Download em PDF - Escrita Criativa
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duplo assassinato, e teve uma conversa com eles lá no baixio,<br />
lá pros limites do município.<br />
O pau comeu. O relho queimou o costado dos culpados<br />
que, quietos, aguentaram o castigo brabo. A coisa ficou só<br />
nisso porque Severino cismou que o caso era de legítima defesa<br />
do patrimônio, e deu a conversa como encerrada.<br />
Se alguém mais soube, quieto resolveu ficar. Afinal, para<br />
que mexer com assunto desagradável desses, ainda mais<br />
envolvendo pai de família, gente pacata, que tinha por uma vez<br />
perdido as estribeiras?<br />
A coisa só não estava boa mesmo porque Genivaldo tinha<br />
aquela mania de atazanar os mais humildes, obrigando-os a<br />
tratá-lo como se fosse um grande coronel.<br />
Sendo pobre, qualquer um corria o risco de ser parado<br />
pelo delegado e atazanado por questões bestas, inexistentes. Às<br />
vezes, dava para notar que o interesse era outro, malvado, e<br />
tinha a ver com a irmã ou a filha do desinfeliz que estava sendo<br />
maltratado.<br />
Pois é. Uma vez dessas, Genivaldo viu chegando no lombo<br />
de uma mula o Ananias, pai de duas meninas lá pelos<br />
dezessete, dezoito anos, e tesouro aos olhos do pai.<br />
“Nossa! É o Ananias! Só de pensar na Marieta e na<br />
Santinha fico todo arreliado!”.<br />
Estava na porta da delegacia, enquanto Severino se<br />
ocupava com papéis, arrumando e ordenando o arquivo da<br />
delegacia, coisa contábil, coisa de prestação de contas para o<br />
Prefeito. Satisfeito de si, e se preparando para atazanar o<br />
coitado do roceiro, o delegado falou para o subordinado:<br />
— Vou tomar um deforete...<br />
— Tudo b<strong>em</strong>, delegado. Deixa que eu tomo conta do<br />
xilindró.