versão para imprimir (arquivo em pdf) - Revista Espaço Acadêmico
versão para imprimir (arquivo em pdf) - Revista Espaço Acadêmico
versão para imprimir (arquivo em pdf) - Revista Espaço Acadêmico
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
esources” da América (Estados Unidos), combinados com sua posição isolada, tornavam-na<br />
“master of the situation and practically invulnerable as against any or all other powers”. 5<br />
N<strong>em</strong> a Al<strong>em</strong>anha n<strong>em</strong> a Grã-Bretanha n<strong>em</strong> a França quiseram desafiar a Doutrina Monroe,<br />
expressão de uma política unilateral dos Estados Unidos, formulada <strong>em</strong> 2 de Dez<strong>em</strong>bro de<br />
1823, pelo presidente James Monroe (1817-1825).<br />
O que disse Halford J. Mackinder a respeito do "closed heartland of Euro-Asia", afirmando<br />
que o Estado que o controlasse teria condições de projetar o poder de um lado <strong>para</strong> o outro<br />
lado da região e era inaccessível a uma força naval, aplica-se aos Estados Unidos, mas no<br />
sentido inverso. Com um território distendido ao longo da América do Norte, entre dois<br />
oceanos, o Atlântico e o Pacífico, os Estados Unidos não tinham vizinhos que pudess<strong>em</strong><br />
ameaçar sua segurança. Seu extensivo litoral impedia que qualquer bloqueio fosse<br />
efetivamente mantido 6 . E, ao ascender ao primeiro lugar no ranking das maiores potências<br />
industriais, nos anos 1890, os Estados Unidos começaram a robustecer seu poder naval, até<br />
então menor que o do Brasil, Argentina ou Chile. 7 Assim puderam projetar sua influência,<br />
<strong>para</strong> um lado e <strong>para</strong> o outro, i. e., <strong>para</strong> o Ocidente e o Oriente, avançando sobre os mares, que<br />
a Grã-Bretanha ainda controlava, como o “chief builder and shipowner”, com “vast imperial<br />
responsabilities” na Ásia e na África. 8<br />
O comandante Alfred T. Mahan foi qu<strong>em</strong> racionalizou a construção do poder naval dos<br />
Estados Unidos, argumentando que a grandeza de uma nação dependia do seu comércio no<br />
além-mar, o comércio dependia do poder naval e o poder naval, de colônias. S<strong>em</strong><br />
estabelecimentos no estrangeiro, colonial ou militar, os navios de guerra dos Estados Unidos<br />
seriam como pássaros s<strong>em</strong> terra, incapazes de voar muito além de suas próprias costas.<br />
Tornava-se, portanto, necessário o estabelecimento de bases e depósitos de carvão, <strong>para</strong> o<br />
abastecimento dos navios, numa extensa cadeia de ilhas, que possibilitass<strong>em</strong> a sustentação do<br />
poder naval e permitiss<strong>em</strong> a expansão marítima e comercial dos Estados Unidos. O domínio<br />
de Cuba, b<strong>em</strong> como de Porto Rico e das Ilhas Virgens, cuja cessão o presidente William<br />
McKinley (1897 – 1901) solicitara à Dinamarca, afigurava-se fundamental <strong>para</strong> a segurança<br />
das rotas no Golfo do México e a defesa do canal, que os Estados Unidos projetavam abrir no<br />
istmo do Panamá. E o presidente McKinley, <strong>em</strong> 1898, aproveitou a luta pela independência de<br />
Cuba <strong>para</strong> declarar guerra à Espanha, visando a conquistar o que ainda restava do seu vasto<br />
império colonial. No entanto, a campanha militar contra a Espanha, impulsionada por<br />
interesses econômicos e objetivos estratégicos, não se limitou às ilhas do Caribe. Estendeu-se<br />
ao arquipélago das Filipinas, cuja conquista possibilitaria sua penetração nos mercados da<br />
Ásia, particularmente da China. Esta guerra permitiu que os Estados Unidos, como salientou<br />
Sir Halford Mackinder, conquistass<strong>em</strong> importantes possessões <strong>em</strong> ambos oceanos – o<br />
Pacífico e o Atlântico – e assumiss<strong>em</strong> a construção do Canal do Panamá, com objetivo de<br />
ganhar a vantag<strong>em</strong> da insularidade <strong>para</strong> a mobilização de suas frotas de guerra. 9<br />
5<br />
“The United States is practically sovereign on this continent, and its fiat is law upon the subjects to which it<br />
confines its interposition”. Nota à Grã-Bretanha, 20/.06/.1895, apud KISINGER, Henry. Diplomacy. Nova<br />
York: A touchstone Book/ Simon Schuster, 1994, p. 38. Vide também HICKS, John D. A Short History of<br />
American D<strong>em</strong>ocracy. Boston: Houghton Mifflin Company-Riverside Press, 1943, p. 602. PERKINS, Dexter.<br />
A history of the Monroe doctrine. Boston: Little, Brown, 1963, p. 175.<br />
6<br />
MAHAN, Alfred T. The Influence of Sea Power upon History – 1660-1783. Nova York: Dover Publication,<br />
Inc., 1987, p. 87.<br />
7<br />
KISSINGER, Henry. Diplomacy. Nova York: A Touchstone Book/Simon Scguster, 1994, pp. 37-38.<br />
8 nd<br />
MACKINDER, Sir. Halford J. Britain and the Britain Seas. Oxford: At the Claredon Press, 2 edition, 1925,<br />
p. 334.<br />
9<br />
MACKINDER, Sir Halford John. D<strong>em</strong>ocratic Ideals and Reality. Westport Connecticut: Greenwood Press,<br />
Publisher, 1981, pp. 59-60.<br />
2