Guia do Professor - Globo Livros
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<strong>Guia</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>
Tesouro Monteiro Lobato<br />
E m 2001, a Sony Ericsson, uma recém-criada marca de telefones<br />
celulares, chegou ao Brasil. E apesar de ser metade japonesa e metade<br />
sueca, a marca começou a ficar cada vez mais brasileira.<br />
O investimento em projetos culturais nacionais foi um passo natural.<br />
Embora sempre em busca <strong>do</strong> que existe de mais inova<strong>do</strong>r para<br />
desenvolver seus produtos, a Sony Ericsson também valoriza uma tecnologia<br />
bem antiga, mas que nunca fica velha: o livro.<br />
A coleção Tesouro Monteiro Lobato reúne as clássicas histórias<br />
e os geniais personagens que deram origem ao Sítio <strong>do</strong> Picapau Amarelo.<br />
Uma obra que passa de geração a geração sem perder sua característica<br />
de vanguarda.<br />
Cultura e educação são fundamentais para o crescimento de um<br />
país. E a Sony Ericsson dá a sua contribuição, patrocinan<strong>do</strong> a literatura<br />
brasileira.
A literatura e a formação de leitores<br />
Caros educa<strong>do</strong>res,<br />
Nas últimas décadas, são inúmeros os debates a respeito <strong>do</strong> ensino da leitura em nosso<br />
país. Escolas, universidades, bibliotecas, editoras, ongs, muitas são as instâncias que se debruçam<br />
sobre o tema e se perguntam: que ideal de leitores se deseja formar? Que estratégias ajudam<br />
a alcançá-lo? Como a experiência com a literatura contribui para a formação de leitores?<br />
Com base nestas questões, o <strong>Guia</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>, que faz parte <strong>do</strong> Tesouro Monteiro<br />
Lobato, foi especialmente prepara<strong>do</strong> para aproximar e aprimorar o trabalho de educa<strong>do</strong>res<br />
e media<strong>do</strong>res de leitura com a obra de Monteiro Lobato – o grande inova<strong>do</strong>r de nossa literatura<br />
infantil.<br />
Os cinco livros escolhi<strong>do</strong>s para o Tesouro Monteiro Lobato – Reinações de Narizinho<br />
volumes 1 e 2, O Saci, Viagem ao Céu e Memórias da Emília – são obras cheias de imaginação,<br />
deliciosas de serem lidas, e que convidam o leitor a pensar e a dialogar com a realidade.<br />
Por isso, no que se refere à formação de leitores, muitas são as possibilidades de trabalho<br />
que podem ser desenvolvidas a partir destes livros. Para isso é preciso conhecer a obra<br />
de Lobato. Assim, na primeira parte <strong>do</strong> <strong>Guia</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong>, apresentamos as principais inovações<br />
<strong>do</strong> texto lobatiano.<br />
Em seguida, exemplificamos práticas de leitura que podem contribuir para a ampliação<br />
<strong>do</strong> diálogo entre leitores e livros. E, por fim, analisamos os cinco títulos escolhi<strong>do</strong>s para o<br />
Tesouro Monteiro Lobato, destacan<strong>do</strong> suas marcas literárias, e sugerin<strong>do</strong> atividades que<br />
correspondem às práticas antes explicitadas.<br />
É importante frisar que as ideias aqui expostas não se caracterizam como receitas a serem<br />
seguidas cegamente. Entendemos que o professor ou media<strong>do</strong>r de leitura é o autor <strong>do</strong> seu<br />
trabalho, capaz de dar senti<strong>do</strong> ao que leu, e de buscar estratégias próprias para a formação<br />
de seu grupo.<br />
O objetivo <strong>do</strong> <strong>Guia</strong> <strong>do</strong> <strong>Professor</strong> é contribuir para aprofundar o conhecimento sobre a<br />
obra de Monteiro Lobato e abrir alguns caminhos práticos àqueles que desejam ensinar a ler.<br />
Assim, esperamos que vocês aproveitem este material, apaixonem-se ainda mais pela obra<br />
de nosso maior escritor para crianças e sigam em frente forman<strong>do</strong> novas gerações de leitores.<br />
Boas leituras e bom trabalho!
Índice<br />
A obra infantil de Monteiro Lobato 5<br />
O inventor da literatura infantil brasileira 5<br />
Características inova<strong>do</strong>ras da obra de Lobato 6<br />
Realidade e fantasia sem fronteiras 6<br />
O espaço democrático e a criança como sujeito 7<br />
A inovação nos temas e a visão crítica da realidade 7<br />
A intertextualidade 8<br />
A linguagem 8<br />
O diálogo com outras culturas e tempos 9<br />
A formação <strong>do</strong> leitor 9<br />
A leitura literária no espaço escolar 10<br />
A escolarização da literatura infantil 10<br />
Práticas de leitura na escola 11<br />
Preparação da leitura 11<br />
Compartilhar e comentar 12<br />
Analisar, registrar e socializar 13<br />
Recontar e criar 13<br />
Diálogo com outras áreas de conhecimento 14<br />
Um mergulho nos livros de Monteiro Lobato 15<br />
Reinações de Narizinho volume 1 15<br />
Abre-se a porteira <strong>do</strong> Sítio <strong>do</strong> Picapau Amarelo 15<br />
Sugestões de atividades 16<br />
Reinações de Narizinho volume 2 19<br />
Liberdade e imaginação 19<br />
Sugestões de atividades 20<br />
O Saci 23<br />
Uma viagem pelo folclore brasileiro 23<br />
Sugestões de atividades 24<br />
Memórias da Emília 27<br />
Histórias dentro de histórias 27<br />
Sugestões de atividades 28<br />
Viagem ao Céu 31<br />
Um voo mágico e científico 31<br />
Sugestões de atividades 32
A obra infantil de Monteiro Lobato<br />
O inventor da literatura<br />
infantil brasileira<br />
Monteiro Lobato é considera<strong>do</strong> por muitos<br />
o pai da literatura infantil brasileira. Este<br />
título, mais <strong>do</strong> que justo, tem explicação. Antes<br />
de Lobato, as histórias lidas pelas crianças<br />
eram importadas da Europa e apresentavam<br />
ambientações e contextos muito diversos <strong>do</strong>s<br />
da realidade nacional. Além disso, eram traduzidas<br />
para um português muito difícil e distante<br />
da fala brasileira da época.<br />
Também a literatura infantil criada no<br />
Brasil não encantava muito as nossas crianças,<br />
pois estava a serviço da escola, mais<br />
preocupada em transmitir valores <strong>do</strong> que<br />
propriamente em divertir e abrir as portas<br />
para a imaginação.<br />
Perceben<strong>do</strong> este cenário, Monteiro Lobato,<br />
em 1920, já escritor, editor e jornalis-<br />
ta reconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong> público adulto, lança seu<br />
primeiro livro para crianças – A Menina <strong>do</strong><br />
Narizinho Arrebita<strong>do</strong> – e inaugura com esta<br />
obra uma série de características que transformariam<br />
a nossa literatura infantil.<br />
“Ainda acabo fazen<strong>do</strong> livros onde as<br />
nossas crianças possam morar”, dizia o<br />
próprio autor em 1926, em carta ao amigo<br />
Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Rangel. E foi exatamente o que<br />
ocorreu.<br />
Partin<strong>do</strong> de um universo brasileiro e<br />
rural – o Sítio <strong>do</strong> Picapau Amarelo –, Lobato<br />
cria uma literatura onde a criança é convidada<br />
a sonhar, a imaginar e também a conhecer<br />
muito sobre a realidade. A diferença<br />
é que em Lobato ela é livre para argumentar,<br />
trocar ideias e tirar suas próprias conclusões.<br />
Por isso, pode-se dizer que não há<br />
uma lição a aprender nas histórias de Monteiro<br />
Lobato, mas um mun<strong>do</strong> a se pensar, a<br />
se viver e a se construir.
Características inova<strong>do</strong>ras<br />
Realidade e fantasia<br />
sem fronteiras<br />
Uma das grandes inovações que Lobato<br />
trouxe para a literatura infantil foi a<br />
união entre realidade e fantasia. No Picapau<br />
Amarelo não há fronteiras entre esses <strong>do</strong>is<br />
mun<strong>do</strong>s. Os personagens <strong>do</strong> Sítio, adultos e<br />
crianças, recebem a visita de personagens<br />
<strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s das maravilhas, viajam no tempo<br />
e no espaço, mergulham em outras histórias,<br />
e tu<strong>do</strong> passa a fazer parte de um mesmo<br />
universo – real e indissociável.<br />
No entanto, em sua primeira história,<br />
A Menina <strong>do</strong> Narizinho Arrebita<strong>do</strong>, de 1920,<br />
esta união ainda não estava totalmente incorporada.<br />
Na aventura, Narizinho mergulha<br />
no Reino das Águas Claras, vivencia situações<br />
fantasiosas, Emília ganha vida, mas<br />
da obra de Lobato<br />
no final ela é acordada daquilo que “não passara<br />
de um lin<strong>do</strong> sonho”.<br />
O livro foi um sucesso entre as crianças<br />
e os leitores que se correspondiam com<br />
Lobato expressavam a vontade de que toda<br />
aquela imaginação prevalecesse no texto.<br />
Ao perceber que na criança a realidade e a<br />
fantasia caminham juntas, o autor foi escreven<strong>do</strong><br />
outras histórias, aboliu as fronteiras<br />
entre estes <strong>do</strong>is universos, tanto que ao reeditar<br />
esta história, mu<strong>do</strong>u o final.<br />
Por vezes, Lobato utiliza elementos<br />
mágicos, como o pó de pirlimpimpim e o faz<br />
de conta, para facilitar o trânsito entre o real<br />
e o imaginário, mas estes não interferem<br />
na solução <strong>do</strong>s problemas enfrenta<strong>do</strong>s pela<br />
Turma, pois a fantasia, no Picapau Amarelo,<br />
nunca é alienante, puramente mágica.<br />
Ao contrário, ela é uma forma de conduzir<br />
os personagens a novas experiências e de<br />
iluminar a realidade.
O espaço democrático<br />
e a criança como sujeito<br />
Lobato acreditava na inteligência da<br />
criança e na sua capacidade de pensar e interagir<br />
com o mun<strong>do</strong>. O Sítio é uma democracia<br />
onde to<strong>do</strong>s têm vez e voz – crianças, adultos,<br />
velhos, negros, brancos, animais, bonecos. As<br />
diferentes formas de ser e de estar no mun<strong>do</strong><br />
são respeitadas – to<strong>do</strong>s são livres para pensar<br />
e expressar opiniões, e os problemas são resolvi<strong>do</strong>s<br />
através da argumentação e da troca de<br />
A inovação nos<br />
temas e a visão crítica<br />
da realidade<br />
Com o intuito de formar cidadãos críticos,<br />
capazes de mudar o mun<strong>do</strong>, Lobato<br />
introduziu em sua literatura infantil temas<br />
jamais trata<strong>do</strong>s para este público.<br />
Em A Chave <strong>do</strong> Tamanho discutem-se<br />
as consequências de uma guerra para a humanidade.<br />
No Poço <strong>do</strong> Visconde, a temática é<br />
a modernização <strong>do</strong> Brasil. Lobato conquista<br />
o leitor para seu mun<strong>do</strong> ficcional e apresenta<br />
em suas histórias problemas sociais, po-<br />
ideias e informações. Na maior parte das vezes,<br />
inclusive, são as próprias crianças que encontram<br />
as soluções para os casos, receben<strong>do</strong><br />
o incentivo e o apoio <strong>do</strong>s adultos.<br />
Há também situações de impasses em<br />
que os personagens lançam mão <strong>do</strong> voto e, assim,<br />
se exercitam no sistema democrático. O<br />
autor tinha um projeto político ideológico bem<br />
defini<strong>do</strong> que era o de investir na formação das<br />
crianças para que estas, futuramente, fizessem<br />
<strong>do</strong> Brasil um país melhor e mais justo. Desse<br />
mo<strong>do</strong>, uma nova e transforma<strong>do</strong>ra visão sobre<br />
a criança nascia com Lobato.<br />
líticos, econômicos e culturais. Amplian<strong>do</strong><br />
sua visão de mun<strong>do</strong>, leva-o ao conhecimento<br />
de situações ignoradas e o provoca a construir<br />
uma postura crítica diante delas.<br />
Mesmo quan<strong>do</strong> toca em temas mais<br />
complexos, não perde a fantasia, a ironia e o<br />
humor. Assim, na saga <strong>do</strong> Picapau Amarelo<br />
ainda há espaço para a cultura grega, a literatura,<br />
a gramática, a história da humanidade,<br />
a ciência, a geografia e vários outros temas.<br />
É importante lembrar que Lobato preocupava-se<br />
muito com o resgate de nossa<br />
identidade nacional: em O Saci e Histórias<br />
da Tia Nastácia, deu voz às nossas crenças<br />
populares, valorizan<strong>do</strong>-as como conhecimento<br />
intuitivo e genuinamente brasileiro.
A intertextualidade<br />
A presença de personagens toma<strong>do</strong>s<br />
empresta<strong>do</strong>s de outras histórias é frequente<br />
nas narrativas <strong>do</strong> Sítio. Eles veem de todas<br />
as partes – <strong>do</strong>s contos clássicos europeus, <strong>do</strong><br />
folclore brasileiro, da mitologia grega, de<br />
desenhos anima<strong>do</strong>s e até <strong>do</strong> cinema americano<br />
da época. Uma vez no Sítio <strong>do</strong> Picapau<br />
Amarelo, interagem com os personagens lobatianos,<br />
vivem novas aventuras e têm suas<br />
A linguagem<br />
Lobato foi um grande inova<strong>do</strong>r no que<br />
se refere à linguagem. Seu interesse era despi-la<br />
de enfeites estilísticos, para dar lugar a<br />
um jeito mais direto de escrever, buscan<strong>do</strong><br />
o tom coloquial e uma fala com sabor brasileiro.<br />
Termos regionais como “assuntar”<br />
fazem o leitor sentir um gostinho de Brasil;<br />
formas populares de aumentativos e diminutivos<br />
como “cavalão” e “caminhinho”,<br />
verbos como “desacontecer”, locuções como<br />
“leva e traz”, neologismos como “borboletograma”,<br />
apontam para a busca da oralidade.<br />
Já as onomatopeias, sempre utilizadas, provocam<br />
graça e aproximam ainda mais a linguagem<br />
escrita <strong>do</strong> discurso oral.<br />
Interessa<strong>do</strong> também em ampliar o universo<br />
linguístico de seus leitores, o autor,<br />
por vezes, utiliza palavras mais eruditas<br />
para em seguida explicá-las de forma simples<br />
e de acor<strong>do</strong> com a lógica infantil. É assim<br />
que o termo “invulnerável”, explica<strong>do</strong><br />
coloquialmente pelo Visconde em Os Doze<br />
Trabalhos de Hércules, é reinterpreta<strong>do</strong> por<br />
Emília e se transforma em “inflexável”.<br />
próprias histórias reinterpretadas e reinventadas,<br />
como é o caso da Branca de Neve<br />
que conta para a turma <strong>do</strong> Sítio, em O Picapau<br />
Amarelo, sobre sua vida de casada após<br />
o “final feliz” <strong>do</strong> conto tradicional.<br />
O cruzamento dessas narrativas amplia<br />
o universo literário <strong>do</strong> leitor. Alice, Popeye,<br />
Hércules, Dom Quixote, Chapeuzinho<br />
Vermelho e Peter Pan visitam o Sítio e têm<br />
suas histórias reconhecidas, revisitadas e<br />
reinterpretadas.<br />
Lobato brincava com as palavras,<br />
usan<strong>do</strong> de muita criatividade, e conseguiu<br />
explorar em toda a sua obra as inúmeras<br />
possibilidades que a língua oferece.
O diálogo com outras<br />
culturas e tempos<br />
Monteiro Lobato apostava no moderno,<br />
mas nunca descartou o conhecimento<br />
das ideias antigas, <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e <strong>do</strong> tradicional.<br />
Muito pelo contrário. Através de suas<br />
histórias levava seus personagens e, consequentemente,<br />
seus leitores a mergulhar em<br />
outras culturas, espaços e tempos. Esta era<br />
uma forma de ampliar o conhecimento geral<br />
A formação <strong>do</strong> leitor<br />
Muito se tem discuti<strong>do</strong> sobre a importância<br />
da formação de novos leitores. Esta<br />
também era uma preocupação de Lobato, o<br />
que podemos comprovar em sua famosa frase<br />
“Um país se faz com homens e livros”. A<br />
leitura, como fonte de prazer, conhecimento<br />
e transformação é valorizada no Sítio <strong>do</strong><br />
Picapau Amarelo. Várias vezes, inclusive, é<br />
ela quem inspira uma nova aventura.<br />
Dona Benta, leitora madura, é a grande<br />
inicia<strong>do</strong>ra de seus netos nesse caminho.<br />
Possui<strong>do</strong>ra de uma rica biblioteca, lê para<br />
eles clássicos da literatura, debate matérias<br />
de jornais, indica livros. Através de suas<br />
ações, podemos observar que Lobato vai estruturan<strong>do</strong><br />
o próprio trabalho de formação<br />
<strong>do</strong> leitor: Dona Benta lê em voz alta e em<br />
capítulos, adapta a linguagem, quan<strong>do</strong> ne-<br />
das crianças, mas também de lhes dar espaço<br />
para dialogarem, usan<strong>do</strong> seus próprios<br />
saberes, com estes diferentes mo<strong>do</strong>s de pensar<br />
e estar no mun<strong>do</strong>. Assim observamos,<br />
em O Minotauro, narrativa ambientada na<br />
Grécia Antiga, o questionamento de Narizinho<br />
sobre como uma forma de governo que<br />
se propunha democrática poderia abrigar a<br />
cultura da escravidão. Os personagens lobatianos,<br />
ao mesmo tempo que descobrem e<br />
aprendem com o passa<strong>do</strong>, valorizam-no em<br />
diferentes aspectos, buscan<strong>do</strong> também um<br />
novo significa<strong>do</strong> para ele.<br />
cessário, para o entendimento <strong>do</strong>s seus leitores<br />
iniciantes, abre espaço para que eles<br />
emitam opiniões, apoiem, discordem, questionem<br />
– aponta a verossimilhança <strong>do</strong>s personagens<br />
e das situações das histórias lidas<br />
com as características e experiências <strong>do</strong>s<br />
seus ouvintes etc. Poderíamos dizer que é<br />
como um professor, median<strong>do</strong>, iluminan<strong>do</strong><br />
e amplian<strong>do</strong> a leitura de seus alunos.
10<br />
A leitura literária no espaço escolar<br />
A escolarização<br />
da literatura infantil<br />
Desde o seu surgimento como instituição,<br />
a escola está diretamente ligada à<br />
aquisição de saberes. Num processo de escolarização,<br />
os saberes foram formaliza<strong>do</strong>s<br />
e organiza<strong>do</strong>s em currículos, meto<strong>do</strong>logias,<br />
matérias e tarefas, para serem vivencia<strong>do</strong>s e<br />
apreendi<strong>do</strong>s pelos alunos.<br />
A literatura, ao se tornar um saber<br />
escolar, também sofre este processo. Mas<br />
como transformá-lo em algo significativo e<br />
que contribua para a formação <strong>do</strong>s alunos,<br />
de acor<strong>do</strong> com o ideal de leitor que se deseja<br />
formar? Como orientar adequadamente<br />
a leitura de livros e o trabalho com o texto<br />
literário? Como, enfim, a escolarização da literatura<br />
poderá conduzir às práticas sociais<br />
de leitura, além <strong>do</strong>s muros da escola?<br />
A partir destes questionamentos, entendemos<br />
que toda e qualquer prática criada<br />
para o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho com a literatura<br />
na escola deva se embasar na ideia<br />
de levar o leitor a ampliar seu diálogo com a<br />
obra, descobrir novos senti<strong>do</strong>s, estabelecer<br />
relações com outras leituras já feitas, assim<br />
como com as leituras <strong>do</strong>s diferentes leitores<br />
daquela comunidade.<br />
Muitas propostas podem ser desenvolvidas<br />
na busca destes fins – lúdicas, reflexivas,<br />
informativas, cria<strong>do</strong>ras –, no entanto,<br />
antes de expô-las e de nos debruçarmos<br />
sobre elas, vamos levantar ainda algumas<br />
questões.<br />
É interessante pensar no trabalho com<br />
a literatura como parte de um projeto mais<br />
amplo de leitura, organiza<strong>do</strong> a partir de um<br />
determina<strong>do</strong> foco, como autor, gênero, temática<br />
e personagens, que não se esgota em<br />
si mesmo, mas aponta para novas experiências<br />
e desejos de leitura.<br />
Também é importante que os alunos<br />
participem da criação de ideias para possíveis<br />
produtos finais sobre a leitura realizada,<br />
sem esquecer, no entanto, que o “sucesso”<br />
de um projeto com a literatura independe de<br />
“produtos palpáveis”. Uma Roda de Leitura<br />
bem preparada e conduzida, que promova<br />
um debate interessante sobre a temática <strong>do</strong><br />
livro li<strong>do</strong> e suas características literárias,<br />
não é algo palpável, porém poderá ser mais<br />
fundamental para a formação <strong>do</strong>s alunos, no<br />
que se refere à aquisição de novos significa<strong>do</strong>s<br />
na leitura, <strong>do</strong> que outros tipos de atividades<br />
que resultem num produto concreto.<br />
O professor, nesse aspecto, passa a ser<br />
elemento primordial. Cabe a ele mediar o<br />
processo da formação de seus alunos, orientan<strong>do</strong>-os<br />
no senti<strong>do</strong> de ler bem e de ler mais.<br />
Assim, a leitura prévia da obra que deseja<br />
compartilhar com seu grupo é imprescindível.<br />
Nesse primeiro diálogo ele poderá encontrar<br />
seus próprios senti<strong>do</strong>s para o texto<br />
escolhi<strong>do</strong> e, de acor<strong>do</strong> com o que conhece<br />
de seus leitores, destacar entre as propostas<br />
que apresentaremos neste <strong>Guia</strong> aquelas que<br />
mais se aproximam de seu estilo e objetivos<br />
de trabalho, adequan<strong>do</strong>-as e recrian<strong>do</strong>-as<br />
sempre que necessário, numa busca autoral<br />
para sua prática de educa<strong>do</strong>r.
Práticas de leitura na escola<br />
Preparação da leitura<br />
Antes de iniciar um projeto de leitura<br />
é importante que o professor apresente<br />
aos alunos os livros que farão parte da nova<br />
proposta. Tecer comentários sobre tema,<br />
ambiente, linguagem e personagens daqueles<br />
universos, ler informações contidas nas<br />
contracapas, falar sobre os autores, indagar<br />
sobre o conhecimento que o grupo tem<br />
da obra desses autores, motivar os alunos a<br />
partir de sua própria opinião sobre a leitura,<br />
deixá-los manusear os livros livremente<br />
para perceberem seus aspectos gráficos, são<br />
práticas que aguçam e provocam a curiosidade<br />
<strong>do</strong> leitor rumo à leitura.<br />
Se o foco <strong>do</strong> trabalho for o mergulho na<br />
literatura de um único escritor, como Monteiro<br />
Lobato, <strong>do</strong>no de uma extensa e significativa<br />
obra infantil, é interessante que o<br />
professor amplie a sua apresentação, aprofundan<strong>do</strong><br />
da<strong>do</strong>s e curiosidades biográficas.<br />
1931 - Publica o livro As<br />
reinações de Narizinho.<br />
Outra proposta enriquece<strong>do</strong>ra seria<br />
colocar à disposição <strong>do</strong>s alunos diferentes<br />
livros <strong>do</strong> autor, entre antigas e recentes edições,<br />
que, na sua variedade e permanência ao<br />
longo <strong>do</strong> tempo, traduzem a importância da<br />
obra de Lobato.<br />
1925 - Adapta em<br />
livro o folheto<br />
Jeca Tatuzinho,<br />
publica<strong>do</strong> em 1920,<br />
para promover<br />
o medicamento<br />
fortificante<br />
Biotônico Fontoura.<br />
1945 - O livro Reinações de Narizinho<br />
é traduzi<strong>do</strong> e lança<strong>do</strong><br />
na Itália com o título Nasino.<br />
11
12<br />
Compartilhar e comentar<br />
A hora <strong>do</strong> conto<br />
Um <strong>do</strong>s momentos de maior encantamento<br />
para os jovens leitores é aquele em<br />
que o professor lê um livro em voz alta. As<br />
entonações e intenções que o adulto, leitor<br />
fluente, pode conferir à sua leitura, ajudam,<br />
e muito, no mergulho e na interação <strong>do</strong> ouvinte<br />
com a história. Ao final da leitura e<br />
mesmo durante, as crianças gostam de se<br />
colocar, e é importante que isso aconteça,<br />
pois demonstra que elas estão estabelecen<strong>do</strong><br />
relações com o que estão ouvin<strong>do</strong>.<br />
Leitura em capítulos<br />
Ler oralmente e em capítulos é uma<br />
prática que estimula e aguça as curiosidades<br />
a respeito <strong>do</strong> desenrolar de uma história<br />
mais extensa. O que será que vai acontecer<br />
no próximo capítulo? Numa sala de aula, os<br />
ouvintes, diante desta questão, poderão pensar<br />
coisas diferentes e, ao compartilharem<br />
suas ideias, rever e ampliar suas interpretações<br />
sobre a narrativa em andamento.<br />
Leitura em grupos<br />
Compartilhar a leitura de um único<br />
texto em pequenos grupos ou num grupo<br />
grande, quan<strong>do</strong> cada um tem a sua vez de ler<br />
em voz alta, desenvolven<strong>do</strong> assim a sua expressão<br />
oral, é também estimulante para os<br />
leitores em formação. Nessa hora, eles são os<br />
condutores da narrativa, responsáveis por<br />
dar vida, através de sua interpretação, aos<br />
personagens e acontecimentos da história.<br />
Roda de Leitura<br />
Nas Rodas de Leitura, o professor lê<br />
em voz alta o texto escolhi<strong>do</strong> e o grupo o<br />
acompanha em cópias impressas ou outros<br />
exemplares. O importante da Roda é que, ao<br />
final da leitura, o professor instigue os alunos<br />
a pensarem sobre o que leram, levantan<strong>do</strong><br />
questões a serem debatidas, e estimulan<strong>do</strong>-os<br />
a trocarem suas impressões. No debate<br />
de ideias, é possível cruzar diferentes leituras,<br />
comparan<strong>do</strong> a que está sen<strong>do</strong> discutida<br />
com outras já conhecidas <strong>do</strong>s leitores.<br />
Cabe ainda ao professor aprimorar a<br />
leitura <strong>do</strong>s alunos, voltan<strong>do</strong> ao texto li<strong>do</strong>, no<br />
intuito de chamar a atenção para aspectos<br />
significativos da narrativa, não percebi<strong>do</strong>s<br />
de imediato pelo grupo, e analisan<strong>do</strong> o tratamento<br />
literário da<strong>do</strong> ao texto, no que se refere<br />
ao gênero, linguagem, tempo, ambiente,<br />
narra<strong>do</strong>r e personagens, amplian<strong>do</strong> assim o<br />
saber de seus alunos sobre o fazer literário.<br />
Roda de Comentários<br />
Nesta prática escolar, os alunos partem<br />
de leituras diferentes, escolhidas individualmente<br />
ou sugeridas pelo professor, e<br />
encontram na Roda de Comentários espaço<br />
para seu compartilhamento. Na Roda, cada<br />
leitor emite sua opinião e comenta sobre o<br />
que leu, poden<strong>do</strong> apresentar a sinopse <strong>do</strong><br />
livro, destacar aquilo que considerou interessante,<br />
mostrar ilustrações, ler trechos<br />
que desejar, estimulan<strong>do</strong> o interesse <strong>do</strong>s<br />
demais leitores sobre aquele texto. O aluno<br />
aqui deixa de ser apenas receptor das vozes<br />
escolares para assumir o lugar de produtor<br />
de ideias, contribuin<strong>do</strong>, consequentemente,<br />
para a circulação da cultura. Esta é uma das<br />
atividades mais fundamentais para a escolarização<br />
da leitura literária, pois conduz<br />
naturalmente às práticas sociais de leitura<br />
também fora da escola.<br />
Para abrir os horizontes literários<br />
Trabalhar com a literatura como parte<br />
de um projeto mais amplo para a formação
<strong>do</strong> leitor é fundamental. O professor, elegen<strong>do</strong><br />
um ou mais livros para serem trabalha<strong>do</strong>s,<br />
poderá organizar sua proposta a partir<br />
de diferentes focos – autor, gênero, temática,<br />
personagens – e, no senti<strong>do</strong> de ampliá-la,<br />
citar, sugerir e ler também, ao longo de sua<br />
duração, outros textos que se relacionem<br />
com eles, seja na semelhança entre personagens,<br />
seja no assunto aborda<strong>do</strong>, ou qualquer<br />
outro aspecto. Em vários livros de Monteiro<br />
Lobato, por exemplo, nos deparamos com<br />
personagens saí<strong>do</strong>s de outras histórias. Trazê-las<br />
para o conhecimento <strong>do</strong> aluno é uma<br />
excelente oportunidade de ampliar seu campo<br />
cultural, seu contato com a literatura e<br />
seu desejo de ler.<br />
Analisar, registrar<br />
e socializar<br />
Resenhas, comentários e cartazes<br />
Resenhar, comentar e produzir cartazes<br />
de livros são práticas recorrentes na<br />
escolarização da literatura. Mas, para fazerem<br />
senti<strong>do</strong> na formação leitora <strong>do</strong>s alunos,<br />
não podem apenas ser objeto de avaliação<br />
<strong>do</strong> professor. É fundamental que elas cumpram<br />
dentro da escola o mesmo papel que<br />
cumprem fora: divulgar ideias e fazer a cultura<br />
circular. O aluno precisa perceber que<br />
suas reflexões podem ser significativas para<br />
outros leitores, levan<strong>do</strong>-os inclusive a novas<br />
experiências de leitura. Por isso tais produções<br />
devem ser socializadas no espaço comum<br />
da escola, através de murais, caixas de<br />
comentários que fiquem na biblioteca, publicações<br />
em jornais e blogs etc. Vale ainda<br />
comentar que os alunos necessitam aprender<br />
a produzir estes tipos de texto para se<br />
tornarem capazes de comunicar suas ideias<br />
com eficácia. O professor pode, inclusive,<br />
apresentar modelos e exemplos reais para<br />
instrumentalizar o aluno.<br />
Galeria de personagens<br />
O que se observa nos personagens de<br />
um texto representa muito <strong>do</strong> diálogo que o<br />
leitor estabelece com uma narrativa. Nesse<br />
aspecto, escrever sobre personagens se torna<br />
atividade significativa para o aprofundamento<br />
da leitura. Quan<strong>do</strong> o aluno é chama<strong>do</strong><br />
a participar deste tipo de proposta, ele<br />
se debruça novamente sobre a história lida,<br />
lembra de passagens <strong>do</strong>s personagens, checa<br />
suas primeiras impressões e, nesse vai e<br />
vem de pensamentos, pode inclusive descobrir<br />
novos senti<strong>do</strong>s para ela.<br />
Elaborar desenhos <strong>do</strong>s personagens,<br />
acompanha<strong>do</strong>s de textos que expressem a<br />
percepção que o aluno tem sobre eles, criar<br />
entrevistas com os personagens, dan<strong>do</strong> voz<br />
a seus jeitos de pensar, agir, são algumas<br />
maneiras de se desenvolver esta prática de<br />
leitura. Além disso, uma Galeria de Personagens<br />
de um texto, se exposta no espaço comum<br />
da escola, provoca o interesse de outros<br />
leitores para o livro de onde eles saíram.<br />
Recontar e criar<br />
Reconto de histórias<br />
Ao recontar uma história, a criança<br />
tem a oportunidade de organizar seu pensamento,<br />
bem como se apropriar da forma de<br />
expressão e linguagem da narrativa. Nesta<br />
proposta, que pode ser desenvolvida individualmente<br />
ou em grupo, são explora<strong>do</strong>s os<br />
diferentes elementos que compõem um texto:<br />
sequência <strong>do</strong>s acontecimentos, espaço, tempo,<br />
personagens, falas, conflitos e desfechos.<br />
Quan<strong>do</strong> vivenciada coletivamente, a atividade<br />
é muito enriquece<strong>do</strong>ra, pois os alunos<br />
se complementam nas lembranças e obser-<br />
1
1<br />
vações sobre os diversos aspectos <strong>do</strong> texto,<br />
aprofundan<strong>do</strong> os senti<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a ele.<br />
O reconto pode ser explora<strong>do</strong> apenas<br />
oralmente ou ser transforma<strong>do</strong> num novo<br />
texto, dan<strong>do</strong> origem a um livro para ser conta<strong>do</strong><br />
a outros ouvintes. Também é possível<br />
desenvolver os recontos, usan<strong>do</strong> desenhos,<br />
bonecos ou objetos representativos <strong>do</strong>s personagens,<br />
cenários e passagens fundamentais<br />
da trama, que, na sua expressão, ajudam a<br />
resgatar o desenrolar da história no momento<br />
de sua “contação”. Tal momento permite<br />
ainda à criança aprimorar sua expressividade<br />
oral.<br />
Produção de novos textos<br />
Na busca de senti<strong>do</strong>s, a experiência com<br />
a leitura de um livro pode muitas vezes apontar<br />
para uma produção textual: recontar a história<br />
sob o ponto de vista de outro personagem,<br />
inventar novos finais para a trama, escrever<br />
cartas para os personagens, comentan<strong>do</strong> suas<br />
ações, inventar entrevistas com eles, de forma<br />
a resgatar seus pensamentos, sentimentos e<br />
ações, desenvolver um jornal a partir <strong>do</strong> contexto<br />
da narrativa, imaginar diálogos entre os<br />
personagens como se muitos anos já se tivessem<br />
passa<strong>do</strong>, inventar diários para os personagens,<br />
criar novas aventuras com eles, ou<br />
misturá-los aos de outros enre<strong>do</strong>s, levan<strong>do</strong>-os<br />
a diversos cenários e tempos.<br />
São atividades que abrem espaço para a<br />
criação e colaboram com o desenvolvimento<br />
da escrita <strong>do</strong>s alunos. Para se apropriarem<br />
<strong>do</strong>s diferentes tipos de textos cita<strong>do</strong>s acima,<br />
é preciso que as crianças aprendam na escola<br />
sobre suas características e tenham também<br />
a oportunidade de exercitá-las. A experiência<br />
com a literatura, nesse aspecto, configura-se<br />
como uma forte aliada para o sucesso destas<br />
aprendizagens.<br />
Criações com apoio de linguagens artísticas<br />
Quan<strong>do</strong> lemos uma história, imaginamos<br />
seus cenários, seus personagens, seus<br />
mo<strong>do</strong>s de falar, de andar... Para concretizar<br />
to<strong>do</strong> esse imaginário podemos lançar mão da<br />
experiência com outras linguagens artísticas:<br />
montagem de painéis e maquetes, confecção<br />
de personagens, produção de quadrinhos,<br />
dramatização de partes da história ou representação<br />
com fantoches, criação de sonoplastia<br />
para momentos empolgantes da narrativa,<br />
trabalhos corporais inspira<strong>do</strong>s nos jeitos<br />
de ser <strong>do</strong>s personagens, entre outras. Cabe ao<br />
professor, no intuito de enriquecer a formação<br />
de seu grupo, orientá-lo adequadamente<br />
para o uso dessas linguagens e suas especificidades<br />
de expressão. O fundamental, porém,<br />
é que no contato com elas o aluno encontre<br />
novos senti<strong>do</strong>s para o que leu, amplian<strong>do</strong> sua<br />
experiência leitora.<br />
Diálogo com outras áreas<br />
de conhecimento<br />
Mergulhar na literatura é deixar-se levar<br />
por ondas de emoções, sensações, pensamentos,<br />
assombros, encantamentos. Porém,<br />
existem histórias que, além de tu<strong>do</strong> isso, também<br />
nos levam a descobrir outros tempos,<br />
culturas, geografias, políticas. Um texto que<br />
não perca suas características literárias, mas<br />
que aborde questões ligadas a outras áreas<br />
<strong>do</strong> conhecimento, após a sua leitura lúdica e<br />
amplia<strong>do</strong>ra de senti<strong>do</strong>s, poderá na escola ser<br />
estímulo também para a aquisição e aprofundamento<br />
de aprendizagens curriculares. Em<br />
Viagem ao Céu, de Monteiro Lobato, os personagens<br />
passeiam entre estrelas e planetas e o<br />
leitor, apenas com a leitura <strong>do</strong> texto, já aprende<br />
sobre astronomia. No caso <strong>do</strong> interesse de<br />
alunos e professores, o assunto poderá ser amplia<strong>do</strong><br />
através de novas leituras e pesquisas.
Um mergulho nos livros<br />
de Monteiro Lobato<br />
c<br />
Abre-se a porteira <strong>do</strong> Sítio<br />
<strong>do</strong> Picapau Amarelo<br />
Ao lançar em 1920 seu primeiro livro<br />
para crianças, A Menina <strong>do</strong> Narizinho Arrebita<strong>do</strong>,<br />
Monteiro Lobato não sabia, mas iniciava<br />
uma revolução na literatura infantil<br />
brasileira. Numa casinha branca, lá no Sítio<br />
<strong>do</strong> Picapau Amarelo, as portas da imaginação<br />
se abriam para os leitores mirins.<br />
E não se fecharam mais, pois na sequência<br />
desta história, grande sucesso na época,<br />
outras aventuras <strong>do</strong> Sítio foram sen<strong>do</strong> escritas<br />
e aprovadas pelos leitores. O tempo pas-<br />
Reinações de Narizinho<br />
volume 1<br />
sou e, em 1931, Lobato decidiu reuni-las num<br />
único livro, composto de onze episódios que<br />
batizou de Reinações de Narizinho.<br />
Quan<strong>do</strong> reeditava seus textos, Lobato<br />
muitas vezes modificava-os. Ao rever A Menina<br />
<strong>do</strong> Narizinho Arrebita<strong>do</strong>, para transformá-lo<br />
no capítulo inicial <strong>do</strong> novo livro,<br />
percebemos com clareza sua opção pela fantasia.<br />
Opção reforçada pelas cartas que recebia<br />
de seus leitores.<br />
A aventura vivida por Narizinho, na<br />
versão de 1920, chega ao fim quan<strong>do</strong> ela é<br />
despertada de um sonho. Em 1931, o autor<br />
muda este acontecimento e, como já se percebia<br />
nas demais narrativas de Reinações,<br />
1
1<br />
rompe com as fronteiras entre a realidade<br />
e a imaginação, fazen<strong>do</strong> com que todas as<br />
ocorrências <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das maravilhas sejam<br />
tratadas como naturais – marca significativa<br />
na moderna literatura infantil que<br />
nascia, e que dialogava perfeitamente com o<br />
pensamento das crianças.<br />
Podemos dizer que Reinações de Narizinho<br />
é a matriz <strong>do</strong> Sítio, onde tu<strong>do</strong> começa,<br />
onde o núcleo de personagens principais vai se<br />
fixan<strong>do</strong> e onde as características inova<strong>do</strong>ras<br />
Sugestões de atividades<br />
Preparação da leitura<br />
n Para apresentar o livro Reinações de Narizinho<br />
é importante destacar suas características:<br />
é um livro que reúne várias histórias,<br />
lançadas separadamente na década de 1920,<br />
tem como capítulo inicial a primeira narrativa<br />
de Lobato para crianças, pode ser li<strong>do</strong><br />
de forma sequencial ou não, e é um marco de<br />
mudança na nossa literatura infantil, devi<strong>do</strong><br />
às várias inovações que apresenta.<br />
n Além da apresentação feita sobre Lobato<br />
nesta edição de Reinações, pesquise com as<br />
crianças outras curiosidades de sua trajetória,<br />
inclusive de sua infância, que foi determinante<br />
para a criação <strong>do</strong> Sítio. Neste <strong>Guia</strong>,<br />
encontram-se indicações de sites e livros que<br />
poderão ajudar na atividade.<br />
n Se a proposta for ler o livro inteiro, comente<br />
com os alunos sobre cada uma das<br />
narrativas, apresentan<strong>do</strong> suas sinopses, ambientações<br />
e características importantes. Se<br />
apenas uma história fizer parte da leitura,<br />
chame a atenção <strong>do</strong>s alunos para suas peculiaridades<br />
como invenção da linguagem,<br />
personagens (além <strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sítio) etc.<br />
<strong>do</strong> escritor já são perceptíveis, inclusive nas<br />
seis primeiras histórias que compõem o volume<br />
1 desta sua nova edição: a inventividade<br />
na linguagem, a presença de personagens de<br />
outras narrativas e culturas, a valorização da<br />
leitura, o humor, a ironia, e, principalmente,<br />
consideran<strong>do</strong> as crianças como seres capazes<br />
de interagir com qualquer tema e manifestar<br />
sua avidez por conhecimentos e aventuras.<br />
Reinações de Narizinho é um livro para<br />
se morar, como diria o próprio Lobato.<br />
Compartilhar e comentar<br />
Hora <strong>do</strong> Conto e leitura em capítulos<br />
n Todas as histórias <strong>do</strong> livro podem ser exploradas<br />
nestas dinâmicas. Para a Hora <strong>do</strong><br />
Conto, escolha cenas ou ideias engraçadas,<br />
onde apareça a linguagem inventiva de Lobato.<br />
Para a leitura em capítulos, o livro é<br />
perfeito, pois todas as narrativas que o compõem<br />
se dividem em diferentes partes.<br />
Roda de Comentários e Roda de Leitura<br />
n Ao término de cada uma das histórias <strong>do</strong><br />
livro peça aos leitores que destaquem o que<br />
lhes chamou a atenção, e que relacionem e<br />
comparem aquela narrativa com as lidas anteriormente.<br />
Se a opção for promover uma Roda<br />
de Comentários após a leitura das seis histórias,<br />
uma sugestão é dividi-las por diferentes<br />
grupos, para que cada um, depois da troca de<br />
opiniões individuais, possa preparar um comentário<br />
conjunto sobre ela, e apresentar aos<br />
demais grupos.<br />
n Em Narizinho Arrebita<strong>do</strong>, a menina mergulha<br />
no Reino das Águas Claras e o trabalho<br />
pode se direcionar à caracterização<br />
desse ambiente aquático, quem são seus habitantes,<br />
como sua sociedade se organiza.
n A primeira narrativa de Reinações dialoga<br />
com personagens e elementos <strong>do</strong>s contos de<br />
fadas. Por que o Polegar fugiu de seu livro?<br />
Converse sobre a história de Dona Aranha<br />
e seu desencantamento. Que outras referências<br />
aos contos antigos percebemos no<br />
episódio?<br />
n Ao se deparar com uma Emília falante,<br />
Narizinho filosofa: “ – ...As ideias de Emília<br />
hão de ser sempre novidades”. Comente<br />
sobre a personalidade da boneca na primeira<br />
história <strong>do</strong> Sítio e seu desenvolvimento<br />
nas seguintes. Peça aos alunos que busquem<br />
exemplos no texto para explicá-la.<br />
n Comente com as crianças sobre o episódio<br />
O Marquês de Rabicó, quan<strong>do</strong> acontece o casamento<br />
da boneca com o porco, e no qual<br />
nos remetemos a um modelo de família e de<br />
sociedade bem diferentes <strong>do</strong> atual.<br />
n Em As Aventuras <strong>do</strong> Príncipe, Dona Benta<br />
passa a acreditar nas aventuras contadas<br />
pela neta e afirma: “Esse mun<strong>do</strong> em que você<br />
e Pedrinho vivem é muito mais interessante<br />
que o nosso”. Converse sobre esta ideia. A<br />
que mun<strong>do</strong> ela está se referin<strong>do</strong>?<br />
n Em Reinações (volume 1), aparecem personagens<br />
considera<strong>do</strong>s modernos, à época de<br />
Lobato, e vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cinema: Tom Mix e Gato<br />
Félix. Apresente-os aos leitores, falan<strong>do</strong> sobre<br />
suas histórias originais.<br />
n A comunicação via<br />
cartas e bilhetes é<br />
muito presente neste<br />
livro. Comente sobre<br />
este tipo de texto<br />
e sua importância na<br />
época <strong>do</strong> autor. Aproveite<br />
para falar sobre<br />
a comunicação através<br />
da escrita que usamos com mais<br />
frequência atualmente.<br />
Analisar, registrar e socializar<br />
Catálogo de Reinações<br />
n Como se trata <strong>do</strong> livro inicial e fundamental<br />
na saga <strong>do</strong> Picapau Amarelo, analise-o<br />
mais amplamente, propon<strong>do</strong> a criação de<br />
um catálogo que comporte diferentes informações:<br />
texto biográfico sobre o autor, resumos<br />
curtos e comentários para cada um<br />
<strong>do</strong>s seus episódios e uma galeria de personagens,<br />
com textos descritivos, que apresente<br />
os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Sítio e os de outros reinos<br />
ou histórias. To<strong>do</strong>s estes elementos podem<br />
vir acompanha<strong>do</strong>s de ilustrações produzidas<br />
pelas crianças.<br />
Entrevistas com os personagens<br />
n É em Reinações que os personagens fixos<br />
<strong>do</strong> Sítio surgem e começamos a conhecer<br />
seus jeitos, gostos, pensamentos e aventuras<br />
iniciais. Uma forma de apresentá-los é<br />
crian<strong>do</strong> entrevistas com eles, de forma que<br />
as perguntas e respostas mostrem suas trajetórias,<br />
personalidades e mo<strong>do</strong>s de expressão.<br />
“Emília, como você aprendeu a falar?”,<br />
“Rabicó, o que você mais gosta de comer?”,<br />
são exemplos, entre outros, que as crianças,<br />
na leitura das histórias, podem destacar<br />
para desenvolver a entrevista.<br />
1
1<br />
Recontar e criar<br />
Palavras e expressões curiosas<br />
n Na fala de Emília e também na <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r<br />
encontramos palavras, onomatopeias e<br />
expressões curiosas: borboletograma, narizinho-arrebitadite,<br />
liscabão etc. Pesquise no<br />
texto outros exemplos da linguagem inventiva<br />
<strong>do</strong> autor e crie um tipo de glossário para<br />
explicá-las.<br />
Histórias orais<br />
n Em O Gato Félix, a cada noite um personagem<br />
inventa uma história. Tia Nastácia<br />
diz “– É hora, gente!” e um novo narra<strong>do</strong>r<br />
assume a função de conta<strong>do</strong>r. Proponha<br />
aos alunos uma atividade como esta: a cada<br />
aula, um aluno cria uma história para narrar<br />
para a turma.<br />
Criação e reconto de textos<br />
n Em O Casamento de Narizinho, a menina<br />
e o Príncipe Escama<strong>do</strong> trocam cartas, mas<br />
só uma delas está no texto. Invente cartas e<br />
bilhetes que expressem tal correspondência<br />
amorosa.<br />
n Em alguns capítulos de O Marquês de Rabicó,<br />
Narizinho está brincan<strong>do</strong> de casar sua<br />
boneca. Nesse contexto, ela cria bonecos e<br />
usa objetos para representar os personagens<br />
necessários à brincadeira. Proponha o<br />
reconto oral destas partes utilizan<strong>do</strong> objetos<br />
e bonecos.<br />
Criações com apoio de linguagens<br />
artísticas<br />
n O Reino das Águas Claras é descrito com<br />
detalhes em mais de um episódio de Reinações.<br />
Proponha formas para recriá-lo: painéis<br />
ilustra<strong>do</strong>s ou com colagens, maquetes<br />
que utilizem elementos <strong>do</strong> mar (conchas,<br />
areia, pedras) etc.<br />
n Crie o “Museu das Reinações”, confeccionan<strong>do</strong><br />
e expon<strong>do</strong> alguns objetos representativos<br />
de suas histórias e personagens. Por<br />
exemplo: as jabuticadas que Narizinho a<strong>do</strong>ra<br />
comer, as pílulas <strong>do</strong> Dr. Caramujo, a concha<br />
com o bilhete <strong>do</strong> Príncipe, o vesti<strong>do</strong> de<br />
casamento da menina, a lata <strong>do</strong> Visconde, o<br />
bo<strong>do</strong>que de Pedrinho etc.<br />
Diálogo com outras áreas<br />
de conhecimento<br />
n Pesquise com os alunos sobre alguns universos<br />
naturais presentes em Reinações de<br />
Narizinho, como o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar e a sociedade<br />
das abelhas.<br />
n Em algumas narrativas de Reinações observamos<br />
o ambiente rural <strong>do</strong> Sítio e o cotidiano<br />
de seus habitantes com suas ocupações, divertimentos,<br />
hábitos. Pesquise outras atividades<br />
e costumes presentes na vida <strong>do</strong> campo<br />
<strong>do</strong>s tempos atuais.
Liberdade e imaginação<br />
As cinco histórias que compõem este<br />
segun<strong>do</strong> volume de Reinações de Narizinho<br />
foram escritas entre 1928 e 1931 e, com as<br />
mesmas características inova<strong>do</strong>ras das outras<br />
seis narrativas, dão continuidade à saga<br />
<strong>do</strong> Picapau Amarelo.<br />
Os acontecimentos narra<strong>do</strong>s nos diferentes<br />
episódios partem e convergem para<br />
o Sítio, e são impulsiona<strong>do</strong>s pelo desejo <strong>do</strong>s<br />
personagens de viver experiências inéditas,<br />
nas quais a fantasia misturada à realidade<br />
se caracteriza como sua mola mestra.<br />
Neste segun<strong>do</strong> volume, o ato de contar<br />
e criar histórias se acentua entre os personagens<br />
e as aventuras vividas por eles, marcadas<br />
pela intertextualidade, promovem o<br />
encontro e o diálogo com os mais diversos<br />
universos ficcionais. Os personagens tradicionais<br />
e os modernos, presentes nas narrativas,<br />
têm suas histórias revisitadas e<br />
Reinações de Narizinho<br />
volume 2<br />
reinterpretadas pela Turma <strong>do</strong> Sítio, numa<br />
experiência lúdica de conhecimento, reflexão<br />
e criação.<br />
Em peripécias diversas, sempre inventadas<br />
e conduzidas pelas próprias crianças,<br />
capazes de lidar crítica e criativamente com<br />
tu<strong>do</strong> à sua volta, pode-se ainda perceber o<br />
desejo de Lobato em ampliar a visão de mun<strong>do</strong><br />
e o campo cultural das crianças.<br />
Porém, nada disso seria possível se Narizinho,<br />
Pedrinho e Emília não habitassem<br />
o Picapau Amarelo. O Sítio, comanda<strong>do</strong> por<br />
Dona Benta, que exerce sua autoridade de<br />
forma democrática, é um lugar onde é possível<br />
imaginar to<strong>do</strong> tipo de aventuras e onde a<br />
liberdade para concretizá-las é real.<br />
Liberdade. Parece ser esta uma das<br />
principais ideias presentes em Reinações de<br />
Narizinho. E a que melhor define o Sítio <strong>do</strong><br />
Picapau Amarelo.<br />
1
20<br />
Sugestões de atividades<br />
Preparação da leitura<br />
n Informe os alunos sobre os aspectos históricos<br />
e a importância desta obra de Lobato<br />
(veja a parte introdutória deste <strong>Guia</strong>): as<br />
narrativas estão entre as primeiras <strong>do</strong> autor,<br />
apresentam várias inovações para a literatura<br />
infantil da época, foram lançadas<br />
separadamente, depois reunidas num único<br />
livro, e, agora, encontram-se divididas em<br />
<strong>do</strong>is volumes.<br />
n A presença de personagens de outras narrativas<br />
é constante neste livro. Além deles,<br />
ainda aparecem figuras <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real,<br />
como o fabulista francês La Fontaine e o grego<br />
Esopo. Prepare os alunos para o encontro<br />
com toda esta diversidade, anuncian<strong>do</strong><br />
tal característica e falan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s personagens.<br />
Como são muitas as referências, é importante<br />
que este procedimento se estenda por to<strong>do</strong><br />
o desenrolar da leitura <strong>do</strong>s alunos.<br />
n Uma curiosidade a comentar: é numa das<br />
histórias deste volume das Reinações que as<br />
crianças conhecem o pó de pirlimpimpim e<br />
começam a viajar no tempo e no espaço.<br />
Compartilhar e comentar<br />
Leitura em capítulos e Roda de Comentários<br />
n Em O Irmão de Pinóquio, Dona Benta lê<br />
em voz alta e em capítulos o livro <strong>do</strong> Pinóquio,<br />
inventa vozes para os personagens e<br />
abre espaço para os netos expressarem suas<br />
opiniões. As práticas de leitura presentes<br />
no Sítio são fundamentais para a formação<br />
<strong>do</strong> leitor e podem ser exploradas pelo professor<br />
na leitura de Reinações volume 2, já<br />
que o livro é composto de várias histórias e<br />
apresenta muitas ideias para reflexão.<br />
Roda de leitura<br />
n A fantasia misturada à realidade é marcante<br />
neste livro. Converse com os alunos sobre<br />
tal característica e peça que eles encontrem<br />
nos textos exemplos de como os personagens<br />
lidam com estes momentos, observan<strong>do</strong><br />
também os elementos que os ajudam a<br />
acontecer.<br />
n Ao longo de Reinações, Emília vai ganhan<strong>do</strong><br />
espaço e se percebe melhor os vários<br />
aspectos de sua personalidade: esperta, interesseira,<br />
man<strong>do</strong>na, “sem coração”, negociante,<br />
prática, justa, injusta. Discuta suas<br />
atitudes no caso <strong>do</strong> “pau vivente” e peça que<br />
os alunos destaquem outras cenas representativas<br />
de seu peculiar mo<strong>do</strong> de ser.<br />
n No capítulo Miragens, <strong>do</strong> episódio Irmão<br />
<strong>do</strong> Pinóquio, Narizinho “muda de esta<strong>do</strong>” e<br />
passa a ver coisas que antes não conseguia:<br />
“... porque o mun<strong>do</strong> ficava três vezes mais<br />
bonito quan<strong>do</strong> cerrava os olhos” – explica<br />
o narra<strong>do</strong>r. Comente com as crianças esta<br />
ideia. Quan<strong>do</strong>, como e por que também “mudamos<br />
de esta<strong>do</strong>”?<br />
n Em Pena de Papagaio, Emília interfere na<br />
fábula A Cigarra e a Formiga, “vinga-se” da<br />
formiga, e apresenta uma nova versão para<br />
a história. Comente as peculiaridades <strong>do</strong> final<br />
cria<strong>do</strong> pela boneca.<br />
Para abrir os horizontes literários<br />
n Muitos personagens fabulosos aparecem em<br />
Reinações. Eles vêm <strong>do</strong>s contos de fadas, da mitologia<br />
grega, das fábulas, <strong>do</strong>s contos das Mil<br />
e Uma Noites. Selecione contos destes universos<br />
e distribua-os entre diferentes grupos da<br />
turma. Após a leitura, cada grupo pode apresentar<br />
a história lida para os demais alunos.<br />
Outra possibilidade é o professor apenas apresentar<br />
esta seleção e colocá-la à disposição e<br />
manuseio livre <strong>do</strong>s leitores.
Analisar, registrar e socializar<br />
Perfil de personagens maravilhosos<br />
n Crie um inventário de personagens fabulosos<br />
de Reinações, seguin<strong>do</strong> um roteiro de<br />
itens a serem preenchi<strong>do</strong>s igualmente para<br />
to<strong>do</strong>s eles: nome; em que narrativa aparece;<br />
se é <strong>do</strong> bem ou <strong>do</strong> mal; o que faz na história.<br />
Depois organize-o num encarte que fique<br />
dentro <strong>do</strong> próprio livro, no caso deste estar<br />
numa biblioteca, ou em cartazes para serem<br />
expostos na escola.<br />
Tabela de opiniões<br />
n Faça um quadro opinativo de dupla entrada.<br />
Numa delas coloque o nome de cada uma<br />
das narrativas de Reinações e na outra o nome<br />
de cada aluno da turma. No cruzamento das<br />
entradas, através de um código cria<strong>do</strong> pelo<br />
grupo, aparece a avaliação <strong>do</strong>s leitores sobre<br />
as histórias. Por exemplo: uma estrela indica<br />
que ela não é boa, duas indicam que é legal e<br />
três que é superlegal. No final das leituras será<br />
possível observar qual delas foi mais e menos<br />
aceita pela turma, qual fez mais sucesso entre<br />
as meninas ou entre os meninos etc.<br />
Recontar e criar<br />
Recontos jornalísticos<br />
n Invente um jornal para o Mun<strong>do</strong> das Maravilhas<br />
ten<strong>do</strong> como base o que ocorreu com<br />
os personagens fabulosos na festa de Cara<br />
de Coruja. Utilize textos que proporcionem<br />
o reconto destes acontecimentos: chamadas<br />
de primeira página, notícias, reportagens e<br />
entrevistas.<br />
Histórias orais<br />
n O Barão de Munchausen, em O pó de pirlimpimpim,<br />
conta sobre suas façanhas inacreditáveis<br />
e sua ideia admirável para vencer o<br />
Pássaro Roca. Peça aos alunos que narrem<br />
histórias fantásticas e ideias incríveis para<br />
vencer a ave gigante.<br />
Criação de personagens e de textos<br />
n Em Cara de Coruja, alguns objetos mágicos<br />
são esqueci<strong>do</strong>s no Sítio. Invente uma<br />
aventura com os personagens <strong>do</strong> Picapau<br />
utilizan<strong>do</strong> tais objetos: espelho mágico, lâmpada<br />
<strong>do</strong> Aladim etc.<br />
n Emília, em Cara de Coruja, inventa o<br />
Pé-de-vento, personagem nos moldes <strong>do</strong>s<br />
contos de fadas. Peça aos alunos que criem e<br />
desenhem novos personagens com características<br />
semelhantes às das histórias clássicas<br />
e que inventem um minitexto para apresentá-los.<br />
Por exemplo: “Cabelos de Mel – a<br />
fada que mora no céu”.<br />
n E se ao fecharem os olhos com força, em O<br />
pó de pirlimpimpim, nossos heróis não tivessem<br />
consegui<strong>do</strong> se livrar <strong>do</strong> Pássaro Roca?<br />
Continue a história deste ponto crian<strong>do</strong> um<br />
novo final para ela.<br />
21
22<br />
n Proponha a criação de diálogos <strong>do</strong>s personagens<br />
<strong>do</strong> Sítio com os <strong>do</strong> Reino das Maravilhas,<br />
de forma que eles tirem dúvidas sobre<br />
pontos não explicita<strong>do</strong>s nas histórias clássicas.<br />
Por exemplo: Pedrinho perguntaria<br />
a Aladim qual a sensação de voar no tapete<br />
mágico; Emília perguntaria a Chapeuzinho<br />
sobre que <strong>do</strong>ces ela levava na cesta.<br />
Encontro de personagens de histórias<br />
diferentes<br />
n Imagine se Branca de Neve fosse conversar<br />
com Peter Pan. O que um teria vontade<br />
de saber <strong>do</strong> outro? Crie diálogos para tais<br />
encontros inusita<strong>do</strong>s.<br />
n Em O Circo de Cavalinhos, o Visconde é<br />
opera<strong>do</strong> para esvaziá-lo de tanta ciência e<br />
seriedade. Depois, é rechea<strong>do</strong> com histórias<br />
e piadas engraçadas. Reúna entre os alunos<br />
piadinhas que eles conheçam para preencher<br />
o sabugo.<br />
Criações com apoio de linguagens<br />
artísticas<br />
n Desenhe o Mapa das Maravilhas, cita<strong>do</strong><br />
nos episódios de Reinações, e distribua nele<br />
as terras encantadas a que pertencem os<br />
personagens fabulosos <strong>do</strong> livro.<br />
n Confeccione a canastra da Emília e seus<br />
objetos curiosos – os que aparecem nas narrativas<br />
e os que poderiam fazer parte dela.<br />
n Os personagens <strong>do</strong> Sítio mergulham<br />
em aventuras de várias formas, ora usan<strong>do</strong><br />
o pó de pirlimpimpim, ora cerran<strong>do</strong> os<br />
olhos, ora avistan<strong>do</strong> “poeirinhas”. Crie uma<br />
atividade corporal e teatral onde, partin<strong>do</strong><br />
desses elementos, as crianças adentrem no<br />
universo imaginário e brinquem de avistar<br />
coisas fantásticas, vivenciar situações perigosas<br />
etc.<br />
n João Faz-de-Conta é um boneco de pau.<br />
Peça às crianças que criem outros bonecos,<br />
usan<strong>do</strong> material recicla<strong>do</strong>.<br />
Diálogo com outras áreas de conhecimento<br />
n La Fontaine e Esopo são figuras reais e<br />
históricas que aparecem em Reinações. Faça<br />
uma pesquisa com os alunos sobre eles: em<br />
que época e onde viveram?; como era a sociedade<br />
a que cada um pertencia etc.
Uma viagem pelo<br />
folclore brasileiro<br />
O Saci<br />
Em 1921, Lobato lançou sua segunda<br />
obra para crianças: O Saci. Porém, ela só<br />
chegou à versão definitiva em 1947, pois<br />
o autor revia-a a cada nova edição, modifican<strong>do</strong><br />
sua linguagem e retiran<strong>do</strong> ou incluin<strong>do</strong><br />
passagens da trama. Apesar das<br />
alterações, a narrativa permaneceu basicamente<br />
a mesma. Pedrinho aprende com<br />
Tio Barnabé a capturar um saci, parte com<br />
ele para a mata virgem e, sob seu coman<strong>do</strong>,<br />
mergulha na riqueza <strong>do</strong> folclore brasileiro,<br />
conhecen<strong>do</strong> seus mitos e viven<strong>do</strong> aventuras<br />
assombrosas. Para o menino, este universo popular é<br />
desconheci<strong>do</strong> e seus saberes, liga<strong>do</strong>s à civilização<br />
letrada, não são suficientes para lidar<br />
com os perigos ali existentes. Caberá ao<br />
astuto Saci, representante legítimo de nossa<br />
cultura popular e <strong>do</strong>no de uma experiência<br />
intuitiva de vida, protegê-lo, iniciá-lo nesse<br />
novo mun<strong>do</strong> e, sempre que possível, instigá-lo<br />
a pensar sobre sua própria cultura,<br />
dita evoluída, mas que na sua visão esbarra<br />
em muitas contradições. Lobato, como já<br />
comenta<strong>do</strong>, desejava formar cidadãos críticos,<br />
capazes de mudar o mun<strong>do</strong>, por isso,<br />
até mesmo nas histórias povoadas de seres<br />
imaginários e repletas de fantasia, apresenta<br />
questionamentos.<br />
2
2<br />
Outra preocupação <strong>do</strong> autor era a de<br />
abordar em sua literatura temas nacionais.<br />
Nesse aspecto, O Saci é uma obra que exala<br />
brasilidade por to<strong>do</strong>s os poros. Ao apresentar<br />
o Sítio, a mata e seus habitantes, Lobato<br />
nos revela muito <strong>do</strong> Brasil rural, suas cores<br />
e cheiros, sua fauna e flora, sua arquitetura,<br />
sua comida, suas gentes, suas crenças e sua<br />
linguagem regional, percebida em expressões<br />
coloquiais e populares recorrentes nas<br />
falas de Tio Barnabé, Tia Nastácia e <strong>do</strong> Saci.<br />
Sugestões de atividades<br />
Preparação da leitura<br />
n Converse com os alunos a respeito <strong>do</strong> conhecimento<br />
que têm sobre o mito <strong>do</strong> saci.<br />
Quem é esse personagem? Como é? Onde<br />
vive? Quem sabe o que ele faz?<br />
n Informe aos leitores que a obra em foco é<br />
de autoria de Monteiro Lobato e que este, antes<br />
de escrevê-la, pesquisou sobre a origem<br />
folclórica <strong>do</strong> saci, para só então recriá-la no<br />
universo <strong>do</strong> Sítio.<br />
n Comente sobre o escritor e mostre que O<br />
Saci é um <strong>do</strong>s livros que faz parte da saga <strong>do</strong><br />
Picapau Amarelo. Contextualize a obra, informan<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> foi escrita, onde é ambientada,<br />
que tipos de personagens aparecem na<br />
narrativa etc.<br />
n Apresente, se possível, antigas edições<br />
desta obra, para que os alunos percebam sua<br />
permanência no tempo e observem as diferentes<br />
ilustrações que ela já inspirou.<br />
Compartilhar e comentar<br />
A Hora <strong>do</strong> Conto<br />
n Mesmo que os alunos já leiam sozinhos, proponha<br />
momentos para esta atividade. Passagens<br />
que envolvem ação, emoção e suspense,<br />
É importante ressaltar que ao escrever<br />
O Saci, além de buscar no folclore fonte para<br />
uma criação original e brasileira, Lobato<br />
aju<strong>do</strong>u também a preservar nossos mitos,<br />
já quase desapareci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> repertório cultural<br />
das crianças de sua época. Entre lobisomens,<br />
sacis, cucas, mistérios e aventuras, o<br />
livro passeia por um mun<strong>do</strong> sensorial e imaginativo<br />
que encanta, faz pensar, diverte e<br />
emociona leitores de to<strong>do</strong>s os tempos. Por<br />
tu<strong>do</strong> isso, merece lugar de destaque na saga<br />
<strong>do</strong> Picapau Amarelo.<br />
como Pedrinho pega um saci e Lobisomem,<br />
são bastante adequadas, pois permitem ao<br />
conta<strong>do</strong>r explorar o ritmo da narrativa, suas<br />
intenções e sustos, e ajudam a provocar emoção<br />
nos ouvintes.<br />
Roda de Leitura e Roda de Comentários<br />
n Peça aos alunos para destacarem momentos<br />
da história que mais gostaram, sentiram<br />
me<strong>do</strong> ou acharam engraça<strong>do</strong>s, para comentarem<br />
e relerem na Roda.<br />
n Selecione passagens polêmicas para apresentar<br />
ao grupo. Em alguns capítulos, o Saci<br />
critica o mo<strong>do</strong> de ser <strong>do</strong> homem civiliza<strong>do</strong>: o<br />
que os alunos pensam sobre isso? Se fossem o<br />
Pedrinho, o que diriam para o Saci?<br />
n Analise com os leitores a esperteza usada<br />
pelo Saci para vencer a Cuca. Proponha uma<br />
discussão no grupo a respeito das maneiras<br />
possíveis de lidar com os percalços da vida:<br />
a força?, o conhecimento?
n Apresente passagens que utilizam expressões<br />
coloquiais e populares e que caracterizam<br />
a fala de alguns personagens. Aproveite<br />
para discutir as diferenças regionais de linguagem<br />
e o conhecimento <strong>do</strong>s alunos sobre<br />
expressões, ditos e provérbios.<br />
n Converse sobre os diversos personagens<br />
<strong>do</strong> folclore que fazem parte de O Saci – to<strong>do</strong>s<br />
já eram conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s alunos? São assusta<strong>do</strong>res?<br />
Busque mais livros com tais personagens<br />
ou com outros personagens folclóricos<br />
e coloque-os à disposição <strong>do</strong>s leitores.<br />
Analisar, registrar e socializar<br />
Produção de comentários<br />
n Oriente os alunos a produzirem comentários<br />
sobre o livro, destacan<strong>do</strong> elementos<br />
interessantes e emitin<strong>do</strong> opiniões sobre a<br />
leitura. Proponha que eles leiam os comentários<br />
<strong>do</strong>s colegas, para comparar as diferentes<br />
impressões, e depois crie uma forma de<br />
apresentá-los a outros leitores da escola: exponha<br />
em murais, produza um catálogo. Outra<br />
proposta é elaborar pequenas resenhas<br />
sobre os diferentes capítulos (cada criança<br />
produzin<strong>do</strong> uma delas) e depois juntá-las<br />
num único texto para ser li<strong>do</strong> para alunos<br />
de outras turmas.<br />
Galeria de personagens<br />
n Personagens curiosos atravessam as páginas<br />
de O Saci. Peça aos alunos que descrevam<br />
e comentem num texto sobre aqueles<br />
que mais gostaram, ou distribua-os pela turma,<br />
para que to<strong>do</strong>s sejam apresenta<strong>do</strong>s. Outra<br />
possibilidade é dividir a Galeria pelos ti-<br />
pos de personagens da trama: os <strong>do</strong> Sítio, os<br />
<strong>do</strong> Capoeirão, os mais assusta<strong>do</strong>res, os mais<br />
medrosos, os bichos reais, os bichos-papões<br />
etc. Para enriquecer a atividade, pode-se sugerir<br />
desenhá-los, recriá-los como fantoches<br />
de vara, construí-los com sucata etc. Quan<strong>do</strong><br />
tu<strong>do</strong> estiver pronto, exponha-os num espaço<br />
coletivo da escola junto aos textos produzi<strong>do</strong>s<br />
anteriormente.<br />
Recontar e criar<br />
Histórias orais<br />
n No livro O Saci, Tio Barnabé é um conta<strong>do</strong>r<br />
de “causos” e narra suas histórias, baseadas<br />
em experiências vividas por ele. Peça<br />
aos alunos que experimentem esse lugar de<br />
conta<strong>do</strong>r e narrem para os colegas “causos”<br />
espantosos, aconteci<strong>do</strong>s com eles próprios.<br />
Criação e reconto de textos<br />
n Tio Barnabé ensina Pedrinho, como numa<br />
receita, os passos necessários para capturar<br />
um saci. Aproveite para trabalhar este tipo de<br />
texto e proponha aos alunos a criação de novas<br />
“receitas” para pegar um saci.<br />
n Imagine se Pedrinho tivesse conversa<strong>do</strong><br />
com os personagens folclóricos que viu no<br />
Capoeirão. Os alunos podem se colocar no<br />
2
2<br />
seu lugar e criar uma entrevista com os<br />
monstrengos. Outra ideia é inventar diálogos<br />
entre o menino e os papões.<br />
n Proponha o reconto de episódios da história<br />
<strong>do</strong> ponto de vista de outro personagem.<br />
Como a Cuca, por exemplo, contaria o que se<br />
passou com ela a partir da chegada <strong>do</strong> Saci e<br />
<strong>do</strong> Pedrinho em sua gruta?<br />
Criações com apoio de linguagens<br />
artísticas<br />
n No início <strong>do</strong> livro, o autor descreve com<br />
detalhes to<strong>do</strong> o ambiente <strong>do</strong> Picapau Amarelo<br />
– a casa, a varanda, o jardim, o pomar,<br />
o terreiro, o ribeirão – até chegar ao Capoeirão.<br />
Aproveite esta leitura para propor a<br />
criação de um grande painel de ilustrações,<br />
ou a construção de uma maquete, que represente<br />
cada um desses ambientes.<br />
n No Capoeirão, Pedrinho entra em contato<br />
com sons de bichos, de vento, de água, de seres<br />
assombrosos. Escolha uma parte <strong>do</strong> texto<br />
onde tal sonoridade seja percebida e, com os<br />
alunos, crie uma sonoplastia para ela. Vale<br />
usar sons produzi<strong>do</strong>s com a voz, com o corpo<br />
ou com instrumentos.<br />
n Selecione com os alunos cenas emocionantes<br />
e assombrosas, ambientadas na mata escura,<br />
e organize sua narração com o apoio<br />
de um teatro de bonecos, de sombras etc.<br />
Diálogo com outras áreas<br />
de conhecimento<br />
n A presença da natureza é marcante na narrativa<br />
de O Saci. Amplie o saber científico<br />
<strong>do</strong>s alunos, promoven<strong>do</strong> pesquisas sobre os<br />
animais reais que aparecem no Capoeirão –<br />
a onça, a sucuri, a suçuarana –, assim como<br />
de plantas e outros elementos da mata.<br />
n Ambiente rural e ambiente urbano: destaque<br />
descrições que representam o universo<br />
rural da história e aprofunde os conhecimentos<br />
<strong>do</strong>s alunos a respeito das semelhanças e<br />
diferenças nos mo<strong>do</strong>s de vida e de trabalho<br />
<strong>do</strong> campo e da cidade.<br />
n A Cuca é um mito que aparece nas cantigas<br />
de ninar. Que outras cantigas os alunos<br />
conhecem? Por se tratar de um saber que<br />
passa de geração em geração, proponha uma<br />
pesquisa sobre o assunto, buscan<strong>do</strong> como<br />
fonte o conhecimento das famílias.
Histórias dentro<br />
de histórias<br />
Entre os personagens <strong>do</strong> Sítio, Emília<br />
foi a que mais “cresceu e apareceu”. Seu<br />
destaque foi tão grande que ganhou um livro<br />
inteiro para contar, inventar, escrever e<br />
falar sobre o que fez, faz e pensa: Memórias<br />
da Emília.<br />
Numa narrativa composta de histórias<br />
dentro de histórias, onde diferentes narra<strong>do</strong>res<br />
se revezam para contá-las e na qual<br />
se discute a própria escrita de memórias e<br />
a produção de livros – seus aspectos textuais,<br />
gráficos e ideológicos –, percebemos um<br />
caso claro de metalinguagem, característica<br />
relevante desta obra.<br />
A intertextualidade é outro aspecto<br />
importante de Memórias da Emília. Na narrativa,<br />
conta-se um episódio onde crianças<br />
Memórias da Emília<br />
inglesas visitam o Sítio para conhecer um<br />
anjinho trazi<strong>do</strong> <strong>do</strong> céu. Entre elas encontram-se<br />
tradicionais personagens daquele<br />
país: Peter Pan, Alice e Capitão Gancho. Há<br />
ainda a presença de um representante <strong>do</strong><br />
moderno cinema americano da época – Popeye<br />
– que, ao tentar raptar o anjo, fará o papel<br />
de vilão.<br />
Como se não bastasse toda esta mescla<br />
de personagens vivencian<strong>do</strong> junto aos Picapaus<br />
uma aventura diferente das de suas<br />
narrativas, no final <strong>do</strong> livro Emília ainda<br />
conta uma memória inventada. Nela figura<br />
uma atriz mirim <strong>do</strong>s tempos lobatianos,<br />
Shirley Temple, que com a boneca encenará<br />
a história de Dom Quixote, fazen<strong>do</strong> assim<br />
referência a um <strong>do</strong>s maiores personagens da<br />
literatura universal.<br />
2
2<br />
Memórias da Emília é um livro que desnuda<br />
a boneca completamente, tocan<strong>do</strong> ainda<br />
em questões ideológicas. Se por um la<strong>do</strong><br />
a narrativa nos apresenta uma Emília capaz<br />
de criar soluções geniais para qualquer problema,<br />
sempre guiada por valores de justiça,<br />
por outro, não omite seus pensamentos às<br />
Sugestões de atividades<br />
Preparação da leitura<br />
n Contextualize a obra, informan<strong>do</strong> quan<strong>do</strong><br />
foi escrita, e apresente curiosidades como:<br />
antes de ser criada, já era anunciada pelo<br />
autor no livro Histórias das Invenções, publica<strong>do</strong><br />
em 1935; e, entre os personagens <strong>do</strong><br />
Sítio <strong>do</strong> Picapau, só Emília possui um livro<br />
biográfico, supostamente escrito por ela<br />
mesma.<br />
n O que são e como se escrevem memórias?<br />
Converse com os alunos sobre a ideia e o<br />
conhecimento que eles têm a respeito deste<br />
tipo de texto.<br />
n Em Memórias da Emília é forte a presença<br />
da intertextualidade. Comente sobre os<br />
personagens de outras narrativas que aparecerão<br />
no livro. Observe qual é o nível de<br />
conhecimento que os alunos têm de suas histórias,<br />
e, se necessário, amplie-os mais.<br />
Compartilhar e comentar<br />
Leitura oral e em capítulos<br />
n Como se trata de uma narrativa longa, o<br />
professor poderá ler o livro em capítulos e<br />
ir instigan<strong>do</strong> os alunos a imaginarem o que<br />
vem pela frente. Outra proposta é que eles<br />
leiam trechos dialoga<strong>do</strong>s, com cada leitor<br />
assumin<strong>do</strong> a fala de um personagem.<br />
vezes individualistas e suas atitudes e palavras<br />
duras para com outros personagens.<br />
Publica<strong>do</strong> em 1936, Memórias da Emília<br />
apresenta um universo repleto de humor,<br />
irreverência, inventividade, questões a se<br />
pensar, histórias a se conhecer – leitura atualíssima,<br />
como diria a marquesa de Rabicó.<br />
Roda de Leitura e Roda de Comentários<br />
n Faça uma roda de comentários propon<strong>do</strong><br />
que cada leitor destaque elementos e passagens<br />
que gostou no livro, exemplifican<strong>do</strong> a<br />
opinião dada através de exemplos <strong>do</strong> texto.<br />
n Converse com o grupo sobre as ideias de<br />
Emília a respeito de escrever memórias, assim<br />
como de suas filosofias sobre a vida e a<br />
morte.<br />
n Proponha aos leitores que observem os diferentes<br />
momentos da narrativa <strong>do</strong> livro: as<br />
reflexões sobre memórias, a narração das<br />
verdadeiras e das inventadas, intercaladas<br />
pelos diálogos da boneca com o sabugo, e o<br />
discurso final de Emília. É possível perceber<br />
quem é o narra<strong>do</strong>r em cada uma delas? Que<br />
partes são mais reflexivas, que partes são<br />
mais de ação? Como é possível percebê-las?
n Alice, Peter Pan, Capitão Gancho, Popeye e<br />
Dom Quixote são personagens de outra histórias<br />
que aparecem ou são cita<strong>do</strong>s em Memórias<br />
da Emília. Aproveite esta intertextualidade<br />
para ampliar o campo cultural <strong>do</strong>s<br />
alunos, apresentan<strong>do</strong>-lhes suas narrativas<br />
originais e observan<strong>do</strong> se, dentro <strong>do</strong> Sítio,<br />
eles mantêm as mesmas características.<br />
n Discuta com os alunos a relação de <strong>do</strong>minação<br />
da Emília sobre o Visconde no processo<br />
de escrita das memórias: releia os diálogos<br />
entre os <strong>do</strong>is personagens e reflita sobre a<br />
forma de pensar, de sentir e de agir de cada<br />
um deles.<br />
Analisar, registrar e socializar<br />
Cartazes de divulgação<br />
n É importante que o professor, ao propor<br />
esta atividade, apresente modelos de cartazes<br />
para serem observa<strong>do</strong>s em seus aspectos<br />
fundamentais: título que sugira algo peculiar<br />
da história e que instigue a curiosidade,<br />
a ilustração da capa ou de uma cena <strong>do</strong> livro,<br />
o formato <strong>do</strong> papel, o uso de letras grandes<br />
e informações curtas, para serem lidas de<br />
longe e rapidamente, indicação de onde o<br />
livro pode ser encontra<strong>do</strong> etc. Depois desta<br />
etapa, os alunos estarão mais prepara<strong>do</strong>s<br />
para criar seus cartazes e expô-los no espaço<br />
coletivo da escola.<br />
Galeria de personagens<br />
n Os alunos podem criar um texto em primeira<br />
pessoa, como se fossem um <strong>do</strong>s personagens,<br />
para se apresentar ao vivo a outros<br />
leitores: quem é, como é, qual a sua importância<br />
na narrativa, que episódio interessante<br />
viveu no livro, entre outros. Essas<br />
informações são essenciais para o entendimento<br />
<strong>do</strong> texto e o aluno também poderá se<br />
caracterizar como o personagem, dan<strong>do</strong> assim<br />
mais vida à criação.<br />
Recontar e criar<br />
Dicionário da Turma <strong>do</strong> Sítio<br />
n Para explicar ao anjinho sobre as coisas<br />
da Terra, Emília utiliza ora imagens poéticas:<br />
“– Árvore é uma pessoa que não fala”,<br />
ora que se associam ao seu uso: “– Macha<strong>do</strong><br />
é o muda<strong>do</strong>r das árvores, muda a forma<br />
delas...”. Proponha aos alunos a criação de<br />
um dicionário, definin<strong>do</strong> as palavras nos<br />
moldes da boneca. Por exemplo, travesseiro<br />
é um descansa<strong>do</strong>r para a cabeça.<br />
As palavras e os senti<strong>do</strong>s<br />
n Emília ensina ao anjinho sobre a duplicidade<br />
de senti<strong>do</strong>s de algumas palavras<br />
(cabo, estrela etc.) e que, conforme as ideias,<br />
expressões e imagens às quais estão asso-<br />
2
0<br />
ciadas, assumem significa<strong>do</strong>s diferentes.<br />
Levante com os alunos outras palavras de<br />
duplo senti<strong>do</strong> e proponha a produção de pequenos<br />
textos utilizan<strong>do</strong>-as, ora com um significa<strong>do</strong>,<br />
ora com outro.<br />
Criação e reconto de textos<br />
n Imagine que Alice e Peter Pan, ao retornarem<br />
para suas histórias, desejam contar<br />
para seus amigos o que aconteceu no Sítio <strong>do</strong><br />
Picapau Amarelo. Esta proposta de reconto,<br />
que se refere apenas a alguns capítulos de<br />
Memórias da Emília, poderá acontecer oralmente,<br />
por escrito, individualmente ou em<br />
grupo, e a sugestão é que possa ser apresentada<br />
a outros leitores.<br />
n E se o anjinho não tivesse volta<strong>do</strong> para o<br />
céu? Partin<strong>do</strong> dessa ideia, Emília criou em<br />
suas memórias uma narrativa cheia de peripécias.<br />
Proponha aos alunos a criação de<br />
um livro com novos episódios <strong>do</strong> anjinho em<br />
meio à Turma <strong>do</strong> Sítio.<br />
n Emília escreve memórias verdadeiras e<br />
inventadas. Peça aos alunos que criem seus<br />
próprios livros de memórias, incluin<strong>do</strong> as<br />
reais e as imaginadas. Para as primeiras, os<br />
alunos podem se apoiar em fotos e pesquisas<br />
na família. Já para as inventadas, é interessante<br />
trabalhar com a ideia <strong>do</strong> que eles<br />
gostariam que tivesse aconteci<strong>do</strong>, assim<br />
como a boneca faz no livro, narran<strong>do</strong>-as com<br />
veracidade.<br />
Criações com apoio de linguagens<br />
artísticas<br />
n No Sítio, o anjinho descreve para as crianças<br />
sua vida no céu: fala da maciez das nuvens,<br />
<strong>do</strong>s bolinhos de cometas e de suas<br />
brincadeiras. Recrie com os alunos as brincadeiras<br />
descritas, usan<strong>do</strong> materiais diversos<br />
e propon<strong>do</strong> jogos corporais.<br />
n To<strong>do</strong> o episódio <strong>do</strong> Popeye, como sua intenção<br />
de raptar o anjo, o plano de Emília<br />
para enganá-lo e a luta final contra os meninos,<br />
é rico em diálogos, ação e humor, excelente<br />
para ser teatraliza<strong>do</strong>. Ensine os alunos<br />
a adaptar o texto literário para a linguagem<br />
teatral, distribua os personagens, proponha<br />
leituras dramatizadas e por fim parta para<br />
a sua representação. Se possível, elabore o<br />
cenário e crie os figurinos.<br />
Diálogo com outras áreas<br />
de conhecimento<br />
n A figueira <strong>do</strong> Sítio é cenário de uma passagem<br />
importante de Memórias da Emília.<br />
O que ela tem de tão peculiar? Qual o seu<br />
tamanho? Como são os seus frutos? É uma<br />
árvore típica <strong>do</strong> Brasil? Faça uma pesquisa<br />
com os alunos sobre a árvore.<br />
n O Capitão Gancho é um pirata. Proponha<br />
uma pesquisa sobre os piratas <strong>do</strong>s séculos<br />
passa<strong>do</strong>s – seus mo<strong>do</strong>s de vida, suas embarcações<br />
etc. E hoje em dia, ainda existem ladrões<br />
<strong>do</strong> mar? É uma questão interessante<br />
para as crianças descobrirem.
Um voo mágico e científico<br />
O céu sempre foi um mistério a ser sonha<strong>do</strong><br />
e investiga<strong>do</strong> pela humanidade. No<br />
início <strong>do</strong> século 20, seus estu<strong>do</strong>s ainda engatinhavam<br />
se compara<strong>do</strong>s com os de hoje,<br />
mas a imaginação para inventá-lo já se manifestava<br />
em obras literárias. E não foi diferente<br />
quan<strong>do</strong> Lobato, em 1932, criou a sua<br />
Viagem ao Céu.<br />
O autor não era um cientista, porém<br />
estava atento aos avanços da astronomia de<br />
sua época. Assim, misturan<strong>do</strong> informações<br />
científicas a muita imaginação, ele cria uma<br />
ficção na qual os leitores aprendem sobre o<br />
universo e sonham uma viagem fantástica.<br />
Vale observar que o acesso aos conteú<strong>do</strong>s<br />
didáticos da narrativa é feito de forma leve<br />
e coloquial, através das indagações e inter-<br />
Viagem ao Céu<br />
pretações <strong>do</strong>s próprios personagens. Outra<br />
observação a se considerar é que algumas<br />
das informações científicas citadas por Lobato<br />
foram revistas, ao longo <strong>do</strong>s tempos, e<br />
hoje apresentam novas explicações.<br />
Mas de onde surge o interesse <strong>do</strong>s personagens<br />
para realizarem a viagem ao céu? Tu<strong>do</strong><br />
começa com as histórias e as informações narradas<br />
por Dona Benta sobre o universo e os<br />
cientistas que o estudaram. Para as crianças,<br />
porém, é preciso ir além: eles querem experimentar<br />
o céu.<br />
1
2<br />
Impulsiona<strong>do</strong>s pelo pó de pirlimpimpim,<br />
nossos heróis chegam ao espaço. E se<br />
por um la<strong>do</strong> encontram o céu <strong>do</strong>s cientistas,<br />
com suas estrelas, planetas e cometas,<br />
por outro mergulham num céu fantasioso e<br />
lendário, que abriga extraterrestres, santos,<br />
dragões e anjos.<br />
Durante o percurso, cabe a Pedrinho<br />
apresentar os conhecimentos científicos e<br />
checá-los à medida que surgem. Já Emília<br />
representa a fantasia: é ela que vê os marcianos,<br />
encontra o anjinho, cria brincadeiras<br />
com estrelas e cometas. No entanto, não há<br />
Sugestões de atividades<br />
Preparação da leitura<br />
n Contextualize a obra, indican<strong>do</strong> quan<strong>do</strong><br />
foi escrita e comentan<strong>do</strong> sobre uma de suas<br />
principais marcas: o enfoque de um tema<br />
científico, a astronomia. O autor não era especialista<br />
no assunto, mas estava atento às<br />
descobertas e inovações da época. É importante<br />
explicar aos alunos que algumas das<br />
informações citadas no livro apresentam<br />
hoje outras definições.<br />
n A narrativa se caracteriza como uma ficção<br />
científica, pois, se por um la<strong>do</strong> apresenta<br />
da<strong>do</strong>s reais sobre o céu, por outro cria<br />
acontecimentos e informações fantasiosas a<br />
seu respeito. É interessante lembrar que, na<br />
época <strong>do</strong> escritor, o homem estava longe de<br />
explorar concretamente o universo.<br />
n Viagem ao Céu apresenta vários conceitos<br />
científicos sobre o céu, além de citar importantes<br />
cientistas e descobertas de outros<br />
tempos: faça um levantamento sobre o conhecimento<br />
prévio que os alunos têm a respeito<br />
destes temas.<br />
oposição entre estes <strong>do</strong>is discursos, mas sim<br />
a tentativa de integrá-los. Na fala e na ação<br />
<strong>do</strong>s personagens, tanto há a valorização <strong>do</strong><br />
saber <strong>do</strong> garoto, quanto a aceitação da fantasia<br />
da boneca.<br />
Aceitação esta também percebida em<br />
Dona Benta, que ao descobrir que os netos<br />
estão no céu chama-os de volta com um simples<br />
berro. Por isso, podemos dizer que, sem<br />
deixar de ser uma narrativa com características<br />
didáticas, Viagem ao Céu é, antes de<br />
tu<strong>do</strong>, uma aventura ficcional, onde o espaço<br />
para sonhar é infinito.<br />
Compartilhar e comentar<br />
Roda de Comentários e Roda de Leitura<br />
n Peça aos alunos que comentem sobre os capítulos<br />
que consideram mais informativos<br />
e aqueles onde a imaginação pre<strong>do</strong>mina.<br />
Como é possível diferenciá-los?<br />
n Dona Benta explica aos netos, através de<br />
analogias, as relações de poder inerentes<br />
às sociedades e comenta sobre diferentes<br />
sábios, incompreendi<strong>do</strong>s e mortos em suas<br />
épocas. Converse sobre isso com os alunos,<br />
traçan<strong>do</strong> comparações com o nosso tempo.<br />
n Quan<strong>do</strong> explica o que são constelações, Dona<br />
Benta fala sobre a imaginação <strong>do</strong>s astrônomos<br />
e comenta: “– Não há nada mais poético que a<br />
astronomia”. Releia partes <strong>do</strong> capítulo O céu<br />
de noite e converse sobre suas ideias.<br />
n Os cientistas Galileu e Flammarion são figuras<br />
históricas. Comente sobre as informações<br />
<strong>do</strong> livro a respeito destas personalidades<br />
e suas épocas.<br />
n No capítulo A Terra vista da Lua, Pedrinho<br />
explica para São Jorge: “Isso de países<br />
é como broto de árvore. Uns secam, apodrecem<br />
e caem, e surgem novos brotos”. Con-
verse sobre esta imagem que o menino usou<br />
para falar das mudanças na Geografia <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s tempos.<br />
n Pedrinho e Emília têm formas distintas de<br />
lidar com o universo que estão conhecen<strong>do</strong>.<br />
A boneca é pura imaginação. Já o menino<br />
detém informações científicas e tenta checá-<br />
-las. Observe passagens em que tais diferenças<br />
são perceptíveis e outras nas que Pedrinho<br />
opta pelo faz de conta de Emília.<br />
n Por que os seres saturninos consideram os<br />
terrestres pouco evoluí<strong>do</strong>s?<br />
Para abrir os horizontes literários<br />
n O dragão é um típico personagem das histórias<br />
medievais. Selecione narrativas deste universo<br />
onde eles figurem, assim como os cavaleiros<br />
que os combatem, e conte-as aos alunos.<br />
n Apresente o livro Da Terra à Lua, de Júlio<br />
Verne, cita<strong>do</strong> em Viagem ao Céu, comentan<strong>do</strong><br />
em que época foi escrito, quem era o<br />
autor, que outros livros escreveu, como se<br />
define um livro de ficção científica.<br />
Analisar, registrar e socializar<br />
Diário <strong>do</strong>s personagens celestes<br />
n Neste livro, vários personagens vivem no<br />
céu. Crie um diário para que os alunos possam<br />
escrever sobre a vida no céu de cada<br />
um <strong>do</strong>s personagens, de acor<strong>do</strong> com o que a<br />
narrativa apresenta, e façam desenhos para<br />
representá-los.<br />
Registro de informações<br />
n Peça aos alunos que anotem da<strong>do</strong>s sobre<br />
o universo, adquiri<strong>do</strong>s na leitura <strong>do</strong> livro,<br />
num registro coloquial, para espalhar pelos<br />
murais da escola, com a indicação de que<br />
eles pertencem à obra Viagem ao Céu. No entanto,<br />
antes de expô-los é preciso checar se<br />
tais da<strong>do</strong>s ainda são atuais. Boa oportunidade<br />
para se efetuar pequenas pesquisas.<br />
Recontar e criar<br />
Recontos e criações de textos<br />
n Crie um reconto para a história citan<strong>do</strong><br />
seus acontecimentos mais importantes, em<br />
pequenos textos separa<strong>do</strong>s, para serem ordena<strong>do</strong>s<br />
numa linha <strong>do</strong> tempo da viagem <strong>do</strong>s<br />
Picapaus. Cada textinho pode vir acompanha<strong>do</strong><br />
de uma ilustração que o represente.<br />
n No final <strong>do</strong> livro, Tia Nastácia conta resumidamente<br />
para Dona Benta o que ocorreu<br />
com ela durante a viagem. Proponha<br />
que cada criança escolha um personagem<br />
para, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> mesmo, recontar<br />
a aventura valorizan<strong>do</strong> o que teria si<strong>do</strong> mais<br />
marcante para ele.<br />
n Em A Via Láctea, Emília conversa com<br />
as estrelas e conta histórias que já aconteceram<br />
no Sítio. Se os alunos já tiverem li<strong>do</strong><br />
outros livros de Lobato, poderiam imaginar<br />
estes diálogos, resgatan<strong>do</strong> outras aventuras<br />
<strong>do</strong> Sítio <strong>do</strong> Picapau Amarelo.
n E se os marcianos tivessem enxerga<strong>do</strong> as<br />
crianças antes de elas fugirem? Proponha a<br />
criação de um capítulo extra para esta possível<br />
aventura.<br />
n O habitante de Saturno propõe às crianças<br />
que voltem outras vezes ao céu. Peça às<br />
crianças que criem uma nova aventura para<br />
a Turma <strong>do</strong> Sítio no céu.<br />
n Durante a exploração <strong>do</strong> céu pelas crianças,<br />
Tia Nastácia fica na Lua com São Jorge<br />
e o dragão, mas o que acontece não é narra<strong>do</strong><br />
em detalhes. Invente uma situação que<br />
poderia ter ocorri<strong>do</strong> entre os três personagens<br />
durante este perío<strong>do</strong>.<br />
Criações com apoio de linguagens<br />
artísticas<br />
n Só Emília enxerga a natureza e os seres de<br />
Marte. Crie uma maquete que represente o<br />
olhar da boneca sobre este planeta.<br />
n Pedrinho laça e cavalga um cometa, o “Potro<br />
<strong>do</strong>s Céus”, que o levará, junto com Narizinho e<br />
Emília, a passear pelas constelações. Construa<br />
esse cometa-cavalo, de forma que várias crianças<br />
possam montá-lo ao mesmo tempo, e dramatize<br />
esta parte de Viagem ao Céu.<br />
n Quan<strong>do</strong> voam com o pirlimpimpim, os<br />
personagens chegam nos anéis de Saturno,<br />
pulam na Lua, flutuam, andam em câmera<br />
lenta, saltam altíssimo. Procure realizar um<br />
jogo corporal em que os alunos também imaginem<br />
e experimentem tais sensações.<br />
Diálogo com outras áreas<br />
de conhecimento<br />
n Pesquise sobre a invenção <strong>do</strong> telescópio e,<br />
se possível, construa este instrumento com<br />
os alunos.<br />
n Pesquise sobre a Lua e compare as informações<br />
apreendidas com as que são expostas<br />
por São Jorge. Pesquise também músicas<br />
e poesias que têm a Lua como tema.<br />
n Compare os diferentes planetas <strong>do</strong> Sistema<br />
Solar, no que se refere ao número de<br />
dias correspondentes ao ano terrestre e ao<br />
peso que teríamos neles. Descubra seus tamanhos,<br />
número de satélites, temperaturas,<br />
e faça uma tabela comparativa com os da<strong>do</strong>s<br />
pesquisa<strong>do</strong>s.<br />
n Pesquise sobre Galileu – sua época, sua<br />
vida, suas descobertas.<br />
n No capítulo A Via Láctea, o narra<strong>do</strong>r tece<br />
informações sobre o nome, aparência, constelações.<br />
Fala ainda sobre a velocidade da<br />
luz, cometas etc. Proponha um estu<strong>do</strong> sobre<br />
a nossa galáxia.<br />
n Nos últimos anos a ciência fez avanços nos<br />
estu<strong>do</strong>s sobre Marte. Pesquise estas recentes<br />
descobertas e compare-as com as informações<br />
sobre o planeta citadas por Dona Benta.<br />
n O cometa Halley aparece em Viagem ao<br />
Céu. Explore mais este assunto junto às<br />
crianças: há muitos livros que contam a sua<br />
história e explicam suas características.<br />
n Pedrinho e São Jorge pertencem a épocas<br />
muito diferentes. Mostre aos alunos um<br />
mapa histórico e geográfico que represente o<br />
mun<strong>do</strong> no tempo <strong>do</strong> Império Romano, comparan<strong>do</strong>-o<br />
com o de hoje, nos seus aspectos de<br />
localização e formas de organização política.
Bibliografia<br />
AZEVEDO, Carmem Lucia; CAMARGOS, Marcia; SACCHETTA, Vladimir. Monteiro Lobato: Furacão na Botocúndia.<br />
São Paulo: Ed. Senac, 1998.<br />
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DEBUS, Eliane. Monteiro Lobato e o leitor, esse conheci<strong>do</strong>. Florianópolis: Ed. UFSC/Univali Editora, 2004.<br />
KUPTAS, Marcia. Monteiro Lobato. São Paulo: Ática, 1988.<br />
LAJOLO, Marisa. Do mun<strong>do</strong> da leitura para a leitura <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. São Paulo: Ática, 1993.<br />
______; Monteiro Lobato – Um brasileiro sob medida. São Paulo: Moderna, 2000.<br />
______; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira – Histórias e histórias. São Paulo: Ática, 1985.<br />
______; CECCANTINI, João Luis (Orgs.). Monteiro Lobato livro a livro – Obra infantil. São Paulo: Ed. Unesp, 2008.<br />
PENTEADO, J. Roberto Whitaker. Os filhos de Lobato. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya Ed., 1997.<br />
RIBEIRO, Mica; SANTA ROSA, Nereide S. Monteiro Lobato. Coleção Crianças Famosas. São Paulo: Ed. Callis, 2001.<br />
SANDRONI, Laura. De Lobato a Bojunga – As reinações renovadas. Rio de Janeiro: Agir, 1987.<br />
SANDRONI, Luciana. Minhas memórias de Lobato. São Paulo: Cia. das Letrinhas, 1997.<br />
YUNES, Eliana. Presença de Monteiro Lobato. Rio de Janeiro: Ed. Divulgação e Pesquisa, 1982.<br />
ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.<br />
Vídeo e DVD<br />
Monteiro Lobato – Furacão na Botocúndia (basea<strong>do</strong> no livro homônimo de Vladimir Saccheta, Marcia Camargos e Car-<br />
mem Lucia Azeve<strong>do</strong>). Direção: Roberto Elisabetsky. Produzi<strong>do</strong> pela Videoimagem. Tiragem especial da Editora <strong>Globo</strong>, 2007.<br />
Série Perfis e Personalidades – Tomo I – Monteiro Lobato Vírgula, Ponto e Vírgula. Realização: Instituto Cultural Itaú.<br />
Direção: Renato Barbieri, São Paulo, 1996. (VHS)<br />
Lobato na rede<br />
www.lobato.com.br<br />
www.projetomemoria.art.br<br />
www.unicamp.br/iel/memoria<br />
Diretor-geral Frederic Zoghaib Kachar<br />
Diretora Grupo Publicações Infantis e Projetos Especiais Lucia Macha<strong>do</strong><br />
Editora-executiva Arlete Alonso Editoras Cecília Bassarani, Luciane Ortiz de Castro Editora de Arte Adriana Bertolla Silveira<br />
Editor-assistente Erick Santos Car<strong>do</strong>so Diagrama<strong>do</strong>ra Gisele Baptista de Oliveira Assistente de Redação Cláudia Arruda<br />
Assistente de Produto Fernan<strong>do</strong> Pagan Executiva de Negócios Luciana Russi Colabora<strong>do</strong>res Sônia Travassos (pesquisa, texto<br />
e consultoria), Bruna Zibellini Lima (pesquisa), Ciro Hardt Araujo (revisão), Cláudia Hein, Fernan<strong>do</strong> Kataoka (diagramação), Paulo<br />
Borges (ilustrações)<br />
Crédito de imagens: Acervo Cia. da Memória (capa Jeca Tatuzinho); Acervo família Monteiro Lobato (fotos de Monteiro Lobato, capa<br />
de As Reinações de Narizinho); Biblioteca Monteiro Lobato – São Paulo (capa e página ilustrada de Nasino)<br />
© Editora <strong>Globo</strong>, 2009<br />
© Monteiro Lobato sob licença da Monteiro Lobato Licenciamentos, 2007<br />
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