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LITERATURA – Profª Ana Cristina R. Pereira 2ª Série do Ensino Médio

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<strong>LITERATURA</strong> <strong>–</strong> <strong>Profª</strong> <strong>Ana</strong> <strong>Cristina</strong> R. <strong>Pereira</strong><br />

<strong>2ª</strong> <strong>Série</strong> <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>Médio</strong><br />

DICAS DE ESTUDO PARA PROVA TRIMESTRAL<br />

A) Ler e reler textos;<br />

B) Fazer anotações sobre os conteú<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s em sala de aula,<br />

durante a explicação <strong>do</strong> professor;<br />

C) Reler os slides de power point, trabalha<strong>do</strong>s em sala de aula, através <strong>do</strong><br />

polígrafo de conteú<strong>do</strong>s, ou acessan<strong>do</strong> a página de Literatura no site da<br />

Escola;<br />

D) Fazer resumos e esquemas da matéria;<br />

E) Refazer questões objetivas (e dissertativas) de vestibular, revisan<strong>do</strong><br />

erros e acertos.<br />

F) Ler a matéria no livro de Literatura da FTD (indica<strong>do</strong> na lista de<br />

materiais).<br />

LEITURA COMPLEMENTAR:<br />

“Curso de Literatura Brasileira”, Sergius Gonzaga <strong>–</strong> Editora Leitura XXI;<br />

Livro Didático de Literatura com to<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s de <strong>Ensino</strong> <strong>Médio</strong>, contexto<br />

histórico, características de cada perío<strong>do</strong> literário, autores e obras, e resumos<br />

de livros.<br />

ATENÇÃO: REVISE AS SEGUINTES QUESTÕES, VISANDO EXERCITAR A<br />

MATÉRIA PARA PROVA TRIMESTRAL DE <strong>LITERATURA</strong> - OBSERVE O<br />

QUE ESTÁ DESTACADO:


1. Considere as afirmações seguintes sobre os personagens de O<br />

Cortiço, romance de Aluísio Azeve<strong>do</strong>.<br />

I. O português João Romão é o único vence<strong>do</strong>r <strong>do</strong> romance. Emprega<strong>do</strong> de<br />

uma venda, recebe-a de presente, depois que o <strong>do</strong>no enriqueci<strong>do</strong> volta para<br />

Portugal. Trabalhan<strong>do</strong> como um cão dana<strong>do</strong>; abusan<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho servil e<br />

<strong>do</strong> corpo de uma escrava fugida, Bertoleza, que ele torna sua amante;<br />

rouban<strong>do</strong> nos pesos e nas medidas <strong>do</strong> armazém; valen<strong>do</strong>-se da renda<br />

imobiliária arrancada <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que começam a alugar os primeiros<br />

quartos de seu cortiço; poupan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> no extremo da mais completa<br />

sovinice; ele consegue economizar uma fortuna considerável, nos moldes<br />

mesquinhos da acumulação primitiva de capital.<br />

II. Bertoleza é o símbolo da coisificação <strong>do</strong> ser humano gerada pelo sistema<br />

escravista e pela exploração. Raramente manifesta algum sentimento ou<br />

vontade própria. Tu<strong>do</strong> o que se conhece a seu respeito provém de João<br />

Romão ou da narração de sua incessante atividade nos trabalhos<br />

<strong>do</strong>mésticos. Aceitan<strong>do</strong> passivamente sua condição, ao final, contu<strong>do</strong>, ao<br />

sentir-se injustiçada, reage como um animal acua<strong>do</strong> e, ao perceber que não<br />

há saída para ela, pratica seu primeiro ato totalmente autônomo, enfrenta os<br />

guardas e o filho de seu antigo <strong>do</strong>no, ferin<strong>do</strong>-os e fugin<strong>do</strong> feito fera.<br />

III. A partir de uma educação sofisticada para o meio em que vive, Pombinha,<br />

“a flor <strong>do</strong> cortiço”, não consegue refletir sobre sua própria condição. Filha de<br />

uma senhora distinta que, pelas injunções da sorte fora levada para o<br />

cortiço, ela atravessa a a<strong>do</strong>lescência sem menstruar e, por isso, torna-se<br />

símbolo da pureza em meio ao lo<strong>do</strong> moral. Tem um noivo de boa família e<br />

também ajuda os demais mora<strong>do</strong>res escreven<strong>do</strong>-lhes cartas. A violência e a<br />

imundície da habitação coletiva não parecem afetá-la, até que chega a<br />

menstruação, saudada alegremente pela mãe. A partir desse momento,<br />

Pombinha casa-se com o noivo e realiza o sonho de sua mãe: escapa da<br />

corrupção e da hostilidade <strong>do</strong> meio em que viviam.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas I e II.<br />

(D) Apenas II e III.<br />

(E) I, II e III.


2. Leia o texto abaixo.<br />

“Se o senhor não tá lembra<strong>do</strong>,/a licença de contá:/ali onde agora está/esse<br />

edifício arto/ era uma casa velha/um palacete assobrada<strong>do</strong>./Foi ali, seu<br />

moço,/que eu, Matogrosso e o Joca/construímo nossa maloca./Mas um<br />

dia,/nóis nem pode se alembrá/veio os home com as ferramenta:/o <strong>do</strong>no<br />

mandô derrubá./Peguemo todas nossas coisas/e fumo pro meio da rua apreciá<br />

a demolição./Que tristeza que nóis sentia/cada tauba que caía/<strong>do</strong>ía no<br />

coração./Matogrosso quis gritá/mas em cima eu falei/os home tá co´a<br />

razão,/nóis arranja outro lugá./Só se conformemo quan<strong>do</strong> o Joca falô/Deus dá<br />

o frio conforme o cobertô./E hoje nóis pega as paia nas grama <strong>do</strong>s jardim/e prá<br />

esquecê nóis cantemo assim:/Sau<strong>do</strong>sa maloca,/maloca querida/qui dim<br />

<strong>do</strong>nde/nóis passemo dias feliz de nossa vida.”<br />

[“Sau<strong>do</strong>sa maloca”, de A<strong>do</strong>niram Barbosa]<br />

Qual a semelhança temática entre a obra “O Cortiço”, de Aluísio<br />

Azeve<strong>do</strong>, e a letra de “Sau<strong>do</strong>sa maloca”?<br />

(A) Ambos tematizam as habitações coletivas ocupadas por uma parcela da<br />

pequena burguesia em processo de ascensão social.<br />

(B) A consciência de civilidade daqueles que respeitam as leis.<br />

(C) A construção de um palacete, a partir da destruição de outro.<br />

(D) A tristeza de homens que assistem a destruição de suas casas.<br />

(E) Ambos tematizam as habitações coletivas ocupadas por uma parcela da<br />

população marginalizada <strong>do</strong> processo de consumo e produção.<br />

3. Considere as afirmações abaixo sobre a obra “O Cortiço”, de Aluísio<br />

Azeve<strong>do</strong>.<br />

I. A pressão rasteira da animalidade manifesta-se no dia-a-dia <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> cortiço, os quais parecem viver tão-somente para atender as suas<br />

necessidades mais primárias: beber, comer, <strong>do</strong>rmir, fazer sexo, brigar e<br />

divertir-se como bichos.<br />

II. A concepção biológica da existência chega ao extremo de considerar o<br />

próprio cortiço um organismo vivo, sujeito às leis evolutivas.<br />

III. A obra celebra uma extraordinária força vital, de uma selvagem vibração<br />

<strong>do</strong>s instintos e de uma fervilhante alegria de existir e de sobreviver em<br />

condições tão adversas.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas I e II.<br />

(E) I, II e III.


4. Considere as afirmações abaixo sobre o romance “O Ateneu”, de Raul<br />

Pompéia.<br />

I. Fortemente pessoal <strong>–</strong> mas não a ponto de ser<br />

considera<strong>do</strong> uma autobiografia <strong>–</strong> o texto parte<br />

das experiências <strong>do</strong> autor em um sistema de<br />

internato.<br />

II. Sérgio <strong>–</strong> o protagonista <strong>–</strong> procura ligações<br />

autênticas com os colegas, mas só encontra<br />

brutalidade, jogos de poder, exploração e<br />

homossexualismo. Todas as camaradagens são<br />

efêmeras e dissimuladas, exceção feita a<br />

Rebelo.<br />

III. Dificilmente alguém escapa <strong>do</strong> homossexualismo<br />

sutil que <strong>do</strong>mina as salas de aula, os corre<strong>do</strong>res<br />

e os <strong>do</strong>rmitórios <strong>do</strong> Ateneu. Exceção feita a<br />

Rebelo e a Sérgio que se unem e enfrentam com<br />

virilidade a perversão <strong>do</strong> meio.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas I e II.<br />

(E) I, II e III.<br />

5. (Fuvest-SP) Leia com atenção e responda à questão:<br />

Torce, aprimora, alteia, lima<br />

A frase; e, enfim,<br />

No verso de ouro engasta a rima,<br />

Como um rubim.<br />

Quero que a estrofe cristalina,<br />

Dobrada ao jeito<br />

Do ourives, saia da oficina<br />

Sem um defeito.<br />

(BILAC, Olavo. Profissão de fé)<br />

Nos versos acima, a atividade poética é comparada ao lavor <strong>do</strong> ourives<br />

porque, para o autor:<br />

(A) a poesia é preciosa como um rubi<br />

(B) na poesia não pode faltar rima.<br />

(C) o poeta é um burila<strong>do</strong>r. (artesão)<br />

(D)o poeta não se assemelha a um ator.<br />

(E) o poeta trabalha com a inspiração.


6. Leia o texto e responda:<br />

As pombas<br />

Vai-se a primeira pomba despertada...<br />

Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas<br />

De pombas vão-se <strong>do</strong>s pombais, apenas<br />

Raia sanguínea e fresca madrugada...<br />

E à tarde, quan<strong>do</strong> a rígida nortada<br />

Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,<br />

Ruflan<strong>do</strong> as asas, sacudin<strong>do</strong> as penas,<br />

Voltam todas em ban<strong>do</strong> e em revoada...<br />

Também <strong>do</strong>s corações onde abotoam,<br />

Os sonhos, um por um, céleres voam,<br />

Como voam as pombas <strong>do</strong>s pombais;<br />

No azul da a<strong>do</strong>lescência as asas soltam,<br />

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,<br />

E eles aos corações não voltam mais...<br />

(CORREIA, Raimun<strong>do</strong>)<br />

Considere as afirmações abaixo sobre o poema “As pombas”, de<br />

Raimun<strong>do</strong> Correia.<br />

I. Em “As pombas”, Raimun<strong>do</strong> Correia revela sua postura revolucionária,<br />

engajada nas lutas sociais. Ao falar <strong>do</strong>s sonhos de juventude, compara<strong>do</strong>s<br />

às pombas que partem pela manhã, melancolicamente o poeta nos diz que<br />

estes sonhos juvenis não voltam mais, ao contrário das pombas, que à tarde<br />

voltam a seus ninhos.<br />

II. Observan<strong>do</strong> a última estrofe <strong>do</strong> soneto, podemos dizer que o eu lírico,<br />

revelan<strong>do</strong> uma preocupação metafísica, trata com pessimismo a condição<br />

<strong>do</strong> homem perante a vida e o tempo.<br />

III. O descritivismo, a sobriedade e a contenção das emoções, o formalismo,<br />

comprovam a filiação deste texto ao Parnasianismo.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas I e II.<br />

(E) Apenas II e III.


7. Leia o texto e responda:<br />

Via Láctea<br />

(...)<br />

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo<br />

Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,<br />

Que, para ouvi-las, muita vez desperto<br />

E abro as janelas, páli<strong>do</strong> de espanto...<br />

E conversamos toda a noite, enquanto<br />

A via láctea, como um pálio aberto;<br />

Cintila. E, ao vir <strong>do</strong> sol, sau<strong>do</strong>so e em pranto,<br />

Inda as procuro pelo céu deserto.<br />

Direis agora: “Treslouca<strong>do</strong> amigo!<br />

Que conversas com elas? Que senti<strong>do</strong><br />

Tem o que dizem, quan<strong>do</strong> estão contigo?”<br />

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!<br />

Pois só quem ama pode ter ouvi<strong>do</strong><br />

Capaz de ouvir e de entender as estrelas.”<br />

(BILAC, Olavo)<br />

Considere as afirmações abaixo sobre o soneto de “Via láctea”, de<br />

Olavo Bilac.<br />

I. Temos neste soneto uma temática que lembra algumas posturas barrocas,<br />

como a valorização <strong>do</strong> amor, a visão <strong>do</strong> poeta como alguém sonha<strong>do</strong>r,<br />

idealista.<br />

II. De acor<strong>do</strong> com a última estrofe <strong>do</strong> soneto, a condição necessária para a<br />

“comunicação cósmica” é amar, pois só o amor permite a comunicação com<br />

as estrelas.<br />

III. Podemos acertadamente afirmar que embora o soneto pertença a estética<br />

parnasiana, carrega traços simbolistas, pois e visível o desejo de integração<br />

cósmica <strong>do</strong> poeta e a intenção de valorizar as zonas profundas da mente<br />

(inconsciente e subconsciente).<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas I e II.<br />

(E) Apenas II e III.


8.[UFRGS] Leia as afirmações abaixo sobre O Ateneu, de Raul Pompéia,<br />

romance de 1888.<br />

I. O Ateneu é uma narrativa de caráter autobiográfico, em que o menino<br />

Sérgio enfrenta as vicissitudes da educação pré-republicana em um<br />

colégio <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />

II. O romance é inova<strong>do</strong>r quanto ao mo<strong>do</strong> de representar psicologicamente<br />

as personagens, mas, quanto ao estilo, ainda segue o modelo romântico<br />

de José de Alencar.<br />

III. O livro realiza um mergulho na infância e na a<strong>do</strong>lescência de Sérgio, e<br />

descreve, através das observações <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r, os diferentes tipos<br />

humanos que compõe a população <strong>do</strong> internato.<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas I e II.<br />

(E) Apenas I e III.<br />

9.[UFRGS] A respeito <strong>do</strong> romance brasileiro <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XIX, podese<br />

afirmar que<br />

(A) o Impressionismo, com sua linguagem cientificista e a expressão de um<br />

determinismo mecanicista, buscava os aspectos mórbi<strong>do</strong>s da atividade<br />

humana para demonstrar que o ser humano é movi<strong>do</strong> por condicionamentos<br />

de duas fontes: o meio e a herança genética.<br />

(B) o Realismo, movimento sau<strong>do</strong>sista, buscava demonstrar como a vida era<br />

melhor no tempo da monarquia, opon<strong>do</strong> a estabilidade <strong>do</strong> regime sob a<br />

tutela de Dom Pedro II ao arrivismo de casais republicanos como Palha e<br />

Sofia.<br />

(C) personagens como Pombinha, a moça decente que se torna homossexual<br />

e prostituta por influência da madrinha, e Jerônimo, o português trabalha<strong>do</strong>r<br />

que larga a esposa por uma mulata fogosa, são ilustrações das teses<br />

naturalistas de Aluísio Azeve<strong>do</strong>.<br />

(D) A<strong>do</strong>lfo Caminha é autor de um romance de cunho memorialístico que narra<br />

as transformações que se dão na personalidade de um menino ao entrar em<br />

contato com o meio hipócrita e violento de um cortiço <strong>do</strong> Rio de Janeiro no<br />

tempo <strong>do</strong> Império.<br />

(E) O Ateneu narra a história de um marinheiro mulato que, para tentar fugir ao<br />

preconceito que o isola <strong>do</strong>s próprios parentes, embarca no navio que dá<br />

título ao livro, sem saber que o capitão e o imediato planejam vendê-lo como<br />

escravo.


10.(UFRGS)<br />

É na confluência de ideais anti-românticos, como a<br />

objetividade no trato <strong>do</strong>s temas e o culto da forma, que se situa a poética <strong>do</strong><br />

Parnasianismo. O nome da escola vinha de Paris e remontava a antologias<br />

publicadas(...) sob o título de Parnasse Contemporain, que incluíam poemas de<br />

Gautier, Banville e Leconte de Lisle. Seus traços de relevo: o gosto da<br />

descrição nítida, concepções tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima e, no<br />

fun<strong>do</strong>, o ideal de impessoalidade que partilhavam com os realistas <strong>do</strong> tempo.<br />

(Alfre<strong>do</strong> Bosi)<br />

Com base no texto acima, referente ao Parnasianismo brasileiro, são<br />

feitas as seguintes inferências:<br />

I. O Parnasianismo opôs-se a princípios românticos como a subjetividade e a<br />

relativa liberdade <strong>do</strong> verso.<br />

II. Ten<strong>do</strong> seu nome calca<strong>do</strong> num termo cria<strong>do</strong> na França, o Parnasianismo<br />

brasileiro seguiu um caminho estético próprio, independente e original.<br />

III. Parnasianismo e Realismo são correntes literárias com ideais e princípios<br />

estéticos totalmente diferencia<strong>do</strong>s.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas I e II<br />

(D) Apenas II e III<br />

(E) I, II e III<br />

11.(FEI) Marque a única alternativa correta sobre o texto abaixo:<br />

Cárcere das almas<br />

Ah! Toda alma num cárcere anda presa,<br />

Solução nas trevas entre as grades<br />

Do calabouço olhan<strong>do</strong> imensidades,<br />

Mares, estrelas, tardes, natureza.<br />

Na estrofe acima, está fortemente caracteriza<strong>do</strong> um tema simbolista<br />

bem ao gosto de Cruz e Sousa. Trata-se de:<br />

(A) sofrimento metafísico.<br />

(B) espírito de renúncia.<br />

(C) tristeza diante de amores impossíveis.<br />

(D) sofrimento em decorrência da pobreza material.<br />

(E) temor diante da injustiça humana.


12. Leia o texto e responda:<br />

Ismália<br />

Quan<strong>do</strong> Ismália enlouqueceu,<br />

Pôs-se na torre a sonhar...<br />

Viu uma lua no céu,<br />

Viu outra lua no mar.<br />

No sonho em que se perdeu,<br />

Banhou-se toda em luar...<br />

Queria subir ao céu,<br />

Queria descer ao mar...<br />

E, no desvario seu,<br />

Na torre pôs-se a cantar...<br />

Estava perto <strong>do</strong> céu,<br />

Estava longe <strong>do</strong> mar...<br />

E como um anjo pendeu<br />

As asas para voar...<br />

Queria a lua <strong>do</strong> céu,<br />

Queria a lua <strong>do</strong> mar...<br />

As asas que Deus lhe deu<br />

Ruflaram de par em par...<br />

Sua alma subiu ao céu,<br />

Seu corpo desceu ao mar...<br />

Considere as afirmações abaixo sobre o poema “Ismália”, de<br />

Alphonsus de Guimaraens.<br />

I. To<strong>do</strong> o poema é construí<strong>do</strong> com base em antíteses. As antíteses articulamse<br />

em torno <strong>do</strong>s desejos contraditórios de Ismália, que se dividem entre a<br />

realidade espiritual e a realidade concreta.<br />

II. A partir da análise deste poema podemos afirmar que, para os simbolistas,<br />

sonho e loucura levam à libertação, pois a razão e a lógica aprisionam o<br />

homem. Dar vazão ao mun<strong>do</strong> interior; explorar zonas ocultas da mente<br />

humana é o mesmo que transcender os limites <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real.<br />

III. De acor<strong>do</strong> com o desfecho <strong>do</strong> poema, o céu recebe a alma; logo, liga-se ao<br />

aspecto espiritual. O mar recebe o corpo; logo, representa o universo<br />

material.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas I e II.<br />

(E) I, II e III.


13. Cruz e Sousa foi o primeiro poeta negro de destaque na literatura<br />

brasileira. Sobre o autor de Broquéis, assinale a alternativa INCORRETA.<br />

(A) Embora Cruz e Sousa tenha aborda<strong>do</strong> o tema da transcendência, muitas<br />

vezes sua voz poética se vê afetada por tensões advindas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> físico,<br />

caso da angústia sexual.<br />

(B) O racismo sofri<strong>do</strong> pelo autor catarinense constitui-se em marca poética,<br />

quer na escolha <strong>do</strong>s termos brancos, quer na abordagem acerca da<br />

escravidão.<br />

(C) Mestre da musicalidade, Cruz Sousa soube, como ninguém, levar a pleno o<br />

lema de Verlaine de pôr a música antes de tu<strong>do</strong>.<br />

(D) Adepto da alquimia verbal de Rimbaud, o poeta de Missal buscou<br />

combinações exóticas de sonoridades e cores, constituin<strong>do</strong>-se como autor de<br />

uma linguagem multissensorial.<br />

(E) O uso <strong>do</strong>s poemas em prosa não impediu o autor de mergulhar nos<br />

mistérios da linguagem e das sensações, buscan<strong>do</strong> traduzir a religião <strong>do</strong> verbo<br />

preconizada pelos poetas franceses de mesma tendência.<br />

14.Sobre Alphonsus de Guimaraens, afirma Alfre<strong>do</strong> Bosi, na História<br />

Concisa da Literatura Brasileira, “… foi poeta de um só tema: a morte da<br />

amada”.<br />

Essa obsessão faz <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r cúmplice permanente de<br />

suas <strong>do</strong>res, como se vê na seguinte estrofe desse poeta.<br />

(A) “Ontem, à meia-noite, estan<strong>do</strong> junto<br />

A uma igreja, lembrei-me de ter visto<br />

Um velho que levava às costas isto:<br />

Um caixão de defunto.”<br />

(B) “Espectros que têm voz, sombras que têm tristezas<br />

Perseguem-me: e acompanho os apaga<strong>do</strong>s traços<br />

De semblantes que amei fora da natureza.”<br />

(C) “E o sino canta em lúgubres responsos<br />

Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”<br />

(D) “O olhar fito no chão, como desfeito<br />

Em sangue, o velho, sem me olhar segura,<br />

E ouvir-lhe a única frase que dizia:<br />

Vou levan<strong>do</strong> o meu leito.”<br />

(E) “Hão de chorar por ela os cinamomos<br />

Murchan<strong>do</strong> as flores ao tombar <strong>do</strong> dia.<br />

Dos laranjais hão de cair os pomos,<br />

Lembran<strong>do</strong>-se daquela que os colhia.”


15.Sobre o Simbolismo, podemos convir que<br />

I. utilizou a forma, com os rigores da poética da segunda metade <strong>do</strong><br />

século XIX, embora seu formalismo não tenha se traduzi<strong>do</strong> em hermetismo;<br />

II. ao contrário <strong>do</strong> Parnasianismo, por pretender traduzir os esta<strong>do</strong>s de<br />

alma, alcançou enorme repercussão por transcender os temas subjetivos;<br />

III. manifestou-se integralmente na poesia, seja em verso seja em prosa,<br />

constituin<strong>do</strong>-se, pelo trabalho sugestivo da linguagem, numa antecipação da<br />

linguagem moderna.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas II e III.<br />

(E) I, II e III.<br />

16. Atente-se para o seguinte texto de Mário Quintana.<br />

“Na minha a<strong>do</strong>lescência, to<strong>do</strong> e qualquer escritor se presumia de<br />

estilista, e isso, na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que<br />

deve ter causa<strong>do</strong> a autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto;<br />

grande infanticida, isto é o que ele foi.<br />

Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência<br />

verbal de Ruy Barbosa. O seu fraco, ou seu fraco, eram sinônimos. Recor<strong>do</strong><br />

certa página em que esbanjou seus haveres com as pobres mulheres da vida,<br />

chaman<strong>do</strong>-as de to<strong>do</strong>s os nomes, menos um.”<br />

O texto estabelece uma interessante relação .... com o ...... pelo destaque<br />

pejorativo que dá ...... .<br />

A alternativa que melhor preenche as lacunas acima é<br />

(A) intertextual - Parnasianismo - ao esteticismo .<br />

(B) metalingüística - Parnasianismo <strong>–</strong> à impassibilidade .<br />

(C) temática - Simbolismo - ao subjetivismo .<br />

(D) parafrásica - Simbolismo - à riqueza .<br />

(E) paródica - simbolismo - à impressão .


17. Em relação ao simbolismo e ao parnasianismo brasileiros, assinale V<br />

para verdadeiro ou F para falso.<br />

(...) Os parnasianos se notabilizaram por uma intensa pesquisa vocabular,<br />

acentuan<strong>do</strong> o caráter de novidade da língua.<br />

(...) Cruz e Sousa, embora fosse poeta de intensa musicalidade e apega<strong>do</strong> aos<br />

temas abstratos, também soube produzir poesia de preocupação social, como<br />

Litania <strong>do</strong>s pobres.<br />

(...) Olavo Bilac diferenciou-se dentre os parnasianos, entre outras coisas, por<br />

tratar de temas de interesse mais brasileiro, como em Música brasileira e<br />

Língua Portuguesa.<br />

(...) Alphonsus de Guimaraens celebrizou-se pelo tema da noiva falecida,<br />

embora tenha escritos belíssimos sonetos de devoção à Nossa Senhora.<br />

(...) Poemas como As Pombas, de Raimun<strong>do</strong> Correia, servem de exemplo para<br />

demonstrar que alguns autores parnasianos também exploraram a<br />

possibilidade musical da poesia.<br />

A seqüência correta, de cima para baixo, está na alternativa<br />

(A) V <strong>–</strong> F <strong>–</strong> V <strong>–</strong> V <strong>–</strong> V.<br />

(B) F <strong>–</strong> V <strong>–</strong> V <strong>–</strong> V <strong>–</strong> V.<br />

(C) V <strong>–</strong> V <strong>–</strong> F <strong>–</strong> F <strong>–</strong> F.<br />

(D) V <strong>–</strong> F <strong>–</strong> V <strong>–</strong> F <strong>–</strong> F.<br />

(E) F <strong>–</strong> F <strong>–</strong> F <strong>–</strong> V <strong>–</strong> V.<br />

18.Considere as seguintes a firmações acerca da produção poética <strong>do</strong>s<br />

autores parnasianos.<br />

I. Alberto de Oliveira, cuja obra traduz os ideários da escola, descambou,<br />

por vezes, para a análise científica da realidade, realizan<strong>do</strong> uma síntese <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> positivista.<br />

II. Raimun<strong>do</strong> Correia, sobretu<strong>do</strong> na obra Sinfonias, pretende uma obra<br />

marcada pela plena impassibilidade, realizan<strong>do</strong>, assim, o ideal da arte pela<br />

arte.<br />

III. Olavo Bilac, embora tenha excedi<strong>do</strong> padrões parnasianos ao longo<br />

de sua carreira, acabou, mesmo com obras como Sarças de fogo, por se tornar<br />

o bode expiatório <strong>do</strong>s modernistas.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I.<br />

(B) Apenas II.<br />

(C) Apenas III.<br />

(D) Apenas II e III.<br />

(E) I, II e III.


19.[PUC -RS]<br />

“Ela saltou em meio da roda, com braços na cintura, rebolan<strong>do</strong><br />

as ilhargas e bambolean<strong>do</strong> a cabeça (...) numa sofreguidão (...) carnal, num<br />

requebra<strong>do</strong> luxurioso que a punha ofegante: já corren<strong>do</strong> de barriga empinada,<br />

já recuan<strong>do</strong> de braços estendi<strong>do</strong>s, a tremer toda, como se fosse afundan<strong>do</strong><br />

num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nunca se<br />

encontra o fun<strong>do</strong>.”<br />

O vocabulário <strong>do</strong> texto salienta os traços <strong>do</strong><br />

(A) Romantismo.<br />

(B) Realismo.<br />

(C) Naturalismo.<br />

(D) Impressionismo.<br />

(E) Simbolismo.<br />

20.(UFRGS) Considere o texto abaixo.<br />

O Acrobata da Dor<br />

Cruz e Sousa<br />

Gargalha, ri, num riso de tormenta,<br />

Como um palhaço, que desengonça<strong>do</strong>,<br />

Nervoso, ri, num riso absur<strong>do</strong>, infla<strong>do</strong>,<br />

De uma ironia e de uma <strong>do</strong>r violenta.<br />

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,<br />

Agita os guizos, e convulsiona<strong>do</strong><br />

Salta gavroche, salta clown, vara<strong>do</strong><br />

Pelo estertor dessa agonia lenta...<br />

Pedem-te bis e um bis não se despreza!<br />

Vamos! retesa os músculos, retesa<br />

Nessas macabras piruetas d‘aço...<br />

E embora caias o chão, fremente,<br />

Afoga<strong>do</strong> em teu sangue esfuoso e quente<br />

Ri! Coração, tristíssimo palhaço.<br />

Gavroche: garoto;<br />

Clown: palhaço<br />

Considere as seguintes afirmações em relação ao poema de Cruz e<br />

Sousa.<br />

I <strong>–</strong> Trata-se de poema simbolista que não expressa nitidamente as<br />

emoções representadas, o que é incompatível com a forma <strong>do</strong> soneto.<br />

II <strong>–</strong> Os poetas <strong>do</strong> Simbolismo, incapazes de captarem as sensações e<br />

os sentimentos humanos em sua real dimensão, apelavam para imagens<br />

obscuras.<br />

III <strong>–</strong> O poema mistura em tom veemente imagens contraditórias de riso e<br />

<strong>do</strong>r, utilizan<strong>do</strong> em diferentes metáforas a imagem <strong>do</strong> palhaço.<br />

Quais estão corretas?<br />

(A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III.


QUESTÕES DISSERTATIVAS (Peso = 1,0 (um ponto):<br />

A) Texto crítico:<br />

Ao a<strong>do</strong>tar um narra<strong>do</strong>r unilateral, fazen<strong>do</strong> dele o eixo da forma literária,<br />

Macha<strong>do</strong> se inscrevia entre os romancistas inova<strong>do</strong>res, além de ficar em<br />

linha com os espíritos avança<strong>do</strong>s da Europa, que sabiam que toda<br />

representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o da<strong>do</strong><br />

oculto a examinar, o indício da crise da civilização burguesa. [...] O nosso<br />

cidadão acima de qualquer suspeita <strong>–</strong> o bacharel com bela cultura, o filho<br />

amantíssimo, o mari<strong>do</strong> cioso, o proprietário abasta<strong>do</strong>, avesso aos negócios,<br />

o arrimo da parentela, o moço com educação católica, o passadista<br />

refina<strong>do</strong>, o cavalheiro belle époque <strong>–</strong> ficava ele próprio sob suspeição,<br />

cre<strong>do</strong>r de toda desconfiança disponível. [...]<br />

SCHWARZ, Roberto. A poesia envenenada de Dom Casmurro. Duas meninas.<br />

São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 13. (fragmento).<br />

Leia o capítulo final <strong>do</strong> romance “Dom Casmurro”, de Macha<strong>do</strong> de<br />

Assis:<br />

“Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez<br />

esquecer a primeira amada <strong>do</strong> meu coração? Talvez porque nenhuma<br />

tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas<br />

não é este propriamente o resto <strong>do</strong> livro. O resto é saber se a Capitu da<br />

praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi<br />

mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de<br />

Sirach, se soubesse <strong>do</strong>s meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu<br />

cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se<br />

meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que<br />

não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás<br />

de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da<br />

casca.<br />

E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma<br />

das sumas, ou o resto <strong>do</strong>s restos, a saber, que a minha primeira amiga<br />

e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queri<strong>do</strong>s também,<br />

quis o destino que acabassem juntan<strong>do</strong>-se e enganan<strong>do</strong>-me...”


Roberto Schwarz chama a atenção para o significa<strong>do</strong> da<br />

a<strong>do</strong>ção de um narra<strong>do</strong>r em primeira pessoa nos romances<br />

machadianos. Explique as contradições <strong>do</strong> discurso desse<br />

narra<strong>do</strong>r, complexo e engana<strong>do</strong>r, através da análise <strong>do</strong> último<br />

capítulo <strong>do</strong> romance Dom Casmurro.<br />

Nesta passagem <strong>do</strong> romance “Dom Casmurro”, Bento Santiago<br />

confessa que nenhuma outra mulher (“caprichosas”) despertou-lhe amor tão<br />

profun<strong>do</strong> quanto Capitu, voltan<strong>do</strong> a designá-la pelas metáforas <strong>do</strong>s olhos<br />

(olhos de “ressaca”, de “cigana”) e reafirman<strong>do</strong>, pela última vez, a natureza<br />

envolvente e oblíqua de sua amada. Nas entrelinhas desta afirmativa,<br />

constatamos que o narra<strong>do</strong>r jamais se recuperou afetivamente <strong>do</strong> golpe<br />

sofri<strong>do</strong>, tenha si<strong>do</strong> ele real ou imaginário.<br />

Em seguida, Bento chega a cogitar - basean<strong>do</strong>-se em uma citação<br />

bíblica -, na possibilidade <strong>do</strong>s seus ciúmes terem causa<strong>do</strong> a traição da esposa,<br />

sen<strong>do</strong>, portanto, também ele culpa<strong>do</strong> <strong>do</strong> que ocorrera, ideia que é logo refutada<br />

(negada) pelo narra<strong>do</strong>r na sequência narrativa.<br />

Finalmente, em sua última afirmativa, o narra<strong>do</strong>r conclui pela<br />

culpabilidade da esposa morta, dizen<strong>do</strong> que a Capitu da praia da Glória (a<br />

Capitu adulta) já estava na da rua de Matacavalos (a Capitu menina) “como a<br />

fruta dentro da casca”. Bento Santiago encerra assim o processo de<br />

julgamento de sua mulher, sem lhe conceder a chance de defesa através <strong>do</strong><br />

discurso direto. Este aspecto conclusivo <strong>do</strong> relato levou, durante muito tempo,<br />

leitores e críticos a igualmente condenarem Capitu por adultério, numa<br />

percepção visivelmente influenciada por valores machistas e patriarcais.<br />

Contu<strong>do</strong>, nas últimas décadas, esta visão baseada no “texto sofri<strong>do</strong>” <strong>–</strong><br />

ainda que elegante e sedutor <strong>–</strong> de Bento Santiago foi posta em xeque. Alguns<br />

leitores perceberam que só ele tem o direito à palavra e que a ótica <strong>do</strong>s<br />

acontecimentos é exclusivamente a sua. Outros perceberam algo ainda<br />

mais complexo: a acusação <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r está corroída internamente por tal<br />

quantidade de dúvidas e contradições, que ela mesma não se sustenta. A<br />

cada prova enunciada corresponde a insinuação de uma contraprova.<br />

Desta forma, descobriu-se que o tema <strong>do</strong> romance talvez não seja nem<br />

o adultério, nem os ciúmes, mas a impossibilidade de um indivíduo<br />

conhecer inteiramente outro ser e, por derivação, a impossibilidade <strong>do</strong><br />

homem de alcançar qualquer verdade objetiva e absoluta. Sob esta<br />

perspectiva, Dom Casmurro passou a ser visto como um romance amargo e<br />

genial sobre a fragilidade <strong>do</strong> conhecimento humano.


B) Texto crítico:<br />

O determinismo reflete-se na perspectiva em que se movem os<br />

narra<strong>do</strong>res ao trabalhar as suas personagens. A pretensa neutralidade<br />

não chega ao ponto de ocultar o fato de que o autor carrega sempre de<br />

tons sombrios o destino das suas criaturas. Atente-se, nos romances<br />

desse perío<strong>do</strong>, para a galeria de seres distorci<strong>do</strong>s ou acachapa<strong>do</strong>s pelo<br />

Fatum [...].<br />

BOSI, Alfre<strong>do</strong>. História concisa da literatura brasileira. 33. Ed. São Paulo:<br />

Cultrix, 1994. p. 172-173.<br />

VOCABULÁRIO:<br />

Acachapa<strong>do</strong>s: achata<strong>do</strong>s, planos, encolhi<strong>do</strong>s.<br />

Fatum: destino, fatalidade.<br />

Explique de que maneira o determinismo atua na trajetória<br />

<strong>do</strong>s personagens <strong>do</strong> romance O cortiço, de Aluísio Azeve<strong>do</strong>.<br />

Exemplifique sua resposta.<br />

O Determinismo está presente, em "O Cortiço", nos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> cortiço<br />

que parecem viver para cumprir sem repressões os instintos fundamentais. São<br />

como bichos. Fazem sexo, bebem, comem, expelem, numa seqüência<br />

biológica, grosseiramente física, sem qualquer refinamento espiritual.<br />

A corrupção <strong>do</strong> cenário <strong>–</strong> que se projeta na alma humana <strong>–</strong> não é atribuída<br />

exclusivamente à miséria e à exploração econômica. Ela tem a ver com a ideia<br />

de uma natureza tropical, em que o sol, a luz e o calos, dissolvem o equilíbrio,<br />

amolecem a vontade, fomentam a indisciplina e promovem transgressões<br />

morais e sexuais de toda ordem. Assim, o erotismo e a turbulência <strong>do</strong>s instintos<br />

são transforma<strong>do</strong>s em símbolo de uma forma brasileira de ser e existir.<br />

Jerônimo é o português que vem trabalhar no Brasil e se estabelece no<br />

cortiço com a esposa e a filha. Honesto e aplica<strong>do</strong>, é uma exceção dentro da<br />

estalagem, até conhecer Rita Baiana, mulata sensual que o arrebata à esposa<br />

e à integridade. Influencia<strong>do</strong> pelo meio e apaixona<strong>do</strong> por Rita, perde totalmente<br />

a razão e a sensatez que haviam impressiona<strong>do</strong> os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> cortiço.<br />

Assim, o português Jerônimo comprova a tese <strong>do</strong> determinismo <strong>do</strong> meio<br />

brasileiro: o seu caráter sério e a austeridade de seus costumes desagregamse<br />

na sensualidade in<strong>do</strong>lente, no gosto pelo café e pela cachaça, no vício <strong>do</strong><br />

fumo e na vadiagem como alternativa existencial. Torna-se preguiçoso, começa<br />

a beber e adquiri alguns vícios. Ao ceder à atração da terra, ele perde a chance<br />

de <strong>do</strong>miná-la e explorá-la, ao contrário de seu compatriota João Romão.<br />

As teorias fatalistas se complementam com o peso decisivo <strong>do</strong>s instintos<br />

nas ações <strong>do</strong>s personagens. Esses instintos são sempre bestiais e repulsivos,<br />

intensifican<strong>do</strong> o poder avassala<strong>do</strong>r <strong>do</strong> cenário. A personagem Pombinha sofre<br />

o impacto dessa fermentação sanguínea.


A partir de uma educação sofisticada para o meio em que vive, Pombinha,<br />

"a flor <strong>do</strong> cortiço", é uma das poucas personagens femininas que conseguem<br />

refletir sobre sua própria condição. Impedida, no início, de casar por não estar<br />

fisicamente apta e, depois, incapaz de submeter-se a uma vida familiar<br />

insuportável, acaba por adquirir uma visão, até certo ponto, crítica <strong>do</strong> meio em<br />

que vive e <strong>do</strong> futuro que no mesmo lhe está reserva<strong>do</strong>. Prostituir-se significa<br />

até certo ponto, para ela, revoltar-se contra as condições impostas pelo meio<br />

em que vive. A beleza é a arma que lhe permite trilhar outros caminhos que<br />

não os delimita<strong>do</strong>s pelo espaço social <strong>do</strong> cortiço.<br />

Depois da chegada de sua menstruação, Pombinha desenvolve sua “alma<br />

enfermiça e aleijada”, viven<strong>do</strong> uma rápida experiência homossexual com a<br />

prostituta (e madrinha) Léonie e depois se casan<strong>do</strong> com um rapaz que ela já<br />

não ama. Trai várias vezes o mari<strong>do</strong>, mas só encontra seu destino quan<strong>do</strong> vai<br />

viver definitivamente com Léonie e deixa-se levar sem remorsos para a<br />

prostituição:<br />

“Pombinha, só com três meses de cama franca, fizera-se tão perfeita no<br />

ofício como a outra; a sua infeliz inteligência, nascida e criada no modesto lo<strong>do</strong><br />

da estalagem, medrou logo admiravelmente na lama forte <strong>do</strong>s vícios de largo<br />

fôlego; fez maravilhas na arte; parecia adivinhar to<strong>do</strong>s os segre<strong>do</strong>s daquela<br />

vida.”<br />

Assim, se alguém escapa da corrupção <strong>do</strong> meio, naufraga, a seguir, na<br />

corrupção de sua própria animalidade. O reducionismo biológico da estética<br />

naturalista transforma to<strong>do</strong> ser humano em um animal. É o substrato comum<br />

que unifica os homens. Como diz Antonio Candi<strong>do</strong>, “há uma tendência a<br />

conceber a vida como a soma das atividades <strong>do</strong> sexo e da nutrição, sem outras<br />

esferas significantes”.<br />

Enfim, a pressão rasteira da animalidade manifesta-se no dia-a-dia <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> cortiço, os quais parecem viver tão-somente para atender as<br />

suas necessidades primárias: beber, comer, <strong>do</strong>rmir, fazer sexo, brigar e<br />

divertir-se como bichos. Os que aspiram a algo mais são implacavelmente<br />

leva<strong>do</strong>s à perversão, a exemplo de Pombinha e Jerônimo.

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