Artigo do blog fcp-a-mentira-desportiva - Anti-Benfica.COM
Artigo do blog fcp-a-mentira-desportiva - Anti-Benfica.COM
Artigo do blog fcp-a-mentira-desportiva - Anti-Benfica.COM
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Benfica</strong> e o Regime<br />
Fonte: FC-Porto-a-Mentira-Desportiva<br />
Uma <strong>mentira</strong> repetida vezes sem conta transforma-se em verdade. É um facto. Eis como se desmonta<br />
uma verdade, ao ponto de se regressar à <strong>mentira</strong>. Segue um texto encontra<strong>do</strong> na Internet, cujo autor<br />
desconheço. Surpreendam-se… Leiam cada linha com a atenção e entusiasmo com que vêem o<br />
<strong>Benfica</strong> jogar…<br />
Nos últimos tempos, tem si<strong>do</strong> comum encontrar espalhada pela <strong>blog</strong>osfera uma re<strong>do</strong>nda e persistente<br />
<strong>mentira</strong>, segun<strong>do</strong> a qual o <strong>Benfica</strong> seria um clube conota<strong>do</strong> com o antigo regime ou protegi<strong>do</strong> pelo mesmo.<br />
Em cerca de trinta anos de adepto de futebol nunca tinha ouvi<strong>do</strong> tal coisa, e foi preciso aparecerem uns<br />
ilumina<strong>do</strong>s, fanatiza<strong>do</strong>s e instrumentaliza<strong>do</strong>s por um certo poder, para ver lançada no ar essa atoarda, como<br />
se se tratasse da mais cristalina das evidências.
A afirmação é tão absurda que não mereceria mais que o silêncio. Mas ainda assim, não gostaria de perder<br />
a oportunidade de deixar aqui algumas notas, para que os mais novos não se deixem enganar, e a partir das<br />
quais se pode ver o ridículo em que caem aqueles que, por fraqueza de espírito, ingenuidade ou ignorância,<br />
se deixam manipular e fanatizar por quem deles se serve e assim perpetua um poder bem mais absoluto <strong>do</strong><br />
que devia, e para o qual a ética e a justiça estão, não na ponta da espingarda como diria Mao-Tse-Tung,<br />
mas sim numa qualquer comemoração triunfante na Alameda das Antas. Vejamos:<br />
1 – Será o menos importante, mas para começar, a cor vermelha diz bastante. Salazar, que nem sequer<br />
gostava de futebol, nunca patrocinaria um clube com as cores da sua figadal inimiga União Soviética. A<br />
comunicação social até foi forçada a utilizar a palavra “encarna<strong>do</strong>s” para descrever o <strong>Benfica</strong>, de mo<strong>do</strong> a<br />
não conjugar “vermelhos” com “vence<strong>do</strong>res”, o que poderia ser dramático para o regime. Ao contrário <strong>do</strong><br />
Real Madrid – que usava cores queridas aos falangistas de Franco -, o <strong>Benfica</strong> usava as cores da revolta.<br />
Diria até que, por exemplo, o azul e o branco ficariam esteticamente bem melhor com toda a simbologia<br />
salazarista.<br />
2 – O Esta<strong>do</strong> Novo teve início em 1926 e começou a desintegrar-se em 1961 com as crises estudantis e a<br />
guerra colonial. Pois foi precisamente na fase decadente <strong>do</strong> antigo regime que o <strong>Benfica</strong> emergiucomo<br />
força <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> desporto português.Nos primeiros vinte e cinco campeonatos nacionais (entre 1934 e<br />
1959, ou seja o perío<strong>do</strong> mais relevante <strong>do</strong> Salazarismo), a lista de vence<strong>do</strong>res é encabeçada pelo Sporting<br />
com 10 títulos, seguin<strong>do</strong>-se o <strong>Benfica</strong> com 9, o F.C. Porto com 5 e o Belenenses com 1. O <strong>Benfica</strong> tinha<br />
portanto venci<strong>do</strong> 36 % <strong>do</strong>s campeonatos – em 2008 tem 42%…<br />
3 – O 25 de Abril foi, como to<strong>do</strong>s sabem, em 1974. Pois nas três épocas seguintes o <strong>Benfica</strong> foi<br />
tricampeão!. Nos vinte anos a seguir à revolução o clube da Luz, não parecen<strong>do</strong> sentir nada o fim da<br />
ditadura, venceu 10 campeonatos, 7 taças, e foi a 3 finais europeias. No mesmo perío<strong>do</strong> o F.C.Porto<br />
conquistou 8 campeonatos, 5 taças e foi a 2 finais europeias. O Sporting venceu 2 campeonatos e 2 taças.A<br />
crise benfiquista, e a consequente hegemonia portista, deu-se apenas devi<strong>do</strong> às sucessivas má gestões de<br />
Jorge de Brito (neste caso mais de quem o acompanhava), e sobretu<strong>do</strong>, Manuel Damásio e Vale e Azeve<strong>do</strong><br />
que, paralelamente a outros aspectos, abriram campo aos triunfos portistas das últimas décadas.<br />
4 – Por falar em presidentes, o <strong>Benfica</strong> foi ao longo da sua história, e enquanto durou o regime<br />
anterior, quase sempre presidi<strong>do</strong> por ilustres oposicionistas. Félix Bermudes foi persegui<strong>do</strong> pela PIDE,<br />
e no consola<strong>do</strong> de Tamagnini Barbosa o clube chegou a correr o risco de ser encerra<strong>do</strong> pelo governo por<br />
alegadamente estar toma<strong>do</strong> por “conspira<strong>do</strong>res”. Um outro presidente (Júlio Ribeiro da Costa) teve mesmo<br />
de se demitir para que o clube não fosse mais penaliza<strong>do</strong> pelo regime, dada a sua forte conotação política<br />
com a oposição. O <strong>Benfica</strong> chegou a ter um presidente operário (Manuel Afonso, também, naturalmente,<br />
oposicionista), e foi, de longe, o clube desportivo que mais problemas criou a Salazar, como de resto seria<br />
de esperar numa agremiação tão marcadamente popular desde a sua fundação.<br />
5 – Os órgãos sociais <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong> sempre foram eleitos democraticamente, o que por diversas vezes foi<br />
alvo <strong>do</strong> olhar recrimina<strong>do</strong>r da PIDE, que acompanhou os actos eleitorais e assembleias-gerais bem de perto.
Durante muitos anos foi o <strong>Benfica</strong> a única das grandes instituições <strong>do</strong> país onde o poder era escolhi<strong>do</strong><br />
através de voto livre e democrático. Nem o Jornal <strong>do</strong> clube escapou à perseguição, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> tinha<br />
à sua frente José Magalhães Godinho.<br />
6 – Os poderes públicos apoiavam tanto os “encarna<strong>do</strong>s” que em 1956 escolheram o Sporting – por<br />
convite – para participar na primeira edição da Taça <strong>do</strong>s Campeões Europeus, apesar <strong>do</strong> campeão da época<br />
anterior ter si<strong>do</strong> o <strong>Benfica</strong>.<br />
7 – O Estádio das Antas, construí<strong>do</strong> com fortíssima ajuda <strong>do</strong> regime, e financia<strong>do</strong> por gente a ele<br />
ligada, foi inaugura<strong>do</strong> num dia 28 de Maio, data em que Gomes da Costa havia parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> norte em<br />
direcção a Lisboa para instalar a ditadura em Portugal, 26 anos antes. Curiosamente, o <strong>Benfica</strong> estragou a<br />
festa e venceu por…2-8 !!Pelo contrário, o Estádio da Luz foi construí<strong>do</strong> (muitas vezes literalmente) pelos<br />
sócios <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong>, sem recurso a quaisquer subsídios, e permitiu ao clube acabar com os sucessivos<br />
despejos a que foi sujeito e a que foi estoicamente resistin<strong>do</strong>. Curiosamente, o estádio que o <strong>Benfica</strong><br />
utilizava antes tinha si<strong>do</strong> arrenda<strong>do</strong> pelo Sporting (clube da aristocracia lisboeta), que então lhe chamava<br />
Estádio 28 de Maio. O <strong>Benfica</strong> não só fez questão de o inaugurar num dia 5 de Outubro, como lhe mu<strong>do</strong>u o<br />
nome, designan<strong>do</strong>-o apenas por “Campo Grande”.<br />
8 – No início <strong>do</strong>s anos quarenta, época <strong>do</strong>urada de Salazar, o F.C.Porto beneficiou da ajuda <strong>do</strong>s seus<br />
influentes homens <strong>do</strong> poder para, através de <strong>do</strong>is cirúrgicos alargamentos, evitar cair para a segunda<br />
divisão, após se ter classifica<strong>do</strong> em terceiro lugar no seu campeonato regional, que na altura apurava as<br />
equipas (os <strong>do</strong>is primeiros) para a prova nacional. Mal se sabia que, décadas e décadas depois, seria<br />
novamente a sua influência a evitar a descida, agora por motivos bem diferentes, e bem mais nebulosos.<br />
9 – Como referiu Manuel Alegre – insuspeito de salazarismo – os relatos <strong>do</strong>s jogos <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong>, e as suas<br />
vitórias, eram motivo de grande regozijo entre os exila<strong>do</strong>s políticos. O <strong>Benfica</strong> era mesmo, para alguns<br />
deles, o único motivo de orgulho no seu país.<br />
10 – O <strong>Benfica</strong> foi campeão europeu com joga<strong>do</strong>res que faziam parte <strong>do</strong>s movimentos de libertação<br />
das colónias, como Santana e Coluna. Obviamente que Salazar não teve alternativa senão engolir o sapo<br />
e colar-se ao êxito <strong>do</strong> clube, aproveitan<strong>do</strong>-se dele para efeitos políticos.<br />
11 – Nas comemorações da vitória aliada na segunda guerra mundial, toleradas por Salazar apenas por<br />
receio de represálias <strong>do</strong>s vence<strong>do</strong>res – sobretu<strong>do</strong> a tradicional aliada Inglaterra – viram-se nas ruas<br />
bandeiras de França, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, de Inglaterra e… <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong>, estas naturalmente substituin<strong>do</strong> as<br />
da URSS, e utilizadas por oposicionistas comunistas.<br />
12 - O hino <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong> (“Ser Benfiquista”) canta<strong>do</strong> por Luís Piçarra não é o original <strong>do</strong> clube. O primeiro<br />
hino, composto por Félix Bermudes, chamava-se “Avante <strong>Benfica</strong>” e foi silencia<strong>do</strong> pelo regime.<br />
13 – O Estádio da Luz passou 17 anos, desde a sua fundação, sem ser utiliza<strong>do</strong> pela selecção<br />
nacional. Só já nos anos setenta se disputou o primeiro jogo de Portugal num estádio benfiquista. Nunca se
jogou a final da taça na Luz ou em qualquer outro estádio utiliza<strong>do</strong> pelo <strong>Benfica</strong>, ao contrário <strong>do</strong> que<br />
aconteceu nas Antas, onde o F.C.Porto disputou (em casa) nada menos que três finais, antes e<br />
depois <strong>do</strong> 25 de Abril.<br />
14 – O primeiro grande escândalo de arbitragem na história <strong>do</strong> futebol português valeu um título ao<br />
F.C.Porto. Estávamos em 1939, no auge da ditadura salazarista, e no jogo decisivo os “vermelhos” viram<br />
um golo anula<strong>do</strong> nos últimos instantes, que valeria a vitória e o título. Também a história Calabote (que foi<br />
irradia<strong>do</strong>) está mal contada e de resto redun<strong>do</strong>u num outro título para o F.C.Porto, que aliás já na altura<br />
demonstrava uma propensão enorme para se envolver em questões desta natureza.<br />
15 – Ao longo <strong>do</strong>s anos <strong>do</strong> regime ditatorial, as situações em que os poderes públicos e federativos<br />
prejudicaram o <strong>Benfica</strong> administrativamente sucederam-se. Uma das mais conhecidas foi a não<br />
autorização para adiar o jogo da Taça de Portugal frente ao V.Setúbal, marca<strong>do</strong> para o dia seguinte à final<br />
de Amsterdão em 1962. Mas houve outras, como a marcação da repetição de um jogo para três dias antes<br />
da tal jornada de Calabote, obrigan<strong>do</strong> o <strong>Benfica</strong> a um desgaste adicional que lhe poderá ter custa<strong>do</strong> o título.<br />
16 – Nunca em tempo algum o <strong>Benfica</strong> teve um seu sócio, ou mesmo adepto, como presidente de<br />
organismos liga<strong>do</strong>s à arbitragem <strong>do</strong> futebol. O F.C.Porto é o que se sabe, e o Sporting também não se<br />
pode queixar pois tem agora lá um “emblema de ouro”.<br />
17 – O <strong>Benfica</strong> conquistou mais títulos nacionais nas modalidades extra-futebol em democracia (57),<br />
<strong>do</strong> que em ditadura (44). Ao contrário, por exemplo, <strong>do</strong> F.C.Porto, que à excepção <strong>do</strong> caso específico <strong>do</strong><br />
hóquei em patins, tem mais títulos antes da revolução de Abril <strong>do</strong> que depois (25 antes -19 depois).<br />
18 – O <strong>Benfica</strong> tem entre os seus adeptos gente de to<strong>do</strong>s os estratos sociais e sectores políticos.Mas<br />
convenhamos que Álvaro Cunhal, José Saramago, Xanana Gusmão, António Guterres, Jerónimo de Sousa,<br />
António Vitorino de Almeida, Artur Seme<strong>do</strong>, Manuel Alegre, Miguel Portas e muitas outras figuras da<br />
esquerda portuguesa, simpatize-se mais ou menos com elas, nunca seriam seguramente adeptos de um<br />
clube de algum mo<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> com o regime fascista.<br />
19 – É curioso que o <strong>Benfica</strong>, ten<strong>do</strong> adeptos espalha<strong>do</strong>s pelo país e pelo mun<strong>do</strong>, tem maior<br />
expressividade precisamente nas zonas mais conhecidas pelo seu combate ao fascismo, ou seja<br />
Alentejo – onde a percentagem de benfiquistas é absolutamente esmaga<strong>do</strong>ra – e cintura industrial de<br />
Lisboa, nomeadamente a margem sul <strong>do</strong> Tejo. Pelo contrário, o F.C.Porto tem a grande maioria <strong>do</strong>s seus<br />
adeptos concentra<strong>do</strong>s na região norte, pouco conhecida pelo combate democrático – pode ser injusto para<br />
muitos dizê-lo, mas a verdade é que a maioria <strong>do</strong>s agentes da PIDE eram nortenhos, e a maioria <strong>do</strong>s deti<strong>do</strong>s<br />
eram provenientes justamente das zonas onde existe maior expressão <strong>do</strong> benfiquismo.Nos anos quentes da<br />
reforma agrária, no pós-revolução, sei de pessoal das UCP’s alentejanas que se organizava em excursões<br />
para os jogos internacionais <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong>.<br />
20 – Seria interessante também fazer a contabilidade <strong>do</strong>s adeptos e sócios <strong>do</strong> <strong>Benfica</strong> nas excolónias.Como<br />
seria possível haver tantos benfiquistas, por exemplo, em Angola e Moçambique, se o
clube tivesse alguma conotação com o regime que durante anos lhes negou a independência e lhes<br />
deu a guerra?