16.04.2013 Views

Maria Clara Gomes - objetividade e diálogo de culturas

Maria Clara Gomes - objetividade e diálogo de culturas

Maria Clara Gomes - objetividade e diálogo de culturas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Objetivida<strong>de</strong> e <strong>diálogo</strong><br />

<strong>de</strong><br />

<strong>culturas</strong><br />

A professora M. <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong>


A questão dos critérios valorativos levanta o<br />

problema da natureza dos juízos morais.<br />

O Subjetivismo moral é teoria que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que os<br />

juízos morais são verda<strong>de</strong>iros ou falsos mas isso<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da perspetiva do sujeito que os faz, são<br />

subjetivos.<br />

O Relativismo cultural é teoria que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que os<br />

juízos morais são verda<strong>de</strong>iros ou falsos mas isso<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da aprovação ou reprovação da maioria<br />

das pessoas <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. Os factos morais<br />

são relativos às socieda<strong>de</strong>s, sendo diferentes<br />

consoante as diferentes <strong>culturas</strong>.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 2


O que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o objetivismo moral?<br />

Os juízos morais têm valor <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong> e este em nada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

perspetiva do sujeito que os profere.<br />

Os juízos morais po<strong>de</strong>m ser<br />

justificados <strong>de</strong> forma racional e<br />

imparcial.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 3


Examinemos o seguinte exemplo:<br />

Uma pessoa afirma que “X é moralmente aceitável”, enquanto outra afirma<br />

que “X é moralmente inaceitável”.<br />

Será que estas pessoas estão em <strong>de</strong>sacordo?<br />

- Não, respon<strong>de</strong> o subjetivista moral. Essas pessoas estão simplesmente a<br />

expressar os seus sentimentos face a X. Se são sinceras quanto a isso, então aquelas<br />

afirmações são ambas verda<strong>de</strong>iras.<br />

- Não, respon<strong>de</strong> o relativista cultural, se essas pessoas pertencerem a <strong>culturas</strong><br />

diferentes, a primeira na qual X seja aprovado, a segunda na qual X seja reprovado.<br />

Segundo o relativista cultural, não há razões para contestar qualquer dos juízos<br />

morais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cada um <strong>de</strong>les expresse a perspetiva maioritária <strong>de</strong> cada<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

- Sim, respon<strong>de</strong> o objetivista moral. As pessoas que exprimem estes juízos estão<br />

<strong>de</strong> facto em <strong>de</strong>sacordo e estes não po<strong>de</strong>m ter o mesmo valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Por isso<br />

o subjetivismo moral e o relativismo cultural não po<strong>de</strong>m ser teorias corretas.<br />

Para o objetivismo, um juízo moral tem <strong>de</strong> ser apoiado em boas razões<br />

que são imparciais.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 4


Para o objetivismo, um juízo moral tem <strong>de</strong><br />

ser apoiado em boas razões que são<br />

imparciais.<br />

O objetivismo reconhece que há juízos que exprimem<br />

meras preferências pessoais e não precisam <strong>de</strong> ser<br />

acompanhados <strong>de</strong> razões, como quando alguém diz “eu<br />

gosto <strong>de</strong> café” ou “eu prefiro chá”.<br />

Por exemplo, “X é um homem mau” é um juízo moral<br />

verda<strong>de</strong>iro se for sustentado por razões melhores que<br />

os juízos alternativos. E quanto melhor for a justificação<br />

que suporta um juízo moral, mais razões teremos para<br />

consi<strong>de</strong>rá-lo objetivamente verda<strong>de</strong>iro. (pag.132)<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 5


Os juízos morais precisam <strong>de</strong> ser avaliados <strong>de</strong><br />

forma racional e imparcial <strong>de</strong> forma a<br />

<strong>de</strong>scobrirmos se estão corretos ou não, por<br />

isso <strong>de</strong>vem utilizar-se critérios<br />

transubjetivos <strong>de</strong> valoração, ou seja,<br />

critérios que possam ser aceites por qualquer<br />

indivíduo racional e que ultrapassam a<br />

perspetiva <strong>de</strong> cada um, permitindo avaliar com<br />

imparcialida<strong>de</strong> os atos e as práticas sociais.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 6


Algumas pessoas pensam que o objetivismo em ética não é<br />

possível porque os valores não são coisas que existam tal<br />

como existem as estrelas e os planetas. (texto 10)<br />

Mas não existem apenas duas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a<br />

natureza dos juízos <strong>de</strong> valor, a saber:<br />

1ª Há factos morais, tal como há pedras, estrelas e planetas.<br />

2ª Os valores não são mais do que a expressão dos nossos<br />

sentimentos subjetivos ou dos padrões <strong>de</strong> cada cultura.<br />

De facto, há uma terceira possibilida<strong>de</strong>:<br />

3ª As verda<strong>de</strong>s morais são verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> razão; isto é,<br />

um juízo moral é verda<strong>de</strong>iro se for sustentado por<br />

razões melhores que os juízos alternativos.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 7


Imagina que um aluno consi<strong>de</strong>ra que um <strong>de</strong>terminado teste é<br />

injusto.<br />

Será que este juízo é objetivo?<br />

Sim, se for apoiado pelas melhores razões, tais como:<br />

a) O teste abrangia em pormenor assuntos sem importância,<br />

ignorando os consi<strong>de</strong>rados importantes pelo professor.<br />

b) O teste abrangia assuntos não tratados nem nas aulas teóricas<br />

nem nas práticas.<br />

c) O teste era <strong>de</strong>masiado extenso, nem os melhores alunos o<br />

po<strong>de</strong>riam realizar no tempo previsto.<br />

O professor não apresenta argumentos para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e po<strong>de</strong>-se<br />

supor que a, b e c são verda<strong>de</strong>iras.<br />

Assim sendo, não terá o aluno provado que o teste foi injusto? Que<br />

mais po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>sejar a título <strong>de</strong> prova?<br />

Adaptado <strong>de</strong> James Rachels, Elementos <strong>de</strong> filosofia moral, Gradiva, pp. 65-71<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 8


A importância do <strong>diálogo</strong> intercultural<br />

Já vimos que o relativismo cultural po<strong>de</strong><br />

levar a que se aceitem como igualmente<br />

corretos atos que têm valores morais<br />

diferentes.<br />

Através do <strong>diálogo</strong> intercultural cada<br />

socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com as outras<br />

e perceber o que é bom ou mau, certo ou<br />

errado, ultrapassando os diferentes<br />

contextos sociais e avaliando <strong>de</strong> uma forma<br />

imparcial as práticas morais, através <strong>de</strong><br />

critérios transubjetivos universais.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 9


Assim po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r que a nossa<br />

cultura po<strong>de</strong> estar errada em certos aspetos<br />

e igualmente criticar racionalmente as outras<br />

práticas culturais que nos parecem<br />

incorretas, contribuindo para o<br />

aperfeiçoamento social e moral.<br />

Tolerar não significa aceitar tudo o que<br />

carateriza a cultura <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. Por<br />

isso é preciso que as diferentes <strong>culturas</strong><br />

estejam dispostas a procurar um<br />

entendimento para o qual muito contribui a<br />

Declaração Universal dos Direitos<br />

Humanos.<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 10


Questões <strong>de</strong> revisão<br />

1. Em que é que se distinguem as respostas dadas<br />

pelas teorias que estudaste quanto às questões<br />

levantadas pela natureza dos juízos morais?<br />

2. Quando é que um juízo moral é consi<strong>de</strong>rado<br />

objetivo, segundo o objectivismo moral?<br />

3. Que critérios valorativos se <strong>de</strong>vem utilizar para<br />

avaliar um juízo moral?<br />

4. Por que é que algumas pessoas consi<strong>de</strong>ram não<br />

ser possível o objetivismo em ética?<br />

5. Qual é a importância do <strong>diálogo</strong> entre <strong>culturas</strong>?<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Clara</strong> <strong>Gomes</strong> | ESAS 2011-2012 11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!