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Leia um trecho - Editora Batista Regular

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Recursos para Educação de Adolescentes<br />

Paul David Tripp<br />

editora batista regular<br />

"Construindo Vidas na Palavra de Deus"<br />

Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP<br />

2013


A IDADE DA OPORTUNIDADE<br />

Recursos para Educação de Adolescentes<br />

P&R PUBLICAÇÕES<br />

CAIXA POSTAL 817 – PHILLIPSBURG – NOVA JÉRSEI 08865<br />

© 1997, 2001 por Paul David Tripp<br />

Publicado originalmente em inglês com o título<br />

AGE OF OPPORTUNITY<br />

pela Presbyterian and Reformed Publishing Company.<br />

Todos os direitos reservados. Nenh<strong>um</strong>a parte deste livro poderá ser reproduzida,<br />

armazenada em sistema de recuperação ou transmitida de nenh<strong>um</strong>a forma<br />

ou por nenh<strong>um</strong> meio – eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou de outro<br />

modo, exceto para breves citações com o propósito de fazer críticas ou comentar,<br />

sem autorização prévia da publicadora “Presbyterian and Reformed Publishing<br />

Company”, P.O. Box 817, Phillipsburg, Nova Jérsei 08865-0817.<br />

Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional TM © 1993, 2000. Copyright por International<br />

Bible Society. Usado com permissão. Todos os direitos reservados<br />

mundialmente. Textos em itálico indicam ênfase acrescentada.<br />

ISBN 978-85-7414-020-9<br />

Tradução: Talita Baulé<br />

Revisão: Fábio Amarante<br />

<strong>Editora</strong>ção e Capa: Edvaldo Matos<br />

Supervisão de Produção: Edimilson Lima dos Santos<br />

Primeira edição em português: 2008<br />

Segunda impressão: 2011<br />

Publicado no Brasil com a devida autorização<br />

e com todos os direitos reservados pela:<br />

EDITORA BATISTA REGULAR DO BRASIL<br />

Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP<br />

Telefone: (011) 5561-3239 – Site: www.editorabatistaregular.com.br


Para Luella<br />

Há vinte e seis anos, você tem sido<br />

minha melhor amiga, professora e exemplo.<br />

Você me ensinou de várias maneiras o que<br />

realmente é educar.<br />

Obrigado; sua contribuição é muito maior do que<br />

você possa imaginar.


Índice<br />

Prefácio ..........................................................................................5<br />

Primeira Parte:<br />

Removendo os Resíduos<br />

1. Idade da Oportunidade ou Período<br />

de Sobrevivência? .................................................................8<br />

2. Que Ídolos estão no Caminho? ........................................26<br />

3. O que é Família? Definição ...............................................38<br />

4. O que é <strong>um</strong>a Família? Descrição da Tarefa ...................52<br />

5. Pais, Conheçam Seus Adolescentes .................................74<br />

Segunda Parte:<br />

Estabelecendo Objetivos Espirituais<br />

6. Objetivos, Glória e Graça ................................................100<br />

7. Há <strong>um</strong>a Guerra Sendo Travada .....................................110<br />

8. Convicções e Sabedoria ...................................................131<br />

9. Vida no Mundo Real ........................................................147<br />

10. Um Coração Voltado para Deus ....................................176<br />

11. Saindo de Casa .................................................................203<br />

Terceira Parte:<br />

Estratégias Práticas para a Educação de Adolescentes<br />

12. Três Estratégias para a Educação dos Adolescentes ...226<br />

13. Pequenos Passos para <strong>um</strong>a Grande Mudança .............248


Prefácio<br />

Foi em agosto de 1971, três meses antes de completar vinte<br />

e <strong>um</strong> anos, que ass<strong>um</strong>i meu primeiro cargo pastoral, como<br />

Diretor de Jovens da Igreja Metodista Unida de Whaley Street,<br />

em Colúmbia, Carolina do Sul. Aqueles dias em Whaley Street<br />

parecem estar tão distantes, quase como se fizessem parte<br />

da vida de outra pessoa. Por outro lado, há <strong>um</strong>a coisa que<br />

permanece em mim: o desejo de ver o Evangelho aplicado aos<br />

difíceis anos de transição entre a infância e a fase adulta.<br />

Eu não poderia ter escrito este livro em 1971. Em muitos<br />

aspectos, eu era <strong>um</strong> dos jovens sobre os quais escrevo aqui.<br />

Mas, mais do que isso, havia muito trabalho que Deus precisava<br />

realizar em mim por meio de tantas pessoas que Ele<br />

levantaria. Seria impossível mencionar todos os que contribuíram<br />

para as reflexões aqui contidas. Este livro representa<br />

o ministério de amor de pastores, professores, amigos, irmãos<br />

e famílias; todos os que colaboraram para que eu entendesse<br />

o que significa viver biblicamente.<br />

Gostaria de agradecer a alg<strong>um</strong>as pessoas que foram importantes<br />

colaboradoras para minha vida, meu ministério e<br />

este livro. Primeiramente, agradeço a meus filhos, Justin (9/76),<br />

Ethan (9/78), Nicole (9/81) e Darnay (10/85). Vocês me deram a<br />

oportunidade de aprender e me ensinaram muito sobre o que<br />

significa educar à maneira de Deus. Obrigado pelo dom do<br />

perdão que vocês me concederam tantas e tantas vezes. Obrigado<br />

por me ajudarem a ver que a adolescência é, na verdade,<br />

<strong>um</strong>a época de enorme oportunidade. Obrigado também por<br />

não me acusarem de gostar mais do computador do que de


6<br />

PREFÁCIO<br />

vocês quando passei todas aquelas noites no quarto, digitando.<br />

Enfim, obrigado por me permitirem contar as histórias das<br />

nossas lutas. Elas ajudam a dar integridade a este livro.<br />

Tedd, estou certo de que você não faz idéia do quanto me<br />

serviu de guia durante esses anos. Raramente deixo de mencionar<br />

seu nome em <strong>um</strong>a ilustração ou citação quando estou<br />

ensinando. Obrigado por me encorajar a escrever este livro.<br />

Ed, Dave e John (membros da faculdade da Fundação Cristã<br />

de Aconselhamento e Educação), obrigado por me ajudarem<br />

a considerar e aplicar a teologia escriturística onde realmente<br />

importa. Obrigado, também, por sua contínua influência ao<br />

ministrarmos juntos.<br />

Sue, jamais poderei lhe agradecer o suficiente pelas horas<br />

de trabalho editorial que simplesmente fizeram deste <strong>um</strong> livro<br />

melhor. Sua habilidade de capturar meus pensamentos com<br />

economia e clareza de palavras é grandemente apreciada.<br />

Ruth, obrigado pelas muitas horas dedicadas à transcrição.<br />

Sua disposição para o trabalho me deu o “empurrão” de que<br />

precisava.<br />

Jayne, obrigado por se comprometer a fazer as coisas<br />

planejadas realmente acontecerem. Este livro é <strong>um</strong> dos frutos<br />

de seu comprometimento.<br />

Minha oração é que este livro proporcione esperança,<br />

coragem e discernimento aos milhares de pais que vão começar<br />

ou que já estão vivenciando a adolescência de seus<br />

filhos. Que as verdades da Palavra de Deus transformem <strong>um</strong><br />

período de ansiosa sobrevivência em época de expectativa e<br />

oportunidade!


PRIMEIRA PARTE<br />

Removendo<br />

os Resíduos


1<br />

Idade da Oportunidade ou<br />

Período de Sobrevivência?<br />

ESTÁ em todo lugar a nossa volta: na sitcom 1 da televisão,<br />

na revista da prateleira do supermercado, nas estantes da<br />

livraria do bairro, nos programas de entrevistas da televisão<br />

e do rádio e, sim, até em alguns livros cristãos sobre família.<br />

Os pais têm medo de seus filhos adolescentes. Até mesmo<br />

quando estão desfrutando as delícias dos primeiros anos da<br />

vida da criança, olham para o futuro com pavor, esperando<br />

o pior e sabendo que, em poucos e rápidos anos, essa preciosidade<br />

se transformará em monstro da noite para o dia. Eles<br />

ouviram histórias suficientes de pais que passaram pelo “vale<br />

da escuridão” da adolescência e conhecem os perigos que os<br />

aguardam. São aconselhados a esperar o pior e agradecer se<br />

saírem do “vale” sãos, com os adolescentes vivos e sua família,<br />

intacta.<br />

Deparei com esta visão da adolescência recentemente,<br />

em <strong>um</strong>a conferência sobre o casamento. O fim de semana ha-<br />

1. “Sitcom é <strong>um</strong> estrangeirismo, sendo a abreviatura da expressão em inglês situation<br />

comedy. Por vezes, utiliza-se <strong>um</strong>a versão aportuguesada para o mesmo termo:<br />

comédia de situação. Um bom exemplo de sitcom é o seriado Friends. Sitcoms<br />

normalmente consistem n<strong>um</strong>a série de televisão com personagens comuns onde<br />

existem <strong>um</strong>a ou mais histórias de h<strong>um</strong>or encenadas em ambientes comuns como<br />

família, grupo de amigos, local de trabalho. Em geral são gravados em frente de<br />

<strong>um</strong>a plateia ao vivo e caracterizados pelos “sacos de risadas”, embora isso não seja<br />

<strong>um</strong>a regra.” (Fonte: Wikipédia)


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

via sido ótimo, em todos os sentidos. As mensagens tinham<br />

sido envolventes, desafiadoras e edificantes. A alimentação<br />

e as acomodações haviam sido maravilhosas e a conferência<br />

fora realizada em <strong>um</strong> lindo local à beira mar. Quando o fim<br />

de semana estava para terminar, enquanto eu olhava para o<br />

sol cintilando nas águas da baía, notei <strong>um</strong> casal sentado nas<br />

proximidades. Pareciam bastante infelizes.<br />

Fiquei curioso, e então perguntei a eles se haviam gostado<br />

da conferência. Tudo tinha sido muito bom, responderam.<br />

Comentei que eles não pareciam estar muito felizes. A mulher<br />

respondeu: “Temos dois adolescentes e estamos com medo<br />

de ir para casa. Gostaríamos que este fim de semana durasse<br />

para sempre!” “É de se esperar que os adolescentes sejam<br />

rebeldes; todos nós fomos”, o marido acrescentou. “Você tem<br />

que ‘resistir’ ”. “Além disso”, lamentou-se ela, “não se pode<br />

discutir com hormônios!”<br />

Fui embora convencido de que alg<strong>um</strong>a coisa estava fundamentalmente<br />

errada com a nossa visão dessa época específica<br />

da vida. Há algo inerentemente errado na epidemia cultural<br />

do medo e no cinismo em relação a nossos adolescentes. Algo<br />

não vai bem quando o objetivo máximo dos pais é sobreviver<br />

a essa fase. Precisamos reconsiderar: esta é a visão bíblica de<br />

tal período da vida? Esta visão leva a estratégias bíblicas de<br />

educação e à esperança bíblica?<br />

Precisamos verificar o que há de errado com o cinismo em<br />

relação aos adolescentes, que é endêmico em nossa cultura.<br />

Visão Biológica dos Adolescentes<br />

Muitas vezes falamos de nossos adolescentes como se eles<br />

não fossem mais do que <strong>um</strong> punhado de hormônios de fúria<br />

e rebelião envolvidos por pele em desenvolvimento. Temos<br />

como objetivo de alg<strong>um</strong>a forma conter esses hormônios para<br />

9


10<br />

CAPÍTULO UM<br />

que possamos sobreviver até que o adolescente chegue aos<br />

vinte anos. Uma mãe recentemente se alegrou em me dizer que<br />

seu filho havia feito vinte anos, como se ele tivesse passado<br />

por <strong>um</strong>a porta mágica, saindo do perigo para a segurança.<br />

“Conseguimos!” disse ela.<br />

A mentalidade da “sobrevivência” expõe a pobreza desta<br />

visão dos adolescentes. Muitos pais que vêm conversar comigo<br />

sobre seus filhos adolescentes falam sem esperança e<br />

os vêem como vítimas dos hormônios que os levam a fazer<br />

loucuras. Embora jamais o digam, a teologia que se esconde<br />

atrás desta visão é que as verdades das Escrituras, o poder do<br />

Evangelho, a comunicação bíblica e os relacionamentos que<br />

agradam a Deus não são páreo para os anos da adolescência.<br />

Sim, cremos que a Palavra de Deus é poderosa e eficaz, exceto<br />

se alg<strong>um</strong>a pobre alma está tentando aplicá-la a <strong>um</strong> filho entre<br />

catorze e dezenove anos! Agora até temos <strong>um</strong>a categoria de<br />

crianças chamadas “pré-adolescentes”. Essa é a época em que<br />

as características de monstro do adolescente começam a se<br />

desenvolver e erguem suas horripilantes cabeças.<br />

Estamos acomodados com a visão dos adolescentes que<br />

diz que por causa das importantes mudanças biológicas que se<br />

passam no interior deles, eles são essencialmente inatingíveis?<br />

Estamos acomodados com a visão hormonal dos adolescentes<br />

que os reduz a vítimas das forças biológicas, eximindo-os de<br />

responsabilidade por suas próprias escolhas e ações? Nós<br />

realmente desejamos ter <strong>um</strong>a visão dos adolescentes que nos<br />

faria acreditar que as verdades que dão vida e esperança a<br />

todos que crêem não podem atingir o adolescente? Não podemos<br />

conservar <strong>um</strong>a fé robusta no poder do evangelho se<br />

continuarmos aprovando o cinismo de nossa cultura sobre a<br />

adolescência.


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

Sacrifício e Sofrimento Especiais?<br />

Em 2 Timóteo 2:22, Paulo exorta Timóteo: “Fuja dos<br />

desejos malignos [paixões] da juventude”. Esta pequena e<br />

interessante frase nos conclama ao equilíbrio na maneira de<br />

pensar sobre os adolescentes e no modo como definimos tal<br />

fase da vida. Por <strong>um</strong> lado, a Bíblia nos desafia a não sermos ingênuos<br />

quanto a esse período de vida. Há paixões que afligem<br />

de forma especial os jovens, tentações que são especialmente<br />

fortes. Estas devem ser enfrentadas. As Escrituras ordenam<br />

que sejamos estratégicos, que façamos a pergunta: “Quais são<br />

os desejos malignos que oprimem <strong>um</strong>a pessoa durante este<br />

período específico da vida?”<br />

Ao mesmo tempo, Paulo usa a palavra “juventude” porque<br />

cada fase tem seu próprio conjunto de tentações. As tentações<br />

de <strong>um</strong> menino, de <strong>um</strong> jovem e de <strong>um</strong> velho não são exatamente<br />

as mesmas. As tentações do adolescente não são especialmente<br />

cruéis e intensas. Todos que desejam agradar ao Senhor devem,<br />

em todas as épocas da vida, vigiar, orar, resistir e lutar<br />

para não cair em tentação. O adolescente é chamado para se<br />

guardar das tentações que são típicas da juventude, enquanto<br />

as pessoas mais velhas são chamadas a se guardarem contra as<br />

tentações típicas da maturidade. Todos, independentemente<br />

da idade, devem aceitar cada estágio da batalha como cristãos<br />

que vivem em <strong>um</strong> mundo degradado.<br />

Batalha da Biologia ou Batalha do Coração?<br />

A passagem de 2 Timóteo também é útil na maneira como<br />

coloca e define a batalha do jovem. Há, de fato, <strong>um</strong>a batalha<br />

sendo travada impetuosamente nas vidas dos jovens, mas não<br />

é a batalha da biologia. É <strong>um</strong>a batalha intensamente espiritual,<br />

<strong>um</strong>a batalha pelo coração. É exatamente isso que Paulo deseja<br />

que nós saibamos quando exorta Timóteo a não deixar seu<br />

11


12<br />

coração ser controlado pelos desejos malignos. Esta batalha<br />

não é exclusivamente dos adolescentes. Ela se define <strong>um</strong> pouco<br />

mais durante a adolescência, mas é a batalha de todo pecador.<br />

A tendência de todo pecador, não importando a sua<br />

idade, é bem capturada por Paulo em Romanos 1:25, isto é,<br />

a tendência de trocar a adoração e o serviço ao Criador pela<br />

adoração e o serviço à criatura. Sim, é ali na vida do adolescente<br />

que deixa as suas convicções em troca da aprovação de<br />

seus amigos, mas está presente tão fortemente no adulto que<br />

negligencia a família e as prioridades espirituais em troca de<br />

sucesso profissional. A batalha, como Paulo a entende, é <strong>um</strong>a<br />

batalha do coração, e é dramaticamente importante porque o<br />

que controla o coração dirige a vida.<br />

Há significativas tentações do coração com as quais os<br />

adolescentes deparam, levando-os a crer que eles não podem<br />

viver sem alg<strong>um</strong> aspecto da criação. Essas vozes os chamam<br />

a crer que identidade, significado e propósito podem ser encontrados<br />

na criatura e não no Criador. São os conflitos que<br />

podem alterar a vida do adolescente. Não ousamos perdê-los<br />

por causa de nossos temores biologicamente orientados e<br />

de nossa mentalidade de sobrevivência. Temos que crer que<br />

Jesus veio para que cada <strong>um</strong> de nós fosse liberto dos desejos<br />

de nossa natureza pecaminosa a fim de que possamos servir<br />

a Ele, somente a Ele. Isso inclui os nossos adolescentes.<br />

As Lutas dos Pais<br />

CAPÍTULO UM<br />

O t<strong>um</strong>ulto da adolescência não é composto somente das<br />

atitudes e ações dos adolescentes, mas dos pensamentos,<br />

desejos, atitudes e ações dos pais também. A adolescência é<br />

difícil para nós porque ela tende a trazer à luz o pior de nós.<br />

É durante esses anos que os pais se pegam dizendo coisas que<br />

nunca pensaram que iriam dizer. Os pais se vêem reagindo


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

com acusações, manipulação de culpa e ultimatos, respondendo<br />

com <strong>um</strong> nível de ira que nunca pensaram ser possível.<br />

É durante esses anos que os pais lutam com a vergonha por<br />

estarem associados ao adolescente que <strong>um</strong> dia foi, quando<br />

criança, <strong>um</strong>a grande fonte de orgulho e alegria.<br />

É vital para nós confessarmos que a luta da adolescência<br />

não diz respeito somente à biologia e à rebelião adolescente.<br />

Esses anos são difíceis para nós porque eles expõem os pensamentos<br />

errados e desejos de nossos próprios corações. Há<br />

<strong>um</strong> princípio aqui que precisamos reconhecer. Minha mãe<br />

o colocava da seguinte maneira: “Não há nada que saia de<br />

alguém embriagado que já não estivesse lá antes”. Esses anos<br />

são difíceis para nós porque eles rasgam o véu e nos expõem.<br />

É por isso que as tentações são tão difíceis, porém tão úteis nas<br />

mãos de Deus. Não mudamos radicalmente em <strong>um</strong> momento<br />

de tentação. Não, as tentações revelam o que sempre fomos.<br />

As tentações desnudam coisas para as quais, de outra forma,<br />

permaneceríamos cegos. Assim também, a adolescência expõe<br />

nosso farisaísmo, nossa impaciência, nosso espírito implacável,<br />

nossa falta de amor servil, a fraqueza de nossa fé e nossa ânsia<br />

por conforto e comodidade.<br />

Por que Perdemos Oportunidades<br />

Recentemente, recebi em meu escritório <strong>um</strong> pai que estava<br />

tão bravo com seu filho, que já era <strong>um</strong> enorme esforço ele<br />

conseguir se controlar diante de mim. Ele não via as tremendas<br />

necessidades espirituais de seu filho e nem que havia sido<br />

especialmente inc<strong>um</strong>bido por Deus para supri-las. Não havia<br />

ternura no relacionamento entre eles; nem mesmo cordialidade.<br />

Havia, sim, <strong>um</strong>a tensa distância. Em <strong>um</strong>a ocasião, o pai<br />

levantou-se para falar ao filho sobre seu boletim escolar. Ele foi<br />

até a cadeira onde o filho estava sentado, esfregou o boletim<br />

em seu rosto e disse: “Como você se atreve a fazer isso comigo<br />

13


14<br />

CAPÍTULO UM<br />

depois de tudo o que eu tenho feito por você?” Para ele, as más<br />

notas eram <strong>um</strong>a afronta pessoal. E não era dessa forma que ele<br />

achava que as coisas tinham que funcionar. Ele havia feito a<br />

sua parte; agora o filho deveria fazer a dele. Ele estava bravo<br />

com seu filho, mas não por causa de seu pecado contra Deus.<br />

Ele estava bravo porque o filho havia privado dele como pai,<br />

coisas que ele valorizava muito: sua reputação como bom pai<br />

cristão, o respeito que achava que merecia e a comodidade que<br />

pensava que finalmente alcançaria com filhos mais velhos.<br />

Não havia nele atitude de ministério, nem senso de oportunidade,<br />

nem tentativa de tomar parte no que Deus estava<br />

fazendo na vida de seu filho. Ao contrário, ele estava cheio<br />

da ira descrita em Tiago 4:2: “Vocês cobiçam coisas, e não as<br />

têm”.<br />

O cinismo cultural que em discussão aqui está baseado<br />

em quem achamos que os adolescentes são e no que achamos<br />

que eles estão passando. Nossa tendência é crer que pouco<br />

podemos fazer para tornar esses anos mais produtivos. Tal<br />

cultura diria que precisamos aplicar estratégias positivas de<br />

sobrevivência que preservem a sanidade dos pais e a estabilidade<br />

do casamento, e que mantenham o adolescente tão fora<br />

de perigo causado por suas próprias mãos quanto possível.<br />

Contudo, em minha experiência, quando os pais começam<br />

a reconhecer, admitir, confessar e mudar as atitudes de seus<br />

próprios corações e as ações erradas que fluem delas, o resultado<br />

é <strong>um</strong>a diferença marcante em seu relacionamento com<br />

os filhos adolescentes e na maneira como vêem os conflitos da<br />

adolescência. Quando nos preocupamos com a adolescência,<br />

precisamos olhar não apenas para nossos filhos, mas também<br />

para nós mesmos. Os pais que h<strong>um</strong>ildemente se dispõem a<br />

mudar, se colocam em posição para ser instr<strong>um</strong>entos de mudança<br />

de Deus.


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

Uma Maneira Melhor (de Ver a Adolescência)<br />

É hora de rejeitar o cinismo indiscriminado de nossa cultura<br />

em relação à adolescência. Este não é <strong>um</strong> período de luta<br />

não dirigida e improdutiva, mas de oportunidade sem precedente.<br />

São os anos dourados da paternidade, quando todas as<br />

sementes plantadas começam a ser colhidas e quando se pode<br />

ajudar o adolescente a internalizar a verdade, preparando-o<br />

para <strong>um</strong>a vida produtiva de honra a Deus como adulto.<br />

São anos de profundo questionamento, anos de maravilhosas<br />

discussões nunca antes possíveis. Anos de falha e luta<br />

que expõem o verdadeiro coração do adolescente. São anos de<br />

ministração diária e de grande oportunidade.<br />

Estes não são anos para serem meramente sobrevividos!<br />

Devem ser encarados com <strong>um</strong> senso de esperança e missão.<br />

Quase todo dia traz <strong>um</strong>a nova oportunidade de entrar na vida<br />

de seu adolescente com ajuda, esperança e verdade. Não devemos<br />

nos resignar a <strong>um</strong> relacionamento cada vez mais distante.<br />

Esta é <strong>um</strong>a época de conexão com nossos filhos como nunca<br />

houve antes. São anos de grande oportunidade.<br />

É sobre isso que este livro trata. É <strong>um</strong> livro de oportunidade<br />

e esperança. É hora de abandonarmos a posição defensiva<br />

e segura do cinismo e do medo para virmos para a luz,<br />

examinando o plano que Deus tem para nós ao educarmos<br />

filhos adolescentes. Este é <strong>um</strong> livro sobre atividades, objetivos<br />

e estratégias práticas. Este é <strong>um</strong> livro que acredita que as<br />

verdades das Escrituras se aplicam tão poderosamente aos<br />

adolescentes quanto a todas as outras pessoas.<br />

Ao mesmo tempo, este livro não é ingênuo. A adolescência<br />

é freqüentemente <strong>um</strong> período cataclísmico de conflito, luta<br />

e dor. São anos de novas tentações, de provações e testes.<br />

Entretanto, estas mesmas lutas, conflitos, provações e<br />

15


16<br />

CAPÍTULO UM<br />

testes são o que produz oportunidades para educação tão<br />

maravilhosas.<br />

Reconhecendo os Momentos de Mudança de Deus<br />

Em <strong>um</strong>a gelada terça-feira, eu havia tido reuniões de<br />

aconselhamento durante todo o dia e dado aulas por três<br />

horas à noite. Estava indo para casa aproximadamente às dez<br />

horas, sonhando com <strong>um</strong>a hora ou mais de relaxamento antes<br />

de ir para a cama. Silenciosamente, esperei que, por <strong>um</strong>a<br />

razão inexplicável, a família toda tivesse ido para a cama às<br />

nove horas. Ou, se não tivessem ido para a cama, esperei que<br />

eles instintivamente soubessem que eu estava cansado e não<br />

queria ser incomodado. Raciocinei que havia servido a Deus<br />

fielmente aquele dia. Certamente, Deus concordaria que eu<br />

tinha o direito de me desligar da vida! Sonhei com a sala de<br />

estar vazia, <strong>um</strong>a coca-cola light bem gelada, o jornal e o controle<br />

remoto. Estava totalmente exausto e tinha o direito de relaxar.<br />

(Você pode ver que eu estava me aproximando da casa com<br />

<strong>um</strong>a atitude desinteressada de ministério!)<br />

Abri a porta sem fazer barulho, na vã esperança de que<br />

pudesse entrar sem ser notado. As luzes da sala estavam apagadas<br />

e a casa, silenciosa. Enchi-me de esperança. Talvez os<br />

meus sonhos tivessem se realizado; <strong>um</strong>a noite de descanso só<br />

para mim! Coloquei apenas <strong>um</strong> pé para dentro quando ouvi<br />

<strong>um</strong>a voz nervosa. Que decepção! Desejei agir como se nada<br />

tivesse ouvido. Era a voz de Ethan, meu filho adolescente.<br />

Minha decepção logo se transformou em ira. Quis agarrá-lo e<br />

dizer: “Você não sabe como foi o meu dia? Não sabe o quanto<br />

estou cansado? A última coisa de que preciso agora é lidar com<br />

seus problemas. Você vai ter que resolver isso sozinho. Gostaria<br />

que <strong>um</strong>a vez na vida você pensasse em outra pessoa além de<br />

si mesmo. Faço tanto por você e esse é o agradecimento que<br />

recebo. Você não pode me deixar em paz por <strong>um</strong>a noite?”


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

Todos esses pensamentos me vieram à mente, mas eu não<br />

disse <strong>um</strong>a só palavra. Ouvi Ethan derramar sua queixa. Como<br />

sempre, ele estava bravo com seu irmão mais velho e amaldiçoando<br />

o fato de ele ter <strong>um</strong> irmão mais velho que parecia não<br />

fazer nada senão “estragar a sua vida”. Passava das dez da<br />

noite. O problema que dera início ao dilema era insignificante.<br />

Fui tentado a dizer para ele se acalmar e lidar com o problema,<br />

mas outra coisa a fazer me alertou. Aquele era <strong>um</strong> dos<br />

momentos inesperados de oportunidade, <strong>um</strong> dos momentos<br />

mundanos ordenados por <strong>um</strong> Deus amoroso e soberano, onde<br />

o coração de meu adolescente estava sendo exposto. Era mais<br />

do que <strong>um</strong> momento do Ethan com o seu pai. Era o momento<br />

de Deus, <strong>um</strong> momento dinâmico de redenção, em que Deus<br />

continuaria o trabalho de resgate que havia começado há anos<br />

em meu filho. A única dúvida naquela hora era se eu seguiria<br />

o plano de Deus ou o meu próprio. Eu acreditaria no Evangelho<br />

naquele momento, confiando que Deus me daria aquilo<br />

de que eu tanto precisava para poder realizar o que ele estava<br />

me chamando para realizar na vida de meu filho?<br />

Pedi que Ethan se sentasse à mesa da sala de jantar e me<br />

dissesse o que estava acontecendo. Ele estava magoado e bravo.<br />

Seu coração estava exposto. Conversamos abertamente sobre<br />

a sua ira e ele ficou pronto para ouvir. Uma insignificante<br />

discussão com seu irmão abriu a porta para falarmos sobre<br />

coisas que estavam longe de ser insignificantes. Deus me deu<br />

força e paciência. Ele encheu a minha boca para falar as coisas<br />

certas. Ethan viu a si mesmo de maneira diferente aquela noite<br />

e confessou coisas que nunca havia admitido antes.<br />

Era quase meia-noite quando eu disse boa noite a Ethan.<br />

Abraçamo-nos e fomos dormir. O que à primeira vista parecia<br />

ser <strong>um</strong> momento de irritação por causa de <strong>um</strong> problema<br />

obviamente sem importância, na verdade havia sido <strong>um</strong>a<br />

17


18<br />

oportunidade maravilhosa de ministrar, ordenada por<br />

<strong>um</strong> Deus de amor. Ficou muito claro que Deus não estava<br />

trabalhando somente para mudar Ethan, mas para me mudar<br />

também. O egoísmo de meu coração fora revelado naquela<br />

noite, o mesmo egoísmo que faz com que pais ataquem<br />

violentamente os mesmos adolescentes que precisam deles.<br />

Minha necessidade de Cristo também havia sido exposta. De<br />

forma alg<strong>um</strong>a eu poderia agir como seu instr<strong>um</strong>ento sem a<br />

sua força.<br />

Pequenos Momentos, Alto Chamado<br />

CAPÍTULO UM<br />

Decidi escrever sobre o caso acima por ter representado <strong>um</strong><br />

daqueles notáveis momentos que não só acontecem todos os<br />

dias, mas muitas vezes ao dia. Cada <strong>um</strong> desses momentos está<br />

repleto de oportunidades. Momentos assim são muito mais<br />

abundantes do que os momentos dramáticos da adolescência –<br />

como gravidez, drogas e violência – que recebem tanta atenção<br />

da mídia. Nenh<strong>um</strong> de nós vive constantemente em grandes<br />

momentos de decisão importante; não existem tantos deles na<br />

vida. Ao contrário, vivemos n<strong>um</strong> mundo incrivelmente banal.<br />

É aqui que precisamos ver nossos adolescentes com os olhos<br />

da oportunidade e não com olhos de espanto e medo.<br />

A briga pelo último pedaço de sobremesa, o grito por não<br />

ter o que vestir meia hora antes do horário de aula, o boletim<br />

amassado no bolso da calça jeans jogada no cesto de roupa<br />

suja, a expressão de “tromba” diante do “Não” de <strong>um</strong> pai, a<br />

terceira batida de carro sem grandes conseqüências do mês,<br />

as constantes palavras de descontentamento, o arg<strong>um</strong>ento<br />

de que “todo mundo faz isso” e de que “sou o único cujos<br />

pais obrigam a...”, tudo isso deve ser visto como mais do que<br />

chateações que atrapalham a vida que, de outra forma, seria<br />

agradável. Estes são momentos para os quais Deus fez os pais.<br />

Vocês são os agentes vigilantes de Deus. O chamado de vocês é


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

incrivelmente alto. Vocês são o instr<strong>um</strong>ento de Deus para ajudar<br />

e preparar <strong>um</strong> filho para fazer suas últimas decisões antes<br />

de sair de casa e entrar no mundo de Deus. Estes momentos<br />

fazem sua vida valer a pena. Aqui você fará <strong>um</strong>a contribuição<br />

que é infinitamente mais valiosa do que qualquer carreira ou<br />

realização financeira.<br />

Reconhecendo as Oportunidades<br />

Quanto mais convivo com meus próprios filhos adolescentes,<br />

observando seus amigos e interagindo com outros pais de<br />

adolescentes, mais me convenço de que esta é <strong>um</strong>a época de<br />

incessantes oportunidades. Há coisas que são expostas neste<br />

período delicado, assustador, difícil e volátil de desenvolvimento<br />

que o fazem tão cheio de oportunidades. Esta não é a<br />

época de se esconder! Não é a época de temer que o pior vá<br />

acontecer n<strong>um</strong>a cena de total caos doméstico. Não é a época de<br />

aceitar <strong>um</strong> “conflito de gerações” ditado pela cultura. Esta é a<br />

época de entrar em cheio na batalha e de se aproximar de seu<br />

filho adolescente. É época de envolvimento, interação, diálogo<br />

e relacionamento comprometido. Não é a época de deixar o<br />

adolescente esconder suas dúvidas, temores e erros e sim, a<br />

época de buscar, amar, encorajar, ensinar, perdoar, confessar<br />

e aceitar. É <strong>um</strong>a época maravilhosa!<br />

Atualmente, enquanto escrevo este livro, minha esposa<br />

e eu temos três adolescentes. Em nenh<strong>um</strong> outro período de<br />

nossas vidas tivemos tanto senso de chamado. Temos rido,<br />

chorado, dialogado e orado com nossos filhos. Temos lutado<br />

por eles e com eles. Temos visto erros e tentativas como<br />

oportunidades. Nem sempre temos reagido em fé e tem sido<br />

necessário confessar nossos próprios pecados, mas temos comentado<br />

<strong>um</strong> com o outro que este é <strong>um</strong> período maravilhoso<br />

da vida em família. Estamos tão felizes por estarmos fazendo o<br />

que estamos fazendo. Vemos a glória de Deus sendo revelada<br />

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até no meio de nossos débeis esforços e fraqueza de fé.<br />

Há três portas fundamentais de oportunidades pelas quais<br />

todo pai de adolescente pode entrar. Cada <strong>um</strong> desses problemas<br />

se torna <strong>um</strong> meio de ajudar o adolescente a internalizar<br />

as verdades às quais ele foi exposto por anos. Os problemas<br />

da insegurança, da rebelião e do mundo em expansão do<br />

adolescente são, na verdade, portas divinas de oportunidades<br />

por meio das quais os pais têm acesso exclusivo às questões<br />

centrais nas vidas de seus adolescentes.<br />

A Insegurança do Adolescente<br />

CAPÍTULO UM<br />

Adolescentes não são pessoas seguras! O adolescente que<br />

parece ser seguro no café da manhã pode facilmente suc<strong>um</strong>bir<br />

no jantar. A adolescente que vai dormir achando que está<br />

com boa aparência acorda, olha no espelho antes do café da<br />

manhã e fica convencida de que sua cabeça é grande demais<br />

para seu corpo. O adolescente que é seguro porque pensa que<br />

finalmente entende as regras o suficiente para ser considerado<br />

<strong>um</strong> h<strong>um</strong>anóide quase normal acabará se convencendo de que<br />

é <strong>um</strong> desajuste social terminal por causa de alg<strong>um</strong> momento<br />

embaraçoso em <strong>um</strong>a festa.<br />

Nosso filho Ethan tinha aproximadamente quinze anos<br />

quando chegou em casa <strong>um</strong>a tarde, obviamente desanimado.<br />

Perguntei a ele o que estava errado e ele me disse que todos<br />

os dias, as pessoas o ridicularizavam quando ia ou voltava<br />

da escola. Ele disse: “Vejo as pessoas olharem para mim, conversarem<br />

e rirem”. Foi <strong>um</strong> período difícil para ele. Ele estava<br />

crescendo rapidamente e tinha insegurança em relação a si<br />

mesmo, seu corpo e sua aparência. Ethan estava naquela fase<br />

de transição entre menino e homem e projetava a sua insegurança<br />

em todos a sua volta. Esta época de insegurança física<br />

foi <strong>um</strong> período de muitas oportunidades para ouvir, amar e


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

encorajar para o Evangelho.<br />

Este é <strong>um</strong> período em que o adolescente fica cheio de dúvidas.<br />

Quem sou eu? Minha aparência é boa? Por que a vida é<br />

tão confusa? Será que <strong>um</strong> dia me lembrarei de todas as regras?<br />

O que é certo e o que é errado? Quem está certo e quem está<br />

errado? O que está acontecendo com meu corpo? O que vou<br />

fazer de minha vida? Serei bem-sucedido ou não? As pessoas<br />

realmente gostam de mim? Eu sou normal? Minha família é<br />

normal? Deus é real?<br />

O mundo da aparência física, o mundo dos relacionamentos,<br />

o mundo das idéias, o mundo das responsabilidades<br />

e o mundo do futuro são todos assustadores e incertos para o<br />

adolescente. É esta realidade que faz esta época ser <strong>um</strong>a era de<br />

tantas oportunidades. Em meio a tantas dúvidas, importantes<br />

temas bíblicos podem ser discutidos, tais como a doutrina da<br />

criação, o temor do homem, a soberania de Deus, a natureza<br />

da verdade, identidade em Cristo, guerra espiritual e tentação,<br />

para mencionar apenas alguns. No contexto das inseguranças<br />

diárias, temos a oportunidade de ajudar o adolescente a fazer<br />

a teologia conceitual se tornar teologia funcional e formadora<br />

de vida. Cada <strong>um</strong>a dessas dúvidas fornece <strong>um</strong>a oportunidade<br />

de discutir, testar, experimentar, aplicar e internalizar importantes<br />

verdades bíblicas.<br />

A Rebelião do Adolescente<br />

As histórias de rebelião bruta e flagrante são <strong>um</strong>a das<br />

razões porque os pais temem os anos da adolescência. A idéia<br />

de que <strong>um</strong>a doce criança possa se transformar no líder de<br />

<strong>um</strong>a violenta gangue é o pior pesadelo de <strong>um</strong> pai. Temos que<br />

reavaliar nossa expectativa de rebelião automática do adolescente.<br />

Ao mesmo tempo, temos que reconhecer que esta é <strong>um</strong>a<br />

era em que os filhos tentam ultrapassar os limites, em que as<br />

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CAPÍTULO UM<br />

tentações são abundantes e em que os relacionamentos com<br />

amigos nem sempre promovem o bom comportamento.<br />

Recebemos <strong>um</strong> daqueles tenebrosos telefonemas n<strong>um</strong><br />

domingo à tarde. Era <strong>um</strong>a mãe de nossa igreja dizendo que<br />

nosso filho não havia dormido em sua casa, como pensávamos.<br />

Ela nos contou que nosso filho havia pedido a seu filho que o<br />

acobertasse, mas ele teve <strong>um</strong> despertar de consciência e pediu<br />

ajuda à mãe. Ela telefonou a nós. Ficamos com medo e desapontados.<br />

Por <strong>um</strong> momento, nos rendemos à pior das hipóteses.<br />

Quantas vezes ele havia mentido? Estávamos convivendo com<br />

<strong>um</strong> filho que não conhecíamos? Ao mesmo tempo, estávamos<br />

profundamente agradecidos pela misericórdia libertadora do<br />

Senhor. Perguntamos a nosso filho e ele confessou. Foi <strong>um</strong><br />

momento divisor de águas em que ele escolheria a quem servir.<br />

Saímos do quarto tão agradecidos porque <strong>um</strong> evento que<br />

esperávamos que nunca acontecesse tinha, no plano de Deus<br />

de misericórdia, acontecido.<br />

Há desejos que fazem o adolescente ficar susceptível à<br />

tentação de se rebelar: o desejo de ser <strong>um</strong> indivíduo e pensar<br />

por si mesmo, o desejo de liberdade, o desejo de experimentar<br />

coisas novas, o desejo de testar os limites, o desejo de estar no<br />

controle, o desejo de tomar suas próprias decisões, o desejo de<br />

ser diferente, o desejo de se adequar e o desejo de ser aceito.<br />

Estes, bem como inúmeros outros desejos, todos estimulados<br />

pela autonomia e egocentrismo da natureza do pecado, podem<br />

certamente levar o adolescente para o mau caminho.<br />

Por outro lado, esses conflitos de rebelião e submissão se<br />

tornam o contexto em que outros temas bíblicos podem ser<br />

discutidos, aplicados e internalizados. As verdades bíblicas<br />

que se relacionam com autoridade, semear e colher, natureza<br />

da verdade e da falsidade, sabedoria e insensatez, lei e graça,<br />

confissão, arrependimento, perdão e a natureza e função do


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

coração, todos esses tópicos podem ser abordados em meio a<br />

esses momentos cruciais de submissão e rebelião. Os pais que<br />

têm olhos voltados para a oportunidade terão muitas e muitas<br />

chances de lidar com as questões centrais da fé bíblica na vida<br />

de seus filhos adolescentes.<br />

O Mundo em Expansão do Adolescente<br />

Uma das coisas que assustam os pais e é fonte de insegurança<br />

para seus filhos é a súbita explosão do mundo do adolescente.<br />

De repente, parece que o mundo fica maior. Aquele<br />

menino ou menina que ficava horas brincando no quintal,<br />

agora percorre muitos quilômetros em busca de novos lugares,<br />

novas experiências e novos amigos.<br />

Este mundo nem sempre é excitante para o adolescente.<br />

Às vezes, ele parece ser assustador e esmagador. Há momentos<br />

em que o adolescente se mostra animado com a alegria da<br />

descoberta e há outros em que ele fica tímido e distante. Às<br />

vezes, ele gosta de ser adolescente, às vezes, parece ter medo<br />

das expectativas postas sobre ele.<br />

Não há como interromper a expansão de seu mundo. É <strong>um</strong><br />

mundo de novos amigos, novos locais, novas oportunidades e<br />

responsabilidades, novos pensamentos, novos planos, novas<br />

liberdades, novas tentações, novos sentimentos, novas experiências<br />

e novas descobertas. Todas as alegrias e inseguranças<br />

desse mundo em expansão fornecem oportunidades para você<br />

ajudar o adolescente a entender e pessoalmente internalizar<br />

verdades fundamentais. Tais verdades incluem a soberania e<br />

a providência de Deus, o auxílio sempre presente do Senhor,<br />

a natureza dos relacionamentos bíblicos, batalha espiritual,<br />

disciplina, autocontrole, satisfação, fidelidade, fidedignidade,<br />

natureza do corpo de Cristo, o mundo, a carne e o diabo,<br />

os princípios da responsabilidade e da prestação de contas,<br />

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prioridades bíblicas, descobertas e exercício de dons, além de<br />

muitas outras verdades e princípios bíblicos. A lista é bastante<br />

extensa, mas este mundo em expansão provê maravilhosas<br />

oportunidades para os pais prepararem seus adolescentes para<br />

<strong>um</strong>a vida eficiente e produtiva no mundo de Deus.<br />

Rejeitando o Cinismo<br />

CAPÍTULO UM<br />

A primeira coisa a ser feita ao formarmos <strong>um</strong>a visão bíblica<br />

da educação de nossos adolescentes é rejeitar o cinismo sombrio<br />

e agourento de nossa cultura. É verdade, a adolescência<br />

traz mudança, insegurança e t<strong>um</strong>ulto, mas são estas as coisas<br />

que Deus usa para trazer a verdade à luz aos olhos de nossos<br />

filhos. Se desejamos ser Seus instr<strong>um</strong>entos, temos que lidar<br />

com nossa própria idolatria e aplicar <strong>um</strong>a fé bíblica robusta a<br />

cada momento difícil, <strong>um</strong>a fé que creia que Deus governa sobre<br />

todas as coisas para o nosso bem, que ele é auxílio sempre presente<br />

na angústia, que ele opera em toda situação realizando<br />

o seu propósito redentor e que a sua Palavra é poderosa, ativa<br />

e eficaz.<br />

Não queremos ser levados a ass<strong>um</strong>ir <strong>um</strong>a posição defensiva<br />

de sobrevivência por causa da insegurança, da rebelião e do<br />

mundo em expansão do adolescente. Ao contrário, desejamos<br />

considerar o chamado de Paulo a Timóteo como a agenda de<br />

Deus para nosso trabalho com os adolescentes. “Pregue a palavra,<br />

esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda,<br />

corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2 Timóteo<br />

4:2). Desejamos encarar essa importante época com esperança;<br />

não esperança em nossos adolescentes ou esperança em nós<br />

mesmos, mas esperança em Deus, que é capaz de fazer mais<br />

do que qualquer coisa que pedimos ou imaginamos, ao aproveitarmos<br />

as oportunidades que ele coloca em nosso caminho.<br />

Desejamos encarar essa época com senso de propósito e de<br />

chamado.


IDADE DA OPORTUNIDADE OU PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA?<br />

Quando as pessoas perguntarem com o que você trabalha,<br />

diga: “Sou pai de <strong>um</strong> adolescente. Este é o emprego<br />

mais importante que já tive. Todas as outras coisas que faço<br />

na vida são secundárias.” Depois diga: “Sabe, nunca tive <strong>um</strong><br />

emprego tão estimulante e tão cheio de oportunidades. Eu sou<br />

necessário todos os dias. Faço coisas importantes, proveitosas<br />

e duradouras todos os dias. Não deixaria este emprego por<br />

nada no mundo!”<br />

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