Arquivo Maysa quando fala o coração - Jayme Monjardim
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<strong>Maysa</strong><br />
<strong>quando</strong> <strong>fala</strong> o <strong>coração</strong><br />
Roberta Margarit<br />
Amor, conflitos, sucesso, excessos. Cheia de altos e baixos. Assim foi a intensa vida de<br />
<strong>Maysa</strong> <strong>Monjardim</strong> Matarazzo (1936-1977). Unidos a talento, alta qualidade e muita<br />
emoção, esses elementos compõem a minissérie de nove capítulos que leva o nome da<br />
cantora.<br />
‘<strong>Maysa</strong> – Quando <strong>fala</strong> o <strong>coração</strong>’ é a história de uma mulher que viveu intensamente em<br />
uma eterna busca pelo amor, pela vida, pela realização própria. Uma mulher que é puro<br />
<strong>coração</strong>. Que, muitas vezes, se guiava mais pela emoção do que pela razão.<br />
O desafio de colocar em apenas nove capítulos a vida, carreira, dramas e amores de uma<br />
das mais importantes cantoras e compositoras do país foi do autor Manoel Carlos, com a<br />
colaboração de Ângela Chaves. Para contar tanta história, o autor não fez uma obra<br />
biográfica, com datas e fatos, mas um ensaio sobre a vida de <strong>Maysa</strong>. “A minissérie não tem<br />
uma estrutura linear nem cronológica. Pinçamos o que consideramos mais interessante.<br />
Terá de tudo um pouco: shows, sonhos, sucesso, amores, família, crises, depressão... Tudo<br />
que é relevante está na minissérie”.<br />
Com estréia marcada para o dia 05 de janeiro de 2009, ‘<strong>Maysa</strong> – Quando <strong>fala</strong> o <strong>coração</strong>’ é<br />
dirigida por <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>, filho único da cantora. “Me preparei a vida toda para esse<br />
projeto. Tive o distanciamento e a frieza necessários para fazer esse trabalho. O Maneco<br />
(Manoel Carlos) pôde contar a história dele sem pudores, mesmo eu sendo o filho da<br />
personagem principal”.<br />
A minissérie vai misturar ficção com imagens de arquivo para contar a história de um dos<br />
maiores mitos da música brasileira, que teve sua vida abreviada em um trágico acidente de<br />
carro, <strong>quando</strong> tinha apenas 40 anos.<br />
Ângela Chaves, parceira de Manoel Carlos desde ‘Páginas da Vida’, ficou muito feliz<br />
<strong>quando</strong> o autor lhe convidou para esse projeto. “Escrever a minissérie foi um trabalho<br />
apaixonante: <strong>Maysa</strong> era uma cantora intensa e também uma mulher inteligente e<br />
desafiadora. Tinha um comportamento transgressor, se lançava no mundo, amava<br />
demais”, afirmou Ângela.<br />
Alma libertária<br />
De espírito indomável, <strong>Maysa</strong> (Larissa Maciel) era uma mulher fascinante que não<br />
aceitava que lhe colocassem rédeas. Com coragem, desafiou os padrões sociais de uma<br />
época e fez história. Quebrou tabus, enfrentou oposições e críticas, em nome de um sonho:<br />
o de expor sua arte, de cantar e encantar platéias com sua música.
Educada em regime de internato em colégio de freiras, <strong>Maysa</strong> contestava os limites e<br />
regras desde pequena. Aos 13, já se maquiava. Na adolescência, causava polêmica ao usar<br />
calças compridas e fumar na rua. Nessa época, suas composições ainda ficavam restritas<br />
aos diários e anotações íntimas. Cantava apenas em casa, nas muitas festas que seus pais,<br />
Inah (Ângela Dip) e Monja (Nelson Baskerville), ofereciam.<br />
Ouça – casamento e separação<br />
Aos 17 anos, cheia de esperança e sonhos, <strong>Maysa</strong> casou-se com o grande amor de sua vida,<br />
o bilionário André Matarazzo (Eduardo Semerjian), um poderoso empresário da indústria<br />
brasileira e um homem quase 20 anos mais velho que ela. Com ele, teve seu único filho:<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> Matarazzo.<br />
Logo após o casamento, <strong>Maysa</strong> foi morar na mansão Matarazzo, que um dia sonhara<br />
ocupar. Mas a realidade foi um pouco mais dura. <strong>Maysa</strong> não conseguiu se adaptar ao<br />
ambiente tradicional que reinava no casarão, totalmente diferente do clima festivo da casa<br />
dos pais. O policiamento ostensivo, as críticas da matriarca Amália Matarazzo (Denise<br />
Weinberg) e os intermináveis compromissos de seu marido agravaram seu sentimento de<br />
solidão.<br />
O talento de <strong>Maysa</strong> foi descoberto enquanto ainda estava grávida. Produtores musicais lhe<br />
propuseram a gravação de um disco, mas André Matarazzo imediatamente se opôs. Houve<br />
muita negociação até que ele concordasse com a realização do disco, desde que a renda<br />
fosse beneficente. Mesmo assim só após o nascimento de seu primeiro e único filho, <strong>Jayme</strong><br />
<strong>Monjardim</strong>.<br />
E assim foi feito. Mas o sucesso do primeiro disco, com letras e músicas originais de<br />
<strong>Maysa</strong>, foi tão grande, que os convites para apresentações, participações em programas e<br />
novos discos não paravam de chegar. E com eles, chegaram também as críticas da família<br />
Matarazzo e os conflitos entre o casal.<br />
A crise culminou com a separação, um grande escândalo para uma época em que não<br />
existia o divórcio. Por amor à música e aos seus ideais de vida, <strong>Maysa</strong> desfez o casamento<br />
com André Matarazzo, uma das maiores fortunas do mundo na época. Como fez questão<br />
de casar em regime de separação total de bens, a artista não herdou nada nem quis receber<br />
mesada do ex-marido.<br />
Empenhada em não abrir mão de seu talento, ela partiu em busca da sua realização<br />
profissional, mesmo tendo que pagar um alto preço emocional por isso. Embora triste, a<br />
cantora não se intimidou: realizou seu sonho de ser artista, atingiu o sucesso cantando,<br />
ganhou dinheiro, rodou o mundo.<br />
O Barquinho – o flerte com a bossa nova<br />
Os anos seguintes à separação foram conturbados para <strong>Maysa</strong>. Ao mesmo tempo em que<br />
suas músicas atingiam um estrondoso sucesso, a cantora se excedia nas noitadas, na bebida<br />
alcoólica e nos moderadores de apetite. E também nos romances.
A essa altura, <strong>Maysa</strong> já era uma das cantoras mais bem pagas do Brasil e sua voz<br />
inconfundível conquistava um público cada vez maior. De olho nesse sucesso, o<br />
compositor Ronaldo Bôscoli (Mateus Solano) apareceu em sua vida e se tornou um dos<br />
relacionamentos públicos mais complicados da vida de <strong>Maysa</strong>.<br />
Mateus Solano, ator escalado para interpretar Bôscoli, conta que sabia pouco a respeito da<br />
vida e da obra do compositor, mas acha que tem semelhança física com ele. “Bôscoli era<br />
muito conquistador, um grande sedutor”, comenta Solano.<br />
O autor Manoel Carlos destaca esse período na minissérie. Embora o romance entre<br />
Bôscoli e <strong>Maysa</strong> tenha durado poucos meses, o personagem aparece em oito dos nove<br />
capítulos da minissérie. “Eles tiveram um romance breve, mas o Bôscoli teve um valor<br />
importante na carreira musical de <strong>Maysa</strong>. Foi ele quem a apresentou para a Bossa Nova,<br />
que lhe fez cantar de maneira diferente da que vinha cantando o samba canção”.<br />
A música “O Barquinho” foi uma das muitas músicas de Bôscoli que <strong>Maysa</strong> gravou. Ela<br />
foi uma das primeiras grandes cantoras a abraçar o novo ritmo brasileiro e a divulgá-lo no<br />
exterior.<br />
Ne me quitte pas – carreira internacional<br />
<strong>Maysa</strong> não fez sucesso apenas no Brasil. Seu talento conquistou fãs pelo mundo inteiro. A<br />
cantora morou muitos anos fora do país e viajou em turnês internacionais que passaram<br />
pela América do Sul, América Central, Estados Unidos, vários países da Europa e da<br />
África.<br />
Bonita e de personalidade marcante, <strong>Maysa</strong> também era culta e muito bem informada.<br />
Cantava e <strong>fala</strong>va fluentemente francês, inglês, espanhol e italiano. Gravou músicas<br />
internacionais como I love Paris (Cole Porter), Light My Fire (The Doors), Besame mucho (da<br />
mexicana Consuelo Velasquez) e Ne me quitte pas, do franco-belga Jacques Brel.<br />
A minissérie vai mostrar alguns desses shows escolhidos pelo autor Manoel Carlos, como<br />
os do King’s Club em Buenos Aires, do Cassino Estoril em Portugal e do Olympia de<br />
Paris. Serão mostrados também shows marcantes feitos no Brasil, como um dos muitos que<br />
a cantora fez no Golden Room, no Copacabana Palace, e a antológica apresentação feita no<br />
Canecão, após <strong>Maysa</strong> voltar ao país depois de uma longa temporada na Europa.<br />
Os outros amores<br />
Além de André Matarazzo e Ronaldo Bôscoli, a minissérie transformou mais dois homens<br />
que passaram por sua vida em personagens. O espanhol Miguel Azanza (Pablo Bellini),<br />
com quem viveu por quase 10 anos, e o ator Carlos Alberto (Marat Descartes), um de seus<br />
últimos namorados, que conviveu com a cantora durante sua fase mais tranqüila, <strong>quando</strong><br />
ela construiu uma casa em Maricá.
"Hoje em dia, a coisa mais fácil que existe é não ser"<br />
<strong>Maysa</strong> morreu prematuramente em um acidente de carro na ponte Rio-Niterói, no Rio de<br />
Janeiro, aos 40 anos, no dia 22 de janeiro de 1977. Muitos são os rumores que surgiram em<br />
torno do acidente, mas a verdade é que sua morte foi uma fatalidade. <strong>Maysa</strong> estava sóbria e<br />
dirigia para sua casa em Maricá, seu ‘refúgio zen’. Ventos muito fortes fizeram com que a<br />
cantora perdesse o controle do carro e batesse violentamente contra uma pilastra. <strong>Maysa</strong><br />
ainda foi socorrida, mas não resistiu e morreu a caminho do hospital.<br />
Nasce uma estrela – destinos cruzados<br />
Há 31 anos, morria a cantora <strong>Maysa</strong> <strong>Monjardim</strong> Matarazzo. Ainda em 1977, nascia a atriz<br />
Larissa Maciel no Rio Grande do Sul. Agora, as vidas das duas artistas se cruzam na<br />
minissérie.<br />
Larissa foi escolhida entre mais de 200 atrizes para viver a cantora na TV. “Não me achava<br />
parecida com a <strong>Maysa</strong>. Nunca tinha pensado nisso. Mas, <strong>quando</strong> o Fernando Torquatto<br />
acabou a minha caracterização do teste, tomei um choque”, lembra a protagonista. O autor<br />
Manoel Carlos conta que fez questão de optar por uma atriz desconhecida para dar<br />
credibilidade à personagem. “Insisti que fosse alguém que nascesse a partir da <strong>Maysa</strong>”.<br />
Formada em interpretação teatral pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e com<br />
mais de 10 anos de experiência no teatro e participações em curtas e projetos de<br />
dramaturgia na RBS (emissora afiliada da TV Globo no Sul), Larissa se mudou para o Rio<br />
de Janeiro em fevereiro de 2008, exclusivamente para mergulhar na história de <strong>Maysa</strong>.<br />
Durante seis meses, a atriz se entregou a um sofisticado processo de preparação para a<br />
construção de personagem. Em uma iniciativa inédita na televisão brasileira, Larissa<br />
dedicava diariamente mais de dez horas para as constantes aulas de canto e corpo e às<br />
minuciosas sessões de fonoaudiologia. E na reta final do processo de preparação, Larissa<br />
fez treinamentos específicos para as cenas de shows.<br />
A atriz perdeu a conta de quantas vezes leu o diário e tudo que foi publicado na imprensa<br />
sobre <strong>Maysa</strong>. Objetos pessoais, fotos, reportagens, entrevistas, DVDs com shows e<br />
especiais de TV fizeram parte do processo de preparação. “Emprestei meu corpo para ela.<br />
A <strong>Maysa</strong> se colocava inteira em tudo o que fazia. Ela vivia intensamente o tempo todo, e<br />
isso é o mais difícil de interpretar”, afirma a atriz.<br />
Apesar de ter feito um mergulho intenso no universo da cantora, Larissa não a imita na<br />
minissérie. Surpreso desde o primeiro teste, <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> diz que a gaúcha superou<br />
suas expectativas. “Larissa fez um trabalho impecável. Ela me surpreendeu ao pôr para<br />
fora uma <strong>Maysa</strong> que ela enxerga. Não é uma imitação; ela tem uma forma própria de<br />
interpretar”.<br />
“Minha expectativa é fazer um trabalho que a <strong>Maysa</strong> fosse aprovar. Por isso, me entreguei<br />
da forma mais profunda que pude”, declara Larissa.
Mudança de alma – a caracterização<br />
O toque de Midas para a transformação de Larissa Maciel em <strong>Maysa</strong> acontece <strong>quando</strong><br />
entra em cena o caracterizador Fernando Torquatto, contratado para a difícil missão de<br />
transformar os olhos expressivos da atriz nos "oceanos não-pacíficos" de <strong>Maysa</strong>. Os olhos<br />
– marca registrada de <strong>Maysa</strong> – ganharam a maior atenção. Durante os três meses de<br />
gravação, foram mais de 10 delineadores e 100 pares de cílios postiços.<br />
“Dividimos a vida dela em seis fases para dar mais veracidade à passagem do tempo”,<br />
disse Torquatto. <strong>Maysa</strong> mudava muito de visual, coisa incomum para a época. Foram<br />
usados vários modelos de peruca para que Larissa pudesse viver <strong>Maysa</strong> dos 15 aos 40<br />
anos. “São muitas perucas, uma para cada época. Tive que mudar desde o formato das<br />
unhas e até das sobrancelhas”, lembra o caracterizador.<br />
Em nome do pai<br />
O clima familiar de ‘<strong>Maysa</strong>’ não ficará restrito à presença do diretor <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> na<br />
minissérie. André Matarazzo, de 10 anos, e <strong>Jayme</strong> Matarazzo, 22, filhos do diretor,<br />
interpretarão o pai na atração. A idéia partiu de Manoel Carlos e o diretor, a princípio<br />
receoso, acabou aprovando.<br />
“Eles passaram por testes e o resultado foi tão surpreendente que eu não tive coragem de<br />
dizer ‘não’. André nasceu para isso e <strong>quando</strong> vi o Jayminho levei um susto. Como pai e<br />
como diretor. Não poderia negar essa chance a eles. E, se já dei oportunidade para tanta<br />
gente mostrar talento, por que não?”, pondera <strong>Jayme</strong>.<br />
Para os netos, é uma forma de se aproximarem de <strong>Maysa</strong>. “Engraçado que eu sabia muito<br />
pouco sobre minha avó até começar a produção da minissérie e cada vez mais me<br />
surpreendo com a vida que ela teve”, diz <strong>Jayme</strong> Matarazzo, que cursa faculdade de cinema<br />
na Faap, em São Paulo.<br />
Do teatro para a TV<br />
Assim como <strong>Maysa</strong> fez durante sua carreira, <strong>quando</strong> lançou inúmeros músicos e<br />
compositores novos, a minissérie será uma porta de entrada para talentos desconhecidos do<br />
grande público.<br />
Para formar o elenco, <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> saiu em busca de atores com carreira consolidada<br />
no teatro e no cinema. “São atores que optaram por não fazer televisão. Para trazê-los,<br />
tivemos que fazer um grande esforço de sedução e o resultado foi espetacular”, afirmou<br />
<strong>Jayme</strong>.<br />
Semelhança física foi um dos pontos mais exigidos na escalação do elenco. “Usamos esse<br />
filtro para trazer uma equipe forte, que não tem muito que provar em relação ao talento”,<br />
afirma Nélson Fonseca, produtor de elenco.
Além da própria Larissa Maciel, que é cria do teatro, também têm intimidade com os<br />
palcos Mateus Solano (Ronaldo Bôscoli), Nelson Barskerville (Monja), Angela Dip (Inah),<br />
Priscilla Rozenbaum (Ana), Eduardo Semerjian (André Matarazzo), Denise Weinberg<br />
(Amália Matarazzo) e Marat Descartes (Carlos Alberto).<br />
Para viver o casal de espanhóis Miguel e Gabriela Azanza, o diretor escalou o ator<br />
argentino Pablo Bellini, que vive no Brasil há anos, e a brasileira Melissa Vettore, que<br />
morou seis meses em Barcelona. Essa mistura garantiu um sotaque espanhol perfeito à<br />
dupla.<br />
Baú revirado – o vasto material de pesquisa<br />
Para mergulhar no farto material biográfico da artista, que até hoje é guardado com<br />
cuidado por <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>, Manoel Carlos contou com a preciosa ajuda de sua<br />
pesquisadora Mariana Torres. Foram vistos mais de três mil fotos, recortes de jornais e<br />
revistas e páginas originais do diário pessoal que a cantora manteve por toda a vida, onde<br />
<strong>Maysa</strong> anotava sua rotina, sentimentos, impressões, frustrações e sonhos. Além de<br />
centenas de vídeos com imagens de arquivo da Globo, TV Cultura, Band e de outras<br />
emissoras.<br />
“Através das palavras escritas pela própria <strong>Maysa</strong> era possível compreender algumas<br />
facetas daquela mulher tão intensa, controversa e apaixonada. <strong>Maysa</strong> escrevia muito bem e<br />
textos muito interessantes”, afirma Mariana.<br />
Depois da triagem feita pela pesquisa, foi a vez de as colaboradoras Ângela Chaves e<br />
Maria Carolina entrarem em cena e trabalharem em cima do material escolhido.<br />
“Mergulhar na vida de <strong>Maysa</strong> foi como conhecer um furacão. Um furacão que cantava<br />
lindamente o amor e a dor”, diz Ângela.<br />
“Confesso que fiquei surpreso com muita coisa que li, principalmente as anotações do seu<br />
diário, que revelam uma mulher inteligente e madura, consciente da sua importância, mas<br />
também da sua fragilidade”, conta o autor Manoel Carlos. “Ele teve acesso à alma da<br />
<strong>Maysa</strong>. Há 15 anos, eu não sabia por que ela tinha guardado isso tudo. Hoje eu sei: foi para<br />
que, um dia, isto acontecesse”, declara <strong>Jayme</strong>.<br />
Falar de amor não sai de moda – figurino<br />
O figurino foi responsabilidade de Marília Carneiro e Lúcia Dadário. Juntas, elas<br />
passearam por várias tendências, já que a minissérie abrange três décadas. Apesar de usar o<br />
que vinha à cabeça, <strong>Maysa</strong> passou por fases bem determinadas. “A minissérie tem quatro<br />
etapas de figurinos diferentes: anos 40/50, anos 60 e anos 70, além dos figurinos<br />
deslumbrantes dos shows que <strong>Maysa</strong> fez. São mais de 70 figurinos diferentes apenas para a<br />
Larissa”, afirma Marília.<br />
As diferenças entre as fases de <strong>Maysa</strong> serão marcadas através de roupas sóbrias e escuras<br />
que a cantora usou nas décadas de 50 e 60. “O clã dos Matarazzo requer um cuidado extra,<br />
tamanha a importância da família para a sociedade da época”, valoriza Marília.
Já nos anos 70, <strong>quando</strong> estava mais magra, <strong>Maysa</strong> adotou as túnicas e os vestidos<br />
marroquinos. “Ela não tinha problema com o visual. Mesmo <strong>quando</strong> estava mais gordinha,<br />
mostrava os braços, o colo, ia à praia. Era assumidíssima”, afirma Lúcia.<br />
A curiosidade sobre o figurino ficou por conta do show do Canecão. Elas utilizaram a<br />
roupa original da apresentação, uma túnica azul toda bordada, que foi guardada por <strong>Jayme</strong>.<br />
A roupa estava impecável e serviu perfeitamente em Larissa Maciel. “Este é sem dúvida o<br />
figurino mais inusitado: o vestido do antológico show do Canecão, <strong>quando</strong> <strong>Maysa</strong> volta<br />
para o Brasil magérrima, poderosa”, acredita Marília.<br />
Com o foco no passado – cenografia e produção de arte<br />
As gravações da minissérie ‘<strong>Maysa</strong> – Quando <strong>fala</strong> o <strong>coração</strong>’ duraram três meses, de<br />
agosto a outubro de 2008. Como a abordagem da obra é realista, a cenografia optou por<br />
reforçar esse conceito filmando 90% das cenas em locações externas, em edifícios<br />
históricos que retratam a alta sociedade dos anos 50, 60 e 70. Locações como o Palácio<br />
Laranjeiras, o hotel Copacabana Palace, Hotel Glória, Casa Julieta de Serpa, MAM,<br />
Palácio Gustavo Capanema, Palácio Itamaraty e a Reitoria da UFRJ são alguns exemplos<br />
de lugares escolhidos como cenários para a minissérie.<br />
“Tenho 34 anos de TV Globo, mas esse é o trabalho mais bonito que já fiz. A cena do<br />
velório de André Matarazzo (Eduardo Semerjian), que filmamos no Palácio das<br />
Laranjeiras, é maravilhosa”, orgulha-se a diretora de arte Tiza de Oliveira. O Palácio serviu<br />
de cenário para o interior da residência paulistana da família Matarazzo. “A arquitetura e a<br />
de<strong>coração</strong> são fantásticas. Só precisei entrar com flores, louças e pratarias”, explica.<br />
Cerca de 120 profissionais passaram 15 dias em Petrópolis gravando os grandes shows e a<br />
frente da mansão Matarazzo. “O Quintandinha tem um teatro inacreditável, imponente. Lá<br />
gravamos shows como o do Olympia de Paris, Canecão e do Municipal de São Paulo”,<br />
afirma Raul Travassos, responsável pela cenografia da minissérie. “E, em Petrópolis, existe<br />
uma avenida que tem apenas casas de época. Foi ideal para filmarmos a frente da mansão<br />
dos Matarazzo, que ficava na Avenida Paulista, em São Paulo”.<br />
Para Tiza, a maior dificuldade foi retratar as casas de shows onde <strong>Maysa</strong> se apresentou no<br />
exterior. “Gravamos no Rio de Janeiro passagens que aconteceram na França, em Portugal,<br />
nos Estados Unidos e em outros países. Criamos ambientes luxuosos, abusando de velas,<br />
candelabros e flores”, afirma.<br />
Assim como aconteceu com o figurino e com a pesquisa, a equipe de cenografia também<br />
teve acesso a uma locação real, que pertenceu à <strong>Maysa</strong>. O diretor <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> abriu<br />
as portas de sua casa em Maricá, que foi construída pela cantora, para que as cenas finais<br />
da minissérie fossem filmadas lá.<br />
Fotografia<br />
Minucioso também foi o tratamento das imagens. A minissérie foi rodada com moderna<br />
tecnologia de alta definição, com câmeras que ainda estão em teste no mundo inteiro. Para<br />
conferir tamanha sofisticação de detalhes às cenas, <strong>Jayme</strong> convidou o consagrado diretor<br />
de fotografia Affonso Beato, responsável pelas belas tomadas ‘almodovarianas’ de “Tudo
sobre minha mãe” e “Carne trêmula” e pelo registro da aristocracia britânica em “A<br />
rainha”, de Stephen Frears.<br />
“O Affonso me ajudou a encontrar a estética da minissérie. Se a alma da história é o texto<br />
do Maneco, a alma da imagem é do Affonso. Trabalhar com ele significa um passo à frente<br />
na minha carreira de diretor”, elogia <strong>Jayme</strong>.<br />
A minissérie, não à tôa, foi gravada com qualidade de cinema. ‘<strong>Maysa</strong>’ vai extrapolar a TV<br />
e ganhar as telonas, além de ser transformada em livro, CD e DVD. A Som Livre lança em<br />
janeiro o CD duplo com canções originais de <strong>Maysa</strong>. Na mesma época, a Globo Livros<br />
edita uma obra que traz fotos da cantora e bastidores da minissérie, nos moldes que <strong>Jayme</strong><br />
já desenvolveu em outras produções como ‘O Clone’ e “Olga”. O longa-metragem e o<br />
DVD ainda não têm data definida para lançamento.<br />
Entrevista com o autor Manoel Carlos<br />
O autor Manoel Carlos chegou à TV Globo em 1972, para dirigir o ‘Fantástico’. Antes<br />
disso, trabalhou nas extintas TV Tupi (RJ) e TV Excelsior (SP), além da TV Record (SP).<br />
Para a Tupi escreveu, nos anos 50, mais de 100 teleteatros, num tempo em que as<br />
interpretações eram feitas ao vivo. Na Excelsior, criou o ‘Brasil 60’, com Bibi Ferreira,<br />
que se estendeu até 1963. E, na TV Record (SP), onde ficou por dez anos, dirigiu<br />
programas como ‘O Fino da Bossa’, ‘Família Trapo’, ‘Esta Noite se Improvisa’, ‘Hebe’ e<br />
muitos outros. Sua primeira telenovela na TV Globo foi ‘Maria, Maria’, que foi ao ar em<br />
1978. E, desde então, Manoel Carlos emenda um sucesso no outro, completando dez<br />
produções de sucesso na emissora com ‘A Sucessora’ (1979), ‘Baila Comigo’ (1981),<br />
‘Sol de Verão’ (1982), ‘Felicidade’ (1991), ‘História de Amor’ (1995), ‘Por Amor’<br />
(1997), ‘Laços de Família’ (2000), ‘Mulheres Apaixonadas’ (2003) e ‘Páginas da Vida’<br />
(2006), além da minissérie ‘Presença de Anita’ (2001).<br />
As obras de Manoel Carlos têm como marca registrada a alma feminina e as relações<br />
humanas. Realista na forma de escrever, Maneco – como é carinhosamente chamado<br />
pelos amigos – trouxe essa experiência em emocionar o público para o texto primoroso<br />
de ‘<strong>Maysa</strong> – Quando <strong>fala</strong> o <strong>coração</strong>’.<br />
Como surgiu o convite para escrever ‘<strong>Maysa</strong>’?<br />
Manoel Carlos: Ainda fazíamos ‘Páginas da Vida’ <strong>quando</strong>, num dos habituais encontros<br />
no (restaurante) Garcia & Rodrigues (no Leblon), o <strong>Jayme</strong> me falou nesse sonho de<br />
realizar um trabalho sobre <strong>Maysa</strong>. Era uma maneira de resgatar a vida e a trajetória<br />
artística da mãe. Ao final do jantar, me perguntou se eu aceitaria escrever a minissérie. O<br />
convite me comoveu e me envaideceu. Era irrecusável, mas – de qualquer maneira – me<br />
assustou um pouco tamanha responsabilidade.<br />
Você tem muitas novelas no seu currículo e uma minissérie de muito sucesso, que foi<br />
‘Presença de Anita’. Como foi a experiência de fazer uma minissérie de apenas nove<br />
capítulos e com poucos personagens?<br />
Manoel Carlos: Foi uma experiência incrível, que eu dividi com a Ângela Chaves. A<br />
vontade de fazer obras curtas para a televisão está sempre presente em quem escreve<br />
longas novelas. A experiência com ‘Presença de Anita’ deixou em mim aquela sensação de
"quero mais". Poucos personagens também são bem-vindos à imaginação, pois concentram<br />
a história e dão oportunidade a todo o elenco.<br />
Você chegou a conhecer a <strong>Maysa</strong> pessoalmente. Quanto dessa relação entrou na<br />
minissérie?<br />
Manoel Carlos: Eu apenas conheci a <strong>Maysa</strong>. Não fomos amigos. Trabalhamos no mesmo<br />
canal de TV, em São Paulo, onde cruzávamos pelos mesmos corredores e estúdios, e ela<br />
também participou de programas meus na Record e na Excelsior. Uma noite, fomos - eu e<br />
vários colegas de televisão - à casa dela, onde se cantou e se bebeu a noite toda. Ela era<br />
como comida chinesa: doce-azeda. Ou ainda: gentil e áspera, dócil e agressiva. Um<br />
encanto de contradições bem femininas.<br />
O <strong>Jayme</strong> disponibilizou um vasto material sobre a cantora e você precisou resumir<br />
tudo em nove capítulos. Qual foi seu critério?<br />
Manoel Carlos: Bem, essa foi a parte particularmente espinhosa da tarefa: reconhecer o<br />
que deveria ser aproveitado e o que, lamentavelmente, deveria ficar de fora. O <strong>Jayme</strong><br />
disponibilizou quase 100 pastas de material: recortes de jornais e revistas, fotos, cartas,<br />
além dos diários da <strong>Maysa</strong>. Quem mergulhou em tudo isso foi a minha pesquisadora,<br />
Mariana Torres, que tem um apurado critério para separar o que é mais relevante. Mas deu<br />
pena ser tão curta.<br />
Qual foi a cena mais difícil de escrever?<br />
Manoel Carlos: Com perdão do lugar comum, nada foi fácil. Principalmente pela opção<br />
que fiz de ficcionar a história, não me ater aos dados severamente biográficos e<br />
cronológicos. Onde ficcionar, onde sair e voltar ao factual. Mulher de muitos amores,<br />
sempre apaixonada e ao mesmo tempo desiludida com as coisas do <strong>coração</strong>, deixou<br />
margem a muitas interpretações da sua trajetória de vida e de profissão. Muitas vezes tive<br />
que optar por um caminho, escolhido entre dez atalhos. Mas estou feliz com o resultado.<br />
Quando você entregou os capítulos ao <strong>Jayme</strong>, achou que ele poderia pedir alguma<br />
modificação?<br />
Manoel Carlos: Esperei que sim, já que ele é o herdeiro, único e legítimo herdeiro, da<br />
história que eu estava contando. Sabemos que não é fácil encarar a vida difícil de uma mãe<br />
que passou por tantas vicissitudes. Uma vida palpitante de emoção, muitas delas dolorosas<br />
de serem lembradas, revividas. Ele poderia pedir alguns cortes, alguns abrandamentos da<br />
verdade, mas... nada disso aconteceu. Me deu ampla liberdade de criação, respeitou e<br />
manteve os caminhos que escolhi para contar a história. O <strong>Jayme</strong> foi inigualável, como<br />
sempre.<br />
Houve uma preocupação em aliviar algumas passagens da vida de <strong>Maysa</strong> por causa<br />
do <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>?<br />
Manoel Carlos: Só tive essa preocupação antes de aceitar o convite que ele me fez.<br />
Depois de aceito, depois de combinar que faria a minissérie esquecendo o parentesco dele<br />
com ela, e diante - principalmente - da liberdade que ele me deu, perdi qualquer tipo de<br />
preocupação.<br />
Se você tivesse que definir a minissérie em poucas palavras, diria que ela é sobre o<br />
quê? O que <strong>Maysa</strong> teve de tão especial?<br />
Manoel Carlos: É a história de uma mulher valente e desafiadora, com coragem para<br />
transgredir, sofrer, chorar, romper com convenções, enfrentar a adversidade (e foram<br />
muitas!) e da artista incomparável, de voz única, talento incontestável. Uma mulher e uma
artista muita ricas em humanidade e forjada por ricos contrastes: egoísta e generosa,<br />
humilde e também um poço de orgulho, amorosa e agressiva com seus amores.<br />
O que você achou da escolha dos filhos do <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> para interpretar ele<br />
mesmo?<br />
Manoel Carlos: Ah, isso foi uma escolha pessoal que eu fiz. O <strong>Jayme</strong> relutou muito, mas<br />
eu o convenci que os filhos seriam as opções certas para o papel do pai, nas duas idades em<br />
que ele aparece: criança e aos 20 anos, que foi <strong>quando</strong> <strong>Maysa</strong> morreu. Bem, fizemos os<br />
testes e eles se saíram muito bem, foram aprovados com louvor, como todos poderão ver a<br />
partir do dia 05 de janeiro.<br />
Os atores são quase todos desconhecidos do grande público. Você participou da<br />
escolha do elenco? Teve algum motivo especial para isso?<br />
Manoel Carlos: Escolha de elenco é uma das tarefas mais difíceis e sensíveis de uma<br />
novela, de uma minissérie. O ponto nevrálgico da boa realização. Acertando-se no elenco,<br />
o resultado já pode ser visto com otimismo. Por essa razão, entre outras, não abro mão de<br />
escolher o elenco, obviamente sempre em parceria com o diretor. Assim também com<br />
relação aos cenários e figurinos. Isso tudo é que forma o conjunto de uma boa obra. Quanto<br />
à escolha de atores e atrizes desconhecidos do grande público, essa tem sido uma<br />
preocupação em tudo que faço, tendo encontrado no <strong>Jayme</strong> a mesma disposição. Sempre,<br />
claro, dentro das possibilidades reais de acerto.<br />
Entrevista com o diretor <strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong><br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> é um diretor de grandes sucessos. Seus mais recentes trabalhos na TV<br />
Globo foram as novelas ‘Páginas da Vida’ (2006), que marcou o início de sua parceria<br />
com Manoel Carlos, ‘América’ (2005), ‘O Clone’ (2001) e ‘Terra Nostra’ (1999), todas<br />
ganhadoras de prêmios internacionais, e as minisséries ‘Chiquinha Gonzaga’ (1999),<br />
‘Aquarela do Brasil’ (2000) e ‘A Casa das Sete Mulheres’ (2003). No cinema, <strong>Jayme</strong><br />
dirigiu o filme “Olga” (2004), baseado no livro homônimo de Fernando Morais.<br />
‘<strong>Maysa</strong> – Quando <strong>fala</strong> o <strong>coração</strong>’ é considerado pelo próprio diretor como o trabalho<br />
mais importante de sua vida. “Me preparei a vida toda para esse projeto”, tem repetido o<br />
diretor.<br />
Por que filmar ‘<strong>Maysa</strong>’?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Porque eu acho que faltam histórias que nos façam suspirar. A<br />
minissérie conta a vida de uma mulher corajosa, que amava demais, que viveu em uma<br />
eterna busca de ser feliz e perseguiu seus sonhos. Tudo em <strong>Maysa</strong> era movido pelo<br />
sentimento.<br />
Essa não é a primeira vez que você filma o trabalho de sua mãe. Por que fazer de<br />
novo e nesse momento?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Meu primeiro trabalho como diretor foi um curta-metragem sobre a<br />
história de <strong>Maysa</strong>, em 1979. Era uma homenagem após dois anos da morte dela. Acho que<br />
foi ela quem me direcionou para a carreira que escolhi. Em 83, eu preparei um especial<br />
para a Bandeirantes, a convite do diretor Roberto Talma. Esses trabalhos foram<br />
experimentais. Durante anos, amadureci a idéia de fazer um longa sobre ela. Foi <strong>quando</strong><br />
apresentei a proposta para a TV Globo e eles toparam. Fiquei muito feliz.
Que sentimento esse trabalho trouxe para você? Foi o trabalho mais especial de<br />
fazer?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Sem dúvida, esse trabalho teve um gosto especial. Tanto por ser, de<br />
uma certa maneira, a minha própria história, como pelo apuro técnico a que tivemos<br />
acesso. Eu pude trabalhar com a melhor equipe. Ganhei de presente um texto irretocável do<br />
Manoel Carlos. Pude contar com a experiência e o talento do fantástico Affonso Beato,<br />
diretor de fotografia. E filmamos com uma tecnologia praticamente inédita no mundo.<br />
Acredito que estamos fazendo o futuro da televisão.<br />
Como você conseguiu separar o sentimento do filho do olhar do diretor?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Eu me sinto completamente envolvido nesse projeto e feliz por essa<br />
oportunidade. Eu me preparei durante mais de 20 anos para realizá-lo. Jamais poderia<br />
fazer este trabalho se não estivesse anestesiado. Durante as gravações, o ritmo foi muito<br />
intenso e eu estava ali como diretor. Acho que, depois de ver a minissérie no ar, vou<br />
sentir pela primeira vez essa experiência como filho.<br />
A sua relação com o Manoel Carlos vem de ‘Páginas da Vida’. Foi você quem fez o<br />
convite a ele?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Meu primeiro trabalho com o Maneco foi em ‘Páginas da Vida’, mas,<br />
desde que eu voltei para a TV Globo, já <strong>fala</strong>mos em trabalhar juntos. Manoel Carlos<br />
entende a alma feminina como poucos. Não haveria autor mais pertinente para esse<br />
trabalho. Sem ele, não haveria minissérie. Ele trouxe a alma de <strong>Maysa</strong> para esse trabalho.<br />
Conseguiu dar uma visão realista, com todas as nuances e coloridos dela como cantora e<br />
como mulher, sem que ficasse uma coisa agressiva ou até protegida, evidenciando que sou<br />
filho. Jamais pediria ao Maneco para tirar alguma história porque é tudo público e<br />
assumido. Vamos <strong>fala</strong>r de tudo, mas com elegância e seriedade.<br />
Você já fez outras minisséries sobre grandes mulheres. É um estilo que te agrada?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Eu sou apaixonado por histórias emocionantes. E já contei algumas<br />
de mulheres corajosas, como ‘Chiquinha Gonzaga’, ‘Olga’, ‘A Casa das Sete Mulheres’...<br />
‘<strong>Maysa</strong>’ é mais uma dessas histórias. Foi uma mulher que enfrentou preconceitos e<br />
quebrou regras atrás do sonho de expor a sua arte. Uma mulher que buscou amar e ser<br />
amada. E aí estava também sua maior fragilidade. Acredito que o público vai se emocionar<br />
ao assistir à história de uma mulher verdadeira, de carne e osso.<br />
Como você decidiu colocar seus próprios filhos para interpretar você mesmo?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: A idéia partiu do Maneco. Eu fiquei muito reticente, com medo de<br />
expor meus filhos. Mas ele insistiu e nós fizemos o teste. Quando vi o resultado, fiquei<br />
muito surpreso, tanto como pai como diretor. Não podia negar essa chance a eles.<br />
Os atores são quase todos desconhecidos do grande público. Teve algum motivo<br />
especial para isso?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Eu gosto de trabalhar com gente nova. Já lancei atrizes como a<br />
Cristiana Oliveira, em ‘Pantanal’, e a Camila Morgado, em ‘A Casa das Sete Mulheres’, só<br />
para citar algumas. E o Maneco tem essa mesma visão. Então, optamos por trabalhar com<br />
um elenco forte, com muita experiência dramática e um talento inquestionável. Temos<br />
grandes nomes do teatro e do cinema na minissérie. Para a protagonista, precisávamos de<br />
alguém que surgisse para o público através de <strong>Maysa</strong>. Acho que conseguimos isso.
Qual a primeira reação ao ver a Larissa caracterizada como <strong>Maysa</strong>?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: O primeiro teste dela já foi impressionante para mim. Não a<br />
semelhança física, mas a <strong>Maysa</strong> que ela enxerga. Não é uma imitação. O trabalho da<br />
Larissa foi impecável.<br />
Como será o projeto multimídia da minissérie? Você pretende lançar cds, DVDs e<br />
filme?<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>: Sim. Em janeiro, a Som Livre lança um CD duplo com gravações<br />
originais de <strong>Maysa</strong> que reúne os maiores sucessos de sua carreira. A Editora Globo<br />
também lança um livro com textos e fotografias dela. Ao longo do ano, também<br />
pretendemos editar um longa-metragem a partir da minissérie e lançar o DVD com<br />
bastidores e entrevistas. Mas ainda não temos datas definidas para isso.<br />
Perfil dos Personagens<br />
<strong>Maysa</strong> (Larissa Maciel) – Artista de talento incontestável, <strong>Maysa</strong> desafiou as regras da<br />
sociedade e desfez um casamento milionário para buscar o sonho de cantar. Corajosa e<br />
intensa, fez carreira de grande sucesso no Brasil e no exterior.<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong> (André Matarazzo/<strong>Jayme</strong> Matarazzo) – Filho único de <strong>Maysa</strong>,<br />
<strong>Jayme</strong> se ressentiu da ausência da mãe na infância, enquanto ela fazia um enorme sucesso.<br />
Depois da morte do pai, passou sete anos em um internato na Espanha. Na volta, rompeu<br />
com a mãe e pediu a emancipação aos 15 anos<br />
André Matarazzo (Eduardo Semerjian) – Da alta sociedade paulistana, foi o primeiro<br />
marido de <strong>Maysa</strong>. Era um empresário importante da indústria brasileira e tinha, em relação<br />
à cantora, uma diferença de quase 20 anos de idade. Essa diferença criou muitos conflitos<br />
entre o casal e culminou na separação dois anos depois. Juntos, tiveram um único filho,<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong>.<br />
Amália Matarazzo (Denise Weinberg) – M ãe de André Matarazzo e sogra de <strong>Maysa</strong>, era<br />
muito tradicional e radicalmente contra os anseios artísticos da nora.<br />
Andrea Matarazzo (Rogério Falabella) - Pai de André Matarazzo e sogro de <strong>Maysa</strong>.<br />
Inah <strong>Monjardim</strong> (Ângela Dip) – Mãe de <strong>Maysa</strong>, era de personalidade doce e carinhosa,<br />
tendo se preocupado sempre com as idéias vanguardistas da filha.<br />
Alcebíades <strong>Monjardim</strong> (Nelson Baskerville) – Pai de <strong>Maysa</strong>, era mais conhecido como<br />
Monja. Boêmio, convivia com muitos artistas e sempre promovia saraus em sua casa.<br />
Cibidinho (Michael Nix/Luiz Carlos Ayres/Gustavo Trestini) – Irmão de <strong>Maysa</strong>.<br />
Ana (Priscilla Rozenbaum) – Uma combinação de três secretárias que a cantora teve ao<br />
longo de seus 20 anos de carreira.<br />
Ronaldo Bôscoli (Mateus Solano) - Compositor e um dos precursores da Bossa Nova,<br />
Bôscoli era reconhecidamente um galanteador. Teve um breve e turbulento romance com<br />
<strong>Maysa</strong>.<br />
Miguel Azana (Pablo Bellini) – Espanhol, conheceu <strong>Maysa</strong> durante a turnê que a cantora<br />
fez na Europa. Casado à época, se separou e viveu com <strong>Maysa</strong> por quase 10 anos.<br />
Gabriela (Melissa Vettore) – Esposa de Miguel Azanza,que, <strong>quando</strong> descobre o caso<br />
entre o marido e <strong>Maysa</strong>, se separa.
Carlos Alberto (Marat Descartes) – Conhecido ator de televisão, foi um dos últimos<br />
namorados de <strong>Maysa</strong>. Foi Carlos Alberto que a levou a Maricá, cidade que se tornaria um<br />
refúgio para a cantora.<br />
Nina (Simone Soares) – Miss Israel, foi a segunda esposa de André Matarazzo.<br />
Marlene (Cristiane Carniato) – Amiga de infância de <strong>Maysa</strong>.<br />
Beta (Cristine Perón) - Uma das muitas namoradas que passaram pela vida de Ronaldo<br />
Bôscoli.<br />
Fotos no site de imprensa www.redeglobo.com.br/imprensa<br />
Atendimento de imprensa Roberta Margarit – roberta.margarit@tvglobo.com.br<br />
Tel: 21 2444-5404<br />
Central Globo de Comunicação<br />
São Paulo, 11 de dezembro de 2008<br />
Mais informações www.globo.com/maysa
Uma minissérie de<br />
Manoel Carlos<br />
Elenco<br />
Larissa Maciel<br />
Nelson Baskerville<br />
Ângela Dip<br />
Priscilla Rozenbaum<br />
Denise Weinberg<br />
Eduardo Semerjian<br />
Mateus Solano<br />
Pablo Bellini<br />
Marat Descartes<br />
<strong>Jayme</strong> Matarazzo Filho<br />
Melissa Vettore<br />
Beto Matos<br />
Caio Sóh<br />
Cristiane Carniato<br />
Cristine Perón<br />
Fátima Montenegro<br />
Rogério Falabella<br />
Simone Soares<br />
As Crianças<br />
André Matarazzo<br />
Thayná Elisa Borges<br />
Pedro Damas<br />
Michael Nix<br />
Michel Joelsas<br />
Gabriel Haua<br />
Escrita Por<br />
Manoel Carlos<br />
Ângela Chaves<br />
Colaboração<br />
Maria Carolina<br />
Mariana Torres<br />
Musicais<br />
Direção Mario Meirelles<br />
Ficha Técnica
Direção Geral<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong><br />
Núcleo<br />
<strong>Jayme</strong> <strong>Monjardim</strong><br />
Participações<br />
Adriana Quadros<br />
Adriano Garib<br />
Alcemar Vieira<br />
Alexandra Plubins<br />
Alice Fernandes<br />
Ana Barroso<br />
Andrea Murucci<br />
Anja Bittencourt<br />
Antonio dos Santos<br />
Antonio Mendel<br />
Arnaldo Marques<br />
Arthur Schreinert<br />
Bartholomeu Di Haro<br />
Camille Persek<br />
Carla Rosa<br />
Carlos Meceni<br />
Claudio Galvan<br />
Claudio Tizo<br />
Cyrano Rosalém<br />
Emmanuel Pasqualini<br />
Fabíula Nascimento<br />
Federico Erdocia<br />
Fernanda Avellar<br />
Gerson Lobo<br />
Glauce Graieb<br />
Gustavo Novaes<br />
Gustavo Trestini<br />
Gustavo Vaz<br />
Jennicer Hayworth<br />
Joelson Gusson<br />
Liana Naomi<br />
Lorenzo Martini<br />
Luiz Carlos Ayres<br />
Malu Rocha<br />
Marcelo Assumpção<br />
Marcelo Torreão<br />
Marcos Azevedo<br />
Maria Salvadora<br />
Marta Cotrim<br />
Michelle Bouvier<br />
Mila dos Santos Barbosa<br />
Monalisa Gomes
Munir Kanaan<br />
Murilo Grossi<br />
Natalio Maria<br />
Nilvan Santos<br />
Nivea Semprini<br />
Orion Ximenes<br />
Pablo Padilha<br />
Pablo Uranga<br />
Patricia Pichamone<br />
Paula Ribas<br />
Paula Santoro<br />
Paulo Rezende<br />
Paulo Vespúcio<br />
Raul Veiga<br />
Ricardo Soares<br />
Roberta Almeida<br />
Rogério Barros<br />
Rubem de Bem<br />
Sarito Rodrigues<br />
Saulo Rodrigues<br />
Sérgio Stern<br />
Simone Iliescu<br />
Sofia Torres<br />
Vania Veiga<br />
Vitor Frade<br />
Vitor Gonçalo<br />
Zé Renato<br />
Cenografia<br />
Raul Travassos<br />
Gilson Santos<br />
Cenógrafos Assistentes<br />
Luiz Velho<br />
Marcos Sobrinho<br />
Marcus Ranzani<br />
Sylvia Barroso<br />
Claudio Alberto<br />
Figurino<br />
Marília Carneiro<br />
Lucia Daddario<br />
Figurinistas Assistentes<br />
Marcio Maciel<br />
Claudia Nobre Machado<br />
Paula Carneiro<br />
Equipe de Apoio ao Figurino<br />
Antonio Cezar
Claudio Luciano<br />
Edeneire Nascimento<br />
Eliane Ribeiro<br />
Evandro Mousinho<br />
Francisco Assis<br />
Ivan Gomes<br />
Jorge Fernando Bernardo<br />
Marcia Dea<br />
Maria Da Conceição<br />
Marli Costa<br />
Patrick Reis<br />
Raílda Costa<br />
Roselane Fernandes<br />
Suzana Borba<br />
Direção de Fotografia<br />
Affonso Beato<br />
Gaffer<br />
Paulo Roberto de Souza<br />
Equipe de Iluminação<br />
Moyses Monteiro de Souza<br />
Diogo da Silva Marques<br />
Luiz Alberto Martins<br />
Lourival Felizardo dos Santos<br />
Jose Carlos Tavares de Souza<br />
Sandro Aguiar Rodrigues<br />
Flávio Augusto<br />
Fernando Santos da Cruz<br />
Julio dos Santos Barros<br />
Adriano Gomes Cardoso<br />
Luciano Reis<br />
Produção de Arte<br />
Tiza de Oliveira<br />
André Soeiro<br />
Jussara Xavier<br />
Produção de Arte Assistente<br />
Lara Tausz<br />
Rita Vinagre<br />
Equipe de Apoio à Arte<br />
Adriano Pitangui<br />
Francisco Santana<br />
Roberto Malvino<br />
Raimundo Sandoval Junior<br />
Mauricio Moreira<br />
Produção de Elenco
Nelson Fonseca<br />
Instrutores de Dramaturgia<br />
Patricia Carvalho<br />
Germana Guilhermme<br />
Rose Gonçalves<br />
Rossella Terranova<br />
Mayra Correa<br />
Caio Soh<br />
Produção Musical<br />
Marcus Vianna<br />
PH Castanheira<br />
Direção Musical<br />
Mariozinho Rocha<br />
Caracterização<br />
Luiz Ferreira<br />
Fernando Torquatto<br />
Equipe de Apoio à Caracterização<br />
Jandira Lopes<br />
Rosemere dos S. Silva<br />
Lucia Theodoro<br />
Ricardo Moura Lourenço<br />
Fabricio Ramos<br />
Edição<br />
José Carlos Monteiro<br />
Bibi de Motta<br />
Sonoplastia<br />
Júlio César Corrêa<br />
Efeitos Visuais<br />
Jorge Banda<br />
Efeitos Especiais<br />
Wilson Aquino<br />
Abertura<br />
Hans Donner<br />
Alexandre Pit Ribeiro<br />
Roberto Stein<br />
Câmeras<br />
J. Passos<br />
Valeska Cunha<br />
Foquistas
Silvia de Toledo Gangem<br />
Julia Equi<br />
Renata Reis<br />
Equipe de Apoio à Operação de Câmera<br />
Benedito Reginaldo Marangon<br />
Luiz Antônio Cardoso Temperine<br />
Marcone Couto Miranda Santos<br />
William Schmidt<br />
Thiago Augusto<br />
Equipe de Vídeo<br />
Almir Atayde Silva<br />
Equipe de Áudio<br />
Ronaldo Tavares de Paiva<br />
Roberto Casimiro da Silva<br />
Paulo Roberto Santiago<br />
Marcos Paulo D. Damiano<br />
Supervisor e Op. Sistema<br />
Dannyo Alves Escobar Ribeiro<br />
Gerente de Projetos<br />
Marcos Tavares<br />
Supervisor de Produção de Cenografia<br />
André Melo<br />
Luclésio Santana<br />
Valter Souza<br />
Equipe de Cenotécnica<br />
Althomy dos Santos Silva<br />
Antonio Vitor Romero<br />
Claudemir Mario da Silva<br />
Daniel Andrade França<br />
Dulce Helena Ferreira<br />
Francisco Vitor Santos da Silva<br />
Gelcimar Gonçalves Segundo<br />
Genecy Francisco Leal<br />
Geraldo Rodrigues De Menezes<br />
Glauber Silva Ventura<br />
Guilherme Gouveia Carvalho<br />
Haroldo Domingos Farias<br />
Jefferson Lopes Da Silva<br />
Jorge Luiz Cimbra<br />
Jose Carlos da Silva<br />
Luis da Silva<br />
Manuel Carlos Correa da Silva<br />
Marcelo Santos Jorge<br />
Marcelo Varela
Marcos César Martins Mariante<br />
Maria Arlete Nascimento Cimbra<br />
Nilton Katayama<br />
Odair Jose Oliveira da Silva<br />
Regina Esperança<br />
Roberto Pereira da Silva<br />
Sergio Maximo<br />
Sonia Katayama<br />
Valmir Lopes da Silva<br />
Valmir Ubirajara do Monte<br />
Wilson José da Silva<br />
Pesquisa<br />
Madalena Prado<br />
Maria Byington<br />
Continuidade<br />
Silvia Moreiras<br />
Assistentes de Direção<br />
Suzana Furtado<br />
Isabella Teixeira<br />
Alice Gómez<br />
Luiz Henrique Campos<br />
Produção de Engenharia<br />
Luis Otávio Cabral de Souza<br />
Marcos Araújo<br />
Equipe de Produção<br />
Silvana Feu<br />
Walter José de Souza Silva<br />
Alex Costa<br />
Bruno Victorino<br />
Sandro Pranto<br />
Ademi Gomes<br />
Francisco Marinho<br />
Rodrigo Lassance<br />
Produtor de Locações<br />
José Joaquim Salles<br />
Coordenação de Produção<br />
Renata Bonora<br />
Wilson Teixeira<br />
Gerência de Produção<br />
Claudia Braga<br />
Direção de Produção<br />
Guilherme Bokel
Agradecimentos<br />
Alerj<br />
Governo do Estado do Rio de Janeiro<br />
<strong>Arquivo</strong> Real – Aerovias – Cmte. Linneu Gomes<br />
Sistema Fecomercio – Sesc Rio