O poder local (2005).preview.pdf - Universidade de Coimbra
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Mafalda Soares da Cunha<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Évora-C/OEHUS<br />
1.lntrodução(1)<br />
PODERES LOCAIS NAS ÁREAS SENHORIAIS (SÉCULOS XVI-1640)<br />
Pediram-me para falar sobre os <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es locais nos espaços senhoriais. Na época<br />
mo<strong>de</strong>rna e, muito particularmente nos séculos XVI e XVII, presumi eu, pensando nas<br />
características da investigação que tenho realizado. No entanto, a natureza do con<br />
gresso sugeria o interesse <strong>de</strong> reflexões abrangentes, não limitadas a situações<br />
particulares, como ocorreria se a análise se centrasse no exemplo que melhor conhe<br />
ço que é evi<strong>de</strong>ntemente o da Casa <strong>de</strong> Bragança.<br />
De qualquer forma, o ponto <strong>de</strong> partida seria naturalmente esse. Procurei, por<br />
isso, retomar o fio condutor do inquérito que fizera anos atrás. Recor<strong>de</strong>i, nomeada<br />
mente, a informação que recolhera nos arquivos e na bibliografia disponível, os<br />
elementos que agregara com a preocupação <strong>de</strong> situar o caso brigantino no contexto<br />
português, as diferenças e as semelhanças face a outras casas senhoriais, os dados<br />
que ficaram por explorar.<br />
A revisitação do itinerário <strong>de</strong> então e, sobretudo a releitura das conclusões ex<br />
traídas nessa época, sugeriram-me a apresentação <strong>de</strong> uma síntese sobre as<br />
características e as formas <strong>de</strong> relacionamento entre os <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es locais, muito especial<br />
mente entre os <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es concelhios e o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> senhorial entre 1500 e 1640, balizada<br />
pelas interpretações que a historiografia medieval e tardo-mo<strong>de</strong>rna portuguesa têm<br />
produzido sobre o tema. O objectivo <strong>de</strong>ste enquadramento na longa duração será,<br />
pois, o <strong>de</strong> melhor evi<strong>de</strong>nciar as linhas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mudança. O mesmo é 97<br />
dizer, as eventuais especificida<strong>de</strong>s do tema nesta época histórica.<br />
(1) Antes <strong>de</strong> iniciar este texto não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> prestar homenagem ao notável labor <strong>de</strong><br />
investigação e à produção historiográfica do Professor Doutor António <strong>de</strong> Oliveira. Na leitura da sua<br />
obra não apenas recolhi múltiplos ensinamentos, como encontrei, e encontro sempre, pistas e<br />
sugestões <strong>de</strong> análise relevantes para a minha formação intelectual e investigação histórica. Figura <strong>de</strong><br />
incontestável e reconhecida qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> historiador (e <strong>de</strong> historiador mo<strong>de</strong>rnista), também na sua<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> professor formou e marcou sucessivas gerações <strong>de</strong> historiadores. Em <strong>Coimbra</strong> e não só.<br />
t, pois, nessa dupla qualida<strong>de</strong> que lhe apresento os meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos pelo exemplo que<br />
a todos nos dá.<br />
Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor