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Design/Ciência/Informação - Esdi - UERJ

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Eu mesmo considerei 40 anos atrás quando como recém egresso comecei a interessar me<br />

pela relação ciência/design os dois campos como antagônicos. Hoje diria: ciência e design<br />

são estruturalmente semelhantes. Eles diferem nos objetivos e na modalidade de intervir na<br />

realidade. Cientistas e designers são oportunistas e especialistas em descobrir jeitinhos<br />

(tinkering). Talvez deveríamos substituir o termo »ciência« pelo neologismo »jeitinheria«, e<br />

ensinar o »jeitinhismo« como disciplina fundamental seria a função principal da<br />

»universidade« para formar profissionais com competência inovativa. O cientista inovativo<br />

visa a produzir novos conhecimentos, o designer inovativo - quase um pleonasmo - visa a<br />

propostas de incorporar as ferramentas da tecnologia na pratica da vida cotidiana, fazendo<br />

artefatos utilizáveis e informações compreensíveis.<br />

No trabalho cientifico podemos diferenciar três fases: Primeiro, a produção de<br />

conhecimentos novos - e isso é a função principal das ciências e nesse aspecto muito<br />

diferente das atividades projetuais. Segundo - e ligada a primeira fase - temos a legitimação<br />

ou a produção de evidências - o que em inglês se chama »grounding« - para as afirmações<br />

feitas.Em terceiro temos a apresentação/comunicação dos conhecimentos novos para<br />

acrescentar ao universo do saber.Em nessa terceira fase do processo científico podemos<br />

colocar o design que lida com o controvertido conceito »informação«.<br />

Não temos ate hoje uma clara definição do que é aquela misteriosa entidade chamada<br />

»informação«. Foi uma idéia brilhante do jovem cientista Shannon com seu colega Weaver<br />

nos fins da década dos quarenta tratar de medir esse fenômeno chamado informação o que<br />

até então ninguém havia intentado. Com boa razão ele é considerado um dos pais da<br />

informática e se existisse um prêmio Nobel para a informática ele teria sido um merecido<br />

candidato. Ele possuía uma faceta de brincalhão passeando com seu monociclo pelos<br />

corredores dos Laboratórios Bell, fazendo ao mesmo tempo atos de habilidade jogando aros<br />

ou bolas no ar sem que caíssem no chão. Ele até calculou o número máximo de bolas que<br />

um malabarista pode manter no ar (eram creio cerca de 20). Então foi um pesquisador sério.<br />

Porém sua decisão terminológica de falar de informação e não de sinais pode-se considerar<br />

infeliz. A eficiência de transmissão de sinais em linhas telefônicas sem perda provocada pelo<br />

ruído era seu principal interesse. O modelo de comunicação entre um emissor de sinais<br />

passando por um canal e chegando a um destinatário dos sinais foi acriticamente adaptado e<br />

reproduzido em muitos cursos de design gráfico. Pouca atenção se prestou ao fato de que<br />

ele explicitamente excluía a dimensão semântica das suas pesquisas. E nesse ponto<br />

encontramos a fundamental diferença entre o enfoque científico da informática e o enfoque<br />

projetual do design. Não quero provocar uma polêmica, porem temos o paradoxo que a<br />

informática é possivelmente a disciplina que menos clareza possui sobre o conceito<br />

»informação«.<br />

Observando o discurso no campo da gestão de empresas podemos constatar um<br />

deslocamento no uso de dois termos centrais. Menos e menos se fala de informação e mais<br />

e mais se fala de conhecimento. Uma das novas ondas na administração de empresas é o<br />

»knowledge management« (gerência do conhecimento) que surgiu como uma resposta ás<br />

limitações dos MIS (»management information systems«). Que é conhecimento? Numa<br />

proposta podemos ler:<br />

»O conhecimento é uma mistura fluida entre experiências construídas, valores, informação<br />

contextual e perspicácia do especialista que provê uma estrutura para avaliar e incorporar<br />

novas experiências e informação. Isso se origina e está aplicado na mente dos<br />

conhecedores. Nas empresas freqüentemente manifesta-se não somente em documentos e<br />

arquivos, mas também em rotinas organizativas, práticas e normas.«(Davenport, Thomas H.<br />

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