Haiti - O Estado de MS

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D10 Haiti o Estado Sábado, 4 de dezembro de 2010 Lucia Morel Seis meses longe de casa e da família para cumprir uma missão no país mais pobre e miserável das Américas do Sul, Central e do Norte. Esse período é muito longo quando se pensa na distância e também nos riscos que uma missão pode trazer à saúde e à vida dos militares. O médico responsável pela equipe de saúde do 2º batalhão, Carlos Eduardo Parra, disse que os problemas mais comuns atendidos na enfermaria do batalhão são relacionados a queda de pressão ou contusões. No entanto, Parra destaca que é comum oficiais aparecerem para atendimento com problemas que podem ser decorrentes do fator emocional. “Uma dor de cabeça, ou uma febre sem causa podem ter origem em algum problema emocional, como depressão ou mesmo tristeza por estarem longe de casa”, disse. Essa saudade é amenizada com a facilidade de comunicação, já que a estrutura do batalhão conta com linhas telefônicas e internet de alta velocidade. É a tecnologia que permite aos sargentos Edmilson de Souza Bravo e Márcio Amâncio Rodrigues, ambos de Campo Grande, se comunicarem e manterem atualizadas as informações da família. “A saudade é grande, mas todos os dias temos como conversar e saber o que está acontecendo lá”, disse Bravo, que sacrificou seis meses de convivência com a mulher e os dois filho de 13 e 5 anos de idade para participar da missão. Para o sargento Rodrigues, a situação é semelhante. Ele chegou ao Haiti em setembro e desde então mantém contato com a mulher e o filho de 13 anos pela internet ou pelo telefone. “Sempre foi meu desejo vir para cá e minha mulher ficou abalada, porque é muito tempo de distância, mas para fazer um trabalho desses temos de abrir mão de algumas coisas”, destacou. Terremoto, cólera e malária também preocupam contingente brasileiro Após um terremoto que deixou mais de 230 mil mortos CADERNO ESPECIAL - GUERREIROS PELA VIDA MATO GROSSO DO SUL A facilidade que a tecnologia proporciona ajuda o sargento Amâncio, de Campo Grande, a reduzir o impacto da saudade da família Cuidados com a saúde são necessários para enfrentar a saudade de casa e uma epidemia de cólera que infectou mais de 75 mil até a última quinta-feira (2), os militares aumentaram os cuidados com a saúde dentro e fora do batalhão. Além desses problemas, ainda há o risco de malária, uma doença muito comum no Haiti. Somente este ano, 25 militares foram infectados, sendo a maioria (21) do 1º batalhão, dois do BRABATT 2 e outros dois da Companhia de Engenharia. “Depois desses casos de malária no BRABATT 1, intensificamos o combate e cada militar é responsável por seus cuidados também, como tomar o medicamento que enfraquece a doença (Nefloquina) e também o uso de repelente”, sustentou o mé- dico do 2º batalhão. Além disso, os batalhões brasileiros ainda intensificam o fumacê, com a pulverização de veneno contra o mosquito Anófeles logo pela manhã, às 5 horas, e no final da tarde, às 17 horas. Esses são os períodos de mais atuação do inseto, que gosta de espaços escuros e da Lucia Morel penumbra. Parra destaca que, apesar de todos os problemas que o Haiti enfrenta, a malária seria a principal inimiga dos oficiais brasileiros. “Contra a cólera temos todos os cuidados e há higiene nos batalhões, mas o mosquito transmissor da malária pode picar qualquer um e isso sim, é um risco, porque a doença é séria”.
o Estado MATO GROSSO DO SUL Lucia Morel Um orfanato. Cinquenta e duas crianças. Mais de 850 mãos amigas. Esses são os números que mostram que mais do que “braço forte”, os militares brasileiros também têm um coração voluntário e solidário. Adotado com seriedade e compromisso pelos militares do BRABATT 2, um orfanato hai- tiano, localizado próximo à sede do batalhão, recebe há cerca de um mês cuidados especiais do componente brasileiro. O 1º Batalhão já fazia um trabalho na mesma entidade desde 2004, mas o desafio agora, segundo o sargento João Pereira de Carvalho, que defende com afinco a adoção, é manter as atividades mesmo quando um novo contingente chegar ao Haiti. Haiti CADERNO ESPECIAL - GUERREIROS PELA VIDA “Queremos a partir de agora começar um processo de continuidade, sem a quebra da ajuda ao orfanato, mesmo quando nós formos embora e outros militares forem enviados ao país”, disse. Casado, e com muita saudade da família, o sargento afirma que os momentos que passa com as crianças na entidade o fazem feliz e esquecer da saudade de casa. “Quando chego lá acaba toda tristeza, eles me alegram e eu os alegro” e ensina: “quando chego lá eu percebo que a gente não sofre, a gente reclama”. Além da doação de brinquedos, alimentos e roupas, o BRABATT 2 também faz atendimento de saúde das crianças, com tratamentos, curativos e medicamentos. Aos domingos, os militares que desejarem, D11 Sábado, 4 de dezembro de 2010 ‘Mão amiga’ e coração voluntário cuidam de 52 órfãos haitianos Divulgação BRABATT 2 Muitas crianças ficaram órfãs após o terremoto, mas dentro ou fora do orfanato elas mantém sorriso no rosto e um olhar cheio de esperança ainda participam de atividades esportivas com as crianças, a partir das 8 horas, com aulas de violão, canto, artes marciais, futebol, basquete e vôlei. “O que cada um de nós sabe fazer ensinamos lá e é muito bom”, sustenta o sargento. Das 52 crianças atendidas pelo orfanato, ao menos 15 ficaram órfãs após o terremoto de 12 de janeiro.
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