a coluna micro/macro do jornal a folha de so paulo: divulgao ...
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A COLUNA MICRO/MACRO DO JORNAL A FOLHA DE SÃO PAULO: A<br />
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NA SALA DE AULA<br />
Diamantino Fernan<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong> 1<br />
1 Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica – SP / Licenciatura em Física, tynus_ciencia@yahoo.com.br<br />
Resumo<br />
O ensino volta<strong>do</strong> apenas para a transmissão <strong>de</strong> informações e que visa os bons resulta<strong>do</strong>s<br />
nos exames vestibulares encontra-se distancia<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma formação completa,<br />
interdisciplinar, multidisciplinar e abrangente que permita uma preparação para o<br />
acompanhamento das rápidas transformações <strong>de</strong> Ciência, da tecnologia e da <strong>so</strong>cieda<strong>de</strong> em<br />
geral. Uma possibilida<strong>de</strong> interessante para <strong>de</strong>spertar o interesse <strong>do</strong>s alunos pelas ciências,<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que percebam a importância <strong>do</strong> “pensar” em lugar <strong>do</strong> “memorizar”, é a utilização<br />
<strong>de</strong> textos <strong>de</strong> divulgação científica na sala <strong>de</strong> aula. No projeto História da Ciência,<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com alunos <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>do</strong> CEFET-SP, utilizamos a <strong>coluna</strong> <strong>do</strong>minical <strong>de</strong><br />
Marcelo Gleiser, Micro/Macro, publicada <strong>do</strong>minicalmente pelo <strong>jornal</strong> a Folha <strong>de</strong> São Paulo,<br />
como instrumento pedagógico para uma abordagem <strong>de</strong> temas polêmicos da Ciência como<br />
Aquecimento Global, Projeto Genoma, Clonagem, Buracos Negros, Teoria <strong>do</strong> Big-Bang,<br />
etc. Esta ativida<strong>de</strong> tem se mostra<strong>do</strong> bastante produtiva e possibilita uma reflexão <strong>so</strong>bre a<br />
construção histórica <strong>do</strong> conhecimento científico.<br />
Palavras-chave: Ciência, divulgação científica, ensino.<br />
OBJETO<br />
Alunos <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>do</strong> Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação<br />
Tecnológica <strong>de</strong> São Paulo.<br />
OBJETIVOS<br />
O presente trabalho tem como objetivos analisar uma das ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>senvolvidas no ano <strong>de</strong> 2005 no Projeto História da Ciência <strong>do</strong> CEFET-SP. A ativida<strong>de</strong><br />
em questão é o trabalho com a <strong>coluna</strong> Micro/Macro <strong>do</strong> <strong>jornal</strong> a Folha <strong>de</strong> São Paulo on<strong>de</strong><br />
os alunos adquirem gradativamente uma visão da Ciência como proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> construção<br />
diária. Uma visão geral da divulgação científica, num <strong>jornal</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tiragem, mostra a<br />
sua importância numa época como a nossa, em que <strong>de</strong>sempenha papel indiscutível no<br />
proces<strong>so</strong> <strong>so</strong>cial, histórico e econômico. Na experiência em questão, a divulgação científica<br />
na sala <strong>de</strong> aula mostrou-se um importante veículo para o aprendiza<strong>do</strong> da Ciência,<br />
tornan<strong>do</strong>-a mais acessível aos alunos, iniciantes no seu estu<strong>do</strong>. Esta ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />
utilizada por profes<strong>so</strong>res da área <strong>de</strong> Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias,<br />
valen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> uma ferramenta importante como as <strong>coluna</strong>s científicas <strong>do</strong>s jornais.
INTRODUÇÃO<br />
A Ciência é uma narrativa em<br />
constante proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> renovação<br />
Marcelo Gleiser<br />
A Ciência é uma das maneiras <strong>de</strong> interpretar a realida<strong>de</strong>, é uma das formas <strong>de</strong><br />
pensamento <strong>de</strong>senvolvidas pelo ser humano e <strong>de</strong>sempenha um papel indiscutível no<br />
proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> civilização. Os resulta<strong>do</strong>s da Ciência repercutem em to<strong>do</strong>s os âmbitos da<br />
existência, pois está as<strong>so</strong>ciada à produção <strong>de</strong> tecnologia. O mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> não<br />
comporta mais o romantismo da pesquisa científica pelo prazer. O século XX vivenciou um<br />
inten<strong>so</strong> proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> produção científica, inigualável há tempos anteriores, e a as<strong>so</strong>ciação<br />
entre Ciência e tecnologia (tecnociência) se estreita, garantin<strong>do</strong> a parceria <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s.<br />
Existe uma imagem distorcida <strong>de</strong> que a Ciência é algo alheio às outras ativida<strong>de</strong>s<br />
humanas. Para Gleiser (2000), quan<strong>do</strong> se diferencia ciência básica da ciência aplicada,<br />
estamos supon<strong>do</strong> que ela trata <strong>de</strong> questões que não estão diretamente ligadas a aplicações<br />
imediatas, como a criação <strong>de</strong> novas tecnologias. Uma parte significativa <strong>do</strong>s seres<br />
humanos não consegue as<strong>so</strong>ciar a Ciência e a tecnologia. Quan<strong>do</strong> alguém usa um celular,<br />
assiste um capítulo da novela das oito, envia um e-mail ou utiliza o seu automóvel,<br />
dificilmente as<strong>so</strong>cia essas tecnologias com o proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento científico que<br />
lhe possibilita utilizar esses confortos.<br />
Des<strong>de</strong> o início <strong>do</strong> século XX, e mais intensamente a partir da Segunda Guerra<br />
Mundial, a Ciência, no seu <strong>de</strong>senvolvimento mais acelera<strong>do</strong>, utiliza-se cada vez menos da<br />
linguagem popular, <strong>do</strong> sen<strong>so</strong> comum. Passamos a ter uma linguagem superespecializada<br />
da Ciência que é acessível a poucos. A divulgação científica procura tornar acessível o<br />
conhecimento superespecializa<strong>do</strong> a um número cada vez maior <strong>de</strong> pes<strong>so</strong>as. De acor<strong>do</strong><br />
com Mora (2003):<br />
A divulgação é uma tarefa que não admite apenas uma<br />
<strong>de</strong>finição; além dis<strong>so</strong>, ela varia segun<strong>do</strong> o lugar e a época. Para<br />
alguns, divulgar continua sen<strong>do</strong> traduzir. Para outros, ensinar <strong>de</strong><br />
forma amena ou informar <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> acessível. Fala-se,<br />
também, que divulgar é tentar reintegrar a Ciência na cultura.<br />
Diz ainda a autora que a divulgação é uma recriação <strong>do</strong> conhecimento científico,<br />
para torná-lo acessível ao público.<br />
Voltan<strong>do</strong> no tempo encontramos Kepler e Galileu como os primeiros gran<strong>de</strong>s<br />
divulga<strong>do</strong>res da Ciência. O primeiro escreveu um livro <strong>de</strong> ficção científica chama<strong>do</strong> Somnio,<br />
que falava <strong>so</strong>bre um homem que viajava a lua em <strong>so</strong>nho. O segun<strong>do</strong> formulou uma<br />
<strong>de</strong>scrição matemática <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong>s corpos, na sua obra Duas novas ciências, on<strong>de</strong><br />
questiona todas as concepções aceitas, testan<strong>do</strong>-as por meio <strong>do</strong> novo méto<strong>do</strong>, o méto<strong>do</strong><br />
experimental. A invenção da imprensa <strong>de</strong>slocou um pouco a Ciência <strong>do</strong> seu aspecto<br />
priva<strong>do</strong> e se tornou algo mais público. Galileu tornou pública a teoria heliocêntrica <strong>de</strong><br />
Copérnico quan<strong>do</strong> publicou, em italiano, o diálogo <strong>so</strong>bre os <strong>do</strong>is principais sistemas <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>, em 1624. No Brasil, três gran<strong>de</strong>s divulga<strong>do</strong>res científicos merecem <strong>de</strong>staque:
D.PEDRO II: O PIONEIRO DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA<br />
Ao longo <strong>do</strong> tempo, divulgação científica <strong>de</strong>senvolveu-se juntamente com o próprio<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da Ciência. Durante o Segun<strong>do</strong> Reina<strong>do</strong>, D. Pedro II mostrou-se bastante<br />
<strong>de</strong>dica<strong>do</strong> às ciências. Buscava a imagem <strong>de</strong> um impera<strong>do</strong>r esclareci<strong>do</strong> e procurava<br />
sustentar a idéia <strong>de</strong> que a elite imperial brasileira estava empenhada no avanço científico e<br />
preparada para incorporar as conquistas técnicas mo<strong>de</strong>rnas, como o telégrafo e a ferrovia.<br />
O impera<strong>do</strong>r patrocinava, particularmente, projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos<br />
relevantes à História <strong>do</strong> Brasil, no país e no estrangeiro. Aju<strong>do</strong>u, <strong>de</strong> várias maneiras, o<br />
trabalho <strong>de</strong> vários cientistas como Martius, Lund, Agassiz, Derby, Glaziou, Seybold e<br />
outros. Financiou ainda vários profissionais como agrônomos, arquitetos, profes<strong>so</strong>res,<br />
engenheiros, farmacêuticos, médicos etc. Muitos <strong>de</strong>les estudaram na França com bolsas<br />
imperiais e até com auxilio financeiro <strong>do</strong> próprio impera<strong>do</strong>r.<br />
Quan<strong>do</strong> o Brasil participou da Exposição Internacional da Filadélfia, D.Pedro II fez<br />
contato com Graham Bell, que lhe apresentou sua nova invenção: o telefone. Ficou muito<br />
impressiona<strong>do</strong> com o aparelho e encomen<strong>do</strong>u-lhe alguns. No retorno <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
man<strong>do</strong>u instalar linhas telefônicas entre o Palácio da Quinta da Boa Vista e as residências<br />
<strong>de</strong> seus ministros.<br />
D. Pedro II correspondia-se regularmente com as <strong>so</strong>cieda<strong>de</strong>s científicas e cientistas<br />
da Europa. São célebres as trocas <strong>de</strong> cartas com Pasteur, ten<strong>do</strong> este colabora<strong>do</strong> com o<br />
Brasil nos graves problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública como a raiva, a febre amarela e a cólera. Foi<br />
também um gran<strong>de</strong> incentiva<strong>do</strong>r da fotografia no Brasil, ten<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong> seu equipamento<br />
em março <strong>de</strong> 1840, alguns meses antes que esses aparelhos fossem comercializa<strong>do</strong>s em<br />
nos<strong>so</strong> país.<br />
D. Pedro II foi, sem dúvida um gran<strong>de</strong> incentiva<strong>do</strong>r e primeiro divulga<strong>do</strong>r científico<br />
numa época em que a Ciência e a tecnologia era um privilégio para poucos.<br />
JOSÉ REIS: APOPULARIZAÇÃO DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL<br />
Suponho que a alegria <strong>do</strong> divulga<strong>do</strong>r é maior<br />
que a <strong>do</strong> mestre, que ensina em classes<br />
formais. O divulga<strong>do</strong>r exerce um magistério<br />
sem classe.<br />
José Reis<br />
José Reis foi o principal divulga<strong>do</strong>r científico <strong>do</strong> Brasil. Nasceu em 12 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />
1907, na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e estu<strong>do</strong>u no Colégio Pedro II. Ingres<strong>so</strong>u, em 1925, na<br />
Faculda<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Medicina. No segun<strong>do</strong> semestre <strong>de</strong> 1929, foi convida<strong>do</strong> para<br />
trabalhar no Instituto Biológico em São Paulo, sen<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> como bacteriologista.<br />
Formou-se em 1930.<br />
No Instituto Biológico, on<strong>de</strong> iniciou a sua carreira <strong>de</strong> divulga<strong>do</strong>r científico, trabalhava<br />
<strong>so</strong>b a orientação <strong>do</strong> eminente cientista Hermann von Ihering que lhe propôs pesquisar uma<br />
peste <strong>de</strong>sconhecida que matava as galinhas <strong>de</strong> um cria<strong>do</strong>r. Após re<strong>so</strong>lver o problema,
<strong>de</strong>cidiu informar outros cria<strong>do</strong>res e pas<strong>so</strong>u a escrever <strong>so</strong>bre o assunto, <strong>de</strong> forma clara e<br />
simples e, em pouco tempo, pas<strong>so</strong>u a publicar artigos na revista Chácaras e Quintais.<br />
Convida<strong>do</strong> pelo profes<strong>so</strong>r Thomas Rivers, estagiou entre 1935 e 1936, no Instituto<br />
Rockfeller, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Voltou para o Brasil e prosseguiu as suas pesquisas com<br />
galinhas e outras aves. Esses estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ram origem ao livro Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ornitopatologia,<br />
escrito em parceria com Annita Swen<strong>so</strong>n Reis e Paulo Nóbrega, publica<strong>do</strong> em 1936. Em<br />
1948, o <strong>jornal</strong> Folha da Manhã (<strong>do</strong> Grupo Folha) começou a publicar a <strong>coluna</strong> <strong>do</strong>minical <strong>de</strong><br />
José Reis <strong>de</strong>nominada No Mun<strong>do</strong> da Ciência. A <strong>coluna</strong> teve outras <strong>de</strong>nominações, mas<br />
nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser publicada até maio <strong>de</strong> 2002, quan<strong>do</strong> ele faleceu. Os artigos <strong>de</strong><br />
divulgação eram abrangentes e abordavam várias áreas <strong>do</strong> conhecimento, sempre com<br />
assuntos interessantes <strong>so</strong>bre Ciência, História, Política e Filo<strong>so</strong>fia.<br />
José Reis teve tanto <strong>de</strong>staque como <strong>jornal</strong>ista que, em 1962, assumiu a direção da<br />
redação da Folha <strong>de</strong> São Paulo. Nessa mesma época iniciou um movimento <strong>de</strong> divulgação<br />
científica nas escolas com a criação das famosas feiras <strong>de</strong> ciências. Era chama<strong>do</strong><br />
carinhosamente <strong>de</strong> caixeiro-viajante da Ciência, pois incentivava a realização <strong>de</strong>ssas feiras<br />
em várias cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s brasileiros. Foi também um <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
prêmio Cientistas <strong>de</strong> Amanhã. Em 1968 foi publicada a sua importante obra Educação é<br />
Investimento.<br />
No Instituto Biológico promovia, toda sexta-feira, as famosas “reuniões sexta-ferinas”<br />
on<strong>de</strong> eram discuti<strong>do</strong>s assuntos científicos <strong>de</strong> caráter geral. Uma das conseqüências <strong>de</strong>ssas<br />
reuniões foi a fundação, em 1948, da Socieda<strong>de</strong> Brasileira Para o Progres<strong>so</strong> da Ciência<br />
(SBPC) que, em 1949, lançou a revista Ciência e Cultura com o objetivo <strong>de</strong> divulgar<br />
trabalhos inéditos <strong>de</strong> cientistas brasileiros.<br />
É importante saber qual o conceito <strong>de</strong> divulgação científica para José Reis. Numa<br />
entrevista concedida a Alzira Alves <strong>de</strong> Abreu, em julho <strong>de</strong> 1982, disse:<br />
A divulgação científica é a veiculação em termos simples da<br />
Ciência como proces<strong>so</strong>, <strong>do</strong>s princípios nela estabeleci<strong>do</strong>s, das<br />
meto<strong>do</strong>logias que emprega. Durante muito tempo, a divulgação<br />
científica se limitou a contar ao público os encantos e os<br />
aspectos interessantes e revolucionários da Ciência. Aos<br />
poucos pas<strong>so</strong>u a refletir também a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s problemas<br />
<strong>so</strong>ciais implícitos nessa ativida<strong>de</strong>.<br />
Disse ainda nessa entrevista:<br />
Uma das maiores recompensas <strong>do</strong> meu trabalho tem si<strong>do</strong><br />
apren<strong>de</strong>r, tentan<strong>do</strong> ensinar. E uma das maiores alegrias é<br />
quan<strong>do</strong> escrevo por sugestão <strong>do</strong> leitor, o que não é raro,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> a pergunta está longe <strong>de</strong> minha imediata<br />
cogitação; isto me obriga a enveredar por um caminho novo,<br />
fazer meu aprendiza<strong>do</strong> e transformá-lo <strong>de</strong>pois em ensinamento.<br />
A divulgação envolve para mim <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s maiores prazeres<br />
<strong>de</strong>sta vida: apren<strong>de</strong>r e repartir.<br />
A sua tarefa como pesquisa<strong>do</strong>r e divulga<strong>do</strong>r científico foi reconhecida pela maioria<br />
<strong>do</strong>s cientistas brasileiros e vários cientistas <strong>de</strong> outros países. Recebeu vários prêmios
importantes como o “John Reitemeyer” <strong>de</strong> <strong>jornal</strong>ismo científico, no México; o “Kalinga” da<br />
UNESCO, recebi<strong>do</strong> na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CNPq e o “Instituto Biológico” recebi<strong>do</strong> no próprio Instituto.<br />
Em 1978, o Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico (CNPq) criou o Prêmio José<br />
Reis <strong>de</strong> Divulgação Científica. Em 1992, a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo fun<strong>do</strong>u o Núcleo<br />
José Reis <strong>de</strong> Divulgação Científica.<br />
Morreu aos 94 anos sempre trabalhan<strong>do</strong>. Na primeira quinzena <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002<br />
enviou seu último artigo (Esquizofrenia e PET) à Folha para a <strong>coluna</strong> Periscópio que foi<br />
publica<strong>do</strong> em 26 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002 no Ca<strong>de</strong>rno Mais!<br />
MARCELO GLEISER: CIÊNCIA PARA TODOS<br />
Com o falecimento <strong>de</strong> José Reis, Marcelo Gleiser tornou-se o principal divulga<strong>do</strong>r<br />
científico brasileiro. Aproximar a Ciência <strong>do</strong> leigo é uma tarefa para poucos. Gleiser<br />
exerce essa difícil tarefa, tornan<strong>do</strong> palatáveis as mais complicadas teorias da física<br />
quântica, da astrofísica e outros temas <strong>de</strong> difícil entendimento para a maioria das<br />
pes<strong>so</strong>as, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais jovens até os adultos. Fala e escreve, ao mesmo tempo, para os<br />
que já sabem e para os poucos sabem <strong>so</strong>bre Ciência.<br />
Des<strong>de</strong> criança, sempre foi fascina<strong>do</strong> pelos mistérios <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. No senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spertar nas crianças e nos a<strong>do</strong>lescentes a beleza <strong>do</strong> funcionamento das coisas,<br />
costuma relatar o que sentiu quan<strong>do</strong>, aos sete anos, começou a perceber o mun<strong>do</strong>. Numa<br />
entrevista a revista Nova escola relata o que sentiu quan<strong>do</strong> leu um livro <strong>so</strong>bre mamíferos<br />
e se perguntou como era possível a existência <strong>de</strong> tantos animais:<br />
A coisa ficou mais interessante quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scobri que nem<br />
sempre existiram tanto os animais ou mesmo a Terra. Ou seja,<br />
tu<strong>do</strong> tem uma história com começo, meio e fim.<br />
Quan<strong>do</strong> percebeu que era possível <strong>de</strong>scobrir cada uma <strong>de</strong>ssas histórias, viu a<br />
abertura <strong>de</strong> outras possibilida<strong>de</strong>s. Para ele, o mais importante era passar a vida tentan<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>cifrar mistérios e acabou se tornan<strong>do</strong> cientista.<br />
Para explicar aos alunos a importância das informações científicas recorre à<br />
perspectiva histórica <strong>do</strong>s fatos. Ainda na entrevista à revista Nova escola explica:<br />
Falar, por exemplo, que em 1600, na época em que Galileu e<br />
Johannes Kepler viveram, acreditava-se em um Univer<strong>so</strong><br />
completamente diferente <strong>do</strong> atual. A medicina era primária,<br />
”bruxas” estavam sen<strong>do</strong> queimadas. Pensava-se que o<br />
Univer<strong>so</strong> era estático, que a Terra era o centro <strong>do</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> e que<br />
o Sol girava em torno <strong>de</strong>la. Os cientistas começaram a<br />
questionar is<strong>so</strong> e em 50 anos viraram todas as crenças <strong>de</strong><br />
cabeça para baixo. Assim, o profes<strong>so</strong>r mostra que ao longo da<br />
história a ciência aju<strong>do</strong>u as pes<strong>so</strong>as a perceber em que mun<strong>do</strong><br />
elas vivem.<br />
Sobre os seus tempos <strong>de</strong> estudante relata que era bem “Caxias”, mas também<br />
era normal. Tocava violão e jogava vôlei, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> até campeão brasileiro infanto-juvenil,
quan<strong>do</strong> estava no segun<strong>do</strong> ano colegial, juntamente com Bernardinho. Seu técnico era<br />
Bebeto <strong>de</strong> Freitas. Era um estudante muito aplica<strong>do</strong> e, aos quinze anos, já participava <strong>de</strong><br />
um grupo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Física. Ingres<strong>so</strong>u na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e,<br />
durante <strong>do</strong>is anos, cur<strong>so</strong>u Engenharia Química. Parou para fazer o cur<strong>so</strong> <strong>de</strong> Física na<br />
PUC-RJ.<br />
Doutorou-se no King’s College na Inglaterra, em 1986. Foi pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Fermi<br />
National Accletator Laboratory <strong>de</strong> Chicago e <strong>do</strong> Institute for Theoretical Physics da<br />
Universida<strong>de</strong> da Califórnia. Recebeu bolsas <strong>de</strong> pesquisa da NASA e da OTAN.<br />
Concorreu, com 357 candidatos, a uma vaga no Dartmouth College, em New Hampshire,<br />
on<strong>de</strong> é profes<strong>so</strong>r <strong>de</strong> Física e Astronomia, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> o título <strong>de</strong> Appleton Profes<strong>so</strong>r of<br />
Natural Philo<strong>so</strong>phy.<br />
Em 1994, foi agracia<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte Bill Clynton com o prêmio Presi<strong>de</strong>ntial<br />
Faculty Fellows Award pelo seu trabalho <strong>de</strong> pesquisa em cosmologia e pela sua<br />
<strong>de</strong>dicação ao ensino. Recebeu ainda outras importantes premiações: prêmio Jabuti, da<br />
Câmara Brasileira <strong>do</strong> Livro, pela obra A Dança <strong>do</strong> Univer<strong>so</strong>. Prêmio José Reis <strong>de</strong><br />
Divulgação Científica. Foi também premia<strong>do</strong> pelo conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
Científico (CNPq).<br />
Marcelo Gleiser não se furta a escrever <strong>so</strong>bre os mais polêmicos temas científicos<br />
como os conflitos entre Ciência e Religião, que afligem o ser humano há séculos, Projeto<br />
Genoma, Clonagem, o Big Bang e a criação <strong>do</strong> Univer<strong>so</strong> em contraponto à teoria bíblica<br />
<strong>do</strong> criacionismo, o aquecimento global, os problemas <strong>do</strong> meio ambiente etc.<br />
Para ele a Ciência <strong>de</strong>ve ser trazida para a vida das pes<strong>so</strong>as por intermédio das<br />
escolas sen<strong>do</strong> que o ensino científico <strong>de</strong>ve ser apaixona<strong>do</strong>, instigante, relaciona<strong>do</strong> com o<br />
cotidiano e, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, aberto á curiosida<strong>de</strong> natural <strong>do</strong>s jovens. Numa entrevista ao<br />
Educacional diz como a Ciência po<strong>de</strong> se tornar mais popular:<br />
Eu sempre digo que, infelizmente, a ciência é ensinada <strong>de</strong> uma<br />
maneira tão chata que é um milagre as pes<strong>so</strong>as <strong>de</strong>sejarem ser<br />
cientistas. Por que? Porque a ciência é ensinada como um<br />
formulário. Quan<strong>do</strong> você fala <strong>de</strong> movimento retilíneo uniforme,<br />
parece até missa: “eme, erre, u”. Essas coisas são totalmente<br />
<strong>de</strong>sligadas da história da ciência, que é extremamente<br />
interessante, cheia <strong>de</strong> aventuras e <strong>de</strong>sventuras. Você não sabe<br />
quem é Newton ou Galileu. Você não apren<strong>de</strong> quem são essas<br />
pes<strong>so</strong>as, só as fórmulas que elas inventaram. Falta inserir a<br />
ciência no contexto da história das idéias, mostrar que ela é<br />
parte da cultura da humanida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> proces<strong>so</strong> cultural em que é<br />
criada, não só um conjunto <strong>de</strong> fórmulas. E faltam<br />
<strong>de</strong>monstrações em sala <strong>de</strong> aula. Infelizmente, na escola, a<br />
ciência é ensinada no quadro-negro. E a ciência é “ver para<br />
crer”, sabe? Você não po<strong>de</strong> falar <strong>so</strong>bre a queda <strong>do</strong>s objetos, o<br />
crescimento das células ou <strong>so</strong>bre reações químicas sem<br />
mostrar as a coisas acontecen<strong>do</strong>.ao fazerem experimentos, as<br />
crianças apren<strong>de</strong>m e, mais ainda, se maravilham com aquilo,<br />
porque participar <strong>do</strong> proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta é muito mais<br />
importante que ver fórmulas no quadro negro.
Marcelo Gleiser é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o profes<strong>so</strong>r que a maioria <strong>do</strong>s alunos gostaria <strong>de</strong><br />
ter. Substitui as frases mais acadêmicas por citações mais interessantes da História da<br />
Ciência e <strong>do</strong>s cientistas. Uma das disciplinas que ele ministra no Dartmouth College,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993, para alunos <strong>de</strong> várias áreas, é <strong>de</strong>nominada Entenda o Univer<strong>so</strong> e a Física<br />
através <strong>do</strong>s tempos e não envolve nenhuma equação, falan<strong>do</strong> da história da física como<br />
sen<strong>do</strong> um proces<strong>so</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> homem. Essa disciplina foi apelidada <strong>de</strong> Física Para<br />
Poetas e utiliza como referência o livro “A Dança <strong>do</strong> Univer<strong>so</strong>”.<br />
DESENVOLVIMENTO E PROCEDIMENTOS DA ATIVIDADE<br />
No quadro curricular <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>do</strong> CEFET-SP estão<br />
previstas quatro aulas semanais para o projeto História da Ciência. A primeira aula <strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong> fica reservada para o <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> em questão. Des<strong>de</strong> o primeiro<br />
dia <strong>do</strong> projeto são constituí<strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> quatro alunos. Na semana anterior, um grupo é<br />
<strong>so</strong>rtea<strong>do</strong> para a apresentação <strong>de</strong> um <strong>micro</strong>-seminário <strong>so</strong>bre o tema da <strong>coluna</strong><br />
Micro/Macro <strong>do</strong> <strong>do</strong>mingo anterior. O grupo apresenta<strong>do</strong>r tem a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer<br />
uma pesquisa paralela para viabilizar o contraponto crítico em função da opinião <strong>de</strong> outros<br />
autores.<br />
Os <strong>de</strong>mais grupos fazem uma leitura da <strong>coluna</strong> Micro/Macro e, antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong><br />
<strong>micro</strong>-seminário, entregam duas questões <strong>so</strong>bre o tema. Após a apresentação, <strong>de</strong><br />
aproximadamente vinte minutos, o profes<strong>so</strong>r escolhe as questões mais a<strong>de</strong>quadas para a<br />
resposta <strong>do</strong> grupo apresenta<strong>do</strong>r. Durante as respostas são permitidas intervenções por<br />
parte <strong>de</strong> qualquer aluno que <strong>de</strong>seje se manifestar, inician<strong>do</strong>-se assim um profícuo <strong>de</strong>bate<br />
que, via <strong>de</strong> regra, acaba por fazer relações importantes <strong>do</strong> tema com o cotidiano e com<br />
outras áreas <strong>do</strong> conhecimento. Terminada a fase das questões formuladas pelos grupos,<br />
a palavra é livre para to<strong>do</strong>s os alunos que queiram fazer perguntas ou comentários.<br />
A meta<strong>de</strong> da última aula fica reservada para os grupos elaborarem um relatórioresumo<br />
<strong>so</strong>bre as discussões <strong>do</strong> <strong>micro</strong>-seminário.<br />
RESULTADOS OBTIDOS<br />
Esta ativida<strong>de</strong> trouxe um suporte maior ao proces<strong>so</strong> da aprendizagem histórica da<br />
Ciência. Na medida em que as discussões e análises subseqüentes vão se tornan<strong>do</strong> mais<br />
produtivas, os alunos passam a interagir mais intensamente com a construção histórica da<br />
Ciência e passam a fazer conexões com outras disciplinas já estudadas e com outras em<br />
andamento.<br />
Os <strong>de</strong>bates são sempre acalora<strong>do</strong>s e proveito<strong>so</strong>s e se mostraram um instrumento<br />
valio<strong>so</strong> para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> vários temas e para a exploração da criativida<strong>de</strong> e conhecimento<br />
<strong>do</strong>s alunos.<br />
Esta ativida<strong>de</strong> possibilita então, uma construção dinâmica da vivencia <strong>do</strong>s alunos,<br />
da convivência harmônica com o mun<strong>do</strong> da informação, <strong>do</strong> entendimento histórico da vida<br />
científica, <strong>so</strong>cial, produtiva <strong>do</strong> planeta e <strong>do</strong> Cosmos, ou seja, é um aprendiza<strong>do</strong> com<br />
aspectos práticos e críticos <strong>de</strong> uma participação no romance da cultura científica,
ingrediente primordial da saga da humanida<strong>de</strong>. Os alunos percebem ainda que a Ciência<br />
não caminha numa via linear, e que também não encontra caminhos aplaina<strong>do</strong>s, ao<br />
contrário, há muita resistência e dificulda<strong>de</strong> a ser vencida antes, pelo menos por parte da<br />
comunida<strong>de</strong> científica.<br />
Divulgar Ciência não significa uma tradução, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> verter <strong>de</strong> uma língua<br />
para a outra, mas <strong>de</strong> criar uma ponte entre o mun<strong>do</strong> da Ciência e outros mun<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s<br />
tem direito ao conhecimento científico, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> seu grau <strong>de</strong> instrução. Na escola,<br />
o profes<strong>so</strong>r é o primeiro divulga<strong>do</strong>r científico na vida <strong>do</strong> aluno. Tem, por is<strong>so</strong>, a<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mostrar as múltiplas faces da Ciência e da tecnologia que permeiam<br />
o seu cotidiano. Po<strong>de</strong> para is<strong>so</strong> apropriar-se <strong>de</strong> diver<strong>so</strong>s instrumentos pedagógicos, entre<br />
elas a leitura <strong>do</strong> <strong>jornal</strong>, principalmente as matérias e <strong>coluna</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica. A<br />
divulgação da Ciência exige que ela seja compreensível a to<strong>do</strong>s; para que is<strong>so</strong> ocorra, o<br />
profes<strong>so</strong>r-divulga<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve captar as formas <strong>de</strong> expressão das pes<strong>so</strong>as e enriquecê-las.<br />
Por fim, esta é uma ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser utilizada, com suces<strong>so</strong>, pelos<br />
profes<strong>so</strong>res da re<strong>de</strong> pública e da re<strong>de</strong> privada, estimulan<strong>do</strong> no aluno, o estu<strong>do</strong> da Ciência<br />
e o prazer pela leitura <strong>do</strong> <strong>jornal</strong>.<br />
BIBLIOGRAFIA E SITIOGRAFIA<br />
CANDOTTI, Ennio. Cientistas <strong>do</strong> Brasil: <strong>de</strong>poimentos. São Paulo: SBPC, 1998.<br />
GLEISER, Marcelo. Micro Macro: reflexões <strong>so</strong>bre o homem, o tempo e o espaço. São<br />
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MORA, Ana Maria Sánchez. A Divulgação da Ciência como Literatura. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
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TRINDADE, Diamantino Fernan<strong>de</strong>s & TRINDADE, Lais <strong>do</strong>s Santos Pinto. Os Pioneiros<br />
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com Marcelo Gleiser.<br />
www.radiobras.gov.br/ct/falaciencia_211201.htm. A ciência com prazer. Entrevista <strong>de</strong><br />
Hebert França com Marcelo Gleiser.