Rhodophyta 1: diversidade morfológica - Universidade Estadual de ...

Universidade Estadual de Feira de Santana
Departamento de Ciências Biológicas
Disciplina: PROTISTAS FOTOSSINTETIZANTES
RHODOPHYTA: CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA
TALO UNIAXIAL X MULTIAXIAL
A divisão Rhodophyta engloba cerca de 4.000-6.000 espécies de algas vermelhas,
distribuídas entre 500-600 gêneros. É um grupo bastante especializado e difere marcadamente em
muitos aspectos dos representantes de outras divisões de algas eucarióticas por englobar
organismos fotossintetizantes que têm cloroplastos com tilacóides não agregados, clorofila a como
pigmento principal da fotossíntese e ficobiliproteínas e carotenóides como pigmentos acessórios;
amido das florídeas, como produto de reserva estocado fora dos cloroplastos, além de completa
ausência de flagelos e de qualquer vestígio flagelar em todos os estádios do seu histórico de vida.
Apesar do nome Rhodophyta (Rhodo = vermelha; phyta = planta), os membros deste grupo
exibem uma gama de coloração que pode variar de avermelhada, amarelada, esverdeada, azulada,
amarronzada, púrpura ou negra devido à predominância ou combinação dos pigmentos acessórios,
tais como a ficoeritrina, aloficocianina e ficocianina, além das xantofilas e carotenóides. A
fotodestruição dos ficobilissomos confere também uma coloração mais verde ou amarelada aos
talos. Em algumas algas vermelhas consideradas parcial ou completamente parasitas, a
pigmentação e os cloroplastos são escassos ou aparentemente ausentes, exibindo uma coloração
esbranquiçada
Em talos de algumas espécies desta divisão é possível observar uma iridescência azulada a
esverdeada devido à luz refletida, diferentemente das diversas cores apresentadas pelas rodofíceas
como resultado da luz transmitida. Pirenóides estão presentes nos cloroplastos de alguns gêneros
mais primitivos.
Os talos das algas vermelhas variam desde pequenas formas unicelulares até grandes
indivíduos multicelulares. Existem poucos gêneros unicelulares, coloniais e multicelulares
parenquimatosos, sendo a maioria constituída de plantas filamentosas, ramificadas ou não e
pseudoparenquimatosas. Apesar desta diversidade na aparência, a forma final do talo é sempre o
resultado da agregação de filamentos em uma construção pseudoparenquimatosa. A interpretação
mais comum dada a esta construção é que o talo das algas vermelhas é o resultado de crescimento
dos filamentos que podem demonstrar variados graus de consolidação entre si. Algumas formas são
resultados de filamentos frouxamente agregados, mantidos unidos apenas pela produção de
mucilagem.
A célula típica das rodofíceas geralmente tem um único núcleo que pode ser haplóide ou
diplóide dependendo do estádio, mas células poliplóides e multinucleadas também ocorrem
freqüentemente. O crescimento dá-se pelas divisões vegetativas. A mitose é dita fechada porque o
envelope nuclear persiste durante a divisão. Os centríolos estão ausentes, mas ocorrem uma
estrutura análoga chamada anel polar que orienta os fusos mitóticos. A divisão celular, por
invaginação, é incompleta neste grupo e deixa uma abertura entre as células que é preenchida por
um tampão (pit-plug) perfeitamente encaixado, através do qual estabelece uma conexão entre as
células adjacentes (pit-connection). A presença ou ausência e as características deste pit-plug é de
extrema importância na taxonomia do grupo.
A parede celular é composta de microfibrilas arranjadas ao acaso que podem ser de celulose
ou de outro polissacarídeo, embebida em uma matriz amorfa de natureza mucilaginosa, geralmente
um polímero de galactanas sulfatadas, tais como ágar e carragenana, ambos comercialmente
importantes. É esta matriz mucilaginosa que confere às rodofíceas a flexibilidade e a textura
escorregadia, características deste grupo. Entretanto, certas espécies de algas vermelhas depositam
carbonato de cálcio em suas paredes celulares, conferindo maior rigidez aos talos.
As algas vermelhas ocorrem predominantemente nas regiões tropicais e subtropicais, mas
são encontradas também nas regiões mais frias do mundo. O tamanho médio das algas vermelhas
difere de acordo com a região geográfica. As espécies de maior porte ocorrem em áreas de águas
frias e, com exceção de algumas espécies, dificilmente ultrapassam um metro de comprimento,
enquanto em mares tropicais elas são geralmente menores e apresentam formas filamentosas.

PROCEDIMENTO DE LABORATÓRIO:
Inicialmente analise o talo da rodófita no estereomicroscópio, observe e desenhe as características
morfológicas do talo descritas no gênero. Posteriormente, identifique a lâmina do material, leve ao
microscópio e observe as características anatômicas na objetiva de (40x).
Após a análise das lâminas, proceda a identificação do material distribuído em sala de aula através
de chave de identificação.
Material 1 - BOSTRYCHIA MONTAGNE, 1838.
Talo cilíndrico, em forma de pena, com porção mais ou menos rizomatosa e ramos eretos que se
podem fixar ao substrato por tufos de rizóides. Eixos principais com ramificação pinada (dística
oposta) as vezes deslocada para um só lado. Organização uniaxial, crescimento por célula apical,
com conexões celulares primárias e secundárias visíveis em corte longitudinal. Eixo principal em
corte transversal com 5 a 9 células pericentrais, com ou sem córtex nas porções mais velhas.
Material 2 - CORALLINA LINNAEUS, 1761.
Talo ereto, ramificado, ramos dísticos opostos (pinado), fortemente impregnados de carbonato de
cálcio (descalcificar porção com ácido clorídrico a 10%), constituído por segmentos (intergenículos)
cilíndricos ou achatados, separados por zonas não calcificadas (genículos). Organização
multiaxial,crescimento por varias células apicais. Filamentos centrais com células dispostas em
nítidas fileiras transversais, todas de um só tamanho, longas. Genículos constituídos por uma só
fileira transversal de células.
Material 3 - LIAGORA LAMOUROUX, 1812.
Talo ereto cilíndrico, dicotomicamente ramificado, fixo ao substrato por nítido apressório circular.
Organização multiaxial, constituído por numerosos filamentos entrelaçados que formam uma região
medular e outra cortical. Cromatóforos restritos às células da região cortical. Filamentos
unisseriados, abundantemente ramificados. Células da região medular alongadas e irregulares, as
da região cortical menores. Células da região cortical mais ou menos impregnadas com carbonato
de cálcio (descalcificar porção com ácido clorídrico a 10%) que, no entanto, não forma uma crosta
contínua. Talo muito mucilaginoso.
Material 4 - GRACILARIA GREVILLE, 1830.
Talo ereto crescendo em tufos isolados, fixos ao substrato por nítido apressório, achatado ou
cilíndrico. Ramificação irregular ou alterna com vários ramos saindo do eixo principal. Organização
uniaxial, não visível. Em corte transversal, talo apresentando região medular, com células grandes,
incolores e com paredes espessadas e uma região cortical, com células pequenas, pigmentadas.
Cistocarpo (estrutura reprodutiva), proeminente, apresentando parede formada por células do
gametófito (= pericarpo) e com cadeia de esporos no interior deste (células 2n).
QUEM SOU EU? QUEM SOU EU? QUEM SOU EU? QUEM SOU EU? QUEM SOU EU?
- Seguindo as características descritas no material (6 e 7), proceda a identificação da chave de
identificação.
Material 5.
Minhas características: Tenho talo ereto nunca crostoso, sou filamentosa, nunca unisseriada
porém tenho vários filamentos de células. Me fixo ao substrato através de um apressório forte.
Minha ramificação é alterna ou espiralada. Apresento organização uniaxial, que pode ser vista
somente no ápice de minhas terminações ou em corte transversal do meu corpo, através da
estrutura polissifônica com 7 a 8 células pericentrais. Meu corpo é corticado, com eixo principal
cilíndrico de onde partem râmulos filiformes.
Material 6.
Minhas características: Apresento talo ereto, cilíndrico às vezes achatado em algumas de minhas
filhas. Tenho ramificação inteiramente dicotômica. Sou filamentosa e muito mais charmosa que a
Gisele Bünchen, pois sou multiaxial e apresento calcificação nas minhas células corticais (a
magricela da Gisele não chega nem dos meus pés). Minha região medular tem filamentos compostos
por células alongadas, sem cromatóforos de onde nascem os filamentos da região cortical, com
células oblongas (que lembram utrículos) e pigmentadas.

Corallina
Liagora
Bostrychia
PARA PENSAR! PARA PENSAR! PARA PENSAR! PARA PENSAR! PARA PENSAR!
1. Como você classificaria as algas vermelhas quanto ao tipo de talo?
2. Porque as algas vermelhas não apresentam flagelos?
3. Enumere diferenças entre um talo uniaxial e um multiaxial.
4. A presença de cloroplastos estrelados é uma característica primitiva
ou derivada nas algas vermelhas? Justifique sua resposta.
5. Porque as cianobactérias são tidas como um possível ancestral das
algas vermelhas?
6. Como você pode distinguiria uma conexão celular secundária de uma
conexão primária no talo de uma alga vermelha?
7. Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
PESQUISE! PESQUISE! PESQUISE! PESQUISE! PESQUISE! PESQUISE! PESQUISE!
Pesquise os ítens abaixo:
1. carpogônio
2. espermatângio
3. cistocarpo
4. pit-connection (conexão celular)
5. ficobilissomos
6. histórico de vida trifásico
7. estrutura polissifônica