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Atualmente, a indústria de Celulose e Papel no Brasil encontra-se ...

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CRISE DE ABASTECIMENTO E MUDANÇAS TECNOLÓGICAS NA PRODUÇÃO<br />

RESUMO<br />

DE PAPEL ONDULADO<br />

1<br />

Maria Sylvia M. Saes 1<br />

Raquel Nadal 2<br />

Christian Luiz da Silva 3<br />

A <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papelão ondulado vive cri<strong>se</strong> <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> recursos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> fornecimento da principal matéria-prima: a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong><br />

fibra longa. Esta celulo<strong>se</strong> é feita a partir do pinus, que tem problemas<br />

sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos pelo baixo investimento em <strong>no</strong>vas florestas, que vêm<br />

per<strong>de</strong>ndo mercado para celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta, que é produzida a partir do<br />

Eucalipto. O Eucalipto brasileiro tem vantagem comparativa pelo me<strong>no</strong>r tempo <strong>de</strong><br />

maturação e abundância da árvore <strong>se</strong> comparada com o pinus. Devido a essa<br />

conjuntura ob<strong>se</strong>rva-<strong>se</strong> que o esforço em estudos tec<strong>no</strong>lógicos da <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>Papel</strong><br />

Ondulado visa substituir uma porcentagem da fibra longa por papéis reciclados e<br />

mesmo por celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta para fabricação do papel ondulado. Es<strong>se</strong> artigo<br />

teve como objetivo avaliar as mudanças tec<strong>no</strong>lógicas ocorridas <strong>no</strong> sistema <strong>de</strong><br />

fabricação <strong>de</strong> embalagens, especialmente papelão ondulado, em termos da matéria-<br />

prima básica utilizada. A metodologia adotada foi a realização <strong>de</strong> uma pesquisa<br />

exploratória sobre o tema envolvendo entrevistas <strong>se</strong>mi-estruturadas com<br />

repre<strong>se</strong>ntantes da ativida<strong>de</strong> industrial <strong>de</strong> celulo<strong>se</strong> fibra longa e <strong>de</strong> papelão ondulado<br />

com vistas a discutir as mudanças tec<strong>no</strong>lógicas ocorridas e reflexos na dinâmica<br />

<strong>se</strong>torial. A discussão, em caráter preliminar, confirma a tendência <strong>de</strong> busca contínua<br />

<strong>de</strong> <strong>no</strong>va tec<strong>no</strong>logia para substituição <strong>de</strong> recursos escassos (pinus). O esforço<br />

conjunto das empresas na busca <strong>de</strong> ações tec<strong>no</strong>lógicas e as estratégias<br />

cooperativas por meio <strong>de</strong> suas associações <strong>de</strong> clas<strong>se</strong> consi<strong>de</strong>ram a questão<br />

1<br />

Eco<strong>no</strong>mista e doutora em eco<strong>no</strong>mia pela USP, professora do curso <strong>de</strong> administração da FEA/ USP.<br />

E-mail: E-mail: ssaes@usp.br<br />

2<br />

Graduanda da USP<br />

3<br />

Eco<strong>no</strong>mista, doutor em engenharia <strong>de</strong> produção pela UFSC e pós-doutor em Administração pela<br />

USP; coor<strong>de</strong>nador do mestrado em organizações e <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento pela UNIFAE. E-mail:<br />

christians@fae.edu


tec<strong>no</strong>lógica não como um diferencial competitivo entre as empresas mas como <strong>de</strong><br />

sobrevivência da própria <strong>indústria</strong> nacional.<br />

Palavras-chave: tec<strong>no</strong>logia; papelão ondulado; abertura <strong>de</strong> mercado; florestas;<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>reira<br />

INTRODUÇÃO<br />

A <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papel <strong>se</strong> confun<strong>de</strong> com a reciclagem <strong>de</strong> matéria-prima. Somente a<br />

partir da década <strong>de</strong> 1970, incrementou-<strong>se</strong> significativamente o uso <strong>de</strong> matéria-prima<br />

virgem (floresta) para fabricação <strong>de</strong> celulo<strong>se</strong> e papel. A década <strong>de</strong> 1990 coloca<br />

<strong>no</strong>vamente em discussão o tipo <strong>de</strong> matéria-prima utilizada em razão da cri<strong>se</strong> <strong>de</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> matéria-prima virgem. Com déficit florestal na década <strong>de</strong> 1990,<br />

oriundo do aumento da <strong>de</strong>manda maior que a oferta, fez com que <strong>se</strong> buscas<strong>se</strong><br />

<strong>no</strong>vamente alternativas <strong>de</strong> recursos. A busca <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong>manda <strong>no</strong>vas<br />

tec<strong>no</strong>logias e i<strong>no</strong>vações <strong>de</strong> produto, processo ou organizacional. Estas <strong>no</strong>vas<br />

tec<strong>no</strong>logias colocam em questão o problema relativo a matéria-prima. A <strong>indústria</strong> <strong>de</strong><br />

papelão ondulado enfrenta atualmente uma cri<strong>se</strong> <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> recursos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> fornecimento da principal matéria-prima: a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong><br />

fibra longa. Esta celulo<strong>se</strong> é fabricada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> a partir da ma<strong>de</strong>ira do pinus, cuja<br />

floresta tem apre<strong>se</strong>ntado problemas <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos pelo baixo<br />

investimento em <strong>no</strong>vas florestas e pela substituição <strong>de</strong>ssas pelas Florestas <strong>de</strong><br />

Eucalipto, que dão origem a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta.<br />

Ob<strong>se</strong>rvada a relativa escas<strong>se</strong>z da celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa, avanços tec<strong>no</strong>lógicos que<br />

visam substituir uma porcentagem <strong>de</strong>ssas fibras por papéis reciclados e mesmo por<br />

celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta têm sido verificados na <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>Papel</strong> Ondulado.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste artigo busca avaliar as mudanças tec<strong>no</strong>lógicas ocorridas <strong>no</strong> sistema<br />

<strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> embalagens, especialmente papelão ondulado, em termos da<br />

matéria-prima básica utilizada.<br />

A metodologia adotada ba<strong>se</strong>ia-<strong>se</strong> em pesquisa exploratória sobre o tema<br />

envolvendo entrevistas <strong>se</strong>mi-estruturadas com repre<strong>se</strong>ntantes da ativida<strong>de</strong> industrial<br />

<strong>de</strong> celulo<strong>se</strong> fibra longa e <strong>de</strong> papelão ondulado com vistas a discutir às mudanças<br />

tec<strong>no</strong>lógicas ocorridas e reflexos na dinâmica <strong>se</strong>torial. Fez-<strong>se</strong> um estudo <strong>de</strong><br />

2


correlação das variáveis tec<strong>no</strong>lógicas a partir <strong>de</strong> dados históricos obtidos nas<br />

associações <strong>de</strong> clas<strong>se</strong> (ABTCP e Bracelpa).<br />

O artigo está dividido em 3 partes. A primeira busca apre<strong>se</strong>ntar a Indústria <strong>de</strong> <strong>Papel</strong><br />

Ondulado <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e as restrições do crescimento <strong>de</strong>s<strong>se</strong> mercado <strong>de</strong>vido ao<br />

fornecimento <strong>de</strong> pinus. Na <strong>se</strong>gunda, as relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e oferta do produto, o<br />

estreitamento das margens da <strong>indústria</strong> e finalmente, a substituição da celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong><br />

fibra longa por outras fibras me<strong>no</strong>s custosas. A opção tec<strong>no</strong>lógica e uso <strong>de</strong> fillers<br />

também <strong>se</strong>rão discutidos. Na terceira parte uma análi<strong>se</strong> das tendências do mercado<br />

e as perspectivas da produção <strong>se</strong>rão exploradas. Por fim, algumas consi<strong>de</strong>rações<br />

finais <strong>se</strong>rão apre<strong>se</strong>ntadas tendo em vista o posicionamento da produção brasileira e<br />

o mercado internacional.<br />

1 O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE PAPEL ONDULADO<br />

A <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papel ondulado é composta <strong>de</strong> <strong>se</strong>gmentos que apre<strong>se</strong>ntam<br />

complexas relações verticais e horizontais entre si. 4 A complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-<strong>se</strong><br />

principalmente à estrutura bastante diversa dos fornecedores <strong>de</strong> sua matéria-prima,<br />

que po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r caracterizada por um mix <strong>de</strong> insumo <strong>no</strong>bre e reciclado. A parte <strong>no</strong>bre é<br />

a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa que advém da floresta <strong>de</strong> pinus. Outra parte do insumo<br />

utilizado na <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papel ondulado é o papel reciclado, cada vez mais pre<strong>se</strong>nte<br />

na composição do papel ondulado.<br />

Existe um numero reduzido <strong>de</strong> empresas <strong>no</strong> <strong>se</strong>tor que integram <strong>no</strong> <strong>se</strong>u processo<br />

produtivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a floresta até as caixas <strong>de</strong> papelão. Este fato é <strong>de</strong>corrente da<br />

pre<strong>se</strong>nça <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s barreiras à entrada que são causadas pela especificida<strong>de</strong> do<br />

ativo “floresta”, além da alta escala com que essas <strong>indústria</strong>s operam, levando à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s investimentos iniciais. São elas: Klabin, Rigesa e Orsa e<br />

Trombini. Somente essas quatro empresas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> produzem a folha <strong>de</strong> papel para<br />

a fabricação do <strong>Papel</strong>ão Ondulado (Kraft) uma vez são as únicas que possuem o<br />

ativo “floresta”.<br />

Já o fornecimento <strong>de</strong> reciclado contrasta fortemente com a estrutura hierárquica<br />

acima <strong>de</strong>scrita. O reciclado é adquirido <strong>de</strong> aparistas, os quais têm uma estrutura<br />

4 A análi<strong>se</strong> das relações verticais e horizontais é <strong>de</strong><strong>no</strong>minada <strong>de</strong> Sistema – re<strong>de</strong>. Conceito <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvido pelo<br />

Programa <strong>de</strong> Estudos dos Negócios dos Sistemas Agroindustriais – PENSA.<br />

3


horizontal informal muito bem estruturada. A estrutura <strong>se</strong> inicia <strong>no</strong>s acordos<br />

informais entre funcionários <strong>de</strong> limpeza <strong>de</strong> residências e/ou <strong>de</strong> escritórios com os<br />

catadores <strong>de</strong> papel, passa por <strong>de</strong> pequenas empresas na sua maioria informais<br />

chamadas <strong>de</strong> “sucateiras” que adquirem o produto e o encaminham para os<br />

aparistas, os quais têm o contato com as empresas <strong>de</strong> papel ondulado. (Figura 1)<br />

Reciclagem<br />

Ma<strong>de</strong>ira<br />

Aparas <strong>de</strong> <strong>Papel</strong><br />

Industrialização<br />

<strong>Papel</strong> Kraft<br />

Industrialização<br />

<strong>Papel</strong> Reciclado<br />

2o. Processamento<br />

<strong>Papel</strong>ão Ondulado<br />

Chapa<br />

<strong>Papel</strong>ão<br />

Cartonagens<br />

Embalagem<br />

<strong>Papel</strong>ão<br />

Outras Embalagens<br />

Multipack<br />

Tetra Pack<br />

Kraftliner Branco<br />

..<br />

.<br />

<strong>Papel</strong> Kraft<br />

Mercado<br />

Inter<strong>no</strong> e Exter<strong>no</strong><br />

Ind. Alimentícia<br />

Ind. Química<br />

e Derivados<br />

Ind. Mat. Elétrico<br />

Comunicação<br />

Ind. Fumo<br />

Fruticultura<br />

Floricultura<br />

Demais<br />

<strong>Papel</strong> Reciclado<br />

Mercado<br />

Inter<strong>no</strong> e<br />

Exter<strong>no</strong><br />

FIGURA 1 – ESQUEMA SIMPLIFICADO DAS GRANDES FIRMAS DE PAPEL<br />

ONDULADO<br />

Ainda, além das gran<strong>de</strong>s empresas integradas verticalmente, existem também as<br />

médias e pequenas empresas que adquirem das quatro gran<strong>de</strong>s o Kraft que<br />

juntamente com o reciclado fabricam o ondulado. A ondula<strong>de</strong>ira é o principal<br />

equipamento da fábrica: ondula a folha <strong>de</strong> papel e cola-a com duas outras folhas<br />

planas. Segundo a ABPO (2005), em 2003, 78 empresas do <strong>se</strong>tor possuíam<br />

ondula<strong>de</strong>iras. Vale ob<strong>se</strong>rvar que estas empresas, além <strong>de</strong> compradoras do Kraft das<br />

empresas integradas po<strong>de</strong>m também <strong>se</strong> tornar suas concorrentes em <strong>de</strong>terminados<br />

mercado.<br />

4


Finalmente, também participam <strong>de</strong>ssa <strong>indústria</strong> as empresas <strong>de</strong> cartonagens que<br />

são empresas que adquirem chapas <strong>de</strong> papel ondulado para fabricação <strong>de</strong> caixas <strong>de</strong><br />

papelão. A entrada nes<strong>se</strong> <strong>se</strong>gmento é facilitada pelo baixo investimento, quando<br />

comparado as <strong>de</strong>mais empresas fabricantes <strong>de</strong> embalagem e elas geralmente <strong>se</strong><br />

especializam em <strong>se</strong>gmentos <strong>de</strong> mercados <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte que, na maioria das<br />

vezes, não são interessantes para as empresas gran<strong>de</strong> porte, as quais costumam<br />

trabalhar com gran<strong>de</strong>s escalas. Por isso, as cartonagens dificilmente <strong>se</strong>rão<br />

concorrentes das gran<strong>de</strong>s, mas po<strong>de</strong>m <strong>se</strong>r das médias empresas <strong>de</strong> papelão<br />

ondulado.<br />

Dadas as características acima, a <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papel ondulado po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r consi<strong>de</strong>rada<br />

como um oligopólio com franja competitiva. Ao lado das <strong>se</strong>is maiores Klabin, Rigesa,<br />

Trombini, Orsa, N. Sra. da Penha e Ibéria, as quais <strong>de</strong>tém aproximadamente 60% do<br />

mercado, convivem inúmeras empresas <strong>de</strong> médio e peque<strong>no</strong> porte. A tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong><br />

produção é <strong>de</strong> domínio público e há pouca diferenciação do produto que, aliado às<br />

baixas barreiras à entrada e à existência <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> ociosa, resultam em uma<br />

competição muito intensa. (Tabela 1). O IHH <strong>de</strong>ssa <strong>indústria</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 2003 é <strong>de</strong><br />

952, o que indica pre<strong>se</strong>nça <strong>de</strong> concentração mo<strong>de</strong>rada nes<strong>se</strong> mercado. Ainda, <strong>se</strong><br />

calculado o CR4, po<strong>de</strong>-<strong>se</strong> perceber as quatro maiores empresas do <strong>se</strong>tor dominam<br />

mais que a meta<strong>de</strong> do mercado <strong>de</strong> <strong>Papel</strong>ão Ondulado <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

TABELA 1 - EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO DAS PRINCIPAIS<br />

CONCORRENTES<br />

2000 2001 2002 2003<br />

Klabin 26,0% 25,0% 23,0% 22,0%<br />

Orsa 8,4% 9,4% 10,4% 11,7%<br />

Rigesa 10,0% 10,3% 10,6% 10,5%<br />

Trombini 6,4% 6,5% 6,9% 7,0%<br />

N. Sra da<br />

Penha 5,2% 5,1% 5,0% 4,9%<br />

Ibéria 4,5% 4,8% 4,0% 3,8%<br />

5


Ainda, po<strong>de</strong>-<strong>se</strong> afirmar que essa <strong>indústria</strong> tem sofrido progressos constantes, os<br />

quais po<strong>de</strong>m <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvados na melhoria da qualida<strong>de</strong> da matéria-prima e <strong>no</strong>s<br />

avanços da tec<strong>no</strong>logia dos equipamentos, dos processos <strong>de</strong> produção e das<br />

técnicas <strong>de</strong> impressão da embalagem <strong>de</strong> papelão ondulado. O rápido crescimento<br />

da informática, por exemplo, tem revolucionado essa <strong>indústria</strong> permitindo produções<br />

contínuas agilizando, <strong>de</strong>ssa maneira, o trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento das<br />

embalagens. Es<strong>se</strong> progresso tec<strong>no</strong>lógico é o gran<strong>de</strong> responsável pelo intenso<br />

crescimento na produção e na produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa <strong>indústria</strong>. A produção apre<strong>se</strong>nta<br />

uma taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> 3,8% ao a<strong>no</strong> (Gráfico 1).<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004<br />

GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE PAPEL ONDULADO (EM MILHÕES<br />

DE TONELADAS)<br />

É relevante mencionar também que a evolução tec<strong>no</strong>lógica nessa <strong>indústria</strong><br />

proporcio<strong>no</strong>u um aumento das taxas <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> por ondula<strong>de</strong>ira (gráfico 2).<br />

Vale <strong>de</strong>stacar que a queda ocorrida em 2003 foi resultado do mau <strong>de</strong><strong>se</strong>mpenho <strong>de</strong><br />

todo o <strong>se</strong>tor e não <strong>de</strong> um retrocesso tec<strong>no</strong>lógico.<br />

20000,00<br />

18000,00<br />

16000,00<br />

14000,00<br />

12000,00<br />

10000,00<br />

8000,00<br />

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003<br />

Produtivida<strong>de</strong> por Ondula<strong>de</strong>ira<br />

6


GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE POR ONDULADEIRA<br />

Entretanto, esta <strong>indústria</strong> tem restrições <strong>no</strong> que diz respeito ao crescimento do <strong>se</strong>u<br />

mercado ob<strong>se</strong>rvado o crescente déficit <strong>de</strong> pinus, do qual é extraída a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong><br />

fibra longa que constitui uma das principais materiais primas do papel ondulado.<br />

A silvicultura intensiva <strong>de</strong> pinus é um dos principais itens do <strong>se</strong>tor florestal brasileiro<br />

responsável pela geração <strong>de</strong> uma receita anual <strong>de</strong> aproximadamente US$ 6,1<br />

bilhões. A formação <strong>de</strong>s<strong>se</strong> patrimônio florestal foi estimulada pela lei dos incentivos<br />

fiscais para o reflorestamento que vigorou por 20 a<strong>no</strong>s, entre as décadas <strong>de</strong> 1960 e<br />

1980. Com o térmi<strong>no</strong> <strong>de</strong>s<strong>se</strong> incentivo, ocorrido em 1987, houve um acentuado<br />

<strong>de</strong>créscimo na taxa <strong>de</strong> plantios florestais. Apesar disso, a industrialização <strong>de</strong> pinus<br />

<strong>se</strong>guiu gerando produtos manufaturados como chapas <strong>de</strong> vários tipos, móveis, que<br />

<strong>se</strong> tornaram importantes itens <strong>de</strong> exportação. Entretanto, a ba<strong>se</strong> florestal <strong>de</strong> pinus<br />

não cresceu na mesma proporção da <strong>de</strong>manda do mercado, criando <strong>de</strong>fasagens<br />

crescentes. De acordo com a Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasil</strong>eira <strong>de</strong> Silvicultura (SBS), a <strong>de</strong>manda<br />

por ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Pinus que foi <strong>de</strong> 40 milhões <strong>de</strong> metros cúbicos em 2002, <strong>de</strong>ve<br />

aumentar para 80 milhões <strong>de</strong> metros cúbicos em 2020, gerando um déficit estimado<br />

em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 34 milhões <strong>de</strong> metros cúbicos.<br />

O déficit crescente do fornecimento <strong>de</strong>ssa ma<strong>de</strong>ira tem gerado cri<strong>se</strong>s <strong>de</strong><br />

abastecimento nas <strong>indústria</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>la, como é o caso da <strong>indústria</strong> <strong>de</strong><br />

papelão ondulado. Em prol <strong>de</strong> solucionar este problema, cada vez mais a referida<br />

<strong>indústria</strong> tem buscado substituir a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa por outros tipos <strong>de</strong><br />

materiais fibrosos como aparas e celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> Eucalipto (Figura 2) Estes apre<strong>se</strong>ntam<br />

um me<strong>no</strong>r custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>, em função da maior disponibilida<strong>de</strong> e, além disso,<br />

o <strong>Brasil</strong> apre<strong>se</strong>nta uma vantagem comparativa <strong>no</strong> que diz respeito especificamente a<br />

celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> eucalipto 5 .<br />

Fibra<br />

Fibra Curta<br />

PA<br />

<strong>Papel</strong><br />

Filler<br />

Jorna Revist <strong>Papel</strong>ã Papéi<br />

s<br />

Cartolin Tissu<br />

5<br />

Abundância <strong>de</strong> matéria-prima (gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> florestas e áreas <strong>de</strong> reflorestamento) e reduzido ciclo <strong>de</strong><br />

maturação do eucalipto facilitado pelo tipo <strong>de</strong> solo e condições climáticas, além da <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> um parque<br />

industrial <strong>de</strong> alta tec<strong>no</strong>logia.<br />

7


FIGURA 2 – MUDANÇA DA COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA PRIMA PARA REDUZIR<br />

CUSTOS<br />

A vantagem comparativa brasileira na produção <strong>de</strong> eucalipto é um dos motivos pelos<br />

quais a plantação <strong>de</strong> florestas <strong>de</strong> Pinus têm perdido espaço para as Florestas <strong>de</strong><br />

Eucalipto (Gráfico 3), o que gera também uma crescente perda <strong>de</strong> mercado da<br />

celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa comparativamente a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta. Se analisadas<br />

estatísticas 6 <strong>de</strong> a<strong>no</strong>s anteriores po<strong>de</strong>-<strong>se</strong> concluir que cada vez é maior a<br />

porcentagem <strong>de</strong> mercado ocupada pela celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta (Gráfico 4). Leite<br />

(2003) apontou como principais vantagens comparativas do <strong>Brasil</strong> os <strong>se</strong>guintes<br />

pontos: solos e clima favoráveis; disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras ociosas; disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mão-<strong>de</strong>-obra; conhecimento científico e tec<strong>no</strong>lógico; produtivida<strong>de</strong>; capacida<strong>de</strong><br />

organizacional da iniciativa privada; experiências bem sucedidas com fomento;<br />

mercado; agregação <strong>de</strong> valor (cluster). Estes pontos foram discutidos por Silva<br />

(2002) e, apesar <strong>de</strong> positivos, não são suficientes para manter a capacida<strong>de</strong><br />

competitiva da <strong>indústria</strong> nacional. A falta <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> longo prazo e o baixo<br />

investimento florestal são fatores fundamentais <strong>no</strong> incremento da dificulda<strong>de</strong><br />

competitiva da <strong>indústria</strong> brasileira a partir <strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 1990.<br />

6 De acordo com dados preliminares da Bracelpa referentes à 2004, foram produzidas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong>ve mil e<br />

quatrocentas toneladas <strong>de</strong> celulo<strong>se</strong>. Deste total, a produção <strong>de</strong> celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta repre<strong>se</strong>nta 79%, a <strong>de</strong> fibra<br />

longa 16% e os 5% restantes são relativos às pastas <strong>de</strong> alto rendimento.<br />

8


100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002<br />

Eucaliptos Pinus<br />

GRÁFICO 3 – EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA DE PINUS VS. EUCALIPTO NO<br />

BRASIL<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

1950<br />

1954<br />

1958<br />

1962<br />

1966<br />

1970<br />

1974<br />

1978<br />

1982<br />

1986<br />

Fibra Longa Fibra Curta<br />

1990<br />

1994<br />

1998<br />

2002<br />

GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CELULOSE DE EUCALIPTO VS.<br />

PINUS NO BRASIL<br />

9


Além da vantagem comparativa do <strong>Brasil</strong> em relação aos <strong>de</strong>mais paí<strong>se</strong>s na<br />

produção <strong>de</strong> Eucalipto, o tempo <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong>ste varia <strong>de</strong> 6 a 7 a<strong>no</strong>s enquanto o<br />

pinus leva <strong>de</strong> 11 a 12 a<strong>no</strong>s em média para crescer. Isto torna o custo da celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong><br />

fibra curta, feita <strong>de</strong> eucalipto, me<strong>no</strong>r do que a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa, <strong>de</strong> pinus.<br />

Ainda, como ob<strong>se</strong>rvado anteriormente a escas<strong>se</strong>z <strong>de</strong> pinus é outro responsável pelo<br />

aumento dos preços da fibra longa. Fica claro, pelo exposto acima, que a utilização<br />

da fibra curta tem um me<strong>no</strong>r custo para os produtores (Gráfico 5).<br />

700<br />

650<br />

600<br />

550<br />

500<br />

450<br />

29/06/04<br />

13/07/04<br />

27/07/04<br />

10-Aug-04<br />

24-Aug-04<br />

07-Sep-04<br />

21-Sep-04<br />

05-Oct-04<br />

19-Oct-04<br />

02/11/04<br />

16/11/04<br />

30/11/04<br />

14-Dec-04<br />

28-Dec-04<br />

11/01/05<br />

25/01/05<br />

08-Feb-05<br />

Fibra Longa (USD / t) Fibra Curta (USD / t)<br />

GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DE CELULOSE DE EUCALIPTO VS.<br />

FIBRA LONGA<br />

Também, a escas<strong>se</strong>z <strong>de</strong> florestas leva à tendência <strong>de</strong> <strong>se</strong> utilizar maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

papel reciclado, me<strong>no</strong>s custoso por não <strong>se</strong> tratar <strong>de</strong> um ativo especifico (Gráfico 6).<br />

A estrutura <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> aparas para as Indústrias <strong>de</strong> <strong>Papel</strong>ão ondulado,<br />

embora bem estruturada, gera um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do<br />

papel reciclado. Como não existe um trabalho anterior <strong>de</strong> <strong>se</strong>paração do material, as<br />

aparas são freqüentemente encaminhadas com outros materiais que <strong>de</strong>squalificam e<br />

comprometem o processo <strong>de</strong> produção e a qualida<strong>de</strong> do produto final. Essa forma<br />

consolidada <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> aparas tem sido apontada como um dos gran<strong>de</strong>s<br />

problemas que restringem a capacida<strong>de</strong> competitiva da <strong>indústria</strong>.<br />

10


2800000<br />

2300000<br />

1800000<br />

1300000<br />

800000<br />

300000<br />

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001<br />

Consumo <strong>de</strong> APARAS (tons) Consumo PO - MERCADO INTERNO ( tons)<br />

"Spread" (Aparas - PO)<br />

GRÁFICO 6 – EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE PO VS. APARAS<br />

Outro problema com que <strong>se</strong> <strong>de</strong>fronta essa <strong>indústria</strong> é a concorrência pela matéria-<br />

prima com as empresas moveleiras. Um fato interessante é o crescimento do MDF<br />

<strong>no</strong> mercado nacional. Em 1997 a produção <strong>de</strong> MDF foi <strong>de</strong> 30 mil m 3 , enquanto em<br />

2000 foi <strong>de</strong> 381 m 3 . Já a produção <strong>de</strong> aglomerado em 1994 era <strong>de</strong> 758 mil m 3 , ante<br />

1764 mil m 3 em 2000.<br />

Ob<strong>se</strong>rvado o contexto <strong>de</strong> preços acima e ainda a previsão <strong>de</strong> consumo crescente <strong>de</strong><br />

pinus, não só pela <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papel, mas também pela <strong>de</strong> móveis, tem gerado<br />

esforços tec<strong>no</strong>lógicos constantes visando substituir uma porcentagem <strong>de</strong>sta fibra<br />

longa por papéis reciclados e mesmo por celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra curta para fabricação do<br />

papel ondulado, <strong>se</strong>m que este perca qualida<strong>de</strong>. (Gráfico 7, 8).<br />

19,00%<br />

14,00%<br />

9,00%<br />

4,00%<br />

-1,00%<br />

1994<br />

1995<br />

1996<br />

1997<br />

1998<br />

1999<br />

2000<br />

Porcentagem Mil Tons<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

3000<br />

2800<br />

2600<br />

2400<br />

2200<br />

2000<br />

1800<br />

1600<br />

11


GRÁFICO 7 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE PAPÉIS PARA EMBALAGENS VS.<br />

VARIAÇÃO DO CONSUMO DE APARAS NO BRASIL<br />

GRÁFICO 8 – EVOLUÇÃO MENSAL DO CONSUMO DE APARAS VS. OUTRAS<br />

FIBRAS<br />

2 TECNOLOGIAS DE FIBRA LONGA E APARAS: TENDÊNCIAS DE MERCADO<br />

Conforme Fon<strong>se</strong>ca e Zeidan (2002, p. 2) “a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem <strong>de</strong> papel é, na<br />

realida<strong>de</strong>, complementar à produção <strong>de</strong> matérias-primas fibrosas virgens, que<br />

constitui o principal insumo <strong>de</strong> todo processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> papel. A reciclagem<br />

dos papéis <strong>se</strong>ria tecnicamente impossível após quatro a cinco ciclos <strong>se</strong>m a entrada<br />

constante <strong>de</strong> matérias-primas fibrosas virgens <strong>no</strong> processo”. Esta ativida<strong>de</strong><br />

repre<strong>se</strong>ntou, em 2000, 33% do total da produção brasileira <strong>de</strong> papel do país. Apesar<br />

da vantagem comparativa brasileira, obtida pelo me<strong>no</strong>r tempo <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong> uma<br />

árvore 7 , o <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> da floresta é diversificado, conforme discutido na <strong>se</strong>ção anterior, o<br />

que <strong>de</strong>manda alternativas para <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> papel.<br />

A reciclagem <strong>de</strong> papel surge da necessida<strong>de</strong> da matéria-prima em contra-partida<br />

com o crescente <strong>de</strong>smatamento. Segundo M da FAO (2003), o <strong>de</strong>smatamento<br />

mundial na década <strong>de</strong> 1990 foi <strong>de</strong> 14,6 milhões (estimativa do <strong>de</strong>smatamento anual).<br />

Consi<strong>de</strong>rando que foram plantados 5,2 milhões (plantio ou replantio anual), o déficit<br />

foi <strong>de</strong> 9,4 milhões ha/a<strong>no</strong> (<strong>de</strong>ficit anual), <strong>se</strong>ndo que a América Latina repre<strong>se</strong>ntou<br />

7 O eucalipto, por exemplo, que compõe a ba<strong>se</strong> florestal das empresas brasileiras, po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r cortado em <strong>se</strong>te a<strong>no</strong>s,<br />

enquanto <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte da Europa os pinheiros não levam me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 30 a 40 a<strong>no</strong>s para estarem prontos. Mesmo o<br />

eucalipto da Península Ibérica e do Chile, com uma maturação <strong>de</strong> 11 a 12 a<strong>no</strong>s, não <strong>se</strong> obtém as mesmas<br />

vantagens do <strong>Brasil</strong>.<br />

12


45,6% <strong>de</strong>ste déficit. No <strong>Brasil</strong>, as plantações <strong>de</strong> Pinus e Eucalyptus repre<strong>se</strong>ntam 4,8<br />

milhões há, com um plantio anual <strong>de</strong> 200 mil hectares, ou <strong>se</strong>ja, um valor bem me<strong>no</strong>r<br />

que o consumo. O déficit <strong>de</strong> pinus em 2001 já estava em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 5000 m 3 , e a<br />

perspectiva é <strong>de</strong> alcançar o déficit <strong>de</strong> aproximadamente 27000 m 3 em 2020 (LEITE,<br />

2003). Conforme Pires (2003) “Na medida em que <strong>se</strong> ampliava a fabricação <strong>de</strong> papel<br />

<strong>no</strong> país, a partir <strong>de</strong> matérias-primas virgens, estimulando um maior consumo,<br />

paralelamente <strong>se</strong> ampliava a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem, con<strong>se</strong>quência da maior<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papéis recicláveis”. Pires continua explicitando uma relação<br />

complementar entre o material reciclado (como aparas) e matéria-prima virgem<br />

(pinus – celulo<strong>se</strong> fibra longa): “A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem <strong>de</strong> papel é, em realida<strong>de</strong>,<br />

complementar à produção <strong>de</strong> matérias-primas fibrosas virgens, que constitui a porta<br />

<strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> todo o processo. O aproveitamento dos papéis <strong>de</strong>scartados <strong>se</strong>ria<br />

tecnicamente impossível após quatro ou cinco ciclos, <strong>se</strong>m a entrada constante <strong>de</strong><br />

matérias-primas fibrosas virgens <strong>no</strong> processo”. Ou <strong>se</strong>ja, o crescente uso <strong>de</strong> material<br />

reciclável é necessário, contudo <strong>se</strong>rve para diminuir a pressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda sobre a<br />

matéria-prima virgem, que continua <strong>se</strong>ndo necessária em me<strong>no</strong>r escala. Os papéis<br />

recicláveis são oriundos principalmente <strong>de</strong> convertedores, que são as aparas. Em<br />

2002, em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 60% dos papéis recicláveis eram aparas <strong>de</strong> papelões ondulados,<br />

o que <strong>de</strong>monstra a importância relativa das aparas para este mercado <strong>de</strong> ondulados<br />

(BRACELPA, 2005).<br />

Além da importância dos reciclados, é válido ressaltar que a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparas é<br />

remunerada. O preço da aparas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo da matéria-prima. Segundo<br />

Godinez (2003), a partir <strong>de</strong> dados da Bracelpa, a aparas <strong>de</strong> ondulados custava R$<br />

412/ ton em julho <strong>de</strong> 2003 enquanto a Branca Tipo I, mais próxima da matéria-prima<br />

virgem, custava R$ 1126/ ton. Esta diferença mostra, também, a distância entre<br />

aparas e matéria-prima virgem.<br />

Po<strong>de</strong>-<strong>se</strong> perceber pelo gráfico 9 que existe aparente relação <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>: o<br />

aumento <strong>de</strong> preços da aparas causa um aumento do preço da celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra<br />

longa e vice-versa. Quando há ausência <strong>de</strong> aparas <strong>no</strong> mercado, aumenta o <strong>se</strong>u<br />

preço, o que causa um aumento da procura por fibra longa e respectivamente <strong>se</strong>u<br />

aumento <strong>de</strong> preço e não o contrario.<br />

13


420,00<br />

370,00<br />

320,00<br />

270,00<br />

220,00<br />

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004<br />

PREÇO APARAS PREÇO CELULOSE FIBRA LONGA (R$)<br />

3200,00<br />

2800,00<br />

2400,00<br />

2000,00<br />

1600,00<br />

1200,00<br />

GRÁFICO 9 – EVOLUÇÃO ANUAL DO PREÇO DE APARAS E CELULOSE FIBRA<br />

LONGA<br />

O quadro 10 mostra que o aumento da quantida<strong>de</strong> produzida <strong>de</strong> PO, po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r<br />

verificado pela evolução da produção <strong>de</strong> aparas e celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa, que o uso<br />

<strong>de</strong> aparas aumentou mais que proporcionalmente do que o uso <strong>de</strong> celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra<br />

longa.<br />

3500000<br />

3000000<br />

2500000<br />

2000000<br />

1500000<br />

1000000<br />

500000<br />

1990<br />

1991<br />

1992<br />

1993<br />

1994<br />

1995<br />

1996<br />

1997<br />

1998<br />

1999<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

QTDE APARAS QTDE CELULOSE FIBRA LONGA QTDE <strong>de</strong> PO<br />

GRÁFICO 10 – EVOLUÇÃO ANUAL DA QUANTIDADE DE APARAS E CELULOSE<br />

FIBRA LONGA<br />

Calculando as elasticida<strong>de</strong>s cruzadas <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> aparas e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra<br />

longa, po<strong>de</strong>-<strong>se</strong> perceber que o valor é em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 0,40 (ver apêndice 1), ou <strong>se</strong>ja,<br />

isso <strong>de</strong><strong>no</strong>ta que as aparas e a celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa são bens substitutos. A<br />

14


tendência <strong>de</strong> redução dos recursos oriundos <strong>de</strong> fibra longa indica o aumento do uso<br />

do substituto (aparas).<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste artigo foi avaliar as mudanças tec<strong>no</strong>lógicas a partir da matéria-<br />

prima utilizada. A partir das pesquisas em dados <strong>se</strong>cundários, comprovadas pelo<br />

mo<strong>de</strong>lo eco<strong>no</strong>métrico e pela entrevista realizada com importante fabricante <strong>de</strong><br />

papelão ondulado, po<strong>de</strong>-<strong>se</strong> verificar o uso crescente <strong>de</strong> aparas como matérias-<br />

primas pelo estrangulamento <strong>de</strong> fornecimento da matéria-prima para produção <strong>de</strong><br />

papel e papelão. A tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> aparas não é somente industrial, mas<br />

também organizacional. Além <strong>de</strong> necessitar <strong>de</strong> máquinas para otimizar as aparas, há<br />

todo um complexo sistemas <strong>de</strong> coleta do material reciclado para <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento<br />

das aparas. Es<strong>se</strong> ponto é, em realida<strong>de</strong>, um dos gargalos para incremento do uso<br />

das aparas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, cujo uso do reciclável ainda é me<strong>no</strong>r do que a existente em<br />

paí<strong>se</strong>s europeus. O incremento da reciclagem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores que tornem o<br />

fluxo do material reciclável mais fluente, o que está acontecendo à medida que<br />

aumenta o déficit <strong>de</strong> matéria-prima virgem. Contudo, salienta-<strong>se</strong> que a substituição<br />

das aparas por matéria-prima virgem não é completa, já que <strong>se</strong> necessita o uso da<br />

última como mistura <strong>no</strong> processo produto. Entretanto, <strong>se</strong>guramente diminui a<br />

pressão do déficit <strong>de</strong> matéria-prima.<br />

Neste <strong>se</strong>ntido, a mudança tec<strong>no</strong>lógica, tanto organizacional quanto produtiva, em<br />

razão das limitações dos recursos produtivos, torna-<strong>se</strong> uma alteração do padrão<br />

competitivo <strong>de</strong>ste mercado (FERRAZ et alli, 1997; COUTINHO e FERRAZ, 1995) e<br />

coloca os produtores em busca <strong>de</strong> incremento <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> produtiva.<br />

Sugere-<strong>se</strong> como continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste trabalho um estudo comparativo da capacida<strong>de</strong><br />

competitiva das empresas que <strong>de</strong>tém o ativo “florestal” e que, portanto, ainda<br />

utilizam a tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> matéria-prima virgem, comparando com as empresas que<br />

utilizam apenas aparas.<br />

15


REFERÊNCIAS<br />

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16


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imprimir e escrever sob a ótica da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor. Florianópolis, 2002. Te<strong>se</strong><br />

(Doutorado em Engenharia <strong>de</strong> Produção) – Setor Ciências Exatas, Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

APENDICE 1 – CÁLCULO ELASTICIDADES CRUZADAS<br />

Depen<strong>de</strong>nt Variable: LPA<br />

Method: Least Squares<br />

Date: 05/31/05 Time: 14:06<br />

17


Sample(adjusted): 1997 2004<br />

Inclu<strong>de</strong>d ob<strong>se</strong>rvations: 8 after adjusting endpoints<br />

Convergence achieved after 4 iterations<br />

Variable Coefficie<br />

nt<br />

Std. Error t-Statistic Prob.<br />

LQCL 0.416691 0.081802 5.093892 0.0022<br />

AR(1) 0.813124 0.252092 3.225501 0.0180<br />

R-squared 0.665188 Mean <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

5.26974<br />

var<br />

5<br />

Adjusted R- 0.609385 S.D. <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt 0.46057<br />

squared<br />

var<br />

4<br />

S.E. of regression 0.287855 Akaike info 0.55959<br />

criterion<br />

8<br />

Sum squared 0.497163 Schwarz criterion 0.57945<br />

resid<br />

9<br />

Log likelihood - F-statistic 11.9204<br />

0.238394<br />

8<br />

Durbin-Watson 2.136954 Prob(F-statistic) 0.01359<br />

stat<br />

0<br />

Inverted AR Roots .81<br />

Preço das Aparas = 0.416691 Qt<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Celulo<strong>se</strong></strong> <strong>de</strong> fibra longa<br />

Aumento do preço <strong>de</strong> celulo<strong>se</strong> <strong>de</strong> fibra longa ⇨Aumenta Qt<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparas<br />

Depen<strong>de</strong>nt Variable: LPCL<br />

Method: Least Squares<br />

Date: 05/31/05 Time: 14:08<br />

Sample(adjusted): 1997 2004<br />

Inclu<strong>de</strong>d ob<strong>se</strong>rvations: 8 after adjusting endpoints<br />

Convergence achieved after 4 iterations<br />

18


Variable Coefficie<br />

nt<br />

Std. Error t-Statistic Prob.<br />

LQA 0.499091 0.030927 16.13747 0.0000<br />

AR(1) 0.771071 0.208999 3.689349 0.0102<br />

R-squared 0.799591 Mean <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

6.99182<br />

var<br />

6<br />

Adjusted R- 0.766190 S.D. <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt 0.38558<br />

squared<br />

var<br />

4<br />

S.E. of regression 0.186445 Akaike info<br />

-<br />

criterion<br />

0.30904<br />

0<br />

Sum squared 0.208571 Schwarz criterion -<br />

resid<br />

0.28918<br />

0<br />

Log likelihood 3.236161 F-statistic 23.9387<br />

8<br />

Durbin-Watson 2.143077 Prob(F-statistic) 0.00273<br />

stat<br />

1<br />

Inverted AR Roots .77<br />

Preço <strong>de</strong> <strong>Celulo<strong>se</strong></strong> <strong>de</strong> fibra longa = 0.499091 Qt<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aparas<br />

19

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