Apito Dourado: suspeitas envolveram 18 dos 25 ... - Anti-Benfica.COM
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<strong>Apito</strong> <strong>Dourado</strong>: <strong>suspeitas</strong> <strong>envolveram</strong> <strong>18</strong> <strong>dos</strong> <strong>25</strong> árbitros da Liga de Futebol<br />
Fonte: Público, por Adelino Gomes, 14 de Setembro de 2006<br />
Dos <strong>25</strong> árbitros que actualmente se encontram na primeira categoria do futebol profissional a apitar jogos da<br />
I e da II Liga, só sete nunca foram referi<strong>dos</strong> nas quase mil folhas que compõem o despacho final do<br />
Ministério Público de Gondomar, no processo que ficou conhecido como <strong>Apito</strong> <strong>Dourado</strong>.<br />
Dos nove internacionais também há apenas três sobre os quais nunca recaiu qualquer suspeita. São eles<br />
Paulo Costa, João Ferreira e Duarte Gomes, das associações distritais do Porto, Setúbal e Lisboa,<br />
respectivamente, sendo que os restantes, da primeira categoria, são Vasco Santos e Carlos Duarte<br />
(promovi<strong>dos</strong> este ano), bem como Hélio Santos, de Lisboa, e Rui Manuel Costa, do Porto.<br />
Dos restantes árbitros que fazem parte das divisões maiores do futebol português há situações diversas. Em<br />
alguns casos, o Ministério Público de Gondomar constituiu-os liminarmente argui<strong>dos</strong>, por estarem em causa<br />
diversas <strong>suspeitas</strong>. Noutras situações os referi<strong>dos</strong> árbitros não chegaram a ser constituí<strong>dos</strong> argui<strong>dos</strong>, mas<br />
sobre eles recaíram indícios de corrupção. Um <strong>dos</strong> exemplos é o caso que envolveu Hugo Miguel,<br />
recentemente promovido, que na época 2002/2003 arbitrou o jogo Porto B/Gondomar. O encontro acabou<br />
empatado e os investigadores apuraram que o árbitro e a respectiva equipa foram "premia<strong>dos</strong>" com objectos<br />
em ouro. A situação acabou depois por ser arquivada, porque a má qualidade de som da fita gravada<br />
impedia que as incidências do jogo pudessem ser analisadas pela equipa de peritos.<br />
Investigações diversas<br />
Actualmente, são nove os árbitros que estão incluí<strong>dos</strong> no quadro da FIFA. Lucílio Baptista, Paulo Paraty e<br />
Bruno Paixão foram constituí<strong>dos</strong> argui<strong>dos</strong> no processo de Gondomar. Dos que actualmente se encontram na<br />
primeira categoria do futebol foram também constituí<strong>dos</strong> argui<strong>dos</strong>, por suspeita de corrupção desportiva,<br />
mais nove árbitros: Artur Soares Dias, Augusto Duarte, Carlos Xistra, Cosme Machado, João Vilas-Boas,<br />
Nuno Almeida, Paulo Pereira, Paulo Baptista e Rui Silva.<br />
Dos restantes, os casos em análise são diferentes. Elmano Santos, da Madeira, aparece envolvido na<br />
arbitragem do jogo <strong>Benfica</strong>-Boavista, a <strong>18</strong> de Janeiro. O seu nome foi indicado por Valentim Loureiro. que<br />
um dia antes do jogo lhe telefonou e deu-lhe conta de que teria sido absolvido num processo disciplinar<br />
instaurado pela LPPF. O Boavista perdeu o jogo por 3-2 e Elmano Santos foi novamente abordado pelo<br />
presidente da Liga. Pode ler-se no despacho do MP que Valentim Loureiro estaria bastante irado, dando<br />
conta a Elmano Santos de que poderia ser alvo de outro processo. O árbitro disse depois ao procurador que<br />
só nesse momento percebeu que a "absolvição" havia sido uma prenda e que a sua nomeação não era<br />
"inocente". Deste caso foi extraída certidão para o DIAP do Porto, sendo que do relatório <strong>dos</strong> peritos ressalta<br />
que os erros do árbitro foram em igual número para ambas as equipas.<br />
Quanto a Jorge de Sousa, as duas referências dizem respeito a jogos da II Liga. O primeiro envolve José<br />
Veiga e o encontro foi o Estoril-União da Madeira, a 7 de Março de 2004. O actual director-geral do <strong>Benfica</strong><br />
pediu a Pinto de Sousa que fosse aquele o árbitro nomeado e o dirigente da Federação garantiu que falaria<br />
com o árbitro para ajudar o Estoril. O nome de Jorge de Sousa voltou depois a ser referido antes de um<br />
encontro Marco-Maia, a 14/3/2004, quando Avelino Ferreira Torres falou com Pedro Sanhudo (do Núcleo de<br />
Árbitros do Baixo Tâmega) para que aquele abordasse o referido árbitro. Disse que já tinha "controlado" o<br />
observador e deu conta de que conseguia falar com um amigo de Jorge Sousa, para que aquele
eneficiasse o seu clube. O MP já arquivou o processo por não ter conseguido determinar se Jorge Sousa<br />
foi ou não contactado.<br />
Olegário Benquerença (também internacional) é outro <strong>dos</strong> "não argui<strong>dos</strong>" que foram investiga<strong>dos</strong> pela PJ. As<br />
<strong>suspeitas</strong> surgiram depois da conversa de um dirigente do Penafiel com Valentim, onde aquele deu conta de<br />
que lhe agradava a nomeação do árbitro de Leiria. Aquele, aliás, faria parte de uma lista que tinha<br />
elaborado, onde estariam referi<strong>dos</strong> os nomes <strong>dos</strong> árbitros nomeáveis. O jogo foi ganho pelo Penafiel ao<br />
Salgueiros, por 1-0, e o caso foi mais tarde arquivado.<br />
Pedro Henriques (igualmente internacional) também não é arguido. Mas nesse caso o procurador entendeu<br />
que já havia indícios de crime e extraiu uma certidão para que fosse investigado. Carlos Teixeira fala na<br />
possibilidade daquele árbitro ter cometido o crime de corrupção desportiva na forma passiva, depois de ter<br />
passado de 4.º para 3.º lugar nas classificações. A PJ interceptou chamadas entre Pinto da Costa e Pinto de<br />
Sousa a falarem do árbitro, bem como entre Pinto de Sousa e António Garrido, onde o primeiro dava conta<br />
ao segundo de que a classificação havia sido alterada.<br />
Pedro Proença está na mesma situação (não foi constituído arguido, mas está indiciado por corrupção, em<br />
factos sobre as quais foram extraídas certidões). O jogo em causa é a final da Supertaça 2002/2003, que<br />
opôs o FC Porto ao União de Leiria. Pedro Proença foi escolhido por Pinto da Costa e Pinto de Sousa<br />
reconheceu ter aceite a indicação do presidente <strong>dos</strong> azuis e brancos porque "andaram juntos no colégio".