Entrevista / professora Telma Nair Santana Pereira - Uenf
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<strong>Entrevista</strong> / <strong>professora</strong> <strong>Telma</strong> <strong>Nair</strong> <strong>Santana</strong><br />
<strong>Pereira</strong><br />
A Assessoria de Comunicação (ASCOM) da<br />
UENF entrevistou por e-mail os três candidatos a<br />
reitor da UENF. As mesmas perguntas, divididas<br />
em seis blocos, foram dirigidas às chapas 10, 12 e<br />
15.<br />
São questões sobre temas de interesse dos três<br />
segmentos da comunidade universitária, da<br />
instituição e da sociedade: autonomia financeira, interação com a sociedade e o<br />
poder público, salários e regime de trabalho, avaliação, assistência estudantil e<br />
futuro da UENF.<br />
Leia a entrevista concedida pela candidata <strong>Telma</strong> <strong>Nair</strong> <strong>Santana</strong> <strong>Pereira</strong>, da chapa<br />
10.<br />
Autonomia financeira<br />
ASCOM: Que modelo de autonomia de gestão financeira a senhora defende de modo<br />
que sua implementação sirva ao interesse público e não meramente a disputas<br />
corporativas ou salariais?<br />
<strong>Telma</strong>: Nesta pergunta podemos abordar o tema de várias formas, mas não se pode<br />
minimizar as questões salariais que durante os últimos anos não foram devidamente<br />
resolvidas. Nesse caso, não consideramos adequada a rotulação de disputas meramente<br />
corporativas. Contudo, manteremos o ponto central desta pergunta que é a gestão no<br />
rumo da autonomia financeira.<br />
A Universidade Estadual do Norte Fluminense iniciou suas atividades em agosto de<br />
1993 e, naquela ocasião, tínhamos a Fundação Estadual Norte Fluminense - Fenorte que<br />
possuía como missão cuidar das questões administrativas. Este processo funcionou<br />
adequadamente por muito pouco tempo e, portanto, logo a comunidade acadêmica<br />
sentiu necessidade de lutar pela autonomia universitária. Durante anos tivemos vários<br />
conflitos, mas saímos fortalecidos e conquistamos a autonomia administrativa, porém<br />
não a autonomia financeira. Naquela ocasião, como chefe de Gabinete e depois como<br />
pró-reitora de Graduação, tive a oportunidade de participar de discussões sobre a<br />
autonomia financeira, que passarei a considerar abaixo:<br />
a) O modelo mais desejado por várias instituições é o da autonomia completa, ou seja, a<br />
universidade é dotada de todos os recursos através de um dispositivo legal. Neste caso,<br />
já existe um percentual direcionado às universidades na Constituição Estadual, mas isto<br />
precisa ser revisto porque quando foi criado só existia a Universidade do Estado do Rio<br />
de Janeiro - Uerj, e agora somos três instituições estaduais de ensino superior. O<br />
percentual que consta na Constituição Estadual é pequeno para atender a demanda de<br />
todas as instituições. Este modelo funciona bem para uma instituição jovem, que não<br />
possui servidores inativos ou são poucos os inativos. Porém, na medida em que a<br />
instituição tem um quadro de servidores inativos similar ao ativo, esta relação pode<br />
gerar dificuldades financeiras. Diante disso, precisamos estabelecer um modelo
intermediário que considere o equilíbrio entre servidores ativos e inativos de forma que<br />
não haja comprometimento excessivo no orçamento, ao ponto de impossibilitar<br />
melhorias na infraestrutura física acompanhada de uma evolução das facilidades<br />
analíticas e experimentais, assim como didáticas (por exemplo salas de aulas<br />
climatizadas e aparelhadas para melhor rendimento acadêmico). Agora, uma coisa é<br />
certa, não é com um orçamento que quando normalizado pelo número de alunos é<br />
inferior ao recebido<br />
por várias instituições já consolidadas que conseguiremos resolver as questões de<br />
infraestrutura da UENF, uma vez que ainda temos grande demanda em relação a esse<br />
aspecto.<br />
b) Um segundo modelo que pode ser discutido é de uma autonomia financeira que<br />
considere apenas o custeio da instituição, deixando a folha de pagamento e os gastos<br />
com infraestrutura para serem discutidos junto ao Governo do Estado. Contudo, a<br />
principal desvantagem deste modelo está exatamente relacionada às questões salariais<br />
dos profissionais que atuam na nossa instituição, que é um dos principais fatores de<br />
desestabilização.<br />
c) Uma terceira opção, talvez a ideal, seja uma autonomia financeira que considere o<br />
custeio da instituição e a folha de pagamento, deixando o investimento em infraestrutura<br />
para ser discutido junto ao Governo do Estado. Nesse caso, podem-se buscar também<br />
outras fontes de recursos para melhoria de infraestrutura, como editais específicos de<br />
agências de fomento (por exemplo CT-Infra da Finep).<br />
Finalizando, esse assunto terá que ser amplamente discutido com a comunidade<br />
universitária e nos Colegiados específicos, pois para que isso se realize será necessário o<br />
engajamento de toda a comunidade; e, em se conquistando, devemos estar preparados<br />
para em troca manter o ensino de alta qualidade, incentivar programas de extensão que<br />
melhorem a qualidade de vida da sociedade em que estamos inseridos e ampliar<br />
diretrizes em busca do desenvolvimento regional.<br />
Interação com a sociedade e poder público<br />
ASCOM: O que a senhora pretende fazer para que a sociedade e os poderes públicos da<br />
região acolham com mais intensidade as tentativas de aproximação empreendidas pela<br />
UENF? E quais são as suas propostas para os mecanismos que já existem, tais como as<br />
incubadoras TEC Campos e ITEP?<br />
<strong>Telma</strong>: A primeira e mais urgente medida é fazer valer o Estatuto da UENF, que<br />
estabelece a representação da comunidade no Conselho Universitário - CONSUNI.<br />
Outra importante atitude a tomar é tornar a nossa página institucional mais amigável, de<br />
modo que o público tenha facilidade em identificar e se informar sobre as principais<br />
atividades da UENF e sobre como tomar parte delas.<br />
É preciso falar a linguagem da sociedade. Hoje, a sociedade regional se sente dissociada<br />
da instituição, pois a linguagem técnico-científica não é do uso comum. Por outro lado,<br />
grande parte do nosso quadro docente não é acostumada a lidar com a transposição do<br />
conhecimento para o público leigo. É preciso 'abrir as portas da UENF', com oferta de<br />
eventos e ações regulares envolvendo as escolas da região, a sociedade civil organizada<br />
e as demais instituições de ensino superior que estão à nossa volta, mas que não dispõe
dos recursos e das instalações que nós temos. Essa necessidade já é apontada por órgãos<br />
de fomento à pesquisa, e exemplos disso são os editais lançados a partir de 2008 pela<br />
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - Faperj, que trazem a<br />
obrigação de o pesquisador realizar eventos na comunidade onde atua (por exemplo<br />
palestras, exposições, treinamentos) para divulgar os resultados do seu estudo, ao menos<br />
uma vez ao ano durante o período de vigência do Termo de Outorga.<br />
Aos poderes públicos da região, temos que oferecer os nossos serviços. Os quadros da<br />
instituição possuem pessoal capacitado para propor e/ou desenvolver Planos de Ação,<br />
alterações em leis e regulamentações etc. Exemplo disso são os diversos<br />
empreendimentos que estão em desenvolvimento na nossa região, com crescente<br />
demanda em ambiente. Nesses casos, podemos atuar avaliando ou emitindo pareceres e<br />
sugerindo alterações em leis e regulamentações com base no conhecimento científico<br />
que nós geramos.<br />
Em relação à Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares - ITEP e à<br />
Incubadora de Empresa de Base Tecnológica de Campos - TEC Campos, acreditamos<br />
que essas iniciativas fortalecem o canal de comunicação com a comunidade, de forma<br />
que as potencialidades dos profissionais sejam destacadas. A TEC Campos busca não<br />
somente incentivar a participação dos alunos em incubadoras de empresas, mas também<br />
trazendo, literalmente, o mercado de trabalho para dentro da instituição. Esses<br />
empreendimentos, relacionados a cooperativas e organizações comunitárias, precisam<br />
ser fortalecidos com maior entrosamento entre os seus participantes e os segmentos da<br />
UENF.<br />
ASCOM: O que a senhora acha da participação da UENF em políticas públicas na área<br />
de educação, como Consórcio Cederj, Plano Nacional de Formação de Professores<br />
(Parfor), Sistema de Seleção Unificada (Sisu), entre outras?<br />
<strong>Telma</strong>: Consideramos que o engajamento da UENF nas políticas públicas na área de<br />
Educação, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Saúde, entre outras, é papel chave<br />
para a transformação da sociedade local, regional e nacional. Hoje, a UENF já possui<br />
destaque nacional, como a 13ª melhor universidade do país, mas é importante<br />
contextualizar nossas ações em todas as escalas.<br />
A participação da UENF no Consórcio Cederj teve início durante a gestão<br />
administrativa do professor Salassier Bernardo. Na ocasião, enquanto estive à frente da<br />
Pró-Reitoria de Graduação, tive a oportunidade, e por que não dizer a felicidade, de<br />
participar ativamente na estruturação do Consórcio. Aliás, cabe ressaltar que o seu<br />
sucesso está intimamente relacionado à preocupação que tivemos, durante o momento<br />
inicial, em estabelecer marcos conceituais que regem o Ensino a Distância. Ainda sobre<br />
este assunto, é preciso programar ações institucionais que aproximem o Ensino a<br />
Distância do Ensino Presencial. Essa aproximação se iniciou recentemente no Curso de<br />
Ciências Biológicas, mas devemos ampliá-la e incentivá-la. Ressaltamos também a<br />
importância de ampliar o acesso ao material didático do Consórcio por parte dos nossos<br />
alunos e professores do Ensino Presencial, bem como às facilidades construídas para<br />
consulta remota aos professores e tutores das disciplinas.<br />
O ParFor tem papel fundamental para os professores que já atuam na rede pública de<br />
ensino, atendendo a uma demanda legal de qualificação desses profissionais. No
entanto, a sua operacionalidade para a geração de resultados positivos quanto à<br />
qualificação desses recursos humanos depende da adesão e do comprometimento dos<br />
professores da UENF, principalmente. Sobre isso, gostaríamos de ressaltar que se não<br />
houver ampla discussão na instituição sobre a viabilidade de implantação desse Plano,<br />
com aprovação dos Colegiados competentes, podemos minimizar nossas chances de<br />
êxito nesse processo de formação.<br />
Sobre o Sisu, consideramos uma opção inclusiva de acesso à universidade, mas<br />
devemos observar continuamente a sua evolução e fazer um estudo de impacto sobre<br />
esta opção de ingresso na UENF. Neste sentido, faremos um levantamento do histórico<br />
nos trâmites administrativos e acadêmicos para se constituir melhor juízo da opção<br />
institucional. Acreditamos que todas as ações supracitadas possuem grande relevância<br />
para a UENF, mas devem ser acompanhadas de rigoroso critério acadêmico.<br />
Avaliação<br />
ASCOM: Qual a sua visão sobre os atuais critérios mínimos de produtividade para<br />
credenciamento de docentes em programas de pós-graduação da UENF?<br />
<strong>Telma</strong>: O estabelecimento dos mesmos critérios mínimos de produtividade para o<br />
credenciamento de docentes em todos os Programas/Cursos de Pós graduação da UENF<br />
deve ser revisto, considerando que, atualmente, temos dez Programas e três Cursos de<br />
Pós-graduação, com especificidades e Comitês de Avaliação (CAs) muito distintos<br />
junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. Quando<br />
se cria uma regra única para toda a universidade, sem levar em conta as especificidades,<br />
corre-se o risco da abertura regular de excepcionalidades que desconsidera os critérios<br />
estabelecidos. Por outro lado, o cumprimento rígido desses critérios únicos pode levar<br />
ao descredenciamento de docentes, reduzindo as opções de orientação nos quadros dos<br />
Programas/Cursos. Não se pode desconsiderar que a Capes, instância maior de<br />
avaliação da Pós-Graduação no Brasil, preconiza números mínimos de docentes<br />
vinculados aos quadros de orientação, e recomenda percentuais de distribuição entre<br />
docentes permanentes, colaboradores e de outras instituições que são credenciados nos<br />
Programas/Cursos. No nosso Programa de Gestão propomos maior autonomia das<br />
Comissões Coordenadoras dos Programas/Cursos da UENF, de modo que discutam e<br />
estabeleçam os seus critérios mínimos de produtividade para credenciamento de<br />
orientadores, considerando os respectivos CAs da Capes como balizadores. Propomos<br />
ainda maior interação entre os Programas, com trocas de experiências positivas, bem<br />
como convites de líderes acadêmicos para seminário/discussões e incentivo a melhoria<br />
de qualidade da pós-graduação da UENF rumo ao progresso do conceito junto à Capes e<br />
à formação de profissionais cada vez mais capacitados.<br />
ASCOM: O que a senhora acha da instituição de mecanismos internos que envolvam,<br />
por exemplo, a avaliação de professores e/ou técnicos por parte de alunos?<br />
<strong>Telma</strong>: Excelente, principalmente quanto à avaliação de professores. Os alunos<br />
poderiam, por exemplo, realizar uma avalição 'cega' de todas as disciplinas cursadas ao<br />
final de cada semestre, preferencialmente através de um sistema informatizado, de<br />
modo a conferir maior agilidade de resposta. É importante que a instituição seja<br />
avaliada em relação ao ensino, pesquisa, extensão e gestão, tendo uma comissão própria<br />
de avaliação, conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira - Inep estabelece às instituições privadas. É preciso também que as<br />
formas de avaliação sejam periodicamente revistas. A avaliação transparente e direta só<br />
tem aspectos positivos, desde que os eventuais problemas sejam solucionados ou<br />
minimizados, dando subsídios para que a instituição se aprimore como um todo.<br />
ASCOM: Em geral, os parâmetros de avaliação dos cientistas pelas agências de<br />
fomento enfatizam a quantidade de artigos publicados e não enfatizam outras atividades,<br />
tais como ações de extensão, aulas, iniciativas de divulgação da ciência etc. Qual a sua<br />
opinião sobre estes parâmetros vigentes e, caso discorde deles, como pretende levantar<br />
esta discussão junto à comunidade científica brasileira?<br />
<strong>Telma</strong>: Se o fomento a que está se referindo é a pesquisa, acreditamos que artigo<br />
publicado deve ser sim, um dos critérios; mas não a quantidade per se e sim a qualidade<br />
do artigo, com base no índice Qualis Capes ou no Fator de Impacto da revista no qual<br />
foi publicado. Não podemos perder isso de vista, principalmente em relação aos nossos<br />
professores que têm vinculação com Programas/Cursos de Pós-graduação, pois essa<br />
ainda é a medida pela qual somos avaliados na Capes. Entretanto, cabe ressaltar que<br />
atualmente mesmo a concorrência para uma bolsa de produtividade em pesquisa do<br />
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, por exemplo,<br />
não considera apenas a quantidade de artigos publicados, mas também o currículo do<br />
solicitante quanto à formação de recursos humanos, contribuição tecnológica e para a<br />
inovação, coordenação ou participação em projetos de pesquisa, dentre outros critérios.<br />
Há uma proposta de ampliação dos parâmetros de avaliação dos cientistas brasileiros<br />
que foi apresentada pelo novo presidente do CNPq, o físico Glaucius Oliva, como uma<br />
das metas de sua gestão junto ao órgão. Nesse caso, a discussão junto à comunidade<br />
científica brasileira já foi levantada. Cabe a nós a participação ativa nessa discussão,<br />
buscando valorizar os nossos docentes em suas melhores habilidades.<br />
Salários e regime de trabalho<br />
ASCOM: A senhora é favorável à manutenção de um mesmo Plano de Cargos e<br />
Vencimentos para professores e técnicos, como atualmente, ou à implantação de planos<br />
distintos para as diferentes categorias? E quanto à dedicação exclusiva dos professores,<br />
proporá alguma mudança?<br />
<strong>Telma</strong>: Somos incondicionalmente favoráveis à manutenção do Plano de Cargos e<br />
Vencimentos - PCV conforme temos atualmente. Aliás, não entendemos por que se<br />
questiona sobre planos distintos, quando isso nunca foi discutido em qualquer<br />
Colegiado institucional. Realmente, esta pergunta nos chama atenção, e precisamos<br />
manter o modelo institucional de criação da UENF.<br />
A manutenção do mesmo PCV é importante para a constante busca por salários<br />
compatíveis com a maior parte das demais universidades públicas brasileiras,<br />
considerando todos os cargos da UENF. Certamente, é fundamental revermos o PCV<br />
atual, já defasado, com algumas impropriedades flagrantes. O perfil do plano deve<br />
contemplar a criação de novas faixas salariais, tornando o mérito à alavanca de<br />
progresso funcional.
Sobre a dedicação exclusiva, entendemos que é um dispositivo institucional que<br />
abrange todos os docentes da instituição e não podemos perdê-lo de vista, pois este<br />
referencial é fundamental para os alunos e servidores técnico-administrativos. No<br />
entanto, quando comparamos os salários da UENF com aqueles praticados em outras<br />
instituições de ensino superior estaduais e federais, concluímos que precisamos<br />
rediscutir nosso PCV junto aos Colegiados da instituição e ao Governo do Estado. Este<br />
ponto marcará a retomada da trajetória inicial da UENF. Finalizando, a dedicação<br />
exclusiva dos professores é essencial para a manutenção da qualidade das ações em<br />
ensino, pesquisa e extensão que são desenvolvidas na universidade.<br />
ASCOM: Como pretende agir para que os salários pagos na UENF sejam competitivos<br />
frente<br />
às universidades federais e que os concursos atraiam mais candidatos?<br />
<strong>Telma</strong>: Primeiro, precisamos encontrar um caminho de convergência com o Governo<br />
do Estado para uma demonstração clara da nossa perda de competitividade na atração<br />
de profissionais. Se continuarmos com esses salários, corremos o risco de perder os<br />
profissionais que já estão aqui, principalmente os recém-concursados. Em seguida,<br />
precisamos ampliar a divulgação dos nossos concursos. No passado, enviávamos as<br />
chamadas dos editais de concursos para o jornal eletrônico da Sociedade Brasileira para<br />
o Progresso da Ciência - SBPC, e é preciso ampliar a divulgação em outras sociedades<br />
científicas. No entanto, mesmo considerando essas dificuldades, é inegável a excelência<br />
do nosso quadro docente, que tem demonstrado capacidade de superação das<br />
adversidades relacionadas à remuneração. Prova dessa excelência é o grande número de<br />
bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq no nosso quadro e a elevada captação<br />
de recursos através de editais públicos, que demonstram claramente a dedicação<br />
profissional em prol da instituição. Em síntese, precisamos trabalhar em várias<br />
estratégias para reverter o quadro de baixa procura pelos nossos concursos.<br />
ASCOM: Na impossibilidade de realização de novos concursos públicos para a área<br />
técnica, com quantitativos suficientes, como pretende lidar com as demandas de pessoal<br />
dos diversos setores?<br />
<strong>Telma</strong>: Na realidade, a realização de concursos e efetivação no quadro permanente da<br />
UENF é a meta desejada por nós. Porém, diante da impossibilidade, estaremos<br />
realizando processos seletivos públicos com ampla visibilidade na comunidade regional,<br />
de modo a dar transparência ao processo de contratação de funcionários na UENF. Sim,<br />
porque há previsão legal para essa situação - Lei Ordinária Estadual nº 2.399/95 que<br />
prevê a contratação temporária de pessoal no Estado do Rio de Janeiro com ênfase na<br />
área de educação. Não podemos contratar recursos humanos para nossa instituição<br />
através de indicação pessoal, mesmo que o profissional em questão possua elevada<br />
qualificação na área requerida. Assim, os princípios da visibilidade e do mérito nos<br />
processos de contratação serão perseguidos por nossa administração, atendendo aos<br />
princípios da administração pública, da impessoalidade e da moralidade pública em seu<br />
sentido lato. Inclusive, cabe ressaltar que pretendemos criar um grupo permanente para<br />
estruturar a estratégia institucional visando à manutenção do quadro funcional, de forma<br />
a não prejudicar a nossa atividade fim.<br />
Assistência estudantil
ASCOM: Como pretende que seja a oferta de alimentação no Restaurante<br />
Universitário? Haverá subsídios para todos? Para alguns segmentos? E quanto às<br />
reivindicações de alojamento?<br />
<strong>Telma</strong>: Evidentemente, deverá existir subsídio para os alunos, que deverão ter<br />
alimentação gratuita, e um ônus proporcional para os servidores técnico-administrativos<br />
e docentes. A oferta de alimentos no Restaurante Universitário deve ser terceirizada<br />
mediante rígidas normas de qualidade e higiene, e contratada através de licitação<br />
publica. Recentemente, foi divulgado pela Reitoria, através da Assessoria de<br />
Comunicação - ASCOM, que a UENF receberia do Governo Federal através do Plano<br />
Nacional de Assistência Estudantil - PNAEST apoio financeiro por ter aderido<br />
integralmente ao Sisu. Esses recursos podem ser aplicados em assistência para moradia<br />
estudantil, alimentação, dentre outros usos, mas como não temos conhecimento do valor<br />
destinado para a UENF, não podemos aqui discorrer sobre as formas de alocação da<br />
verba. No entanto, temos certeza de que a atual administração da instituição aplicará<br />
integralmente os recursos para apoio aos alunos com base nos critérios definidos no<br />
PNAEST.<br />
Pretendemos criar um grupo, com representação de todos os segmentos da instituição<br />
(alunos, técnico-administrativos e professores), que estará diretamente responsável pela<br />
organização de uma política institucional relacionada à oferta de alimentação digna para<br />
todos, considerando também as unidades da UENF localizadas fora do campus<br />
principal. Estabeleceremos um meio de atender essas instalações, tais como a unidade<br />
experimental no Colégio Agrícola, onde há vários servidores e alunos atuando<br />
diariamente.<br />
No que tange a demanda de alojamento, a construção de uma edificação no campus<br />
principal para atender a essa questão pode ser inviável devido à limitação de área<br />
disponível. No entanto, poderemos usar os recursos do PNAEST para essa finalidade,<br />
em caso de viabilidade financeira, ou buscar solução junto ao Governo do Estado ou<br />
Municipal. Gostaríamos de ressaltar que todas as ações propostas para implantação do<br />
auxílio-alimentação e/ou moradia deverão ser avaliadas pelos Colegiados competentes<br />
da instituição.<br />
Futuro da UENF<br />
ASCOM: Como pretende viabilizar as demandas de expansão regional da UENF<br />
aprovadas pelo Conselho Universitário?<br />
<strong>Telma</strong>: Na realidade, toda a demanda de expansão regional da UENF deve passar por<br />
negociação prévia com o Governo do Estado ou com os Governos Municipais<br />
interessados em receber nossa instituição. A aprovação de expansão sem garantias de<br />
apoio financeiro deixa a universidade em uma situação de extrema fragilidade<br />
institucional. Portanto, todas as medidas aprovadas no CONSUNI devem ser discutidas<br />
abertamente à luz da verdadeira possibilidade de implantação, principalmente porque<br />
ainda temos muitas questões pendentes na UENF em Campos dos Goytacazes, Macaé e<br />
nas unidades experimentais. A viabilidade das demandas de expansão devem ser<br />
tratadas dentro do plano institucional acadêmico, assim como no plano político. A<br />
expansão da universidade somente será possível com a garantia da ampliação do nosso
quadro de servidores docentes e técnico-administrativos, para que não haja perda da<br />
qualidade da instituição.<br />
ASCOM: E quanto a eventual expansão física nos próprios campi já existentes, quais<br />
seriam as suas grandes diretrizes?<br />
<strong>Telma</strong>: É importante reafirmar que estaremos administrando a UENF com base em<br />
decisões dos Colegiados. Entendemos que existem várias demandas e expansões<br />
previamente aprovadas e, neste sentido, estaremos trabalhando de forma a honrar o<br />
nome da instituição. Porém, deve ficar claro para todos os membros da comunidade que<br />
precisamos do apoio incondicional dos professores, técnico-administrativos e alunos,<br />
além do importante apoio de representações políticas regionais. Não se realiza a<br />
expansão da instituição comprometendo o que já existe, portanto, temos que ampliar<br />
nosso orçamento institucional para que o projeto de expansão seja consistente e viável.<br />
ASCOM: Gostaria de apresentar outras propostas não mencionadas pela entrevista?<br />
<strong>Telma</strong>: No nosso Programa de Gestão estão elencadas as novas propostas para a UENF<br />
e, para que tomem conhecimento das mesmas, convidamos para uma visita ao nosso<br />
blog: http:://coalizaouenf.blogspot.com.<br />
Aproveitamos esse espaço dado pela ASCOM para esclarecer que pretendemos<br />
democratizar alguns setores da Universidade, especialmente aqueles cuja direção não é<br />
definida por cargo eletivo, ficando a critério do Reitor a indicação de quem a ocupará.<br />
Assim, para a ocupação dos cargos de confiança referentes à Diretoria Geral<br />
Administrativa - DGA, Assessoria de Transporte - ASTRAN, Assessoria de<br />
Manutenção - ASMAN, dentre outros, vamos fazer uma consulta aos pares, solicitando<br />
aos servidores lotados nesses setores que nos indiquem o nome de pelo menos dois<br />
servidores do quadro permanente, para que possamos avaliar e proceder à escolha de<br />
quem ocupará os respectivos cargos. Com essa iniciativa, visamos à manutenção do<br />
clima de confiança, harmonia e comprometimento na administração da Universidade.<br />
Professora <strong>Telma</strong> <strong>Nair</strong> <strong>Santana</strong> <strong>Pereira</strong> - candidata a reitora pela Chapa 10<br />
Professor Carlos Eduardo Novo Gatts - candidato a vice-reitor pela Chapa 10<br />
Campos dos Goytacazes, 25 de fevereiro de 2011.