Abril - Câmara Municipal de Setúbal

24leituras
Uma visão apocalíptica do mundo actual
Este País não é para Velhos
Cormac McCarthy
Editora: Relógio D’Água
Tradução: Paulo Faria
Revisão do Texto: Francisca Cortesão
Capa: Relógio D’Água sobre imagem do filme
dos irmãos Cohen, cedida pela Lusomundo
230 páginas
Outubro 2007
Título original: No Country for Old Man
1.ª edição: 2005 / Random House
Um acaso fortuito desencadeia um drama denso que o escritor explora numa
metáfora violenta a uma sociedade corrompida, em deriva ética. Um caçador,
Llewelyn Moss, encontra uma carrinha cheia de cadáveres, malas de droga e
milhões de dólares. Um dos envolvidos ainda respira e pede água. Moss vai a
casa guardar a mala carregada de dólares e volta com uma inútil garrafa de água.
Sabe que corre o risco de ser localizado o que, inevitavelmente, acontece. É o
princípio de uma série de sucessos de violência brutal fora de qualquer quadro
legal ou moral.
Cormac McCarthy, numa escrita aparentemente simples, traça uma espiral de
violência assustadora. Uma escrita hipnótica que nos deixa amarrados ao terror
que já deixámos de sentir ao lermos as manchetes brutais que todos os dias
enchem as páginas dos jornais.
O título pode originar um equívoco. Os velhos inscritos em “Este País não é para
Velhos” não é uma referência à idade, reporta-se aos que se lembram de um
mundo com valores, como a dignidade e a honra, varridos pelo cinismo e pela
devastação moral da sociedade actual.
Esta nota de leitura teria sido publicada no “Guia de Eventos” de Fevereiro se Luiz
Pacheco não tivesse morrido. Entretanto os irmãos Cohen ganharam vários óscares
com o filme baseado no livro. São duas realidades diferentes, ambas a não perder.
Leia o livro e veja o filme, não necessariamente por esta ordem.
Manuel Augusto Araújo