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O estouro da boiada - Academia Brasileira de Letras

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A poesia <strong>de</strong><br />

“Os sertões”<br />

Guar<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Memória<br />

Guilherme <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong><br />

Peregrino <strong>de</strong> primeira romagem, com a natural timi<strong>de</strong>z do<br />

<strong>de</strong>voto novato, neste ano trigésimo sétimo <strong>da</strong> póstuma euclidiana,<br />

venho trazer o meu “ex-voto” singelo, mas convicto, a<br />

esta Meca espiritual.<br />

Humil<strong>de</strong> oferen<strong>da</strong>, a minha, que, por si e para mim, tem apenas<br />

um valor: ser breve e ser minha.<br />

Num dos mais propalados contos <strong>da</strong> propala<strong>da</strong> literatura francesa<br />

do século XIX, narra Anatole o caso insinuante <strong>de</strong> um inocente<br />

pelotiqueiro surpreendido, ante o altar <strong>da</strong> Virgem, a executar um<br />

jogo esperto, difícil e brilhante <strong>da</strong>s suas mais elásticas e preciosas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Era a sua maneira – to<strong>da</strong> sua e só sua – <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r à Senhora<br />

Puríssima o seu culto simplório, mas legítimo. E, doira<strong>da</strong> e azul,<br />

do seu nicho místico a Mãe Divina sorriu aos esgares prestímanos<br />

do “Jongleur <strong>de</strong> Notre Dame”...<br />

205<br />

Publicado no Diário <strong>de</strong><br />

S. Paulo. Texto cedido<br />

pela Casa Guilherme<br />

<strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> – Rua<br />

Macapá, 187 –<br />

Perdizes – CEP<br />

01251-080 – São<br />

Paulo – SP.<br />

Guilherme <strong>de</strong><br />

Almei<strong>da</strong><br />

(1890-1969), poeta,<br />

jornalista e crítico, é<br />

autor <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />

poesia, ensaios e<br />

crônicas, como Nós<br />

(1917), A <strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s<br />

horas (1919), Meu e<br />

Raça (1925), e<br />

tradutor <strong>de</strong><br />

Bau<strong>de</strong>laire e Verlaine.

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