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A Geografia na Idade Média - SEAD/UEPB - Secretaria de ...

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D I S C I P L I N A<br />

Introdução à Ciência Geográfi ca<br />

A Geografi a <strong>na</strong> <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong><br />

Autores<br />

Aldo Dantas<br />

Tásia Hortêncio <strong>de</strong> Lima Me<strong>de</strong>iros<br />

aula<br />

04<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________


Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />

Reitor<br />

José Ivonildo do Rêgo<br />

Vice-Reitora<br />

Ângela Maria Paiva Cruz<br />

Secretária <strong>de</strong> Educação a Distância<br />

Vera Lúcia do Amaral<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora da Produção dos Materiais<br />

Marta Maria Castanho Almeida Per<strong>na</strong>mbuco<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor <strong>de</strong> Edição<br />

Ary Sergio Braga Olinisky<br />

Projeto Gráfico<br />

Iva<strong>na</strong> Lima (UFRN)<br />

Revisores <strong>de</strong> Estrutura e Linguagem<br />

Eugenio Tavares Borges (UFRN)<br />

Janio Gustavo Barbosa (UFRN)<br />

Thalyta Mabel Nobre Barbosa (UFRN)<br />

Revisora das Normas da ABNT<br />

Verônica Pinheiro da Silva (UFRN)<br />

Revisoras <strong>de</strong> Língua Portuguesa<br />

Ja<strong>na</strong>i<strong>na</strong> Tomaz Capistrano (UFRN)<br />

Sandra Cristinne Xavier da Câmara (UFRN)<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral<br />

Presi<strong>de</strong>nte da República<br />

Luiz Inácio Lula da Silva<br />

Ministro da Educação<br />

Fer<strong>na</strong>ndo Haddad<br />

Secretário <strong>de</strong> Educação a Distância – SEED<br />

Carlos Eduardo Bielschowsky<br />

Divisão <strong>de</strong> Serviços Técnicos<br />

Catalogação da publicação <strong>na</strong> Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mame<strong>de</strong>”<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual da Paraíba<br />

Reitora<br />

Marlene Alves Sousa Lu<strong>na</strong><br />

Vice-Reitor<br />

Aldo Bezerra Maciel<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora Institucio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Programas Especiais - CIPE<br />

Eliane <strong>de</strong> Moura Silva<br />

Revisor Técnico<br />

Leo<strong>na</strong>rdo Chagas da Silva (UFRN)<br />

Revisora Tipográfica<br />

Nourai<strong>de</strong> Queiroz (UFRN)<br />

Ilustradora<br />

Caroli<strong>na</strong> Costa (UFRN)<br />

Editoração <strong>de</strong> Imagens<br />

Adauto Harley (UFRN)<br />

Caroli<strong>na</strong> Costa (UFRN)<br />

Diagramadores<br />

Bruno <strong>de</strong> Souza Melo (UFRN)<br />

Dimetrius <strong>de</strong> Carvalho Ferreira (UFRN)<br />

Iva<strong>na</strong> Lima (UFRN)<br />

Johann Jean Evangelista <strong>de</strong> Melo (UFRN)<br />

Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte <strong>de</strong>ste material po<strong>de</strong> ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da<br />

UFRN - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e da <strong>UEPB</strong> - Universida<strong>de</strong> Estadual da Paraíba.


1<br />

2<br />

3<br />

Apresentação<br />

Na aula 1 (O saber geográfi co), você observou a diferença existente entre o<br />

conhecimento geral e o geográfi co. Agora, você verá como esses conhecimentos<br />

e, em particular, o geográfi co, recru<strong>de</strong>scem no início da <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong>. A partir <strong>de</strong>sse<br />

período, a infl uência do Cristianismo passa a ocorrer, também, no cerne do conhecimento e<br />

as respostas para as indagações do homem passam a ser pautadas nos conhecimentos da<br />

Bíblia e no <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento humano, como o incremento <strong>de</strong> tecnologias<br />

que viabilizassem os empreendimentos da Igreja Católica – as cruzadas, por exemplo. Verá<br />

ainda que a infl uência dos árabes é gran<strong>de</strong> nesse período e que ela foi fundamental para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento geográfi co <strong>de</strong>ssa época.<br />

Objetivos<br />

Compreen<strong>de</strong>r a evolução do pensamento geográfi co <strong>na</strong><br />

<strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong>.<br />

Enten<strong>de</strong>r que as mudanças ocorridas <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong><br />

com a queda do Império Romano e ascensão Medieval<br />

repercutem no <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento<br />

geográfi co.<br />

Compreen<strong>de</strong>r a infl uência dos árabes no <strong>de</strong>senvolvi-<br />

mento da Geografi a.<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________<br />

Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca 1


2<br />

Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca<br />

Quadro geral do sistema feudal<br />

A<br />

obra <strong>de</strong> Ptolomeu, que vimos no fi <strong>na</strong>l da aula 3 (A Geografi a <strong>na</strong> Antiguida<strong>de</strong>),<br />

encerra a primeira etapa da Geografi a. A própria riqueza que essa obra produziu por<br />

meio <strong>de</strong> uma ampla sistematização e o método <strong>de</strong> documentação que preconizou<br />

mantiveram-se durante muitos séculos presentes no pensamento geográfi co. Como<br />

Aristóteles para a Filosofi a, Ptolomeu será, até o Re<strong>na</strong>scimento, a autorida<strong>de</strong> inconteste<br />

em matéria do conhecimento da Terra e do sistema Mundo. E, <strong>de</strong>sse modo, a <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong><br />

é, para a Geografi a, um período <strong>de</strong> estag<strong>na</strong>ção e mesmo <strong>de</strong> retrocesso do conhecimento<br />

produzido por essa ciência.<br />

A queda do Império Romano e a difusão do Cristianismo dão início a esse novo<br />

momento da história da humanida<strong>de</strong>, instalando um processo <strong>de</strong> fragmentação <strong>na</strong> produção<br />

do conhecimento científi co e geográfi co. As causas para essa fragmentação po<strong>de</strong>m ser<br />

encontradas no contexto social, econômico e religioso daquela época.<br />

As invasões bárbaras vão provocar uma situação <strong>de</strong> guerra generalizada em boa parte<br />

do espaço europeu ocupado pelo Império Romano. Tal situação irá provocar <strong>na</strong> Europa<br />

conseqüências importantes que levaram ao isolacionismo espacial das socieda<strong>de</strong>s e à<br />

instauração do sistema feudal, conforme você po<strong>de</strong> perceber <strong>na</strong> passagem a seguir.<br />

O fervor intelectual que havia favorecido a refl exão sobre a forma e a<br />

confi guração da Terra <strong>de</strong>sapareceu. O Estoicismo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> apoiar-se <strong>na</strong><br />

hipótese geocêntrica e <strong>na</strong> imagem <strong>de</strong> um mundo harmonioso que daí ema<strong>na</strong>va.<br />

A <strong>de</strong>slocação progressiva da administração tornou inúteis os levantamentos <strong>de</strong><br />

informações tão procuradas <strong>na</strong> época <strong>de</strong> Augusto. As formas <strong>de</strong> construção<br />

social que triunfaram <strong>na</strong> <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong> assentam em relações pessoais: é através<br />

<strong>de</strong> notáveis locais que o po<strong>de</strong>r se exerce à distância; como tal, não é necessário<br />

formalizar o saber geográfi co nesta socieda<strong>de</strong>: o conhecimento das pessoas é<br />

sufi ciente. (CLAVAL, 1996, p. 17-8).<br />

A Europa que daí surge está dividida em uma série <strong>de</strong> peque<strong>na</strong>s áreas politicamente<br />

diferenciadas, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> existir uma política uniforme sobre todo o território.<br />

Veja que a <strong>de</strong>sarticulação dos sistemas <strong>de</strong> comunicação ligada ao fato <strong>de</strong> a Europa<br />

se encontrar relativamente <strong>de</strong>spovoada difi cultava o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> pessoas e a troca <strong>de</strong><br />

idéias e <strong>de</strong> bens entre suas diferentes áreas.<br />

O sistema que se constitui é essencialmente isolacionista e tenta resolver seus<br />

problemas a partir da auto-subsistência do próprio feudo, prejudicando a mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pessoas, as trocas e a ampliação do horizonte geográfi co que se verifi cou <strong>na</strong> Antigüida<strong>de</strong>.<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________


A infl uência da Igreja<br />

Nesse período, a Igreja Católica representa o maior po<strong>de</strong>r europeu associada às diversas<br />

aristocracias, uma vez que se constitui <strong>na</strong> única instituição com infl uência sobre<br />

todos os feudos. Dessa maneira, as respostas para as questões da vida cotidia<strong>na</strong>,<br />

individual, social e políticas passaram a ser dadas a partir <strong>de</strong> interpretações bíblicas.<br />

É claro que o homem continua se perguntando sobre as questões geográfi cas.<br />

Entretanto, indagações sobre “como” e “on<strong>de</strong>” continuam a ser feitas, só que agora as<br />

respostas são buscadas <strong>na</strong>s or<strong>de</strong>ns religiosas e não <strong>na</strong>s cosmologias, como era mais<br />

comum anteriormente. A Bíblia era um instrumento que continha referências cosmológicas<br />

e geográfi cas, as quais davam respostas a tais perguntas. Veja que, no fundo, é a Igreja e não<br />

a ciência que busca respostas para indagações da realida<strong>de</strong> sócio-espacial.<br />

Vale <strong>de</strong>stacar que nesse período ocorre certo imobilismo populacio<strong>na</strong>l e uma diminuição<br />

dos eventos das viagens e, com isso, um maior <strong>de</strong>sconhecimento do mundo real. Esses fatores<br />

aliados ao po<strong>de</strong>r da Igreja provocam a diminuição da busca <strong>de</strong> respostas <strong>na</strong>s ciências. “Era<br />

<strong>na</strong>tural que em um período <strong>de</strong> lutas constantes houvesse gran<strong>de</strong> difi culda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />

e uma queda no ritmo do comércio e <strong>na</strong>s preocupações fi losófi cas e, consequentemente, um<br />

retrocesso do conhecimento <strong>na</strong> Europa Oci<strong>de</strong>ntal”. (ANDRADE, 2006, p. 46).<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________<br />

Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca 3


4<br />

Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca<br />

Ativida<strong>de</strong> 1<br />

Quanto ao <strong>de</strong>senvolvimento da Ciência e da religião, leia atentamente o texto a seguir<br />

e <strong>de</strong>pois responda às questões relacio<strong>na</strong>das com o texto e com as informações.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da ciência ou da religião <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do homem e do tipo<br />

<strong>de</strong> respostas que ele procura. Assim, a ciência progri<strong>de</strong> quando o homem se<br />

preocupa com o mundo que o ro<strong>de</strong>ia e ela po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma satisfatória<br />

às perguntas formuladas sobre o mundo físico. Com a difusão do cristianismo<br />

foram problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m religiosa, ou problemas que obtinham respostas <strong>na</strong><br />

religião, que passaram a interessar ao homem.<br />

A adoção dos conhecimentos geográfi cos bíblicos tornou-se evi<strong>de</strong>nte <strong>na</strong><br />

cartografi a. Utilizam-se mapas circulares romanos, nos quais introduziram<br />

caracteres teológicos, e não geográfi cos. Assim, Jerusalém, a Cida<strong>de</strong> Santa,<br />

ocupava o centro do mapa; o Paraíso, localizado a leste, ocupava a parte<br />

superior do mapa; o Mediterrâneo tinha uma posição media<strong>na</strong> (veja mapa). Foi<br />

esquecido que a Terra era esférica e reapareceu o conceito <strong>de</strong> Terra pla<strong>na</strong>: um<br />

disco circundado <strong>de</strong> água. (FERREIRA; SIMÕES, 1990, p.45-46).<br />

a) Que impactos ocorreram no conhecimento geográfi co com o <strong>de</strong>clínio do Império<br />

Romano?<br />

b) De que maneira a infl uência da religião dá um outro direcio<strong>na</strong>mento aos conhecimentos<br />

geográfi cos?<br />

c) O que ocorre <strong>na</strong> <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong>, como <strong>na</strong>s <strong>de</strong>mais épocas, é a infl uência do mundo, da<br />

maneira como se pensa em um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do momento e o seu refl exo sobre a ciência.<br />

Você consegue fazer um paralelo entre a infl uência da religião <strong>na</strong>quela época e a forma<br />

como alguns <strong>de</strong> nós interpretamos o fenômeno do aquecimento global hoje?<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________


Nem tudo foi<br />

sombra <strong>na</strong> <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong><br />

Se por um lado o conhecimento <strong>de</strong>cli<strong>na</strong>va no mundo oci<strong>de</strong>ntal “em outras áreas, porém,<br />

a formação <strong>de</strong> Estados fortes e a intensifi cação das viagens e do comércio permitiram<br />

que as tradições culturais gregas e lati<strong>na</strong>s se integrassem com a <strong>de</strong> povos do Oriente<br />

e houvesse maior difusão cultural” (ANDRADE, 2006, p.46). Aqui um fator merece <strong>de</strong>staque:<br />

a expansão Árabe-Muçulma<strong>na</strong>.<br />

A expansão Árabe-Muçulma<strong>na</strong><br />

A civilização Árabe-Muçulma<strong>na</strong> emerge <strong>de</strong>pois da queda <strong>de</strong> Roma e se baseia <strong>na</strong> nova<br />

e vigorosa religião do Islã. Surgida no século VII, seu fundador foi Maomé (570-632), um<br />

próspero mercador da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Meca.<br />

Maomé acreditava ter visto o anjo Gabriel que lhe or<strong>de</strong>nou “recitar em nome do Senhor”.<br />

Tomado por essa visão, Maomé se consi<strong>de</strong>ra o escolhido e se transforma em profeta.<br />

Nesse período, a maioria do povo árabe acreditava em <strong>de</strong>uses tribais, entretanto, nos<br />

gran<strong>de</strong>s centros, a maioria da população já havia tomado conhecimento do Judaísmo e do<br />

Cristianismo, o que facilitou a aceitação <strong>de</strong> um Deus único anunciado por Maomé.<br />

Os padrões islâmicos <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> e as normas que regulam a vida cotidia<strong>na</strong> são<br />

fi xados pelo Alcorão, que os muçulmanos acreditam conter a palavra <strong>de</strong> Alá, revelada a<br />

Maomé. Para eles, o Islã é o aperfeiçoamento do Judaísmo e do Cristianismo e reconhecem<br />

Jesus como um gran<strong>de</strong> profeta, mas não divino.<br />

Maomé unifi ca as tribos árabes, envolvidas em constantes disputas, através da difusão<br />

da fé islâmica.<br />

Entre os séculos VIII e IX, a civilização muçulma<strong>na</strong> conhece o seu apogeu. Enquanto o<br />

conhecimento estava em baixa <strong>na</strong> Europa oci<strong>de</strong>ntal, os muçulmanos <strong>de</strong>senvolviam gran<strong>de</strong>s<br />

conhecimentos embasados <strong>na</strong>s realizações dos gregos antigos através da tradução <strong>de</strong> obras<br />

gregas para o árabe.<br />

Com as suas conquistas, o império árabe esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Espanha até a Índia e foi<br />

unifi cado, principalmente, pela fé. Por volta do século XI, começam a per<strong>de</strong>r seu domínio.<br />

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Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca 5


6<br />

Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca<br />

Ativida<strong>de</strong> 2<br />

Leia atentamente o texto a seguir.<br />

O Império Muçulmano domi<strong>na</strong>va uma área muito vasta, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Afeganistão<br />

até o Atlântico, com excepção da Itália, França, Turquia e Bálcãs. Devido a<br />

problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m militar e administrativa (tal como nos Impérios Grego e<br />

Romano), surgiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer o mundo. Ao mesmo tempo surgia<br />

também a necessida<strong>de</strong> religiosa <strong>de</strong> viajar, <strong>na</strong> medida em que todo mulçumano<br />

tem <strong>de</strong> ir a Meca, pelo menos uma vez <strong>na</strong> vida. Assim, as viagens e o comércio<br />

sofreram um novo impulso. A geografi a verifi cou um novo avanço. Entre os<br />

viajantes árabes <strong>de</strong>stacam-se Al-Biruni, Al-Idrisi (1099-1164) e Ibn Battuta, que<br />

escreveram extensos e valiosos relatos sobre as regiões por on<strong>de</strong> viajavam.<br />

Idrisi, ao serviço do rei da Sicília, <strong>de</strong>senvolveu a escola <strong>de</strong> Palermo e po<strong>de</strong><br />

elaborar o mapa árabe mais completo que se conhece.<br />

Por outro lado, os mo<strong>na</strong>rcas muçulmanos promoveram as ciências e as artes.<br />

Foi traduzida para o árabe a obra <strong>de</strong> Ptolomeu e <strong>de</strong>senvolveu-se a geografi a, a<br />

astronomia, a astrologia, a matemática e a geometria.<br />

Apesar disso, o conhecimento e as <strong>de</strong>scrições geográfi cas produzidas são muito<br />

imprecisas e as localizações pouco rigorosas. Os Árabes não se serviam da<br />

latitu<strong>de</strong> e da longitu<strong>de</strong> para localizar os lugares à superfície da Terra e elaborar<br />

mapas. A latitu<strong>de</strong> e a longitu<strong>de</strong> são utilizadas pelos astrônomos (consi<strong>de</strong>rados,<br />

aliás, como os melhores do mundo) <strong>na</strong>s suas observações, mas quem faz os<br />

mapas são os geógrafos, que não se servem dos dados astronômicos. Surge,<br />

assim, no mundo árabe uma separação entre geógrafos e astrônomos que não<br />

existia <strong>na</strong> Antigüida<strong>de</strong> (FERREIRA; SIMÕES, 1990, p. 48-49).<br />

Após a leitura, releia a aula 1. Em seguida, relacione o contexto apresentado no texto<br />

anterior com os elementos <strong>de</strong>sta aula: aventura do homem <strong>na</strong> Terra e necessida<strong>de</strong>s versus<br />

geração <strong>de</strong> espacialida<strong>de</strong>s.<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________


Leitura complementar<br />

ANDRADE, Manuel Correia <strong>de</strong>. Geografi a: ciência da socieda<strong>de</strong>. Recife: Editora Universitária/<br />

UFPE, 2006.<br />

Recomendamos especialmente o capítulo 3, no qual o autor trata da Geografi a no<br />

período que estamos focalizando.<br />

BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia; REIS, José, C. Breve história da ciência mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>. Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 2003. v 1 – 2003; v 2 – 2004; v 3 - 2005.<br />

Coleção prevista para cinco volumes, tendo sido publicados ape<strong>na</strong>s três, trata do<br />

conhecimento científi co dos últimos tempos mostrando como este é parte da cultura<br />

huma<strong>na</strong>.<br />

TARNAS, R. A epopéia do pensamento oci<strong>de</strong>ntal. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand, 2000.<br />

Este livro traz uma visão geral do surgimento e evolução do pensamento humano,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros tempos até os dias atuais.<br />

Resumo<br />

Esta aula discute a infl uência das mudanças ocorridas <strong>na</strong> passagem<br />

da Antiguida<strong>de</strong> para o medievo e suas repercussões no conhecimento<br />

geográfi co, assim como a infl uencia árabe no <strong>de</strong>senvolvimento da Geografi a<br />

<strong>de</strong>sse período.<br />

Auto-avaliação<br />

Releia atentamente a aula e escreva um pequeno texto enfatizando a relação entre<br />

o <strong>de</strong>clínio do Império Romano implicando <strong>na</strong> consolidação do sistema medieval<br />

e as conseqüências disso para o <strong>de</strong>senvolvimento da Geografi a e <strong>de</strong> que maneira<br />

a infl uência árabe signifi cou uma quebra <strong>na</strong> lógica do pensamento medieval.<br />

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Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca 7


8<br />

Desafi o<br />

Aula 04 Introdução à Ciência Geográfi ca<br />

Assista aos fi lmes O Nome da Rosa, Marco Pólo e As montanhas da lua.<br />

Faça, em seguida, um comentário geral confrontando os três fi lmes. Perceba<br />

que o primeiro irá mostrar como a Igreja Católica se comportava frente ao<br />

conhecimento e como este <strong>de</strong>veria, <strong>na</strong> concepção da Igreja, subordi<strong>na</strong>r-se aos<br />

seus interesses. No segundo, você verá que mesmo <strong>na</strong> <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong>, com o<br />

sistema feudal, e sob forte infl uência da Igreja Católica, o pensamento oci<strong>de</strong>ntal<br />

sofrerá infl uência <strong>de</strong> árabes e <strong>de</strong> chineses. No terceiro, fi ca patente um outro<br />

momento histórico, no qual a expansão colonial do Estado mo<strong>de</strong>rno é uma<br />

realida<strong>de</strong> e a busca por novos territórios e mercados é o elemento domi<strong>na</strong>nte;<br />

perceba também como o conhecimento geográfi co é fundamental.<br />

Referências<br />

ANDRADE, Manuel Correia <strong>de</strong>. Geografi a: ciência da socieda<strong>de</strong>. Recife: Editora Universitária/<br />

UFPE, 2006.<br />

BAILLY, A.; FERRAS, R. Élements d’éspistemoligie <strong>de</strong> la géographie. Paris: Armand<br />

Colin, 1997.<br />

CLAVAL, Paul. Histoire <strong>de</strong> la géopgraphie. Paris: PUF, 1996.<br />

FERREIRA, Conceição Coelho; SIMÕES, Natércia Neves. A evolução do pensamento<br />

geográfi co. Lisboa: Gradiva, 1990. (Panfl etos Gradiva, 5).<br />

MARCO Pólo. Direção <strong>de</strong> Giuliano Montaldo. São Paulo: Versátil, 1982.<br />

AS MONTANHAS da lua. Direção <strong>de</strong> Bob Rafelson. [S. l.]: Tel Ví<strong>de</strong>o/20.20 Vision, 1990.<br />

O NOME da rosa. Direção <strong>de</strong> Jean-Jacques An<strong>na</strong>ud. São Paulo: Warner Bros, 1986.<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________


Introdução à Ciência Geográfica – GEOGRAFIA<br />

Ementa<br />

A construção do conhecimento geográfico. A institucio<strong>na</strong>lização da geografia como ciência. As escolas do<br />

pensamento geográfico. A relação socieda<strong>de</strong>/<strong>na</strong>tureza <strong>na</strong> ciência geográfica. O pensamento geográfico e seu<br />

reflexo no ensino. A geografia brasileira. Ativida<strong>de</strong>s práticas voltadas para a aplicação no ensino.<br />

Autores<br />

n Aldo Dantas<br />

n Tásia Hortêncio <strong>de</strong> Lima Me<strong>de</strong>iros<br />

Aulas<br />

01 O saber geográfico<br />

02 A ação huma<strong>na</strong><br />

03 A <strong>Geografia</strong> <strong>na</strong> Antiguida<strong>de</strong><br />

04 A <strong>Geografia</strong> <strong>na</strong> <strong>Ida<strong>de</strong></strong> <strong>Média</strong><br />

05 Os tempos mo<strong>de</strong>rnos<br />

06 Espaço e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

07 A institucio<strong>na</strong>lização da <strong>Geografia</strong><br />

08 A <strong>Geografia</strong> <strong>de</strong> Humboldt e Ritter<br />

09 A <strong>Geografia</strong> ratzelia<strong>na</strong> e seu contexto<br />

10 A <strong>Geografia</strong> vidalia<strong>na</strong> e o seu contexto<br />

11 A abordagem regio<strong>na</strong>l vidalia<strong>na</strong><br />

12 Os movimentos <strong>de</strong> renovação<br />

13 A institucio<strong>na</strong>lização da <strong>Geografia</strong> no Brasil<br />

14 O <strong>na</strong>scimento da <strong>Geografia</strong> científica no Brasil<br />

15 Milton Santos: o filósofo da técnica<br />

1º Semestre <strong>de</strong> 2008 Impresso por: Texform Gráfica

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