais para ir atrás disso. Aversão por que deixei aquele demônio se alimentar de mim. 

Ainda pior, ele estava certo. Eu havia desejado mais. 

- Estou ficando entediado. É hora de dizer adeus. – Clovis acenou para Frank. 

Frank e os outros vampiros se alinharam na nossa frente. O que havia pegado minha arma 

carregada com balas com cidra de maçã, agora a apontava para mim. Meus olhos encontraram 

os olhos de Frank e enchi aquele olhar com todo o ódio que eu possuía. 

- Nada pessoal – ele falou dando de ombros. – No três. – Ele falou para os guardas. A mão de 

Adam apertou a minha e a apertei de volta. 



Frank riu para mim e começou a contagem. 

- Um, dois... 

O inferno se abateu quando as janelas mais acima se quebraram. Vidros e vampiros vestidos de 

preto desciam ao nosso redor. O exército das Dominae havia chegado. Falei um ligeiro obrigado 

para Lilith pela interrupção, mesmo amaldiçoando a complicação. Não sei como eles descobriram 

nosso plano de invadir o vinhedo mais cedo, mas agora tínhamos que lutar contra duas forças se 

quiséssemos sair dali vivos. 

Uma explosão chacoalhou o prédio, balançando suas fundações. Puxei Adam comigo para trás 

dos barris, agarrando a vassoura com minha mão livre. Tiros e passos ecoavam no chão de 

concreto e nas paredes de metal enquanto os homens de Clovis e os guardas das Dominaes 

lutavam. 

Abaixado atrás de mim Adam soltou minha mão para espiar por entre os barris. 

- A segunda explosão veio de perto da clínica. Parece que Vinca estava tentando criar uma 

distração. 

- Oh merda. – Comecei a me mover, mas Adam agarrou as costas da minha camisa. 

- Vamos ver como isso vai continuar. 

- Ela não pode vencê-los sozinha – eu falei. – Temos que ajudá-la. 

- O que você vai fazer ir atrás deles com essa vassoura? 

Fechei meus olhos por um momento e respirei fundo, tentando acalmar as batidas do meu 

coração. Quando abri os olhos falei. 

- É muito melhor do que ficar escondido. 

A cor de Adam já havia retornado e o corte na testa era apenas uma linha fina agora. A 

mandíbula dele estava cerrada como se ele estivesse pesando a situação. 

- Tudo bem. Olha, se formos entrar lá você vai precisar estar preparada para usar magia. 

- Certo – eu falei. – Estarei melhor se apenas começar a chamá-los de nomes maus. 

- Sabina olhe para mim – ele falou. – Você pode fazer isso. Você já tem o poder nato. Você 

apenas precisa se focar nele. 

Pelo som, a luta pareceu ter se movido em direção da entrada da clínica. Tudo o que eu 

conseguia pensar era que as fadas, incluindo Vinca haviam sido pegas no meio de uma batalha 

entre vampiros. Fadas eram guerreiros descentes, mas vampiros eram dez vezes mais fortes e 

rápidos. Eles não durariam muito sem ajuda. 



- Ótimo tanto faz. Vamos entrar lá. – Eu não esperei pelo Adam responder, apenas comecei a 

caminhar na direção da luta. Ele amaldiçoou e então escutei seus passos atrás de mim. 

Finalmente capaz de ver a luta, percebi que uma verdadeira batalha estava acontecendo entre as 

forças das Dominaes, o pessoal do Clovis, e as fadas. Todos estavam lutando. 

Corri para um grupo de vampiros das Dominaes que haviam cercado Vinca e as fadas. Darius 

havia empurrado Vinca para trás dele, mas eu tinha pouca esperança que ele pudesse protegê-la 

contra os vampiros. Clovis estava de lado parecendo entediado enquanto lutava com um dos 

guardas de elite das Dominaes. Eu mal podia esperar para lutar com aquele idiota, mas primeiro 

eu precisava salvar meus amigos. 

Corri direto para a batalha, cravando a estaca no vampiro mais próximo. A madeira entrou em 

contato com o crânio e ele caiu. Não o matei, mas segui em frente. Meu único pensamento era 

abrir caminho para Vinca. Senti calor nas minhas costas e virei para ver o vampiro que derrubei 

explodir em um puf de fumaça. Adam estava parado sobre ele com um machado ensangüentado 

que ele não tinha a alguns minutos atrás. Parece que mesmo sem sua magia ele ainda era cheio 

de habilidades. 

Me abaixei e peguei a faca da minha bota. Um dos homens de Clovis, o que havia pegado minha 

arma mais cedo, veio em minha direção, apontando o cano da arma para minha cabeça. Me 

abaixei e passei a vassoura nas pernas dele. O tiro se perdeu, arrancando pedaços do teto 

quando ele caiu. O soquei no peito. Com um movimento rápido cravei a faca no peito dele. O 

corpo dele explodiu quando a madeira de macieira o atingiu. Cai sentada a alguns metros de 

distância. 

Levantei e vi Adam lutando com outro vampiro, um dos guardas de Clovis. Passando por eles, 

corri na direção da Vinca, que estava tentando lutar contra Frank. Enquanto eu observava, o 

bastardo a agarrou por trás e cravou suas presas no pescoço dela. Eu gritei e corri para eles. Mas 

eu chegara tarde demais. Ele rasgou a jugular dela enquanto a esfaqueava no peito. 

Fiquei completamente selvagem. Uma neblina vermelha cobriu minha visão. Em um segundo vi o 

corpo de Vinca caindo, e no outro ataquei Frank como uma besta do inferno. As mãos de Frank 

se elevaram quando o agarrei e fui direto para seu pescoço com minhas presas. Ele caiu para 

trás com meu peso, deslocando minhas mãos do pescoço dele. 

Rolamos, socando e chutando um ao outro. No que diz respeito a lutas, essa não era a minha 

mais graciosa, mas eu estava além de me importar sobre técnicas. Eu queria o sangue dele 

cobrindo o chão antes de matá-lo. 

Agarrei a cabeça de Frank, arrancando o cabelo pela raiz. Ele arranhou meu rosto, tentando 

acertar meus olhos. De alguma forma, consegui vira-lo. O agarrando ao redor da garganta e 

estrangulando, o fiz ficar parado. Ele tentou se virar para sair do abraço. Mas o soquei nos rins e 

o puxei para trás em direção da arma caída no chão. Com um movimento rápido, estendi meu 

braço para alcançar a arma. Virando rapidamente antes que ele pudesse me atingir, apontei a 

arma para o rosto dele. Ele parou no meio do caminho com suas mãos estendidas para me 

atacar. 



O ar ardia em meus pulmões enquanto eu arfava grandes goles de oxigênio. Engatilhei a arma. 

- Quem está mudando os planos agora, idiota? 

Frank abriu sua boca para responder, mas o som de mãos batendo o interrompeu. Mantendo a 

arma apontada para ele, virei minha cabeça. Meu coração se afundou ainda mais em meu peito 

quando vi Clovis aplaudindo a minha esquerda. Um rápido reconhecimento da área revelou os 

corpos das outras fadas. O único outro vampiro tinha uma arma apontada para a têmpora de 

Adam. 

- Performance impressionável – Clovis zombou. – Entretanto o jogo acabou. Por favor, largue a 

sua arma. 

- Ele primeiro. – Eu falei apontando para o vampiro ao lado de Adam. 

Clovis riu. 

- A sua audácia não conhece barreiras. 

- Vou matá-lo. – u falei, forçando a arma contra a testa de Frank. 

- Fique a vontade. 

Olhei para Frank, com o rosto caído diante da traição de seu líder. 

- Se ele apanha com tanta facilidade de uma fêmea, ele merece morrer – Clovis falou. 

Aconteceu rápido. Virei a arma na direção de Clovis e puxei o gatilho. Ao mesmo tempo, Adam 

atingiu o outro vampiro no rosto com o cotovelo. Caí e rolei pegando a faca da pilha de cinzas que 

eram os restos do vampiro que eu matara mais cedo. Levantando, virei esperando lutar contra 

Frank. Ele meramente estava lá parado, sua boca aberta. 

Senti um movimento atrás de mim, e virei. Clovis me atacou forçando a faca para fora da minha 

mão. Ela deslizou na direção de Adam, que a usou para acabar com o vampiro que ele havia 

dado a cotovelada. Calor encheu meu rosto quando caí com o soco de Clovis. Ele parou sobre 

mim, seu rosto de metade demônio havia mudado. Ele não mais se parecia com um anjo caído. 

Agora ele parecia cada centímetro o demônio que ocupava metade de seu DNA. Dois chifres 

negros saíam de sua testa e seu rosto se alongou em uma máscara hedionda que lembrava 

couro vermelho com lábios pretos. 

- Garota tola, você acha que uma bala pode me parar? – Sua respiração parecia como fogo e sua 

voz havia ficado vários oitavos mais profunda. Ele casualmente levantou uma mão e um raio de 

luz negra saiu de seus dedos. Frank começou a gritar. Observei em choque enquanto sua pele 

derretia de seus ossos e seu corpo entrou em combustão. 

Clovis me agarrou antes que eu pudesse me recuperar da visão da agonia de Frank. Lutei contra 

ele, tentando libertar minhas mãos. Ele me levantou facilmente, como se eu fosse uma criança. 



Meus pés balançavam no ar enquanto eu arfava e cuspia. Com sua mão livre Clovis pegou 

Adam, que vinha se esgueirando por trás dele. Enquanto pontos pretos dançavam em minha 

visão, vi Adam voar para trás contra uma pilha de caixas. 

- Finalmente sós – Clovis falou. Ele me sacudiu e meu corpo se balançou no ar como se fosse 

uma boneca de pano. – Vamos dançar. 

Antes que eu soubesse o que estava por vir, ele levantou a mão novamente. Um raio 

incandescente de energia se chocou contra mim. Minhas costas atingiram algo duro e caí no chão 

de concreto com um baque. Cada osso do meu corpo parecia estar quebrado enquanto eu arfava 

por ar. Antes que pudesse forçar meu corpo a se mover, ele veio na minha direção novamente. 

Seus dedos longos e escamosos agarraram meus cabelos. Meu couro cabeludo queimava 

enquanto seu rosto entrava em meu campo de visão novamente. Seus olhos brilhavam com os 

fogos de Irkalla. 

- Não está falando muito agora, não é? – Clovis me atingiu. Minha cabeça caiu para trás, dor 

irradiou pelo meu rosto. Ele me largou e atingi o chão como uma pedra. 

Abri um pouco meus olhos. Os cascos fendidos de Clovis estavam próximos ao meu rosto. Além 

disso, vi um flash de movimento. 

Das sombras, minha avó caminhou para a área aberta. Eu deveria ter ficado surpresa por vê-la, 

mas se eu conhecia minha avó, ela não resistiria à oportunidade de esfregar no meu nariz a 

bagunça que eu fizera. 

Clovis riu me levantando do chão pelos cabelos. Fiquei pendurada em suas mãos, minha vontade 

de lutar havia sumido. Mesmo se eu conseguisse derrotar Clovis por algum milagre, duvido que 

conseguisse derrotar minha avó. 

- Lavínia Kane – Clovis falou com um esgar. – Pare onde está ou acabarei com ela. 

Claramente, ela me incluía no grupo. Por mim isso estava ótimo; ela havia se tornado minha 

inimiga quando descobri que ela havia mentido para mim por toda minha vida. E quanto à parte 

de matar, ela teria que esperar até que Clovis acabasse comigo. 

Desapontado por não poder me usar como chantagem, Clovis me jogou no chão. Mal senti o 

impacto do concreto gelado. Eu sabia que seria apenas uma questão de tempo até que um deles 

desse o golpe mortal. Todo o meu corpo doía, juntamente com meu espírito. Eu estava cansada 

de lutar. Cansada da dor. Cansada de lutar para achar sentindo no atoleiro que minha vida havia 

se tornado. Talvez a morte finalmente fosse me trazer alguma paz. 

Eu estava prestes a fechar meus olhos quando a cabeça de Adam apareceu sobre a pilha de 

caixas onde ele havia aterrissado anteriormente. Olhando para ele, seu rosto ferido, mas 

determinado, me aqueceu. Ele moveu os lábios falando algo. Pisquei através das lágrimas que eu 

não havia notado, tentando decifrar o significado. Ele repetiu e dessa vez reconheci que sua boca 

formava. 

- Lute. 



Atrás de mim Clovis e minha avó estavam lutando. Gritos e urros acompanhados de explosões de 

calor ocasionais e sons de punhos se encontrando contra carne. Então percebi que não 

importava quem ganhasse a batalha. Se Adam e eu fossemos sair dessa com vida, ambos teriam 

que ser mortos. A fria aceitação de morte eminente fora substituída por uma desagradável 

resolução. 

Adam ainda estava me observando, mas agora ele havia se movido, se abaixando enquanto saía 

de perto das caixas. 

Ele não poderia enfrentar os dois sozinho, e eu sabia que precisava fazer alguma coisa. Sem um 

plano formado, comecei a cravar os dedos no chão para me arrastar para frente. Percebi que se 

para nada mais, o sangue que fluía do corte no meu pescoço criaria um circulo forte para prender 

um deles, se não ambos. Atrás de mim, Clovis e minha avó estavam tão ocupados tentando 

matar um ao outro, que não me notaram. A idade da minha avó aumentava sua força e 

velocidade quando ela atacava com presas e punhos, mas Clovis possuía seus próprios poderes 

mágicos de demônio combinados com seus socos e chutes. 

Quando completei meu caminho, rolei para ficar de costas arfando. Adam assentiu, mostrando 

sua aprovação pelo meu esforço. Eu não estava certa do que fazer a seguir, mas o mago me deu 

a resposta. Ele correu para Clovis e Lavínia, movendo seus punhos algemados e gritando como 

um berserker 76 . A distração surpreendeu o par que parou de brigar. 

Pulei para uma posição agachada, ignorando a dor. Ele esperava que eu tirasse vantagem da 

distração que ele oferecera, mas eu não fazia idéia o que ele queria que eu fizesse. Adam atingiu 

o par com alguns golpes de mágica enfraquecidos pelas algemas, mas eu podia dizer que aquilo 

era mais distração. Clovis e Lavínia circularam Adam agora, procurando por uma abertura. Eu 

teria que me mover logo ou estragaria a oportunidade. 

Enquanto eu observava Clovis se aproximar do círculo vermelho, eu soube o que tinha que fazer. 

Minhas mãos começaram a suar mesmo que minha pele estivesse gelada. Sem outra opção lutei 

para lembrar o feitiço que Adam escrevera no grimoire. 

O pé do Clovis cruzou a linha. Adam gritou algo em hekatiano que não entendi, o que estava bem 

por que eu estava tentando lembrar da minha parte. Os olhos de Clovis se arregalaram quando 

um flash de luz vermelha saiu do círculo. Lavínia caiu para trás jogada quando fez contato contra 

a bolha criada pela barreira protetora. 

- Agora! – Adam gritou fazendo meu estômago se retorcer. 

- Idimmu Alka! – Gritei quase por instinto. Com minha mão direita desenhei um símbolo simples 

no ar. 

Uma explosão de fumaça verde veneno anunciou a chegada do Giguhl. Ele usava uma jaqueta 

esfumaçada e segurava um copo cheio com um líquido roxo neon em sua garra. Ele estava 

balançando quando parou e olhou ao redor, piscando repetidamente. Quando ele me viu, parou e 

76 Berserkers (ou Berserk) eram guerreiros nórdicos ferozes que haviam jurado fidelidade ao deus viking Odin. Eles entravam em 

fúria assassina antes de qualquer batalha. 



se endireitou. Fiz uma prece de agradecimento para Lilith por ele ter retornado a sua forma 

demoníaca. 

- Sabina? O que... 

Apontei com minha mão ensangüentada para Clovis, que estava imóvel pelo choque a menos de 

dois metros de distância. Giguhl arrastou seus olhos de mim e os guiou na direção de demônio de 

sangue misturado. 

- Pegue ele! – Eu gritei. 

Um sorriso maligno apareceu em seus lábios e ele jogou o copo para o lado. Então ele bateu 

suas garras juntas e as esfregou em antecipação. 

- Hora de brincar! 

Ele voou na direção de Clovis e passou suas garras ao redor do pescoço do demônio antes que 

Clovis pudesse até mesmo gritar. Um gorgolejar doentio escapou da garganta dele enquanto 

Giguhl o sacudia como se fosse um cachorro. 

- Giguhl hora de ir! – Eu gritei. 

Ele assentiu e passou seus braços ao redor de Clovis, que arranhava e lutava contra Giguhl. Ele 

não era páreo para o sangue puro de Giguhl. 

- Pronto! – Giguhl gritou. 

Levantei minhas mãos e desenhei outro símbolo no ar. 

- Idimmu Barra! Edin Na Zu! 

Energia saiu do meu diagrama para viajar através dos meus dedos. Fumaça vermelha se formou 

ao redor dos demônios. Com um estouro eles desapareceram, não deixando nada para trás alem 

do cheiro acido de enxofre. 

Um estava fora. Pena que ele era o mais fácil. 



Capítulo Trinta 

Adam correu na minha direção e me puxou para um forte abraço. 

- Você conseguiu. 

Sobre seu ombro, olhei para o circulo vazio que formei com meu sangue. Os olhos de Lavínia se 

arregalaram quando ela olhou do lugar onde o demônio havia aparecido para mim. 

- Você o deixou ir! – Ela gritou. Ela se jogou para frente pronta para atacar. – Você traiu a sua 

família por ser convivente com nossos inimigos e usar a mágica proibida, e agora você deixou 

Clovis escapar. Eu amaldiçôo o dia em que você nasceu. 

- Ele não escapou – eu falei, surpresa pela minha voz soar calma. Eu certamente não me sentia 

desse jeito. – O mandei para Irkalla. Giguhl e seus amigos o manterão ocupado por algum tempo. 

Não era isso o que você queria? Que ele estivesse fora do seu caminho enquanto você 

começava uma guerra? 

Os olhos dela se estreitaram. 

- Sua vadia ingrata. 

A mão de Adam apertou meu ombro. Ou era um aviso para que eu ficasse calma, ou um sinal de 

suporte, eu não sei. O empurrei para longe. Era hora de resolver isso com minha avó. 

- Ingrata? Eu devia lhe agradecer por mentir para mim minha vida inteira? Por me tratar como 

uma cidadã de segunda classe? Por me culpar pelos pecados dos meus pais? – Eu parei e dei 

um passo mecânico na direção dela. – Ou talvez eu deva agradecer por você ter escondido o fato 

de eu ter uma irmã. 

Lentamente, com grande deliberação ela caminhou na frente de Adam e eu. Ela era como um 

tigre perseguindo uma caça. 

- Você sabia que eu queria te matar quando você nasceu? Mas Persephone e Tanith acharam 

que você seria útil algum dia. – Seus olhos pretos de malicia encontraram os meus. – Meu grande 

arrependimento é que dei ouvidos a elas. 

Dor visceral cortou através de mim enquanto eu absorvia o veneno das palavras dela. A mão de 

Adam encontrou a minha, e me afundei na força que ele oferecia. 

- E meu único arrependimento é que levou tanto tempo para eu entender o quão má você é. Que 

desperdicei tantos anos tendo lavagens cerebrais. – Parei quando ela riu. – Bem, não mais. Meus 

olhos estão abertos agora e pretendo fazer você pagar, você e as Dominaes. Todas vocês vão 

cair. 

Ela riu um chocalhar maligno cheio de ódio. 



- Um discurso tão forte vindo de uma garota tão fraca. Com certeza você não acha que vai 

sair desse lugar com vida. 

- Ela vai – Adam falou rapidamente. – E eu também. 

Ela riu novamente, dessa vez com um toque de histeria. 

- Que tocante – ela falou olhando para mim. – Acho que não deveria me surpreender por você ter 

seguido os passos da sua mãe. Espero que você não tenha ficado muito afeiçoada por ele, por 

que ele vai morrer exatamente como o seu pai. Só que dessa vez, eu mesma farei o trabalho. 

Não me incomodei em corrigir as suposições dela sobre Adam e eu, mas senti ele petrificar. O 

cutuquei para que ficasse calado. Se eu pudesse deixá-la com raiva o suficiente, ela poderia 

cometer um erro. 

- Na verdade, eu gostaria que você não o fizesse – falei casualmente. – É que já estou 

carregando o filho dele. – Vendo a raiva se elevando nos olhos dela, olhei para Adam, implorando 

para que ele interpretasse comigo. 

Ele colocou um braço ao redor dos meus ombros e falou. 

- Parabéns, bisavó. 

Ela atacou antes que eu visse que isso iria acontecer. Suas mãos se curvaram como garras, que 

foram direto para minha garganta. Caí para trás com a força do peso dela. Enquanto ela atingia 

meu corpo com golpes, Adam lutava para tirá-la de cima de mim. Mas ela tinha a força da raiva 

que a estimulava. Os olhos dela estavam tão dilatados que pareciam poços negros. Finalmente 

consegui mover meu quadril ao mesmo tempo em que Adam a empurrou para longe. Ela voou 

para trás gritando. Um chaveiro caiu da cintura dela quando ela caiu. Agarrei as chaves e as 

joguei para Adam, rezando para que uma pudesse libertar seus pulsos das algemas que 

amorteciam sua mágica. 

Meu rosto doía como se alguém tivesse usado um batedor de carne nele, mas agora eu estava 

furiosa. Levantei e fui atrás dela enquanto uma vida inteira de ressentimentos e raiva ferviam até 

a superfície. Colidimos como dois trens de carga. Agarrei um punhado do cabelo dela e levantei 

meu joelho. O nariz dela se chocou contra a rótula do meu joelho com um som de ossos 

quebrando. 

- Isso foi pelo David! 

Ela apenas pausou a mão para limpar o filete de sangue nos lábios. 

- Sua vadiazinha ingrata. – O punho dela socou meu plexo solar. O ar saiu dos meus pulmões 

com um assobio. 

Dei um soco nela gostando da visão do sangue que escapou de seus lábios. Estimulada por 

minha raiva dei uma série de socos no meio do corpo dela. Ela resmungava a cada golpe, mas 



não caía. Quando ela veio até mim com um chute lateral, segurei o tornozelo dela e a 

empurrei. Ela voltou para trás e caiu agachada. 

Caí para trás em minha postura de combate, tentando recuperar o fôlego. Tentando imaginar a 

melhor maneira de matá-la. Tentando não pensar em como eu costumava idolatrá-la. 

Lavínia praticamente voou no ar dessa vez. Esperando que ela atacasse por baixo, mudei meu 

peso balançando nos calcanhares. Mas ela me surpreendeu levantando sua mão direita no alto. 

Vi a estaca um momento antes de ela me acertar. A madeira de macieira se chocou contra o osso 

do meu peito. A força do impacto me derrubou. Enquanto eu caía em uma pilha de caixas como 

uma boneca de pano, escutei Adam gritar. 

- Sabina! – Ele soava distante. 

A dor anestesiou meu cérebro, me deixando lenta. Minhas mãos e pés estavam frios, mas o 

ferimento em meu peito era puro calor. Algo fez cócegas na borda do meu cérebro. Algo que eu 

havia esquecido, mas estava muito confusa para entender. Em um algum nível, eu estava 

consciente dos gritos e sons de punhos batendo contra carne. Alguma coisa clara iluminou a 

distaância seguido pelo grito de uma fêmea. O som do sangue sendo bombeado em meus 

ouvidos me distraiu. Meu peito latejava e estava quente, mas nenhum outro calor apareceu. 

Nenhum fogo para sugar minha alma. 

Parte por parte, minha mente espantou o choque. Os sons da luta se tornaram mais distintos. Eu 

podia sentir o cheiro do meu próprio sangue. A sensação retornou para minhas mãos. Meus olhos 

se focaram na estaca que se salientava em meu peito. Levantei minhas mãos e agarrei o cabo de 

madeira. Minhas mãos estavam fracas e a estaca estava escorregadia com o sangue, mas a 

puxei (pouco a pouco) para fora do meu peito. A dor era pior agora que ela saiu do que quando 

entrou, mas era uma benção. Isso significava que eu estava viva. 

A maldição de Adam soou distante, assim como o barulho que o seguiu. Eu precisava me mover. 

Usando minhas mãos para levantar meu corpo das caixas, consegui me levantar. Agora que a 

estaca havia saído, meu corpo estava trabalhando rapidamente para reparar a ferida. Me senti 

tonta e tive que me curvar com meus braços descansando nos joelhos. Quando passou, levantei 

para observar o cenário. 

Se fosse possível o armazém parecia pior do que estava antes. Marcas de fogo enegreciam as 

paredes, e restos da batalha enchiam a área. No centro disso tudo, Adam e Lavínia lutavam. Eu 

nunca vi minha avó tão abatida. Ela tinha um corte na testa, e seu cabelo se levantou com pontas 

estranhas, como se ela tivesse colocado o dedo em uma tomada de luz. 

Adam não parecia muito melhor. Ele tinha marcas de arranhões nas bochechas, e havia perdido 

uma das mangas, que revelava cortes em seu braço. A boa noticia era que aparentemente uma 

das chaves havia funcionado e ele era capaz de usar sua magia. Mas ele estava praticamente 

balançando de exaustão, mesmo quando ele levantou o braço para enviar outro feitiço. Um fraco 

flash de energia ziguezagueou através do espaço e errou a cabeça da Lavínia por poucos 

centímetros. 

Ela riu e seguiu na direção dele, seus lábio puxados revelando as presas. 



- Pare! – Eu gritei sem pensar. 

Minha avó parou a alguns metros de Adam. A boca dela se abriu enquanto ela olhava. Adam 

virou sua cabeça lentamente e sorriu. Ele não parecia mais surpreso do que aliviado. Afinal de 

contas fora ele quem mandara o Giguhl para testar minha imunidade a planta proibida. Como ele 

pensara em me testar (e por que) eram perguntas para outra hora. 

- Já era hora de você se juntar a nós. – Sua voz tremeu, e tenho que confessar que eu também 

me sentia um pouco instável. Nossos olhos se encontraram por um momento, um olhar intenso 

repartido entre dois seres inconfortáveis com emoções fortes. 

- Lilith me proteja. – O sussurro de Lavínia chamou a atenção de Adam. 

Apesar da repentina urgência de cair no choro, consegui bufar. 

- Eu tento. 

A voz estremecida de Lavínia saiu em um pequeno soluço. 

- Por que você não está morta e queimando? Eu me certifiquei de que a estaca atravessasse o 

seu coração. 

Dei um passo experimental na direção dela ainda não confiando inteiramente em minhas forças. 

O movimento fez minha avó dar um passo para trás. Coloquei a mão sobre o ferimento que se 

curava em meu coração. 

- Oh, mas você o acertou em cheio. 

- Então como? 

- Aparentemente herdei mais que mágica da família do meu pai. – Quando ela ainda parecia 

perplexa eu falei. – O fruto proibido não tem efeitos sobre mim. 

A boca dela se abriu, e por um momento a revelação de minha habilidade a chocou. Finalmente 

ela se recuperou e falou. 

- Você é uma abominação! 


- Acho que sou. – Olhei para Adam, que piscou para mim. Tive que lutar para ficar séria. Apesar 

da queimação em meu estômago e da fraqueza por causa dos ferimentos, era uma boa sensação 

ter as cartas mais altas que a minha avó uma vez na vida. 

- O que devemos fazer com a vovó agora? – Um sub tom frio como aço na voz de Adam 

contradizia o tom casual de suas palavras. 



O queixo de Lavínia se ergueu. 

- Não tenho medo da morte. 

- Oh, nós não vamos te matar – eu falei. 

- Não vamos? – Adam falou. 

A expressão da minha avó se transformou em zombaria. 

- Que bela assassina você é. Você sempre foi fraca. 

Caminhei para frente e a encarei. 

- Por mais que eu te odeie agora, está requerendo muita força para não te matar. 

- Fale comigo Red. – Adam soou preocupado. 

- Nós não vamos matá-la. Ela não merece uma saída fácil. – Eu nunca tirei meus olhos dos dela 

enquanto eu falava. – Não, nós vamos deixá-la viver, para que ela possa me ver eu destruir tudo 

aquilo que ela considera sagrado. 

- Que história é essa? – Ela riu, mas o canto do olho dela tremeu. 

Falei lentamente para que ela não perdesse nenhuma palavra. 

- Não vou descansar até que você esteja sozinha, sem poder, e caçada por aqueles que você 

governava. 

- Vou encontrar você – ela falou. Os lhos delas queimando os meus. – E quando eu te encontrar, 

você vai se arrepender de ter nascido. 

- Já desperdicei tempo demais da minha vida fazendo isso por sua causa – eu falei. – Ao invés 

disso acho que vou devolver o favor. 

Antes que ela pudesse responder, Adam invocou algo em Hekatiano. Um clarão de luz amarelo 

envolveu Lavínia. Em uma explosão de fumaça ela desapareceu. 

Virei-me para ele. 

- Hei! 

- Sinto muito, só achei que você iria gostar de ter a última palavra. 

Olhei para o local onde ela estivera parada, decidindo que ele estava certo. 

- Para onde você a mandou? 



- Sibéria. Adorável nessa época do ano. Um pouco remoto, sinto informar. Pode levar 

algumas semanas para que ela encontre uma cidade e até mesmo mais para conseguir um 

transporte para voltar para os Estados Unidos. 

Meus lábios se curvaram. Eu não me sentia com vontade de rir, mas a imagem da minha avó de 

meio milênio de vida lutando contra a neve era de alguma maneira engraçada. 

- Você é doente sabia? 

- O que posso dizer? Achei que uma vadia de coração frio como ela se sentiria em casa na 

tundra. 

Olhei ao redor no armazém. Vinho derramado, que se espalhava como poças de sangue ao redor 

das cinzas dos mortos, manchava o concreto. Um estremecimento passou pelo meu corpo 

quando percebi que a batalha de hoje a noite era somente um prelúdio da grande guerra que 

estava por vir. 

- Então o que agora? - Adam perguntou. Sua voz havia perdido o traço de humor enquanto ele 

também observava o resultado da violência. 

- Vamos dar o fora daqui. 

Adam se abaixou sobre o corpo quebrado de Vinca. Na morte, sua garganta havia se curado e 

seu corpo adquirido uma incandescência. Ela parecia como uma estátua de cera ao invés de um 

corpo morto. Adam a ergueu, a segurando contra ele. 

- Vamos encontrar a família dela – ele falou. – Eles irão querer enterrá-la em um local sagrado. 

Apertei meus dentes contra a dor que ameaçava voltar em forma de raiva e lágrimas, e o segui 

para fora do armazém. Juntos, marchamos pelas agora escurecidas vinhas cheias dos corpos 

dos trabalhadores do vinhedo. Frank e seus homens andaram obviamente ocupados. 

Quando chegamos na van, Adam gentilmente deitou o corpo da Vinca em um dos bancos na 

parte traseira. Ele fechou as portas detrás do carro fúnebre improvisado. O rosto dele estava 

triste, mas os olhos dele contavam a verdade. Através deles pude ver que sua alma havia 

envelhecido. 

Ele pegou o celular da mochila que ele havia pego antes de fechar as portas. Depois de 

pressionar alguns botões, ele levantou o celular até o ouvido. Sem uma palavra, o observei falar 

com alguém no conselho Hekate. Sua voz ficou embargada quando descreveu a cena do 

laboratório, onde os corpos de seus camaradas jaziam. Caminhei alguns metros para dar a ele 

alguma privacidade. 

Olhei para o céu noturno. As mesmas estrelas brilhavam nas constelações. A mesma lua estava 

baixa no céu. Ainda assim nada era mais o mesmo. Nada nunca mais seria o mesmo. 

Atrás de mim Adam desligou o telefone. 



- Eles irão mandar um time para recuperar os corpos. Eu provavelmente terei que ficar 

para ajudar. – Quando me virei para olhar para ele novamente, não soube o que dizer. Eu sabia 

que deveria me oferecer para ficar e ajudar, mas eu sabia que não poderia voltar lá para dentro. 

Adam deve ter lido meus pensamentos. – Você consegue levar Vinca para a família dela 

sozinha? 

Eu parei rapidamente repleta de duvidas. Entregar o corpo de Vinca para a família iria me fazer 

em pedaços, mas eu sabia que deveria fazer isso eu mesma. Entretanto outra coisa me 

incomodava. Adam parecia muito rápido com a oferta para eu partir. 

- Você vai ficar bem sozinho? – Eu perguntei. Antes das palavras saírem da minha boca, senti 

uma mudança no ar. A cerca de uns três metros de distância uma figura se materializou. O 

macho logo foi acompanhado por outros, que também apareceram no ar. 

Adam sorriu para mim. 

- Quando falei que eles estariam enviando um time, não quis dizer que era de carro. 

- Oh – eu falei observando ainda mais magos aparecerem. Logo cerca de vinte nos cercavam. 

Um macho, obviamente o líder do grupo veio até nós e apertou a mão de Adam. 

- Lazarus – ele falou. – Já estava na hora de você ligar. 

- Conselheiro Orpheus, sinto muito... As coisas... Se complicaram. 

- Elas sempre se complicam com você. – Orpheus respondeu. Ele olhou para mim com um olhar 

curioso, mas distante, mas então olhou novamente. – Impossível. – Ele respirou olhando para 

mim como se estivesse vendo um fantasma. Os outros magos também haviam parado, olhando 

para mim com uma mistura de curiosidade e choque. 

- Senhor, me permita introduzir Sabina Kane, filha de Trista Gracus. 

Fiquei mudando de lugar. 

- Olá. 

- Você a encontrou? – Orpheus falou para Adam, como se eu não estivesse parada lá, e ele 

continuasse a me encarar. – Nós sabíamos que elas eram gêmeas, mas não que eram idênticas. 

Maisie vai ficar estática. 

Limpei minha garganta e olhei para Adam. 

- Há cerca de cinqüenta magos que precisam ser colocados para descansar lá dentro. Talvez 

devêssemos esperar para discutir o assunto da irmã perdida com mais tempo. 

O homem balançou a cabeça como que para clareá-la. 

- Claro, sinto muito, eu só não esperava encontrar a escol... 



Adam limpou a garganta e interrompeu. 

- Sabina é melhor você partir se quer chegar antes do sol nascer. 

Olhei para o Orpheus curiosa por um momento, me perguntando o que eles estaria prestes a 

falar. Percebendo que provavelmente eu não iria querer saber, me virei para Adam. 

- Ela me falou que morava em uma floresta de sequóias próxima a Crescente City. Ligo para você 

quando chegar lá para te avisar sobre as preparações. 

Ele assentiu seriamente. Orpheus depois de mais um olhar cuidadoso para mim, se afastou para 

gritar ordens para os outros magos. 

- Por favor, ligue – Adam falou. – Gostaria de estar no funeral. 

Eu assenti e remexi na terra com a ponta da minha bota. De repente me dei conta de que depois 

de tudo o que passamos aquela noite, parecia estranho nos separarmos tão casualmente. Mas 

com tantos magos caminhando ao redor, não parecia certo ficar toda emocional. Além do mais, 

eu não podia ter certeza do que Adam estava pensando. Ele provavelmente iria querer voltar para 

Nova York, e eu teria que descobrir o que diabos fazer. 

- Sabina. – Ele falou interrompendo meus pensamentos. Olhei para ele e nossos olhos se 

encontraram. Emoções não faladas passaram por nós. Tristeza, arrependimentos, ansiedade, 

saudade. Não sei quem se moveu primeiro, mas logo me encontrei em um abraço apertado. Esse 

não foi como o abraço que começou a desaconselhada seção de namoro no carro. Não, esse era 

um abraço que dois guerreiros compartilhavam depois da batalha, também como um dos dois 

amigos chorava pela perda de um camarada. – Tenha cuidado – ele sussurrou seus lábios perto 

da minha orelha. 

Fechei meus olhos apertados contra a ardência das lágrimas. Eu sabia que se deixasse uma 

escapar, a represa ruiria e logo eu seria uma poça de lágrimas. Ao invés eu funguei e me afastei. 

- Você também tome cuidado. 

- Lazarus! – A voz de Orpheus foi uma interrupção abençoada. Adam olhou por sobre o ombro. 

- Estou indo – ele gritou. Ele voltou a olhar para mim, suas mãos ainda sobre meus ombros. – 

Ligue para mim. 

Eu assenti não confiando em minha voz. Com um último abraço, Adam se afastou. O observei por 

um momento. Seus ombros erguidos, como se ele tivesse mudado para o modo de negócios. 

Quando ele e os outros magos desapareceram através da cerca para o terrível trabalho que 

teriam, voltei para a van pronta para fazer o meu. 

As chaves estavam na ignição. Liguei o motor e ajustei o retrovisor e o banco. Quando não pude 

mais adiar, me virei e olhei para Vinca. Adam havia coberto ela com um cobertor que ele 

encontrara no porta malas. 



- Vamos levar você para casa – eu falei. 

Somente quando dirigi para fora da vista do vinhedo, permiti que as lágrimas caíssem. 



Capítulo Trinta e Um 

Quando cheguei na floresta, a família da Vinca estava esperando por mim. Saí da van pronta 

para falar o discurso que pratiquei durante as seis horas de viajem de Napa até Crescente City, 

que fica cerca de trinta milhas da fronteira de Oregon. Eu estava tão preocupada em falar as 

palavras certas, que não me ocorreu achar estranho que algumas dezenas de ninfas estavam 

paradas na clareira próxima ao estacionamento do parque. 

- Olha – eu comecei. – Você não me conhece, mas... 

Uma mulher aparentando estar próxima aos trinta anos veio em minha direção, me 

interrompendo. Sua postura era sóbria apesar de seus olhos vermelhos. 

- Onde ela está? 

Chocada pela maneira como a mulher me recebera respondi automaticamente. 

- Na parte de trás da van. 

A mulher assentiu e sinalizou para que os machos do grupo. Todos os seis se moveram como se 

fossem apenas um. Enquanto eu os observava, eles rapidamente abriram a porta e removeram 

Vinca da van. Eles a carregaram através das agora chorosas fêmeas, e desapareceram na 

floresta. Virei-me para a fêmea líder, minha boca se abrindo. 

- Obrigada por trazê-la para casa – ela falou. – Sou Astrid. A mãe da Vinca. 

Ela me ofereceu a mão e eu encantada a apertei gentilmente. 

- Sou Sabina. Vinca era minha amiga. 

A mulher mexeu a cabeça e olhou para mim. Seus olhos verde musgo procuraram algo nos meus 

por um momento. Ela abriu a boca, sem duvida para perguntar um grande número de coisas. Mas 

ela pensou melhor e fechou seus lábios em forma de arco de cupido. 

- Para onde a estão levando? – Eu perguntei. 

- Vão prepará-la para os rituais. Venha, uma de minhas filhas irá lhe mostrar seu quarto. 

Eu queria fazer mais perguntas. Como ela sabia que deveria me esperar? Ela sabia como Vinca 

havia morrido? Essas e outras milhares de perguntas flutuavam pela minha cabeça como 

borboletas. Mas eu estava cansada até os ossos. O sol havia nascido a um par de horas atrás e 

eu estava quase morta de exaustão. Eu podia somente agüentar a luz do sol em pequenas 

doses, e os raios do sol estavam pesando sobre mim. Haveria tempo para discutir os “comos” e 

“por quês” depois. 

Eu assenti e segui uma jovem ninfa que seguiu em frente para me mostras a casa. Ela fungava 

enquanto me guiava por um caminho de terra batida. O cheiro da floresta nos cercava, folhas e 



orvalho combinados com o forte cheiro de coisas verdes. Os outros seguiam lentamente, 

seus sussurros eram tão baixos que não pude entender suas palavras. 

Logo uma casa apareceu mais à frente. Diferente da cabana modesta de Briallen em Muir Woods, 

esse lugar subia a dois andares e perdi a conta de janelas que brilhavam na luz da alvorada que 

se filtravam através das árvores. A estrutura em si parecia um cogumelo gigante, com telhados 

curvos e paredes de estuque. 

Meu quarto ficava no segundo andar sobre beirais baixos. Uma cama simples com uma colcha 

branca e verde ficava sob uma janela, e do teto rebaixado. A garota não falou muito enquanto ela 

cobria a janela com um cobertor. Ela abriu uma porta para me mostrar o banheiro e onde 

encontrar toalhas limpas. 

- Minha mãe falou para avisá-la que os ritos irão acontecer amanhã a noite ao por do sol. 

Enquanto isso você deve descansar. Se precisar de algo, meu quarto é do outro lado do corredor. 

Agradeci e ela se foi. Caí na cama, me perguntando se havia entrando em algum conto de fadas 

bizarro. Alguns minutos depois meus músculos relaxaram me levando para um quase sono. 

Passei uma mão sobre o rosto e sentei. Precisava ligar para Adam antes de desmaiar. 

Ele atendeu no terceiro toque. A voz dele soava tão cansada quanto eu me sentia. 

- Lazarus. 

- Adam, é a Sabina. Estou aqui. 

- Está tudo bem? Como eles receberam a notícia? 

- Essa é a parte estranha – eu falei. – Eles pareciam estar me esperando. Como se já soubessem 

de tudo. 

- Isso não me surpreenderia. Ninfas possuem uma intuição extremamente desenvolvida, 

especialmente com a família. 

Pensei com um sorriso triste sobre as tentativas da Vinca de profetizar. 

- Deve ser isso – eu falei. – De qualquer forma, estou aqui. Eles já parecem ter os preparativos do 

funeral em andamento. Astrid, a mãe de Vinca falou que os rituais irão ocorrer amanhã a noite. 

- Estarei aí amanhã pela manhã. 

- Como estão as coisas aí? 

Ele suspirou carregando as palavras. 

- Tão bem quanto podíamos esperar diante das circunstâncias. As famílias dos mortos foram 

notificadas. 



- Sinto muito por terem perdido tantos – eu falei. 

- Só estou agradecido por podermos enterrá-los com os rituais apropriados. Eu te devo isso. 

Me encolhi diante do agradecimento dele. 

- Se não fosse por mim, você teria sido capaz de salvá-los. 

- Pare com isso – ele falou. – Você é a razão por temos encontrado eles, para começo de 

conversa. – Escutei uma voz abafada do outro lado como se alguém tivesse interrompido Adam. 

Ele falou para a pessoa que estaria lá em um minuto e voltou para a linha. – Escute, tenho que ir 

me encontrar com o conselho. Estarei aí amanhã pela manhã, então poderemos conversar mais 

sobre isso. Combinado? 

Eu sorri. 

- Combinado. – Depois que desligamos, consegui tirar minhas botas antes de me enfiar embaixo 

dos cobertores. Não escutei nenhum som na casa enquanto deslizava para um abençoado sono 

sem pesadelos. 

Ao por do sol da noite seguinte, Adam e eu seguimos a procissão da casa até uma pequena 

clareira cercada por imponentes sequóias. Os seis irmãos da Vinca carregaram o corpo dela em 

uma maca feita com galhos de salgueiros entrelaçados com guirlandas de flores secas e ervas. 

Eles a vestiram em uma túnica lavanda, e colocaram uma coroa de urzes roxas secas na cabeça 

dela. 

Quando chegamos ao local, formamos um circulo. Eu nunca estivera em um funeral, muito menos 

o de uma fada, então fiquei para trás. Adam ficou ao meu lado, como uma presença 

reconfortante. 

Observamos enquanto os irmãos cavavam um buraco no chão na base da árvore mais alta. As 

fêmeas entoavam canções em uma língua que eu não conhecia. O som de suas vozes altas e 

doces causava arrepios através do meu corpo. 

Quando o corpo fora coberto, eles se afastaram oferecendo a Adam e eu a chance de prestarmos 

nossas homenagens. Adam se moveu primeiro, se ajoelhando ao lado do pequeno monte. Eu 

olhei para longe, não querendo me intrometer naquele momento privado. Quando ele se levantou, 

olhei para ele e vi lágrimas molhando suas bochechas. Ele se moveu para o outro lado, 

sinalizando para que eu seguisse em frente. 

Aquele era o momento que vinha temendo à dois dias. Como alguém diz adeus para um amigo? 

Eu nunca conhecera alguém que morrera sob meus cuidados. Bem, não alguém com o qual eu 

me importava. E que não acabei matando. Até agora, a morte era um negócio não uma 

experiência de mudança de vida. Nunca uma perda me ferira tão profundamente. Eu estava 

preocupada se poderia sangrar por causa da dor. 

Segui lentamente, meus olhos focados no pequeno monte. Me senti desconectada de meu corpo 

enquanto me ajoelhava. Minhas mãos tocaram o solo frio, como se precisassem disso para se 



certificar de que tudo realmente estava acontecendo. Eu não conseguia falar por causa do 

nó de arrependimento em minha garganta. Sussurrei as palavras em minha cabeça. Palavras 

particulares de dor e desculpas, de arrependimento e saudade, de adeus e amizade. 

Quando terminei Adam me ajudou a levantar. Astrid se aproximou, seu rosto era uma máscara de 

dor e resolução. 

- Agora vamos executar os rituais sagrados. – Ela não falou, mas entendemos que era hora de 

partirmos. Obviamente as fadas precisavam de um tempo para chorar pela perda em privacidade, 

sem a intromissão de pessoas de fora. 

Era como se toda a floresta estivesse sofrendo. Enquanto Adam e eu caminhávamos juntos do 

local do enterro, me maravilhei com a completa falta de sons. Nenhum pássaro cantava, nenhum 

inseto zumbia, nenhum grilo se movia entre os arbustos. Os únicos sons eram os choros da 

família de Vinca e o ritmo da batida dos tambores do funeral. 

Não falamos enquanto caminhávamos pela floresta. A mão do Adam encontrou a minha enquanto 

vagávamos em direção de uma pequena ponte de madeira que atravessava um largo riacho. 

Juntos caminhamos até a balaustrada e nos recostamos contra a madeira áspera, escutando o 

murmúrio da água. 

Adam falou primeiro, sua voz estava tão baixa que quase não escutei. 

- Eles ficaram lá a noite toda, cuidando dela. 

Eu engoli e concordei, observando uma folha dançando na superfície da água. 

- A culpa não é sua – ele falou. 

Uma lágrima forjou uma trilha pela minha bochecha caindo em minha mão. 

- Eu deveria tê-lo matado na primeira noite. Então ela não teria sido arrastada para dentro disso. 

Adam segurou meus ombros e me virou para encará-lo. Com uma mão ele levantou meu queixo 

para que eu olhasse nos olhos dele. Seu rosto tremeluzia atrás das lágrimas que se formavam 

em meus olhos. 

- Ela era uma garota crescida. Ela sabia dos perigos. 

- Mas... 

Adam colocou um dedo sobre meus lábios. 

- Não. Se culpar não vai trazê-la de volta. Não vai mudar nada. 

Sequei minhas bochechas com as costas das mãos, e deixei escapar um suspiro. 

- Você está certo. É que eu odeio isso. 



- Eu também. Mas a dura verdade é que muitos mais irão morrer. 

Assustada olhei para ele. 


- O conselho irá declarar guerra contra as Dominaes. 

Meu estômago se contraiu. 

- Quando? 

- Logo. 

- Mas isso é exatamente o que as Dominaes querem. 

Ele suspirou e segurou o corrimão de madeira com força. 

- Eu sei. Acredite em mim, tentei convencê-los a desistirem disso. Mas o conselho Hekate não 

pode deixar as ações delas sem punições. 

- Vai ser o Armagedom. – Um sentimento doentio de inevitabilidade subiu em meu estômago. 

- Talvez não – ele falou. – Deve haver uma maneira de evitar isso. 

- Como? Espere você não está falando da profecia novamente não é? Sério Adam. 

- Olhe há coisas que não falei para você. Coisas que ainda não posso te contar – ele passou a 

mão pelos cabelos. – Você poderia apenas voltar comigo para Nova York? 

Sua rápida mudança de assunto me fez parar. 

- Isso é sobre encontrar a minha irmã, ou sobre a profecia? 

- Ambos. Escute você não pode ficar na Califórnia. As Dominaes irão te caçar. E as chances de te 

encontraram se você estiver sozinha são boas. E quando a guerra começar você definitivamente 

não estará a salvo. A sua única esperança é se aliar ao conselho Hekate. 

- Eu não sei Adam. Nem todos os vampiros são maus por que as Dominaes são. Posso conseguir 

cobrar alguns favores. 

- Sim, mas quando a guerra começar você sabe que as Dominaes irão declarar lei marcial em 

todas as comunidades vampiricas. Ninguém vai te oferecer proteção. 

Eu não gostava da idéia de escolher um lado por falta de opções. 

- Talvez eu fique aqui com a família de Vinca. 




- E colocá-los em perigo? Sabina seja realista. Além do mais a corte Seelie irá se juntar ao 

conselho Hekate. Nós sempre fomos aliados. 

- Parece que não tenho muita escolha, não é? – Dei as costas para ele, me sentindo presa. 

Ele suspirou atrás de mim, um longo suspiro cheio de frustração. 

- Eu sei que você não gosta disso. E acredite em mim, você já é um herói para eles por ter 

ajudado a encontrar os magos no vinhedo. A sua irmã está morrendo para te encontrar – ele 

parou. – E se isso não for o suficiente, que maneira melhor de punir a sua avó do que se aliando 

aos inimigos dela? 

Eu parei e virei. 

- Eu não havia pensando desse jeito. – Lentamente um sorriso se espelhou por meus lábios pelo 

pensamento da reação de Lavínia quando ela descobrir. Quando ela voltar a Los Angeles de sua 

expedição ao Ártico. – Tudo bem, eu vou com você. – Ele sorriu e começou a falar alguma coisa, 

mas levantei uma mão. – Mas eu tenho condições. Primeiro, sou uma agente independente. Não 

vou receber ordens do conselho Hekate ou de ninguém mais. 

- Mas... 

- Segundo – eu falei ignorando o protesto dele. – Nada mais de segredos. Se vou fazer isso, não 

vou querer surpresas aparecendo de todos os lados, ou coisas que você „esqueceu‟ de 

mencionar sobre essa coisa de profecia. 

- Tudo bem – ele falou lentamente. – Mais alguma coisa? 

Pensei por cerca de um minuto. 

- Sim, que você me treine. Eu não quero chegar lá e ser entregue a algum professor que vai bater 

em meus dedos toda vez que eu estragar um feitiço. 

Um sorriso torto apareceu nos lábios dele. 

- Vou ver o que posso fazer. Isso é tudo? 

- Não – eu falei me sentindo melhor. – Eu também quero o Giguhl comigo, se ele concordar. 

Todos os magos precisam de familiares certo? 

- Ah, isso pode ser um problema – Adam falou. – Magos e demônios não são exatamente aliados 

naturais. 

- Então – eu falei. – Se o conselho Hekate não gostar disso, podem encontrar outra pessoa. 



Adam cruzou os braços e me olhou intensamente. 

- Você conduz uma dura barganha, Red. 

- Com certeza. 

- Está fechado – ele estendeu a mão. Desconfiada de sua rápida aceitação segurei a mão dele na 

minha. Sorri para ele, mas por dentro eu estava surtando. Se alguém tivesse me falado um mês 

antes que logo eu viraria minhas costas para a única família que conheci, para favorecer uma que 

eu pensava ter me evitado desde meu nascimento, eu teria rido e o socado na cara. Ainda assim, 

aqui estava eu em um aperto de mãos com um mago para selar essa barganha. É claro, eu 

também nunca pensei que seria amiga de uma ninfa, e em ter um assecla que é um gato 

demônio, ou me agarrar com um mago. Então talvez profecias não sejam o meu forte. 

- É melhor voltarmos – Adam falou. – O conselho Hekate quer que nos apresentemos o mais 

rápido possível. 

Puxei a mão dele para fazê-lo parar quando ele se virou para sair. 

- Espere um segundo. Eles estão nos esperando? 

Ele pareceu envergonhado. 

- Eu falei para eles que você havia concordado em ir. 

- Alguém é bem confiante em si mesmo. 

Ele parou e olhou para mim, com uma expressão séria. 

- Honestamente? Eu estava rezando para que você dissesse que sim. Se você tivesse dito não, 

eu não sei o que teria feito. 

Eu ri alto pela primeira vez em dias. 

- Então sorte sua que eu disse sim, hum? 

Ele riu. 

- Você esta pronta para encontrar com o seu destino, Sabina Kane? 

Pensando sobre isso eu olhei para cima. Uma coruja branca com brilhosos olhos vermelhos 

estava pousada em um galho próximo nos observando. Era a mesma que eu havia visto na noite 

que matei David. De acordo com Adam ela era uma das espiãs de Lilith. Ainda assim eu não 

estava convencida por toda aquela conversa de profecias e espionagem do submundo. No 

momento, entretanto a coruja era apenas uma lembrança de minha separação das Dominaes 

daquela noite. No minuto em que elas pediram que eu mata-se David, eu deveria ter me afastado. 

Ao invés, eu ignorei meus instintos em favor da minha lealdade equivocada. Aquele distorcido 

censo de honra havia me mantido cega enquanto as provas da traição de minha avó se 



amontoavam. Agora as vendas foram removidas, e devo isso a memória de David por ver 

essas coisas no amargo final. Mas mais que isso, eu devo isso a mim mesma. 

Respirei fundo e segurei a respiração antes de expirar ruidosamente. 

- Diabos não, eu não estou pronta – ele olhou para mim com uma expressão preocupada. – Mas 

vou fazer isso de qualquer maneira. 

A coruja piou e se elevou do galho, suas asas brancas como a neve se estenderam contra o céu 

noturno enquanto ela voava para o leste. 

FIM!!! 

Lembrando que a Série Sabina Kane continua no segundo livro Mage in Black com 

previsão de lançamento para 1º de Abril de 2010. 

PS: Esse livro foi traduzido de fãs para fãs sem fins lucrativos. A tradução desse livro foi feita a 

partir do original em inglês, portanto não é a tradução oficial e pode haver alterações quando (se) 

vier a sair o livro no Brasil. 

Traduções e Digitalizações 

Orkut - 

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65618057 

Blog – http://tradudigital.blogspot.com/ 

Fórum - http://tradudigital.forumeiros.com/portal.htm 

Twitter - http://twitter.com/tradu_digital 

Feito por: 

Nel Mews / Dany Welch 

Revisado por: 

Carla Ferreira

1 Jaye Wells – Sabina Kane Series - Red-Headed ... - CloudMe

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