SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO PARA CONDENSAÇÃO ... - PPGEM
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CENTRO FE<strong>DE</strong>RAL <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO <strong>PARA</strong>NÁ<br />
UNIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> CURITIBA<br />
<strong>DE</strong>PARTAMENTO ACADÊMICO <strong>DE</strong> MECÂNICA<br />
PROJETO FINAL <strong>DE</strong> CURSO<br />
<strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> <strong>PARA</strong><br />
CON<strong>DE</strong>NSAÇÃO <strong>DE</strong> VAPOR D`ÁGUA NA TORRE <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>STILAÇÃO A VÁCUO DA REPAR<br />
CURITIBA<br />
SETEMBRO - 2004
ANDRÉ <strong>DE</strong>ROSSO TEIXEIRA<br />
CLÁUDIA MELISSA PALLÚ<br />
<strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> <strong>PARA</strong><br />
CON<strong>DE</strong>NSAÇÃO <strong>DE</strong> VAPOR D`ÁGUA NA TORRE <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>STILAÇÃO A VÁCUO DA REPAR<br />
Projeto apresentado à disciplina de Projeto de<br />
Final de Curso, como requisito parcial à<br />
obtenção do grau de Engenheiro Mecânico, do<br />
Curso de Engenharia Industrial Mecânica, da<br />
Unidade de Curitiba, do CEFET-PR.<br />
Orientador: Prof. Cezar O. R. Negrão, Ph.D<br />
CURITIBA<br />
SETEMBRO- 2004
TERMO <strong>DE</strong> APROVAÇÃO<br />
ANDRÉ <strong>DE</strong>ROSSO TEIXEIRA<br />
CLÁUDIA MELISSA PALLÚ<br />
<strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> <strong>PARA</strong><br />
CON<strong>DE</strong>NSAÇÃO <strong>DE</strong> VAPOR D`ÁGUA NA TORRE <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>STILAÇÃO A VÁCUO DA REPAR<br />
Orientador: Prof. Cezar O. R. Negrão, Ph.D.<br />
DAMEC, CEFET-PR<br />
Banca Examinadora: Prof. Luciano F. S. Rossi, Dr.<br />
DAMEC, CEFET-PR<br />
Projeto apresentado à disciplina de Projeto de<br />
Final de Curso, como requisito parcial à<br />
obtenção do grau de Engenheiro Mecânico, do<br />
Curso de Engenharia Industrial Mecânica, da<br />
Unidade de Curitiba, do CEFET-PR.<br />
Prof. Sergei Anatolyevich Paschuk, Ph.D.<br />
DAFIS, CEFET-PR<br />
Curitiba, 27 de Setembro de 2004.
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
Agradecemos a nossa família pelo apoio e conforto necessários para<br />
desenvolvermos este trabalho.<br />
Ao engenheiro Aristides Saito pelo seu apoio na execução deste trabalho e<br />
também aos demais engenheiros da REPAR. Um agradecimento especial ao Eng.<br />
Cláudio Machado, que tão atenciosamente nos recebeu.<br />
Agradecemos à Petrobrás cujo apoio permitiu a realização deste trabalho.<br />
À Agência Nacional do Petróleo – ANP – e da Financiadora de Estudos e<br />
Projetos – FINEP - por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o<br />
Setor de Petróleo e Gás – PRH – ANP/MCT (PRH10-CEFET-PR); pelo apoio<br />
financeiro.<br />
E finalmente, agradecemos o empenho e os esforços despendidos pelo<br />
professor orientador, Cezar O. R. Negrão que nos auxiliou com orientações técnicas<br />
e colaborou na avaliação e análise para que pudéssemos compor este projeto.
SUMÁRIO<br />
LISTA <strong>DE</strong> ILUSTRAÇÕES ........................................................................................... ix<br />
LISTA <strong>DE</strong> TABELAS .................................................................................................... xi<br />
LISTA <strong>DE</strong> ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................... xii<br />
LISTA <strong>DE</strong> SÍMBOLOS.................................................................................................xiii<br />
RESUMO...................................................................................................................xviii<br />
1 INTRODUÇÃO................................................................................................1<br />
1.1 OBJETIVO DO TRABALHO ...........................................................................4<br />
2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................6<br />
2.1 HISTÓRICO DA <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> ................................................................6<br />
2.2 A <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> INDUSTRIAL .................................................................7<br />
2.3 COMPRESSÃO <strong>DE</strong> VAPOR ..........................................................................8<br />
2.4 ABSORÇÃO .................................................................................................10<br />
2.5 FLUIDOS REFRIGERANTES.......................................................................15<br />
2.6 EQUIPAMENTOS <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> – “CHILLERS” .............................17<br />
2.7 TROCADORES <strong>DE</strong> CALOR .........................................................................20<br />
2.7.1 Recuperadores e Regeneradores.................................................................20<br />
2.7.2 Processos de Transferência de Calor...........................................................20<br />
2.7.3 Tipos de Construção.....................................................................................22<br />
2.7.3.1 Trocadores de calor tubulares ......................................................................22<br />
2.7.3.2 Trocadores de calor tipo placa .....................................................................25<br />
2.7.3.3 Trocadores de calor com superfície estendida .............................................25<br />
2.7.4 Mecanismos de Transferência de Calor .......................................................26<br />
2.7.5 Arranjo de Escoamento ................................................................................27<br />
2.8 TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS......................................................................29<br />
2.8.1 Materiais para Fabricação de Tubos ............................................................31
2.8.1.1 Tubos de aço-carbono..................................................................................32<br />
2.8.1.2 Aços-liga e aços inoxidáveis.........................................................................33<br />
2.8.1.3 Tubos de ferro fundido e de ferro forjado .....................................................34<br />
2.8.1.4 Tubos de metais não-ferrosos ......................................................................34<br />
2.8.1.5 Tubos de materiais não-metálicos................................................................36<br />
2.8.2 Seleção dos Materiais ..................................................................................36<br />
2.8.2.1 Tubulações para água doce .........................................................................37<br />
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................39<br />
3.1 <strong>SISTEMA</strong>S <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> A VAPOR ...............................................39<br />
3.1.1 Sistema de Refrigeração por Compressão Mecânica de Vapor ...................40<br />
3.1.1.1 Desempenho de um ciclo padrão de compressão de vapor.........................40<br />
3.1.2 Sistema de Refrigeração por Absorção ........................................................43<br />
3.1.2.1 Coeficiente de performance de um ciclo de absorção..................................44<br />
3.1.3 Carga Térmica..............................................................................................47<br />
3.2 TROCADORES <strong>DE</strong> CALOR .........................................................................47<br />
3.2.1 Coeficiente Global de Transferência de Calor ..............................................48<br />
3.2.2 Coeficiente de Transferência de Calor por Convecção ................................51<br />
3.2.2.1 Coeficiente interno de transferência de calor por convecção em um tubo ...51<br />
3.2.2.2 Coeficiente externo de transferência de calor por convecção em um tubo ..52<br />
3.2.3 Perda de Carga Devido ao Escoamento Externo .........................................53<br />
3.3 <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> BOMBEAMENTO <strong>DE</strong> LÍQUIDO .............................................55<br />
3.3.1 Escoamento Viscoso em Condutos ..............................................................55<br />
4 METODOLOGIA...........................................................................................59<br />
5 <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO DO PROJETO..........................................................61<br />
5.1 ANÁLISE DA CARGA TÉRMICA..................................................................61<br />
5.2 <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> COMPRESSÃO A VAPOR ....................................................61
5.3 <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> ABSORÇÃO...........................................................................64<br />
5.4 SELEÇÃO <strong>DE</strong> EQUIPAMENTOS.................................................................64<br />
5.4.1 O Custo dos Equipamentos..........................................................................65<br />
5.4.2 Características Técnicas dos Equipamentos................................................65<br />
5.4.3 Análise da Proposta Comercial ....................................................................67<br />
5.5 ANÁLISE DA VIABILIDA<strong>DE</strong> ECONÔMICA ..................................................68<br />
5.5.1 Consumo de Energia e Custo Anual.............................................................68<br />
5.5.2 Análise do Investimento................................................................................70<br />
5.6 DIMENSIONAMENTO DO TROCADOR <strong>DE</strong> CALOR ...................................74<br />
5.6.1 Coeficiente Global e a Efetividade................................................................74<br />
5.6.2 Coeficiente de Transferência de Calor Interno .............................................74<br />
5.6.3 O Coeficiente de Transferência de Calor Externo ........................................76<br />
5.6.4 Comprimento dos Tubos do Trocador de Calor............................................76<br />
5.6.5 Perda de Carga no Trocador de Calor..........................................................78<br />
5.6.5.1 Perda de carga entre feixes de tubos ...........................................................78<br />
5.6.5.2 Perda de carga no interior dos tubos............................................................78<br />
5.7 DIMENSIONAMENTO DO <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> BOMBEAMENTO........................79<br />
5.7.1 Perda de Carga de Elevação........................................................................80<br />
5.7.2 Perda de Carga de Retorno..........................................................................80<br />
5.7.3 Perda de Carga na Sucção ..........................................................................81<br />
5.7.4 Potência da Bomba ......................................................................................81<br />
5.8 QUADRO <strong>DE</strong> RESUMO ...............................................................................82<br />
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES .................................83<br />
REFERÊNCIAS...........................................................................................................86<br />
ANEXO A – PROPRIEDA<strong>DE</strong>S TERMODINÂMICAS DA ÁGUA – LÍQUIDO E VAPOR<br />
SATURADOS.........................................................................................89<br />
ANEXO B – GRÁFICO PRESSÃO X ENTALPIA DO FLUIDO R134a ........................90
ANEXO C – GRÁFICO PRESSÃO X ENTALPIA DO FLUIDO HCFC 123..................91<br />
ANEXO D – FATOR <strong>DE</strong> ATRITO E FATOR <strong>DE</strong> CORREÇÃO: CONFIGURAÇÃO<br />
ALTERNADA DO FEIXE TUBULAR ......................................................92<br />
ANEXO E – GRAU <strong>DE</strong> RUGOSIDA<strong>DE</strong> .......................................................................93<br />
ANEXO F – FATOR <strong>DE</strong> ATRITO.................................................................................94<br />
ANEXO G – COEFICIENTE <strong>DE</strong> PERDA <strong>PARA</strong> COMPONENTES .............................95<br />
ANEXO H – <strong>DE</strong>SENHO ESQUEMÁTICO - MO<strong>DE</strong>LO CVHF 1280.............................96
LISTA <strong>DE</strong> ILUSTRAÇÕES<br />
Figura 1 – Destilação a Vácuo ....................................................................................2<br />
Figura 2 – Esquema da utilização do sistema de refrigeração na torre de vácuo .......4<br />
Figura 3 - Equipamento desenvolvido por Perkins, 1834 ............................................9<br />
Figura 4 - Equipamento desenvolvido por Carré, 1860 .............................................11<br />
Figura 5 - Ciclo de Absorção .....................................................................................13<br />
Figura 6 – Variação do COP de absorção em função da temperatura de evaporação<br />
..................................................................................................................................14<br />
Figura 7 - Chiller Centrifugo ......................................................................................18<br />
Figura 8 - Chiller de Absorção...................................................................................18<br />
Figura 9 – Trocador de calor de armazenamento .....................................................22<br />
Figura 10 – Trocador de calor bitubular ....................................................................23<br />
Figura 11 – Trocador de calor casco – tubo..............................................................24<br />
Figura 12 – Trocador de calor em serpentina............................................................24<br />
Figura 13 – Trocador de calor tipo placa...................................................................25<br />
Figura 14 – Evaporação ............................................................................................26<br />
Figura 15 – Condensação .........................................................................................27<br />
Figura 16 – Trocador de calor com fluxo em paralelo ...............................................27<br />
Figura 17 – Trocador de calor em contra corrente ....................................................28<br />
Figura 18 – Trocador de calor com escoamento cruzado com tubos (a) aletados e (b)<br />
não aletados.......................................................................................................28<br />
Figura 19 – Resumo dos principais materiais de tubos.............................................31<br />
Figura 20 - Diagrama P-h de um ciclo de refrigeração..............................................39<br />
Figura 21 – Sistema de refrigeração de um ciclo padrão por compressão mecânica<br />
de vapor .............................................................................................................40<br />
Figura 22 - Volume de controle no compressor.........................................................41<br />
ix
Figura 23- Volume de controle no evaporador ..........................................................42<br />
Figura 24 - Ciclo de absorção básico ........................................................................43<br />
Figura 25- Ciclo de refrigeração operando a calor idealizado como uma combinação<br />
de um ciclo de potência e um de refrigeração....................................................45<br />
Figura 26 - Volume de controle no gerador ...............................................................46<br />
Figura 27 – Condição especial em trocadores de calor: C q >> C f ou vapor em<br />
condensação......................................................................................................48<br />
Figura 28 – Tubo com condições convectivas na superfície .....................................49<br />
Figura 29 – Configuração dos tubos em um feixe alternado. ....................................54<br />
Gráfico 1 – Comparativo com base no processo da REPAR. ...................................71<br />
Gráfico 2 – Energia gerada x Energia comprada ......................................................72<br />
Gráfico 3 – Fonte alternativa de energia x Energia comprada ..................................73<br />
Gráfico 4 – Energia gerada pela REPAR x Fonte de energia alternativa ..................73<br />
Figura 30 – Representação dos tubos do trocador de calor......................................77<br />
x
LISTA <strong>DE</strong> TABELAS<br />
TABELA 1 – ÍNDICES ODP E GWP............................................................................17<br />
TABELA 2 – DADOS TÉCNICOS DO EQUIPAMENTO WSC 126 .............................66<br />
TABELA 3 – DADOS TÉCNICOS DO EQUIPAMENTO CVHF 1280 ..........................66<br />
TABELA 4 – DIMENSÕES DO EQUIPAMENTO MO<strong>DE</strong>LO WSC 126........................67<br />
TABELA 5 – DIMENSÕES DO EQUIPAMENTO MO<strong>DE</strong>LO CVHF 1280 ....................67<br />
TABELA 6 – DIVISÃO DOS PERÍODOS E HORÁRIOS .............................................68<br />
TABELA 7 – CUSTO DA TARIFA AZUL <strong>DE</strong> ENERGIA ELÉTRICA............................69<br />
TABELA 8 – CUSTO DA ENERGIA COPEL X TEMPO <strong>DE</strong> OPERAÇÃO...................71<br />
TABELA 9 – CUSTO DA ENERGIA REPAR X TEMPO <strong>DE</strong> OPERAÇÃO...................72<br />
TABELA 10 – FONTE ALTERNATIVA <strong>DE</strong> ENERGIA X TEMPO <strong>DE</strong> OPERAÇÃO....72<br />
TABELA 11 – ESPECIFICAÇÃO DO TUBO DO TROCADOR <strong>DE</strong> CALOR ................75<br />
TABELA 12 – DIMENSÕES DO TROCADOR <strong>DE</strong> CALOR .........................................77<br />
TABELA 13 – ESPECIFICAÇÃO DO TUBO <strong>DE</strong> ALIMENTAÇÃO D’ÁGUA ................79<br />
TABELA 14 – ESPECIFICAÇÃO DA BOMBA.............................................................81<br />
TABELA 15 – RESULTADOS OBTIDOS ....................................................................82<br />
xi
LISTA <strong>DE</strong> ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
ANSI - American National Standards Institute<br />
API - American Petroleum Institute<br />
ARI - Air–Conditioning and Refrigeration Institute<br />
ASTM - American Society for Testing and Materials<br />
CO2 - Dióxido de Carbono<br />
COP - Coeficiente de Performance<br />
COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica<br />
CVHF - CenTraVac Water-Cooled Centrifugal Liquid Chillers<br />
FCC - Craqueamento Catalítico Fluido<br />
Fe - Ferro<br />
Fe-C - Ferro Carbono<br />
GLP - Gás Liquefeito de Petróleo<br />
GOP - Gasóleo Pesado<br />
GOR - Gasóleo Residual<br />
GWP - Global Warming Potential<br />
HCFC 123 - Fluido Refrigerante 123<br />
HCF 134a - Fluido Refrigerante 134a<br />
H2O - Água<br />
IPLV - Integrated Part Load Value<br />
LiBr - Brometo de Lítio<br />
Mg - Manganês<br />
ODP - Ozone Depleting Potential<br />
PVC - Policloreto de Vinila<br />
R11 - Fluido Refrigerante R11<br />
R12 - Fluido Refrigerante R12<br />
REPAR - Refinaria Presidente Getúlio Vargas<br />
Si - Silício<br />
WSC - Water Single Compressor<br />
xii
LISTA <strong>DE</strong> SÍMBOLOS<br />
% - Por cento<br />
°C - Grau Celsius<br />
kg - Quilograma<br />
TR - Tonelada de refrigeração<br />
kW - QuiloWatts<br />
kPa - QuiloPascal<br />
kg/h - Quilograma por hora<br />
COP - Coeficiente de Performance<br />
U$ - Dólar (unidade monetária americana)<br />
m 2 /m 3<br />
- Metro quadrado por metro cúbico<br />
cm 2<br />
- Centímetro quadrado<br />
“ - Polegada<br />
mm - Milímetro<br />
m& - Vazão mássica do fluido refrigerante<br />
h1<br />
- Entalpia do vapor saturado<br />
W& - Potência de refrigeração<br />
h2<br />
- Entalpia do vapor superaquecido<br />
W - Trabalho específico<br />
h3<br />
- Entalpia do líquido saturado<br />
h4<br />
- Entalpia da mistura líquido – vapor<br />
Qe & - Capacidade de refrigeração<br />
Q e<br />
- Efeito de refrigeração<br />
COP Carnot - Coeficiente de performance do ciclo de Carnot<br />
Te<br />
- Temperatura no evaporador<br />
Tc<br />
- Temperatura no condensador<br />
η R<br />
- Eficiência de refrigeração<br />
CT - Carga térmica<br />
m& v<br />
- Vazão mássica de vapor<br />
h - Entalpia de vaporização<br />
fg<br />
m& a<br />
- Vazão mássica de água<br />
cp - Calor específico da água<br />
xiii
∆ T<br />
- Diferença de temperatura<br />
COP abs - Coeficiente de performance do ciclo de absorção<br />
q g<br />
- Calor recebido no gerador<br />
Tg - Temperatura no gerador<br />
q a<br />
- Calor rejeitado no absorvedor<br />
Ta - Temperatura do ambiente<br />
q e<br />
- Calor recebido no evaporador<br />
Te - Temperatura no evaporador<br />
q c<br />
- Calor rejeitado pelo condensador<br />
(COP abs ) Carnot - Coeficiente de performance do ciclo de absorção de Carnot<br />
- Entalpia do vapor saturado<br />
h5<br />
m& 1<br />
- Vazão da solução e do fluido refrigerante<br />
Qg & - Taxa de adição de calor no gerador<br />
m& 2<br />
- Vazão da solução<br />
η - Eficiência de refrigeração do ciclo de absorção<br />
Ra<br />
Cq<br />
- Capacidade calorífica do fluido quente<br />
Cf<br />
- Capacidade calorífica do fluido frio<br />
ln - Logarítimo neperiano<br />
Tcond - Temperatura de condensação<br />
UA - Coeficiente global vezes a área<br />
ε - Rugosidade da parede do tubo<br />
e - Exponencial<br />
Rtot<br />
- Soma das resistências<br />
Rinc<br />
- Fator de incrustação<br />
- Resistência condutiva na parede<br />
Rp<br />
η o<br />
- Eficiência global da superfície aletada<br />
(A)i,e - Área superficial interna/externa aos tubos<br />
Aa<br />
- Área superficial total da aleta<br />
(h)i,e - Coeficiente de convecção interno/externo<br />
η a<br />
- Eficiência da aleta<br />
tanh - Tangente hiperbólica<br />
xiv
Lc<br />
- Comprimento corrigido da aleta<br />
Ap<br />
- Área corrigida do perfil da aleta<br />
t - Espessura da aleta<br />
π - Número pi<br />
d - Diâmetro do tubo do trocador de calor<br />
l - Comprimento do tubo do trocador de calor<br />
Re - Número de Reynolds<br />
Q - Vazão de água gelada<br />
di<br />
- Diâmetro interno do tubo do trocador de calor<br />
µ l<br />
- Viscosidade do fluido na fase líquida<br />
Nt<br />
- Número de tubos do trocador de calor<br />
V - Velocidade da água gelada<br />
Nu - Número de Nusselt<br />
Pr - Número de Prandtl<br />
Tsup<br />
- Temperatura superficial dos tubos do trocador de calor<br />
Tm<br />
- Temperatura média do fluido na entrada/saída do trocador de calor<br />
g - Aceleração gravitacional<br />
ρ l<br />
- Massa específica do fluido na fase líquida<br />
ρ v<br />
- Massa específica do fluido na fase vapor<br />
k l<br />
- Condutividade térmica<br />
'<br />
h fg<br />
- Entalpia de vaporização modificada<br />
Ja - Número de Jakob<br />
cp l<br />
- Calor específico na fase líquida<br />
Tsat<br />
- Temperatura de vapor saturado<br />
∆ p<br />
- Variação da pressão<br />
χ - Fator de correção<br />
Vmáx - Velocidade máxima entre os feixes de tubos<br />
ρ - Massa específica do fluido<br />
f - Fator de atrito<br />
- Diâmetro externo do tubo do trocador de calor<br />
- Distância entre eixos transversal ao escoamento<br />
- Distância entre eixos longitudinal ao escoamento<br />
de<br />
ST<br />
SL<br />
xv
Vv<br />
- Velocidade do vapor<br />
µ - Viscosidade do fluido<br />
D - Diâmetro do tubo<br />
p - Pressão<br />
γ - Peso específico<br />
V - Velocidade média do escoamento no tubo<br />
z - Altura<br />
h L<br />
- Perda de energia associada ao escoamento<br />
ε /D - Grau de rugosidade<br />
K L<br />
- Coeficiente de descarga<br />
WB & - Potência da bomba<br />
kg/s - Quilograma por segundo<br />
mmHg - Milímetros de mercúrio<br />
kJ/kg - QuiloJoule por quilograma<br />
kW - QuiloWatt<br />
°F - Graus Fahrenheit<br />
U$ - Dólar (unidade monetária americana)<br />
R$ - Real (unidade monetária brasileira)<br />
Tec - Temperatura na entrada do condensador<br />
Tsc - Temperatura na saída do condensador<br />
Tee - Temperatura na entrada do evaporador<br />
Tse - Temperatura na saída do evaporador<br />
m - Metro<br />
m 2<br />
- Metro quadrado<br />
MWh - MegaWatts hora<br />
kV - QuiloVolt<br />
® - Marca registrada<br />
ton - Toneladas<br />
i - Taxa de juros<br />
n - Anos de operação do equipamento<br />
DR - Depreciação real<br />
VRE - Valor residual estimado<br />
xvi
VU - Vida útil do equipamento<br />
VR n<br />
- Valor real<br />
l/s - Litros por segundo<br />
Pa - Pascal<br />
HP - Horsepower<br />
xvii
RESUMO<br />
O presente trabalho busca atender uma necessidade da refinaria de petróleo<br />
Presidente Getúlio Vargas – REPAR, localizada na cidade de Araucária – PR. No<br />
processo de refino do petróleo em torres de destilação a vácuo, é preciso promover<br />
a remoção do vapor resultante do processo, para evitar a formação de produtos não<br />
desejados ao final da destilação. A princípio foram estudados dois sistemas de<br />
refrigeração para a condensação do vapor. O primeiro, o sistema de compressão de<br />
vapor e o segundo, o sistema de refrigeração por absorção. Devido à<br />
impossibilidade de utilização do equipamento de absorção, que não atende as<br />
temperaturas necessárias para a condensação do vapor, somente o sistema de<br />
compressão a vapor será explorado.<br />
Os objetivos traçados para o estudo dos sistemas de refrigeração são o cálculo da<br />
carga térmica, análise de viabilidade econômica, especificação dos componentes de<br />
um sistema de refrigeração, dimensionamento de um trocador de calor e o estudo do<br />
sistema de bombeamento de líquidos.<br />
Após a realização dos cálculos necessários à obtenção dos resultados, foi possível<br />
especificar o equipamento que promoverá a condensação do vapor. Utilizou-se<br />
como base um equipamento comercial, ou seja, existente no mercado, pois esta<br />
escolha foi mais viável diante da possibilidade de projetar um novo equipamento.<br />
Outro ponto estudado foi toda a parte de instalação, dimensionando-se as<br />
tubulações, o motor, a bomba e o trocador de calor.<br />
Tendo em vista que o custo para a aquisição e instalação do sistema de refrigeração<br />
na planta da refinaria está dentro do previsto pela REPAR e que o retorno do<br />
investimento do equipamento selecionado ainda permite uma economia relacionada<br />
ao custo anual da energia elétrica quando comparado aos outros equipamentos,<br />
espera-se com a implantação deste projeto obter ganhos econômicos e ganhos de<br />
rendimento na produção e menor desperdício de matéria-prima.<br />
Para o desenvolvimento completo de todo o projeto especificou-se o equipamento<br />
de refrigeração, fez-se o estudo da viabilidade econômica de consumo de energia do<br />
mesmo e realizou-se o dimensionamento do trocador de calor e do sistema de<br />
bombeamento a partir do estudo da planta para instalação destes.<br />
Palavras-chave<br />
Condensação, compressão de vapor, refino do petróleo.<br />
xviii
1 INTRODUÇÃO<br />
O refino do petróleo é, basicamente, um conjunto de processos físicos e<br />
químicos que objetivam a transformação dessa matéria-prima em derivados. O<br />
primeiro processo que o petróleo sofre em uma refinaria é a destilação atmosférica,<br />
que consiste no fracionamento do cru, realizado em colunas de fracionamento de<br />
dimensões variadas. O processo possui vários estágios de separação, um para cada<br />
fração desejada.<br />
O petróleo, proveniente dos tanques de armazenamento, é pré-aquecido e<br />
introduzido na torre de destilação atmosférica. Os derivados deste fracionamento<br />
são, principalmente, gás, GLP, nafta, gasolina, querosene, óleo diesel e resíduo<br />
atmosférico (ANP, 2003). Tais frações, deverão ser tratadas, para se transformarem<br />
em produtos finais, ou ser enviadas como matéria-prima para outros processos do<br />
refino.<br />
O resíduo atmosférico, fração mais pesada obtida no fundo da torre de<br />
destilação atmosférica, após novo aquecimento, é submetido a um segundo<br />
fracionamento, agora sob vácuo. A operação desta torre baseia-se no fato de que,<br />
sob vácuo, os hidrocarbonetos (constituintes do petróleo) destilam a uma<br />
temperatura inferior àquela da torre de destilação atmosférica, ou seja, as frações<br />
não destiladas nessa última, agora deverão destilar.<br />
Neste segundo fracionamento, são gerados gasóleo e resíduo de vácuo. As<br />
frações da destilação a vácuo são utilizadas como cargas de outros processos de<br />
refino que visam, principalmente, a obtenção de produtos de menor peso molecular<br />
e maior valor agregado. Exemplos clássicos desses processos são: o craqueamento<br />
catalítico (FCC) que emprega gasóleos de vácuos e apresenta como principais<br />
produtos o GLP e a gasolina, e o coqueamento de resíduo de vácuo que gera GLP,<br />
nafta e óleo diesel.<br />
Pela parte superior da coluna de destilação a vácuo (figura 1), sob a forma<br />
de vapor, saem as frações mais leves. Um condensador proporciona a liquefação<br />
dessas frações, bem como do vapor d’água que é injetado na base da coluna. Essa<br />
mistura de frações condensadas e de vapores segue, então, para um tanque de<br />
refluxo. Da camada superior o gasóleo é bombeado, como refluxo, de volta à<br />
1
andeja mais elevada da coluna de fracionamento, e o restante é recolhido como<br />
produto final. O gás não condensado é retirado por meio de ejetores pela parte<br />
superior da torre, criando assim o vácuo.<br />
Lateralmente à coluna são retirados líquidos, em diferentes pratos. Cada um<br />
passa por um retificador, no qual as frações mais leves são retiradas por vapor<br />
d`água e devolvidas novamente à coluna, fica então a fração que vem a fornecer<br />
gasóleo pesado (GOP) e gasóleo residual (GOR).<br />
Figura 1 – Destilação a Vácuo.<br />
Para aumentar a produção de gasóleo pesado, é necessário aumentar a<br />
temperatura do resíduo atmosférico que entra na torre de vácuo e também injetar<br />
vapor no forno para não haver a formação de coque.<br />
O coque formado se deposita no interior do distribuidor de GOR e nos<br />
elementos do recheio. Isto acontece mesmo com a torre de vácuo operando a<br />
2
pressões reduzidas. O coque que permanece no interior dos acessórios da torre<br />
causa problema de entupimento principalmente nos bicos aspersores do distribuidor<br />
de GOR, de elevação de pressão nas descargas das bombas e de diminuição de<br />
troca térmica entre o distribuidor de GOR e os vapores ascendentes.<br />
Aumentando-se poucos graus a temperatura, se tem um aumento da<br />
quantidade produzida de gasóleo pesado (GOP), o qual é disponível ao<br />
craqueamento catalítico. O aumento na produção de GOP gera um importante<br />
retorno financeiro à refinaria, pois com a mesma quantidade de alimentação se tem<br />
maior quantidade de produtos.<br />
O aumento desta temperatura provoca uma elevação da pressão na coluna,<br />
visto que a pressão e a temperatura estão diretamente relacionadas. Para que não<br />
ocorra este aumento indesejado da pressão, é necessário condensar o vapor d`água<br />
na exaustão da torre.<br />
Para condensar o vapor, pode-se utilizar um trocador de calor com água<br />
gelada no topo da torre de vácuo. A água gelada pode ser produzida, por exemplo,<br />
por um sistema de refrigeração (figura 2).<br />
O objetivo deste sistema de condensação de vapor no topo da torre de<br />
destilação a vácuo é evitar a substituição do sistema de ejetores já existente, os<br />
quais foram projetados para uma mistura de vazões de gases condensados e de<br />
vapor d`água muito menores do que para uma situação futura, onde deseja-se<br />
aumentar esta vazão.<br />
3
Vapor<br />
Trocador de<br />
Calor<br />
Figura 2 – Esquema da utilização do sistema de refrigeração na torre de vácuo.<br />
1.1 OBJETIVO DO TRABALHO<br />
Equipamento de<br />
Refrigeração<br />
Torre de<br />
Arrefecimento<br />
Este trabalho tem por objetivo projetar um sistema de refrigeração capaz de<br />
condensar o vapor d`água na exaustão da torre de destilação a vácuo da refinaria<br />
REPAR e assim proporcionar um aumento na produção do gasóleo pesado.<br />
Fez-se então uma busca de fabricantes que forneciam equipamentos<br />
capazes de atender a demanda de vapor a ser condensado e também que<br />
produzissem água gelada à temperatura necessária para esta condensação.<br />
4
Em seguida, uma análise de viabilidade técnica e econômica foi realizada<br />
para o sistema de refrigeração por compressão de vapor especificado.<br />
Para promover a condensação do vapor d’água foi necessário o<br />
dimensionamento de um trocador de calor.<br />
A condensação é realizada pela água gelada, proveniente do equipamento<br />
de refrigeração especificado, que será bombeada através de uma tubulação<br />
projetada para este fim.<br />
Como os equipamentos de refrigeração disponíveis no mercado poderão ser<br />
empregados como solução, o principal foco do trabalho será o projeto de<br />
dimensionamento do trocador de calor e do sistema de bombeamento.<br />
5
2 REVISÃO DA LITERATURA<br />
2.1 HISTÓRICO DA <strong>REFRIGERAÇÃO</strong><br />
Segundo a publicação da Revista do Frio (Andrade, 2003), a prática da<br />
refrigeração e do condicionamento de ar provavelmente existe desde os dias do<br />
homem das cavernas. Um poeta chinês do século XI – AC descreveu a coleta e a<br />
armazenagem de gelo natural. O resfriamento por meio de gelo e neve é<br />
freqüentemente mencionado no decorrer da história. Antigos soberanos, com ajuda<br />
de trabalho escravo em grande escala, mandavam trazer enormes pilhas de<br />
neves das montanhas próximas para produzir brisas refrescantes na primavera e<br />
para esfriar os refrescos. Foram descritos muitos dispositivos engenhosos nos quais<br />
se usava a evaporação da água para esfriar o ar e tornar a vida mais amena.<br />
Um grande avanço nas técnicas de refrigeração foi dado por volta do ano de 1600,<br />
quando se descobriu que uma mistura de gelo e sal produzia temperaturas mais<br />
baixas que o gelo, isoladamente. De certo modo, este foi o primeiro melhoramento<br />
no setor da refrigeração. No fim do século XVI, a inventividade do homem já<br />
produzia refrigeração no tempo e no lugar desejados. A escassez do gelo natural<br />
nas épocas de maior calor fez nascer a idéia de sua fabricação por meios<br />
mecânicos. Isso ocorreu na Inglaterra, no ano de 1775, onde se experimentou a<br />
primeira fábrica de gelo acionada por grandes máquinas à base de amoníaco.<br />
Passou também a ser adotado o uso de geladeiras que eram meros armários<br />
dotados de isolante térmico, alimentados por grandes blocos de gelo, fornecidos<br />
diariamente por uma central frigorífica (fábrica de gelo). Origina-se daí o nome<br />
geladeira. Em 1834 surgiu nos Estados Unidos o primeiro sistema mecânico de<br />
refrigeração artificial. Era uma pequena geladeira, feita com base no sistema de<br />
compressão mecânica.<br />
Com a invenção do microscópio no século XVIII , verificou-se a existência de<br />
micro-organismos (micróbios-bactérias, enzimas). Mais tarde, cientistas<br />
demonstraram que alguns desses micróbios são responsáveis pela decomposição<br />
dos alimentos. Outros estudos provaram que a propagação dos micróbios pode ser<br />
impedida com o resfriamento dos alimentos, que enquanto mantidos no frio,<br />
6
permanecem conservados. A partir daí desenvolveram-se diversos sistemas de<br />
produção do frio artificial. Depois de muita luta em sistemas falidos, a engenharia da<br />
refrigeração recebeu uma contribuição decisiva, com a descoberta da eletricidade<br />
por Thomas Edison. Já em 1918 surgiu o primeiro refrigerador automático movido a<br />
eletricidade e com um pequeno motor. Quem fabricou o primeiro refrigerador em<br />
pequena escala foi a Kelvinator Company , dos Estados Unidos.<br />
Alguns pontos históricos podem ser destacados na evolução da refrigeração:<br />
- Em 1805, na Filadélfia, EUA, Oliver Evans teorizou sobre uma máquina utilizando o<br />
ar, para produzir frio.<br />
- Em 1844, na Flórida, John Gorie, utilizou esta teoria e fez uma máquina que<br />
resfriava o ar de um hospital; era o primeiro equipamento frigorífico e do tipo<br />
condicionador de ar.<br />
- Em 1857, na França, Charles Tellier, equipou um navio com um sistema frigorífico.<br />
- Em 1915, Alfred Mellows, um americano, tinha uma pequenina fábrica de<br />
geladeiras chamada de GUARDIAN REFRIGERATOR, que produzia geladeiras a<br />
uma taxa de 20 unidades por ano.<br />
- Em 1918, a General Eletric comprou esta fábrica e a batizou de Frigidaire.<br />
Utilizando os métodos de produção de HENRY FORD, começou a produzir<br />
geladeiras em larga escala.<br />
- Em 1943, 85% das casas dos EUA já possuíam geladeira.<br />
- Em 1965, a Frigidaire comemora 50 milhões de geladeiras vendidas.<br />
- Em 1930, chegam ao Brasil as primeiras geladeiras, da Frigidaire, importadas, e<br />
quem as possuía deixava na sala em vez de na cozinha.<br />
- Em 1950, o Brasil começa a produzir geladeiras em larga escala.<br />
2.2 A <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> INDUSTRIAL<br />
As aplicações de refrigeração (PUC-RS,2004) podem ser classificadas<br />
dentro das seguintes categorias:<br />
a) refrigeração doméstica;<br />
b) refrigeração comercial;<br />
c) refrigeração industrial;<br />
d) refrigeração marítima e de transporte.<br />
7
O projeto em questão está voltado para a refrigeração industrial e esta é<br />
caracterizada pela faixa de temperatura de operação (STOECKER, 2002). No limite<br />
inferior, as temperaturas podem atingir valores entre –60 a –70°C e 15°C, no limite<br />
superior. Outra forma de caracterizar é através das aplicações, sendo o processo<br />
utilizado nas indústrias químicas, de alimentos e de processos. A necessidade de<br />
condensar vapor d’água a baixa pressão dentro da indústria petroquímica,<br />
caracteriza o projeto como uma aplicação da refrigeração industrial.<br />
De acordo com a definição (STOECKER, 2002), a refrigeração industrial tem<br />
como objetivo a refrigeração de alguma substância ou meio. Isto coincide com o<br />
objetivo do presente projeto que visa a condensação do vapor d’água de uma torre<br />
de destilação à vácuo.<br />
Os principais métodos de refrigeração (GOSNEY, 1982) conhecidos são:<br />
a) compressão de vapor;<br />
b) vapor de absorção;<br />
c) ciclo de ar;<br />
d) injeção de vapor;<br />
e) termoelétrica.<br />
A maioria das plantas, desde refrigeradores domésticos a grandes sistemas<br />
industriais, usam o princípio de compressão de vapor. Outros sistemas são utilizados<br />
em condições especiais. Por exemplo, o princípio de absorção é utilizado em plantas<br />
químicas, condicionamento de ar e em alguns refrigeradores domésticos. Esta<br />
aplicação é encontrada quando calor está disponível como fonte de energia ou<br />
quando a potência mecânica não é suficiente.<br />
2.3 COMPRESSÃO <strong>DE</strong> VAPOR<br />
Os estudos do princípio de compressão de vapor (GOSNEY, 1982) iniciaram<br />
com o arranjo que Perkins propôs em 1834 (figura 3) e foi registrado com a Patente<br />
Britânica nº 6662. O sistema é constituído de 4 principais componentes. O fluido<br />
refrigerante, no evaporador, está em contato térmico com a substância que desejase<br />
resfriar e retira calor desta. O vapor que circula do evaporador para o compressor<br />
é submetido a uma elevada pressão e descarregado para o condensador, no qual<br />
rejeita calor para água de condensação e se liquefaz. O líquido então retorna para o<br />
8
evaporador e reinicia o ciclo. Para promover a diferença de pressão entre o<br />
condensador e o evaporador uma restrição conhecida por válvula de expansão é<br />
colocada entre os componentes.<br />
Figura 3 - Equipamento desenvolvido por Perkins, 1834. (GOSNEY, 1982)<br />
O principal responsável por fazer o princípio de compressão operar em uma<br />
máquina foi James Harrison, nascido na Escócia no início do século dezenove. Não<br />
há comprovação de que Harrison conhecia o trabalho de Perkins. Em meados de<br />
1850, ele inventou uma máquina manual de produzir gelo que utilizava éter, como<br />
fluido refrigerante.<br />
Outro pioneiro do sistema de compressão de vapor utilizando éter foi<br />
Alexander Catling Twining (1801), que tinha uma máquina operando em Cleveland,<br />
Ohio em 1856, capaz de produzir aproximadamente 900 kg de gelo em 20 horas.<br />
O uso do éter com ponto de ebulição 34,5°C, implica em uma pressão no<br />
evaporador abaixo da pressão atmosférica, como conseqüência havia perigo de ar<br />
entrar no sistema proporcionando uma mistura explosiva. Do outro lado, a pressão<br />
no condensador não era alta e não havia necessidade de uma construção robusta.<br />
Charles Tellier introduziu o dimetil-éter, com maior pressão de vapor e ponto de<br />
ebulição de –23,6°C, em Paris 1864, e Raoul Pictet, em Genebra, usou dióxido de<br />
enxofre, com ponto de ebulição de –10°C, em 1874. O dimetil-éter não veio a ser<br />
utilizado em grande escala, mas o dióxido de enxofre foi um importante refrigerante<br />
durante, aproximadamente, 60 anos.<br />
O maior avanço foi feito por Carl von Linden em Munique por volta de 1870<br />
com a introdução da amônia. Esta substância tem uma pressão de vapor muito<br />
9
maior e uma baixa temperatura de ebulição, -33,3°C. Uma pressão de 10 atmosferas<br />
ou mais é necessária no condensador. Com a habilidade de Linden em resolver os<br />
problemas mecânicos, desde então a amônia tem sido o mais importante<br />
refrigerante em grandes plantas que necessitam temperaturas consideravelmente<br />
baixas.<br />
Os refrigerantes fluoretados derivados dos hidrocarbonetos metano e etano<br />
vieram a ser introduzidos em resposta à necessidade de refrigerantes seguros para<br />
uso em pequenas plantas como shoppings, hotéis e residências.<br />
Os primeiros refrigeradores tinham um tipo de controle mais ou menos<br />
contínuo. Para torná-los desejáveis pelas pessoas tinham que ser automáticos.<br />
Desenvolvimentos nesta direção iniciaram por volta de 1900 e refrigeradores<br />
domésticos entraram no mercado americano em 1917. Estas máquinas automáticas<br />
apresentavam duas características: uma era a regulagem de abertura da válvula de<br />
expansão que controla a vazão de refrigerante solicitada pelo compressor, e a outra<br />
era o termostato para desligar o motor do compressor quando o espaço a refrigerar<br />
atingia as temperaturas desejadas.<br />
As operações automáticas foram primeiro introduzidas em sistema<br />
pequenos, mais tarde foram estendida para sistemas maiores e atualmente é<br />
comum que grandes plantas utilizem o controle automático.<br />
No início dos anos 30, a então chamada construção hermética foi<br />
introduzida. O motor e o compressor são diretamente acoplados no mesmo eixo e<br />
montados juntos dentro do circuito de refrigeração. Este é o princípio atual dos<br />
refrigeradores residenciais e também utilizados em equipamentos de grande porte.<br />
2.4 ABSORÇÃO<br />
O método alternativo de remover vapor da superfície de um líquido em<br />
ebulição é absorver este por alguma substância com a qual o vapor reage<br />
quimicamente (GOSNEY, 1982). Por exemplo, o vapor d’água é rapidamente<br />
absorvido pelo ácido sulfúrico, e esta foi a base do método de Sir John Leslie que<br />
fez gelo artificialmente em 1810. Ele utilizou vasos, um contendo água e o outro<br />
contendo bastante ácido sulfúrico, que depositado na parte inferior do vaso de metal<br />
10
era então evacuado por uma bomba. Com o tempo uma camada de gelo se formou<br />
na superfície da água.<br />
No experimento de Leslie o vapor d’água formado foi absorvido pelo ácido<br />
sulfúrico tanto que a atmosfera dentro do vaso de metal ficou seca. Está claro que se<br />
o gelo se formou a partir do ácido, este pode manter uma baixa pressão parcial de<br />
vapor d’água dentro do vaso, o qual é menor que a pressão de vapor saturado da<br />
água a 0°C.<br />
O método de Leslie se tornou a base de máquinas comerciais para fazer<br />
pequena quantidade de gelo para resfriar vinho, alguns dos quais estão em uso<br />
atualmente. Em 1878, Windhausen projetou uma máquina e obteve sucesso, mas<br />
esta não tornou-se popular. Esta foi utilizada para a fabricação de gelo por<br />
evaporação e também para produção de água gelada. Neste sistema, a água atua<br />
como refrigerante e o ácido sulfúrico é chamado de absorvente.<br />
A mais importante versão do sistema de absorção apareceu em 1859: o<br />
sistema contínuo água-amônia inventado por Ferdinand Carré em 1860 (figura 4),<br />
com amônia como refrigerante e água como absorvente.<br />
Figura 4 - Equipamento desenvolvido por Carré, 1860. (GOSNEY, 1982)<br />
É conhecido que a água é um poderoso absorvente para vapor de amônia, e<br />
se um evaporador é colocado em comunicação com um vaso através do qual água<br />
está fluindo, amônia é absorvida e a pressão de vapor é reduzida. A solução de<br />
11
amônia formada no absorvedor é bombeada para uma maior pressão e evapora, no<br />
qual o ponto de vapor da amônia é atingido e pode ser condensado.<br />
Os primeiros sistemas de absorção comparados aos sistemas de<br />
compressão de vapor tinham em comum o condensador, a válvula de expansão e o<br />
evaporador. O compressor, contudo, foi substituído pela combinação do absorvedor,<br />
bomba de solução, trocador de calor, gerador e a válvula de líquido. Este grupo de<br />
componentes succiona vapor do evaporador e entrega o vapor a alta pressão no<br />
condensador, exatamente como o compressor faz.<br />
Outra forma do sistema de absorção, usando água como refrigerante e uma<br />
solução de brometo de lítio e água como absorvente, é uma descendente direta do<br />
método de Windhausen, e trabalha exatamente da mesma forma. O ácido sulfúrico<br />
começou a ser substituído por esta poderosa solução de brometo de lítio. O sistema<br />
é muito usado para produzir água gelada para sistemas de condicionamento de ar.<br />
Na sua concepção mais simples a máquina de absorção consiste num<br />
evaporador, um condensador, um absorvedor, um gerador e uma bomba de solução<br />
(TRIGEMED, 2004).<br />
Em um chiller do ciclo de absorção (figura 5), a compressão do vapor do<br />
refrigerante é efetuada pelo absorvedor, pela bomba de solução e pelo gerador em<br />
combinação, em vez do compressor mecânico de vapor. O vapor gerado no<br />
evaporador é absorvido por um líquido absorvente no absorvedor. O absorvente que<br />
retirou o refrigerante, mais diluído por essa ação, é bombeado para o gerador onde<br />
o refrigerante é libertado como vapor, o qual será condensado no condensador. O<br />
absorvente regenerado ou mais concentrado é então devolvido ao absorvedor para<br />
captar de novo vapor de refrigerante. Calor é fornecido ao gerador a uma<br />
temperatura relativamente elevada, ao passo que o calor de absorção da seção do<br />
absorvedor é dissipado, a um nível de temperatura relativamente baixo, por<br />
circulação de água.<br />
12
Figura 5 - Ciclo de Absorção. (TRIGEMED)<br />
O desempenho destes equipamentos é definida pela razão entre a<br />
capacidade de refrigeração útil e a energia térmica fornecida à máquina - o chamado<br />
Coeficiente de Performance (COP). Os chillers de único estágio têm COPs por volta<br />
de 0,7; os chillers de duplo estágio têm COPs por volta de 1,1. Isto significa que a<br />
torre de arrefecimento necessária para um chiller de duplo estágio é menor (cerca de<br />
40%) do que a necessária para um chiller de único estágio. A complexidade dos<br />
chillers de duplo estágio aumenta o seu custo quando comparado ao de único<br />
estágio. Os chillers de absorção de duplo estágio apresentam capacidades na faixa<br />
de 400 a 1.000 TR. Todas as máquinas de ciclo de absorção comercialmente<br />
disponíveis dissipam calor para um circuito de uma torre de arrefecimento. Na<br />
maioria dos casos as temperaturas do circuito da torre de arrefecimento variam entre<br />
32°C e 37 ºC.<br />
A maior parte dos equipamentos baseado no par água-brometo de lítio é<br />
concebido para aplicações de arrefecimento de ar. Uma tonelada de refrigeração<br />
(TR) corresponde à 3517 W de produção de frio. A maioria dos fabricantes coloca no<br />
mercado máquinas de 100 TR a 1500 TR, isto é, entre 352 kW e 5276 kW. Estas<br />
podem ser acionadas por vapor a uma pressão variável entre 135 e 205 kPa, o que<br />
corresponde a vapor a uma temperatura entre 110 e 120 ºC. Alternativamente,<br />
podem ser acionadas com água quente entre 115 e 150 ºC a uma pressão máxima<br />
de 9 bar. O Coeficiente de Performance situa-se na faixa de 0,6-0,7. O consumo de<br />
13
vapor num chiller de único estágio é aproximadamente 2,3 kg/h por kW. O calor<br />
necessário de água quente encontra-se na faixa de 30 a 72 kg/h por kW,<br />
dependendo da queda de temperatura admissível.<br />
As máquinas de duplo estágio apresentam aproximadamente a mesma faixa<br />
de capacidades das máquinas de único estágio. O vapor aparece como o meio<br />
preferencial de acionamento das máquinas. O vapor deve estar entre 1100 a 1200<br />
kPa, o que corresponde a temperaturas na faixa dos 175 a 185 ºC. Segundo<br />
informação recolhida, é também possível acionar uma máquina de duplo estágio<br />
com água quente, devendo a temperatura situar-se entre 155 e 205 ºC. O<br />
Coeficiente de Performance em qualquer dos casos pode variar entre 0,9 e 1,2. O<br />
consumo de vapor de uma máquina de duplo estágio é de cerca de 1,4 kg/h por kW.<br />
Os chillers que operam com amônia-água são concebidos principalmente<br />
para aplicações industriais de refrigeração, como por exemplo congelamento de<br />
alimentos ou refrigeração de processo, com temperaturas de evaporação tão baixas<br />
quanto -60ºC. Este tipo de máquina é preferível ser utilizado quando se trabalha com<br />
temperaturas próximas ou abaixo de 0ºC, uma vez que as unidades de águabrometo<br />
de lítio não podem operar nesta faixa de temperaturas. A temperatura de<br />
alimentação do vapor para acionar a unidade depende da temperatura de<br />
refrigeração a ser obtida.<br />
Figura 6 – Variação do COP de absorção em função da temperatura de evaporação.<br />
(TRIGEMED)<br />
14
A figura 6 ilustra a variação do coeficiente de performance (COP) de um<br />
chiller de absorção amônia-água de único estágio, em função da temperatura de<br />
evaporação e da temperatura da água de arrefecimento. As faixas coloridas<br />
referem-se às faixas de temperatura da água de arrefecimento.<br />
Os custos das máquinas amômia-água estão por volta de U$1500 a U$2200 por<br />
tonelada de refrigeração de capacidade. Se as relações do diagrama foram<br />
extrapoladas, pode-se concluir que é esperado um COP superior a 0,6.<br />
Quando comparados os ciclos de amônia-água e o de água-brometo de lítio de<br />
único estágio, pode-se esperar, um desempenho, um consumo de energia térmica e<br />
os requisitos de temperatura como sendo praticamente os mesmos.<br />
2.5 FLUIDOS REFRIGERANTES<br />
O fluido de trabalho em um sistema de refrigeração é denominado<br />
refrigerante. Há uma grande variedade de compostos que podem ser utilizados<br />
como refrigerantes. Os refrigerantes mais comuns são os hidrocarbonetos<br />
fluoretados, porém outras substâncias em grande número também funcionam como<br />
refrigerantes, incluindo muitos compostos inorgânicos e hidrocarbonetos (PUC-RS,<br />
2004).<br />
A classificação dos refrigerantes (STOECKER, 2002), de forma geral,<br />
apresenta-se nas seguintes categorias:<br />
a) Hidrocarbonetos halogenados;<br />
b) Misturas não azeotrópicas;<br />
c) Misturas azeotrópicas;<br />
d) Compostos orgânicos;<br />
e) Compostos inorgânicos.<br />
Os hidrocarbonetos halogenados são substâncias que contém um ou mais<br />
átomos halógenos: cloro, flúor e bromo. Sua designação por números (ASHRAE,<br />
1992), sendo o primeiro algarismo da direita, o número de átomo de flúor na<br />
molécula, o segundo algarismo, o número de átomo de hidrogênio somado 1, o<br />
terceiro algarismo o número de átomos de carbono diminuído 1. De maneira<br />
opcional, o quarto algarismo a partir da direita é utilizado para designar compostos<br />
derivados de hidrocarbonetos não saturados.<br />
15
A série 400 é reservada para as misturas não azeotrópicas que são<br />
definidas de acordo com o seu comportamento durante a mudança de fase. Estas<br />
substâncias são caracterizadas pela mudança de temperatura durante a mudança<br />
de fase a pressão constante. Além disso, as composições das fases líquido e vapor,<br />
são distintas. A série 500 designa as misturas azeotrópicas que comporta-se como<br />
uma substância pura, isto é, durante a mudança de fase a pressão constante, a<br />
temperatura permanece constante. A série 600 designa os compostos orgânicos e a<br />
série 700 os compostos inorgânicos, nos quais encontram-se a amônia e a água.<br />
Um bom fluido refrigerante (PUC-RS, 2004) deve apresentar como<br />
propriedades termodinâmicas: pressões de operação baixas o suficiente para utilizar<br />
tubulações finas; pressões acima da pressão atmosférica para evitar a entrada de ar<br />
nos sistema quando ocorrer vazamentos; e baixa temperatura de evaporação. Além<br />
disso, suas propriedades devem proporcionar elevada eficiência de refrigeração e<br />
baixa potência por tonelada de refrigeração.<br />
Em relação às propriedades físicas e químicas, o fluido refrigerante não<br />
deve ser tóxico, não ser explosivo, não ser corrosivo, não produzir danos aos<br />
produtos armazenados em caso de vazamento, deve possuir baixa viscosidade, alta<br />
condutividade térmica, boa estabilidade química para não se decompor em altas<br />
temperaturas e baixo custo.<br />
Em relação ao meio ambiente, estudos revelaram que o cloro de<br />
hidrocarbonetos halogenados liberados para o meio ambiente destroem a camada<br />
de ozônio da estratosfera. A redução desta camada permite que mais radiação<br />
ultravioleta atinja a terra, podendo causar câncer de pele. Para caracterizar o nível<br />
da ação dos fluidos refrigerantes sobre o meio ambiente foram introduzidos dois<br />
índices: OPD – Ozone Depleting Potential e GWP – Global Warming Potential. O<br />
ODP quantifica o potencial de destruição da camada de ozônio que um composto<br />
apresenta em relação ao R11, ao qual se atribui valor 1. O GWP indica o potencial<br />
do refrigerante promover o efeito estufa. Este índice é o resultado de dois efeitos: um<br />
direto, causado pela presença física do composto na atmosfera, e outro indireto,<br />
resultante da emissão de CO2 pela queima de um combustível fóssil para produzir a<br />
energia elétrica utilizada no acionamento da instalação que opera com o<br />
refrigerante.<br />
16
Na indústria fabricante de equipamentos de refrigeração, os refrigerantes, na<br />
grande maioria, utilizados são os HFC 134a e HCFC 123 (tabela 1). Os refrigerantes<br />
HFC apresentam índice ODP zero e por isto, não são nocivos à camada de ozônio,<br />
enquanto os refrigerantes HCFC, a partir de 2020 ( HITACHI ® , 2001), estão<br />
proibidos de serem fabricados e utilizados em novos equipamentos, por<br />
apresentarem efeitos nocivos a camada de ozônio.<br />
TABELA 1 – ÍNDICES ODP E GWP<br />
Família: Hidrocarbonetos halogenados<br />
Nº Nome Composição Química ODP GWP<br />
11 Tricloromonofluormetano CCl3F (CFC) 1 1<br />
12 Biclorobifluormetano CCl2F2 (CFC) 1 3,20<br />
13 Monoclorotrifluormetano CClF3 (CFC)<br />
22 Hidrobicloromonofluormetano CHCl2F (HCFC) 0,05 0,34<br />
23 Hidrotrifluormetano CHF3 (HFC) 0 N/d<br />
32 Bihidrobifluormetano CH2F2 (HFC) 0 0,12<br />
123 Hidrobiclorobifluoretano C2HCl2F3 (HCFC) 0,02 0,02<br />
125 Hidropentafluoretano C2HF5 (HFC) 0 0,84<br />
134a Bihidrotetrafluoretano C2H2F4 (HFC) 0 0,28<br />
152a Tetrahidrobifluoretano C2H4F2 (HFC) 0 0,03<br />
Fonte: STOECKER, 2002<br />
2.6 EQUIPAMENTOS <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> – “CHILLERS”<br />
Numa central de água gelada, tipicamente pode-se encontrar: unidades<br />
resfriadoras, bombas de água gelada no sistema primário, bombas no sistema<br />
secundário, bombas de água de condensação e torres de resfriamento ou<br />
arrefecimento (CABANO, 2004).<br />
Estes equipamentos, mais conhecidos como resfriadores de líquidos,<br />
quando usados para fins de condicionamento do ar utilizam a água como fluido<br />
17
intermediário. Esta água, devidamente resfriada (±7ºC) é levada para as Unidades<br />
Condicionadoras (Fan Coils).<br />
Os resfriadores de líquido são produzidos numa larga faixa de capacidades:<br />
a) desde 20 até 220 TR quando utilizam compressores alternativos;<br />
b) desde 80 até 2.500 TR quando utilizam compressores centrífugos;<br />
c) desde 100 até 1500 TR quando utilizam o princípio de absorção.<br />
Figura 7 - Chiller Centrifugo – cortesia Mcquay ® .<br />
Figura 8 - Chiller de Absorção – cortesia Mcquay ® .<br />
18
Estes sistemas podem utilizar tanto condensação a ar quanto a água. Estes<br />
sistemas, são sem dúvida, os que impõem uma maior complexidade de fabricação<br />
ao conjunto.<br />
Pelas suas características, o sistema inclui diversas vantagens, entre as<br />
quais pode-se citar:<br />
a) economia de custos de operação;<br />
b) menor potência instalada;<br />
c) controle preciso dos ambientes climatizado;<br />
d) alta eficiência em cargas parciais;<br />
e) menor área ocupada pela centralização do equipamento em um<br />
único local;<br />
f) facilidade de manutenção;<br />
g) alto desempenho.<br />
Apresentam como desvantagens:<br />
a) custo elevado de implantação;<br />
b) utilização de equipamentos adicionais, tais como caldeira ou<br />
resistências elétricas, no caso de necessitar de aquecimento;<br />
c) maior complexidade do sistema em relação a fabricação e<br />
operação.<br />
A seleção e o projeto de um sistema de água gelada está<br />
predominantemente vinculada à atuação das empresas de projetos de sistemas de<br />
ar condicionado central. Da mesma forma, a sua instalação é sempre feita por<br />
instaladores qualificados e muitas vezes especializados neste tipo de obra. A<br />
otimização do processo de seleção está associada ao uso de programas de<br />
computador.<br />
Os resfriadores ou "Chillers" são instalados em casas de máquinas<br />
especialmente concebidas para esta finalidade, incluindo os sistemas de distribuição<br />
de água gelada, bombas de recalque, painéis elétricos de segurança e controle e<br />
sistema de água de condensação para equipamentos com condensação a água.<br />
Estes equipamentos atendem uma parcela das obras de médio porte e a<br />
quase totalidade das obras de grande porte.<br />
A complexidade e o custo inicial são amplamente justificado pelas diversas<br />
vantagens mencionadas anteriormente.<br />
19
2.7 TROCADORES <strong>DE</strong> CALOR<br />
Trocadores de calor são equipamentos utilizados para transferir energia<br />
térmica entre duas correntes de fluidos. Os trocadores de calor são encontrados<br />
usualmente em instalações de condicionamento de ar, nas indústrias químicas, de<br />
alimentos, de petróleo, entre muitas outras.<br />
Pode-se classificar os trocadores de calor de acordo com o seguinte critério<br />
(KAKAÇ, 1997):<br />
a) recuperadores e regeneradores;<br />
b) processo de transferência de calor;<br />
c) tipos de construção;<br />
d) mecanismos de transferência de calor;<br />
e) arranjo do escoamento.<br />
2.7.1 Recuperadores e Regeneradores<br />
Os trocadores de calor convencionais são denominados recuperadores<br />
quando há um fluxo contínuo de calor do fluido quente para o fluido frio através de<br />
uma parede que os separa. Trocadores tipo bitubular e casco - tubo são exemplos<br />
de recuperadores.<br />
Nos regeneradores, a transferência de calor é devido à passagem alternada<br />
dos fluxos pela mesma matriz de armazenamento. O fluido quente ao passar pela<br />
matriz armazena energia térmica que será extraída da mesma pela passagem do<br />
fluido frio. Assim, a energia térmica não é transferida através de uma parede como<br />
no caso dos recuperadores.<br />
2.7.2 Processos de Transferência de Calor<br />
De acordo com o processo de transferência, os trocadores de calor podem<br />
ser classificados como de contato direto ou indireto.<br />
Em trocadores de calor de contato direto, a transferência de calor entre os<br />
fluidos quente e frio se dá pelo contato direto entre estes fluidos. Entre as correntes<br />
fria e quente não há uma parede de separação e a transferência ocorre através da<br />
20
interface entre as duas correntes. Neste tipo de transferência de calor as correntes<br />
podem ser dois líquidos, um líquido e um gás, ou uma combinação de partículas<br />
sólidas e um fluido. Um exemplo para este tipo de trocador é a torre de resfriamento,<br />
na qual uma corrente de ar ascendente resfria a água previamente borrifada pelo<br />
topo da torre. É muito comum, nestes tipos de trocadores, que ocorra, além da<br />
transferência de calor, transferência de massa.<br />
Em trocadores de calor de contato indireto, os fluidos permanecem<br />
separados e a transferência de calor ocorre de forma contínua através de uma<br />
parede. Estes trocadores podem ainda ser subdivididos em trocadores de<br />
transferência direta e de armazenamento. Nos trocadores de transferência direta,<br />
não há mistura entre os fluidos quente e frio, pois cada corrente permanece em<br />
passagens separadas. Exemplos deste tipo de trocador são os bitubular e casco -<br />
tubo. Nos trocadores de armazenamento, ambos os fluidos, quente e frio, percorrem<br />
alternadamente as mesmas passagens de troca de calor. A superfície para esta<br />
transferência de calor, geralmente, é uma estrutura chamada matriz. Em caso de<br />
aquecimento, o fluido quente percorre a superfície de transferência de calor e a<br />
energia térmica fica então armazenada na matriz. Quando o fluido frio percorrer o<br />
mesmo caminho, ele é aquecido pela energia térmica que ficou armazenada na<br />
matriz. Este trocador é chamado de regenerador, ilustrado na figura 9.<br />
21
2.7.3 Tipos de Construção<br />
Figura 9 – Trocador de calor de armazenamento.<br />
Os grupos principais dentro desta classificação são os trocadores tipo<br />
tubular, de placas e de superfícies estendidas.<br />
2.7.3.1 Trocadores de calor tubulares<br />
São construídos geralmente com tubos circulares, onde um dos fluidos<br />
passa por dentro do tubo e o outro, por fora deste. Podem ser classificados em<br />
bitubular, casco - tubo, e espiral.<br />
O trocador de calor bitubular (figura 10) consiste em dois tubos concêntricos,<br />
onde um dos fluidos escoa pelo tubo interno e o outro pela parte anular entre os<br />
tubos. Este trocador é geralmente usado em aplicações de pequenas capacidades.<br />
Esta configuração também é adequada quando um ou ambos fluidos estão a alta<br />
pressão. A maior desvantagem é que estes trocadores são volumosos e possuem<br />
um custo elevado por unidade de área de transferência de calor.<br />
22
Figura 10 – Trocador de calor bitubular.<br />
Os trocadores de calor tipo casco tubo (figura 11) são muito versáteis, por<br />
serem fabricados com uma variedade de tamanho e material. Além disso, são muito<br />
utilizados em processos industriais. Neste tipo de trocadores de calor, um certo<br />
número de tubos está envolto por uma carcaça. Os tubos, geralmente, são<br />
circulares, montados dentro de uma casca cilíndrica, e alinhados com o eixo da<br />
carcaça. Estes trocadores são muito utilizados como resfriadores de óleo,<br />
condensadores, evaporadores e geradores de vapor em usinas nucleares. Nestes<br />
trocadores, um dos fluidos passa pelo interior dos tubos e o outro pelo espaço entre<br />
a carcaça e os tubos. Uma variedade grande destes trocadores estão disponíveis<br />
para atender critérios como, transferência de calor desejada, queda de pressão e<br />
mínima tensão térmica. Uma subclassificação dos trocadores de casco - tubo está<br />
relacionada ao número de vezes que o fluido passa através do trocador. Desta<br />
maneira, há um aumento da taxa de transferência de calor e, conseqüentemente,<br />
redução do tamanho do equipamento. Trocadores de casco - tubo são os mais<br />
utilizados para quaisquer capacidades e condições operacionais, tais como pressões<br />
e temperaturas elevadas, atmosferas corrosivas, fluidos muito viscosos, entre outras.<br />
23
Figura 11 – Trocador de calor casco – tubo.<br />
O trocador de calor em serpentina consiste em tubos circulares ordenados<br />
em uma carcaça. Um dos fluidos passa pela carcaça e o outro pela serpentina,<br />
conforme ilustra a figura 12. A transferência de calor neste caso é mais elevada do<br />
que quando comparada a um trocador bitubular. Em se tratando de serpentinas,<br />
uma grande superfície pode ser acomodada em um determinado espaço.<br />
Figura 12 – Trocador de calor em serpentina.<br />
24
2.7.3.2 Trocadores de calor tipo placa<br />
Como mostra a figura 13, estes tipos de trocadores, normalmente, são<br />
construídos com placas planas, lisas ou com alguma forma de ondulações.<br />
Geralmente, estes trocadores não podem suportar pressões muito altas, quando<br />
comparados aos trocadores tubulares equivalentes.<br />
Figura 13 – Trocador de calor tipo placa. (KAKAÇ, 1997)<br />
2.7.3.3 Trocadores de calor com superfície estendida<br />
Trocadores de calor com superfícies estendidas possuem uma grande área<br />
de troca térmica. Sua utilização é válida quando pelo menos um dos fluidos é um<br />
gás, pois o coeficiente de transferência de calor do lado do gás é muito menor que<br />
aquele do lado do líquido. Então, superfícies aletadas são usadas no lado do gás<br />
para aumentar a área de transferência de calor. Aletas são largamente utilizadas em<br />
trocadores gás-gás e gás-líquido, pois há necessidade de se ter um trocador de<br />
calor compacto. Os tipos mais comuns de trocadores de calor com superfície<br />
estendida são os de placas aletadas e de tubos aletados.<br />
25
Trocadores de calor com placas aletadas são principalmente utilizados para<br />
aplicações gás-gás. Nestes trocadores, as correntes são separadas por planos<br />
achatados preenchidos com aletas onduladas. Estas unidades são muito compactas<br />
e têm uma área de transferência de calor por unidade de volume por volta de 2000<br />
m 2 /m 3 . Estes tipos de trocadores de calor são usados em turbinas a gás,<br />
refrigeração, aquecimento, ventilação, condicionamento de ar e em indústrias<br />
químicas.<br />
Trocadores de calor com tubos aletados são usados para trocadores de<br />
calor gás-líquido. O coeficiente de transferência de calor para o gás é geralmente<br />
muito menor do que para o líquido e, portanto, aletas são colocadas do lado do gás.<br />
Este trocador de calor consiste de um feixe de tubos envolvidos por aletas.<br />
Trocadores de calor com tubos aletados são comumente utilizados em aquecimento,<br />
ventilação, refrigeração e sistemas de condicionamento de ar.<br />
Outra configuração de aletas é colocá-las no interior de tubos, cuja aplicação<br />
é útil para os condensadores e evaporadores dos sistemas de refrigeração.<br />
2.7.4 Mecanismos de Transferência de Calor<br />
Outra classificação para os trocadores, baseia-se no mecanismo de<br />
transferência de calor:<br />
a) convecção de única fase em ambos os lados;<br />
b) convecção de única fase em um lado, e de duas fases no outro lado;<br />
c) convecção de duas fases em ambos os lados.<br />
Observa-se na figura 14 que o fluido A está evaporando, devido ao calor<br />
recebido do fluido B. Por outro lado, na figura 15, o fluido A está condensando pela<br />
liberação de calor transferida para o fluido B.<br />
Figura 14 – Evaporação. (KAKAÇ, 1997)<br />
26
2.7.5 Arranjo de Escoamento<br />
Figura 15 – Condensação. (KAKAÇ, 1997)<br />
O arranjo de escoamento é a maneira como os fluidos passam pelo trocador<br />
de calor. Há três configurações básicas que classificam estes trocadores:<br />
a) fluxo com escoamento em paralelo;<br />
b) fluxo com escoamento em contra corrente;<br />
c) fluxo com escoamento cruzado.<br />
Trocadores de calor com fluxo paralelo são ilustrados na figura 16. As<br />
correntes entram no mesmo sentido, seguem a mesma direção e deixam o trocador.<br />
Figura 16 – Trocador de calor com fluxo em paralelo.<br />
Nos trocadores de calor com escoamento em contra corrente, as correntes<br />
entram por lados opostos e percorrem o trocador em sentidos contrários (figura 17).<br />
Assim, a diferença de temperatura entre os fluidos é mais uniforme, ao longo do<br />
trocador, do que o é para qualquer outro padrão de escoamento. Por esta razão, o<br />
trocador de calor operando em contra corrente é termodinamicamente mais eficiente<br />
do que um trocador, operando em corrente paralela.<br />
27
Figura 17 – Trocador de calor em contra corrente.<br />
Trocadores com escoamento cruzado, onde um fluido escoa<br />
perpendicularmente ao outro, podem ser com e sem aletas. Essas configurações<br />
diferem pelo fato de o fluido que escoa pelo lado externo dos tubos se encontrar<br />
misturado, ou não. No caso do fluido encontrar-se não misturado, os trocadores de<br />
calor são aletados. Assim, as aletas impedem o movimento na direção transversal à<br />
direção do escoamento principal. Já para o caso sem aletas, a movimentação do<br />
fluido na direção transversal é possível. Como o escoamento no interior dos tubos é<br />
não misturado, em trocadores aletados, os dois fluidos são não misturados,<br />
enquanto que em trocadores não aletados, um fluido é misturado e o outro não<br />
(figura 18).<br />
(a) (b)<br />
Figura 18 – Trocador de calor com escoamento cruzado com tubos (a) aletados e (b) não<br />
aletados. (INCROPERA, 1998)<br />
28
2.8 TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS<br />
Tubos são condutos fechados, destinados principalmente ao transporte de<br />
fluidos. Exceto em alguns casos raros, todos os tubos são de seção circular,<br />
apresentando-se como “cilindros ocos”. A grande maioria dos tubos funciona como<br />
condutos forçados, isto é, sem superfície livre, com o fluido tomando toda área da<br />
seção transversal. Fazem exceção apenas as tubulações de esgoto e, às vezes, as<br />
de águas, que trabalham com superfície livre, como canais.<br />
Chama-se tubulação um conjunto de tubos e seus diversos acessórios. A<br />
necessidade da existência dos tubos decorre, principalmente, do fato do ponto de<br />
geração ou de armazenagem dos fluidos estar distante do seu ponto de utilização.<br />
Usam-se tubos para o transporte de todos os tipos de fluidos conhecidos:<br />
líquidos, gasosos, materiais pastosos e fluidos com sólidos em suspensão, em toda<br />
a faixa de variação de pressões e temperaturas usuais na indústria; desde o vácuo<br />
absoluto até cerca de 6.000 kg/cm 2 e desde próximo do zero absoluto até as<br />
temperaturas dos metais em fusão.<br />
O emprego de tubulações pelo homem antecede provavelmente a história<br />
escrita. Foram descobertos vestígios ou redes completas de tubulações nas ruínas<br />
da Babilônia, da China antiga, de Pompéia e em muitas outras cidades da Idade<br />
Antiga. Os primeiros tubos metálicos foram feitos de chumbo, séculos antes da Era<br />
Cristã. No século XVII, começaram a aparecer os tubos de ferro fundido para água,<br />
havendo tubulações desse tempo ainda em funcionamento como, por exemplo, as<br />
instalações para as fontes do jardim do Palácio de Versalhes, na França. Os tubos<br />
de aço, que hoje dominam largamente quase todos os campos de aplicação<br />
industrial, são de desenvolvimento relativamente recente, datando de 1825 o<br />
primeiro tubo de aço, fabricado na Inglaterra. Só em 1886, com a primeira patente<br />
dos irmão Mannesmann, do “laminador oblíquo”, foi possível produzir<br />
economicamente tubos de aço sem costura. Nesta época, os tubos de aço eram<br />
necessários, principalmente, para resistir às pressões cada vez mais altas das<br />
tubulações de vapor.<br />
A importância dos tubos na indústria é enorme, sendo um dos componentes<br />
industriais de uso mais generalizado. O valor da tubulação representa, em média, 50<br />
29
a 70% do valor de todos os equipamentos de uma indústria de processamento e 15<br />
a 20% do custo total da instalação (TELLES, 1981).<br />
Na prática, chamam-se geralmente de tubos apenas os condutos rígidos. Os<br />
condutos flexíveis, às vezes, chamados de “tubos flexíveis”, são mais conhecidos<br />
por mangueiras ou mangotes.<br />
Na nomenclatura americana, os tubos são chamados de “pipe” ou de “tube”.<br />
Entre estes dois termos não há uma distinção muito rígida. De um modo geral, o<br />
termo “pipe” é usado para os tubos cuja a função é propriamente de conduzir fluidos,<br />
enquanto que o termo “tube” emprega-se para os tubos destinados primordialmente<br />
a outras funções, tais como trocar calor (tubos de caldeiras, de trocadores de calor,<br />
etc.), conduzir sinais (tubos de instrumentação), funcionar como vigas ou como<br />
elementos estruturais.<br />
Segundo TELLES (1981, p.2), A “Comisión Pan-Americana de Normas<br />
Tecnicas – COPANT” recomendou que se chame de “tubos de condução” os tubos<br />
destinados ao transporte de fluidos, e que se chame simplesmente de “tubos” os que<br />
se destinam primordialmente a qualquer outra finalidade.<br />
Outra nomenclatura é apresentada por MUNSON (1997, p.413). Este autor<br />
diferencia as designações tubos e dutos. A expressão tubo é utilizada quando a<br />
seção transversal é circular, como já mencionado anteriormente, enquanto a<br />
expressão duto é utilizada quando a seção transversal não for circular.<br />
A grande maioria das tubulações utilizadas para transportar fluidos<br />
apresentam seção transversal circular. Normalmente, as tubulações de água e<br />
mangueiras hidráulicas apresentam seção transversal circular e são projetados para<br />
suportar uma diferença de pressão considerável (diferença entre a pressão no fluido<br />
e aquela no ambiente onde está localizada a tubulação) sem se deformar. De outro<br />
lado, os dutos utilizados nos sistemas para o condicionamento de ambientes<br />
(aquecimento ou resfriamento) normalmente apresentam seções transversais<br />
retangulares. Isto é possível porque a pressão relativa do fluido que escoa nestes<br />
dutos é relativamente pequena.<br />
30
2.8.1 Materiais para Fabricação de Tubos<br />
Os materiais empregados na fabricação de tubos são apresentados por<br />
TELLES (1981) e segundo este autor, “só a A.S.T.M (American Society for Testing<br />
and Materials) especifica mais de 500 tipos diferentes de materiais”. A figura 19<br />
apresenta um resumo dos principais materiais.<br />
Tubos metálicos<br />
Tubos não metálicos<br />
Ferrosos<br />
Não Ferrosos<br />
Materiais plásticos<br />
Aços-carbono<br />
Aços-liga<br />
Aços inoxidáveis<br />
Ferro fundido<br />
Ferro forjado<br />
Ferros ligados<br />
Ferro nodular<br />
Cobre<br />
Latões<br />
Cupro-níquel<br />
Alumínio<br />
Níquel e ligas<br />
Metal monel<br />
Chumbo<br />
Titânio, Zircônio<br />
Cimento-amianto (transite)<br />
Concreto armado<br />
Barro vidrado<br />
Borrachas<br />
Vidro<br />
Cerâmica, porcelana<br />
Cloreto de poli-vinil (PVC)<br />
Polietileno<br />
Acrílicos<br />
Acetato de celulose<br />
Epoxi<br />
Poliésteres<br />
Fenólicos<br />
Figura 19 – Resumo dos principais materiais de tubos.<br />
31
A escolha do material adequado para uma determinada aplicação é sempre<br />
um problema complexo, cuja solução depende principalmente da pressão,<br />
temperatura de trabalho, do fluido conduzido (aspectos de corrosão e<br />
contaminação), do custo, do grau de segurança necessário, das sobrecargas<br />
externas, e também, em certos casos, da resistência ao escoamento (perda de<br />
carga).<br />
2.8.1.1 Tubos de aço-carbono<br />
O aço-carbono é denominado “material de uso geral” em tubulações<br />
industriais, segundo TELLES (1981, p.11), devido ao seu baixo custo, excelentes<br />
qualidades mecânicas e facilidade de solda e de conformação. Em indústrias de<br />
processamento, mais de 80% dos tubos são de aço-carbono, que é usado para água<br />
doce, vapor de baixa pressão, condensado, ar comprimido, óleos, gases e muitos<br />
outros fluidos pouco corrosivos, em temperaturas a partir de -40°C.<br />
Tubos de aço-carbono podem ser galvanizados, ou seja, revestidos<br />
internamente e externamente com zinco depositado à quente, com a finalidade de<br />
dar maior resistência à corrosão.<br />
Não é recomendado o uso de aço-carbono para tubos trabalhando<br />
permanentemente a mais de 450°C, pois a exposição prolongada a temperaturas<br />
superiores a esta pode causar a precipitação de carbono (grafitização), que torna o<br />
material quebradiço. Também ocorre a redução da resistência mecânica devido,<br />
principalmente, ao fenômeno de deformações permanentes por fluência, que<br />
começa a ser observado a partir de 370°C.<br />
O aço-carbono pode ser utilizado em tubulações que operam a temperaturas<br />
de até 550°C, desde que sejam expostos a esta por um período de curta duração e<br />
não coincidam com grandes esforços mecânicos.<br />
Em temperaturas muito baixas, o aço-carbono apresenta um comportamento<br />
quebradiço, estando sujeito a fraturas repentinas. Esse efeito é melhorado quando o<br />
aço é de baixo carbono e normalizado para obtenção de uma granulação fina. Por<br />
esse motivo, os aços para trabalho em temperaturas inferiores a 0°C devem ser<br />
acalmados, com o máximo de 0,3% de carbono, e normalizados para uma<br />
32
granulação fina. Em todos os tubos operando nessa faixa de temperatura deve-se<br />
exigir o ensaio de impacto “Charpy” para verificação da sua ductilidade. A<br />
temperatura mínima limite para uso desses aços-carbono pela norma ANSI B.31 é<br />
de -50°C, embora raramente sejam empregados em temperaturas abaixo de -40°C.<br />
2.8.1.2 Aços-liga e aços inoxidáveis<br />
Os aços que possuem qualquer quantidade de outros elementos, que não<br />
seja Fe-C, são chamados de aços-liga. A quantidade total de elementos de liga<br />
distinguem os aços de baixa liga, com até 5% de elementos de liga, os aços de liga<br />
intermediária, contendo entre 5% e 10%, e os aços de alta liga, com mais de 10% de<br />
elementos de liga.<br />
Quanto aos aços inoxidáveis, para receber esta denominação é necessário<br />
que o aço contenha 12% de cromo. Este elemento aumenta a proteção contra a<br />
corrosão, mesmo em exposição prolongada a uma atmosfera normal.<br />
Todos os tubos de aço-liga são mais caros do que os de aço-carbono, sendo<br />
de um modo geral o custo proporcional à quantidade de elementos de liga. Além<br />
disso, a montagem e soldagem desses tubos é também mais difícil e mais cara.<br />
Os principais casos em que se justifica o emprego dos aços especiais,<br />
segundo TELLES (1981, p.16), são os seguintes:<br />
a) altas temperaturas – temperaturas acima dos limites de uso dos açoscarbono,<br />
ou mesmo abaixo desse limites, quando for exigida grande<br />
resistência mecânica, resistência à fluência ou resistência à corrosão;<br />
b) baixas temperaturas – temperaturas inferiores a -40°C;<br />
c) alta corrosão – aços-liga e aços inoxidáveis, na maioria das aplicações<br />
são mais resistentes à corrosão e à erosão. Entretanto, existem<br />
exceções como é o caso da água salgada, que destrói os aços especiais<br />
tão rapidamente quanto os aços-carbono;<br />
d) necessidade de não contaminação – serviços para os quais não se<br />
possa admitir contaminação do fluido circulante (produtos alimentares e<br />
farmacêuticos). Os resíduos da corrosão são carregados pela corrente<br />
do fluido e podem contaminá-lo;<br />
33
e) segurança – fluidos perigosos (muito quentes, inflamáveis, tóxicos,<br />
explosivos e outros), exigem máxima segurança contra vazamentos e<br />
acidentes.<br />
2.8.1.3 Tubos de ferro fundido e de ferro forjado<br />
Tubos de ferro fundido são usados para água, gás, água salgada e esgoto,<br />
em serviços de baixa pressão, temperatura ambiente, e onde não ocorram grandes<br />
esforços mecânicos. Esses tubos tem boa resistência à corrosão, principalmente à<br />
corrosão do solo. Os tubos fabricados no Brasil são testados para pressões de até<br />
2940 kPa.<br />
Os tubos de ferro forjado são conhecidos no comércio como “tubos de ferro<br />
galvanizado”. Estes tubos são empregados em tubulações industriais secundárias,<br />
de baixa pressão e temperatura, para água, ar comprimido, condensado, etc. O ferro<br />
forjado tem baixa resistência mecânica e boa resistência à corrosão, equivalente à<br />
do ferro fundido e bem melhor do que a do aço-carbono.<br />
A norma ANSI B.31, apenas permite o uso de tubos de ferro fundido e de<br />
ferro forjado para vapor ou para hidrocarbonetos e outros fluidos inflamáveis para<br />
serviços até 150°C e 2647 kPa fora das unidades de processamento, e até 980 kPa<br />
quando dentro das unidades. A mesma proíbe o uso destes tubos para fluidos<br />
tóxicos em qualquer condição, bem como para serviços em temperaturas inferiores a<br />
0°C.<br />
2.8.1.4 Tubos de metais não-ferrosos<br />
Comparando-se os metais não-ferrosos com o aço-carbono, os primeiros<br />
possuem melhor resistência à corrosão e preço mais elevado. A maioria desses<br />
metais tem menor resistência mecânica e menor resistência às altas temperaturas,<br />
apresentando, entretanto, melhor comportamento em baixas temperaturas. Devido<br />
ao alto custo, os tubos fabricados com metais não-ferrosos são pouco usados.<br />
34
2.8.1.4.1 Cobre e suas ligas<br />
Possui excelente resistência à oxidação e ao ataque da atmosfera, da água<br />
(inclusive água salgada), dos álcalis, dos ácidos diluídos, de muitos compostos<br />
orgânicos, e de numerosos outros fluidos corrosivos. As ligas de cobre estão sujeitas<br />
a severo efeito de corrosão sob-tensão quando em contato com amônia, aminas e<br />
outros compostos nitrados. Todos esses materiais podem ser empregados em<br />
serviço contínuo desde -180°C até 200°C.<br />
A alta condutividade térmica do cobre e do latão faz com que estes materiais<br />
sejam empregados em serpentinas, feixes tubulares de trocadores de calor,<br />
condensadores e como tubos de aquecimento e de refrigeração. Em diâmetros<br />
pequenos, de até 0,05 m (2 polegadas), podem ser empregados para água, ar<br />
comprimido, óleos, vapor de baixa pressão e para transmissão de sinais de<br />
instrumentação.<br />
2.8.1.4.2 Alumínio e sua ligas<br />
Os tubos destes metais são muito leves, aproximadamente 1/3 do peso do<br />
aço, tem alta condutividade térmica, e boa resistência ao contato com a atmosfera, a<br />
água, e muitos compostos orgânicos, inclusive ácidos orgânicos. Os resíduos<br />
resultantes da corrosão não são tóxicos.<br />
A resistência mecânica do alumínio é baixa; pode, entretanto, ser melhorada<br />
pela adição de pequenas quantidades de Fe, Si, Mg e outros metais. Tanto o<br />
alumínio como as suas ligas podem trabalhar em serviço contínuo desde -270°C até<br />
200°C. O comportamento em temperaturas extremamente baixas é excelente, sendo<br />
o alumínio o material de menor custo que pode ser utilizado em temperaturas<br />
criogênicas.<br />
Os tubos de alumínio são empregados para sistemas de aquecimento e de<br />
refrigeração, serviços criogênicos e serviços de não-contaminação.<br />
35
2.8.1.5 Tubos de materiais não-metálicos<br />
Quando trata-se de tubos de materiais não-metálicos utilizados em<br />
tubulações industriais, os principais são os materiais plásticos sintéticos. O emprego<br />
desses materiais tem crescido muito nos últimos anos, principalmente como<br />
substituto para os aços inoxidáveis e metais não-ferrosos. O aumento constante dos<br />
preços desses metais e o aperfeiçoamento contínuo dos plásticos tendem a tornar<br />
maior ainda a expansão de seu emprego.<br />
“O conjunto de vantagens e desvantagens dos materiais plásticos permite<br />
que sejam utilizados principalmente para serviços de temperatura ambiente ou<br />
moderada, e baixos esforços mecânicos, simultâneos com a necessidade de grande<br />
resistência à corrosão” (TELLES, 1981, p. 30). O risco de avaria ou destruição que<br />
possam ser causados por incêndios próximos, impedem a utilização destes<br />
materiais, mesmo que estas tubulações trabalhem com fluido a baixa temperatura.<br />
2.8.2 Seleção dos Materiais<br />
Selecionar e especificar os materiais adequados para cada serviço é,<br />
freqüentemente, uma das questões mais difíceis para o projetista de tubulações<br />
industriais. Os principais fatores que influenciam a seleção de um material são<br />
apresentados por TELLES (1981, p. 139):<br />
a) condições de serviço (pressão e temperatura);<br />
b) fluido conduzido;<br />
c) nível de tensões no material;<br />
d) natureza dos esforços mecânicos;<br />
e) diâmetro do tubo;<br />
f) sistema de ligações;<br />
g) custo do material;<br />
h) segurança;<br />
i) experiência prévia;<br />
j) facilidades de fabricação e montagem;<br />
k) velocidade do fluido;<br />
l) perdas de carga;<br />
36
m) facilidade de obtenção do material;<br />
n) tempo de vida previsto.<br />
Em alguns casos, pode haver conflitos entre estes fatores. Por exemplo, o<br />
material de melhor resistência à corrosão poderá ser muito caro e de difícil obtenção.<br />
Por este motivo, a relação acima não está em ordem de prioridade ou de<br />
importância.<br />
2.8.2.1 Tubulações para água doce<br />
A água doce limpa, com reação neutra (pH entre 5 e 9), é um fluido de baixa<br />
corrosão, para o qual os seguintes materiais podem ser indicados:<br />
a) tubulações de baixa pressão e temperatura moderada (até 980 kPa e até<br />
60°C), não enterradas:<br />
- tubos com até 0,10 m de diâmetro: aço-carbono galvanizado (ASTM<br />
A-120), ou ferro maleável galvanizado, com ligações rosqueadas;<br />
tubos de PVC rosqueados para ramais e redes de distribuição de<br />
pequeno diâmetro;<br />
- válvulas com até 0,10 m de diâmetro: bronze, com mecanismo interno<br />
também de bronze, rosqueadas;<br />
- tubos com até 0,05 m ou maior: aço-carbono (ASTM A-120 ou ASTM<br />
A-134), com sobre-espessura para corrosão de 1,2 mm, ligações de<br />
solda de topo. Para diâmetros de 0,076 m, ou maior, são também<br />
muito usados os tubos de ferro fundido;<br />
- válvulas com diâmetros de 0,076 m ou maior: ferro fundido, com<br />
mecanismo interno de bronze, extremidades com flanges de face<br />
plana;<br />
- flanges: aço-carbono forjado (ou fabricado de chapa), tipo sobreposto,<br />
face plana;<br />
- juntas: borracha natural.<br />
b) tubulações para pressões e temperaturas mais elevadas, não<br />
enterradas, dentro de instalações industriais, inclusive para alimentação<br />
de caldeiras:<br />
37
- tubos com até 0,038 m de diâmetro: aço-carbono (ASTM A-53 ou API-<br />
5L), com sobre-espessura para corrosão de 1,2mm, ligações de solda<br />
de encaixe;<br />
- tubos com diâmetros de 0,05 m ou maiores: aço-carbono (ASTM A-53<br />
ou API-5L), com sobre-espessura para corrosão de 1,2 mm, ligações<br />
de solda de topo;<br />
- válvulas com até 0,038 m de diâmetro: aço-carbono forjado (ASTM A-<br />
105), com mecanismo interno de aço inoxidável 410, extremidade<br />
para solda de encaixe;<br />
- válvulas com diâmetros de 0,05 m ou maior: aço-carbono fundido<br />
(ASTM A-216), com mecanismo interno de aço inoxidável 410,<br />
extremidades com flange de face com ressalto;<br />
- flanges: aço-carbono forjado, tipo “de pescoço”, face com ressalto;<br />
- juntas: amianto grafitado.<br />
Nos casos em que ocorra a condensação de vapor, recomenda-se também<br />
adotar maior sobre-espessura para o aço-carbono (2 a 3mm), pois o condensado<br />
pode conter certa quantidade de CO2 que originará o ácido carbônico, muito<br />
corrosivo.<br />
38
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />
3.1 <strong>SISTEMA</strong>S <strong>DE</strong> <strong>REFRIGERAÇÃO</strong> A VAPOR<br />
A maioria dos equipamentos de refrigeração usados atualmente é baseado<br />
nos ciclos de refrigeração a vapor, que são divididos em dois grupos principais: o<br />
ciclo de refrigeração por compressão mecânica e o ciclo de refrigeração por<br />
absorção.<br />
Os sistemas de refrigeração a vapor de um modo geral, possuem o seguinte<br />
funcionamento: um líquido a alta pressão (ponto 3 da figura 20) passa por um<br />
dispositivo de expansão, expandindo isentalpicamente até atingir o ponto 4. A partir<br />
desse ponto, o fluido, a baixa pressão e temperatura, evapora-se em um trocador de<br />
calor, atingindo o ponto 1. Na evaporação, ocorre um aumento da entalpia do fluido<br />
às custas da adição de calor retirado do meio que está sendo resfriado (ABREU,<br />
1999, p.18).<br />
P<br />
Expansão<br />
4<br />
3<br />
Condensação<br />
Evaporação<br />
Figura 20 - Diagrama P-h de um ciclo de refrigeração.<br />
Para que haja o reaproveitamento do fluido refrigerante, com o seu retorno<br />
ao estado correspondente ao ponto 3 da figura 20, é necessário a elevação da<br />
pressão do vapor e sua liquefação. A liquefação, correspondente ao trecho 2-3 da<br />
figura 20, é feita por condensação e conseqüente rejeição de calor ao exterior em<br />
um trocador de calor denominado condensador.<br />
A diferença entre os sistemas de refrigeração por compressão e absorção<br />
está na forma de elevar a pressão (trecho 1-2 da figura 20).<br />
1<br />
2<br />
h<br />
39
3.1.1 Sistema de Refrigeração por Compressão Mecânica de Vapor<br />
Neste tipo de sistema, a elevação da pressão do vapor é proporcionada por<br />
compressão mecânica. Como a massa específica do gás é baixa, a quantidade de<br />
trabalho para comprimí-lo é significativamente maior que a necessária para<br />
comprimir um líquido. A figura 21 ilustra os componentes de um sistema de<br />
refrigeração por compressão mecânica.<br />
3<br />
4<br />
Válvula de<br />
expansão<br />
Condensador<br />
Evaporador<br />
Figura 21 – Sistema de refrigeração de um ciclo padrão por compressão mecânica de vapor.<br />
3.1.1.1 Desempenho de um ciclo padrão de compressão de vapor<br />
Alguns parâmetros importantes de um ciclo padrão de compressão<br />
mecânica de vapor são: o trabalho de compressão, a taxa de rejeição de calor, o<br />
efeito de refrigeração, o coeficiente de performance, a vazão em volume de<br />
refrigerante por unidade de capacidade de refrigeração e a potência por unidade de<br />
capacidade de refrigeração.<br />
Fazendo um balanço de energia em regime permanente no compressor<br />
(figura 22), desprezando as variações de energia cinética e potencial e considerando<br />
compressão adiabática,<br />
m & ⋅<br />
A potência de compressão será então:<br />
Calor fornecido<br />
2<br />
1<br />
Calor recebido<br />
Compressor<br />
Trabalho de<br />
compressão<br />
& ⋅ h1<br />
+ W = m&<br />
h<br />
(1)<br />
2<br />
40
( h h )<br />
& = m&<br />
⋅<br />
(2)<br />
2 1<br />
W −<br />
onde m& corresponde à vazão mássica de refrigerante e h, à entalpia. Os índices 1 e<br />
2 são, respectivamente, entrada e saída do compressor.<br />
O trabalho específico de compressão é definido como a variação de entalpia<br />
no processo 1-2 da figura 22 e é dado por:<br />
= ( h2<br />
h1)<br />
(3)<br />
W −<br />
O conhecimento da potência de compressão é importante, uma vez que esta<br />
pode representar o maior custo operacional do sistema.<br />
A capacidade de refrigeração é a taxa de calor trocado no processo 4-1 da<br />
figura 21. Seu conhecimento é importante, uma vez que esse processo representa o<br />
objetivo principal do sistema. Fazendo um balanço de energia em regime<br />
permanente no evaporador (figura 23) e desprezando as variações de energia<br />
cinética e potencial,<br />
mh &⋅ + Q& = mh & ⋅<br />
(4)<br />
4 e 1<br />
A capacidade de refrigeração será então:<br />
e<br />
( )<br />
Q&= m& ⋅ h −h<br />
(5)<br />
1 4<br />
O efeito de refrigeração é definido por:<br />
1<br />
2<br />
Figura 22 - Volume de controle no compressor.<br />
Q = ( h )<br />
e<br />
Compressor<br />
W &<br />
h1 − 4<br />
(6)<br />
41
Figura 23- Volume de controle no evaporador.<br />
O desempenho de um ciclo de refrigeração pode ser quantificado através do<br />
coeficiente de performance, definido como:<br />
Capacidadede<br />
Refrigeração<br />
COP =<br />
Potênciade<br />
Compressão<br />
(7)<br />
Portanto:<br />
Qe<br />
COP =<br />
W<br />
&<br />
(8)<br />
&<br />
Para que o coeficiente de performance seja adimensional, os termos na<br />
definição do coeficiente devem ter a mesma unidade.<br />
Como pode ser observado, uma pequena potência de compressão equivale<br />
a um COP elevado, o que torna o sistema de refrigeração eficiente. Entretanto, é<br />
necessário comparar o coeficiente de performance do ciclo real com o coeficiente de<br />
performance do ciclo de Carnot, já que este é usado como referência para<br />
determinar a eficiência de refrigeração. O ciclo de Carnot possui o maior COP para<br />
as mesmas condições de trabalho.<br />
O coeficiente de performance do ciclo de Carnot (COPCarnot) é dado por<br />
(STOECKER e JONES, 1985):<br />
COP<br />
Te<br />
=<br />
T − T<br />
Carnot (9)<br />
onde e T é a temperatura de evaporação e T c , a temperatura de condensação.<br />
c<br />
Como se vê, para obter um coeficiente de performance elevado deve-se<br />
operar com a temperatura T e mais elevada possível e a temperatura T c mais baixa<br />
possível.<br />
4<br />
Evaporador<br />
e<br />
Qe &<br />
1<br />
42
A eficiência de refrigeração do ciclo de compressão de vapor, ηR, é<br />
calculada tendo como referência o COP Carnot , sendo dada por:<br />
próxima de 1,0.<br />
COP<br />
η R =<br />
COPCarnot<br />
Note que η R
No evaporador há vapor de refrigerante a baixa pressão. O vapor de<br />
refrigerante que sai do evaporador é absorvido por uma solução no absorvedor.<br />
Caso a temperatura desta solução se eleve, a absorção de vapor pode cessar. Para<br />
evitar isto, o absorvedor é resfriado por água ou ar. A solução no absorvedor é dita<br />
concentrada, pois contém grande quantidade de refrigerante. Uma bomba eleva a<br />
pressão da solução concentrada e faz com que esta entre no gerador. No gerador, o<br />
refrigerante volta ao estado de vapor devido à adição de calor. Este vapor está a<br />
uma temperatura e pressão elevadas. O aumento de pressão ocorre com baixo<br />
custo de energia por causa do alto volume específico dos líquidos. A solução líquida,<br />
com baixa concentração de refrigerante, retorna ao absorvedor através da válvula<br />
redutora de pressão, que tem o objetivo de manter a diferença de pressão entre o<br />
absorvedor e o gerador. No condensador, o vapor é condensado por meio de água<br />
fria. O refrigerante vai para o evaporador através de uma válvula de expansão. No<br />
evaporador, o fluido refrigerante absorve calor e se evapora.<br />
3.1.2.1 Coeficiente de performance de um ciclo de absorção<br />
O coeficiente de performance do ciclo de absorção COP abs é definido como:<br />
capacidadede<br />
refrigeração<br />
taxa de adiçãode<br />
calor no gerador<br />
COPabs = (11)<br />
O COP abs para os sistemas de absorção é comparativamente baixo em<br />
relação ao do ciclo de compressão, mas isto não necessariamente é um demérito<br />
para os ciclos de absorção, uma vez que os coeficientes dos dois ciclos são<br />
definidos de forma diferente. O COP do ciclo de compressão de vapor é a relação da<br />
capacidade de refrigeração pela potência na forma de trabalho fornecida para operar<br />
o ciclo. Energia na forma de trabalho é normalmente muito mais valiosa e cara do<br />
que energia na forma de calor.<br />
Uma outra maneira de explicar a diferença entre os coeficientes de<br />
performance dos ciclos de absorção e compressão está representada na figura 25.<br />
Os processos nos blocos da esquerda consistem de um ciclo de potência que<br />
produz trabalho necessário para realizar a compressão do vapor do evaporador para<br />
o condensador no ciclo de refrigeração. O ciclo de potência recebe energia na forma<br />
44
de calor, q g , a uma temperatura absoluta T g . A energia gerada, W, é entregue ao<br />
ciclo de refrigeração. A energia não convertida em trabalho, q a , é rejeitada na forma<br />
de calor à temperatura T a . O ciclo de refrigeração recebe o trabalho W e com ele<br />
transfere calor q e , da temperatura de refrigeração T e , para a temperatura T a . A<br />
quantidade de calor, q c , é então rejeitada.<br />
Para o ciclo de potência do lado esquerdo da figura 25, o coeficiente de<br />
desempenho de Carnot é dado por:<br />
qg<br />
Tg<br />
=<br />
W T − T<br />
(12)<br />
g<br />
e para o ciclo de refrigeração do lado direito da figura 25, o coeficiente de<br />
desempenho de Carnot pode ser calculado como:<br />
T g<br />
a<br />
a<br />
qe<br />
Te<br />
=<br />
W T − T<br />
Figura 25- Ciclo de refrigeração operando a calor idealizado como uma combinação de um<br />
ciclo de potência e um de refrigeração. (STOECKER e JONES,1985,p363.)<br />
Substituindo as equações (12) e (13) na equação (11), tem-se a seguinte<br />
expressão para o COP de absorção de Carnot:<br />
( COP<br />
)<br />
abs Carnot<br />
( COP<br />
)<br />
abs<br />
q<br />
=<br />
q<br />
Carnot<br />
e<br />
g<br />
a<br />
e<br />
W ⋅ T T e g − Ta<br />
= ⋅<br />
T − T W ⋅ T<br />
Te<br />
⋅<br />
=<br />
T ⋅<br />
g<br />
e<br />
( Tg<br />
−Ta<br />
)<br />
T −T<br />
)<br />
( a e<br />
Ta<br />
a T a<br />
T e<br />
Ciclo de potência<br />
qg<br />
q<br />
W<br />
Ciclo de refrigeração<br />
g<br />
q c<br />
q<br />
e<br />
(13)<br />
(14)<br />
(15)<br />
45
Observando a equação (15), pode-se notar que:<br />
a) quando e<br />
b) quando g<br />
c) quando a<br />
COP<br />
T aumenta, o ( abs ) Carnot<br />
COP<br />
T aumenta, o ( abs ) Carnot<br />
COP<br />
T aumenta, o ( abs ) Carnot<br />
aumenta;<br />
aumenta;<br />
diminui.<br />
A capacidade de refrigeração é a taxa de calor trocado no processo 4-5 da<br />
figura 24. Fazendo um balanço de energia no evaporador, obtem-se a capacidade<br />
de refrigeração:<br />
sendo o efeito de refrigeração dado por:<br />
mh &⋅ + Q& = mh & ⋅<br />
(16)<br />
e<br />
4 e 5<br />
Q&= m& ⋅ h −h<br />
(17)<br />
e<br />
( )<br />
5 4<br />
Q = ( )<br />
h5 − h4<br />
(18)<br />
A taxa de adição de calor no gerador é calculada fazendo um balanço de<br />
energia do gerador (figura 26):<br />
Portanto,<br />
m &<br />
g ⋅<br />
& 1⋅<br />
h1<br />
+ Q = m&<br />
2⋅<br />
h2<br />
+ m&<br />
h3<br />
(19)<br />
Q& g = m&<br />
2⋅<br />
h2<br />
+ m&<br />
⋅ h3<br />
− m&<br />
1 ⋅ h1<br />
(20)<br />
Solução<br />
1<br />
2<br />
Gerador<br />
Figura 26 - Volume de controle no gerador<br />
Assim, o desempenho para o ciclo de absorção pode ser quantificado<br />
através do coeficiente de performance, definido como:<br />
Q&<br />
e<br />
COP abs =<br />
(21)<br />
Q&<br />
g<br />
3<br />
g Q&<br />
46
A eficiência de refrigeração do ciclo de absorção, η R , é calculada tendo<br />
a<br />
como referência o ( OPabs<br />
) Carnot<br />
3.1.3 Carga Térmica<br />
C , sendo dada por:<br />
COP<br />
η R =<br />
a COP<br />
abs<br />
Carnot<br />
A carga térmica para condensação de uma massa de vapor d`água é<br />
calculada a partir da vazão mássica de vapor e da entalpia de vaporização:<br />
CT = m& ⋅h<br />
v fg<br />
Analisando a figura 2, percebe-se que para o projeto em questão, esta carga<br />
térmica será igual a capacidade de refrigeração do equipamento. Então, tem-se:<br />
(22)<br />
(23)<br />
&<br />
e = m&<br />
a ⋅c<br />
p ⋅∆T<br />
= mv<br />
h fg<br />
(24)<br />
CT = Q<br />
& ⋅<br />
onde a m& é a vazão mássica da água, c p é o calor específico da água, ∆ T é a<br />
diferença de temperatura entre a entrada e a saída do trocador de calor.<br />
O equipamento de refrigeração, especificado a partir da carga térmica<br />
calculada pela equação (24), fornece água a temperatura necessária para a<br />
condensação do vapor. Água esta que, através de um sistema de tubulação, é<br />
elevada até o trocador de calor por uma bomba. Este fluido percorre os tubos do<br />
trocador de calor condensando a massa de vapor d`água que sai da torre e,<br />
conseqüentemente, aquecendo-se. Deixando o trocador de calor a água retorna ao<br />
evaporador do equipamento de refrigeração reiniciando o ciclo.<br />
3.2 TROCADORES <strong>DE</strong> CALOR<br />
Os problemas mais comuns no projeto de um trocador de calor são a<br />
classificação e o dimensionamento.<br />
Para a classificação do trocador de calor é necessário conhecer o fluido a<br />
ser utilizado, bem como as suas temperaturas de entrada e saída e se ocorre a<br />
mudança de fase em um ou em ambos os fluidos.<br />
47
Em função do espaço disponível para a instalação do trocador de calor é<br />
possível determinar as suas dimensões. Conhecendo-se a vazão do fluido frio na<br />
entrada do trocador de calor, o diâmetro do tubo é então determinado. Calculandose<br />
os coeficientes de transferência de calor e a área de troca térmica é possível<br />
encontrar o comprimento do tubo. O número de passes é determinado em função<br />
das dimensões do trocador de calor.<br />
3.2.1 Coeficiente Global de Transferência de Calor<br />
Em operações especiais, onde o fluido quente possui uma taxa de<br />
capacidade térmica ( q C ) muito maior do que a capacidade ( C f ) do fluido frio, a<br />
temperatura do fluido quente permanece aproximadamente constante ao longo de<br />
todo o trocador de calor, enquanto a temperatura do fluido frio aumenta. Esta é a<br />
mesma condição que ocorre quando o fluido quente é um vapor em condensação,<br />
conforme a figura 27.<br />
T<br />
T1<br />
Figura 27 – Condição especial em trocadores de calor: q C >> C f ou vapor em condensação.<br />
De acordo com STOECKER (1989, p. 87), o coeficiente global de<br />
transferência de calor multiplicado pela área de troca (UA) de um condensador pode<br />
ser dado pela expressão:<br />
⎛Tcond −T ⎞ 2 −UA<br />
ln ⎜ ⎟=<br />
⎝Tcond −T1⎠<br />
mc & p<br />
onde Tcond é a temperatura de condensação do fluido quente; T1 e T2 são as<br />
temperaturas de entrada e saída do fluido frio; m& e cp são, respectivamente, a vazão<br />
e o calor específico do fluido frio.<br />
A efetividade do trocador de calor, para este caso especial, é dada por:<br />
T∞<br />
T2<br />
A<br />
(25)<br />
48
1 e −<br />
ε= −<br />
UA/ mc & p<br />
Segundo INCROPERA (1998, p. 320), “a etapa essencial, e freqüentemente<br />
a mais imprecisa, de qualquer análise de trocadores de calor é a determinação do<br />
coeficiente global de transferência de calor”.<br />
Esse coeficiente é definido em função da resistência térmica total à<br />
transferência de calor entre os fluidos:<br />
1<br />
Rtot<br />
= (27)<br />
UA<br />
A resistência total, no caso de um cilindro oco com superfície limpa e sem<br />
aletas, pode ser representada pela figura 28.<br />
T ∞,<br />
1<br />
Tsup,<br />
1<br />
Tsup,<br />
2<br />
T∞,<br />
2<br />
r 2<br />
r 1<br />
T ∞,<br />
1 Tsup, 1 Tsup, 2 T∞,<br />
2<br />
1<br />
h12ð ⋅ r1<br />
⋅ L<br />
ln( r2<br />
/ r1<br />
)<br />
2ð⋅<br />
k ⋅ L<br />
1<br />
h22ð ⋅ r2<br />
⋅ L<br />
Figura 28 – Tubo com condições convectivas na superfície. (INCROPERA,1998)<br />
Ao longo da operação normal de trocadores de calor, com freqüência as<br />
superfícies estão sujeitas à deposição de impurezas dos fluidos, à formação de<br />
ferrugem, ou a outras reações entre o fluido e o material que compõe a parede. A<br />
formação destas impurezas, conhecidas por incrustações, aumenta<br />
significativamente a resistência à transferência de calor entre os fluidos. Portanto, é<br />
preciso introduzir um coeficiente conhecido por fator de incrustação, R inc , que<br />
depende da temperatura de operação, da velocidade do fluido e do tempo de serviço<br />
do trocador de calor. Além disso, sabemos que freqüentemente são adicionadas<br />
aletas às superfícies expostas a um ou ambos os fluidos e que, pelo aumento da<br />
área superficial, elas reduzem a resistência térmica à transferência de calor por<br />
convecção. A parede do tubo representa ainda uma resistência térmica de<br />
condução de calor, R p . Incluindo a incrustação em ambos os lados do tubo, as<br />
aletas e a condução na parede, o coeficiente global pode ser representado por:<br />
(26)<br />
49
R<br />
R<br />
1 1<br />
inc,<br />
i<br />
inc,<br />
e 1<br />
= + + R p + +<br />
( ηohA)<br />
i ( ηo<br />
A)<br />
i ( ηo<br />
A)<br />
e ( η<br />
(28)<br />
ohA<br />
e<br />
UA )<br />
onde o índice “i” e “e” representam, respectivamente, os lados interno e externo do<br />
tubo.<br />
A grandeza η o é conhecida como eficiência global da superfície aletada e<br />
pode ser calculada pela expressão:<br />
Aa<br />
ηo = 1 − ⋅ ( 1 −η<br />
a )<br />
(29)<br />
A<br />
A eficiência da aleta, designada por η a , é a razão entre a taxa de<br />
transferência de calor pela aleta e a taxa de transferência máxima caso toda a aleta<br />
estivesse na temperatura de sua base. Devido a forma complicada da expressão<br />
para a transferência de calor em uma aleta plana retangular com transferência de<br />
calor na extremidade, estimativas aproximadas, porém precisas, podem ser obtidas<br />
da expressão para uma aleta com extremidade adiabática, desde que se utilize um<br />
comprimento corrigido para a aleta (INCROPERA, 1998).<br />
tanh mLc<br />
η a =<br />
(30)<br />
Lc<br />
onde Lc é o comprimento corrigido da aleta.<br />
O termo mL c é calculado pela equação:<br />
1/<br />
2<br />
⎛ 2h<br />
⎞<br />
e<br />
3/<br />
2<br />
mLc = ⎜ ⎟<br />
⎜<br />
⋅ Lc<br />
k A ⎟<br />
(31)<br />
⎝ ⋅ p ⎠<br />
onde he é o coeficiente de transferência de calor externo, k é o coeficiente de<br />
condutividade do material da aleta e Ap é a área corrigida do perfil da aleta.<br />
Sendo que para aletas retangulares com espessura t :<br />
L c<br />
= L + t / 2<br />
(32)<br />
Ap c<br />
= L ⋅ t<br />
(33)<br />
Para situações nas quais não se faz necessária a utilização de superfícies<br />
aletadas, a equação (28) se reduz a:<br />
R<br />
R<br />
1 1 inc,<br />
i<br />
inc,<br />
e 1<br />
= + + Rp<br />
+ +<br />
( hA)<br />
i ( A)<br />
i ( A)<br />
e ( hA<br />
(34)<br />
e<br />
UA )<br />
50
sendo A ( i,<br />
e)<br />
calculado por:<br />
A e<br />
( i,<br />
e)<br />
= π ⋅ d(<br />
i,<br />
) ⋅ l<br />
(35)<br />
onde de e di são, respectivamente, o diâmetro externo e interno do tubo; l é o<br />
comprimento do tubo.<br />
3.2.2 Coeficiente de Transferência de Calor por Convecção<br />
O coeficiente de transferência de calor por convecção é uma constante de<br />
proporcionalidade da lei de Newton do resfriamento, que define o fluxo de calor por<br />
convecção como sendo proporcional à diferença entre as temperaturas de uma<br />
superfície e do fluido. De acordo com INCROPERA (1998, p.5), este coeficiente<br />
“depende das condições na camada limite, as quais, por sua vez, são influenciadas<br />
pela geometria da superfície, pela natureza do escoamento do fluido e por uma série<br />
de propriedades termodinâmicas e de transporte do fluido”.<br />
3.2.2.1 Coeficiente interno de transferência de calor por convecção em um tubo<br />
Para a determinação do coeficiente interno de transferência de calor, é<br />
necessário primeiramente conhecer as condições do escoamento, ou seja, se o<br />
mesmo é laminar ou turbulento. Esta determinação é possível de ser realizada<br />
através do cálculo do número de Reynolds ( Re ) que é apresentado pela equação:<br />
4 ⋅Q<br />
Re =<br />
π⋅d ⋅µ<br />
onde Q é a vazão do fluido e µ l é a viscosidade do fluido na fase líquida.<br />
i l<br />
O diâmetro interno ( d i ) é calculado pela equação:<br />
(36)<br />
2<br />
π⋅di<br />
Q = V⋅<br />
(37)<br />
4<br />
Caso o valor encontrado na equação 36 seja igual ou inferior a 2.300,<br />
pode-se afirmar que o escoamento é laminar. Se o valor for superior a 2.300 o<br />
escoamento está em transição. Esta condição é fundamental para determinar o<br />
coeficiente interno de transferência de calor em um tubo.<br />
51
O número de Nusselt ( Nu ) permite calcular o coeficiente interno de<br />
transferência de calor através da equação:<br />
Nu<br />
= i i<br />
h ⋅ d<br />
k<br />
De acordo com o tipo do escoamento, determina-se o número de Nusselt.<br />
Para um fluxo de calor constante, com escoamento laminar e completamente<br />
desenvolvido, o número de Nusselt é uma constante e igual a 4,36.<br />
Para escoamentos turbulentos, a análise das condições é bem mais<br />
complicada e o número de Nusselt não é uma constante. A equação (39) de Dittus-<br />
Boelter permite calcular o número de Nusselt para situações de escoamento<br />
turbulento em tubos circulares nas seguintes condições: Re > 10.<br />
000 ; 0 , 7 < Pr < 160 ;<br />
l/ d > 10,<br />
(38)<br />
4/<br />
5 n<br />
= 0,<br />
023⋅<br />
Re ⋅<br />
(39)<br />
Nu Pr<br />
onde Pr é o número de Prandtl. Sendo que n =0,4 para aquecimento ( m T T > ) e<br />
n =0,3 para resfriamento ( m T T <<br />
sup<br />
). Tsup é a temperatura superficial do tubo e T m é a<br />
temperatura média do fluido na entrada/saída do trocador de calor.<br />
3.2.2.2 Coeficiente externo de transferência de calor por convecção em um tubo<br />
A análise do número de Nusselt pode ser estendida para a condensação em<br />
película laminar sobre a superfície externa de tubos horizontais. Para uma fileira<br />
vertical composta por N tubos horizontais, o coeficiente externo de transferência de<br />
calor por convecção é calculado por:<br />
1/ 4<br />
3<br />
⎡g ⋅ρl⋅( ρl −ρv) ⋅kl ⋅h'<br />
⎤ fg<br />
⎢ t ⋅µ l ⋅ sat − sup ⋅ e ⎥<br />
he = 0,729 ⋅⎢ ⎥<br />
⎣N (T T ) d ⎦<br />
onde g é a aceleração da gravidade; ρ l e ρ v são, respectivamente, a mássica<br />
específica na fase líquida e na fase vapor; k l é a condutividade térmica na fase<br />
líquida; h' fg é a entalpia de vaporização modificada; Nt é o número de tubos do<br />
trocador de calor e Tsat é a temperatura de saturação do vapor.<br />
sup<br />
(40)<br />
52
Esta configuração é utilizada com freqüência no projeto de condensadores.<br />
Nota-se que quanto maior for o número de tubos ( N t ), menor será o valor do<br />
coeficiente externo de transferência de calor por convecção. Isto deve-se a um<br />
aumento na espessura média da película para cada tubo sucessivo, ou seja, o<br />
próximo tubo estará acumulando o condensado do tubo anterior.<br />
Segundo INCROPERA (1998, p.304), Nusselt e Rohsenow mostraram que<br />
com a inclusão dos efeitos da advecção térmica, um termo é adicionado à entalpia<br />
de vaporização. Rohsenow recomendou o uso de uma entalpia modificada na forma:<br />
h fg<br />
' fg = h + 0,<br />
68⋅<br />
Ja<br />
(41)<br />
na qual aparece o número adimensional conhecido por Jakob e calculado por:<br />
Ja<br />
cp<br />
⋅<br />
T<br />
− T<br />
3.2.3 Perda de Carga devido ao Escoamento Externo<br />
l ( sat sup )<br />
=<br />
h<br />
(42)<br />
fg<br />
O escoamento através de feixes de tubos provoca uma queda de pressão,<br />
ou seja, uma perda de carga que deve ser levada em consideração no cálculo da<br />
perda de carga total do sistema.<br />
Segundo INCROPERA (1998, p.206) a perda de carga pode ser calculada<br />
pela seguinte equação:<br />
∆p<br />
= N<br />
L<br />
2 ⎛ ρ ⋅V<br />
⎞ máx<br />
⋅ χ ⎜ ⎟<br />
⎜ ⎟<br />
⋅ f<br />
(43)<br />
⎝ 2 ⎠<br />
onde NL é o número de fileiras de tubos, χ é o fator de correção, f é o fator de atrito<br />
e Vmáx é a velocidade máxima do fluido no interior do feixe tubular.<br />
Para a configuração alternada, a velocidade máxima ( V máx ) pode ocorrer<br />
tanto no plano transversal 1 A quanto no plano diagonal A 2 da figura 29.<br />
53
Figura 29 – Configuração dos tubos em um feixe alternado. (INCROPERA,1998)<br />
V máx irá ocorrer em 2<br />
A se as fileiras estiverem espaçadas de modo que:<br />
2( SD − d e ) < ( ST<br />
− d e )<br />
(44)<br />
O fator 2 resulta da bifurcação experimentada pelo fluido ao escoar do plano<br />
A 1 para o plano 2 A . Assim, Vmáx ocorre em A 2 se:<br />
e é fornecida por:<br />
S<br />
D<br />
1/<br />
2<br />
2<br />
⎡<br />
2 ⎛ ST<br />
⎞ ⎤ ST<br />
+ d e<br />
= ⎢S<br />
L + ⎜ ⎟ ⎥ <<br />
(45)<br />
⎢⎣<br />
⎝ 2 ⎠ ⎥⎦<br />
2<br />
S<br />
T<br />
Vmáx = ⋅<br />
2(<br />
SD<br />
− d e )<br />
Se Vmáx ocorrer no plano A 1 para a configuração alternada, o seu valor pode<br />
ser calculado pela seguinte equação:<br />
ST<br />
Vmáx = ⋅V<br />
S − d<br />
T<br />
e<br />
O fator de atrito ( f ) e o fator de correção ( χ ) são retirados do Anexo D.<br />
Estes valores aplicam-se para uma configuração de tubos alternada, na forma de um<br />
v<br />
V<br />
v<br />
(46)<br />
(47)<br />
54
triângulo equilátero, e o fator de correção permite a extensão dos resultados para<br />
outras configurações alternadas.<br />
3.3 <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> BOMBEAMENTO <strong>DE</strong> LÍQUIDO<br />
Para a instalação do equipamento será realizado o estudo do<br />
dimensionamento da tubulação de água, do motor e da bomba para a alimentação<br />
do sistema de refrigeração.<br />
3.3.1 Escoamento Viscoso em Condutos<br />
Os componentes básicos de uma tubulação típica são: os tubos (que podem<br />
ter diâmetros variados), as várias conexões utilizadas para conectar os tubos, os<br />
dispositivos de controle de vazão (válvulas) e as bombas ou turbinas (que adicionam<br />
ou retiram energia do fluido).<br />
O escoamento de um fluido num conduto pode ser laminar, de transição ou<br />
turbulento. O parâmetro que identifica a natureza do escoamento em condutos é o<br />
número de Reynolds (Re):<br />
= ρ ⋅<br />
µ<br />
VD<br />
Re<br />
onde D é o diâmetro da tubulação.<br />
A transição de escoamento laminar para o turbulento pode ocorrer em vários<br />
números de Reynolds, pois a transição depende de quanto o escoamento está<br />
perturbado por vibrações nos condutos, da rugosidade da região de entrada, entre<br />
outros fatores. Nos projetos de engenharia, o escoamento num tubo é considerado<br />
laminar se o número de Reynolds for menor que aproximadamente 2100 e<br />
turbulento, se maior que 4000. Para números de Reynolds entre estes dois valores,<br />
o escoamento é denominado de transição, onde podem ocorrer características<br />
laminares e turbulentas alternadamente.<br />
O escoamento num tubo comprido, liso, com diâmetro constante e em<br />
regime permanente torna-se plenamente desenvolvido. Com isso, o perfil de<br />
velocidade é o mesmo em qualquer seção do tubo. Este escoamento plenamente<br />
desenvolvido pode ser governado pela força da gravidade e/ou por forças de<br />
(48)<br />
55
pressão. A diferença de pressão nas seções transversais de um tubo horizontal força<br />
o fluido a escoar no tubo. A força de pressão é necessária para vencer as forças<br />
viscosas geradas no escoamento. Se o tubo não é horizontal, o gradiente de<br />
pressão ao longo do conduto é devido, em parte, ao componente do peso naquela<br />
direção.<br />
Os detalhes do perfil de velocidade, entre outras características, dependem<br />
do tipo de escoamento, se é laminar ou turbulento.<br />
No presente projeto, o escoamento será considerado turbulento,<br />
incompressível e em regime permanente. Assim, para o cálculo do sistema de<br />
bombeamento será utilizada a equação de Bernoulli modificada:<br />
2 2<br />
V1 V2<br />
p1+ ρ + z1γ<br />
= p2 + ρ + z2γ + hLγ<br />
2 2<br />
onde p é a pressão, V é a velocidade de escoamento do fluido, z é a altura, γ é o<br />
peso específico e hL é o coeficiente de perda de carga.<br />
Durante o escoamento da água, ocorre perda de carga ao longo da<br />
tubulação denominada perda de carga distribuída e perdas de carga em conexões e<br />
uniões chamadas de perdas de carga localizada.<br />
A perda distribuída é calculada por:<br />
h L<br />
2<br />
L V<br />
= f ⋅<br />
D 2g<br />
sendo f o fator de atrito retirado do diagrama de Moody (Anexo F) em função de<br />
Re e ε / D obtido no Anexo E.<br />
A perda localizada é definida por:<br />
h L<br />
= K<br />
2<br />
V<br />
⋅<br />
2g<br />
sendo K o coeficiente de perda que depende da geometria dos componentes<br />
(válvulas, cotovelos e outros) e também das propriedades dos fluidos.<br />
A variação da pressão ∆p, para o escoamento permanente, incompressível e<br />
turbulento num tubo horizontal com diâmetro D pode ser escrita como:<br />
∆p<br />
= ∆p(<br />
V , D,<br />
L,<br />
ε , µ , ρ<br />
)<br />
(49)<br />
(50)<br />
(51)<br />
(52)<br />
56
Obtidas a variação de pressão e a vazão do sistema, a potência da bomba<br />
poderá ser calculada por:<br />
W&<br />
onde η B é a eficiência da bomba.<br />
B<br />
Q⋅∆p =<br />
η<br />
B<br />
Segundo FOX (1992, p. 285), a equação (52) relaciona quatro variáveis.<br />
Qualquer uma delas pode ser a quantidade desconhecida numa situação prática.<br />
Dessa forma, quatro casos gerais são possíves:<br />
a) L , Q e D conhecidos, ∆ p desconhecido;<br />
b) ∆ p , Q e D conhecidos, L desconhecido;<br />
c) ∆ p , L e D conhecidos, Q desconhecido;<br />
d) ∆ p , L e Q conhecidos, D desconhecido.<br />
Para o primeiro caso, deve-se obter o fator de atrito. A perda de carga total é<br />
calculada pelas equações (50) e (51). A equação (49) é então empregada para<br />
avaliar a queda de pressão ( ∆ p ).<br />
No segundo caso apresentado, é necessário calcular a perda de carga total<br />
através da equação (49) e após obter o fator de atrito, o comprimento pode ser<br />
determinado através da equação (50).<br />
A terceira situação exige que se utilize um processo de iteração para<br />
encontrar a vazão Q . A equação (49) é combinada com as equações de definição<br />
para a perda de carga; o resultado é uma expressão para Q em termos do fator de<br />
atrito. A maioria dos escoamentos em tubos de interesse em engenharia tem<br />
números de Reynolds relativamente elevados. Assim, mesmo que o número de<br />
Reynolds (e, portanto, o fator de atrito) não possam ser calculados porque Q não é<br />
conhecido, uma boa estimativa inicial para o fator de atrito é obtida da região de<br />
escoamento rugoso, ilustrada no diagrama de Moody (Anexo F), da seguinte<br />
maneira:<br />
a) usando o fator de atrito admitido, calcula-se a primeira aproximação para<br />
a vazão;<br />
b) o número de Reynolds é calculado para este valor da vazão;<br />
c) um novo fator de atrito e uma nova aproximação para a vazão são<br />
obtidos;<br />
(53)<br />
57
d) verifica-se se a equação da energia foi satisfeita, se não, retornar ao<br />
passo (a).<br />
Da mesma forma que o caso anterior, no quarto caso pode-se estimar o<br />
diâmetro da tubulação fazendo uma série de iterações até que a condição para a<br />
variação da pressão seja satisfeita. Este processo iterativo é realizado aplicando a<br />
equação da energia (equação 49) e seguindo as etapas a seguir:<br />
a) estimar um valor para o diâmetro;<br />
b) calcular a relação da rugosidade pelo diâmetro (ε/D): obtida através de<br />
gráficos;<br />
c) calcular o valor do número de Reynolds equação (48);<br />
d) determinar o fator de atrito, f, (obtido através do diagrama de Moody)<br />
baseado nos valores calculados para Re e ε/D;<br />
e) verificar se a equação da energia foi satisfeita, se não, estimar outro<br />
valor para o diâmetro e retornar ao passo (a).<br />
Assim, é possível determinar o diâmetro de uma tubulação.<br />
É importante modelar adequadamente os problemas de engenharia e aplicar<br />
corretamente as equações relevantes ao problema em questão. Nos escoamentos<br />
em condutos, a idéia principal é aplicar a equação da energia (equação 49) entre<br />
regiões apropriadas do escoamento, com as perdas de carga escritas em função dos<br />
coeficientes de atrito distribuídos e localizados.<br />
58
4 METODOLOGIA<br />
O primeiro passo será optar pela utilização de equipamentos de refrigeração<br />
que produzem água gelada para alimentar o trocador de calor.<br />
Para especificar o equipamento de refrigeração, é necessário calcular a<br />
carga térmica para condensar o vapor que sai da torre de destilação a vácuo.<br />
Através de dados fornecidos pelos representantes da refinaria REPAR, será possível<br />
determinar a capacidade de refrigeração do equipamento.<br />
Considera-se que a capacidade de refrigeração coincide com a carga<br />
térmica do sistema, conforme a equação (12).<br />
O estudo deste projeto terá como base dois sistemas de refrigeração: o de<br />
compressão de vapor e o de absorção.<br />
Definida a capacidade de refrigeração do equipamento tem-se condições de<br />
buscar os sistemas disponíveis no mercado e efetuar o levantamento dos<br />
orçamentos para então através de um estudo técnico-econômico definir qual o<br />
sistema de refrigeração que fornece uma melhor relação custo-benefício.<br />
A análise das propostas, em termos de prazo de entrega, garantia e<br />
condições de pagamento, será um dos fatores relevantes para a aquisição do<br />
equipamento. O outro fator será o estudo da viabilidade econômica levando em<br />
consideração que o equipamento opera a 100% da capacidade total ao longo da<br />
vida útil média especificada pelo fornecedor. A escolha do equipamento será aquele<br />
que melhor combinar estes fatores.<br />
Após definir o equipamento de refrigeração é necessário dimensionar o<br />
trocador de calor que será responsável pela condensação do vapor.<br />
O projeto do trocador de calor será em função do espaço disponível para a<br />
sua instalação no interior da torre e da vazão de água gelada fornecida pelo<br />
equipamento de refrigeração. A quantidade de tubos será determinada de maneira<br />
que obtenha-se o melhor arranjo físico.<br />
O comprimento de cada tubo será determinado em função do diâmetro<br />
destes tubos e dos coeficientes de transferência de calor interno e externo. Sendo<br />
que o diâmetro interno é calculado conhecendo-se a vazão e a velocidade da água<br />
do equipamento de refrigeração e o número de tubos do trocador de calor.<br />
59
Para o sistema de bombeamento são definidos o material da tubulação<br />
levando em consideração o ambiente e as propriedades do fluido, as formas de<br />
união da tubulação e os componentes que irão fazer parte do sistema. A localização<br />
do equipamento de refrigeração e do trocador de calor permite determinar a<br />
configuração e o comprimento da tubulação.<br />
Outro ponto a ser determinado é a perda de carga proveniente do<br />
escoamento externo e interno aos feixes de tubos do trocador de calor e do sistema<br />
de bombeamento.<br />
Por fim, especifica-se a bomba em função da altura de elevação e da vazão<br />
de água do sistema.<br />
60
5 <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO DO PROJETO<br />
5.1 ANÁLISE DA CARGA TÉRMICA<br />
Para iniciar o desenvolvimento do projeto foram necessários alguns dados<br />
fornecidos pela REPAR.<br />
A partir destes dados foi possível estimar a carga térmica necessária para<br />
promover a condensação do vapor d`água na saída da torre de destilação a vácuo.<br />
A carga térmica foi calculada tendo como base a vazão mássica de vapor de<br />
4000kg/h ou, 1,11 kg/s e a pressão no interior da torre de vácuo de 8 mmHg, que<br />
corresponde a 1,0666kPa. Com esta pressão, a entalpia de mudança de fase foi<br />
encontrada através da tabela de propriedades termodinâmicas da água (Anexo A),<br />
hfg = 2482,79 kJ/kg.<br />
Utilizando a equação (12) o valor da carga térmica calculado foi de 2758 kW,<br />
o que corresponde a 785 TR. De maneira a garantir uma folga será especificado um<br />
equipamento com 1000 TR (3516 kW) de capacidade de refrigeração, o qual<br />
passará a ser utilizado para os demais cálculos.<br />
Fez-se então uma busca de fabricantes que forneciam equipamentos para<br />
atender a esta carga térmica, e em seguida, passou-se para a especificação dos<br />
componentes do equipamento de refrigeração.<br />
5.2 <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> COMPRESSÃO A VAPOR<br />
Em condicionamentos de ar, os equipamentos que produzem água gelada<br />
são conhecidos comercialmente como chillers.<br />
Através de McQuay ® Air Conditioning (2000), foram levantados dados como,<br />
as temperaturas de evaporação (5 °C) e de condensação (38 °C) e o fluido<br />
refrigerante utilizado (R134a). Através das propriedades termodinâmicas do fluido<br />
refrigerante em questão (Anexo B), foi possível efetuar os cálculos dos componentes<br />
do sistema de compressão de vapor.<br />
Com base nestas informações e na carga térmica calculada, obteve-se os<br />
seguintes resultados para o sistema de refrigeração por compressão de vapor:<br />
61
a) Efeito de refrigeração:<br />
Utilizando a equação (6), tem-se Qe é igual a 149,68 kJ/kg.<br />
b) Vazão do fluido refrigerante:<br />
Pela equação (5), o valor de m& encontrado foi de 23,49 kg/s.<br />
c) Potência do compressor:<br />
Aplicando-se a equação (2), W & requerida pelo compressor foi de 547,32 kW.<br />
d) Trabalho específico de compressão:<br />
O cálculo de W, a partir da equação (3), resulta em 23,3 kJ/kg.<br />
e) Coeficiente de performance:<br />
Pela equação (8), obtém-se o COP de 6,42.<br />
f) Coeficiente de performance do ciclo de Carnot:<br />
O COP Carnot é obtido pela equação (9), sendo de 8,48.<br />
g) Eficiência de refrigeração:<br />
A partir da equação (10), η R obtida foi de 0,76.<br />
h) Temperatura de descarga do compressor:<br />
Esta temperatura é determinada diretamente do gráfico do Anexo B, sendo<br />
igual a 41 °C.<br />
Entre estes cálculos está a potência requerida pelo compressor, que é um<br />
dos fatores mais importantes, pois através dele pode-se estimar o custo de<br />
eletricidade necessária para a operação do equipamento.<br />
Outros fabricantes utilizam o fluido refrigerante HCFC 123 e através das<br />
propriedades termodinâmicas deste fluido (Anexo C), obteve-se os seguintes<br />
resultados:<br />
a) Efeito de refrigeração:<br />
Utilizando a equação (6), Q e é igual a 145 kJ/kg.<br />
b) Vazão do fluido refrigerante:<br />
Pela equação (5), o valor de m& encontrado foi de 24,25 kg/s.<br />
c) Potência do compressor:<br />
Aplicando-se a equação (2), W & requerida pelo compressor foi de 630,5 kW.<br />
d) Trabalho específico de compressão:<br />
O cálculo de W, a partir da equação (3), resulta em 26 kJ/kg.<br />
e) Coeficiente de performance:<br />
62
Pela equação (8), obtém-se o COP de 5,58.<br />
f) Coeficiente de performance do ciclo de Carnot:<br />
O COP Carnot é obtido pela equação (9), sendo de 8,43.<br />
g) Eficiência de refrigeração:<br />
A partir da equação (10), η R obtida foi de 0,66.<br />
h) Temperatura de descarga do compressor:<br />
Esta temperatura é determinada diretamente do gráfico do Anexo C, sendo<br />
igual a 41 °C.<br />
Os equipamentos disponíveis no mercado trabalham com temperaturas de<br />
entrada e saída de água gelada no evaporador de 12°C e 7°C, respectivamente.<br />
Como a pressão na torre de destilação a vácuo é da ordem de 8 mmHg, a<br />
temperatura de condensação do vapor na torre é por volta de 8°C. Para tanto, tornase<br />
necessário uma temperatura de água gelada abaixo desse valor para promover a<br />
condensação. Nesse caso, reduziu-se as temperaturas de entrada e saída do<br />
evaporador para 6°C e 1°C, respectivamente. De forma a garantir que não haverá<br />
congelamento da água gelada será empregada uma solução de água - etileno glicol<br />
como fluido intermediário.<br />
De posse dos cálculos e das informações fornecidas pela REPAR, iniciou-se<br />
a seleção do equipamento através de contato com representantes de quatro<br />
fabricantes de chillers: Hitachi, Mcquay, Trane e York. A seleção do equipamento<br />
será discutida no item 5.4.<br />
Comparando-se os cálculos efetuados na situação ideal que leva em<br />
consideração que os pontos 1 e 3 (figura 20, ver pág. 39) estão sobre a linha de<br />
saturação e os fabricantes efetuam estes cálculos com base na situação real onde<br />
temos que o ponto 1 apresenta superaquecimento e o ponto 3 apresenta subresfriamento,<br />
obtém-se o valor de 0,74 como sendo a razão entre a potência da<br />
situação ideal pela real para o equipamento WSC 126 fabricado pela empresa<br />
McQuay ® e 0,89 para o equipamento CVHF 1280 fabricado pela empresa TRANE ® .<br />
63
5.3 <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> ABSORÇÃO<br />
Os equipamentos comerciais disponíveis operam com uma diferença de<br />
temperatura na ordem de 5°C entre a entrada e a saída do evaporador sendo que<br />
não permitem a obtenção de temperaturas abaixo de 12°C na entrada do<br />
evaporador e 7°C na saída do mesmo pelo fato de utilizarem uma solução de<br />
Brometo de Lítio-Água (LiBr). A necessidade de temperaturas de 6°C na entrada e<br />
1°C na saída, impossibilita o uso de equipamentos que operam com base no ciclo de<br />
absorção utilizando a solução de LiBr-H2O. Uma vez que a água é o fluido<br />
refrigerante, corre-se o risco de solidificá-lo em temperaturas próximas de 0 °C.<br />
Uma alternativa seria a utilização de equipamentos que operam com solução<br />
de Água-Amônia, cujo fluido refrigerante é a amônia. Esta solução permite a<br />
operação com temperaturas abaixo de zero no evaporador. Para aplicações de<br />
condicionamento de ar não foram encontrados equipamentos que utilizam a solução<br />
água-amônia. Dessa maneira, o equipamento que opera segundo o sistema de<br />
absorção foi desconsiderado e na seqüência do projeto será admitido apenas os<br />
equipamentos que trabalham segundo o princípio de compressão mecânica de<br />
vapor.<br />
5.4 SELEÇÃO <strong>DE</strong> EQUIPAMENTOS<br />
De acordo com TOLEDO JR. (1986, p. 128), na aquisição de um novo<br />
equipamento, é necessário a escolha de no mínimo três fornecedores. Quatro<br />
fabricantes com potencial de atender a necessidade do projeto foram contatados.<br />
Segundo TOLEDO JR. (186, p. 128), a comparação entre as propostas de<br />
fornecimento, devem levar em consideração, por ordem de importância:<br />
- a técnica;<br />
- o custo e;<br />
- o prazo.<br />
Três propostas com especificações técnicas e orçamento foram recebidas.<br />
Apesar dos três atenderem à necessidade técnica do projeto, somente duas<br />
propostas contêm as condições de pagamento, prazos de entrega e condições de<br />
64
garantia. Portanto, somente duas propostas são passíveis de uma avaliação<br />
completa, para a outra proposta caberá apenas a análise da viabilidade econômica.<br />
5.4.1 O Custo dos Equipamentos<br />
As propostas comercias recebidas apresentam o preço de U$256.135,18<br />
que convertida para reais apresenta o valor de R$ 738.438,00 (EconoFinance, 2004)<br />
para o equipamento WSC 126, fabricado pela empresa Mcquay ® Air Conditioning, e<br />
o preço de U$265.621,00 correspondente a R$ 765.785,00 (EconoFinance, 2004)<br />
do modelo CVHF 1280, fabricado pela empresa TRANE ® Ar Condicionado. A<br />
variação de preço de um fornecedor para outro é da ordem de 3,6%.<br />
Uma especificação foi enviada como alternativa de fonte de energia pela<br />
empresa YORK International Ltda que apresentou um equipamento que tem como<br />
fonte de energia o vapor. O preço deste equipamento é U$ 1.000.000,00 que<br />
convertido em reais equivale a R$ 2.883.000,00 (EconoFinance, 2004). A conversão<br />
para a moeda nacional, em reais (R$), é feita com base na cotação do dia anterior à<br />
data de pagamento.<br />
5.4.2 Características Técnicas dos Equipamentos<br />
Do ponto de vista técnico foram avaliadas as condições de operação do<br />
equipamento WSC 126 fabricado pela empresa Mcquay ® Air Conditioning e o<br />
modelo CVHF 1280 fabricado pela empresa TRANE ® Ar Condicionado. Cada<br />
equipamento foi avaliado de acordo com as suas características técnicas.<br />
As características técnicas necessárias ao projeto, a capacidade de<br />
refrigeração do equipamento, as temperaturas de entrada e saída do evaporador, a<br />
potência e o IPLV (Valor de Carga Parcial Integrada) fornecido pelo equipamento<br />
foram avaliados.<br />
O IPLV é um índice utilizado como padrão pelos fabricantes e segundo<br />
(McQuay ® ,2000) é padronizado pela norma ARI 550/590 através da equação (54).<br />
1<br />
IPLV =<br />
0,<br />
01 0,<br />
42 0,<br />
45 0,<br />
12<br />
+ + +<br />
A B C D<br />
65<br />
(54)
onde A, B, C e D representam a razão entre a potência e a capacidade de<br />
refrigeração com o equipamento trabalhando a 100%, 75%, 50% e 25% da sua<br />
capacidade.<br />
A norma estima que os equipamentos operam durante o ano com 1% do<br />
tempo da capacidade total, 42% do tempo a três quartos da capacidade total, 45%<br />
com metade da capacidade e 12% com um quarto da capacidade total.<br />
Quanto menor o índice IPLV do equipamento menor será o consumo de<br />
energia anual.<br />
As tabelas 2 e 3 fornecem os dados técnicos, as temperaturas de entrada<br />
(Tec) e saída (Tsc) do condensador e as temperaturas de entrada (Tee) e saída<br />
(Tse) do evaporador dos equipamentos analisados.<br />
TABELA 2 – DADOS TÉCNICOS DO EQUIPAMENTO WSC 126<br />
Capacidade<br />
(TR)<br />
Potência<br />
(kW)<br />
COP<br />
IPLV<br />
(kW/TR)<br />
Tec<br />
(°C)<br />
Tsc<br />
(°C)<br />
Tee<br />
(°C)<br />
Tse<br />
(°C)<br />
1000 736,5 4,777 0,650 29,4 34,8 6,89 1,00<br />
Fonte: Mcquay ® Proposta Comercial Qt-8659 de 12 de Março de 2004.<br />
TABELA 3 – DADOS TÉCNICOS DO EQUIPAMENTO CVHF 1280<br />
Capacidade<br />
(TR)<br />
Potência<br />
(kW)<br />
COP<br />
IPLV<br />
(kW/TR)<br />
Tec<br />
(°C)<br />
Tsc<br />
(°C)<br />
Tee<br />
(°C)<br />
Tse<br />
(°C)<br />
1000 705,3 4,987 0,605 29,5 35,0 6,00 1,00<br />
Fonte: TRANE ® Proposta Comercial 22504-1 de 01 de Abril de 2004.<br />
Outro aspecto importante analisado foi o tipo do fluido refrigerante utilizado<br />
no sistema. O modelo WSC 126 opera com o fluido R134-a, o qual possui os índices<br />
ODP e GWP presentes na tabela 1 (ver pág. 17) e tem um efeito nocivo ao meio<br />
ambiente menor se comparado ao fluido HCFC 123 utilizado no modelo CVHF 1280.<br />
Em termos de dimensões os equipamentos são similares, conforme mostram<br />
as tabelas 4 e 5.<br />
66
TABELA 4 – DIMENSÕES DO EQUIPAMENTO MO<strong>DE</strong>LO WSC 126<br />
Altura (m) Comprimento (m) Largura (m) Área (m 2 )<br />
2,591 4,318 3,048 13,1612<br />
TABELA 5 – DIMENSÕES DO EQUIPAMENTO MO<strong>DE</strong>LO CVHF 1280<br />
Altura (m) Comprimento (m) Largura (m) Área (m 2 )<br />
3,077 5,426 2,845 15,4370<br />
5.4.3 Análise da Proposta Comercial<br />
Analisando as propostas do ponto de vista comercial, ou seja, condições de<br />
pagamento, prazos de entrega e condições de garantia também é possível encontrar<br />
diferenças significativas.<br />
O fabricante do modelo WSC 126 oferece duas formas de pagamento:<br />
a) à vista;<br />
b) 25% de sinal, 50% após 4 semanas e 25% no aviso de embarque.<br />
O prazo de embarque do equipamento é de 8 a 10 semanas após<br />
confirmação do pedido de compra e será entregue no Porto de Paranaguá, não<br />
sendo responsabilidade do fabricante o transporte do equipamento entre o porto e<br />
a refinaria. As condições de garantia cobrem as partes mecânicas do equipamento<br />
por um período de 12 meses após a partida inicial ou 18 meses após o embarque do<br />
equipamento, ficando o período de garantia condicionado ao que ocorrer primeiro.<br />
A proposta comercial do fabricante do modelo CVHF 1280 oferece como<br />
condição de pagamento um sinal de 10% quando da confirmação do pedido e 90%<br />
para liberação do equipamento no Porto de Paranaguá. O prazo de entrega é de 90<br />
dias após o recebimento do pedido, aprovação de crédito e confirmação do<br />
pagamento do sinal.<br />
A garantia oferecida cobre somente as peças de reposição por um período<br />
de 03 meses a partir da data da emissão da nota fiscal de venda. O período de<br />
garantia poderá ser estendido para 18 meses a partir da data de emissão da nota<br />
fiscal ou 12 meses após a partida do equipamento, desde que a instalação seja<br />
67
ealizada por empresa credenciada pelo fabricante e que seja efetuado um contrato<br />
de manutenção preventiva entre as partes.<br />
5.5 ANÁLISE DA VIABILIDA<strong>DE</strong> ECONÔMICA<br />
Considerando a indisponibilidade de informações de custos de manutenção<br />
e operação, somente o custo anual relacionado ao consumo de energia elétrica e ao<br />
consumo de vapor será avaliado como custo operacional.<br />
Estudos relacionados à instalação e manutenção do equipamento dependem<br />
de outros fatores e da especificação de outros equipamentos que farão parte do<br />
sistema de condensação do vapor, ainda não especificados nesta etapa do trabalho.<br />
5.5.1 Consumo de Energia e Custo Anual<br />
Analisando o sistema tarifário segundo SHOEPS e ROUSSO<br />
(1993, p.13-17), a REPAR enquadra-se no sistema tarifário Azul que “é aplicada às<br />
unidades consumidoras ligadas em tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV<br />
e ligadas em tensão inferior, sempre que for contratada demanda igual ou superior a<br />
500 kW.”<br />
A determinação quanto aos períodos seco e úmido e aos horários de ponta e<br />
fora de ponta também são determinados pela companhia de energia elétrica<br />
(COPEL, 2004) e são apresentados na tabela 6.<br />
TABELA 6 – DIVISÃO DOS PERÍODOS E HORÁRIOS<br />
Período Horário Normal Horário de Verão<br />
Úmido Seco Ponta Fora Ponta Ponta Fora Ponta<br />
Dezembro a<br />
Abril<br />
Maio a<br />
Novembro<br />
Fonte:COPEL,13/03/04.<br />
18:00 às<br />
21:00<br />
Demais horas do<br />
dia, finais de<br />
semana e feriado<br />
19:00 às<br />
22:00<br />
68<br />
Demais horas do<br />
dia, finais de<br />
semana e feriado
O custo da tarifa é determinado pela companhia de energia (COPEL, 2004)<br />
sendo que há uma variação de acordo com o período e o horário de utilização da<br />
energia elétrica, como pode ser visto na tabela 7.<br />
TABELA 7 – CUSTO DA TARIFA AZUL <strong>DE</strong> ENERGIA ELÉTRICA<br />
Subgrupo<br />
Consumo (R$/MWh) Demanda (R$/kW)<br />
Ponta Fora Ponta Ponta<br />
Seca Úmida Seca Úmida<br />
Fora<br />
Ponta<br />
69<br />
Ultrapassagem na<br />
Demanda (R$/kW)<br />
Ponta<br />
Seca/<br />
Úmida<br />
Fora<br />
Ponta<br />
Seca/<br />
Úmida<br />
A3 (69kV) 79,88 70,83 55,02 47,51 16,83 4,59 62,49 17,08<br />
Fonte: COPEL, 13/03/04.<br />
O processo de condensação de vapor, no qual o equipamento especificado<br />
estará inserido, exige a máxima capacidade de refrigeração para garantir a eficácia<br />
do processo. Desta maneira o custo de energia é calculado por:<br />
Custo = Potência × Tarifa × horas<br />
(55)<br />
Utilizando-se a equação (55) para cada período e horário apresentados na<br />
tabela 6 e aplicados sobre as tarifas apresentadas na tabela 7, obtém-se os custos<br />
para o período úmido dentro e fora de ponta de R$23.631,33 e R$110.956,83<br />
respectivamente e para o período seco dentro e fora de ponta de R$ 37.769,90 e<br />
R$182.106,90 respectivamente. A soma totaliza um valor de R$354.464,96 para o<br />
modelo WSC 126.<br />
Efetuando-se o mesmo cálculo para o modelo CVHF 1280, obtém-se um<br />
custo anual de energia de R$339.448,93.<br />
Os resultados referem-se a compra de energia direta da Copel. Utilizando o<br />
custo de geração de energia da REPAR que é de R$17,73/MWh, obtém-se um custo<br />
anual de energia de R$114.389,35 para o modelo WSC 126 e de R$ 109.543,53<br />
para o modelo CVHF 1280.<br />
Para obter o custo anual de energia do equipamento que opera com vapor<br />
como fonte de energia foi utilizada a seguinte equação:
Custo = Vazão de Vapor × Tarifa × horas<br />
(56)<br />
A vazão de vapor especificada pelo fabricante e necessária para operar o<br />
equipamento é de 4950 kg/h, sendo que a REPAR possui vapor disponível a um<br />
custo de R$7,39/ton que resulta em um custo anual de R$ 320.445,18.<br />
5.5.2 Análise do Investimento<br />
Uma análise foi realizada entre os equipamentos, considerando a vida útil<br />
estimada para 20 anos de operação, e a energia gasta por estes a uma taxa de juros<br />
de 12% ao ano (EconoFinance,2004).<br />
Esta análise foi calculada pela equação (STOECKER, 1989):<br />
n<br />
(1 + i)<br />
−1<br />
F = Custo⋅<br />
(57)<br />
i<br />
onde F é o valor futuro referente após n anos de operação, Custo é o custo anual da<br />
energia e i é a taxa de juros.<br />
Uma outra análise foi realizada em relação a depreciação do equipamento. A<br />
depreciação real é calculada pela seguinte equação (STOECKER, 1989):<br />
⎛ VRE ⎞ 1<br />
DR = ⎜1− ⎟⋅<br />
(58)<br />
⎝ Pr eço ⎠ VU<br />
onde VRE é o valor residual estimado, Preço é o valor de aquisição do equipamento<br />
e VU é a vida útil do equipamento. Sendo que VRE, informado pelos fornecedores,<br />
equivale a 5% do preço do equipamento.<br />
O valor real do equipamento após n anos de operação é calculado pela<br />
equação:<br />
( )<br />
VRn = Pr eço 1−n⋅<br />
DR<br />
(59)<br />
Efetuando-se um comparativo entre o custo de operação, utilizando como<br />
fonte a energia elétrica com base na tarifa informada pela REPAR, e o valor de<br />
depreciação do equipamento, obtemos para os modelos WSC 126 e CVHF 1280 o<br />
resultado apresentado no gráfico 1.<br />
70
Custo (em milhares de Reais)<br />
9.000<br />
8.000<br />
7.000<br />
6.000<br />
5.000<br />
4.000<br />
3.000<br />
2.000<br />
1.000<br />
-<br />
1 5 10 15 20<br />
Anos<br />
Gráfico 1 – Comparativo com base no processo da REPAR.<br />
Com base nos resultados obtidos conclui-se que o equipamento CVFH 1280<br />
apresenta ao longo da vida útil a melhor relação custo-benifício. A partir desta<br />
conclusão os demais comparativos serão realizados para o equipamento acima.<br />
A análise agora, efetuada com base no processo no qual o equipamento<br />
estará inserido, mostra na tabela 8 que a energia fornecida pela COPEL apresenta<br />
um custo, para 5, 10, 15 e 20 anos, de:<br />
TABELA 8 – CUSTO DA ENERGIA COPEL X TEMPO <strong>DE</strong> OPERAÇÃO<br />
TEMPO (ANOS) CUSTO (R$)<br />
5 2.156.467,24<br />
10 5.956.899,34<br />
15 12.654.559,25<br />
20 24.458.124,49<br />
CVHF 1280<br />
WSC 126<br />
Já para a energia gerada pela própria REPAR os custos são apresentados<br />
na tabela 9<br />
71
TABELA 9 – CUSTO DA ENERGIA REPAR X TEMPO <strong>DE</strong> OPERAÇÃO<br />
TEMPO (ANOS) CUSTO (R$)<br />
5 695.913,33<br />
10 1.922.350,39<br />
15 4.083.751,54<br />
20 7.892.878,89<br />
Este comparativo está apresentado no gráfico 2.<br />
Custo (em milhares de Reais)<br />
25000<br />
22500<br />
20000<br />
17500<br />
15000<br />
12500<br />
10000<br />
7500<br />
5000<br />
2500<br />
0<br />
1 5 10<br />
Anos<br />
15 20<br />
Gráfico 2 – Energia gerada x Energia comprada<br />
REPAR<br />
COPEL<br />
Os custos de energia para 5, 10, 15 e 20 anos analisados sob o ponto de<br />
vista de utilização do equipamento com fonte de energia a vapor são apresentados<br />
na tabela 10. O resultado comparando com os novos custos, obtidos com base nas<br />
tarifas da COPEL, é apresentado no gráfico 3.<br />
TABELA 10 – FONTE ALTERNATIVA <strong>DE</strong> ENERGIA X TEMPO <strong>DE</strong> OPERAÇÃO<br />
TEMPO (ANOS) CUSTO (R$)<br />
5 2.035.739,32<br />
10 5.623.407,57<br />
15 11.946.104,87<br />
20 23.088.857,89<br />
72
Custo (em milhares de Reais)<br />
25000<br />
22500<br />
20000<br />
17500<br />
15000<br />
12500<br />
10000<br />
7500<br />
5000<br />
2500<br />
0<br />
1 5 10<br />
Anos<br />
15 20<br />
VAPOR<br />
COPEL<br />
Gráfico 3 – Fonte alternativa de energia x Energia comprada<br />
Como último comparativo, analisou-se o modelo de referência e o<br />
equipamento que opera a vapor tendo por base o processo de condensação de<br />
vapor que necessita que o equipamento opere o tempo todo fornecendo a máxima<br />
capacidade de refrigeração.<br />
Custo (em milhares de Reais)<br />
22500<br />
20000<br />
17500<br />
15000<br />
12500<br />
10000<br />
7500<br />
5000<br />
2500<br />
0<br />
1 5 10<br />
Anos<br />
15 20<br />
CVHF 1280<br />
VAPOR<br />
Gráfico 4 – Energia gerada pela REPAR x Fonte de energia alternativa<br />
73
5.6 DIMENSIONAMENTO DO TROCADOR <strong>DE</strong> CALOR<br />
A seleção do equipamento de refrigeração, que fornecerá água gelada,<br />
permite que o trocador de calor seja dimensionado. O trocador de calor será<br />
dimensionado em função do local onde o mesmo será instalado. Neste caso,<br />
instalar-se-á o trocador de calor no interior da torre de destilação a vácuo, a uma<br />
altura de 46,8 m.<br />
A equação (34) permitirá dimensionar o trocador de calor, mas antes é<br />
necessário encontrar os coeficientes relacionados à esta equação.<br />
5.6.1 Coeficiente Global e a Efetividade<br />
Primeiramente, encontra-se o fator UA , que posteriormente permitirá<br />
dimensionar o trocador de calor encontrando a sua área. Para encontrar este fator, é<br />
necessário conhecer a temperatura de condensação do vapor, que a uma pressão<br />
de 8 mmHg, é 8°C, e as temperaturas da água na entrada e saída do trocador de<br />
calor. Para o equipamento de refrigeração especificado, estas temperaturas valem<br />
1°C e 6°C, respectivamente.<br />
Também é preciso conhecer a vazão mássica ( m& a ) e o calor específico ( cp )<br />
do fluido frio, neste caso a água. A vazão é fornecida pelo equipamento de<br />
refrigeração especificado e vale 168,7 l/s (0,1687 m 3 /s). O calor específico é retirado<br />
da tabela de propriedades da água (Anexo A), sendo igual a 4,19 kJ/kg.K.<br />
Aplicando-se a equação (25) encontra-se o valor de 885,68 kW/K para o<br />
fator UA . Conhecido este fator encontra-se, através da equação (26), a efetividade<br />
(ε ) do trocador de calor. Para o presente projeto, a efetividade calculada é de 0,714.<br />
5.6.2 Coeficiente de Transferência de Calor Interno<br />
Para calcular o coeficiente interno de transferência de calor por convecção<br />
( h i ), através da equação (38), define-se primeiramente o número de tubos ( N t ) do<br />
trocador de calor. Para este projeto foram adotados 50 tubos. Definido o número de<br />
tubos, e conhecendo a vazão de 168,7 l/s (0,1687 m 3 /s) e a velocidade da água de<br />
74
3,26 m/s, fornecidas pelo evaporador do equipamento de refrigeração especificado,<br />
é possível calcular o diâmetro interno ( d i ) dos tubos. Note que foi considerado que a<br />
velocidade da água é a mesma tanto no tubo de transporte quanto nos tubos do<br />
trocador.<br />
Utilizando-se a equação (37) determina-se que o diâmetro interno dos tubos<br />
do trocador de calor é de 36 mm.<br />
O diâmetro comercial mais próximo a 36 mm é mostrado na tabela 11<br />
(CAPORAL, 2004).<br />
TABELA 11 – ESPECIFICAÇÃO DO TUBO DO TROCADOR <strong>DE</strong> CALOR<br />
Diâmetro<br />
Externo (mm)<br />
Espessura<br />
(mm)<br />
Diâmetro<br />
Interno (mm)<br />
38,10 2,00 34,10 1,807<br />
Fonte: CAPORAL, 31/08/04.<br />
Peso (kg/m) Material<br />
Aço Inoxidável<br />
sem costura<br />
A escolha do aço inoxidável, como material dos tubos do trocador de calor,<br />
deve-se ao fato de possuir melhor resistência a corrosão e tornar mais longa a vida<br />
útil da tubulação quando comparado aos outros materiais.<br />
Conhecendo-se a vazão do evaporador, o número de tubos do trocador de<br />
calor e o diâmetro interno do tubo, é possível determinar o número de Reynolds ( Re )<br />
através da equação (36). A viscosidade dinâmica ( µ l ) é obtida da tabela de vapor<br />
d`água (Anexo A) com base na temperatura média, entre a entrada e a saída do<br />
trocador de calor, que é aproximadamente 4°C. Sendo assim, encontra-se o valor de<br />
1553 x 10 -6 Pa.s para µ l . Definidos todas as variáveis da equação (36), obtém-se o<br />
valor de 81120 para o número de Reynolds. Este valor define o escoamento como<br />
sendo turbulento.<br />
Antes de determinar o valor do coeficiente interno de transferência de calor<br />
por convecção, é preciso encontrar outros dois números adimensionais. O número<br />
de Prandtl ( Pr ) é obtido da tabela de vapor d`água (Anexo A) para uma temperatura<br />
média de 4°C. Este valor é igual a 11,24.<br />
Em função dos números de Reynolds e Prandtl, obtém-se o número de<br />
Nusselt ( Nu ) pela equação (39). O resultado desta equação fornece o valor de 512.<br />
75
Com a condutividade térmica da água igual a 577 x 10 -3 W/m.K, é possível<br />
retornar a equação (38) e encontrar o valor de 8665 W/m 2 .K para o coeficiente<br />
interno de transferência de calor por convecção.<br />
5.6.3 O Coeficiente de Transferência de Calor Externo<br />
Como o objetivo é condensar o vapor, o coeficiente externo de transferência<br />
de calor por convecção ( h e ) é determinado pela equação (40).<br />
Antes de aplicar esta equação deve-se estimar as seguintes variáveis:<br />
a) a aceleração da gravidade igual a 9,81 m 2 /s;<br />
b) a temperatura de saturação do vapor igual a 8°C e a temperatura<br />
superficial do tubo igual a 6°C. Sendo que a temperatura média para<br />
determinação das propriedades termodinâmicas é igual a 7°C;<br />
c) para a temperatura de saturação, a massa específica do vapor e a<br />
entalpia de mudança de fase valem 7,669x10 -3 kg/m 3 e 2482,6 kJ/kg,<br />
respectivamente;<br />
d) as demais propriedades termodinâmicas são com base na temperatura<br />
média. A massa específica da água é igual a 1000 kg/m 3 , a<br />
condutividade térmica da água é de 582x10 -3 W/m.K, a viscosidade<br />
dinâmica é de 1422x10 -6 Pa.s e o calor específico vale 4,19 kJ/kg.K.<br />
Antes de determinar o coeficiente externo de transferência de calor é preciso<br />
encontrar o número adimensional de Jakob ( Ja ) através da equação (42).<br />
Posteriormente calcula-se o valor da entalpia de mudança de fase modificada ( h' fg ).<br />
Após determinados todas as variáveis da equação (40) encontra-se o valor de 3980<br />
W/m 2 .K para o coeficiente externo de transferência de calor por convecção.<br />
5.6.4 Comprimento dos Tubos do Trocador de Calor<br />
Como a ordem de grandeza dos coeficientes de transferência de calor<br />
interno e externo é a mesma, será adotada uma configuração sem aletas para os<br />
tubos do trocador de calor. Considerando que a resistência térmica da parede e o<br />
fator de incrustação dos tubos são desprezíveis, aplica-se a equação (34) para obter<br />
76
o comprimento dos tubos. Note que o comprimento dos tubos deve ser tal que a<br />
soma das resistências térmicas interna (1/ hA) i i e externa (1/ hA) e e se iguala à<br />
resistência térmica global (1/UA ).<br />
A área interna ( A i ) e a externa ( A e ) são determinadas pela equação (35),<br />
resultando em um comprimento ( l ) para os tubos de 56,27 m.<br />
O número de passes será dado pelo comprimento total dos tubos dividido<br />
pelo comprimento do trocador de calor. No local onde será instalado o trocador de<br />
calor, a torre de destilação tem um diâmetro interno de 4,7 m. Desta maneira, as<br />
dimensões do trocador de calor adotadas são apresentadas na tabela 12.<br />
TABELA 12 – DIMENSÕES DO TROCADOR <strong>DE</strong> CALOR<br />
Altura (m) Comprimento (m) Largura (m) Área (m 2 )<br />
1,20 3,20 3,20 10,24<br />
Desta forma, o número de passes para cada tubo será igual a 18.<br />
A figura 30 ilustra a configuração dos tubos do trocador de calor.<br />
Figura 30 – Representação dos tubos do trocador de calor.<br />
77
5.6.5 Perda de Carga no Trocador de Calor<br />
Note que haverá tanto perda de carga na parte externa do trocador de calo<br />
quanto na interna. A perda de carga externa irá alterar o nível de vácuo na torre de<br />
destilação e a perda de carga interna é importante para dimensionamento da bomba<br />
de circulação de água gelada.<br />
5.6.5.1 Perda de carga entre feixes de tubos<br />
Primeiramente, foi idealizado o arranjo dos tubos no trocador de calor. Para<br />
isto considerou-se a largura do trocador e o número de tubos para então encontrar a<br />
distância transversal entre os centros dos tubos. A distância longitudinal foi definida<br />
a partir da altura do trocador e o número de fileiras. Sendo assim, as distâncias entre<br />
os centros dos tubos correspondem à 63,5 mm na direção transversal e 65,0 mm,<br />
na longitudinal.<br />
Para encontrar a perda de carga utiliza-se a equação (43) que depende da<br />
velocidade máxima do escoamento. Com base na equação (45) verificou-se que a<br />
velocidade máxima ocorre no plano transversal como mostra a figura 29. Assim, a<br />
velocidade máxima, encontrada através da equação (47), é igual a 20,85 m/s.<br />
Utilizando-se as propriedades termodinâmicas do vapor, a velocidade<br />
máxima encontrada anteriormente e o diâmetro externo dos tubos, o número de<br />
Reynolds encontrado, através da equação (48), é de 732. Os fatores de atrito ( f ) e<br />
o de correção ( χ ) são obtidos através do Anexo D em função do número de<br />
Reynolds. Sendo assim a perda de carga equivale a 14,41 Pa.<br />
5.6.5.2 Perda de carga no interior dos tubos<br />
Utilizando-se as propriedades termodinâmicas da água, a velocidade<br />
fornecida pelo equipamento de refrigeração e o diâmetro interno do tubo, o número<br />
de Reynolds encontrado, através da equação (48), é de 71577, classificando o<br />
escoamento como turbulento.<br />
78
A perda de carga ao longo da tubulação é encontrada através da equação<br />
50. Para tanto é necessário encontrar, através do diagrama de Moody (Anexo F), o<br />
fator de atrito ( f ) em função da relação rugosidade relativa, ε /di<br />
(Anexo E). O valor<br />
encontrado para a perda distribuída é de 157845 Pa.<br />
A perda de carga localizada será encontrada através da equação (51) em<br />
função dos coeficientes de perda (Anexo G). A relação entre o comprimento total dos<br />
tubos e o número de passes leva a um número de 17 dobras de 180°. Sendo assim,<br />
a perda localizada é de 18052 Pa.<br />
Estes resultados permitem que encontre-se, utilizando a equação (49), o<br />
valor de 175897 Pa para a perda de carga no interior dos tubos do trocador de calor.<br />
5.7 DIMENSIONAMENTO DO <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> BOMBEAMENTO<br />
Devido a localização do equipamento de refrigeração que será instalado<br />
junto ao solo, torna-se necessário um sistema de bombeamento/tubulação que eleve<br />
a água até o trocador de calor instalado no topo da torre. Além da tubulação, o<br />
projeto deste sistema leva em consideração os componentes, como por exemplo,<br />
válvulas e cotovelos.<br />
O diâmetro da tubulação é obtido em função da vazão e da velocidade da<br />
água (Q = V ⋅ A)<br />
fornecida pelo evaporador do equipamento de refrigeração. Desta<br />
maneira, o diâmetro calculado é de 257 mm. Será adotado o diâmetro nominal<br />
padronizado de 254 mm, ou seja, 10” (IPIRANGA, 2004).<br />
TABELA 13 – ESPECIFICAÇÃO DO TUBO <strong>DE</strong> ALIMENTAÇÃO D’ÁGUA<br />
Diâmetro<br />
Externo (mm)<br />
Espessura<br />
(mm)<br />
Diâmetro<br />
Interno (mm)<br />
273,05 9,27 254,51 60,24<br />
Fonte: IPIRANGA, 31/08/04.<br />
Peso (kg/m) Material<br />
Aço-Carbono<br />
sem costura<br />
Entre todos os materiais industriais existentes, o aço carbono é o que<br />
apresenta a melhor relação custo/resistência mecânica e também fácil de ser<br />
encontrado no comércio. Em uma refinaria de petróleo, por exemplo, mais de 90%<br />
79
de toda a tubulação são de aço carbono. Emprega-se para água doce, ar<br />
comprimido, óleo, gases e outros fluidos pouco corrosivos (TELLES, 1981).<br />
5.7.1 Perda de Carga de Elevação<br />
O comprimento total da tubulação desde a descarga da bomba até a entrada<br />
no trocador de calor, é igual a 56,13 m. A partir do comprimento da tubulação a<br />
perda de carga distribuída calculada através da equação (50) equivale a 17579 Pa.<br />
Para o cálculo da perda de carga localizada é necessário conhecer o<br />
coeficiente de perda (K) dos componentes que farão parte da tubulação.Os<br />
componentes e os respectivos coeficientes K são:<br />
a) flange com canto arredondado na saída da bomba: K=0,28;<br />
b) cotovelos de 90°: K=0,3;<br />
c) válvula de fluxo único após a descarga da bomba: K=2,0.<br />
Conhecendo a configuração da tubulação que possui cinco cotovelos de 90°<br />
a perda localizada dada pela equação (51) é de 20086 Pa.<br />
Assim, pela equação 49 a perda de carga de elevação é de 37665 Pa.<br />
5.7.2 Perda de Carga de Retorno<br />
Com base no raciocínio utilizado anteriormente, o comprimento total da<br />
tubulação desde a saída do trocador de calor até a entrada no evaporador é de<br />
67,89 m. Da mesma maneira como calculado no item anterior, a perda distribuída<br />
para este comprimento é de 29766 Pa.<br />
Para o cálculo da perda localizada serão levados em consideração os<br />
coeficientes de perda (K) para sete cotovelos de 90°, ligação reentrante na entrada<br />
do evaporador. Tendo como resultado 15304 Pa.<br />
Portanto, a perda de carga de retorno é de 45070 Pa.<br />
80
5.7.3 Perda de Carga na Sucção<br />
O comprimento da tubulação entre o equipamento de refrigeração e a<br />
bomba é de 1 m. Assim a perda distribuída calculada a partir da equação (50)<br />
equivale a 313 Pa.<br />
Sabendo que será instalado uma válvula de bloqueio (K=0,05) e que o tipo<br />
de ligação na saída do equipamento de refrigeração é reentrante (K=0,78) e na<br />
entrada da bomba é do tipo flangeada com canto arredondado (K=0,28), obtém-se<br />
através da equação (51) o valor de 5886 Pa para a perda localizada.<br />
Portanto, a perda de carga na sucção será de 6199 Pa conforme a equação<br />
(49).<br />
5.7.4 Potência da Bomba<br />
Para o cálculo da potência da bomba é necessário conhecer a perda de<br />
carga total do sistema que inclui todas as perdas calculadas anteriormente mais a<br />
perda relacionada ao evaporador do equipamento de refrigeração que é igual a<br />
188690 Pa (proposta comercial TRANE ® , 2004). Desta maneira, a perda de carga<br />
total do sistema é de 453535,41 Pa.<br />
Para especificar a bomba, é necessário encontrar a altura manométrica (H).<br />
Sabendo que a velocidade na sucção e na descarga são iguais, a partir da equação<br />
(49), tem-se que:<br />
p2<br />
p1<br />
H = − = z2<br />
− z1<br />
+ hL<br />
(60)<br />
γ γ<br />
onde z2-z1 é a diferença de altura entre a sucção e a descarga da bomba.<br />
A altura manométrica do projeto em questão é de 46,5 m.<br />
Conhecendo a vazão de água, especifica-se a bomba a partir do gráfico<br />
H x Q, fornecido pelo fabricante (KSB, 2004).<br />
TABELA 14 – ESPECIFICAÇÃO DA BOMBA<br />
Modelo Altura (m) Vazão (m 3 /h) Rendimento<br />
ETA 150-40 46,5 605 72%<br />
Fonte: KSB Catálogo de Bombas Centrífugas Horizontais, de 01 de setembro de 2004.<br />
81
Após a especificação, é possível conhecer a potência efetiva da bomba,<br />
fornecida pelo fabricante. Neste caso a potência efetiva é de 106 kW.<br />
5.8 QUADRO <strong>DE</strong> RESUMO<br />
Para uma melhor visualização, a tabela 15 apresenta os resultados obtidos<br />
nos itens anteriores.<br />
TABELA 15 – RESULTADOS OBTIDOS<br />
Vazão mássica de vapor<br />
( v<br />
Resultados<br />
m&<br />
Carga Térmica<br />
Dados Fornecidos<br />
)<br />
Pressão no interior da<br />
torre<br />
1,11 kg/s<br />
1,0666 kPa<br />
Dado Calculado Carga térmica 2758 kW<br />
Valor Adotado Carga térmica 3516 kW<br />
Trocador de<br />
Calor<br />
Sistema de<br />
Bombeamento<br />
Vazão d`água (Q) 0,1687 m 3 Dados Fornecidos<br />
Velocidade (V)<br />
/s<br />
3,26 m/s<br />
Valor Adotado Número de tubos (Nt) 50<br />
Fator UA 885,68 kW/K<br />
Número de Reynolds (Re) 81120<br />
Diâmetro interno (di) 0,036 m<br />
Diâmetro externo (de) 0,038 m<br />
Número de Nusselt (Nu)<br />
Coeficiente de convecção<br />
interno (hi)<br />
512<br />
8665 W/m 2 K<br />
Coeficiente de convecção<br />
externo (he)<br />
3980 W/m 2 Dados Calculados<br />
K<br />
Comprimento dos tubos (l) 56,27 m<br />
entre os feixes de tubos<br />
do trocador de calor<br />
14,41 Pa<br />
no interior dos tubos do<br />
trocador de calor<br />
175,897 kPa<br />
Perdas de Carga na sucção da bomba<br />
de elevação<br />
6,199 kPa<br />
37,665 kPa<br />
de retorno 45,070 kPa<br />
no evaporador do<br />
equipamento<br />
188,690 kPa<br />
Total 453,535 kPa<br />
Potência da Bomba WB & 106 kW<br />
82
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES<br />
A condensação do vapor d’água na saída da torre de destilação a vácuo<br />
levou a uma busca no mercado de um equipamento de refrigeração que atendesse<br />
àquela necessidade. Entre os equipamentos disponíveis e que possivelmente<br />
atenderiam ao projeto, fez-se a opção por equipamentos que operam com água<br />
gelada e que são utilizados em condicionamento de ar.<br />
A utilização destes equipamentos para uso em processos industriais não é<br />
comum, principalmente em condições de temperatura e pressão específicas e não<br />
convencionais, como é o caso deste projeto.<br />
Para garantir a condensação do vapor d’água é necessário que a água entre<br />
no evaporador do equipamento a uma temperatura de 6°C e deixe o mesmo com<br />
destino ao trocador de calor a uma temperatura de 1°C. Esta condição impediu o<br />
uso de equipamentos que operam com base no ciclo de absorção, pois os<br />
fabricantes consultados não dispõem de equipamentos comerciais que atendam tais<br />
condições. As temperaturas mínimas de operação para estes equipamentos, que<br />
operam com uma solução de LiBr, são 12°C na entrada e 7°C na saída do<br />
evaporador, impossibilitando a condensação do vapor.<br />
A alternativa ficou por conta da utilização de equipamentos que operam com<br />
base no princípio de compressão de vapor, o chamado Chiller Centrífugo. Em<br />
relação aos equipamentos comerciais, não há restrições quanto ao limite de<br />
temperatura. A adição de uma solução de etileno glicol na água gelada possibilita a<br />
obtenção de temperaturas próximas ao ponto de congelamento da água.<br />
A carga térmica calculada para condensar a massa de vapor d’água é de<br />
800 TR (2.813 kW). Por precaução especificou-se um equipamento com 1000 TR<br />
(3.516 kW) de capacidade de refrigeração.<br />
Mesmo consultando quatro fabricantes, somente duas propostas puderam<br />
ser analisadas em profundidade, uma vez que um dos fabricantes não enviou a<br />
proposta e o outro enviou uma proposta incompleta que não contemplava as<br />
condições de pagamento, os prazos de entrega e as condições de garantia.<br />
Como os custos apresentados pelos fabricantes Mcquay ® e TRANE ®<br />
estavam entre os esperados pela REPAR e variaram apenas 3,6%, esta não foi uma<br />
etapa decisiva para a seleção.<br />
83
As propostas comerciais também eram muito semelhantes, pois ofereciam<br />
prazos de entrega em torno de 3 meses e contratos de garantia que variavam entre<br />
12 e 18 meses. A diferença ficou por conta da condição de pagamento do fabricante<br />
TRANE ® que analisada economicamente pode favorecer o comprador.<br />
A diferença entre a área que cada equipamento ocupa é relevante, pois o<br />
equipamento da TRANE ® ocupa uma área 17,3% maior quando comparado ao outro<br />
fabricante.<br />
A análise da potência consumida pelo equipamento, fator que tem influência<br />
direta no consumo anual de energia, foi decisivo para a seleção do equipamento. O<br />
equipamento CVHF 1280 do fabricante TRANE ® apresenta uma potência 4,24%<br />
menor se comparado com o modelo WSC 126 do fabricante McQuay ® .<br />
Analisando a depreciação dos equipamentos, notou-se que o equipamento<br />
CVHF 1280 do fabricante TRANE ® torna-se economicamente mais viável a partir do<br />
5º ano de operação. Tomando-se como base a vida útil do equipamento ao longo de<br />
20 anos de funcionamento, o reflexo no consumo de energia, que considera a<br />
hipótese do equipamento operar 24 horas por dia durante os 365 dias do ano, ou<br />
seja, 8760 horas por ano, foi significativo e fundamental na seleção do equipamento.<br />
A economia de energia obtida com o modelo CVHF 1280 foi de 4,43% em relação<br />
ao modelo WSC 126.<br />
Analisando o equipamento que opera a vapor dentro do processo requerido<br />
pela REPAR, o mesmo apresenta um gasto com energia 5,93% inferior ao modelo<br />
CVHF 1280 quando a energia é comprada da COPEL, mas um gasto 192% superior<br />
quando a energia elétrica é gerada pela REPAR. Percebe-se que a utilização do<br />
vapor como fonte de energia alternativa é viável se a energia elétrica for comprada<br />
diretamente da Copel, caso contrário o vapor como fonte de energia torna-se inviável<br />
economicamente.<br />
Aliando-se a análise da depreciação ao estudo do consumo de energia,<br />
baseados nos fatores acima descritos, o equipamento selecionado é o modelo CVHF<br />
1280 fornecido pela empresa TRANE ® Ar Condicionado.<br />
A seleção de um equipamento que possibilita a condensação do vapor<br />
d’água na saída da torre de destilação a vácuo nos aspectos técnico e econômico,<br />
está dentro da expectativa da REPAR. O equipamento selecionado ainda permite<br />
84
uma economia relacionada ao custo anual da energia elétrica quando comparado<br />
aos outros equipamentos, possibilitando um retorno antecipado do investimento.<br />
Quanto ao dimensionamento do trocador de calor e do sistema de<br />
bombeamento, este somente foi possível após a especificação do equipamento de<br />
refrigeração. Como não foi possível encontrar no mercado um trocador de calor que<br />
pudesse ser instalado no interior da torre de destilação a vácuo, devido ao diâmetro<br />
da mesma, foi necessário dimensioná-lo.<br />
A retirada do condensado, produto da condensação do vapor, será efetuada<br />
pela lateral da torre de destilação. O condensado é depositado em uma bandeja,<br />
logo abaixo do trocador de calor. Esta técnica de retirada é a mesma utilizada para<br />
os produtos da destilação a vácuo, ou seja, um processo já conhecido da REPAR.<br />
Da mesma forma, foi necessário especificar os componentes do sistema de<br />
bombeamento e dimensionar a tubulação, possibilitando encontrar no mercado uma<br />
bomba que tenha condições de elevar a água até o trocador de calor.<br />
A implantação deste sistema na torre de destilação a vácuo permitirá que a<br />
REPAR aumente a temperatura do resíduo atmosférico na entrada da torre,<br />
possibilitando o aumento da produção de GOP e conseqüentemente, um rendimento<br />
maior do processo de refino.<br />
É muito importante salientar a complexidade e a quantidade de variáveis e<br />
informações envolvidas em um projeto deste porte.<br />
Desde os aspectos técnicos, econômicos e de recursos humanos devem ser<br />
relacionados e levados em consideração para que a implantação do projeto e,<br />
posteriormente, durante seu funcionamento o objetivo seja alcançado.<br />
85
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apresentações de trabalhos: citações e notas de rodapé. Curitiba: Editora da<br />
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apresentações de trabalhos: redação e editoração. Curitiba: Editora da UFPR,<br />
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VAPOR SATURADOS<br />
Fonte: INCROPERA, 1998.<br />
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ANEXO B – GRÁFICO PRESSÃO X ENTALPIA DO FLUIDO R134A<br />
Fonte: DUPONT, 2004<br />
90
ANEXO C – GRÁFICO PRESSÃO X ENTALPIA DO FLUIDO HCFC 123<br />
Fonte: DUPONT, 2004<br />
91
ANEXO D – FATOR <strong>DE</strong> ATRITO E FATOR <strong>DE</strong> CORREÇÃO: CONFIGURAÇÃO<br />
ALTERNADA DO FEIXE TUBULAR<br />
Fonte: INCROPERA, 1998.<br />
92
ANEXO E – GRAU <strong>DE</strong> RUGOSIDA<strong>DE</strong><br />
Fonte: TELLES, 1994<br />
93
ANEXO F – FATOR <strong>DE</strong> ATRITO<br />
Fonte: TELLES, 1994<br />
94
ANEXO G – COEFICIENTE <strong>DE</strong> PERDA <strong>PARA</strong> COMPONENTES<br />
Fonte: MUNSON, 1997<br />
95
ANEXO H – <strong>DE</strong>SENHO ESQUEMÁTICO - MO<strong>DE</strong>LO CVHF 1280<br />
96