caminho dos imigrantes japoneses - Imigrantesjaponeses.com.br

H<br />
á uma cidade chamada<br />
Echaporã (SP),<br />
eqüidistante 30<br />
quilômetros das estações de<br />
trem de Marília (linha Paulista)<br />
e de Assis (linha Sorocabana).<br />
Na sua periferia, um japonês<br />
chamado Makoto Naito adquiriu<br />
uma terra de pouco mais de<br />
400 alqueires (968 hectares)<br />
em 1923. Naito abandonou a<br />
agência fluminense do Banco<br />
Yokohama Shookin Ginko (atual<br />
Banco de Tokyo-Mitsubishi) em<br />
troca de novas experiências.<br />
Ele havia chegado ao país<br />
um ano antes, depois de ter<br />
cursado economia na<br />
faculdade Tokyo Teikoku<br />
Daigaku (atual Universidade de<br />
Tóquio). Tinha 29 anos ao<br />
desembarcar. Optou por<br />
plantar café e produzir açúcar e<br />
aguardente. Assim nascia a<br />
Colônia Naito.<br />
Em 27 de outubro de 1930,<br />
o ano em que Getúlio Vargas<br />
tomou o poder no País por<br />
meio de um golpe de estado,<br />
sete assaltantes invadiram a<br />
residência de Naito. No local<br />
estava o salário de cem<br />
funcionários, pois era dia de<br />
pagamento dos empregados.<br />
Toda a quantia foi roubada e o<br />
japonês foi assassinado. A<br />
esposa, juntamente com o<br />
filho, voltou ao país de origem<br />
e a colônia, sete anos depois<br />
de estabelecida, perdeu o<br />
rumo.<br />
Na época havia 15 famílias<br />
EM BUSCA DA COLÔNIA EXTINTA<br />
Colônia<br />
Naito<br />
japonesas e inúmeros<br />
trabalhadores brasileiros. Para<br />
manter a colônia, a associação<br />
de administração local elegeu<br />
como representante Keizo<br />
Tanabe, na época com 23<br />
anos. A política de Getúlio<br />
Vargas impôs a queima dos<br />
pés de café considerados<br />
excedentes e proibiu novos<br />
plantios para superar a crise<br />
gerada pela Grande Depressão<br />
de 1929. A produção foi<br />
substituída pela cultura do<br />
algodão.<br />
Seguindo os ensinamentos<br />
do pioneiro Naito, Tanabe<br />
instituiu a primeira escola<br />
estadual da região de Marília na<br />
esperança de que os colonos<br />
amassem a terra. Por volta de<br />
1936, chega a fase da<br />
prosperidade comercial do<br />
algodão. Metade da produção<br />
da cultura no estado de São<br />
Paulo pertencia aos japoneses,<br />
que exportavam também à sua<br />
terra natal.<br />
À medida que as linhas da<br />
rede ferroviária eram<br />
instaladas, a região de Marília<br />
começou a se destacar como<br />
a Capital do Algodão do Brasil,<br />
e atraiu diversos imigrantes.<br />
Vários deles conseguiram<br />
autonomia tendo como base<br />
este local.<br />
Em 1951, Tanabe recebeu<br />
uma correspondência da viúva<br />
de Naito do Japão. A<br />
mensagem exigia que ele<br />
abandonasse a região, pois<br />
havia vendido a propriedade<br />
para um compatriota que<br />
morava nas proximidades.<br />
Inconformado com a<br />
decisão, ele pediu maiores<br />
detalhes, pois a colônia era<br />
produtiva. Ela informou que o<br />
contrato já havia sido assinado<br />
e que o pagamento já fora<br />
realizado. No mesmo ano em<br />
que se completavam 28 anos<br />
de fundação da colônia, as 30<br />
famílias de japoneses e 20 de<br />
brasileiros foram obrigadas a<br />
deixar a área. O novo<br />
proprietário ficou com as<br />
terras por apenas dois anos,<br />
revendendo-as em 1953.<br />
(Agro Nascente n° 2, marçoabril<br />
de1982)<br />
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