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378 - maio 2010 - Diocese de Guarapuava

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DÍZIMO<br />

www.diopuava.org.br<br />

Conversando sobre o dízimo e as ofertas - 8<br />

O DÍZIMO E AS OFERTAS SOB A<br />

PERSPECTIVA DE JESUS E DOS PRIMEIROS CRISTÃOS - 2<br />

Padre Cristovam Iubel<br />

cristovamiubel@paoevinho.com.br<br />

Além das duas vezes em que Jesus falou sobre o dízimo e que viviam unidos e possuiam tudo em comum; vendiam suas propriedaforam<br />

referidas pelos evangelistas, só voltamos a encontrar o <strong>de</strong>s e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a<br />

termo dízimo na Carta aos Hebreus: “Este Melquise<strong>de</strong>c, rei <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um. Perseverantes e bem unidos, frequentavam<br />

Salém, sacerdote <strong>de</strong> Deus Altíssimo, saiu ao encontro <strong>de</strong> Abraão, diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeiquando<br />

este regressava da vitória sobre os reis, e o abençoou, Abraão ção com alegria e simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coração. Louvavam a Deus e eram<br />

entregou a ele o dízimo <strong>de</strong> tudo. Primeiro, seu nome significa “Rei da estimados por todo o povo. E, cada dia, o Senhor acrescentava a seu<br />

Justiça”; e ele é também “Rei <strong>de</strong> Salém”, isto é, “Rei da Paz”. Sem número mais pessoas que seriam salvas” (At 2,42-47). “A multidão<br />

pai, sem mãe, sem genealogia, sem início <strong>de</strong> dias nem fim da vida, dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém consi<strong>de</strong>rava suas<br />

ele se assemelha ao Filho <strong>de</strong> Deus e permanece sacerdote para sem- as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com<br />

pre. Consi<strong>de</strong>rai, pois, como Melquise<strong>de</strong>c era gran<strong>de</strong>: Abraão, o patri- gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do<br />

arca, lhe <strong>de</strong>u o dízimo dos <strong>de</strong>spojos. Segundo a lei <strong>de</strong> Moisés, os <strong>de</strong>s- Senhor Jesus, e sobre todos eles multiplicava-se a graça <strong>de</strong> Deus.<br />

cen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Levi que se tornam sacerdotes <strong>de</strong>vem receber o dízimo Entre eles ninguém passava necessida<strong>de</strong>, pois aqueles que possuíam<br />

do povo, isto é, dos seus irmãos, embora estes também sejam <strong>de</strong>s- terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o <strong>de</strong>positavam aos<br />

cen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Abraão. Melquise<strong>de</strong>c, porém, sem figurar entre os <strong>de</strong>spés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Levi, recebeu o dízimo <strong>de</strong> Abraão e ainda lhe <strong>de</strong>u sua cada um. Assim fez José, que os apóstolos chamavam <strong>de</strong> Barnabé<br />

bênção, a ele que havia recebido as promessas <strong>de</strong> Deus. Ora, aquele (que significa “filho da consolação”). Era levita, natural <strong>de</strong> Chipre.<br />

que recebe a bênção é, sem dúvida, menos importante do que aquele Ele possuía aos pés dos apóstolos (At 4,32-37).<br />

que se dá! Além disso, os filhos <strong>de</strong> Levi, que recebem o dízimo, são<br />

Ou seja, os primeiros cristãos foram além do dízimo e das ofer-<br />

homens mortais. Lá, porém, o dízimo foi recebido por alguém do tas prescritas na Lei, e colocaram tudo em comum: cem por cento!<br />

qual se <strong>de</strong>clara que está vivo. Po<strong>de</strong>mos até dizer que, na pessoa <strong>de</strong> Porém... o projeto <strong>de</strong> partilhar tudo teve curta duração (cf. At 5,1-<br />

Abraão, aquele que <strong>de</strong>via receber o dízimo, Levi, entregou o dízi- 11). À medida que o número <strong>de</strong> cristãos aumentou, aumentou a alemo;<br />

pois ele estava no corpo do seu antepassado Abraão, quando gria e também aumentaram os problemas (cf. 1Cor 3,1-8; 5,1-13;<br />

Melquise<strong>de</strong>c veio ao seu encontro” (Hb 7,1-10).<br />

11,17-34, entre outros). A Igreja nasceu santa (instituída por Jesus e<br />

Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1978), fortalecida pelo Espírito Santo) e pecadora (porque seus membros,<br />

na menção do dízimo em Hebreus, “o autor argumenta que Cristo, homens e mulheres, não são perfeitos). A experiência das primeias<br />

sacerdote segundo a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Melquise<strong>de</strong>c, tem sacerdócio supe- comunida<strong>de</strong>s cristãs é o i<strong>de</strong>al a ser atingido, uma espécie <strong>de</strong> “céu<br />

rior ao <strong>de</strong> Levi, pois este (presente em Abraão, no episódio <strong>de</strong> Gn antecipado” on<strong>de</strong> tudo é <strong>de</strong> todos, e Deus é o Senhor <strong>de</strong> todos e <strong>de</strong><br />

14,17ss), pagou o dízimo a Melquise<strong>de</strong>c”.<br />

tudo. Contudo, embora maravilhosa, essa experiência inicial mostrou<br />

Tendo como pressuposto o mencionado até agora, é necessá- que a partilha total e plena parece impossível numa realida<strong>de</strong> em<br />

rio que <strong>de</strong>mos mais um passo. Jesus, ao aperfeiçoar a Lei, ultrapasque os que partilham, por causa do pecado, carregam consigo a ava-<br />

sou-a, renovando-a em sua essência. Ele é a nova Lei, fruto da Nova reza, o orgulho, o apego, o egoísmo.<br />

e Definitiva Aliança, a Palavra mais íntima e profunda que Deus<br />

Não tendo mais o dízimo, nem a partilha plena, como se sus-<br />

po<strong>de</strong>ria ter dito ao ser humano (cf. Hb 1,1-14). A antiga Lei não foi tentaram as primeiras comunida<strong>de</strong>s cristãs? Através <strong>de</strong> ofertas<br />

<strong>de</strong>sprezada por Jesus, mas completamente renovada, isto é, ele- espontâneas e <strong>de</strong> coletas, sendo estas mais comuns quando alguma<br />

vada ao seu grau máximo, o do amor. O que levou Paulo a escrever: comunida<strong>de</strong> passava por necessida<strong>de</strong> (cf. 1Cor 16,1-8; 2Cor 9,1-14).<br />

“Agora, portanto, já não há con<strong>de</strong>nação para os que estão no Cristo Também por meio <strong>de</strong> doações eram sustentados os evangelizadores e<br />

Jesus. Pois a lei do Espírito, que dá a vida no Cristo Jesus, te liber- auxiliados os pobres (cf. 1Cor 1,1-13; Gl 6,6-10; 1Tm 6,6-10; Tg 2,1tou<br />

da lei do pecado e da morte. Com efeito, aquilo que era impos- 13; Hb 13,16; 1Pd 3,8-12; 1Jo 3,16-18; 4,19-21).<br />

sível para a Lei, em razão das fraquezas da carne, Deus o realizou<br />

Em resumo: Não tendo mais as prescrições da Lei, os primeiros<br />

enviando seu próprio Filho em carne semelhante à do pecado, e cristãos se espelham em Jesus, que se fez doação total. Também eles<br />

por causa do pecado. Assim, Deus con<strong>de</strong>nou o pecado na carne, a fazem a experiência <strong>de</strong> partilhar tudo, experiência esta realizada<br />

fim <strong>de</strong> que a justiça exigida pela Lei cumprida em nós, que não pro- com êxito no início, mas logo <strong>de</strong>pois frustrada pela avareza dos doace<strong>de</strong>mos<br />

segundo a carne, mas segundo o Espírito (Rm 8,1-4).<br />

dores. Passa-se, assim, a sustentar as comunida<strong>de</strong>s por meio das ofer-<br />

Os homens e as mulheres que acreditaram em Jesus, o Cris- tas e das coletas, dados espontaneamente. O dízimo e as ofertas obrito,<br />

passaram a ser chamados <strong>de</strong> “cristãos” (At 11,6c). Enquanto os gatórias <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir para os primeiros cristãos.<br />

ju<strong>de</strong>us continuaram na observância da Lei, os cristãos se reuniam<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais: 1) Jesus é, para os primeiros cristãos,<br />

para recordar as palavras e as ações <strong>de</strong> Jesus – que <strong>de</strong>pois seriam mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> entrega, <strong>de</strong> doação, <strong>de</strong> amor levado ao extremo. Ele é a<br />

escritas –, invocando o Espírito enviado pelo Pai.<br />

proposta viva, o testemunho ímpar <strong>de</strong> que Deus é Pai e quer que<br />

Com a superação da Lei antiga – e seus mais <strong>de</strong> 600 preceitos, todos vivam como irmãos e irmãs, numa gran<strong>de</strong> família; 2) A passaos<br />

cristãos também superaram a legislação mosaica que dizia res- gem da Lei para a prática cristã foi gradual. Quanto mais as comuni-<br />

peito ao dízimo e às ofertas. Sustentados pelo mandamento que da<strong>de</strong>s se organizavam, tanto mais trocavam a obrigatorieda<strong>de</strong> da<br />

resumia toda a Lei e os Profetas – o mandamento do amor (cf. Mt Lei pela partilha espontânea; 3) O dízimo da Primeira Aliança, fruto<br />

22,34-40), eles não tinham mais necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar parte do que da gratidão para com Deus, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir e é substituído pela partipossuiam,<br />

mas se sentiam no direito e no <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> colocar tudo em<br />

comum: “Ele (os cristãos) eram perseverantes em ouvir o ensinamento<br />

dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas<br />

orações. Apossava-se <strong>de</strong> todos o temor, e pelos apóstolos realiza-<br />

lha. Com isso o dízimo foi ultrapassado em significado em razão da<br />

prática e dos ensinamentos <strong>de</strong> Jesus; 4) O dízimo voltará,<br />

MAIO<br />

como veremos nas próximas reflexões, mas com um espí-<br />

<strong>2010</strong> 25 rito <strong>de</strong> doação e partilha, e não mais sob o jugo <strong>de</strong><br />

vam-se numerosos prodígios e sinais. Todos os que abraçavam a fé uma lei jurídica.<br />

A igreja na<br />

DIOCESE<br />

<strong>de</strong> <strong>Guarapuava</strong>

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