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LEPTOSPIROSE [Modo de Compatibilidade] - UFSM

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS<br />

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA<br />

MICROBIOLOGIA GERAL<br />

DANIEL ROULIM STAINKI<br />

Histórico<br />

<strong>LEPTOSPIROSE</strong><br />

Bianca Ody<br />

Patricia Taschetto<br />

Hipócritas foi o primeiro a <strong>de</strong>screver a icterícia<br />

infecciosa. Em 1800 no Cairo, Lar Rey <strong>de</strong>terminou e<br />

diferenciou a doença <strong>de</strong> outras ao observar dois casos<br />

presentes no exército napoleônico.<br />

A partir da Primeira Guerra Mundial o estudo da<br />

leptospirose teve gran<strong>de</strong> avanço, quando se<br />

suce<strong>de</strong>ram vários surtos da doença entre as tropas.<br />

Em 1915 foi isolado pela primeira vez o agente<br />

etiológico da leptospirose, no Japão. Em 1917 propôsse<br />

a criação do gênero Leptospira, pela forma<br />

espiralada da bactéria.<br />

Etiologia<br />

A doença é causada por uma bactéria do gênero<br />

Leptospira. O gênero é componente da família dos<br />

Espiroquetí<strong>de</strong>os que reúne microorganismos com<br />

morfologia filamentosa, espiralados. Qualquer espécie<br />

do gênero é capaz <strong>de</strong> causar a doença.<br />

Esses microorganismos, aeróbicos obrigatórios,<br />

po<strong>de</strong>m sobreviver in<strong>de</strong>finidamente nos rins dos<br />

animais infectados e no meio ambiente por até seis<br />

meses <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> excretado.<br />

Inicialmente, o gênero Leptospira foi dividido em<br />

duas espécies, sendo elas L. interrogans e L. biflexa.<br />

Definição<br />

04/04/2012<br />

É uma doença infecto-contagiosa potencialmente<br />

grave sendo consi<strong>de</strong>rada uma zoonose <strong>de</strong> ocorrência<br />

mundial.<br />

Acomete o ser humano, animais domésticos e<br />

silvestres, sendo amplamente disseminada e<br />

consi<strong>de</strong>rada um problema econômico (infertilida<strong>de</strong>,<br />

abortamento, queda na produção <strong>de</strong> leite e carne<br />

bovina, vacinas, medicamentos) e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />

No Brasil, infecções por Spirochaeta<br />

icterohaemorrhagiae foram <strong>de</strong>scritas em 1917, ao<br />

constatar ratos com o microorganismo.<br />

No Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1940, onze cães com<br />

manifestações clínicas compatíveis com a leptospirose<br />

foram analisados. Confirmou-se a presença do agente<br />

causador da leptospirose nos cães.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia<br />

Em países <strong>de</strong>senvolvidos a doença é consi<strong>de</strong>rada<br />

uma patologia reemergente e ocupacional.<br />

Em países em <strong>de</strong>senvolvimento ela constitui um<br />

problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em função da carência <strong>de</strong> estrutura<br />

sanitária básica. Observa-se a ineficácia ou<br />

inexistência <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto, drenagem <strong>de</strong> águas<br />

pluviais e coleta <strong>de</strong> lixo.<br />

Ela ocorre <strong>de</strong> forma endêmica em países da<br />

América Latina e Caribe, tornando-se epidêmica em<br />

períodos chuvosos principalmente nas capitais e áreas<br />

metropolitanas.<br />

1


Enchentes associadas à aglomeração populacional<br />

<strong>de</strong> baixa renda, às condições ina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong><br />

saneamento e a alta infestação <strong>de</strong> roedores infectados<br />

fazem <strong>de</strong>la uma doença epidêmica nos períodos<br />

chuvosos.<br />

Fatores predisponentes<br />

A suscetibilida<strong>de</strong> no homem é geral, porém<br />

acomete mais pessoas do sexo masculino entre 20 e<br />

35 anos os quais se expõem mais a situações <strong>de</strong> risco.<br />

A doença po<strong>de</strong> ocorrer mais <strong>de</strong> uma vez no mesmo<br />

indivíduo mas <strong>de</strong>ve ser por sovares diferentes.<br />

Acomete com mais facilida<strong>de</strong> profissionais que<br />

trabalham em limpeza e <strong>de</strong>sentupimento <strong>de</strong> esgotos,<br />

garis, catadores <strong>de</strong> lixo, agricultores, veterinários,<br />

pescadores, laboratoristas, militares, bombeiros, entre<br />

outros.<br />

Complicações<br />

Os infectados po<strong>de</strong>m apresentar comprometimento<br />

pulmonar, ocasionando tosse seca, dispnéia, dor<br />

torácica, cianose, expectoração hemoptoica. A<br />

hemoptise franca é muito grave e po<strong>de</strong> levar a<br />

insuficiência respiratória e até a óbito.<br />

Fenômenos hemorrágicos na pele, nas conjuntivas e<br />

em outras mucosas ou órgãos internos po<strong>de</strong>m estar<br />

presentes.<br />

Outra importante complicação <strong>de</strong> fase tardia é a<br />

insuficiência renal aguda, o que leva o paciente a<br />

precisar <strong>de</strong> imediato <strong>de</strong> diálise. Além disso, também são<br />

frequentes as manifestações graves <strong>de</strong> miocardite,<br />

pancreatite, anemia, distúrbios neurológicos como<br />

confusão, <strong>de</strong>lírio, irritação meníngea, entre outros.<br />

Prevalência<br />

04/04/2012<br />

A prevalência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um animal portador que é<br />

o disseminador, da contaminação e sobrevivência do<br />

agente no ambiente (umida<strong>de</strong>, altas temperaturas e pH<br />

levemente alcalino) e do contato <strong>de</strong> indivíduos<br />

suscetíveis ao agente.<br />

Os animais são os hospe<strong>de</strong>iros primários,<br />

convalescentes e assintomáticos, e por isso são<br />

essenciais para a persistência dos focos da leptospirose.<br />

São fonte contínua <strong>de</strong> contaminação ambiental. Os<br />

humanos são pouco eficientes na perpetuação da doença<br />

por serem hospe<strong>de</strong>iros aci<strong>de</strong>ntais.<br />

Também há predominância <strong>de</strong> risco em pessoas<br />

que habitam ou trabalham em locais com más<br />

condições <strong>de</strong> saneamento e expostos a urina <strong>de</strong><br />

animais, especialmente a do rato.<br />

Suínos e bovinos são mais suscetíveis do que os<br />

equinos, caprinos e ovinos, o que reflete<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente na economia.<br />

Notificação<br />

A doença é notificação obrigatória.<br />

2


Patogenicida<strong>de</strong><br />

A Leptospira sp. penetra ativamente as mucosas<br />

(ocular, digestiva, respiratória, genital), pele escarificada<br />

e também pele íntegra havendo dilatação dos poros.<br />

Ao entrar no sistema vascular, multiplica-se<br />

rapidamente atingindo órgãos e tecidos como os rins,<br />

fígado, baço, sistema nervoso central, olhos e trato<br />

genital.<br />

As lesões primárias são consequência da ação<br />

mecânica do microorganismo nas células endoteliais do<br />

revestimento vascular. Há <strong>de</strong>rrame sanguíneo para os<br />

tecidos, formando trombos e dificultando o aporte<br />

sanguíneo das áreas acometidas.<br />

Período <strong>de</strong> incubação<br />

Varia <strong>de</strong> um a vinte dias, sendo a média <strong>de</strong><br />

sete a quatorze dias.<br />

Período <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong><br />

Animais infectados eliminam a leptospira pela<br />

urina por muitos meses, anos ou por toda a sua<br />

vida. Já a infecção inter-humana é rara.<br />

A exposição à água contaminada ou tecidos <strong>de</strong><br />

animais infectados são causas da infecção<br />

humana.<br />

Já a infecção nos animais ocorre por ingestão<br />

<strong>de</strong> água ou alimentos contaminados e pelo contato<br />

direto com a urina infectada.<br />

Os grupos socioeconômicos menos<br />

privilegiados são os que apresentam o maior risco<br />

<strong>de</strong> contrair a infecção.<br />

Vivem até 152 dias em umida<strong>de</strong>. Não toleram<br />

alta salinida<strong>de</strong> e ph ácido. Propício <strong>de</strong> água da<br />

chuva.<br />

Prevenção<br />

A vacinação dos cães é muito importante como<br />

medida preventiva.<br />

Investimentos no setor <strong>de</strong> saneamento básico<br />

que promova a melhoria das condições higiênicosanitárias<br />

da população, controle <strong>de</strong> roedores e<br />

educação ambiental ajudam a controlar a doença.<br />

Transmissão<br />

04/04/2012<br />

É transmitida por animais <strong>de</strong> diferentes espécies<br />

(roedores, suínos, caninos, bovinos) para o homem.<br />

No Brasil, os principais transmissores da doença<br />

são os ratos urbanos (ratazanas, ratos <strong>de</strong> telhado e<br />

camundongos). A ocorrência é maior na época das<br />

chuvas e o risco permanece após esse período pois a<br />

bactéria continua viva em resíduos úmidos.<br />

A maioria dos casos se <strong>de</strong>ve a cepas do sorogrupo<br />

icterohaemorrhagiae, e o rato doméstico é o principal<br />

reservatório <strong>de</strong>sse sorogrupo.<br />

Sintomatologia/ Quadro Clínico<br />

Po<strong>de</strong> ser assintomático<br />

Quando se instalam os sintomas são:<br />

• Febre alta surge repentinamente;<br />

• Mal estar;<br />

• Mialgias;<br />

• Olhos vermelhos;<br />

• Tosse;<br />

• Cansaço;<br />

• Calafrios;<br />

• Desidratação,<br />

• Meningite;<br />

• Manchas veremelhas pelo corpo;<br />

3


Diagnóstico/Diferencial<br />

Suspeito:<br />

Indivíduo com febre, cefaleia e mialgia que<br />

atenda a pelo menos um dos seguintes critérios:<br />

Critério 1 – Presença <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes<br />

epi<strong>de</strong>miológicos sugestivos nos 30 dias anteriores<br />

a data <strong>de</strong> início dos sintomas. Como: exposição a<br />

enchentes.<br />

Critério 2 – Apresenta pelo menos um dos sinais<br />

ou sintomas. Como: sinais <strong>de</strong> insuficiência renal.<br />

Tratamento<br />

A Azitromicina e Claritromicina são alternativas<br />

para pacientes com contra-indicação para uso <strong>de</strong><br />

Amoxicilina e Doxiciclina.<br />

Medidas <strong>de</strong> suporte:<br />

- Reposição hidroeletrolítica;<br />

- Assistência cardiorrespiratória;<br />

- Transfusões <strong>de</strong> sangue e <strong>de</strong>rivados;<br />

- Nutrição enteral ou parenteral;<br />

- Proteção gástrica.<br />

O acompanhamento do volume urinário e da<br />

função renal é fundamental para se indicar a<br />

instalação <strong>de</strong> diálise peritoneal precoce, o que<br />

reduz o dano renal e a letalida<strong>de</strong> da doença.<br />

Se o indivíduo apresentar algum dos critérios<br />

anteriores, <strong>de</strong>ve-se utilizar <strong>de</strong> técnicas para uma<br />

melhor avaliação. São elas:<br />

- Soroaglutinação microscópica (MAT);<br />

- ELISA-IgM;<br />

- Reação em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> polimerase (PCR);<br />

- Isolamento da bactéria.<br />

04/04/2012<br />

Fase tardia:<br />

Em adultos utiliza-se Penicilina G Cristalina:1.5<br />

milhões UI, IV, <strong>de</strong> 6/6 horas; ou Ampicilina: 1g, IV,<br />

6/6 horas; ou Ceftriaxona: 1 a 2g, IV, 24/24 horas;<br />

ou ainda Cefotaxima: 1g, IV, <strong>de</strong> 6/6 horas.<br />

Já em crianças recomenda-se Penicilina cristalina:<br />

50 a 100.000 U/kg/dia, IV, em 4 ou 6 doses; ou<br />

Ampicilina: 50 a 100 mg/kg/dia, IV, dividido em 4<br />

doses; ou Ceftriaxona: 80 a 100 mg/kg/dia, em 1 ou<br />

2 doeses; ou ainda Cefotaxima: 50 a 100 mg/kg/dia,<br />

em 2 ou 4 doses.<br />

Duração do tratamento com antibióticos<br />

intravenoso: pelo menos 7 dias.<br />

Referências bibliográficas<br />

Leptospirose. Disponível em:<br />

Acesso em: 28 <strong>de</strong> mar. 2012<br />

Leptospirose. Disponível em:<br />

Acesso em: 28. mar 2012<br />

Leptospirose. Disponível em:<br />

Acesso em: 28 mar.<br />

2012<br />

4


Leptospirose. Disponível em:<br />

<br />

Acesso em: 01 abr. 2012<br />

Leptospirose Bovina. Disponível em:<br />

Acesso em: 01 abr. 2012<br />

Zoonose. Disponível em:<br />

Acesso em: 28. mar 2012<br />

04/04/2012<br />

5

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