Adobe Photoshop PDF - Sinduscon - DF
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Cenários<br />
\\Metas eM construção<br />
Revista do Sindicato da Indústria<br />
da Construção Civil do Distrito Federal<br />
Presidente<br />
Elson Ribeiro e Póvoa<br />
1º Vice-presidente<br />
Júlio Cesar Peres<br />
Vice-presidentes<br />
Amir Miguel de Souza, Dario de Souza Clementino,<br />
Dionyzio Antônio Martins Klavdianos, Fernando Márcio<br />
Mozzato Queiroz, Frederico Guelber Corrêa, Hélio Fausto de<br />
Souza Júnior, João Mathias de Souza Filho, Jorge Luiz Salomão,<br />
José Edmilson Barros de Oliveira Neto, Laércio Duarte<br />
de Azevedo, Luiz Afonso Delgado Assad, Paulo Roberto<br />
de Morais Muniz e Marcus Peçanha Nogueira<br />
Vice-presidente Administrativo-Financeiro<br />
Luiz Carlos Botelho Ferreira<br />
Comissão de Comunicação Social<br />
Luiz Afonso Delgado Assad<br />
Conselho Editorial<br />
Elson Ribeiro e Póvoa, Luiz Carlos Botelho Ferreira,<br />
Luiz Afonso Delgado Assad, Adalberto Cléber Valadão,<br />
Cássio Aurélio Branco Gonçalves e Leonel da Mata<br />
Jornalistas<br />
Lígia Reis<br />
(ligia.reis@sinduscondf.org.br)<br />
Kelly Oliveira<br />
(kelly@sinduscondf.org.br)<br />
Lais Guimarães<br />
(lais.guimaraes@sinduscondf.org.br)<br />
Fotografia<br />
Erivelton Viana<br />
Projeto Gráfico<br />
Comissão de Comunicação Social e<br />
Blossom Comunicação<br />
Edição de arte<br />
Christiane de Carvalho<br />
Publicidade<br />
Romene Almeida<br />
(ascom@sinduscondf.org.br)<br />
www.sinduscondf.org.br<br />
Os textos assinados são de responsabilidade dos autores<br />
e não refletem, necessariamente, a opinião da revista.<br />
É autorizada a reprodução total ou parcial,<br />
desde que citada a fonte.<br />
Tiragem desta edição<br />
10 mil exemplares<br />
<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong><br />
SIA trecho 02 - lote 1125 - 2º andar<br />
(61) 3234-8310<br />
SinduScon-dF<br />
O SOl VAI<br />
VOlTAR AmAnhã<br />
Outubro de 2008 entrará para a história como o mês em que<br />
o tsunami financeiro arrasou as bolsas de valores de todo o mundo. O<br />
epicentro do desastre: a crise norte-americana, que levou à falência instituições<br />
até então consideradas tradicionais e sólidas. Dentre os grupos<br />
que foram à bancarrota, a quebra do Lehman Brothers tirou o fôlego de<br />
todos, incluindo os especuladores mais ousados, que rapidinho partiram<br />
com suas reservas para outros cantos mais confiáveis – petróleo e ouro.<br />
Uma nuvem negra pairou sobre Nova Iorque e fechou o tempo a tal ponto<br />
que muitos compararam esse período com aquela histórica semana negra<br />
de 1929. O clima era – e ainda é – de suspeição.<br />
E se há um veneno mor tal contra o crescimento, ei-lo: desconfiança. Pois<br />
é preciso lembrar que o desenvolvimento se faz com sonhos, que viram<br />
planos, que se tornam programas, que se traduzem em ações políticas,<br />
que se consolidam em realizações. Por trás de tudo isso, a credibilidade<br />
é o botão que aciona o motor do crédito, algo que arrefeceu (até quando?)<br />
nestes dias em que todos colocaram as barbas de molho. Até o<br />
nosso setor, tradicionalmente movido a expectativas – de crescimento,<br />
melhoria da infra-estrutura, acesso à casa própria – adiou lançamentos<br />
imobiliários, como quem pára alguns segundos para não ter que tatear<br />
no escuro. Por aqui, o governo garante que não faltará dinheiro, mas<br />
muitos não sabem a quem ouvir tampouco por onde seguir.<br />
Aliás, em meio da fumaça baforada das bocas pessimistas, o Executivo<br />
tenta demonstrar autonomia, não se deixando influenciar pelo que ouve.<br />
Coisa do tipo “o governo deve cor tar gastos”, “o crescimento será pífio<br />
em 2009” e tantas outras opiniões-avaliações. “Eles estão errados”,<br />
disse o ministro Guido Mantega, para quem os analistas econômicos<br />
são negativistas demais. Há nisso também algo de complexo de terceiro<br />
mundo: agem como se o desenvolvimento fosse para todos menos para<br />
nós! Contudo, a questão agora será de opor tunidade – o que parecia<br />
desvantagem no passado poderá ser vantajosa de hoje em diante. Mais<br />
preparado está o mais for te, não o (aparentemente) mais rico.<br />
Esperamos que a próxima edição<br />
trate dos novos contornos factuais<br />
e cenários mais promissores.<br />
Boa leitura!<br />
Elson Ribeiro e Póvoa<br />
Presidente do <strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>
Cenários | Sumário | nov/dez 2008<br />
En t r E v i s ta<br />
Queiroz: <strong>DF</strong> carece de<br />
planejamento urbano<br />
Pá g. 8<br />
Fo c o<br />
mantega não porá<br />
“pé no freio”<br />
Pá g. 14<br />
ar t i g o<br />
CBCS: Brasil precisa ir<br />
além da certificação<br />
Pá g. 18<br />
in F o r m E<br />
lições da Toyota para<br />
a construção civil<br />
Pá g. 24<br />
cE n á r i o<br />
Planejar para não<br />
faltar materiais<br />
Pá g. 30
tE n d ê n c i a s<br />
As conseqüências<br />
locais da crise mundial<br />
Pá g. 32<br />
ar q u i t E t u r a<br />
Um luxo no<br />
banheiro público<br />
Pá g. 34<br />
mE i o am b i E n t E<br />
Sistemas fotovoltaicos<br />
de produção de energia<br />
Pá g. 36<br />
rE s P o n s a b i l i da d E so c i a l<br />
Pl propõe alfabetização<br />
para indústria<br />
Pá g. 38<br />
in d i c a d o r E s<br />
CUB varia 1,69% em<br />
setembro<br />
Pá g. *<br />
Cenários | Sumário | nov/dez 2008
Cenários | Entrevista | nov/dez 2008<br />
Visão<br />
EmprEsarial
pioneiro. É assim que se auto define o presidente do<br />
grupo Via Engenharia, Fernando Queiroz, por ter chegado em<br />
Brasília em 1971, época em que governo decidia se sua sede<br />
voltaria a ser o Rio de Janeiro. “Foi então que a capital foi, de<br />
forma drástica, firmada em 1976, ano em que o governo resolveu<br />
fazer algumas obras de porte para confirmar a opção<br />
por Brasília. Foi aí que surgiram o anexo (pronto-socorro) do<br />
Hospital de Base, o Centro de Convenções e algumas outras<br />
obras de grande porte, que acabaram por consolidar a Via Engenharia<br />
como construtora da cidade”, diz nesta entrevista à<br />
revista Cenários.<br />
Da década de 70 para 2008, Queiroz acompanhou muitas<br />
mudanças no Distrito Federal, como o crescimento desordenado.<br />
O empresário critica os condomínios irregulares e<br />
outras formas de ocupação sem planejamento.<br />
Para Queiroz, o Plano de Ordenamento Territorial (PDOT),<br />
com previsão de novos locais que podem ser construídos,<br />
será uma saída para o setor, que sempre agiu na legalidade<br />
mas enfrenta a falta de terrenos.<br />
Nesta entrevista, Queiroz também fala sobre a vinda de<br />
grandes construtoras para o Distrito Federal e critica a<br />
abertura de capital (ocorre com a emissão de ações, com<br />
negociação de parte do controle da empresa na bolsa de<br />
valores) de empresas do setor, sem preparação adequada,<br />
o que, na opinião dele, gera problemas no mercado.<br />
Cenários – Uma reclamação antiga do setor é a parca<br />
oferta de terreno por parte da Companhia imobiliária<br />
de Brasília (Terracap). Como o senhor vê<br />
essa situação?<br />
Queiroz – Desde a sua fundação, Brasília conta com um<br />
único loteador, a Terracap. Porém, a situação tende a mudar<br />
com a consolidação dos terrenos privados do Distrito<br />
Federal e com a conseqüente adoção das diversas áreas<br />
que serão disponibilizadas pelo Plano de Ordenamento Territorial<br />
(PDOT). Nele, terrenos considerados rurais até aqui<br />
passarão a uma nova condição. Com isso, os empresários de<br />
qualquer lugar do Brasil terão a possibilidade de ser loteadores.<br />
Ou seja, dentro das posturas definidas pelo PDOT, os<br />
incorporadores poderão fazer seus projetos, criando novos<br />
espaços, adaptando-se às condições modernas, o que será<br />
muito bom para a região.<br />
Cenários – Especialistas avaliam que a escassez de<br />
terrenos foi um dos motivos que gerou os condomínios<br />
irregulares...<br />
Queiroz – Cometeu-se um erro em Brasília nas últimas<br />
décadas, que foi esse crescimento desordenado feito pelos<br />
chamados condomínios irregulares – e que hoje se encontram<br />
em processo de regularização. No meu modo ver, a<br />
iniciativa privada nem contribuiu nem foi conivente com esse<br />
| 9 |<br />
evento, porque isso surgiu de repente. As pessoas trabalhavam<br />
no Plano Piloto, executavam suas atividades e não<br />
tinham idéia do que havia por trás. Agora o governo local<br />
tem procurado corrigir isso, regularizando, mas é algo que<br />
não pode tornar a ocorrer.<br />
Cenários – Como o setor privado contribuiria para o<br />
desenvolvimento territorial do <strong>DF</strong> (lembrando que<br />
se trata de um segmento acusado de especulação e<br />
interesses financeiros)?<br />
Queiroz – Quando se fala do setor privado da região, é<br />
preciso defini-lo. Eu mesmo levo em consideração as empresas<br />
que atuam no mercado imobiliário do <strong>DF</strong> e que têm<br />
à frente pessoas comprometidas com o futuro da cidade.<br />
Ou seja, gente que veio para cá na década de 70 e 80 ou<br />
até antes disso, num tempo em que se estabeleceram laços,<br />
consolidou-se a família e a posição empresarial. Com<br />
uma história assim, a empresa é obrigada a contribuir com<br />
a região porque tem responsabilidade com planejamento<br />
urbano. Todos nós somos obrigados a fazer a nossa parte:<br />
temos que lutar para que Brasília seja preservada e se<br />
mantenha a qualidade de vida. Temos ainda que buscar os<br />
princípios éticos para o desenvolvimento urbano, isto é, os<br />
interesses da comunidade têm que prevalecer sobre os interesses<br />
empresariais.<br />
Cenários – E como o senhor se insere na história da<br />
cidade?<br />
Queiroz – Me sinto muito comprometido com Brasília. Cheguei<br />
em 1971, numa época muito complicada, num momento em que<br />
o governo decidia se a capital voltaria a ser o Rio de Janeiro<br />
ou se a consolidaria aqui. Foi então que a capital foi, de forma<br />
drástica, firmada em 1976, ano em que o governo resolveu<br />
fazer algumas obras de porte para confirmar a opção por Brasília.<br />
Foi aí que surgiram o anexo (pronto-socorro) do Hospital<br />
de Base, o Centro de Convenções e algumas outras obras de<br />
grande porte, que acabaram por consolidar a Via Engenharia<br />
como construtora da cidade. Desde então eu acompanho as<br />
transformações do <strong>DF</strong>: casas populares (eu tive a oportunidade<br />
de participar da construção de mais de 40 mil casas), inúmeros<br />
blocos de apartamentos no Plano Piloto e por aí vai. Por esses e<br />
outros motivos, considero-me mais um candango desse grande<br />
“O PDOT l evar á<br />
d e s e n vo lv i m e n to Pa r a<br />
as regiões n O va s e er mas, q u e cer Tam en Te s u r g i r ãO<br />
a P ó s O s e to r no r o e s t e”
“Te m O s a i nDa q u e b u s c a r<br />
O s p r i n c í p i o s é t i c o s Pa r a O<br />
DesenvOlvim enTO u r b a n O, i s TO é,<br />
O s i n t e r e s s e s d a c o m u n i da d e<br />
Têm q u e Pr eval ec er s O b r e O s<br />
inTer esses em P r esar i ai s”<br />
projeto da construção de Brasília.<br />
Cenários – Em termos de desenvolvimento, como o<br />
senhor imagina a cidade daqui a 50 anos?<br />
Queiroz – Vejo uma cidade que terá crescido mais do que<br />
deveria. Até o ano 2000, o crescimento foi muito maior do que<br />
o planejado, o que não foi muito bom para Brasília, porque,<br />
enquanto o Plano Piloto é preservado pelo tombamento da<br />
Unesco [Organização das Nações Unidas para a educação, a<br />
ciência e a cultura], algumas regiões do <strong>DF</strong> sofrem problemas<br />
sérios, como esses loteamentos irregulares – principalmente<br />
a região de Vicente Pires, onde se transformou as áreas rurais<br />
em urbanas de forma desordenada. Isso foi muito ruim<br />
para a cidade. E olhando agora, vejo a que responsabilidade<br />
não é só dos governantes mas inclui também os empresários<br />
e a população de Brasília. O <strong>DF</strong> tem que crescer e a nossa<br />
população vai crescer junto, mas isso pode ser realizado de<br />
maneira organizada, acompanhando os programas de desenvolvimento,<br />
resolvendo os problemas viários, solucionando as<br />
questões de abastecimento de água e energia. Daí teremos<br />
uma cidade grande, só que ordenada.<br />
Cenários – Nos últimos tempos, o <strong>DF</strong> vem atraindo<br />
grandes construtoras. as empresas brasilienses têm<br />
o que temer?<br />
Queiroz – Não há nada que temer, ao contrário. A primeira<br />
razão é que as empresas daqui já estão consolidadas no que<br />
se refere aos aspectos técnicos e financeiros: as brasilienses já<br />
são capitalizadas, organizadas e constroem bem. Certamente,<br />
nossa região será alvo de muitas companhias que hoje se capitalizaram<br />
por meio da venda de ações no mercado financeiro e<br />
que têm, por conseguinte, grande responsabilidade com seus<br />
investidores. Contudo, por vezes o que se faz são lançamentos<br />
um pouco confusos, com vendas não muito consolidadas, e<br />
passa-se a ter problemas justamente por um crescimento desordenado,<br />
sob o aspecto técnico e financeiro.<br />
Cenários – o que o senhor quer dizer com “confusos”?<br />
Queiroz – Essas empresas precisam mostrar resultado<br />
àqueles que acreditaram nelas, uma vez que essas capi-<br />
| 10 |<br />
talizações são realizadas com base nas probabilidades, e<br />
no ramo de mercado imobiliário a expectativa ocorre venda<br />
por venda. Por isso, tem-se, muitas vezes, a necessidade<br />
de efetuar um grande número de negócios para garantir o<br />
resultado proposto, o que costuma gerar uma confusão na<br />
qualidade de venda, que às vezes não é boa. Ocorre então<br />
o que se vê hoje: a desvalorização da empresa, que tem<br />
70% de perdas por ano com ações na bolsa. Isso afeta a<br />
credibilidade, pois não se tem mais a presença sólida no<br />
mercado – não sabe nem se vai encontrar o endereço delas<br />
para enviar o cartão de Natal.<br />
Há problemas de credibilidade, sim, e, certamente, muitas<br />
delas terão que se fundir. Muitas não poderão terminar os<br />
empreendimentos que começaram, enquanto as empresas<br />
brasilienses, que são pequenas e médias, possuem tradição.<br />
Os empreendedores daqui já fizeram muitos empreendimentos,<br />
entregaram todos eles com qualidade e não apresentam<br />
dívidas, nem problemas trabalhistas, tampouco questões de<br />
ordem fiscal. Assim, penso que as brasilienses vão se consolidar<br />
e ficar com mais credibilidade com a vinda dessas<br />
novas empresas.<br />
Cenários – o senhor é contra a abertura de capital?<br />
Queiroz – Absolutamente. Apenas acho que é uma responsabilidade<br />
muito grande, porque, em geral, essa capitalização<br />
precisa crescer bastante e por vezes as empresas não<br />
estão preparadas, fazendo isso de forma desordenada. E<br />
esse tipo de crescimento gera os problemas no mercado. É<br />
evidente que existem empresas desse tipo que estão muito<br />
bem, mas o que se percebe é a brutal desvalorização, gerada<br />
por essa primeira crise no sistema financeiro de ações. A<br />
conseqüência disso é a grande desconfiança, tanto do investidor<br />
quanto do consumidor final.<br />
Cenários – Quais são os segmentos em que a Via<br />
Engenharia atua?<br />
Queiroz – O grupo é formado, basicamente, por duas empresas:<br />
uma atua no setor imobiliário e outra, na construção<br />
pesada. A parte que trabalha com esse último segmento está<br />
presente em Roraima, Paraíba, Pernambuco, Goiás, Tocantins,<br />
Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Trata-se de obras variadas,<br />
empreendimentos rodoviários, além de pontes, viadutos,<br />
obras de saneamento e industriais de grande porte.<br />
Cenários – Como a Via está inserida no cenário empresarial<br />
nacional?<br />
Queiroz – Em 2008, a Via foi eleita, mais uma vez, pela<br />
revista IstoÉ, a melhor empresa do país nos setores imobiliário,<br />
engenharia e de construção. Considero isso uma vitória<br />
do setor da construção civil local, porque a empresa foi formada<br />
aqui, sendo, portanto, legitimamente brasiliense. Ao
compor o ranking das 10 maiores empresas do Brasil, esses<br />
créditos passam a ser da indústria da região.<br />
Cenários – Qual a expectativa de negócios para o<br />
setor neste ano e as perspectivas de crescimento<br />
para a sua empresa?<br />
Queiroz – Um dos lemas da Via Engenharia é o crescimento<br />
lento, gradual e responsável. Penso que uma empresa<br />
só pode desenvolver aquilo que tem capacidade. É possível<br />
crescer e chegar a um ápice, mas não estar preparado,<br />
nem sob o aspecto técnico, nem com recursos humanos.<br />
Situações desse tipo são vistas, por mim, como um risco<br />
muito grande...<br />
Imagine as empresas que crescem 100% num ano, mais<br />
150% no outro, porém não conseguem manter a qualidade<br />
do produto delas, nem sustentar uma estrutura administrativa<br />
e técnica.<br />
Por isso, a Via Engenharia tem uma perspectiva de crescimento<br />
de 30% a 40% ao ano. Às vezes um pouco mais, outras um<br />
pouco menos, mas a gente quer se manter dentro nesse ho-<br />
| 11 |<br />
rizonte. E não há expectativa, não há vontade da empresa de<br />
grandes crescimentos. Isso está fora do nosso pensamento.<br />
Cenários – o Noroeste foi muito aguardo pelo setor<br />
e pelos moradores do <strong>DF</strong>, mas quais outras regiões<br />
chamam a atenção das incorporadoras?<br />
Queiroz – Depois do Noroeste, outras áreas poderão<br />
surgir com a aprovação do PDOT, que ainda se encontram<br />
em discussão na Câmara Legislativa. Esse plano vai definir<br />
novos setores, principalmente um longo eixo de desenvolvimento<br />
que foi pensado, como no caso da construção da<br />
Ponte JK. Acredito que haverá um segundo acontecimento<br />
parecido com o movimento gerado por essa obra quando<br />
surgir o anel rodoviário [via expressa a ser construída ao<br />
redor de Brasília para desafogar o trânsito e o tráfego de<br />
carga dentro de Brasília].<br />
A Ponte JK aproximou uma área que era distante do Plano<br />
Piloto. Assim, o anel rodoviário, a ser construído ao redor de<br />
Brasília, deixará as rodovias e principais BRs mais perto do<br />
centro do <strong>DF</strong>, fazendo com que os caminhões que transitam<br />
por aqui passem por fora.<br />
Cenários | Entrevista | nov/dez 2008
Cenários | Entrevista | nov/dez 2008<br />
Haverá, portanto, um alívio de pressão no tráfego e a exploração<br />
de novas áreas, até agora inexploradas, e por aí vai.<br />
Por tudo isso, penso que o PDOT levará desenvolvimento<br />
para as regiões novas e ermas, que certamente surgirão<br />
após o setor Noroeste.<br />
Cenários – Qual sua opinião sobre esse novo setor?<br />
Queiroz – Penso que Brasília está muito comprimida, porque,<br />
quando terminarem as projeções do Sudoeste, o morador que<br />
pretende ter um apartamento na região mais central terá ficado<br />
sem alternativas para adquirir sua moradia, a não ser que siga<br />
um dos dois caminhos: ou ele está esperando um apartamento<br />
no Noroeste ou terá que comprar em Águas Claras. Vejo então<br />
que, no momento em que o Noroeste surgir de fato, teremos<br />
um crescimento de, talvez, 50% no mercado de construção.<br />
Vai haver uma forte procura por unidades de moradia porque a<br />
demanda desse segmento está comprimida, mas depois ela vai<br />
retornando o seu curso normal.<br />
Cenários – o aquecimento da indústria da construção<br />
trouxe alguns problemas, dentre eles a falta de<br />
insumos, como aço e cimento. Qual é a sua opinião<br />
sobre como enfrentar essa situação de forma que ela<br />
não se transforme numa crise?<br />
Queiroz – Isso não é um problema só do setor da construção<br />
civil. É uma dificuldade do país, que, 15 anos atrás,<br />
atravessou um período de retração ou crescimento muito<br />
pequeno. Ocorre então que as empresas só procuram ampliar<br />
os seus parques de produção e sua tecnologia agora,<br />
quando vêem um horizonte de colocação de seus produtos<br />
no mercado.<br />
Nos últimos anos, o Brasil reuniu uma série de indicadores<br />
que demonstra o retorno do desenvolvimento num índice<br />
de crescimento bastante favorável. Assim, uma das conseqüências<br />
disso foi o crescimento da construção civil,<br />
especialmente com a consolidação do mercado financeiro<br />
brasileiro. Tivemos acesso a financiamentos até então muito<br />
difíceis. E a primeira conseqüência foi a necessidade de<br />
adaptação dos fornecedores para atender à nova demanda.<br />
Eles respondem rapidamente, enquanto as empresas<br />
ampliam o seu período de trabalho. Acredito que, em pouco<br />
tempo, haverá uma adaptação entre oferta e procura.<br />
Cenários – a construção civil brasileira é competitiva<br />
com outras indústrias do setor espalhadas pelo<br />
mundo?<br />
Queiroz – Considero a engenharia brasileira uma das mais<br />
eficientes do planeta. É evidente que a realização das grandes<br />
obras não depende apenas da competência das empresas<br />
de engenharia, mas também da locação de recursos<br />
feita pelo governo para executar esses empreendimentos<br />
dentro da melhor técnica e menor prazo possível.<br />
| 12 |<br />
Percebe-se, contudo, que, muitas vezes, o governo tem<br />
projetos incompatíveis com os recursos. Assim, a dificuldade<br />
da engenharia brasileira é fazer obras que poderiam<br />
ser executadas em três anos, mas acabam sendo feitas<br />
em cinco ou mais... Daí as obras tornam-se problemáticas.<br />
Surgem as questões jurídicas, as necessidades de readequação<br />
de preços e outras dificuldades. Entretanto, a despeito<br />
desses nós, acho a engenharia brasileira uma das<br />
melhores do mundo.<br />
Cen ários – o senhor acredita que a crise internacional<br />
poderá afetar a construção no <strong>DF</strong>?<br />
Queiroz – Penso que, no momento, isso é algo muito distante,<br />
uma vez que aqui se tem um mercado comprador bem<br />
definido. As empresas brasilienses têm tradição de só se<br />
comprometer com aquilo que podem pagar. As pessoas daqui<br />
sabem o que querem e o mercado local continuará a oferecer<br />
os financiamentos disponíveis hoje, que são compatíveis<br />
com os rendimentos dos consumidores. Portanto, creio<br />
que essa crise internacional encontra-se longe do mercado<br />
da construção brasiliense.<br />
Cenários – Fala-se da expectativa de juros mais altos.<br />
isso não prejudica?<br />
Queiroz – Temos aqui dois tipos de mercado. Um abrange<br />
o Sudoeste, o Noroeste e o Plano Piloto. Nessa parcela, em<br />
geral, as pessoas já têm uma moradia e passarão para outra<br />
com esforço relativamente pequeno. São consumidores que<br />
conseguem cumprir o compromisso e para quem esse possível<br />
aumento dos juros, não sendo enorme, é suportável.<br />
Esse impacto talvez traga outras conseqüências, em termos de<br />
receita, para outro tipo de comprador – aquele que compra seu<br />
primeiro imóvel. Esse, sim, precisará ter prazo maior, juro menor,<br />
e certamente terá, pois vem sendo feito esforço nesse sentido.<br />
Em outra circunstância, esse consumidor teria que retardar<br />
a sua vontade de adquirir seu imóvel, no caso de o mercado<br />
diminuir prazos e aumentar juros. Porém, acredito que,<br />
apesar de toda essa crise, nós ainda conseguiremos chegar<br />
a taxas menores, financiando em até 30 anos, como ocorre<br />
nos países de economia estabilizada.<br />
O financiamento imobiliário, quando efetuado com os devidos<br />
cuidados, contém lastro. E se os índices econômicos de<br />
valorização do imóvel, acrescido juros, forem compatíveis<br />
com o mercado, não haverá esse problema.<br />
A questão americana é gerada por isso. Houve um custo<br />
para os imóveis, somados os juros, os encargos, a desvalorização<br />
do custo da construção, dentre outros fatores que<br />
tornaram os financiamentos inviáveis. Não creio que no Brasil<br />
teremos esse tipo de problemas porque a concessão de<br />
crédito é diferente e muito rigorosa.
Cenários | Foco | nov/dez 2008<br />
Mantega não porá<br />
“pé no Freio”<br />
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil tem condições<br />
de sair da crise econômica mundial com um desempenho<br />
melhor que o dos países que estão no seu epicentro sem que<br />
seja preciso por o “pé no freio”. “Sempre pensamos em cortar<br />
gastos de custeio que não são essenciais. O que não podemos<br />
pensar em cortar são os investimentos e os programas do PAC.<br />
Não há nenhum programa de redução de gastos dessa natureza.<br />
Também não pensamos em reduzir as despesas com os programas<br />
sociais. Quem vai puxar o crescimento seremos nós. Nós<br />
temos condições para isso”, afirma o ministro, em entrevista<br />
concedida ao jornal Folha de São Paulo, no dia 19 de outubro.<br />
Mantega manteve previsão de crescimento entre 4% e 4,5% para<br />
2009, bem acima das estimativas de economistas, os quais dizem<br />
que a economia vai crescer 2%, 1% ou zero em 2009. Para esses,<br />
o ministro oferece o descrédito. “Erraram também em 2007<br />
e, felizmente para nós, vão errar em 2008 e em 2009”.<br />
A postura do governo será a de observar os problemas que<br />
virão antes de apostar em medidas precipitadas. “Vamos aguardar<br />
para ver o tamanho da encrenca da economia internacional,<br />
mas nós temos antídotos”, garante o ministro, que considera os<br />
analistas excessivamente pessimitas. “Deviam tomar um Prozac<br />
para ver se melhoram”, desferiu Mantega.<br />
Wall Street<br />
proCura o divã<br />
A crise financeira espalhou o baixo-astral em Wall<br />
Street. Muitos executivos financeiros estão aper tando<br />
o cinto e até encarando um divã, para entender como<br />
seu mundo de apartamentos na Park Avenue e Ferraris<br />
reluzentes desmoronou. Segundo especialistas,<br />
os banqueiros estão com ataques de pânico, insônia<br />
e sintomas de stress. Muitos perderam tanto dinheiro<br />
que querem mudar de profissão. Acham que o mercado<br />
não vai se recuperar nunca mais.<br />
Para além das crises pessoais, a cidade de Nova York<br />
deve perder mais de 165 mil empregos, incluindo 35<br />
mil no setor financeiro, por causa da crise, segundo<br />
estimativa da prefeitura nova-iorquina. Com a queda<br />
da arrecadação, por causa dos prejuízos de muitas<br />
empresas, o órgão público espera um déficit de orçamento<br />
de pelo menos US$ 2,3 bilhões em 2009.<br />
Crédito de MaiS de<br />
r$ 9 bi para o Setor<br />
O governo federal anunciou a criação de uma linha de crédito<br />
extra de R$ 9,3 bilhões. Deste total, R$ 3 bilhões serão disponibilizados<br />
pela Caixa Econômica Federal. Parte dos recursos virá<br />
das cadernetas de poupança. Segundo comunicado divulgado<br />
pelo Ministério da Fazenda, as medidas facilitam o acesso ao<br />
crédito de capital de giro para as empresas que atuam na construção<br />
habitacional, evitando assim uma paralisação das suas<br />
obras devido à crise internacional de crédito.<br />
“O governo, como controlador, permitirá que a Caixa mantenha<br />
em um fundo de reserva parte dos dividendos que seriam distribuídos<br />
para a União. Com esses recursos, forma-se um lastro<br />
que garantirá até 35% do valor das operações realizadas pela<br />
Caixa. O valor total dos dividendos que pode ser retido é, portanto,<br />
de R$ 1,05 bilhão”, informa comunicado do ministério.<br />
Uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) definirá<br />
as condições para os financiamentos.<br />
O crédito virá do direcionamento de 5% do saldo do Sistema<br />
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) de todas as instituições<br />
financeiras para o capital de giro das construtoras.<br />
aCS / gMF
A capacidade de o Brasil enfrentar a crise é maior que no<br />
passado, mas essas condições não tornam o país incólume<br />
aos seus desdobramentos. A conclusão é da Confederação<br />
Brasileira da Indústria (CNI). “Com a alteração do quadro<br />
internacional, é fundamental que o Brasil dê continuidade a<br />
ações que permitam avanço na sua agenda de desenvolvimento<br />
e modernização, reforçando sua capacidade de convivência<br />
com o novo cenário”, diz comunicado da entidade.<br />
CaMpanha para<br />
reduzir aCidenteS<br />
Empresários do setor da construção civil se uniram para lançar<br />
a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho na<br />
Indústria da Construção, durante o 80º Encontro Nacional da Indústria<br />
da Construção (ENIC), ocorrido em São Luís, Maranhão,<br />
no fim de outubro.<br />
O setor, que engloba a construção civil e obras de grande porte,<br />
como hidrelétricas e estradas, encabeçava a lista dos maiores<br />
causadores de acidentes do trabalho no país. Contudo, após<br />
programas de incentivo e conscientização dos trabalhadores e<br />
empresários, o segmento caiu para o quinto lugar no ranking dos<br />
setores econômicos com mais ocorrências, de acordo com o Ministério<br />
da Previdência.<br />
O órgão divulgou, em agosto passado, dados de 2006, os quais<br />
revelam o registro de 31.529 ocorrências naquele ano, ficando<br />
atrás dos segmentos de alimentação e bebidas (48.424), comércio<br />
varejista (41.419), saúde e serviços sociais (40.859) e agricultura<br />
(34.388). A meta é cair ainda mais de posição.<br />
gaStar MenoS<br />
para venCer CriSe<br />
Ainda segundo a CNI, a transmissão da crise ao Brasil se<br />
dá por dois canais principais: a redução do crédito internacional<br />
e a queda na demanda externa por nossos produtos.<br />
A redução das linhas externas de crédito é o impacto mais<br />
expressivo no curto prazo. “É necessário buscar a complementação<br />
por fontes domésticas”, diz a nota, que reforça,<br />
ainda, a preservação de fontes de financiamento ao investimento<br />
como chave para garantir a continuidade do processo<br />
de transformação do País.<br />
“É preciso aumentar a poupança doméstica. A contenção<br />
da expansão dos gastos públicos correntes se torna ainda<br />
mais necessária”. A CNI declarou que confia na capacidade<br />
de resposta positiva da economia brasileira e reafirma seu<br />
compromisso com medidas que reforcem a sua solidez. Leia<br />
mais no site www.agenciacni.org.br.<br />
votorantiM terá<br />
diStribuidora no dF<br />
Proprietária de uma fábrica em Sobradinho, a Votorantim Cimentos vai<br />
investir R$ 6 milhões na construção de um centro de distribuição, com<br />
4 mil metros quadrados, no Setor Industrial I de Ceilândia. A previsão<br />
é que a obra fique pronta até fevereiro do próximo ano e que cerca de<br />
100 pessoas sejam contratadas, direta e indiretamente.<br />
O projeto terá a função de despachar cerca de 15 mil toneladas por<br />
mês de produtos – cimento, argamassa e cal – para 20 cidades<br />
atendidas pela fábrica brasiliense. A escolha do <strong>DF</strong> para a construção<br />
do novo centro, segundo a Votorantim, foi para garantir agilidade,<br />
eficiência e qualidade no atendimento aos clientes da região.<br />
A empresa assinou contrato de concessão com a Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico do Governo do Distrito Federal, para<br />
receber os benefícios creditícios, fiscais e econômicos do Pró-<strong>DF</strong>.<br />
Até 2011, a Votorantim investirá outros R$ 450 milhões na expansão<br />
da fábrica de Sobradinho, o que deve dobrar a capacidade de<br />
produção. Para produzir 1 milhão de toneladas por ano a mais, a<br />
fabricante vai gerar 400 empregos diretos e indiretos.<br />
Cenários | Foco | nov/dez 2008
Cenários | Foco | nov/dez 2008<br />
bb avalia CoMpra<br />
de Crédito<br />
Banco do Brasil (BB) analisa propostas para a compra de<br />
R$ 3 bilhões em operações de crédito de bancos pequenos<br />
e médios usando os recursos dos depósitos compulsórios,<br />
dentro das regras baixadas recentemente pelo Banco<br />
Central (BC) para combater a crise de liquidez que afeta o<br />
mercado. As medidas anunciadas pelo BC liberando compulsórios<br />
deram um reforço de caixa de R$ 11,4 bilhões<br />
ao BB, dos quais até R$ 6 bilhões podem ser utilizados na<br />
compra de carteiras. Mesmo antes da crise, o BB já havia<br />
comprado R$ 1,5 bilhão em carteiras de crédito, aproveitando<br />
oportunidades.<br />
A forte expansão de crédito tinha levado a uma piora nos<br />
indicadores de liquidez do banco no início do ano. A relação<br />
entre operações de crédito e os depósitos bancários subiu a<br />
97,2% em junho, o que levou o BB a montar uma estratégia<br />
para intensificar as captações no varejo. A combinação desse<br />
esforço feito nas agências com a busca por qualidade dos<br />
depositantes levou a relação entre operações de crédito e<br />
depósitos a 90,3% em agosto. O BB mantém o interesse na<br />
Nossa Caixa e continua a montar sua carteira de crédito imobiliário,<br />
com planos de chegar a R$ 3 bilhões em 2009.<br />
O Itaú informou a compra de três carteiras de crédito de bancos<br />
pequenos, todas de consignado. Outras operações estão<br />
sendo examinadas, informou a assessoria de imprensa. Caixa,<br />
Bradesco e Unibanco também compraram carteiras.<br />
gdF<br />
CreSCiMento<br />
da eConoMia<br />
Apesar da crise que aterroriza o mundo, a Confederação Nacional<br />
da Indústria (CNI) elevou a projeção de crescimento do<br />
Produto Interno Bruto (PIB) para 5,3% neste ano. A estimativa<br />
anterior, feita em junho, era de alta de 4,7%.<br />
Essa revisão para cima, segundo os economistas da CNI, ocorreu<br />
porque a crise internacional não deverá afetar o desempenho<br />
da economia neste ano, por causa da forte demanda interna. No<br />
entanto, para o próximo ano os analistas da entidade prevêem<br />
que os efeitos da crise irão reduzir o ritmo de crescimento da<br />
economia para 3,5%.<br />
Já a inflação, medida pelo o Índice de Preços ao Consumidor<br />
Amplo (IPCA), deve ficar em 6,2% neste ano, acima do centro<br />
da meta do governo, de 4,5%, mas dentro da margem de dois<br />
pontos percentuais para mais ou para menos. A estimativa<br />
anterior era de 6,4%. Os técnicos da CNI prevêem que a taxa<br />
básica de juros deverá terminar o ano em 14,5%, ligeiramente<br />
acima da previsão anterior de 14,25%.<br />
Mérito da<br />
alvorada<br />
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito<br />
Federal (<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>), Elson Ribeiro e Póvoa, recebeu, no dia 25<br />
de setembro, a Medalha Mérito Alvorada, entregue pelo governador<br />
José Roberto Arruda e pelo secretário de Obras Márcio Machado.<br />
A cerimônia comemorou os 52 anos da Companhia Urbanizadora da<br />
Nova Capital (Novacap), condecorando servidores e personalidades<br />
que auxiliaram na construção de Brasília, além de personalidades<br />
que contribuíram para o desenvolvimento da região. Ao todo 207<br />
pessoas receberam a honraria.<br />
A medalha do Mérito da Alvorada foi criada em 1970 para homenagear<br />
personalidades civis ou militares que tenham contribuído para o progresso<br />
do Distrito Federal, por meio de atividades artísticas, assistenciais<br />
científicas, comerciais, culturais, esportivas, industriais, de administração<br />
pública, de divulgação, de ensino, de saúde e de segurança.
deSeMprego<br />
Cai na Capital<br />
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada pela Secretaria<br />
de Trabalho em outubro mostra que o nível de desemprego<br />
no Distrito Federal caiu 3,8%. O estudo se refere aos índices<br />
do mês de agosto. Segundo o levantamento, o número de pessoas<br />
fora do mercado de trabalho, na capital, é hoje de 214 mil. Em<br />
igual período de 2007, o número era de 232 mil pessoas. De<br />
acordo com a secretaria, os dados devem melhorar ainda mais<br />
com as festas de final de ano, quando o comércio contrata elevado<br />
número de pessoas nos chamados empregos temporários.<br />
Os setores que mais empregam são os mesmos das pesquisas<br />
anteriores. Em primeiro lugar, vem a indústria, que emprega hoje<br />
mais 45 mil pessoas. Depois vem a construção civil que no ano<br />
passado criou 46 mil postos de trabalho e, este ano, aumentou<br />
em quatro mil esse número. Em terceiro está o comércio, seguido<br />
pela a área de serviços. Na administração pública houve retração<br />
de duas mil vagas de trabalho.<br />
oit prevê<br />
deSeMprego<br />
A crise financeira pode deixar 20 milhões de pessoas desempregadas<br />
em todo o mundo até o final de 2009. A afirmação<br />
foi feita pelo diretor geral da Organização Internacional do<br />
Trabalho (OIT), Juan Somavía. De acordo com estimativas, o<br />
número de desempregados poderá subir de 190 milhões em<br />
2007 para 210 milhões no final de 2009 ou ser maior caso a<br />
crise se agrave.<br />
Os cálculos do desemprego foram feitos a par tir dos dados<br />
de crescimento econômico divulgados pelo Fundo Monetário<br />
Internacional (FMI). “Para 2009 teremos um crescimento de<br />
0,1% nos EUA, 0,2% na Europa e 0,5% no Japão, o que, na<br />
verdade, seria um crescimento zero nas maiores economias do<br />
mundo”, afirmou.<br />
2,1 MilhõeS<br />
de novaS vagaS<br />
Menos impactado pelo turbilhão financeiro até o momento, o Brasil<br />
deve encerrar o ano com 2,1 milhões de novos empregos com<br />
carteira assinada, segundo as projeções do Ministério do Trabalho.<br />
A previsão foi anunciada em 15 de outubro pelo ministro Carlos<br />
Lupi, ao informar que, de janeiro a setembro, a economia acumula<br />
um saldo positivo de 2,086 milhões de novas ocupações formais. É<br />
a primeira vez que essa marca é alcançada em um único ano, pela<br />
série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),<br />
iniciada em 1992.<br />
O ministro demonstrou otimismo ao afirmar que só espera “algum”<br />
reflexo negativo da crise internacional no mercado de<br />
trabalho brasileiro a partir do segundo semestre de 2009. Isso<br />
porque, segundo ele, os investimentos e a produção das empresas<br />
brasileiras não vão parar, mesmo que os países desenvolvidos<br />
desacelerem o crescimento econômico no ano que vem. Ao<br />
contrário do que prevê a maioria dos economistas, Lupi acredita<br />
que o mercado interno continuará aquecido garantindo o ritmo de<br />
crescimento brasileiro.<br />
O Caged mostrou que, somente em setembro, foram gerados 282,8<br />
mil novos postos de trabalho espalhados em quase todos os setores<br />
da economia – ante 239,1 mil em agosto e 241,2 mil em setembro<br />
de 2007. Os 2,086 milhões de empregos abertos de janeiro a<br />
setembro representam crescimento de 29% frente aos 1,61 milhão<br />
gerados em igual período do ano passado. Os serviços lideram o<br />
ranking de abertura de novos empregos no ano, com 689,9 mil postos,<br />
seguidos da indústria (523,9 mil), da construção civil (300,8<br />
mil) e comércio (241 mil).<br />
Cenários | Foco | nov/dez 2008
é grande o interesse em certificação de ‘edifícios verdes’.<br />
E duas metodologias estrangeiras começam a ser oferecidas no<br />
mercado brasileiro: a norte-americana LEED e a francesa HQE.<br />
Várias instituições brasileiras, dentre elas o Instituto de Pesquisas<br />
Tecnológicas, estão discutindo metodologias próprias. Esse<br />
interesse todo se justifica? É preciso refletir.<br />
Em primeiro lugar, a certificação nada mais é do que uma forma<br />
de comunicação. Algo como aviso aos clientes: o edifício tal<br />
atende aos requisitos de tal metodologia.<br />
No mundo inteiro, a quantidade de edifícios certificados é pequena,<br />
pois eles são desenhados para identificar uma elite de<br />
empreendimentos. O LEED estima ter certificado 1% do mercado<br />
nos Estados Unidos e boa parte de edifícios pertencente a<br />
órgãos públicos.<br />
Olhado do ponto de vista do número de empreendimentos, o<br />
impacto da certificação é pequeno. Ocorre que esses documentos<br />
são desenhados para destacar edifícios que adotam soluções<br />
muito avançadas e atendam problemas prioritários para a<br />
sustentabilidade local.<br />
Diferente das certificações de qualidade, aqueles são, por<br />
definição, não escaláveis. Desse modo, algumas centenas ou<br />
milhares de edifícios certificados, por si, não vão alterar a sustentabilidade<br />
da construção brasileira, a menos que esses empreendimentos<br />
sejam indutores – inspirem novos empreendedores,<br />
criem mercados para produtos ecoeficentes e incentivem<br />
inovações tecnológicas.<br />
Não existem evidências de que só o efeito indutor da certificação<br />
seja suficiente para alterar, substancialmente, a cadeia da<br />
construção, especialmente em um país como o Brasil.<br />
A existência de mais de um sistema cria sinais confusos. Portanto,<br />
é possível que, em alguns mercados, as certificações<br />
resultem em apenas um grupo de edifícios extremamente ecoeficientes<br />
– ilhas dentro de um mundo, digamos, cinza.<br />
Assim, podemos produzir uma centena de edifícios certificados<br />
CertifiCação, também.<br />
mas preCisamos muito mais<br />
| 18 |<br />
por ano – o que seria uma vitória – sem alterar a sustentabilidade<br />
média da construção. Admitamos: uma tragédia. E, certamente,<br />
no caso do Brasil a situação é bastante complicada.<br />
Segundo o Ministério das Cidades, 77% da construção brasileira<br />
é ‘autogerida’, ou seja, realizada sem participação de empresas<br />
construtoras ou agentes públicos. Parte importante é de favela.<br />
Um exemplo: a maior parte dos paulistanos – 73%, segundo a<br />
Prefeitura Municipal – vive em casas, cuja esmagadora maioria<br />
é produzida de forma autogerida.<br />
Do ponto de vista dos nossos fornecedores de materiais e componentes,<br />
é esse mercado que viabiliza (ou inviabiliza) soluções<br />
inovadoras. Ocorre que a certificação dificilmente vai atingir<br />
esse setor. As soluções de grandes empreendimentos certificados<br />
talvez não sejam aplicáveis nesse mercado.<br />
Aj u s tA r r e A l i dA d e s<br />
O sistema de certificação dos países desenvolvidos parte de<br />
um sofisticado conjunto de políticas para o desenvolvimento<br />
sustentável e, também, da política industrial. É por isso que<br />
os países desenvolvidos criam seus próprios sistemas. Nesses<br />
locais, diferentemente do Brasil, os problemas sociais, a informalidade<br />
e até mesmo a qualidade já não são importantes: as<br />
certificações concentram-se em ecologia ou green building.<br />
Assim, é necessário combinar sistemas de certificação, que premiem<br />
a inovação e o avanço tecnológico de que nosso setor é<br />
carente, com medidas concretas que criem condições de alterar<br />
a construção comum, inclusive a autogerida, pois essa é (e<br />
sempre será) a maior parcela do setor.<br />
Um exemplo brasileiro de sucesso: a introdução no mercado<br />
das bacias sanitárias de 6,8 L, articulada dentro do PBQP-H.<br />
A pergunta que fica é quanto tempo a indução simples levaria<br />
para concretizar esse feito...<br />
Precisaremos, portanto, desenvolver nosso próprio sistema<br />
de certificação, adequado aos nossos problemas, articulado<br />
com um conjunto de ações e planos setoriais. Essa<br />
é a necessidade.
Divulgação<br />
| 19 |<br />
VAn d e r l e y jo h n é co n s e l h e i r o do co n s e l h o<br />
Bra s i l e i r o de co n s t r u ç ã o su s t e n t á v e l (cBcs)<br />
e pr o f e s s o r d a es c o l a po l i t é c n i c a d a usp<br />
Cenários | artigo | nov/dez 2008
jú l i o Ce s A r Pe r e s é 1º v i c e-presidente e c o o r d e n a d o r<br />
da s co m i s s õ e s técnicas d o sindicato da in d ú s t r i a da<br />
construção civil d o distrito federal (si n d u s c o n-df)<br />
| 20 |
a iniciativa do Governo do Distrito federal, com a<br />
adoção do programa Modernizando a Gestão Pública no Distrito<br />
Federal, merece elogios do setor empresarial, sobretudo<br />
do setor da construção civil brasiliense. E não apenas<br />
em razão dos resultados já alcançados mas também pelos<br />
resultados que ainda serão atingidos.<br />
A implementação do Movimento Brasil Competitivo (MBC),<br />
que conta com o patrocínio e apoio do Sindicato da Indústria<br />
da Construção Civil do <strong>DF</strong> (<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>), e que estabelece<br />
uma proposta de orientação e referencial de rumo estratégico<br />
para o “Programa Modernizando a Gestão Pública<br />
no Distrito Federal”, é outro passo importante para que se<br />
alcance as metas governamentais pretendidas.<br />
A demonstração apresentada na reunião de acompanhamento<br />
do programa, realizada em 24 de setembro, com base em<br />
medições do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG),<br />
que estimou os ganhos na redução de despesas correntes<br />
nas áreas de saúde e educação, mostram que o G<strong>DF</strong> está<br />
no caminho certo ao enxugar e racionalizar as despesas<br />
públicas, aplicando os recursos oriundos da economia em<br />
investimentos necessários e que gerarão emprego e renda.<br />
Tudo isso tem melhorado e melhorará ainda mais a qualidade<br />
de vida da população do <strong>DF</strong>.<br />
O <strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong> tem acompanhado e apoiado essas ações<br />
governamentais que buscam a modernização da gestão pública<br />
local. Contudo, para que esse processo de modernização<br />
se complete, é necessário promover também a melhoria<br />
na presteza do atendimento das Administrações Regionais e<br />
de outros setores do governo.<br />
Um dos procedimentos a serem aprimorados refere-se aos<br />
longos prazos utilizados na análise, parecer, emissão e<br />
concessão de documentos, bem como a aprovação de processos<br />
e projetos indispensáveis à execução da atividade<br />
empreendedora da construção civil. Esses documentos, al-<br />
Cenários | artigo | nov/dez 2008<br />
| 21 |<br />
em busCa Da<br />
moDernização<br />
varás de construção e habite-se, necessitam ser apreciados,<br />
visados e aprovados em tempo hábil, para que se tenha<br />
início, continuidade e conclusão dos empreendimentos, mas<br />
o que se tem hoje é o alongamento do prazo muito além do<br />
razoável e do que consta na legislação.<br />
Essa demora constitui-se numa obstrução da máquina administrativa.<br />
Apenas para citar um exemplo tem-se a demora<br />
na concessão de um alvará de construção, em 60 ou 90<br />
dias, o que significa uma redução de 120 empregos que<br />
poderiam ter sido gerados nesse período.<br />
Outro entrave é o atraso na concessão do habite-se de<br />
um empreendimento. Essa situação, por vezes, deixa de<br />
gerar receita da ordem de R$1 milhão em ITBI, oriunda<br />
de um empreendimento médio em Águas Claras. Tal perda<br />
contraria, frontalmente, as metas e objetivos de geração<br />
de emprego e renda no <strong>DF</strong>, preconizados pela atual gestão<br />
do Executivo local.<br />
As manifestações expostas acima não são novidades para<br />
quem conhece o setor. Ocorre que a reafirmação tem o objetivo<br />
de colaborar com o governo para que se agilizem os<br />
procedimentos de concessão junto aos órgãos e setores<br />
relacionados ao nosso setor, além das Administrações Regionais,<br />
o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal<br />
(CBM<strong>DF</strong>), a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio<br />
Ambiente (Seduma), a Companhia Imobiliária de Brasília<br />
(TERRACAP), a Companhia Energética de Brasília (CEB), a<br />
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal<br />
(Caesb), dentre outros.<br />
Propomos e acreditamos na necessidade da aplicação do<br />
MBC e do programa Modernizando a Gestão Pública no Distrito<br />
Federal, mas esse modelo de gestão precisa alcançar<br />
também as Administrações Regionais, o Corpo de Bombeiros<br />
e demais setores do governo, de modo a tornar mais céleres,<br />
adequados e oportunos os procedimentos.
Cenários | artigo | nov/dez 2008<br />
Gl á u C i A Gu n d i m du t r A é<br />
e n g e n h e i r a civil, m e s t r e em e n g e n h a r i a<br />
da q ual idade, c o n s u lto r a e auditoria<br />
em g estão da q ualidade, além d e<br />
c o n s u lto r a imoBiliária<br />
| 22 |
“o que você, torcedor, pensaria ao ler o título de uma<br />
matéria que diz: ‘Equipe de futebol marca seus gols com a<br />
ISO 9001?’ E mais: por que uma equipe de futebol teria um<br />
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e por que buscaria<br />
uma certificação baseada na norma ISO 9001?”. Essa citação<br />
refere-se à equipe Monarcas Morelia, pertencente à<br />
Federação Mexicana de Futebol – primeiro grupo dessa modalidade<br />
desportiva, no âmbito internacional, a conquistar<br />
certificação ISO 9001.<br />
A sigla ISO, do inglês, refere-se à International Organization<br />
for Standardization, o que, traduzido, significa Organização<br />
Internacional de Normalização. Trata-se, portanto, de organização<br />
normativa internacional, genérica, que orienta a<br />
implantação de sistemas de gestão da qualidade.<br />
A concessão de certificação ISO a uma entidade constitui-se<br />
em atestado público que agrega valor aos produtos e/ou<br />
serviços desta, pois tem validação independente e terceirizada,<br />
compelindo os dirigentes das entidades a buscar a<br />
melhoria contínua e a satisfação de seus clientes e usuários.<br />
Ao implantar um sistema de gestão da qualidade, uma instituição<br />
ou empresa deve, primeiramente, saber quem são<br />
seus clientes, que processos trarão a qualidade esperada<br />
por eles e como a gerência de tais fatores garantirá a permanência<br />
no mercado.<br />
Não é tão simples, embora se ouça por aí que “quem quer,<br />
faz!”. Será mesmo que basta querer para que tenhamos o<br />
par perfeito, o ganho ideal, a casa dos sonhos, a viagem<br />
fascinante e tudo mais que a vida possa oferecer? A verdade<br />
do nosso cotidiano é bem outra: quem faz, quer! Dessa maneira,<br />
para implantar um sistema de gestão da qualidade em<br />
uma organização não basta querer. A direção tem que fazer<br />
acontecer esse desafiador caminho de conquistas.<br />
| 23 |<br />
iso,<br />
o Que é isso?<br />
Vivemos numa sociedade com buscas simultâneas de sobrevivência,<br />
vantagens, reconhecimentos e vitórias e com desafios,<br />
especialmente inovadores, que se impõem a cada dia. Dentre<br />
eles estão os dados relativos à crescente escassez de tempo.<br />
E não que o dia esteja menor que 24 horas, mas a disponibilidade<br />
e a rapidez das informações cobram agilidade, cada<br />
vez maior, a fim de ser possível acompanhar valores, tecnologias,<br />
conhecimentos e comportamentos novos desta sociedade.<br />
Nesse contexto, criar, construir, dar existência a algo que<br />
queremos exige crença, disponibilidade, renúncia e dedicação<br />
para qualquer projeto pessoal ou profissional.<br />
Ger e n C i A m e n to do te m P o<br />
E como lidar com tal adversidade, tão saudável e ao mesmo<br />
tempo tão massacrante? Temos que ter primazia, pois o<br />
espaço para leigos está escasso e ruma para a extinção. O<br />
gerenciamento de nossas ações passa a ter importância ímpar<br />
no proveito desse tempo cada vez mais exíguo e é essa<br />
a percepção das atuais organizações e profissionais.<br />
Todos somos clientes e fornecedores de maneira simultânea. Se<br />
quisermos bons fornecedores, temos que ser bons fornecedores.<br />
Um sistema de gestão da qualidade preza por esse princípio.<br />
A velha frase “uma corrente suporta o que seu elo<br />
mais fraco suportar” é bem atual. Assim, a organização que<br />
possui sistema de gestão da qualidade implantado pratica<br />
a verdadeira gerência, e não permite que nenhum de seus<br />
processos, colaboradores, produtos ou serviços, não estejam<br />
conforme o planejado. Exige visão global, portanto, da<br />
interação dos relacionamentos e processos de produção.<br />
Logo, o que é ISO? É Isto: foco no cliente, capacitação profissional<br />
e melhoria contínua. Se você, caro leitor, quer tudo<br />
isso, você faz. Se você faz, você pratica a ISO 9001.
stockXchng<br />
nos últimos anos, mais especificamente desde 1994, a<br />
indústria da construção civil de diversos países tem discutido<br />
maneiras de implementar, em suas atividades, os mesmos<br />
princípios e técnicas aplicados pelas indústrias japonesas.<br />
Esses conceitos tiveram como referência os trabalhos de Ohno<br />
e Shingo na empresa automotiva Toyota e criaram a base de<br />
um novo sistema de gestão da produção, conhecido como lean<br />
production, ou seja, produção enxuta.<br />
Em b a s a m E n t o concEitual<br />
A lean production busca, sistematicamente, o surgimento e a<br />
manutenção de um ambiente produtivo voltado para a melhoria<br />
contínua dos processos de produção e, consequentemente, da<br />
Um novo paradigma para a<br />
gestão na ConstrUção Civil<br />
| 24 |<br />
qualidade percebida pelo cliente, seja externo ou interno. Ao<br />
mesmo tempo, cria nas empresas uma consciência de que todas<br />
as melhorias desenvolvidas devem ocorrer com um nível cada<br />
vez menor de perdas.<br />
Na verdade, o conceito de gerar produtos com baixo nível de<br />
desperdício (e que sejam aceitos pelo mercado) já havia nascido<br />
quando a Ford implantou sua linha de montagem e a padronização<br />
das dimensões dos componentes, no início do século<br />
20. A fábrica Ford era um caso especial de lean production, em<br />
que o fabricante tinha garantias de que o mercado absorveria<br />
seu produto. Definido como um único artigo que satisfaria a<br />
todos os clientes esse modelo criou base para um sistema de
produção em massa com elevado grau de racionalização em<br />
suas operações.<br />
Ao fim da década de 50, a situação era um pouco diferente.<br />
A concorrência no mercado automotivo aumentou significativamente,<br />
gerando a necessidade de produtos diferenciados<br />
e diminuindo, assim, o tamanho dos lotes de produção. Isso<br />
dificultou o processo produtivo, devido, principalmente, à necessidade<br />
de troca de ferramentas e componentes nas máquinas<br />
e ainda à dificuldade no controle da qualidade em cada<br />
etapa da produção.<br />
Nessa época, a Toyota mudou o paradigma do sistema de gestão<br />
da produção, criando um ambiente operacional em que o<br />
custo da qualidade – entendido como o preço necessário para<br />
que a excelência da produção fosse garantida – era baseado na<br />
prevenção de problemas, em vez da postura da Ford, que era<br />
baseada na correção dos mesmos.<br />
Na prática, estava-se criando o conceito de que cada um seria<br />
responsável pela qualidade dos trabalhos gerados sob seu domínio.<br />
Esse fato mudou o desenho das organizações e a definição<br />
de responsabilidade e autoridade de cada componente dos<br />
processos produtivos. O papel da chefia mudou radicalmente:<br />
de uma posição de setor que deveria garantir a produção planejada<br />
para a fábrica, passou para uma condição de facilitador,<br />
que teria como missão criar e garantir condições para que as<br />
equipes de produção pudessem, efetivamente, atingir as metas<br />
de produção definidas.<br />
Em paralelo, desenvolveu-se grande esforço para que o tempo<br />
perdido com trocas de ferramentas e movimentação de componentes<br />
nas fábricas fosse reduzido. Ao mesmo tempo, buscouse<br />
a viabilização de um novo sistema de apoio logístico, externo<br />
e interno, baseado na redução de estoque de matéria-prima<br />
e produtos já em processo, denominado just-in-time. Deve ser<br />
frisado que a estabilização do sistema just-in-time da Toyota demorou<br />
aproximadamente quinze anos, tempo necessário para<br />
que todos os fornecedores envolvidos em sua cadeia produtiva<br />
pudessem se adequar a essa situação.<br />
Mas, recentemente, a indústria automobilística apresentou um<br />
novo exemplo de gestão da produção, adotado pela empresa<br />
Volvo nas operações de uma de suas fábricas (Udevalla). Esse<br />
modelo rompe com a tradicional linha de montagem, alterando<br />
a disposição das máquinas para pequenas “ilhas de produção”<br />
denominadas células de manufatura, nas quais pequenas equipes<br />
cuidam de diversos utensílios simultaneamente e garantem<br />
Cenários | informe técnico | nov/dez 2008<br />
| 25 |<br />
em conjunto a produção planejada pela fábrica. Assim, surgiu o<br />
conceito de operários multi-habilitados e reforçou-se ainda mais<br />
a importância do apoio logístico como base para a redução de<br />
perdas nos processos produtivos.<br />
Mas o que tudo isso tem a ver com a indústria da construção civil?<br />
Acreditamos que o setor precisa adotar um novo modelo para o seu<br />
sistema de gestão da produção, baseado na busca sistemática e<br />
consistente de melhores níveis de qualidade e produtividade.<br />
É muito difícil entender como uma empresa atuando no segmento<br />
da construção civil consegue sobreviver e manter o ritmo<br />
de crescimento ao longo do tempo, sem que empregue grande<br />
parte de sua energia na determinação precisa de seus principais<br />
fatores operacionais de diferenciação competitiva, ou seja:<br />
• A maneira pela qual transforma as necessidades de seus<br />
clientes em projetos executivos, que possam ser processados<br />
nos canteiros de obra com a mínima chance de erros de interpretação<br />
e de especificação, além de interferências não planejadas<br />
entre frentes de serviço, “retrabalho” e outros fatores;<br />
• A forma pela qual identifica e processa as necessidades de<br />
cada processo produtivo, buscando garantir que esses procedimentos<br />
não só sejam executados da mesma maneira ao longo<br />
do tempo mas também tenham desempenho operacional continuamente<br />
otimizado;<br />
• A maneira pela qual desenvolve as relações com seus fornecedores,<br />
quer sejam de materiais, serviços ou equipamentos,<br />
em busca de melhores condições operacionais para ambos;<br />
• O modo como a empresa administra seus fatores de apoio logístico,<br />
viabilizando, assim, condições para que todos os trabalhos<br />
planejados possam ser conduzidos de maneira uniforme,<br />
sem surpresas, paradas ou esperas.<br />
Em tudo isso, o grande problema a ser evitado é a perda de valor,<br />
entendido aqui como tudo aquilo que efetivamente é importante<br />
para o cliente (externo ou interno), relativo ao produto ou<br />
ao serviço produzido.<br />
O conceito de perda de valor é mais abrangente do que o conceito<br />
de não qualidade, em que toda a preocupação reside na<br />
redução do custo de fatores que impedem a plena excelência dos<br />
bens ou serviços produzidos. Uma empresa pode ter um alto grau<br />
de qualidade em seu processo produtivo e conviver com elevados
índices de perda de valor, tais como paradas, esperas, transporte<br />
horizontal e vertical em excesso ou mal administrados, além da<br />
má alocação de recursos, dentre outros fatores.<br />
Assim, a lean construction busca consolidar o conhecimento<br />
acumulado na indústria, aplicando, à construção civil, seus conceitos<br />
e técnicas, observadas as características específicas do<br />
setor e alguns princípios fundamentais:<br />
• É preciso estudar e entender o que realmente significa valor,<br />
na cadeia produtiva;<br />
• É preciso estudar e entender como o valor é gerado ao longo<br />
da cadeia produtiva, identificando as atividades que agregam<br />
valor e aquelas que não agregam;<br />
• É preciso buscar situações em que o fluxo de trabalho seja<br />
contínuo, sem interrupções ou mudanças de ritmo;<br />
• É preciso adotar uma filosofia de gestão do sistema produtivo em<br />
que se gerencia o processo, em vez de ser gerenciado por ele;<br />
• É preciso viabilizar um modelo que proporcione a oportunidade<br />
de melhorias contínuas na busca da perfeição.<br />
Histórico<br />
Este movimento teve início em 1992, com a publicação do Relatório<br />
Técnico nº. 72 do Center for Integrated Facility Engineering<br />
(CIFE), ligado à Universidade de Stanford, EUA, de autoria do<br />
pesquisador finlandês Lauri Koskela.<br />
Com base nesse documento, dois professores e pesquisadores<br />
americanos, os engenheiros Gregory Howell e Glenn Ballard<br />
realizam uma primeira reunião sobre lean construction na Finlândia,<br />
em 1993.<br />
A partir de 1994, foi formado um grupo mundial de pesquisadores<br />
denominado Internacional Group for Lean Construction<br />
(IGLC), coordenado por Howell e Ballard, que, desde então, se<br />
reúne anualmente para discutir os avanços desse novo paradigma<br />
e suas contribuições para o sistema de gestão da construção<br />
civil. E até agora foram realizadas as seguintes reuniões,<br />
com a participação de representantes dos Estados Unidos, Inglaterra,<br />
Suécia, Finlândia, Chile, Austrália e Brasil:<br />
• 1994 - Santiago do Chile, Chile<br />
• 1995 - Novo México, EUA<br />
• 1996 - Birmingham, Inglaterra<br />
• 1997 - Surfers Paradise, Austrália<br />
• 1998 - Guarujá, Brasil<br />
Do ponto de vista da aplicação prática, o IGLC tem buscado im-<br />
| 26 |<br />
plementar sistemas de informação e novas ferramentas – que<br />
viabilizam a estabilização do ambiente produtivo –, enfocando<br />
a antecipação de problemas e surpresas, em vez da prática de<br />
adotar a redundância de recursos como maneira de conviver<br />
com ambientes de elevado grau de incertezas.<br />
Como exemplificar o impacto das perdas em um empreendimento<br />
do setor da construção civil? Tendo em vista a falta de um<br />
planejamento voltado para a gestão da obra como um todo, é<br />
comum observar que os engenheiros responsáveis pelas obras<br />
adotam um número de serventes com base no suporte logístico<br />
de suas operações.<br />
Normalmente, o servente representa entre 4% e 6,5% do custo<br />
total – numa expectativa conservadora. Um volume extremamente<br />
representativo, pois, mais do que o valor orçado para<br />
pedreiros, esse montante coloca os serventes entre os insumos<br />
mais caros do empreendimento. Nossa experiência mostra uma<br />
redundância média de 30% nesse recurso, o que significa uma<br />
possibilidade de redução de custo total da obra de aproximadamente<br />
1,5%.<br />
Para os casos de empresas que contam com a participação de<br />
subempreiteiras, são comuns as situações em que o engenheiro<br />
responsável não se importa com o número de pessoas alocadas<br />
para a realização dos serviços, já que os subempreiteiros<br />
são pagos por produção. A pergunta que fica é: quem financia<br />
a ineficiência desse projeto? Novamente, o conhecimento demonstra<br />
que, geralmente, a própria construtora financia esse<br />
valor, seja no mesmo contrato, seja em obras futuras.<br />
À medida que as empresas adquirem estabilidade no processo<br />
produtivo, as surpresas acabam, os estoques diminuem, o ritmo<br />
do trabalho ocorre sem correrias de última hora. Desse modo,<br />
o engenheiro responsável pode dedicar-se às atividades de engenharia<br />
e logística.<br />
Assim, com a adoção do modelo de gestão da produção baseado<br />
na construção enxuta, resgata-se a importância fundamental<br />
das funções de planejamento, projetos e rede de suprimentos<br />
para cada empreendimento.<br />
Com um pouco mais de detalhe, o empreendimento verdadeiramente<br />
enxuto deve ter como base de sustentação três abordagens<br />
principais:<br />
• lean design (gestão de projetos, especificações técnicas e<br />
métodos construtivos);<br />
• lean supply (gestão de rede de suprimentos – interna<br />
e externa)<br />
• lean construction (gestão do processo produtivo).<br />
Na verdade, diversas empresas já praticavam, em parte, os<br />
conceitos e técnicas da lean construction, sem contato mais
sai b a ma i s<br />
lean Construction<br />
Aplicação das ferramentas ligadas à metodologia das<br />
last planner, que busca a melhoria da eficiência das<br />
atividades de planejamento, pesquisando as nãoconformidades<br />
relativas aos desvios na execução de<br />
cada tarefa. Essa ferramenta encontra-se consolidada<br />
e já se iniciaram estudos para que sejam analisados<br />
outros indicadores de performance, representando<br />
uma segunda geração de indicadores.<br />
lean design<br />
Iniciou-se um grupo mundial de estudos, voltados<br />
para o desenvolvimento dos conceitos e técnicas de<br />
planejamento e análise de interferências relativas,<br />
projetos e especificações técnicas. Uma das atuais<br />
metas do IGLC é consolidar um modelo de engenharia<br />
simultâneo para a execução de projetos, já com a<br />
mentalidade de projetar, tendo em vista a execução,<br />
chamado de design-build.<br />
lean supply<br />
Existem estudos voltados para a consolidação de um<br />
modelo de gestão da rede de suprimentos, nos quais<br />
se trata, com o mesmo grau de importância, a logística<br />
externa (representada pelo racionamento com<br />
fornecedores) e a logística interna (conformada pela<br />
estrutura para compra, recebimento, armazenagem<br />
e transporte de materiais nos canteiros de obra). O<br />
CIFE vem desenvolvendo pesquisas relacionadas à<br />
utilização de desenhos de três dimensões, que variam<br />
conforme o andamento físico da obra, com base<br />
no acompanhamento dos trabalhos e na identificação<br />
antecipada de conflitos ligados às atividades de suporte<br />
logístico.<br />
lean construction no brasil<br />
O termo lean construction é conhecido por diversas empresas<br />
em nosso país, situação completamente diferente<br />
da que existia em 1994, quando, pela primeira vez, travávamos<br />
contato com o IGLC, em Santiago do Chile, e passamos<br />
a fazer parte daquele grupo de pesquisadores.<br />
profundo com o modelo proposto. Ocorre, porém, que sem um<br />
embasamento conceitual consistente, esses esforços, muitas<br />
vezes, trazem resultados parciais, os quais, ao fim dos trabalhos,<br />
acabam não sendo agregados à cultura da empresa.<br />
Formalmente, algumas empresas e instituições brasileiras já<br />
desenvolvem trabalhos com aplicação dos conceitos e técnicas<br />
da lean construction, podendo ser citados os seguintes casos:<br />
Construtora Reynold, Piracicaba-SP; Verticon Construção e Empreendimentos,<br />
São Paulo; e Hernandez Construtora e Incorporadora,<br />
São Paulo. Além disso, há os trabalhos desenvolvidos<br />
pelo NORIE (Órgão ligado à Universidade Federal do Rio Grande<br />
do Sul) e coordenados pelo engenheiro e professor Carlos Torres<br />
Formoso.<br />
Neste contexto, traçaram-se as seguintes tendências em relação<br />
à construção enxuta:<br />
• Consolidação das ferramentas de planejamento e programação<br />
de atividades.<br />
• Consolidação de um modelo de gestão baseado na transparência<br />
e comprometimento.<br />
• Desenvolvimento de aplicações ligadas à gestão de projetos<br />
(lean design)<br />
• Desenvolvimento de aplicações ligadas à gestão de rede de<br />
suprimentos (lean supply).<br />
A logística passará a ter papel fundamental nos projetos de<br />
processo e nas formas de negociação junto aos fornecedores e<br />
equipes de produção.<br />
o lEan co n s t ru c t i o n institutE - brasil<br />
O encontro mundial do IGLC, realizado no Brasil, propiciou<br />
condições para o surgimento do Lean Construction Institute -<br />
Brasil, a ser criado nas mesmas bases do Lean Construction<br />
Institute dos Estados Unidos. O objetivo é desenvolver treinamento,<br />
pesquisa e disseminação de conhecimentos relativos à<br />
construção enxuta em empresas ligadas à cadeia produtiva da<br />
construção civil. As propostas do LCI brasileiro são ambiciosas,<br />
mas compatíveis com o momento atual do setor que se prepara<br />
para ambientes cada vez mais competitivos.<br />
co n c l u s ã o<br />
Percebe-se, claramente, que a lean construction está em desenvolvimento.<br />
Faltam ainda muitos passos para que um modelo<br />
conceitual consistente possa ser documentado e implementado<br />
ao redor do mundo. Contudo, isso não impede que diversas empresas<br />
do setor da construção civil empreguem os conceitos e<br />
as ferramentas, desenvolvidas até agora, na busca de melhores<br />
resultados em seus empreendimentos.<br />
Cenários | informe técnico | nov/dez 2008
Cenários | informe técnico | out/nov 2008<br />
Pr o b l E m a s tradicionais<br />
Um dos méritos da construção enxuta é levantar o véu<br />
– e instituir ferramentas para ações preventivas – que<br />
cobre algumas das principais falhas de construtoras, no<br />
que se refere aos custos, ao cumprimento de prazos e à<br />
qualidade de serviços. O foco da correção é a mudança<br />
de atitude. Alguns desses problemas são:<br />
Não discutir as características operacionais da obra a<br />
ser executada antes de iniciá-la, deixando de analisar<br />
falhas de projeto, tais como interferências.<br />
Não discutir as especificações técnicas para cada insumo,<br />
por serviço relacionado à obra, deixando, assim, de<br />
considerar eventuais melhorias de processo ou mesmo<br />
de novas soluções de engenharia.<br />
Terceirizar os orçamentos, baseando os números em<br />
composições de preço unitário que não correspondem à<br />
cultura da empresa, nem às características operacionais<br />
das obras em questão.<br />
Não executar levantamento de quantidades confiáveis,<br />
incorrendo, muitas vezes, em erros que podem, inclusive,<br />
inviabilizar a obra.<br />
Não planejar as estratégias de contratação de serviços<br />
e produtos, impedindo, na prática, o surgimento<br />
de efetivas parcerias entre a empresa a seus principais<br />
fornecedores.<br />
Eta Pa s d E u m a<br />
i m P l a n ta ç ã o E n x u ta<br />
Fase 1<br />
planejamento(projeto e integração de equipes)<br />
Processos executivos a serem utilizados em cada frente<br />
de serviço<br />
Materiais a serem aplicados a cada etapa de trabalho<br />
Estudos de eventuais interferências entre projeto ou<br />
eventuais soluções alternativas<br />
Definição das estratégias de negociação junto aos fornecedores<br />
de serviços e materiais<br />
Fase 2<br />
projeto executivo (detalhamento)<br />
Definição da composição de cada preço unitário, incluindo<br />
a discussão sobre os índices de consumo a serem<br />
utilizados para cada insumo<br />
Levantamento de quantidades de insumos para cada<br />
serviço a ser executado<br />
Cotação dos insumos e políticas de contratação de mãode-obra<br />
e serviços<br />
Planilhas de orçamento<br />
Programação de serviços para a obra<br />
Fase 3<br />
Controle de andamento da obra<br />
Lookahead – programação semanal para as oito semanas<br />
seguintes (as primeiras duas com detalhes diários)<br />
Plano Diário – programação semanal de trabalho (com<br />
base no Lookhead) feita na semana seguinte, definindo,<br />
com maior precisão, as necessidades diárias de recursos<br />
PPC – com base no plano diário, é o cálculo semanal do<br />
percentual entre o planejado e o efetivamente concluído<br />
na semana anterior<br />
Apontamento de gastos de insumos por atividade executada<br />
Relatórios de andamento para visualização da posição<br />
da obra, seus pontos fracos e ponto fortes<br />
Realimentação, pois, sempre que necessário, os resultados<br />
observados devem realimentar as rotinas de orçamento<br />
e planejamento da obra
stockXchng<br />
Pí l u l a s En x u ta s<br />
• Quanto maior a agressividade no controle de custo<br />
individual de uma operação, menor será o enfoque sobre<br />
o impacto que a operação trará ao resultado global.<br />
Além disso, a especialização, inerente ao modelo organizacional<br />
hierárquico (o tradicional), aumenta ainda<br />
mais o número de operações que não agregam valor.<br />
• Se levarmos em consideração que normalmente a<br />
implantação de novas tecnologias traz consigo mais especialistas,<br />
a empresa corre grandes riscos de perder o<br />
controle ou de inchar, em vez de crescer.<br />
• Adotar um novo modelo de gestão da produção no<br />
setor da construção enxuta é buscar a análise de todos<br />
os processos de conversão associados às atividades<br />
de logística, características de cada etapa da execução.<br />
A abordagem, baseada nas análises de valor, garante<br />
não só a redução do custo da não-qualidade (e melhora<br />
da eficiência dos processos), como também busca a<br />
redução ou eliminação de todas as operações que não<br />
agregam valor ao produto.<br />
• A adoção da construção enxuta implica um novo desenho<br />
organizacional, no qual a tomada de decisões desce<br />
aos níveis operacionais da empresa.<br />
• O processo de aprendizado da construção enxuta<br />
ocorre diariamente.<br />
• É fácil controlar a compra de alguma coisa, contudo<br />
é mais difícil controlar padrões de comportamento. Na<br />
construção civil, todo o foco se encontra no contrato,<br />
enquanto os empreendimentos falham por falta de trabalho<br />
de equipe, um componente comportamental.<br />
Cenários | informe técnico | nov/dez 2008<br />
perfil<br />
ant o n i o sE r g i o it r i co n t E, é di r e t o r d a<br />
Log i c a L Sy S t e m S co n S u Lt o r i a S/c Lt d a
| 30 |<br />
Planejamento é<br />
Palavra de ordem<br />
Pr e ç o s a lto s e r i s c o d e fa lta d e material assustam c o n s t r u to r e s<br />
os meses com poucas chuvas e grandes períodos de<br />
estiagem são os com a maior procura por materiais de construção.<br />
Junho, julho, agosto e setembro são marcados por um<br />
grande aumento nas vendas. E com o crescimento da construção<br />
civil em 2007, as construtoras se viram com um grande<br />
problema: o cimento desapareceu do mercado. O preço aumentou<br />
quase 22% e as grandes obras pararam por falta do insumo.<br />
Passado o susto, essa indústria vive agora a expectativa e<br />
o temor de que outros componentes voltem a prejudicar o andamento<br />
das obras e as perspectivas de crescimento do setor,<br />
que espera fechar 2008 com 8,5%.<br />
Medo que é justificado. Pontualmente, neste ano já houve<br />
problemas de fornecimento de aço, cimento e outros materiais<br />
em todo o Brasil. Mas segundo o presidente da Associação<br />
Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção<br />
(Abramat), Melvyn Fox, a indústria da construção civil não<br />
precisa temer falta de insumos para os empreendimentos,<br />
uma vez que quem fabrica materiais está investindo para<br />
aumentar a capacidade de produção. “Quando a construção<br />
civil voltou a crescer as fábricas trabalhavam com uma<br />
capacidade de 70%. Hoje, a ociosidade é de 15%, mas não<br />
deve diminuir, tende a permanecer assim por causa dos investimentos”,<br />
avalia Fox.<br />
Investir em indústrias de materiais para construção, observa<br />
ele, é passo de risco: exige grandes volumes de dinheiro<br />
e tempo para obter o aumento da capacidade. De modo que<br />
só agora a indústria se sentiu segura o suficiente para fazer<br />
grandes aplicações de recursos na capacidade de produção.<br />
A explicação disso é que a construção civil no Brasil ficou<br />
cerca de 15 anos estagnada, sendo preciso, portanto, um<br />
tempo para avaliar se o crescimento dos últimos dois anos<br />
não seria passageiro. De acordo com dados da Abramat,<br />
70% das fábricas têm reservas previstas para os próximos<br />
12 meses e grande parte delas já começou a aplicar dinheiro<br />
para aumentar a produção.<br />
Pr o b l e m a co n c r e to<br />
O grande vilão do ano passado ainda preocupa os construtores.<br />
Até setembro de 2008, o aumento acumulado no<br />
valor do cimento foi da ordem de 31,32% no Distrito Federal.<br />
Sem contar o incremento da procura, que chega a 15%<br />
apenas no primeiro semestre, percentual acima do esperado<br />
pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).<br />
De acordo com o secretário-executivo do SNIC, José Otávio<br />
Carvalho, muitas indústrias que estavam exportando o insumo<br />
agora destinam o produto para o mercado interno, além<br />
disso outras também estão investindo em novas fábricas e
no aumento da produção. Dados do SNIC mostram que uma<br />
nova fábrica de cimento exige um investimento de R$ 250<br />
milhões. No <strong>DF</strong>, a Votorantim já anunciou um investimento de<br />
R$ 450 milhões, até 2011, para expandir sua fábrica em Sobradinho,<br />
o que deverá dobrar a capacidade de produção.<br />
Assim, o concreto ainda é o maior problema enfrentado pelas<br />
construtoras. De acordo com o diretor de suprimentos da<br />
Via Engenharia, Francisco Eugênio Barrozo Costa, apesar de<br />
alguns materiais terem aumentado muito o prazo de entrega,<br />
é com as concreteiras o maior problema que a empresa enfrenta<br />
agora, seja no que se refere à compra de cimento, seja<br />
em relação à argamassa. Segundo Costa, algumas obras da<br />
construtora chegaram a ficar paradas por um dia ou dois, isso<br />
por falta do material. “Mas nada que atrase muito o cronograma<br />
de nenhum dos empreendimentos”, garante.<br />
Pla n e ja r Pa r a nã o fa lta r<br />
O planejamento da obra é a maior dificuldade enfrentada<br />
pelos fornecedores de materiais de construção. Fox, da<br />
Abramat, e Carvalho, do Snic, reclamam da falta de previsibilidade<br />
dos gastos. “Cimento quase não tem estocagem, nem<br />
na fábrica nem em depósitos. É um material muito perecível<br />
e que ocupa bastante espaço. Quando um grande consumidor<br />
aparece, ele quer uma quantidade ampla de material.<br />
Mesmo com a construção de novas instalações não é algo<br />
simples. Uma fábrica nova demora de três a cinco anos para<br />
funcionar plenamente”, adverte Carvalho.<br />
Transformar a perspectiva de crescimento do setor em planejamento,<br />
para não correr o risco de ficar sem material, é o desafio<br />
desse segmento, argumenta Fox. “A indústria tem o objetivo de<br />
atender a demanda necessária. Todo mundo quer vender”, reitera.<br />
Entretanto, a compra exige prazos cada vez maiores, defende<br />
o presidente da Comissão de Materiais e Tecnologias (Comat) do<br />
<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>, Dionyzio Antônio Klavdianos. São materiais que as<br />
fábricas exigiam 30 dias para entregar, mas que agora pedem até<br />
60. “E eles não garantem a entrega”, adverte.<br />
Pedidos com antecedência para evitar atraso das obras é a<br />
regra na Via Engenharia. Segundo o diretor de suprimentos<br />
da empresa, os pedidos são feitos com até seis meses de antecedência.<br />
Os suprimentos que mais aumentaram o espaço<br />
de tempo para a entrega são portas e cerâmicas. “Estamos<br />
pedindo com prazos maiores. Com esse intervalo ainda não<br />
tivemos problema de atraso, mas é fato que não se pode fazer<br />
pedidos de última hora. A demanda ainda é muito grande<br />
e as fábricas não estão conseguindo entregar”, argumenta<br />
Costa. Mais do que o prazo, o que realmente tem tirado o<br />
sono das construtoras é a elevação dos custos.<br />
os Pr e ç o s em um ‘a r r a n h a cé u’<br />
É a velha e boa lei da oferta e procura. Muita procura, eleva<br />
os preços. E com os materiais de construção não tem<br />
sido diferente. Com o crescimento da construção civil e o<br />
| 31 |<br />
aumento na demanda, tanto nacional, quanto internacional,<br />
por matéria-prima, os preços de alguns materiais foram às<br />
alturas. É o caso do aço, por exemplo, que, nos últimos 12<br />
meses, subiu 61,76 e do concreto, que sofreu um incremento<br />
de 53,91% no mesmo período.<br />
E a disparada dos preços é uma realidade que deve piorar<br />
com o aumento do dólar. Segundo o presidente do <strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>,<br />
Elson Ribeiro e Póvoa, é preciso atitude contra o<br />
aumento abusivo. Como o mercado não pode simplesmente<br />
parar de comprar, Póvoa defende a ação do Conselho Administrativo<br />
de Defesa Econômica (CADE) para controlar os<br />
reajustes, que muitas vezes não são justificados. “O aço aumentou<br />
por causa da disputa de mercados externos, como o<br />
da China, e pode aumentar agora com a alta do dólar. Mas e<br />
o resto?”, questiona.<br />
Recentemente algumas obras do Programa de Aceleração<br />
do Crescimento (PAC) foram suspensas por causa da alta<br />
nos matérias. O argumento das construtoras para tal situação<br />
é que o preço fechado nas licitações estava bem abaixo<br />
do praticado no mercado. “Não há como garantir o preço<br />
por um tempo dilatado. Os contratos com incorporadoras<br />
têm que ter flexibilidade”, adianta o presidente da Abramat,<br />
argumentando que, no acumulado dos últimos quatro anos,<br />
o valor do material de construção ajudava a reduzir o valor<br />
do Custo Unitário Básico da Construção (CUB/m²) – composto<br />
pelo custo do material, mão-de-obra, despesas administrativas<br />
e equipamentos. Em setembro, o metro quadrado no<br />
<strong>DF</strong> custou R$ 751,42. Desse total, mais de 50% se referia<br />
ao material de construção.<br />
con s t r u t o r e s un i d o s<br />
Para driblar a alta dos preços e elaborar um planejamento<br />
mais tranqüilo para as compras de materiais, o Sindicato da<br />
Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (<strong>Sinduscon</strong>-<br />
<strong>DF</strong>) encampou o projeto da Cooperativa da Construção Civil<br />
do <strong>DF</strong> (Coopercon-<strong>DF</strong>). A cooperativa já nasceu com uma<br />
grande missão: garantir bens e serviços na terceira praça<br />
mais atraente do mercado imobiliário brasileiro. A Coopercon-<strong>DF</strong><br />
conta com 22 associados e comemora a sua primeira<br />
compra conjunta de 111 elevadores.<br />
É o início de uma nova etapa para as empresas de engenharia<br />
do <strong>DF</strong>. O grupo cooperado centraliza seu poder de fogo<br />
no planejamento das compras, o que é feito normalmente<br />
com base numa agenda anual. Aliás, prever as compras,<br />
principalmente as de grandes volumes, ajuda a reduzir os<br />
custos e minimiza os riscos de falta de insumos. Na compra<br />
dos elevadores as construtoras integrantes da Coopercon-<br />
<strong>DF</strong> tiveram economias que variam de 5% a 15%, comparando-se<br />
o preço que teriam pago nos orçamentos individuais,<br />
empresa a empresa. A compra no valor aproximado do R$<br />
12,5 milhões foi a segunda maior aquisição de cooperativas<br />
no Brasil durante o ano de 2008.<br />
Cenários | Cenário | nov/dez 2008
Com as barbas de molho<br />
Incertezas c o m relação a c r é d Ito e j u r o s deIxam empresárIos c au t e lo s o s.<br />
mudanças p o d e m afetar a perspect Iva d e crescImento pa r a o p r ó x Im o a n o<br />
da euforia à preocupação. a crise financeira mundial não<br />
chegou a ser um banho de água fria em todas as expectativas<br />
de crescimento da economia do Distrito Federal, mas a queda<br />
do crédito internacional, a ameaça de aumento nos juros e a<br />
alta do dólar frente ao real intimidou os empresários. “Não<br />
sabemos em que ponto o dólar vai parar. Se subirá até um<br />
ponto em que seja favorável à exportação ou se ficará muito<br />
caro? Temos mesmo é que esperar a poeira baixar”, opina<br />
o vice-presidente da Federação das Indústrias do <strong>DF</strong> (Fibra-<br />
<strong>DF</strong>), Ricardo Figueiredo Caldas.<br />
As projeções de crescimento deram lugar a dúvidas como o<br />
que ocorrerá nos próximos anos e qual impacto real da crise<br />
que se iniciou nos Estados Unidos e se alastrou por todo o<br />
mundo. Mesmo com as declarações do presidente Luis Inácio<br />
Lula da Silva de que o País não sofrerá tanto os efeitos desse<br />
tsunami financeiro, empresários e consumidores estão apreensivos.<br />
“O Brasil é uma economia forte, mas quando você<br />
vê os maiores mercados do mundo se dobrarem diante da<br />
crise, fica-se com a certeza de que ela é uma grande ameaça”,<br />
desabafa Caldas, para quem é impossível imaginar uma<br />
economia blindada aos abalos financeiros diante do avanço<br />
crescente da globalização dos mercados.<br />
| 32 |<br />
Para além da crise financeira mundial, essa tempestade deverá<br />
afetar os resultados não só da economia brasileira, mas também<br />
o desempenho brasiliense em 2008, segundo a avaliação<br />
do economista e professor da Universidade de Brasília (UnB)<br />
Roberto Piscitelli. Para ele, o crédito é a “questão crítica” da<br />
instabilidade vivida hoje. “O volume de dinheiro abundante foi<br />
o grande fator de crescimento na economia brasileira nos últimos<br />
anos, principalmente a partir de 2004, mas de agora em<br />
diante ele estará cada vez mais escasso”, observa.<br />
“Quando você vê os maIores<br />
m e r c a d o s do m u n d o se dobrarem<br />
dIante da crise, fIca-se com a<br />
certeza de Q ue ela é u m a grande<br />
ameaça” ri c a r d o caldas,<br />
vIce-presIdente da Fibra<br />
shutterstock
De acordo com o economista, o cataclismo financeiro global<br />
decretou o cancelamento dos longos prazos (os quais considera<br />
irreais) que eram praticados até o início de outubro.<br />
“Antes era possível comprar um carro em até 99 meses, algo<br />
impensável se avaliarmos a vida útil do bem”, exemplifica.<br />
E foram justamente os carnês recheados de prestações pequenas<br />
que permitiram o acesso à compra e ao consumo pelas<br />
classes mais baixas. Contudo, isso deve mudar. Em vez de infinitas<br />
e mínimas parcelas, o que por vezes significava pagamento<br />
final do produto bem maior do que o valor real, o período de<br />
financiamento deverá encurtar e o valor das prestações, aumentar,<br />
retirando muita gente da fila dos financiamentos.<br />
mai s tímidos<br />
Neste momento, a palavra de ordem do setor industrial é cautela.<br />
“Todo o cenário desenhado há um mês mudou. Hoje,<br />
a economia à tarde está diferente do que era pela manhã”,<br />
alerta o presidente do Sindicato das Empresas de Compra e<br />
Venda de Imóveis do <strong>DF</strong> (Secovi-<strong>DF</strong>) Miguel Setembrino. Antes<br />
de a crise norte-americana estourar e atingir bancos e instituições<br />
de crédito em todo o planeta, o Secovi-<strong>DF</strong> comemorava<br />
a expectativa de crescimento na oferta de crédito – previa-se<br />
um incremento de 25% a 30% para este segundo semestre.<br />
O otimismo era justificado pelo bom momento da economia do<br />
Distrito Federal, que nunca estivera tão promissora.<br />
Entretanto, com a quebra de instituições financeiras internacionais,<br />
as brasileiras do gênero decidiram rever o crédito,<br />
que se tornou mais escasso e caro. Segundo Setembrino, os<br />
únicos financiamentos que não ficaram prejudicados foram os<br />
de casas populares. A Caixa Econômica, principal financiador<br />
desses imóveis, continua a usar as tabelas antigas de taxas<br />
de juros. No caso das particulares, houve o contrário: reajustaram<br />
os juros e estão mais exigentes. “Os bancos privados já<br />
fizeram alterações. Para imóveis mais caros estão com mais<br />
exigências, como entrada e renda mais elevada”, explica o<br />
presidente do Secovi-<strong>DF</strong>. Assim, a então previsão de incremento<br />
nas linhas de empréstimo poderá se transformar numa<br />
redução de igual proporção.<br />
des a c e l e r a ç ã o<br />
A falta de dinheiro para empréstimos afetou o ânimo de toda a<br />
economia. “A indústria, principalmente, precisa de crédito para<br />
se desenvolver e fabricar seus produtos. Se isso diminui, retrai<br />
também a produção e o faturamento”, adverte Caldas. Com<br />
isso, muitas indústrias estão repensando projetos de expansão<br />
e abertura de novas empresas. “Há quem esteja avaliando<br />
dar férias coletivas esse ano”, completa. O mesmo ocorre com<br />
construtoras, que já reavaliaram os novos lançamentos. “As<br />
próprias incorporadoras se retraíram um pouco. Não planejam<br />
os lançamentos no mesmo ritmo”, pontua Setembrino.<br />
A construtora JC Gontijo adiou, em outubro, dois lançamentos<br />
residenciais que faria neste ano no <strong>DF</strong>, retardando a contratação<br />
de 1,9 mil trabalhadores. A indecisão do mercado também<br />
Cenários | Tendências | nov/dez 2008<br />
| 33 |<br />
“to d o o c e n á r i o m u d o u.<br />
Ho j e, a e c o n o m Ia à ta r d e está<br />
diFerente d o Q u e era pela<br />
m a n H ã”, mi g u e l setembrino,<br />
presIdente d o se c o v i-dF<br />
fez com que a PaulOOctávio adiasse, para a segunda quinzena<br />
de novembro, o planejamento de investimentos em 2009<br />
– em geral, feita no mês de outubro. Esses adiamentos farão<br />
o setor da construção, que crescia em um ritmo superior aos<br />
10% ao ano, não passar muito da casa dos 7%.<br />
Piscitelli alerta para o que pode ocorrer a projetos como o do<br />
novo setor do Noroeste. “É um grande empreendimento, mas<br />
que precisa de mobilização massiva de recurso, principalmente<br />
por se tratar de imóveis de alto valor”, diz. Com o investimento<br />
prejudicado pela retração do crédito, tudo deve “caminhar”<br />
mais lentamente. “Os próprios consumidores estão mais temerosos.<br />
E o investimento para comprar uma casa própria exige<br />
uma estabilidade que muitos não vêem mais”, alerta.<br />
divulgação
Cenários | Arquitetura | nov/dez 2008<br />
Es pa ç o Lo u n g E, d o b a n h E i r o<br />
F E m i n i n o c o m u m a n a m o r a d E i r a<br />
n o E s t i L o Lu í s XVi<br />
SofiSticAdoS, práticoS e modernoS<br />
Ban h e i r o s pú B l i c o s de sh o p p i n g s e es pa ç o s co r p o r at i v o s<br />
g a n h a m ar e s de so f i s t i c a ç ã o e mo d e r n i d a d e<br />
espaços coorporativos, shoppings e lojas de luxo são<br />
alguns dos locais em que os banheiros públicos estão deixando<br />
a característica cor branca dos revestimentos para ganhar ares<br />
de sofisticação. Prova disso foi a amostra do Banheiro Público<br />
Feminino, exposta na 17ª Casa Cor Brasília, ocorrida nos meses<br />
de setembro e outubro.<br />
O projeto foi inspirado na mulher atual, com acabamento clássico<br />
e moderno. No movimento de aliar traços distintos, o toque<br />
de sofisticação fica por conta do lustre de cristal, que cai do<br />
teto, para se contrapor ao design inovador das louças e metais.<br />
A combinação beleza e praticidade pode ser vista em outros detalhes.<br />
Destaque para o porcelanato da coleção Bemim Neolitic<br />
Bronze, da Eliane. “Trata-se de um material prático, pois está<br />
num banheiro e pode ser lavado”, explica Juliana Cas, uma das<br />
arquitetas responsáveis pela proposta, ao lado de Fernanda<br />
Mendes e Melissa Lopes.<br />
| 34 |<br />
Fa s h i o n i s ta<br />
Em vez do estilo clean típico de banheiros públicos, a tendência<br />
das passarelas ditou o tom. Nesses ambientes, cedeu-se aos<br />
apelos da estação Primavera/Verão 2009: neles há divisórias<br />
em vidro temperado marrom – cor que será um dos destaques<br />
nas vitrines da próxima estação e também promete fazer sucesso<br />
na decoração de interiores. “Hoje, os espaços públicos<br />
tanto do mercado corporativo quanto de shopping e lojas de<br />
luxo têm procurado traduzir a expectativa do cliente também na<br />
arquitetura”, observa Juliana.<br />
O banheiro possui 20 metros quadrados, divididos em três espaços<br />
diferenciados. O primeiro ambiente, chamado Espaço<br />
Camarim, recebeu espelhos e luminárias ideais para retocar a<br />
maquiagem e dar aquele trato no visual. Para conversar com as<br />
amigas e relaxar, a visitante encontrou o Espaço Lounge, que<br />
tem até namoradeira no estilo Luis XVI, com acabamento em
laca. Ali há ainda uma mesa lateral e um espelho para o corpo<br />
inteiro, com moldura de madeira de demolição. O último espaço<br />
dá acesso aos sanitários.<br />
Tantos detalhes tinham o objetivo de criar um recinto adequado<br />
às necessidades da mulher, “o que não se resume apenas ao<br />
uso principal do banheiro”, pontua Juliana Cas. O projeto precisou<br />
de um mês – entre a concepção e a finalização da obras<br />
– para ser realizado.<br />
cu i da d o s E s p E c i a i s<br />
Mas não só as mulheres têm ganhado atenção especial dos arquitetos<br />
na criação de projetos de banheiros públicos. A exposição<br />
da Casa Cor pôs em destaque também os projetos de WC<br />
públicos destinados aos homens e portadores de necessidades<br />
especiais – espaços que ganharam materiais inovadores, como<br />
porcelanato com aplicação de purpurina.<br />
Combinar elegância e aconchego num local onde “os homens<br />
tivessem a sensação de refúgio” é a proposta do design criado<br />
por Anna Valéria Valle Maciel e Angélica Melo. Na versão delas,<br />
o banheiro masculino ganhou o charme do tom negro, sobre o<br />
qual foi deixado um recado, escrito em batom vermelho, sobre<br />
os mictórios – exatamente na linha de visão do usuário.<br />
“O objetivo foi criar um ambiente diferente daqueles que os<br />
homens estão acostumados, onde se misturava a parte dos<br />
mictórios e das cubas. Pensamos então que, talvez, por esse<br />
motivo os homens não ficassem tanto tempo no banheiro.<br />
Contudo, com o clima mais aconchegante possam permanecer<br />
lá por mais tempo”, explica a designer de interiores<br />
Angélica Melo.<br />
| 35 |<br />
ba n h E i r o m a s c u L i n o<br />
g a n h a c h a r m E c o m<br />
to m E s c u r o<br />
a E X p o s i ç ã o<br />
A décima edição da Casa Cor Brasília 2008 ocupou o espaço<br />
da Mansão dos Flamboyants, no Park Way. Considerada a maior<br />
mostra de arquitetura de interiores do Centro-Oeste, o evento<br />
utilizou-se de 20 mil metros quadrados, sendo três mil metros<br />
de área construída. Em meio a jardins, lagos e palmeiras imperiais,<br />
encontra-se 47 ambientes, criados por 76 profissionais<br />
(arquitetos, decoradores, designers e paisagistas).<br />
ba n h E i r o FE m i n i n o:<br />
Es p E L h o s E L u m i n á r i a s idEais<br />
pa r a c o n F E r i r o V i s u a L<br />
divulgação
Cenários | Meio ambiente | nov/dez 2008<br />
EnErgia Ecológica<br />
SiStemaS f otov o lta i c oS de pr odução de ener gia a i n da não ganharam<br />
força no BraSil, apeSar de o pa íS c o n ta r c o m luz S o l a r aB undante<br />
Eles geram energia limpa, gerada a partir de fonte abundante.<br />
Ainda pouco demandados no mercado interno por causa do alto<br />
custo, os sistemas fotovoltaicos, que se utilizam da potência solar,<br />
podem ser opção ecológica para quem busca construir em<br />
harmonia com o meio ambiente. A boa notícia é que já existe<br />
projeto brasileiro premiado nessa área, o que seria uma alternativa<br />
financeira para baratear os custos, mas a difusão desse<br />
processo ainda depende de incentivos.<br />
A tecnologia para a fabricação desses sistemas por aqui já está<br />
pronta e é utilizada pelo Centro Brasileiro para Desenvolvimento<br />
de Energia Solar Fotovoltaica (CB-Solar). Por ora, o projeto<br />
brilha no Programa Luz para Todos, do governo federal, piloto<br />
que poderá ser industrializado, caso conte com estímulos tributários,<br />
explica a professora Izete Zanesco, uma das coordenadoras<br />
do CB-Solar.<br />
“Na Índia e China, o número de fábricas está em crescimento.<br />
No Brasil não há nenhuma. Apesar de termos duas principais<br />
matérias primas: energia solar e silício para obter a celula solar”,<br />
afirma Izete. O elemento químico é usado na formação de<br />
células de silício que captam a energia solar e a transformam<br />
em eletricidade.<br />
| 36 |<br />
Apesar das dificuldades, o crescimento da produção mundial<br />
foi de 70% de 2006 para 2007. Os custos giram na casa dos<br />
US$ 4 e US$ 5 por quilowatt, mas investimentos perduram: os<br />
sistemas fotovoltaicos produzem energia por mais de 30 anos.<br />
“Há previsões de que, no Brasil, em alguns anos esses gastos<br />
podem ser mais baratos. No estágio atual, importamos tudo”,<br />
pontua a professora.<br />
Ne m pa r a ta N t o s<br />
Democratizar o acesso à energia também é objetivo que integra<br />
o pacote de projetos do CB-Solar, o qual conta com modelos<br />
prontos e testados, além dos que se encontram em andamento.<br />
Uma dessas propostas é o módulo compacto de geração criado<br />
para ser aplicado em regiões distantes e de difícil acesso. Com<br />
ele, atende-se o Programa Luz para Todos, que já conta com<br />
áreas com energia fotovoltaica, com sistemas isolados ou interligados<br />
à rede elétrica.<br />
Aliás, o programa é o maior usuário do sistema fotovoltaico,<br />
“enquanto no mundo o crescimento do uso do sistema concentra-se<br />
em locais urbanos, em setores industriais, residências,<br />
edifícios e grandes centrais elétricas”, observa Izete. Quando<br />
o sistema é conectado à rede, não há problemas ocasionais,<br />
StockXchng
como a redução da produção do fornecimento causado em função<br />
do rareamento da luminosidade.<br />
E se qualquer processo industrial deixa resíduos na natureza,<br />
os sistemas fotovoltaicos possuem a vantagem comparativa de<br />
não causarem o mínimo impacto ao planeta, uma vez que “são<br />
resíduos que se consegue controlar facilmente”, pontua a coordenadora<br />
do CB-Solar.<br />
Outro benefício é que, após o sistema instalado, não há geração<br />
de nenhum tipo de detrito, ao contrário das hidroelétricas, fonte<br />
predominante na matriz energética brasileira. Essa energia,<br />
gerada a partir da água represada, pode acarretar em grande<br />
concentração atmosférica de gás metano, que é liberado pelas<br />
represas. Tal emanação é um dos principais agravantes do<br />
aquecimento do planeta.<br />
ecobuildiNg s o l a r<br />
Expressão comum nos círculos de engenheiros e arquitetos<br />
mais ligados à construção sustentável, o processo conhecido<br />
como Ecobuilding ganha variação: é o Ecobuilding solar.<br />
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de<br />
Energias Renováveis e Meio Ambiente (Abeama), Ruberval<br />
Baldini, trata-se de uma expressão que integra o conceito<br />
estrutural e arquitetônico iniciado nos Estados Unidos ao<br />
uso da energia solar. “A base é um conceito de construção<br />
que modifique em menor grau possível os elementos da natureza”,<br />
considera Baldini.<br />
StockXchng<br />
| 37 |<br />
A utilização da luz solar, explica, acompanha as condições<br />
geográficas. Além disso, é preciso observar o tipo de aplicação,<br />
como escola, hospital e edifício de escritórios, por<br />
exemplo. Baldini participou do VI Fórum Técnico – Gestão do<br />
Processo Construtivo, organizado pelo Sindicato da Indústria<br />
da Construção Civil do Distrito Federal (<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>),<br />
entre 7 e 9 de outubro.<br />
tec N o l o g i a pr e m i a da<br />
Em 2002, Adriano Moehlecke, da Pontifícia Universidade<br />
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), foi o<br />
vencedor do prêmio Jovem Cientista por desenvolver<br />
o processo completo de fabricação de um dispositivo<br />
de conversão de energia solar em elétrica<br />
– a célula solar. Para tanto, utilizou tecnologia inovadora<br />
e criou o primeiro laboratório de fabricação<br />
de células solares no Brasil.<br />
Em maio de 2004, por meio de um acordo de cooperação<br />
técnico-científico, foi implantado, nas instalações<br />
da Faculdade de Física da PUCRS, o CB-Solar<br />
com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia<br />
(MCT), secretarias estaduais e da universidade. Entre<br />
os coordenadores do projeto estão os professores<br />
Adriano Moehlecke e Izete Zanesco.
Cenários | Responsabilidade Social | nov/dez 2008<br />
Modelo nacional<br />
Pr o j e t o de le i Pr e v ê q u e em P r e s a s de t o d o s os<br />
s e to r e s do Pa í s fo r n e ç a m cu r s o s de al fa b e t i z a ç ã o.<br />
Pr o P o s ta co m e ç o u co m a co n s t r u ç ã o civil do df<br />
Uma prática que tem se tornado comum em canteiros<br />
de obras da construção civil pode se estender para empresas<br />
de todos os setores e em nível nacional. Tramita em comissões<br />
da Câmara dos Deputados, em caráter conclusivo – sem necessidade<br />
de passar por votação no plenário para aprovação<br />
–, o Projeto de Lei nº. 5.348/05, que institui o Programa de<br />
Alfabetização e Cidadania na Empresa (Pace). Pela proposta,<br />
empresas com mais de 100 empregados fornecerão aulas de<br />
alfabetização aos empregados, preferencialmente no local de<br />
trabalho, ministradas por profissionais capacitados.<br />
O projeto original, feito pelo então senador Paulo Octávio,<br />
previa o Pace apenas para empresas de construção civil, mas<br />
emenda da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado<br />
| 38 |<br />
estendeu o programa a todos os setores. Paulo Octávio aproveitou<br />
a experiência na área da construção e na alfabetização<br />
de operários para elaborar o texto. A alfabetização é aplicada<br />
nos canteiros de obras da construtora do empresário e vicegovernador<br />
do Distrito Federal desde 1989.<br />
Lo n g a e s t r a d a<br />
O Seconci – braço social da construção civil no <strong>DF</strong> – oferece<br />
aulas nos canteiros de obras há 20 anos. Nesse período, foram<br />
mais de 60 mil trabalhadores alfabetizados. Com esse histórico,<br />
João Carlos de Siqueira Filho, presidente do Seconci-<strong>DF</strong>, considera<br />
a aprovação do PL algo significante para o país. “Brasília<br />
já deu um exemplo. Essa expansão da proposta a outros setores<br />
em nível nacional é muito relevante”, afirma Siqueira Filho.
“esse P r o j e to tem t u d o Pa r a ser aPr ovad o.<br />
te m o s consciência d e q u e o Pa í s P r e c i s a rec u Per ar<br />
o direito da s Pessoas d e acesso à ed uc aç ão.<br />
a idéia é rec on hec er o m é r i t o da s em Pr esas q u e<br />
ad er irem ao P r o g r a m a”, o b s e r va ub i a l i<br />
De acordo com o projeto, as empresas que aplicarem o programa<br />
receberão o selo “Empresa Formadora da Cidadania”,<br />
que poderá ser utilizado em peças publicitárias, placas<br />
informativas e papéis timbrados. A idéia é demonstrar à<br />
sociedade sua contribuição no combate ao analfabetismo.<br />
Outro benefício é que essas empresas terão preferência na<br />
obtenção de crédito no âmbito dos programas executados<br />
pelas instituições federais.<br />
Além disso, quem aderir ao projeto poderá deduzir as despesas<br />
geradas pelo programa de alfabetização de adultos da<br />
contribuição social do salário educação, mas não caberá reembolso<br />
de valor do excedente de cada período de apuração<br />
dos gastos e contribuições.<br />
No voto do relator do PL na Comissão de Desenvolvimento<br />
Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, o<br />
deputado Marco Aurélio Ubiali (PSB-SP) ressaltou que, por ser<br />
a educação uma garantia constitucional, “nada mais natural do<br />
que a concessão de algum incentivo financeiro por parte do Estado,<br />
de forma a tornar o Programa viável para as empresas”.<br />
Com isso, o parlamentar considerou a dedução dos gastos com<br />
o programa da construção social do salário educação, mas desconsiderou<br />
a possibilidade dos custos serem dedutíveis do Imposto<br />
de Renda de Pessoa Jurídica. “Dessa forma, acreditamos<br />
que é possível encontrar um equilíbrio entre a participação do<br />
Estado e das empresas no custeio do Pace”, pontuou no voto.<br />
A proposta foi aprovada e está na Comissão de Educação e<br />
Cultura, aguardando parecer.<br />
Outro aspecto é que o custo do programa não poderá ser incorporado<br />
à remuneração do trabalhador nem constituir base<br />
de incidência de contribuição providenciaria ou do Fundo de<br />
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Esse projeto tem tudo<br />
para ser aprovado. Temos consciência de que o país precisa<br />
recuperar o direito das pessoas de acesso à educação. A idéia<br />
é reconhecer o mérito das empresas que aderirem ao programa”,<br />
observa Ubiali.<br />
ex e m p L o n o distrito Fe d e r a L<br />
O Seconci-<strong>DF</strong>, braço social da indústria da construção<br />
civil, tem como um dos objetivos oferecer oportunidades<br />
de ensino em parceria com as empresas do setor.<br />
Confira os números sobre alfabetização de adultos.<br />
Desde 1991, foram mais 6.417 mil alfabetizados.<br />
Somente em 2007 o número foi de 679.<br />
Neste ano, até 15 de outubro, a quantidade saltou<br />
para 928 – com quase 40 turmas espalhadas pelos<br />
canteiros do Distrito Federal.
AGENDA<br />
Ar q u i t e t u r A e Co n s t r u ç ã o<br />
C o m te r r A n o Br A s i l<br />
Programação<br />
A segunda edição reunirá<br />
profissionais, pesquisadores,<br />
estudantes e interessados<br />
no tema da arquitetura e<br />
construção em terra<br />
Porque ir<br />
Espaço para discutir<br />
alternativas de novas técnicas<br />
e arquitetura contemporânea<br />
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3 a 8 de novembro<br />
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De R$ 80 a R$ 200<br />
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(98) 3222-6162<br />
en e r g i A re n ov á v e l e<br />
su s t e n tA B i l i dA d e<br />
Programação<br />
O Fórum Internacional<br />
vai reunir profissionais<br />
de diferentes áreas do<br />
conhecimento para debater<br />
novas formas de energia<br />
renováveis<br />
Porque ir<br />
Diante do aquecimento global e<br />
da importância da construção<br />
sustentável, o congresso será<br />
uma porta para a troca de<br />
experiências sobre energias<br />
renováveis e meio ambiente<br />
Onde e Quando<br />
Florianópolis (SC),<br />
18 a 21 de novembro<br />
Preço<br />
De R$ 990 a R$ 2.850<br />
Contatos<br />
www.ecopowerbrasil.com.br<br />
(48) 3224-0224<br />
Pr o d u to s d e mA d e i r A<br />
só l i d A<br />
Programação<br />
Uma discussão dos riscos<br />
globais e oportunidades para<br />
a indústria de produtos de<br />
madeira sólida<br />
Porque ir<br />
Parte da programação inclui<br />
a palestra A crise imobiliária<br />
americana e o impacto no<br />
mercado internacional de<br />
produtos de madeira sólida<br />
Onde e Quando<br />
Curitiba (PR),<br />
19 a 21 de novembro<br />
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liCitAções e Pr e g õ e s<br />
Programação<br />
O Fórum Nacional dos Membros<br />
de Comissões de Licitações,<br />
Pregoeiros e Equipes de<br />
Apoio vai discutir impactos<br />
de propostas e projetos nos<br />
processos licitatórios<br />
Porque ir<br />
Atualizar-se sobre os projetos<br />
de lei, as propostas, instruções<br />
normativas em vigor e em<br />
tramitação e os impactos<br />
que provocam nos processos<br />
licitatórios e de compras<br />
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Foz do Iguaçu (PR),<br />
1 a 4 de dezembro<br />
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Co n g r e s s o mu n d i A l<br />
d e en g e n h e i r o s<br />
Programação<br />
Com o tema Engenharia:<br />
inovação com responsabilidade<br />
social, o congresso discutirá<br />
alternativas e soluções<br />
que contribuem com o<br />
desenvolvimento sustentável<br />
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e estudantes de engenharia de<br />
vários países estarão reunidos<br />
para entrar em contato com<br />
o pensamento mundial,<br />
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ges to r e s d A Co n s t r u ç ã o<br />
Programação<br />
O encontro discutirá os<br />
desafios enfrentados por<br />
diretores técnicos e gestores<br />
de construção referentes a<br />
custos, ciclos de produção,<br />
qualidade e tecnologia<br />
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Oportunidade de<br />
compartilhar suas<br />
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profissionais e trocar<br />
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Co n s t r u ç ã o Civil<br />
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construção civil no Brasil<br />
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AGENDA
Cenários | Charge | nov/dez 2008<br />
| 42 |
stockXchng<br />
O CUB (Custo Unitário Básico) subiu 1,69 % em setembro<br />
em relação a agosto, quando o índice havia apresentado<br />
variação mensal ainda maior, 1,95%. O CUB é o índice oficial,<br />
calculado pelo Sindicato da Indústria da Construção do<br />
Distrito Federal (<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>), que mostra a variação dos<br />
custos do setor para utilização nos reajustes dos contratos<br />
da construção civil brasiliense.<br />
Com o resultado, o custo do metro quadrado de construção<br />
do projeto-padrão referencial do Distrito Federal<br />
(R8N-residência multifamiliar padrão normal) agora é<br />
de R$ 751,42, em setembro, o metro quadrado. Desse<br />
total, o gasto com material ficou em R$ 381,45, as<br />
despesas com mão-de-obra em R$ 315,63, os custos<br />
administrativos somaram R$ 49,82 e os com equipamentos<br />
R$ 4,53.<br />
Va l o r d o CUB/m 2 n o distrito Fe d e r a l – r-8n<br />
Mês d e referência: sete Mbr o d e 2008<br />
| 1 |<br />
A principal contribuição para a alta foi o aumento dos preços:<br />
o aço CA-50; o cimento CP-32 II; a bancada de pia de mármore<br />
branco; o registro de pressão; a esquadria de correr;<br />
a emulsão asfáltica; o tubo de ferro galvanizado; e a locação<br />
de betoneira.<br />
O Índice Geral de Preços (IGP-M) registrou variação positiva<br />
de 0,11% em setembro. Nos últimos 12 meses, o CUB-<strong>DF</strong><br />
apresentou variação acumulada de 14,80%, enquanto a do<br />
IGP-M foi de 12,63% no mesmo período.<br />
O Custo Unitário Básico da construção é calculado e divulgado<br />
mensalmente pelo <strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>, que acompanha a evolução<br />
dos preços de 25 materiais de construção, salários de<br />
três categorias de mão-de-obra (pedreiro, servente e engenheiro)<br />
e um equipamento (aluguel de betoneira).<br />
CUB/M 2 R$/M 2 PARTICIPAÇÃO %<br />
Material 381,45 50,76<br />
Mão-de-obra 315,63 42,00<br />
Despesas administrativas 49,82 6,63<br />
Equipamento 4,53 0,60<br />
Total 751,42 100<br />
Fonte: CEE/<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>.<br />
CUsTO dA COnsTRUÇÃO nO<br />
dIsTRITO FedeRAl é de R$ 751,42<br />
Cenários | Indicadores | nov/dez 2008
Cenários | Indicadores | nov/dez 2008<br />
Va r i a ç ã o m e n s a l d o s p r e ç o s d e i n s U m o s d o CUB/m 2 n o dF<br />
Mês d e referência: sete Mbr o d e 2008<br />
COd. CUB/M2 VAlOR<br />
COleTAdO<br />
VARIAÇÃO<br />
MÊs (%)<br />
001 Chapa de compensado plastificado 18mm 2,20x1,10m m2 25,61 -17,51<br />
002 Aço CA-50 Ø 10mm kg 3,85 15,62<br />
003 Concreto fck = 25MPA abatimento 5 +-1cm, br. 1 e 2 pré-dosado m3 230,87 6,88<br />
004 Cimento CP-32 II kg 17,40 9,43<br />
005 Areia média lavada m3 59,00 -3,28<br />
006 Brita nº 2 m3 52,00 4,00<br />
007 Bloco cerâmico para alvenaria de vedação 9x19x19cm un 0,29 3,57<br />
008 Bloco de concreto sem função estrutural 19x19x39cm un 2,10 6,06<br />
009 Telha fibrocimento ondulada 6 mm 2,44x1,10m m2 13,20 -4,42<br />
010 Porta interna semi-oca para pintura 0,60x2,10m un 44,90 -4,47<br />
011<br />
Esquadrias de correr tamanho 2,00x1,40m, em 4 folhas (2 de correr), sem básculas, em<br />
alumínio anodizado cor natural, perfis da linha 25<br />
m2 231,79 28,77<br />
012<br />
Janela de correr de chapa tamanho 1,20x1,20m em 2 folhas, em perfil de chapa de ferro<br />
dobrada nº 20, com tratamento em fundo anticorrosivo<br />
m2 155,84 0,54<br />
013<br />
Fechadura para porta interna, tráfego moderado, tipo IV (55mm),<br />
em ferro, acabamento cromado<br />
un 44,82 -1,49<br />
014 Placa cerâmica (azulejo) de dimensão 30x40cm, PEI II, cor clara imitando pedras naturais m2 16,33 -10,13<br />
015 Bancada de pia de mármore branco 2,00x0,60x0,02m un 256,40 9,11<br />
016 Placa de gesso 0,60x0,60m m2 6,94 7,10<br />
017 Vidro liso transparente 4mm colocado com massa m2 35,49 -38,81<br />
018 Tinta látex PVA L 6,60 13,79<br />
019 Emulsão asfáltica impermeabilizante kg 4,75 106,52<br />
020 Fio de cobre anti-chama, isolamento 750V, # 2,5 mm² m 0,52 2,97<br />
021 Disjuntor tripolar 70A un 49,00 0,00<br />
022 Bacia sanitária branca com caixa acoplada un 152,00 7,47<br />
023 Registro de pressão cromado Ø 1/2” un 41,00 2,50<br />
024 Tubo de ferro galvanizado com costura Ø 2 1/2” m 51,07 14,33<br />
025 Tubo de PVC-R rígido reforçado para esgoto Ø 150mm m 15,15 3,73<br />
026 Pedreiro com encargos h 8,87 0,00<br />
027 Servente com encargos h 5,71 0,00<br />
028 Engenheiro com encargos h 58,00 -8,24<br />
029 Locação de betoneira 320L dia 12,00 25,39<br />
Fonte: CEE/<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>.<br />
| 2 |<br />
stockXchng
COOPeRATIVAs TORnAM-se<br />
OPÇÃO de CRédITO<br />
diminuir a oferta de crédito e aumentar as taxas de juros<br />
são medidas comuns para conter a inflação em tempos de crise<br />
financeira. Por isso, o Banco Central anunciou, na primeira<br />
quinzena de outubro, o programa de liberação integral dos recolhimentos<br />
compulsórios sobre os depósitos a prazo, sobre os<br />
depósitos interfinanceiros e sobre depósitos a vista.<br />
São mais de R$ 100 bilhões previstos no sistema de flexibilização,<br />
com a redução da alíquota de recolhimento adicional a prazo<br />
e à vista, de 8% para 5%, o que representa uma renúncia de<br />
mais da metade do ecolhimento obrigatório.<br />
A Federação das Indústrias do Distrito Federal avaliou a iniciati-<br />
Va l o r e s m í n i m o s, m é d i o s e m á x i m o s d o s i n s U m o s<br />
Mês d e referência: sete Mbr o d e 2008<br />
| 3 |<br />
va como positiva. “Isso garantirá, pelo menos no curto prazo, a<br />
disponibilidade de recursos para investimentos do setor produtivo”,<br />
explica o presidente da Fibra, Antônio Rocha.<br />
Entretanto, o presidente da Fibra chama a atenção para<br />
uma outra saída: empresários têm nas cooperativas de<br />
crédito uma ótima opção de financiamento. “As cooperativas<br />
como a Credindústria, por exemplo, são praticamente<br />
invulneráveis à crise financeira, sendo, portanto, um impor<br />
tante instrumento de apoio ao setor empresarial, além<br />
de oferecerem excelentes taxas de juros”, completa. Há<br />
hoje no País cerca de 1,6 mil cooperativas de crédito, sendo<br />
16 delas localizadas no <strong>DF</strong>.<br />
COd. CUB/M2 MínIMO MedIAnA MáXIMO<br />
001 Chapa de compensado plastificado 18mm 2,20x1,10m m2 12,60 25,61 37,00<br />
002 Aço CA-50 Ø 10mm kg 2,53 3,85 4,79<br />
003 Concreto fck = 25MPA abatimento 5 +-1cm, br. 1 e 2 pré-dosado m3 184,00 230,87 282,40<br />
004 Cimento CP-32 II kg 15,09 17,40 20,20<br />
005 Areia média lavada m3 35,00 59,00 72,00<br />
006 Brita nº 2 m3 39,00 52,00 67,00<br />
007 Bloco cerâmico para alvenaria de vedação 9x19x19cm un 0,23 0,29 1,10<br />
008 Bloco de concreto sem função estrutural 19x19x39cm un 0,60 2,10 2,28<br />
009 Telha fibrocimento ondulada 6 mm 2,44x1,10m m2 9,01 13,20 15,70<br />
010 Porta interna semi-oca para pintura 0,60x2,10m un 35,00 44,90 60,00<br />
011<br />
Esquadrias de correr tamanho 2,00x1,40m, em 4 folhas (2 de correr), sem básculas, em<br />
alumínio anodizado cor natural, perfis da linha 25<br />
m2 180,00 231,79 380,00<br />
012<br />
Janela de correr de chapa tamanho 1,20x1,20m em 2 folhas, em perfil de chapa de ferro<br />
dobrada nº 20, com tratamento em fundo anticorrosivo<br />
m2 128,00 155,84 213,20<br />
013<br />
Fechadura para porta interna, tráfego moderado, tipo IV (55mm),<br />
em ferro, acabamento cromado<br />
un 33,00 44,82 68,00<br />
014 Placa cerâmica (azulejo) de dimensão 30x40cm, PEI II, cor clara imitando pedras naturais m2 13,00 16,33 31,40<br />
015 Bancada de pia de mármore branco 2,00x0,60x0,02m un 162,00 256,40 362,00<br />
016 Placa de gesso 0,60x0,60m m2 6,30 6,94 13,00<br />
017 Vidro liso transparente 4mm colocado com massa m2 28,00 35,49 51,84<br />
018 Tinta látex PVA L 4,33 6,60 9,00<br />
019 Emulsão asfáltica impermeabilizante kg 2,97 4,75 7,55<br />
020 Fio de cobre anti-chama, isolamento 750V, # 2,5 mm² m 0,43 0,52 0,79<br />
021 Disjuntor tripolar 70A un 46,00 49,00 71,00<br />
022 Bacia sanitária branca com caixa acoplada un 121,80 152,00 220,50<br />
023 Registro de pressão cromado Ø 1/2” un 25,79 41,00 46,06<br />
024 Tubo de ferro galvanizado com costura Ø 2 1/2” m 39,67 51,07 59,01<br />
025 Tubo de PVC-R rígido reforçado para esgoto Ø 150mm m 10,24 15,15 19,17<br />
026 Pedreiro com encargos h 8,31 8,87 8,87<br />
027 Servente com encargos h 5,36 5,71 5,71<br />
028 Engenheiro com encargos h 40,00 58,00 61,69<br />
029 Locação de betoneira 320L dia 5,50 12,00 22,66<br />
Fonte: CEE/<strong>Sinduscon</strong>-<strong>DF</strong>.
Cenários | Indicadores | nov/dez 2008<br />
TAXA de deseMPReGO MAIs esTáVel<br />
O resultado da Pesquisa de emprego e desemprego do<br />
Distrito Federal (PED-<strong>DF</strong>) 1 , referente a setembro, mostra relativa<br />
estabilidade da taxa de desemprego total em relação<br />
ao mês anterior, quando registrava 15,9% contra os 15,8%<br />
contabilizados no atual período.<br />
Esse percentual se insere na População Economicamente<br />
Ativa (PEA) – a soma do número de ocupados (a partir de<br />
10 anos de idade) e desempregados. Conforme a pesquisa,<br />
o volume de desocupados diminuiu em 1 mil postos.<br />
Nos últimos 12 meses, o contigente de desempregados passou<br />
de 225 mil para 213 mil – em agosto eram 214 mil –, o<br />
que equivale a redução de 5,3%. Atualmente, a indústria da<br />
construção civil conta com contingente de 51 mil ocupados.<br />
O total de ocupados – pessoas com trabalho remunerado<br />
exercido regularmente ou outras formas de inserção<br />
no mercado, mas sem procura de emprego – alcançou<br />
1,135 milhão, com um acréscimo de cinco mil postos em<br />
relação mês anterior. Esse total inclui os trabalhadores do<br />
setor privado, que engloba os contratados com car teira<br />
es t i m at i Va d o nú m e r o d e pe s s oa s oC U pa da s<br />
p o r s e to r d e atiVidade e C o n ô m i C a n o distrito Fe d e r a l<br />
seTORes núMeROs de OCUPAdOs (eM MIl PessOAs)<br />
VARIAÇÃO<br />
(nº de PessOAs)<br />
VARIAÇÃO (%)<br />
seT/07 AGO/08 seT/08 seT/08 seT/08 seT/08 seT/08<br />
AGO/08 seT/07 AGO/08 seT/07<br />
Construção civil 50 50 51 1 1 2,0 2,0<br />
Indústria 42 45 46 1 5 2,2 9,5<br />
Comércio 163 188 181 6 30 -3,7 11<br />
Serviços 514 554 560 -7 40 1,1 8,9<br />
Administração pública 184 176 181 -2 -2 2,8 -1,6<br />
Outros (1) 121 117 116 3 -1 -0,9 -4,1<br />
Total<br />
Fonte: PED/<strong>DF</strong>.<br />
1.074 1.130 1.135 5 61 0,4 5,7<br />
(1) agricultura, pecuária e extração vegetal e mineral; embaixadas, consulados e representações políticas; outras atividades não classificadas e empregados domésticos.<br />
| 4 |<br />
e sem car teira de trabalho, além dos servidores do setor<br />
público, estatutários e não estatutários, os empregados<br />
domésticos, os trabalhadores por conta-própria e as outras<br />
ocupações (empregadores, trabalhadores autônomos<br />
universitários, trabalhadores familiares não-remunerados,<br />
donos de negócio familiar e os que trabalham em organismos<br />
internacionais).<br />
No mês de setembro, dentre os setores de atividade analisados,<br />
os serviços e a administração pública registraram<br />
um acréscimo no número de ocupados (1,1% e 2,8% respectivamente).<br />
Já o comércio e outros tiveram descréscimo<br />
(-3,7% e -0,9%), contra a o crescimento da indústria<br />
(2,2%). A construção civil registrou variação de 2% entre<br />
agosto e setembro.<br />
No último ano, observou-se que o nível de desemprego total<br />
no Distrito Federal recuou 17,3% para 15,8% em decorrência<br />
do desempenho positivo observado em quase todos os<br />
setores de atividade. No comércio, o número de postos de<br />
trabalho ficou em 181 mil, na indústria, 46 mil, na construção<br />
civil, 51 mil, e nos serviços, 560 mil.<br />
stockXchng