Prezado Ministro Guido Mantega, Venho por meio desta solicitar a ...
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<strong>Prezado</strong> <strong>Ministro</strong> <strong>Guido</strong> <strong>Mantega</strong>,<br />
<strong>Venho</strong> <strong>por</strong> <strong>meio</strong> <strong>desta</strong> <strong>solicitar</strong> a exoneração do cargo de Secretário do Tesouro<br />
Nacional, <strong>por</strong> razões estritamente pessoais. Cumpro, assim, o acordo feito há meses, de me<br />
manter à frente do cargo até o final de 2006.<br />
É com pesar que tive que tomar esta decisão, exatamente dois anos depois que fui<br />
<strong>por</strong> você convidado para integrar a Diretoria do BNDES. Desde lá, iniciamos intenso<br />
convívio profissional, marcado pelo respeito, amizade e sinceridade. Foi neste contexto em<br />
que havia já confidenciado a você limitações de ordem familiar que provavelmente me<br />
impediriam de prosseguir nesta jornada <strong>por</strong> um período mais prolongado, o que veio a se<br />
confirmar.<br />
Tive ainda a enorme honra de ser convidado <strong>por</strong> você para assumir uma das funções<br />
mais im<strong>por</strong>tantes da República, como titular da STN, em circunstâncias inesperadas. Mais<br />
uma vez foi im<strong>por</strong>tante o apoio e confiança que de você tive para enfrentar tal desafio.<br />
Hoje, nove meses depois, sinto de um lado a satisfação do dever cumprido, mas de outro, a<br />
frustração de não poder continuar a colaborar com a equipe econômica em um momento em<br />
que o Brasil finalmente pode olhar para frente e vislumbrar um futuro bem melhor.<br />
Ao contrário do futebol, quem sai do governo tem que ter a responsabilidade de<br />
deixar o time quando ele está ganhando. É o que acredito. Saio com otimismo quanto ao<br />
futuro do país, que tem todas as condições de ingressar em um ciclo de crescimento<br />
sustentado com estabilidade econômica. É este o sentido das medidas econômicas que o<br />
governo ora discute, como já demonstrado no acordo plurianual de reajuste do salário<br />
mínimo, sem dúvida um passo positivo na direção do equilíbrio entre o planejamento<br />
econômico e a justiça social, respeitando os limites da responsabilidade fiscal.<br />
É sempre possível que minha saída seja interpretada como se houvesse, entre eu e<br />
você, ou entre eu e o governo, um distanciamento. Sabemos que esta interpretação é<br />
infundada e inverídica, somente podendo prosperar na mente dos que (ainda que<br />
legitimamente) fazem oposição ao governo, ou daqueles que implicitamente acreditam que<br />
quem está em um cargo público não tem vida pessoal.<br />
Por isso, quero reafirmar de público meu apoio à condução da política econômica<br />
do governo e, em particular, a sua política fiscal e de dívida pública, que devem contribuir<br />
para que nossa classificação de risco mantenha-se em ascensão, devendo inevitavelmente<br />
nos conduzir, no horizonte do próximo governo, ao grau de investimento.<br />
Gostaria ainda de registrar alguns agradecimentos. Em primeiro lugar a você,<br />
<strong>Ministro</strong>, pela o<strong>por</strong>tunidade profissional que me foi dada e pelo alegre e bem-humorado<br />
convívio que tivemos. Menciono também um agradecimento especial a dois grandes<br />
colegas e amigos, Demian Fiocca e Bernad Appy. Com ambos aprendi muito, mostrando<br />
que as gerações mais novas que a minha terão muito a contribuir para o país.
No Tesouro Nacional, vale <strong>desta</strong>car o forte apoio dos meus secretários-adjuntos,<br />
Lício Camargo, Paulo Valle e Jorge Khalil Miski. Através deles gostaria de agradecer a<br />
todo o quadro técnico do Tesouro Nacional, que superou as minhas já infladas expectativas<br />
em termos de competência, dedicação e honestidade profissional.<br />
Deixei as palavras finais para falar de meu sucessor, Tarcísio José Massote de<br />
Godoy. É uma grande honra poder passar o bastão, pela primeira vez, para um servidor da<br />
casa, especialmente no aniversário de 20 anos da STN. Além de ser um batalhador<br />
incansável e dono de energia inesgotável, Tarcísio foi sempre um colega extremamente leal<br />
que conhece como poucos os meandros da execução fiscal e orçamentária, a gestão<br />
econômico-financeira das empresas estatais e a política de dívida pública. Criativo e<br />
inteligente, ainda encontrou tempo nos últimos anos para dar continuidade a sua vida<br />
acadêmica.<br />
Encerro reiterando meus agradecimentos e a confiança no futuro do país.<br />
Atenciosamente,<br />
Carlos Kawall Leal Ferreira<br />
28/12/2006