Boa Noite a todos, - Unimed-Rio
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<strong>Boa</strong> <strong>Noite</strong> a <strong>todos</strong>,<br />
Existem momentos em que as palavras parecem se apequenar<br />
para traduzir os sentimentos que nos envolvem. Este é um<br />
deles, e eu quero da maneira mais singela agradecer<br />
profundamente a homenagem que a Sociedade de Medicina e<br />
Cirurgia do <strong>Rio</strong> de Janeiro, da qual tive a honra de ser diretor<br />
por muitos anos, me concede nesta noite.<br />
Eu confesso que quando recebi a notícia de que havia sido<br />
indicado para ser o médico do ano fiquei tentando buscar<br />
argumentos razoáveis que internamente justificassem a<br />
escolha, para mim absolutamente inesperada.<br />
Sempre tive claro que o padrão lógico que conduz as escolhas<br />
dessa natureza pelas entidades médicas, especialmente as<br />
sociedades, leva em consideração as contribuições científicas<br />
ou associativas que eventualmente são reconhecidas no<br />
profissional eleito.<br />
Em razão disso, sou naturalmente levado a concluir que a<br />
indicação de meu nome está relacionada às atividades que<br />
venho exercendo em outro campo, que é o da defesa da<br />
dignidade do trabalho do médico, luta na qual me envolvi tão<br />
logo iniciei minha residência em Pediatria no Hospital do<br />
Andaraí, na segunda metade da década de 70.<br />
Muitos dos rostos amigos que vejo nesta noite conhecem<br />
parte dessa trajetória, que aos poucos foi amadurecendo uma<br />
visão muito pragmática, mas nem por isso desapaixonada, do<br />
papel do médico na estrutura da saúde e na manutenção da<br />
vida.<br />
Minhas primeiras incursões no movimento médico, como<br />
possivelmente as de muitos que nós, se deram levantando as<br />
bandeiras pela qualidade da saúde pública e contra a<br />
exploração do médico e a mercantilização da medicina.<br />
Foram incontáveis os momentos em que vi que a grande<br />
fragilidade do movimento estava na dificuldade em conseguir<br />
mobilizar os médicos. O dia-a-dia nos empurrava para a<br />
desmobilização, e me convencia que apenas organizados em
torno das entidades poderíamos obter resultados em nossa<br />
luta pela dignidade.<br />
Remuneração justa e condições dignas de trabalho são as<br />
bandeiras que defendo desde então, seja como sócio e<br />
posteriormente diretor do Sindicato dos Médicos e da<br />
Federação Nacional dos Médicos, seja na sociedade da qual<br />
orgulhosamente faço parte, que durante dois anos me deu a<br />
responsabilidade de ocupar sua diretoria nacional de defesa<br />
profissional.<br />
Pela Sociedade Brasileira de Pediatria tive a atribuição de<br />
representá-la junto à Associação Médica Brasileira, nossa<br />
entidade maior e naquela ocasião, início da década de 90,<br />
encabeçava a luta pela instituição de uma tabela nacional de<br />
honorários médicos mínima, a Tabela AMB, que foi a seu<br />
tempo um instrumento vital para disciplinar o relacionamento<br />
entre médicos e planos de saúde.<br />
Foi na Associação Médica Brasileira que, representando<br />
também o estado do <strong>Rio</strong>, pude exercer aquela que considero<br />
uma das atividades mais desafiadoras de minha carreira,<br />
especialmente por conta do momento político e econômico<br />
que vivíamos na ocasião: a Diretoria de Defesa Profissional e a<br />
presidência da Comissão Nacional de Honorários Médicos.<br />
Apenas como curiosidade, me lembro que naqueles tempos<br />
sem internet e com os computadores ainda pré-históricos em<br />
relação ao desenvolvimento da tecnologia verificado desde<br />
então, a cada alteração proposta por uma das mais de 50<br />
sociedades médicas que se faziam representar na Comissão<br />
Nacional, éramos obrigados a esperar horas e em alguns casos<br />
alguns dias para ter uma cópia atualizada da Tabela.<br />
Ali, atuando como interface entre os interesses das diversas<br />
especialidades e buscando contemplá-los num documento<br />
que representasse o desejo majoritário da classe médica, pude<br />
compreender o quão difícil e muitas vezes inglório é o trabalho<br />
de um dirigente médico, do qual se espera usualmente a<br />
decisão que contemple o maior número de interessados., e<br />
não necessariamente a causa mais importante.
Por indicação de sociedades médicas de diversos estados<br />
concorri à presidência da Associação Médica Brasileira em 1994,<br />
e das três chapas concorrentes a nossa ficou em segundo<br />
lugar no contesto nacional, por um estado apenas de diferença<br />
em relação à chapa vencedora.<br />
A experiência nacional me levou a um contato mais forte com<br />
a <strong>Unimed</strong> do Brasil, a confederação da qual a <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>,<br />
onde eu então ocupava a diretoria administrativa, na gestão<br />
do saudoso Dr. Arnaldo Bomfim, se apresentava como uma das<br />
mais influentes associadas.<br />
Eram momentos difíceis também para o cooperativismo<br />
médico, pois se avizinhava a criação da Agencia Nacional de<br />
Saúde, que viria a alterar completamente o panorama da<br />
saúde suplementar, e exigiria das cooperativas um grau de<br />
maturidade e profissionalismo que boa parte delas ainda não<br />
havia alcançado, inclusive a nossa <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>.<br />
Em 1998 uma eleição histórica, em que pela primeira e única<br />
vez duas chapas se apresentaram, assumi o primeiro mandato<br />
como presidente da <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>, então ocupando a terceira<br />
ou quarta posição do mercado carioca de planos de saúde,<br />
com pouco mais de 230 mil clientes e uma reputação<br />
bastante delicada tanto junto aos clientes quanto aos médicos<br />
cooperados.<br />
Sabíamos naquele momento, eu e os diretores com os quais<br />
compartilhava a responsabilidade de dirigir a cooperativa, que<br />
seria fundamental promover mudanças estruturais, começando<br />
pela profissionalização da estrutura da <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>, de tal<br />
forma que pudéssemos enfrentar com alguma chance de<br />
sucesso os momentos seguintes, que viram a ser marcados por<br />
uma grave crise institucional no Sistema <strong>Unimed</strong> e pela<br />
regulamentação dos planos de saúde.<br />
A postura que assumimos na <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong> projetou uma nova<br />
visão política e de gestão no Sistema <strong>Unimed</strong>, e por decisão<br />
consensual das lideranças nacionais do cooperativismo médico<br />
em 2001 assumi meu primeiro mandato como presidente da<br />
Confederação Nacional das Cooperativas Médicas.
Foram duas gestões marcadas por um profundo envolvimento<br />
com as entidades médicas nacionais, procurando resgatar à<br />
<strong>Unimed</strong> o sentido de unidade que em determinado momento<br />
se perdeu por conta de diferenças políticas e dissensões<br />
regionais.<br />
O desgaste da marca <strong>Unimed</strong>, decorrente do divisionismo que<br />
havia se instalado no Sistema, somado às pressões do<br />
momento regulatório que trouxe conhecidas dificuldades ao<br />
setor suplementar, determinaram nosso compromisso básico<br />
com a reintegração nacional do Sistema.<br />
Superadas as dificuldades políticas, vencidas as resistências<br />
regionais, concluímos felizmente um bem sucedido processo<br />
de reunificação que voltou a dar um caráter de integridade à<br />
<strong>Unimed</strong> no Brasil.<br />
Durante oito anos acumulei as atividades nacionais com a<br />
gestão da <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>, que mereceu atenção prioritária<br />
justamente por ser o berço das grandes inovações que<br />
acabaram se incorporando ao contexto cooperativista, entre<br />
elas a nova visão de negócio que as circunstâncias nos<br />
obrigaram a desenvolver.<br />
Enquanto nos tornamos lideres do mercado carioca, e<br />
projetamos nossa cooperativa como uma das 200 maiores<br />
empresas do país, com um faturamento anual que pode ser<br />
superior a 3,5 bilhões de reais, voltamos nossos olhos para<br />
outra inovação vital para a sustentabilidade de nossa<br />
organização, que é a verticalização de suas atividades.<br />
Estamos rapidamente mudando o estágio de desenvolvimento<br />
da cooperativa, galgando um patamar de menor dependência<br />
externa, o que é muito salutar num mercado competitivo e<br />
dominado por poucos e fortes grupos econômicos.<br />
Ao criar unidades próprias, como os pronto-atendimentos e o<br />
hospital, estamos estrategicamente adquirindo maior domínio<br />
sobre nossos custos, maior controle sobre as operações e<br />
valorizando significativamente o patrimônio do cooperado.
Mais que isso, demonstramos que é viável estabelecer uma<br />
política de remuneração médica digna, bandeira que sempre<br />
levantamos no associativismo e nas entidades médicas, mas<br />
cuja concretização muitas vezes a realidade da atividade<br />
econômica desafia.<br />
Estamos provando que é possível remunerar o médico de<br />
forma diferenciada, seja proporcionando o melhor valor de<br />
consulta e procedimentos entre os planos de saúde, como<br />
sempre foi o nosso compromisso, seja também garantindo um<br />
melhor regime salarial e de trabalho ao profissional que atua<br />
numa das unidades próprias da <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>.<br />
Quando o Cremerj vai a público cobrar maior valorização ao<br />
médico, a cooperativa demonstra que, com seriedade e<br />
compromisso, é viável manter o mercado sem aviltar o<br />
trabalho e o profissional.<br />
Senhoras e senhores, como disse logo no início, é muito difícil<br />
em poucos minutos tentar encontrar, em palavras, atos,<br />
pensamentos ou argumentos que expliquem os motivos pelos<br />
quais somos eventualmente honrados com um<br />
reconhecimento como o que vocês me fazem nesta noite.<br />
Repassei, rapidamente, aqueles que considero mais relevantes<br />
de uma trajetória que já dura 35 anos desde minha formatura,<br />
e que implicitamente contempla um reconhecimento a <strong>todos</strong><br />
os que me acompanharam nela, ajudando-me a descobrir os<br />
caminhos, a corrigir os erros e aprender a aceitar os acertos<br />
com humildade.<br />
Incluo, entre eles, os que são mais próximos a mim, e<br />
possivelmente aqueles que mais profundamente<br />
compartilharam minhas angustias, dores e alegrias: Aparecida,<br />
minha esposa e companheira; aos meus filhos Paula e Celso,<br />
<strong>todos</strong> eles médicos como eu.<br />
Sem me estender muito nessas citações, não posso deixar de<br />
fazer uma referência aos meus pais e irmãos, que<br />
pacientemente me orientaram e deram condições para que eu<br />
pudesse desenvolver minhas habilidades.
Quero manifestar também um agradecimento sincero, e talvez<br />
poucas vezes expresso desta forma, aos companheiros que<br />
tem estado ao meu lado na <strong>Unimed</strong>-<strong>Rio</strong>, no Conselho Regional<br />
de Medicina, na Causa Médica, aqui na Sociedade de Medicina<br />
e Cirurgia, e em <strong>todos</strong> os locais onde minha contribuição possa<br />
se mostrar relevante.<br />
Ao longo dos anos formei a convicção de que ninguém atinge<br />
realmente a sua meta nem cumpre sua missão se não estiver<br />
sustentado por <strong>todos</strong> os que a compartilham.<br />
Muito obrigado a <strong>todos</strong> vocês.