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Divulgação científica, faces e interfaces de um gênero textual - Uenf

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA, FACES E INTERFACES DE UM GÊNERO<br />

TEXTUAL: QUESTÕES DE ORIGEM<br />

Res<strong>um</strong>o<br />

Noticiar pesquisa que <strong>de</strong>senvolvemos há 6 anos sobre o <strong>gênero</strong> <strong>textual</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica. Inicialmente<br />

<strong>de</strong>senvolvida com recursos <strong>de</strong> Bolsa Pesquisador PAETEC A7 (FAPERJ-Fiocruz), atualmente, na UFRRJ, com<br />

recursos da CAPES, <strong>de</strong> bolsa PIBIC (CNPq), e com bolsas e recursos <strong>de</strong> Programa PET Multidisciplinar. A<br />

divulgação <strong>científica</strong> precisa que <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> fatores ocorram simultaneamente para se tornar possível e se<br />

constituir como <strong>um</strong> <strong>gênero</strong> discursivo. Tratar <strong>de</strong> suas origens é buscar as condições <strong>de</strong> sua instauração. Uma<br />

<strong>de</strong>ssas condições é a existência <strong>de</strong> público leitor. Outra, as condições <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong><br />

informações. No Brasil, essas condições somente se dariam em inícios do século XIX <strong>de</strong> modo bastante efetivo,<br />

mas precário. Sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista as manifestações recentes, é na investigação <strong>de</strong>ssa origem que temos nos<br />

concentrado.<br />

Palavras chaves<br />

<strong>Divulgação</strong> Científica; Origens do Gênero Discursivo; <strong>Divulgação</strong> Científica no Brasil<br />

Prof. Dr. Mario Cesar Newman <strong>de</strong> Queiroz - Professor Adjunto na UFRRJ<br />

En<strong>de</strong>reço Profissional: UFRRJ Rodovia BR 465, Km 7, Seropédica, RJ. ICHS-DLC.<br />

Cep: 23890-000. Tel .: 21-2681-4707<br />

En<strong>de</strong>reço resi<strong>de</strong>ncial: Ari Parreiras, 399, apto 402. Icaraí – Niterói.<br />

Cep: 24230-320 tel.: 21-88941821 e.mail: mcnewman@ufrrj.br<br />

Introdução<br />

Procuraremos apresentar brevemente alguns resultados <strong>de</strong> pesquisa que<br />

<strong>de</strong>senvolvemos há 6 anos sobre o <strong>gênero</strong> <strong>textual</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica. Inicialmente<br />

<strong>de</strong>senvolvido com recursos <strong>de</strong> Bolsa Pesquisador PAETEC A7 (FAPERJ-Fiocruz), no âmbito<br />

da EPSJV/Fiocruz, posterior e atualmente no âmbito da UFRRJ, com recursos e apoios, da<br />

Instituição, da CAPES, <strong>de</strong> bolsa PIBIC (CNPq), e principalmente com bolsas e recursos do<br />

Programa PET, <strong>de</strong> natureza Multidisciplinar, concedido por Edital MEC-SeSu a partir <strong>de</strong><br />

2010.<br />

Tomadas sem distinção as ciências da antiguida<strong>de</strong>, clássica, mo<strong>de</strong>rna e<br />

contemporânea, po<strong>de</strong>-se dizer que a disseminação <strong>científica</strong> sempre contou com espaços<br />

próprios para sua ocorrência, mas a divulgação <strong>científica</strong> precisou que <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> fatores se<br />

<strong>de</strong>sse simultaneamente para sua ocorrência se tornar possível e se constituir como <strong>um</strong> <strong>gênero</strong><br />

discursivo. Uma vez que é difícil se falar em alg<strong>um</strong> registro histórico <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong><br />

por outros meios antes que viesse à luz como <strong>gênero</strong> escrito – tratar <strong>de</strong> suas origens é buscar<br />

as condições textuais escritas <strong>de</strong> sua instauração.


1 Alargamento entre fronteiras: criação do vulgar letrado<br />

Conforme observa Wolf Lepenies, no final do século XVIII “não é possível <strong>um</strong>a<br />

separação nítida entre o modo <strong>de</strong> produção da obra literária e o da obra <strong>científica</strong>”. Até<br />

meados do século XVIII, po<strong>de</strong>-se dizer que o próprio ambiente das ciências era tomado por<br />

<strong>um</strong> uso da “bela escrita”.<br />

Era consi<strong>de</strong>rado natural que <strong>um</strong> homem da ciência natural se concebesse como escritor: como<br />

alguém para quem não importa apenas o que diz, mas também o como diz, como alguém que<br />

não somente quer instruir seu público, mas divertir instruindo.(LEPENIES, 1996, p.13.)<br />

Observa ainda Lepenies que Buffon serve como <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> <strong>um</strong>bral. Buffon teria sido,<br />

com o enorme sucesso que obteve em vida, aplaudido simultaneamente como homem <strong>de</strong><br />

ciência e <strong>de</strong> letras, o último intelectual a basear sua reputação <strong>científica</strong> no seu talento <strong>de</strong><br />

escritor, mas, simultaneamente, o primeiro a per<strong>de</strong>r prestígio na comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> por ser<br />

excessivamente escritor e muito pouco pesquisador.<br />

Ao tempo <strong>de</strong> Buffon, se dá <strong>um</strong>a cisão cultural, epistemológica, em que a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comunicação do cientista para além do seu campo <strong>de</strong> conhecimento per<strong>de</strong> importância<br />

diante da especialização crescente das áreas da ciência. A velha fórmula “stilo primus,<br />

doctrina ultimus” se vê agora invertida, criando-se assim <strong>um</strong> afastamento crescente entre<br />

antigas áreas prestigiosas <strong>de</strong> saberes como a filosofia e as letras do corpo das ciências<br />

propriamente ditas.<br />

A produção <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> se dá, portanto, a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a data<br />

mais ou menos possível <strong>de</strong> ser diagnosticada. Ela inexistiria, por <strong>de</strong>snecessária, em todo<br />

espaço tradicional anterior ao ambiente científico que nasce com a ascensão da físico-<br />

matemática <strong>de</strong> Newton. O texto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> nasce para formar <strong>um</strong>a ponte entre as<br />

ciências que se distanciam cada vez mais dos leigos, ainda que chamemos <strong>de</strong> leigos aqui<br />

cientistas <strong>de</strong> outras áreas. Observando também que não raro artigos <strong>de</strong> revistas <strong>científica</strong>s <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> difusão são <strong>de</strong> difícil compreensão mesmo para pesquisadores atualizados em sua área.<br />

E, por outro aspecto, a produção <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica inexistiria por<br />

inexistência <strong>de</strong> <strong>um</strong> público amplo <strong>de</strong> leitores leigos. Vale para esse caso o que normalmente<br />

se diz sobre o classicismo francês, autores e público participavam <strong>de</strong> <strong>um</strong> mesmo estrato<br />

social, compartilhavam regras e estatutos sociais muito claramente estabelecidos entre si. O<br />

sucesso <strong>de</strong> Buffon vinha também <strong>de</strong>sse “meio ambiente” <strong>de</strong> acordos em que saber escrever e<br />

saber ler já <strong>de</strong>finia <strong>um</strong> homem como ilustrado. A escolarização pública em massa ainda não<br />

se fazia presente.


Portanto <strong>um</strong>a primeira condição necessária para que possa existir <strong>Divulgação</strong><br />

Científica é <strong>um</strong>a heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitores. É preciso que haja <strong>um</strong> público leitor que se<br />

caracterize por ser leigo diante do autor cientista, no entanto essa distinção somente é<br />

plenamente possível <strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciar na tecitura <strong>textual</strong> quando o universo <strong>de</strong> leitores for <strong>de</strong><br />

enquadramentos sociais heterogêneos. N<strong>um</strong>a composição social em que se possa perceber<br />

<strong>um</strong>a diferenciação <strong>de</strong> estatutos sociais, não havida na relação <strong>de</strong> Buffon com seu público, é<br />

possível se estabelecer <strong>um</strong>a hierarquia <strong>de</strong> fundo entre o dizer científico e o saber leigo sem<br />

que isso signifique, em absoluto, <strong>um</strong>a sobreposição social do cientista sobre os <strong>de</strong>mais<br />

membros da socieda<strong>de</strong>. É preciso mesmo que até <strong>um</strong>a inversão da or<strong>de</strong>m seja possível, e o rei<br />

possa ser <strong>um</strong> tolo ignorante diante do cientista, incapaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o discurso da ciência, ou<br />

<strong>um</strong> paciente ao qual o médico submete o tratamento mesmo contra sua Soberana Vonta<strong>de</strong>.<br />

Terry Eagleton, in A função da crítica, observa sobre <strong>um</strong> dos loci privilegiados <strong>de</strong><br />

discussão pública da Inglaterra no século XVIII.<br />

Nos cafés ingleses do século XVIII (e só em Londres havia mais <strong>de</strong> três mil <strong>de</strong>les), ‘os<br />

escritores viviam em estreito convívio, n<strong>um</strong> contexto <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> com seus protetores,<br />

fossem eles nobres, fazen<strong>de</strong>iros, pastores, comerciantes ou profissionais liberais... É <strong>um</strong>a<br />

característica das socieda<strong>de</strong>s literárias da época que seus membros fossem inteiramente<br />

heterogêneos, incluindo-se políticos, diplomatas, advogados, teólogos, cientistas, médicos,<br />

cirurgiões, atores, etc., além dos poetas e <strong>de</strong> outros escritores’. (EAGLETON, 1991, p.7)<br />

É <strong>de</strong>sse ambiente, ainda conforme Eagleton e suas fontes, que surgirá essa dimensão nova na<br />

esfera social que passa a exercer po<strong>de</strong>r crescente nos estados mo<strong>de</strong>rnos. Se no antigo regime o<br />

juízo estético, o bom senso, a razão encontram-se n<strong>um</strong>a conduta <strong>de</strong> hiper-regulamentação que<br />

toma a figura real, a corte e suas re<strong>de</strong>s capilares como centro <strong>de</strong> referência, na nova socieda<strong>de</strong><br />

burguesa que se vai formando é a opinião pública que começa a ass<strong>um</strong>ir <strong>um</strong> papel norteador.<br />

A <strong>Divulgação</strong> Científica é sob esse aspecto <strong>um</strong> <strong>gênero</strong> com <strong>um</strong>a aliança passadista <strong>de</strong><br />

homogeneizar <strong>um</strong> ambiente mais e mais heterogêneo, reconstruir <strong>um</strong> certo livro do mundo<br />

havido outrora, como nos faz lembrar Foucault n<strong>um</strong>a imagem tão querida do barroco, do<br />

mundo como livro. Porém <strong>um</strong>a homogeneização n<strong>um</strong> patamar mais, se não ousamos dizer<br />

“<strong>de</strong>mocrático”, pluralizado <strong>de</strong> leitores, e sem escon<strong>de</strong>r sua natureza <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> construído<br />

como palafitas em margens pantanosas.<br />

2 Do segredo <strong>de</strong> Estado à informação pública<br />

Não é apenas <strong>um</strong>a questão <strong>de</strong> <strong>um</strong> número cada vez maior <strong>de</strong> leitores que possibilita a<br />

instauração do <strong>gênero</strong> DC, mas também <strong>de</strong> <strong>um</strong> espaço <strong>de</strong> enquadramento inteiramente novo<br />

do discurso da ciência em <strong>um</strong> ambiente crescentemente heterogêneo. Ao <strong>de</strong>senvolver estudo


junto com a bolsista PIBIC Jéssica Correia da Silva sobre Medicina Teológica, <strong>de</strong> Francisco<br />

<strong>de</strong> Melo Franco, texto publicado em 1794, percebemos como a instauração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a verda<strong>de</strong><br />

médica sobre os males da lascívia, da ira e da bebedice precisa superar a barreira que os<br />

confina como pecados. O médico ainda não ocupa, no meio luso-brasileiro, ainda na virada<br />

para o século XVIII, o papel <strong>de</strong> preceptor da moral em nome da saú<strong>de</strong>, como Foucault tão<br />

bem verifica no ambiente francês. Mas no discurso <strong>de</strong> súplica <strong>de</strong> Melo Franco aos padres para<br />

que conheçam os males do corpo para tratarem corretamente as almas, se vê a<br />

heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> discurso que precisa se fazer pela argúcia e que atinge a reviravolta <strong>de</strong><br />

comentar as afecções <strong>de</strong> que sofrem feiras e padres e o como medicamente tratá-los. Será <strong>um</strong><br />

texto retirado <strong>de</strong> circulação. Mas o que po<strong>de</strong>mos observar, quando o comparamos com textos<br />

do Jornal O Patriota, publicado pela Imprensa Régia em 1813 e 1814, que estamos analisando<br />

com os bolsistas <strong>de</strong> PET, sem que se possa falar em <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> público, é que os médicos<br />

ocupam <strong>um</strong> lugar <strong>de</strong> proeminência nas questões <strong>científica</strong>s e técnicas mais diversas, como<br />

ressalta a discente Letícia Lemes, as próprias fronteiras entre os campos científicos não se<br />

mostravam estabelecidas como vemos hoje.<br />

A situação não mudara <strong>de</strong>cisivamente, nem na formação <strong>de</strong> <strong>um</strong> público amplo e<br />

heterogêneo, nem nas relações coercitivas da Igreja à época. Que houve então?<br />

A tese da cópia cultural talvez aqui se faça perspicaz como em poucas situações. Uma<br />

profunda mudança conceitual em como tratar as informações, saberes e conhecimentos se<br />

<strong>de</strong>u. E com ela <strong>um</strong>a das condições <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> para o surgimento e instauração do <strong>gênero</strong><br />

DC se tornou possível. Se a existência <strong>de</strong> público leitor leigo e heterogêneo é <strong>um</strong>a condição,<br />

as condições que exigem que a informação e o conhecimento agora circulem, isso a que se<br />

chamou muitas vezes <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> informações, formarão outra condição.<br />

Dois gran<strong>de</strong>s exemplos históricos parecem-nos dizer do quanto essas duas condições estão<br />

entrelaçadas. Publicada ainda em meados do século XVI a História verda<strong>de</strong>ira... <strong>de</strong> Hans<br />

Sta<strong>de</strong>n é, pelo sucesso <strong>de</strong> público, <strong>um</strong>a prova da existência àquela altura <strong>de</strong> <strong>um</strong> público ávido<br />

por notícias <strong>de</strong> “verda<strong>de</strong>s maravilhosas”, e da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendê-lo. Comparativamente,<br />

na aurora do século XVIII, em 1711, era lançado Cultura e opulência do Brasil por suas<br />

drogas e minas, do padre Antonil, mas essa obra, antes <strong>de</strong> qualquer sucesso <strong>de</strong> público, foi<br />

confiscada e queimada, escapando poucos exemplares. A razão do confisco nunca foi<br />

inteiramente elucidada, mas a sentença <strong>de</strong> ser em “razão <strong>de</strong> Estado” nos faz ver que seu<br />

conteúdo técnico minucioso feria as questões <strong>de</strong> sigilo <strong>de</strong> Estado. Portanto, existência <strong>de</strong><br />

público e estímulo para mais ampla circulação <strong>de</strong> informações são condições que <strong>de</strong>vem ser<br />

avaliadas simultaneamente. Então, se po<strong>de</strong>mos falar em origens da divulgação <strong>científica</strong> no


Brasil, não temos como recuar muito no tempo mesmo. Mas é exatamente essa relativa<br />

proximida<strong>de</strong> histórica que nos faz ver com maior clareza as condições <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> para o<br />

aparecimento e instauração do <strong>gênero</strong> <strong>textual</strong>.<br />

Na Europa, essas condições remontam, como entrevimos no caso <strong>de</strong> Hans Sta<strong>de</strong>n,<br />

muitas vezes ao a<strong>um</strong>ento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão da escrita advinda com o nascimento da<br />

imprensa <strong>de</strong> Gutemberg. No Brasil, essas condições somente se dariam em inícios do século<br />

XIX <strong>de</strong> modo bastante efetivo, mas precário. A condição colonial aqui seguramente nos fez<br />

per<strong>de</strong>r a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confluência <strong>de</strong>sses fatores nas ricas cida<strong>de</strong>s mineiras do século<br />

XVIII. Naquele momento, em que, conforme Antônio José Saraiva, a riqueza das cida<strong>de</strong>s<br />

mineiras fez com que o fluxo da produção intelectual, cultural pela primeira vez se invertesse,<br />

e a mão única metrópole-colônia, passasse a ter maior fluxo da colônia para a metrópole. A<br />

instalação da corte no Brasil com autorização para impressão <strong>de</strong> livros, jornais, revistas e <strong>um</strong><br />

a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitores, ainda que pouco heterogêneos, associada a <strong>um</strong>a política<br />

ainda que discreta <strong>de</strong> estimular as Luzes no mundo luso-brasileiro propiciaram o<br />

aparecimento do <strong>gênero</strong> DC no Brasil.<br />

3 O maravilhamento da <strong>de</strong>scoberta<br />

O <strong>gênero</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica está ligado a <strong>um</strong> interesse didático <strong>de</strong> bases<br />

inquestionavelmente il<strong>um</strong>inistas <strong>de</strong> ensinar a ciência e mais ainda <strong>de</strong> mostrar sua importância.<br />

Mas seu público também se forma <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a expectativa <strong>de</strong> leitura vinda <strong>de</strong> antes do<br />

período histórico a que cost<strong>um</strong>amos chamar il<strong>um</strong>inismo. Parece-nos ser <strong>um</strong> <strong>gênero</strong><br />

continuador <strong>de</strong> <strong>um</strong>a tradição <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas e curiosida<strong>de</strong>s apresentadas pelas narrativas <strong>de</strong><br />

viagens que inva<strong>de</strong>m o universo cultural europeu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o alvorecer da renascença com Marco<br />

Polo e <strong>de</strong>pois com os relatos dos navegantes para as terras do Novo Mundo. Seguem-se a<br />

estes os textos dos primeiros naturalistas que <strong>de</strong>screveram, já com preocupação <strong>científica</strong>, a<br />

natureza <strong>de</strong> fauna, flora, geologia, etnias etc. que se ia <strong>de</strong>scortinando com a <strong>de</strong>scoberta<br />

europeia e também, posteriormente, <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong>s americanas caudatárias das culturas<br />

europeias, <strong>de</strong> novas fronteiras geográficas do globo. Elemento que não po<strong>de</strong> ser excluído em<br />

nenh<strong>um</strong>a <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>scrições e narrativas é o fascínio do exótico, a atração pelo estranho.<br />

Ian Watt, em A ascensão do romance, ao <strong>de</strong>screver a trajetória literária <strong>de</strong> Defoe<br />

chama atenção para o caráter híbrido das origens do romance e chama atenção para o sucesso<br />

do relato <strong>de</strong> Robinson Crusoé publicado inicialmente como relato verda<strong>de</strong>iro. Ou seja, Defoe,<br />

que <strong>de</strong>pendia da pena para seu sustento, via n<strong>um</strong>a falseada veracida<strong>de</strong> do relato a garantia <strong>de</strong>


sucesso econômico <strong>de</strong> seu escrito. Havia, portanto, <strong>um</strong>a expectativa do público por relatos<br />

maravilhosos, fascinantes <strong>de</strong> viagens. Se Watt, preocupado com a ascensão do <strong>gênero</strong><br />

romanesco, i<strong>de</strong>ntifica ali <strong>um</strong>a base da formação do público que constituirá o público do<br />

romance, é interessante consi<strong>de</strong>rarmos que essa será também a base para o público do lado<br />

não-ficcional da busca pelo maravilhamento, pelo exótico, pelo espantoso, propiciado pelas<br />

<strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> novas terras e das ciências.<br />

Esse apelo ao maravilhamento, ao “olha como o mundo que a ciência mostra é<br />

espantoso”, é frequentemente apresentado na forma do bombástico mesmo em textos <strong>de</strong><br />

cientistas os mais proeminentes. O apelo publicitário, portanto, parece parte constituinte <strong>de</strong>sse<br />

instr<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> educação continuada em ciências que é o texto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. Para<br />

vencer a barreira da inteligibilida<strong>de</strong> em áreas tão herméticas e também para atrair a atenção do<br />

público, o texto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> cost<strong>um</strong>a apresentar <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> metáforas e<br />

figuras <strong>de</strong> linguagem, muitas vezes, mais ten<strong>de</strong>ntes à espetacularização da ciência que <strong>de</strong><br />

alg<strong>um</strong> entendimento sobre ela.<br />

Esse estilo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> <strong>de</strong> almanaque que po<strong>de</strong> ser encontrada no<br />

darwinista alemão Ernest Haeckel, com sua adjetivação entusiástica e imagens também nem<br />

sempre <strong>de</strong> bom gosto, po<strong>de</strong> encontrar <strong>um</strong> fácil paralelo nos dias <strong>de</strong> hoje com a acolhida <strong>de</strong><br />

Uma breve história do tempo, <strong>de</strong> Stephen W. Hawking, cientista <strong>de</strong> inquestionável<br />

importância. Somente no Brasil, 30 edições entre 1988 e 2000, e as vendas ainda não pararam.<br />

Neste livro, por conta da editora, po<strong>de</strong>mos ler na contra-capa, a seguinte nota.<br />

De on<strong>de</strong> vem o Cosmos e para on<strong>de</strong> vai? O universo teve começo? Nesse caso, o que<br />

aconteceu antes? Stephen Hawking, o genial físico <strong>de</strong> Cambridge, consi<strong>de</strong>rado sucessor <strong>de</strong><br />

Galileu, Newton e Einstein, revê nosso conhecimento atual do espaço e do tempo, e enuncia<br />

suas revolucionárias teorias sobre o universo e o saber científico. Apresentado por Carl<br />

Sagan, em seu primeiro livro para leigos, ele explica em termos simples e acessíveis sua<br />

extraordinária e singular visão do Cosmos e esmiuça as pesquisas contemporâneas das leis<br />

que nos permitirão enten<strong>de</strong>r mistérios ainda insolúveis (HAWKING, 2000).<br />

Semelhantemente, po<strong>de</strong>mos ler n<strong>um</strong> texto <strong>de</strong> 4ª capa <strong>de</strong> O universo n<strong>um</strong>a casca <strong>de</strong><br />

noz, <strong>de</strong> Hawking:<br />

Este livro apresenta, com <strong>um</strong>a linguagem simplificada, os princípios que controlam o<br />

Universo. Hawking, autor do best-seller Uma breve história do tempo e <strong>um</strong> dos mais<br />

influentes pensadores <strong>de</strong> nosso tempo, escreve a respeito <strong>de</strong> sua busca para a <strong>de</strong>scoberta da<br />

Teoria <strong>de</strong> Tudo, faz <strong>um</strong>a viagem através do espaço-tempo, leva o leitor a <strong>de</strong>scobrir segredos<br />

do Universo e revela <strong>um</strong>a <strong>de</strong> suas mais emocionantes aventuras intelectuais enquanto procura<br />

combinar a teoria da relativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Einstein e a idéia das histórias múltiplas <strong>de</strong> Feynman em<br />

<strong>um</strong>a teoria unificada completa que <strong>de</strong>screverá tudo que acontece no Universo. O Universo<br />

n<strong>um</strong>a casca <strong>de</strong> noz traz <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> ilustrações que auxiliam a <strong>de</strong>svendar os mistérios das<br />

maiores <strong>de</strong>scobertas dos últimos tempos (HAWKING, 2006).


E não é apenas em virtu<strong>de</strong> do apelo publicitário do editor que traçamos o paralelo, no<br />

próprio texto <strong>de</strong> Hawking é possível encontrar passagens em que assuntos muito sofisticados<br />

para a ciência são tratados com <strong>um</strong>a simplicida<strong>de</strong> que nada esclarece <strong>de</strong> seu conteúdo<br />

propriamente científico, mas que possibilitam ao leitor imagens <strong>de</strong> <strong>um</strong> mundo pleno <strong>de</strong><br />

maravilhoso, n<strong>um</strong>a linguagem que po<strong>de</strong>mos encontrar, por exemplo, n<strong>um</strong>a publicação para<br />

jovens como a revista Superinteressante. Mas vejamos <strong>um</strong> trecho do próprio Hawking.<br />

A <strong>de</strong>scoberta do pósitron, em 1932, confirmou a teoria <strong>de</strong> Dirac, conce<strong>de</strong>ndo-lhe o Prêmio<br />

Nobel <strong>de</strong> Física em 1933. Sabemos agora que toda partícula tem <strong>um</strong>a antipartícula em relação<br />

à qual ela po<strong>de</strong> se anular. (No caso das partículas portadoras <strong>de</strong> força, as antipartículas são as<br />

próprias partículas.) Po<strong>de</strong>ria existir <strong>um</strong> antimundo e antipessoas, feitas <strong>de</strong> antiparticulas.<br />

Entretanto, se você encontrar seu antieu, não aperte a mão <strong>de</strong>le! Vocês <strong>de</strong>sapareceriam ambos<br />

n<strong>um</strong> gran<strong>de</strong> foco <strong>de</strong> luz.(HAWKING, 2000, p.104)<br />

É <strong>um</strong> <strong>gênero</strong> dado ao bombástico. Ao tomarmos autores <strong>de</strong> indiscutível importância<br />

<strong>científica</strong>, como Ernest Haeckel, na virada no século XIX para o XX, e Stephen Hawking, na<br />

virada do XX para XXI, vemos que as chamadas publicitárias dos seus livros têm no<br />

bombástico <strong>um</strong>a constância. Mas não é com <strong>um</strong> tom mais comedido que aparecem os textos<br />

<strong>de</strong> seus autores. Como vimos tal característica bombástica está presente no próprio texto do<br />

cientista em sua face divulgador. É do próprio Hawking a afirmação, em Buracos negros,<br />

universos bebês, “meu objetivo é <strong>de</strong>cifrar todos os enigmas do universo”, pretensão que<br />

parece saída dos discursos <strong>de</strong> Laplace sobre as <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Newton. Afirmação que retoma<br />

o título bombástico do maior sucesso <strong>de</strong> público <strong>de</strong> Ernest Haeckel “Os enigmas do<br />

universo”, e que parece extraída dos versos <strong>de</strong> Augusto Anjos, “Traziam minhas forças<br />

concentradas/ Na compreensão monística <strong>de</strong> tudo”, em “Noite <strong>de</strong> <strong>um</strong> visionário”.<br />

Retomando a abordagem histórica da formação do público que constituirá a <strong>de</strong>manda<br />

pela <strong>Divulgação</strong> Científica, Robert Darnton ao abordar o público comprador da Enciclopédia<br />

entre 1775 e 1800, po<strong>de</strong> nos dar indicadores do público que forma as condições <strong>de</strong> origem do<br />

<strong>gênero</strong> DC. Primeiro aspecto é que ela foi mais vendida em cida<strong>de</strong>s tradicionais ligadas a<br />

universida<strong>de</strong>s e instituições <strong>de</strong> ensino, com <strong>um</strong>a elite intelectual já estabelecida e muito pouco<br />

nas cida<strong>de</strong>s novas mais ligadas ao crescimento industrial. Ela se difundiu mais pelas elites<br />

letradas tradicionais socialmente privilegiada e posteriormente entre as classes médias <strong>de</strong><br />

profissionais liberais, não atingindo, em gran<strong>de</strong> conta pelo preço, às classes trabalhadoras<br />

mais pobres e os camponeses. Segundo e consequente aspecto, paradoxalmente, ela “não<br />

penetrou na base da socieda<strong>de</strong>, circulando pelos setores médios e saturando as camadas<br />

superiores” (DARNTON, 2008, p.406).


As observações <strong>de</strong> Darnton, a partir dos dados <strong>de</strong> livreiros e editores, chegam a<br />

questões interessantes para a compreensão do público à época e os movimentos sociais.<br />

Embora importante, o fator po<strong>de</strong>r aquisitivo não <strong>de</strong>terminou o interesse pela publicação.<br />

Foram poucos, em número insignificante, <strong>de</strong>ntre a burguesia capitalista mo<strong>de</strong>rna os que se<br />

interessaram em adquirir assinaturas da obra. O que nos leva a <strong>um</strong> novo olhar sobre o<br />

il<strong>um</strong>inismo e as classes <strong>de</strong>cisivas na revolução. E também repensar a importância <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

público leitor construído historicamente. “Nada po<strong>de</strong>ria ter sido mais implacável e capitalista<br />

do que a Enciclopédia enquanto empreendimento, mas o público leitor da Enciclopédia não se<br />

compunha <strong>de</strong> capitalistas” (DARNTON, 2008, p.406). E esse público, ao nos firmarmos no<br />

parecer <strong>de</strong> Darnton, já estava constituído antes mesmo do aparecimento da Enciclopédia.<br />

O capitalismo, seja o das pilhagens ou o balzaquiano, tem por alicerce o princípio <strong>de</strong><br />

ligar oferta e <strong>de</strong>manda. Assim, a luta para ven<strong>de</strong>r Enciclopédias sugere que a <strong>de</strong>manda<br />

pela obra se dissemina por todo o território francês. Foi a riqueza do mercado que<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou os embates entre os editores. E a ferocida<strong>de</strong> do combate confirma a<br />

impressão que nos fica ao ver as estatísticas <strong>de</strong> suas vendas: o público leitor estava<br />

ávido pelo enciclopedismo. (DARNTON, 2008, p.410)<br />

É exatamente essa perspectiva <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ansieda<strong>de</strong> a ser contemplada que fortalece a<br />

percepção <strong>de</strong> que esse público já vinha sendo produzido pelo maravilhoso das Gran<strong>de</strong>s<br />

Descobertas das navegações e viagens, com o qual o maravilhoso ficcional apresentado pelos<br />

romancistas do século XVIII, como Defoe, tinha <strong>de</strong> se fazer passar para melhor atrair o<br />

público..<br />

A título <strong>de</strong> conclusão<br />

Po<strong>de</strong>mos observar certo <strong>de</strong>sejo saudosista <strong>de</strong> <strong>um</strong> tempo em que era possível falar e ter<br />

domínio <strong>de</strong> <strong>um</strong> extenso, porém abarcável, livro do mundo, coexistindo com a fragmentação<br />

do conhecimento do mundo contemporâneo. Contudo, mesmo em autores <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong> que não parecem possuídos por este sonho <strong>de</strong> <strong>um</strong> conhecimento global, po<strong>de</strong>mos<br />

perceber a importância da busca do maravilhamento do leitor. Ou ainda, do inevitável<br />

maravilhamento que a pesquisa <strong>científica</strong> suscita.<br />

A geologia não encerra nenh<strong>um</strong>a lição mais importante do que a vastidão do tempo. Não<br />

temos qualquer problema na exposição intelectual das nossas conclusões – 4500 milhões <strong>de</strong><br />

anos é <strong>um</strong> número que facilmente aceitamos como ida<strong>de</strong> para a Terra. Mas o conhecimento<br />

intelectual e a apreciação emocional são coisas muito diferentes. Como número puro, 4500<br />

milhões é incompreensível e temos <strong>de</strong> recorrer à metáfora e à imagem para salientar há quanto<br />

tempo a Terra existe e quão insignificante é o período da evolução h<strong>um</strong>ana – para não<br />

mencionar o milimicrosegundo cósmico das nossas vidas pessoais (GOULD, s.d, p.363).


Revelando o encantamento inerente ao próprio trabalho científico, os textos <strong>de</strong><br />

divulgação po<strong>de</strong>m apresentar requintada elegância em ilações que ultrapassam o campo da<br />

ciência, mas que se direcionam para <strong>um</strong>a reflexão sobre questões da própria existência.<br />

Questões que ultrapassam e antece<strong>de</strong>m o próprio conhecimento científico como vimos há<br />

pouco em S. Jay Gould e como po<strong>de</strong>mos ver em Jacques Monod.<br />

Rompeu-se a antiga aliança. Enfim, o homem sabe que está sozinho na imensidão indiferente<br />

do universo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> emergiu por acaso. Não mais do que seu <strong>de</strong>stino, seu <strong>de</strong>vir não está<br />

escrito em lugar nenh<strong>um</strong>. Cabe-lhe escolher entre o Reino e as trevas (MONOD, 1989, p.198).<br />

É exatamente nestes pontos, quer por ênfase bombástica, quer por refletirem para além<br />

dos limites <strong>de</strong> suas ciências, que os escritos <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> ultrapassam o discurso<br />

científico e alimentam quando não participam diretamente do universo da ficção <strong>científica</strong>. E<br />

não <strong>de</strong>vemos per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que para a formação <strong>de</strong> futuros profissionais o imaginário<br />

produzido por textos <strong>de</strong> ficção é muito po<strong>de</strong>roso.<br />

Somente para concluirmos, <strong>de</strong>ve-se observar que didatismo, ficcionalida<strong>de</strong>, apelo<br />

publicitário são espécies <strong>de</strong> forças que percorrem os textos <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. O<br />

material didático em ciências, o texto publicitário para a formação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a opinião pública<br />

favorável, para a obtenção <strong>de</strong> recursos e a ficção <strong>científica</strong> são espécies <strong>de</strong> margens, ou<br />

<strong>gênero</strong>s discursivos aproximáveis, ou adjacentes. Investigar também essas possibilida<strong>de</strong>s é<br />

<strong>um</strong>a tarefa que nos <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong> <strong>um</strong> campo especificamente bibliográfico <strong>de</strong> pesquisa para <strong>um</strong><br />

campo <strong>de</strong> pesquisa-ação.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ANTONIL, André João (Pe). Cultura e opulência do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2007.<br />

DARNTON, Robert. O il<strong>um</strong>inismo como negócio. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.<br />

EAGLETON, Terry. A função da crítica. São Paulo: Martins Fontes, 1991.<br />

GOULD, Stephen Jay. O polegar do panda. Lisboa: Gradiva, s.d.<br />

HAECKEL, Ernest. Os enygmas do universo. Tradução <strong>de</strong> Jaime Filinto. Porto: Livraria<br />

Chardron (Lello & Irmão), 1908.<br />

HAWKING, Stephen W.. Uma breve história do tempo: do Big Bang aos Buracos Negros.<br />

Introdução <strong>de</strong> Carl Sagan. 30.ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 2000.<br />

______. O universo n<strong>um</strong>a casca <strong>de</strong> noz. São Paulo: Arx; Siciliano, 2006.


LEPENIES, Wolf. As três culturas. Tradução <strong>de</strong> Maria Clara Cescato. São Paulo: Edusp,<br />

1996.<br />

MONOD, Jacques. O acaso e a necessida<strong>de</strong>. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1989.<br />

WATT, Ian. A Ascenção do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

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