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1 A Pregação e o pregador

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Josué Gonçalves & João A. de Souza Filho<br />

parece haver infl u enciado o mundo grego com sua maneira de discursar. Daí<br />

vem o estilo de pregação socrático, em que o <strong>pregador</strong> discursa e se empolga<br />

fazendo perguntas e respondendo as mesmas perguntas aos seus ouvintes.<br />

(A propósito, a pregação socrática comum entre os pentecostais vem dando<br />

lugares às pregações dialogais, conversas e ensinamentos que às vezes se tornam<br />

monótonos. Não que seja errado, pois é uma forma de se comunicar o<br />

ensino da palavra de Deus, mas a característica dos grandes <strong>pregador</strong>es do<br />

passado sempre foi a do discurso em voz alta, fi rme, forte e em tom solene,<br />

assunto que será abordado mais adiante).<br />

Depois de Sócrates surge a imponente fi gura de Demóstenes (384-322<br />

a.C.) que devido as difi culdades de se expressar e falar aperfeiçoou a dicção<br />

colocando pequenas pedras na boca enquanto falava. Fazia também parte de<br />

seu treinamento declamar em plena corrida. Olhava-se demoradamente num<br />

grande espelho para ver se sua expressão<br />

causava impacto. “Vem daí a reputação de<br />

não ter sido bem dotado pela natureza e só<br />

É preciso eliminar<br />

a idéia preconcebida de<br />

que pregar é entregar um<br />

sermão, ou discursar<br />

conforme certas regras<br />

homiléticas canônicas.<br />

haver adquirido habilidade e força oratória<br />

pelo trabalho incansável”, escreveu Plutarco.<br />

Ao contrário de outros grandes oradores<br />

atenienses, Demóstenes não gostava de improvisar.<br />

Mais tarde Roma conheceu Cícero<br />

ou Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) um<br />

dos maiores oradores do senado romano.<br />

Cícero, na oratória clássica é o equivalente<br />

romano do grego Demóstenes. Pela sua voz,<br />

postura, gênio, paixão e capacidade de improvisação era dotado para o exercício<br />

da eloquência.<br />

Mas esses grandes oradores discursavam fi losofi a, política e desenvolveram<br />

a arte da oratória para comunicar idéias e pensamentos, diferentemente<br />

dos <strong>pregador</strong>es cristãos do primeiro século que desenvolveram a<br />

arte da oratória ou da pregação para comunicar, não as suas palavras, mas as<br />

palavras de Deus. Pode ser que nossos primeiros apóstolos, especialmente<br />

Paulo tenha estudado a arte da oratória nas escolas gregas da época – certamente<br />

havia este currículo nas escolas – e assimilaram a cultura grega para<br />

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