Download em PDF - Escrita Criativa
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Isso dito, Severino voltou-se novamente para os papéis e<br />
se esqueceu de Genivaldo.<br />
O delegado atravessou a rua de chão batido e, já adonado,<br />
com sua pose de senhor do destino de todos os humildes da<br />
cidade, espetou o rebenque no peito do lavrador, que tinha<br />
acabado de saltar da montaria.<br />
— Documentos!<br />
— H<strong>em</strong>?<br />
— Pedi seus documentos!<br />
— Pra quê?<br />
— Identidade!<br />
— Mas o senhor me conhece desde menino, seu<br />
Genivaldo!<br />
— Doutor Genivaldo!<br />
— Desculpe, doutor Genivaldo...<br />
— Está desculpado. Mas se não mostrar os seus<br />
documentos, vou ser obrigado a prendê-lo.<br />
O lavrador ficou olhando para o delegado. Um hom<strong>em</strong><br />
simples, mas observador da terra e dos homens, Ananias viu<br />
crescer lá no fundo de seu bestunto uma suspeita vaga, uma<br />
nuvenzinha preta no meio daquele céu todo azul que estava<br />
sendo o seu dia.<br />
— Se o senhor me prender, não vou conseguir voltar para<br />
minha roça, não vou poder trabalhar!<br />
Genivaldo já estava vendo as coisas se encaminhando<br />
para o lado daqueles corpinhos ainda com cheiro de banho de<br />
rio e começou até a ficar sorridente.<br />
— T<strong>em</strong> um jeito...<br />
O lavrador não falou nadinha. A nuv<strong>em</strong> começou a