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Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Letramento Digital e o Uso de Dicionários Eletrônicos como<br />

Ferramenta Pedagógica<br />

Francisco Iací do Nascimento 1<br />

Antônio Luciano Pontes 2<br />

O artigo t<strong>em</strong> por objetivo discutir as possibilidades de uso do dicionário eletrônico como ferramenta<br />

pedagógica para o desenvolvimento da leitura e escrita, b<strong>em</strong> como contribuir com o letramento digital<br />

<strong>em</strong> sala de aula. A partir de estudos bibliográficos, buscamos metodologia de ensino e atividades que<br />

possam ser aplicadas ao uso do dicionário eletrônico como ferramenta pedagógica. Basear<strong>em</strong>os<br />

nosso trabalho, nos estudos de Marcuschi & Xavier (2005), Coscareli & Ribeiro (2007), sobre gêneros<br />

digitais e novos letramentos entre outros autores que se dedicam ao estudo da t<strong>em</strong>ática, b<strong>em</strong> como,<br />

nos estudos sobre metalexicografia pedagógica de Pontes (2009), Rangel (2006), Krieger (2007),<br />

Welker (2007) entre outros. Por fim, elencamos várias atividades com o dicionário eletrônico <strong>em</strong> sala<br />

de aula que viabiliz<strong>em</strong> o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita dos alunos,<br />

especialmente <strong>em</strong> meio digital, b<strong>em</strong> como contribuir com o letramento digital e lexicográfico deles.<br />

Palavras-chaves: Dicionário Eletrônico, Letramentos, Lexicografia.<br />

Abstract<br />

The paper intends to discuss the possibilities of use of electronic dictionary as a pedagogical tool for<br />

the development of reading and writing as well as contribute to computer literacy in the classroom.<br />

From bibliographic studies, we seek teaching methods and activities that can be applied to the use of<br />

electronic dictionary as a pedagogical tool. We will base our work on studies of Marcuschi & Xavier<br />

(2005), Coscareli & Ribeiro (2007) on digital genres and new literacies among other authors who are<br />

dedicated to the study of the subject, as well as in studies of pedagogical lexicography of Pontes<br />

(2009) Rangel (2006), Krieger (2007), Welker (2007) among others. Finally, it lists various activities<br />

with the electronic dictionary in the classroom that enable the development of reading and writing<br />

skills of students, especially in digital media, as well as helping with computer literacy and<br />

lexicographical th<strong>em</strong>.<br />

Keywords: Electronic Dictionary, literacy, lexicography.<br />

1 Aluno do Mestrado Acadêmico <strong>em</strong> Linguística Aplicada do Programa de Pós-graduação <strong>em</strong> Linguística da<br />

UECE e bolsista CAPES<br />

2 Prof. Dr. do Programa de Pós-graduação <strong>em</strong> Linguística Aplicada da UECE e Orientador do mestrando


1. Introdução<br />

Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Devido à tecnologia digital aplicada aos meios de comunicação, a informação<br />

circula rapidamente. Sab<strong>em</strong>os todos os dias o que acontece <strong>em</strong> todos os recantos<br />

de um mundo dinâmico, global, flexível, plural, diverso, veloz e mutável. As<br />

tecnologias da informação e comunicação se diss<strong>em</strong>inaram numa velocidade<br />

incrível e estão sendo incorporadas <strong>em</strong> todos os setores das atividades humanas:<br />

indústria, comércio, serviços, saúde, educação etc. Por sua vez, essas tecnologias<br />

subvert<strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos e espaços geográficos criando o espaço virtual e estabelecendo<br />

novas relações e práticas sociais e uma nova cultura, a cultura digital.<br />

A incorporação das tecnologias digitais aos mais diversos setores permitiu<br />

muitos avanços, mas trouxe novos desafios. Por um lado, a vida <strong>em</strong> rede pode<br />

trazer muitas facilidades, mas por outro, pode trazer muitas complicações e nos dar<br />

muita dor de cabeça. Ainda estamos aprendendo a lidar com a liberdade e o grande<br />

volume de informações que os novos meios nos proporcionam tanto para criar como<br />

para diss<strong>em</strong>inar informações e textos. Precisamos aprofundar as discussões sobre<br />

direitos, deveres, limites, barreiras ao acesso, invasão de privacidade, segurança de<br />

dados, autoria entre tantos outros t<strong>em</strong>as que nos inquietam hoje. Entretanto, é fato<br />

que t<strong>em</strong>os novas formas de ler e produzir textos hipermodais e multiss<strong>em</strong>ióticos e de<br />

fazê-los circular.<br />

Dentro desse cenário a educação também passa por transformações. Ela não<br />

pode ficar alheia à cultura digital. Há muitos esforços para equipar as escolas com<br />

computadores, mas é preciso ir além. É preciso capacitar professores, definir<br />

claramente o papel da tecnologia dentro da escola e as competências e habilidades<br />

a ser<strong>em</strong> desenvolvidas pelos alunos, especialmente, fazer com que eles saiam da<br />

escola letrados digitalmente, para que possam dar conta das novas práticas de<br />

leitura e escrita da era digital.<br />

Por outro lado, é preciso também conhecer os diversos recursos que os<br />

meios digitais disponibilizam. Há vários trabalhos de pesquisadores nesse sentido,<br />

que buscam inventariar recursos digitais para ser<strong>em</strong> usados na escola a fim de<br />

desenvolver as habilidades de leitura e escrita dos estudantes <strong>em</strong> meio digital.


Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Nesse trabalho, pretend<strong>em</strong>os discutir possibilidades de uso do dicionário eletrônico<br />

como ferramenta pedagógica para auxiliar no desenvolvimento dessas habilidades.<br />

O dicionário é uma obra de referência que t<strong>em</strong> atravessado os t<strong>em</strong>pos,<br />

resistido e se renovado com a chegada de novas tecnologias. È mais que<br />

meramente um conjunto de palavras e seus sentidos. Nele pod<strong>em</strong>os encontrar<br />

informações das mais diversas, pod<strong>em</strong>os ter informações gramaticais, linguísticas,<br />

pragmáticas e enciclopédicas. Talvez por essa riqueza e variedade de informações<br />

organizadas para consulta, o dicionário tenha se tornado ferramenta obrigatória <strong>em</strong><br />

toda biblioteca, sendo um instrumento valiosíssimo para o ensino de línguas tanto<br />

<strong>em</strong> suporte impresso quanto <strong>em</strong> suporte digital.<br />

Nesse trabalho, inicialmente discutir<strong>em</strong>os a necessidade do letramento digital<br />

hoje e uma abordag<strong>em</strong> dos gêneros digitais na escola. Em seguida, discutir<strong>em</strong>os<br />

também a relação da lexicografia com a tecnologia e as principais características e<br />

algumas vantagens dos dicionários eletrônicos defendidas <strong>em</strong> alguns estudos. Logo<br />

depois, tratar<strong>em</strong>os do uso do dicionário <strong>em</strong> sala de aula, mostrando alguns<br />

dicionários que pod<strong>em</strong> ser utilizados. Por fim, propor<strong>em</strong>os algumas atividades com<br />

o dicionário eletrônico <strong>em</strong> sala de aula que viabiliz<strong>em</strong> o desenvolvimento de<br />

habilidades de leitura e escrita dos alunos, especialmente <strong>em</strong> meio digital, b<strong>em</strong><br />

como contribuam com o letramento digital e lexicográfico deles.<br />

2. Letramento digital e ensino de Língua Portuguesa<br />

Nas últimas décadas, muitos linguistas têm feito uma distinção entre<br />

alfabetização e letramento, b<strong>em</strong> como também, buscado novas formas de definir um<br />

individuo realmente letrado. Para Soares (2004) alfabetizar é ensinar a ler e a<br />

escrever, mas isso não quer dizer que o individuo se torne letrado, uma vez que ele<br />

aprendeu apenas o código. Para ele ser considerado realmente letrado é preciso<br />

que ele faça uso das práticas de leitura e escrita dentro da sociedade <strong>em</strong> que vive.<br />

Desta forma, a referida autora cunha outro termo, letramento, que procura dar conta<br />

de outro fenômeno, b<strong>em</strong> mais abrangente, ou seja, letramento seria a condição do<br />

individuo que além de saber ler e escrever, participa das práticas sociais letradas da<br />

cultura escrita, sabe escrever cartas, ofícios, bilhetes etc, e ler bula de r<strong>em</strong>édio,<br />

cartas, receitas, livros, revistas, jornais etc.


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Soares (2004) fala de letramentos, isto é, exist<strong>em</strong> várias práticas sociais que<br />

exig<strong>em</strong> aprendizagens específicas para a leitura e a escrita. Uma delas é a leitura e<br />

escrita <strong>em</strong> tela, propiciada pela evolução das tecnologias digitais. Hoje, l<strong>em</strong>os na<br />

tela do computador, do celular, do smartphone, do tablet, do caixa eletrônico, etc. A<br />

habilidade de ler e produzir textos com características hipermodais, com links,<br />

palavras, imagens, sons entre outros se chama letramento digital. Na sociedade<br />

atual, não basta ser letrado, é preciso dar conta de outras práticas sociais que vão<br />

além da leitura e escrita convencionais <strong>em</strong> papel. É preciso interagir através de<br />

aparelhos tecnológicos sofisticados que usam a linguag<strong>em</strong> digital. Qu<strong>em</strong> não<br />

desenvolve as habilidades de uso desses aparelhos está sendo excluído do mundo<br />

tecnológico. Desta forma, hoje a escola t<strong>em</strong> que lidar com outro tipo de exclusão, a<br />

digital.<br />

Por outro lado, o dicionário, como obra de referência, é uma ferramenta<br />

importante para o desenvolvimento de práticas de leitura e escrita dentro e fora da<br />

escola. Afinal, quando nos deparamos com palavras novas é a ele que recorrermos<br />

para esclarecer os sentidos delas. Com o desenvolvimento das tecnologias digitais,<br />

também surgiram dicionários <strong>em</strong> formato eletrônico, que pod<strong>em</strong> ser usados quando<br />

estamos efetuando leitura <strong>em</strong> tela ou produzindo textos no computador. O potencial<br />

do dicionário impresso e do dicionário eletrônico deve ser melhor aproveitado pela<br />

escola, que <strong>em</strong> suas atividades deve considerar s<strong>em</strong>pre o uso dessa ferramenta e<br />

instruir os alunos como usá-la mais proveitosamente.<br />

2.1. Gêneros digitais na escola<br />

Durante muito t<strong>em</strong>po, o ensino de escrita na escola limitou-se às aulas de<br />

composição ou redação <strong>em</strong> forma de descrição, narração e dissertação. Esse<br />

quadro se alterou com a entrada de novas teorias e concepções sobre a língua,<br />

especialmente, as correntes pragmáticas e textuais focadas no uso e na interação,<br />

como também a visão de língua enquanto prática social que se constitui e constitui a<br />

realidade que lhe cerca.<br />

Nessa perspectiva a língua se materializa <strong>em</strong> textos e gêneros. Para<br />

Mascuschi (2005, p. 23) os gêneros textuais “são realizações lingüísticas concretas<br />

definidas por propriedades sócio-comunicativas”. Sendo assim, os textos enquanto


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práticas sócio-comunicativas estão relacionadas a situações sociais diversas que<br />

geram determinados gêneros com características t<strong>em</strong>áticas, composicionais e<br />

estilísticas próprias.<br />

As práticas sociais na sociedade letrada geram uma infinidade de gêneros,<br />

assim t<strong>em</strong>os: carta, charges, notícia, editorial, artigo de opinião, etc. Hoje, com o<br />

advento das novas tecnologias surg<strong>em</strong> novos gêneros, com novas formas de<br />

composição, novas t<strong>em</strong>áticas e novos estilos <strong>em</strong> um novo formato, o digital.<br />

Gêneros existentes quando transmutados para o meio digital se transformam <strong>em</strong><br />

outros gêneros, por ex<strong>em</strong>plo, o <strong>em</strong>ail. O dicionário enquanto gênero didático<br />

também passa por essa transformação, hoje os dicionários eletrônicos são gêneros<br />

digitais mesmo conservando ainda características s<strong>em</strong>elhantes às dos dicionários<br />

impressos. Os dicionários eletrônicos surg<strong>em</strong> para atender as d<strong>em</strong>andas e<br />

necessidades dos leitores de textos <strong>em</strong> meio digital.<br />

A escola hoje poderá encarar o ensino de língua materna numa perspectiva<br />

dialógica de linguag<strong>em</strong> que esteja centrada no uso efetivo da língua no meio social,<br />

abrindo espaço para novas práticas sócio-comunicativas e dando sentido ao que se<br />

aprende para superar de vez o ensino purista da língua baseado na m<strong>em</strong>orização de<br />

regras gramaticais descontextualizadas. Por outro lado, considerando seu papel<br />

formador para vida e para o exercício da cidadania, a escola não pode deixar de<br />

abordar <strong>em</strong> sua prática educativa os novos gêneros, a ponto de tornar-se obsoleta e<br />

anacrônica e não cumprir sua função primordial. Portanto, faz necessário introduzir e<br />

incorporar às aulas de língua portuguesa os gêneros digitais b<strong>em</strong> como promover o<br />

letramento digital de seus alunos.<br />

3. Lexicografia e Tecnologia<br />

A Lexicografia, além de fazer interface com outras disciplinas da Linguística e<br />

das Ciências do Léxico, apresenta vários desdobramentos e enfoques <strong>em</strong> seus<br />

estudos. Ela é “consensualmente definida como arte ou técnica de compor<br />

dicionários”. (KRIEGER & FINATTO, 2004, p. 47). Em outros termos é a disciplina<br />

que trata dos probl<strong>em</strong>as teóricos e práticos enfrentados na elaboração de<br />

dicionários. Geralmente, é dividida <strong>em</strong> Lexicografia Prática (confecção de<br />

dicionários) e Lexicografia Teórica (estudo do dicionário). No entanto, há outros


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enfoques, tais como a Lexicografia Discursiva (Dicionário como discurso),<br />

Lexicografia Computacional (Construção de Dicionários Eletrônicos) e a Lexicografia<br />

Pedagógica que se preocupa com o estudo do uso e da confecção de dicionários<br />

escolares para aprendizes tanto de línguas estrangeiras quanto de língua materna.<br />

(PONTES, 2009).<br />

Segundo Correia (2008), a Lexicografia no Século XXI é afetada diretamente<br />

por ferramentas computacionais que t<strong>em</strong> capacidade de armazenamento e<br />

processamento de grande volume de dados. Essas ferramentas permit<strong>em</strong> a<br />

confecção de corpora grandes que pod<strong>em</strong> auxiliar <strong>em</strong> uma “descrição mais<br />

pormenorizada e próxima do uso efetivo das unidades lexicais <strong>em</strong> situações concretas<br />

de uso”.<br />

A autora também destaca como o armazenamento de grandes quantidades<br />

de dados <strong>em</strong> meios digitais de forma estruturada permite ao lexicógrafo fazer<br />

pesquisas rápidas e eficientes para abalizar e/ou refutar questões e probl<strong>em</strong>as, ou<br />

ainda tomar decisões importantes e estabelecer critérios mais claros e seguros para<br />

a confecção de um dicionário. Ela destaca ainda que as bases de dados pod<strong>em</strong> ser<br />

constant<strong>em</strong>ente atualizadas e reutilizadas na confecção de outros dicionários para<br />

públicos específicos <strong>em</strong> um curto espaço de t<strong>em</strong>po, b<strong>em</strong> como se pode fazer a<br />

revisão e atualização constante de um mesmo dicionário, especialmente, se for<br />

publicado <strong>em</strong> suporte digital.<br />

Dessa forma, o escopo da Lexicografia se amplia com a aplicação da<br />

tecnologia ao fazer lexicográfico, à confecção de dicionários. É b<strong>em</strong> verdade que a<br />

grande maioria dos dicionários não é baseada <strong>em</strong> corpus. Em Língua Portuguesa,<br />

t<strong>em</strong>os apenas o Dicionário de Usos do Português de Francisco da Silva Borba<br />

(publicado <strong>em</strong> 2002) baseado <strong>em</strong> corpus e publicado apenas <strong>em</strong> formato de livro. A<br />

informática é aplicada também à lexicografia na transmutação de dicionários<br />

originalmente <strong>em</strong> papel para o formato digital, caso de alguns dicionários famosos<br />

de língua portuguesa (Aurélio e Houaiss) que já têm versões eletrônicas.<br />

Para Escobar (2006), as ferramentas da informática são aplicadas na<br />

atividade lexicográfica de três formas: <strong>em</strong> uma fase lexicográfica, <strong>em</strong> uma fase<br />

dicionarística e nos produtos lexicográficos. Na fase lexicográfica, as ferramentas de<br />

informática são usadas para consulta de fontes de dados, confecção de fichas<br />

lexicográficas, confecção de bancos de dados léxicos e lexicográficos, e análises


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prévias dos dados. Na fase dicionarística, essas ferramentas são aplicadas na<br />

confecção propriamente dita do dicionário. Por fim, elas são aplicadas também aos<br />

produtos lexicográficos, uma vez que muitos dos dicionários impressos foram<br />

digitalizados ou editados <strong>em</strong> versões eletrônicas, e começam a surgir dicionários<br />

exclusivamente eletrônicos, dicionários online, etc. Entretanto, além dessas três<br />

aplicações, as ferramentas computacionais são aplicadas ao uso dos dicionários<br />

eletrônicos, uma vez que se precisa do computador ou outro meio eletrônico (celular,<br />

tablet) para acessar esse tipo de obra.<br />

3.1 Os Dicionários Eletrônicos<br />

O dicionário eletrônico é um aplicativo disponível <strong>em</strong> suportes eletrônicos e<br />

consultado através de ferramentas digitais. Para Welker (2004) pode ser de quatro<br />

tipos: os usados no processamento computacional da linguag<strong>em</strong> natural; os <strong>em</strong> CD-<br />

ROM (dicionários eletrônicos off-line), dicionários eletrônicos online (acessíveis na<br />

internet) e os portáteis. No entanto, o autor aborda apenas os dicionários eletrônicos<br />

off e online, apontando características, vantagens, desvantagens e s<strong>em</strong>elhanças.<br />

Já, Tang (2001) discute as vantagens do uso de dicionários eletrônicos <strong>em</strong><br />

sala de aula e aponta algumas causas da pouca utilização desses dicionários na<br />

escola. Para ele, os dicionários eletrônicos por seu formato e suporte apresentam<br />

várias vantagens, destacando-se a facilidade e rapidez nas buscas, a alta<br />

capacidade de armazenamento, a durabilidade, a possibilidade de copiar os<br />

verbetes e a facilidade de atualização. Segundo ele, os dicionários eletrônicos são<br />

poucos utilizados devido à incompatibilidade de idiomas entre os sist<strong>em</strong>as<br />

operacionais do computador (caso dos dicionários de idiomas), à falta de habilidade<br />

de professores e alunos na utilização do computador e ao pouco conhecimento<br />

sobre os dicionários eletrônicos.<br />

Entretanto, é preciso olhar com cautela para essas obras, pois não pod<strong>em</strong>os<br />

criar mitos de positividade sobre elas e achar que por si só elas resolverão os<br />

probl<strong>em</strong>as que enfrentamos <strong>em</strong> sala de aula com o uso de dicionários. Também,


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não pod<strong>em</strong>os achar que por ser eletrônicos são melhores ou não apresentam<br />

probl<strong>em</strong>as na sua confecção e utilização.<br />

Em Língua Portuguesa, já t<strong>em</strong>os publicadas várias versões eletrônicas de<br />

dicionários famosos, entre eles, destacamos: Aurélio, Houaiss, Michaelis, Aulete<br />

Caldas, Editora Porto, disponíveis off e online. T<strong>em</strong>os também o Priberam Dicionário<br />

de Língua Portuguesa que além de uma versão online, também produz ferramentas<br />

como corretor ortográfico para editores de textos. Recent<strong>em</strong>ente, a Porto Editora e a<br />

Priberam também disponibilizaram aplicativos de seus dicionários de Língua<br />

Portuguesa para tablets. Por último, vale salientar que não há nenhum dicionário de<br />

Língua Portuguesa exclusivamente digital, isto é, não t<strong>em</strong>os nenhum dicionário<br />

produzido e publicado apenas <strong>em</strong> meio digital.<br />

Outro tipo de dicionário que poderia ser classificado como eletrônico é o<br />

colaborativo online. Esses dicionários surgiram na internet na plataforma wiki<br />

(wikcionário, Wikipédia), são produzidos colaborativamente pelos usuários, s<strong>em</strong> o<br />

suporte ou supervisão de uma equipe de lexicógrafos. Poderíamos dizer que são<br />

dicionários amadores, entretanto, é preciso estudos para que se possa descrever,<br />

testar e avaliar esses dicionários. Por outro lado, esse tipo de dicionário abre espaço<br />

para as pessoas s<strong>em</strong> conhecimento da teoria lexicográfica se lançar<strong>em</strong> ao fazer<br />

lexicográfico. Por esse ângulo, t<strong>em</strong> um grande potencial pedagógico, pois pod<strong>em</strong>os<br />

usá-lo <strong>em</strong> atividades que lev<strong>em</strong> o aluno a entender como se estrutura o verbete<br />

lexicográfico, as informações que o compõ<strong>em</strong>, etc., s<strong>em</strong> contar que ao fazer isso<br />

também estamos promovendo o letramento digital.<br />

3.2. O uso de dicionários na escola<br />

Para alguns especialistas, o dicionário <strong>em</strong> si t<strong>em</strong> um caráter didático, uma vez<br />

que dispõe de uma lista extensa de palavras com seus respectivos sentidos e outras<br />

informações pertinentes a cada palavra. No entanto, Welker (2008, p. 14) crítica<br />

essa visão, dizendo que<br />

o adjetivo didático refere-se ao ensino. Obras didáticas são usadas no<br />

ensino, dev<strong>em</strong> ensinar, e isso, de preferência, de maneira didática. Os<br />

dicionários, <strong>em</strong> geral, não ensinam, eles informam. [...] É justamente<br />

nesse aspecto que os DPs pretend<strong>em</strong> ser diferentes dos dicionários<br />

comuns. (Grifo do autor)


Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Desta forma, t<strong>em</strong>-se a necessidade de produção e uso de dicionários feitos<br />

com objetivos didáticos, que atendam as necessidades especificas do estudante <strong>em</strong><br />

processo de formação, isto é, uma obra feita sob medida, um instrumento que facilite<br />

e dinamize o processo ensino-aprendizag<strong>em</strong> de língua materna e contribua para o<br />

desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita.<br />

Já, para Pontes (2009, p. 25)<br />

o didatismo do dicionário faz que este seja um instrumento pedagógico da<br />

maior importância, desde que cumpra convenient<strong>em</strong>ente suas funções,<br />

entre tantas, a de auxiliar o aluno no desenvolvimento de habilidades de<br />

leitura, escrita e comunicação oral.<br />

Portanto, o dicionário como instrumento pedagógico é de suma importância<br />

para o ensino de língua tanto materna quanto estrangeira. Ele pode ser um<br />

instrumento de bastante valor para a aquisição de vocabulário e para o processo de<br />

ensino-aprendizag<strong>em</strong> de leitura e de escrita tanto dentro como fora da escola <strong>em</strong><br />

todas as áreas, já que ler e escrever faz parte de nossa rotina. No caso do ensino de<br />

língua materna, um dicionário poderá ser útil no estudo do léxico <strong>em</strong> seus diferentes<br />

aspectos, b<strong>em</strong> como na ampliação do conhecimento enciclopédico e gramatical dos<br />

estudantes, já que o dicionário traz informações gramaticais, enciclopédicas, de uso,<br />

regionalismos, etc.<br />

Sendo assim, uma das tarefas básicas do professor de ensino fundamental e<br />

médio é instrumentalizar seus alunos no uso dessas ferramentas, torná-los capazes<br />

de aumentar seu léxico e consultar suas dúvidas s<strong>em</strong>pre que necessário de forma<br />

autônoma. Para isso, ele precisa levar o aluno a conhecer o dicionário como um<br />

todo, principalmente, suas características estruturais (microestrutura,<br />

macroestrutura), a estrutura dos seus verbetes, as informações que contém neles,<br />

b<strong>em</strong> como ensinar a usá-lo eficazmente <strong>em</strong> suas necessidades de usuário da<br />

língua.<br />

Hoje, é preciso que professor ensine o aluno a usar o dicionário impresso e<br />

<strong>em</strong> formato eletrônico, já que viv<strong>em</strong>os um período de transição entre o impresso e<br />

digital, e de certa forma todos t<strong>em</strong>os a necessidade de usar produtos feitos para<br />

esses dois suportes. Portanto, a tarefa do professor de língua hoje se duplica, é<br />

preciso que ele crie oportunidades de uso <strong>em</strong> sala de dicionários nos dois suportes,<br />

levando <strong>em</strong> conta suas especificidades e potencialidades. Entretanto, para que o


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professor possa realizar essa tarefa a contento, precisa ser capacitado para isso<br />

tanto <strong>em</strong> sua formação inicial quanto continuada.<br />

4. Metodologia<br />

Para realizar esse trabalho, selecionamos sete dicionários eletrônicos de<br />

língua e procuramos descrever de forma simples os recursos eletrônicos de cada<br />

um, para que possamos conhecer o potencial de uso deles e assim podermos<br />

propor atividades, usando-os para o desenvolvimento da leitura e escrita <strong>em</strong><br />

ambiente digital. Selecionamos as principais obras disponíveis e mais conhecidas,<br />

levando <strong>em</strong> conta a credibilidade que elas têm junto ao público, todas produzidas<br />

por editoras, com exceção do Wikcionário, produzido colaborativamente por todos os<br />

usuários. Em seguida, propomos atividades com os dicionários eletrônicos que<br />

possam contribuir com o processo de desenvolvimento da leitura e escrita <strong>em</strong> textos<br />

digitais.<br />

5. Dicionários Eletrônicos de Língua Portuguesa<br />

Procuramos aqui descrever superficialmente os recursos disponíveis nos<br />

dicionários eletrônicos de língua portuguesa, focando principalmente nas<br />

ferramentas de busca, nos recursos diferentes que cada obra apresenta, se traz<strong>em</strong><br />

manual de usuário, se estão apenas <strong>em</strong> CD ROM ou estão disponíveis online com<br />

acesso gratuito ou pago, etc. Sendo assim, no quadro abaixo t<strong>em</strong>os algumas<br />

características do Dicionário Aurélio Eletrônico, Dicionário Eletrônico Houaiss, Aulete<br />

Digital, Michaelis, Infopédia, Priberam e do Wikcionário.<br />

Quadro 1- Descrição superficial de Dicionários Eletrônicos<br />

Dicionário Descrição<br />

Dicionário Aurélio Eletrônico<br />

Versão eletrônica <strong>em</strong> CDROM de um dos mais famosos<br />

dicionários de língua portuguesa contendo mais de 435 mil<br />

verbetes, locuções e definições. Apresenta vários recursos, tais<br />

como: pesquisa por palavra ou por ord<strong>em</strong> alfabética, pesquisa<br />

avançada com vários filtros, histórico de palavras consultadas,<br />

botões para navegação, espaço para anotações, opções de<br />

configuração. Traz também um manual para o usuário de como<br />

usar o dicionário com várias dicas e um guia intitulado o Aurélio na<br />

escola com sugestões de uso do dicionário dirigido aos<br />

professores. Essa obra também disponibiliza a conjugação<br />

completa de verbos e a verificação da nova ortografia. Já o verbete<br />

lexicográfico se mantém igual ao da versão impressa, apenas com


Dicionário Eletrônico Houaiss<br />

Aulete Digital<br />

Michaelis<br />

Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

três formas de configurar a apresentação <strong>em</strong> tela: modo completo<br />

<strong>em</strong> que se t<strong>em</strong> o verbete completo com todas as acepções <strong>em</strong><br />

forma de lista; modo resumido <strong>em</strong> que só aparecerão as acepções<br />

<strong>em</strong> forma de lista; e modo dicionário <strong>em</strong> que o verbete é<br />

apresentado da forma que está na versão impressa.<br />

Traz mais 440 mil entradas e acepções disponível <strong>em</strong> CDROM e<br />

online exclusivamente para assinantes do site Uol. Apresenta<br />

vários recursos, entre eles: três modos de visualização <strong>em</strong> que o<br />

usuário pode configurar o tamanho da letra e alterar as cores;<br />

conjugador de verbos, coletivos, vozes de animais (s<strong>em</strong> recurso de<br />

som); pesquisa por ord<strong>em</strong> alfabética ou digitando a palavra <strong>em</strong> que<br />

se pode fazer uma pesquisa simples, combinada ou reversa;<br />

Espaço para anotações do usuário e possibilidade de impressão e<br />

exportação do verbete. Traz também um manual para usuário com<br />

informações sobre como usar os recursos do dicionário. O verbete<br />

lexicográfico na sua essência continua igual à versão impressa,<br />

mas apresenta duas formas de configuração: modo interativo <strong>em</strong><br />

que as acepções são apresentadas <strong>em</strong> forma de lista e são<br />

separadas das locuções; e modo tradicional <strong>em</strong> que a<br />

organização é igual à da versão <strong>em</strong> papel. Apresenta também uma<br />

ferramenta de navegação interna hipertextual, <strong>em</strong> que se pode dar<br />

um clique duplo das palavras do verbete para se chegar à sua<br />

definição. A obra também disponibiliza o Dicionário Houaiss de<br />

El<strong>em</strong>entos Mórficos.<br />

Faz parte de um projeto da editora Lexikon que está atualizando o<br />

Dicionário Caldas Aulete de Língua Portuguesa. O projeto visa<br />

aproveitar além da marca do antigo dicionário, o banco de dados.<br />

Já foram lançadas versões atualizadas <strong>em</strong> papel de um dicionário<br />

ilustrado com a turma do sitio do pica-pau amarelo e um dicionário<br />

de bolso. Por enquanto, a editora está disponibilizando<br />

gratuitamente a versão digital tanto para instalar no computador<br />

como para acesso online. Ainda <strong>em</strong> fase de testes, a obra<br />

apresenta vários recursos comuns aos outros dicionários<br />

eletrônicos, mas ainda muitos desses recursos estão desabilitados<br />

ou não funcionam adequadamente. Mesmo instalado no<br />

computador, só funciona com conexão à internet. De novidade, a<br />

obra traz a pronúncia de boa parte das palavras, a possibilidade de<br />

consultar o verbete na forma original e na atualizada, a presença<br />

de hipertexto no corpo do verbete e um modo reduzido <strong>em</strong> que o<br />

dicionário fica <strong>em</strong> uma janela sobre o editor de texto e pode ser<br />

consultado a qualquer momento. Não traz instruções de uso para o<br />

usuário. Na versão online (http://aulete.uol.com.br ), hospedada no<br />

portal Uol e de acesso livre, t<strong>em</strong>os apenas como recurso a<br />

possibilidade de busca do verbete, digitando a palavra ou por<br />

ord<strong>em</strong> alfabética. Nas duas versões há presença de propagandas.<br />

Essa obra com mais de 200 mil verbetes está disponível para<br />

acesso gratuito no site Uol <strong>em</strong> que o usuário pode consultar os<br />

verbetes digitando a palavra através de uma busca simples ou<br />

usar a busca avançada. Na seção saiba mais t<strong>em</strong> informações<br />

sobre a organização da obra, abreviaturas, curiosidades<br />

gramaticais. Essa obra está disponível também <strong>em</strong> CD ROM que<br />

circula junto com o dicionário impresso. Os seus recursos<br />

eletrônicos permit<strong>em</strong> uma busca por ord<strong>em</strong> alfabética ou digitando<br />

a palavra, conjugar os verbos, copiar ou imprimir os verbetes,<br />

alterar a fonte e seu tamanho. O verbete mantém-se igual ao da


Infopédia<br />

Priberam<br />

Wikcionário<br />

obra impressa.<br />

Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Trata-se de um portal (http://www.infopedia.pt/) que agrega<br />

enciclopédias, atlas e vinte e um dicionários editados pela Porto<br />

Editora. O acesso ao site é pago com planos especiais para<br />

professores e estudantes. Mas, é possível realizar pesquisas <strong>em</strong><br />

algumas das obras, especialmente, o Dicionário de Língua<br />

Portuguesa. O portal t<strong>em</strong> apenas a ferramenta de busca por<br />

digitação da palavra, não apresentando a pesquisa <strong>em</strong> ord<strong>em</strong><br />

alfabética. Ao pesquisar a palavra, todos os sentidos são<br />

apresentados <strong>em</strong> forma de lista e, ao lado, é apresentado os<br />

correspondentes <strong>em</strong> outras línguas. No site t<strong>em</strong> também um<br />

conjugador de verbos e uma visita guiada com vídeos que<br />

informam como consultar, uma espécie de manual do usuário. O<br />

texto do verbete é hipertextual, isto é, com clique duplo sobre<br />

qualquer palavra da definição direciona para o sentido da referida<br />

palavra. A Porto Editora recent<strong>em</strong>ente disponibilizou suas obras<br />

<strong>em</strong> aplicativos para smartphones e tablets, sendo o dicionário de<br />

língua portuguesa de acesso gratuito.<br />

O Dicionário Priberam de Língua Portuguesa (<br />

http://www.priberam.pt/ ) é um dicionário online de acesso livre que<br />

dispõe de recursos de busca da definição e da palavra na<br />

definição, e também com um clique duplo é possível ter acesso<br />

aos sentidos das palavras da definição do verbete. Também pode<br />

ser feita a pesquisa da palavra antes ou depois do acordo<br />

ortográfico e <strong>em</strong> Português lusitano e brasileiro. A obra t<strong>em</strong> uma<br />

seção com as palavras mais acessadas e outra com a palavra do<br />

dia. Há uma aba de como consultar o dicionário com vídeos e<br />

textos sobre o dicionário, espécie de manual de usuário. A<br />

Priberam t<strong>em</strong> outros produtos como corretores ortográficos,<br />

aplicações para Windows e outros sist<strong>em</strong>as operacionais. Dispõ<strong>em</strong><br />

de aplicações pagas para smartphones e tablets.<br />

É uma obra colaborativa online <strong>em</strong> que qualquer pessoa pode<br />

editar e salvar qualquer definição. Segundo o próprio site (<br />

http://pt.wiktionary.org ), trata-se de “um projeto colaborativo para<br />

produzir um dicionário poliglota livre <strong>em</strong> português, com<br />

significados, etimologias e pronúncia. Iniciamos o projeto <strong>em</strong> 3<br />

de Maio de 2004 e t<strong>em</strong>os 175 747 entradas na versão <strong>em</strong><br />

português.” Dessa forma, nesse dicionário além do usuário<br />

pesquisar o sentido e outras informações sobre uma palavra, ele<br />

pode também contribuir com a obra, modificando a definição ou<br />

aprimorando-a. Todas as modificações feitas pelos usuários<br />

pod<strong>em</strong> ser acessadas no histórico. Quando se tratar de uma<br />

palavra que ainda não t<strong>em</strong> no dicionário, o usuário pode incluí-la. A<br />

obra dispõe de duas formas de pesquisa: ord<strong>em</strong> alfabética ou<br />

busca por palavra. No texto da definição, as palavras com<br />

hiperlinks são destacadas <strong>em</strong> azul, para conhecer o sentido delas,<br />

basta clicar e o usuário será direcionado a ele.


6. Sugestões de atividades com dicionários eletrônicos<br />

Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Como vimos, é imprescindível que a escola hoje crie oportunidades de uso<br />

das tecnologias digitais <strong>em</strong> sala de aula, a fim de explorar pedagogicamente os mais<br />

diversos recursos que essas tecnologias dispõ<strong>em</strong>. Com o computador e a internet<br />

hoje, estamos constant<strong>em</strong>ente lendo e escrevendo <strong>em</strong> tela. Dessa forma, a escola<br />

também precisa ajudar os alunos a lidar com essa nova realidade, não deixando que<br />

eles aprendam sozinhos fora da escola, s<strong>em</strong> orientação nenhuma, s<strong>em</strong> conhecer as<br />

potencialidades ou os riscos que corr<strong>em</strong> ao usar tais ferramentas. É preciso também<br />

ensinar os alunos a transformar as informações disponíveis facilmente online <strong>em</strong><br />

conhecimento significativo. O uso de estratégias de leitura e escrita (<strong>em</strong> papel ou<br />

<strong>em</strong> tela) pode ajudar nessa tarefa.<br />

Dessa forma, o professor pode propor atividades de leitura e escrita online,<br />

utilizando os mais diversos recursos digitais disponíveis já descritos <strong>em</strong> muitas<br />

pesquisas (por ex<strong>em</strong>plo, projeto IRILDE 3 ), tais como: criação de blogs, sites,<br />

quadrinhos, apresentações colaborativas, Wikis; edição de fotos, escrita online;<br />

armazenamento e compartilhamento de arquivos; pesquisas, etc.<br />

Por outro lado, vale salientar que o dicionário s<strong>em</strong>pre foi um instrumento<br />

pedagógico de primeira linha para auxiliar no desenvolvimento da leitura e da<br />

escrita. Hoje, com a mudança para o suporte digital, já t<strong>em</strong>os vários dicionários<br />

eletrônicos disponíveis. Sendo assim, ao propor atividades de leitura e escrita, o<br />

professor poderá incluir o uso do dicionário eletrônico, pois assim irá ajudar o aluno<br />

a construir sua autonomia, uma vez que essas obras se encontram no próprio<br />

computador ou disponível online, facilitando a pesquisa de palavras desconhecidas<br />

ou outras informações disponíveis no dicionário como conjugação verbos,<br />

sinônimos, antônimos, etc.<br />

No entanto, é preciso que o professor instrua os alunos sobre o uso do<br />

dicionário. A maioria dessas obras hoje traz um manual de usuário que facilita essa<br />

tarefa. O professor pode também propor atividades que lev<strong>em</strong> aos alunos usar<strong>em</strong><br />

essas obras com mais frequência. Nesse trabalho, far<strong>em</strong>os algumas sugestões de<br />

3 Recursos da Internet para o letramento digital e ensino da escrita


Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

usos do dicionário e de atividades que pod<strong>em</strong> ser modificadas, acrescidas,<br />

adaptadas.<br />

1- Convidar os alunos a explorar livr<strong>em</strong>ente os dicionários eletrônicos<br />

disponíveis (selecionados previamente) e pedir para ir<strong>em</strong> anotando as<br />

descobertas que faz<strong>em</strong>. Em seguida, abrir uma discussão sobre os recursos<br />

que descobriram. Depois, propor a leitura do manual do usuário e junto com<br />

eles descobrir mais ferramentas e recursos que as obras dispõ<strong>em</strong>. Esse tipo<br />

de atividade ajuda o aluno a se familiarizar com o dicionário eletrônico.<br />

2- Incluir links dos dicionários disponíveis online nos sites e blogs criados pelos<br />

alunos, isso dará visibilidade às obras e qu<strong>em</strong> tiver necessidade pode usá-la<br />

facilmente.<br />

3- Incentivar o uso do dicionário na revisão e reescrita dos textos produzidos<br />

pelos alunos.<br />

4- Elaborar junto com os alunos um glossário dos termos da disciplina. Esse<br />

glossário pode ser montado à medida que os conteúdos vão sendo<br />

ministrados ao longo do ano e ser disponibilizado para a consulta da turma ou<br />

da escola.<br />

5- Propor aos alunos uma pesquisa de palavras e expressões da sua<br />

comunidade, bairro ou grupo e depois consultar no Wikcionário se essas<br />

palavras já foram registradas ou não na obra. Se ainda não foram, propor que<br />

eles as incluam, ou se já foram, propor que as revis<strong>em</strong> e edit<strong>em</strong>.<br />

7. Considerações finais<br />

Nesse trabalho, procuramos discutir a relação da Lexicografia com a<br />

tecnologia, o uso dos dicionários eletrônicos para o letramento digital e lexicográfico<br />

dos alunos. Descrev<strong>em</strong>os superficialmente algumas obras disponíveis que pod<strong>em</strong><br />

ser usadas e exploradas por alunos e professores <strong>em</strong> sala e ao final propus<strong>em</strong>os<br />

algumas atividades e usos dessas obras.


Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Para finalizar, destacamos que a incorporação e a apropriação desses<br />

recursos por alunos e professores são necessárias, mas é preciso que sejam feitas<br />

de forma crítica. Não pod<strong>em</strong>os usá-los por usar ou porque virou moda. É preciso<br />

fazer isso com critério, planejando detalhadamente cada passo a ser dado,<br />

analisando as potencialidades dos recursos, os riscos que por ventura o uso deles<br />

possa trazer e as suas implicações éticas.<br />

Vale salientar que os educadores precisam urgent<strong>em</strong>ente ser capacitados<br />

para o uso das tecnologias digitais. Entretanto, isso não pode se dar <strong>em</strong> cursos<br />

rápidos com receitas prontas. É preciso levar o professor a refletir criticamente sobre<br />

suas ações e práticas com as tecnologias na escola, aliando a teoria à prática.<br />

Nesse processo todos pod<strong>em</strong> ser beneficiados.<br />

Salientamos também que é preciso capacitar o professor para o uso do<br />

dicionário na escola, levá-lo a conhecer as características e recursos dos dicionários<br />

e como tirar proveito pedagogicamente dessas obras. Por outro lado, ressaltamos<br />

que é preciso se aprofundar os estudos e pesquisas sobre os dicionários<br />

eletrônicos, especialmente a descrição e o uso dessas obras para que todo o seu<br />

potencial possa ser explorado tanto dentro como fora da escola.<br />

Por fim, destacamos que o uso dos dicionários eletrônicos na escola pode<br />

contribuir muito para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita <strong>em</strong> meio<br />

digital, letramento digital, b<strong>em</strong> como ajudar a construir a autonomia do aluno,<br />

tornando-o efetivamente um bom leitor e produtor de textos.<br />

8. Referências Bibliográficas<br />

CORREIA, M. Lexicografia no início do século XXI – novas perspectivas, novos<br />

recursos e suas consequências. In: JÚNIOR, Manuel Alexandre (coord.) Lexicon –<br />

Dicionário de Grego-Português, Actas de Colóquio. Lisboa: Centro de estudos<br />

Clássicos / FLUL, 2008 p. 73-85<br />

COSCARELLI, C V. RIBEIRO, A E(orgs). Letramento Digital: aspectos sociais e<br />

possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte, Ceale-Autêntica, 2007.<br />

ESCOBAR, G. A. Las Nuevas Tecnologías al Servicio de La Lecixografía: Los<br />

Diccionarios Electrónicos. In: LLAMAZARES, M. V. Actas del XXXV Simposio<br />

Internacional de la Sociedad Espanola de Lingüística. León, Univesidad de León,<br />

2006.


Universidade de Sorocaba - 26 e 27 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

KRIEGER, M. G. & FINATTO, M. J. B. Introdução à Terminologia: Teoria e<br />

Prática. São Paulo, Contexto, 2004.<br />

MARCUSCHI, Luiz Antônio & XAVIER, Antônio Carlos. Hipertexto e Gêneros<br />

Digitais. São Paulo. 2ª edição. Editora Lucerna, 2005.<br />

PONTES, A.L. Dicionário para Uso Escolar: o que é, como se lê. Fortaleza,<br />

EdUECE, 2009.<br />

SOARES, Magda. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista<br />

Brasileira de Educação, jan/fev/abr/mai 2004, n° 25. <strong>Disponível</strong> <strong>em</strong>:<br />

http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf. Acesso <strong>em</strong>: 15/09/2011.<br />

TANG , Yu-wen. La Utilización de Diccionarios Electrónicos para el Aprendizaje<br />

de La Lengua Española en Taiwán. In: ASELE. ACTAS XII (2001), Centro Virtual<br />

Cervantes, p 225-235.<br />

WELKER, H. A. Dicionários: uma introdução à lexicografia. Brasília, Thesaurus,<br />

2004. 2ª. Ed. revista e ampliada.<br />

Dicionários Consultados<br />

Aulete Digital. <strong>Disponível</strong> <strong>em</strong>: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital.<br />

Acesso <strong>em</strong>: 19/09/2011.<br />

FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio Eletrônico. Curitiba: Editora Positivo, 2010.<br />

HOUAISS. A. Houaiss Eletrônico. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2009.<br />

Infopedia. <strong>Disponível</strong> <strong>em</strong>: http://www.infopedia.pt/. Acesso <strong>em</strong>: 19/09/2011.<br />

Michaelis Português – Moderno Dicionário de Língua Portuguesa. <strong>Disponível</strong> <strong>em</strong>:<br />

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php. Acesso <strong>em</strong>: 19/09/2011.<br />

Priberam. <strong>Disponível</strong> <strong>em</strong>: http://www.priberam.pt/dlpo/. Acesso <strong>em</strong>: 19/09/2011.<br />

Wikcionário. <strong>Disponível</strong> <strong>em</strong>: http://pt.wiktionary.org. Acesso <strong>em</strong>: 20/09/2011.

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