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Pesquisa e organização: Prof. Coord. Elizabete Herling ... - forpedi

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Vocês sabem por que quando alguém perde uma discussão, ou coisa assim, e tem de se calar, se diz que<br />

"fulano meteu a viola no saco"? Pois eu vou contar.<br />

Há muito tempo, quando os bichos falavam e muitas coisas eram diferentes, havia muita festança no mundo.<br />

Um dia houve uma festa no céu e todos os bichos foram convidados. Entre eles, um dos mais esperados era<br />

o Urubu, porque as danças dependiam das músicas que ele tocava na viola.<br />

No dia da festa, o Urubu enfiou sua viola no saco e, antes de iniciar a viagem, foi beber água na lagoa. Lá<br />

encontrou o Sapo Cururu, que se secava ao sol. Enquanto o Urubu bebia, o espertalhão do Cururu, que<br />

também queria ir à festa, se escondeu dentro da viola para viajar de carona.<br />

Quando o Urubu chegou ao céu, foi muito bem recebido, pois todos esperavam por ele para começar a<br />

dançar o cateretê e a quadrilha. Mas antes o chamaram para beber umas e outras.<br />

O Urubu foi, deixando a viola encostada num canto. O Cururu aproveitou para pular da viola sem ser visto e<br />

foi se empanturrar com os quitutes da festa. O Urubu também comeu e bebeu até não poder mais e não viu<br />

que o Cururu, aproveitando uma distração sua, se escondera de novo dentro da viola para tornar a tirar uma<br />

carona na volta para a terra.<br />

Quando chegou a hora de voltar, o Urubu guardou a viola no saco e saiu voando de volta para casa. Durante<br />

o vôo, estranhou que a viola estivesse tão pesada. "Na vinda foi fácil, mas na volta está difícil. Será que<br />

fiquei fraco de tanto comer e beber?", pensou ele. Por via das dúvidas, examinou o saco com a viola e<br />

acabou descobrindo o malandro do Sapo Cururu agachado lá dentro. Furioso por ser usado desse jeito, o<br />

Urubu começou a sacudir o saco com a viola, para despejar o Cururu lá do alto e se ver livre dele.<br />

O Cururu, com medo de se esborrachar no chão pedregoso lá em baixo, recorreu à sua proverbial esperteza e<br />

começou a gritar: "Urubu, Urubu, me jogue sobre uma pedra, não me jogue na água, que eu morro<br />

afogado!".<br />

O Urubu, tolo, querendo se vingar do Sapo, viu lá de cima uma lagoa e tratou logo de despejar o Sapo dentro<br />

d’água, que era pra ele se afogar. O espertalhão do Cururu, que só queria era isso mesmo, saiu nadando, feliz<br />

da vida. O bobão do Urubu só não ficou "a ver navios" porque não havia navios naquela lagoa. E é por isso<br />

que, quando alguém perde a partida e tem de sair quieto e calado, dizem que "fulano teve de meter a viola no<br />

saco"...<br />

Fábula recontada por Tatiana Belinky, ilustrada por Rogério Borges<br />

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